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VI Congresso da Geografia Portuguesa Lisboa, 17-20 de Outubro de 2007
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USO URBANO E AGRÍCOLA DA ÁGUA – O CASO DAS ALBUFEIRAS DO ARADE E DO FUNCHO.
Alexandre Miguel Leandro1; Maria Umbelina Dias2 Departamento de Geografia Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa,
Alameda da Universidade, 1600-214 Lisboa Tel. 217920000 A escassez de água no sul do território nacional, a gestão deficitária dos recursos
hídricos, as más condições das infra-estruturas de captação e distribuição de água, o aumento
sazonal de população, acompanhado da pouca tradição de poupança de água dos portugueses,
aliado ainda à existência de estruturas turísticas que utilizam muita água (campos de golfe,
parques aquáticos, piscinas) e da degradação dos aquíferos, são problemas graves com que os
concelhos do barlavento algarvio se debatem todos os anos, especialmente nos de seca.
A presente comunicação3 tem por objectivo ilustrar a problemática do uso dos recursos
hídricos do barlavento algarvio através da diferente utilização da água das albufeiras do Arade
e do Funcho e dos impactes biofísicos daí resultantes.
Foram considerados quatro concelhos (Lagos, Lagoa, Portimão e Silves) cujo o
abastecimento depende dessas albufeiras. Nos três últimos concelhos, a água é fornecida
directamente às explorações agrícolas pela albufeira do Arade; para o consumo urbano, os
quatro concelhos dependem indirectamente da água da albufeira do Funcho, após tratamento
na ETA (estação de tratamento da água) de Alcantarilha.
Os dados relativos ao armazenamento da albufeira, quantidades gastas na rega e
perdas analisados para a albufeira do Arade são relativos a uma janela temporal de 43 anos
(1959-2004), durante a qual os valores de armazenamento foram muito variáveis, tendo sido
por vezes necessário o reforço através da albufeira do Funcho. A variação dos consumos para
a agricultura está directamente relacionada com o tipo de culturas que se praticam. Por esse
motivo, procedeu-se à análise territorial do uso do solo, para a qual foi produzida cartografia
com base nas fotografias aéreas recolhidas no site da EDINFOR (http://www.itgeo.pt) à
escala de 1:10 000, que foram georeferenciadas com os limites dos concelhos e cruzadas com
a restante cartografia, permitindo a criação de polígonos de áreas homogéneas através do
ArcGis, nomeadamente das áreas urbanas, florestais, agrícolas e de lazer.
Palavras-chave: Água, albufeira, aquífero, escassez, recursos, uso.
1 Telem. 933693511 [email protected] 2 Telem. 962926027 [email protected] 3 Este trabalho foi realizado no âmbito da cadeira de Analise Biofísica do Território, no ano lectivo de 2004-2005,
orientado pela Prof. Ana Ramos Pereira. Agradecemos especialmente ao Prof. Eusébio Reis pela ajuda na utilização do programa HEC-RAS no qual foi realizado a simulação de cheias no rio Arade
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2. Metodologia
Atendendo ao tema proposto e devido a limitações na obtenção de dados, foram
considerados apenas quatro concelhos (figura 1). Lagoa, Portimão e Silves são directamente
abastecidos para o uso agrícola pela albufeira do Arade; o concelho de Lagos é indirectamente
abastecido pela albufeira do Funcho, já que as Águas do Algarve fornecem água aos
concelhos após a estação de tratamento de águas de Alcantarilha, receber e tratar a água
préviamente da barragem do Funcho.
Para realizar uma análise territorial e a espacialização do uso do solo, foi produzido
um mapa de uso do solo com base na colagem de ortofotomapas recolhidos através do site da
EDINFOR (http://www.itgeo.pt) à escala de 1:10 000. Estes ortofotomapas, em número de
750, foram colados através de um programa de desenho (Corel Draw - versão 12). De
seguida, as duas imagens correspondentes foram importadas para o programa de GIS
(ARCMAP), no qual foram georeferenciadas e sobrepostas aos limites administrativos dos
municípios em estudo. Foram depois criados polígonos que agregam áreas homogéneas, tendo
como base o que se observava nas imagens, nomeadamente as áreas urbanas, florestais,
agrícolas e de lazer.
A área florestal inclui as áreas de solo ocupado por floresta, solos nus e matos. Todos
os solos ocupados por explorações agrícolas, hortas e aquacultura foram englobados na área
agrícola; as cidades, vilas, aldeias e pequenos aglomerados populacionais estão inseridos na
área classificada como urbana; enquanto que as praias, arribas e dunas foram consideradas
como áreas de lazer.
Além desta classificação do uso do solo, feita de forma visual, foi também realizada
uma classificação automática através do programa IDRISI, na qual utilizámos a imagem de
satélite n.º 035 921 disponível no sítio http://glcfapp.umiacs.umd.edu:8080/esdi/index.jsp,
visitado pela última vez no dia 15 de Setembro de 2007, através da qual classificamos a área
dos concelhos de acordo com a classificação anteriormente definida.
Realizou-se para este trabalho uma simulação de abertura do descarregador de cheias
no seu máximo de 500 m3/s, através do programa HEC-RAS com base na informação
altimétrica, para demonstrar a importância das barragens e o perigo que estas representam em
caso de ruptura total ou parcial.
Para a realização de mapas de densidade populacional, foram recolhidos dados
estatísticos no INE (Instituto Nacional de Estatística). A dificuldade de obtenção de dados não
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publicados pelo INE em relação à população flutuante mensal levou-nos a utilizar os dados
publicados no Plano de Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Algarve (PBHRA), que apresenta
projecções para o ano de 1996.
Os valores relativos às albufeiras foram obtidos através do site do INAG (Instituto da
Água) e das publicações do IDRHa (Instituto de Desenvolvimento Rural e Hidráulica).
Relativamente aos dados acerca da água fornecida pela empresa pública “Águas do Algarve”
aos municípios analisados, bem como à água utilizada pelos consumidores e os valores de
tratamento de águas residuais, aqueles foram gentilmente fornecidos pela APDA (Associação
Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas).
3. Traços gerais das componentes abióticas e bióticas da área
3.1. Subsolos
Para que exista uma compreensão da área onde foram construídas as albufeiras do
Arade e do Funcho, é necessário conhecer o substrato rochoso onde estão instaladas.
Actualmente, apenas estão disponíveis cartas geológicas à escala de 1:200 000 e
inferior. No caso concreto, utilizámos a carta geológica do PBHRA à escala de 1:500 00
(figura 2), que é baseada em cartas de 1:100 000.
A área onde se encontram inseridas as barragens do Arade e do Funcho apresentam a
nordeste, turbiditos (grauvaques, siltitos e pelitos) pertencentes à formação de Mira, espessos
e grosseiros, e de baixa permeabilidade.
Na quase totalidade da área, nomeadamente a noroeste e no centro verificam-se
materiais da formação da Brejeira, composta por turbiditos (grauvaques, quartzitos impuros e
pelitos), em que a relação areia/argila vai diminuindo para sudoeste. Esta situação pressupõe o
aumento da permeabilidade nesta área. A sudeste existe uma faixa com os arenitos de Silves,
de pequena dimensão, possibilitando uma permeabilidade média a elevada. Os arenitos de
Silves datam da formação da bacia sedimentar meso-cenozóica meridional. Neste local, a
permeabilidade é variável em função da quantidade de argilas existentes de acordo com a
carta hidrogeológica da Orla Algarvia à escala 1:200 000 do Instituto Geológico e Mineiro.
De uma forma geral, a área apresenta uma estrutura falhada, com falhas
predominantemente NE-SW. Há ainda a realçar que na área de construção das albufeiras
existe apenas uma falha, que separa a formação de Mira e da Brejeira, afectando a área a
montante da albufeira do Funcho.
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3.2. Solos
Os solos onde estão implementadas as albufeiras, bem como as áreas de drenagem das
bacias são essencialmente constituídas por solos esqueléticos de xistos e grauvaques.
Na área montante local onde está localizada a albufeira do Arade, existiam solos
aluviossolos modernos de textura mediana, que estão actualmente ocupados pela albufeira do
Funcho.
Os solos da área de regadio da albufeira do Arade são na sua maioria aluviossolos
modernos de textura mediana, solos de salinidade moderada de textura mediana e
aluviossolos modernos de textura pesada. Apresentam ainda calcários, aluviossolos antigos de
textura pesada e solos mediterrâneos vermelhos ou amarelos, desenvolvidos sobre depósitos
plioplistocénicos que cobrem a orla sedimentar do Algarve.
3.3. Rede Natura 2000
A Rede Natura 2000 (figura 1) é uma rede ecológica do espaço comunitário, resultante
da aplicação da directiva Aves 79/409/CEE e a directiva Habitats 92/43/CEE. Tem como
objectivo contribuir para assegurar a biodiversidade através da conservação dos habitats
naturais e da fauna e flora selvagem no território europeu dos estados-membros.
A directiva Aves prevê a adopção de medidas necessárias para garantir a protecção das
populações bravias das várias espécies de aves, de forma a conservar e a gerir a população das
aves terrestres e marinhas que vivem no estado selvagem, bem como os respectivos habitats.
A directiva habitats complementa a directiva Aves, e destina-se à preservação dos habitats
naturais terrestres e marinhos, da flora e da fauna selvagem terrestre e marinha, consideradas
ameaçadas, raras ou vulneráveis. Na área em análise, existem seis zonas classificadas como
pertencentes à Rede Natura 2000: Arade/Odelouca, Barrocal, Caldeirão, Costa Sudoeste,
Monchique e “Ria” do Alvor. O Arade/Odelouca, o Barrocal e a “Ria” do Alvor estão
consideradas como Sítios de Importância Comunitária. O Caldeirão, a Costa Sudoeste e
Monchique estão considerados como Zonas de Protecção Especial.
4. Caracterização das albufeiras e o seu uso
Situadas no concelho de Silves (figura 1). Revestem-se de grande importância, já que
nesta área existem poucas fontes de abastecimento de água.
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O abastecimento de água nesta região é, como em geral no sul do país, bastante
deficiente, principalmente em anos em que a precipitação é reduzida.
Este é um problema que exige uma atenção particular por parte das autoridades
competentes relativamente a este bem precioso para o equilíbrio biofísico da região. Assim,
torna-se difícil a gestão dos recursos, bem como a tomada de decisões prioritárias em função
do abastecimento de água às populações em detrimento das culturas ou vice-versa.
Existem alguns critérios técnicos que estão contidos na lei (Decreto Regulamentar n.º
2/88 de 20 de Janeiro), e que visam proteger e preservar as águas das albufeiras em geral;
como tal, aplicam-se às albufeiras em estudo.
Neste sentido, não é permitida a descarga de efluentes nas albufeiras, sendo
obrigatória a ligação à rede de saneamento básico ou em alternativa, efectuar tratamento
adequado às águas, tendo sempre em vista o controle dos efluentes pluviais numa faixa de
50m da albufeira. Não sendo só os afluentes domésticos ou industriais a única causa de
poluição, é também interdito o uso de fertilizantes agrícolas numa faixa de 100 m do NPA
(Nível Pleno de Armazenamento) das albufeiras, sendo regulamentado o seu uso na restante
zona de protecção.
Outro dos problemas que podem afectar o desempenho da albufeira, bem como a
qualidade das águas e a sua segurança, é a quantidade de carga sólida que pode ser
transportada, quer pelo curso de água, quer pelas águas pluviais. Torna-se assim necessário
regulamentar a alteração do coberto vegetal para evitar a afluência de sedimentos, bem como
interditar práticas agrícolas que necessitem de mobilizações elevadas do solo ou a exploração
de inertes.
No que respeita à componente biótica, a fauna e a flora existentes merecem uma
atenção especial. Como tal, deve ser interdita a introdução de espécies de crescimento rápido
que não façam parte do coberto vegetal natural, pois a introdução deste tipo de vegetação,
altera os habitats, e pode contribuir para o aumento de espécies infestantes. O
condicionamento à prática de actividades recreativas e desportivas em áreas de importância
para a vida selvagem é também um dos factores a ter em conta.
Para que se verifique uma utilização consciente e sustentável das áreas em estudo,
visto que se trata essencialmente de uma área aquática, onde existem várias espécies
piscícolas que têm um papel importante para o equilíbrio da fauna, é obrigatório definir zonas
de abrigo para essas espécies, função da sua importância ou de se encontrarem em vias de
extinção.
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4.1. Albufeira do Arade
A albufeira do Arade (figura 1) faz parte integrante do aproveitamento hidroagrícola
de Silves, Lagoa e Portimão. Foi construída entre 1944 e 1956, na ribeira do Arade, no
concelho de Silves, ocupando uma área de 1.458 ha.
Segundo um projecto de aproveitamento hidroagrícola, a área beneficiada era
inicialmente de apenas 1.900 ha. No entanto, em 1974, passou a beneficiar uma área de 2.370
ha. A partir de 1982, a área beneficiada foi fixada em 2.300 ha, correspondendo 1.154,75 ha à
área do concelho de Silves e 1.145,25 ha à área do concelho de Lagoa.
A exploração da albufeira começou em 1956, a cargo da então Direcção-Geral dos
Serviços Hidráulicos, sendo transferida em 1959 para a Associação de Regantes e
Beneficiários de Silves, Lagoa e Portimão, criada para o efeito e com sede em Silves, onde
permanece até hoje.
Esta albufeira tem como característica principal a base da sua construção, que é do
tipo terra e em que o núcleo central é de argila. Apresenta uma altura máxima acima do leito
de 46 m, com um desenvolvimento do coroamento de 246 m e com uma largura do mesmo de
9 m. Possui ainda uma bacia hidrográfica de 229 km2, com uma área inundada de 231 ha. Esta
albufeira tem uma cota do nível pleno de armazenamento (NPA) de 61 m. Tem uma
capacidade total para 28.389 hm3, sendo que desta apenas 26.744 hm3 são de capacidade útil,
apresentando assim uma capacidade morta de 1.645 hm3 devido à localização do
descarregador.
Para a distribuição da água no abastecimento à agricultura, foi construída uma rede
com um desenvolvimento total de 128.446 m, dos quais 45.746 m constituem a rede primária,
e a restante, a rede secundária. Nesta rede, encontra-se instalada uma estação elevatória, com
uma capacidade máxima de 1.050 l/s, que fornece água aos canais distribuidores da várzea de
Lagoa.
Neste aproveitamento hidroagrícola, foram instaladas três centrais hidroeléctricas:
Arade, Pinheiro (desactivada em 1976) e Vila Fria, onde é produzida energia eléctrica que é
afectada à REN (Rede Eléctrica Nacional) e que serve para consumo da população (quadro 1).
Esta albufeira está integrada num projecto-piloto na bacia hidrográfica do rio Arade. O
Projecto "Dam-Break Flood Risk Management (NATO PO_FLOOD RISK project)” visa a
avaliação do impacte da eventual rotura das duas albufeiras, e conta com a colaboração de
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diversas instituições, que, entre outros objectivos, têm como finalidade desenvolver
metodologias de segurança para a gestão do risco induzido pela rotura das albufeiras e
elaborar um plano de emergência especial para a ribeira do Arade com um adequado sistema
de aviso e alerta de cheias.
Este projecto inclui o estudo da propagação da onda de inundação a jusante da
barragem do Funcho até à foz do rio Arade, para diferentes cenários de operação das
barragens (ex. descarregador da barragem em pleno funcionamento) ou de rotura (simultânea
das duas barragens, parcial, etc.). A cidade de Silves, que se localiza na margem do rio Arade,
pode ser o núcleo urbano mais afectada em caso de eventual acidente, como evidenciado na
simulação realizada no programa HEC_RAS.
A construção da albufeira da Arade teve a finalidade de fornecer água para rega,
nomeadamente para a cultura do arroz, milho, tomate, horticultura, pomares, prados e
forragens, sendo o arroz, o milho e o pomar de citrinos os que têm maior necessidade de água.
Com o passar dos anos, houve mudanças nas culturas, situação que se registou sobretudo no
início dos anos 70 até ao final dos anos 80 do séc. XX. O arroz, o milho e o tomate são as
culturas em que se notou uma maior diminuição na área cultivada, enquanto que o pomar de
citrinos aumentou.
4.2. Albufeira do Funcho
Tal como a anterior, a albufeira do Funcho (figura 1) é parte integrante da bacia do rio
Arade. Esta albufeira entrou em funcionamento em 1993, tendo a sua construção sido
realizada com o objectivo de fornecimento de água à estação de tratamento de Alcantarilha,
que por sua vez a distribui a diversos municípios, nomeadamente os analisados.
A sua exploração encontra-se a cargo do INAG desde 1993. A albufeira do Funcho foi
construída em betão com abóbada de dupla curvatura, com uma altura acima do leito da
ribeira de 49 m. O seu coroamento situa-se à cota 99,2 m e tem um desenvolvimento de 165
m. Esta albufeira apresenta uma capacidade total de 43.000 hm3.
A sua segurança depende das características das fundações. A causa mais provável
duma eventual rotura (contemplada no estudo"Dam-Break Flood Risk Management (NATO
PO-FLOOD RISK Project)" consiste no enfraquecimento rochoso circundante, como
resultado da saturação ou da carga excessiva.
Esta albufeira tem como função exclusiva o fornecimento de água à população. No
entanto, quando a albufeira do Arade se encontra com níveis de armazenamento reduzido
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existe a possibilidade se realizarem descargas de fundo para restabelecer os níveis de
abastecimento
5. Caracterização dos Concelhos estudados
5.1. Uso do solo
Numa área total de 1.171 km2, que corresponde à área dos quatro concelhos (figura 4),
594 km2 são de floresta e 458 km2 é utilizada para agricultura. A área urbana ocupa 98 km2 e
a área que agrupámos as praias, dunas, arribas e área de lazer, 17 km2.
Desta forma, podemos aferir que a grande pressão exercida pela população naquele
território se traduz em 98 km2 de área urbana. No Verão, podemos alargar esta área para 115
km2, pois adicionamos a área de lazer. Podemos também verificar que existem variações em
termos das áreas de concelho para concelho, como é o caso de Silves, que apresenta uma área
florestal de 432 km2, (figura 4).
De acordo com a classificação realizada através da imagem de satélite, estabelecemos
os mesmos critérios de classificação em relação às áreas criadas na primeira classificação,
obtendo as seguintes áreas: 561 km2 relativos à área florestal, 402 km2 relativos à área
agrícola, 163 km2 relativamente à área urbana, 5 km2 foram classificados como área de lazer, e
finalmente 28 km2 estão ocupados com água (figura 5).
As diferenças apresentadas estão directamente relacionadas com os critérios do
classificador na primeira imagem e com a classificação quantitativa que é realizada no
segundo método. Assim, e comparando as diversas áreas das diferentes classificações
efectuadas, denota-se uma maior discrepância entre as áreas classificadas como urbanas e
como áreas de lazer nas duas imagens. Estas diferenças estão relacionadas com o facto das
arribas não terem sido agregadas às áreas de lazer, pois a definição da imagem de satélite não
permitia uma delimitação dessas áreas de uma forma aceitável. Desta forma existe um erro
associado a esta classificação que não pode ser corrigido que tem a ver com o valor do pixel
das áreas ocupadas pela agricultura e pela vegetação esparsa que é idêntico e por isso as áreas
são classificados de forma igual. Em relação às áreas urbanas na classificação visual, não
foram tidas em conta as áreas ocupadas pelas vias de comunicação, como estradas nacionais,
auto-estradas etc., e por esse motivo, a área urbana da classificação automática aumentou em
65 km2.
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5.2. Variação da população ao longo do ano
Os dados dos censos de 1981 a 2001revelam que os concelhos de Lagos, Portimão e
Lagoa são municípios com densidades que ultrapassam os 180 hab/km2.Estes concelhos têm
densidades diferenciadas entre si (quadro 2), com Portimão e Lagoa a atingirem em 2001,
249,3 e 242,3 hab/km2, respectivamente, Lagos com 121,4 hab/km2 e Silves a ficar pelos 49,8
hab/km2. O concelho de Silves, apresenta a menor densidade populacional, apesar de ter uma
população residente superior aos concelhos de Lagos e Lagoa. As diferenças na densidade
populacional estão directamente relacionadas com a dimensão do concelho de Silves. Através
da projecção efectuada pelo PBHRA para o ano de 1996, constata-se que ao longo de todo o
ano, os valores da população flutuante são sempre superiores aos valores da população
residente. Estes dados tem um acréscimo significativo a partir do mês de Março e até ao mês
de Outubro, com valores máximos entre Junho e Setembro (gráfico 1).
5.3. Os Serviços Municipais
5.3.1. Fornecimento de água canalizada à população
A água como bem essencial é objecto de um cuidado especial por parte das
autoridades municipais; não só por ser um factor de desenvolvimento dos próprios
municípios, como também um indicador de qualidade de vida das populações.
Numa das áreas do território em análise, onde existem escassas fontes de água doce
com capacidade de exploração e fornecimento às populações, os municípios do Algarve
travam cada vez mais uma batalha no sentido de se precaverem para a altura do Verão,
quando o uso da água aumenta exponencialmente devido à elevada utilização por parte da
população migrante.
Esta preocupação não é apenas um problema das autoridades, mas também da
população, especialmente a que tem como actividade principal a agricultura, que em anos de
seca como no ano de 2004-2005, se debatem com essa dificuldade. A preocupação com a falta
deste recurso é bem patente nas notícias que puseram as autoridades de sobreaviso para os
furos ilegais que começaram a surgir por todo o Algarve.
Relativamente ao fornecimento de água canalizada pelos municípios da área estudada,
verificámos que 98% da população de Lagoa e Lagos, 99% em Portimão e apenas 65,5% em
Silves (quadro 3).
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Por se tratar de uma área muito extensa e com população dispersa, o concelho de
Silves não está totalmente coberto com o abastecimento de água à população. É decerto difícil
e em diversos casos muito dispendioso proceder à instalação de um sistema de fornecimento
de água a habitações ou pequenos aglomerados populacionais existentes, nomeadamente na
zona serrana. À data da actualização deste trabalho soube-se, através de contacto telefónico
com os serviços da autarquia, que existem vários pedidos em curso para a instalação do
sistema de saneamento básico. No entanto, não há dados concretos da população ainda não
abrangida.
5.3.2. Tratamento de águas residuais
Os serviços de esgotos são da responsabilidade de cada município.
Pela análise dos dados existentes, constatámos que os valores de água tratada nos
municípios de Lagos e Portimão são superiores aos valores consumidos. Esta situação pode
ser explicada pela possibilidade de algumas das ETAR´s receberem água de um concelho
limítrofe, devido à proximidade da estação com o núcleo emissor, ou pelo facto provável da
rede de esgotos pluviais receber águas domésticas/comerciais/industrias, e esta estar ligada a
uma ETAR. No município de Lagoa, os valores de água tratada são inferiores aos valores de
água consumida, o que pode indiciar que alguns dos esgotos produzidos ainda não são
enviados para tratamento (quadro 3).
6. O Uso da Água
6.1. Agrícola
O reforço de água na albufeira do Arade é efectuado em situações extremas pela
albufeira do Funcho (quadro 4), quando esta apresenta valores de armazenamento elevado ou
pela necessidade de reforço de água para rega, como já foi referido.
Ao analisarmos os dados entre 1959 e 2004, verificamos que em 1960, 1962, 1963,
1964, 1966, 1968 e 1969, os valores totais anuais de armazenamento foram os mais altos
desta série, com valores superiores a 28.000.000 m3 anuais. Nos restantes anos analisados, os
valores de armazenamento foram todos inferiores a este valor. O ano de menor
armazenamento registou-se em 1995, com um valor de 4.071.870 m3 (gráfico 2).
Esta situação é explicada pelos valores de precipitação registados no ano hidrológico
94/95, em que foram assinalados valores de precipitação na ordem dos 273 mm. Em 1997, foi
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possível registar o maior valor armazenado tendo em conta os dois últimos anos hidrológicos,
que juntos totalizaram um valor de 1681,9 mm.
Verifica-se que até 1980, salvo raras excepções, os valores de água utilizados
ultrapassaram os 11.000 m3 anuais; a partir desse ano (salvo 1984, em que se verificou um
consumo de 10.350.729 m3), os valores nunca ultrapassaram os 10.000 m3 chegando mesmo a
descer a valores inferiores a 5.000 m3/ano.
Relativamente às culturas existentes, a principal é o pomar, constituído quase
exclusivamente por citrinos, e em grande parte cultivada em conssociação com outras
culturas, tais como o milho e o feijão (gráfico 3). No entanto, de tal forma se tornou
economicamente relevante a cultura dos citrinos (o Algarve representa 80% da produção
nacional) que houve necessidade de individualizá-la do pomar nos registros de fornecimento
de água para rega.
A segunda cultura mais produzida é o arroz, principalmente no concelho de Lagoa.
Nos anos de seca, e devido à escassez de água armazenada na albufeira do Arade, a prioridade
de rega vai inteiramente para o pomar em detrimento do arroz, até porque o pomar é uma
cultura permanente e o arroz apenas sazonal.
É possível constatar que nos anos de 1981, 1982, 1983, 1992, 1993 e 1995, bem como
em 1999 e 2000, os valores de água utilizados foram inferiores em relação aos restantes anos,
devido às restrições impostas à cultura do arroz, chegando mesmo, em anos de escassez de
precipitação, à proibição desta cultura. No entanto, e ao contrário do que seria de esperar, nos
anos de 1997, 1998, 2001, 2002, 2003 e mesmo 2006, esta cultura atingiu valores superiores a
200 ha, valores esses só atingidos entre 1959 e 1975, anos em que não se colocava ainda o
problema da escassez de água no Algarve.
6.2. Urbano
Dos municípios em estudo, só Lagoa não tem captações próprias. Lagos capta a nível
subterrâneo 343.073 m3 de água, inserindo-a na rede de abastecimento. Já Portimão tem uma
capacidade instalada de 3.810.660 m3 mas não faz uso dela, e Silves tem como única fonte de
abastecimento água captada a nível subterrâneo, com uma capacidade efectiva de 7.980 m3
(quadro 5).
Para a manutenção do abastecimento de água de forma contínua e sem quebras,
mesmo quando ocorrem cortes no abastecimento e para evitar sistemas de bombagem para
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equilíbrio da pressão na rede, os municípios possuem depósitos de armazenamento de água,
distribuídos estrategicamente, nomeadamente em locais de cota elevada.
Provenientes da barragem do Funcho e após tratamento na estação de Alcantarilha,
foram fornecidos aos municípios através da empresa Águas do Algarve em estudo 4.761.000
m3 de água a Lagoa, 5.833.945 m3 a Lagos e 7.384.131 m3 a Portimão (dados publicados pela
APDA em 2004).
Em termos de consumo geral, Portimão é o concelho que apresenta o nível mais
elevado, não só devido ao consumo humano, mas também pelo consumo comercial e
industrial. Seguem-se Lagos e Lagoa, que apesar de apresentarem consumos mais elevados
que Silves, e de terem consumos relacionados com o comércio e indústria, estão distantes dos
consumos do município de Portimão.
Na generalidade, os municípios efectuam um controlo à qualidade da água através da
análise de cerca 60 parâmetros (em termos médios), realizada por entidades contratadas. Em
Silves, não foi possível identificar se o controle da qualidade da água distribuída é
efectivamente realizado.
De salientar que os consumos totais mencionados não são coincidentes com os valores
de água recepcionada e captada pelos municípios. A diferença apresentada apenas poderá ser
explicada como perdas na rede, através de arrombamentos no sistema de distribuição, pelos
consumos efectuados através dos pontos de abastecimentos de água a viaturas dos bombeiros
(bocas e marcos de incêndio), pela lavagem de ruas, e ainda pelos pontos de rega de espaços
verdes onde não estejam instalados contadores de leitura para controlo dos consumos.
Pelos valores apresentados, podemos afirmar que estes são bastante elevados,
atingindo em Lagoa cerca de 26,5 % da água recepcionada.
7. Influências Económicas, Sociais e Culturais da Água
Em termos económicos, os valores de água consumidos, associados aos valores
recepcionados mas não contabilizados no consumo, indicam-nos que as perdas não só são
elevadas como influenciam negativamente o seu custo. Não podemos esquecer que toda a
água recebida por cada município é paga por este à empresa “Águas do Algarve”, sendo
debitada ao cliente final, independentemente das perdas ou utilizações não facturadas, o que
faz aumentar consideravelmente o seu custo unitário.
As influências sociais e culturais relativas ao consumo de água são, na sua
generalidade, negativas. Os portugueses de forma geral, não estão habituados a minimizar os
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gastos deste recurso. Apenas se consciencializam para esta questão quando ocorrem anos de
seca ou quando esta falta efectivamente. Realçamos ainda que a água é um elemento
fundamental para o bem-estar da população e para a manutenção de diversos sistemas,
nomeadamente alguma indústria que a utiliza no seu sistema de produção.
A actividade turística representa um dos grandes utilizadores deste recurso,
nomeadamente através da indústria hoteleira, restauração e complexos desportivos (piscinas,
parques aquáticos, campos de golfe, etc.).
8. Impactes biofísicos
Em geral, a população está habituada a utilizar a água como um elemento sempre
presente, renovável, sem qualquer tipo de preocupação. No entanto, face às novas
condicionantes e ao abuso na sua utilização, torna-se importante reformular o seu uso,
podendo-se começar pela sua reutilização, nomeadamente através das águas tratadas das
ETAR´s. Também os pequenos comportamentos diários devem sofrer alterações de
procedimento nas gerações actuais e futuras, através de uma perspectiva educacional e cívica
desde o primeiro grau do ensino básico, para que exista uma gradual preocupação e
sobretudo, conhecimento, sobre este tema em particular e o ambiente em geral.
8.1. Captações Subterrâneas
Por se tratar de um bem essencial, muitas pessoas e/ou entidades decidem realizar
furos de captação sem qualquer apoio técnico e autorização das entidades competentes. Este
tipo de infra-estrutura permite, nas actividades em que o uso da água é intensivo, amortizar o
investimento e poupar no futuro verbas elevadas num curto espaço de tempo.
No entanto, por se tratar de uma prática muito utilizada, os níveis das águas
subterrâneas são influenciados e rapidamente apresentam níveis de salinização, indicando-nos
que aquele aquífero é ou foi contaminado por água do mar. Com o aparecimento de água com
níveis de sal elevados, os solos onde aquela é utilizada começam a sofrer danos, prejudicando
a sua capacidade agrícola.
8.2. Risco de Poluição por Excesso de Fertilizantes
A utilização de fertilizantes na agricultura, na relva dos campos de golfe, etc.,
contribui decisivamente para a poluição dos recursos hídricos subterrâneos.
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Se nestes tipos de equipamento já tiverem sido abertos furos e com a utilização
contínua de fertilizantes, por vezes aplicados por razões económicas inerentes à produção
agrícola de exploração os níveis freáticos ficam contaminados pela precipitação dos nitratos.
Também os solos utilizados para a prática agrícola são contaminados ao longo dos
anos pela prática desajustada de utilização de produtos fitossanitários, não só para a obtenção
de uma melhor produção, como também para o combate às diversas pragas.
Este tipo de utilização, aliada à proximidade do mar e por vezes à deficiente dotação
de regas, contribui para a poluição e salinização do solo e das reservas aquíferas do local, o
que em situações extremas, poderá impossibilitar a sua utilização.
As principais opções de políticas ambientais decorrem cada vez mais dos
compromissos assumidos a nível internacional e, em particular, da União Europeia. No
entanto, e de modo a operacionalizar os princípios adoptados a uma escala global, torna-se
necessário adaptá-los aos âmbitos regionais e locais.
Para que haja evolução nesta matéria, contribuirá decisivamente uma melhor
preparação técnica dos agricultores e dos próprios técnicos, através de campanhas de
sensibilização e de adequadas acções de formação. Nunca descorar as boas práticas agrícolas
e sempre que se mostre devidamente justificável, alterar as leis em vigor, colocando em
prática novas regras, sempre numa perspectiva de sustentabilidade do ecossistema.
8.3. Pressão Antrópica
A contínua urbanização das áreas concelhias em estudo, nomeadamente junto aos
aglomerados urbanos, contribuirá para o aumento da pressão sobre a capacidade de recarga
dos aquíferos subterrâneos, podendo, num futuro próximo, colocar em causa o abastecimento
de água às populações.
A instalação de unidades industriais ou explorações agrícolas, designadamente na área
a montante das albufeiras, tem de ser avaliada, evitando a produção de qualquer tipo de
poluição que possa influenciar a qualidade das águas armazenadas.
As unidades hoteleiras, por se tratarem de locais onde as pessoas passam um curto
período de tempo, só muito recentemente começaram a apresentar preocupações de poupança
ou de bom uso da água, nomeadamente através da colocação de equipamentos adequados,
(torneiras de controle de caudais, rega de relvados durante a noite, entre outras soluções).
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Relativamente aos equipamentos desportivos, o consumo de água para as piscinas
nesta região é elevado, podendo ser substituído por água salgada, o que permitiria menores
consumos, designadamente nas unidades junto ao mar.
Os campos de golfe existentes naquela área são dos elementos que mais contribuem
para grandes consumos de água, pela necessidade de rega diária.
9. Recomendações
Do trabalho efectuado e da análise de todos os dados, consideramos que existem
algumas questões pertinentes relativamente ao uso da água. Neste sentido, consideramos
necessário avançar com algumas recomendações sobre esta temática:
Advogamos a necessidade de regulação da rede de águas pluviais e da rede de esgotos,
evitando a junção de águas, permitindo deste modo apenas o envio para as ETAR´s das águas
que necessitam de tratamento, o que conduzirá à redução dos custos de tratamento, já que as
águas pluviais não entram para esta fase;
Verificar-se um maior controlo nas perdas de água ou nos consumos não
contabilizados; sugerimos a possibilidade de utilização de água salgada nas piscinas
particulares ou de estabelecimentos turísticos e parques aquáticos;
Aconselhamos o tratamento adequado das águas provenientes das ETAR´s e a sua
utilização em rega dos espaços públicos, assim como no combate a fogos florestais e lavagem
de ruas;
Recomenda-se um controle efectivo das captações de água subterrâneas e o
nivelamento dos sistemas de bombagem em cotas adequadas, bem como o eventual
cancelamento de algumas captações onde os níveis de salinização sejam elevados, de forma a
evitar a deterioração dos solos e dos aquíferos; propomos que a construção de novas
captações de água sejam apenas permitidas em locais onde o interesse seja efectivo e após a
realização de estudos que apoiem a decisão;
Defendemos ainda a importância da vigilância apertada sobre as zonas florestais,
evitando a ocorrência ou a expansão de fogos, que contribuem não só para a poluição das
águas através da escorrência das cinzas quando ocorre precipitação, mas também para a pouca
infiltração de água no solo e para o aumento da carga sólida que entra nas albufeiras;
Sugerimos o controle na construção de infra-estruturas industriais ou agrícolas,
evitando a produção de poluentes que ponham em risco a qualidade da água.
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A degradação da qualidade dos aquíferos subterrâneos da região e a sua insuficiência
em anos críticos, tornam imperioso encarar a substituição das fontes de abastecimento
existentes.
No âmbito do projecto do sistema global de abastecimento de água ao barlavento –
2025, está prevista a necessidade de 75 hm3/ano de água. Assim a barragem de Odelouca
torna-se numa mais valia para a para apoio às albufeiras existentes, permitindo assegurar num
futuro próximo o abastecimento de água para os diversos tipos de consumo.
Bibliografia
1. Decreto-Lei n.º 502/71, de 18 de Novembro (Ministério das Obras Publicas)
2. Decreto-Lei 235/97, de 3 de Outubro (Ministério da Agricultura do Desenvolvimento
Rural e Pescas)
3. Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro (Ministério do Equipamento, do
Planeamento e da Administração do Território)
4. Decreto-Lei n.º 310/2003, de 10 de Dezembro (Ministério das Cidades, Ordenamento
do Território e Ambiente)
5. Decreto Regulamentar n.º 2/88, de 20 de Janeiro (Ministério do Planeamento e da
Administração do Território)
6. Decreto Regulamentar n.º 37/91, de 23 de Junho (Ministério do Ambiente e Recursos
Naturais)
7. Decreto Regulamentar n.º 3/2002, de 4 de Fevereiro (Ministério do Ambiente e do
Ordenamento do Território)
8. Nota explicativa da carta geológica n.º 7 à escala 1:200 000
9. Plano de Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Algarve / 2.ª fase – Definição de
Objectivos / Fevereiro 2001 – MAOT
10. Plano de Ordenamento da Albufeira de Montargil, aprovado pela Resolução do
Conselho de Ministros n.º 94/2002
11. Revista “Quem é quem no sector das Águas em Portugal”, APAD - Associação
Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas (2004)
12. MADRP, Código de Boas Práticas Agrícolas para a Protecção da Água Contra a
Poluição com Nitratos de Origem Agrícola, Lisboa, Ministério da Agricultura, do
Desenvolvimento Rural e das Pescas, 1997.
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17
13. LQARS, Manual de Fertilização das Culturas, Lisboa, Instituto Nacional de
Investigação Agrária, Laboratório Químico Agrícola Rebelo da Silva, 2000.
14. Silva, V. et al- Poluição Provocada por Nitratos de Origem Agrícola Directiva
91/676/CEE, 12 Dezembro 1991- Relatório 1996-1999, MAOT E MADRP.
Sites Consultados
� http://www.ccdr-alg.pt (obtenção de valores do povoamento florestal)
� http://www.cm-lagos.pt (informações gerais do P.D.M.)
� http://www.cm-portimao.pt (informações gerais do P.D.M.)
� http://www.cm-silves.pt (Contactos com a câmara municipal)
� http://www.dec.estt.ipt.pt
� http://www.dra-alg.min-amb.pt
� http://www.icn.pt (biótopos e Rede Natura 2000)
� http://www.idrha.min-agricultura.pt (tipo de consumo e agricultura da albufeira do
Arade)
� http://www.inag.pt (Plano das bacias hidrográficas e dados de base das albufeiras)
� http://www.ine.pt (valores populacionais dos concelhos)
� http://www.insaar.inag.pt
� http://www.iambiente.pt/atlas/est/index.jsp
Anexos
Figura – 2
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Quadro 1 – Energia produzida e consumida
Arade Pinheiro Vila Fria
Energia produzida / média anual 1,35 GWh 0,46 GWh 0,43 GWh
Potência das turbinas 528 CV 150 CV 193 CV
Potência do alternador 440 KVA 160KVA 165 KVA
Anos Energia Produzida (Kwh) Anos Energia Produzida (Kwh) Anos Energia Produzida (Kwh)
1970 1 470 868 1980 728 256 1990 143 690
1971 1 042 950 1981 125 695 1991 729 202
1972 1 760 384 1982 163 777 1992 77 453
1973 1 081 890 0983 134 667 1993 143 517
1974 608 410 1984 702 512 1994 348 735
1975 526 869 1985 797 398 1995 104 467
1976 499 865 1986 680 116 1996 804 020
1977 1 525 326 1987 810 820 1997 574 610
1978 1 248 426 1988 407 964 1998 259 600
1979 1 515 586 1989 101 995
Fonte: Inag – Plano da Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Algarve
Fonte: INAG (Carta geológica do plano da bacia hidrográfica das Ribeiras do Algarve)
Figura – 2 Mapa Geológico
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Quadro – 2 Densidade Populacional Área População Residente Densidade Populacional
Km2 1981 1991 2002 1981 hab/km2 1991 hab/km2 2002 hab/km2
Lagoa 88,0 15635 16780 21314 176 189 240
Lagos 212,8 19700 21526 25847 92 101 121
Portimão 182,1 34464 38833 45389 185 209 244
Silves 679,3 31389 32924 33837 46 48 50
Fonte: www.ine.pt
Quadro – 3 Saneamento Básico
Lagoa Lagos Portimão Silves
População com água canalizada 98% 98% 99% 65,5
Total consumo m 3 3 498 335 3 684 900 6 191 861 6 790
Volume água tratada em ETAR´s 1 981 000 4 646 482 8 200 404 Sem dados
População abrangida por rede de esgotos Sem dados 98% 97% 52,5%
Fonte: APDA
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Fonte: imagem de satélite n.º 035 921 disponível em http://glcfapp.umiacs.umd.edu:8080/esdi/index.jsp
Figura – 4 Classificação visual do uso do solo
Fonte: Baseado nas imagens disponíveis em www.itgeo.pt
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Gráfico – 1
RES* JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000
100000
110000
120000
130000
140000
150000
160000
Variação da População flutuante
Lagoa Lagos Portimão Silves
(milhares)
Fonte: Inag Plano da Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Algarve
Quadro – 5 Consumos efectuados nos concelhos
Lagoa Lagos Portimão Silves
Nº reservatório 26 16 21 21
Estações elevatórias 4 11 7 14
Estações tratamento água - - - 13
Captação de água subterrânea dos municípios (m3) - 343.073
Efectiva
3.810.600
Instalada
7.980
Efectiva
Água do Funcho (m3) 4.761.000 5.833.945 7.384.131
Total água recepcionada pelos municípios (m3) 4.761.000 6.177.018 7.384.131 7.980
Consumo doméstico (m3) 1.937.319 2.296.645 3.041.785 4.710
Consumo comercial/industrial (m3) 566.659 558.140 2.550.438 1.820
Consumo – outros (m3) 994.357 830.115 599.638 260
Total consumo (m3) 3.498.335 3.684.900 6.191.861 6.790
Controle qualidade água municipal n.º parâmetros 66 62 57 -
Fonte: APDA
Gráfico – 2
195919601961196219631964196519661967196819691970197119721973197419751976197719781979198019811982198319841986198719881989199019911992199319941995199619971998199920002001200220032004
0
2.500.000
5.000.000
7.500.000
10.000.000
12.500.000
15.000.000
17.500.000
20.000.000
22.500.000
25.000.000
27.500.000
30.000.000
Uso da Água do AradeVolume armazenadoVol. Utilizados na Rega
Perdas
Anos
Vol
ume
m3
Fonte: Associação de Regantes e Beneficiários de Silves, Lagoa, Portimão
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Quadro – 4 Volumes armazenados, fornecidos e consumidos na rega e perdas
Volumes armazenados, fornecidos e consumidos na rega e perdas
Anos
Volume existente na Volume existente na Volumes encontrados Volumes saidos da Volumes efectivamente Diferença entre os volumes
albufeira no inicio albufeira no fim na albufeira depois da albufeira durante consumidos na rega saídos da albufeira e os
da rega da rega iniciada a rega a rega consumidos efectivamente na rega
Data Data %
1959 22-Apr 27.818.909 5-Oct 12.688.393 15.130.516 11.342 3.787.920 25
1960 20-Apr 28.389.365 10-Oct 10.664.227 17.725.138 12.481.142 5.243.996 29,6
1961 7-Mar 25.821.690 18-Nov 6.617.741 19.203.494 15.099.719 4.104.230 21,4
1962 9-Apr 28.389.365 10-Oct 6.844.010 21.545.355 15.442.572 6.102.783 28,4
1963 4-Apr 28.389.365 29-Oct 6.725.765 21.663.586 13.045.586 8.618.014 39,8
1964 7-Apr 28.389.365 2-Nov 7.082.300 21.307.065 14.648.636 6.658.429 31,3
1965 7-Apr 23.374.825 24-Sep 5.261.592 18.372.626 14.372.626 3.740.557 20,7
1966 28-Mar 28.389.365 1/9/1967 8.321.722 20.067.643 13.189.438 6.878.205 34,3
1967 27-Mar 12.722.556 23-Oct 3.437.195 9.285.361 6.907.814 2.377.547 25,6
1968 6-Apr 28.389.365 30-Oct 8.957.068 19.432.297 12.137.394 7.294.903 37,7
1969 15-Apr 28.389.365 8-Oct 12.927.057 1.340.057 16.801.890 10.512.211 6.289.679 38,4
1970 30-Mar 27.034.532 19-Nov 8.426.292 1.468.629 20.076.869 12.374.547 7.702.322 38,4
1971 29-Mar 17.774.546 6-Dec 7.868.602 9.348.813 19.254.757 11.071.996 8.182.761 42,5
1972 10-Apr 27.640.642 25-Sep 9.994.895 12.907 17.658.654 11.404.013 6.257.641 35,4
1973 13-Mar 27.765.429 15-Oct 8.772.640 18.992.789 12.443.253 5.758.644 30,3
1974 10-May 24.539.336 24-Oct 8.038.381 16.500.955 12.384.633 4.116.322 25
1975 17-May 19.080.047 4-Dec 2.911.555 16.168.492 12.668.111 3.500.381 21,7
1976 25-May 22.819.528 25-Sep 10.346.817 12.472.711 9.202.099 3.270.612 26,2
1977 30-Apr 25.838.756 15-Oct 8.560.549 33.834 17.312.041 12.152.306 5.186.735 30
1978 23-Jun 25.753.430 4-Nov 12.408.672 13.344.758 9.875.120 3.469.638 26
1979 9-May 27.872.390 5-Oct 11.087.682 53.480 16.838.188 11.618.350 5.219.838 31
1980 12-May 27.480.201 14-Oct 11.973.046 1.349.968 16.857.123 11.905.959 4.951.164 29,4
1981 27-Apr 10.317.492 22-Sep 1.919.009 8.398.483 4.701.222 3.697.261 44
1982 11-May 11.929.484 5-Nov 1.600.700 10.328.784 5.561.360 4.767.424 46,2
1983 30-May 9.740.730 21-Sep 3.048.221 6.692.509 3.512.751 319.758 47,5
1984 20-Apr 27.141.494 31-Oct 10.258.837 16.882.657 10.350.729 6.531.928 38,7
1986 21-Apr 27.836.737 10-Nov 12.354.221 15.482.516 9.346.310 6.136.206 39,6
1987 23-Apr 26.606.690 2-Oct 9.789.608 16.817.082 9.544.927 7.272.155 43,2
1988 14-Apr 25.719.299 13-Oct 7.189.119 18.530.180 9.154.787 9.375.393 50,6
1989 2-May 20.947.055 30-Sep 6.278.237 95.573 14.668.818 8.139.949 6.528.869 44,2
1990 24-Apr 24.490.192 12-Oct 8.347.865 16.142.327 9.504.121 6.638.206 41,1
1991 26-Apr 27.908.043 9-Oct 7.008.343 20.899.685 9.611.265 11.288.430 54
1992 28-Apr 9.206.044 24-Sep 1.485.706 7.720.338 3.581.801 4.138.537 53
1993 8-Jun 12.212.642 8-Oct 4.046.664 8.165.978 4.266.546 3.899.432 47,8
1994 14-Apr 19.443.175 4-Oct 3.523.889 15.919.286 8.956.094 6.963.192 43,7
1995 11-Apr 4.071.870 13-Oct 3.158.606 10.016.857 10.930.121 5.848.682 5.081.439 46,5
1996 30-Apr 23.166.007 8-Nov 9.975.344 4.040.729 13.190.663 8.100.000 5.090.663 38,6
1997 10-Mar 23.309.720 18-Oct 15.810.584 6.333.845 13.832.841 8.000.000 5.832.481 42,2
1998 17-Mar 22.617.625 18-Sep 3.552.787 6.000.000 14.064.838 8.500.000 5.564.838 39,6
1999 3-Mar 6.378.545 11-Oct 1.992.341 5.406.991 48,8
2000 30-May 10.519.633 6-Nov 3.353.093 2.000.000 7.166.540 4.512.983 4.653.557 49,3
2001 16-Apr 23.883.274 21-Sep 9.390.471 14.492.803 9.180.508 6.312.295 56,44
2002 29-Apr 14.704.309 13-Nov 3.116.555 10.530.705 6.787.163 4.800.591 58,57
2003 12-May 15.510.413 16-Oct 3.682.697 11.827.716 7.462.056 4.365.660 58,50
2004 23-Apr 8.121.304 19-Oct 3.384.631 6.000.00010.736.673
7.537.931 4.547.715 60,33
* - foi ano de seca
comporta de Fundo durante a rega e 2.000.000m3 no fim da rega (Obra de reparação dos Orgãos de segurança)
utilizado no Bloco de Lagoa
Volume (m3) 1 Volume (m3) 2 (m3) 3 (m3) 4 (m3) 5 Volume (m3) 6
5.535.882 a 9.904.183 d 5.674.705 c1.177.513 b
1.348.973 b
2 - Ao volume indicado nesta coluna 14.064.838m3 a acrescentar 11.000.000m3 descarregados pela
1- Volume fornecido pela Barragem do Funcho
a - Volume recebido da Albufeira do Funcho c - Inclui água da albufeira e bombada pelos furos
b - Este volume é proveniente de água bombada pelos furos e d - Deste volume faz parte 4.911.890m3 recebidos da Barragem do Funcho antes de iniciada a rega.
Fonte: Associação de Regantes e Beneficiários de Silves, Lagoa, Portimão
Gráfico – 3 Culturas agrícolas (1982-1996)
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Arroz Milho Tomate Feijão Ervilha Melão/Melancia Horta PomarPrados e forragens
Anos
ha
Fonte: Associação de Regantes e Beneficiários de Silves, Lagoa, Portimão