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USO DO SOFTWARE LIVRE “QGIS” NA FORMAÇÃO DE DOCENTES DE
GEOGRAFIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE ALAGOAS - CAMPUS III
Eduina Bezerra França 1
[email protected] – UFS
Denize dos Santos 2
[email protected] – UFAL/UFS
GT6: Educação: formação, ensino e prática docente.
RESUMO
O desenvolvimento de competências e habilidades ligadas a tecnologia é um fator pertinente
para era globalizada, as geotecnologias de informação estão cada vez mais presentes na vida
das pessoas através da capacidade produtiva de equipamentos com baixo custo operacional,
necessitando que o professor seja capaz de dominar e repassar para seus alunos o que de
melhor oferece essas ferramentas. O escopo desta pesquisa é analisar e discutir o uso do
software livre Qgis como elemento tecnológico crucial de ensino e aprendizagem nas aulas de
Geografia, de modo categórico o processo e a formação dada através do software, incitando e
discutindo o papel articulador do professor em formação. O mesmo trata-se de um fragmento
do Trabalho de Conclusão de Curso com base em autores que discutem a Cartografia,
Geografia e Geotecnologia, além do acervo fornecido através de órgãos como o IBGE, IMA e
outros. O presente divide-se em dois momentos: na construção do manual e o segundo na sua
aplicação através da ferramenta. Sendo executado com a turma do sétimo período da
Universidade Estadual de Alagoas - UNEAL/ Campus III, Palmeira dos índios- AL. As
análises obtidas foram realizadas através de questionários, uso do software e desempenho dos
alunos envolvidas na formação. Contudo, faz-se necessário compreender o uso das novas
tecnologias, destacando o software livre Qgis, resultante na construção de mapas. Em suma,
decodifica-se o compromisso de romper com as dificuldades fomentadas para um trabalho de
qualidade e menos monótono, rompendo as barreiras e as adversidades de uma Geografia
tradicional.
PALAVRAS-CHAVE: Geografia. Educação. Formação Superior. Software livre Qgis.
1 Mestranda em Geografia pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGEO/UFS), Colaborador(a) do
Laboratório de Estudos Ambientais e Cartográficos (LEAC/ UNEAL), Colaborador(a) do Grupo de Pesquisa em
Gestão Territorial de Ambientes Costeiros (GESTAC/ IFS). 2 Doutoranda em Geografia pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGEO/UFS), Professora do
Curso de Geografia da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL/ CAMPUS III), Coordenadora do
Laboratório de Estudos Ambientais e Cartográficos (LEAC/ UNEAL).
INTRODUÇÃO
O presente artigo traz um recorte do trabalho de conclusão de curso, apresentando a
pesquisa fundamentada nos recursos tecnológicos da área de geotecnologias e na formação do
professor de Geografia procurando descrever a peculiaridade da pesquisa a fim de orientar os
interessados a construir seus próprios mapas, englobando contribuições positivas para a
formação no curso de licenciatura na área. Teve-se a preocupação com a construção de um
manual de uso dessa ferramenta, o que não deixou de ser um desafio por ter desvelado uma
infinidade de softwares livres, que podem ser trabalhados não apenas no ensino de Geografia,
mas em qualquer área. Além disso, permite ao aluno buscar novos pressupostos de
investigações. Suscitando de análises averiguadas desde a execução do manual a aplicação do
software, facultada nos questionários e expressa na exposição do aluno frente a cartografia.
Neste sentido, o escopo deste trabalho é analisar e discutir o uso do software livre
como elemento geotecnológico crucial de ensino e aprendizagem nas aulas de Geografia,
onde perscruta aprofundar o conhecimento sobre a cartografia e compreender a formação do
professor com vistas para Geotecnologia, viabilizando o software livre Qgis. Logo, pretende-
se fazer uma análise dos resultados onde serão demostrados por meio de gráficos, coletados
com a aplicação de questionários que decodifiquem a inserção e importância das
Geotecnologias no ensino superior; e com execução e aplicação do manual desenvolvido para
instrumentalizar a confecção de mapas básicos com o uso do Geoprocessamento,
especificamente o software livre Qgis.
Por se tratar de um trabalho de cunho qualitativo busca exemplificar a formação
superior com visibilidade no curso de Geografia da UNEAL. No desenvolvimento da
pesquisa foram realizadas leituras sobre Geografia, Cartografia, ensino, linguagem
cartográfica, e Sistema de Informação Geográfica, Geoprocessamento, Geotecnologias,
Softwares “Qgis”, uso do mapa, bem como formação de professores entre outros assuntos
relacionados a essa temática.
Para o desenvolvimento da atividade com os alunos, se fez necessária a construção do
manual com exemplos locais e a obtenção de dados específicos para o mapeamento da área,
desde dados estatísticos, malhas shapefille (vetorial e raster) que foram coletados em órgãos
oficiais como o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IMA – Instituto do
Meio Ambiente de Alagoas, SEPLAG – Secretara de Planejamento, Gestão e Patrimônio do
Estado de Alagoas, Exército Brasileiro.
Em suma, o trabalho remete a construção do manual e a execução e aplicação do
mesmo em uma oficina com os alunos do sétimo período da UNEAL, analisando a prática dos
formandos. Onde pretende-se discorre a desenvoltura do aluno, e destacando a importância
das geotecnologias no ensino de Geografia e sua necessidade na formação desses
profissionais. Executada em dois dias, concedidas através das aulas da professora de estágio
supervisionado II, a atividade foi realizada no laboratório de informática do campus, onde
foram instalados o software livre Qgis, bem como arquivado uma pasta contendo todo o
material de apoio, contando com o apoio de dois auxiliares para execução do procedimento. A
oficina foi desenvolvida em três etapas: a primeira etapa referia-se a um pré-questionário, a
segunda etapa designava a aplicação do manual e oficina Qgis e a terceira etapa um pós-
questionário sobre o Qgis e o manual, seguidas da análise e sistematização do material.
1. Recursos tecnológicos específicos na formação de professores: Qgis
As inovações tecnológicas têm avançado em todas as áreas do conhecimento. Na
Geografia o ápice é no Geoprocessamento e no Sistema de Informações Geográficas,
processamento de dados e imagens digitais, em que exige níveis de conhecimento mais
desenvolvidos na formação de profissionais e em consequência no cotidiano do âmbito
escolar, como componente metodológico e técnico no ensino, o que implica considerar os
softwares como ferramenta de apoio para execução de aprendizagem.
Neste sentido, busca-se compreender a formação docente e, “refletir sobre a formação
do professor na atualidade implica pensar um processo amplo e complexo, sobretudo, quando
se discute a teoria e a prática durante os cursos de graduação, neste caso a licenciatura. ”
(MEDEIROS, 2010, p. 156). A universidade possui um papel crucial na formação do
professor ainda enquanto aluno e futuros professores englobando disciplinas práticas e
teóricas que fundamentarão suas aulas enquanto profissionais.
Assim, o processo de ensino requer uma boa formação do professor, de modo que se
tenha compromisso com o ensino bem como conhecimentos científicos e não menos
importante reflexão sobre a prática pedagógica. „As mudanças no ensino de Geografia
acontecem na medida em que o professor recebe uma boa formação acadêmica e através da
experiência em sala de aula‟. (RAMOS, 2012, p. 17).
O professor tem papel de orientar, promover discussão e estimular o raciocínio do
aluno a pensar de maneira crítica sobre as variadas fontes de informações que são obtidas, ou
seja, “o professor não é mais aquele que sabe, mas aquele que pesquisa, que busca, é o agente
das inovações, aquele que aproxima o aprendiz das descobertas e notícias orientadas para a
efetivação da aprendizagem [...]. ” (DI MAIO, 2004, p. 23). Neste sentido, o mesmo deve
aderir particularidades e atitudes reflexivas em relação a Geografia, construir meios
adequados capazes de modificar e tornar suas aulas mais eficazes, estimulando e permitindo a
abertura para o conhecimento geográfico.
Muitos desafios permeiam a educação, uma delas é a adaptação das inovações
tecnológicas e a utilização dos recursos pelo professor, onde compreende-se que a
metodologia, a prática pedagógica não está enraizada no uso ou não uso dos recursos
tecnológicos, mas na compreensão de suas possibilidades e potencialidades. O que implica
dizer que o professor é fundamental no processo de ensino-aprendizagem.
Contudo, a atuação do professor é essencial para o desenvolvimento do aluno, e esse é
um dos motivos que impulsiona o docente a estar efetivamente preparado e alfabetizado de
maneira que “a alfabetização tecnológica, dentro da formação permanente do professor, passa
por capacitar o docente a refletir sobre sua prática atual, para poder nela inserir as tecnologias,
transformando suas práticas futuras [...]. ” (FILENO, 2007, p. 46). E o universo acadêmico
deve nortear novas perspectivas epistemológicas na formação do graduando de Geografia.
Com base nisso, pensou-se no software Qgis como recurso tecnológico específico na
formação do graduando de Geografia, afim de que o discente possua a ferramenta como
facilitador no processo da construção dos mapas e execução dos mesmo em sala de aula.
A ferramenta Qgis é um software fundamental na interação e relação dos elementos
Geocartográficos, sendo crucial ser aplicado e entendido no ensino superior no curso de
Geografia. Este auxilia na execução, modificação e criação de mapas que posteriormente
servirão como subsídio para o ensino de Geografia nos mais variados níveis e objetivos.
Podendo então considerar que os softwares livres são possibilidades de inserir-se na
academia e assim, possibilitar o uso do computador, oferecendo uma melhor formação que
habilite a sua utilização como suporte educativo ao conteúdo trabalhado nas diversas áreas da
Geografia, com vistas para Cartografia. Compreendendo que “as redes interativas de
computadores estão crescendo exponencialmente, criando novas fórmulas de canais de
comunicação, moldando a vida e, ao mesmo tempo, sendo moldado por ela.” (CASTELLS,
1999, p. 40). Neste sentido, o uso e inserção do Qgis ferramenta de fácil acesso na graduação
no ensino de Geografia é crucial, onde seu conhecimento pode ser regido não apenas por
profissionais da área, mas por qualquer que tenha interesse. Além do mais este software se
populariza por ser de código aberto e não necessitar de licença de uso. Nas redes de
computadores (internet) são ministrados minicursos e tutoriais na íntegra, bem como manuais
que auxiliam esse aspecto técnico de aplicação, permitindo que o alunado busque se
aprofundar.
2. Geotecnologia aplicada no Ensino Superior: uma análise reflexiva
A Geografia é a ciência que se utiliza da linguagem, arte, técnica da Cartografia para
compreender o espaço geográfico e possibilita que o professor de Geografia possa utilizar de
ferramentas de SIG para produção de material cartográfico, seja para visualização, consulta,
análise ou elaboração de dados primários e, em especial para produção de mapas para serem
trabalhados em sala de aula.
O percurso metodológico selecionado para dar respostas ao problema e objetivos da
pesquisa, envolve a reflexão e a busca de respostas sobre possíveis mudanças de práticas de
ensino. Subsidiando o professor ou futuro professor de geografia na tarefa de intervir em sua
realidade com vistas à melhoria das condições gerais de vida, tanto profissional quanto
pessoal. A metodologia adotada nesta pesquisa, será demostrada junto com os instrumentos
de coleta e os mecanismos de análise dos dados utilizados para favorecer a compreensão
sobre a formação e a prática docente para o uso do computador e do software livre. Em que se
caracterizou em quatro etapas propriamente dita.
A primeira principiou da construção do manual Geocartográfico Qgis básico para
docentes em Geografia com escopo de facilitar e apoiar o conhecimento do aluno de
graduação do curso de Geografia, de modo que o professor e ou graduando consiga trabalhar
com mapas de forma prática, coerente e eficaz em sala de aula, e não somente nesta, mas em
pesquisa, eventos, trabalhos acadêmicos dentre outras formas que aspire. A segunda etapa
designou análises prévias antes da execução do uso do manual sendo este concebido através
de um questionário, para a verificação junto os alunos participantes da pesquisa, suas
concepções sobre o uso ou não de tecnologia na confecção de documentos cartográficos. A
terceira etapa direcionou-se ao uso do manual e execução do software livre Qgis com alunos
graduandos do curso de Geografia do sétimo período, onde essa etapa utilizou-se de um
questionário após a aplicação do minicurso do Qgis. E a quarta remete-se a verificação,
avaliação e análise desde a construção do manual a sua execução de modo que responda aos
questionamentos de: Para que serve? Como usá-lo? Ajuda de que forma? Responde a
pertinência de se trabalhar no ensino superior no curso de Geografia?
Para tanto, foram selecionados os alunos do sétimo período do curso de Geografia da
UNEAL, por dois motivos o primeiro, estarem no estágio docente onde as atividades já
poderiam ser aplicadas nas suas práticas em sala de aula e o segundo por já tinha contato com
o software no programa de Iniciação à Docência (PIBID).
A priori aplicou-se um questionário com cinco questões em que três era aberta e duas
fechadas cada questão procurava estabelecer um elo de aproximação assim como averiguar os
conhecimentos dos alunos e a relação Geografia e Cartografia estreitando os laços com o uso
das geotecnologias e a importância do mapa para eles. Além de identificar quantos alunos
conheciam o software livre Qgis. (Gráfico 1).
Gráfico 1 – Análise quantitativa dos conhecimentos dos alunos 7º período sobre geotecnologias.
Elaborado: Eduina Bezerra França, 2016.
Denota-se que a maioria dos participantes conhecia algumas ferramentas tecnológicas
que poderia contribuir para o aprendizado de sucesso com a ferramenta Qgis. Decodificou-se
posteriormente que apesar de conhecerem poucos sabiam utilizar dos recursos técnicos do
software, mesmo os que já tiveram contato com a ferramenta se mostrou desconhecendo ou
mesmo esquecido frente ao software, mostrando-se interessados em aprender (Gráfico 2).
Gráfico 2 – Dados quantitativos de alunos que sabem utilizar as ferramentas tecnológicas.
Elaborado: Eduina Bezerra França, 2016.
Concluído a análise prévia, iniciou-se a oficina do Qgis, está que se direciona a
terceira etapa, com os alunos do sétimo período. A ideia inicial seria realizar a atividade em
dois momentos, especificadamente duas tardes o equivalente a quatro horas cada, 8 horas de
oficina.
No primeiro momento foi tratado desde a instalação do Qgis até as noções básicas de
camada vetorial e concluindo com o compositor de impressão. No segundo momento foi
apresentada a camada raster, desde a utilização das cartas topográficas para o cálculo
georreferenciado até a seleção e recorte da camada raster, finalizando com a criação de
pontos, linhas e polígonos na camada vetorial e encerrando com a geração do mapa através do
compositor de impressão.
No primeiro dia da oficina foi possível perceber que mesmo os alunos já terem tido
uma experiência anterior com o Qgis tiveram dificuldade, tornou-se visível a falta tanto de
prática como teórica. Exercícios simples como mudar a cor de uma camada vetorial, adicionar
camada vetorial, fazer uma seleção no projeto e algumas ferramentas do compositor, como
legenda, escala, dentre outros, não foram lembradas pelos participantes da oficina. Foi
necessário o acompanhamento dos tutores decodificando com eles a desmistificação do
software, onde não bastava apenas mostrar o passo no data show, mas chegar junto do aluno e
mostrar o procedimento de perto. O manual também foi crucial nesse processo, pois querendo
ou não o aluno era instigado a consultar o mesmo.
No segundo dia, decodificamos camada raster, onde o próprio assunto era um pouco
mais denso e complexo e em decorrência disso evidencia-se a dificuldade com que alguns
alunos tiveram ao começar ao delimitar as linhas poligonais da carta topográfica. O qual se
deve ao fato destas pessoas não tiverem tido acesso a cursos básicos de informática, ou ainda
não terem contato direto com a plataforma do Windows como bem visto no gráfico 2. Diante
da falta de habilidade foi necessário o acompanhamento do tutor e do manual.
Cabe salientar que os alunos que participaram da segunda prática a maioria não
tiveram contato com o software Qgis, não conhecia a plataforma de perto. Um fator
importante a ser compreendido, o interesse do aluno em aprender, e esses participantes foram
cruciais nessa análise, onde é preciso elucidar a educação não quantitativa, dos números e sim
qualitativa para melhorar a situação educacional do Brasil
É pertinente ressaltar a evasão no segundo dia da oficina apenas quatro alunos dos
doze alunos presentes do primeiro dia retornaram as atividades para a finalização delas, no
qual um dos quatro estava auxiliando no primeiro dia. O mesmo que dizer que menos de um
terço (1/3) retornou. A partir disso entra em vigor as seguintes indagações: A que se deve a
evasão na oficina? Eles estão interessados em aprender a manipular o software Qgis? a
escassez é consequência da valorização do aluno frente ao curso de Geografia? ou a
concepção do aluno sobre o fato eu já presenciei esse curso, independente de saber usar ou
não? Ou o fato de não ter certificado? E porque a maioria dos participantes responderam no
primeiro questionário que tinham interesse? São pontos interessantes a serem analisados,
porém que não podem ser explicados com apenas esta oficina. Pois existem vários fatores que
poderiam haver para a ocorrência da evasão.
Mas deve-se destacar que os alunos que compareceram estavam realmente
empenhados em concluir as tarefas postas, e a aprender cada vez mais a manipular o software
Qgis, apesar da dificuldade em delimitação de temas com a carta topográfica, denotava o
empenho e a curiosidade dos quatro participantes com estimulo a concluir.
O que percebeu-se ao longo da prática é que os alunos se sentiram interessados a
finalizar o minicurso e sem certificado é que de fato eles queriam aprender a utilizar o Qgis,
estavam empolgados e ansiosos e isso ficou claro nos mapas finalizados. Os próprios
discentes tinham a preocupação de inserir os elementos essenciais do mapa, tais como Título,
Legenda, Rosa dos Ventos, Escala, Fonte e preocupando-se com a estética do mapa, ou seja, a
ideia de onde atribuir cada elemento de modo que ficasse visivelmente fácil a leitura.
Essa análise do segundo é preciso destacar que dos quatro discentes que se sentiram
interessados pelo software, três participam de grupo de pesquisa, sendo um componente do
Laboratório de Estudos Ambientais – LEAC, e dois do Grupo de Pesquisa e Extensão em
Geografia e Meio Ambiente onde são bolsistas de iniciação científica e apenas um aluno dos
quatro não tem vínculo com nenhum grupo.
Com base nisso, salienta que o Mapa 1 foi elaborado pelo aluno que não participava de
nenhum grupo de pesquisa e consegue-se ver que o mesmo teve um bom desempenho em
relação a construção do mapa, também implica dizer que o mesmo não tinha nenhum contato
com os recursos tecnológicos, bem com a informática, onde foi sua maior dificuldade em
manusear o software, porém, isso não refletiu de forma direta no resultado final do mapa. O
Mapa do discente tem a maioria dos elementos do mapa: título, fonte, orientação com rosa dos
ventos, legenda e escala. Em suma, o resultado desse aluno foi surpreendente pela disposição,
empenho e compromisso com o que estava fazendo (Mapa 1).
Mapa 1 - Esboço do Mapa com carta Topográfica de Palmeira dos índios- AL.
Elaboração: Daniel Marques Vilarins, 2016.
A dificuldade vai aparecer principalmente quando desconhecemos ou não temos noção
nenhuma de como utilizar os recursos tecnológicos que são disponibilizados, cabendo ao
interessado buscar, treinar e porque não “reinar” afim de obter conhecimento, este que é base
na vida de cada indivíduo. O aluno não tinha noção, mas isso não foi motivo para desistir,
pelo contrário, em meio a dificuldade em delimitar um polígono ou marcar um ponto de
referência o mesmo se sentiu desafiado a concluir o que almejava. E esse é o ponto crucial,
alcançar metas sem ter receio dos obstáculos.
O Mapa 2 denota que o aluno já tinha conhecimento da ferramenta, na apresentação do
mapa consta da forma correta com os elementos essenciais, está esteticamente correto,
centralizado, informações claras e precisas, legenda correta, fonte, etc. Além disso pode-se
constatar também a partir do pós-manual postos para eles ao final da prática do segundo dia, a
escassez de alunos do segundo dia em relação ao primeiro não pode ser considerada como
algo que não funcionou ou não foi aprovado pelos mesmo, uma vez que muitos deles saíram
do curso por satisfeitos e com novos conceitos, sem falar que comentaram sobre o curso com
outras pessoas de forma positiva. O que implica dizer que a falha não estava em quem estava
aplicando ao curso e sim nos alunos que no segundo momento se mostraram desinteressados.
Mapa 2 – Mapa de referência de Palmeira dos Índios- AL, produzido por discente.
Elaboração: Cícero Bezerra da Silva, 2016.
O segundo questionário servirá como base para análise da aplicação do manual, o
mesmo é relacionado excepcionalmente ao manual e a prática, onde o mesmo fomentou-se de
oito questões de múltipla escolha em que cada questão o aluno tinha que comentar o porquê
de sua resposta.
Na primeira questão permeava a concepção do aluno sobre o software Qgis, todos
responderam proveitoso no qual dois foram proveitosos e interessantes a explicação suscitou
em linhas gerais de modo que “é muito interessante como o programa disponibiliza
ferramentas que auxiliam os que a utilizam, ajudando e contribuindo para uma melhor
compreensão da cartografia”. (Participante “1”, 2016).3 Ou ainda a compreensão de que o
software torna-se proveitoso a medida que se amplia o conhecimento. O Qgis tornou-se um
“Software muito proveitoso para o desenvolvimento de mapas, além disso possibilita a
interação com diferentes fontes de dados, favorecendo a pesquisa e o aperfeiçoamento do
educando”. (Participante “2”, 2016).
A terceira questão possibilitou a afirmação da questão anterior, que questionava se
com o uso do manual estes seriam capazes de gerar o mapa e todos responderam que sim
destacando que “[...] o manual disponibiliza informações claras e bem elaboradas ajudando
para uma melhor compreensão do programa”. (Participante “1”, 2016). Logo, “[...] o manual
apresenta todos os passos necessários para o desenvolvimento de um mapa. ” (Participante
“2”, 2016).
A quarta questão se direcionava as geotecnologias inseridas nas Instituições de Ensino
Superior - IES direcionadas para a graduação, onde indagaram concepções acerca da
necessidade de se obter incentivo as geotecnologias, uma vez que, “muitos, ou quase todos os
graduandos licenciados, necessitam do mesmo para eleboração de seus mapas e etc. Logo,
como não se tem conhecimento, muitos trabalhos ficam a desejar [...]. ” (Participante “3”,
2016). Neste sentido, deveria haver mais incentivo, se não uma disciplina voltada para
geotecnologias, para assim ainda enquanto graduando o aluno conseguir enxergar novos
pressupostos metodológicos para trabalhar posteriormente em salas de aula, pois, “o trabalho
com geotecnologia é uma necessidade na contemporaneidade, sendo, portanto,
indispensável”. (Participante “2”).
A questão seguinte procurava saber se a concepção do graduando havia mudado após
o curso Qgis e a resposta de todos foi positiva, onde tornou-se “uma visão mais direcionada
para o Qgis.” (Participante “4”, 2016). Ou ainda poderiamos dizer que o Qgis é uma
ferramenta construcionista onde o interessado passa a ficar cada vez mais curioso e
entusiasmado com a construção dos mapas, “[...] realmente não é fácil, porém, muito útil e
proveitoso.” (Participante “1”, 2016).
3 Os participantes do questionário aplicado após a oficina serão reconhecidos por participantes em ordem
numérica, como forma de preservar suas identidades, os alunos que foram nominados no trabalho deram o seu
consentimento.
De fato, quem não tem muito contato com o computador vai sentir um pouco de
resistência, aos poucos vai percebendo que o Qgis vai exigir um pouco de sua atenção, mas
que com o passar do tempo o indivíduo vai se encantar com o resultado, e se apropriar do
software, onde, vai refletir que “de início parecia algo meio que é muito difícil, porém aos
poucos tudo foi clareando e passamos a entender e se apropriar do próprio sistema”.
(Participante “3”, 2016). E aos poucos a cartografia trabalhada na Geografia vai adquirindo
particularidades no uso tecnológico onde, o “ [...] consciente no mundo das representações
permitirá trabalhar uma associação teórica entre representação cartográfica com o espaço
geográfico que vive também uma reconstrução com base em inovações [...]”. (FONSECA,
2004, p. 213).
A sexta questão denota a importância dos mapas serem usados pelos graduando em
sala de aula, e os mapas como bem já vimos anteriormente ele não é produzido para enfeitar,
mas para apoiar o raciocínio, para ajudar o professor e o aluno a entender variadas situações.
“Os mapas são de extrema importância, pois auxiliam os professores e alunos, contribuindo
para o desenvolvimento crítico e político”. (Participante “1”, 2016). O mapa é importante em
qualquer área, permite a representação de vários conteúdos, seja através de dados qualitativos
ou quantitativos, “o mapa é fundamental para o ensino e pesquisa, pois pode representar as
dinâmicas e contradições do espaço geográfico”. (Participante “2”, 2016). O mapa é a
representação visível da superfície terrestre e “assim como eu necessito deles em meu dia-a-
dia, meus alunos não são diferentes. São esses mapas que irão os nortear várias vezes em seu
processo de aprendizagem”. (Participante “3”, 2016).
Posteriormente foi questionado a análise do graduando enquanto a divulgação do
software Qgis, todos disseram que sim falaria do software para outras pessoas, relatar a sua
importância, ressaltando que não precisa simplesmente saber que ele existe, mais conhecer,
entender e saber utilizá-lo, isso é uma abordagem sistemática da interação epistemológica
entre a geografia e as possíveis geotecnologias.
A última questão evidência a problemática de associar o Qgis, ao mapa e de seus
elementos essenciais, “um mapa só pode ser compreendida com a devida análise de seus
elementos básicos: título, escala, legenda e fonte. Com seus elementos é possível entender o
que está sendo representado. Neste sentido, o mapa serve não para enfeitar, mas para dizer”.
(Participante “2”, 2016).
O mapa é crucial para geografia como diria Matias (1996), podemos dizer que o uso
de mapas transmiti conhecimentos sobre o mundo onde não é uma prerrogativa da sociedade
moderna, ao contrário, pode ser encarada como um dos meios mais tradicionais de
comunicação inter-humana. É por meio de mapas que representamos a realidade, onde,
observou duas etapas principais a que parte da realidade para o mapa, poderíamos considerar
a construção do mapa, e a outra que vai do mapa para realidade siginificando a interpretação
do mapa. E é nesse sentido que o presente manual foi criado para ser manipulado através da
criação de mapas no software Qgis e interpretado por todos que dele possa fazer uso do
material final, seja em sala de aula, ou produção acadêmica desde pesquisa a extensão.
Em suma, “o mapa é, a partir de agora, um objeto de uso coerente, tanto na pesquisa
cientifica quanto no planejamento territorial ou na vida cotidiana. ” (JOLLY, 2004, p.131). É
preciso, portanto, fazer uso adequadamente dos mapas, pois os mesmos representam um
mundo de ideologias cheios de intenções cognitivas. Portanto, “[...] não podemos deixar de
lado o inegável papel dos mapas no processo de conhecimento. Estamos certos de que os
mapas da Geografia são aqueles que, quando os fazemos, estamos fazendo Geografia. ”
(MARTINELLI, 2009, p. 97).
Neste sentido, compreende-se ao longo da prática que no curso de geografia precisa-se
ser introduzido o uso de Geotecnologias ainda na matriz curricular, uma vez que, muitos dos
discentes e até mesmo professores desconhecem de tecnologias e deveriam estes procurar
inovar em suas práticas pedagógicas. Entendemos que o processo de ensino-aprendizagem
ainda se dá por meio do método tradicional onde o aluno estando livre para adquirir
conhecimento por fora não se preocupa ou não costuma interessa-se, e são de certa forma
forçados a adquirir apenas o que tem na matriz curricular, constatamos isso a partir do
segundo dia, onde a maioria dos discentes fizeram pouco caso ou mesmo se sentiram
suficientemente preparados e por tanto, não participaram da continuação do segundo dia.
Denotamos ainda que o descaso com o uso tecnológico no ensino de geografia não foi
detectado apenas na participação do segundo dia, mas do primeiro dia onde de uma turma
com vinte e oito estudantes apenas doze se dispuseram a participar, e a continuação da prática
no segundo momento decaiu para menos de um terço, com apenas três participante, uma vez
que o quarto participante estava auxiliando no primeiro dia e já conhecia o software, porém,
quis aprimorar o que desconhecia no segundo momento (Gráfico 3).
Gráfico 3 – Análise do Recurso tecnológico especifico: Qgis aplicado a discentes do sétimo período.
Elaborado: Eduina Bezerra França, 2016.
As informações denotadas no Gráfico 3 foram adquiridas pelos discentes através do
questionário, onde a maioria disse ter interesse em aprender, no entanto o descaso do segundo
momento mostrou que entre dizer e fazer existe uma ponte que não permite que todos
atravessem. A presença das tecnologias no âmbito educacional é algo premente na evolução
metodológica, analisando a necessidade de formação do educador para lidar com tais
ferramentas que venham a auxiliar o processo educativo.
O desenvolvimento tecnológico auxilia as competências e habilidades do professor, e é
um fator crucial na globalização, uma vez que, se produz equipamentos com alta capacidade
produtiva e com baixo custo operacional, necessitando, portanto, que os professores e alunos
estejam preparados para operar essas tecnologias. Exigindo do professor novas habilidades e
conhecimentos que o habilitem a atuar como facilitador na construção do conhecimento nessa
era tecnológica.
3. Considerações finais
Em suma, salienta-se a extrema pertinência do estudo da Geografia em meio a
Cartografia para a compreensão do espaço, o qual é necessário que educadores e/ou discentes
se aprofundem em questões frente a mesma, a fim de desenvolver novas epistemologias, ao
serem acopladas as experiências, mostrem aos futuros Professores de Geografia, Geógrafos,
Cartógrafos e/ou outros profissionais o pleno conhecimento de tudo que o cercam.
O estudo versa as nuanças associando a relação itinerante da Geografia imbricada a
Cartografia e a geotecnologia como incremento na formação superior, possuindo significância
genérica para conhecer as proposições realizadas e analogias, assim como referências para
novas iniciativas, incitando condições de imaginar linhas de evolução possíveis.
De acordo com as atividades propostas percebe-se como os estudantes estão dispersos
e poucos levam a sério a importância da ciência geográfica e os seus recursos, os alunos
demostraram dificuldade relacionados ao próprio conhecimento sobre Geocartografia e o uso
tecnológico. Sendo, portanto necessário refletir sobre as condições do professor frente a sala
de aula e ao aluno diante do universo acadêmico.
É possível verificar que os alunos participantes conseguiram avançar apesar do curto
espaço-tempo, denotando satisfação e empenho mesmo achando ao software difícil e
complexo e ao mesmo tempo interessante e proveitoso. Essas análises mostram que vale a
pena inovar e buscar melhorias significativas para a Ciência Geográfica, onde é preciso que o
professor mostre ser o primeiro interessado na aquisição de conhecimentos novos, para que
consiga instigar seus alunos, e assim sanar o déficit acoplado ao método tradicional de ensino.
Denotou-se ainda que os alunos enquanto graduandos precisam compreender a
importância do conhecimento geotecnológico no ensino de Geografia, pois a (des)valorização
com o recurso ainda é notória, enquanto muitos pagam para aderir ao curso Qgis, eles podem
adquirir gratuitamente e não aproveitam a oportunidade, fazendo-nos refletir sobre nosso
comportamento diante desse cenário.
Neste sentido, a intenção inicialmente com o uso do manual de um software específico
na Geografia é contribuir com um material que possibilite a associação dos saberes
geográficos e cartográficos sendo expressos na construção da análise por parte dos que estão
fazendo uso do software e que sejam decodificadas posteriormente por quem for fazer uso do
mapa gerado, permitindo que os alunos possam pensar, refletir, ler e entender os diferentes
espaços geográficos e ainda reproduzir esse conhecimento, havendo por tanto, o cuidado em
através desse recurso aproximar os conceitos científicos da prática e vivência.
4. Referências bibliográficas
CASTELLS, Manuel. Sociedade em Rede. 8. ed. V.1. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
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