66
UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE FACULDADE DE DIREITO, CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E ECONÔMICAS CURSO DE DIREITO Leidiane Moraes Pereira BULLYING: Da brincadeira de criança à tragédia social Governador Valadares 2010

UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE - …srvwebbib.univale.br/pergamum/tcc/Bullying.pdf · 1 LEIDIANE MORAES PEREIRA BULLYING: Da brincadeira de criança à tragédia social Monografia

  • Upload
    lydang

  • View
    215

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

0

UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE

FACULDADE DE DIREITO, CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E ECONÔMICAS

CURSO DE DIREITO

Leidiane Moraes Pereira

BULLYING:

Da brincadeira de criança à tragédia social

Governador Valadares

2010

1

LEIDIANE MORAES PEREIRA

BULLYING:

Da brincadeira de criança à tragédia social

Monografia para obtenção do grau de bacharel em Direito, apresentada à Faculdade de Ciências Administrativas e Econômicas da Universidade Vale do Rio Doce. Orientador: Ronald Amaral Júnior

Governador Valadares

2010

2

LEIDIANE MORAES PEREIRA

BULLYING:

Da brincadeira de criança à tragédia social

Monografia apresentada como requisito para obtenção do grau de bacharel em Direito pela Faculdade de Ciências Administrativas e Econômicas da Universidade Vale do Rio Doce.

Governador Valadares, _____ de _____ de 2010.

Banca Examinadora:

__________________________________________________ Orientador: Ronald Amaral Júnior

__________________________________________________ Professor convidado

__________________________________________________ Professor convidado

3

Dedico a minha mãe por ter me apoiado nesta

caminhada e a DEUS, pois nada poderia fazer,

sem ele.

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço a cada vitória o reconhecimento devido ao meu DEUS, pois só ELE é

digno de toda honra, glória e louvor.

Senhor, obrigada pelo fim de mais essa etapa.

A minha mãe, MARIA DE FÁTIMA, por ter me ajudado nas horas mais difíceis.

E as minhas irmãs por até mesmo longe ter me apoiado e ajudado.

Aos amigos queridos, de perto e de longe, a minha eterna gratidão.

Ao meu namorado pelo entendimento e apoio.

A minha amiga, RAFAELLA REZENDE, por estar do meu lado, nos momentos bons

e ruins.

E por último, e não menos importante, a LUDMILA PERES, por ter me ajudado

durante o percurso de cinco anos.

5

“Todos os dias, alunos no mundo todo

sofrem com um tipo de violência que vem

mascarada na forma de “brincadeira”. Estudos

recentes revelam que esse comportamento,

que até bem pouco tempo era considerado

inofensivo e que recebe o nome de bullying,

pode acarretar serias conseqüências ao

desenvolvimento psíquico dos alunos, gerando

desde queda na auto-estima ate, em casos

mais extremos, o suicídio e outras tragédias”.

Diogo Dreyer

6

RESUMO

O assunto que trataremos neste trabalho tem o objetivo de alumiar um

fenômeno ainda pouco conhecido e presente nas escolas, o fenômeno bullying.

Bullying é uma forma de violência caracterizada por agressões físicas ou

morais entre alunos, sejam crianças ou adolescentes, no interior da escola.

Qualquer forma de intimidação, que seja repetitiva, com o mesmo alvo, ou

seja, ser apelidado e sacaneado pelos colegas da escola ou até ser vítima ou

praticante de comportamento agressivo, cruel, intencional e repetitivo inerente as

relações interpessoais, isso pode chegar ao apogeu em sérios transtornos

emocionais, desde a queda do rendimento na escola e da auto – estima e aos

problemas sociais.

A violência nas escolas, independente da classe social de seus alunos, da

localização ou do tipo de instituição se particular ou pública, tem atingido uma

crescente dimensão em todo mundo, merecendo uma atenção especial.

Conforme, o aumento da violência praticado por jovens, analisará as medidas

sócio-educativas aplicadas pela legislação em vigor, aos jovens infratores.

As medidas sócio-educativas produzem ações punitivas e educativas

diferenciadas dos adultos.

Palavra chave: Bullying. Violência. Escola. Alunos. Educação. Sociedade.

Medidas Sócio-Educativas.

7

ABSTRACT

The matter that we address this work aims to alumiar a phenomenon still little

known and present in schools, the phenomenon bullying.

Bullying is a form of violence characterized by physical or moral between

pupils, are children or adolescents, within the school.

Any form of intimidation, that is repeated with the same target, i.e. Be dubbed

and sacaneado by colleagues from the school or even be victim or practitioner of

aggressive behaviour, cruel, intentional and repetitive inherent in interpersonal

relations, so you can get to apogee in serious emotional disorders, since the fall of

income at school and auto – estimates and social problems.

Violence in schools, regardless of social class of their pupils, the location or

type of private or public institution, has reached a growing dimension throughout the

world, deserves special attention.

As the increase of violence committed by people, will examine the socio-

educational measures imposed by existing legislation, young offenders.

The socio-educational measures and punitive actions produce differentiated

education of adults.

Key-words: Bullying. Violence. School. Pupils. Education. Society. Socio-Educational

Measures.

8

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 10

2 FENÔMENO BULLYING 12

2.1 HISTÓRICO 12

2.2 CONCEITO 14

2.3 CATEGORIAS 16

2..3.1 Direto 17

2.3.2 Indireto 17

2.4 LOCAIS 17

2.4.1 Escolas 18

2.4.2 Local de Trabalho 19

2.4.3 Vizinhança 19

2.4.4 Política 19

2.4.5 Militar 20

2.5 IDENTIFICAÇÃO DOS ENVOLVIDOS 20

2.5.1 Autor 21

2.5.2 Vítima 22

2.5.2.1 Casos Concretos 23

2.5.3 Autor/Vítima 26

2.5.4 Testemunhas 26

2.5.5 Escola 26

2.5.6 Pais 28

2.5.7 Estado 30

2.6 QUANDO A BRINCADEIRA PASSA A SER BULLYING 31

2.7 CONSEQUÊNCIAS 32

3 CIBERBULLYING 35

3.1 CONCEITO 35

4 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 40

4.1 ATO INFRATOR 41

4.2 PROCEDIMENTO DE APURAÇÃO DO ATO INFRACIONAL 42

4.3 TIPOS DE MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS 44

9

4.3.1 Advertência 45

4.3.2 Obrigação de reparar o dano 46

4.3.3 Prestação de serviços á comunidade 47

4.3.4 Liberdade assistida 48

4.3.5 Regime de semiliberdade 49

4.3.6 Internação 50

4.3.7 Qualquer uma das prevista no art.101, I a VI 52

4.4 REMISSÃO 53

5 EFICÁCIA DAS MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS 55

6 BULLYING X MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS 58

7 CONCLUSÃO 61

REFERÊNCIA 63

10

1 INTRODUÇÃO

A violência estar cada vez mais presente no nosso meio, sendo foco de

muitas discussões e estudos. Principalmente na escola onde é um ambiente que

temos uma expectativa de crescimento, aprendizado e valores.

Quando falamos em violência escolar, estamos fazendo menção à violência

que ocorre no interior e fora dos muros escolares. Visualizamos alunos trocando

chutes, xingamentos, palavrões, depredando o patrimônio escolar e atentando física

e moralmente contra professores ou alunos.

Essa forma de violência compreende todas as formas de atitudes,

intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou

mais de um aluno contra outro aluno ou professor, traduz o fenômeno Bullying.

Desditoso, porém a palavra Bullying estar sendo muito usado devido vários

casos de perseguição e agressões que estão detectando nas escolas.

Dan Olweus, ao pesquisar as tendências suicidas entre adolescentes,

descobriu que a maioria desses jovens tinha sofrido algum tipo de ameaça, então foi

o primeiro a relacionar a palavra ao fenômeno.

Este pequeno trabalho consagrar – se a explicação do bullying, com suas

respectivas formas e conseqüências. Trataremos também, os envolvidos e a

responsabilidade deles e as medidas a serem aplicadas ao jovem.

Explicaremos sobre a versão virtual do bullying, que vem crescendo cada vez

mais em nossa sociedade.

O desenvolvimento deste trabalho foi baseado em pesquisa bibliográfica de

elementos textuais com base na análise da legislação e doutrinas que pudessem dar

sustentação a exposição e conclusão do trabalho.

Este fenômeno esta presente no nosso dia-a-dia, mas não percebemos e não

darmos à atenção que precisávamos, ou até mesmo por falta de informação ou por

achamos como uma simples brincadeira de criança.

Pra que isto tenha fim porque não aplicar as medidas sócio-educativas nos

bullies, tem por finalidade uma repreensão ao menor sem caráter punitivo de

sanção.

No primeiro capítulo, discorre-se sobre fenômeno bullying. De início,

apresenta-se uma análise sobre a história, o conceito, os locais e os envolvidos.

11

No segundo capítulo, trata-se do fenômeno Ciberbullying, uma versão virtual

do bullying.

No terceiro capítulo, dedica-se sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente,

verificando alguns elementos importantes, conceituando e por fim os tipos de

medidas aplicáveis ao adolescente que pratica ato infracional.

No quarto capítulo, trata-se da eficácia das medidas sócio-educativas em

relação ao adolescente infrator.

Logo, este trabalho tem como ponto principal fazer uma análise sobre os

fenômenos e as medidas impostas ao adolescente infrator.

12

2 FENÔMENO BULLYING

A realidade que assistimos nas escolas são diversas formas de violência que

estão infiltradas, muitas das vezes estão ocultas, onde os alunos passam por

situações negativas, como humilhação, ameaças, apelidos, brincadeiras de mau

gosto, fofocas, chantagens, provocação e até mesmo agressão física e moral.

Sempre que isso ocorre à vítima se isola, entra em depressão, fica em

silêncio ficando com medo do próximo ataque ou manifestação do agressor.

Portanto, é de suma importância que o fenômeno bullying seja estudado e

que possa ser divulgado e que todos possam adquire o conhecimento e refletir que

esse fenômeno estar por toda a parte.

2.1 HISTÓRICO

Para um melhor entendimento precisamos estudá-lo historicamente.

A bibliografia revelou que os estudos a respeito de bullying se deram no inicio

na década de 1970, realizada pelo professor Dan Olweus na Universidade de

Bergen – Noruega, já na Europa começou a ser pesquisado durante a década de

1990.

Segundo Cleo Fante (2003), ao descrever o histórico do fenômeno diz que foi

o professor Dan Olweus que relatou os “primeiros critérios para detectar o problema

de forma especifica, permitindo diferencia-lo de outras entre iguais, próprias do

processo de amadurecimento do individuo”.

Dan Olweus realizou uma pesquisa com base em questionário contendo 25

questões de múltipla escolha aplicando em oitenta e quatro mil estudantes, trezentos

a quatrocentos professores e um mil entre vários períodos de ensino.

Os primeiros resultados desta pesquisa foram informados em 1989 e seus

registros se deram quatro anos depois com a publicação do livro “Bullying at School”

de autoria de Dan Olweus, no qual constatou que um em cada sete estudantes

noruegueses estava envolvido em casos de bullying.

13

Este questionário foi adaptado e utilizado em diversos estudos, em vários

paises, inclusive no Brasil, pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à

Infância e Adolescência (ABRAPIA), possibilitando assim, a instituir comparações

inter-culturais.

Alguns estudos da (ABRAPIA), nos mostram que nas escolas brasileiras o

Bullying apresenta índices superiores aos países europeus.

A professora norte-americana Rachel Simmons, por ter sido em sua infância

vítima de bullying, passou a pesquisar a respeito do fenômeno e que a informação

sobre o assunto era escassa, principalmente envolvendo meninas. Docente da

Universidade Oxford, Rachel, depois de muitas pesquisas publicou em 2002, o livro

Garotas fora do Jogo: a cultura oculta da agressão nas meninas.

A entrevista publicada em 2004, na revista brasileira Nova Escola, Rachel

Simmons comenta que:

Isso é uma das coisas mais importante que eu tentei transmitir no livro. A razão pela qual a raiva das meninas parece ser diferente é porque há muitas regras contra isso. Elas crescem aprendendo a ser gentis o tempo todo, a sorri e a fazer amizade com pessoas. Quando se cresce aprendendo isso, é preciso esconder os verdadeiros sentimentos que surgem na hora da raiva. As meninas têm os mesmos sentimentos dos meninos, sim, mas precisam esconder isso por causa dessas proibições. O que sobra, na hora de colocar tudo isso para fora, é fazer comentários, disfarçar, fingir que não estão com raiva quando, na verdade, estão. Elas têm que usar os relacionamentos para ferir os outros, ao invés de usar métodos mais convencionais, geralmente associados aos garotos.

Conforme Olweus (apud Fante, 2005), “os dados de outros países indicam

que as condutas Bullying existem com relevância similar ou superior as da Noruega,

como é o caso da Suécia, Finlândia, Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, Paises

Baixos, Japão, Irlanda, Espanha e Austrália”. Os Pesquisadores já estão

classificando o Bullying como “um Conflito Global”, e destacam que se essa

tendência continuar, haverá muitos jovens que “se tornarão adultos abusadores e

delinqüentes”.

Compreendemos que o fenômeno Bullying está ocorrendo nas escolas do

mundo inteiro, inclusive no Brasil, apesar desse assunto não estar sendo muito

pesquisado ou divulgado.

14

2.2 CONCEITO

O Bullying é um tema que merece muito apreço e tem que despertar o

interesse dos pais, das escolas, dos profissionais da área da saúde, como

psiquiatras e psicólogos e pela sociedade jurídica.

O termo “bullying” de origem inglesa, sem tradução no português, que foi

adotado por diversos países, é utilizado para designar atos de violência física ou

psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um individuo ou grupo de

indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro individuo incapaz de se

defender, também existem as vitimas/agressoras, ou autores/alvos, que em

determinados momentos cometem agressões, porem também são vitimas.

A palavra “bullying” deriva de “bully” que significa “Valentão” (quem comete as

agressões, humilhações, etc.). O bullying é o conjunto de ações do aluno agressor,

sendo assim, o bullying é o que a vitima dessas ações sofre.

Muitos conhecem como brincadeira de criança, provocações, as risadinhas,

empurrões, fofocas, os apelidos como, “bolha”, “rolha de poço”, “quatro olho”, “bola

sete”, “playboy”, “negão”, “neguinho”, “CDF”, “baleia”, “três pernas” e até violência

física, quem nunca testemunhou, ouviu falar ou foi vitima delas.

Esses atos podem ser físicos (chutes, socos, empurrões, bater, beliscar);

verbal (apelidar, xingar, zoar); moral (difamar, caluniar, discriminar); psicológicos

(intimidar, ameaçar, perseguir); material (furtar, roubar, estragar os pertences da

vitima); em alguns casos até mesmos sexuais (apalpamento, abuso sexual) e virtual

(zoar, discriminar, difamar, através da internet e celular).

As crianças podem até apresentarem alguns sintomas como mudanças de

humor, queda de rendimento escolar, perda de atenção, fobia escolar, perda ou

aumento de peso, aumento da sensibilidade, negativismo e pessimismo, sentimento

de rejeição e até mesmo idéias mórbidas.

A pediatra Aramis Lopes Neto da (ABRAPIA), dizem que os alunos que são

os agressores, geralmente, são agredidos em casa.

Conforme a pediatra “há crianças que sofrem bullying e na vida adulta

continuam a ter frustrações. Isso leva a um adulto incapaz de ter um bom

desenvolvimento no trabalho”, alerta.

15

Conforme Lélio Braga Calhau, Promotor de justiça de Minas Gerais e

estudiosos do assunto, a falta de conhecimento sobre o tema pode levar a um

atendimento inadequado as vitimas que procuram ajuda. Assim, pode acontecer de

um caso chegar a uma autoridade do meio jurídico e ela nem mesmo entender o que

está acontecendo. Por isso, concluir o referido Promotor que “o pior do que a falta de

providencias, é a falta de entendimento e atendimento adequado ao caso”.

O termo BULLYING é conhecido universalmente somente por esse nome,

existem vários conceitos para Bullying, conforme vários autores são eles.

Cléo Fante ressalta (2005 PS. 28/29):

Bullying é um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra outro, que causando dor, angustia e sofrimento, insultos, intimidações, apelidos cruéis, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos levando-os à exclusão, além de danos físicos, morais e materiais, são algumas das manifestações do “comportamento bullying”. [...] definimos o bullying como um comportamento cruel intrínseco nas relações interpessoais, em que os mais fortes convertem os mais frágeis em objetos de diversão e prazer, através de “brincadeiras” que disfarçam o propósito de maltratar e intimidar.

A Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção a Infância e

Adolescência – ABRAPIA define:

O termo BULLYING compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro (s), causando dor e angustia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder. Portanto, os atos repetidos entre iguais (estudantes) e o desequilíbrio de poder são as características essenciais, que tornam possível a intimidação da vitima. Por não existir uma palavra na língua portuguesa capaz de expressar todas as situações de BULLYING possíveis, a seguir, relaciona algumas ações que podem estar presentes: colocar apelidos, ofender, zoar, gozar, encarnar, sacanear, humilhar, fazer sofrer, discriminar, excluir, isolar, ignorar, intimidar, perseguir, assediar, aterrorizar, amedrontar, tiranizar, dominar, agredir, bater, chutar, empurrar, ferir, roubar, quebrar pertences.

Para Jane Middelton-Moz e Mary Lee Zawadski:

[...] o bullying envolve atos, palavras ou comportamentos prejudiciais intencionais e repetitivos. Os comportamentos incluídos no bullying são variados: palavras ofensivas, humilhação, difusão de boatos, fofoca, exposição ao ridículo, transformação em bode expiatória e acusações, isolamento, [...] socos, agressões chutes, ameaças, insultos, ostracismo, sexualização, ofensas raciais, étnicas ou de gêneros.

José Augusto Pedra, presidente do Centro Multidisciplinar de Estudos e

Orientação sobre Bullying Escolar esclarece:

16

O fenômeno é uma epidemia psicossocial e pode ter conseqüências graves. O que, à primeira vista, pode parecer um simples apelido inofensivo pode afetar emocional e fisicamente o alvo da ofensa. Crianças e adolescentes que sofrem humilhações racistas, difamatórias ou separatistas podem ter queda do rendimento escolar, somatizar o sofrimento em doenças psicossomáticas e sofrer de algum tipo de trauma que influencie traços da personalidade. Observa-se também uma mudança de comportamento. As vítimas ficam isoladas, se tornam agressivas e reclamam de alguma dor física justamente na hora de ir para escola.

Há diversas formas de se praticar o bullying e não são difícil de perceber a

existência, essas brincadeiras inocentes, que normalmente não é considerado por

aquele que recebe, podendo causar grandes transtorno para a vida. Geane de Jesus

Silva esclarece:

Estudos indicam que as simples “brincadeirinhas de mau-gosto” de antigamente, hoje denominadas bullying, podem revelar-se em uma ação muito seria. Causam desde simples problemas de aprendizagem ate sérios transtornos de comportamentos responsáveis por índices de suicídios e homicídios entre estudantes. Mesmo sendo um fenômeno antigo, mantém ainda hoje um caráter oculto, pelo fato de as vitimas não terem coragem suficiente para uma possível denúncia. Isso contribui com o desconhecimento e a diferença sobre o assunto por parte dos profissionais ligados á educação. Pode ser manifestado em qualquer lugar onde existam relações interpessoais.

O bullying se constitui, sem duvida, a forma mais delicada de violência no

âmbito escolar, pois se trata de um fenômeno que usa geralmente colegas da

mesma sala de aula como suas vitimas, embora aconteça em todos os níveis de

ensino, porem aparece com certa freqüência no Ensino Médio, pois esta é a fase da

adolescência, momento da transformação.

Reconhecido mundialmente, os primeiros estudos datam de três décadas

atrás, as escolas e os professores não estão preparados para lidar com este

problema invisível.

2.3 CATEGORIAS

O fenômeno não é novo, conforme os estudos, as informações vão sendo

notórias, tornando se mais fácil seu controle e sua prevenção.

O bullying dividiu-se em duas categorias como direto e indireto.

17

2.3.1 Direto

Na visão de Aramis A. Lopes Neto, são considerados bullying direto os

apelidos, agressões físicas, ameaças, roubos, ofensas verbais ou expressões e

gestos que geram mal estar aos alvos. São atos utilizados com freqüência quatro

vezes maior entre os meninos.

Por a vitima ser diretamente atacada são mais utilizado pelos meninos.

2.3.2 Indireto

Na visão de Aramis A. Lopes Neto, o bullying indireto compreende atitudes de

indiferença, isolamento, difamação e negação aos desejos, sendo mais adotados

pelas meninas.

Por ser mais utilizadas pelas meninas, este ato é obtido através de uma vasta

variedade de técnicas, certas técnicas podem ser disfarçadas sob falsas aparências,

que incluem os comentários de mau gosto ou fofocas, recusa em se socializar com a

vitima ou ignorar, criticar o modo de vestir ou até mesmo a classe social, discriminar

e outros.

2.4 LOCAIS

O bullying não é praticado estritamente nas escolas, podendo acontecer em

qualquer contexto no qual seres humanos interajam, tais como ambientes de

trabalho, de vizinhança, entre paises diferentes e outros.

Qualquer que seja o local, a forma de poder é característica clara entre o

agressor e a vítima.

18

2.4.1 Escolas

Boa parte de nossa vida passamos nas escolas e faculdades é o momento de

nosso crescimento e transformação, é o período mais difícil e é neste lugar que

estamos mais fácil de praticar ou de sermos vítimas do bullying. Ele pode acontecer

em qualquer parte, dentro ou fora da escola ou geralmente em área de pouca

supervisão. Essa pouca supervisão se dar mais no horário do recreio, pois é durante

o intervalo que a vitima fica mais exposta.

Realizada uma pesquisa na Universidade do Minho em Portugal, para saber

qual o local da escola onde há mais incidência do bullying. Ficou comprovado que

por lá, os casos se repetem na maioria das vezes no patio da escola, no horário do

recreio, onde não há muita fiscalização.

As pessoas leigas acreditam que o fenômeno somente ocorre nas escolas

públicas, engano, pois o fenômeno não escolhe local, ocorre em escolas

particulares, públicas, em pequenas ou grandes cidades, classe baixa, média ou

alta.

Nos anos 1990, os Estados Unidos viveram uma epidemia de tiroteios em

escolas, por exemplo, os massacres de Columbine, que muitas crianças por trás

destes tiroteios confirmavam serem vitimas de bulleis e que tinha usado a violência

como instrumento pela a falha e a falta de entendimento por parte da administração

da escola.

Um caso bastante conhecido foi de um aluno da oitava série chamado Curtis

Taylor, numa escola secundária em Iowa, Estados Unidos, que foi vítima de bullying

por três anos, o que incluía apelidos, ser espancado num vestiário, ter a camisa suja

com leite achocolatado e os pertences vandalizados. Isso deu fim com o suicídio em

21 de março de 1993. Alguns especialistas em “bullies” denominaram essa reação

radical de “bullycídio”.

Em 1991, numa escola na cidade de Dallas, Texas, Estados Unidos, Jeremy

Wade Delle suicidou na sala de aula e em frente de 30 colegas e da professora de

inglês, como forma de protesto pelos atos de perseguição que sofria

frequentemente.

19

2.4.2 Local de Trabalho

O bullying em locais de trabalho ou bullying adulto é descrito pelo Congresso

Sindical do Reino Unido como:

Um problema sério que muito frequentemente as pessoas pensam que seja apenas um problema ocasional entre indivíduos. Mas o bullying é mais do que um ataque ocasional de raiva ou briga. É uma intimidação regular e persistente que solapa a integridade e confiança da vítima do bully. E é frequentemente aceita ou mesmo encorajada como parte da cultura da organização.

No ambiente de trabalho, a intimidação regular e persistente que atinge a

integridade e confiança da vítima.

2.4.3 Vizinhança

O bullying entre vizinhos normalmente toma a forma de intimidação por

comportamento inconveniente, tais como barulho excessivo para perturbar o sono e

os padrões de vida normais ou fazer queixa às autoridades (tais como a polícia) por

incidentes menores. O objetivo desta atitude é fazer com que a vítima fique tão

desconfortável que acabe por se mudar da propriedade. Nem todo comportamento

inconveniente pode ser caracterizado como bullying: a falta de sensibilidade pode

ser uma explicação.

Tais práticas são identificadas quando alguns moradores possuem atos

propositais com fim de atrapalhar, incomodar e até mesmo que faça para que a

vítima mude.

2.4.4 Política

O bullying entre países ocorre quando um país decide impôr sua vontade a

outro. Isto é feito normalmente com o uso de força militar, a ameaça de que ajuda e

20

doações não serão entregues a um país menor ou não permitir que o país menor se

associe a uma organização de comércio.

2.4.5 Militar

O Ministério da Defesa (MOD) do Reino Unido, em 2000, definiu o bullying

como: “o uso de força física ou abuso de autoridade para intimidar ou vitimizar

outros, ou para infligir castigos ilícitos”.

Em alguns países, existem rituais humilhantes entre os recrutas tem sido

tolerados e mesmo exaltados como um processo que constrói o caráter e a

resistência; enquanto em outros, o bullying ordenado dos postos inferiores, jovens

ou recrutas mais fracos pode na verdade ser encorajado pela política militar, seja

tacitamente ou abertamente.

2.5 IDENTIFICANDO OS ENVOLVIDOS

Para entender melhor o fenômeno é importante que saibam identificar quem

são os envolvidos.

Afirma Cléo Fante, que os estudiosos dos comportamentos bullying,

identificam e classificam, entre os envolvidos no fenômeno, os tipos de papeis que

cada um desempenha. São eles: Vítima típica; Vítima provocadora; Vítima

Agressora; Agressor; Expectador.

A forma de classificação recomendada e utilizada pela ABRAPIA teve o

cuidado de não reputar os alunos, evitando que estes fossem condenados pela

comunidade escolar. Optaram-se pelos termos autor de bullying (agressor), alvo de

bullying (vítima), alvo/vítima de bullying (agressor/vítima) e testemunhas de bullying.

Não serão esses os adotados neste trabalho.

21

2.5.1 Autor

Esclarece Lopes Neto:

O autor de bullying é tipicamente popular, tende a envolver-se em uma variedade de comportamentos anti-sociais; pode mostrar-se agressivo inclusive com os adultos; é impulsivo; vê sua agressividade como qualidade; tem opiniões positivas sobre si mesmo; é geralmente mais forte que seu alvo; sente prazer e satisfação em dominar; controlar e causar danos e sofrimentos e outros. Alem disso, pode existir um “componente beneficio” em sua conduta, como ganhos sociais e materiais. São menos satisfeitos com a escola e a família, mais propensos ao absenteísmo e à evasão escolar e tem uma tendência maior para apresentarem comportamentos de risco (consumir tabaco, álcool ou outras drogas, portar armas, brigar, etc.). As possibilidades são maiores em crianças ou adolescentes que adotam atitudes anti-sociais antes da puberdade e por longo tempo.

A Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à

Adolescência (ABRAPIA), assim declarar a respeito:

Os autores são, comumente, indivíduos que tem pouca empatia. Frequentemente pertencem a famílias desestruturadas, nas quais há pouco relacionamento afetivo entre seus membros. Seus pais exercem uma supervisão pobre sobre eles, toleram e oferece como modelo para solucionar conflitos o comportamento agressivo ou explosivo. Admite-se que os que praticam o BULLYING têm grande probabilidade de se tornarem adultos com comportamentos anti-sociais e/ou violentos, podendo vir a adotar, inclusive, atitudes delinqüentes ou criminosas.

Para Cléo Fante, os bullies são assim identificados:

São aqueles que se vale de sua força física ou habilidade psicoemocional para aterrorizar os mais fracos e indefesos. São prepotentes, arrogantes e estão sempre metidos em confusões e desentendimentos. Utilizam varias formas de maus-tratos para tornarem-se populares, dentre elas as “zoações”, os apelidos pejorativos, expressões de menosprezo e outras formas de ataques, inclusive os físicos. Podem ser alunos com grande capacidade de liderança e persuasão, que usam de suas habilidades para submeter outro(s) ao seu domínio.

Geralmente, os autores da agressão são os lideres de turma, os mais

populares, os que querem ser o “tal”, os que sofrem com problemas familiares e

querem passar a sua raiva em uma pessoa q não tem nada a ver com o assunto o

mais fraco da visão do autor, tanto o autor como a vítima precisam de ajuda

psicológica, trazendo grande desordem para todos, principalmente para os pais.

Segundo Aramis, [...] famílias desestruturadas, com relações afetivas de baixa

qualidade, em que a violência domestica é real ou em a criança representa o papel

de bode expiatório para todas as dificuldades e mazelas, são as fontes mais comuns

22

de autores e alvos de bullying. Lélio Calhau detalhar que “no futuro, este adulto pode

ter um comportamento de assediador moral no trabalho e, pior, utilizar da violência e

adotar atitudes de delinqüentes ou criminosas”.

2.5.2 Vítima

Temos uma abordagem da ABRAPIA sobre a vítima do bullying:

Os alvos são pessoas ou grupos de que são prejudicados ou que sofrem as conseqüências dos comportamentos de outros e que não dispõem de recursos, status ou habilidades para reagir ou fazer cessar os atos danosos contra si. São, geralmente, pouco sociáveis. Um forte sentimento de insegurança os impede de solicitar ajuda. São pessoas sem esperança quanto às possibilidades de se adequarem ao grupo. A baixa auto–estima é agravada por intervenções criticas ou pela indiferença dos adultos sobre seu sofrimento. Alguns crêem ser merecedores do que lhes é imposto. Tem poucos amigos, são passivos, quietos e não reagem efetivamente aos atos de agressividade sofridos. Muitos passam a ter baixo desempenho escolar, resistem ou recusam-se a ir à escola, chegando a simular doenças. Trocam de colégio com freqüência, ou abandonam os estudos. Há jovens que estrema depressão acabam tentando ou cometendo o suicídio.

Segundo Cristina Pizarro, psicoterapeuta especializada em terapia infantil

pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), “os alvos, em

geral, são poucos sociáveis e detentores de um forte sentimento de insegurança,

que os impede de solicitar ajuda, alem de não disporem de status, recursos ou

habilidade para cessarem os atos danosos contra si”.

São vários os sintomas que pode acontecer com as vítimas como depressão,

baixo auto-estima, ansiedade, abandono dos estudos, falta de apetite ou aumento,

mudança de comportamento, síndrome de pânico, TOC, dores de cabeça e de

barriga, vômitos, podendo apresentar alguns sintomas da agressão física, estresse e

ate o suicídio ou homicídio.

Os autores sempre escolhem suas vítimas aquelas pessoas que são mais

caladas, que tem alguma diferença dentro da turma, podendo ser religiosa, a classe

social, o modo de se vestir, a sua estatura, ser obesa e outras. ““ Cléo Fante,

especialista no assunto, explica “são presas fáceis, submissas e vulneráveis aos

valentões da escola”, exemplifica Guilherme Schelb,” também pode acontecer com

um novato ou uma menina bonita, que acaba sendo perseguida pelas colegas”.

23

Sendo a vítima é sempre discriminada por ter alguma característica diferente,

algo que gera o preconceito ou a inveja do autor.

2.5.2.1 Casos Concretos

A educadora Cléo Fante descreve uma pesquisa feita por alunos da pós-

graduação de um curso, onde foram entrevistadas crianças de varias idades.

Vejamos:

Humberto, 16 anos, sentiu na pele o que é o terror na escola. Foi apelidado de Bob Esponja e Bombril por causa dos seus cabelos crespos e do seu jeito calado e tímido. Aos poucos foi sentindo rejeitado e isolou-se dasofria. Expressou sua angustia dizendo que gostaria de desaparecer e nunca mais ouvir falar em escola. O aluno Carlos, da 5 série, foi vítima de alguns colegas pó muito tempo, porque não gostava de futebol. Era ridicularizado constantemente, sendo chamado de gay nas aulas de educação física. Isso o ofendia sobremaneira, levando-o a abrigar pensamentos suicidas, mas antes queria encontrar uma arma e matarem muitos dentro da escola. Ana se lembra emocionada, da época em que foi vitimizada na escola. Os coleguinhas diariamente caçoavam da sua cor, já que era a única menina negra da classe. Chamava-na de vários apelidos pejorativos e discriminatórios, excluindo-a das brincadeiras, o que tornava cada dia mais infeliz. Com tristeza nos olhos, relembra certo dia, pela manha tomou a decisão de entrar numa bacia com água e sabão e esfregar-se com muita força, desejando que a “sujeira” saísse de sua pele, conforme dela caçoavam os seus colegas.

Em setembro de 2004, Jokin Zibeiro, de 14 anos, vinha sofrendo agressões

de seus colegas havia anos. As ameaças, humilhações, insultos, pancadas, surras o

que levaram a morte.

Suas ultimas palavras que deixou escrita, antes de suicidar, “Livre, livre. Meus

olhos seguirão ainda que meus pés parem”, atirando-se ao vazio com sua bicicleta,

do alto da muralha de Hondarribia, Espanha.

O caso do atirador da universidade Virginia Tech, Cho Seung-Hui, matou 32

pessoas na pior chacina em uma instituição na história dos Estados Unidos, ele

suicidou após o ataque.

Dizem os ex-colegas de Cho que ele sofria por ser muito tímido e de seu

modo estranho de falar. Antes de dar os primeiros 170 tiros, que durou nove

24

minutos, o estudante enviou um comunicado em vídeo e imagens segurando armas

à rede de televisão NBC, dos Estados Unidos.

Diz Cho no clipe, “você me encurralam num canto e me deram apenas uma

opção. A decisão foi de vocês. Agora vocês têm meu sangue em suas mãos, que

nunca será limpo”.

Ocorreu também no Brasil na cidade de Ceilândia, cidade-satélite de Brasília,

com Yan, tinha sete anos quando se mudou do município de Águas Lindas para

Ceilândia. Diz sua Mãe, Rosemeire Rodrigues, “Queria que o meu filho tivesse

acesso a uma educação de qualidade. Não havia boas escolas onde morávamos”.

Yan depois de dois meses, sem motivo aparente, começou a demonstrar

desinteresse pelo colégio. Lembra Rosemeire, “ele estava em pânico e dizia que não

queria ir as aulas, mas não falava o porque”. No terceiro mês Yan não conseguiu

mais esconder a verdade dos pais. Dois colegas seguraram, enquanto o terceiro

pregou a sua mão na parede da casinha de boneca do colégio, chegando em casa

com as mãos perfuradas e foi obrigado a contar o que tinha acontecido.

Conta a mãe, “fui à escola e a diretora disse que era coisa de menino, que

tinha sido uma brincadeira, mas que não iria se repetir”, porem semana depois, Yan

chegou vomitando em casa e sua mãe desconfiada exigiu a verdade, aterrorizada,

soube que Yan havia tomado vários socos no abdome de cinco colegas do colégio e

que eles ainda tentaram enforca-lo.

Rosemeire decidiu transferir o filho para outra escola, mas não conseguiu

vaga. Aflita, pediu licença do trabalho para cuidar pessoalmente da segurança de

seu filho. Conta que “ficava escondida atrás da cerca do colégio para ter certeza de

que nada aconteceria com ele”, achando que o problema tinha resolvido voltou para

o emprego e o pior aconteceu, pegaram o Yan desprevenido e esfregaram o rosto

dele no chão e furaram o pé, não voltando mais para a escola.

No Brasil, houve caso semelhante em janeiro de 2003 em Taiúva, cidade do

interior paulista, um estudante de dezoito anos, era obeso e, por isso, durante toda a

sua vida estudantil, provavelmente, foi alvo de apelidos pejorativos, de gargalhadas

e sussurros nos corredores deste colégio, onde entrou no colégio onde tinha

estudado e feriu oito pessoas com disparos de um revólver e, em seguida, se matou.

Porém o caso de Taiúva não foi o único ocorrido no Brasil, pois em Remanso,

na Bahia, um adolescente de dezessete anos, por ser alegre, foi excluído do círculo

de amigos na escola onde estudava. Revoltado com os anos de humilhação na

25

escola, resolveu pôr fim ao seu sofrimento e mobilizado pelo pensamento de

vingança, dirigiu-se à sua ex-escola à procura do agressor. Não o encontrando, por

as aulas estarem suspensas, dirigiu-se para aquela em que estava matriculado e ao

se deparar com as portas fechadas e sentindo necessidade de mostrar seus

sentimentos, encaminhou-se à casa do seu agressor, um jovem de treze anos e ao

chegar, chamou-o no portão e o assassinou com um tiro na cabeça. Logo após,

dirigiu-se para a escola de informática onde estudava, atirou contra funcionários e

alunos, atingindo fatalmente a cabeça da secretária da escola. Ao tentar recarregar

a arma, foi imobilizado e detido. Ao depor, deixou claro o seu sofrimento e sua

intenção era cometer uma chacina, pois havia planejado matar mais de cem

pessoas.

Disse que ficaria famoso na cidade por cem anos e seria lembrado como o

“terrorista suicida brasileiro”, pois pensava em se matar desde os seus quinze anos

(FANTE, 2005).

Outro caso registrado no Brasil foi a Recife, Pernambuco, onde um garoto de

onze anos, embora fosse tido com um aluno muito bom, pois gostava de estudar, ao

ser transferido de uma escola de Natal para Recife, sofreu intimidação repetidas na

escola, que o fez não querer mais estudar. Foi visto pela última vez por alunos da

escola, da qual cruzou os portões correndo e nunca mais foi visto. Pouco tempo

depois, foi conduzido ao IML – Instituto Médico Legal -de Recife, um corpo com as

mesmas características desse aluno, porém, os exames de DNA estão ainda em

andamento. Este garoto era discriminado por seu sotaque e seus agressores o

agrediam com surras, empurrões, murros e chutes (FANTE, 2005).

Comprova-se que há vários casos de bullying que ocorrem em vários lugares

do mundo e por motivos diferentes, esses são alguns que a mídia divulgou e ainda

existem vários que não sabemos e que os principais envolvidos não sabem o que

realmente é o fenômeno bullying e pensam que é uma simples brincadeira de

criança.

26

2.5.3 Autor/Vítima

O Autor/Vitima é aquele aluno que reproduz as agressões que sofreu

em pessoas mais frágeis que ele para agredir, aumentando assim o numero de

vítimas do bullying.

2.5.4 Testemunhas

A maior parte dos alunos não é vítima e nem autores, é apenas expectador,

se mantendo longe dos envolvidos, mas não deixam de ter uma parcela de

participação. Elas sentem medo de serem os próximos alvos, não tendo nenhuma

atitude, ficando calada ignorando a situação que presenciou.

As testemunhas também sofrem, muitos dão risadas juntos com medo de ser o

próximo alvo, pelo motivo de estar defendendo a vítima.

Aramis A. Lopes Neto, classifica as testemunhas da seguinte forma:

A forma como reagem ao bullying permite classificá-los como auxiliares (participam ativamente da agressão), incentivadores (incitam e estimulam o autor), observadores (só observam ou se afastam) ou defensores (protegem o alvo ou chama um adulto para interromper a agressão).

O bullying atinge a todos, independentemente de sua participação, esse

fenômeno prejudica o crescimento das crianças e traz sérios problemas na sua vida.

2.5.5 Escola

A escola é um local onde deixamos nossos filhos para que aprendam e

adquiram conhecimentos aos que já possuem, sendo ela responsável pelo que

ocorre dentro dos estabelecimentos de ensino, seja particular ou pública.

A escola abre novos horizontes, ensinando e preparando a criança para o

mundo em que terá de viver.

27

A doutora em Direito Civil, Taisa Maria Macena de Lima pertence a um grupo

que tem a idéia que:

A simples presença de menor em escola, não tem o condão de esgotar o dever dos pais, pois as instituições não substituem (nem devem Substituir) a presença constante e ativa dos pais no desenvolvimento moral e intelectual das crianças e jovens.

A psicopedagoga Geane de Jesus Silva ao analisar a escola diz que não há

preparo por parte dos profissionais da educação. Eles não conseguem compreender

um problema com seus alunos, devido, talvez ao desgaste emocional provocado

pela quantidade de trabalho, as condições do mesmo, causando assim, mais

estresse em sala de aula, contribuindo com o agravamento da situação.

Colocamos nossos filhos na escola para que ele possa faze dela um local de

prazer, sabedoria e socializável, livrando-o do desrespeito, preconceito, violência e

tudo que possam ferir.

No site, Observatório da Infância, a psicóloga Silvana Martani resume o papel

dos pais e da escola em poucas palavras:

Para que esse tipo de conduta seja neutralizado nas escolas deve haver um esforço de pais e orientadores, pois os danos aos alvos são muito severos. Os pais devem avisar professores e orientadores se suspeitarem que os seus filhos sejam vitimas do bullying e não devem permitir que a questão seja mal investigada ou sub-valorizada, pois é muito difícil para as escolas admitirem esta situação.

O que acontece na maioria das escolas, além do desconhecimento, é a

indiferença e a falta de interesse em relação ao fenômeno. Muitas vezes as escolas,

não preocupam em fazer nenhuma medida de prevenção com medo de detecta o

bullying e a sua imagem ficar comprometida, não sabendo que com a falta de

prevenção seus alunos podem estar passando por grandes problemas sendo vítima

ou autores, trazendo grandes complicações para sua vida.

As escolas investiram-se mais na prevenção, incluindo atividades extras,

temas para discutir com a família, alunos e funcionários.

28

2.5.6 Pais

Os pais têm um importante papel no crescimento de seus filhos. Boa parte do

tempo da criança é passando em casa, antes de a criança conhecer a escola, sua

atividade se desenvolvia em casa, que ela compreendia com sendo o mundo, do

qual os outros lugares eram apenas complementos. E onde toda a atenção por parte

dos pais é voltada pra ela, ensinando os filhos os grandes princípios da vida, onde

nas escolas a criança vai acelerar o processo de socialização, preparando-a para

compreender o mundo e conviver com a diferença das outras pessoas.

A escola não transmite apenas conhecimentos intelectuais por meio de uma

prática didática, mas repassa valores morais, normas de conduta, maneira de

pensar, ou seja, é isso que pensamos que uma escola deveria fazer.

Sem esquivar a responsabilidade da escola, se a família for desestruturada,

se há violência doméstica, castigo drástico a criança precisa de um ambiente

tranqüilo sendo imprescindível para o seu comportamento um lugar de paz, tranqüilo

ou exista muito amor, para que ela passe isso para o meio onde ela se envolve,

inclusive na escola.

Podemos descrever através de uma publicação da educadora Cléo Fante

atitudes dos pais que colaboram para criar um futuro integrante do bullying:

O comportamento agressivo e violento de muitos pais para com os filhos geralmente se expressa pela punição ou violência física (bater, beliscar, empurrar, chutar) e pela violência psicológica (xingar, humilhar, agredir com palavras, desfazer, comparar, caçoar). Entretanto, outras formas de violência como o abandono, a negligencia, a violência sexual e a violência fatal são componentes da violência domestica, e suas conseqüências são extremamente perniciosas na vida de uma criança.

Esse fenômeno é um resumo de fatores externos (influência da família, da

sociedade e dos meios de comunicação) e internos (ambiente escolar, relações

interpessoais, comunidade escolar), conforme várias correntes, ou seja, elas,

filosófica, psicológicas, antropológicas e pedagógicas, indicam que as causas que

levam ao bullying são: carência afetiva, ausência de limites, afirmação dos pais

sobre os filhos através de maus-tratos e explosões emocionais violentas, excessiva

permissividade, separação, os castigos violentos, exposição prolongada as inúmeras

cenas de violência exibidas pela mídia e pelos games, facilidade de acesso ás

29

ferramentas oferecidas pelos modernos meios de comunicação e informação, e,

tantas outras que fazem parte do dia a dia da vida dos adolescentes.

Hoje em dia os pais não dão muito valor a ensinam seus filhos os princípios

básicos, deixam que a escola ensine, por não ter muito tempo para se dedicarem

aos seus filhos, passando boa parte trabalho ou se divertindo, deixando sempre

seus filhos em segundo plano, deixando a responsabilidade para a escola e depois a

outras pessoas com, por exemplo, as babás.

Diálogos, brincadeiras, cinema, teatro, nem pensar. As crianças muito tempo

sozinha aprender com o que ver aprender do seu ponto de vista, não sabendo o

certo ou errado, sempre trazem alguns problemas disciplinar, deixando os pais

desesperados, sem saber o que fazer. Mesmos advertidos ou punindo

drasticamente, o problema estar resolvido imediatamente. No entanto, ao bater, o

pai descarregar sua agressividade, aliviando a própria tensão. Contudo, as

conseqüências da punição não terminam com o alivio dos pais e obediência da

criança. Ela esta em continuo processo de aprendizagem e ao ser punido extrai uma

lição da atitude dos pais furiosos: “quando está com raiva, a gente bate”, interferindo

no desenvolvimento social, fazendo que ela possa ser torna um autor ou vítima de

bullying.

Mais uma vez sabiamente Cléo Fante se manifesta o respeito. A família é o

centro, a base, e por isso sua desestruturação é uma das mais fortes causas de

bullying escolar. Um estudo feito por sua equipe mostrou que, 80% dos

entrevistados/agressores procuram reproduzir na escola os maus-tratos sofridos no

ambiente familiar. Diante desses dados foi identificada uma doença psicossocial

denominada SMAR-Sindrome de Maus-tratos Repetitivos.

Os pais têm que ficar mais atentos com as mudanças de comportamentos de

seus filhos, a falta de vontade de ir á escola, depressão, ansiedade, estresse, dores

não especificadas, perda de auto-estima, problemas de relacionamento até mesmo

o uso de drogas e álcool, como outros, o melhor que deve fazer é imediatamente

informar a escola e tomam as providências necessárias.

30

2.5.7 Estado

O Estatuto da Criança e do Adolescente, conhecido como ECA, lei 8.069 de

julho de 1990, que regulamentou o artigo 227 da Constituição Federal que atribui à

criança e ao adolescente, prioridade absoluta no atendimento aos seus direitos

como cidadãos brasileiros.

É um instrumento importante para o Estado Brasileiro para a transformação e

proteção da realidade das crianças e adolescentes.

Dia 13 de julho deste ano, o Estatuto completou 20 anos de vigência, um

recurso que trouxe muitas conquistas, mas para que se torne realmente efetivo,

ainda é preciso que o Estado respeite o princípio constitucional.

Antônio Fernando do Amaral e Silva, que foi um dos redatores do ECA diz: “O

ECA é um instrumento que visa assegurar a eficácia dos direitos que garante.

Quando um direito da criança e a é descumprido, temos um meio jurídico para tornar

este direito efetivo”.

O Estatuto da Criança e do Adolescente tem uma atenção maior voltada as

políticas como à garantia dos direitos fundamentais: vida e saúde; convívio familiar e

comunitário; educação, cultura, esporte e lazer; profissionalização e proteção no

trabalho; além de liberdade, respeito e dignidade, porém hoje em dia, as pessoas

associam muito o ECA ao adolescente infrator.

O bullying poderá estar relacionado com o ato indisciplinar ou ato infracional

como estabelece o ECA, que caracteriza com o ato ilícito, ou seja, o ato indisciplinar

é o ato de insubordinação ou desrespeito as ordens, portanto, apenas contraria o

regimento da escola e o ato infracional é todas as ações ou omissão voluntária,

negligência imprudência ou imperícia que viole direito ou cause prejuízo a outrem,

por dolo ou culpa.

Conforme Cléo Fante, o ato infracional é ato ilícito cometido por adolescente,

e, sendo ele menor de 18 anos, o ECA aplicara medidas de proteção e medidas

sócio-educativas, em caso mais grave, incluindo também sua família. Já o ato

indisciplinar acontece quando o aluno contraria as normas da escola e deve ser

resolvido no âmbito escolar.

O ECA assim se manifesta se no seu artigo 103; “considera-se ato infracional

a conduta descrita como crime ou contravenção penal”, isso demonstra que o ato

31

indisciplina não pode estar inserido em um ato infracional, pois a indisciplina não

atinge a legislação em vigor. E, nesse caso, a escola deve tratar o ato indisciplina

com ações pedagógicas que estão inseridas em seu regimento interno.

Os artigos 17 e 18 do ECA descrevem de forma transparente que é dever de

todos zelarem pela integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente,

colocando-os a salvo de qualquer tratamento desumano, seja ele, violento, vexatório

ou constrangedor; o artigo 18 refere ao dever de todos, ou seja, do Estado, da

família, das entidades da sociedade civil, ou de qualquer indivíduo de velar pela

dignidade da criança e do adolescente.

Resume-se que o bullying pode ser um ato infracional ou indisciplinar,

depende do grau das ações praticadas pelo agressor.

2.6 QUANDO A BRINCADEIRA PASSA A SER BULLYING

O termo Brincadeira é utilizado, quando se fala das relações sociais, para se

indicar alguma ação cujo objetivo é divertir, ou seja, é a ação de brincar, de entreter,

de distrair.

Pode ser uma brincadeira recreativa, como brincar de “pigue-pega”,

“amarelinha”, brincadeira de criança podendo ser também educativas.

Muitas das vezes, devido a sua simplicidade, são utilizadas por crianças; as

brincadeiras de criança podem ser livres, não ter regras e objetivos pré-

estabelecidos, é solta, o que proporciona uma liberdade, são usadas pelas crianças

para gastar energia e se divertirem.

Já o termo Bullying é o ato de apelidar, sacanear um colega ou agredir

fisicamente ou moralmente, cruel, aquele que faz procura fazer graças à custa de

outrem, intencional e repetitiva, trazendo sério e grande transtorno emocional, como

outros para a vítima.

Por ser uma brincadeira sem limites, sem regras ou tendo e sendo

desobedecidas deixa de ser brincadeira e passa a ser um ato de bullying, onde a

criança faz o que desejar sem nenhuma vigilância.

A ABRAPIA esclarece que as crianças passam por algumas situações, em

que elas sentem-se fragilizadas, tornando-se então temporariamente agressiva,

32

porém, “normalmente essa “tempestade”, aos poucos vai passando e volta

“calmaria””, se essa etapa de agressividade não for apenas temporária e sim

permanente, pode ser considerada bullying.

Segunda Pereira existe três fatores que são fundamentais e normalmente

identificam o bullying. São eles:

1) O mal causado a outrem não resultou de uma provocação, pelo menos por

ações que possam ser identificadas como provocações.

2) As intimidações e a vitimização de outros têm caráter regular, não

acontecendo ocasionalmente.

3) Geralmente os agressores são mais fortes (fisicamente), recorrem ao uso

de arma branca, ou tem um perfil violento e ameaçador. As vítimas frequentemente

não estão em posição de se defender ou de procurar auxilio.

É quando a Brincadeira deixa de ser divertida para todos, causando

sofrimento em um ou em alguns e sendo ela repetitivas, é o que caracteriza o

bullying, ou seja, é a incapacidade ou inabilidade de um aluno ou vários alunos

(vítima), reagir.

2.7 CONSEQUÊNCIAS

Toda e qualquer coletividade, seja família, a escola, a paróquia, o local de

trabalho e outros, é colocada diante do problema das relações humanas. Onde se

encontram dois ou mais indivíduos, o problema surge automaticamente.

Por exemplo, a relação de pai irritável e autoritário conseguira na educação

do seu filho resultados diferentes dos de um pai compreensivo, paciente e

equilibrado nas suas reações.

Cléo Fante citou um caso em uma palestra realizada pelo Ministério Publico

na Paraíba, um dos fatos relatados por ela foi o caso do estudante Edimar de

Freitas, de 18 anos, que matou uma pessoa e feriu oito, em uma escola na cidade

de Taiúva, em São Paulo:

Edimar era uma criança obesa, que foi apelidado de baleia. Como era de cor branca, ficava vermelho quando os colegas o apelidavam, então recebia um novo apelido: elefante cor de rosa. E pela sua dificuldade de se locomover recebia o apelido de mongolóide. Por fim, Edimar resolveu fazer

33

um regime e em três meses perdeu 30 quilos. Mais os colegas não se conformaram e o apelidaram de “vinagrão”. Ao terminar o Ensino Médio, o aluno voltou a Escola e praticou a Violência.

Podemos afirmar que depois de muito sofrerem, esses alunos utilizam a arma

como instrumento de vingança, seus alvos, em alguns casos não eram os alunos

que os agrediam ou intimidavam, quando resolveram reagir, o fizeram contra todos

da escola, pois todos teriam se omitido e ignorado seus sentimentos e sofrimentos.

Percebemos que a televisão, como meio de comunicação mais assistida,

como a rede globo, na sessão da tarde, exibe filmes norte-americanos que mostra a

pratica de bullying, filmes como: Meninas malvadas, Bang você morreu Tiros em

columbine, Um amor para recordar, Zoando na escola, como vários outros, não

podemos afirma que eles são os motivos do bullying, mas tem uma boa influência na

adoção desses comportamentos.

As vítimas sofrem caladas, podem ter conseqüências a curto e longos prazos

são: ansiedade, ausência de auto-estima, depressão e transtorno comportamental, a

ponto de abandonar a escola, raiva, e como as várias pesquisas revela nos casos

mais graves, pode haver também uma maior probabilidade de risco de suicídio e

homicídios.

As vítimas poderão não superar, parcial ou totalmente, os traumas sofridos na

escola, podendo crescer com sentimentos ruins, especialmente com baixa auto-

estima, tornando-se adulto com sérios problemas de relacionamento.

A autora Cléo Fante, em seu livro “Fenômeno Bullying” deixa claro que as

conseqüências desse fenômeno [...] afetam todos os envolvidos e em todos os

níveis, porém especialmente a vítima, que pode continuar a sofrer seus efeitos

negativos muito além do período escolar. Pode trazer prejuízos em suas relações de

trabalho, em sua futura constituição familiar e criação de filhos, além de acarretar

prejuízos para a saúde física e mental.

O especialista Aramis Lopes Neto em seu artigo afirma:

Pessoas que sofrem bullying quando crianças são mais propensas a sofrerem depressão e baixa auto-estima quando adultos. Da mesma forma, quanto mais jovem for a criança frequentemente agressiva, maior será o risco de apresentar problemas associados a comportamentos anti-sociais em adultos e a perda de oportunidades, como a instabilidade no trabalho e relacionamentos afetivos pouco duradouros.

Já os agressores ou autores também têm algum motivo para comete o

bullying: família destruturada, sofrer violência em casa, tem pouca atenção dos pais,

34

eles também sobre conseqüências, “no futuro, esse adulto pode ter comportamento

de assediador moral no trabalho e, pior, utilizar da violência e adotar atitudes

delinqüentes ou criminosas, estando fadado a cometer crimes”, detalha Lélio

Calhau.

Esses comportamentos delinqüentes são: drogas, furtos, porte ilegal de

armas, bebidas, entre outros.

Portanto, com todas as conseqüências apresentadas, pode se dizer que o

fenômeno Bullying traz grandes modificações na vida dos envolvidos, não podemos

dizer que as piores conseqüências são dos autores ou da vítima, pois os dois têm

um sentem um prejuízo no convívio social.

35

3 CIBERBULLYING

O ciberbullying é a versão do bullying no espaço virtual, ultrapassando os

muros das escolas, sendo mais preocupante, pois a velocidade em que a

informação são veiculada, ocorrendo através de meios de comunicações, tendo a

internet uma ferramenta mais usada para a pratica do ciberbullying.

3.1 CONCEITO

Dentro das escolas percebemos que as crianças e adolescentes criam

apelidos constrangedor, debocham uns dos outros, agressões físicas e morais,

discriminações, não perdoam nada. Aproximadamente 15 anos, essas provocações

passaram a vistas como forma de violência passando a se chama Bullying. Tendo

como principal característica as diversas formas de agressões e sempre intencionais

e repetitivas, porem com o avanço da tecnologia deu uma nova forma ao problema,

trazendo as agressões para os meios de comunicações batizadas de Ciberbullying.

Enquanto o bullying acontece no mundo real e ciberbullying acontece no

mundo virtual, usando as novas tecnologias para ações ilícitas.

Hostilidades sempre existiram no ambiente escolar, porem elas se

potencializam na rede mundial de computadores, diante da facilidade atual de criar

paginas e comunidades na internet, transformando em uma violência grave que não

pode ser encarada como apenas brincadeiras.

Ciberbullying é um conjunto de comportamento agressivos, intencionais e

repetitivos que são adotados por um ou mais alunos contra outros colegas via blogs,

orkut, youtube, entre outros tipos de sites, alem de mensagens instantâneas, sendo

um espaço virtual ilimitado, dificultando a defesa, ou seja, é um fenômeno que

transfere para a internet as agressões típicas que estudantes mais frágeis ou mais

visados sofrem dentro dos muros da escola.

Aramais Lopes, especialista em bullying e ciberbullying destaca ”o grupo de

agressores passa a ter muito mais poder com essa ampliação do publico”. Ele

36

ressalta que para o fato de que há sempre três personagens fundamentais nesse

tipo de violência: o agressor, a vítima e a platéia.

O Agressor é o que atinge o colega com repetidas humilhações ou

depreciações, possibilitando o anonimato favorecendo a sua ação, mantém esse

comportamento por longos períodos e muitas vezes, quando adulto, continua

agredindo outros.

A Vítima é aquela que sofre as agressões, sempre são pessoas tímidas, que

foge dos padrões da turma (sociedade) pela aparência física (raça, altura, peso),

pelo comportamento ou religião.

A Platéia é aquela pessoa fundamental para a continuidade do conflito,

podendo ser: típica ou ativa.

A Platéia Típica é aquela pessoa que apenas a testemunha os fatos, não sai

em defesa da vítima e nem repassa.

A Platéia Ativa ou torcida é aquela pessoa que repassa e reforça a agressão,

sendo coautores ou corresponsáveis.

Sara R. Oliveira em uma reportagem para O Portal da Educação define o

Ciberbullying um fenômeno sem rosto, pela dificuldade de identificar os agressores.

Geralmente, no bullying a vítima conhece o seu agressor, mesmo que os

ataques sejam indiretos. No ciberbullying, os agressores se valem do “anonimato”,

utilizando-se de nomes falsos, apelidos ou fazendo-se passar por outras pessoas.

Os agressores não são necessários ser o mais forte, pertencer a um grupo ou

ter coragem, basta ter acesso a um meio de comunicação como celular ou à

internet.

Existem três motivos que deixam o Ciberbullying mais desumano que o

Bullying:

- o constrangimento ficava restrito aos muros da escola, agora é todo o

tempo;

- sendo difícil de identificar o agressor, o que aumenta a sensação de

impotência;

- a utilização das ferramentas de internet, expondo mais do que devem.

As vítimas nem sempre conseguir identificar o agressor, sofrendo déficit de

atenção, falta de concentração e desmotivação para o estudo destaca Cléo Fante;

isso faz com que a criança ou o adolescente humilhado não se sinta seguro em

37

lugar nenhum, não confia nos colegas, a baixa auto-estima podendo até precisar de

acompanhamento de um psicólogo.

A Safernet Brasil é uma associação civil de direito privado, com atuação

nacional, sem fins lucrativos ou econômicos, fundada em 20 de dezembro de 2005

por um grupo de cientistas da computação, professores, pesquisadores e bacharéis

em direito, surgiu para materializar ações concebidas ao longo de 2004 e 2005, se

consolidou como entidade referencia nacional no enfrentamento aos crimes e

violações aos direitos humanos na internet.

Existe também a LEGALTECH uma empresa de consultoria, gestão, perícias

e treinamento. Pioneira no conceito “Legal Proceedings”, a empresa combina

experiência consolidada durantes anos de atuação para o mercado da América

Latina com profundo conhecimento sobre alta tecnologia, fundada em 2007, tem

reconhecida atuação nacional no planejamento, compliance, assessment, security

managment, proteção intelectual e perícia e investigação computacional em

corporações nacionais e internacionais presentes nos País.

A LEGALTECH, empresa de consultoria, gestão, perícias e treinamento,

disponibilizam no seu site F.A. Q do Cibercrime.

Cibercrime é a palavra dada a uma prática que consiste em fraudar a

segurança de computadores ou redes. Podendo ser promovido de diversas

maneiras: disseminação de vírus que coletam e-mails; distribuição material

pornográfico (em especial infantil); fraudes bancárias; violação de propriedade

intelectual e direito conexo ou mera invasão de sites para deixar mensagens

difamatórias como forma de insulto a outras pessoas.

O termo “cibercrime” surgiu depois de uma reunião, Lyon, na França, de um

subgrupo das nações do G8, que analisou e discutiu os crimes promovidos via

aparelhos eletrônicos ou pela internet. Isso aconteceu na década de 90, usava o

termo para descrever, de forma muito extensa, todos os tipos de crime praticados na

internet ou nas novas redes de telecomunicações.

A empresa traz informações concretas de como proceder em caso de

difamação, como registrar ocorrência e quais as delegacias procurar, com endereço

das delegacias especializadas em crimes Eletrônicos no Brasil.

Promovida pela promotora de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais

(MP-MG), Vanessa Fusco e o coordenador adjunto da promotoria especializada de

Combate aos Crimes Cibernéticos do Estado, Evandro Borges, a capacitação é

38

parte da Jornada de Estudos promovida pelo MP-AP em parceria com o Centro de

Estudos e Aperfeiçoamento (CEAF).

Segundo Vanessa Fusco, a capacitação serviu para derrubar o mito de que o

Brasil é atrasado no que diz respeito ao Direito virtual. “É muito recente essa

capacitação de operadores tanto das polícias quanto do sistema de justiça”,

informou a promotora.

Os crimes cibernéticos termos utilizados para se referir a toda a atividade

onde um computador ou uma rede de computadores é utilizada como uma

ferramenta, uma base de ataque ou como meio de crime.

Entre os jovens, os principais crimes cibernéticos são o Cyberbullying

(constrangimento e humilhação virtual), Pedofilia, Pornografia, disseminação de

vírus, roubo de senhas, direitos autorais e esteganografia (ocultar arquivos ilegais

em arquivos aparentemente inofensivos).

Um caso concreto sobre ciberbullying, ocorreu com uma adolescente, Megam

Meier, de 13 anos, matou-se, acreditando nas falsas ofensas que lhe eram feitas

continuamente através do site de comunicação My Space, que recebia de sua

vizinha e a filha, como um personagem fictício.

Outro caso aconteceu com Alice em 2005, tinha 17 anos quando estava no

centro de um caso de ciberbullying, cursava o segundo ano do ensino médio no

colégio Faap, em Higienópolis, zona oeste. Descobriu que tinham sido criadas duas

comunidades no orkut contra ela: “eu odeio a tosca da Alice” e a outra com

referências preconceituosas ao estado de origem de sua mãe.

A família achou melhor tira-la do colégio, porém, a história tinha propagado,

então, mandarão Alice para fora do país, em um programa de intercâmbio.

No mesmo ano sua mãe procurou um advogado e o processo só foi termina

em julho de 2008, a policia conseguiu chegar ao computador que originou as

comunidades e era de uma colega de classe de Alice. A Alice era amiga do

namorado da autora. Os estudantes foram tratados como infratores, mas, como não

tinham antecedentes, a eles foram concedida remissão, espécie de perdão judicial.

O ciberbullying a versão on-line da pratica de bullying, deve decisão na justiça

brasileira, o Tribunal de Justiça de Rondônia, condenou os pais de um grupo de

alunos, por agredirem moralmente um professor.

Assim se destaca a emenda:

39

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - COMUNIDADE VIRTUAL DO ORKUT - MENSAGENS DEPRECIATIVAS A PROFESSOR - RESPONSABILIDADE DOS PAIS. Os danos morais causados por divulgação, em comunidade virtual – orkut – de mensagens depreciativas, denegrindo a imagem de professor – identificado por nome –, mediante linguagem chula e de baixo calão, e com ameaças de depredação a seu patrimônio, devem ser ressarcidos. Incumbe aos pais, por dever legal de vigilância, a responsabilidade pelos ilícitos cometidos por filhos incapazes sob sua guarda. (TJ-RO – Acórdão COAD 126721 - Ap. Civ. 100.007.2006.011349-2 – Rel. Convocado Juiz Edenir Sebastião Albuquerque da Rosa – Public. Em 19-9-2008).

O conteúdo eletrônico na Internet tem sido alvo de análises e decisões

judiciais, consoante se vislumbra no acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de

Minas Gerais:

“AÇÃO COMINATÓRIA CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. GRUPO DE RELACIONAMENTO. ORKUT. CRIAÇÃO DE COMUNIDADE E DE PERFIL FALSO. CONTEÚDO DIFAMATÓRIO. DEVER DO PROVEDOR DE CESSAR AS OFENSAS APÓS A CIENTIFICAÇÃO DA OCORRÊNCIA DO ILÍCITO. NEGLIGÊNCIA DA EMPRESA-RÉ CONFIGURADA. REPARAÇÃO CIVIL DEVIDA. MAJORAÇÃO DOS DANOS MORAIS.” (Apelação Cível n. 1.0145.08.450392-2/001 – MG, 19.1.2009).

No dia 3 de outubro de 2008, o Conselho da Europa apresentou as diretrizes

de um código de conduta para proteger a privacidade, a segurança e a liberdade de

expressão dos internautas, a proposta foi elaborada junto à EuroISPA ( Associação

Pan-europeu da Europa Internet Services Providers Associações), é reconhecida

como o maior “guarda-chuva” associação de provedores de serviços de internet do

mundo e à ISFE - Interactive Software Federation of Europe ( Federação Software

Interativo da Europa).

40

4 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

O Brasil foi o primeiro país da América Latina a implementar um Estatuto que

se refere aos direitos da criança e do adolescente.

O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA – regulamenta todos os

direitos previstos pelo artigo 227 da Constituição Federal de 1988, composta por 267

artigos, foi produzido por meio de um extraordinário processo de mobilização ética,

social e política que envolveu representantes dos movimentos sociais, das políticas

públicas e do mundo jurídico.

O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA – foi instituído pela Lei 8.069

no dia 13 de julho de 1990 tem como objetivo a proteção integral da criança e do

adolescente, se divide em dois livros: o primeiro trata da proteção dos direitos

fundamentais a pessoa em desenvolvimento e o segundo livro trata dos órgãos e

procedimentos protetivos.

No Brasil, o Código de Menor, que foi substituído pelo Estatuto da Criança e

do Adolescente - ECA – modificou o termo menor pra criança e adolescente, sujeito

de direto.

O antigo Código tratava o menor infrator igual um adulto, submetendo estes

menores a medidas judiciais todas as vezes que sua conduta se encontrasse

definida em lei, trazendo o menor para a esfera do comum; o Estatuto da Criança e

do adolescente – ECA – trouxe de forma diferenciada, uma nova visão, passa a

criança e o adolescente terem reconhecido seus direitos, consagrando a Proteção

Integral.

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 228, assegura a condição de

inimputável ao menor de 18 anos, devendo este submeter-se as regras da legislação

(estatutária). Embora penalmente inimputáveis, os menores de 18 anos ficam

sujeitos ás normas do Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 104), que

estabelece medidas sócio-educativas.

Para o melhor entendimento das medidas sócio-educativas é preciso saber

conceituar o ato infracional previsto no Estatuto da criança e do Adolescente.

41

4.1 ATO INFRACIONAL

Começaremos a conceituar as palavras separadamente:

Ato, derivado do latim actus, agere (levar, conduzir), tem o sentido de indicar,

de modo geral, toda ação resultante da manifestação da vontade ou promovida pela

vontade da pessoa. É tudo que acontece pela vontade de alguém.

Infração, derivado do latim infractio, (fringir, quebrar), designa o fato que viole

ou infrinja disposição da lei, onde há cominação de pena.

Concluiremos que o Ato Infracional é toda ação originaria pela vontade da

pessoa violando a lei.

O artigo 103 do Estatuto da Criança e do Adolescente –ECA - afirma que o

ato infracional é a conduta considerada como crime ou contravenção penal,

praticada por criança e adolescente.

É importante o estudo sobre o que significa crime e contravenção penal, para

conotação dos atos cometidos na infância e juventude.

Considera-se crime toda ação cometida com dolo, ou infração contraria aos

costumes, à moral e à lei, que é igualmente punida, ou que é reprovada pela

consciência, ou seja, a violação da lei penal, e a contravenção penal toda

transgressão a preceito de lei, de regulamento ou de um julgado.

Conforme o artigo 1 da Lei de Introdução ao Código Penal (Decreto – Lei

3.914):

Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativamente ou culmulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativamente ou culmulativamente.

Os Atos Infracionais cometidos pela criança e o adolescente, não são

impostas pelo Direito Penal, já que a imposição de uma sanção penal ao individuo

começa somente aos dezoito anos, ficando as crianças sujeitas às medidas de

proteção e os adolescentes as medidas sócio-educativas.

Isto ocorre pelas crianças e adolescentes serem inimputáveis, como

denominam a Constituição Federal, Código Penal e o Estatuto da Criança e do

Adolescente, devida pela transformação e desenvolvimento de sua personalidade,

não retirando a responsabilidade de seus atos infracionais.

42

O legislador preocupou-se em dar ao menor infrator tratamento diferenciado,

utilizando o termo Ato Infracional as condutas praticadas pelo menor, distinguindo da

denominação de crime utilizada no código Penal para os maiores de 18 anos, tendo

o principal objetivo o tratamento de forma especial o inimputável.

Afirma Paulo Lucio: “não há diferença entre crime e ato infracional, pois

ambos constituem condutas contrarias ao direito positivo, já que se situam na

categoria do ilícito jurídico”.

O Estatuto da Criança e do adolescente trouxe uma nomenclatura especifica

para os atos praticados pelos jovens infratores da lei, fundado no principio da

legalidade, estabelecendo e tipificando as condutas que quando violadas impõe a

aplicação das medidas sócio-educativas cabíveis ao caso concreto, tendo os atos

infracionais a natureza jurídica de atos ilícitos, a mesma infração penal prevista no

artigo 1 da Lei de Introdução ao Código Penal, uma vez que tem relação direta com

os delitos penais.

4.2 PROCEDIMENTO DE APURAÇÃO DO ATO INFRACIONAL

Os procedimentos de apuração de Ato Infracional a Adolescente estão

determinados nos artigos 171 a 190 do Estatuto da Criança e do Adolescente.

A criança acusada de um ato infracional devera ser conduzida á presença do

Conselho Tutela ou Juiz da Infância e Juventude, se efetivamente praticou, será

aplicada medida especifica de proteção (art. 101 do ECA) como orientação, apoio e

acompanhamento temporário, freqüência obrigatória em ensino fundamental,

requisição de tratamento medico e psicológico, inclusão em programa comunitário

ou oficial de auxilio à família ou comunitário de auxilio, orientação e tratamento e

alcoólatras e toxicômanos, acolhimento institucional, entre outras medidas.

Quando o ato é praticado por um adolescente em caso de flagrante, será

levado até a autoridade policial especializada.

Destaca-se que os adolescentes não são igualados os réus ou indiciados e

não são condenados a penas (reclusão e detenção), como ocorre com os maiores

de 18 anos.

43

Iniciar-se a apuração da infração mediante apreensão, somente quando for

em flagrante ou por ordem judicial e em ambos casos esta apreensão será

comunicada, de imediato, ao juiz competente, bem como à família do adolescente.

Nos casos de flagrante de ato infracional, praticado com violência ou grave

ameaça, a autoridade policial lavra o auto de apreensão, e nos demais flagrantes, há

boletim de ocorrência circunstanciado, sendo ouvidas as testemunhas e o

adolescente sobre o fato, apreender o produto e os instrumentos da infração,

requisitar os exames ou perícias necessárias à comprovação da materialidade e

autoria da infração.

O adolescente tem o direito de comunicar á família sua apreensão, com o

comparecimento de seu responsável à Polícia poderá liberar-lo mediante a

promessa de que se apresentara ao Ministério Público, no mesmo dia, ou sendo

impossível, no primeiro dia útil imediato, encaminhara a autoridade policial ao

representante do Ministério Público a copia do auto de apreensão ou o boletim de

ocorrência.

Caso o adolescente não seja liberado, a autoridade encaminhara, desde logo

ao representante do Ministério Publico, juntamente com a copia do auto de

apreensão ou o boletim de ocorrência, sendo impossível será o adolescente

encaminhado à entidade de atendimento, que fará a apresentação ao representante

do Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas, não existindo entidade de

atendimento far-se-á pela autoridade policial, o adolescente aguardara a

apresentação em dependência separada da destinada a maiores, não podendo em

qualquer hipótese, exceder o prazo de vinte e quatro horas.

Apresentando o adolescente, o representante do Ministério Público informa-se

dos antecedentes do menor e pode ouvir, informalmente, o seu depoimento, bem

como o dos seus pais, vítimas e testemunhas, tomadas todas as providencias o

representante do Ministério público poderá promover o arquivamento dos autos;

conceder a remissão-perdão ou representar à autoridade judiciária para a aplicação

de medidas sócio-educativas e no contrario a não apresentação do adolescente o

Ministério Público notificara os pais ou responsável do menor.

A apresentação ao Ministério Público acontece durante uma oitiva informal

(ou audiência preliminar), nesse momento, pode ocorrer:

a) arquivamento: quando o juiz aceita a representação do Ministério Público

favorável à liberação do jovem e o caso é encerrado;

44

b) remissão: quando a autoridade judiciária (o juiz) aceita a representação com

sugestão feita pelo Ministério Público (ou seja, pelo promotor da Vara Especial da

Infância e da Juventude) de liberação do jovem e o caso é imediatamente

encerrado; quando o juiz não aceita a representação do Ministério Público e solicita

parecer da Procuradoria da Justiça do Estado, que é anexado ao processo e

enviado ao Ministério Público, que o reencaminha ao juiz. Este pode aceitar a

representação do Ministério Público, encerrando o caso.

c) aplicação de medida socioeducativa: quando o Ministério Público apresenta

representação ao juiz propondo a instauração de procedimentos para a aplicação da

medida socioeducativa. Nesse caso, o juiz decreta (quando o adolescente não está

retido) ou mantém a medida de internação provisória, designando uma audiência

para apresentação do adolescente. No caso de indicação das medidas de reparação

de danos, prestação de serviços à comunidade e em alguns casos de atribuição

direta de Liberdade Assistida não há necessidade da internação provisória.

Na audiência em que o adolescente é apresentado, o juiz pode ouvi-lo, assim

como a seus pais e ainda solicitar opinião de profissional qualificado (perito). A

presença do advogado é obrigatória nessa audiência; o juiz pode decidir pela

remissão (ouvindo o Ministério Público) ou pode decidir pela necessidade de outros

subsídios para emitir sua decisão, inclusive relatórios técnicos (estudos de caso)

sobre o adolescente, que permanecerá em internação provisória. Aqui, o juiz

designará nova audiência de instrução e julgamento ou poderá decidir pela

aplicação de uma das medidas socioeducativas cabíveis.

O prazo máximo de internação provisória, até a conclusão dos procedimentos,

anteriores à sentença, é de 45 dias.

Após a sentença final, abre-se prazo para o cabimento de recursos elencados

no Código de Processo Civil, que reivindica a revisão da decisão judicial, na forma

do art. 198, do ECA.

4.3 MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS

O Estatuto da criança e do Adolescente trouxe em seu Livro II, Titulo III,

Capitulo IV (Das Medidas Sócio-Educativas) e Capitulo V (Da Remissão), destinam-

45

se ao menor (delinqüente), tais medidas visam dar ao adolescente um meio de

recuperação diante de sua condição e necessidade, são aplicadas aos adolescentes

autores de ato infracional, apurada sua responsabilidade após o devido processo

legal, cujo objetivo é a busca da reeducação.

As medidas sócio-educativas estão elencadas no artigo 112 do Estatuto da

Criança e do Adolescente.

São varias as medidas que podem ser aplicadas ao adolescente, que comete

ato infracional (crime ou contravenção penal), sendo todas elas originadas por

intermédio do que apregoa a Proteção Integral e as leis de atendimento à infância e

juventude.

Para a imposição destas medidas, é imprescindível que se leve em

consideração à idade do adolescente à data do delito praticado, sendo meios que

podem ser concedidos isolados ou cumulativamente, podendo ser substituídos a

qualquer tempo.

A imposição das medidas socioeducativas deve considerar as características

da infração, a situação em que o delito foi praticado, a capacidade do adolescente

em cumprir a medida, pressupondo a sua aplicação por anterior verificação da

autoria e da materialidade da infração, isso como forma de reverenciar o devido

processo legal, a ampla defesa e o contraditório.

As medidas aplicadas são; Advertência; Obrigação de reparar o dano;

Prestação de serviços á comunidade; Liberdade assistida; Regime de semiliberdade;

Internação e Remissão.

4.3.1 Advertência

A medida de advertência vem disciplinada no art. 115 do Estatuto da Criança

e do Adolescente que assim dispõe: A advertência consistirá em admoestação

verbal, que será reduzida a termo e assinada.

Esta admoestação implica ao promotor de justiça ou pelo juiz na leitura da

conduta praticada, na censura e na explicação da ilegalidade do ato infracional

cometido pelo adolescente, ato infracional de pouca gravidade e pela primeira vez,

46

estando presentes os seus pais ou responsáveis, e ao infrator, na promessa de que

o evento delituoso não se realizará de novo.

O art. 114, § único, do Estatuto da Criança e do Adolescente, afirma que a

imposição da advertência pressupõe a prova da materialidade e de suficientes

indícios da autoria do ato praticado pelo adolescente.

Trata-se da medida mais branda é bastante utilizada em infrações mais leve,

como lesões leves, furtos em lojas, supermercados, etc.

Nogueira observa que esta medida deve ser aplicada principalmente aos

adolescentes primários, para que não a torne ineficaz pelo seu continuado e

indevido, a qual prescinde de maiores formalidades, mesmo constituindo meio eficaz

e educativo, capazes de surtir os efeitos desejados, pois o ato infracional muitas

vezes decorre de condutas impensadas, precipitadas e proveniente de atos próprios

de jovens. Sustenta ainda que o juiz ao aplicar a medida, esta dependerá de critério

e sensibilidade ao analisar o caso concreto, sem ser mais severo do que o

necessário e nem muito tolerante ou benevolente, devendo sempre levar em conta a

sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.

Observou-se que esta é a medida mais branda aplicada ao adolescente em

casos de infrações mais leves, pois neste caso o caráter pedagógico que traz, busca

fazer com que o infrator entenda a ilicitude de sua conduta e suas conseqüências.

A advertência consiste numa entrevista do adolescente com o Juiz, tendo

sentido essencialmente educativo, não se trata de simples "conversa de rotina",

tendo em vista que dela resultará um termo de advertência, no qual estarão contidos

os deveres do menor e as obrigações do pai ou responsável, com vista a sua

recuperação, sendo-lhe permitido permanecer em seu meio natural.

4.3.2 Obrigação de reparar o dano

A segunda medida sócio-educativa prevista no artigo 112 do ECA é a

obrigação de reparar o dano, sendo tipificada no seu art. 116 nos seguintes termos:

Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.

47

Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser substituída por outra adequada.

Esta medida que visa à restituição da coisa, ao ressarcimento do dano sofrido

pela vítima e/ou à compensação do prejuízo desta pelo adolescente infrator,

caracteriza-se por ser punitiva e educativa, já que o adolescente passa a reconhecer

que seu ato foi um erro.

Caso o adolescente infrator não possua meios de reparar o dano, se possível,

o encargo passará a ser dos pais, podendo ser substituída por outra medida.

Na opinião de Wilson Donizete, adverte que a interpretação deve ser em

conformidade com o Código Civil, ao dizer que tendo o adolescente menos de 16

anos, a responsabilidade caberá aos pais ou responsáveis. Se tiver mais de 16

anos, a responsabilidade será solidária entre o adolescente e seus pais.

Entende João Batista Costa que a reparação do dano deve ser feita pelo

próprio adolescente. Devendo, portanto, a reparação do dano resultar do agir do

adolescente, de seus meios próprios.

4.3.3 Prestação de serviços á comunidade

A prestação de serviços à comunidade é a terceiro previsto no art.112 do

Estatuto da Criança e do Adolescente, que segundo dispõe o art. 117:

A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais. Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a freqüência à escola ou à jornada normal de trabalho.

Esta medida consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral,

sua finalidade é induzir no infrator a idéia de responsabilidade, de respeito pelo

trabalho, bem como produz na comunidade uma sensação de obediência às regras.

O órgão ou entidade beneficiada com a prestação do serviço do adolescente deve

enviar relatório periódico ao juiz da infância e juventude que fiscaliza a execução da

48

medida, narrar eventuais incidentes que possa ocorrer e controlar sua freqüência,

por período não excedente a seis meses.

Conforme ressalta Nogueira o ideal seria que o serviço fosse prestado de

acordo com ato infracional praticado. Como exemplo cita o pichador de paredes que

ficaria obrigado a limpá-las. Contudo bem observa o autor que faz necessário a

participação da comunidade para maior obtenção de seus efeitos, diz ainda que,

para que esse tipo de punição surtisse efeito, seria indispensável a colaboração da

comunidade na sua aplicação, pois a simples imposição, sem a correspondente

fiscalização do seu cumprimento, torna-se uma medida inócua sem qualquer

resultado.

A quem defenda que a referida medida é uma das mais eficazes, como

Jacqueline Cardoso em comentários de seu trabalho acadêmico ao dizer: Tal

medida, particularmente, é uma das mais eficazes, pois ao se encontrar trabalhando

(prestando serviços), o adolescente sente-se útil e inserido dentro da sociedade.

Observa-se que esta medida possibilita o retorno do adolescente infrator ao convívio

com a comunidade, por meio de tarefas, ou serviços, que serão prestados pelo

jovem, em locais como escolas, hospitais e entidades assistenciais, possibilitando,

assim, o desenvolvimento de trabalhos voluntários, de cunho social e humanitário,

sendo atividades escolhidas de acordo com a condição do jovem.

4.3.4 Liberdade assistida

Esta medida já era prevista no Código de Menores de 1927 denominada de

liberdade vigiada, também presente no Código de 79 recebeu a nomenclatura

utilizada atualmente.

A medida predispõe um conjunto de ações personalizadas, que permitem a

disposição de programas pedagógicos individualizados, orientadores adequados,

respeitando as circunstâncias inerentes de cada adolescente, que permitiram a

realização da infração, como demonstra o art. 118 do Estatuto da Criança e do

Adolescente:

49

A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente. § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou programa de atendimento. § 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.

O cunho coercitivo encontra-se na necessidade da observação e

acompanhamento do adolescente infrator, nos diversos pontos da sua vida social.

Tais características, explicitadas acima, estão congratuladas no Estatuto da Criança

e do Adolescente, em seu art. 119, abaixo:

Art. 19 Incube ao orientador, com o apoio e a supervisão da autoridade competente, a realização dos seguintes encargos, entre outros: I – promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social; II – supervisionar a freqüência e o aproveitamento escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula; III – diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho; IV – apresentar relatório do caso.

A realização da medida depende do apoio do município que pode fornecer

uma estrutura de programas a serem desenvolvidos, em lugares próximos ao

adolescente, inserindo-o em sua comunidade, juntamente com a supervisão do juiz

no que tange à operacionalização do regime.

Sua imposição se dará através do juiz que designará uma pessoa capacitada

para acompanhar o adolescente. A pessoa responsável pelo acompanhamento é

chamada de orientador.

Considerando as medidas tratadas em meio aberto esta é a mais grave, pois

além de restringir direitos, é fixada por, pelo menos, seis meses, podendo o prazo

ser alargado, sendo possível a sua substituição ou a sua revogação.

4.3.5 Regime de semiliberdade

A quinta medida constitui a medida privativa de liberdade intermediária entre a

internação e as medidas do meio aberto. Estando tipificada no art. 120, que assim

dispõe:

50

Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas, independentemente de autorização judicial. § 1º É obrigatória a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes na comunidade. § 2º A medida não comporta prazo determinado, aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à internação.

É um tipo de medida de caráter punitivo, que se destina ao infrator que

cometeu um ato grave, como forma de regime sócio-educativo inicial, ou como

medida de transição do adolescente internado para o meio aberto, para o

cumprimento da medida, há a necessidade do internamento do adolescente em uma

unidade especializada, limitando, em parte, o direito de ir e vir do infrator.

Sua aplicação é feita pelo juiz fixando-a já de início ou funcionando como

progressão, a exemplo do previsto no Código Penal, sua duração não tem tempo

determinado, podendo durar até três anos. No entanto pode o juiz a cada seis

meses analisar, com base em relatórios de equipes multidisciplinares, reavaliar se

convém ou não manter a semiliberdade ou substituí-la pela liberdade assistida.

4.3.6 Internação

A medida de internação combinar com a idéia de retirar o adolescente infrator

do convívio com a sociedade, é a mais severa de todas, pois priva o adolescente de

sua liberdade.

A sexta medida esta tipificada no art. 121, que assim dispõe:

A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. § 1º Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação judicial em contrário. § 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses. § 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos. § 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de semi-liberdade ou de liberdade assistida. § 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade. § 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público.

51

Os preceitos aplicados na imposição da medida são primordiais para que as

garantias e direitos do menor sejam reverenciados. E as regras são: a brevidade - o

regime deve ser desenvolvido por pouco tempo, o necessário para a readaptação do

infrator; a excepcionalidade - em último caso, a internação deve ser imputada; e o

respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento - a imposição do meio

predispõe uma investigação, em cada caso, se o adolescente tem condições de

cumprir a medida e se a internação possibilita formas para o desenvolvimento

educativo e profissional do jovem.

Conforme o art. 122, de mostrar a aplicabilidade da medida, assim dispõe:

A medida de internação só poderá ser aplicada quando: I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa; II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves; III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta. § 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser superior a três meses. § 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra medida adequada.

O período de internação deve ser constantemente analisado e a sua

manutenção decidida a cada seis meses, possuindo o prazo máximo de

cumprimento de até três anos. Completando o tempo da internação, o adolescente

deve ser liberado ou inserido na medida de semiliberdade ou liberdade assistida,

para que isso aconteça é necessária a autorização do juiz, com a ouvida do

Ministério Público. A liberação imediata do adolescente é aos 21 anos.

A internação deve ser imposta, ou por conseqüência do cometimento de atos

infracionais, de grave ameaça ou violência, ou pela reincidência, destes tipos de

crimes, ou ainda pelo descumprimento de outra medida, e, nesse caso, o prazo é

menor, de três meses.

O ECA, em seu art. 123, determina que a entidade de cumprimento da

medida deve usar os critérios de idade, condição física e gravidade do ato infracional

para separar os adolescentes internados, tendo a obrigação de terem atividades

pedagógicas.

Várias são as garantias oferecidas ao jovem infrator, que cumpre medida de

internação, como as determinadas no art. 124, do ECA, que passam pelo direito ao

conhecimento de sua situação processual, de receber escolarização,

52

profissionalização, de ter condições dignas para a sua permanência no internato,

assim dispõe:

São direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, os seguintes: I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público; II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; III - avistar-se reservadamente com seu defensor; IV - ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada; V - ser tratado com respeito e dignidade; VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável; VII - receber visitas, ao menos, semanalmente; VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos; IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal; X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade; XI - receber escolarização e profissionalização; XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer: XIII - ter acesso aos meios de comunicação social; XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o deseje; XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles porventura depositados em poder da entidade; XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade. § 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade. § 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente.

E em seu art. 125, trata do dever do Estado “zelar pela integridade física e

mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de contenção e

segurança”.

4.3.7 Qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI

Os meios de proteção são configurados também como uma das medidas

destinadas aos adolescentes infratores, como afirma o art. 112, inciso VII, do ECA.

Trata do jovem que está sendo violado, negligenciado em seus direitos e garantias,

como prevê o art. 98, do ECA:

As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; II – por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; III – em razão de sua conduta.

53

O art. 101, I a VI, do ECA, disponibiliza as medidas de proteção que são ministradas

ao adolescente infrator, que esteja violado em suas garantias:

Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas: I – encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; II – orientação, apoio e acompanhamento temporários; III – matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental; IV – inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente; V – requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; VI – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; VII - acolhimento institucional; VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; IX - colocação em família substituta.

4.4 REMISSÃO

O Estatuto da Criança e do Adolescente trouxe a figura da Remissão sob

duas modalidades, sendo a primeira atribuída ao Ministério Publico (art. 126, caput)

e a segunda de competência do Juiz (art.126, parágrafo único e 127).

A primeira é cabível somente quando ainda não iniciado o procedimento

judicial para apuração do ato infracional, ou seja, antes do oferecimento da

Representação. É uma forma de exclusão do processo, uma espécie de perdão

concedido pelo Ministério Público.

A segunda de competência exclusiva do Poder Judiciário consiste,

necessariamente, no inicio do procedimento, ou seja, durante a investigação do ato

cometido pelo adolescente, meio de suspensão ou extinção do processo, podendo

neste caso, incluir, eventualmente, a aplicação de medida prevista em lei, com

exceções cogitadas pelo art. 127 do Estatuto da Criança e do Adolescente, ou seja,

exceto a colocação em regime semiliberdade e a internação.

A palavra é de origem latina e tem sentido de dar clemência, perdoar,

esquecer a falta praticada, enfim uma desistência, renúncia ou absolvição.

A hipótese da aplicação da remissão está ligada às condições e

conseqüências do ato praticado, à situação social vivida pelo infrator e sua maior ou

54

menor colaboração para o ato infracional, ou seja, quando a infração não tem um

caráter grave e quando a família, a escola ou outras instituições de controle social

não institucional já tiverem reagido de forma adequada e construtiva.

55

5 EFICÁCIA DAS MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS

Os direitos declarados no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA,

procura antes de tudo assegurar o bem-estar e garantir que não precisar expô-los

além do indispensável, até mesmo fornecendo proteção infanto-juvenil quando são

feridos esses direitos. Inclusa na Lei 8069/1990, ou basicamente Estatuto da criança

e do adolescente, o artigo 112, explicita então o programa socioeducativo em que o

adolescente pode estar inserido tendo praticado ato infrator.

Diante dos tipos das medidas socioeducativas, impostos ao adolescente

infrator, determinados pelo Estatuto da criança e do Adolescente, interessante é a

investigação sobre as medidas que são mais eficazes, diante do que prega a

Proteção Integral, e sobre a execução desses meios, em prol da reinserção social

dos infratores.

De certo modo, as medidas sócio-educativas fazem parte de toda uma

estratégia de política pública, porém tais medidas possuem uma problemática.

As medidas incorporam-se à tarefa de construir espaços de cidadania

cotidiana, ensinam a reconhecer direitos e deveres e o valor do protagonismo.

Mostram ao adolescente a sua responsabilidade comunitária e à comunidade a sua

responsabilidade pelo adolescente.

Juristas, doutrinadores, estudiosos sobre o regime socioeducativo vêm

dividindo esse sistema em duas classes: as medidas socioeducativas em meio

fechado e as em meio aberto, sendo uma maneira de diferenciar as medidas que

privam a liberdade de locomoção do infrator, das que não se utilizam da política de

internatos.

Para o melhor entendimento sobre a eficácia das medidas consideram as

medidas em meio aberto, onde os jovens não são penalizados com a privação de

suas liberdades, encontram-se os modelos - Advertência, Reparação de Dano,

Prestação de Serviços (a comunidade) e a Liberdade assistida e as medidas em

meio fechado, aquelas privativas de liberdade, localizam-se a (semiliberdade e

Internação), em privação de liberdade se mostram às infrações mais graves como

violência ao outro e ameaça ao mesmo.

Existem varias deficiências nas medidas em meio fechado como, por

exemplo, o internato, como suas condições indignas, precárias, bem como o número

56

escasso das unidades de atendimento, ou seja, as carências de estabelecimento,

inviabilizam a realização de ações pedagógicas para adolescentes infratores.

Sobre a ineficácia das medidas de internação, Baratta, mencionado por

Costa, diz: “O bom internato é aquele que não existe”. Tal afirmação é devida pelas

inúmeras falhas existentes na estrutura de unidades de atendimento, sendo, muitas

vezes, lugares que mais agridem, do que acolhem.

Os casos de tortura nos centros de internação do Brasil são exemplos dignos

da época da Inquisição, quando a prisão era o meio de assegurar a aplicação de

penas cruéis. O Centro de Atendimento à Criança e ao Adolescente do Piauí, em

Teresina, foi palco de constantes práticas de tortura e maus-tratos com os internos.

A diretora do centro foi afastada do cargo após a denúncia de que os

adolescentes eram agredidos por funcionários e policiais militares. Quando os

internos já se encontravam debilitados, tinham as feridas cobertas por açúcar e eram

jogados no mato, a fim de atrair formigas. A denúncia ainda relata que os

adolescentes eram amarrados às traves no campo de futebol, servindo como alvo

para os chutes dos funcionários. Um mês antes da denúncia, adolescentes internos

foram fotografados capinando na área externa do centro, sob a mira de fuzis e

metralhadoras de policiais militares. O Centro de Atendimento à Criança e ao

Adolescente do Piauí conta com trinta e oito vagas e, à época dos fatos, abrigava

sessenta e quatro adolescentes. Nesse caso, a internação passa a ser apenas

forma de punição, de repressão ao menor.

Dentro do grupo de medidas em meio aberto há ainda os regimes mais

eficazes e menos eficientes diante da transformação do adolescente infrator.

Como a advertência aplicada pelo juiz ou pelo promotor de justiça que

demonstrem ao adolescente o desvalor de sua conduta, mais para que possa ser

eficácia a advertência a autoridade tem que fazer compreender as regras sociais. A

outra medida é a obrigação de reparar o dano permitindo o reconhecimento ao

adolescente do ato ilícito cometido, sendo pouco usada, pois envolve recursos

financeiros da família do adolescente.

Já as medidas de prestação de serviços à comunidade e a liberdade assistida

são as mais eficácia, pois possibilita ao adolescente infrator a reflexão sobre o ato

infracional cometido, sendo responsável em executar atividades educativas.

Deste modo, as medidas sócio-educativas para a delinqüência infanto-juvenil,

deve ter sua eficácia indubitável diante da população que busca uma diminuição

57

criminal no Brasil, sua aplicabilidade é indiscutível bem como sua eficácia, que deixa

aos jovens uma opção corretiva, para que possam se restaurar, crescer e reeducar.

As medidas sócioeducativas se mostram adequadas e corretivas, natureza

sancionadora, mostrando que sua execução ocorre de fato, o que se fazem

necessários são estabelecimentos que acolham tais medidas e da credibilidade por

parte da população, mas que só haverá benevolente aplicabilidade se, e somente se

o adolescente ou criança, maior alvo e interessado, se fizer sujeito dela.

Quaisquer que sejam as medidas socioeducativas deve sempre ser realizada

em conjunto com as ações e políticas públicas, que demandem uma

operacionalização de medidas, proporcionando a transformação do adolescente

infrator.

58

6 BULLYING X MEDIDAS SÓCIO-EDUCATICAS

São inúmeras denúncias referentes às agressões praticadas por alunos,

ocorridas em escolas que chegam com freqüência às Varas da Infância e juventude.

As diferenças existentes entre os colegas passam a ser pretexto para intimidar,

humilhar e agredir o outro, denominada de Bullying.

O Bullying diz respeito à reiteradas práticas realizadas por parte de uma

criança socialmente percebida como “mais forte, mais inteligente, mais popular”,

contra outras vistas como “menores, mais fracas e anti-sociais”. Essas práticas

envolvem formas daquilo que pode ser também denominado de violência moral,

implicando em xingamentos, ofensas, apelidos, entre outros, bem como violência

física, como chutes e empurrões. (RUOTTI, ALVES, CUBAS, 2007, p. 176).

O fenômeno do Bullying se torna cada vez mais constante e presente no

ambiente escolar, acarretando diversas conseqüências físicas e/ou psíquicas, o que

é, sem dúvida, prejudicial para as crianças. Observa-se que essas conseqüências

vêm prejudicando o crescimento, o desenvolvimento intelectual, social e

principalmente emocional das crianças envolvidas.

Na esfera do direito brasileiro, tanto na Constituição Federal, como nas leis

infraconstitucionais, existem diversas normas de proteção à criança, especialmente

o ECA – Estatuto da criança e do adolescente, que traz em seu conteúdo uma série

de regras que visam tal proteção, em defesa do desenvolvimento digno de crianças

e adolescentes.

De acordo com o art. 15 do ECA, a criança e o adolescente têm direito à

liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de

desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na

Constituição e nas leis.

Na necessidade de que sejam encontradas possíveis maneiras de conter ou

eliminar o Bullying entre crianças; a primeira forma é identificar e em segundo

corrigir conforme as regulamentações jurídicas existentes, capaz de esclarecer para

os autores de que determinadas atitudes não são aceitas.

59

O indivíduo que pratica o bullying deve ser identificado e responsabilizado,

pois bullying se trata de um crime, que como todos os outros crimes deve ser

combatido.

Sendo identificação o autor verificar se ele já é maior de 18 anos. Se for menor,

caberá medida sócio-educativa, se for maior, haverá a aplicação do Código Penal.

Vale ressaltar que os menores de dezesseis anos, apesar de inimputáveis,

também podem ser responsabilizados com medidas sócio-educativas previstas no

Estatuto da Criança do Adolescente.

As medidas sócio-educativas que podem ser adotadas são: obrigação de

reparar o dano; prestação de serviços à comunidade; liberdade assistida; inserção

em regime de semiliberdade, internação em estabelecimento educacional;

encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;

orientação, apoio e acompanhamento temporário; matrícula e freqüência obrigatória

em estabelecimento oficial de ensino fundamental; inclusão em programa

comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente.

A prática do bullying geralmente acontece nas escolas, entretanto, também há

casos em universidades, praticados por pessoas maiores de idade.

Quando o agressor for maior de dezoito anos haverá a aplicação do Código Penal,

pois essa prática incide em crimes previstos no nosso Código como: a ofensa à

integridade física (art. 129); injúria (art. 140); calúnia (art. 138); difamação (art. 139);

ameaça (art. 147), entre outros.

Além da possibilidade de punição do agressor no âmbito penal, também há a

possibilidade no âmbito civil. De acordo com o art. 186 do Código Civil Brasileiro,

aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar

direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

O Art. 927 do Código Civil estabelece que, aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e

187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo, sendo o autor menor a

responsabilidade indenizatória será do responsável legal do agressor, pois de

acordo com os art. 932, I do Código Civil, são responsáveis pela reparação civil: os

pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia.

Por outro lado, se a instituição de ensino for particular ficando omissa diante do

problema ou negar a sua existência, a instituição também será responsabilizada e

terá que reparar o dano juntamente com o agressor, podendo fundamentar o pedido

de reparação com base no Código de Defesa do Consumidor - CDC, pois de acordo

60

com o art, 6º do CDC, são direitos básicos do consumidor: a efetiva prevenção e

reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos, já existem

varias sentenças condenando as escolas partículas e se ocorrer em escolas

públicas a omissão por parte da escola caberá ao Estado a indenizar, não caberá a

fundamentação com base no Código de Defesa do Consumidor.

O projeto com o objetivo de aproximar o Judiciário e as instituições de ensino do

país no combate dos problemas que afetam crianças e adolescentes, realizado pelo

Conselho Nacional de Justiça (CNJ), elaborou uma cartilha contra o bullying.

61

7 CONCLUSÃO

A partir de todo esse contexto, relatado até aqui, percebemos a grande

importância do fenômeno, pois ele sempre existiu, porém há pouco tempo que

começou a ser estudado, o bullying é uma pratica que vem crescendo a cada dia, de

forma apavorante, é um ato de violência física ou psicológica, intencionalmente e

repetidos, com o objetivo de intimidar ou agredir.

Acontecendo em todas as instituições escolares, seja ela pública ou particular

não esta vinculada somente nas escolas podendo acontecer em outros lugares

como no trabalho, na vizinhança, na política entre outros.

Os principais envolvidos são os agressores, as vítimas, as testemunhas e os

autor/vítima, independente de sua posição eles sofrem dessa violência. Enquanto

alguns conseguem se livrar do passado atormentador, outros podem carregar para a

vida adulta, ou os pais podem sofre a vida todo com a perda de seu filho.

Com a evolução da tecnologia o bullying vem se desenvolvendo nos meios de

comunicação, chamado de Ciberbullying sendo uma versão virtual do bullying, onde

os envolvidos ficam mais difíceis de ser identificado e sendo um meio mais rápido de

se propagar às ameaças e outras formas de violência.

O objetivo foi basicamente demonstrar como as medidas socioeducativas

podem ser aplicadas e podendo contribuído para ajudar na diminuição.

A principal causa que contribui para dificultar a execução das medidas está na

falta de estrutura adequada e pessoal capacitado, propiciando um ineficiente

cumprimento da medida aplicada, o que consequentemente vem a contribuir para

que adolescentes voltem a praticar delitos, como reflexos de uma medida mal

executada.

O Estatuto da Criança e do Adolescente é sem dúvida uma das leis mais

avançadas por contemplar inúmeros direitos e garantias às crianças e aos

adolescentes.

O bulliyng é uma violência angustiante, cabe a todos da sociedade combater,

denunciando aos pais, aos professores, diretores, denunciando a qualquer

responsável pelo agressor ou pela vítima, pois dessa forma haverá a ciência e

conseqüentemente a busca por uma solução, na aplicação de medidas sócio-

62

educativas, sendo o agressor menor de dezoito anos, sendo maior de dezoito anos,

haverá a aplicação do Código Penal.

Na responsabilidade penal os autores, uma vez identificado, não podem e

nem deve ficar impune, porque a legislação (Lei 8.069/90 – ECA) determina que os

atos dessa natureza respondam a procedimento, ficando sujeitos a cumprir medida

sócia – educativa, enquanto adolescentes.

Já existe um programa elaborado por Clé Fante o Programa Educar para Paz,

que deveria ser implantado em todas as escolas como forma de prevenir.

Exposto isso, que este trabalho sirva de alerta para que os responsáveis

passem a se preocupar mais com a presente situação envolvendo adolescentes

infratores e que sirva de instrumento para futuros debates acerca do assunto

fazendo com que se venha a trazer outras contribuições para minimizar o problema

que gera graves conseqüências para toda sociedade.

63

REFERÊNCIA

_______. Decreto – Lei 3.914, de 9 de dezembro de 1941. Lei de Introdução ao Código Penal. Brasília, DF, Senado, 1941.

ABRAPIA – Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção á Infância e á Adolescência. Disponível em: <http://www.bullying.com.br/BConceituacao21.htm#OqueE>. Acesso em: 05 maio 2010. BALSEMÃO, Rafael. Jovens enfrentam ofensas e violência no mundo virtual. Disponível em: <//www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u452864.shtml>. Acesso em: 16 maio 2010. BRASIL. Distrito Federal. Projeto de Lei nº 5.369/09. Disponível em: <www.camara.gov.br/sileg/MontarIntegra.asp?CodTeor=662118>. Acesso em: 29 junho 2010. BRASIL. Lei n 8,069 de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

BRASIL. Santa Catarina. Lei nº 14.651, de 12 de janeiro de 2009. Dispõe sobre a instituição do Programa de Combate ao Bullying, de ação interdisciplinar e de participação comunitária nas escolas públicas e privadas do Estado de Santa Catarina. Disponível em: <http://www.alesc.sc.gov.br/escola/docs/cartilhabullying.pdf.> Acesso em: 30 abril 2010. BRITO, Leonardo Silva. Responsabilidade Penal do Bullying no Brasil. São Paulo: Edgard Blucker, 2009. CALHAU, Lélio Braga. Bullying: o que você precisa saber. Niterói, RJ: Editora Impetus, 2009. CIVITA, Victor. Nossas Crianças. I vol. São Paulo: Abril Cultura, 1973. COLPANI, Carla Fornari. A responsabilização penal do adolescente infrator e a ilusão de impunidade. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/4600/a-responsabilizacao-penal-do-adolescente-infrator-e-a-ilusao-de-impunidade>. Acesso em: 15 de setembro de 2010.

64

CONSTANTINI, A. Bullying: como combatê-lo? São Paulo: Itália Nova, 2004.

DREYER, Diogo. A brincadeira que não tem graça. Portal Educacional. 2005. Disponível em:<http://www.educacional.com.br/reportagens/bullying> Acesso em: 20 de novembro de 2007. ESTADOS UNIDOS. Leis sobre a prática de bullying. Disponível em:

<http://www.bullypolice.org/>. Acesso em: 21 maio 2010. FANTE, Cléo. Fenômeno Bullying - como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. 2. ed. Campinas, SP: Verus Editora, 2005. GOMES, Luiz Flávio. Responsabilidade civil da escola pelos atos dos seus alunos. Disponível em: <http://www.jusbrasil.com.br/noticias/92098/responsabilidade-civil-da-escola-pelos-atos-dos-seus-alunos>. Acesso em: 25 jun. 2010. GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Parte Geral. 12. ed. I. vol. Niterói, RJ:

Editora Impetus, 2010. GULLO, Carla. Onde vamos parar? Disponível em:

< http://www.istoe.com.br/reportagens/27969_ONDE+VAMOS+PARAR+?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage> . Acesso em: 15 jun. 2010. JESUS, Mauricio Neves de. Adolescente em conflito com a lei: prevenção e proteção integral. Campinas, SP: Servando, 2006.

LIBERATI, Wilson Donizeti. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente. 6. ed. São Paulo: Malheiros, 2002.

MONTERIO, Lauro. Bullying pode doer no bolso das escolas. Disponível em: <www.observatoriodainfancia.com.br>. Acesso em: 06 jun. 2010. MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2006. NETO, A. A. Lopes. Bullying – comportamento agressivo entre estudantes.

Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro, 2005,

65

NOGUEIRA,, Paulo Lucio. Estatuto da Criança e do Adolescente comentado.

4.ed.rev. aum.e atual. São Paulo: Saraiva, 1998. SILVA, De Plácido de. Vocabulário Jurídico. 26. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005.

SIMMONS, Rachel. Garota fora do jogo: a cultura oculta da agressão nas meninas. Rio de Janeiro: Rocco, 2004.

VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil. Parte Geral. 8. ed. I. vol. São Paulo: Atlas, 2008. _______. Vade Mecum. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2007.

WEIL, Pierre. Relações Humanas na família e no Trabalho. 37. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1983.