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SUMÁRIO

Dores e horrores da escravidão pág. 3

Chica Da Silva pág. 10

Novelão Sinhá Moça pág. 12

Postêr Chica Da Silva pág. 14

Sociedade Açucareira pág. 15

O dia a dia do escravo pág. 21

Mulher ou objeto? pág. 26

Escrava foi vista com homem branco pág. 28

Escravidão no Brasil colônia pág. 32

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Dores e Horrores Da Escravidão

Veja aqui as formas mais torturantes, cruéis e inacreditáveis de sofrimento que fizeram da vida dos escravos um verdadeiro inferno.

AÇOITES

O castigo do açoite foi instituído como pena do Código Penal e era aplicado ao escravo negro. O senhor requeria a aplicação da pena e obtinha uma autorização do intendente da polícia, que lhe dava o direito de determinar, segundo a natureza do delito, o número de chibatadas que quisesse.

Os castigos de açoites eram feitos publicamente, nos pelourinhos. O espetáculo era anunciado publicamente pelos rufos do tambor. Era grande a multidão que se reunia na praça do pelourinho para assistir a derrota do escravo. A multidão aplaudia, enquanto o chicote abria estrias de sangue no dorso nu do negro escravo para servir de exemplo aos demais.

Isadora Souza

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AnjinhosDiabólico aparelho de tortura, no qual se prendiam, em dois pequenos anéis de ferro, as cabeças dos polegares da vítima, que eram comprimidas por meio de uma pequena chave de parafuso, até serem esmigalhadas. Quando se pretendia arrancar a um escravo uma confissão, submetiam-no aos terríveis anjinhos, cujo a dor levava a vítima a fazer qualquer declaração.

LIBAMBO

Instrumento que prendia o pescoço do escravo numa argola de ferro, de onde saía uma haste longa, também de ferro, que se dirigia para cima, ultrapassando o nível da cabeça do escravo. Esta haste ora terminava por um chocalho, ora por trifurcação de pontas retorcidas. O castigo do libambo era para os negros que fugiam. O chocalho que dava sinal quando o negro andava, queria indicar que se tratava de um escravo fujão.

Tronco

O mais antigo instrumento de suplício de negros na América. ‘Consistia em um grande pedaço de madeira retangular aberto em duas metades presas em uma das extremidades por uma dobradiça de ferro com buracos maiores para a cabeça, e menores para os pés e mãos dos escravos. ’ Funcionava abrindo-se as duas metades, colocando-se nos meios buracos o pescoço, os tornozelos ou os pulsos dos escravos, a serem torturados. Depois as duas metades eram fechadas por um grande cadeado.

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100% 100%As cores são diferentes

mas os v aloressão os m esmos Disque Racismo

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Chica Da Silva

Uma das personagens mais populares na história do Brasil, filha de um relacionamento extracnjugal do português Antonio Caetano de Sá e da escrava Maria Costa, Francisca Da Silva.

Tendo sua trajetória transcrita para o cinema e televisão, Francisca Da Silva, ou Chiica Da Sil-va foi libertada por solicitação do contratador de diamantes João Fernandes De oliveira, uma das pessoas mais ricas na época do Arraial Do Tijuco, atual Diamantina, em Minas gerais.

Chica Da Silva que tinha trabalhado como es-crava para José Silva Oliveira (pai do incofind-ente José Oliveira), assim que foi libertada, tor-nou-se amante de joão Fernandes De Oliveira, com quem teve 13 filhos. Antes de conhecer o contratador de diamantes, também fora es-crava do sargento-mor Manoel Pires Sardinha. Deste relacionamento, nasceram dois filhos: Plácido Pires Sardinha, , que formou-se em engenharia pela Universidade De Coimbra, e Simão Pires Sardinha, ambos formados na Eu-ropa.

Chiica Da Silva desfrutando do imenso poder e riqueza do contratador de diamantes, Chiica Da Silva deu uma grande guinada em sua vida e recebeu o apelido de “Chica que man-da”. A escrava frequentava as missas coberta de diamantes e acompanhada por 12 mulatas muito bem vestidas.

Após ganhar a liberdade, foi morar em uma grande casa, construída em forma de castelo, com capela particular e um teatro totalmente equipado, o único existente na região. Dentro da casa, haviam jardins e árvores exóticas, além de um grande lago artificial.

Existem divergências sobre o perfil de Chica Da Sil-va entre os historiadores, sendo que alguns a descre-vem como linda e sensual, outros dizem que era feia e sem atributos físicos.

A data de nascimento de Francisca Da Silva é im-precisa. A maioria dos historiadores, porém, aponta o ano de 1732. Mas há quem também informe que Xica nasceu em 1731.

Jonathan Patrick

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NovelãoSinhá Moça

Novela da Rede Globo transmitida pela primeira vez em 1986 e 20 anos depois, em 2006.

Retrata a vida de escravos e da sociedade escravista, relatando de maneira super-ficial os sofrimentos da escravidão. A novela mostra a vida de uma sinhazinha que era totalmente contra aos princípios de seu pai, Barão de Araruna, que pos-suía muitos escravos e os maltratava como ninguém. A novela é uma forma de mostrar as atrocidades sofridas pelos negros no passado e criticar o precon-ceito e a escravidão que continuam na era “moderna”.

De maneira simples, por estar em rede nacional, à novela mostra o dia-a-dia dos escravos, suas péssimas condições de vida, os castigos sofridos sem qualquer motivo e dentre outros horrores.

A novela é bem complexa, pois a pro-tagonista que é contra a escravidão e lu-tapela liberdade dos escravos é a filha do maior carrasco da cidade de Araruna e ainda tem um amor proibido com o

principal inimigo de seu pai.

É a filha do maior carrasco da cidade de Araruna e ainda tem um amor proibido com o principal inimigo de seu pai. Mesmo a novela sendo tão realista e assim cruel, ain-da é possível perceber o grande preconceito existente em todo o mundo contra os negros e também que não basta todas as formas de protestos e críticas, o preconceito só vai aca-bar se houver conscientização.

Isadora Souza

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SO

CiE

da d e

AçucareiraSão características da sociedade açucareira O patriarcalismo: o senhor do engenho era o pa-triarca (chefe), que concentrava em suas mãos o poder econômico, político e ideológico (isto é, da formação das idéias dominantes).

  O  ruralismo: o campo era o centro dinâmico dessa sociedade.

 A estratificação social: era uma sociedade divi-dida em camadas bem definidas, sendo muito raro alguém conseguir ascender na posição so-cial. Não havia a possibilidade  do escravo che-gar à condição de senhor ou do senhor descer à posição de escravos.

Estratificação social: a mudança social de uma classe para outra praticamente não existia. Isso significa que ninguém subia ou descia de sua

posição de origem. Até mesmo as pessoas das camadas intermediárias permaneciam em posições estáticas.

Sociedade açucareira

Nos primeiros séculos da colonização, a vida dos povoadores girava em torno da empresa açucareira. Assim, a sociedade co-lonial estruturou-se com base nos engenhos de açúcar.

O engenho era um mundo mais ou menos fechado, onde a vida das pessoas estava sub-metida às ordens de uma autoridade supre-ma: o senhor de engenho.

Sua autoridade não se limitava apenas à propriedade açucareira, mas espalhava-se

por toda a região vizinha, invadindo vilas e povoados, através de sua influência política.

O poder social do senhor de engenho tinha como base o poder econômico. Por sua vez, o poder econômico do senhor de engenho era sustentado pela terra, pelos escravos e pela exportação de açúcar.

A sociedade açucareira dividia-se, essencialmente, em dois grupos sociais opostos: senhores e escravos. Entre esses grupos, havia uma faixa intermediária de pessoas que serviam aos interesses dos senhores. Citam-se como exemplo:

Alguns poucos trabalhadores assalariados (feitores, mestres de açúcar, purgadores etc.); agregados (moradores do engenho que prestavam serviços ao senhor em troca de proteção e auxílio); padres; alguns funcionários do rei; alguns raros profissionais liberais (médicos, advogados, engenheiros)

Classes Sociais

Os  senhores de engenho  eram por-tugueses ricos que se dedicavam à produção e ao comércio do açúcar. Sua autoridade não se limitava ape-nas à propriedade açucareira,  esten-dia-se por toda a região vizinha, vilas e povoados, através de sua participação nas câmaras municipais os lavradores, que não possuíam terras, somente es-cravos. Recorriam a alguma forma de arrendamento de terras dos engenhos para plantar a cana.

Esse contrato impunha-lhes um pesa-do ônus, pois em cada safra cabia-lhes, apenas, uma pequena parcela do açú-car produzido. Esses homens tor-naram-se fundamentais à produção do açúcar. O senhor de engenho deixava em suas mãos toda a responsabilidade pelo cultivo da cana, assumindo

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Hanna Rodrigues

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O senhor de engenho era o dono das terras e dos escraviza-dos, era ele quem comprava mais escravos e contratava mais trabalhadores assalaria-dos. Além de todas essas tare-fas, era o senhor de engenho que decidia a profissão dos fil-hos.

Segundo a descrição de Gil-berto Freyre sobre o que tinha na casa-grande:"(...) paredes grossas de pedra e cal cobertas de telha, alpren-de na frente o nos lados, tel-hados caídos num máximo de proteção contra o sol forte e as chuvas tropicais (...) varias salas, quartos, corredores, duas cozinhas, despensa, capela."

O senhor de engenho também, alem da casa-grande tinha outra casa que era conhecida como sobrado. O sobrado era uma casa reserva.

Os maiores sobrados do ter-ritório brasileiro foram encon-trados em Salvador (Bahia) e em Olinda (Pernambuco).Nos grandes engenhos tam-bém tinha os homens livres que eram conhecidos como "lavradores obrigados", pois, tinham terras aonde cultiva-vam a cana-de-açúcar, mas, dependiam do senhor de en-genho para moê-la, em troca, recebiam metade do açúcar produzido.

Na época, os comerciantes faziam e contribuíam com a fortuna de grandes famílias de senhores de engenho. Con-tudo, vendiam e negociavam bois, mulas, escravos, anil, fumo, cachaça, carne, tabaco e trigo. 

Muitos comerciantes con-seguiam se tornar grandes sen

hores de terras e escravos. Esses comerciantes usa-vam um "casamento so-cial" que seria de uma filha de um senhor de engenho e do filho de um comer-ciante, ou vice- e- versa isso iria contribuir para que comerciante viesse ter mais depressa o titulo de senhor de engenho.

O "casamento social" era realizado por negócios capitalistas que eram tan-to do comerciante quanto do senhor de engenho.

cana para entrar no solo, porém, executava milhares

de tarefas em um único dia.

Os serviços cobrados dos es-cravos era ardo, na época do Corte da cana, o trabalho iniciava das 05:00 horas, e encerrava as 18:00 horas, em muitos casos, eles trabalha-vam 18 horas por dia, ou seja, das 05:00 horas da manhã às 00:00 horas já iniciando o dia seguinte.Todo escravo, no engenho, tinha um dever a ser cumpri-do, por exemplo, o cortador de cana tinha que cortar 4.200 unidades de cana por dia. "na moenda, o sistema era o mes-mo. Alem da pesada tarefa diária, o escravizado fazia vários serviços extras, como construir cercas, realizar con-sertos, preparar a farinha de mandioca.

Os africanos escravizados tinham muita importância no Brasil Colonial, pois, construiam prédios, casas, comércios entre outros. Eles em muitas ocasiões trabalhavam em serviços simples, como preparar a

Os trabalhadores assalariados, conhecidos como assalariados, trabalhavam dividindo o de-morado e árduo trabalho com os escravizados nos engenhos. O assalariado ganhava em seu

nível de trabalho, ou seja, o feitor-mor (administrava o engenho) era o que tinha a mel-hor remuneração do engenho, em contra partida, o pescador (pescava peixe, especialmente em dias santos em que não se comia carne vermelha) rece-bia o menor salário pelo seu serviço.

O mestre-de-açúcar (controla-va o trabalho de beneficiamen-to do açúcar, o caldeiro (tra-balhava na casa das caldeiras) e o purgador (trabalhava na purificação do açúcar) eram alguns dos mais bem pagos en-tre os outros assalariados.

Os alfaiates (consertavam e faziam roupas), sapateiros (fa-ziam e consertavam e conser-tavam calçados) e carpinteiros (construía e consertava objetos de madeira) ganhavam por dia ou por tarefa.

A mão-de-obra indígena Os indígenas também, assim como os africanos foram es-cravizados. Contudo, o mito da falsa idéia de que os índios não foram escravizados porque reagiram aos portugueses é ilusão. Quando os Portugueses

O Senhor de engenho

Os comerciantes

Os escravizados

Os trabalhadores assalariados

chegaram nas terras brasilei-ras que encontraram os povos indignas que aqui habitavam com seus costumes e tradições diferentes das que os portu-gueses conheciam, os indíge-nas viviam da caça e da pesca

felizes e em harmonia com a natureza. Porém apartir do encontro de povos antagôni-cos os índios perderam a paz, porque os europeus passaram a escravizá-los e a exterminar aqueles que não aceitavam o trabalho forçado.

Os nativos sempre foram homens livres comiam e bebiam o que a mãe natureza lhe oferecia não foi fácil ter sua vida transformada e sua liber-dade roubada.

“O relacionamento amistoso dos primeiros contatos entre o branco e o índio evolui para a escravidão quando Portugal resolveu colonizar o Brasil. (...) até os primeiros trinta anos do século XVI, quando efetiva-mente começou a colonização nas terras brasileiras. Até então Portugueses e Franceses explo-radores do pau-brasil conse-guiam utilizar a mão de obra livre indígena na extração da madeira.

somente a parte do beneficiamento do açúcar, muito mais lucrativa.

Nesta época, o termo “lavrador de cana” designava qualquer pessoa que praticasse a agricultura, podendo ser usado tanto para o mais humilde dos lavradores como para um grande senhor de engenho, conforme explica o historiador americano Stuart Schwartz.

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A forma encontrada foi o escambo (tro-ca de mercadoria por mercadoria) entre brancos e índios. Em troca de produtos como espelhos, colares, pentes tecidos coloridos, camisetas, chapéus, facas e algumas ferramentas que portugueses e franceses lhe davam.

Como se pode observar ódio desde o inicio da chegada dos europeus em ter-ras brasileiras já eram explorados, pois trocavam seus trabalhos pesados por objetos de baixo valor, ou seja, eram en-ganados pelos portugueses que so visa-vam o lucro e que esses lucro eram ob-tidos através da exploração do homem que não tinha poder econômico, sub-juntivo e nem titulo de nobreza, e que com a chegada dos portugueses passam a não nem mesmo dono de sua própria vida.

Em pesquisa sobre o assunto, encon-tra-se muitos relatos que, o negro afri-cano foi escravizado porque não reagiu a escravidão. No entanto, na observação realizada pôde-se constatar que essa afirmação é inventiva, as pessoas eram arrancados do seu de sua família pais e mães de seus filhos etc, para serem maltratados, com certeza, dependo de como eram a vida ecomomica dessas famílias no seu país de origem, esses seres humanos estariam bem melhor, em relação à vida que iriam viver sendo

escravizados em outras terras, como no Brasil, essas pessoa que muito contribuíram para formação de um País sólido, tinham um tratamento desumano, e entristecedor.

Todavia, os índios reagiram à es-cravidão, porém não impediu que fossem escravizados pelos portu-gueses.

“Apartir de 1500 teve inicio a colo-nização, com o sistema de capitanias e a monocultura da cana-de-açúcar. (...) A economia colonial expan-diu-se em torno do engenho de açú-car, recorrendo ao trabalho escravo inicialmente dos índios e, depois dos negros africanos”

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O dia a dia do escravo

Eles passavam as noites nas  senzalas  (galpões escu-ros, úmidos e com pouca higiene) acorrentados para evitar fugas.

O trabalho dos escravos indígenas

Os índios foram usados no Brasil desde os primeiros anos da colonização até o sé-culo XVIII. Os colonos por-tugueses escravizaram os índios para que eles trabalh-assem, principalmente, na extração de madeira. Os ín-dios escravizados cortavam e transportavam a madeira até as embarcações.

Os índios eram muito explora-dos e recebiam duros castigos físicos quando se recusavam a

NAS FAZENDAS DE CANA OU NAS MINAS DE OURO, OS ESCRAVOS ERAM TRATADOS DA PIOR FORMA POSSÍVEL

rabalhavam muito, de quatorze a dez-esseis horas, o que se tornou o princi-pal motivo dos es-cravos fugirem.

Ttrabalhar ou faziam algo erra-do. Muitos não aguentavam a situação e morriam.

O trabalho dos escravos africanos no Brasil

Os portugueses que coloni-zaram o Brasil foram bus-car na África a mão-de-obra necessária para a cultura da cana-de-açúcar. Os escra-vos trabalhavam em todas as etapas da produção do açúcar, desde o plantio até a fabricação

Bruna Doti

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tar todos os trabalhos solicitadospor seu “dono”.

As mulheres escravas também trbalhavam nas fazendas de cana ou nas minas de ouro, os escravos eram tratados da pior forma possível. Trabalhavam muito, de quatorze a dezesseis horas, o que se tornou o princi-pal motivo dos escravos fugirem.

Eles passavam as noites nas  sen-zalas (galpões escuros, úmidos e com pou-ca higiene) acorrentados para evitar fugas.

O trabalho dos escravos in-dígenas

Os índios foram usados no Brasil desde os primeiros anos da colonização até o século XVIII. Os colonos portugueses escravizaram os índios para que eles tra-balhassem, principalmente, na extração de madeira. Os índios escravizados cor-tavam e transportavam a madeira até as embarcações.

Os índios eram muito explorados e rece-biam duros castigos físicos quando se re-cusavam a trabalhar ou faziam algo erra-do. Muitos não aguentavam a situação e morriam.

O trabalho dos escravos africa-nos no Brasil

Os portugueses que colonizaram o Brasil foram buscar na África a mão-de-obra necessária para a cultura da cana-de-açúcar. Os escravos trabalhavam em todas

as etapas da produção do açúcar, desde o plan-tio até a fabricação do açúcar nos engenhos.

Trabalhavam de sol a sol e eram castigados com violência quando não cumpriam ordens, erra-vam no trabalho ou tentavam fugir. Tinham que executar todos os trabalhos solicitados por seu “dono”.

As mulheres escravas também trabalhavam muito, porém alguns tinham a “sorte” de re-alizarem serviços domésticos (limpeza, cu-linária, cuidar das crianças). Essas tinham uma atividade menos penosa.Os filhos dos escravos trabalhavam desde mui-to cedo. Por volta dos oito anos já eram obriga-dos a executar

trabalhos de adultos e praticamente perdiam sua infância.A partir da metade do século XVIII, com a de-scoberta das minas de ouro, os escravos de ori-gem africana passaram a trabalhar também na mineração. Faziam o trabalho mais pesado, ou seja, quebravam pedras, carregavam cascalho e atuavam na busca de pepitas de ouro nos rios.

Conclusão

O trabalho imposto aos escravos no Brasil até a abolição (1888) foi duro, massacrante e injusto (pois era obrigatório, sem dire-itos e sem remuneração). Re-cebiam apenas alimentação de baixa qualidade, roupas velhas e alojamento (senzala) subumano. Muitos escravos não resistiam e morriam de doenças ou em aci-dentes de trabalho, que eram co-muns na época.

Não possuíam não direito e eram vendidos e comprados como mercadorias. Contra estas condições de trabalho, muitos escravos fizeram revoltas ou fu-giram, formando os quilombos, onde podiam trabalhar de acor-do com os costumes africanos.

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Mulherou

objeto?

drões morais e religiosos dominantes na sociedade. A utilização sexual da escrava pelos senhores, determinaria, em grande parte, o tipo de relação que cada mem-bro da família patriarcal estabelece com ela. o tipo de relação que cada membro da família patriarcal estabelece com ela.

Assim, às  escravas  também passam ser as iniciadoras sexuais dos filhos do sen-hor. As relações sexuais entre o filho do senhor e a escrava parecem ter sido dis-cretamente consentidas pela senhora. Mas, que tipo de  relação  sexual pode-ria emergir entre seres igualizados sob o chicote? A escrava era obrigada a ceder os desejos libidinosos se seu senhor para não se expor, com a recusa, a toda sorte de torturas; não poderia guardar a hon-ra de sua filha, nem mesmo a sua contra tentativas do seu poderoso senhor e nem o escravo poderia queixar-se da infidel-idade de sua mulher, e vingar-se de seu sedutor.

A sexualidade possível à senhora é aquela que lhe impõem as relações familiares patriarcais, norteadas pelos rígidos preceitos religiosos e morais. A escrava escapa a essas determi-nações que cerceiam as mulheres de classe dominante; sua sexualidade não está a serviço da procriação e da reprodução ideológica da família branca.

Estar fora do círculo familiar e do jugo pa-triarcal sobre ele exercido representa, para a escrava, estar além dos limites e normas que regulam a sexualidade da mulher branca. A sexualidade da escrava aparece para o senhor livre de entraves ou amarras de qualquer or-dem, alheia à procriação, às normas morais e a religião, desnudada de toda série de funções que são reservadas às mulheres brancas, para ser apropriada num só aspecto: o objeto sex-ual.

As escravas aparecem aí sem honra e sem re-ligião, ou seja totalmente à margem dos pa

Bruna Doti

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Escrava foi vista com homem branco

Monick Coelho

Na noite deste sábado, uma escrava, mais conhecida como Chica da Silva, foi flagrada andando com um dos homens mais ricos da região mineira, João Fernandes. Algumas pessoas relataram para a revista que não é a primeira vez que os dois saem juntos e que aparentemente são bastante íntimos. (Viish... olha a inveja das senhoras).

Escravos fujões

Dois escravos de Antônio Caetano de Sá fugiram ontem, por volta de 22h. O português alega que não teria motivo para a fuga. “ Eu sempre tratei muito bem meus escravos” – diz Caetano de Sá. Os escravos serão procurados aos arredores da região. (Acho que alguém teve prejuízo...)

Coronel Afonso: fiel ou traidor?

Fontes informaram a revista que Coronel Afonso anda muito diferente ultimamente, tratando algumas escravas com exclusividade e carinhosamente bem. Sua esposa, Dona Cândida diz não suspeitar de nada e parece ofensiva com a acusação. “O papai não faria isso! Ele é um homem respeitador! Ainda mais agora que está passando por uma fase difícil! Todas as noites se sente sufocado e tem que dar

uma volta pela casa!” –diz seu filho. CURIOSO! Será que esta rolando um clima lá no engenho? (acho que alguém ficará sem os mamilos).

Nova mamãe

Parece que Arraial do Tijuco terá uma nova mamãe! Chica da Silva, a ex-escrava mais famosa da região, está grávida. O pai é, obviamente, João Fernandes! A notícia não agrada muita gente, mas traz muita felicidade ao casal. “Essa criança será a prova do meu amor pela Chica” – disse Fernandes. (uau ele assumiu msm esse namoro!)

Coronel Barros castiga escravos

Essa semana foi muito difícil para os escravos do Coronel

Barros. Muitos deles foram castigados, pois foram

flagrados tentando fugir das senzalas. Coronel optou por 2 castigos: chicoteadas e o

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jejum, os escravos ficaram sem comer por 2 dias. (força escravos!)

Alforria para a bela moça

A última sexta-feira foi marcada pela linda ação de João Fernandes. O contratador de diamantes comprou a alforria da escrava (ex-escrava agora ne?!). A noticia balançou

o Arraial do Tijuco! Muitos se espantaram ao ver um homem branco fazendo uma boa ação para uma negra africana. ( aí tem... )

Alforria para amigos

O ex-escravo, Zumbi, que comprou sua alforria a alguns anos finalmente conseguiu seu objetivo. Desde quando foi liberto ele vem trabalhando bastante para juntar dinheiro suficiente para comprar a alforria de todos seus amigos escravos (ownt, esse merece meu respeito! Mesmo dps de livre não se esqueceu de seus amigos).

Conscientize-se

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Escravidão no Brasil

No Brasil, a escravidão teve início com a produção de açúcar na primeira metade do século XVI. Os portugueses traziam os negros africanos de suas colônias na África para utilizar como mão-de-obra escrava nos engenhos de açúcar do Nordeste.

Os comerciantes de escravos portugueses vendiam os africanos como se fossem merca-dorias aqui no Brasil. Os mais saudáveis chegavam a valer o dobro daqueles mais fracos ou velhos.

O transporte era feito da África para o Brasil nos porões do navios negreiros.

No Brasil, a escravidão teve início com a produção de açúcar na primeira metade do século XVI. Os portugueses traziam os negros africanos de suas colônias na África para utilizar como mão-de-obra escrava nos engenhos de açúcar do Nordeste.

Os comerciantes de escravos portugueses vendiam os africanos como se fossem merca-dorias aqui no Brasil. Os mais saudáveis chegavam a valer o dobro daqueles mais fracos ou velhos.

O transporte era feito da África para o Brasil nos porões do navios negreiros. Amontoados, em condições desumanas, muitos morriam antes de chegar ao Brasil, sendo

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Escravidão atualmente

Nas letras da lei, a escravidão está extinta, porém, em muitos países, principalmente onde a democracia é frágil, há alguns tipos de escravidão, em que mulheres e meninas são capturadas para serem escravas domésticas ou ajudantes para diver-sos trabalhos.

A expressão  escravidão moder-na  possui sentido metafórico, pois não se trata mais de compra ou ven-da de pessoas. No entanto, os meios de comunicação em geral utilizam a expressão para designar aquelas relações de trabalho nas quais as pessoas são forçadas a exercer uma atividade contra sua vontade, sob ameaça, violência física e psicológica ou outras formas de intimidações.

Muitas dessas formas de trabalho são acobertadas pela expressão  tra-balhos forçados, embora quase sem-pre impliquem o uso de violência.

De acordo com o relatório da OIT de 2001, o trabalho forçado no mundo tem duas características em comum: o uso da coação e a negação da liber-dade. No Brasil, o trabalho escravo resulta da soma do trabalho degra-dante com a privação de liberdade.

Além de o trabalhador ficar atrelado a uma dívida, tem seus documentos retidos e, nas áreas rurais, normal-mente fica em local geograficamente

isolado.

Vale lembrar que o trabalho escravo não existe somente no meio rural, ocorre também nas áreas urbanas, nas cidades, porém em menor inten-sidade. O trabalho escravo urbano é de outra natureza.

No Brasil, os principais casos de es-cravidão urbana ocorrem na região metropolitana de São Paulo, onde os imigrantes ilegais são predominante-mente latino-americanos, sobretudo os bolivianos, e mais recentemente os asiáticos, que trabalham dezenas de horas diárias, sem folga e com baixíssimos salários, geralmente em oficinas de costura. 

De modo geral, o trabalho escravo só tem a prejudicar a imagem do Brasil no exterior, sendo que as restrições comerciais são severas caso o país continue a utilizar de mão de obra análoga à escravidão. Como é públi-co e notório que o Brasil usa trabalho escravo, sua erradicação é urgente, sobretudo para os trabalhadores, mas também para um bom relacio-namento comercial internacional.

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