9
USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM PORTUGAL CONTINENTAL O território em 2018 Carta de Uso e Ocupação do solo – COS 2018 #01 ANÁLISES TEMÁTICAS JUNHO 2020 Onde o país encontra o futuro 1 Territórios artificializados 5% Agricultura 26% Pastagens 7% Superfícies agroflorestais 8% Florestas 39% Matos 12% Outros 3% O mapeamento das classes de uso e ocupação do solo permite uma leitura geral do aproveitamento dos recursos territoriais e percecionar macro paisagens que refletem a diversidade do território continental. A extensão e continuidade das áreas ocupadas por agricultura, pastagens e agrofloresta marcam de forma imediata as paisagens do Alentejo e da Beira Baixa, tal como as ocupadas por floresta e matos marcam as paisagens da faixa central das regiões Centro e Norte, dos territórios da margem esquerda do Tejo e da Serra Algarvia e assim como os territórios artificializados marcam a presença das áreas metropolitanas, das cidades médias e das áreas de povoamento fragmentado e disperso. É também imediata a perceção das paisagens florestais da faixa atlântica do Centro e Alentejo, das paisagens agrícolas do Oeste, da Lezíria do Tejo e do Barrocal e Litoral algarvios das paisagens de matos, agricultura e pastagens da faixa raiana do Centro e Norte e das paisagens mescladas, resultantes de uma profusão de usos e ocupações, bem patentes no Minho e Douro Litoral e noutros territórios de transição urbano-rural. No quadro desta leitura macro, a análise dos dados desagregados, relativos às sub-classes de uso e ocupação do solo permite inferir realidades específicas, influenciadas pelas condições biofísicas, pelos recursos naturais, humanos e materiais, pela estrutura da propriedade e pelo retorno económico do aproveitamento do solo. Os grandes números do uso e ocupação do solo em Portugal continental, em 2018, evidenciam que: • 92% do território apresenta uma ocupação de natureza agrícola, florestal e agroflorestal; • 51% do território está afeto a floresta e matos e 26% a agricultura; • 5% do território está artificializado.

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM PORTUGAL CONTINENTAL...metropolitanas, das cidades médias e das áreas de povoamento fragmentado e disperso. É também imediata a perceção das paisagens

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM PORTUGAL CONTINENTAL...metropolitanas, das cidades médias e das áreas de povoamento fragmentado e disperso. É também imediata a perceção das paisagens

USO E OCUPAÇÃO DO SOLOEM PORTUGAL CONTINENTAL

O território em 2018

Carta de Uso e Ocupação do solo – COS 2018

#01 ANÁLISES TEMÁTICASJUNHO 2020

Onde o país encontra o futuro

1

Territórios artificializados

5%

Agricultura 26%

Pastagens7%

Superfícies agroflorestais

8%

Florestas39%

Matos12%

Outros3%

O mapeamento das classes de uso e ocupação do solo permite uma leitura geral do aproveitamento dos recursos territoriais e percecionar macro paisagens que refletem a diversidade do território continental.

A extensão e continuidade das áreas ocupadas por agricultura, pastagens e agrofloresta marcam de forma imediata as paisagens do Alentejo e da Beira Baixa, tal como as ocupadas por floresta e matos marcam as paisagens da faixa central das regiões Centro e Norte, dos territórios da margem esquerda do Tejo e da Serra Algarvia e assim como os territórios artificializados marcam a presença das áreas metropolitanas, das cidades médias e das áreas de povoamento fragmentado e disperso. É também imediata a perceção das paisagens florestais da faixa atlântica do Centro e Alentejo, das paisagens agrícolas do Oeste, da Lezíria do Tejo e do Barrocal e Litoral algarvios das paisagens de matos, agricultura e pastagens da faixa raiana do Centro e Norte e das paisagens mescladas, resultantes de uma profusão de usos e ocupações, bem patentes no Minho e Douro Litoral e noutros territórios de transição urbano-rural.

No quadro desta leitura macro, a análise dos dados desagregados, relativos às sub-classes de uso e ocupação do solo permite inferir realidades específicas, influenciadas pelas condições biofísicas, pelos recursos naturais, humanos e materiais, pela estrutura da propriedade e pelo retorno económico do aproveitamento do solo.

Os grandes números do uso e ocupação do solo em Portugal continental, em 2018, evidenciam que: • 92% do território apresenta uma ocupação de natureza agrícola, florestal e agroflorestal; • 51% do território está afeto a floresta e matos e 26% a agricultura; • 5% do território está artificializado.

Page 2: USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM PORTUGAL CONTINENTAL...metropolitanas, das cidades médias e das áreas de povoamento fragmentado e disperso. É também imediata a perceção das paisagens

#01 ANÁLISES TEMÁTICASJUNHO 2020

Onde o país encontra o futuro

2

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM PORTUGAL CONTINENTAL

Prevalência da descontinuidade no tecido edificado

Dominância de culturas anuais

Dominância de povoamentos monoespecíficos

99

203

50 49

28

4

32

0

50

100

150

200

250

Tecido edificado contínuo

Tecido edificado descontínuo

Indústria e comércio

Infraestruturas de ambiente, energia

e transportes

Equipamentos Parques e jardins Outras áreas artificializadas

Milh

ares

de

hect

ares

% 21% 44% 11% 11% 6% 1% 6%

1 127

36

195 184

450

7

334

200

400

600

800

1 000

1 200

Culturas anuais Arrozais Vinhas Pomares Olivais Agricultura protegida e

viveiros

Mosaicos de culturas

Milh

ares

de

hect

ares

% 48% 2% 8% 8% 19% 1% 14%

614

190 224

9281 020

203280

200

400

600

800

1 000

1 200

Sobreiro Azinheira Outros carvalhos Eucalipto Pinheiro bravo Pinheiro manso Outras espécies

Milh

ares

de

hect

ares

% 18% 6% 6% 27% 29% 6% 8%

Quase 50% do território artificializado corresponde a tecido edificado descontínuo, com baixa intensidade de impermeabilização, sobretudo associado a povoamento disperso, antecipando especificidades territoriais relevantes no planeamento de infraestruturas ambientais, nas opções de mobilidade e no acesso a serviços de interesse geral.

As áreas artificializadas incluem as edificações predominantemente residenciais, em tecido contínuo e em tecido descontínuo, as áreas de localização empresarial, as áreas com infraestruturas, equipamentos e espaço público e outras ocupações artificializadas.

As áreas de agricultura integram dois grandes grupos de culturas: as culturas anuais ou temporárias e as que permanecem por períodos alargados de tempo, com carácter mais permanente. Incluem-se neste grupo a vinha, os pomares e o olival, onde este último prevalece sobre os demais. A sua distribuição reflete as condições específicas do território e o aproveitamento das oportunidades associadas à sua infraestruturação.

A floresta é a classe de uso e ocupação do solo com maior representatividade no território. Esta floresta é composta de espécies diversas, sendo dominada por pinheiro bravo, eucalipto e sobreiro, embora estando esta última espécie concentrada em determinadas regiões. São ainda relevantes outras espécies, nomeadamente os carvalhos.

Os povoamentos de eucalipto e de pinheiro bravo correspondem a 56% da área ocupada por floresta, tendo proporções muito próximas e com diferenças que não devem ser consideradas significativas, uma vez que a produção de cartografia de uso e ocupação do solo em pinhais percorridos por grandes incêndios incorre, naturalmente, em maiores níveis de incerteza sobre a manutenção desse uso no futuro. A evolução da floresta, sobretudo em territórios de pequena propriedade, onde as deficiências de gestão têm vindo a manifestar-se como críticas, não dispensa a adoção de políticas públicas e de instrumentos de gestão da paisagem que promovam os serviços de ecossistemas e fomentem uma perspetiva multifuncional e de conciliação de diferentes usos florestais, agrícolas e de pastagem.

As culturas anuais (trigo, milho, tomate, batata, etc), em regime de sequeiro ou regadio, constituem a maior sub-classe da COS e atingem quase 50% de toda a agricultura do continente. A sua representatividade, bem como dos mosaicos de cultura, territorialmente integrados ou próximos das grandes áreas metropolitanas, podem ser indicadores de oportunidades associadas ao incremento e promoção de consumos de proximidade, nomeadamente quando associados à produção de hortícolas.

Page 3: USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM PORTUGAL CONTINENTAL...metropolitanas, das cidades médias e das áreas de povoamento fragmentado e disperso. É também imediata a perceção das paisagens

#01 ANÁLISES TEMÁTICASJUNHO 2020

Onde o país encontra o futuro

3

Dimensão regional

Classes de uso por unidade territorial NUTS II

Representatividade das unidades territoriais NUT II nas classes de uso

43

23

6

27

34

34

41

6

20

28

34

2

2

1

4

4

14

9

29

90

67

37

12

12

5

3

4

5

6

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Matos

Florestas

Superfícies agroflorestais

Pastagens

Agricultura

Territórios artificializados

Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM PORTUGAL CONTINENTAL

7 6 22 2 5

29 23

27

27 21

2

4

7

124

2

3

21

4

3750

2532

34

22

13 8

3

27

2 28

3 5

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve

Áre

a (%

)

Territórios artificializados Agricultura Pastagens Superfícies agroflorestais Florestas Matos Outros

Para além da análise centrada em cada unidade territorial, importa relativizar a dimensão das regiões, tornando mais evidente o contributo de cada uma delas para o peso das classes de uso e ocupação do solo à escala do território continental.

As NUTS II são a base territorial da análise da dimensão regional do uso e ocupação do solo. O peso de cada classe na respetiva unidade territorial indicia paisagens dominantes na região e permite antever potencialidades e constrangimentos de desenvolvimento e interesses de planeamento e gestão territorial.

A análise da repartição de usos e ocupações por NUTS II confirma a elevada proporção do território da região Centro afeto à floresta, a presença expressiva da floresta em todas as regiões, incluindo na região de Lisboa, coincidente com o território metropolitano, e na região Alentejo, que tendemos a associar à dominância dos sistemas agroflorestais. As regiões Algarve e Norte contam nos seus territórios com uma significativa proporção de áreas ocupadas por matos, refletindo o não aproveitamento do solo para a atividade produtiva com valor de mercado mas garantindo uma importante reserva de interesse para a conservação da natureza e da biodiversidade, crucial para a manutenção de serviços dos ecossistemas e fundamental para sustentabilidade e qualidade de vida, não só da região mas de territórios mais vastos.

Os territórios artificializados são dominantes na região de Lisboa, como seria expectável face à coincidência da NUTS II com a Área Metropolitana de Lisboa, mas, neste caso, importa, sobretudo, sublinhar a presença significativa de áreas ocupadas com floresta e agricultura em contexto metropolitano e o potencial que representam para a produção alimentar de proximidade e para a promoção de áreas multifuncionais de produção, recreação e descarbonização, se devidamente geridas. Situação, aliás, similar à da Área Metropolitana do Porto, como se verifica na análise das NUTS III.

Page 4: USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM PORTUGAL CONTINENTAL...metropolitanas, das cidades médias e das áreas de povoamento fragmentado e disperso. É também imediata a perceção das paisagens

NORTE CENTRO LISBOA ALENTEJO ALGARVE

8 3 25 14 16 3 11 2 1 2 6 11 13 7 10 6 22 2 2 1 1 4 5

1824

21

22 26

35

26

39 17 2822

4124

1920

20

27

26 15 22 38 31 21

3

11

13

11

61

7

1

11

1

7

14

9

18

115

4

1

7

1

1

3

34

14

21

21

7

442

37

46

44

4130

44

32

51 35

59

33

53

6458

56

25

20

53

31

22

48

34

2730

7

1810

28

17

24

11

25

107 1 8 10

16 8

1 3 5 4 3

27

4 3 1 26

2 1 1 1 3 2 19

2 18

3 4 2 2 2 5

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Alto

Min

ho

Alto

Tâm

ega

AM d

o Po

rto

Ave

Cáva

do

Dour

o

Tâm

ega

e So

usa

Terr

as T

rás-

os-M

onte

s

Beir

a Ba

ixa

Beir

as e

S.

Estr

ela

Méd

io T

ejo

Oes

te

Regi

ão d

e Av

eiro

Regi

ão d

e Co

imbr

a

Regi

ão d

e Le

iria

Vise

u Dã

o La

fões

AM d

e Li

sboa

Alen

tejo

Cen

tral

Alen

tejo

Lit

oral

Alto

Ale

ntej

o

Baix

o Al

ente

jo

Lezí

ria

do T

ejo

Alga

rve

Territórios artificializados Agricultura Pastagens Superfícies agroflorestais Florestas Matos Outros

#01 ANÁLISES TEMÁTICASJUNHO 2020

Onde o país encontra o futuro

4

Especificidades sub-regionais

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM PORTUGAL CONTINENTAL

A análise do uso e ocupação do solo à escala das NUTS III, neste caso, agrupadas por NUTS II, introduz um maior detalhe na perceção das paisagens e na observação das diversidades territoriais.

É possível notar:

• A elevada proporção dos territórios artificializados nas NUTS III coincidentes com as Áreas Metropolitanas e nas NUTS III da faixa litoral, sobretudo a norte do Tejo;

• A muito elevada proporção da floresta em algumas NUTS III, como são os casos da Região de Coimbra, do Médio Tejo, da Região de Leiria e de Viseu-Dão-Lafões, onde a floresta ocupa cerca de 60% do território;

• A elevada proporção de matos em NUTS III caracterizadas por uma orografia mais acidentada;

• A concentração das superfícies agroflorestais nas NUTS III do interior do Alentejo;

• A forte associação das áreas de pastagem com as superfícies agroflorestais;

• A predominância da agricultura no Oeste, onde ocupa mais de 40% do território, mas também no Douro, nas Terras de Trás-os-Montes, no Baixo Alentejo e na Área Metropolitana de Lisboa.

Page 5: USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM PORTUGAL CONTINENTAL...metropolitanas, das cidades médias e das áreas de povoamento fragmentado e disperso. É também imediata a perceção das paisagens

#01 ANÁLISES TEMÁTICASJUNHO 2020

Onde o país encontra o futuro

5

Dimensão municipal

Territórios ar�ficializados

Agricultura

Sistemas agroflorestais Floresta

Matos

Pastagens

137 Municípios com artificialização superior a 5%

70 Municípios com agricultura superior a 35%

46 Municípios com floresta superior a 60%

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM PORTUGAL CONTINENTAL

Tecido edificado descon�nuo

Tecido edificado con�nuo

predominantemente horizontal

Indústria

Tecido edificado con�nuo

predominantemente ver�cal

Tecido edificado descon�nuo esparso

Rodovia e espaços associados

Outros equipamentos e instalações turís�cas

Outros

Eucalipto

Pinheiro bravo

Sobreiro

Outras folhosas

Outras

Culturas temporárias de sequeiro e regadio

Olivais

Vinhas

Pomares

Outros

Os territórios artificializados concentram-se essencialmente na faixa litoral. Nos municípios com uma percentagem superior a 5%, predomina o tecido edificado descontínuo, contínuo predominantemente horizontal, a indústria e o tecido edificado esparso. Nos municípios com uma ocupação superior a 30% predomina o tecido edificado contínuo.

A agricultura é a ocupação predominante no Oeste, Baixo e Alto Alentejo, bem como no Douro Interior e Nordeste Transmontano. Nestes municípios, a ocupação agrícola representa pelo menos 35% da sua área total e predominam as culturas temporárias de sequeiro e regadio com uma área sensivelmente equivalente ao somatório das 3 classes seguintes (olivais, vinhas e pomares).

A floresta tem uma enorme expressão territorial em todo o território continental, mas sobretudo na região Centro, onde um conjunto significativo de municípios contíguos apresenta uma ocupação florestal superior a 60%. As florestas de eucalipto e pinheiro bravo, representam quase ¾ da área florestal na totalidade desses municípios. O sobreiro é a terceira espécie com uma expressão territorial relevante, mas sobretudo confinado aos municípios a sul do Tejo.

Page 6: USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM PORTUGAL CONTINENTAL...metropolitanas, das cidades médias e das áreas de povoamento fragmentado e disperso. É também imediata a perceção das paisagens

#01 ANÁLISES TEMÁTICASJUNHO 2020

Onde o país encontra o futuro

6

Dinâmicas e balanços das últimas duas décadas

ART

AG

SAF

FL

MT

PAST

Territórios artificializados

Agricultura

Superfícies agroflorestais

Florestas

Matos

Pastagens

Valores em milhares de hectares

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM PORTUGAL CONTINENTAL

1995 2018

345

2553

769

3290

1177

573

465

2333

733

3460

1108

572

ART

AG

SAF

FL

MT

PAST

ART

AG

SAF

FL

MT

PAST

Entre 1995 e 2018 ocorreram alterações entre classes de uso e ocupação do solo em cerca de 12% do território, o que representa aproximada-mente um milhão de hectares. Em termos de balanço geral, apenas as classes relativas às áreas arti�cializadas e às áreas de �oresta aumentaram, enquanto que todas as demais re�etem perdas mais ou menos signi�cativas.

> Os territórios artificializados aumentaram, sobretudo à custa de áreas de agricultura (52 000 ha) e de floresta (41 000 ha).

> As novas áreas de floresta resultam essencialmente da conversão de matos (148 000 ha) e de agricultura (126 000 ha). A área de floresta converte-se com maior expressão, essencialmente para matos (86 000 ha), territórios artificializados (41 000 ha), agricultura (40 000 ha) e para sistemas agroflorestais (30 000ha).

> As novas áreas de agricultura surgem, sobretudo, a partir de áreas de pastagens (57 000 ha), mas igualmente de matos (42 000 ha) e da floresta (40 000 ha). Em sentido inverso, as principais conversões de agricultura são para floresta (126 000 ha) e pastagem (125 000 ha), num total de 251 000 ha, refletindo um balanço final negativo.

> As variações nos sistemas agroflorestais devem-se, sobretudo, a conversões de e para a floresta (30 000 ha e 36 000 ha respetivamente), muitas das vezes devido a meras alterações do modelo de exploração do montado.

Page 7: USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM PORTUGAL CONTINENTAL...metropolitanas, das cidades médias e das áreas de povoamento fragmentado e disperso. É também imediata a perceção das paisagens

#01 ANÁLISES TEMÁTICASJUNHO 2020

Onde o país encontra o futuro

7

Ritmos de evolução

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM PORTUGAL CONTINENTAL

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

Milh

ares

de

hect

ares

Territórios artificializados

Agricultura

Pastagens

Superfícies agroflorestais

Florestas

Matos

1995 2007 2010 2015 2018

1995-2007 2007-2010 2010-2015 2015-2018 1995-2018

Territórios artificializados 7 957 4 464 1 534 1 293 5 236

Agricultura -21 294 -664 3 733 6 122 -9 587

Pastagens 2 426 -1 633 -3 162 -2 936 -17

Superfícies agroflorestais -2 343 -818 -925 -309 -1 571

Florestas 13 524 196 1 671 -592 7 368

Matos -2 581 -2 315 -3 551 -4 199 -2 968

Outros 2 310 769 701 621 1 539

1995-2007 2007-2010 2010-2015 2015-2018 1995-2018ha % ha % ha % ha % ha %

Total 920 221 10,3 79 733 0,9 114 242 1,3 43 264 0,5 1 063 241 11,9Média anual 76 685 0,9 26 578 0,3 22 848 0,3 14 421 0,2 46 228 0,5

Para compreender a realidade atual e prospetivar e planear o futuro importa conhecer a evolução verificada no passado e a forma como a mesma se operou.

As dinâmicas e ritmos de alteração mostram que a evolução de uso e ocupação do solo entre 1995 e 2018 operou-se em dois andamentos. Um primeiro, ocorrido até 2007, em que se registaram ritmos de alteração mais significativos, nomeadamente a diminuição dos territórios afetos à agricultura e o aumento dos territórios florestados e artificializados, sendo de salientar que o ritmo acelerado da artificialização ainda se prolongou até 2010. Um segundo, ocorrido a partir de 2007, marcado por uma trajetória mais estável dos territórios afetos a cada classe, independentemente de balanços e transições internas, destacando-se uma ligeira tendência do aumento da agricultura nos últimos anos.

A diferença dos ritmos de alteração dos dois períodos traduz-se numa variação da percentagem média anual de alteração de 0.9% no primeiro período (1995-2007) para valores de 0.3% e 0.2% do território nacional a partir de 2007.

Este abrandamento permite-nos perspetivar um caminho de reconhecimento das aptidões e vocações de determinados territórios, com efeitos positivos na sustentabilidade de usos e ocupações, mas também reflete alguma inércia na alteração de usos e ocupações de outros territórios que carecem de uma transformação da paisagem para gerar resiliência aos riscos e inclusivamente para melhorar os níveis de rendimento. No que se refere aos territórios artificializados, a estabilização impõe-se como uma realidade a reforçar num contexto de acentuado decréscimo demográfico e de travagem do consumo de solo enquanto recurso natural.

Variação média anual das classes

Alteração total e média anual entre classes

Milhares de hectares

Page 8: USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM PORTUGAL CONTINENTAL...metropolitanas, das cidades médias e das áreas de povoamento fragmentado e disperso. É também imediata a perceção das paisagens

#01 ANÁLISES TEMÁTICASJUNHO 2020

Onde o país encontra o futuro

8

Variações percentuais ao nível das NUTS III

Territóriosartificializados

Agricultura

Floresta

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM PORTUGAL CONTINENTAL

24 25 26 27 28 30 31 3135 36 38 38 38 40 40 41 41 43 43 45

4956 58 59

0

10

20

30

40

50

60

70

Alto

Min

ho

AM d

o Po

rto

Méd

io T

ejo

Regi

ão d

e Le

iria

Cáva

do Ave

AM d

e Li

sboa

Regi

ão d

e Av

eiro

Port

ugal

Con

tine

ntal

Regi

ão d

e Co

imbr

a

Tâm

ega

e So

usa

Dour

o

Terr

as T

rás-

os-M

onte

s

Beir

a Ba

ixa

Vise

u Dã

o La

fões

Beir

as e

S.E

stre

la

Oes

te

Alto

Tâm

ega

Baix

o Al

ente

jo

Lezí

ria

do T

ejo

Alen

tejo

Cen

tral

Alga

rve

Alto

Ale

ntej

o

Alen

tejo

Lit

oral

%

-17-15 -14 -14 -13 -13 -12 -12 -11 -11 -11 -10 -10 -9 -8 -8 -7 -7 -7 -7 -6

-4 -4

3

-20

-15

-10

-5

0

5

Oes

te

Regi

ão d

e Co

imbr

a

Regi

ão d

e Av

eiro

Regi

ão d

e Le

iria

Alto

Ale

ntej

o

Beir

a Ba

ixa

AM d

e Li

sboa

Méd

io T

ejo

Alen

tejo

Cen

tral

Vise

u Dã

o La

fões

AM d

o Po

rto

Ave

Alga

rve

Port

ugal

Con

tine

ntal

Tâm

ega

e So

usa

Cáva

do

Alto

Min

ho

Alen

tejo

Lit

oral

Alto

Tâm

ega

Baix

o Al

ente

jo

Lezí

ria

do T

ejo

Beir

as e

S.

Estr

ela

Terr

as T

rás-

os-M

onte

s

Dour

o

%

-4 -3 0 0 0

1 1 1 1 1 2 2 3 4 4 5 6 6 7 8 1016 18

30

-10-505

101520253035

AM d

o Po

rto

Dour

o

Tâm

ega

e So

usa

AM d

e Li

sboa

Cáva

do

Méd

io T

ejo

Beir

as e

S.

Estr

ela

Beir

a Ba

ixa

Lezí

ria

do T

ejo

Vise

u Dã

o La

fões

Regi

ão d

e Av

eiro

Regi

ão d

e Le

iria

Regi

ão d

e Co

imbr

a

Ave

Alto

Min

ho

Port

ugal

Con

tine

ntal

Alen

tejo

Cen

tral

Alto

Ale

ntej

o

Alto

Tâm

ega

Alen

tejo

Lit

oral

Oes

te

Alga

rve

Terr

as T

rás-

os-M

onte

s

Baix

o Al

ente

jo

%

Page 9: USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM PORTUGAL CONTINENTAL...metropolitanas, das cidades médias e das áreas de povoamento fragmentado e disperso. É também imediata a perceção das paisagens

#01 ANÁLISES TEMÁTICASJUNHO 2020

Onde o país encontra o futuro

9

Dinâmicas territoriais por Município

Mais informação:

Sistema Nacional de Informação Geográfica (SNIG): https://snig.dgterritorio.gov.pt Observatório do Ordenamento do Território e Urbanismo (OOTU): a disponibilizar brevemente.

Territórios ar�ficializados

Agricultura

Super�cies agroflorestais Floresta

Matos

Pastagens

Variação percentual da classes de ocupação entre 1995 e 2018

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM PORTUGAL CONTINENTAL

Os mapas espacializam, por concelho, as variações de cada classe ocorridas entre 1995 e 2018. Para além desta representação, a compreensão destas variações deve ser completada com as análises realizadas sobre as mudanças entre classes, os ritmos a que ocorreram e com as dinâmicas de transformação internas em cada classe. Esta análise é especialmente relevante no que respeita à agricultura e à floresta.

Para além da agricultura ser uma classe em perda, assistiu-se a uma dinâmica assente essencialmente na transferência de usos entre culturas temporárias de sequeiro e regadio para olivais, pomares e vinhas. A conversão para olival teve muita expressão na região do Alentejo (cerca de 60 000 ha) e a conversão para vinha foi mais patente na região Norte (52 000 ha). Em todo o continente foram transferidos cerca de 36 mil ha de culturas temporárias de sequeiro e regadio para pomares. Em sentido inverso foram transferidos de vinhas, olivais e pomares para culturas temporárias, cerca de 42 mil hectares, continuando esta a ser a ocupação predominante em Portugal continental.

Na floresta observou-se uma transferência de todas as outras classes para floresta de eucalipto ou pinheiro bravo em cerca de 16 120 ha, sendo que cerca de 7 520 ha, transitaram de sobreiro, azinheira e outros carvalhos. As alterações incidem essencialmente nas regiões do Norte, Centro e Alentejo totalizando cerca de 15 000 ha. O maior acréscimo regista-se no Alentejo. Para estas espécies, existem cerca de 1 780 000 ha que se mantêm inalterados desde 1995, sendo a ocupação florestal de produção com maior expressão em Portugal continental, seguido da floresta de sobreiro com 530 000 ha.

Toda a informação dos mapas, gráficos e tabelas desta análise temática teve por base a Carta de Uso e Ocupação de Solo (COS) 1995 – 2007 – 2010 – 2015 – 2018

Fonte: