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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL Leidiane Cândido Pereira USO E CONSERVAÇÃO DE NASCENTES EM ASSENTAMENTOS RURAIS RECIFE, 2012

USO E CONSERVAÇÃO DE NASCENTES EM ASSENTAMENTOS … · conservação das nascentes no seu corpo e no entorno de 50m, através de parâmetros pré-estabelecidos. A avaliação em

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

Leidiane Cândido Pereira

USO E CONSERVAÇÃO DE NASCENTES EM ASSENTAMENTOS

RURAIS

RECIFE, 2012

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LEIDIANE CÂNDIDO PEREIRA

Uso e conservação de nascentes em assentamentos rurais

Orientador - Prof .º Dr. Ricardo Augusto Pessoa Braga

Coorientador – Prof. º Dr. Paulo Frassinete de Araujo Filho

RECIFE

2012

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia Civil, área de concentração

Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos, do Centro

de Tecnologia e Geociências da Universidade Federal

de Pernambuco, como parte dos requisitos para

obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil.

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Catalogação na fonte

Bibliotecária: Rosineide Mesquita Gonçalves Luz / CRB4-1361 (BCTG)

LEIDIANE CÂNDIDO PEREIRA

Uso e conservação de nascentes em assentamentos rurais

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

P436u Pereira, Leidiane Cândido.

Uso e conservação de nascentes em assentamentos rurais /

Leidiane Cândido Pereira. – Recife: O Autor, 2012.

181f., il., figs., gráfs., tabs.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Augusto Pessoa Braga Co-Orientador Prof. Dr. Paulo Frassinete de Araujo Filho.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CTG.

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, 2012. Inclui Referências.

1. Engenharia Civil. 2. Conservação de Nascentes. 3.

Comportamento Hidrológico. 4. Intervenções para Manejo. 5.

Caracterização de Nascentes I. Braga, Ricardo Augusto Pessoa

(Orientador). II. Araujo Filho, Paulo Frassinete de (Co-Orientador).

III. Título.

624 CDD (22.ed) UFPE/BCTG-2012 / 275

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

A comissão examinadora da Defesa de Dissertação de Mestrado

USO E CONSERVAÇÃO DE NASCENTES EM ASSENTAMENTOS RURAIS

defendida por

Leidiane Cândido Pereira

Considera a candidata APROVADA

Recife, 26 de novembro de 2012

Ricardo Augusto Pessoa Braga - UFPE

(orientador interno)

Simone Rosa da Silva - UPE

(examinador externo)

Paulo Tadeu Ribeiro de Gusmão - UFPE

(examinador interno)

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Dedicatória

AGRADECIMENTOS

Dedico este trabalho aos meus pais Lenilson

Cândido e Verônica do Nascimento, por serem as

pessoas mais importantes da minha vida, por me

proporcionaram o suporte necessário para encarar

os desafios que me são propostos e ainda por

saber que poderei contar eles em qualquer

circunstância.

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AGRADECIMENTOS

A Deus primeiramente, por me guiar em todos os meus passos e em

reconhecimento de que sem Ele eu nada poderia ter realizado;

A minha família, meu porto seguro, que em todos os momentos da minha

caminhada estão ao meu lado incentivando e apoiando. Aos meus pais Lenilson

Cândido e Verônica do Nascimento, e irmãos Natália Cândido e Esdras

Cândido, minha profunda gratidão.

Aos meus avós maternos Antônia Jerônimo e Luiz Pedro, pelo carinho, amor e

sábios ensinamentos.

Agradeço aos meus orientadores Ricardo Braga e Paulo Frassinete pelos

grandes ensinamentos, disposição e paciência no decorrer deste trabalho.

Minha gratidão à professora Tereza Dutra e às suas orientandas Eduarda e Talita

Lucena, por formarem comigo uma equipe muito disposta a superar os desafios

durante todo o trabalho de campo. Obrigada por tornarem as atividades de

campo em momentos dos quais guardaremos bons aprendizados e lembranças.

Ao Instituto Federal de Pernambuco, por muito contribuir na logística das

atividades em campo. Aos motoristas- Florêncio, Anderson e Robson, muito

obrigada.

Ao Cnpq pela concessão da bolsa de mestrado. A Sociedade Nordestina de

Ecologia (SNE) por me permitir trabalhar no projeto, Nascentes do Natuba,

financiado pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente – FEHIDRO. e por

disponibilizar a logística necessária para a realização do trabalho.

As colegas de trabalho de campo Raquel, Claudia, Ana katarina por todas as

vezes que formamos um grupo eficiente desempenhando as missões que nos

eram propostas.

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Aos parceleiros do Assentamemento Serra Grande pela receptividade e

colaboração durante a execução das atividades de campo. Ao Sr. Benedito por

ceder espaço para instalação de pluviômetro em sua parcela e coletar

diariamente os dados de chuva.

Ao LSA (Laboratório de Saneamento Ambiental) da UFPE pelos equipamentos

utilizados para análise de qualidade de água.

Minha gratidão aos amigos do GRH, que conviveram comigo durante a

execução deste trabalho me auxiliando quando solicitados. Grata à Leidjane,

Simone, Janaína, Freire, Albert e Valquíria.

Enfim, a todas que de alguma forma contribuíram para realização deste trabalho.

Deus abençoe ricamente a todos.

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Pois o Senhor é quem dá

sabedoria; de sua boca

procedem o conhecimento e o

discernimento. Pv.: 2-6

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USO E CONSERVAÇÃO DE NASCENTES EM ASSENTAMENTOS RURAIS

RESUMO

O presente trabalho buscou conhecer e avaliar o papel desempenhado pelas nascentes

nas atividades dos agricultores assentamento rural Serra Grande, localizado no

município de Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata de Pernambuco. Além disso,

caracterizou a dinâmica hidrológica das nascentes e seu estado de conservação. Para

isso foi realizado de um cadastramento prévio de 101 nascentes, seguida da escolha de

20 delas para caracterização com informações quanto ao tipo, regime de vazão e

estrutura física, avaliando o estado de conservação, caracterizando os usos, realizando o

monitoramento da chuva, da qualidade da água e da vazão, além de acompanhar as

intervenções para manejo das nascentes, realizadas pelo Projeto de Conservação e

Recuperação de Nascentes, desenvolvido pelo Grupo de Recursos Hídricos da UFPE e

pela Sociedade Nordestina de Ecologia. Na pesquisa foi estudado o estado de

conservação das nascentes no seu corpo e no entorno de 50m, através de parâmetros

pré-estabelecidos. A avaliação em seu corpo revelou que 12 delas estão em boas

condições, 08 em situação regular de conservação, e nenhuma classificada como ruim.

Quanto à avaliação no seu entorno, 05 nascentes se encontravam em boas condições, 14

em situação regular, e apenas 01 em estado ruim de conservação. Os principais usos

identificados foram os domésticos, predominantemente para beber e cozinhar em 19

nascentes, sendo 04 delas destinadas também à dessedentação animal e irrigação, 01

para aquicultura e nenhuma destinada ao lazer. Com relação ao monitoramento

pluviométrico, efetuou-se através da coleta diária da precipitação em pluviômetro

instalado em uma das parcelas, contabilizando-se 1.243 mm. O monitoramento da

qualidade da água contemplou parâmetros físico-químicos: turbidez, condutividade

elétrica, pH, temperatura e oxigênio dissolvido; e parâmetros microbiológicos:

coliformes totais e Escherichia coli. As análises buscaram identificar tendências no

comportamento desses parâmetros nos períodos seco e chuvoso. O monitoramento de

vazão foi realizado em 08 nascentes, entre julho de 2011 e julho de 2012, sendo

possível detectar que cinco nascentes apresentaram uma relação mais direta da vazão

com a diminuição das chuvas. Ainda foram acompanhadas as obras de intervenção com

estruturas protetoras em 10 nascentes, e também as ações de recuperação com

reflorestamento. As ações de recuperação foram bem diversificadas, sendo planejadas

de forma a atender a necessidade de cada nascente.

Palavras chaves – caracterização de nascentes, comportamento hidrológico,

conservação de nascentes, manejo de nascentes.

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USE AND CONSERVATION OF SPRINGS IN RURAL SETTLEMENTS

ABSTRACT

The study sought to understand and evaluate the role played by springs farmers in rural

settlement activities Serra Grande, located in Vitória de Santo Antão, in the Zona da

Mata of Pernambuco. In addition, characterized the hydrological dynamics of the

springs and their state of conservation. To this was done in a prior registration of 101

springs, followed by the choice of 20 for characterizing them with information about the

type flow regime and physical structure, assessing the state of conservation

characterizing the uses, performing the monitoring of precipitation, water quality and

flow, and accompany interventions to manage the springs, conducted by Project for

Conservation and Recovery Springs , developed by the Water Resources UFPE and

Northeastern Society of Ecology . In the research was studied the state of conservation

the springs in your body and around 50m, through pre-established parameters. The

evaluation in your body reveals that 12 of them are in good condition, 08 in regular

conservation, and none were classified as bad. Regarding the evaluation in its

surroundings, 05 springs were in good condition, 14 in good standing, and only 01 in

bad state of preservation. The primary uses identified were domestic, mainly for

drinking and cooking on 19 springs, 04 of them are also designed to watering animals

and irrigation, aquaculture and 01 for no intended for leisure. With regard to monitoring

pluviometric, made up by collecting daily of precipitation in pluviometer installed on

one of the parcels, accounting is 1243 mm. The monitoring of water quality included

physicochemical parameters: turbidity, conductivity, pH, temperature and dissolved

oxygen, and microbiological parameters: total coliforms and Escherichia coli. The

analysis sought to identify trends in the behavior of these parameters in the dry and

rainy periods. The flow monitoring was performed in 08 springs, between July 2011 and

July 2012, being possible to detect five springs showed a relationship more direct flow

with decreasing of the rains. Artworks were accompanied intervention with protective

structures in 10 springs, and also recovery actions with reforestation. The recovery

actions were well diversified, being planned to meet the needs of each spring.

Key Words - characterization of springs, hydrological behavior, conservation of springs,

management of springs.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01- Distribuição da água na Terra........................................................................22

Figura 02 - Ciclo hidrológico..........................................................................................24

Figura 03 - Processos de interceptação vegetal na bacia hidrográfica............................26

Figura 04 - Caracterização esquemática das zonas não saturada e saturada no

subsolo..........................................................................................................28

Figura 05 - Escoamentos na bacia- (5a) escoamento hortoniano; (5b) escoamento

subsuperficial................................................................................................30

Figura 06 - Tipos de aqüíferos quanto à porosidade.......................................................34

Figura 07 - Tipos de aqüíferos quanto à pressão.............................................................36

Figura 08 - Representação esquemática do nível de pressão nos aqüíferos....................37

Figura 09 - Mapa da representação esquemática das Províncias e Subprovíncias

Hidrogeológicas do Brasil............................................................................39

Figura 10 - Mapa da representação esquemática dos principais aqüíferos brasileiros....40

Figura 11 - Comprometimento dos serviços ambientais devido ao desmatamento........53

Figura 12 – Captação com drenos cobertos.....................................................................66

Figura 13 - Caixa de proteção de nascentes do tipo trincheiras.......................................67

Figura 14 - Proteção de nascentes modelo Caxambu......................................................68

Figura 15 - Posicionamento da bacia do Natuba, nos municípios de Pombos e Vitória de

Santo Antão - PE..........................................................................................73

Figura 16 - Bacia do Rio Natuba dividida em baixo, médio e alto Natuba.....................75

Figura 17 - Mapa de localização da bacia do rio Natuba, na perspectiva da bacia do

Tapacurá.......................................................................................................75

Figura 18 - Precipitação média da série histórica no Engenho Serra Grande, posto da

SUDENE.......................................................................................................76

Figura 19 - Mapa da distribuição dos solos da bacia do rio Natuba, Zona da Mata de

Pernambuco..................................................................................................77

Figura 20 - Mapa de vegetação densa da bacia do rio Natuba de 2007.........................79

Figura 21 - Mapa do Uso da terra da sub-bacia do rio Natuba, Zona da Mata Centro do

estado de Pernambuco..................................................................................79

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Figura 22 - Modelo Digital de Elevação do terreno da sub-bacia do rio Natuba............80

Figura 23 - Complexos geológicos da sub-bacia do rio Natuba......................................81

Figura 24 - Planta do assentamento Serra Grande, dividido em 100 parcelas e áreas de

Reserva Legal...............................................................................................82

Figuras 25, 26, 27, 28 - Plantio de culturas de ciclo curto: coentro feijão e milho; e

culturas de ciclo longo: macaxeira no assentamento Serra Grande..............84

Figura 29 - Planta do Assentamento Serra Grande, com o cadastro de ocorrência,

abundância e densidade das nascentes nas parcelas. ...................................85

Figura 30 - Aferição do OD da água, com o uso do multiparâmetro na nascente

N.03..............................................................................................................96

Figura 31 - Coleta de água, para análise bacteriológica, na nascente N.61.....................96

Figura 32 - Pluviômetro Ville de Paris instalado no assentamento Serra Grande para

monitoramento das chuvas...........................................................................97

Figura 33 - Medição de vazão através do método direto utilizando-se um recipiente de

3L milimetrado, na nascente N.73................................................................98

Figura 34 - Medição da vazão utilizando-se o método da intervenção com calhas na

nascente N.19. ..............................................................................................99

Figura 35 - Nascente N.03, caracterizada quanto ao seu tipo como nascente de

encosta........................................................................................................104

Figura 36 - Nascente N.61, caracterizada quanto ao seu tipo como nascente de

depressão.....................................................................................................104

Figura 37 – Nascentes que tiveram o seu estado de conservação avaliados.................107

Figura 38- Nascentes que tiveram o seu estado de conservação avaliados...................108

Figura 39 - Avaliação dos parâmetros do estado de conservação no corpo das nascentes

do Assentamento Serra Grande – PE..........................................................110

Figura 40- Avaliação dos parâmetros do estado de conservação no entorno das

nascentes do Assentamento Serra Grande – PE.........................................114

Figura 41 - Área de recarga da nascente N.19...............................................................118

Figura 42 - Área de entorno da nascente N.29..............................................................118

Figura 43 - Gráfico com as diversas formas de usos domésticos das nascentes...........119

Figura 44 - Nascente 19 que não é utilizada para os usos domésticos, embora possua

vazão suficiente, devido seu o difícil acesso..............................................121

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Figura 45 - Gráfico do uso das nascentes para a dessedentação animal........................122

Figura 46 - Gráfico com usos para irrigação com água das nascentes..........................123

Figura 47 - Sistema de irrigação de hortaliças por microaspersão com uso da água

acumulada da nascente N.04...................................................................123

Figura 48 - Gráfico das medições de turbidez (uT) da água das nascentes, no período

seco e chuvoso............................................................................................127

Figura 49 - Gráfico das medições de pH da água das nascentes no período seco e

chuvoso.......................................................................................................129

Figura 50 - Gráfico das medições de OD da água das nascentes no período seco e

chuvoso.......................................................................................................131

Figura 51 - Gráfico da condutividade elétrica da água das nascentes nos períodos seco e

chuvoso.......................................................................................................132

Figura 52 - Gráfico da temperatura da água das nascentes nos períodos seco e

chuvoso.......................................................................................................133

Figura 53 - Nascente N.81, sombreada por árvores no seu entorno com uma estrutura de

barro, fôrma, como proteção lateral............................................................134

Figura 54 - Monitoramento da presença de coliformes totais das nascentes nos períodos

seco e chuvoso............................................................................................135

Figura 55 - Monitoramento da presença de coliformes termotolerantes nos períodos seco

e chuvoso....................................................................................................136

Figura 56 - Precipitação diária e acumulada no Assentamento Serra Grande..............139

Figura 57 - Precipitação mensal do Assentamento Serra Grande..................................139

Figura 58 - Comportamento hidrológico da nascente N.03...........................................140

Figura 59 - Comportamento hidrológico da nascente N.19...........................................141

Figura 60 - Comportamento hidrológico da nascente N.71...........................................141

Figura 61 - Comportamento hidrológico da nascente N.72...........................................142

Figura 62 - Comportamento hidrológico da nascente N.73...........................................142

Figura 63 - Comportamento hidrológico da nascente N.76...........................................143

Figura 64 - Comportamento hidrológico da nascente N.4.............................................144

Figura 65 - Vazão média no período seco e chuvoso nas nascentes do assentamento

Serra Grande...............................................................................................147

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Figura 66 - Nascente (N.71) antes do processo de intervenção, com apenas proteção

lateral com muros de alvenaria...................................................................148

Figura 67 – Nascente (N.71) depois da intervenção apresentando tampa de concreto e

aterro no seu entorno..................................................................................148

Figura 68 - Nascente (N.76) antes da intervenção física. A mesma possuía tampa de aço

estrutura lateral de alvenaria.......................................................................149

Figura 69 - Nascente (N.76) depois da intervenção, apresentando tampa de

concreto.......................................................................................................149

Figura 70 - Nascente (N.29) antes da intervenção apresentando apenas proteção lateral

através do muro de alvenaria......................................................................149

Figura 71 - Nascente (N.29) depois da intervenção, apresentando muros de proteção

laterais recuperados e tampa superior de concreto e borda do anel

elevada........................................................................................................149

Figura 72 - Nascente (N.61) antes da intervenção apresentando estrutura lateral de

proteção e tampa de metal comprometidas.................................................150

Figura 73 - Nascente (N.61) depois da intervenção com recuperação do muro de

alvenaria, tampa de concreto, e aterro lateral e na seta local para coleta da

água.............................................................................................................150

Figura 74 - Nascente (N.41) em fase de intervenção, ainda apresentando tampa

inadequada..................................................................................................150

Figura 75 - Nascente (N.41) depois da recuperação com a tampa de concreto à sua

direita e estrutura de proteção lateral recuperada.......................................150

Figura 76 - Nascente (N.60) antes da intervenção com estrutura de alvenaria

lateral..........................................................................................................151

Figura 77 - Nascente (N.60) depois da intervenção apresentando alvenaria lateral com

altura ideal, tampa de concreto e local para retirada d’água à jusante da

nascente.......................................................................................................151

Figura 78 - Local planejado para a coleta d’água das nascentes com registro..............151

Figura 79 - Nascente (N.22) antes da intervenção sem qualquer tipo de proteção.......152

Figura 80 - Nascente (N.22) após a intervenção, com implantação de anéis e tampa de

concreto, aterro no seu entorno para evitar fuga lateral da água e tubulação

de retirada de água......................................................................................152

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Figura 81 - Nascente (N.72) antes de passar por intervenção com estruturas lateral e

superior comprometidas, fuga lateral de água e a coleta era feita por meio de

uma caneca diretamente na nascente..........................................................153

Figura 82 - Nascente (N.72) depois de passar por intervenção, apresentando recuperação

da sua estrutura lateral de proteção, tampa de concreto e uma caixa d’água

para acúmulo da água para uso onde fica a tubulação com registro para a

retirada de água.........................................................................................153

Figura 83 - Caixa d’água abastecida pela nascente N.72..............................................153

Figura 84 - Nascente (N.81) antes da intervenção com uma estrutura de barro (fôrma)

como proteção lateral..................................................................................154

Figura 85 - Nascente (N.81) depois da intervenção, apresentando anéis e tampa de

concreto e aterro do seu entorno...............................................................154

Figura 86 - Área de entorno da nascente N.71 com plantio de mudas para o

reflorestamento........................................................................................155

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Disponibilidade de água superficial e subterrânea no Brasil, considerando-

se apenas a produção hídrica em território nacional IBGE

(2003)............................................................................................................23

Tabela 02 - Quantidade de água necessária durante um ano ou ciclo da cultura............53

Tabela 03- Cadastramento das nascentes do Assentamento Serra Grande – PE, com

coordenadas geográficas, nome do titular, número da parcela e número de

nascentes em cada parcela.........................................................................100

Tabela 04 - Caracterização das nascentes escolhidas quanto ao seu tipo, o seu regime de

vazão e a sua estrutura física de proteção...................................................105

Tabela 05 - Ficha com resultado da avaliação do estado de conservação no corpo das

nascentes, por cada parâmetro observado em campo.................................109

Tabela 06 - Ficha com resultado da avaliação do estado de conservação no entorno das

nascentes, por cada parâmetro observado em campo.................................113

Tabela 07 - Resultado do monitoramento da qualidade da água das nascentes, no

período seco (novembro e fevereiro de 2011) e chuvoso (maio e Junho de

2012) dos seguintes parâmetros físico-químicos: turbidez, temperatura,

condutividade elétrica, pH e OD................................................................126

Tabela 08 - Vazões média, máxima e mínima em nascentes do assentamento Serra

Grande.........................................................................................................144

Tabela 09 - Classificação das fontes segundo sua vazão...............................................145

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Parâmetros para análise do estado de conservação no corpo da

nascente.......................................................................................................91

Quadro 2 - Parâmetros de análise de conservação no entorno da nascente....................92

Quadro 3 - Classificação do estado de conservação das nascentes.................................93

Quadro 4 - Ficha de avaliação de estado de conservação das nascentes e no seu entorno

das nascentes do Assentamento Serra Grande-PE........................................93

Quadro 5 - Ficha de levantamento das formas de uso da água das nascentes do

Assentamento Serra Grande- PE.................................................................94

Quadro 6 - Ficha com os parâmetros de monitoramento da qualidade da água das

nascentes do Assentamento Serra Grande-PE.............................................95

Quadro 07 - Resultado do levantamento formas de uso da água das nascentes do

Assentamento Serra Grande – PE...............................................................120

Quadro 08 - Medições de vazão da Nascente N.29.......................................................145

Quadro 09 - Lista de espécies utilizadas para reflorestamento.....................................156

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LISTA DE SIGLAS

ABAS – Agência Brasileira de Águas Subterrâneas

ANA – Agência Nacional de Águas

APAC – Agência Pernambucana de Águas e Clima

CPRM – Companhia de Pesquisas e Recursos Minerais

CPTEC – Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos

IBAMA- Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IGM – Instituto Geológico Mineiro

INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

MC - Ministério das Cidades

MMA - Ministério do Meio Ambiente

ONU – Organização das nações Unidas

SMA – Secretaria de Meio Ambiente

SNE – Sociedade Nordestina de Ecologia

SRH – Secretaria de Recursos Hídricos

SUDENE – Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste

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SUMÁRIO

1.0 INTRODUÇÃO.................................................................................................17

1.1 Objetivos da pesquisa..............................................................................21

2.0 REVISÃO DA LITERATURA.........................................................................22

2.1 Processos hidrológicos..................................................................................22

2.1.1 O ciclo da água.............................................................................24

2.1.2 Processo de precipitação..............................................................24

2.1.3 Processo de interceptação.............................................................26

2.1.4 Processo de infiltração.................................................................27

2.1.5 Processo de escoamento superficial e subterrâneo.......................29

2.1.6 Processo de evapotranspiração.....................................................30

2.1.7 O balanço hídrico.........................................................................31

2.2 Processos hidrogeológicos............................................................................32

2.2.1 Origens das águas subterrâneas....................................................33

2.2.2 Tipos de aquíferos quanto à porosidade......................................34

2.2.3 Tipos de aqüíferos quanto à pressão (da água)............................35

2.2.4 Recarga de aquíferos...................................................................37

2.2.5 Ocorrência das formações hidrogeológicas no Brasil.................38

2.3 Nascentes de água..........................................................................................42

2.3.1 Hidrologia de nascentes...............................................................44

2.3.2 Manejo de microbacias hidrográficas e a manutenção das

nascentes..................................................................................................45

2.4 Usos e conservação de nascentes..................................................................45

2.4.1 A disposição do lixo em áreas (de entorno) de

nascentes......................................................................................47

2.4.2 Processos erosivos em áreas (de entorno) de

nascentes......................................................................................48

2.4.3 A atividade pecuária e áreas de pastagens no entorno de

nascentes......................................................................................49

2.4.4 Uso de agrotóxicos na agricultura no entorno de

nascentes......................................................................................50

2.4.5 Práticas de desmatamento e queimadas em áreas de

nascentes......................................................................................52

2.5 Monitoramento da qualidade e quantidade da água de nascentes.................54

2.5.1 Monitoramento da qualidade da água em nascentes....................55

2.5.2 Monitoramento da vazão das nascentes.......................................58

2.6 Recuperação de nascentes..............................................................................59

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2.6.1 Métodos de recuperação de mata ciliar.......................................61

2.6.2 Construção de estruturas protetoras de nascente..........................65

2.7 Inserção das águas das nascentes na política de abastecimento rural............68

3.0 ÁREA DE ESTUDO..........................................................................................73

3.1 A bacia do Natuba..........................................................................................73

3.1.1 Clima............................................................................................76

3.1.2 Solos.............................................................................................77

3.1.3 Cobertura vegetal e usos do solo.................................................78

3.1.4 Relevo...........................................................................................80

3.1.5 Geologia.......................................................................................80

3.2 Assentamento Serra Grande...........................................................................81

3.3 Uso do solo local............................................................................................82

4.0 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS....................................................84

4.1 Cadastramento das nascentes.........................................................................84

4.2 Escolha das nascentes a serem estudadas......................................................84

4.3 Estado de conservação das nascentes...........................................................86

4.4 Caracterização de uso das nascentes..............................................................93

4.5 Monitoramento da qualidade da água............................................................94

4.6 Monitoramento de chuva..............................................................................96

4.7 Monitoramento da vazão das nascentes.........................................................97

4.8 Acompanhamento das intervenções para manejo.........................................99

5.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................100

5.1 Cadastramento de nascentes........................................................................103

5.2 Caracterização das nascentes escolhidas.....................................................104

5.3 Avaliação do estado de conservação das nascentes.....................................106

5.3.1 Resultado da avaliação do estado de conservação no corpo das

nascentes....................................................................................109

5.3.2 Resultado da avaliação do estado de conservação no entorno das

nascentes....................................................................................113

5.4 Caracterização de uso das nascentes............................................................118

5.5 Monitoramento da qualidade da água..........................................................124

5.5.1 Turbidez das nascentes nos períodos seco e chuvoso................127

5.5.2 pH das nascentes nos períodos seco e chuvoso..........................129

5.5.3 Oxigênio dissolvido nas nascentes em períodos seco e

chuvoso......................................................................................130

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5.5.4 Condutividade elétrica das nascentes nos períodos seco e

chuvoso......................................................................................131

5.5.5 Temperatura nas nascentes em período seco e chuvoso............133

5.5.6 Coliformes totais e E.coli das nascentes nos períodos seco e

chuvoso......................................................................................134

5.6 Monitoramento de chuva.............................................................................138

5.7 Monitoramento de vazão das nascentes.......................................................140

5.8 Acompanhamento das intervenções para manejo........................................147

6.0 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES......................................................158

7.0 REFERÊNCIAS...............................................................................................161

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1.0 Introdução

A água, recurso imprescindível à vida, encontra-se dentro de um cenário de

degradação e indícios de escassez já em algumas regiões do mundo. Embora o Brasil

tenha abundante disponibilidade de água, esta se apresenta distribuída de forma

irregular, como se evidencia nos dados para bacia amazônica, com escoamento

superficial na ordem de 34,2 l/s/km² e na região semiárida, no nordeste brasileiro, com

2,81 l/s/km² (MMA, 2000).

O gerenciamento dos recursos hídricos pode ser traduzido como sendo um

instrumento que orienta o poder público e a sociedade, em longo prazo, na utilização e

monitoramento dos recursos ambientais naturais, econômicos e socioculturais, na área

de abrangência de uma bacia hidrográfica, de forma a promover o desenvolvimento

sustentável (LANNA, 1995). A Lei Nº 9.433 de 8 de janeiro de 1997 vem contemplar a

importância da bacia hidrográfica, em seu principio primeiro: a adoção da bacia

hidrográfica como unidade de planejamento, tendo como limites da bacia o perímetro da

área a ser planejada.

Para Braga (2011) na gestão dos recursos hídricos é primordial reconhecer que

esta não se fará sem considerar os diferentes atores envolvidos (governos, setor

empresarial e sociedade civil organizada), sem uma política ambiental e de recursos

hídricos clara e sem uma base de informações sólida e disponível.

Paralelo ao crescente cenário de degradação, as demandas múltiplas da água

também tem aumentado. Com isso, a água subterrânea vem assumindo importância cada

vez mais relevante como fonte de abastecimento, devido a uma série de fatores que

restringem a utilização das águas superficiais, como sua escassez ou poluição

(VIVACQUA, 2005). Segundo o IBGE (2000), cerca de 60% do abastecimento de água

se dá por meio de poços (públicos ou particulares) ou de nascentes na propriedade. A

extração desordenada desse recurso, portanto, poderá afetar entre outros processos, o

escoamento básico dos rios, a descarga das fontes ou nascentes, os níveis de açudes,

lagoas e pantanais.

A conservação dos recursos hídricos, em termos da hidrologia das microbacias,

da quantidade e da qualidade da água e do ecossistema aquático, depende do manejo

dos ecossistemas (VILAR et al., 2009). Ainda segundo o autor, o manejo da terra, como

o preparo do solo, plantio, adubação e colheita, podem afetar negativamente as

propriedades hidrológicas dos solos, os quais, em médio e longo prazo, podem

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contribuir para a degradação das microbacias hidrográficas, afetando diretamente a

qualidade e quantidade dos recursos hídricos, prejudicando os usuários ou consumidores

de água. Além disso, outras atividades antrópicas como o desmatamento, queimadas,

atividades pecuárias e áreas de pastagens no entorno de nascentes, bem como em suas

áreas de recarga, contribuem significativamente para a degradação quali e quantitativa

dos recursos hídricos.

A Resolução 303 do Conama (2002) define nascente como sendo o local onde a

água aflora naturalmente do solo, mesmo que de forma intermitente. A quantidade e a

qualidade de água das nascentes de uma bacia hidrográfica podem ser alteradas por

diversos fatores, que estão aliados ao uso inadequado deste valioso recurso. Sendo

assim, o estudo das condições de conservação das nascentes, bem como o diagnóstico

de seus usos múltiplos, o monitoramento da qualidade e quantidade de água, ofertam

condições para que ações planejadas de uso sustentável possam ser elaboradas e

implantadas dentro de uma bacia hidrográfica.

Além da importância da quantidade de água produzida pela nascente, é bom

ressaltar que é desejável a perenidade de vazão com uma boa distribuição ao longo do

tempo. A perenidade de água de uma nascente é o resultado da manutenção do nível de

água do lençol freático da sua área de recarga e sua qualidade será o resultado das ações

que se realizam no solo dessa área, assim como das propriedades do próprio solo

(PINTO, 2003).

A avaliação de disponibilidades hídricas de pequenas bacias é condição

necessária para o estudo de pequenos aproveitamentos de recursos hídricos, preservação

ambiental e emissão de outorga de uso dos recursos hídricos (SILVEIRA & TUCCI,

1998). O monitoramento da vazão de nascentes, portanto, é de grande importância para

o melhor gerenciamento e aproveitamento das disponibilidades hídricas numa

microbacia, uma vez que diversos fatores podem intervir nesta disponibilidade.

Quanto à qualidade, Calheiros et al (2004) afirma que se deve atentar para que,

além da contaminação com produtos químicos, a poluição da água resultante de toda e

qualquer ação que acarrete aumento de partículas minerais no solo, da matéria orgânica

e dos coliformes pode comprometer a saúde dos usuários – homem ou animais

domésticos.

Pinto (2003) afirma que para melhor conservar as nascentes é preciso estar

atento a sua tipologia, à legislação que rege sua proteção, ao papel das florestas na sua

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infiltração e a conservação da água subterrânea, além de reconhecer quais os principais

usos da terra que, a curto e longo prazo, são causadores da degradação das mesmas.

Uma das medidas para conservação das nascentes é a preservação de sua mata

ciliar, porque de acordo com Lima (1986), a manutenção da vegetação em torno das

nascentes é muito importante, pois a cobertura florestal influi positivamente na

hidrologia do solo, melhorando os processos de infiltração, percolação e

armazenamento de água no lençol freático, diminuindo a perda de água, bem como o

processo de escoamento superficial e, consequentemente, os processos erosivos.

No propósito de conservação de alguns desses mananciais, medidas de

recuperação como reflorestamento da mata ciliar, bem como o replantio com espécies

apropriadas de suas áreas de recarga, são medidas de intervenção que podem culminar

em resultados positivos para conservação desses recursos hídricos.

A exigência legal, por si só, já seria uma justificativa extremamente plausível

para uma infinidade de estudos que visassem compreender e proteger as nascentes.

Porém, o que se vê na realidade é um desrespeito à legislação ambiental brasileira, que

se reflete na degradação das nascentes. Além do não cumprimento do raio mínimo de

preservação, a bacia hidrográfica contribuinte é ignorada. Sendo assim é importante

avaliar e caracterizar o estado de degradação desses ambientes que são de vital

importância, e consequentemente, mitigar ou mesmo recuperar alguns danos já sofridos.

Segundo Braga (2011), as nascentes no meio rural desempenham essencial papel

no atendimento às demandas de água das populações rurais difusas, que não teriam

condições de receber o abastecimento de água pelo sistema convencional público, em

função das grandes distâncias dos centros de captação e tratamento das águas e em

decorrência da dispersão espacial dos pontos de demanda.

Especificamente nas regiões de assentamentos rurais, as nascentes tem papel

fundamental, seja no abastecimento doméstico, nas atividades de produção de

alimentos, plantio de culturas diferenciadas, e na produção de leite. Quando seus usos

não se dão de forma adequada, as águas ficam vulneráveis às influências, em sua

qualidade e quantidade.

Inserida na necessidade de uso adequado e conservacionista de suas nascentes,

encontra-se a bacia do rio Natuba, onde existem assentamentos com produção agrícola

familiar. O Rio Natuba por sua vez constitui-se no principal afluente da margem direita

do rio Tapacurá, que é estratégico manancial hídrico para a Região Metropolitana do

Recife, em Pernambuco.

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Diante das demandas que são crescentes, as nascentes destacam-se por sua

extrema importância, disponibilizando água com certa garantia de qualidade e

quantidade para os mais diversos usos. Portanto, práticas econômicas, em especial a

agricultura, como também as de subsistência, estabelecem o elo direto dos assentados

com este espaço. Em consequência, é de extrema significância que haja estudos que

subsidiem o uso adequado desses mananciais.

Inserido nesse contexto, o presente trabalho visa contribuir com dados e

informações que possam subsidiar a criação de políticas públicas e a gestão dos recursos

hídricos para a sub-bacia hidrográfica do Rio Natuba.

Devido ao uso preponderante das nascentes do assentamento Serra Grande, que

é a dessedentação humana, o trabalho monitorou a qualidade da água em nascentes da

referida sub- bacia nos período chuvoso e de estiagem e também avaliou a

disponibilidade desse recurso através do monitoramento da vazão durante o período de

um ano.

Sabendo-se da importância desse recurso hídrico para o pleno desenvolvimento

das atividades econômicas e sociais do assentamento estudado, foi realizada uma

avaliação do estado de conservação das nascentes, através de parâmetros que

identificassem os principais problemas enfrentados pelas nascentes e que são inerentes à

utilização inadequada das mesmas.

Acompanhou-se ainda intervenções físicas objetivando a recuperação de

nascentes, executadas pelo projeto Gestão Integrada de Microbacias do Rio Natuba.

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1.2 Objetivos

Mediante a grande relevância das nascentes que constituem a sub-bacia do Rio

Natuba, este estudo se propôs a alcançar os seguintes objetivos:

1.2.1 Objetivo geral:

Diagnosticar e avaliar o papel desempenhado pelas nascentes em assentamentos

rural na bacia do rio Natuba, na perspectiva da sustentabilidade de uso nas atividades

domésticas, produtivas e da conservação ambiental.

1.2.2 Objetivos específicos:

- Identificar e caracterizar as nascentes do assentamento rural Serra Grande situado na

bacia do rio Natuba

- Caracterizar seus usos e condições de conservação

- Caracterizar a qualidade da água e o regime de vazão de nascentes selecionadas

- Avaliar o desempenho das nascentes selecionadas, as possíveis formas de manejo

adequado e a contribuição das mesmas para a sustentabilidade ambiental do

assentamento rural.

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2.0 Revisão bibliográfica

O tópico que se segue compreende a revisão de conceitos e pesquisas realizadas,

procedimentos considerados relevantes para a contextualização do tema da Dissertação.

2.1 Processos hidrológicos

A água é indiscutivelmente o recurso natural mais importante da terra, porque torna

possível existência da vida. A água é de fundamental importância, porque além de

possuir funções vitais, torna possível a realização de diversas atividades como:

produção de energia, lazer, irrigação, navegação, desenvolvimento industrial e

econômico.

Segundo o MMA/SRH (2007), do volume total de água do planeta 97,5% é salgada,

compondo os mares e oceanos, e apenas 2,5% é doce. Porém, da água doce existente na

Terra, 68,9% formam as calotas polares, geleiras e neves permanentes (que cobrem os

cumes das montanhas), 0,9% corresponde à umidade do solo e pântanos, 0,3% aos rios

e lagos, e os 29,9% restantes são águas subterrâneas, conforme pode ser observado na

Figura 01.

Figura 01- Distribuição da água na Terra

Fonte: MMA/SRH, 2007.

De toda a água doce líquida, 96% é subterrânea e 4% é superficial. Sendo assim, as

águas subterrâneas são as responsáveis pela garantia da sobrevivência de parte

significativa da população mundial. Países como Arábia Saudita, Dinamarca e Malta

utilizam exclusivamente dessas águas para todo o abastecimento humano.

Semelhantemente na Áustria, Alemanha, Bélgica, França, Hungria, Itália, Holanda,

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Marrocos, Rússia e Suíça, mais de 70% da demanda por água é atendida por manancial

hídrico subterrâneo (CPRM, 1997).

Em função da crescente demanda por águas subterrâneas, ocorre uma exploração

cada vez maior desse recurso, que tem sua disponibilidade variada no espaço. Em

alguns estados do Brasil, essa disponibilidade é considerada crítica, como pode ser

verificada na Tabela 01. Observa-se que a situação mais crítica ocorre em Pernambuco,

com uma disponibilidade hídrica menor do que 1500 m3/hab/ano (BORGHETTI, et al.,

2004). Um fator que contribui para intensa utilização das águas subterrâneas ou sub-

superficiais é o fato de que estão mais protegidas de alterações na sua qualidade do que

as águas superficiais, não sendo necessário investir em tratamento especial. Sendo

assim, essa grande extração de água, em volume maior do que é naturalmente

disponibilizado, pode provocar a redução da quantidade de água que abastece os rios, a

seca de nascentes, o esgotamento dos reservatórios, entre tantos outros impactos

negativos.

Tabela 1 – Disponibilidade de água superficial e subterrânea no Brasil, considerando-se apenas a

produção hídrica em território nacional IBGE (2003).

Fonte: Borghetti et al., 2004

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2.1.1 O ciclo da água

O ciclo hidrológico é o movimento da água contida nos oceanos, continentes

(superfície, solo e rochas) e atmosfera, como mostra a Figura 02. Essa movimentação é

regida pela energia proveniente do sol, pela ação da gravidade e pela força dos ventos,

que transportam vapor d’água para os continentes. Os principais processos que integram

o ciclo da água são: precipitação, evaporação, transpiração, interceptação, infiltração,

percolação, escoamento superficial e subterrâneo.

Figura 02 - Ciclo hidrológico

Fonte: MMA/SRH, 2007.

Conforme Tucci & Clarke (1997) os processos hidrológicos na bacia

hidrográfica possuem duas direções predominantes de fluxo: vertical e longitudinal. O

vertical é representado pelos processos de precipitação, evaporação, transpiração,

infiltração e percolação, enquanto que o longitudinal pelo escoamento na direção dos

gradientes da superfície (escoamento superficial no solo e nos rios) e do subsolo

(escoamento subterrâneo).

2.1.2 Processo de precipitação

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A precipitação é, em geral, o principal fenômeno responsável pelo processo de

recarga subterrânea ou subsuperficial, garantindo a disponibilidade de água que fica

armazenada no solo e é liberada gradativamente.

Segundo Tucci (2007), a precipitação ocorre quando complexos fenômenos de

aglutinação e crescimento das microgotículas, com umidade e núcleos de condensação,

formam grande quantidade de gotas com tamanho e peso suficientes para que a

gravidade supere a turbulência normal ou movimentos ascendentes do meio

atmosférico. O autor ainda afirma que a disponibilidade de água precipitada numa bacia

durante o ano é o fator determinante para quantificar, entre outros, a necessidade de

irrigação e a possibilidade de atender às demandas para o abastecimento de água

doméstico e industrial.

A medida da precipitação pode ser entendida como a altura da lâmina d’água,

em dada superfície plana, durante um espaço de tempo e numa certa localidade, como se

nenhuma perda ocorresse. Conforme Braga (2011) pluviometria é a medição da

quantidade de chuva que cai em um (1m2) em determinado espaço de tempo, sendo esta

medida o índice pluviométrico do local de instalação do equipamento.

Dentre as formas de precipitação como o granizo, a neve e o orvalho, a chuva é

o tipo mais importante para a hidrologia, devido à sua capacidade de produzir

escoamento. Existem várias formas de medir a precipitação. A mais comum é a

utilização de pluviômetros e pluviógrafos. Santos et al. (2001) afirmam que podem ser

feitas medidas de precipitação através de radares meteorológicos ou imagens de satélite,

mas erros associados a esses métodos, quando se deseja quantificação exata, ainda são

relativamente grandes .

O pluviômetro é o aparelho utilizado para medição do índice pluviométrico,

dotado de um reservatório para armazenar a água recolhida, sendo necessária a

contribuição humana para registro periódico da pluviosidade, com auxílio de uma

proveta. Existem muitos tipos de pluviômetro, desde os sofisticados, como o Ville de

Paris, até modelos mais simples que são facilmente confeccionados, principalmente

com fins didáticos.

Já os pluviógrafos são aparelhos capazes de registrar continuamente de forma

analógica ou digital a precipitação local, não sendo necessária a presença humana para

registro dos dados. Segundo Santos et al. (2001) são usados quando se pretende medir

chuvas em pequenos intervalos de tempo.

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2.1.3 Processo de interceptação

Parte da água proveniente da precipitação pode ser interceptada pela cobertura

vegetal, antes de atingir a superfície do solo e, segundo Barreto (2006), pode interferir

diretamente na quantidade de fluido que atinge a zona não-saturada do solo.

A cobertura vegetal pode influenciar significativamente nos volumes de água

que atingirão a superfície do solo. A parcela inicial da precipitação é retida pela

vegetação; quanto maior for a área folear, maior será a interceptação da água durante a

precipitação. Esse volume retido é evaporado assim que houver capacidade real de

evaporação. E quando esse volume, retido pelas plantas, sofrer o processo de

evaporação, as plantas passam a perder umidade para o ambiente através de um outro

processo que é a transpiração, conforme demonstra a Figura 03.

Estudos como os de Soares e Almeida (2001) em áreas cultivadas por eucaliptos,

entre os períodos de outubro 1995 e setembro de 2006 a interceptação foi quantificada

em 11% da precipitação. Interceptação esta que é mais notável nos períodos de

estiagem, onde a intensidade das chuvas é menor.

Figura 03 - Processos de interceptação vegetal na bacia.

Fonte: Bruijnzeel, 1990.

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2.1.4 Processo de infiltração

Iniciado o processo de precipitação, parte das águas que atinge a superfície do

solo se infiltra e outra parte pode percolar no interior do subsolo, durante períodos de

tempo extremamente variáveis, sendo influenciados por muitos fatores, entre eles: a

porosidade do subsolo, a cobertura vegetal, a inclinação do terreno e o tipo de chuva.

Quando há presença de argila no solo sua permeabilidade é diminuída, e por

conseqüência não acontece facilmente a infiltração da água. Conforme Tucci (2002) um

solo argiloso pode ter uma alta capacidade de infiltração quando estiver seco, no

entanto, após receber umidade pode se tornar quase que impermeável.

Já um solo com cobertura vegetal é mais permeável do que um solo desmatado. E em

declividades acentuadas a água escoa mais rapidamente, diminuindo assim

possibilidade de infiltração. Normalmente a capacidade de infiltração de solos com

floresta são altos (PRITCHETT, 1979) o que produz pequena quantidade de escoamento

superficial. Para solos com superfície descoberta que sofre a ação de compactação, a

capacidade de infiltração pode diminuir dramaticamente, e em consequência gerar um

escoamento superficial maior. Tucci (1997) exemplifica que estradas, caminhos

percorridos pelo gado sofrem forte compactação que reduzem a capacidade de

infiltração, enquanto o uso de maquinário agrícola para revolver o solo durante o plantio

pode aumentar a infiltração.

De acordo com Borghetti et al. (2004) chuvas intensas saturam rapidamente o

solo, ao passo que chuvas finas e demoradas demandam um tempo maior para se

infiltrarem. Durante o processo de infiltração, uma parcela da água sob a ação da força

de adesão ou de capilaridade fica retida nas regiões mais próximas da superfície do solo,

constituindo a zona não saturada. Outra parcela, sob a ação da gravidade, atinge as

zonas mais profundas do subsolo, constituindo a zona saturada (Figura 04).

Zona não saturada, também conhecida como zona de aeração ou vadosa, é a

parte do solo que fica parcialmente preenchida por água. Borghetti et al. (2004) afirmam

que nesta zona pequenas quantidades de água distribuem-se uniformemente, sendo que

as suas moléculas aderem às superfícies dos grãos do solo. É nesta zona onde ocorre o

fenômeno da transpiração pelas raízes das plantas, de filtração e de autodepuração da

água. Dentro desta, encontra-se a zona de umidade do solo, que é a parte mais

superficial, onde a perda de água de adesão para a atmosfera é intensa.

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Figura 04 - Caracterização esquemática das zonas não saturada e saturada no subsolo

Fonte: Borghetti et al. (2004).

Faz parte também desta camada não saturada a zona intermediária, que é o

trecho localizado entre a zona de umidade do solo e da franja capilar, com umidade

menor do que nesta última e maior do que a da zona superficial do solo. Ela poderá não

existir em áreas onde o nível freático está próximo à superfície, pois a franja capilar

atinge a superfície do solo. São em brejos e alagadiços, onde há uma intensa evaporação

da água subterrânea. Ainda segundo Borghetti et al. (2004), a franja de capilaridade é a

região mais próxima ao nível d'água do lençol freático, e portanto, é mais úmida, por

estar mais próxima da zona saturada.

Na zona saturada, localizada abaixo da zona não saturada, os poros ou fraturas

da rocha estão totalmente preenchidos por água. Segundo relatos de Borghetti et al.

(2004) as águas atingem esta zona por gravidade, através dos poros ou fraturas até

alcançar uma profundidade limite, onde as rochas estão tão saturadas que a água não

pode penetrar mais. Para que haja infiltração até a zona saturada, é necessário primeiro

satisfazer às necessidades da força de adesão na zona não saturada. Nesta zona, a água

corresponde ao excedente da zona não saturada que se move em velocidade muito lenta,

formando o manancial subterrâneo propriamente dito. Uma parcela dessa água irá

emergir na superfície dos terrenos, formando as fontes, olhos de água ou nascentes. A

outra parcela desse fluxo subterrâneo forma o caudal basal que deságua nos rios,

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perenizando-os durante os períodos de estiagem (PEIXOTO e OORT, 1999), ou

deságua diretamente nos lagos e oceanos.

O nível freático é a região compreendida entre a zona saturada e a zona de

aeração, ou seja, este nível corresponde ao topo da zona saturada. Ainda segundo

Borghetti et al. (2004), depende das características climáticas da região ou do volume

de precipitação e escoamento da água. Esse nível pode permanecer constantemente a

grandes profundidades, ou se aproximar da superfície horizontal do terreno, originando

as zonas encharcadas ou pantanosas, ou convertendo-se em nascentes quando se

aproximam da superfície através de um corte no terreno.

2.1.5 Processo de escoamento superficial e subterrâneo

O escoamento é a parte do ciclo hidrológico em que a água se desloca na bacia.

A água que infiltra pode percolar para as zonas saturadas, gerando um escoamento

subterrâneo ou gerar um escoamento subsuperficial, pelas zonas insaturadas ao longo

dos canais internos do solo. Tucci (1997) relata que quando a bacia é rural e possui

cobertura vegetal, o escoamento na superfície sofre a influência dessa cobertura e

grande parte da água infiltra.

A água que percola é armazenada, podendo emergir em determinados pontos

formando as nascentes, sendo transportada até os rios garantindo sua perenidade,

principalmente nos períodos de longa estiagem. Estudos realizados por Tucci (1997)

citam que em bacias onde a capacidade da água subterrânea é pequena, com grandes

afloramentos de rochas e alta evaporação, os rios não são perenes, como na região de

cristalino do Nordeste.

O escoamento é dito hortoniano, quando o escoamento superficial é gerado em

toda superfície e o escoamento sub-superficial escoa até o rio (Figura 5a), sendo a

capacidade de infiltração menor que a precipitação, conforme (TUCCI, 2002). Porém,

existem áreas onde quase não há escoamento superficial (Figura 5b), em que toda a

precipitação se infiltra, atingindo as zonas saturadas.

A quantificação desse processo hidrológico, geralmente é feita através de

medições periódicas dos níveis d’água nos rios. Esses valores são transformados em

vazão através de uma equação chamada curva-chave, relacionando cota e vazão.

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Figura 05 - Escoamentos na bacia- (5a) escoamento hortoniano; (5b) escoamento subsuperficial.

P= precipitação, Qt=escoamento sub-superficial, Q0= escoamento superficial, Qg= escoamento

subterrâneo, Qp= escoamento da precipitação. Fonte: Bruijnzeel,1990.

2.1.6 Processo de evapotranspiração

Dando continuidade ao ciclo, a água evapora retornando à atmosfera. Somando-

se a esse processo da evaporação da água dos solos, rios e lagos, uma parte da água é

absorvida pelas plantas. Essas, por sua vez, liberam a água para a atmosfera através da

transpiração. A esse conjunto, evaporação mais transpiração, dá-se o nome de

evapotranspiração.

Conforme Lima (1996) a evapotranspiração é controlada por variáveis

meteorológicas, como velocidade do vento, temperatura do ar, umidade atmosférica e

outros dados climáticos.

Para Righetto (1998) a quantificação da evapotranspiração através de equações

empíricas é complicada devido à complexidade dos fenômenos físicos intervenientes e

pela variabilidade das escalas em que esses fenômenos acontecem.

A estimativa da evapotranspiração pode ser obtida através de equações

empíricas que utilizam variáveis meteorológicas, como as equações de Thonrthwaite,

Penman e Thonrthwaite-Holzman. As semi-empíricas geralmente consideram tanto a

umidade do solo quanto as condições meteorológicas. Nestas, são utilizadas definições

(5a)

(5b)

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36

de evapotranspiração potencial (ETP) e evapotranspiração real (ETR). A ETP é a

quantidade de água transferida para a atmosfera de uma superfície coberta de vegetação

e bem suprida de água. A ETR é a quantidade de água transferida para a atmosfera nas

condições reais (existentes) de condições atmosféricas e umidade do solo.

Mediante resumida descrição dos componentes do ciclo hidrológico, observa-se

que eles estão intrinsecamente associados a fatores como: solo, vegetação e atmosfera.

Além da heterogeneidade desses fatores, existe ainda a interferência antrópica,

dificultando assim uma melhor representação e quantificação dos processos

hidrológicos.

2.1.7 O balanço hídrico

O balanço hídrico, segundo o método Thonrthwaite & Mather (1955),

apresentado por Amorim Neto (1989) é um método climatológico que permite

dimensionar a quantidade de água no solo disponível às plantas, além de indicar os

períodos úmidos e secos, considerando a chuva e/ou irrigação, como entrada de água no

sistema e a evapotranspiração como saída.

O balanço hídrico anual da microbacia se baseia no princípio de conservação de

massa, sendo contabilizado pela entrada e saída de água do sistema, como um método

direto para verificação do consumo de água por uma área com cobertura vegetal e das

perdas por evapotranspiração.

Em regiões de clima úmido, o balanço hídrico anual de uma microbacia pode ser

determinado através da seguinte equação:

P – ET – Q ± ΔS = 0 Equação 1

Onde,

P = Precipitação (mm)

ET = Evapotranspiração (mm)

Q = Deflúvio (mm)

ΔS = Variação do armazenamento de água no solo

O balanço hídrico caracteriza-se como uma ferramenta muito importante para

análise, e entendimento do regime hidrológico de uma microbacia. Lima (1971) relata

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que do balanço hídrico pode-se obter informações sobre as relações hídricas dentro do

sistema, tais como a evapotranspiração potencial, a atual, os períodos de déficit hídrico

e os períodos com excesso, o armazenamento da água no solo, a quantidade de água que

escoa fora do sistema. É de suma importância também para o controle de atividades, que

demandam grandes quantidades de água como a irrigação.

E ainda segundo Mosca (2003), o balanço hídrico permite calcular a

disponibilidade hídrica de uma região, além de gerar informações importantes para o

planejamento de atividades florestais e àquelas relacionadas ao consumo de água.

2.2 Processos hidrogeológicos

A Hidrogeologia é uma disciplina da Geologia que trata especificamente das

técnicas diretas de locação e de construção de poços e obras de captação de água, e do

estudo da influência dos fatores geológicos no escoamento e na qualidade das águas

subterrâneas (LIMA, 2003).

Com o aumento do uso das águas subterrâneas para abastecimento público e

outros usos, é importante o conhecimento da hidrogeologia da região, para que se possa

avaliar as potencialidades e as condições dos aquíferos.

Um aqüífero pode ter extensão de poucos a milhares de quilômetros quadrados,

ou pode, também, apresentar espessuras de poucos metros a centenas de metros

(REBOUÇAS et al., 2002). Etimologicamente, aqüífero significa: aqui = água; fero =

transfere; ou do grego, suporte de água (HEINEN et al., 2003).

A constituição geológica do aquífero (porosidade/permeabilidade intergranular

ou de fissuras) é que irá determinar a velocidade da água em seu meio, a qualidade da

água e a sua capacidade de acumulação como reservatório. As rochas saturadas que

permitem a circulação, armazenamento e exploração dessa água podem ser classificadas

em sedimentares, ígneas e metamórficas.

De acordo com o MMA/SRH, (2007) as rochas ígneas são aquelas formadas

diretamente pelo magma. São também chamadas de cristalinas ou embasamento

cristalino. Já as metamórficas são originadas a partir da ação de pressão e temperatura

sob outras rochas.

Por sua vez, as sedimentares que são formadas pela fragmentação de rochas pré-

existentes, desagregadas pela erosão, transportadas e depositadas em locais propícios a

deposição. São as rochas que formam as bacias sedimentares, constituindo os melhores

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aqüíferos (MMA/SRH, 2007). Segundo Rebouças (2002), esses depósitos nas bacias

sedimentares são relativamente extensos e mais ou menos consolidados, formando

seqüências de camadas argilosas e arenosas, as quais podem ser compartimentadas por

zonas de fraturas.

Ainda segundo Rebouças (2002), geralmente nas bacias sedimentares tem-se:

aqüíferos, aqüitardes e aqüicludes.

Os aqüíferos (aqui = água, fere = transporte), são camadas de arenito cujo

coeficiente de porosidade específica (Sy= 1-15%) e de condutividade hidráulica (K=

1.10-2

a 10-5

m/s) são, comparativamente, os mais elevados.

Aqüitardes (aqui = água, tarde = tardio, lento) ou seja, corpos rochosos

formados por sequências alternadas de silte / siltitos ou por misturas em porções

variadas de argilas, siltes / siltitos e arenitos finos. Nestes, os espaços vazios entre as

partículas sólidas são em parte ocupados por outras menores, resultando numa

diminuição sutil do seu coeficiente de porosidade específica (Sy = 0,5-5%) e da sua

condutividade hidráulica (K = 10-6

e 10-8

m/s).

Já os aqüicludes, (aqui = água, cludere = aprisionar) são constituídos

essencialmente por corpos argilosos que sofreram intensa compactação, cimentação ou

outros processos diagenéticos, principalmente ao longo do tempo. Nos depósitos de

argila o coeficiente de porosidade total poderá ser muito elevado (m = 34 - 60%),

enquanto nas rochas compactas este poderá ser quase nulo. Já a condutividade

hidráulica regional dos aquicludes no Brasil, é muito baixa (K variando entre 10-7

a 10-

11 m/s).

2.2.1 Origens das águas subterrâneas

As águas subterrâneas que são encontradas preenchendo tanto os poros ou vazios

intragranulares das rochas sedimentares, quanto as fraturas, falhas ou fissuras das rochas

compactas, tem três origens principais: meteórica, conata e juvenil.

Segundo Rebouças (1999), águas subterrâneas de origem meteórica são aquelas

recarregadas naturalmente pela infiltração da parcela precipitada. Essa água infiltrada

até a profundidade de mil metros pode desaguar nos corpos de água superficiais, durante

os períodos de estiagem.

Ainda conforme estudos de Rebouças (1997 e 1999), se os rios tem regime de

fluxo temporário, significa que a contribuição dos fluxos subterrâneos não é suficiente

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para alimentar suas descargas de base durante o período de estiagem ou sem chuvas.

Esta situação pode ser verificada nas bacias hidrográficas do Nordeste semi-árido, que

foram esculpidas em suas maiores extensões em rochas sub-aflorantes, e praticamente

impermeáveis, no embasamento geológico Pré-cambriano.

Por sua vez, as águas conatas estão retidas nos sedimentos desde o momento da

formação dos referidos depósitos, ou foram recarregadas durante períodos climáticos

mais favoráveis, cuja última fase de recarga mais abundante pode ter ocorrido durante o

último Período Glacial (JOHNSTON, 1997). Estas “águas fósseis”, como também são

conhecidas, estão integradas ao imenso mecanismo de circulação das massas e energias

da Terra, geralmente associado á Tectônica de Placas (LOVELOCK, 1991).

Já as de origem juvenil são geradas pelos processos de formação das rochas

graníticas magmáticas, estimada em cerca de 0,3 km3 por ano (BERNER & BERNER,

1987). Se comparadas aos volumes de origem meteórica, estimado em 10 milhões de

Km3, as águas subterrâneas de origem juvenil são quase insignificantes (REBOUÇAS,

2002).

2.2.2 Tipos de aquíferos quanto à porosidade

Os aqüíferos podem ser classificados quanto aos tipos de espaços vazios, podendo

ser observados na Figura 06.

Figura 06 - Tipos de aqüíferos quanto à porosidade

Fonte: Borghetti et al. (2004)

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Aqüífero poroso ou sedimentar - é aquele formado por rochas sedimentares

como os arenitos, onde a circulação da água se faz nos poros formados entre os

grãos de areia, silte e argila, de granulação variada. Constituem os mais

importantes aqüíferos, pelo grande volume de água que armazenam e por sua

ocorrência em extensas áreas. Esses aqüíferos ocorrem nas bacias sedimentares e

em todas as várzeas onde se acumularam sedimentos arenosos. Segundo

Borghetti et al., (2004), uma particularidade desse tipo de aqüífero é a isotropia,

onde sua porosidade quase sempre homogeneamente distribuída, permite que a

água flua para qualquer direção, em função tão somente dos diferenciais de

pressão hidrostática ali existente.

Aqüífero fraturado ou fissural - formado por rochas ígneas, metamórficas ou

cristalinas, duras e maciças, onde a circulação da água se faz nas fraturas, fendas

e falhas, abertas devido ao movimento tectônico. Ex.: basalto, granitos, gabros,

filões de quartzo, etc. (SMA, 2003). A capacidade dessas rochas acumularem

água está relacionada à quantidade de fraturas, suas aberturas e

intercomunicação, permitindo a infiltração e fluxo da água. Poços perfurados

nessas rochas fornecem poucos metros cúbicos de água por hora, sendo que a

possibilidade de se ter um poço produtivo dependerá, tão somente, do poço

interceptar fraturas capazes de conduzir a água. Nesses aqüíferos, a água só pode

fluir onde houver fraturas, que, quase sempre tendem a ter orientações

preferenciais. São ditos, portanto, aqüíferos anisotrópicos. Um caso particular de

aqüífero fraturado é representado pelos derrames de rochas vulcânicas

basálticas, das grandes bacias sedimentares brasileiras.

Aquíferos Cársticos (Karst) – São os aqüíferos formados em rochas carbonáticas

(sedimentares, ígneas ou metamórficas). Constituem um tipo peculiar de

aqüífero fraturado, onde as fraturas, devido à dissolução do carbonato pela água,

podem atingir aberturas muito grandes, criando, neste caso, verdadeiros rios

subterrâneos (MMA/SRH, 2007). São aqüíferos heterogêneos, descontínuos,

com águas duras, com fluxo em canais.

2.2.3 Tipos de aqüíferos quanto à pressão (da água)

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Os aquíferos também se classificam quanto à superfície superior (segundo a

pressão da água), conforme esquematizado na Figura 07, podendo ser: aquífero livre e

aquífero confinado.

Figura 07: Tipos de aqüíferos quanto à pressão.

Fonte: Borghetti et al. (2004), adaptado de IGM (2001).

Aquífero livre ou freático - é aquele cuja formação geológica é permeável,

parcialmente saturada de água e limitada na base por uma camada impermeável

(IGM, 2001). O nível da água, ou nível freático nesse tipo de aqüífero, está

submetido à pressão atmosférica, com a qual se comunica livremente. Os

aqüíferos livres têm a chamada recarga direta com o nível da água variando

segundo a quantidade de chuva. São os aqüíferos mais comuns e mais

explorados pela população (SANEAS, 2008). São também os que apresentam

maiores problemas de contaminação, devido à sua maior exposição.

Aqüífero confinado ou artesiano segundo o IGM (2001) são aqueles com

formação geológica permeável completamente saturada de água, e é limitado no

topo e na base por camadas impermeáveis. A pressão da água no topo da zona

saturada é maior do que a pressão atmosférica naquele ponto, o que faz com que

a água ascenda no poço para além da zona aqüífera. Possuem a chamada recarga

indireta e quase sempre estão em locais onde ocorrem rochas sedimentares

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profundas (bacias sedimentares). Neles, o nível da água encontra-se sob pressão,

podendo causar artesianismo nos poços que captam suas águas (SANEAS,

2008).

Na perfuração de um aqüífero confinado, a água subirá acima do teto do

aqüífero, devido à pressão exercida pelo peso das camadas confinantes sobrejacentes. A

altura a que a água sobe chama-se nível potenciométrico e o furo é artesiano. Já em uma

perfuração de um aqüífero livre, o nível da água não varia porque corresponde ao nível

da água no aqüífero, isto é, a água está à mesma pressão que a atmosférica. O nível da

água é então designado de nível freático (Figura 08).

Figura 08 - Representação esquemática do nível de pressão nos aqüíferos.

Fonte: Borghetti et al. (2004).

2.2.4 Recarga de aqüíferos

A recarga das águas subterrâneas vem sendo definida como o fluxo de água que

alcança o aqüífero, constituindo uma adição ao reservatório de água subterrânea

(LERNER et al., 1990; DE VRIES E SIMMERS, 2002). Pode ainda ser conceituada

como apresentado por Paralta et al. (2003), que define recarga como quantidade de água

que em determinado tempo entra na zona saturada (aquífero), preferencialmente a partir

da percolação vertical proveniente da zona vadosa, mas também do escoamento lateral a

partir das fronteiras do sistema. E ainda, conforme Barreto (2006) como um processo de

Poço artesiano não-jorrante

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movimento de água que atinge a zona saturada sob forças gravitacionais, ou em direção

específica por condicionamento hidráulico.

De Vries e Simmers (2002) classificaram os mecanismos de recarga em três

tipos, dependendo da fonte:

recarga direta: é um processo que acontece abaixo do ponto de impacto da

precipitação por movimento vertical através da zona não-saturada. A recarga

direta pode ser definida como a parcela da precipitação que vence a zona não-

saturada e soma-se à reserva subterrânea;

Recarga indireta: decorre dos processos em que a recarga ocorre por

características introduzidas pela urbanização, assim como por rios e depressões

de superfícies topográficas artificiais (reservatórios, lagos);

Recarga localizada: é um processo pontual de recarga, em que a água move-se

em curtas distâncias, lateralmente, antes da infiltração.

Balek (1998), levando em consideração o fator tempo, identificou quatro tipos

de recarga:

recarga curta: que ocorre logo após grandes eventos de chuva;

recarga sazonal: que ocorre durante o degelo em regiões de clima temperado ou

em períodos chuvosos em regiões com estações secas e chuvosas bem definidas;

recarga perene: que ocorre nos trópicos úmidos onde existe um fluxo contínuo

de água;

recarga histórica: aquela que ocorreu há um longo tempo atrás e que foi

responsável pela formação dos recursos hídricos subterrâneos existentes.

As maiores taxas de recarga ocorrem nas regiões planas, bem arborizadas, e nos

aqüíferos livres. Nas regiões de relevo acidentado, sem cobertura vegetal, sujeitas a

práticas de uso e ocupação que favorecem as enxurradas, a recarga ocorre mais

lentamente e de maneira limitada (REBOUÇAS et al., 2002).

As zonas de descarga são as áreas por onde ocorre o escoamento de parte da

água do aquífero (ANA, 2001) que emergem do sistema, alimentando rios e jorrando

com pressão por poços artesianos.

2.2.5 Ocorrências das formações hidrogeológicas no Brasil

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A combinação das estruturas geológicas com fatores geomorfológicos e

climáticos do Brasil resultou na configuração de dez províncias hidrogeológicas (Figura

09). Em cada um desses domínios hidrogeológicos as condições de estocagem

(porosidade), de fluxo (permeabilidade) e recarga natural (infiltração das chuvas) são

relativamente similares. Essas províncias podem estar divididas em subprovíncias.

Figura 09 - Mapa da representação esquemática das Províncias e Subprovíncias

Hidrogeológicas do Brasil.

Fonte: CPRM, 1997.

Como visto anteriormente, águas subterrâneas no Brasil ocupam diferentes tipos

de reservatórios, desde as zonas fraturadas do embasamento cristalino (escudo) até os

depósitos sedimentares cenozóicos (bacias sedimentares), reunindo-se em três sistemas

aqüíferos: porosos, fissurados e cársticos (LEAL, 1999).

Na Figura 10 estão representados os sistemas aqüíferos brasileiros que

armazenam os importantes excedentes hídricos. Estes por sua vez, alimentam uma das

mais extensas redes de rios perenes do mundo, com exceção dos rios temporários, que

nascem nos domínios das rochas do embasamento geológico subaflorante do semi-árido

da região Nordeste (REBOUÇAS et al., 2002), e desempenham, ainda, importante papel

socioeconômico, devido à sua potencialidade hídrica (MMA/SRH, 2007).

6 a- Nordeste

6b- Sudeste

9a- Ilha do Bananal

9b- Alto Xingu

9c- Chapada dos Parecis

9d- Alto Paraguai

10a- Amapá

10b- Barreirinhas

10c- Ceará e Piauí

10d- Potiguar

10e- Pernambuco, Paraíba e Rio G. Norte

10f- Alagoas e Sergipe

10g- Recôncavo, Tucano e Jatobá

10h- Rio de Janeiro, Esp. Santo e Bahia

10i- Rio Grande do Sul

Adaptado: (BRASIL.DNPM/CPRM, 1981)

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Figura 10 - Mapa da Representação esquemática dos principais aqüíferos brasileiros

Fonte: Borghetti et al. (2004), adaptado de MMA (2003).

Os sistemas porosos são formados por rochas sedimentares, ocupando 42% (3,6

milhões de km2) do território nacional, e compõem cinco províncias hidrogeológicas

(bacias sedimentares): Amazonas, Paraná, Parnaíba-Maranhão, Centro-Oeste e Costeira.

As Bacias do Paraná, Amazonas, Parnaíba e a Subprovíncia Potiguar-Recife

destacam-se pela extensão e potencialidade (ABAS, 2003).

As Províncias Amazonas e Parnaíba posicionam-se como a segunda e terceira do

Brasil, respectivamente, em volume de água armazenado. A pouca evaporação

da Província Amazonas, motivada pela elevada umidade do ar e a cobertura

florestal, contribui também para uma maior absorção das águas superficiais pelas

suas rochas (BORGHETTI et al. 2004).

A Província Centro-Oeste compreende as Subprovíncias Ilha do Bananal, Alto

Xingu, Chapada dos Parecis e Alto Paraguai, localizadas na região Centro-Oeste

do país, cujos principais aqüíferos são o Aquidauana, Parecis e Botucatu.

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A Província Costeira abrange quase toda zona costeira do Brasil, com exceção

das porções dos Estados do Paraná, São Paulo, sul do Rio de Janeiro, norte do

Pará, Ilha de Marajó e sudeste do Amapá. Essa província apresenta-se bastante

diversificada, por abranger várias bacias sedimentares costeiras, de diferentes

constituições e idades geológicas. As suas subprovíncias são: Alagoas/Sergipe;

Amapá; Barreirinhas; Ceará/Piauí; Pernambuco; Potiguar; Recôncavo; Rio de

Janeiro e Rio Grande do Sul. O Aqüífero Beberibe é explotado na Região

Metropolitana do Recife, por meio de aproximadamente 2.000 poços que

atendem condomínios residenciais, hospitais e escolas (IBGE 2000).

A Bacia Sedimentar do Paraná constitui, sem dúvida, a mais importante

província hidrogeológica do Brasil, com cerca de 45% das reservas de água

subterrânea do território nacional, em função da sua aptidão em armazenar e

liberar grandes quantidades de água. Com uma superfície total de

aproximadamente 1.600.000 km2 é considerada também a segunda bacia mais

importante da América do Sul, além de possuir o maior volume de água doce em

sub-superfície, com reserva estimada de 50.400 km3 de água (BORGHETTI, et

al., 2004).

Os Sistemas fraturados ou fissurados ocupam uma área de cerca de 4,6 milhões

de km2, correspondente a 53,8% do território nacional. Compreendem as Províncias

Hidrogeológicas dos Escudos Setentrional, Central, Oriental e Meridional. As duas

primeiras províncias com rochas fraturadas do embasamento apresentam razoáveis

possibilidades hídricas, devido aos altos índices pluviométricos da área. A Província

Oriental está dividida em duas sub-províncias (Nordeste e Sudeste). A Província

Meridional, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul é de substrato alterado. Os altos

índices pluviométricos da região asseguram a perenização dos rios e contribuem para a

recarga dos aqüíferos, cujas reservas são, em parte, restituídas à rede hidrográfica

(MMA, 2003).

Os sistemas fissurados apresentam reservas de águas subterrâneas da ordem de

10.080 km3

(REBOUÇAS, 1988 citado por LEAL, 1999). As águas são de boa

qualidade química, podendo ocorrer localmente teores de ferro acima do permitido. No

domínio do embasamento cristalino sub-aflorante, como na Província Hidrogeológica

Escudo Oriental do Nordeste onde está localizada a região semi-árida, há pequena

disponibilidade hídrica, devido à formação de rochas cristalinas. É freqüente observar

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teor elevado de sais nas águas dessa região, o que restringe ou impossibilita seu uso

(MMA, 2003). Nesse domínio sub-aflorante é que nascem os rios temporários.

Já os Sistemas cársticos são formados pelo sistema cárstico-fissural da Província

Hidrogeológica do São Francisco, e pela Formação Jandaíra (subprovíncia Potiguar).

Inclui os domínios do calcário do Grupo Bambuí com mais de 350.000 km2 nos Estados

da Bahia, Goiás e Minas Gerais e a Formação Caatinga. As profundidades do

desenvolvimento cárstico são muito variáveis, com média em torno de 150 m. Enquanto

o Bambuí pode fornecer vazões superiores a 200 m3/h, o Jandaíra, apresenta vazões

muito baixas (geralmente inferiores a 3,5 m3/h). Outro importante aqüífero cárstico é o

Pirabas com profundidade média de 220 m e vazão de 135 m3/h (MMA, 2003) e a

Formação Capiru do Grupo Açungui, com vazão média 180 m3/h e profundidade média

de 60 m.

É importante ressaltar que os limites destas províncias não coincidem,

necessariamente, com os das bacias hidrográficas. Desta forma, os aqüíferos ou sistemas

aqüíferos, em geral, não guardam relação com estas, podendo abranger mais de uma

bacia hidrográfica, se comportar como nascente ou divisor de bacias ou ainda constituir

o baixo curso (mais próximo da foz) de uma ou mais bacias (MMA, 2007).

2.3 Nascentes de água

As nascentes são ambientes de inquestionável significância, entre os componentes

do sistema fluvial. Oriundas da conjugação de processos hidrológicos e

geomorfológicos superficiais e sub-superficiais, as nascentes, também conhecidas pelo

senso comum como olhos d´água, minas e fontes, são ambientes singulares. São de alta

relevância, em especial, pelo serviço ambiental a que se destinam. Envolvendo as

questões de “onde” e “como” as águas subterrâneas afloram e dão origem a fluxos

superficiais que geram os cursos d´água, as nascentes apresentam um interesse

particularmente amplo para a atividade rural, envolvendo dimensões sociais,

econômicas, políticas e ambientais.

Sendo integrantes do sistema ambiental, são essenciais na manutenção do equilíbrio

hidrológico de cursos fluviais, pois marcam a passagem da água subterrânea para a

superficial.

As nascentes podem estar localizadas em encostas ou depressões do terreno, ou

ainda no nível de base representado pelo curso d’água local; podem ser perenes (de

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fluxo contínuo), temporárias (de fluxo apenas na estação chuvosa) e efêmeras (surgem

durante a chuva, permanecendo por apenas alguns dias ou horas). A sua perenidade é

resultante da manutenção do nível do aqüífero e de sua recarga subterrânea, e, quando

suas áreas de recarga não são preservadas, podem comprometer a quantidade de água

disponível ao longo do ano, como também a sua qualidade.

Segundo Alvarenga (2004) a maioria das nascentes está localizada nas regiões

montanhosas, nas chamadas bacias de cabeceira. A água que jorra de uma nascente

formará um pequeno ribeirão que irá contribuir para o volume de água de outro curso e

garantir a vazão dos rios, principalmente em períodos de estiagens, podendo formar

grandes cursos d’água, fundamentais para o abastecimento urbano, agrícola, geração de

energia, dentre outras funções.

Portanto, o desaparecimento de uma nascente poderá resultar na redução do número

de cursos d’água, significando a diminuição da disponibilidade de água para os diversos

usos (CASTRO, 2001).

Pode-se, ainda, dividir as nascentes em dois tipos, quanto à sua formação. O

tipo de nascente sem acúmulo d’água inicial, comum quando o afloramento ocorre em

um terreno declivoso, surgindo em um único ponto em decorrência da inclinação da

camada impermeável ser menor que a da encosta. São exemplos desse tipo as nascentes

de encosta ou de contato. Por outro lado, quando a superfície freática ou um aqüífero

artesiano interceptar a superfície do terreno e o escoamento for espraiado numa área, o

afloramento tenderá a ser difuso, formando um grande número de pequenas nascentes

por todo o terreno, originando zona encharcada.

Se a vazão for pequena poderá apenas molhar o terreno, caso contrário, poderá

haver um acúmulo inicial, comum quando a camada impermeável fica paralela à parte

mais baixa do terreno e, estando próximo à superfície, acaba por constituir um ambiente

lêntico, na forma de charco, ou lago. São exemplos desse tipo as nascentes de fundo de

vale e as originárias de rios subterrâneos (CALHEIROS et al., 2004).

Uma outra classificação de nascentes, diz respeito às características do aqüífero.

Quando são muito susceptíveis ao ciclo hidrológico, com grande variabilidade temporal

das vazões ao longo do ano, são considerados aquíferos superficiais, sob influência da

pressão atmosférica (JUNQUEIRA JR., 2006). Nestas nascentes, verifica-se a existência

de água sob temperatura ambiente e com baixa concentração de sais, oxigênio e outros

elementos químicos, sendo, no entanto passíveis de contaminação biológica,

principalmente quando seu uso é feito diretamente de formas inadequadas.

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No entanto, segundo o mesmo autor, nascentes cujo aqüífero é dito confinado,

sob pressão maior que a atmosférica, não há variação significativa da vazão ao longo do

ano, as águas são normalmente mais quentes, apresentam elevado teor de sais e a

possibilidade de contaminação biológica é menor.

As nascentes são ambientes com características intrínsecas que as condicionam e

caracterizam, evidenciando a necessidade de proteção desses sistemas para a

manutenção do equilíbrio hidrológico e do meio. A Lei nº 12.651 (BRASIL, 2012) as

protege estabelecendo as Áreas de Preservação Permanente em seu entorno. A

Resolução Conama nº 303, de março de 2002, regulamentou essa condição,

considerando as Áreas de Preservação Permanente e outros espaços territoriais

especialmente protegidos, como instrumentos de relevante interesse ambiental,

integrando o desenvolvimento sustentável, objetivo das presentes e futuras gerações,

resolvendo:

“Art. 4º Constitui Área de Preservação Permanente:

IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua

situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros”;

2.3.1 Hidrologia de nascentes

Uma parte da água da chuva, ao atingir o solo infiltra e percola para os aqüíferos

mais profundos, enquanto outra parcela escoa superficialmente. Esta parcela que escoa

se destinando diretamente aos rios, rapidamente é drenada para fora do sistema (bacia)

sob ação da gravidade em canais hidrográficos. E como a água da chuva é efêmera, é de

responsabilidade das nascentes perenes, a manutenção dos fluxos dos rios e córregos,

mesmo em períodos secos, sendo a principal importância das nascentes para os sistemas

fluviais.

Deve-se ressaltar que nesses processos a bacia hidrográfica deve absorver a

maior parte dessa água, armazená-la em seu lençol subterrâneo e, paulatinamente, cedê-

la aos cursos d’água, mantendo adequada vazão durante os períodos de seca

(VALENTE & CASTRO, 1983) ou mesmo em períodos com elevados índices de

pluviosidade. E quando se trata de nascentes, além da quantidade, é desejável uma boa

distribuição no tempo, ou seja, que a variação da vazão situe-se dentro de um mínimo

adequado ao longo do ano, para que seus usos não sejam impedidos.

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2.3.2 Manejo de microbacias hidrográficas e a manutenção das nascentes

É de aceitação internacional a adoção da bacia hidrográfica como unidade de

planejamento, não apenas por representar uma unidade física bem característica tanto do

ponto de vista de integração como da funcionalidade de seus elementos, mas também

porque toda área de Terra, por menor que seja, faz parte de uma bacia hidrográfica.

Ranzini (1990) afirma que as bacias hidrográficas integram ecossistemas

adequados para avaliação dos impactos causados pela atividade antrópica, que podem

acarretar sérios riscos ao equilibro e à manutenção da quantidade e qualidade da água.

Para Pozzebon (2000) o ciclo hidrológico, em sua fase terrestre tem como

elemento fundamental as bacias hidrográficas. Os processos que ocorrem nesta fase são

essenciais para que aconteça a recarga dos lençóis freáticos, e conseqüentemente a

vazão das nascentes.

O manejo de uma microbacia consiste na elaboração e aplicação de diagnósticos

físicos - conservacionistas, sócio-econômicos, hídrico, edáfico, botânico e faunístico,

para identificar problemas da bacia e propor soluções compatíveis com cada situação

(ROCHA, 1997). De fato o manejo exige um estudo prévio, para evitarmos maiores

danos ao hidrossistema.

Um dos pilares do manejo sustentável se refere aos aspectos ecológicos,

englobados no princípio de manutenção da integridade do ecossistema. No contexto da

bacia, tal integridade envolve a manutenção de seu funcionamento hidrológico,

perpetuando os processos (deflúvio, regime de vazão e qualidade da água) e mantendo a

sua capacidade natural de suporte produtivo (biogeoquímica), e ainda preservando a

diversidade ecológica (vegetação ciliar, reservas de vegetação natural) e sua

estabilidade e capacidade de resistir às alterações ambientais (LIMA, 1986).

2.4 Usos e conservação de nascentes

O uso insustentável dos recursos hídricos, através de atividades antrópicas, tem

promovido inúmeras consequências ambientais, entre elas a diminuição dos estoques e

da qualidade de água apropriadas ao consumo humano.

Para a Organização das Nações Unidas (ONU), cada pessoa necessita de 3,3

m3/mês de água, ou seja, cerca de 110 litros por dia. Portanto, Braga (2011) considera

que consumir mais do que isso é desperdício, sobretudo em situação de escassez.

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Segundo Tundisi (1999) alterações na quantidade, distribuição e qualidade dos

recursos hídricos ameaçam a sobrevivência humana e as demais espécies do planeta,

estando o desenvolvimento econômico e social dos países fundamentado na

disponibilidade de água de boa qualidade e na capacidade de sua conservação e

proteção.

A quantidade e a qualidade de água das nascentes podem ser alteradas por

diversos fatores, destacando-se a declividade, o tipo de solo, o uso da terra,

principalmente nas áreas de recarga que são de grande importância para infiltração da

água precipitada no solo, que por sua vez dão vazão às nascentes. Conforme Souza

(2008), as diversas atividades devem ser usadas na medida certa e nos lugares onde irão

influenciar diretamente com resultados nas vazões das nascentes e, conseqüentemente,

nas vazões dos vários cursos d’água que alimentam os córregos e rios.

Para Mota (1995) fatores como os desmatamentos, os movimentos de terra e a

poluição resultante do uso de pesticidas e fertilizantes também são exemplos de

alterações ambientais que podem ocorrer no meio rural. Assim, o controle da quantidade

e qualidade dos recursos hídricos depende do disciplinamento do uso e ocupação do

solo na bacia hidrográfica, o qual deve ser feito de modo a provocar alterações

compatíveis com os mananciais, em função dos seus usos, pois o ciclo hidrológico e a

gênese dos corpos d’água são afetados severamente.

É notável que as condições ambientais das nascentes interferem diretamente na

qualidade e quantidade de água disponível. A conservação desses locais é de suma

importância para o desenvolvimento de atividades como abastecimento, irrigação,

recreação, turismo e aqüicultura. Portanto, a proteção desses mananciais que ainda estão

conservados e a recuperação daqueles que já estão prejudicados, são alternativas de

conservar a água ainda existente.

Como a água superficial não é mais suficiente para atender à demanda da

produção rural, os produtores não se furtam em interferir no fluxo natural dos corpos

d’água (PRADO et al., 2005). Para isso, constroem pequenas barragens ao longo dos

córregos, barreiros para acúmulo de água e essas áreas alagadas incrementam as perdas

por evaporação, diminuindo o potencial hídrico dos mananciais.

A alternativa, segundo Menezes et al (2007) para as práticas agropecuárias e

para o abastecimento doméstico é, então, a água subterrânea ou subsuperficial, porém o

ciclo hidrológico encontra-se alterado e a recarga dos aquíferos encontra-se também

prejudicada.

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A Agenda 21 brasileira (MMA, 2000) ainda afirma que em função do uso dos

recursos hídricos no Brasil, não há sistemas articulados sobre bacias hidrográficas que

permitam a adoção de medidas de combate à poluição hídrica. As principais barreiras

para a conservação dos recursos hídricos, de acordo com a Agenda 21 brasileira (MMA,

2000) correspondem a: dados e informações insuficientes ou não acessíveis,

inexistência de práticas efetivas de gestão, usos múltiplos, base legal insuficiente,

participação incipiente da sociedade na gestão, dependência das ações de governo,

distribuição injusta dos custos sociais associados, recursos científico-tecnológicos,

decisões tomadas sem recursos sistemáticos a métodos quantitativos de avaliação e uso

intensivo dos recursos hídricos.

Vários são os fatores que podem comprometer a conservação dos mananciais

hídricos. Em se tratando do estado de conservação de nascentes, alguns parâmetros

podem ser apontados como principais agentes de degradação no corpo da nascente, no

seu entorno bem como em sua área de recarga como se verifica a seguir.

2.4.1 A disposição do lixo em áreas de nascentes

Segundo Hirata (2003) os resíduos sólidos, tanto de origem doméstica quanto

industrial, são grandes causadores de contaminação em águas sub-superficiais e

subterrâneas.

Um problema maior pode ocorrer em relação ao armazenamento temporário e à

destinação final das embalagens de agrotóxicos, que conforme a Lei 9.974, de 06 de

Julho de 2000, em seu Artigo 1º, parágrafo segundo, afirma que “os usuários de

agrotóxicos, seus componentes e afins deverão efetuar a devolução das embalagens

vazias dos produtos aos estabelecimentos comerciais em que foram adquiridos, de

acordo com as instruções previstas nas respectivas bulas, no prazo de até um ano,

contado da data de compra, ou prazo superior, se autorizado pelo órgão registrante,

podendo a devolução ser intermediada por postos ou centros de recolhimento, desde que

autorizados e fiscalizados pelo órgão competente”.

Já uma boa medida a ser adotada para o lixo orgânico é sua destinação para

adubação. Figueiredo (1995) relata que a compostagem ou produção de adubo orgânico

representa a forma de processamento de resíduos mais consistente e adequada à

dinâmica de ciclo do planeta, em que os elementos naturais ou orgânicos retornam, após

seu uso, ao meio ambiente.

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Uma prática comumente adotada em relação ao lixo seco é a sua queima, pois

além da falta de orientação para a separação, armazenamento e destinação de modo a

não prejudicar tanto a natureza, faltam aos agricultores os meios concretos para esse

tipo de ação, como um caminhão caçamba para coleta do lixo e seu encaminhamento

para a reciclagem ou para algum aterro sanitário.

Portanto, é de grande importância destacar a questão da destinação do lixo nos

assentamentos rurais, caracterizados por populações com menor acesso às medidas de

saneamento altamente impactantes, podendo interferir na qualidade da água dos

mananciais, muitos desses utilizados no abastecimento de água nas cidades, como é o

caso do Rio Natuba.

2.4.2 Processos erosivos no entorno de nascentes

Erosão é o processo de desprendimento e arraste acelerado das partículas do solo

que pode ser causado pela chuva ou pelo vento (BERTONI & LOMBARDI NETO,

1990). Este processo natural é intensificado pela ação antrópica, à medida que são

realizados usos inadequados do solo. Esse processo erosivo tem abrangência em quase

toda a superfície terrestre, em especial nas áreas de clima tropical, onde os totais

pluviométricos são bem mais elevados do que em outras regiões do planeta.

O principal agente erosivo é a água que não infiltra no solo, seja por deficiência

da cobertura vegetal, por compactação ou impermeabilização dos solos. Desta forma a

erosão hídrica é um dos problemas mais sérios da agricultura, pois reduz a capacidade

produtiva do solo, transporta sedimentos, nutrientes e agroquímicos, causando

problemas na qualidade e disponibilidade da água (MERTEN et al., 1995).

O processo tende a se acelerar, à medida que mais terras são desmatadas para a

exploração de madeiras e/ou para a produção agrícola, uma vez que os solos ficam

desprotegidos da cobertura vegetal e, consequentemente, as chuvas incidem diretamente

sobre a superfície do terreno (GUERRA et al., 2007).

Alguns fatores físicos são utilizados para estimar a erosão potencial dos solos,

que é a propensão à erosão de determinada área, desconsiderando os aspectos de uso e

da cobertura vegetal. São eles: a erodibilidade, a erosividade e o fator topográfico.

A erodibilidade (K) reflete as propriedades inerentes do solo. As principais

propriedades de erodibilidade do solo pela água são as que afetam a velocidade de

infiltração, a permeabilidade e a capacidade total de armazenamento de água; resistem à

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força de dispersão, ao salpico, à abrasão e ao transporte por meio do escoamento

(BERTONI et al., 1975).

O fator erosividade (R) é um índice que expressa a capacidade de erosão da

chuva em uma área desnuda. A erosividade é produto de duas características da chuva:

sua energia cinética total e sua intensidade máxima em trinta minutos. Esse produto

representa um termo de interação que mede o efeito de como a erosão por impacto e a

turbulência se combinam com a enxurrada para transportar as partículas de solo

desprendidas (BERTONI & LOMBARDI, 1990).

O fator topográfico é obtido dos parâmetros de comprimento de rampa e

declividade da vertente que podem ser extraídos do modelo digital do terreno (MDT). O

(MDT), é utilizado para denotar a representação quantitativa de uma grandeza que varia

continuamente no espaço (BLOISE et al., 2001).

Uma manifestação mais agressiva da erosão é a voçoroca, que também ocorre em

decorrência do estado de conservação e manejo dos solos. É um processo que mobiliza

vários metros cúbicos de solo em pouco tempo, destruindo terras cultiváveis e/ou

cultivadas, equipamentos urbanos e obras civis (SÁ, 2001), além de conduzir boa parte

do material removido aos cursos d’água, propiciando condições de enchentes e outras

avarias devido ao processo de assoreamento dos cursos d’água (SILVA et al., 2003).

A erosão do solo nas nascentes de encosta, principalmente em períodos de chuva,

pode ocasionar desmoronamento do terreno atingindo o corpo da nascente. Como

consequência há alteração da qualidade da água, devido à grande quantidade de

sedimentos dentro da nascente, tornando-a imprópria para uso.

2.4.3 A atividade de pecuária e áreas de pastagens no entorno de nascentes

Estimativas apontam que pelo menos metade da população mundial de

ruminantes, principalmente bovinos, está localizada em regiões tropicais do mundo,

muitas delas em países em desenvolvimento, onde os sistemas de produção são

basicamente em pastagens e muitas vezes caracterizados por baixa eficiência produtiva

(USEPA, 2000).

O Brasil apresenta hoje um rebanho bovino estimado em 190 milhões de

cabeças, sendo o segundo maior país abatedor de gado bovino, atrás apenas da China,

de acordo com a Pesquisa Produção da Pecuária Municipal, divulgada pelo IBGE

(2009).

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As pastagens extensivas constituem-se em grandes vetores de processos

erosivos, uma vez que a cobertura vegetal é por vezes escassa e o pisoteio frequente,

provocando a degradação e compactação do solo, aumento o escoamento superficial e

consequentemente a diminuição da infiltração da água no solo.

Emmerich e Marcondes (1975) ressaltam que os danos são ainda maiores,

quando a retirada da vegetação para o estabelecimento de pastagens ocorre

indiscriminadamente nas zonas de recarga, constituídas por topos de morros e chapadas,

bem como nas margens de córregos e nascentes.

Quando a prática da pecuária é exercida próximo às nascentes, na sua área de

entorno ou área de recarga, existem riscos iminentes de contaminação, principalmente

bacteriológica da água.

Outro problema trazido pela pecuária são os gases de efeito estufa liberados

para a atmosfera. As estimativas preliminares de emissão de gases de efeito estufa

(GEE) feitas para o Brasil mostram que a pecuária constitui a principal fonte de metano

(CH4) entre as atividades agropecuárias (EMBRAPA, 1999; LIMA et al.; 2001 e 2006).

Apesar do grande impacto da pecuária na emissão de metano, a principal

atividade emissora de GEE é a conversão de áreas de florestas em sistemas

agropecuários, representando 52% das emissões brasileiras (CERRI et al., 2009), sendo,

em grande parte, atribuídas à pecuária de corte, devido aos desmatamentos para a

implantação de pastagens.

2.4.4 Uso de agrotóxicos na agricultura no entorno de nascentes

Os agrotóxicos são substâncias que, apesar de terem seu uso há bastante tempo

disseminado na agricultura, podem trazer sérios problemas para o homem, e ao

ambiente de uma forma geral, dependendo da forma em que é aplicado, da sua

toxicidade, do grau de contaminação e do tempo de exposição durante sua aplicação.

A contaminação por agrotóxicos é um tema de estudo que vem despertando

atenção crescente, tendo em vista suas conseqüências para a saúde humana e o risco de

degradação do meio ambiente, causados por seu uso crescente e, muitas vezes,

inadequado (SOUZA et al.; FAVARO, 2007).

De acordo com Mearns at al. (1994), Pingali et al. (1994), Soares (2003) e

Araújo (2001), os efeitos à saúde, ao longo do tempo de exposição aos agrotóxicos (as

chamadas intoxicações crônicas) ainda são pouco estudados e documentados. No

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56

entanto, as pesquisas têm apontado para os efeitos negativos sobre a saúde mental,

efeitos cutâneos, oculares, neurológicos e gastrointestinais.

Segundo Bull e Hathaway (1986), a intoxicação crônica pode não apresentar

sintomas perceptíveis. Porém, “as propriedades teratogênicas e mutagênicas e a ação

cancerígena, que a maioria desses produtos possui, podem ser responsáveis por graves

danos à saúde”.

As intoxicações agudas de aplicadores de praguicidas no Brasil foram

intensificadas e, conforme Rüegg et al. (1991) há ocorrência de um caso de intoxicação

aguda em cada 8 trabalhadores agrícolas examinados. Estima-se, ainda, que cerca de 2%

da população brasileira é contaminada anualmente por praguicidas e que, para cada caso

constatado em hospitais e ambulatórios, deve haver, aproximadamente, 250 vítimas não

registradas, principalmente pela falta de conhecimentos toxicológicos dos médicos

(FERREIRA, H.S., 1993; GARCIA E.G., 1996; MACHADO NETO J.G, 1990).

No Brasil, um fator se destaca na análise das informações sobre intoxicações e

envenenamentos no meio rural – a distância, que dificulta o acesso dos trabalhadores

aos centros de atendimento médico-hospitalar. Essa situação faz com que inúmeras

vítimas de acidentes graves acabem morrendo sem qualquer assistência médica. Os

acidentes mais leves acabam frequentemente não sendo sequer comunicados ao

Funrural (Fundação de Previdência ao Trabalhador Rural). Este fator é relevante para

explicar a baixa incidência, apenas aparente, de acidentes leves entre os trabalhadores

rurais (BORTOLETTO, 1990).

Para Araújo et al. (2000) existem evidências de uso abusivo e de intoxicações

por praguicidas em diferentes regiões rurais do Estado de Pernambuco, porém não

existem registros dos mesmos. Falta, ao Estado, uma política de monitoramento, para a

qual é essencial, entre outros requisitos, a existência de laboratório capacitado para a

detecção de resíduos tóxicos.

Araújo et al. (2000) ainda estudaram as práticas de uso de agrotóxicos em

plantadores de tomate de duas localidades do Estado de Pernambuco. Em uma das

localidades, observaram que as embalagens vazias dos produtos não tinham um destino

estabelecido previamente (44,5%): ou eram enterradas no próprio local (37%) ou eram

armazenadas para queima posterior (18,5%). Na outra localidade, os autores

constataram que 13,2% dos agricultores já tinham sofrido algum tipo de intoxicação.

Por outro lado, neste mesmo local, só 36% dos entrevistados utilizaram o Receituário

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Agronômico; apenas 13% receberam instruções sobre a utilização dos produtos e 64,2%

informaram que não faziam uso de equipamentos de proteção individual.

Sartorato (1996) também analisou os riscos da aplicação de agrotóxicos em

dois assentamentos rurais e constatou que a caracterização dos assentamentos se reflete

nas semelhanças e dessemelhanças existentes no processo produtivo e também nas

“visões do mundo” dos trabalhadores que produzem com agrotóxicos (em São José da

Boa Morte, Cachoeiras de Macacu, RJ) e daqueles que produzem sem agrotóxicos

(Eldorado, Seropédica, RJ). Observou-se que os lavradores de Eldorado, do

assentamento Casas Altas, possuíam mais conhecimento sobre os riscos dos agrotóxicos

para a saúde humana e ambiental do que os de São José da Boa Morte, que os

utilizavam intensamente e não os associavam ao aumento de pragas e à produtividade

reduzida.

Sendo assim, é de extrema importância verificar como é realizado o uso dos

agrotóxicos nas áreas rurais, principalmente quando contemplam áreas de ocorrência de

nascentes, tendo em vista que é um fator potencial causador da contaminação de corpos

hídricos. Contaminação esta que ocorre devido à utilização em locais incorretos como

em áreas de recarga de nascentes, podendo a substância se infiltrar no solo e atingir

lençóis sub-superficiais ou subterrâneos degradando a qualidade da água, e trazendo

riscos à saúde da população que faz uso dela.

2.4.5 Práticas de Desmatamento e queimadas em áreas de nascentes

Nas últimas décadas o desmatamento das florestas, das matas ciliares, além de

outras práticas inadequadas de uso dos solos, como as queimadas, vêm contribuindo

significativamente para diminuição da quantidade e qualidade das águas. Na Figura 11

podem ser visualizados alguns serviços ambientais que sofrem comprometimento

devido às práticas ilegais de desmatamento.

O desmatamento empobrece o solo, uma vez que seus nutrientes são retirados,

desprotege o solo diminuindo a sua fertilidade e proporciona erosões, comprometendo a

qualidade das águas. Sem a cobertura vegetal, as partículas do solo são transportadas

pelas encostas e depositadas nos córregos, rios, lagos, e em nascentes que estejam

desprotegidas fisicamente causando assoreamento.

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Figura 11- Comprometimento dos serviços ambientais devido ao desmatamento.

Fonte: Tundisi, J.G. & Matsumura-Tundisi,T., 2010.

A mata ciliar é a vegetação que protege as margens dos corpos hídricos, como

nascentes, córregos e lagos. Sem as margens de proteção dos mananciais, o solo

esquenta, há maior evaporação e redução do seu nível de água, diminuindo

significativamente a sua vazão.

A mata ciliar também desempenha uma ação eficaz na filtragem superficial de

sedimentos. Além disso, pode reter por absorção, nutrientes e alguns poluentes, vindos

por transporte em solução durante o escoamento superficial, evitando a contaminação

das águas subterrâneas ou subsuperficiais.

Moldan e Cerny (1992) demonstraram que a mata ciliar funciona muito

efetivamente na remoção de nitrato, principalmente devido às transformações

bioquímicas por ação de bactérias denitrificadoras presentes nas condições aeróbicas de

áreas saturadas da zona ripária e à absorção pelas raízes da vegetação ciliar. Por sua vez,

Muscutt (1993), evidenciou os mecanismos de remoção do fósforo pela mata ciliar.

Durigan e Silveira (1999) ressaltam em seus estudos, a importância da

existência de mata ciliar ao longo de rios e ao redor de lagos e reservatórios,

fundamentando-se no viés de benefícios que esse tipo de vegetação traz ao ecossistema,

exercendo função protetora sobre os recursos naturais bióticos e/ou abióticos.

As queimadas descontroladas também exercem influência sobre a qualidade e

quantidade da água dos mananciais. Além de eliminarem praticamente toda a matéria

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orgânica do solo na área, propiciam as condições para estabelecimento de processos

erosivos. Essa erosão nas áreas agrícolas implica não apenas nas taxas de perda do solo,

mas do quanto ainda está disponível para a agricultura.

É notável então que o manejo da cobertura vegetal influencia

significativamente na produção de água, no regime fluviométrico e na qualidade da

água da microbacia (STEDNICK, 1996; ARCOVA & CICCO, 1997).

Para Oliveira (1989), o manejo da vegetação em bacias hidrográficas pode ser

um método alternativo para melhorar sua produção de água. A supressão da vegetação

provoca inicialmente um aumento na vazão de nascentes, contudo seus efeitos adversos

surgem com o passar do tempo. Oliveira (1989) ainda conclui que o reflorestamento

pode reduzir a produção de água, uma vez que as plantas lenhosas têm grande demanda

por água. Na Tabela 2 são apresentadas algumas culturas com suas respectivas

demandas hídricas. Ressalte-se, porém, que após o crescimento a taxa de transpiração é

reduzida, enquanto a infiltração é ampliada.

Tabela 2: Quantidade de água necessária durante um ano ou ciclo da cultura

Cultura Consumo de água (mm)

Cana-de-açúcar 100-2000

Café 800-1200

Citrus 600-1200

Milho 400-800

Feijão 300-600

Eucalipto 800-1200

Obs: 1 mm(milímetro) corresponde a 1 litro por metro quadrado

2.5 Monitoramento da qualidade e quantidade da água de nascentes

A preservação da qualidade da água é uma necessidade universal, que exige

atenção por parte das autoridades sanitárias e consumidores em geral, particularmente

no que se refere à água dos mananciais como poços, nascentes, entre outros, destinados

ao consumo humano.

De acordo com Andrade et al., 2007 a qualidade e a quantidade de água de

uma região são determinadas pelos processos naturais (intensidade de precipitações,

intemperismo, cobertura vegetal) e pela influência antrópica (usos do solo, concentração

urbana, atividade industrial e uso excessivo da água).

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Com relação às nascentes, Pinto et al. (2004), declara que a declividade, o tipo

e uso de solo nas áreas de recarga, influenciam diretamente no armazenamento de água

subterrânea, no regime da nascente e dos cursos d’água que integram a bacia

hidrográfica .

Para Torres, (2003) a preservação da floresta nativa em um manancial tem

grande influência na boa qualidade da água, mas com supressão da vegetação entorno

no entorno dos cursos d’água para construção de casas, cultivo de plantações e

industrias, a sua água começará a receber substâncias além daquelas naturais.

2.5.1 Monitoramento da qualidade da água em nascentes

A água tem sua qualidade alterada ao mover-se nos diferentes compartimentos

de uma bacia. Portanto, segundo Arcova & Cicco (1999) qualquer modificação nas

condições da bacia hidrográfica pode causar alterações significativas nesta qualidade da

água.

Estudos quantitativos e de conservação dos recursos hídricos, devem ser

complementados com aqueles correspondentes à qualidade da água.

Quanto à conservação da qualidade da água, Aguiar (2003) afirma que dentre

muitas medidas, depende, sobretudo de ações educativas junto à comunidade, que deve

ser esclarecida com relação aos prejuízos que são provocados pela poluição das águas e,

também, do cumprimento das leis ambientais vigentes.

Os padrões de potabilidade para as águas destinadas ao abastecimento humano

são estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde, que define como água potável

aquela que apresenta aspecto límpido e transparente; não apresenta cheiro ou gosto

objetáveis, não contém nenhum tipo de microrganismo que possa causar doença, e não

contém nenhuma substância em concentrações que possam causar qualquer tipo de

prejuízo à saúde. No Brasil, os padrões de potabilidade e os procedimentos de controle e

de vigilância da qualidade da água para consumo humano são definidos pelo Ministério

da Saúde, através da Portaria 2914 de 12/12/2011. Esses padrões, de um modo geral,

são valores máximos permitidos (VMP) de concentração para uma série de substâncias

e componentes presentes na água.

A qualidade deve ser definida em termos de suas características físicas (cor,

odor, sabor, turbidez, temperatura, pH, condutividade elétrica, oxigênio dissolvido),

químicas (íons e substâncias em solução na água, tais como Cálcio, Ferro , Magnésio

Alumínio, Fósforo, Nitrogênio) e biológicas.

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Dentre os parâmetros significativos de avaliação da qualidade da água,

turbidez, cor, odor, potencial Hidrogeniônico (pH), Oxigênio Dissolvido (OD),

condutividade elétrica, coliformes totais e Escherichia coli (E.C) serão melhor descritos

a seguir, devido à sua maior relevância nos usos preponderantes das águas das

nascentes.

Turbidez

A turbidez na água define a alteração na penetração da luz causada por

presença de partículas em suspensão, material coloidal como argilas que pode provocar

esbranquiaçamento da água, partículas finas orgânicas ou inorgânicas, plâncton e outros

organismos microscópicos.

A turbidez também é um parâmetro que indica a qualidade estética das águas

para abastecimento público. Nas estações de tratamento de água, a turbidez é um

parâmetro operacional de extrema importância para o controle dos processos de

coagulação, floculação, sedimentação e filtração. Há uma preocupação adicional que se

refere à presença de turbidez nas águas submetidas à desinfecção pelo cloro. Estas

partículas grandes podem abrigar microorganismos, protegendo-os contra a ação deste

agente desinfetante.

A água pode ser turva ou límpida. É turva quando recebe certa quantidade de

partículas que permanecem, por algum tempo, em suspensão e podem ser do próprio

solo quando não há mata ciliar, ou provenientes de atividades minerais, como portos de

areia, exploração de argila, indústrias, ou mesmo de esgoto das cidades. Quando

sedimentadas, estas partículas formam bancos de lodo onde a digestão anaeróbia leva à

formação de gases metano e carbônico, principalmente, além de nitrogênio gasoso e do

gás sulfídrico, que é malcheiroso (BRANCO, 1986).

Em nascentes que não possuem proteção física, há uma maior susceptibilidade

a níveis de turbidez mais elevados, uma vez que estão expostas. Um exemplo típico

desse aumento de turbidez é o que ocorre principalmente em períodos chuvosos, quando

as nascentes podem ser atingidas por enxurradas.

pH

As medidas de pH fornecem inúmeras informações a respeito da qualidade da

água. Nas águas naturais a variação destes parâmetros é ocasionada geralmente pelo

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consumo e/ou produção de dióxido de carbono (CO2), realizado pelos organismos

fotossintetizadores e pelos fenômenos de respiração / fermentação de todos os

organismos presentes na massa de água, produzindo ácidos orgânicos fracos

(BRANCO, 1986).

O pH indica se a água é ácida, básica ou neutra. De acordo com Ayres &

Westcot (1991) em água destinada à irrigação de culturas, a faixa de pH adequada varia

de 6,5 a 8,4, portanto, próximo a neutro. Valores fora desta faixa podem provocar

deterioração de equipamentos de irrigação.

O pH de um corpo d'água também pode variar dependendo da qualidade da

água da chuva, dos esgotos, do solo e do lençol freático.

Segundo Maier (1987), o pH dos rios brasileiros apresenta tendência a ser

neutro ou levemente ácido. Porém, alguns rios da Amazônia brasileira possuem pH

próximo de 3, valor muito baixo. Rios que cortam áreas pantanosas também têm águas

com pH muito baixo, devido à presença de matéria orgânica em decomposição.

Condutividade elétrica

A condutividade elétrica é a medida resultante da aplicação de uma dada força

elétrica, que é diretamente proporcional à quantidade de sais presentes em uma solução.

O parâmetro condutividade elétrica não determina, especificamente, quais os íons que

estão presentes em determinada amostra de água, mas pode contribuir para possíveis

reconhecimentos de impactos ambientais que ocorram na bacia de drenagem ocasionada

por lançamentos de resíduos industriais, mineração, esgotos, etc.

Segundo a APHA (1998) a condutividade elétrica da água pode ser alterada de

acordo com a temperatura e a concentração total de substâncias ionizadas dissolvidas.

Em águas cujos valores de pH se localizam nas faixas extremas (pH > 9 ou pH< 5), os

valores de condutividade são devidos apenas às altas concentrações de poucos íons em

solução, dentre os quais os mais freqüentes são o H+ e o OH

- (APHA, 1998).

Oxigênio dissolvido

A determinação do oxigênio dissolvido é de fundamental importância para

avaliar as condições naturais da água e detectar impactos ambientais, como eutrofização

e poluição orgânica, conforme Carmouze (1994).

De acordo com Von Sperling (1996), o oxigênio dissolvido se reduz ou

desaparece quando a água recebe grandes quantidades de substâncias orgânicas

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biodegradáveis, como no esgoto doméstico e em certos resíduos industriais. Outro

exemplo é dos resíduos orgânicos despejados nos corpos d’água que são decompostos

por microorganismos que utilizam o oxigênio na respiração. Assim, quanto maior a

carga de matéria orgânica, maior o número de microorganismos decompositores, e

conseqüentemente, maior o consumo de oxigênio.

Parâmetros microbiológicos

Os parâmetros microbiológicos são fundamentais para definir a qualidade

sanitária da água e do solo.

Segundo a Resolução Conama n.º 357 de (2005), a qualidade dos ambientes

aquáticos pode ser avaliada por indicadores biológicos, quando apropriado, utilizando-

se organismos e/ou comunidades aquáticas. E as bactérias do grupo coliforme vêm

sendo utilizadas como indicadores de poluição fecal desde o início do século XX

(FEACHEM et al., 1983). São indicadores, mas não patogênicos no intestino humano.

Segundo a Portaria n.º 2914 (MS, 2011) coliformes não podem estar presentes, em

qualquer situação, inclusive em poços e nascentes, quando a água for utilizada para

abastecimento humano.

Segundo estudos realizados por Arariba et al. (2008), uma nascente que sofre

poluição por fontes biológicas apresentando coliformes termotolerantes, poderá

disseminar doenças causadas pelos microrganismos de origem entérica de animais

homeotermos, afetando toda a comunidade que utiliza dessa água e podendo causar até

surtos de enterocolite, colite hemorrágica, cólera, disenteria bacteriana, entre outras

doenças, sendo as crianças as mais afetadas.

2.5.2 Monitoramento da vazão das nascentes

Somando-se a vazão de todos os rios existentes no planeta (42.600 km3

ano-1

),

cerca de 19% deste montante (8.130 km3 ano

-1) flui sobre solo brasileiro, mesmo assim,

o país ainda apresenta problemas de escassez hídrica e conflitos pelo uso da água em

algumas de suas regiões (ABDALA et. al, 2009).

Para Chaves (2002) a estimativa da quantidade de água em uma bacia é uma

das informações mais importantes para dar suporte ao gerenciamento de recursos

hídricos, tais como a outorga de uso da água, o cálculo das vazões afluentes anuais para

o dimensionamento de reservatórios, e mais recentemente, como base para estimativa de

balanço hídrico em sistemas de apoio à tomada de decisão.

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Portanto, o monitoramento da vazão de nascentes é de grande relevância, uma

vez que muitas delas são perenes, podendo contribuir durante todo o ano com a bacia,

embora outras tenham seu fluxo interrompido durante as estações secas, limitando o seu

uso.

O aumento rápido da vazão de uma microbacia durante e imediatamente após a

ocorrência de uma chuva, irá provocar o escoamento direto em decorrência do volume

de água que escoa na superfície e na subsuperfície.

Neste sentido, Braga (2005) afirma que em um primeiro momento a vegetação

é capaz de retardar o escoamento, atenuando os picos de vazão. Passadas as chuvas, a

água é liberada paulatinamente, amenizando as baixas vazões no período de estiagem.

2.6 Recuperação de nascentes

A recuperação de ambientes degradados em decorrência da ação antrópica, em

especial, as nascentes, é de suma relevância para a conservação do meio ambiente.

Apesar de não solucionar o problema da poluição dos grandes rios, sem as nascentes

limpas é impossível implantar um projeto de despoluição dos grandes cursos d’água

com efetivo sucesso. Recuperar nascentes, que em sua maioria se encontram no meio

rural, é também uma maneira de proteger o meio ambiente urbano.

De acordo com Lima (1986), a manutenção da vegetação no entorno das

nascentes é muito importante, pois a cobertura florestal influi positivamente na

hidrologia do solo, melhorando os processos de infiltração, percolação e

armazenamento de água nos lençóis, bem como o processo de escoamento superficial e,

conseqüentemente, os processos erosivos. Segundo o mesmo autor, em áreas com

cobertura florestal natural, ou seja, não perturbadas, a taxa de infiltração de água no solo

é normalmente mantida no seu máximo.

Segundo Lima (1989) a presença de matas ciliares contribui tanto para

diminuir a ocorrência do escoamento superficial, que pode causar erosão e arraste de

nutrientes e sedimentos para os cursos d’água, quanto para desempenhar um efeito de

filtragem superficial e subsuperficial dos fluxos de água para os canais. A presença da

vegetação também propicia uma maior infiltração da água precipitada no solo, uma vez

que o escoamento superficial é diminuído e a água vai sendo acumulada gradativamente

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no solo. Esse processo é importante, especialmente em áreas de recarga de nascentes,

garantindo desta forma a perenidade de muitas delas nos períodos de estiagem.

As matas ciliares estão protegidas no Art. 4º- da Lei nº 12.651/12, que abrange

como áreas de preservação permanente as florestas e demais formas de vegetação

existentes ao redor dos rios, lagos, nascentes e lagoas. A largura mínima da faixa

marginal que deve ser preservada poderá variar de 30 a 500m, dependendo da largura

dos cursos d’água. No caso das nascentes, mesmo que intermitentes, o raio mínimo de

vegetação deverá ser de 50m.

A importância da mata ciliar é destacada pela sua riqueza, diversidade genética

e pelo seu papel na proteção dos recursos hídricos, edáficos, fauna silvestre e aquática.

Sua presença atua como barreira física, reduzindo significativamente a possibilidade de

contaminação dos cursos d’água por sedimentos, resíduos de adubos e defensivos

agrícolas conduzidos pelo escoamento superficial da água no terreno (REZENDE,

1998).

Portanto, é perceptível atualmente a grande motivação da sociedade pela

preservação e recuperação das matas ciliares. Diversas ações de órgãos governamentais

ou não, tem sido implementadas através de projetos que envolvem pesquisa, educação

ambiental e trabalhos de recomposição. Entretanto, Botelho & Davide (2002) relatam

que se deve considerar que a mata ciliar é somente uma das formações vegetacionais

que ocupam uma sub-bacia e apenas a sua recomposição não é suficiente para recuperar

a capacidade de “produção” de água de uma bacia hidrográfica e conseqüentemente de

suas nascentes, mas também a proteção de zonas de recarga acima das nascentes,

através de práticas sustentáveis do uso do solo.

Essas formações vegetais são sistemas particularmente frágeis em face dos

impactos promovidos pelo homem, pois, além de conviverem com a dinâmica erosiva e

de sedimentação dos cursos d’água, localizam-se no fundo de vales (VAN DEN BERG,

1995), que correspondem às áreas de uma bacia hidrográfica onde, comumente, ocorrem

os solos mais férteis e úmidos. Por isso, as matas ciliares são tão propensas a

derrubadas, dando lugar às atividades agrícolas (BOTELHO & DAVIDE, 2002;

OLIVEIRA FILHO et al., 1994a).

Dependendo do grau de perturbação da nascente e, considerando as condições

químicas, físicas e biológicas do solo, a presença de árvores fornecedoras de sementes e

o estágio regenerativo, poderá ser utilizado o plantio de enriquecimento (GANDOLFI e

RODRIGUES, 1996) ou somente a regeneração natural (BOTELHO et al., 2001).

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Estudos realizados por Pinto et al. (2005) indicam que independentemente do

tipo e do estado de conservação da nascente a ser recuperada, o primeiro passo a ser

tomado é o isolamento da área num raio de 50 m da nascente, para impedir a invasão

por animais domésticos, evitando, principalmente, a compactação do solo pelo pisoteio

e o comprometimento do estrato regenerativo da área. Já se o entorno da nascente for

ocupado por cultura agrícola ou pastagem, o segundo passo a ser dado é o cancelamento

dessas atividades dentro da área a ser restaurada, para que não exerçam competição com

as espécies arbóreas plantadas ou regeneradas naturalmente.

Quanto às espécies escolhidas para regeneração, Andrade (2003) alega que se

deve dar preferência às espécies frutíferas, para promover a atração de animais

silvestres, que são importantes no processo de dispersão, acelerando a dinâmica de

sucessão (PIÑA-RODRIGUES et al., 1990). Nas nascentes onde a degradação já

favoreceu o desenvolvimento de populações dominantes (RODRIGUES &

GANDOLFI, 2001), deve-se realizar o controle do número de indivíduos dessas

populações para reduzir a competição com a regeneração das espécies arbóreas,

possibilitando o avanço sucessional.

Para o Estado de São Paulo, a Resolução SMA (2008) dá orientação para

recuperação florestal de áreas degradadas em áreas rurais, ou urbanas com uso rural.

Nela há obrigação de se utilizar no reflorestamento de uma área de preservação

permanente, espécies de árvores nativas típicas da própria região.

2.6.1 Métodos de recuperação de mata ciliar

A recomposição das matas ciliares pode ser efetuada, utilizando-se técnicas de

acordo com o estado em que se encontra o local. A decisão sobre o método a ser

utilizado dependerá do grau de degradação das áreas, que pode ser medido por meio dos

estudos florísticos e fitossociológicos, ou ainda pela avaliação fisionômica da vegetação

na área a ser recomposta (RODRIGUES; GANDOLFI, 1993).

Regeneração natural

A regeneração natural da vegetação ocorre através de processos naturais, como

germinação de sementes e brotação de tocos e raízes, sendo responsável pelo processo

de sucessão na floresta (BOTELHO & DAVIDE 2002).

Segundo SMA (2009), a regeneração natural é indicada nas áreas pouco

perturbadas que retêm a maioria das características bióticas e abióticas das formações

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florestais típicas da região. Os possíveis fatores de perturbação não podem atuar

inibindo os processos espontâneos.

Ainda de acordo com Botelho & Davide (2002) deve-se considerar que a

implantação de uma floresta de proteção através da regeneração natural transcorrerá de

forma mais lenta, quando comparada à implantação pelo método convencional através

do plantio de mudas, visto que ocorrerá nos padrões da sucessão florestal. No entanto o

método reduz significativamente os custos de implantação, uma vez que exige menos

mão-de-obra e insumos na operação de plantio.

Os autores acima citados detalham que o sucesso da regeneração natural vai

depender das árvores produtoras de sementes para suprir a quantidade adequada a fim

de garantir a densidade de plantas desejada. Para isso é necessário se conhecer aspectos

como distância de dispersão, quantidade de sementes produzidas por árvore,

características de predação das sementes, proporção de sementes viáveis produzidas,

capacidade de germinação e vigor das sementes da(s) espécie(s) a ser(em)

regenerada(s).

Normalmente áreas recém-perturbadas têm maiores possibilidades de

apresentar um banco de sementes que possa suprir as sementes para desencadear o

processo de regeneração. Já as áreas de maior grau de degradação dificilmente terão

capacidade de manter um banco de sementes pelas condições de degradação do solo e

pela própria escassez de árvores matrizes.

O ambiente existente na área é fundamental para garantir a germinação. Um

ponto básico é a relação da condição de luz e as espécies potenciais para serem

regeneradas. É necessário também o controle sobre a invasão de plantas daninhas na

área, que impeça a germinação das sementes das espécies desejadas. Pode ser necessário

o controle das plantas daninhas e melhoria nas condições do solo (BOTELHO &

DAVIDE, 2002).

Para garantir o sucesso da regeneração natural ou artificial, algumas práticas

devem ser adotadas, como por exemplo, a construção de cercas, no caso de presença de

gado na área. A construção de aceiros também é importante, principalmente em áreas

vizinhas a pastagens onde tradicionalmente usa-se o fogo como prática.

Regeneração artificial

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A regeneração artificial, através do plantio de mudas ou semeadura direta,

poderá ser utilizada nos locais onde não exista vegetação arbórea, ou ainda dentro de

sistemas de enriquecimento. As vantagens oferecidas são o bom controle sobre a

densidade, o espaçamento do povoamento e a utilização de material geneticamente

superior. Como principais desvantagens estão o alto custo de estabelecimento e a

utilização intensiva de mão de obra e de equipamentos (BARNETT & BAKER, 1991).

a) Enriquecimento

O enriquecimento, segundo a SMA (2009) pode ser aplicado em áreas com

estágio intermediário de perturbação que mantêm algumas das características bióticas e

abióticas das formações ciliares típicas daquela condição, situação de áreas cuja floresta

original foi degradada pela ação humana, ocupada por capoeiras, com domínio de

espécies dos estágios iniciais de sucessão.

Botelho & Davide (2002) ressaltam que o sistema de enriquecimento apresenta

algumas variações na forma de distribuição das plantas no campo, que poderá ser em

linhas, faixas ou grupos. Este tipo de distribuição uniforme pode facilitar os tratamentos

silviculturais que poderão ser necessários, principalmente de manutenção, e na

orientação de plantio. Entretanto a distribuição aleatória poderá ser utilizada, além da

distribuição localizada, principalmente considerando as condições e necessidades de

cada parte dentro da área a ser enriquecida.

b) Plantio de mudas

A regeneração por plantio de mudas é o método mais comum de reflorestamento

no Brasil. De acordo com SMA (2009) o plantio de mudas é indicado para áreas

bastante perturbadas, que não conservem nenhuma característica biótica das formações

florestais ciliares originais daquela condição. Essa é uma situação típica de áreas cuja

capacidade de resiliência foi destruída, através da retirada da floresta original para

prática de alguma atividade agropastoril.

As mudas devem ter boas condições de sanidade e altura mínima de 30 cm. No

plantio é preciso retirar a muda do saco plástico com cuidado, sem destruir o torrão,

colocar a planta na cova sobre a porção de terra já com o adubo e, com o resto da

mistura, cobrir o torrão compactando a terra ao redor. Caso não chova deve-se fazer

pelo menos uma irrigação por semana no primeiro mês de plantio, e uma a cada duas

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semanas no segundo. As mudas devem ser amarradas em varetas-guias (tutores) com

um metro de altura que, além de dar orientação de crescimento, servirão para ajudar na

localização das mudas no campo (SMA, 2009).

Portanto, é de fundamental importância garantir a qualidade da muda utilizada,

pelo controle adequado no viveiro da propriedade ou pela garantia de qualidade do

viveiro de onde vão ser adquiridas. As mudas das principais espécies florestais

plantadas no Brasil são produzidas em tubetes, pelas inúmeras vantagens apresentadas

no processo de produção e no plantio, mas a sobrevivência pode ser menor quando

comparadas às mudas produzidas em sacos plásticos, quando o plantio é feito em

períodos de pouca chuva, ou sem irrigação de plantio. Entretanto, na maioria dos

viveiros de menor porte, principalmente nos que produzem mudas de espécies nativas, a

embalagem mais usada ainda é o saco plástico.

c) Semeadura direta

A semeadura direta é conhecida em alguns países, como sendo uma técnica

versátil e barata de reflorestamento, podendo ser empregada em situações onde a

regeneração natural ou o plantio não podem ser praticados (METTEI, 1995).

Segundo Botelho & Davide (2002) no Brasil não é um método muito utilizado

basicamente devido ao tipo de povoamento, e as espécies utilizadas nas florestas de

produção, que foi a base do desenvolvimento da silvicultura no Brasil. Entretanto, deve-

se considerar que é um método de alto potencial partindo-se do princípio de que na

floresta tropical a principal forma de regeneração, tanto nas clareiras quanto na

expansão dos remanescentes se dá por semeadura natural.

Mattei (1993) faz a observação que a semeadura direta no campo pode surgir

como uma técnica relativamente simples de reflorestamento, que não visa substituir os

tradicionais métodos existentes, nem descartar a necessidade de se buscarem novas

técnicas de implantação de povoamentos, mas servir como alternativa de produção, para

áreas que não se adaptam a outro método de reflorestamento, bem como para pequenas

propriedades, onde são maiores as dificuldades de se conseguir mudas de alta qualidade.

Para que o método possa ser implantado, alguns fatores devem ser observados

em campo, para que não haja impedimento do estabelecimento das sementes. Botelho &

Davide (2002) cita os principais fatores como: características do solo, competição com

gramíneas, predação das sementes e qualidade das sementes.

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Todos estes fatores devem ser analisados em conjunto a fim de definir os

melhores métodos de preparo de solo, controle de plantas daninhas, número de

sementes a ser semeado e proteção na semeadura.

É válido ressaltar que tanto a regeneração natural como a artificial demanda

habilidade técnica e cuidados na sua aplicação, para assegurar o sucesso no

estabelecimento de um povoamento. Ambos os métodos requerem preparação do sítio,

controle da vegetação, proteção e manejo (MATTEI, 1993).

2.6.2 Construção de estruturas protetoras de nascentes

As estruturas protetoras das nascentes têm como objetivo evitar a contaminação,

principalmente quando água é destinada ao consumo humano. A água pode sofrer

alteração na sua qualidade já em sua origem, quer por partículas de solo, quer por

matéria orgânica oriunda das plantas circunvizinhas, insetos e outros.

De acordo com a SMA (2009), quando as nascentes se originam em uma encosta

a tarefa pode se resumir na construção da caixa de captação ou depósito que,

preferencialmente, deve ser revestida e sempre coberta. O revestimento tem por objetivo

evitar a imediata contaminação da água pelas próprias partículas do solo, provenientes

de desmoronamento das paredes da caixa e, a cobertura, para evitar a contaminação

trazidas pelo vento, restos vegetais, detritos de animais silvestres e algas .

A proliferação de algas e cianobactérias, apesar de promover maior oxigenação

da água através da fotossíntese, ao morrerem podem conferir mal cheiro à água e

toxinas, devido a presença de bactérias decompositoras. Este fato pode resultar na

inutilização da nascente, principalmente para seu uso preponderante, que é a

dessedentação humana.

A seguir, apresentam-se alguns tipos de estruturas protetoras simples:

Captação com drenos cobertos

Segundo Daker (1976) a captação da água é realizada em um nível mais elevado

daquele do afloramento natural da nascente. Utilizam-se drenos constituídos por tubos,

como o de PVC. Essa situação permite conduzir a água por gravidade, para o

abastecimento de uma caixa d’água utilizada para consumo humano sem necessidade de

bombear. O comprimento destes tubos depende da largura do lençol e seu diâmetro, e da

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vazão desejada. Os pontos de penetração (captação do dreno) devem ser definidos por

sondagem, que, dependendo da situação, pode ser feito por trado.

A Figura 12 apresenta, em detalhes, um dreno saindo da superfície do solo,

tendo apenas uma tampa de fibrocimento protegendo o ponto de penetração do tubo no

solo.

Figura 12 - Captação com drenos cobertos

Fonte: SMA, 2009.

Trincheiras

São bastante utilizadas para o caso de lençol freático superficial ou próximo à

superfície. A trincheira é aberta em posição transversal à direção do fluxo até penetrar

na camada permeável por onde corre o lençol. Deve apresentar uma declividade no

sentido da largura a fim de que a água possa ser captada, canalizada ou bombeada.

Daker (1976) afirma que se pode conseguir uma vazão tanto maior quanto maior for a

penetração da escavação dentro da camada permeável.

Na Figura 13 pode-se observar a presença de um tubo ladrão e nesse, uma tela

de proteção para se evitar a penetração de insetos. Também uma tampa de inspeção para

quando for necessário o serviço de manutenção da caixa.

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Figura 13 - Caixa de proteção de nascentes do tipo trincheira.

Fonte: SMA, 2009.

Protetor de fonte modelo Caxambu

É uma ótima estrutura desenvolvida e apresentada pela Epagri/SC (2002), de

baixo custo de construção e que dispensa limpeza periódica da fonte. Segundo SMA

(2009) trata-se de um tubo de concreto de 20 cm de diâmetro, contendo quatro saídas,

duas constituídas de dois tubos de PVC de 25 mm, (ou mais, conforme a necessidade)

por 30 cm de comprimento, que serão as duas saídas da água e, outras duas formadas

por dois tubos de PVC de 40 mm x 30 cm de comprimento, um tubo para limpeza da

estrutura e outro para “ladrão” (Figura 14).

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Figura 14 - Proteção de nascentes modelo Caxambu.

Fonte: SMA, 2009.

2.7 Inserção das águas das nascentes na política de abastecimento rural

No Brasil, baseando-se nos dados das companhias estaduais e municipais de

saneamento, populações urbanas que recebem água encanada consomem em média

148,5 L/hab.dia (MC, 2011b). Já em populações rurais difusas, Braga (2011) afirma

que o consumo é bem menor, devido à água para uso doméstico ser obtida, por vezes, a

centenas ou milhares de metros de distância da residência, e nem sempre de boa

qualidade, com transporte realizado por animais de carga ou pelas próprias pessoas.

Na zona rural encontra-se a maioria das nascentes, mas em contrapartida, nessas

áreas a população dispõe de poucos recursos para investimento em proteção,

preservação e recuperação desses mananciais.

É habitual entre as famílias que ocupam as terras onde existe nascente,

disponibilizar o uso da água para si e para todos. Os assentados não costumam prender a

água, e então quem tem a nascente em seu terreno é levado a usar uma quantidade de

água que permita sobrar para aqueles que não possuem água com qualidade suficiente,

principalmente, para beber. Estes acordos resultam de antigas e espinhosas combinações

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que as famílias realizam entre si no correr de suas histórias, até configurar costume e

norma.

Muitas vezes compartilham as nascentes e, juntos criam novas alternativas para

a distribuição da água. Quando algum fator ambiental, geográfico ou mesmo social

impede que tais acordos sejam feitos, procuram vizinhos aparentados ou mesmo

vizinhos próximos que possuem situação mais equilibrada de abastecimento para

criarem novos arranjos. E, como último recurso, recorrem ao poder público para obter

soluções.

Quando o recurso hídrico apresenta-se escasso, as famílias de parceleiros

organizam um esquema de priorização de uso da água. E, como na legislação,

consideram que a água, dentre seus usos múltiplos, deve ser utilizada prioritariamente

para os seus usos mais nobres, como para beber. Nas ocasiões mais críticas de escassez,

elas são utilizadas apenas para matar a sede e para cozinhar. E se é um recurso escasso,

“tem que saber usar”. Saber usar, para esses agricultores, "é não sujar" a água que é de

todo mundo, é "regrar" para que todos possam usar. As famílias que dividem a mesma

fonte de água devem saber usar racionalmente o recurso, procurando garantir água em

qualidade e quantidade suficientes para todos os usuários.

Estabelecer diretrizes e políticas públicas voltadas para melhoria da oferta de

água e gerenciamento de sua demanda são desafios para os gestores. O Brasil tem se

destacado por ser um pioneiro ao reformar leis e introduzir em seu cotidiano formas

mais modernas de gestão das águas, buscando garantir a sustentabilidade de seu uso

para as gerações futuras (DRUMOND, 2008).

O Plano Nacional de Saneamento Básico (MC, 2011) aponta para metas de

abastecimento de água à população rural e às comunidades tradicionais. Segundo Braga

(2011) para vencer este passivo no país é preciso considerar as especificidades desses

territórios, que requerem abordagem própria e distinta da convencionalmente adotada

nas áreas urbanas, tanto na dimensão tecnológica, quanto na gestão e relação com as

comunidades.

Se nascentes, córregos, rios e lagos são considerados bens públicos - e, portanto,

não negociáveis - o seu produto - a água - quando utilizado em seus múltiplos fins, se

torna um bem econômico com um mercado consumidor garantido. E como todo bem

público, a água deve ser gerida pelo Estado a fim de se garantir o uso pela coletividade e

a preservação do recurso (DORFMAN, 1993).

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O primeiro referencial legal que dispôs sobre águas no Brasil foi o Decreto Lei

nº 22.643/34, chamado Código das Águas que constituiu um marco no gerenciamento

de recursos hídricos no Brasil, onde as águas podiam ser públicas ou privadas.

Na Constituição Federal de 1988 as águas passaram a ser de domínio público,

isto é, todos têm direito ao seu uso. Nesta nova visão, foram estabelecidos dois

domínios: da União (corpos de água que atravessam mais de um estado e/ou país) e dos

Estados. Esta norma legal estabelece, ainda, que as águas subterrâneas são de domínio

estadual.

Em 08 de Janeiro de 1997, foi sancionada no Brasil a Lei da Política Nacional de

Recursos Hídricos e o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos –

SINGREH, que foi estabelecida pela Lei de Águas (Lei nº 9433/97) tendo como

fundamentos: a água é um bem de domínio público; um recurso natural e limitado,

dotado de valor econômico; em situações de escassez, o uso prioritário é o consumo

humano e dessedentação animal; uso múltiplo das águas deve ser proporcionado e a

gestão descentralizada e participativa. Entre os objetivos da política destaca-se a

utilização racional e integrada das águas, tendo como unidade de gerenciamento a bacia

hidrográfica.

Diversos estados possuem, além das leis estaduais de recursos hídricos,

regulamentações dos instrumentos de outorga de direito de uso e cobrança pelo uso da

água, bem como, normas que tratam da proteção das águas subterrâneas e da sua gestão

(MMA, 2007).

No estado de Pernambuco foi criada no ano de 2005 a Lei 12.984, que dispõe

sobre a Política Estadual de recursos Hídricos e o Sistema Integrado de Gerenciamento

de Recursos Hídricos.

Alguns instrumentos foram definidos pela Lei federal 9.433 como necessários à boa

gestão do uso da água, e são eles os seguintes:

Plano Nacional de Recursos Hídricos - consolida todos os planos diretores de

recursos hídricos de cada bacia hidrográfica, sendo sua elaboração de

responsabilidade da Secretaria de Recursos Hídricos (SRHU), do Ministério do

Meio Ambiente.

Cobrança pelo uso da água - instrumento necessário para o equilíbrio entre a

oferta e a demanda. Tem por objetivos reconhecer a água como bem econômico,

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incentivar a racionalização do seu uso e obter recursos financeiros para o

financiamento de ações previstas nos planos de bacia (BRAGA, 2009).

Enquadramento dos corpos d'água em classes de uso - mecanismo necessário à

manutenção de um sistema de vigilância sobre a qualidade da água. A

classificação será feita com base em legislação ambiental. Os usos previstos são

para abastecimento público, irrigação, aqüicultura, dessedentação de animais,

recreação, navegação, harmonização paisagística e proteção ás comunidades

aquáticas.

O enquadramento dos corpos de água se constitui também num instrumento de

planejamento ambiental, estabelecendo o padrão de qualidade (ou classe) a ser

alcançado ou mantido por um reservatório ou trecho de rio. Em função disso são

estabelecido limites de captação de água ou de lançamento de resíduos (LANNA, 1995).

Outorga do uso da água- é um instrumento técnico, sendo definido como ato

administrativo de autorização, mediante o qual o poder público outorgante

faculta ao outorgado o direito de uso do recurso hídrico por prazo determinado,

nos termos e condições expressas no respectivo ato (BRAGA, 2009).

Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos – SNIRH-

compreende a coleta, a organização, armazenamento, a crítica e a difusão da

base de dados referente aos recursos hídricos, seus usos e o balanço hídrico de

cada bacia, para prover os usuários e gestores com informações para o

planejamento e a gestão. Segundo Braga (2009) é inerente ao SNIRH a

descentralização na obtenção e produção de dados e informações, a coordenação

unificada e o acesso a este dados e informações ficam garantidos à toda

população.

Em termos de estrutura de gerenciamento, estão previstos o Conselho Nacional

de Recursos Hídricos (CNRH) e seus equivalentes nos estados e no Distrito Federal, os

Comitês de Bacias Hidrográficas e as Agências de Água.

O CNRH é o órgão superior da hierarquia administrativa da gestão de águas,

responsável pelas grandes questões do setor e pela resolução de contendas maiores.

Os Comitês de Bacias Hidrográficas são um tipo de organização no Brasil,

embora bastante conhecidos em países desenvolvidos com gestão de recursos hídricos, e

contam com a participação de usuários, das prefeituras, de organizações civis e de

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representantes estaduais e federais. Os membros do comitê exercem o papel de um

parlamento das águas da bacia, pois é o local de decisões sobre questões relativas à

bacia.

Foi criado também o Programa Nacional de Águas Subterrâneas, tendo como

objetivo a ampliação dos conhecimentos técnicos relacionados às águas subterrâneas em

todo o país, bem como o desenvolvimento da base legal e institucional para a sua

adequada gestão, considerando o princípio da gestão sistêmica, integrada e participativa

das águas, além do fomento às ações de capacitação para a gestão racional e eqüitativa

destes recursos.

O Estado de Pernambuco sancionou uma lei específica de água subterrânea em

17 de janeiro de 1997 a Lei de nº 11.427, cujos principais objetivos foram administrar o

uso e prevenir situações como a depleção, superexplotação e conflitos entre usuários.

Apesar do significativo avanço que representou a criação da lei e da crescente

visão da importância dos recursos hídricos para a sociedade, o enfoque do

gerenciamento da água, sob o aspecto jurídico e institucional, tem se voltado

tradicionalmente para as águas superficiais (ZOBY E MATOS, 2002).

Segundo o autor acima citado, no Brasil, ainda existe uma lacuna na forma de

planejar a gestão da água. O grande desafio é desenvolver uma visão integrada, em que

para efetivamente gerir recursos hídricos, as suas diferentes formas de ocorrência não

sejam dissociadas. Portanto, é necessário ter uma visão ampliada da questão das águas,

porque contemplar apenas parte do problema representará uma limitação na efetiva

solução dos resultados requeridos pela sociedade.

Por isso é preciso encontrar alternativas que se adaptem às condições climáticas,

pedológicas e de distribuição das residências. Sob esta ótica, o uso das nascentes

evidencia-se adequado em condições climáticas como a da Zona da Mata do Nordeste

brasileiro, em solos com capacidade de infiltração e armazenamento das águas de chuva

e à distribuição espacialmente dispersa das residências.

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3.0 Área de estudo

3.1 Bacia do Natuba

A bacia hidrográfica do Natuba está situada na zona rural dos municípios de

Vitória de Santo Antão e Pombos.

Esses municípios estão localizados na mesorregião Mata Sul do Estado de

Pernambuco, limitando-se a norte com Glória do Goitá e Chã de Alegria e Passira, a sul

com Primavera e Escada, a leste com Moreno, Cabo e São Lourenço da Mata, e a oeste

com Chã Grande e Gravatá (Figura 15).

Figura 15: Posicionamento da bacia do Natuba, nos municípios de Pombos e Vitória de

Santo Antão - Pernambuco.

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A área municipal de Vitória de Santo Antão ocupa 371,8 km2 e representa 0.35

% do Estado de Pernambuco. O município foi criado em 27/06/1811, pela Lei Estadual

nº 952, sendo formado pelos distritos: Sede e Pirituba e pelos povoados de Cidade de

Deus, Engenho Cachoeirinha e Engenho Pitu.

De acordo com o censo 2010 do IBGE, a população residente total do município acima

citado é de 129.974 habitantes, tendo a população urbana percentual de 87% (113.429).

Os habitantes do sexo masculino totalizam 62.409, enquanto que do feminino 67.565,

resultando numa densidade demográfica de 349,58 hab/km2.

O município de Pombos ocupa uma área de 204,1 km2 e representa 0,24 % do

Estado de Pernambuco. O município foi criado pela Lei Estadual n. 4.989

(PERNAMBUCO, 1963), sendo este, formado pela sede e os distritos de: Dois Leões e

Nossa Senhora do Carmo. Segundo o censo 2010 do IBGE, a população residente total

de Pombos é de 24.046 habitantes sendo 66% (16.011) na zona urbana. Os habitantes do

sexo masculino totalizam 11.882 e do sexo feminino totalizam 12.164, implicando numa

densidade demográfica de 117,84 hab./km2.

A bacia hidrográfica do rio Natuba, sub-bacia do Tapacurá, possui uma área de

drenagem de aproximadamente 39 km2, dividindo-se em Alto, Médio e Baixo Natuba,

podendo ser visualizada na Figura 16 (BRAGA, 2001). Esta sub-bacia possui 24

afluentes na margem direita e um afluente na sua margem esquerda com comprimento

de aproximadamente 1,6 km, e o seu curso principal uma extensão de 17,5 km (SILVA,

2007), correspondendo a 8,23% da área da bacia do Tapacurá (Figura 17). O rio Natuba

por sua vez, é o principal afluente da margem direita do rio Tapacurá, que é estratégico

manancial hídrico para a Região Metropolitana do Recife, em função do reservatório da

barragem do Tapacurá, a jusante.

Atualmente na bacia estão inseridos 06 assentamentos do INCRA (Engenho

Figueiras, Engenho Pacas, Natuba, Chico Mendes, Serra Grande e Divina Graça). A

demanda hídrica gerada pelos assentamentos é atendida pela bacia, principalmente por

nascentes, e pelo próprio curso d’água, uma vez que não possuem sistema de

abastecimento de água. O uso da água se dá, sobretudo, para irrigação e abastecimento

doméstico, realizados sem o planejamento adequado, constituindo-se em elementos de

pressão sobre os recursos hídricos, o que pode contribuir para a redução da qualidade da

água, e da sua disponibilidade, principalmente para subsistência das populações locais,

que têm na agricultura irrigada sua principal atividade econômica (SILVA, 2007).

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Figura 16 - Bacia do Rio Natuba dividida em baixo, médio e alto Natuba.

Fonte:

Figura 17 - Mapa de localização da bacia do rio Natuba, na perspectiva da bacia do

Tapacurá.

Fonte: Neto & Araújo, 2005.

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No Alto Natuba encontra-se o assentamento Chico Mendes, do INCRA. Na área

destaca-se a presença de um importante remanescente de Mata Atlântica, conhecido

como Mata de Ronda, que possui cerca de 510 ha de extensão. A mata insere-se no

assentamento também conhecido como “Ronda”; possuindo área de aproximadamente

1.600 ha (BRAGA, 2005).

No Médio Natuba estão inseridos mais dois assentamentos, o Divina Graça e o

Serra Grande, além do açude do Canha. Já no Baixo Natuba existem outros três

assentamentos, esses ainda implantados pelo governo de Pernambuco, através do Fundo

de Terras de Pernambuco (FUNTEPE). No Baixo Natuba existe intensa atividade de

horticultura, com acentuado consumo de água.

3.1.1-Clima

O clima dominante na área da bacia do rio Natuba é o Tropical chuvoso ou

Megatérmico úmido, com temperatura média anual de 23,8ºC, variando entre a mínima

de 19,3ºC e a máxima de 30,9ºC (SILVA, 2007). Segundo os dados pluviométricos dos

postos de Vitória de Santo Antão e Engenho Serra Grande (Figura 18), a área apresenta

uma precipitação média anual entre 1.008 mm e 1400 mm com o período chuvoso entre

os meses de março a julho, ou seja, chuvas de outono-inverno, concentrando-se nessa

estação em torno de 70% da precipitação média anual (BRAGA et al.,1998).

Figura: 18 - Precipitação média da série histórica no Engenho Serra Grande,

posto da SUDENE (1967-1988).

Fonte: CPTEC, 2012

Período chuvoso

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A área de estudo encontra-se em uma zona de transição entre a Mata

pernambucana e o Agreste, apresentando características mais úmidas a leste e mais

secas a oeste da região (SOUZA et al, 2009).

3.1.2 - Solos

Segundo Silva et al. (2001), os principais tipos de solos ocorrentes na sub-bacia

do rio Natuba são o Latossolo Amarelo, Argissolo Amarelo, Argissolo Vermelho e o

Gleissolo (Figura 19).

Figura 19 - Mapa da distribuição dos solos da bacia do rio Natuba, Zona da Mata de

Pernambuco.

Fonte: Souza, et al (2008). Adaptado de Silva et al, (2001).

Na análise da fertilidade natural e deficiência de oxigênio dos solos da bacia,

segundo Araújo Filho (2000), foi verificado que os Gleissolos possuem alta fertilidade

natural e, portanto, um grau de impedimento de uso agrícola nulo. Os Argissolos

Vermelhos e Argissolos Amarelos possuem média disponibilidade de nutrientes e desta

forma impedimento moderado. Os Latossolos Amarelos possuem baixa fertilidade

natural e um impedimento forte.

Os Gleissolos são típicos de ambientes hidromórficos, que apresentam o lençol

freático elevado na maior parte do ano e apresentam um impedimento forte no atributo

deficiência de oxigênio, enquanto as outras classes de solos da bacia por não

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apresentarem problemas referentes ao excesso de água apresentam um impedimento

nulo (NETO & ARAÚJO, 2011).

3.1.3 - Cobertura vegetal e usos do solo

A vegetação nativa da sub-bacia do rio Natuba é caracterizada por dois tipos

distintos: Mata Atlântica, representada por um importante remanescente conhecido

como Mata do Ronda, que possui cerca de 512 ha de extensão, e a Caantiga, que é

encontrada nas escarpas da Serra das Russas (BRAGA, 2005).

Com a expansão da monocultura da cana-de-açúcar para o interior, quase toda a

região foi ocupada por canaviais, pertencentes a grandes latifúndios. Em meados do

século XX iniciaram-se os arrendamentos de pequenas glebas por trabalhadores da

cana-de-açúcar, e na década de 90, com a crise da cana-de-açúcar, ocorreu uma

mudança gradativa dessa atividade produtiva para o plantio de hortaliças folhosas,

principalmente na parte baixa da bacia.

Entre o período de 1989 e 2007, foi comprovado o aumento de 5,33% da

cobertura vegetal da bacia do rio Natuba. Essas mudanças ocorreram em maior parte

com a expansão e adensamento de áreas de matas nativas e também pelo avanço da

agricultura na região atualmente (SOUZA et al, 2009).

Outros fatores também estão relacionados a esse aumento de cobertura vegetal

durante esse período de dezoito anos, os quais foram: a implantação de áreas de reservas

ambientais, como a Mata do Ronda, localizada no Alto Natuba que possui um

remanescente de Mata Atlântica considerado de grande importância biológica pelo Atlas

da Biodiversidade de Pernambuco (PERNAMBUCO, 2002); o aumento da agricultura

familiar, proveniente da criação de três assentamentos implantados pelo INCRA

denominados de Chico Mendes, Divina Graça e Serra Grande, e que incluem 240

famílias; o desenvolvimento da agricultura em toda a área da bacia, com crescimento da

produção de hortaliças (cultivo orgânico e convencional), mas principalmente na região

do baixo Natuba que se tornou uma área de grande cultivo que abastece praticamente

60% do mercado da Região Metropolitana do Recife – PE, (Figura 20) (SOUZA, 2009).

As formas de utilização da terra na região da sub-bacia do rio Natuba foram

classificadas, segundo Braga (2001), como de: mata, capoeira, cana-de-açúcar,

horticultura, policultura, fazendas e superfície de água (Figura 21).

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Figura 20 - Mapa de vegetação densa da bacia do rio Natuba de 2007.

Fonte: Souza, 2009.

Figura 21 - Mapa do Uso da terra da sub-bacia do rio Natuba, Zona da Mata Centro do estado de

Pernambuco.

Fonte: Braga, 2001.

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3.1.4 - Relevo

A bacia do rio Natuba possui cotas altimétricas entre 150 e 590 metros, havendo

assim uma variação de 440 metros entre o ponto mais alto e o mais baixo da bacia

(Figura 22).

Figura 22- Modelo Digital de Elevação do terreno da sub-bacia do Natuba

Fonte: Souza et al., 2009.

3.1.5 - Geologia

Segundo Gomes e Santos, 2001 a sub-bacia do rio Natuba está inserida nos

complexos geológicos de: My4sm, Mbf, NY3m, Ny3qd (Figura 23).

My4sm: rochas metaplutônicas (mesoproterozóica) compostas por

leucogranitóides contendo biotita e muscovita.

Mbf: Complexo Belém de São Francisco (mesoproterozóico) formadas por

biotita ortognaisses tonalíticos/granodioríticos, leucocrático de cor cinza,

geralmente migmatizados e migmatitos com mesossoma quartzo

diorítico/tonalítico a anfibólio e/ou biotita, etc.

NY3m: Suíte Magmática (neoproterozóico) compostos por monzonitos e

granodioritos com enclaves máficos/filiação alcalina-metaluminosa.

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Ny3qd: Suítes Magmáticas (neoproterozóico) formados por

quartzodioritos com variações para monzodioritos, monzogranitos e

biotitagranodioritos.

Figura 23 – Complexos geológicos da sub-bacia do rio Natuba.

Fonte: Gomes e Santos, 2001.

3.2 Assentamento Serra Grande

O assentamento rural Serra Grande abrange uma área total 758,71 hectares, dos

quais 140,78 são Reservas Legais, 61,95 são APPs de cursos d`água, 13,30 são áreas

comunitárias e o restante, 542,68 hectares, correspondem às parcelas (Figura 24). Nesta

área vivem cerca de 100 famílias, distribuídas em 100 parcelas, cujo tamanho médio é

de 6,39ha. As 100 famílias distribuídas por igual número de parcelas no assentamento

são formadas em média por 4,3 pessoas, sendo que 66,7% das famílias são compostas

por três ou quatro pessoas.

Segundo Silva (2009), estas famílias utilizam em média 2,7 hectares para o

plantio, o que é uma baixa taxa de ocupação considerando-se o tamanho médio das

parcelas de 6,39 hectares. O que corresponde a cerca de metade do tamanho das

parcelas.

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Figura 24: Planta do assentamento Serra Grande, dividido em 100 parcelas e áreas de

Reserva Legal.

Fonte: SNE, 2011

3.3 - Uso do solo local

Os tipos de uso da terra existentes no médio Natuba, onde está inserido o

assentamento em estudo, são marcados por diversas atividades, tendo na agricultura o

seu uso preponderante.

Nesta região de exploração agrícola, voltada para a produção de hortaliças, o

produtor rural vive um processo de desenvolvimento local não sustentável. As hortaliças

caracterizam-se pela sua baixa produtividade, decorrente entre outros fatores das

condições de solo, irregularidades na distribuição pluviométrica, problemas

fitossanitários (pragas e doenças) e principalmente pela falta de assistência técnica.

Além das hortaliças, cultivam-se, sobretudo feijão, milho e macaxeira. (Figuras 25, 26,

27 e 28).

Na mesma região, também se faz o uso do solo para o plantio de culturas de

ciclo longo como a cana-de-açúcar e banana.

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Figuras 25, 26, 27, 28 - Plantio de culturas de ciclo curto: coentro feijão, milho e macaxeira no

assentamento Serra Grande.

25 26

27 28

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4.0 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1 Cadastramento das nascentes

A partir de levantamento inicial realizado pelo Projeto Gestão Integrada de

Microbacias do Rio Natuba (financiado pelo CT Hidro/CNPq), desenvolvido pelo

Grupo de Recursos Hídricos do Departamento de Engenharia Civil da UFPE, em

parceria com a Sociedade Nordestina de Ecologia, foram complementadas informações

geradas pelo mesmo e acrescentadas às referentes especificamente ao trabalho de

dissertação.

Tomando como referência a planta do assentamento Serra Grande, fornecida

pelo INCRA, foi complementado o levantamento parcial de nascentes realizado pelo

Projeto Natuba. As informações sobre o número de nascentes localizadas em cada uma

das 100 parcelas existentes no assentamento foram inseridas em um quadro, e

registradas em um mapa do assentamento, sem necessariamente incluir o

posicionamento georreferenciado, podendo ser observado na Figura 29. Este

cadastramento permite o entendimento sobre as ocorrências, indicando a ocorrência das

mesmas nas parcelas.

4.2 Escolha das nascentes a serem estudadas

A partir do conhecimento da disponibilidade de nascentes no assentamento,

foram escolhidas 20 (vinte) delas para o desenvolvimento desta pesquisa. A escolha

decorreu de alguns fatores, dentre eles: a receptividade do titular da parcela a que

pertence e a praticidade de trabalho com as mesmas.

As 20 nascentes selecionadas foram caracterizadas a partir do preenchimento da

Ficha de Identificação da Nascente, conforme o modelo no Anexo 1. Além do número e

proprietário da parcela e coordenadas geográficas, a ficha inclui informações sobre

fontes e usos da água na parcela, fontes de contaminação de água na nascente, tipo de

terreno (de encosta ou de depressão), regime de vazão, estrutura física, formas de uso na

nascente, estado de conservação da nascente, qualidade da água e vazão.

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Figura 29 - Planta do Assentamento Serra Grande, com o cadastro de ocorrência, abundância e

densidade das nascentes nas parcelas.

Fonte: SNE, 2012.

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4.3 Estado de conservação das nascentes

Para o conhecimento preliminar do estado de conservação das nascentes

escolhidas, foi utilizada a ferramenta do geoprocessamento, com localização e

caracterização do uso do solo no entorno das nascentes, em raio de 50 e 300 metros.

Para analisar o estado de conservação das nascentes, foram visitadas 20 parcelas

entre os meses de Abril e Julho de 2011, as quais foram escolhidas a partir de dados de

identificação pré- liminar da existência de nascentes na área.

As observações do estado de conservação realizaram-se diretamente durante as

visitas, sendo as condições registradas em fotografia digital e caderno de campo,

enquanto a localização e o georrefenciamento foi com aparelho de GPS.

Para avaliar o estado de conservação das nascentes, foram estabelecidos alguns

parâmetros para análise da qualidade da água diretamente no seu corpo, sendo eles:

turbidez, presença de coliformes, presença de resíduos sólidos, uso direto da água,

suspeita de presença de agrotóxicos, além da situação de desproteção física.

Também foram definidos alguns tipos de parâmetros para a análise do entorno

das nascentes, como: predominância de cobertura vegetal, ocorrência de processos

erosivos no solo, uso de agrotóxicos, presença de animais de criação, evidências de

queimadas ou de corte da vegetação, além da ocorrência de edificações domésticas e/ ou

rurais.

Para cada parâmetro foi estabelecida uma nota, conforme listado a seguir,

entretanto alguns deles foram justificados conforme prevê a legislação. Outros se

justificaram por serem considerados fatores de riscos a qualidade do estado de

conservação da nascente:

A- Turbidez da água

Nota (3) ≤ 5. De acordo com o Ministério da Saúde, Portaria 2914 de 2011, valores de

Turbidez de até 5,0 uT, atendem aos padrões de potabilidade, estando a água própria

para beber após desinfecção. Os valores de Turbidez, superiores a 5 uT, indicam que

suas águas não podem ser classificadas na Classe Especial (CONAMA 357/2005) que é

destinada ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção .

Nota (2) 6-39. De acordo com a Resolução CONAMA 357/2005, as águas doces de

classe I deverão apresentar até 40 unidades nefelométricas de turbidez (UNT). Os usos

são destinados:

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a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado;

b) a proteção das comunidades aquáticas;

c) a recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho,

conforme Resolução CONAMA 274, de 2000;

d) a irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam

rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película; e

e) a proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.

Nota (1) 40-99. Segundo a Resolução CONAMA 357/2005 águas de classes 2 e 3

devem apresentar turbidez de até 100 UNT.

Os usos destinados a classe II:

a) abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional;

b) proteção das comunidades aquáticas;

c) recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho,

conforme Resolução CONAMA 274, de 2000;

d) irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e

lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto; e

e) aqüicultura e a atividade de pesca.

Usos que são destinados à classe III:

a) abastecimento para consumo humano, apos tratamento convencional ou avançado;

b) irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;

c) a pesca amadora;

d) a recreação de contato secundário; e

e) a dessedentarão de animais.

Nota (0) ≥ 100. Águas doces com turbidez > 100 estão inseridas na classe IV. De

acordo com a Resolução CONAMA, 357/2005, águas doces de classe IV são destinadas

à navegação; e à harmonia paisagística.

B- Presença de E. coli

Nota (3) – Ausência . Quando o resultado da análise bacteriológica for < 1. Estará a

água da nascente excelente para beber de acordo com a Portaria 2914 de 2012.

Nota (2) - 1 a 200 (NMP). A água estará excelente para banho de acordo com a

Resolução CONAMA 274 de 2000, não excedido um limite de 200 coliformes

termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais, de pelo menos 6 amostras coletadas

durante um ano, com freqüência bimestral.

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Nota (1) - 201 a 400. A água estará apropriada para banho, quando em 80% ou mais de

um conjunto de amostras obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas

no mesmo local, houver no máximo 400 E.coli, por 100 mililitros (CONAMA 274,

2000).

Nota (0) - > 400. De acordo com a Resolução CONAMA 274 de 2000, a água estará

satisfatória para banho quando tiver no máximo 800 E.coli.

C- Presença de resíduos sólidos

Nota (3) - Ausência. Quando for observada a ausência total de resíduos na nascente.

Nota (2) - Pequena. Se for verificada presença de pequena quantidade de qualquer tipo

de resíduo, abandonado na nascente.

Nota (1) - Grande. Se for observada uma quantidade muito considerável de materiais

descartados na nascente. Por exemplo: garrafas, baldes, sacos plásticos.

Nota (0) - Muito grande. Será considerada muito grande se a nascente for considerada

um local de descarte de resíduos sólidos, com presença de vários tipos de materiais.

D- Suspeita de agrotóxico na água

Nota (3) - Ausência. Quando não houver suspeita alguma.

Nota (2) - Pequena. Se for comentado por algum usuário da nascente, mas sem

sintomas, ou cheiro que possam gerar alguma suspeita.

Nota (1) - Grande. Será uma suspeita grande quando, forem confirmados por alguns

usuários, algum cheiro desagradável e sintomas como dores abdominais após ingestão

da água.

Nota (0) - Muito grande. Será uma suspeita muito grande, quando além de sintomas

como cheiro desagradável e dores de barrigas freqüentes, houver o cultivo próximo à

nascente de culturas com uso de agrotóxicos.

E- Uso direto da água

Nota (3 )- Ausência. Nenhum uso é feito da nascente.

Nota (2) - Eventualmente. Se eventualmente alguém fizer uso para beber, retirando

água inserindo baldes dentro da nascente. Mas não é uma prática de rotina.

Nota (1) - Freqüentemente. Quando for uma prática de rotina a retirada de água para

beber com utilização de baldes dentro da nascente.

Nota (0) - Muito freqüentemente. Os diversos usos são feitos diretamente na nascente

como: lavagens de louças, pratos, dessedentação e banho de animais.

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94

F- Desproteção física

Nota (3) - Estrutura de proteção lateral e superior completa. Quando a nascente

estiver bem protegida, tanto lateralmente como com uma tampa superior em ótimas

condições.

Nota (2) - Estrutura de proteção lateral e ou superior incompleta ou danificada.

Quando a proteção lateral e ou superior estiver comprometida, como por exemplo,

buracos, rachaduras e oxidações.

Nota (1) - Ausência de cobertura superior ou grave comprometimento na estrutura

lateral. Quando a nascente for totalmente exposta na parte superior e sua estrutura

lateral bastante danificada.

Nota (0) - Ausência de qualquer estrutura de proteção. Quando a nascente é

totalmente exposta. Quanto à situação locacional conforme estabelece o código

florestal, foi analisada a área de entorno no raio de 50m, sendo denominada por área de

preservação permanente (APP).

G- Predominância de cobertura vegetal no solo

Nota (3) - Vegetação arbórea: quando houver predominância de vegetação arbórea

Nota (2) - Vegetação arbustiva: quando houver predominância de vegetação arbustiva

Nota (1) - Pasto e ou agricultura de ciclo longo: quando houver predominância de

pasto e ou agricultura de ciclo longo

Nota (0) - Agricultura de ciclo curto: quando houver a predominância de agricultura

de ciclo curto.

H- Ocorrência de processos erosivos

Nota (3) - Ausência: quando o solo estiver coberto por vegetação sem apresentar

evidências de processos erosivos.

Nota (2) - Pequeno: quando no solo com cobertura vegetal, apresentar poucas

evidências de processos erosivos.

Nota (1) - Grande: quando o solo apresentar pouca cobertura vegetal, sendo

observados grandes processos erosivos como: rachaduras, ou voçorocas.

Nota (0)- Muito grande: quando o solo estiver totalmente exposto, apresentando

grandes processos erosivos.

I- Uso de agrotóxicos

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95

Nota (3) - Ausência: quando a área do entorno não é utilizada sendo totalmente

preservada.

Nota (2) - Pequeno: quando o uso do entorno é feito esporadicamente.

Nota (1) - Grande: quando o uso for realizado freqüentemente para plantações no

entorno das nascentes.

Nota (0) - Muito grande: uso intensivo das terras do entorno, com uso de agrotóxicos

nas culturas.

J- Presença de animais de criação

Nota (3) - Ausência: quando não for observada a presença de animais na área.

Nota (2) - Pequena: quando houver poucas evidências de animais circulando no

entorno das nascentes.

Nota (1) - Grande: quando for detectada a presença freqüente de animais no entorno.

Nota (0) - Muito grande: quando for observada a presença freqüente e em grandes

quantidades.

L- Evidências de queimadas e corte da vegetação

Nota (3) - Ausência: quando não forem observados indícios de queimadas ou corte da

vegetação.

Nota (2) - Pequena: quando houver poucas evidências dessas práticas no entorno da

nascente.

Nota (1) - Grande: quando a queima e corte da vegetação forem realizados

esporadicamente.

Nota (0) - Muito grande: quando as queimadas e a retirada da vegetação forem

realizadas freqüentemente.

M- Ocorrência de edificações

Nota (3) - Ausência: quando não houver presença de edificações no entorno de 50m da

nascente.

Nota (2) - Pequeno: quando houver existência de residências no entorno de 50m

nascente.

Nota (1) - Grande: quando houver presença de criadouros próximos à nascentes.

Nota (0) - Muito grande: quando houver existência de fossa próximo á nascente.

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96

Após as observações em campo dos parâmetros acima justificados, foi elaborada

uma tabela indicativa da existência e intensidade destes parâmetros (Quadros 1 e 2). Em

seguida, foram atribuídas notas a cada parâmetro observado, que variaram de zero,

quando a situação era a pior possível a 3 pontos que era pontuação melhor para cada

parâmetro. E de acordo com a nota atingida no corpo e no entorno, as nascentes foram

classificadas em ruim, regular ou bom estado de conservação (Quadro 3), segundo a

metodologia inicialmente apresentada por Dias (2004), com modificações de Braga

(2011) no âmbito deste estudo.

Quadro 1. Parâmetros para análise do estado de conservação no corpo da

nascente.

Parâmetros

observados na

nascente

Estado de conservação das nascentes

NOTA

3 2 1 0

A Turbidez da

água ≤ 5 6-39 40-99 ≥ 100

B Presença de E.

coli 0 1- 200 201- 400 401- 800

C

Presença de

resíduos

sólidos

Ausência Pequena Grande Muito grande

D

Suspeita de

agrotóxico na

água

Ausência Pequena Grande Muito grande

E Uso direto da

água Ausência Eventualmente Frequentemente

Muito

frequentemente

F Desproteção

física

Estrutura de

proteção lateral

e superior

completas

Estrutura de

proteção lateral e

ou superior

incompleta ou

danificada

Ausência de

cobertura superior

ou grave

comprometimento

na estrutura lateral

Ausência de

qualquer

estrutura de

proteção

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97

E também para um melhor acompanhamento e controle dos parâmetros de

conservação, foi elaborada uma ficha de avaliação do estado de conservação, utilizada

em campo durante as visitas em cada nascente avaliada (Quadro 4).

Quadro 2 - Parâmetros de análise de conservação no entorno da nascente.

Parâmetros a serem

observados no entorno da

nascente

Estado de conservação das nascentes

NOTA

3 2 1 0

G

Predominância de

cobertura vegetal no

solo

Vegetação arbórea Vegetação

arbustiva

Pasto e ou

cultura de ciclo

longo

Agricultura de

ciclo curto

H

Ocorrência de

processos erosivos no

solo

Ausência Pequeno Grande Muito grande

I Uso de agrotóxicos Ausência Pequena Grande Muito grande

J Presença de animais

de criação Ausência Pequena Grande Muito grande

L

Evidências de

queimadas e ou corte

da vegetação

Ausência Pequena Grande Muito grande

M

Ocorrência de

edificações

domésticas e / ou

rurais

Ausência Pequena Grande Muito Grande

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98

Quadro 3 - Classificação do estado de conservação das nascentes

Quadro 4 - Ficha de avaliação de estado de conservação das nascentes no seu corpo e

entorno do Assentamento Serra Grande-PE.

4.4 Caracterização de uso das nascentes

Para caracterização dos usos que são feitos das nascentes, houve a elaboração de

uma ficha de usos das nascentes, que pode ser visualizada no Quadro 5. Na ficha foram

elencadas as seguintes formas de usos: doméstico (consumo para beber, cozinhar,

lavagem de utensílios, lavagem de roupas, uso sanitário e banho), dessedentação de

Situação da

nascente

Classificação do estado de conservação da nascente

Ruim Regular Bom

No corpo 0 a 5 6 a 11 12 a 18

No entorno 0 a 5 6 a 11 12 a 18

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99

animais (galinhas, porcos, gado, cabras e outros), irrigação (canais, aspersão,

microaspersão e gotejamento), aquicultura, lazer e outros.

Quadro 5 - Ficha de levantamento das formas de uso da água das nascentes do

Assentamento Serra Grande- PE.

Foram investigadas as diversas formas de usos em 20 nascentes, sendo

observados os usos acima descritos, e presentes na ficha.

Neste levantamento foi observado se o uso é feito na própria parcela ou fora

dela, assim como, se os usuários são exclusivamente os habitantes da parcela ou se a

água é disponibilizada para múltiplos usuários externos, inclusive habitações situadas

em comunidade vizinha.

4.5 Monitoramento da qualidade da água

Visando conhecer a qualidade da água das nascentes no assentamento de estudo,

foram selecionadas 16 nascentes, com características de conservação e usos

diferenciados, resultando em coletas no período seco e chuvoso. As coletas de período

seco aconteceram durante os meses de Novembro de 2011 a Fevereiro de 2012, já as do

período chuvoso ocorreram nos meses de Maio e Junho de 2012.

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100

Para melhor acompanhamento dos resultados da qualidade da água das

nascentes, foram confeccionadas fichas contendo os seguintes parâmetros físico-

químicos: turbidez (uT), temperatura (°C), condutividade elétrica (μS/cm), pH,

Oxigênio Dissolvido (mg/L) , e os parâmetros biológicos analisados foram: coliformes

totais ((NMP/100ml ) e coliformes termotolerantes (Escherichia coli NMP/100ml)

(Quadro 6).

Quadro 6 - Ficha com os parâmetros de monitoramento da qualidade da água das

nascentes do Assentamento Serra Grande-PE.

Para medição da temperatura, condutividade elétrica, OD e saturação do O2 na

água, foi utilizado um medidor multiparâmetro portátil Hach de referência HQ40d,

conforme pode ser visualizado na Figura 30 . Na aferição do pH, foi feito uso de um

peagâmetro digital da marca Hanna instruments, no momento da coleta. Para leitura da

turbidez, utilizou-se um turbidímetro da marca Hach, realizada logo após a coleta no

LSA (Laboratório de Saneamento Ambiental) da UFPE.

Já a análise microbiológica (coliformes totais e termotolerantes), foi realizada

através do método de Colilert. O método Colilert -18® da IDEXX é um método

enzimático, que usa a tecnologia de substrato definido para a identificação de bactérias

coliformes e Escherichia coli. Foram utilizadas seladora marca Quanti-TRAY®modelo

2X, estufa bacteriológica marca ORION® modelo 502 e lâmpada UV 365 nm modelo

EA-160 marca SPECTROLINE ®. As amostras de água foram acondicionadas em

recipientes adequados e esterilizados (Figura, 31), e transportadas em caixa térmica com

gelo para posterior análise em laboratório.

Os resultados obtidos a partir das análises foram confrontados com a Portaria

2914 de 2011 do Ministério da Saúde, que dispõe sobre os procedimentos de controle e

de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade.

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101

Fonte: Talita Lucena (2012). Fonte: Talita Lucena (2012).

Como se trata de águas de nascentes, de origem subterrânea ou subsuperficial,

foram consideradas águas de qualidade superior de classe especial, conforme a

Resolução 357 do Conama, 2005. Portanto, seus usos foram confrontados de acordo

com a sua classificação, sendo destinada segundo a Resolução acima citada, ao

abastecimento para consumo humano, com desinfecção; a preservação do equilíbrio

natural das comunidades aquáticas; e, a preservação dos ambientes aquáticos em

unidades de conservação de proteção integral.

4.6 Monitoramento de chuva

Para monitoramento da quantidade de chuvas, foi instalado um pluviômetro do

modelo Ville de Paris, na parcela 22 do assentamento em estudo, conforme pode ser

observado na Figura 32. O local foi escolhido por apresentar características propícias à

instalação do equipamento, como uma área ampla, sem vegetação arbórea próxima e por

apresentar altitude superior às demais parcelas. Para anotação diária dos dados

pluviométricos era entregue todos os meses uma planilha ao parceleiro, e recolhida a do

mês anterior preenchida com a pluviosidade e data de medição. O pluviômetro instalado

é constituído por metal inoxidável, com área de captação de 400 cm². Acompanha

proveta pluviométrica de acrílico, específica para este coletor, com leitura direta de 0,1

até 10 milímetros de chuva por m2

e precisão de 0,1 mm.

Figura 30 - Aferição do OD da água, com

o uso do multiparâmetro na nascente 03. Figura 31 - Coleta de água, para análise

bacteriológica, na nascente 61.

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102

Figura 32- Pluviômetro Ville de Paris instalado no assentamento Serra Grande para

monitoramento das chuvas.

4.7 Monitoramento da vazão das nascentes

Para as aferições hidrológicas foram selecionadas 08 nascentes, que ofereciam

condições de medição e por serem classificadas como perenes. As medições foram

realizadas quinzenalmente no período de Junho de 2011 a Junho de 2012, exceto nos

meses de Dezembro 2011 e Janeiro 2012 que foram mensais, por serem meses com

pouca ocorrência de chuvas. O período de aferições contemplou os períodos de mínimas

e máximas vazões na bacia hidrográfica.

As vazões foram quantificadas a partir de medições realizadas nas nascentes

pelo processo direto, aplicável nos casos de pequenas vazões. Este processo consistiu

em três medições diretas do volume d’água contidos num recipiente de 20L para

nascentes que apresentavam vazões superiores e de recipiente de 3L para pequenas

vazões, como se verifica na Figura 33.

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103

Figura 33 - Medição de vazão através do método direto utilizando-se um recipiente de

3L milimetrado, na nascente 73.

A água era armazenada nos recipientes milimetrados e o tempo precisamente

contabilizado com o auxílio de um cronômetro digital. Este procedimento de medição

era repetido por no mínimo três vezes, até que a diferença entre as vazões fosse inferior

a 5%. Em seguida, foram somados os três valores de vazão e retirada uma média entre

os três valores de vazão. A vazão, segundo este método foi obtida pela fórmula:

Q = ∑ (Vol/t) / 3 Equação 2

Em que:

Q = vazão média da nascente em (L/s)

Vol = volume de água em (L)

T = tempo em (s)

Em situações onde não foi possível empregar o método direto, foi aplicada uma

metodologia utilizada para a mensuração de vazão através de intervenção temporária,

com calhas pluviais. O método consiste em direcionar o escoamento do fluxo para o

interior das calhas, criando barreiras laterais e superiores com o solo, que logo após a

medição é desfeita (Figura 34). Sendo assim, o volume de água ao escoar é coletado ao

introduzir o recipiente, e o tempo cronometrado. Para este método também foram

realizadas três medições consecutivas, e depois foi aplicada a equação 2.

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104

Figura 34 - Medição da vazão utilizando-se o método da intervenção com calhas na

nascente N.19.

4.8 Acompanhamento das intervenções para manejo

Dentre as 100 parcelas que compõem o assentamento Serra Grande, 20 foram

contempladas pelo projeto nascentes do Natuba, com ações de intervenções e manejo.

Para que tais intervenções fossem implantadas, alguns parâmetros foram estabelecidos

pelos coordenadores do projeto e aceitos pelos assentados, que desejassem melhorias na

qualidade e quantidade de água de suas nascentes.

Entre os parâmetros de escolha das nascentes, o prioritário era concernente aos

usos preponderantes, como a dessedentação humana e quantas famílias seriam usuárias

do recurso. Outro parâmetro acordado foi a necessidade do beneficiado ceder 50m de

raio no entorno da sua nascente para o reflorestamento com espécies nativas e frutíferas,

conforme a legislação, bem como o compromisso de fazer a manutenção das mudas

plantadas.

As obras realizadas foram de revitalização da estrutura física e intervenções

hidráulicas, conforme necessidade exigida por cada nascente. Foram executadas ações

como: implantação de anéis de concreto, construção de tanques de alvenaria, vedação de

nascentes com tampas de concreto, instalação de caixas d’água, evitando o uso direto

das mesmas, e contribuindo desta forma para a manutenção da qualidade. Nas

intervenções hidráulicas instalaram-se, torneiras para controle do acúmulo de água e

canos de extravasamentos e em algumas, bombas hidráulicas.

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105

5.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Cadastramento das nascentes

O cadastramento realizado através de visitas às parcelas do Assentamento Serra

Grande, permitiu registrar 101 nascentes, com uma média de 1,8 nascentes por

propriedade. O cadastramento foi realizado através do levantamento de informações

gerais como: coordenadas geográficas de cada nascente, nome do titular da parcela,

número da parcela e número de nascentes por parcela (Tabela 03). Conforme

visualizado na tabela anteriormente citada, a quantidade de nascente por parcela variou

de 01 até 09 nascentes como é o caso da parcela 85.

Tabela 03: Cadastramento das nascentes do Assentamento Serra Grande – PE, com

coordenadas geográficas, nome do titular, número da parcela e número de nascentes em

cada parcela.

Cadastramento das nascentes do Assentamento Serra Grande – PE

Coordenadas

geográficas Nome do titular Nº da

parcela

Nº da

nascente X Y

242158 9094190 Cícero José da Silva 1 N. 01

242264 9093944 Pedro Manoel dos Anjos 3 N.03

242428 9093843 José Manoel dos Anjos 4 N.04

242282 9092489 Cícero Severino da Silva 9 N.09

242053 9091885 João Laurindo André 11 N.11

241898 9092021 Manoel João da Silva 12 N.12

241851 9091476 José Heraldo de Macena 14 N.14

240579 9095649 Severino Vicente da Silva 15

N.15.1

240575 9095769 Severino Vicente da Silva N.15.2

242192 9093007 José Cícero de O. Santos 16

N.16.1

242391 9093064 José Cícero de O. Santos N.16.2

242024 9093156 Milson Geraldo de Andrade 18

N.18.1

241917 9093222 Milson Geraldo de Andrade N.18.2

241808 9093182 João Santana da Silva 19 N.19

241492 9092985 Anísio Amaro da Silva 20 N.20

241707 9093464 João Rodrigues de Almeida 21 N. 21

241535 9092525 Benedito José da Silva 22 N.22

241591 9092258 José Nilton da Silva 24

N.24.1

241639 9092263 José Nilton da Silva N.24.2

241558 9091998 Genivaldo Pereira da Costa 26 N.26

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241397 9092260 Elza Severina de Lima 27 N.27

241360 9092623 Severino Marques Lima 28

N.28.1

241411 9092628 Severino Marques Lima N.28.2

241305 9092505 Severino José de Oliveira 29 N.29

240710 9092095 José Cândido de Oliveira 34

N.34.1

240590 9092136 José Cândido de Oliveira N.34.2

240192 9092635 José Zito de Santana

38

N.38.1

240238 9092677 José Zito de Santana N.38.2

240165 9092621 José Zito de Santana N.38.3

240131 9092617 José Zito de Santana N.38.4

240111 9092527 José Zito de Santana N.38.5

239780 9092690 Manoel Oliveira da Silva 39

N.39.1

239727 9092617 Manoel Oliveira da Silva N.39.2

240268 9092536 José Edson de Souza 41

N.41.1

240230 9092514 José Edson de Souza N.41.2

242434 9093756 José João da Silva Almeida

44

N.44.1

242282 9093621 José João da Silva Almeida N.44.2

242328 9093780 José João da Silva Almeida N.44.3

241811 9094406 José Romildo Félix 45 N.45

241707 9094490 Severino Pereira da Silva 46

N.46.1

241818 9094500 Severino Pereira da Silva 46.2

241502 9094739 José Jacinto da Silva 48

N.48.1

241505 9094735 José Jacinto da Silva N.48.2

240302 9092456 José Manoel de Santana Filho

50

N.50.1

240292 9092477 José Manoel de Santana Filho N.50.2

240283 9092462 José Manoel de Santana Filho N.50.2

241744 9094304 José Antônio

54

N.54.1

241579 9094296 José Antônio N.54.2

241578 9094265 José Antônio N.50.3

241519 9093726 José Francisco de B. Filho

58

N.58.1

242530 9093717 José Francisco de B. Filho N.58.2

241478 9093661 José Francisco de B. Filho N.58.3

241023 9092650 Maria das Neves de Santana 60 N.60

241023 9093800 Maria do Carmo 61 N.61

241524 9093995 Dulce Maria da Conceição 62 N.62

241041 9094338 José Luis da Silva 63 N.63.1

240933 9094109 José Carlos Cavalcanti 64

N.64.1

240979 9094109 José Carlos Cavalcanti N.64.2

241058 9094560 Gildo Luis dos Santos 67 N.67

240560 9094069 Maria Helena da Silva

68

N.68.1

240550 9094081 Maria Helena da Silva N.68.2

240511 9094031 Maria Helena da Silva N.68.3

Page 107: USO E CONSERVAÇÃO DE NASCENTES EM ASSENTAMENTOS … · conservação das nascentes no seu corpo e no entorno de 50m, através de parâmetros pré-estabelecidos. A avaliação em

107

241107 9093390 Cosmo Francisco da Silva 71

N.71.1

241064 9093399 Cosmo Francisco da Silva N.71.2

242052 9093695 José de Lima Santos 72 N.72

241987 9093523 Sr. Severino (Nino) 73

N.73.1

242014 9093494 Sr. Severino (Nino) N.73.2

242706 9093125 Severina Obrozina dos Santos 74 N.74

242629 9092612 João José dos Santos 75 N.75

241468 9093335 Maurício Amaro de Almeida 76 N.76

241734 9093660 João de Andrade Carvalho

77

N.77.1

241766 9093649 João de Andrade Carvalho N.77.2

241762 9093641 João de Andrade Carvalho N.77.3

241723 9093197 Ivanildo João de Almeida 78 N.78

240628 9095076 Amaro Borges 79 N.79

239902 9093095 José Domingos de Melo 81 N.81

241169 9092945 Severino José Pereira

84

N.84.1

240918 9093022 Severino José Pereira N.84.2

240887 9092976 Severino José Pereira N.84.3

240999 9092996 Severino José Pereira N.84.4

241045 9092934 João Batista da Cruz

85

N.85.1

241066 9092962 João Batista da Cruz N.85.2

241041 9092844 João Batista da Cruz N.85.3

241079 9092844 João Batista da Cruz N.85.4

241123 9092904 João Batista da Cruz N.85.5

241140 9092910 João Batista da Cruz N.85.6

241163 9092936 João Batista da Cruz N.85.7

241195 9092992 João Batista da Cruz N.85.8

241207 9092940 João Batista da Cruz N.85.9

241176 9093362 Eugênio Silvestre Ferreira 87 N.87

240561 9093497 Severino Galdino da Silva 89 N.89

240339 9093715 Severino João da Silva

91

N.91.1

240266 9093662 Severino João da Silva N.91.2

240277 9093750 Severino João da Silva N.91.3

240304 9093827 Severino João da Silva N.91.4

240110 9093014 José Gomes da Silva 94 N.94

242113 9092446 José Ivan Vicente da Silva 95

N.95.1

242208 9092493 José Ivan Vicente da Silva N.95.2

240921 9093352 Manoel Cândido de Jesus

99

N.99.1

240788 9093510 Manoel Cândido de Jesus N.99.2

240975 9093590 Manoel Cândido de Jesus N.99.3

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108

Dentre os aspectos que envolveram a visita em campo para obtenção das

informações para o cadastramento das nascentes, em muitos casos o contato com os

proprietários não ocorreu de imediato, devido à ausência de pessoas nas propriedades e

a dificuldade de se localizar o proprietário. Após contactar o proprietário, consultou-se

sobre a sua disposição e disponibilidade para responder o questionário e solicitou-se

autorização para visitar a propriedade. Após autorização, fez-se a documentação

fotográfica e registraram-se as coordenada geográficas, sendo necessárias, na maioria

das vezes, de 2 a 3 visitas para completar todos os dados. No entanto, no decorrer da

aplicação do questionário, enfrentou-se, ainda, a resistência de alguns parceleiros rurais

em prestar informações, mas logo que entendiam o objetivo do questionário, as

perguntas eram respondidas satisfatoriamente.

5.2 Caracterização das nascentes escolhidas

A caracterização das nascentes foi efetuada após a realização do cadastramento

das nascentes do Assentamento estudado. A escolha das nascentes a serem trabalhadas

foi precedida da análise de alguns parâmetros que tornaram possível tal estudo.

Alguns parâmetros tiveram que ser levados em consideração para a escolha das

nascentes a serem caracterizadas e posteriormente trabalhadas. Os mesmos serão

descritos a seguir.

Um dos aspectos preponderantes foi concernente ao uso da água e quais

demandas eram atendidas por determinadas nascentes. Para responder a esse parâmetro

foram investigados o número de famílias usuárias, o tipo de consumo realizado da

nascente, se existe um uso compartilhado por outras parcelas vizinhas, bem como o

potencial de usos múltiplos apresentados por cada nascente.

Um parâmetro também muito importante foi a acessibilidade até as parcelas.

Por se tratar de um assentamento rural com populações difusas existe uma distância

considerável entre as parcelas. Como o estudo ocorreu em várias nascentes de parcelas

diferentes, foi necessário uma logística que tornasse possível a visita frequente em todas

elas.

Foi dada também uma relevância muito grande ao risco de degradação

existente em cada nascente. Para avaliação desta degradação, foi investigado o uso de

agrotóxico nas culturas próximas às nascentes, principalmente em suas áreas de recarga,

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109

o desmatamento, a erosão, a presença de animais de criação no entorno, assim como a

poluição da água pelo uso impróprio.

Saliente-se que um fator que poderia dificultar ou mesmo inviabilizar a

execução do trabalho em campo era a receptividade dos parceleiros, uma vez que era

necessária a presença frequente da equipe de campo em suas parcelas. No entanto, não

houve dificuldades com essa relação entre os assentados e os pesquisadores.

Foram caracterizadas 20 nascentes quanto ao seu tipo, nas quais 17 eram de

encosta e 03 de depressão. As nascentes de encosta eram encontradas em áreas de

declive, característica esta que possibilita o encontro da camada impermeável do solo

com a encosta (Figura 35). Já as nascentes de depressão estavam localizadas em áreas

de baixadas, em áreas de várzeas ou de relevo mais suave, permitindo a elevação do

nível do lençol freático e consequente encharcamento do solo, ou seja, a formação de

vários pontos dos quais drenam água (Figura 36).

Verificou-se quanto ao regime de vazão que 18 eram perenes, embora muitas

tenham sua vazão diminuída no período de estiagem, e em algumas, segundo os

parceleiros é perceptível uma diminuição da quantidade de água ao longo dos anos. As

Nascentes N.72 e N.38 foram classificadas como intermitentes, pois de acordo com o

depoimento dos parceleiros, em épocas de maiores estiagens já viram seu fluxo

completamente interrompido.

Figura 35 - Nascente N.03 caracterizada

quanto ao seu tipo como nascente de

encosta.

Figura 36 - Nascente N.61 caracterizada

quanto ao seu tipo como nascente de

depressão.

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110

Tabela 04 - Caracterização das nascentes escolhidas quanto ao seu tipo, o seu regime de vazão e a sua estrutura física de proteção.

CARACTERIZAÇÃO DAS NASCENTES ESCOLHIDAS

Nascentes

Tipo Regime de vazão Estrutura Física de proteção

Encosta Depressão Perene Intermitente Inexistente Anel de

concreto

Paredes

de

alvenaria

Outros

N.01 X X X X

N.02 X X X X

N.03 X

X X X

N.04 X X X

N.15 X X X

N.19 X X X

N.20 X X X

N.21 X X X X

N.22 X X X

N.29 X X X

N.38 X X X

N.44 X X X

N.60 X X X

N.61 X X X

N.64 X X X

N.71 X X X

N.72 X X X

N.73 X X X X

N.81 X X X

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111

No que diz respeito às estruturas de proteção física nas nascentes, 04 delas não

possuíam nenhum tipo de estrutura que pudesse garantir os padrões de balneabilidade e

potabilidade da água, mesmo sendo a maioria delas utilizadas para beber. Nestas

situações a água fica totalmente exposta, estando sujeita a qualquer tipo de alteração na

sua qualidade físico-química ou biológica. Ainda no período chuvoso podem tornar-se

inutilizadas devido à entrada de sedimentos, carreados pela água da chuva. No entanto,

11 apresentaram paredes de alvenaria, protegendo lateralmente o corpo da nascente,

mas sem garantia de proteção superior. Do total, 02 delas continham anéis de concreto

para proteção lateral e 07 delas apresentaram outras estruturas de proteção superior

como plásticos, telhas de Brasilit e pedaços de madeira (Tabela 04).

É importante salientar que as nascentes devem ter a sua estrutura de proteção

superior em boas condições, uma vez que essa água é destinada à dessedentação

humana e a outros usos domésticos. Faz-se então necessário uma tampa que impeça à

exposição ao ambiente, evitando assim a proliferação de algas e ainda a entrada de

animais, que podem comprometer a qualidade da água trazendo riscos à saúde dos

usuários.

5.3 Avaliação do estado de conservação das nascentes

Após cadastramento e caracterização das nascentes, procedeu-se à avaliação do

estado de conservação de 20 nascentes selecionadas para realização do estudo mais

detalhado, através de parâmetros que indiquem a situação no corpo da nascente bem

como no seu entorno de 50 metros (Figuras 37 e 38).

Obtiveram as pontuações mais altas aquelas nascentes que se encontravam em

melhores condições de conservação, quando os parâmetros avaliados estavam em

conformidade com a legislação prevista, obedecendo, por exemplo, aos padrões de

potabilidade, balneabilidade e o respeito à área de preservação permanente de 50 metros

de seu entorno.

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112

Figura 37 - Nascentes que tiveram o seu estado de conservação avaliados.

N.03

N.19 N.15

N.21 N.20

N.29 N.22

N.04

N.01 N.02

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Figura 38- Nascentes que tiveram o seu estado de conservação avaliados.

N.38 N.44

N.60 N.61

N.64 N.71

N.72 N.73

N.76 N.81

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114

5.3.1 Resultado da avaliação do estado de conservação no corpo das nascentes

As notas foram definidas através da análise em campo de cada parâmetro, descrito

nos procedimentos metodológicos. As avaliações do estado de conservação no corpo

das 20 nascentes podem ser visualizadas na Tabela 05.

Tabela 05 - Ficha com resultado da avaliação do estado de conservação no corpo das nascentes,

por cada parâmetro observado em campo.

RESULTADO DA AVALIAÇÃO DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO NO

CORPO DAS NASCENTES

Nascentes

Avaliadas

Parâmetros observados no corpo das nascentes

A B C D E F

N. 1 3 3 3 2 2 2 15

N. 2 3 3 3 2 3 2 16

N. 3 3 3 3 2 3 3 17

N. 4 3 3 3 1 1 2 13

N. 15 3 3 3 0 3 2 14

N. 19 2 2 2 1 2 0 09

N. 20 3 2 3 2 2 0 12

N. 21 3 3 3 1 3 2 15

N. 22 2 3 3 2 0 0 10

N. 29 3 2 2 2 0 2 11

N. 38 2 2 3 2 1 1 11

N.44 2 3 3 2 3 1 14

N. 60 2 2 3 2 1 0 10

N.61 3 2 3 1 0 2 11

N. 64 2 2 2 2 0 0 08

N. 71 3 3 3 3 3 1 16

N.72 3 3 3 3 1 2 15

N. 73 2 0 3 2 3 3 13

N. 76 3 3 3 1 3 3 16

N.81 2 2 3 3 0 3 13

A= Turbidez da água, B= Presença de E. coli, C= Presença de resíduos sólidos, D=

Suspeita de agrotóxico na água, E= Uso direto da água, F= Desproteção física.

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115

O resultado da avaliação do estado conservação no corpo das 20 nascentes,

através da aplicação das fichas, revelou que 13 estão em boas condições, 07 delas, em

regulares condições de conservação, e nenhuma foi classificada como ruim.

Em estudos sobre a conservação de nascentes, Gomes (2005) verificou que as

classificadas como boas estavam com a proteção adequada ou eficiente e também não se

situavam próximas de residências. Assim, evitava-se que nesses locais ocorressem

interferências antrópicas que levassem a degradação ambiental.

Nestas perspectivas, as nascentes da bacia do Natuba que se inseriram na

classificação de boas, apenas para a situação de conservação no seu corpo, apresentaram

alguns parâmetros com a pontuação máxima. Os parâmetros que obtiveram as maiores

pontuações, no caso nota 3, foram os que avaliaram a presença de resíduos sólidos na

água, turbidez e E.coli.

Conforme demonstrado na Figura 39 é possível fazer a avaliação da situação de

conservação dos corpos hídricos das nascentes, através dos parâmetros designados para

tal.

Figura 39 - Avaliação dos parâmetros do estado de conservação no corpo das nascentes do

Assentamento Serra Grande – PE.

Quanto à turbidez da água 12 nascentes, ou seja, a maioria obteve a melhor nota,

ou seja, nota 03, com valores inferiores a 5 uT, estando dentro dos limites estabelecidos

pela Portaria 2914 de 2011, estando própria para beber após desinfecção. Já as outras 08

nascentes não se classificaram na Classe Especial, pois receberam nota 2 com valores de

turbidez maior que 5 uT e menor que 40 uT. Sendo assim classificam-se, segundo o

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116

CONAMA 357/2005, em Classe I, estando própria para consumo humano após

tratamento simplificado.

No que diz respeito à presença de E. coli, 11 nascentes se apresentaram como

ótimas beber, de acordo com a Portaria acima citada, com resultados bacteriológicos

abaixo de 01, ou seja, ausente atingindo nota 3. Mas 08 delas, obtiveram nota 2, pois

apresentaram valores entre 1 e 200 NMP, estando excelente para banhos, segundo a

Resolução CONAMA 274 de 2000. E 01 nascente apresentou-se insatisfatória tanto

para beber quanto para banho, apresentando valores maiores que 2000 NMP, atingindo

a menor nota.

Não foi visualizado em 17 nascentes, nenhum tipo de resíduo sólido dentro do

corpo da nascente, atingindo a melhor nota. Em 03 delas registrou-se uma pequena

quantidade de material descartado, recebendo, portanto, nota 2.

Quanto a suspeita de agrotóxicos no corpo das nascentes, em 03 delas não foi

levantada nenhuma suspeita, e, portanto receberam nota 3. Mas já em 11 nascentes foi

comentada por algum usuário, certa desconfiança, mas sem sintomas que pudessem

gerar suspeitas, ficando estas com nota 2. Em 05, foram confirmados por alguns

usuários cheiro ou possíveis sintomas, como dores abdominais, após a ingestão da água,

e por isso inseriram-se na nota 1. E ainda em 01 delas houve grande suspeita, por a

nascente se situar muito próximo à cultivos onde são frequentes os usos de agrotóxicos,

e pelos usuários apresentarem frequentes sintomas, como cheiro desagradável e ou

dores abdominais, e por assim foi dada a nota 0.

Ainda quanto ao uso de agrotóxicos, foi possível observar que os produtos

usados são de difícil quantificação, porque os agricultores não têm um critério de

dosagem em relação ao tipo de cultura e ao tamanho da plantação. Eles utilizam os

agrotóxicos de maneira inadequada e, na maioria das vezes, não respeitando o período

de carência e não são específicos para uma determinada praga ou doença.

Alguns agricultores colocam uma quantidade maior do que aquela indicada pelo

rótulo do produto. Outros relacionam a quantidade usada com a extensão da infestação

da praga e outros disseram que já têm a dosagem certa (10 ml para 20 litros). O produto

mais usado pelos agricultores no assentamento Serra Grande é Roundup, um herbicida

derivado de glicina e de classe toxicológica II.

A ausência do uso direto da água nas nascentes foi observada em 08 nascentes,

atingindo por isso nota 03. Em 03 o uso direto era realizado eventualmente, e em 04

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117

frequentemente, atingindo as notas 02 e 03 respectivamente. Já em 05 delas o uso

realizava-se muito frequentemente.

Quanto ao parâmetro de desproteção física, apenas 04 nascentes obtiveram nota

3, pois apresentaram estruturas de proteção lateral e superior em ótimas condições. Em

08, registrou-se presença de estrutura lateral e ou superior incompleta, apresentando

problemas como buracos, rachaduras ou oxidação de alguma estrutura protetora

atingindo nota 2. A ausência de cobertura superior ou grave comprometimento na

estrutura lateral, foi observada em 03 nascentes que foi dada nota 1. E ainda em 05

delas, visualizou-se a ausência de qualquer estrutura de proteção, sendo totalmente

exposta, obtendo, portanto, nota 0.

5.3.2 Resultado da avaliação do estado de conservação no entorno das nascentes

Na Tabela 06 podem ser visualizadas as notas adquiridas por cada parâmetro

utilizado para a avaliação do estado de conservação no entorno das nascentes.

O resultado da avaliação do estado de conservação no entorno das 20 nascentes

permitiu classificar 08 nascentes em boas condições de conservação, onde o parâmetro

que alcançou as melhores notas foi a ocorrência de residências com proximidade menor

que 50m das nascentes. Em situação regular foram inseridas 11 nascentes, com as

piores notas nos parâmetros de avaliação da cobertura vegetal e evidências de

queimadas ou cortes na vegetação no entorno, e apenas 01 em ruim estado de

conservação.

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118

Tabela 06 - Ficha com resultado da avaliação do estado de conservação no entorno das

nascentes, por cada parâmetro observado em campo.

G= Predominância de cobertura vegetal, H= Ocorrência de processos erosivos, I= Uso

de agrotóxicos, J= presença de animais de criação, L= evidências de queimadas e corte

da vegetação, M= Ocorrência de edificações domésticas ou rurais.

Os resultados da avaliação do estado de conservação no entorno das nascentes

podem ser visualizados na Figura 40.

No parâmetro que avalia a predominância de cobertura vegetal, nenhuma

nascente teve seu entorno com vegetação arbórea, nenhuma conseguindo a nota 3. Em

07 áreas de entorno de nascentes, registrou-se a presença de vegetação arbustiva, com

nota 2. Áreas de entorno com pasto e agricultura de ciclo longo foi observado em 06

delas, encaixando-se na nota 1. E áreas com agricultura de ciclo curto foi verificada em

07 nascentes, obtendo por isso a nota 0.

RESULTADO DA AVALIAÇÃO DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO

NO ENTORNO DAS NASCENTES

Nascentes

avaliadas

Parâmetros observados no entorno das nascentes

G H I J L M ∑

N. 1 0 2 1 1 1 0 05

N. 2 1 2 1 2 2 3 11

N. 3 0 2 2 3 1 3 11

N. 4 0 1 1 3 1 3 09

N. 15 0 1 0 3 1 3 08

N. 19 1 1 1 3 1 3 10

N. 20 2 2 2 3 2 3 14

N. 21 0 2 0 3 2 3 10

N. 22 1 2 2 1 2 3 11

N. 29 2 2 1 3 2 3 13

N. 38 2 2 2 3 2 3 14

N.44 1 1 2 3 1 3 11

N. 60 2 1 3 3 1 3 13

N.61 0 2 2 1 0 3 08

N. 64 1 1 2 1 0 3 08

N. 71 2 2 3 1 2 3 13

N.72 2 2 3 3 2 3 15

N. 73 2 2 2 2 1 3 12

N. 76 0 2 1 1 0 2 06

N.81 1 2 3 3 2 3 14

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Figura 40- Avaliação dos parâmetros do estado de conservação no entorno das nascentes do

Assentamento Serra Grande – PE.

Primack & Rodrigues (2001), afirmam que a degradação da vegetação no

entorno das nascentes é preocupante, pois a cobertura vegetal exerce diversas funções

como proteção, filtragem, retenção de sedimentos, contenção de processos erosivos,

influenciam na qualidade da água, amortecem os impactos provenientes dos ambientes

que circulam esses ecossistemas aquáticos, além de proteger a diversidade local.

Gomes (2005), avaliando a degradação da vegetação em áreas de nascentes, em

poucas nascentes que não era verificado o vestígio de impacto ambiental, observou-se

que estavam distantes das residências e havia proteção no seu entorno.

Ainda quanto a essa situação de desmatamento, Faria e Marques (1999) afirmam

que em todas as regiões do país, a extinção dos cursos d’água em pequenas bacias de

drenagem ocorre onde há desmatamento indiscriminado além da aplicação de sistemas

de cultivo inadequados.

A conservação e preservação da vegetação existente próxima às nascentes de

riachos, canais, rios e tributários de qualquer ordem (HORTON - 1945) deve ser

considerada de extrema importância no manejo e gestão de bacias, sub-bacias e

microbacias hidrográficas, pois a retirada da vegetação primitiva de suas nascentes pode

provocar a diminuição da vazão nestes locais e em áreas à jusante dos cursos de água,

pois com a ausência da vegetação, o nível médio do lençol freático (profundidade do

lençol), que alimenta as nascentes, pode aumentar. O desmatamento também pode

deixar a superfície do solo exposta e os agregados de partículas podem ser destruídos

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120

pelas gotas da chuva (erosão por salpicamento); com o impacto das gostas da chuva, o

solo passa a ficar menos poroso (selagem), endurecendo o silte e a argila que existem na

superfície do solo, formando uma camada dura que recebe o nome de crosta.

A ausência total da ocorrência de processos erosivos no solo do entorno das

nascentes não foi registrada em nenhuma nascente. Já em 14, observaram-se pequenos

processos erosivos, inserindo-se na nota 2 por apresentar poucas evidências desses

processos. Em 06 áreas verificou-se pouca cobertura vegetal, sendo observados grandes

processos erosivos como: rachaduras, obtendo nota 1. Nenhuma apresentou grandes

processos erosivos que justificasse nota 0.

Para Naime e Garcia (2004) o solo é um dos recursos naturais responsáveis pela

sustentação da flora e da fauna no meio biológico. Se suas características naturais não

forem alteradas, funciona como filtro de purificação das águas superficiais ou freáticas

que se infiltram em profundidade e formam os aqüíferos subterrâneos. O manejo

agrícola inadequado produz erosão nos solos, causando assim o assoreamento dos

recursos hídricos.

A impermeabilização do solo próximo às nascentes, vai provocar o aumento da

enxurrada nas encostas desmatadas no período de alta pluviosidade, visto que o solo

perdeu boa parte da competência da infiltração e alimentação subsuperficial no local

impermeabilizado, onde antes ocorria o escoamento subsuperficial e a percolação. Isso

reduz o abastecimento dos rios pelas nascentes além de afetar também a vegetação,

porque o solo fica menos úmido (FARIA E MARQUES 1999).

Castro (1980) realizou um estudo comparativo entre duas microbacias na região

de Viçosa, sendo uma coberta com pastagem e a outra coberta com mata natural, e após

os estudos verificou que a primeira bacia apresentou maior deflúvio que a segunda

sendo menor o escoamento superficial. Concluiu o autor, que a cobertura vegetal é fator

preponderante na regularização dos cursos d’água em bacias hidrográficas.

Mendonça (2000) afirma que a tendência é ocorrer a degradação paulatina das

APPs à medida que há: o parcelamento de determinada área; os consequentes processos

de retirada da vegetação; impermeabilização do solo; e ações antrópicas promovidas por

moradores.

Estudos realizados por Lobato e Targa (2004) para análise do estado de

conservação da água na bacia do Ribeirão Itaim, ressaltam que proteger o solo contra os

processos erosivos é uma necessidade premente, pois a erosão é um processo inerente à

formação do solo, entretanto, a ação do homem, por meio da utilização de práticas

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121

lesivas ao equilíbrio das condições naturais, está provocando na bacia o surgimento de

erosão hídrica acelerada. Assim, na bacia do Itaim observa-se que sem a conservação do

solo não há conservação da água.

Quanto ao uso de agrotóxicos no entorno das nascentes, em 04 delas não foi

constatado o uso, sendo a área preservada. Mas em 08 delas foi comprovado o uso

esporádico de agrotóxicos, alcançando por isto nota 2. Já em 06 áreas de entorno o uso

era grande devido às plantações. E 02 nascentes obtiveram nota 0, em consequência do

uso intensivo das terras do entorno, com uso de agrotóxicos nas culturas.

O uso dos agrotóxicos na produção agrícola, principalmente em áreas de entorno

de nascentes, promove degradação do ambiente, afetando a qualidade da água e do solo.

Ainda pode trazer complicações na saúde dos consumidores e dos familiares que

vivenciam o processo produtivo.

Resultados de estudos realizados por Araújo et. al (2000) com famílias de

agricultores que fazem uso de agrotóxicos para produção de tomates em Pernambuco,

comprovaram vários sintomas que podem estar associados ao uso dessas substâncias.

Problemas relacionados ao sistema imunológico, com um maior número de queixas

(36,4%), febre freqüente e prurido na pele, olhos e nariz; o sintoma relacionado com o

sistema osteomuscular de maior ocorrência foi o de dor nas articulações (35,8%),

enquanto os sistemas nervoso central e periférico foram responsáveis por 32,5% das

queixas, sendo as mais citadas tontura, formigamento nos membros superiores,

alterações de sono e vômitos.

Essas evidências mostraram que as ações corretivas devem ser feitas no

ambiente como um todo e no processo produtivo, não se restringindo aos aplicadores de

agrotóxicos.

Não foi observada a presença de animais de criação no entorno de nascentes em

13 delas, alcançando estas nota 3. Em 01 havia poucas evidências, atingindo nota 2. E

em 06 foi verificada uma frequência de animais, principalmente bois pastando, obtendo

assim nota 1. E em nenhuma foi verificada uma grande quantidade de animais.

Para conservar as nascentes é preciso cuidar do local onde elas nascem,

protegendo o seu entorno do acesso direto das pessoas e animais de criação, num raio

mínimo de 50 metros, conforme recomenda a legislação.

Estudos realizados por Jawetz et al, (1998) revelaram que na maioria das

nascentes analisadas por eles, o uso pelos animais domésticos (através de pegadas,

fezes, esqueletos e presença), e a utilização clandestina como pastagem de animais

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122

(gados e equinos), contribuiu para diminuir o ritmo de recomposição da cobertura

vegetal. Essa utilização por animais domésticos de sangue quente pode ocasionar a

contaminação da água por bactérias patogênicas do trato gastrointestinal.

E segundo Lombardini Neto (1992) as pastagens extensivas provocam erosões,

pois a baixa cobertura vegetal provocada pela degradação precoce do pasto, devido à

compactação do solo, favorece o escoamento superficial e a erosão.

E ainda conforme já relatado por Belinazzi et al., (1987) as estradas e os

carreadouros, formados pelo caminhamento do gado, constituem uma área de captação e

escoamento de águas pluviais, acelerando os processos erosivos e a sedimentação nas

várzeas.

No que diz respeito às evidências de queimadas ou corte da vegetação, não

houve ausência de indícios e, portanto, nenhuma conseguiu nota 3. Em 09 nascentes foi

observado pequenos indícios dessas práticas, obtendo assim nota 2. E também em 09

nascentes foi constatada a queima e corte esporádicos da vegetação de entorno,

encaixando-se na nota 1. Já 02 obtiveram nota 0 por sua vegetação sofrer constantes

queimas ou cortes.

A queima da vegetação ainda é uma prática comum no meio rural, por ser uma

técnica eficiente sob o ponto de vista dos produtores. Segundo Castro & Confalonieri

(2005) os agricultores utilizam as queimadas por considerá-la um meio prático para

diversas finalidades, como limpeza do terreno para eliminar restos de cultura; aumento

da disponibilidade de nutrientes no solo e, conseqüentemente, da sua capacidade

produtiva; redução da incidência de pragas, de doenças, de gastos com mão-de-obra

para limpeza do terreno; redução dos custos de produção; entre outras.

A Portaria do IBAMA n. 231/88, de 08/08/1988, regulamenta o uso do fogo.

Assim, o cidadão que desejar o fogo em sua propriedade estará obrigado a procurar

antes o Órgão Ambiental do seu estado ou a unidade do IBAMA mais próxima.

A ocorrência de edificações não foi verificada em quase todas, ou seja, em 18

áreas de entorno de nascentes alcançando assim nota 3. Em 01 existia um residência

com proximidade menor que 50m da nascente, obtendo nota 2. E também em 01

nascente foi registrada a presença de 01 criadouro, obtendo assim nota 1.

Estudos realizados por Gomes (2005) revelaram que a degradação ambiental é

inversamente proporcional em nascentes, quando havia maior proteção da área e

distanciamento das residências.

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123

A deposição de lixo e entulhos no entorno também foi verificada, embora não

tenha sido parâmetro para obtenção de nota. A quantidade de resíduos era elevada em

alguns pontos, como pode ser observado na Figura 41, uma área de recarga da nascente

N.19 e na nascente N.29 (Figura 42). Isso ocorre devido à não existência de proteção

adequada, acesso humano e proximidade de residências das áreas de preservação

permanente.

Quando o lixo é acumulado próximo às nascentes, favorece ambientes de abrigo

e procriação de inúmeros animais, que podem ser organismos veiculadores de doenças.

De acordo com Oliveira e Carvalho (1997), quando há contaminação da água

por agentes microbianos ou quando estas são poluídas por agentes químicos, a água

pode constituir veículo de disseminação de doenças. Neste contexto, ela pode ser

criadouro para larvas de mosquitos transmissores de doenças infecciosas.

5.4 Caracterização de uso das nascentes

Para a obtenção das informações locais sobre usos das nascentes, foram

realizadas visitas à 20 parcelas e à vila comunitária do Assentamento Serra Grande.

Nas entrevistas com moradores das parcelas do assentamento foram obtidas

informações relativas aos diversos usos domésticos realizados com a água das

nascentes, usos destinados a dessedentação animal e irrigação de culturas. Ainda se

Figura 41 - Área de recarga da nascente

N.19.

Figura 42 - Área de entorno da nascente

N.29.

Detalhe: resíduos descartados pelos

residentes do entorno, na área de recarga

da nascente 19.

.

Detalhe: descarte de resíduos sólidos pelos

usuários. No detalhe da seta vermelha,

garrafas de alvejantes, sacos plásticos e

pedaços de roupas.

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124

investigou se são praticadas a aquicultura e o lazer com a água disponibilizada pela

nascente.

Todas as informações obtidas foram registradas em fichas específicas para as

formas de uso das nascentes (Quadro 07).

Os usos domiciliares foram identificados como os principais (ingestão direta e

preparo de alimentos, lavagem de roupas e de utensílios domésticos, banhos e descargas

de bacias sanitárias) e, secundariamente, irrigação (canais, aspersão, microaspersão e

gotejamento) e pecuária (dessedentação de: galinhas, porcos, cabras).

Conforme se observa na Figura 43, os usos domiciliares predominantes são para

beber e cozinhar, ficando de fora apenas a nascente 19, cuja condição natural não

permite tal uso, embora sua vazão seja suficiente (Figura 44). Seu uso predominante é a

irrigação das culturas do entorno.

Figura 43- Diversas formas de usos domésticos das nascentes

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125

Quadro 07 - Resultado do levantamento formas de uso da água das nascentes do Assentamento Serra Grande - PE.

RESULTADO DAS FORMAS DE USO DA ÁGUA DAS NASCENTES

FORMAS DE USOS Nascentes

N.1 N.2 N.3 N.4 N.15 N.19 N.20 N.21 N.22 N.29 N.41 N.44 N.60 N.61 N.71.1 N.71.2 N.72 N.73 N.76 N.81

Doméstico

Consumo para

beber X X X X X

X X X X X X X X X X X X X X

Cozinhar X X X X X

X X X X X X X X X X X X X X

Banho

X X X X

X X

X X X

X X X X X X

Lavagem de

utensílios X X X X X X X

X

X

X X X X X X

Lavagem de

roupas X X X X X X X

X

X

X X X X X X

Uso sanitário

X X

X

X X

X

X X X

X

Dessedentação

de animais

Galinhas X

X

X X

Porcos

X

Bois X X

Cabras X

X

X

Outros

Irrigação

Canais

Aspersão

X X

X

X

Microaspersão

X

Gotejamento

Aquicultura

X

Lazer

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126

Figura 44 - Nascente 19 que não é utilizada para os usos domésticos, embora possua vazão

suficiente, devido seu o difícil acesso.

Fonte: Talita Lucena (2012).

Quanto ao uso para banho, 15 são utilizadas para tal. Algumas não são utilizadas

devido a sua vazão ser insuficiente. Outras possuem vazão suficiente, no entanto, o

assentado não dispõe de um sistema de bombeamento de água até sua residência que

muitas vezes fica distante da nascente.

O uso para a lavagem de roupas e utensílios é realizado por igual número de

nascentes, ou seja, 15. Este uso é feito diretamente na nascente, como muitas vezes foi

visualizado na nascente N.29 ou quando a residência possui sistema de bombeamento

da nascente para caixa d’água.

E o uso sanitário (descarga de bacias sanitárias) é realizado apenas nas 10

nascentes que possuem água encanada até às residências por gravidade, como é o caso

das nascentes: N.71.2 e N.76; ou por bombeamento como ocorre nas nascentes N.02,

N.03, N.15, N.20, N.21, N.44, N.71,1. Uma exceção é a nascente N.72, onde é feito o

uso sanitário, mesmo não tendo água encanada da nascente até a residência. Esta mesma

nascente é a única fonte de abastecimento da família de assentados e é de fácil acesso.

Braga (2011), em estudo sobre abastecimento de água da população rural de

Serra Grande identificou que é muito simples utilizado, servindo às parcelas

individualmente ou também à vizinhança e, em alguns casos, às edificações da vila

comunitária. Em geral consiste de captações em nascentes e de utilização de pequenas

tubulações para transporte (por gravidade ou recalque) até às culturas agrícolas,

lavatórios ou reservatórios domiciliares. O autor verificou que existe estratégia ainda

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127

mais simples, em que a captação de água é manual, sendo as águas transportadas em

recipientes, manualmente ou com ajuda de animais.

O tratamento da água, quando efetuado, resume-se à filtração domiciliar através

de tecidos e aplicação de desinfetante (hipoclorito de sódio) no recipiente domiciliar,

quando a água é destinada à dessedentação humana.

A utilização das águas das nascentes para beber, naturalmente só acontece

quando o agricultor tem convicção que não ocorre contaminação da fonte, o que exige

do mesmo a proteção da nascente. Figueiroa et al.(2010) relatam situação inversa à

constatada no assentamento Serra Grande, em que os agricultores entrevistados no alto

curso da bacia do Rio Gramame (Paraíba), não confiam na qualidade das águas das

nascentes locais, que estão em processo de degradação, levando-os a indicar a utilização

da água para beber como última alternativa.

Figura 45 - Gráfico do número de nascentes utilizadas para a dessedentação animal.

Observando-se o gráfico da Figura 45, é possível concluir que poucas nascentes

são utilizadas para dessedentação animal, pois a água da nascente que possui uma

melhor qualidade é utilizada para os usos mais nobres e quando há possibilidade,

também é destinada à dessentação animal. Das 20 nascentes, 04 são utilizadas para

dessedentação de galinhas, 2 para bois, 1 para porcos, e 03 para cabras e bodes. Na

maioria das vezes, os animais ficam pastando em áreas próximas a córregos ou riachos,

não sendo necessário fazer o uso da água das nascentes.

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128

Figura 46 - Gráfico com usos para irrigação com água das nascentes.

Analisando-se o gráfico da Figura 46 é possível verificar que em apenas algumas

nascentes é possível fazer o uso para irrigação, uma vez que tal atividade demanda

grande quantidade de água, que não é corriqueiramente disponibilizada pelas nascentes

locais. A técnica de irrigação por aspersão é utilizada a partir de 04 nascentes: N.15,

N.19, N.21, N.73. Para execução desta técnica de irrigação se utilizam de mangueiras

ou baldes, principalmente quando a área a ser irrigada não é muito grande. A

microaspersão é realizada apenas a partir de uma nascente, N.04 (Figura 47), em que a

área irrigada é de hortaliças.

Figura 47 - Irrigação de hortaliças por microaspersão com uso da água

acumulada da nascente N.04.

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129

Em relação ao uso intensivo de água subterrânea para a agricultura, Llamas &

Martinez Santos (2006), concluíram que em países e regiões áridas e semi-áridas, a

prática vem provocando drástica diminuição no volume dos aqüíferos, aumento nos

custos da extração de água (0,01 U$/m3 ou até 0,2 U$/m3) e aumento no custo de

irrigação por hectare (oscilando entre U$20 a U$1.000 por hectare, dependendo da

qualidade do bombeamento). O investimento em produção de alimentos mais rentáveis

– cash crops – significa maior investimento e usos mais intensivos de água na

agricultura.

Tundisi (2008) afirma que a degradação da qualidade da água superficial e

subterrânea é outro componente relevante dos usos da água na agricultura. A

eutrofização de lagos, represas e rios é uma das conseqüências dos usos excessivos de

fertilizantes na agricultura, os quais, combinados com alterações de drenagem, podem

aumentar consideravelmente e com rapidez os índices de estado trófico, incluindo as

águas subterrâneas.

Pesquisas realizadas por Paz et al (2000) estimam que a eficiência de irrigação é

em média 37% a nível mundial. Os autores ainda evidenciam que muito do volume

perdido torna-se severamente degradado em sua qualidade, ao arrastar sais, pesticidas e

elementos tóxicos do solo, motivo pelo qual, além da dificuldade de recursos hídricos

adicionais, em muitos casos tem-se o uso não eficiente como causa da redução da

disponibilidade e da qualidade.

Portanto, é importante que nas nascentes que entre outros usos, são destinadas

também à irrigação, haja eficiência de bombeamento, condução e distribuição da água

de irrigação, para que a água também seja destinada a outros usos.

Na estratégia de conservação das nascentes, Braga (2011) afirma que é

importante compreender que, como as nascentes alimentam os riachos, suas águas não

podem ser totalmente consumidas pelo proprietário, uma vez que prejudicará o uso

pelos demais agricultores situados abaixo, e poderá inviabilizar a própria saúde da

microbacia por ela formada, além de afetar a bacia hidrográfica como um todo.

5.5 Monitoramento da qualidade da água

Para efeito da pesquisa, a avaliação da qualidade da água das 16 nascentes

selecionadas foi baseada na análise da variação sazonal dos parâmetros físico-químicos

(turbidez, condutividade elétrica, pH, temperatura, oxigênio dissolvido) e os parâmetros

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biológicos: coliformes totais e termotolerantes, buscando identificar tendências no

comportamento desses elementos na água.

A seleção das nascentes para monitoramento da qualidade da água foi baseada nos

usos que são preponderantes das mesmas. Foram privilegiadas as que são destinadas a

dessedentação humana e todos os outros usos domésticos, bem como as que possuíam

maior número de famílias usuárias.

Para melhor acompanhamento dos parâmetros citados, foi elaborada uma ficha

específica contendo os dados do período seco que aconteceram durante os meses de

novembro de 2011 e fevereiro de 2012, e os dados do período chuvoso que ocorreram

nos meses de maio e junho de 2012 (Tabela 07).

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131

Tabela 07: Resultado do monitoramento da qualidade da água das nascentes, no período seco (novembro e fevereiro de

2011) e chuvoso (maio e Junho de 2012) dos seguintes parâmetros físico-químicos: turbidez, temperatura, condutividade

elétrica, pH e OD.

Resultado do monitoramento dos parâmetros físico-químico das nascentes no período seco e chuvoso

Nascentes Turbidez (uT) Temperatura (°c)

Condutividade

elétrica (μS.cm1) pH OD (mg/L)

Período

seco

Período

chuvoso

Período

seco

Período

Chuvoso

Período

seco

Período

Chuvoso Período

seco

Período

Chuvoso

Período

seco Período

Chuvoso

N. 01 0,72 0,77 25,8 25,9 206 243 5,6 5,5 1,9 3,9

N.03 0,17 2,14 26,4 25,8 218,2 194,7 5,8 5,7 5,0 4,9

N.04 0,21 0,37 29,2 26,2 81,3 83,9 5,7 5,6 5,2 5,0

N.20 1,15 7,28 25,9 24,6 90 87 5,8 6,1 4,7 9,6

N.22 8,13 4,74 27 24,9 69,8 233 5,8 6,3 7,9 1,6

N.29 0,74 2,29 25,6 24,6 78 101,6 5,6 5,7 3,4 3,0

N.41 41,83 3,61 26 25,8 745 117,9 - 6,2 3,2 3,9

N.44 0,76 0,58 26 25,4 87,4 84,1 5,8 5,5 2,3 2,1

N.60 20,1 0,79 26 25,9 91,7 95,5 5,7 5,8 1,5 2,6

N.61 0,18 17,5 26,3 26,7 166,4 158 5,7 5,5 2,3 1,5

N.71 1,82 2,96 25,8 25,3 151,02 135,7 6,3 6,2 3,4 3,4

N.71.1 12,2 4,11 27 25,2 137,3 184,4 6 6 3,6 2,2

N.72 1,87 2,6 24,8 24,8 72,7 69,7 5,6 5,3 2,1 2,2

N.73 7,68 11,2 24,5 25 67,4 66 5,6 5,6 0,7 1,2

N.76 0,87 0,52 26,9 26,1 170,1 114,3 6 5,8 3,5 4,1

N.81 4,4 5,69 25,2 24,5 98,4 112,7 5,7 5,9 1,9 2,5

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132

5.5.1 Turbidez das nascentes nos períodos seco e chuvoso

Os resultados da análise de turbidez nas nascentes no período seco e chuvoso,

não revelaram grandes diferenças (Figura 48). No período seco, 11 nascentes obtiveram

valores inferiores a 5uT, atendendo aos padrões de potabilidade definidos na Portaria

2914 (MS, 2011). Porém 05 nascentes estão em desconformidade com a referida

Portaria, alcançando valores maiores que 5uT. Esses dados estão correspondendo aos

limites estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/05 tanto para a classe especial (40

uT) quanto para classe II (100 uT). Apenas a nascente N.41 atingiu valor muito

superior as demais (41,83 uT), o que pode ser devido ao fato de no momento da

medição ela estar passando por intervenções físicas, pois no período chuvoso, quando

foram realizadas novas medições, alcançou 3,61 uT, estando de acordo com os padrões

de potabilidade.

Figura 48 - Gráfico das medições de turbidez (uT) da água das nascentes, no período

seco e chuvoso.

Já no período chuvoso a maioria das nascentes, ou seja, 12 nascentes

apresentaram valores de turbidez inferiores a 5uT, estando em conformidade com a

Portaria do MS 2914/11 o que já era esperado, pois algumas passaram a ser protegidas

com tampas de concreto, evitando assim a entrada de água da chuva e de sedimentos.

Como exemplo, têm-se as nascentes N.22 e N.71.1 que antes das intervenções no

período seco apresentavam 8,13 e 12,2 respectivamente e depois de passarem por

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133

intervenções físicas apresentaram 4,74 e 4,11 de turbidez mesmo estando no período de

chuvas, mas, no entanto, protegida com anéis de concreto e cobertura superior. Em 04

nascentes foi verificado um valor superior a 5 uT, estando dentro dos limites da

Resolução CONAMA 357/05 para a classe especial. Pôde ser observado de forma mais

nítida nas nascentes N.61e N.73 a elevação de turbidez no período, sendo válido

salientar que ambas não passaram por intervenções físicas entre os dois períodos de

monitoramento. Tal elevação da turbidez pode estar associada à entrada de água da

chuva com sedimentos.

Estudos realizados por Alcântara (2010) em três microbacias do Natuba, revelou

que ambas corresponderam de forma satisfatória ao limite recomendado pelo

CONAMA 357/2005, para classe especial (40 unT) e consequentemente para Classe II

(100 unT), com exceção de apenas 01 das onze análises que ultrapassou o limite

estabelecido para a classe especial, em uma das microbacias. Esses resultados podem

inferir sobre a qualidade da água advinda das nascentes.

Na intenção de caracterizar as nascentes e avaliar a qualidade da água por elas

produzida, alguns estudos já foram realizados no Brasil, embora não sejam de longo

prazo. Um deles foi desenvolvido por Mosca (2003) nas microbacias do Rio Peixe,

relacionando elevados índices de turbidez à exposição da nascente ao pisoteio do gado,

favorecendo a degradação das partículas do solo e as formações de voçorocas.

As causas verificadas para a piora da qualidade das águas são ausência de

cobertura vegetal nos pontos de captação de água, pisoteio do gado, erosão,

assoreamento das margens do rio e a degradação da vegetação. Esses aspectos estão em

concordância com os resultados obtidos por Corrêa (2001), que indicou que os

processos erosivos na bacia do Itaim estão associados à atividade agrícola com técnicas

degradantes como as arações do tipo morro-abaixo e as queimadas para limpeza de

pasto.

Douglas & Swank (1975), demonstraram que a exploração da vegetação pode

afetar drasticamente a quantidade de sedimentos em suspensão na água, comparando

uma microbacia florestada com outra submetida à corte raso. Nesta última, as

quantidades aumentaram entre 10 a 20 vezes. Os sedimentos em suspensão na

microbacia protegida foram de 350 ppm enquanto que na microbacia submetida a corte

raso foram de 5700 ppm. Os sedimentos orgânicos predominam em áreas naturais,

diferenciando-se dos sedimentos inorgânicos que geralmente refletem ações erosivas

derivadas das atividades antrópicas.

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134

Estudos realizados em uma Unidade de Conservação em Sergipe (FRANÇA et

al., 2010), verificaram que os córregos localizados no Refúgio de Vida Silvestre Mata

do Junco, apresentam boa qualidade de água, comprovando a eficácia da proteção das

nascentes que os abastecem, e que contribuem como manancial para cerca de 18.000

habitantes no município de Capela, vizinho a essa unidade protegida.

5.5.2 pH das nascentes nos períodos seco e chuvoso

Conforme verificado na Figura 49, os valores de pH obtidos nas diferentes

nascentes não variaram muito entre os períodos seco e chuvoso, estabilizando-se entre

5,6 e 6,3 no período seco. Já no período chuvoso, os valores de pH variaram de 5,3 e

6,3, sem maiores alterações.

Figura 49 - Gráfico das medições de pH da água das nascentes no período seco e

chuvoso.

Os resultados de pH encontrados nas nascentes mostraram valores em

desacordo com a Resolução CONAMA nº 274 de 2000. Porém, estes resultados são

aceitáveis quanto aos padrões de balneabilidade, devido às condições naturais das

nascentes, conforme preconiza a referida Resolução.

Os valores registrados também não estão em conformidade com o limite

definido para águas de Classe 1 na Resolução CONAMA 357 de 2005, que estabelece o

valor entre 6 e 9, exceto nas nascentes N.71 e N.71.1 que apresentaram valores de pH

de 6 a 6,3.

Valores de pH inferiores a 6 também foram registrados por Arariba et al (2008),

em nascentes com valores médios de pH 4,5 e 5,0. Ainda conforme a Resolução n°

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135

274, se o corpo de água apresentar pH < 6,0 e pH > 9,0 deverá ser classificado como

impróprio, exceto em condições naturais.

Esse fato também foi observado no estudo de Gonçalves et al (2001/2002) no

qual ele descreve que o pH é usado para expressar a concentração de íons de hidrogênio,

podendo variar seu grau de acidez ou basicidade no meio, indicando assim uma baixa

quantidade de substâncias tamponadoras quando está <6,0; portanto, o valor do pH pode

ser influenciado por diversos fatores naturais, entre eles as características do solo e a

decomposição da matéria orgânica.

Segundo Matheus et al. (1995), a água no ambiente natural tem sua

concentração de íons H+ e OH– fortemente influenciada por sais, ácidos e bases presentes

no meio, fornecendo assim informações sobre a sua qualidade (água pura valor igual a 7

e água superficial valor entre 4 e 9), o tipo de solo por onde a água percorreu, o tipo de

poluição química da água (despejos ácidos ou alcalinos) e a qualidade do ambiente

(origem da água, impactos ambientais poluidores, desmatamento e metabolismo das

comunidades).

5.5.3 Oxigênio dissolvido nas nascentes em períodos seco e chuvoso

Quanto ao Oxigênio Dissolvido (OD), não foi possível verificar diferenças

consideráveis entre as medições do período seco e chuvoso (Figura 50). No período

seco foram observados valores entre 0,7 e 7,9 mg/L e no chuvoso registraram-se valores

entre 1,2 e 9,6 mg/L. Em 15 das 16 nascentes, nos dois períodos, os valores ficaram

abaixo do limite inferior definido para águas de Classe especial e Classe 1 na Resolução

CONAMA 357, que estabelece o valor mínimo de 6 mg/L O2. Apenas a nascente N.22

atingiu 7,9 no período seco e a nascente N.20 com 9,6 no período chuvoso estão em

conformidade com a Resolução anteriormente mencionada.

No que diz respeito aos baixos valores de Oxigênio Dissolvido, cabe observar

que esses baixos valores são decorrentes, não de poluição com substâncias orgânicas

biodegradáveis, mas da própria origem subterrânea das águas de nascentes.

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136

Figura 50- Gráfico das medições de OD da água das nascentes no período seco e

chuvoso.

Embora não seja um parâmetro tão significativo em água subterrânea, o oxigênio

dissolvido é importante para as águas superficiais, já que, quando é encontrado em

concentrações baixas, geralmente está relacionado a processos intensos de eutrofização,

com possibilidade de ocorrência de mortandade de peixes e outros seres vivos do meio

aquático (PIVELI & KATO, 2005).

5.5.4 Condutividade elétrica das nascentes nos períodos seco e chuvoso

Os valores obtidos para Condutividade Elétrica, não apresentaram muitas

divergências, na maioria das nascentes, entre os dois períodos de medição. No período

seco variaram entre (67,4 e 745 μS/cm). Apenas a N.41 mais uma vez apresentou um

valor muito divergente das demais, conforme pode ser visualizado na Figura 51. No

período seco, a mesma apresentou 745 μS/cm, diminuindo bastante esse valor no

período chuvoso (117,9 μS/cm), não devido à possível diluição da água em decorrência

das precipitações, mas por motivos já mencionados para outros parâmetros que já foram

apresentados anteriormente. Já no período chuvoso a condutividade elétrica foi

estabilizada entre 66 e 243 μS/cm.

De uma forma geral, nos dois períodos os valores indicaram baixas

concentrações de Sólidos Totais Dissolvidos (STD), inferiores ao limite máximo (1000

mg/L) estabelecido na referida Portaria 2914 (MS, 2011), estando propícias à

dessedentação humana. Como a medida da Condutividade elétrica, multiplicada por um

fator que varia entre 0,55 e 0,75 fornece uma boa estimativa dos STD mg/L de uma

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137

água subterrânea, e o maior valor obtido dos dois períodos foi 745 μS/cm, podendo ser

transformado em (409, 75 a 558,75 mg/L), pode-se comprovar dessa forma, a

conformidade com a referida Portaria.

Figura 51 - Gráfico da condutividade elétrica da água das nascentes no período seco e

chuvoso

Este parâmetro fornece uma boa indicação das modificações na composição de

uma água, especialmente na sua concentração mineral, mas não fornece nenhuma

indicação das quantidades relativas dos vários componentes. À medida que mais sólidos

dissolvidos são adicionados, a condutividade da água aumenta. Altos valores podem

indicar características corrosivas da água (IGAM, 2008).

Estudos de Matheus & Tundisi (1988) demonstraram que na bacia

hidrográfica dos Rios Itaqueri e Lobo na região central do Estado de São Paulo a

qualidade da água está diretamente relacionada com a presença da vegetação ripária e

sua densidade ao longo do rio. Em regiões onde há uma floresta ripária bem conservada

a condutividade elétrica que é um fator fundamental na medida da qualidade da água, é

muito baixa (<20 μS.cm-1

). Em regiões com ausência de floresta ripária esta

condutividade é muito mais elevada (>100 μS.cm-1

) o que evidencia aumento da

composição iônica de água, resultado da drenagem superficial.

Franca et al (2006), estudando a condutividade em águas superficiais no

riacho dos Macacos, Juazeiro do Norte/CE, verificaram que o valor da condutividade

elétrica diminuiu no período chuvoso, devido à diluição dos íons com águas

provenientes das precipitações.

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138

Pereira (2008) encontrou o contrário para o Ribeirão Piancó/GO, já que no

período seco a condutividade elétrica oscilou de 3,8 a 19,6 μS cm-1

e no período

chuvoso de 10 a 28,4 μS cm-1

. O mesmo autor também observou que durante os meses

de estiagem os valores de condutividade se mostraram estáveis e no período de chuvas

houve um aumento dos valores de condutividade, indicando maiores concentrações de

íons nas águas desse ribeirão e a presença de sais na água devido, provavelmente, ao

carreamento de elementos químicos presentes no solo, ocasionados pela falta de

vegetação.

5.5.5 Temperatura nas nascentes em período seco e chuvoso

No que diz respeito à temperatura da água das nascentes no período seco, é

possível observar certa elevação da temperatura quando comparada ao período chuvoso

(Figura 52). No período de estiagem, as temperaturas variaram de 24,8°C na nascente

N.72 a 29,2 ºC na nascente N.04. Já no período de chuvas as temperaturas foram mais

amenas, sendo a mínima de 24,5°C na nascente N.81 e a máxima 26,7°C na nascente

N.61.

Figura 52 - Gráfico da temperatura da água das nascentes no período seco e chuvoso.

Foi possível observar que as nascentes que apresentaram menores temperaturas,

estavam situadas em locais mais sombreados e com tampa superior, como é o caso da

nascente 81 (Figura 53).

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Figura 53 - Fotografia da nascente N.81, sombreada por árvores no seu entorno com uma

estrutura de barro, fôrma, como proteção lateral.

A temperatura da água é influenciada por fatores como latitude, altitude,

estação do ano, período do dia, vazão e profundidade, desempenhando um papel

controlador no meio aquático, condicionando as influências de uma série de variáveis

físico-químicas (SPERLING, 1996).

A temperatura da água sofre influência da temperatura do ar, admitindo-se que

variações na temperatura do ar implicam em variações na temperatura da água, com

menor intensidade; seu aumento diminui a densidade e a tensão da película formada

pelas moléculas de água na camada superficial de contato com o ar, onde ocorre a troca

de calor (PALMA-SILVA, 1999).

Neste trabalho pôde-se observar que nas áreas de entorno das nascentes, cuja

vegetação, apresentou maiores proporções numéricas e complexidade estrutural,

obtiveram menores valores de temperatura da água nas nascentes.

Segundo SWIFT & MESSER (1971) e SUGIMOTO et al. (1997), a manutenção

da vegetação ciliar é a maneira mais efetiva de prevenir aumento da temperatura da

água.

5.5.6 Coliformes totais e E.coli das nascentes nos períodos seco e chuvoso

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Houve a presença de coliformes totais em todas nascentes nos dois períodos,

embora com valores baixos para as nascentes N.41 e N.60 com 3,1 e 3 NMP/100 mL

respectivamente, no período seco (Figura 54).

Figura 54 - Monitoramento da presença de coliformes totais das nascentes nos períodos seco e

chuvoso.

Em 05 nascentes foram registrados valores >1000 NMP/100 mL. Esses

resultados mais elevados em relação aos demais podem estar associados à exposição da

nascente, principalmente quanto às estruturas de proteção superior, e também a forma

de coleta da água que muitas vezes se dá de forma direta de dentro da nascente com

recipientes inadequados.

Nas nascentes N.22, N.29, N.71, N.71.1, N.76 é possível observar uma

diminuição nos valores de Coliformes totais, no período chuvoso, o que pode estar

relacionado às obras de intervenção com as quais foram contempladas depois da análise

do período seco, passando a ter estruturas protetoras.

Segundo a Resolução 274 do CONAMA (2000) estarão satisfatórias para

banhos, quando apresentarem no máximo 1000 coliformes fecais por mililitro. Sendo

assim, as nascentes N.01 e N.20, com valores superiores a 2400 NMP/100 mL, estão em

desconformidade com os padrões de balneabilidade de águas próprias satisfatórias, da

referida Resolução.

Estão excelentes para banho, segundo a Resolução 274 de 2000, no período

seco, as nascentes N.03, N.04, N.41, N.60, N.71, N.72, N.73 e N.81 e também no

período chuvoso, exceto as nascentes N.03 e N.73 com 2419,2 e 1203,3 NMP/100 mL

respectivamente, desobedecendo às condições satisfatórias de balneabilidade.

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Ainda de acordo com a Resolução acima citada, classificam-se como muito boas

para banho, no período seco as nascentes N.44, N.61 e N.76 e no período chuvoso

apenas a nascente N.22. Como satisfatória nenhuma foi classificada no período seco,

mas no período chuvoso, as nascentes N.29, N.44 e N.61 e N.71.1 são satisfatórias com

valor máximo de 1000 coliformes fecais.

Quanto aos padrões de potabilidade exigidos pela Portaria 2914/11, estão todas

em desconformidade, uma vez que os coliformes totais devem estar ausentes.

Quanto à avaliação da presença de Escherichia coli, foi detectada em 02

nascentes, (N.29, N.71.1) durante o período seco, com os valores de 3,1 e 17,1

NMP/100 mL, respectivamente. As demais estão em conformidade com Portaria

2914/11, apresentando ausência de E.coli, estando próprias para o consumo humano

após desinfecção (Figura 55).

Já no período chuvoso o número de E.coli foi maior em relação ao período seco.

Em 08 nascentes registrou-se a presença, variando de 2 NMP/100mL, na nascentes N.71

a 816,4 NMP/100mL na nascente N.20. Sendo assim apenas 08 nascentes estavam

dentro dos padrões estabelecidos para desssedentação humana.

Com respeito ao enquadramento na Resolução Conama 357/05 na classe 1,todas

estavam em conformidade, com valores abaixo de 200NMP/mL, exceto a nascente N.20

no período chuvoso.

Figura 55 - Monitoramento da presença de E.coli nos períodos seco e chuvoso.

Uma possível justificativa para a nascente N.20 apresentar um número mais

elevado de E. coli, pode ser devido ao fato da mesma não possuir qualquer tipo de

proteção física. No período seco, na mesma não foi detectada a presença de E.coli

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porque um dia antes da coleta para análise, o proprietário havia esvaziado e realizado a

limpeza da nascente.

No período seco todas se classificaram como excelentes com até 200 NMP/mL

para banho, de acordo com a Resolução 274 de 2000, e no período chuvoso apenas a

N.20 não atendeu aos mesmos requisitos, estando insatisfatória por ultrapassar o limite

de 800 NMP/mL.

Albuquerque et al. (2010), objetivando avaliar a qualidade físico-química e

bacteriológica da água para o consumo humano da nascente do Coqueiro I, no

município do Crato, no Ceará, constataram que, apesar dos parâmetros físico-químicos

se mostrarem em conformidade, os valores de coliformes extrapolam os limites

aceitáveis, embora a contaminação seja ainda de baixa intensidade.

A presença de bactérias E. coli, de origem fecal, nas águas nascentes, indica a

necessidade de ações de educação ambiental e sanitária dos assentados, e de execução

de obras de proteção que evitem a contaminação das mesmas.

Há, portanto, em determinados casos, necessidade de implantação e/ou melhoria do

tratamento domiciliar das águas das nascentes nas parcelas, visando, especialmente, a

desinfecção das águas, para garantia de sua qualidade microbiológica e eliminação dos

riscos de transmissão de doenças de veiculação hídrica entre os assentados.

Há também, necessidade de implantação de sistema de abastecimento que

forneça às edificações da vila comunitária, água com qualidade que atenda aos padrões

de potabilidade estabelecidos pela legislação brasileira. Esse sistema pode manter as

nascentes como mananciais hídricos adequados, desde que com controle operacional e

sanitário.

Segundo Mormul et al, (2006) a utilização tanto para a balneabilidade como

para o consumo das águas dessas fontes contaminadas são responsáveis por afetar

milhares de pessoas através de doenças causadas por diversos patógenos, sendo que no

Brasil, a diarréia ainda é a principal causa de mortes entre as crianças menores de cinco

anos nas comunidades próximas a mananciais contaminados, demonstrando assim a

importância e urgência da implantação de uma rede de água e esgoto nesses bairros,

além de iniciativas de caráter corretivo e preventivo através da população.

Paganini et al (2005) encontraram em seu estudo sobre a poluição por

coliformes termotolerantes no rio Tietê, incluindo a nascente, altas taxas de

contaminação e associou esse resultado as áreas metropolitanas, ou seja, a medida que

as casas estão mais distantes dos corpos de água, estes sofrem menor impacto, pois a

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143

causa mais forte dessa poluição são os esgotos sem tratamento lançados no rio e seus

mananciais.

5.5 Monitoramento de chuva

Com o intuito de caracterizar o regime pluviométrico da bacia do Médio Natuba e

relacionar a quantidade de água disponível nesse ecossistema para geração de

escoamento, foram coletados dados de precipitação diária para a localidade.

De acordo com Shafer (1985), as precipitações produzem dois efeitos nas

bacias hidrográficas. O efeito direto da água precipitada nos cursos de água que são as

maiores variações de vazão em pequenos intervalos de tempo e o efeito indireto,

produzido pela recarga do lençol freático e manutenção da vazão com pequeno

decréscimo que chega aos cursos de água.

Observando-se o comportamento da precipitação no assentamento Serra Grande

(Figura 56), verifica-se que a pluviosidade local mensurada para o período estudado foi

de 1243 mm, sendo abaixo da média anual histórica que é de 1400 mm/ano obtida do

posto pluviométrico desativado da SUDENE no Engenho Serra Grande (Figura 18).

Essas condições pluviométricas demonstram compatibilidade com a que se verifica na

Zona da Mata mais típica, ainda não sofrendo a escassez hídrica que ocorre na faixa de

transição para a chamada Mata Seca e para o Agreste, geograficamente bem próximos.

Esse comportamento ainda assegura a manutenção da umidade do solo por infiltração

das águas de chuva e de emergência de nascentes. O período mínimo de seis meses de

chuva e as ocorrências esparsas no restante do ano facilitam a ocorrência de nascentes

perenes na região estudada.

Os dados de chuvas coletados permitiram identificar que os maiores totais

mensais foram registrados no mês de julho de 2011, com aproximadamente 405,2 mm,

seguidos de 220 mm em junho de 2012 (Figura 57). Verifica-se a partir desses dados

que houve um prolongamento do período de estiagem no ano de 2012 em relação à

média histórica que concentra entre os meses de março e agosto seu período chuvoso. É

possível ainda observar que o período chuvoso de 2012 (março a junho) com um total

de 393,5 mm ficou muito abaixo (56%) da média histórica para o mesmo período que é

de 696,9 mm. No entanto, os meses de julho e agosto de 2011 ficaram acima da média

histórica.

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144

Figura 56- Precipitação diária e acumulada no Assentamento Serra Grande.

Figura 57 - Precipitação mensal do Assentamento Serra Grande.

Já a maior estiagem foi compreendida entre os meses de outubro e abril,

somando no mês de dezembro, o menor total de precipitado de 17 mm, estando abaixo

da média histórica para o mês que é 53,8 mm. Evidencia-se assim o prolongamento da

estação seca até abril. Em janeiro ocorreu um evento chuvoso atípico que provocou um

total mensal acima da média.

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5.7 Monitoramento da vazão das nascentes

O monitoramento de vazão nas nascentes N.03, N.04, N.19, N.29, N.71, N.72,

N.73, N.76, contemplou os períodos seco e chuvoso, durante os meses de julho de 2011

a julho de 2012, com intervalos de medições de aproximadamente 15 dias. Alguns

dados não foram coletados devido à impossibilidade de medição.

Um dos fatores que impediu a medição foi o fato de no dia previsto, a nascente

ter sido utilizada intensivamente, de forma que o seu nível se encontrava muito baixo,

sendo necessário um tempo considerável para que a mesma recuperasse o nível de

forma a permitir a medição da vazão estável, pelo sangrador. Outro motivo registrado

em setembro na nascente N.71, foi o entupimento das tubulações por onde era realizada

a medição. Tal fato foi resolvido após a intervenção física na nascente, quando foi

implantada uma tampa de concreto, impedindo proliferação de algas e a entrada de

animais.

A partir da observação dos gráficos das Figuras 58, 59, 60, 61, 62 é possível

identificar que as nascentes N.03, N.19, N.71, N.72, N.73, apresentaram uma relação

positiva da vazão em resposta às chuvas.

Figura 58: Comportamento hidrológico da nascente N.03

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Figura 59 - Comportamento hidrológico da nascente N.19.

Figura 60 - Comportamento hidrológico da nascente N.71.

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Figura 61 - Comportamento hidrológico da nascente N.72

Figura 62 - Comportamento hidrológico da nascente N.73.

Em 2012 a estiagem foi atípica em toda a região Nordeste do Brasil (APAC,

2012), fazendo com que a escassez de chuvas, mesmo no período tradicionalmente

chuvoso, levasse a um forte decaimento da vazão dessas nascentes, que também sofrem

pressão de mais retirada d’água para o uso diário pela família do agricultor assentado.

As medições de junho de 2012 já evidenciam um início de recuperação, fruto da

retomada das chuvas a normalidade a partir do final de maio.

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Pane & Pereira, 2005 observaram resposta às chuvas nas vazões das nascentes

de 4 meses em 02 nascentes em Itamonte, Sul de Minas Gerais. Já para uma terceira,

situada em menor altitude, uma resposta mais rápida às precipitações.

Dados colhidos na nascente N.76 (Figura 63) também constata uma tendência

de resposta da vazão ao ritmo das chuvas, embora de forma mais sutil, se comparada às

outras nascentes, não apresentando grandes variações de vazão no decorrer do

monitoramento. Este comportamento pode ser devido à influência de um açude a sua

montante que possibilita o acúmulo do escoamento superficial e uma infiltração mesmo

sem que haja chuva.

Figura 63 - Comportamento hidrológico da nascente N.76.

Um comportamento semelhante a nascente N.76 pôde ser observado na

nascente N.04 (Figura 64). Não houve grandes diferenças entre a sua vazão máxima e

mínima durante o período se comparada às demais.

Os valores registrados médios de vazão, a vazão máxima e a mínima das

nascentes, no período monitorado podem ser observados na Tabela 08, com a exceção

da nascente N.29.

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Figura 64 - Comportamento hidrológico da nascente N.04.

Tabela 08 – Vazões média, máxima e mínima em nascentes do assentamento Serra

Grande.

A vazão média da nascente N.29 não foi calculada devido à impossibilidade de

continuação de medição, pois a mesma a partir de novembro diminuiu

consideravelmente seu fluxo, até não fluir mais. No entanto, foi possível observar que

no período de julho a novembro de 2011 sua vazão mínima foi 7,95 mL/s e máxima de

51,22 mL/s, respectivamente (Quadro 08).

Nascentes

Vazão

média

(mL/s)

Vazão

Máxima

(mL/s)

Vazão

Mínima

(mL/s)

N.03 111,83 184,9 26,1

N.04 141,91 154,8 130,3

N.19 502,28 764,77 334,61

N.71 90,30 142,49 70,18

N.72 102,17 308,84 10,49

N.73 159,05 334,37 66,71

N.76 173,88 226,82 146,00

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Quadro 08 - Medições de vazão da Nascente N.29.

Data Vazão mL/s

27-07-11 51,22

1-9-11 45,53

30-9-11 31,41

14-10-11 22,44

18-11-11 7,95

A partir dos valores médios de vazão adquiridos, foi possível classificar as

nascentes de acordo com a magnitude de vazões, proposta por MEINZER, in De WIEST

conforme Tabela 09. De acordo com esta classificação, todas as nascentes monitoradas

se classificaram como de sexta ordem, variando sua vazão média entre 90 e 502 mL/s,

nas nascentes N.71 e N.19 respectivamente.

Tabela 09 - Classificação das fontes segundo sua vazão.

Magnitude Vazão

Primeira Maior que 2,83 m3

/s

Segunda 0,283 a 2,83 m3

/s

Terceira 28,3 a 283 L/s

Quarta 6,31 a 28,3 L/s

Quinta 0,631 a 6,31 L/s

Sexta 63,1 a 631 mL/s

Sétima 7,9 a 63,1 mL/s

Oitava Menor que 7,9 mL/s

Fonte: (MEINZER, in De WIEST 1965).

Em resposta aos meses mais chuvosos de 2011 (junho a agosto), foram

registradas as maiores vazões no mês de junho nas nascentes N.71 e N.73, em Julho

para as nascentes N.76 e N.72. Para estas nascentes, foi observada uma resposta mais

rápida da vazão à chuva. Esta situação pode ser devido a pouca profundidade do lençol

freático. E para a nascente N.29 também foi registrada a vazão máxima em Julho de

2011.

Registrou-se em setembro a vazão máxima na nascente N.03 quando foi obtida

a primeira medição de vazão. E um pouco mais tarde, em outubro foi registrada a maior

vazão nas nascentes N.19 e N.04. Este atraso de resposta em relação às demais pode ser

explicado dentre possíveis fatores, pelo fato de suas áreas de recarga serem de elevada

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151

altitude, sendo válido ressaltar que as medições de vazão nestas nascentes deram-se

inicio em setembro. Em trabalho semelhante, Pane & Pereira (2005) observaram que as

nascentes situadas em menor altitude, possuíam uma resposta mais rápida às

precipitações.

Quanto ao registro mínimo das vazões das nascentes não foi possível obter de

todas, uma vez que algumas delas não extravasam no período de estiagem em

decorrência do seu nível baixar consideravelmente. Mas para a nascente N.19 que não

possuía tubulação para extravasamento, e a medição era realizada com intervenções

temporárias foi possível fazer medições mesmo durante período mais seco e registrar

uma vazão mínima no mês de junho de 2012, provavelmente em virtude da escassez de

chuvas nos meses anteriores e a nascente apresentar um tempo de resposta maior às

precipitações. Foi possível acompanhar também as vazões mínimas das nascentes N.04

e N.76 por não sofrerem alterações bruscas no período de estiagem. As mesmas foram

registradas no mês de fevereiro para a nascente N.04 e em maio de 2012 para a nascente

N.76, conforme pode ser visualizado nos gráficos do comportamento hidrológico das

mesmas. Tal diferença pode estar associada ao tipo de solo e sua capacidade de retenção

e liberação da água.

Analisando-se as vazões médias por período das nascentes monitoradas, é

possível afirmar que no período seco (setembro-fevereiro) foram inferiores, mesmo que

de forma sutil em algumas, exceto na nascente N.19 (Figura 65). Tal situação deve estar

associada ao fato das máximas vazões atingidas pela nascente N.19 terem sido

registradas no período considerado seco, nos meses de setembro e outubro, e também

evidenciando seu tempo maior de resposta em relação às demais nascentes, às

precipitações ocorridas.

A dinâmica da vazão das nascentes possui relação direta com a dinâmica

superficial e subsuperficial da água de infiltração. Isso implica na variação da

capacidade de infiltração do solo, função do tipo de solo (em termos de

permeabilidade), presença ou não da vegetação e macroporos, e condições de umidade

desse solo (FETTER, 2001).

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Figura 65 – Vazão média no período seco e chuvoso nas nascentes do assentamento

Serra Grande.

Pinto et al, 2004 relacionando conservação com vazão de nascentes, inferiu

que o motivo pela qual as nascentes preservadas apresentarem maior valor médio das

vazões, foi devido a presença de um raio de 50 m de vegetação nativa e áreas de recarga

com a maior porcentagem de vegetação natural. Tal situação contribui para a

conservação dos recursos hídricos na bacia hidrográfica.

A medida da vazão de uma nascente é um parâmetro muito importante para

caracterizar do seu regime hidrológico, cujo comportamento é influenciado pelo índice

pluviométrico, por sua localização (tipo e uso do solo) e pela ação do homem sobre as

condições naturais da região (ARAÚJO FILHO, et al., 2011).

5.8 Acompanhamento das intervenções para manejo

No âmbito desta pesquisa, foram acompanhadas as obras de intervenção com

estruturas protetoras em 10 nascentes, e também as ações de recuperação com

reflorestamento. O objetivo preponderante da execução das obras foi o de se evitar a

contaminação, sobretudo da água de beber, já em sua origem, quer por partículas de

solo, quer matéria orgânica oriunda das plantas circunvizinhas, insetos e outras trazidas

pelo escoamento superficial da chuva ou pelo acesso do homem diretamente a nascente.

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153

Após a concordância do assentado em disponibilizar 50m do entorno de sua

nascente para o reflorestamento, bem como o cuidado na manutenção das mudas

plantadas, as obras de recuperação eram iniciadas. Vale salientar que as nascentes

escolhidas para tais intervenções tiveram que atender alguns parâmetros descritos na

metodologia.

Os planos de recuperação foram bem diversificados, sendo planejadas de forma

que atendesse a necessidade de cada nascente. Algumas já apresentavam alguma

estrutura protetora, como é o caso das nascentes N.71, N.76, N.29, N.61, N.41e N.60

que possuíam proteção lateral, mas não possuíam tampas adequadas para evitar a

proliferação de algas e animais na nascente. As Figuras 66 e 67, 68 e 69, 70 e 71, 72 e

73, 74 e 75, 76 e 79 mostram o antes e depois das nascentes que passaram por

intervenção.

Figura 66- Nascente (N.71) antes do

processo de intervenção, com apenas

proteção lateral com muros de alvenaria.

Figura 67 – Nascente (N.71) depois da

intervenção, apresentando tampa de

concreto e aterro no seu entorno.

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Figura 68 - Nascente (N.76) antes da

intervenção física, apresentando tampa de

aço com ferrugem.

Figura 69 - Nascente (N.76) depois da

intervenção, apresentando tampa de

concreto.

Figura 70 - Nascente (N.29) antes da

intervenção apresentando apenas proteção

lateral através do muro de alvenaria e

ficava na área de inundação do riacho. .

Figura 71 - Nascente (N.29) depois da

intervenção, apresentando muros de

proteção laterais recuperados e tampa

superior de concreto e borda do anel

elevada.

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155

Figura 72 - Nascente (N.61) antes da

intervenção apresentando estrutura lateral

de proteção e tampa de metal

comprometidas.

Figura 73 - Nascente (N.61) depois da

intervenção com recuperação do muro de

alvenaria, tampa de concreto, e aterro

lateral e na seta local para coleta da água.

Figura 74 - Nascente (N.41) em fase

de intervenção, ainda apresentando

tampa inadequada.

Figura 75 - Nascente (N.41) depois da

recuperação com a tampa de concreto à

sua direita e estrutura de proteção

lateral recuperada.

Page 156: USO E CONSERVAÇÃO DE NASCENTES EM ASSENTAMENTOS … · conservação das nascentes no seu corpo e no entorno de 50m, através de parâmetros pré-estabelecidos. A avaliação em

156

Todas as nascentes recuperadas foram contempladas com tampas de concreto e

local adequado para a coleta de água com torneira, situado à jusante da nascente,

evitando assim o contato direto dos usuários com a água no momento da coleta,

deixando de ser realizada com recipientes inseridos dentro da nascente (Figura 78). O

local de coleta d’água da nascente situa-se em torno de 3m à jusante da nascente sendo

o escoamento por gravidade através de tubulação de 25 mm, na maioria dos casos, com

um registro para evitar o desperdício da água e o maior tempo de acumulação da mesma

na nascente.

Figura 78 - Local planejado para a coleta d’água das nascentes com registro.

Figura 76 - Nascente (N.60) antes da

intervenção com estrutura de alvenaria

lateral.

Figura 77 - Nascente (N.60) depois da

intervenção apresentando alvenaria

lateral com altura ideal, tampa de

concreto e local para retirada d’água.

Page 157: USO E CONSERVAÇÃO DE NASCENTES EM ASSENTAMENTOS … · conservação das nascentes no seu corpo e no entorno de 50m, através de parâmetros pré-estabelecidos. A avaliação em

157

Nos planos de intervenção foram inclusos um cano de extravasamento para

todas as nascentes, sendo implantado numa altura que pudesse ser acumulada uma

maior quantidade possível de água, mas evitando o transbordamento da mesma. Após

atingir nível máximo de acúmulo, o excesso da água é então liberado percorrendo seu

curso natural, passando a contribuir com a vazão do riacho.

Como algumas nascentes não possuíam nenhuma estrutura de proteção foi

necessário passar por medidas completas de recuperação e proteção. Essas medidas

compreenderam ações como aterro do entorno, implantação de anéis e tampas de

concreto para a proteção lateral e superior respectivamente, construção de locais

estratégicos para a coleta da água com registro. Como exemplo de nascentes que

passaram por tal processo, tem-se a nascente N.22, podendo ser visualizado seu antes e

depois nas Figuras 79 e 80.

Outra situação executada como medida de recuperação e proteção aconteceu na

nascente N.72. A nascente era a única fonte de água da família residente na parcela e

não possuía acúmulo suficiente para disponibilizar água para todos os usos domésticos,

durante o dia principalmente, quando há uma demanda maior de água. Para resolução

do problema, a nascente passou por reformas nas suas estruturas de proteção, conforme

pode ser visualizado nas Figuras 81 e 82 e foi instalada uma caixa d’água de 340L a

Figura 79 - Nascente (N.22) antes da

intervenção sem qualquer tipo de proteção.

Figura 80 - Nascente (N.22) após a

intervenção, com implantação de anéis e

tampa de concreto, aterro no seu entorno

para evitar fuga lateral da água e

tubulação de retirada de água.

Page 158: USO E CONSERVAÇÃO DE NASCENTES EM ASSENTAMENTOS … · conservação das nascentes no seu corpo e no entorno de 50m, através de parâmetros pré-estabelecidos. A avaliação em

158

uma distância de 5m, num nível inferior a superfície do solo (Figura 83). Com isso, a

água disponibilizada pela nascente é conduzida por meio do sistema de sifonamento até

o reservatório, sendo acumulada durante o dia todo, abastecendo a demanda da

residência.

Figura 83 - Caixa d’água abastecida pela nascente N.72.

Detalhe: Na seta vermelha: cano para extravasamento; na seta amarela: local para

medição da vazão; e na seta preta: cano para coleta de água pelos usuários.

Figura 81 - Nascente (N.72) antes de

passar por intervenção com estruturas

lateral e superior comprometidas, fuga

lateral de água e a coleta era feita

diretamente na nascente.

Figura 82 - Nascente (N.72) depois de

passar por intervenção, apresentando

recuperação da sua estrutura lateral,

tampa de concreto e uma caixa d’água

para acúmulo da água para uso com

registro para a retirada de água.

Page 159: USO E CONSERVAÇÃO DE NASCENTES EM ASSENTAMENTOS … · conservação das nascentes no seu corpo e no entorno de 50m, através de parâmetros pré-estabelecidos. A avaliação em

159

Outras nascentes continham algumas estruturas de proteção, que foram retiradas

para que pudesse haver um melhor acúmulo de água para os usuários. Esta situação

aconteceu na nascente N.81, conforme pode-se visualizar na Figura 84, onde estava

inserida uma fôrma de barro no “olho d’água”, acumulando no máximo 20L, sendo

necessário certo tempo de espera para novas coletas de água. Nesta nascente então,

houve a retirada da estrutura de barro, inserção de anéis de concreto, aterro do entorno,

implantação do local para coleta de água pelos usuários e cano para extravasamento

(Figura 85).

Pinto (2005) afirma que independentemente do tipo e do estado de conservação

da nascente a ser recuperada, o primeiro passo a ser tomado é o isolamento da área num

raio de 50 m da nascente, para impedir a invasão por animais domésticos, evitando,

principalmente, a compactação do solo pelo pisoteio e o comprometimento do estrato

regenerativo da área. Como a maioria das nascentes da bacia hidrográfica está

circundada por cultura agrícola ou pastagem, o segundo passo a ser dado é o abandono

dessas atividades dentro da área a ser restaurada, para que não exerçam competição com

as espécies arbóreas plantadas ou regeneradas naturalmente.

Figura 84 - Nascente (N.81) antes da

intervenção com uma estrutura de barro

(fôrma) como proteção lateral.

Figura 85 - Nascente (N.81) depois da

intervenção, apresentando anéis e tampa

de concreto e aterro do seu entorno.

Page 160: USO E CONSERVAÇÃO DE NASCENTES EM ASSENTAMENTOS … · conservação das nascentes no seu corpo e no entorno de 50m, através de parâmetros pré-estabelecidos. A avaliação em

160

Estudos sobre recuperação de nascentes realizados por Piña-Rodrigues et al.,

(1990) afirmam que para revitalização de nascentes deve-se dar prioridade às nascentes

pouco vegetadas e mais suscetíveis aos processos erosivos. Áreas de nascentes com solo

compactado e com estrato regenerativo comprometido pela presença do gado também

devem ser consideradas.

Dependendo do grau de perturbação da nascente e, considerando as condições

químicas, físicas e biológicas do solo, a presença de árvores fornecedoras de sementes e

o estágio do estrato regenerativo, poderá ser utilizado o plantio de enriquecimento

(GANDOLFI e RODRIGUES, 1996) ou somente a regeneração natural (BOTELHO et

al., 2001).

No entorno das nascentes do assentamento rural estudado, a proposta de

replantio foi de 50% de mudas de espécies nativas (pés de pau) e 50% de frutíferas. Tal

divisão teve o intuito de incentivar o parceleiro a fazer a proteção e as devidas

manutenções das mudas.

Devido ao período apropriado para tal plantio, neste trabalho só foi

acompanhado o reflorestamento no entorno da nascente N.71. Na Figura 86 é possível

observar as mudas demarcadas com estacas para melhor acompanhamento do seu

desenvolvimento e evitar-se o pisoteio.

Figura 86 - Área de entorno da nascente N.71 com plantio de mudas para o reflorestamento.

Detalhe: As setas vermelhas estão indicando as mudas plantadas e demarcadas com

estacas.

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161

As espécies utilizadas para o reflorestamento no entorno de 50 metros das

nascentes estão relacionadas no Quadro 09, todas já produzidas pela SNE em projetos

anteriores.

Quadro 09 – Lista de espécies utilizadas para reflorestamento.

FAMÍLIA NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR

RUBIACEAE Genipa americana L Genipapo

MOMOSACEAE Inga sp. Ingá de horte

FABACEAE Geoffroea striata (Willd.) Morong Marizeiro

MIMOSACEAE Mimosa caesalpiniifolia Benth. Sabiá

ANNONACEAE Annona sp. Aticum

FABACEAE Swartzia cf. pickelii Killip ex

Ducke

Ingá de macaco

APOCYNACEAE Aspidosperma sp. Gororoba

BIGNONIACEAE Jacaranda cuspidifolia Mart. Jacarandá

ANNONACEAE Annona muricata L. Graviola

BIGNONIACAEA Tabebuia sp. Ipê amarelo

CAESALPINIACEAE Tamarindus indica L. Tamarindo

CAPPARACEAE Crataeva tapia L. Trapiá

CAESALPINIACEAE Hymenaea sp. Jatobá

CAESALPINIACEAE Caesalpinia ferrea Mart. Jucá

MIMOSACEAE Anadenanthera sp. Angico

CHRYSOBALANACEAE Licania tomentosa (Benth.) Fritsch Oiti da praia

MYRTACEAE Eugenia uniflora L. Pitanga

BOMBACACEAE Chorisia speciosa A. St.-Hil Paineira

SAPINDACEAE Cupania sp. Caboatã

VERBENACEAE Vitex sp. Vitex

ANACARDIACEAE Tapirira guianensis Aubl. Cupiúba

MALPIGHIACEAE Byrsonima sericea DC. Murici

MALPIGHIACEAE Malpighia glabra L Acerola

ALACACEAE Ximenia americana L. Ameixa da mata

MYRTACEAE Myrciaria cauliflora (Mart.) O.

Berg

Jaboticaba

MIMOSACEAE Inga sp. Ingá caixão

FABACEAE Erythrina velutina Willd. Mulungu

RHAMNACEAE Ziziphus joazeiro Mart. Juá

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BIGNONIACAEA Tabebuia sp. Ipê roxo

CAESALPINIACEAE Cisalpina pyramidalis Tul. Catingueira

MIMOSACEAE Enterolobium contortisiliquum

(Vell.) Morong

Tamboril

APOCYNACEAE Aspidosperma discolor A. DC. Pau faia

EUPHORBIACEAE Havea brasiliensis (Willd. Ex A.

Juss) Mull. Arg.

Seringueira

CAESALPINIACEAE Caesalpinia echinata Lam Pau-brasil

MYRTACEAE Eugenia luschnathiana Klotzsch

ex O. Berg

Ubaia

MYRISTICACEAE Virola sp. Urucuba

ANACARDIACEAE Mangifera indica L. Manga espada

POLYGONACEAE Triplaris americana L. Gougueia

FABACEAE Amburana cearensis (Allemão)

A.C. Sm.

Amburana

MYRTACEAE Syzygium malaccense (L.) Merr. &

L.M. Perry

Jambo

BURSERACEAE Protium heptaphyllum (Aubl.)

Marchand

Amescla de cheiro

OXALIDACEAE Averrhoa carambola L. Carambola

LECYTHIDACEAE Lecythis lurida (Miers) S.A. Mori Sapucaia

LAURACEAE Ocotea sp. Louro

ANACARDIACEAE Spondias tuberosa Arruda Umbuzeiro

STERCULIACEAE Guazuma ulmifolia Lam. Mutamba

ANACARDIACEAE Spondias Mombin L. Cajá

ANNONACEAE Xylopia frutescens Aubl. Imbira vermelha

ARECACEAE Syagrus oleracea (Mart.) Becc. Coco catolé

CASEALPINIACEAE Bauhinia sp. Mororó

STERCULIACEAE Theobroma cacao L. Cacau

EUPHORBIACEAE Cnidoscolus pubescens Pohl Penô

Fonte: SNE, 2012.

Segundo Andrade (2003), as espécies a serem plantadas deverão ser

selecionadas, dando-se preferência às espécies frutíferas, para promover a atração de

animais silvestres, que são importantes no processo de dispersão, acelerando a dinâmica

de sucessão.

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163

6.0 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A identificação e cadastramento das 101 nascentes em 55 parcelas do

Assentamento Rural Serra Grande, permitiu ter uma visão da vital importância das

mesmas para o abastecimento dos assentados, bem como para o equilíbrio dos

ecossistemas naturais na Bacia Hidrográfica do Rio Natuba - PE.

No Assentamento Serra Grande os usos domiciliares das águas das nascentes

(ingestão direta, preparo de alimentos, lavagem de roupas e de utensílios domésticos,

banhos e descargas de bacias sanitárias) são os mais frequentes e importantes.

Secundariamente, e quando a disponibilidade hídrica permite, as águas são utilizadas

também para a irrigação na agricultura e dessedentação de animais de criação.

De acordo com os parâmetros definidos na pesquisa, constatou-se que a maioria

das nascentes do Natuba está em situação regular de conservação, porém, evidenciando

a necessidade de medidas para conter a degradação e proteger esses mananciais, que

perante a legislação são de preservação permanente. Queimadas e cortes na vegetação

no entorno foram os principais aspectos que influenciaram negativamente no estado de

conservação evidenciado. E como se trata de nascentes com afloramento da superfície

freática, a presença da vegetação original proporciona condições de recarga e

armazenamento, pois favorece o processo de infiltração das águas de chuva, e assim

favorece a manutenção da vazão. Como forma de sensibilização, faz-se importante o

desenvolvimento de ações de educação ambiental, estimulando a reflexão pela

população usuária sobre os impactos negativos observados nas áreas das nascentes

estudadas, mostrando a importância de se conservar e as consequências que podem

sofrer caso os mananciais sejam degradados.

O monitoramento da qualidade da água em 16 nascentes permitiu concluir que

não houve grandes alterações, entre os períodos seco e chuvoso para os parâmetros de

turbidez, oxigênio dissolvido, condutividade elétrica e pH. Apenas a temperatura da

água apresentou elevação no período seco. A presença de coliformes totais foi detectada

em todas nascentes nos dois períodos, estando em desconformidade com a Portaria

2914/11. Quanto à presença de E.coli, foi detectada em apenas 03 nascentes durante o

período seco. As demais estão em conformidade com a legislação, estando próprias para

o consumo após desinfecção. Recomenda-se um monitoramento da qualidade da água

Page 164: USO E CONSERVAÇÃO DE NASCENTES EM ASSENTAMENTOS … · conservação das nascentes no seu corpo e no entorno de 50m, através de parâmetros pré-estabelecidos. A avaliação em

164

das nascentes com respeito à contaminação por agroquímicos, uma vez que há suspeitas

da presença na água ingerida, e esses produtos são rotineiramente utilizados pelos

agricultores do assentamento.

O estudo do comportamento hidrológico das 08 nascentes permite-nos afirmar

que a produção de água é capaz de suprir as necessidades familiares de agricultores que

residem nas parcelas e na agrovila do assentamento, pelo menos para o abastecimento

das suas necessidades domésticas, como o uso da água para beber, cozinhar, tomar

banho e realizar as tarefas higiênicas da casa. Em outros casos, podendo usar o

excedente para atividades agrícolas e pecuárias. Constatou-se que cinco nascentes

apresentaram uma relação mais direta entre o aumento da vazão e as precipitações. Para

um melhor entendimento da dinâmica entre as variações de vazão nas nascentes e as

precipitações, são recomendáveis estudos hidrológicos com medições de vazão em

intervalo de tempo inferior a 15 dias, uma vez que o tempo de resposta às chuvas pode

variar, dependendo de alguns fatores. Esses fatores podem ser os diferentes tipos de

solo, com suas diferenciadas capacidades de infiltração das chuvas, bem como a altitude

de suas áreas de recarga.

Foi verificado durante o período de monitoramento de chuvas e vazão, um

prolongamento do período de estiagem em relação à média histórica que concentra entre

os meses de março e agosto o seu período chuvoso. Em decorrência desse atraso

observou-se que o período chuvoso monitorado (março-junho) de 2012 ficou 56,46%

abaixo da média histórica para o período.

Acredita-se que com as medidas de recuperação implantadas nas nascentes,

haverá melhoras na qualidade e quantidade da água disponibilizada, contribuição para a

sustentabilidade ambiental do assentamento, cujas maiores dependências hídricas são

atendidas pelas nascentes, gerando impactos positivos na bacia.

Esta pesquisa motiva também a propor algumas ações futuras, seja na

verticalização do próprio estudo, seja na adoção de práticas de extensão. Em termos de

pesquisa, sugere-se relacionar o comportamento hidrológico das nascentes na área

estudada com a tipologia do solo, particularmente a capacidade de infiltração e de

armazenamento de água. Em relação à extensão, sugere-se o acompanhamento e

Page 165: USO E CONSERVAÇÃO DE NASCENTES EM ASSENTAMENTOS … · conservação das nascentes no seu corpo e no entorno de 50m, através de parâmetros pré-estabelecidos. A avaliação em

165

orientação frente ao uso das nascentes e da água nelas captadas para o uso doméstico,

reduzindo os fatores de contaminação e de redução da potabilidade.

Page 166: USO E CONSERVAÇÃO DE NASCENTES EM ASSENTAMENTOS … · conservação das nascentes no seu corpo e no entorno de 50m, através de parâmetros pré-estabelecidos. A avaliação em

166

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182

ANEXO 1

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Projeto Nascentes do Natuba- SNE / UFPE / IFPE

FICHA DE IDENTIFICAÇÃO DE NASCENTE DATA: / / 2011

1. INFORMAÇÕES DA ÁREA:

NOME DO ASSENTAMENTO: MUNICÍPIO:

PARCELA Nº COORDENADAS DE REFERÊNCIA: E: / N:

NOME DO TITULAR DA PARCELA: APELIDO:

3.0 FONTES DE CONTAMINAÇÃO DE ÁGUA DA NASCENTE

AGROTOXICOS ( ) ESGOTOS SANITÁRIOS ( ) SABÕES E DETERGENTES ( ) LIXO ( )

ÁGUAS SERVIDAS ( ) PROCESSOS EROSIVOS ( ) FEZES DE ANIMAIS ( ) NENHUMA

4.0 TIPO

( ) DE ENCOSTA ( ) DE DEPRESSÃO

5.0 REGIME DE VAZÃO

( ) PERENE ( ) INTERMITENTE

6.0 ESTRUTURA FÍSICA

( ) INEXISTENTE ( ) COM ANEL DE CONCRETO ( ) PAREDES DE ALVENARIA

( ) OUTRO (QUAL?)______________________________________________________________________

2. FONTES E USOS DA ÁGUA NA PARCELA

FONTES NA RESIDÊNCIA IRRIGAÇÃO DESSEDENTAÇÃO DE ANIMAIS

CHUVA

NASCENTE

RIACHO

CACIMBA

LOCALIZAÇÃO EM MAPA

FOTO DA NASCENTE

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7. FORMAS DE USO NA NASCENTE

8. ESTADO DE CONSERVAÇÃO DAS NASCENTES

CONDIÇÕES OBSERVAÇÕES

( ) PRESERVADA

( ) DEGRADAÇÃO LEVE

( ) DEGRADAÇÃO MEDIANA

( ) DEGRADAÇÃO FORTE

FORMAS DE USO OBSERVAÇÕES - NASCENTES

( ) INEXISTENTE

( ) CONSUMO PARA BEBER

( ) OUTROS USOS DOMÉSTICOS

( ) DESSEDENTAÇÃO DE ANIMAIS

( ) IRRIGAÇÃO

( ) OUTROS ( QUAL?)

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9. QUALIDADE DA ÁGUA

PARÂMETROS UTILIZADOS

DATA COLIFORMES

TOTAIS

(mg/L)

E.COLI NMP/100ml

TURBIDEZ

(uT)

TEMPERATURA

(°C)

CONDUTIVIDADE

ELÉTRICA

(μS/cm a 25ºC)

OXIGÊNIO DISSOLVIDO

(mg/L)

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10. MEDIÇÃO DE VAZÃO

DATA REGIME DE VAZÃO

MEDIÇÃO DE

VAZÃO m3/s

METODOLOGIA DE MEDIÇÃO

OBSERVAÇÕES

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