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Jornal Universitário Universidade Federal de Santa Catarina - www.ufsc.br - Abril de 2005 - Nº 371 PORTE PAGO CORREIOS 99129-5/2001 - DR/SC UFSC Trote solidário O objetivo é receber os calouros e integrá-los à universidade em ações educativas, sociais e de lazer que despertem o espírito voluntário e a consciência cidadã (4 e 5) CCA: vínculo com a sociedade (3) Reitor: cooperação latino-americana (6) Chagas: referência nos estudos (8) RH: novas metas na universidade (11) CA de Medicina

Universitário AGO 99129-5/2001 - DR/SC CORREIOS - UFSC

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JornalUniversitárioUniversidade Federal de Santa Catarina - www.ufsc.br - Abril de 2005 - Nº 371 PO

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CTrote solidário

O objetivo é receber os calouros e integrá-los à universidade emações educativas, sociais e de lazer que despertem o espírito

voluntário e a consciência cidadã (4 e 5)

CCA: vínculo coma sociedade (3)

Reitor: cooperaçãolatino-americana (6)

Chagas: referência nos estudos (8)

RH: novas metasna universidade (11)

CA de Medicina

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Neste segundo JU do ano,comemoramos osaniversários do CCA e NDI eos feitos do Pré-vestibularPopular, contamos aexperiência inovadora e bemsucedida do Trote Solidário, otrabalho desenvolvido pelospesquisadores da UFSC,referência para adeterminação do mal deChagas e identificação do“barbeiro”, que tantoganharam espaço na mídiaestadual e nacional. Falamosda grande festa delançamento da Antologia“Dedo de Prosa”, que reforçaos laços da UFSC com aliteratura catarinense. Naentrevista nosso reitor lançaum olhar sobre saúde,educação, C&T em Cuba.Dissecamos a nova PRDHS ,divulgamos a biblioteca digitalde literatura brasileira e aspublicações feministaslançadas na SemanaInternacional da Mulher.Destacamos a aula magna daPós-graduação em EducaçãoCientífica e Tecnológica, cujofoco reforça a importância doesforço da UFSC paradivulgar e popularizar aciência.

Elaborado pela Agência deComunicação da [email protected]ço:UFSC - Agecom - CampusUniversitário - CEP 88040900 -Trindade - Florianópolis - SC -Fones: (48) 331-9233 e 331-9323Fax: 331-9684Redação:Alita Diana (Coordenadora)Arley Reis (Jornalista)Artemio R. de Souza (Jornalista)Celita Campos (Jornalista)José A. de Souza (Jornalista)Anderson Porto (Bolsista)Gutieres Baron (Bolsista)Willian Vieira (Bolsista)Fotografia e Arq. FotográficoJones J. Bastos,Ledair Petry,Paulo Noronha,Tania R. de SouzaEditoração:Jorge Luiz Wagner BehrSecretaria:Beatriz S. PradoSônia Xavier da SilvaRomilda de AssisImpressão:UFSC - Imprensa Universitária

Ao leitor

Alita Diana

PALAVRA LIVRE

Expediente

O Curso Pré-Vestibular Popular daUFSC tem mudanças para 2005. Ago-ra os servidores técnico-administrati-vos da universidade também poderãose matricular no cursinho que, esteano, inicia com duas turmas de ex-tensivo. O objetivo é unificar os cur-sos para servidores e para a comuni-dade, melhorando a qualidade do en-sino.

Como foram incorporados servido-res técnico-administrativos ao conjun-to de alunos, o Programa de Educa-ção Permanente para os Servidoresda UFSC (Prepesufsc) permite queprofessores da universidade minis-trem aulas no cursinho. Osorganizadores já estão convidandoprofessores para dar aulas individu-ais de reforço para alunos que este-jam cursando o pré-vestibular pelasegunda vez.

Como grande parte dos alunosestuda e trabalha, não conseguem sededicar integralmente aos estudos e,conseqüentemente, nem todos con-seguem ser aprovados logo no primei-ro vestibular. “A idéia é dar uma aten-ção especial a cada aluno nas disci-plinas em que ele sente mais dificul-dade”, explica a professora Maria JoséBrandão, coordenadora do cursinhopopular da UFSC.

Pré-Vestibular Popular

surgimento do Núcleode Desenvolvimento In-fantil (NDI) aconteceuem 8 de abril de 1980,na gestão do reitorCaspar Erich Stemmer.Passados 25 anos, o

NDI: 25 anos

ONúcleo comemora a consolidação dotrabalho de educação infantil, aten-dendo 278 crianças na faixa etária de0 a 6 anos.

Atualmente o NDI conta com 24professoras, cinco desenvolvendo seudoutorado, além de 35 servidores téc-nico-administrativos. Alguns destesservidores compõem uma equipeinterdisciplinar de contadores de his-tória, educação física e arte-educa-ção. A saúde escolar é acompanha-da por uma médica, uma enfermeirae dois técnicos em saúde. Segundoorientações do Conselho de Ensino,Pesquisa e Extensão da UFSC, o in-gresso das crianças acontece pormeio de sorteio anual, para as cate-gorias de docentes, técnico-adminis-trativos e estudantes da UFSC.

Vinculado ao Centro de Ciênciasda Educação, o NDI busca alcançarsuas metas abrindo espaço para es-tágios e pesquisas, funcionando comoum núcleo de pesquisa e experimen-tação da universidade no campo daeducação infantil. Os pressupostosteóricos que permeiam a prática pe-dagógica são baseados na teoria his-tórico-cultural, que entende a criançacomo um sujeito dotado de capacida-des e competências, que participa ati-vamente como ator na construção desua história.

A direção do NDI pretende marcaros 25 anos de forma festiva e tam-bém científica. Durante todo o anoacontecerão atividades, que de 9 a 13de maio serão intensificadas com umaprogramação especial de aniversário.Nesse período será lançado o CD “Boide Mamão”, resultado de um projetode extensão desenvolvido com as cri-anças.

Celita Campos

Por enquanto, o pré-vestibular éministrado por uma equipe de profes-sores com experiência em cursos pre-paratórios para vestibulares, selecio-nados pelo Centro de Formação ValpiCosta, vinculado à Associação deAposentados e Pensionistas daUFSC. O material didático inclui apos-tilas, resumo das obras literárias parao vestibular e apostila específica dehistória de Santa Catarina.

O número de aprovados nos últi-mos vestibulares da UFSC e da Udescsuperou as expectativas dosorganizadores do cursinho. Foram 32aprovados no Vestibular UFSC 2005e 14 classificados na primeira etapado Vestibular da Udesc sendo quedestes, quatro foram aprovados.

Mas segundo Maria José, o objeti-vo não é competir com os cursos par-ticulares e sim proporcionar as mes-mas condições de estudo para as pes-soas que não podem pagar um cursoparticular. “Nós não nos fixamos noíndice de aprovação. A proposta émelhorar a auto-estima dos alunos,fazendo com que eles acreditem emsi próprios”, explica.

Gutieres BaronBolsista de Jornalismo / Agecom

O principal evento anual daUFSC acontece de 14 a 17 desetembro. A 5ª SEPEX reafirmaa indissociabilidade do Ensino,Pesquisa e Extensão para aUFSC. Oficialmente incorporadaao calendário da universidade éa maior mostra científica deSanta Catarina. Com entradafranca e aberta à comunidade,recebe um número crescente devisitantes e de escolas vindas detodo o estado, a cada edição. Osnúmeros da 4ª SEPEXimpressionam: cerca de 40 milvisitantes, sendo 80 escolas.Foram apresentados 1.738trabalhos em forma de posters,3.500 pessoas se inscreverampara 118 minicursos, 125estandes foram expostos em3.292m².O site da SEPEX:www.sepex.ufsc.br está sendoreformulado, visando maiorinteratividade, facilitando asinformações aos visitantes, comoo acesso à lista total dostrabalhos expostos.

A organização do eventoalerta que os contemplados como FUNGRAD, FUNPESQUISA,PRÓ-BOLSA e PRÓ-EXTENSÃOtêm obrigação de apresentarseus resultados na SEPEX.Integrado à mostra, acontece nosdias 15 e 16, o XV Seminário deIniciação Científica. A exposiçãode mais de 500 painéis, noCentro de Cultura e Eventos,mostra um celeiro depesquisadores das mais diversasáreas do conhecimento. Editorasuniversitárias de todo o Brasilparticiparão da 2ª Feira do LivroUniversitário, sob a grande lonada SEPEX. Outra boa notícia éque o XXIII Seminário deExtensão Universitária da RegiãoSul (SEURS), acontece noCampus da UFSC de 11 a 14 desetembro. Como o último dia doSEURS coincide com o primeiroda SEPEX, nossos colegasvizinhos do Paraná e Rio Grandedo Sul terão a oportunidade devisitar a mostra.

Os melhores e maisinterativos estandes da SEPEXsão selecionados paraintegrarem a mostra que a UFSCrealiza no centro de Florianópolisem outubro, integrando aSemana Nacional de Ciência eTecnologia. É a UFSCDivulgando e Popularizando aCiência.

O lançamento oficial da 5ªSEPEX está previsto para maio.

Alita Diana

Jones J. Bastos

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PONTO DE VISTA

s professores do Centrode Ciências Agrárias(CCA) apresentam umadas mais altas percen-tagens de formação emnível de doutorado e

Agregando valor à produção agrícola e pesqueira de Santa Catarina

Centro de Ciências Agrárias

Omantêm um dos mais altos índices depublicações da UFSC. Isto se deve àqualidade dos projetos de pesquisa edesenvolvimento executados no CCA.Os resultados obtidos não atingem so-mente os cientistas, através dos peri-ódicos científicos. Pequenos agricul-tores e a população em geral tambémé beneficiada. Desde pequenos agri-cultores do Oeste até maricultoresmelhoram a renda e a qualidade devida com os trabalhos de extensão de-senvolvidos por professores, servido-res e alunos do CCA.

Diversos exemplos poderiam sercitados. Entre eles, os trabalhos de-senvolvidos junto ao Laboratório deCamarões Marinhos, que tem se de-dicado à pesquisa tecnológica utilizan-do seu corpo técnico e alunos de gra-duação e pós-graduação, apoiadospelo Laboratório de Reprodução epela Estação Experimental. O LCM éresponsável por toda produção depós-larvas na Região Sul do Brasil,sendo sua produção de 60 milhões/mês. A estreita vinculação com aEpagri, que realiza o trabalho de ex-tensão, aliada ao suporte da EstaçãoExperimental, propicia a transferênciade tecnologia de forma contínua eatualizada. O Laboratório deMoluscos, em parceria com váriasentidades, também tem se dedicadoa desenvolver um conjunto de açõesde ensino, pesquisa e extensão quevêm contribuindo para melhorar o co-nhecimento de diferentes aspectos dabiologia e com o controle e desenvol-vimento dos cultivos de ostras, mexi-lhões e outros muluscos. A partir des-se trabalho, as espécies são adapta-das para a utilização nas condiçõesambientais específicas do litoralcatarinense e voltadas, principalmen-te, para aproveitamento por pescado-res artesanais. São também realiza-dos trabalhos junto a comunidades depescadores e entidades ligadas à pro-dução e extensão agrícola e pesquei-ra do estado.

No campo de processamento dealimentos estão localizados no CCAlaboratórios de excelência em pesqui-sa e análise de qualidade. Várias li-nhas de pesquisa geram tecnologiasavançadas e os projetos de extensãofazem chegar até a populaçãoconfiáveis recomendações técnicas.Pequenas e grandes indústrias se be-neficiam dos trabalhos de professo-res, alunos e servidores. Entre as áre-as de atuação estão linhas de pesqui-sa com pescados, bioquímica,biotecnologia, microbiologia,bromatologia, toxinas e outras. Naárea de zootecnia, em laboratórioscomo os de apicultura, avicultura e

etologia, entre outros, o CCA faz pes-quisa e extensão em importantes áre-as do conhecimento. Entre outrosexemplos, podemos citar os trabalhosque vêm auxiliando pequenos produ-tores de leite a melhorar sua rendaatravés do uso intensivo de pasto. Apartir dessa ação, os produtores re-duzem custos, aproveitam e preser-vam os recursos naturais locais atra-vés dos projetos de extensão realiza-dos por vários professores.

Estes são apenas alguns exem-plos, que poderiam ser estendidos aoutros departamentos do Centro. To-das estas atividades contam com umaintensa participação de professores eestudantes, que participam ativamen-te de eventos para divulgar a produ-ção intelectual. Atualmente a direçãodo CCA, juntamente com outras qua-

tro universidades brasileiras, tem par-ticipado de importantes reuniões emvários países do Mercosul, no senti-do de estabelecer critérios paracredenciamento de escolas de agro-nomia. Recentemente estivemos par-ticipando de uma reunião com minis-tros da agricultura dos seis países.Nesta reunião ficou clara a importân-cia da formação de profissionais degrande capacidade inovadora, comprofundos conhecimentos básicos,com grande capacidade de resolverproblemas. Os ministros foram unâ-nimes em reafirmar que o setoragropecuário é um dos pontos fortesde qualquer governo da região, pois osul da América tem como principalatividade exportadora os produtos pri-mários ou agrícolas com baixo valoragregado como o café, soja, carnes

etc.. Só isto bastaria para compreen-der que precisamos preparar profis-sionais que possam ter um profundoconhecimento e capacidade de agirpara, não só aumentar a produção,mas principalmente agregar valor aosuor dos produtores rurais que os pro-duzem.

Temos certeza de que a universi-dade continua tendo papel fundamen-tal na formação de profissionais damais alta qualidade, pois as mudan-ças de hábito de consumo, os cuida-dos com os frágeis recursos naturaisenvolvidos na produção agrícola, areutilização de resíduos exige umnovo conceito de capacitação profis-sional. Hoje nosso egresso precisasaber tomar decisões, trabalhar emequipe, perceber as mudanças e seantecipar, com equilíbrio, ética, flexi-bilidade, colaboração e saber apren-der durante toda a vida e não somen-te para fazer as provas.

Como direção ficamos muito orgu-lhosos com a inserção do CCA nascomunidades, pois apesar de ser estaa sociedade que nos mantém, ela nãoconhece o que o Centro faz e para queserve a pesquisa por aqui desenvol-vida. Ao organizarmos a programaçãode comemoração dos 30 anos doCentro, consideramos que todos queintegram esta unidade de ensino, pes-quisa e extensão estão de parabéns,pois uma parte de nosso grande po-tencial aparece para a sociedade.

Enio Luiz PedrottiDiretor do CCA

O trabalho nos laboratórios envolve professores, servidores técnico-administrativos e estudantes

Pequenas e grandes indústrias se beneficiam com as pesquisas

Celita Campos

Celita Campos

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VIDA NO CAMPUS

m 2005 a Universidade Fe-deral de Santa Catarinaofereceu 3.920 vagas para61 cursos de graduação. Amaior parte delas (74,24%)atende a faixa etária de 17

Trote SEa 20 anos. São quase 2.500 calouros,jovens e ansiosos, que no geral des-conhecem o que se passa no chama-do trote. Muita lenda envolve estemomento na vida do novo universitá-rio, que inicia o contato com os vete-ranos - os universitários mais experi-entes. Matar formiga a grito, surfar empalito de fósforo e natação em poçade água são algumas das lendáriasprovas para “libertação do bicho”, im-postas pelos carrascos veteranos aostemerosos calouros. Atitudes de vio-lência disfarçadas de brincadeiras,assédio moral e situações vexatóriassão atividades pelas quais, muitasvezes, o calouro sofre de verdade den-tro das universidades.

No Brasil, o ápice da vergonha pra-ticada em trotes irresponsáveis acon-teceu em fevereiro de 1999. O calou-ro de medicina da USP (Universidadede São Paulo), Edison Hsueh, foi en-contrado morto na piscina da Associ-ação Atlética Oswaldo Cruz - um diaapós o trote da Faculdade de Medici-na. Hoje, a USP combate o trote vio-lento através de campanhas. Este anoo tema é “Trote - com violência nãose brinca!”

Na UFSC, desde 1997 o trote emgeral é proibido. Os artigos 127 e 128do novo Regulamento dos Cursos deGraduação proíbem qualquer tipo decoação e humilhação dos alunos. Poroutro lado, é incentivada a recepçãoprodutiva, que acolha os calouros ebeneficie a comunidade, hoje conhe-cida como “Trote Solidário”.

Este ano, o principal incentivo paraeliminar os temidos cortes de cabeloacompanhados de banhos de tinta, eacabar com a humilhação e as atitu-des de violência foi a criação do 1°Trote Solidário. Organizado pela Pró-

Reitoria de Assuntos Estudan-tis da UFSC, com apoio daagência universitária do Bancodo Brasil, o evento é uma com-petição, aberta aos CentrosAcadêmicos (CA) dos cursos degraduação. O objetivo é seleci-onar o melhor projeto de recep-ção ao calouro. A regra é sim-ples: recepcionar os calouros eintegrá-los à universidade atra-vés de ações educativas, soci-ais e de lazer que despertem oespírito voluntário e a consciên-cia cidadã. A premiação émotivadora. O Centro Acadêmi-co que praticar o melhor trotevai receber R$1.500.

Foram 19 projetos inscritos,dos cursos de Administração,Arquitetura e Urbanismo, Agro-nomia, Biologia, Ciências daComputação, CiênciasContábeis, Direito, Economia,Engenharia de Aqüicultura, En-genharia Civil, Engenharia Elé-trica, Engenharia Sanitária, En-genharia da Produção, Farmá-cia, Física, Geografia, Letras,Medicina e Serviço Social.

Alguns projetos destacam-se: o Trote Integrado, evento derecepção aos calouros dos cur-sos de Administração,Contábeis, Direito, Economia eServiço Social, conta com a or-ganização de cinco CAs e a ex-periência adquirida em dois se-mestres anteriores. Outro des-taque é o projeto do Centro Aca-dêmico Livre de Engenharia daProdução. Pioneiro na UFSC narealização de trotes solidários,sendo este semestre a 10ª edi-ção, apresentou a campanha“Trote Solidário - campanha doshomens contra a violência con-tra a mulher”. Os novatos de Farmá-cia, acompanhados pelos veteranos,fizeram o 6º Trote Ecológico, recolhen-do lixo na Praia da Galheta, reserva

ecológica que não é atendida pelo ser-viço público de coleta.

O projeto elaborado pelo CA deFísica está no páreo, principalmente

pelas atividades inéditas. Por exemplo, umaviagem ao Museu de Ciência e Tecnologia daPUC, no Rio Grande do Sul, programada parafinal de abril. Conta ainda com disputas es-

UFSC incentiva recepção que

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VIDA NO CAMPUS

acolhe os alunos e beneficia a comunidade

olidário

portivas (futebol, sinuca, dominó, truco e xa-drez) e um manual informativo com dicas eorientações para o calouro aproveitar melhoras oportunidades da UFSC. Também propôs

que calouros, orientados pelos vete-ranos, dêem aulas de Física no Colé-gio de Aplicação, demonstrando ex-perimentos práticos, como forma de

desmitificar a Física no EnsinoMédio. No quesito integração aocurso, a maioria dos CAs pro-puseram atividades relaciona-das às práticas acadêmicas. Osveteranos do Curso de Agrono-mia, junto com professores, en-sinaram aos calouros como fa-zer mudas de plantas, que fo-ram distribuídas para a comu-nidade. O projeto do CA de Ar-quitetura e Urbanismo, em fun-ção de a maioria dos calourosser proveniente de outros mu-nicípios, realizou um tour pelailha, mostrando a arquitetura depontos turísticos, como a PonteHercílio Luz e as casas em es-tilo açoriano de Santo Antôniode Lisboa. Os veteranos de Me-dicina realizaram a 4ª Semanado Acolhimento, com objetivode mostrar ao calouro o com-promisso e a responsabilidadesocial do futuro médico.

Atingindo objetivosA direção do Banco de San-

gue do Hospital Universitárioainda não possui um balançogeral, mas garante que o núme-ro de doações vem crescendoa cada ano, sendo verificado,neste semestre, aumento de50%. “Fruto do Trote Solidário”,afirma o diretor do Banco, omédico Jovino dos SantosFerreira. Cada doação pode aju-dar a salvar três vidas. Outraspessoas beneficiadas são aque-las atendidas nas casas de as-sistência social. Quase todos osprojetos incluíram atividades dearrecadação de alimentos e ou-tras doações destinadas a enti-dades sem fins lucrativos deFlorianópolis.

No entanto, o trote irrespon-sável ainda é praticado dentro daUFSC. Na ouvidoria da universidadefoi registrado um caso de trote ilegalno Curso de Administração. Nas pro-

ximidades da universidade, ao redordos cruzamentos, calouros pediram“esmola”, muitos deles descalços epintados, cobertos por farinha e ovos.“É legal, mas preferia que não tives-se”, afirmou um estudante do Cursode Psicologia que pedia moedas nossemáforos perto da UFSC. Uma ca-loura, descalça, que também pedia di-nheiro, disse: “Na verdade, não temviolência, mas sempre há aquelasbrincadeiras que a gente ri na hora,mas que não são legais. Tem outra:se alguém quiser, pode até sair, massabe que vai ficar queimado no cursocomo aquele bicho que fugiu do tro-te”.

“A cada ano diminui. Este ano euvi 90% menos trotes, mas ainda exis-te”, afirma o gerente do Banco do Bra-sil, Júlio César Aguiar, em relação aostrotes irresponsáveis que observounas proximidades da agência e daUFSC nos últimos dois anos. O ge-rente trabalha há 20 anos comfilantropia e acredita que o Trote Soli-dário é uma oportunidade para des-pertar o potencial da força dovoluntariado universitário. Para o tro-te do segundo semestre deste ano, oBanco do Brasil garantiu a verba deR$ 7 mil, destinada a viabilizar as ati-vidades dos projetos. “A gente entrae não sai nunca mais. E a comunida-de é a grande vencedora”.

A avaliação da Pró-reitora de As-suntos Estudantis, Corina Espíndola,é de que o 1º Trote Solidário está sen-do um processo positivo. “A Pró-rei-toria esforçou-se para atender a to-dos os projetos, fornecendo transpor-te, alimentação e camisetas. Os Cen-tros Acadêmicos que já realizavam umtrote legal se firmaram. E os outroscentros, contando com apoio e con-correndo a prêmios, sentiram-se mo-tivados e elaboraram ótimos projetos”,analisa a pró-reitora.

Anderson PortoBolsista de Jornalismo/ Agecom

Imagens: Centros Acadêmicos

... e de lazer que despertem o espírito voluntário e a consciência cidadã.

Anderson Porto

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Qual o raio-x desse encontro?

Esse encontro demonstrou princi-palmente que existe necessidade evontade política de uma cooperaçãohorizontal em áreas de C&T. São áre-as em que nós podemos estar à fren-te e setores nos quais eles estão umpasso adiante. A troca nada mais édo que um impulso latino-americanoem termos de ciência e tecnologia eisso Cuba pode nos ensinar bastan-te. Esse sentimento latinista, essa vi-são de integração latino-americana.Quando a gente se abre pra eles e vêas carências que eles têm, vê que elestambém tiveram um caminho. Eles in-vestiram em formação de pessoal. Oque ele colhem hoje é ter pessoalmuito bem formado. Isso também éfundamental a gente entender no Bra-sil.

A partir dele, quais os resulta-dos mais imediatos que a UFSCpode ter com as universidades deCuba?

Em nível de Brasil já houve umencontro entre os ministros, com par-ticipação da Capes, para fomentarprojetos de formação de maneira con-junta. Particularmente nós estamoscomeçando a criar grupos deinterligação. Nós vamos fazer a publi-cação, através de um projeto com aeditora da UFSC, de algumas revis-tas científicas deles. Eles têm muitadificuldade de publicação. Em maio agente recebe o professor Bojoto, queé o mais importante investigador cu-bano da área agropecuária. Ele vempara estabelecer duas coisas: um con-vênio forte com o CCA e o primeirointercâmbio de alunos. Nós vamos tra-zer alunos cubanos para passar seismeses aqui e vamos levar alunos nos-sos para passar seis meses lá. E esseé parte do projeto um pouco maior doponto de vista político e acadêmico.Que seria a gente ter uma espécie deintercâmbio tipo Erasmus, como na

Europa, um intercâmbio com a regiãoibero-americana, desde o México atéa Argentina. É projeto que está sendoacalentado e que foi bastanteaprofundado nessa reunião de Cuba.E provavelmente em julho a gentedeve trazer o Festival de Cinema Cu-bano, comemorando o início do nos-so curso de Cinema, que seria umarelação um pouco mais cultural. Va-mos tentar também, via Capes, pre-parar uma delegação para ir no XEncontro Internacional de Ciência emHavana, em junho.

Quais seriam as áreas mais im-portantes e qual a nossacontrapartida?

Energia renovável, biomedicina,biodiversidade, toda a área de produ-ção de elementos bioativos (vacinas).Nós estamos fazendo um intercâm-bio de busca. O que nós podemospassar para eles? Gestão, Engenha-ria de Produção, modernização demotores, produção em escala de canade açúcar. Mas também existem ou-tras áreas que não só ciência etecnologia. Por exemplo, cinema, emque Cuba é muito avançada, a ques-tão da própria cultura latino-america-na. Temos muito a ganhar e a iniciati-va de irmos no coletivo de reitores foimuito interessante.

Qual a relação entre governo euniversidade cubanos no que serefere a investimento?

O grande motor da economia dasuniversidades são os próprios profes-sores que vão trabalhar em outrospaíses e mandam dinheiro para aCuba. Isso é extremamente interes-sante. Cada cem dólares que um cu-bano ganha fora de Cuba ele fica com25 dólares e remete 75 para o Esta-do. Nesse período enorme de criseque as universidades cubanas passa-ram, a grande manutenção delas foifeita pelo Estado via produção de seus

professores no exterior.

Isso é feito de forma compulsó-ria, como uma imposição?

Fazem isso para sair do país. Éuma oportunidade deles ganharem.Por exemplo, uma pessoa para ter umcarro particular em Cuba precisa pro-var que nos últimos cinco anos ga-nhou oito mil dólares fora do país. Oque significa dizer que tem que terganho 32 mil dólares nos últimos cin-co anos fora de Cuba. Então ele teminteresse próprio, porque ele melhoraa condição de vida dele, que é partede um grupo de cubanos, os espor-tistas, os artistas. Dentro dessa “eli-te” estão os doutores, os cientistas,ou científicos, assim chamados den-tro das universidades. Isso é uma par-te do financiamento. A outra parte édo Estado. Eles estão fazendo umprograma muito próximo do que é anossa interiorização da UFSC, levan-do a distância semi-presencial univer-sidade para toda a população do inte-rior da Ilha de uma maneira muito in-teressante

Que tipo de formação universi-tária se quer em Cuba?

Não é formar para mercado. Émelhorar a cidadania. Ou seja, nomomento que eu tiver pessoas comcursos superior provavelmente eu vouter pessoas melhores. Se eu tiver pes-soas melhores, muito provavelmenteeu vou ter a sociedade melhor. Entãoo financiamento tem muito disso. Ofinanciamento é um financiamento doEstado, cem por cento do Estado. In-teressante é que os alunos da Améri-ca Latina, de fora que vão estudar lápagam. Aí há um custo do ensino, eesse custo é revertido em benefícioda universidade.

Como está estruturada a univer-sidade cubana hoje em dia?

Tem duas coisas. Uma é a univer-sidade propriamente dita e a outra éuma coisa muito forte que são os cen-tros de pesquisa. Eles têm separadoisso. Existe, por exemplo, o CentroNacional de Pesquisa de SanidadeHumana e Animal - o Censa, que tra-balha toda a parte fitossanitária,zoosanitária, toda a parte de vacinaspara doenças em animais e doençasem seres humanos. Os centros depesquisa nas chamadas áreas estra-tégicas, que é o Cinic – Centro Nacio-nal de Investigação Científica, elesestão melhores que as universidadespropriamente ditas. Nesses centros hápessoas que são só pesquisadores,só investigadores, que não têm ne-nhuma relação com as universidades,e tem outras pessoas que são inves-tigadoras e que lecionam nas univer-sidades. Nesse centro ainda tem oCujaio – Centro Universitário JoseEcheverria, que é o centro que temmaior quantidade de dinheiro, porquetrabalha diretamente com a questãoempresarial, tem projetos com o Ca-nadá, com o Brasil, com a UFSC.Esse, que é o centro mais pujante, éo centro que tem junto às escolas deEngenharia e o Centro de Pesquisajuntos. Hoje, e isso está gerando umadiscussão, só alguns centros estraté-gicos é que têm pesquisadores queestão “separados” das universidades.Aí a universidade acaba sendo, às ve-zes, um espaço de geração desseconhecimento produzido lá. Mas nãoé só na universidade, como no Brasil,que se faz pesquisa avançada.

Na área da saúde pública, que éa sua área de origem, o que o Bra-sil pode aprender com Cuba?

Vigilância. Nós agora estamos vi-vendo um surto de barbeiro. Eles tra-balham com um aparato estatal queisola a área. Bom, aí alguém poderiadizer que a Ilha é pequena. Não é ver-dade. Eles têm uma ilha que tem 1200km de comprimento. E desenvolveram

Cooperaçãom fevereiro, cerca de 30reitores brasileiros e apro-ximadamente 50 dirigen-tes cubanos participaramem Havana, Cuba, de um

C&T latino-Eencontro organizado pelo Ministério deEducação Superior daquele país epela Associação Nacional dos Dirigen-

tes das Instituições Federais de Ensi-no Superior do Brasil (Andifes).

A pauta das discussões estava re-cheada de fortalecimento de um eixopolítico latino-americano para coope-ração em pesquisa, pós-graduação eensino básico, formado por Brasil, Ar-gentina, Venezuela, Chile e Uruguai.

Em entrevista ao JU, o reitor LúcioBotelho, que participou de uma mesasobre os desafios de uma política parapesquisa em Santa Catarina, a partirdas potencialidades de pesquisa es-tratégicas de busca para sermos pon-ta, ratifica a necessidade de uma po-lítica de cooperação horizontal. Des-

creve os modelos de universidade ede saúde implantados no país deMireia Luis, Cachao e da salsa e dizque o que eles colhem hoje é fruto doinvestimento em formação de pesso-al.

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um conceito chamado vigilânciaimunológica. Baseia-se numa saúdeem que ao primeiro sinal de apareci-mento de uma doença, seja ela novaou conhecida, rapidamente há o des-locamento e bloqueio de uma área. Éa única saída. É a medicina que eugosto, porque não dispõe de muitatecnologia. É uma medicina maishumanizada, de proximidade maior.Pelo menos o que eu vi. Hoje, elesestão uma etapa à frente do que nóschamamos de saúde da família, doponto de vista organizacional. Porqueeles têm os médicos de quarteirão,uma forma muito rápida de estar mui-to próximos do indivíduo que vai ado-ecer...

...Qual parcela que eles conse-guem atender?

Esse médicos atendem 100 porcento da população, embora hoje jáexista a medicina privada, principal-mente para os turistas. Mas o cubanoque tiver recursos vai ser atendido.Em termos de cobertura da saúde pú-blica eles têm muito mais coberturado que nós. Mas isso é para efeito dereflexão. Não dá para dizer que Cubainvestiu maciçamente em esporte,educação e saúde para ter isso comocontra-argumento revolucionário. Por-que você tem áreas sem nenhum sa-neamento. Se você pegar as condi-ções gerais de vida e medir IDH, comose mede aqui no Brasil, os indicado-res de vida de mortalidade infantil etudo mais não seriam aqueles. Ascondições de vida são ruins para osbons indicadores que eles têm. O quesignifica que, de certa forma, eles têmuma cobertura estatal grande.

Então Cuba pode ter atingidoaquela máxima da ciência etecnologia a serviço da sociedade?

Eu penso que sim. Eu penso queexiste o acesso ao que interessa àsaúde, ao que interessa à educação,não de bens de consumo. É por issoque não dá para ter o mesmo raciocí-nio. Quando a gente discute isso, agente sempre acaba traçando um pa-ralelo em relação ao Brasil. Por exem-plo, tem DVD para todo mundo? Não,não tem. Mas não é por isso que oscubanos deixam de dançar. Talvez atépor isso é que, em cada lugar quevocê vá, tem alguém tocando músicaao vivo.

fortaleceamericana

Foto: Lúcio Botelho

As luzes internas da aeronave ace-sas abruptamente, juntamente com oestridente som da voz de um comis-sário de bordo, nos despertam de umsono muito mais confortável do que oesperado. O velho Ilyushin desce su-ave, com curvas leves e seguras. Nãovalem os ponteiros dos nossos reló-gios, a noite é escura, olhamos pelajanela buscando a referência do mare vemos somente luzes, dispersas naproximidade e mais concentradas aolonge, é Havana, é Cuba. A alma estámuito leve, o sentimento de felicidadese completa porque estamos juntos,pai e filho, e quem sabe um dia con-taremos aos nossos descendentesque estivemos na Cuba de Fidel emum velho avião russo.

Ir a Cuba necessariamente noscoloca diante de uma perspectivacompletamente diferente de olhar avida. É impossível ver Cuba somentecom os olhos, principalmente com osnossos olhos de país de alto consu-mo. É necessário ir além da visão,tanto das coisas fantásticas, como porexemplo, a revitalização de HabanaVieja e as crianças nas escolas, comodas coisas ruins, por exemplo, a po-breza, o mercado negro e a prostitui-ção.

A chegada no aeroporto internaci-onal José Martí num dominical ama-nhecer caribenho nos dá a imageminicial do país, morosidade na libera-ção dos turistas, exceto para o nossogrupo de reitores, que passa sem tersequer as malas conferidas. “Son losbrasileños”, diz José, um tipo baixo,atarracado, com cicatrizes e um afun-damento do osso do crânio. Pareceum simples motorista, mas está emtodos os lugares, mandando passarna frente em filas, prestativo e atento.

O dinheiro circulante tem de ser opeso cubano conversível, que vale10% a mais que o dólar, uma inteli-gente maneira de retirar do mercado

Cuba, inteira mentea moeda norte-americana e incentivaro uso do euro, que não é taxado. Ou-tra fila para trocá-lo. Há máquinasonde podem ser usados cartões decrédito, mas só os emitidos fora dosEUA...

Na rua, com o sol nascendo, umônibus da Marcopolo brasileira, umestacionamento onde convivem, ladoa lado, um fulgurante Audi A4 novo,tendo de um lado um Chevrolet 1949e do outro um Ford Fairlane 54, e osfuncionários do Ministério da Educa-ção Superior de Cuba. A imagem é asíntese do país, o esforço de cresci-mento e modernização com a ajudadecidida de alguns países, o Brasil éum deles, o convívio do velho com onovo e o imenso, incomensuravel-mente valoroso povo cubano, com suaginga, magia, simpatia, força e santateimosia.

Sentados no fundo do ônibus sen-tíamos, sem falarmos, a força de es-tarmos ali. Olhávamos as pessoas àespera de transporte, que é um dosseus grandes problemas, as constru-ções abandonadas mas o asfalto con-servado, “talvez por causa do baixotráfego”, os parques vazios, os prédi-os, o mar, o mar do Caribe, vasto, azul,de um azul único, e então a chegadaao Hotel Nacional.

Há sem sombra de dúvida múlti-plas Cubas. A dos turistas, glamurosaainda sim, com seus altos preços, res-taurantes, shows, prostitutas de sai-as curtas e múltiplas opções de loco-moção, como carros novos para alu-gar, táxis Mercedes Bens e outros, oumesmo os exóticos e pitorescoscocotaxis ou bicitaxis. A da burocra-cia superior, que insiste no discursodo bloqueio e da contra-informação,dentro do qual cabe destaque para aafirmação de que as drogas e a pros-tituição estão sob absoluto controleem Cuba. E a da população em geral,que vive o dia-a-dia do país, e que

batalha a sobrevivência diária, viven-do o imediatismo do comer e dormir,sem perder a força de rir, bailar, amar.Pareceu-nos que em sua grande mai-oria temem a perda do que foi con-quistado, porém talvez menos do quepoderão perder em um regime capi-talista, e não posso ser pretensioso aponto de pensar se estão certos ouerrados, se é produto de anos de edu-cação doutrinária ou não.

Certamente vivemos Cuba, nasruas, em locais populares, em outrosnem tanto e mais intensamente coma gente de ciência nas Universidadese Centros de Pesquisa, onde comcerteza está o mais importante e vali-oso de Cuba. Produzir da forma comoo fazem, nas condições que fazem, épara gerar orgulho não só nos cuba-nos, como em todos nós, pois a pró-pria manutenção da excepcional es-trutura da educação em Cuba depen-de da poupança econômica, feita porseus professores e cientistas que seespalham e carreiam divisas de todasas partes do mundo para o país.

Andamos pelas ruas com o proibi-do peso cubano nos bolsos, compra-mos em mercadinhos para cubanos,comemos pizza do governo, nos mis-turamos e ainda fomos como turistasconhecer Matanzas e Varadero, estauma praia maravilhosa,

local de referência mundial. Viajarpara o interior fazia parte do roteirode vivenciarmos pessoas fora da ca-pital, e a impressão é de um país emtransformação, cujo maior símbolo éa implantação de uma nova fase deindústrias e a restauração do centrohistórico. As marcas são muitas, osentimento compartilhado é sem dú-vida o de que vamos voltar.

Lúcio Botelho

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o dia 1° de março foramdetectados os primeiroscasos do que acabariasendo um surto de doen-ça de Chagas em SantaCatarina, deixando trêsmortos e mais de 24 pes-

Laboratório da UFSC é referência na confirmação dos diagnósticos

Nsoas infectadas pela ingestão de cal-do de cana contaminado, vendido numquiosque à beira da BR 101, no tre-cho que passa por Navegantes.

Até agora não se sabe se a conta-minação ocorreu pela presença, du-rante a preparação do caldo, de fe-zes do barbeiro - inseto vetor do pa-rasita Trypanossoma cruzi -, ou sepelo próprio inseto, que teria sido es-magado junto com o suco. Há ainda ahipótese de o parasita ter sido trans-mitido por fezes de outros vetores,como o gambá.

O Ministério da Saúde aconselhaque qualquer pessoa que tenha toma-do o caldo na região de Navegantes eItajaí entre fevereiro e março faça oexame, realizado em postos de saú-de e na Vigilância Sanitária. Todos oscasos suspeitos estão sendo envia-dos para o Laboratório de Protopa-rasitologia da UFSC, para confirma-ção do resultado positivo da doença.

Referência estadual na realizaçãode diagnósticos da doença de Cha-gas, o Laboratório de Protoparasi-tologia, ligado ao Departamento deMicrobiologia e Parasitologia (MIP) daUFSC é que tem analisado todos oscasos da doença. Além de confirmarou descartar os resultados dos exa-mes, os técnicos do laboratório iso-lam e mantêm os parasitas para es-tudos de caracterização biológica emolecular. “Queremos entender me-lhor o que ocorreu neste surto”, afir-ma o professor e pesquisador MárioSteindel. A análise é feita a partir deuma amostra de sangue, encaminha-da pelos hospitais ou serviços de saú-de que realizam o exame. No labora-tório são combinadas diferentesmetodologias (cultura do sangue,sorologia e amplificação do DNA) parafazer a análise de cada amostra. Emum ou dois dias saem os resultadosconfirmatórios. Segundo Steindel, oexame é realizado sem custo algumpara o paciente e todo o gasto que auniversidade tem com o exame é co-berto pelo SUS.

Com a confirmação de que ogambá encontrado no fim de marçonas proximidades do quiosque emNavegantes estava mesmo infectadocom o Trypanossoma cruzi, a partici-pação do laboratório da UFSC foi re-quisitada mais uma vez. “Numa se-gunda etapa, realizamos um levanta-mento epidemiológico, analisando osanimais capturados e tentando locali-

zar o foco de transmissão”, explicaSteindel. “Ao mesmo tempo, estamosisolando cepas do Trypanossomapara estudos posteriores comparati-vos”, ressalta.

O professor faz parte de um grupode pesquisa da UFSC que desde 1982vem estudando o Trypanossomacruzi, e que desde 1989 tem estuda-do um outro Trypanossoma - que ape-sar de não transmitir doenças temcausado grandes problemas para adetecção do mal de Chagas -, o T.rangeli. Este é também encontrado naIlha de Santa Catarina e utiliza osmesmos vetores que o T. cruzi. Alémdisso, na hora dos exames apresentaresultados muito semelhantes, o quedificulta a confirmação da doença deChagas.

O falso diagnóstico, resultado douso de reagentes ou técnicas nãopadronizadas, acaba exigindo trata-mentos sem necessidade, ampliandoos gastos com o mal de Chagas. Se-gundo um estudo publicado pela Re-vista Pesquisa, da Fundação de Apoioà Pesquisa do Estado de São Paulo(Fapesp), calcula-se que os custos decada cem mil infectados, incluídos otratamento médico e as ausências notrabalho, ultrapassem US$ 50 milhõespor ano. Ainda segundo o estudo, háno Brasil entre oito e nove milhões

com sintomas característicos do malde Chagas, mas que pelas técnicasde exame em uso não podem ser dis-tinguidos entre os contaminados peloT. cruzi ou rangeli – ou seja, entre osque poderiam ou não desenvolver adoença.

A revista diz que o grupo de pes-quisadores catarinenses, coordenadopelos professores Edmundo Grisarde Mário Steindel, avançou muito naluta contra falsos diagnósticos do malde Chagas, por meio da nova técnicado “tripanossoma fluorescente”, frutoda implantação da proteína verde flu-orescente ou GFP (do inglês Green

Fotos: Jones J. Bastos

Doença de Chagas

Fluorescent Protein) de uma água-viva, a Aequorea victoria, em um T.rangeli. Por meio de um microscópiode fluorescência, os pesquisadoresrastreiam o percurso do parasita nosorganismos em que este se aloja, es-tabelecendo as diferenças com o T.cruzi. “Hoje temos implantada no la-boratório a técnica de PCR que per-mite diferenciar os dois parasitas com100% de segurança”, afirma Steindel.

Willian VieiraBolsista de Jornalismo/ Agecom

EXTENSÃO

A identificação do parasita responsável pela doença é realizada pelolaboratório de Protozoologia, mas o barbeiro, inseto que transmite o pa-rasita para o homem, é classificado pelo Laboratório de EntomologiaAgrícola, do Centro de Ciências Agrárias da UFSC.

O laboratório oferece consultoria para a comunidade, identificandoqualquer tipo de inseto e aconselhando as melhores estratégias de con-trole em cada situação, seja em relação a danos domésticos ou a preju-ízos agrícolas ocasionados por pragas. Neste caso, o laboratório auxiliacom controle biológico, e, se necessário, até por meio de agrotóxicosespecíficos.

Pessoas interessadas em visitar o laboratório e estudar os insetos –sejam colecionadores, educadores ou produtores rurais – podem entrarem contato pelo telefone é 331 5425.

Entomologia

O laboratório também isola e mantém os parasitas para outros estudos

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SALA DE AULA

popularização da ciênciano Brasil foi assunto daaula inaugural do semes-tre 2005/1 do Programade Pós-Graduação emEducação Científica eTecnológica da UFSC.

O Núcleo de Pesquisas emInformática, Lingüística e Literatu-ra (Nupill) lançou a Biblioteca Di-gital de Literatura, que pode seracessada pelo endereçowww.literaturabrasileira.ufsc.br. Osite disponibiliza aos internautasaproximadamente 500 obras da li-teratura brasileira e um banco dedados com informações sobre avida e obras de mais de 13 mil es-critores.

O objetivo é difundir a literatu-ra entre pessoas que não podemcomprar livros, mas que têm aces-so a computadores e à internet. O

Aula magna reforça importância da popularização da ciência

Educação científica

APara falar sobre o tema, o programarecebeu Ildeu de Castro Moreira, di-retor do Departamento dePopularização e Difusão da Ciência eTecnologia, ligado ao Ministério daCiência e Tecnologia. Professor doInstituto de Física da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro, orientadorde dissertações e teses sobre histó-ria da ciência e tecnologia na Coppe/Rio, ex-editor da Revista Ciência Hojee integrante de equipes que implan-taram museus interativos, o professorfalou sobre os dilemas e desafios dadivulgação da ciência no Brasil.

Segundo Ildeu, a tradição do Bra-sil na popularização da ciência aindaé pequena, mas apresenta algunsmomentos que podem ser considera-dos significativos. Ele lembrou, porexemplo, o importante papel da Rá-dio Sociedade do Rio de Janeiro, cri-ada na década de 20 com o objetivode difusão de informações e de temaseducacionais, culturais e científicos.Ildeu ressaltou também que conside-ra fundamental o envolvimento de di-versos segmentos na busca da soci-alização das informações relativas àciência e tecnologia. “O desenvolvi-mento científico e tecnológico é ques-tão estratégica para qualquer país ea divulgação desse processo é im-prescindível, mas vivemos umdescompasso. Ao mesmo tempo quea produção científica brasileira vemcrescendo, há uma grande massa deexcluídos em relação ao conhecimen-to e uso da ciência e tecnologia”, ava-liou o professor, destacando a neces-sidade de aproximar o usuário final

dos sistemas de produção de C&T.O coordenador da Semana de Ci-

ência e Tecnologia, instituída pelo go-verno federal no ano passado, consi-dera que ainda são grandes os desa-fios e as dificuldades para o desen-volvimento de ações neste campo.Segundo ele, a função do Departa-mento de Popularização e Difusão daCiência e Tecnologia, criado há umano, é estimular atividades neste sen-tido, buscando a melhoria do ensinode ciências e de atividades de educa-ção em ciência. Ildeu ressaltou a im-portância de iniciativas como a do Pro-grama de Pós-Graduação em Educa-ção Científica e Tecnológica da UFSC,capaz de dar suporte à capacitaçãode professores e colaborar com amelhoria do ensino de ciências e deoutras atividades relacionadas à edu-cação científica.

O professor retomou pontos pro-blemáticos, como o fato do ensino deciências ser ainda “livresco eapostilesco”, além da grande carên-cia de capacitação dos professores de

ciências. Ele defendeu que há neces-sidade de implementar políticas parabuscar soluções para o problema, elembrou que um dos grandes desafi-os neste sentido é a descontinuidadedas ações. O professor vê um avan-ço na criação, em dezembro do anopassado, por meio de portaria doMEC, da Comissão de Aperfeiçoa-mento de Professores do Ensino Mé-dio e Profissional (Capemp). A enti-dade deve assessorar o MEC no aper-feiçoamento técnico e pedagógico de100 mil professores que hoje atuamno ensino médio. Mas comentou queo funcionamento da entidade ainda éemperrado pela burocracia.

O professor ressaltou também aimportância de ações depopularização da ciência por meio daeducação informal, como a produçãode programas na televisão, rádio e apublicação de reportagens sobre C&T.No entanto, falou sobre sua preocu-pação de que essa cobertura aindadeixa a desejar. Ele lembrou quequestões éticas são pouco conside-

radas, assim como riscos, controvér-sias e incertezas presentes no proces-so de desenvolvimento da ciência sãoem geral menosprezados. “A mídiaprecisa tomar cuidado para não criarilusões e simplificar em demasia, as-sim como para não mostrar que a ci-ência é apenas uma maravilha”,alertou. Ildeu também lembrou quesão raras as atividades depopularização para as camadas maispobres e ainda há um envolvimentomuito pequeno das instituições depesquisa na divulgação da ciência.

O professor trouxe para a UFSC odiscurso que vem defendendo emoutras instituições, na mídia e em en-trevistas em que é questionado sobrea responsabilidade que tem como di-retor do Departamento dePopularização e Difusão da Ciência eTecnologia. Uma mensagem seme-lhante a que deixou em entrevista re-cente ao Jornal da Ciência: “A divul-gação científica é uma atividade emfase de permanente (re)construção,em particular no Brasil. Consolidá-la,melhorar sua qualidade, estendê-lapara incorporar grandes parcelasmarginalizadas de nossa população éuma tarefa imensa que só poderá sertecida se contar com direcionamentosgerais consistentes. E, principalmen-te, se transformar em um processocoletivo suficientemente amplo, queenvolva instituições de pesquisa, uni-versidades, comunicadores, pesqui-sadores e estudantes, além dos go-vernos em suas várias esferas. Nes-te sentido, e com esta esperança,nada melhor do que recordar, no can-to de João Cabral de Melo Neto, comoo novo pode emergir do trabalho co-letivo: Um galo sozinho não tece umamanhã: ele precisará sempre de ou-tros galos...”.

Arley Reis

Biblioteca Digitalmaterial também vai beneficiar esco-las e alunos de localidades isoladas ecarentes. Algumas obras disponíveisno site são raras e de difícil localiza-ção em bibliotecas públicas.

Segundo o coordenador do Nupill,professor Alckmar Luiz dos Santos,trata-se do maior acervo digital domundo em literatura brasileira, com adisponibilização de páginas biográfi-cas dos principais autores, classifica-dos por estilos. No site os títulos sãoseparados por gênero (romance, tea-tro, poesia e contos, por exemplo),além da data da publicação e link paraa obra completa. Os internautas ain-

da possuem a opção de imprimir oslivros, já que o material disponibilizadoé de domínio público.

Cerca de 40% do acervo foidigitalizado pelo Nupill. No processo,é usado um scanner e um programade computador que converte a ima-gem de cada página em texto. Emseguida o texto é editado, já que apa-recem algumas falhas. Os outros 60%das obras foram obtidas junto a ou-tras bibliotecas digitais já existentes,como a Biblioteca Nacional, que pos-sui 168 obras digitalizadas.

O Nupill está vinculado ao Cursode Pós-Graduação em Literatura Bra-

sileira, do Centro de Comunicaçãoe Expressão (CCE). As atividadesdesenvolvidas contam com a par-ticipação de alunos da graduaçãoe da pós-graduação (mestrado edoutorado), pesquisadores de uni-versidades de todo o país que vêmmantendo um fértil intercâmbiocom profissionais de diversospaíses do mundo.

Gutieres BaronBolsista de Jornalismo/ Agecom

Na UFSC, a Sepex é uma iniciativa que reúne cultura, ciência e tecnologia

Joi Cletson

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PUBLICAÇÕES

ode-se dizer que o lança-mento, no Centro de Cul-tura e Eventos da UFSC,do livro Antologia UmDedo de Prosa (volume 1),foi um verdadeiro pool cul-

Antologia para ficar na históriaLivro Um Dedo de Prosa é lançado no Centro de Cultura e Eventos

Estudos Feministas

Ptural. A obra, concebida numa parce-ria inovadora da UFSC com a Secre-taria de Estado da Educação, Ciênciae Tecnologia, inclui dez escritores re-presentativos do Estado (Flávio JoséCardozo, Salim Miguel, Alcides Buss,Silveira de Souza, Adolfo Boos Jr.,Maria de Lourdes Krieger, Sérgio daCosta Ramos, Jair Francisco Hamms,Cristóvão Tezza e Olsen Jr.).

O lançamento, que contou com apresença de mais de mil pessoas,principalmente alunos de escolas pú-blicas, foi valorizado com apresenta-ção do Grupo Pesquisa Teatro Novo;poesias brasileiras musicadas porElaine Boniolo (voz e piano); MúsicaPopular Brasileira com ÂngelaJurkevicz (voz e violão); e produçãode telas inspiradas nas obras literári-as pela artista plástica NarcisaAmboni.

A Antologia Um Dedo de Prosa éresultado do Projeto Um Dedo de Pro-sa, desenvolvido com escritorescatarinenses desde junho de 2002pelo Centro de Comunicação e Ex-pressão da UFSC. Com leituras,teatralizações, entrevistas e debates,a iniciativa atrai principalmente profes-sores e estudantes da GrandeFlorianópolis, interessados em conhe-cer de perto o trabalho dos escritoresnascidos em SC. O Projeto, que de-verá ter continuidade em abril, já con-templou 20 escritores representativosdo Estado.

O segundo volume, já no prelo,apresenta os escritores Godofredo deOliveira Neto, Júlio de Queiroz,Péricles Prade, Urda Alice Klueger,Eglê Malheiros, Rodrigo de Haro,Deonísio da Silva, Edla van Steen,Emanuel Medeiros Vieira e ArtemioZanon.

A Antologia... , 300 páginas, tama-nho A4, colorida, capa dura, papelcuchê, fotos e um cuidadoso projetográfico, tem uma tiragem inicial de 2

mil exemplares e foi organizada pe-los ex-diretores do Centro de Comu-nicação e Expressão, Dilvo Ristoff eDavid Lemos. Desta tiragem inicial1.300 exemplares serão distribuídosàs escolas da rede pública estadual.Os escritores são unânimes: trata-seda ação mais importante jáimplementada na história da UFSCpara a valorização, divulgação e re-conhecimento da literaturacatarinense. Para Alcides Buss, dire-

tor da EdUFSC, a união gerou um poolde entidades e instituições que con-centrou equipes multidisciplinares.

O evento marcou também a assi-natura de um termo de compromissoentre a UFSC e o governo do Estadopara a retomada do projeto O Autorvai à Escola, que tem como principalobjetivo aproximar o autor local do lei-tor.

Artemio Reinaldo de Souza

Unanimidade: ação mais importante da UFSC para a valorização da literatura catarinense

Divulgação / EdUFSC

A área de gênero do DoutoradoInterdisciplinar em Ciências Humanas(DICH) e a Revista Estudos Feminis-tas (REF) realizaram lançamentos depublicações comemorativos à Sema-na Internacional da Mulher:Interdisciplinaridade em Diálogos deGênero: teorias, sexualidades, religi-ões é um livro que resultou do II Se-minário Internacional de EstudosInterdisciplinares realizado em 2003,na UFSC, tendo como foco o diálogoentre gênero, teorias, sexualidades,homossexualidades e religiões.

Para a professora Olga, do De-partamento de Enfermagem e, atual-mente, diretora técnica de ensino daPRAE, a experiência na equipe deorganização do livro “foi muitoenriquecedora”. Olga , que é douto-randa da área de gênero do DICH,participou, com Cristina Rocha e TitoSena (também doutorandos), de umaequipe que trabalhou com as pesqui-sadoras renomadas Miriam Grossi e

Mara Lago, categorizando e revisan-do os textos dos diversos autores quecompõem o livro.

Também foram lançadas as Revis-tas de Estudos Feministas: DossiêMulher e Trabalho e o Número espe-cial sobre Feminismo e Publicações,organizado por Luzinete Minella,Miriam Grossi, Carmem Vera G. V.Ramos e Juliana Cavilha MendesLosso. Este número especial da REF,uma primorosa edição bilíngüe, com-partilha as discussões que acontece-ram no I Encontro Internacional e IIEncontro Nacional de PublicaçõesFeministas, em Florianópolis, em2003, do qual participaram 12 edito-ras internacionais e 21 nacionais. Cin-co eixos temáticos dividem os 25 arti-gos que compõem a revista: Feminis-mos no Brasil traz artigos que refle-tem sobre o feminismo como movi-mento social e suas interseções como campo da escrita feminina; Feminis-mos no Exterior traz relatos sobre as

peculiaridades de publicações femi-nistas nos Estados Unidos, França,México, Portugal e Equador; Experi-ências Editoriais Feministas traz acontribuição de editoras de publica-ções nacionais; Feminismos na Weba experiência das pesquisadoras daUFSC Claudia de Lima Costa e RitaMaria Xavier Machado no projetowww.portalfeminista.org.br e uma ex-periência peruana; e Múltiplos Olha-res sobre a REF, uma reflexão sobreos primeiros dez anos da revista. Den-tre eles, Sônia Maluf, professora daUFSC, analisa os dossiês publicadospela REF, destacando os temas quemais se repetiram: o feminismo e osdireitos sexuais e reprodutivos. MiriamGrossi, professora da UFSC e atualpresidente da Associação Brasileirade Antropologia (ABA), conta sua ex-periência como uma das editoras queassumiu a transferência da REF doRio de Janeiro para Santa Catarina ecomo a equipe editorial da REF na

UFSC soube enfrentar este desafio,contribuindo para consolidá-la comouma das mais conceituadas revistasacadêmicas da área de Ciências Hu-manas no Brasil.

Alita Diana

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VIDA NO CAMPUS

administração da Univer-sidade Federal de SantaCatarina está particular-mente preocupada comos recursos humanossob sua responsabilida-de. Por essa razão foi cri-ado um órgão superior

Novas metas para RHUFSC busca atender melhor a comunidade universitária

Apara tratar especificamente desse as-sunto – a Pró-Reitoria de Desenvolvi-mento Humano e Social (PRDHS),dirigida pelo servidor técnico-adminis-trativo Luiz Henrique Vieira Silva. Suaprincipal finalidade é atender as aspi-rações de professores e servidoresem relação a suas necessidades so-ciais, humanas e profissionais. O novoórgão amplia as ações da antiga Pró-Reitoria da Comunidade Universitária,incentivando uma nova visão das re-lações humanas na instituição.

A estrutura da pró-reitoria é forma-da por 65 servidores técnico-adminis-trativos, que não medem esforçospara desempenhar bem suas ativida-des. Segundo o titular da pasta, a pró-reitoria é formada de três departamen-tos, que têm a finalidade de promoveramplo desenvolvimento do ser huma-no e do profissional. O Departamentode Desenvolvimento dePotencialização de Pessoas (DDPP),por exemplo, se ocupa com a qualifi-cação continuada. Segundo CarlaCristina Dutra Búrigo, que dirige o se-tor, a preocupação é melhorar a qua-lidade de vida profissional dos servi-dores técnico-administrativos e dosservidores docentes e encontrar ma-neiras de melhorar o processo de for-mação acadêmica. Na formação con-tinuada são oferecidas oportunidadespara participação de cursos de gradu-ação, especialização, mestrado e dou-torado. O departamento também temum programa de formação de ensinofundamental e médio, o Programa deEducação Permanente para os Servi-dores da UFSC (Prepesufsc). Ele édestinado a servidores e dependen-tes, assim como o curso pré-vestibu-lar. Na área de pós-graduação é ofe-recido o curso de especialização emAdministração Universitária, que podeem breve se tornar mestrado. Anual-mente é feito o Plano Anual deCapacitação, que avalia eredimensiona os projetos em execu-ção. Atualmente está sendo ministra-do o Curso de Capacitação em Roti-nas Administrativas, envolvendo oschefes de expedientes. Mesmo con-teúdo será ministrado aos novos dire-tores de centro e chefes de departa-mento de ensino e, também, para as-sistentes de administração.

Na área da saúde está quase pron-to o curso de Segurança e Higiene noTrabalho. Já na extensão universitá-ria, os servidores dispõem de 100 va-gas no curso de inglês, do Centro deComunicação e Expressão, pagandoa metade do custo real. Na estruturado Departamento de Desenvolvimen-

to de Potencialização de Pessoas háoutras três divisões. A de Capacitaçãoe Afastamento trata da saída de ser-vidores e professores para realizaçãode cursos de formação profissional eintelectual; a Divisão de Admissão eMovimentação cuida do ingresso, doremanejamento e da transferência depessoal. Na Divisão de Avaliação,Acompanhamento eDimensionamento a vida profissionalé acompanhada e avaliada, sendoconcedidas progressões funcionais.

O Departamento de Desenvolvi-mento de Administração de Pessoal(DDAP), chefiado pela servidora Ma-ria de Lourdes dos Santos da Silva,coordena as ações nessa área e nogerenciamento do processo do traba-lho. Este setor é responsável pelaspolíticas de pessoal e se responsabi-liza com a qualidade de vida dos ser-vidores técnico-administrativos e dosservidores docentes. É formado porduas divisões: a de Aposentadorias,Pensões e Exonerações e a de Orça-mento, Crítica e Pagamentos Diver-sos. Além delas, há também o Servi-ço de Cadastro e Arquivo, responsá-vel por guardar toda história funcionalde cada servidor, o Serviço de Bene-fícios e Licenças e o Serviço de Ex-pediente. Esse último funciona na re-cepção do departamento e faz triagemno atendimento. Esta unidade está

preparada para prestar as informa-ções básicas e resolver problemascorriqueiros, evitando o acúmulo detrabalho e a demora no atendimento.Quando o assunto não pode ser re-solvido ali, o interessado é encaminha-do para o setor competente dentro dodepartamento.

O Departamento de Desenvolvi-mento de Atenção Social e à Saúde(DDAS) busca a implantação de polí-ticas de saúde, segurança no traba-lho e assistência social capazes dediminuir os problemas dos servidoresnessas áreas. É esse departamentoo responsável pela implantação doplano de saúde dos servidores. Che-fiado pelo servidor Marcelo FontanellaWebster, o setor se ocupa com a saú-de ocupacional. A Divisão de Saúdee Segurança do Trabalho (DSST) notrabalho inspeciona os ambientes deatividade laboral e expede laudos. Háum gabinete odontológico para os ser-vidores e familiares, atualmente comduas cadeiras, sendo que uma tercei-ra já foi adquirida para melhor aten-der a clientela. A Junta Médica Oficialtambém está vinculada a esse depar-tamento, assim como a Divisão deServiço Social.

José Antonio de Souza

Carla: qualidade de vida profissional

O Prepesufsc é uma das ações que será intensificada

Próximoseventos

Maria de Lourdes: políticas de pessoal

Paulo Noronha

Jones J. Bastos Jones J. Bastos

Abril

1º Encontro Franco-Brasileirosobre Polímeros, de 24 a 29, emJurerê. Informações:www.qmc.ufsc.br/fbpol2005

Projeto de Extensão Arte noParque, realização do GrupoPandorga e CED/UFSC, de 25 a29. Informaçõ[email protected]

Seminário : Reavaliando oProcesso Vestibular da UFSC, 27e 28, no Centro de Cultura eEventos da UFSC. Informações331-9200 [email protected]

Maio

O Hospital Universitáriocomemora 25 anos com umaextensa programação deeventos, incluindo a V JornadaCientífica do HU, de 2 a 4 demaio. Informações 331- 9119

XIV Encontro Regional Sul deEstudantes de Enfermagem, como tema Enfermagem: o estudanterepensando seu papel durante aformação, de 13 a 15, na UFSC.Informações www.calenf.ufsc.br

1ª Semana da Física, de 17 a19, no Centro de Eventos daUFSC. Informaçõeswww.fsc.ufsc.br [email protected].

6º Simpósio Brasileiro deTecnologia de Argamassas, de 23a 25. Informações: 331-7094 ouwww.sbta.ufsc.br

Junho

1º Simpósio InternacionalVinho e Saúde, de 2 a 4, emBento Gonçalves/RS, o professorda UFSC Marcelo Maraschin irácoordenar a mesa-redonda sobre“vinho e longevidade”.Informações www.ibravin.org.br/simposio

Julho

3º Congresso Brasileiro deCiências Sociais e Humanas emSaúde, de 9 a 13 na UFSC.Tema: Desafios da fragilidade davida na sociedadecontemporânea. Informaçõeswww.sociaisehumanas.com.br

Setembro

2º Simpósio InternacionalTendências e Inovações emTecnologia de Óleos e Gorduras,22 e 23, no Centro deConvenções de Florianópolis(Centrosul) Informações 3028-5935 e [email protected]

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UFSC - Jornal Universitário - Abril de 2005 - Nº 371 - Pág. 12

LIVROS

Os poemas de A Na-tureza e a Natureza deSer, de Eder GiovaniSavio, da Editora daUFSC (EdUFSC), Cole-ção Ipsis Litteris, refletemassuntos que afetam oautor diretamente: ecolo-gia – não política, masessencial – e a naturezada vida. “A poesia temcomo prerrogativa a liber-dade, não há um temacentral no meu trabalho”,diz Sávio, para quem mui-tos escritores têm publica-do suas obras devido às facilidades tecnológicasatuais, o que é positivo e contribui com a riquezaliterária. “Para mim só valeria publicar um livro depoesia se passasse pelo crivo de uma banca extre-mamente qualificada, como o Conselho Editorialda Editora da UFSC”.

Morte e tempo são temas recorrentes na obra,e Eder explica que extrapolam o entendimento ló-gico. “O infinito, a eternidade e a natureza da vidasão temas que continuam carecendo de respostas,apesar das tentativas científicas e religiosas. O queorganiza os materiais e lhes imprime caráterreprodutivo foi vislumbrado por Darwin edecodificado, no âmbito humano, por Freud”.

Savio lê todos os poetas que caem em suasmãos. Além dos clássicos e populares, os que maiso marcaram foram Ana Cristina Cesar, Augusto eHaroldo de Campos, Décio Pignatari, PauloLeminski e João Cabral de Melo Neto. Acredita quea leitura é uma das poucas atividades que aindaconsegue se desvencilhar das obrigações econô-micas “e manter uma casta em estado de arte vir-gem”.

Natureza da vidaO desafio de tornar

compatível o desen-volvimento econômicocom a preservação domeio ambiente está nocentro das preocupa-ções da segunda edi-ção revisada de O mitodo desenvolvimentosustentável – meioambiente e custos so-ciais no moderno sis-tema produtor de mer-cadorias. A obra dopesquisador GilbertoMontibeller-Filho foipublicada pela Editora da UFSC (EdUFSC) comapoio da Fundação de Estudos Sócio Econômicosda UFSC (Fepese). A pesquisa faz umquestionamento profundo das atuais possibilidadesde atendimento do princípio da igualdade social eambiental, no qual se fundamenta o conceito dedesenvolvimento sustentável.

O autor é um conceituado professor e pesqui-sador com formação na Sorbonne, na USP e naUFSC, onde leciona há mais de 20 anos. Econo-mista, doutor, mestre e especialista em sociedade,desenvolvimento e meio ambiente, Montibeller-Fi-lho diz que seu livro é uma contribuição importantepara a tomada de decisões visando à transforma-ção das condições socioeconômicas esocioambientais da região e do país.

Nele, disseca teorias, argumentos, idéias cen-trais e proposições de autores e pesquisadores se-lecionados das correntes de pensamento da cha-mada Economia Ambiental, procurando vislumbrarchances para a aplicação ou não do desenvolvi-mento sustentável em escala global num mundocada vez mais capitalista.

Mito sustentávelJá disponível nas

melhores casas doramo Os Espanhóisconquistam a Ilha deSanta Catarina - 1777(EdUFSC), de MariaBernadete Ramos Flo-res.

É o quinto volume dasérie Coleção Rebento,e destina-se principal-mente a estudantes eprofessores do 1º e 2ºgraus, embora, pela lin-guagem simples eacessível, atenda a to-dos os públicos, incluindo o universitário. “O quepoderia ter sido um épico da história ultramarinaportuguesa, com memoráveis batalhas, com cer-cos a cidades, vilas e fortalezas, passou à posteri-dade como uma construção de uma derrota mili-tar”, diz Maria de Fátima Fontes Piazza.

Maria Bernardete Ramos é doutora em Históriapela PUC de São Paulo, professora titular do De-partamento de História (UFSC) e pesquisadora doCNPq. Integrou também o Conselho Editorial daEdUFSC. Já publicou, entre outros, A farra do boi -palavras, sentidos, ficções; Povoadores da frontei-ra: os casais açorianos rumo ao Sul do Brasil, am-bos pela EdUFSC, e Oktoberfest – cultura, festa eturismo, com selo da editora Letras Contemporâ-neas.

Durante o lançamento do novo livro o públicoteve a oportunidade de conhecer também o CD-ROOM Fortalezas Multimídia, uma obra enciclopé-dica sobre as fortalezas da Ilha, contendo três milpáginas de texto, duas mil fotos e 23 vídeos, e tra-tando inclusive de conteúdos correlatos à pesquisade Bernardete.

Espanhóis em SC

Crítica individual Ecologia pessoalNo livro Pragmatis-

mo e Sociologia o so-ciólogo ÉmileDurkheim, reconheci-do como fundador daescola francesa deSociologia, faz umarevisão teórica e criti-ca o excessivo indivi-dualismo dopragmatismo clássico,apontando como cami-nho a valorização doindivíduo no coletivo.

Resultado de umcurso ministrado por ele em Sorbonne, de dezem-bro de 1913 a maio de 1914, acaba de ser traduzi-do pelo antropólogo Aldo Litaiff, do Museu Univer-sitário da UFSC, PhD em Antropologia pela Univer-sidade de Montreal, Canadá, e está saindo com osselos de duas editoras universitárias: EdUFSC eUnisul. Pouco conhecida na academia, a obra sóteve duas edições no mundo, o que só foi possívelgraças às anotações feitas pelos alunos deDurkheim.

Litaiff baseou-se nestes trabalhos para o desa-fio da tradução em português. Fundamental paraquem quer conhecer a filosofia de Durkheim emsua última forma, o livro desperta “interesse geral”,“interesse nacional” e “interesse filosófico”. Alémdisso, o conteúdo mostra-se atual diante dos deba-tes filosóficos, políticos e sociológicos que vêm sen-do travados no Brasil, sobretudo na universidade.De acordo com Robert R. Crépeau, da Universida-de de Montreal, que divide o texto de apresentaçãocom o tradutor, o interesse de Durkheim pelopragmatismo está claramente ligado a sua vontadede formular uma teoria das representações com-patível com o racionalismo francês.

Pele submersa, deRita de Cássia Alves, pu-blicado pela EdUFSCdentro da Coleção IpsisLitteris, apresenta poemasque, segundo a autora,“norteiam o meio ambien-te e o ser em transforma-ção”, tendo como temáticao que classifica como“ecologia pessoal”.

De acordo com o pro-fessor e poeta MarcosLaffin, Pró-Reitor de Ensi-no de Graduação daUFSC, Pele submersa “expõe o que se esconde nacrueza do corpo em agonia”, lembrando que “o cor-po poético que Rita desvela é a condição humana”.A escritora conta que a sua poesia foi influenciadapelo Dicionário Etimológico de Biologia.

Escrita em seis meses, a obra surgiu da “leituraa respeito de educação ambiental e do contato como Núcleo de Educação Ambiental da SecretariaMunicipal de Educação de Joinville”. Laffin, queapresenta o livro, realça a sensibilidade da autora:“seus versos exigem um debruçar-se como açãoreflexiva para alcançar múltiplas dimensões que osversos universais impõem”. E acrescenta: “o fôle-go de seu alarde poético avisa que quem não temum amor goteja de solidão e é percebido pelo aro-ma fétido das ausências”. Nestas dimensões, dizLaffin, “o ser humano devora sua própria carcaçadevorando-se em sua condição humana”.

Com a publicação de Pele submersa, a ColeçãoIpsis Litteris chega a cerca de 50 títulos,oportunizando a edição de livros de autores que nãoteriam espaço em editoras comerciais. A coleçãoestá ativa há 16 anos, abrindo portas para talentosde todos os cantos do Estado.

As poesias de Rapsó-dias de espantos, deSilvério da Costa, Editorada UFSC – EdUFSC -,não são para serem lidasem novelas de televisão,avisa o cineasta LuizRosemberg Filho. “Aqui opoeta vai chegando noseu limite, sem ceder aofácil mundinho do merca-do e do capital”, acrescen-ta Rosemberg, para quema maturidade de Costaamedronta e encanta aomesmo tempo. “Emboraenrijecido pelas muitas dificuldades da vida, aindaassim, ridiculariza os privilegiados pela ordemestabelecida”.

“Quando acordei,/ naquela manhã de antanho,/ não passava de um asqueroso inseto,/ de razoá-vel tamanho./ Observando mais a fundo, / pude ver,enquanto inseto, / que o mundo em que vivia/ eraum mar de hipocrisia, /uma miragem no deserto!...”

“Silvério nos convida a pensar nas nossas tan-tas e tantas ausências de sentido para com a exis-tência, para com o trabalho e para com o afeto pralá de embrulhado no mundo das imagens”.

Costa mora no Brasil há mais de 40 anos, 29deles em Chapecó. Já publicou oito livros: Reta-lhos da existência, 1989; Sinfonias do corpo, 1991;Retratos, 1993; Percalços da vida e outras chati-ces gostosas, 1995; Fogueiracesa, 1999; Poemaslíricos e outros poemas, 1999; Utensílio-poesia,2000 e As brincadeiras de Gastão, livro infantil,1991.

Para Severino ler

Artemio Reinaldo de Souza