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Maria Goreti Teixeira Leão Madureira Vieira Usos e Costumes de um Monumento Românico Curso de Pós-Graduação em Turismo Cultural ADER-SOUSA Universidade Fernando Pessoa 2006

Usos e Costumes de um Monumento Românico · momentos: fundação na Idade Média e contextualização histórico-social do mosteiro – a 2. ... 1.1 – As origens e a difusão da

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Maria Goreti Teixeira Leão Madureira Vieira

Usos e Costumes de um Monumento Românico

Curso de Pós-Graduação em Turismo Cultural

ADER-SOUSA

Universidade Fernando Pessoa

2006

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Sumário

Para o estudo do Mosteiro de Pombeiro partiu-se de uma

análise geral do edifício monástico românico, do monaquismo

medieval e da observância beneditina a nível europeu e

nacional para o estudo particular e concreto de Pombeiro. Esta

abrangência permitirá a melhor compreensão dos preceitos

monásticos e o contexto histórico-social do mosteiro, sendo

estes conhecimentos ainda determinantes na realização da

proposta de utilização contemporânea através da sua

musealização.

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Agradecimentos

Aos meus Pais e à minha irmã pelo carinho e apoio incondicional.

Ao meu orientador, o Professor Doutor Sérgio Lira, pela sua contribuição na elaboração

deste trabalho.

À Mónica, ao Óscar, e ao Zezinho, e a todos aqueles que indirectamente contribuíram para

a execução desta monografia.

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ÍNDICE

Tabela de Abreviaturas.....................................................................................................1

Introdução..............................................................................................................................2

1.ª Parte – O Românico e o Monaquismo beneditino………................................................4

Capitulo 1 – O Românico.........................................................................................................5

1.1 - As origens e a difusão da arte românica……………………………………….....5

1.1.1 – A influência burgonhesa na arte e formação da nacionalidade………...6

1.2 – O templo românico – uma construção para a eternidade……………………...…8

1.3 – O edifício monástico – paradigma do belo e do perfeito……………………….10

1.4 – Classificação e restauro contemporâneo dos monumentos nacionais

românicos……………………………………………………………………………..11

Capítulo 2 – Os Mosteiros…………………………………………………………………..13

2.1 – O monaquismo e o quadro unificador da sociedade medieval………………….13

2.2 – A observância beneditina e o monaquismo no ocidente peninsular nos séculos IX

a XIII………………………………………………………………………………….14

2.3 – Os Mosteiros – a espiritualidade e o conhecimento medieval………………….16

2.ª Parte – O Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro…………………………….…...…..20

Capítulo 3 – A história do Mosteiro………………………………………………………..21

3.1 – Da fundação do mosteiro à extinção das ordens religiosas……………………..21

3.2 – O Costumeiro de Pombeiro ………………………………………………...…..26

3.3 – O edifício monástico……………………………………………………………31

3.4 – As intervenções de restauro e conservação na actualidade e perspectivas para o

futuro do Mosteiro…………………………………………………………………....35

Capítulo 4 – Projecto de Utilização Contemporânea do Mosteiro de Pombeiro……......40

4.1 – Breve caracterização e recursos turísticas do concelho de Felgueiras………….40

4.1.1 – Recursos turísticos………………………………………………….…41

4.1.2 – A Oferta e Procura de serviços turísticos…………………………..…43

4.2 – Objectivos do Projecto………………………………………………………….43

4.2.1 – Públicos……………………………………………………………….44

4.3 – Definição dos Espaços do Museu………………………………………………45

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4.3.1 – Planta do Mosteiro/Museu…………………………………………….46

4.3.2 – Identificação dos espaços do Mosteiro/Museu………………….…….46

4.3.3 – Descrição de alguns dos espaços e serviços do Museu……………….47

4.4 – Materiais informativos e de divulgação………………………………………...50

4.5 – Actividades culturais promovidas no Museu………………………………...…53

4.5.1 – Plano de Actividades 2007………………………………………...….54

4.5.2 – Descrição de algumas actividades promovidas no Museu……………57

Conclusão..............................................................................................................................59

Fontes e Bibliografia.........................................................................................................62

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Usos e Funções de um Monumento Românico

TABELA DE ABREVIATURAS

ADER-SOUSA – Associação de Desenvolvimento Rural das Terras de Sousa

ANJE – Associação Nacional dos Jovens Empresários

APPICCAPS – Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes e

Artigos de Pele e seus Sucedâneos

BMF – Boletim Municipal Felgueiras

CMF – Câmara Municipal de Felgueiras

CO.ME.N – Confederação Mediterrânea de Natação

DGEMN – Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais

ICEP – Portugal – Investimento, Comércio e Turismo

IPPAR – Instituto Português do Património Arquitectónico

PAIDTCRRVS – Plano de Acção para a Implementação e Dinamização Turística e Cultural

da Rota do Românico do Vale do Sousa

RRVS – Rota do Românico do Vale do Sousa

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Introdução

O presente trabalho monográfico é parte dos requisitos para a conclusão da Pós-Graduação

em Turismo Cultural promovida pela Associação de Desenvolvimento Rural das Terras de

Sousa, no âmbito do Programa de Formação da Rota do Românico do Vale do Sousa,

reconhecida pela Universidade Fernando Pessoa.

O trabalho agora apresentado resulta das condicionantes institucionais em que foi gerado.

As limitações específicas de um trabalho de tipo monográfico exigiram que as temáticas a

tratar fossem eleitas de entre uma escolha muito alargada e os constrangimentos temporais da

sua realização acentuaram essa necessidade.

A escolha do mosteiro de Pombeiro como objecto de estudo prende-se com a importância

deste testemunho patrimonial no concelho onde residimos e a actualidade das questões sobre

o projecto para o futuro do mosteiro, considerando o significado da implementação da Rota

do Românico do Vale do Sousa para a valorização do património histórico-cultural e o

desenvolvimento turístico da região.

No estudo em causa, procurou-se caracterizar o edifício monástico românico, o

monaquismo medieval e a observância beneditina. Objecto particular desta análise foi o

mosteiro de Pombeiro que, além da sua história e situação actual, pretendeu-se perspectivar a

sua utilização contemporânea através da sua musealização.

A exposição do presente trabalho está dividida em duas partes. A primeira compreende

dois capítulos. No capítulo um, é apresentada uma síntese das origens da arte românica, o

contributo das congregações monásticas, particularmente a de Cluny, na sua difusão na

Europa, e a influência desta na génese do território português. Aqui ter-se-á em conta a

finalidade e as características do edifício monástico românico, os encomendadores e os

patrocinadores da sua construção. No final do capítulo expõe-se, sucintamente, a classificação

e restauro contemporâneo dos monumentos nacionais românicos. O capítulo dois é dedicado

ao papel desempenhado pelas instituições monásticas beneditinas no contexto do quadro

unificador da sociedade medieval e, especificamente, no noroeste peninsular, nos séculos IX a

XIII. Neste contexto é ainda caracterizada a vida comunitária nos mosteiros beneditinos.

A segunda parte, dedicada ao Mosteiro de Pombeiro, é constituída por dois capítulos. No

capítulo três, procede-se ao estudo da história do mosteiro dividido em dois grandes

momentos: fundação na Idade Média e contextualização histórico-social do mosteiro – a

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relação com o seu patronato, a Família dos Sousas e o emergir e do município felgueirense; da

integração na Congregação Beneditina Portuguesa até à expulsão dos monges. A análise do

Costumeiro de Pombeiro teve como objectivo demonstrar a organização interna no que diz

respeito à comunidade e aos oficias do mosteiro, as suas atribuições e a sua vida quotidiana.

No seguimento deste capítulo é caracterizado o edifício do Mosteiro de Pombeiro. No último

ponto deste capítulo focam-se as acções levadas a cabo pela Câmara Municipal de Felgueiras

no sentido de restaurar e revitalizar o mosteiro; as intervenções de restauro na actualidade

pelo Instituto Português do Património Arquitectónico; as acções culturais pontuais

promovidas no mosteiro; e procura-se clarificar as perspectivas relativas ao futuro do

mosteiro. O capítulo quatro dedica-se ao projecto de utilização contemporânea do Mosteiro de

Pombeiro. Logo após a uma introdução ao seu posicionamento no território de Felgueiras, são

identificados os objectivos da criação de um museu no local do mosteiro, a organização e

descrição dos espaços e das actividades culturais ali a promover, bem como dos materiais e os

meios de divulgação.

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1.ª Parte

O Românico e o Monaquismo beneditino

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Capítulo 1 – O Românico

1.1 – As origens e a difusão da arte românica

A arte românica surge em meados do século IX na Europa Ocidental fruto de uma

profusão de manifestações artísticas do período pré românico que, por trás das características

e influências culturais específicas de cada região, atinge o seu apogeu na segunda metade dos

séculos XI e XII, assumindo-se como o primeiro grande estilo verdadeiramente europeu,

unificando artisticamente o espaço da Cristandade (Almeida; 1993: p. 10); (Rodrigues; 1995:

p. 183); (Ediciones del Prado; 1996a: p. 33); (Ediciones del Prado; 1996b: pp. 32-35);

(Editorial Verbo; 2004: p. 7443).

Nas palavras de Georges Duby, “A pedra oferece-se novamente ao cinzel do escultor que enlanguescia no Ocidente desde o Século V.

Esta arte, restaurada pelo orgulho de uma humanidade conquistadora, reabilitada do interior, é a arte

românica, a da França, a que é igualmente partilhada pelos outros países de língua românica, em pleno

desabrochar” (Duby; 1997: p. 40).

O termo românico1 só é adoptado no século XIX, indica o paralelismo do seu

desenvolvimento com as línguas românicas e traduz o período artístico subsequente à arte

romana e que precede e diferencia-se do gótico (Almeida; 1993: p. 7); (Rodrigues; 1995: p.

183); (Editorial Verbo; 2004: p. 7443).

Em Portugal o românico é introduzido tardiamente, já no século XII (Rodrigues; 1995: p.

183)2 e, em alguns casos, prolonga-se para além do século XIV, tendo também no século XIX

adquirido entre nós expressão o movimento cultural com interesse pela Idade Média,

particularmente, a partir do romantismo.

A criação do estilo românico coincide com as cruzadas que conduzem à conquista de

Jerusalém no ano de 1099 e possibilitam o contacto com as formas arquitectónicas do

Mediterrâneo Oriental, sob influência de Bizâncio e do mundo islâmico. O auge das

peregrinações permite a intercomunicação das diversas regiões europeias e a difusão desta

arte pelos peregrinos da Terra Santa e de Compostela, pelos pedreiros e monges empreiteiros

itinerantes, os abades das grandes obras de Cluny e de Cister, os mercadores, entre outros. A

coesão das congregações monásticas dispersas pela Europa são as grandes responsáveis pelos

traços de afinidade que unem obras dispersas de um extremo ao outro da cristandade. O papel

1 O vocábulo “românico” foi utilizado pela primeira vez em 1816 pelo investigador normando Gerville. Ver (Almeida; 1993: p. 7); (Rodrigues; 1995: p. 183). 2 Para outros autores esta arte é introduzida nos finais do século XI. Ver (Editorial Verbo; 2004: p. 7446).

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mais vigoroso e pujante do desabrochar artístico do século XI pertenceu à ordem de Cluny,

corporalmente ligada à Igreja de Roma, a maior parte dos seus mosteiros situava-se na metade

sul da Europa (Duby; 1993: p. 71); (Rodrigues; 1995: pp. 188-184); (Ediciones del Prado;

1996b: p. 32); (Duby; 1997: pp. 42-44 e 52); (Editorial Verbo; 2004: p. 7443).

O românico é, assim, fruto de um longo amadurecimento de elementos diversos no seio da

formação da sociedade medieval, desprovida de unidade governamental após o

desmoronamento do Império Romano do Ocidente, mas unificada espiritualmente pela

universalidade da Igreja (Editorial Verbo; 2004, p. 7443).

No fim do milénio, o mundo cristão vive num contexto de temor, convicta do momento do

Juízo Final. Em consequência, por toda a Europa multiplicam-se templos e mosteiros em sinal

de agradecimento aos homens de religião que, pela sua intercessão Divina, valeram a salvação

da humanidade. Situação favorecida pela reforma gregoriana que se ia impondo e que além de

trazer um novo espírito à liturgia, reforça as prestações para o bispado e para as igrejas

paroquiais, em troca de uma assistência espiritual mais intensa e do exercício de um culto

mais digno (Almeida; 1993: p. 10); (Rodrigues; 1995: p. 188); (Editorial Verbo; 2004: p.

7443).

Na Península Ibérica assiste-se a um período de intolerância religiosa e política e às

destruidoras incursões de Almançor3. E, se a reconquista era uma prioridade dos reis cristãos,

não menos importante, era o povoamento e a consolidação dos novos territórios fortalecida

pela construção monástica, à volta da qual emergiam as povoações.

1.1.1 – A influência burgonhesa na arte e formação da nacionalidade

O estudo de multímodos fundamentos tais como: geográficos, económicos, religiosos e

culturais do românico permitem a compreensão da génese da cultura portuguesa.

“A sua arquitectura corresponde à época em que se forja a nossa nacionalidade e desabrocha a nossa

língua e em que se estrutura o nosso habitat, com as paróquias e toda a organização espacial das

povoações que chega aos dias de hoje e marca as nossas atitudes” (Almeida; 1993: p. 9).

O estilo românico é reconhecido como denominador comum da arquitectura do Norte de

Portugal, dada a quantidade e diversidade de locais existentes onde ele predomina, ou se

integra hoje com outros estilos que o sucederam. A região de Entre Douro e Minho – uma

3Em 987 as incursões de Almançor conquista Coimbra, combatendo depois Viseu e Lamego, e tomando Santiago de Compostela, onde destrói a basílica do Apóstolo, dez anos depois, em 997 (Rodrigues; 1995: p. 188).

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faixa estreita mas densamente povoada devido às características de solo, clima e abundância

de recursos hídricos – a partir da qual se inicia a Reconquista, esteve também na génese do

território português (ver anexo 1).

O espaço correspondente ao Condado Portucalense – cujos limites iriam desde Mondego

até à Galiza – era governado por D. Henrique de Borgonha, importante nobre com ligações

familiares a Cluny, que no contexto do movimento de cruzada gerado para a tomada de

Jerusalém, contribui para a consolidação militar do território4.

Em todo o território portucalense a nobreza marca o seu domínio, assistindo-se à

multiplicação das torres e paços, bem como as fundações de mosteiros, controlando militar e

politicamente estas terras, numa afirmação de poder decisivo para a consolidação do Condado

como território autónomo no século XI. Os mosteiros estarão intrinsecamente associados à

nova organização político-social do Condado sendo de sublinhar a importância da estrutura

socioelesiástica das dioceses, com a predominância nacional da arquiodiocese bracarense.

Em território português dois acontecimentos basilares marcam o contexto da evolução

artística: o casamento de D. Henrique com D. Teresa, filha do monarca leonês, que consagra a

entrega das terras do novo Condado e a sagração de Geraldo de Moissac como arcebispo de

Braga. Deste modo, encontramos nos mais altos cargos do poder – político e religioso – o

domínio da influência da nobreza francesa e dos beneditinos de Cluny, empenhados na

implantação do rito litúrgico romano em toda a Cristandade5.

As ordens religiosas tiveram primordial importância na consolidação, expansão e

organização do território português. Da sua organização religiosa e dos preceitos unificadores

de Deus dependiam a estrutura política e administrativa. Ocupavam terras áridas, construíam

edifícios, expandiam o seu povoamento, e tornavam férteis as vastas áreas dos seus domínios.

Os modelos das igrejas determinam o gosto e a estética medieval. A sua intervenção na

Guerra contra os infiéis era legitimada pela verdade do cristianismo.

No território portucalense, as instituições religiosas vivem uma conjuntura complexa

devido à existência de significativas comunidades moçárabes que ainda professavam o rito

visigótico, de pequenos mosteiros e comunidades religiosas não regulares, situação que urgia

corrigir e normalizar. Tal irá acontecer através da organização das diocese e das principais 4 D. Henrique era o quarto filho do duque Henrique de Borgonha, bisneto de Roberto I de França, sobrinho da rainha Constança de Leão e sobrinho neto de S. Hugo, abade cluniacense e grande promotor da construção de Cluny III. Ver (Rodrigues; 1995: pp. 189 e 196); (Lencart; 1997: p. 35). 5 Desde 1080, com o Concílio de Burgos, a Regra beneditina é essencialmente a de Cluny (Rodrigues; 1995: p. 189). Sobre a influência da nobreza borgonhesa e de Cluny no nosso território ver (Mattoso; 1993: pp. 24-25).

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ordens monásticas de rito romano (Rodrigues; 1995: p. 199). A definição destas dioceses,

nomeadamente, Braga, Coimbra, Porto, Lisboa Lamego e Viseu que, num primeiro momento

contam com o apoio régio, irão contribuir para a consolidação da independência do reino, no

domínio religioso, relativamente a Leão e a Galiza. A predominância nacional, e sobretudo no

Norte, da diocese de Braga reduz mesmo a influência de Santiago de Compostela no nosso

território.

A Ordem que desde os finais do século XI, ocupa e converte grande parte dos pequenos

conventos de fundação senhorial, onde predominavam ritos locais e mocárabes – os

Beneditinos de Cluny –, introduzindo o rito romano e a Regra de S. Bento, vão de encontro ao

esforço de reforma empreendida pelas dioceses. A edificação de grandes mosteiros como

Pombeiro e Paço de Sousa constituem marcos de implantação e irradiação da influência

cluniacense, exercida particularmente a partir da diocese de Braga, nomeadamente, na região

do vale do Sousa. Neste vale aponte-se uma autêntica rota beneditina que, desde Pombeiro,

passava por Travanca, Bustelo, Paço de Sousa e Cete (Dias; 1993: p. 44).

No românico nacional está, então, presente a matriz da influência francesa, particularmente

borgonhesa, exercida pelo mosteiro de Cluny, facto associado à filiação borgonhesa dos

primeiros condes portucalenses, bem como dos sacerdotes e mestres pedreiros, mas

igualmente ao grande desenvolvimento da investigação sobre o românico em França,

salientando o carácter primacial da sua implantação. Mais recentemente, alguns

investigadores apresentam elementos de integração num espaço regional mais próximo,

designadamente, a Galiza (Rodrigues; 1995: p. 186); (Ediciones del Prado; 1996b: p. 53);

(Editorial Verbo; 2004: p. 7446).

1.2 – O templo românico – uma construção para a eternidade

A arquitectura espelha o pensamento e as necessidades de uma sociedade, sendo, por isso,

um extraordinário testemunho da história humana. A construção românica religiosa reflecte

de forma inigualável o quadro mental e a produção artística do seu tempo. O edifício sagrado,

associado à perfeição, apresenta uma excepcional carga simbólica nos espaços e nos seus

elementos construtivos (Almeida; 1993: p. 25). Na regularidade da sua construção,

geralmente em pedra, sobre a qual assenta a igreja imperecível, “(…) o templo afirmava-se

sólido, imutável, simbolicamente eterno, frequentemente inexpugnável, atraindo a atenção dos

crentes para a sua massa pétrea (…)” (Rodrigues; 1995: p. 201). A carga simbólica colocada

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na construção do templo era extensível à sua implantação em sítios sagrados. A maioria das

fundações românicas é mesmo assumida como uma refundação, invocando a tradição de

sacralidade do lugar. Exceptuando as grandes casas agregadas à iniciativa régia ou episcopal

que se instalam nas grandes cidades, a maior parte dos conventos é construída em pleno meio

rural, proporcionando aos monges o isolamento de uma vida dedicada à contemplação

mística, e à volta do qual irão emergir os pequenos povoados. Em meio rural, os mosteiros

alteram a paisagem, humanizando-a, sendo um importante ponto de referência para o homem

medieval, cujo tempo e espaço são marcados pelos ciclos naturais dos dias e Estações. Estes

são mesmo considerados o “(…) centro do Mundo (…)” (Rodrigues; 1995: p. 205) ao qual a

população se reporta, uma vez que o som dos sinos nas torres das igrejas são a única alteração

ao ritmo de vida natural.

A construção dos edifícios românicos, com a solidez e o acabamento que os caracteriza,

acarretaria proporcionalmente vultosos encargos e consequente instalação de um estaleiro. Os

recursos financeiros provinham de um grande encomendador que poderiam ser os grandes

nobres, os bispos ou uma mais directa intervenção régia. As ordens religiosas assumiam o

papel de patrocinadores dos seus institutos, cujas fontes de rendimento eram essencialmente

os rendimentos das propriedades, as doações ou os peditórios.

Os templos reflectiam a comunidade que os patrocinavam e integravam a vários níveis:

económico, dada a dimensão e riqueza decorativa do edifício; cultural, em função da erudição

dos programas iconográficos; social e político, como panteão de importantes personalidades;

e ainda militar, dado o semblante bélico da sua arquitectura. A arquitectura religiosa serve os

locais de culto e oração mas é também um espaço de reunião cívica das paróquias, dos

festejos litúrgicos e profanos e, frequentemente, o último reduto face aos ataques hostis,

nomeadamente, dos muçulmanos (Rodrigues; 1995: pp. 205-209).

O edifício mais característico do românico é o mosteiro e, dentro deste, a igreja constitui a

parte essencial e foi o que, em maior número e melhor estado de conservação, chegou aos

nossos dias. O modelo da igreja românica é longitudinal e a planta em forma de cruz latina, de

três naves, ou apenas uma nas igrejas mais pequenas. A cabeceira costuma a ter uma ou três

capelas – normalmente em relação com o número de naves –, constituídas por um tramo

direito coberto com abóbada de berço de volta inteira, meio cilindro de pedra que exerce

sobre as paredes uma pressão vertical e lateral considerável, que se combate engrossando as

paredes, rasgando-as pouco à luz. A cúpula pode ser associada à abóbada ou multiplicá-la por

toda a superfície. Uma luz coada entra também pelas torres lanternas, as janelas absidiais, as

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das colaterais e da própria nave central quando se eleva o suficientemente acima das laterais.

De todos os aspectos da construção românica é claramente perceptível a sua impressão de

robustez: quer se considere as fachadas em forma de arcos de triunfo, os amplos portais

inscritos em frontões triangulares, ou as torres que, por vezes, ladeiam a entrada, o espaço é

sempre ocupado em força (Rodrigues; 1995: pp. 210-215); (Ediciones del Prado; 1996b: p.

39); (Editorial Verbo; 2004: 7443-7444).

1.3 – O edifício monástico – paradigma do belo e do perfeito

A finalidade sagrada de todos os espaços monásticos, assume de forma ímpar o ideal de

transcendência e do belo medieval. O carácter unificador da vida monástica transformava o

monge em símbolo da concepção medieval de sociedade, a Cristandade, e os mosteiros no

modelo construído desse virtuosismo divino (Duby; 1993: p. 67). Para melhor

compreendermos toda a sua sublime envolvência, Bozal propõe que, durante uma visita a um

templo românico, coloquemos em questão a nossa condição de turistas ou de estudiosos de

arte, desprendendo-nos da nossa contemporaneidade, numa tentativa de recriar o espírito da

época (Editorial Prado (a); 1996: p. 28).

Além da sua implantação em lugares sagrados, todo o edifício românico orienta-se na

direcção da Cidade Santa de Jerusalém e do Santo Sepulcro. A entrada no templo simbolizava

a passagem do mundo profano para o mundo sagrado. Um mistério reforçado pelo efeito

cenográfico – a lenta adaptação à penumbra do interior, num percurso iniciado pela

mensagem do portal, continuado nos capitéis da nave, finalizando no cruzeiro junto à

cabeceira onde o coro entoa os cânticos sagrados – criando um complexo sensorial da relação

do homem com a Casa de Deus (Rodrigues; 1995: p. 203); (Duby; 1997: p. 58-60).

Jorge Rodrigues descreve assim o templo românico:

“A mítica reprodução do Templo de Salomão, o templo é a casa de Deus e, (…) a representação da

própria Cidade de Deus – Jerusalém Celeste –, em que cada pedra, rigorosamente aparelhada, é um fiel e

o seu conjunto, a Igreja Universal” (Rodrigues; 1995: p. 201).

A construção do conjunto monástico cujos espaços e as relações que se estabelecem entre

si, direccionados para a contemplação, a evocação do saber, implicava a definição e o

aperfeiçoamento de um programa funcional e, simultaneamente, místico. Ilustração da

paradigmática síntese que torna visível a estrutura harmónica do mundo e que as

características espaciais cumprem as funções que lhes foram determinadas, é o claustro – o

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lugar de contemplação por excelência. Este representa a delimitação esquemática do mundo

natural e a sua domesticação.

A transcendência do significado concretiza-se na produção artística, cuja função “(…) é

representar o irrepresentável, o mundo metafísico” (Rodrigues; 1995: p. 2002). Na construção

românica a escultura tem um papel fundamental, do ponto de vista ornamental e simbólico,

uma vez que reproduz para a pedra as mensagens essenciais das Escrituras numa narrativa

figurativa, assumindo uma verdadeira escrita imagética para os iletrados6. A escultura invade

os capitéis da igreja e do claustro, as janelas, as absides, os pórticos, mas é, sobretudo, na

fachada e portal axial, onde se concentra a mais importante e notável decoração escultórica

que tinha evidentes intenções didácticas e de propaganda da Igreja7.

1.4 – Classificação e restauro contemporâneo dos monumentos nacionais românicos

O conhecimento da Idade Média contribuiu para a valorização do românico e facultou

elementos de investigação aos responsáveis pelas intervenções de restauro. Em 1834 foram

expropriados todos os bens da Igreja em Portugal o que conduziu ao desmembramento e/ou

destruição de grande parte dos conjuntos monásticos portugueses (Saraiva; 1993: p. 587). Em

1881 é apresentado o primeiro inventário de classificação de monumentos nacionais

portugueses, que será ampliado logo após a proclamação da República, em 1910. Os templos

foram integrados no património nacional, sendo as dependências conventuais, claustros e

terras agrícolas anexas vendidas a particulares, resultando na inexistência de um conjunto

monástico românico incólume no nosso país. Na sequência desta situação, os mosteiros

vendidos foram preteridos relativamente às potencialidades agrícolas das áreas envolventes,

conduzindo, por vezes, à total destruição dos edifícios. Escaparam a este desfecho os

monumentos que, pela sua situação urbana ou demasiado inóspita, ficaram na posse do Estado

ou não foram vendidos (Rodrigues; 1995: p. 186).

Com o Estado Novo assinala-se uma nova etapa na preservação dos testemunhos artísticos

medievais, sobretudo os do período da formação da nacionalidade, em consonância com a

propaganda oficial. Foi, então, criada a Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos

Nacionais que permitiu, ainda que de forma controversa, a conservação de grande parte dos

monumentos religiosos e militares românicos que sobreviveram ao anticlericalismo da I

6 Conforme refere Jorge Rodrigues, citando Gregório I, o Grande, Papa de 590 a 604, que escreveu de forma paradigmática: “a imagem é a escrita dos iletrados” (Rodrigues; 1995: p. 201). 7 Sobre a escultura românica ver ainda (Duby; 1997: pp. 57-58).

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Usos e Funções de um Monumento Românico

República. A acção da DGEMN iniciada nos anos 30 do século passado, visou sobretudo

assegurar a autenticidade dos templos e castelos predominantemente medievais, inclusive

românicos, o que conduziu à destruição de elementos artísticos de épocas ulteriores. A sua

acção manteve-se até aos nossos dias, tendo-se actualizado os critérios da sua intervenção

correspondendo ao recurso de estudos da História, da Arqueologia e da História da Arte

(Rodrigues; 1995: p. 187).

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Usos e Funções de um Monumento Românico

Capítulo 2 – Os Mosteiros

2.1 – O monaquismo e o quadro unificador da sociedade medieval

De acordo com o plano divino, a sociedade medieval estabelece um contrato social assente

numa troca de serviços em que subsistem três categorias de homens – os que oram, os que

combatem e os que trabalham. Esta distribuição de poderes revela o sistema político da época,

baseado no senhorio mas faz também alusão aos motores e às razões do incremento da criação

artística. Explicam as transferências senhoriais que o excedente de riqueza produzido pelos

camponeses, cada vez mais numerosos, e o uso de ferramentas mais adequadas, aumentava o

rendimento, que chegava às mãos dos homens de guerra e dos homens do clero. Estes últimos

recebiam a maior parte dos rendimentos, pois desempenhavam a função tida como mais

prestável, com a obrigação de oferecê-la ao Todo Poderoso, sob a forma de obras de arte, a

fim de alcançar a sua benevolência. Reforçando esta situação privilegiada, no seio do corpo

eclesiástico, o favor dos fiéis dirigia-se aos monges8.

“No século XI, quando o cristianismo concebia ainda as relações entre os homens e o Céu sob a forma de

oferta e contra-oferta, acabava assim por confluir nos mosteiros, essas antecâmaras do paraíso, a maior

parte do luxo da terra” (Duby; 1997: p. 45).

De entre estes, os beneditinos eram considerados os mais puros, que as famílias haviam

colocado ainda em crianças num mosteiro e por isso permaneciam virgens, um estado que os

situava no mais alto grau de perfeição terrena. Superiormente iluminados, em uníssono com

os coros celestes, aclamavam cânticos de louvor em direcção à condescendência Divina. “O

mosteiro intervinha como um órgão de compensação espiritual. Captava o perdão divino e

distribuía-o em seu redor” (Duby; 1993: pp. 66-67).

No contexto da sociedade medieval as instituições monásticas constituíam incontornáveis

centros de poder que lhes advinha não apenas do seu carácter sagrado mas ainda do

conhecimento e do saber, da permanência e objectividade da forma escrita (Saraiva; 1993: p.

73); (Mattoso; 2000: p. 171). Os mosteiros de então, maioritariamente beneditinos,

encontram-se profundamente interligados por fundação, possuem uma grandeza e poder que

lhes é dada pela a protecção de condes ou reis que neles têm os seus panteões.

Concomitantemente, possuem terras, usufruindo de regalias económicas e judiciais e gozando

de grande prestígio, que lhes advinha também da excelência do culto que aí se realizava, da

8 Sobre as ordens sociais medievais ver (Saraiva; 1993: pp. 72-76); (Mattoso; 1993: pp. 177-183); (Duby; 1997: p. 45).

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Usos e Funções de um Monumento Românico

posse de relíquias sacrossantas e da grande consideração que o monge continuava a ter

relativamente ao clérigo secular.

No século XII, em território portucalense, enquanto a guerra da reconquista alargava o

domínio cristão em direcção ao sul muçulmano, as terras junto ao Douro estavam em paz e

prosperavam. Na Galiza, o grande santuário jacobeo era o ponto de convergência da Europa

ocidental com o sul. Daí emergiam os cristãos mocárabes em actos piedosos de peregrinação.

Pelo caminho, as albergarias e os mosteiros amparavam-nos, curava-nos e alimentavam-nos.

Em troca, deixavam um donativo, enriquecendo-os, mas também enriquecendo os senhores

que o patrocinavam. Circunstâncias que conduziam a que os mosteiros fossem os grandes

beneficiários do progresso económico e, consequentemente, o seio de criação artística, sendo

o lugar primordial na encomenda e usufruto da arquitectura e escultura românica (Almeida;

1993: pp. 11-12); (Duby; 1993: pp. 45-54).

2.2 – A observância beneditina e o monaquismo no ocidente peninsular nos séculos IX a

XIII

No período precedente à restauração da diocese de Braga e ao governo de D. Henrique

constata-se uma concentração maciça de mosteiros nessa diocese, que se explica pela vigorosa

tradição monástica local sob a égide, sobretudo, de S. Frutuoso e de S. Martinho de Dume.

Por questões histórico-geográficas, a Península terá sido a última região da Europa a

adoptar o sistema de regra única, numa época em que o monaquismo ocidental observava há

muito a Regra de S. Bento. Com esta nova observância beneditina inicia-se um processo de

mudança trazida pelos monges de Cluny, difusores da liturgia romana, da Reforma

Gregoriana e da Regra de S. Bento. Em poucas décadas, apenas no âmbito das dioceses de

Braga, foram neutralizados quase oito dezenas de mosteiros que optaram pelas novas ordens

ou foram progressivamente extintos.

A Regra de S. Bento, difundida pelos cluniacenses, assenta em dois pilares fundamentais:

Ora et Labora que levam a comunidade a empenhar-se, então, na solenização do culto, na

melhoria do nível de vida em termos de comodidade – alimentação, vestuário, mobiliário,

numa maior actividade económica –, e em ter edifícios mais cuidados a nível artístico. As

características essenciais da Regra de S. Bento reflectem o espírito do seu fundador:

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“(…) a procura incessante de Deus, uma vontade firme, uma energia equilibrada pela doçura e paciência,

uma sensibilidade profunda apoiada numa compreensão mais humanizada da alma humana, uma ternura

paternal com os seus monges e a descrição” (Lencart; 1997: p. 30).

Pelo Concílio de Coyanza, em 1055, a observância beneditina imposta viria já influenciada

pelos costumes e estatutos de Cluny. Esta congregação assentava em estruturas muito

particulares. Em primeiro lugar, a estabilidade e a solidariedade. A estabilidade é concebida

não apenas pela ligação física e espiritual a um mosteiro que o monge nunca mais deixa, mas

como uma ligação moral e religiosa alimentada pela piedade colectiva que une a todos pela

oração; a solidariedade reside na comunidade única, num único mosteiro governado por um

único abade. Em segundo lugar, procura evitar qualquer tipo de autoridade hierárquica que

conduz à isenção do poder papal e episcopal, garantida pela Santa Sé. Por fim, a congregação

cluniacense surge como uma enorme comunidade, organizada segundo as fórmulas da

sociedade feudal (Lencart; 1997: p. 31). Nas características da reforma de Cluny aparece

ainda a tendência para a sumptuosidade nos edifícios, na vastidão do domínio, no número de

monges e dependentes; tendência para explorar o ritual no culto divino e o carácter

globalizante da liturgia, que invade o quotidiano organizado da vida monástica contemplativa;

o enriquecimento das bibliotecas e o desenvolvimento da actividade dos scriptoria.

A introdução da reforma cluniacense no reino de Leão, deveu-se sobretudo às

preocupações reformadoras dos bispos da mesma congregação que ocuparam várias dioceses

em toda a Península Ibérica, nomeadamente em Braga, tendo mosteiros como Pombeiro, Paço

de Sousa, etc. adoptado os seus costumes. E, se maioria dos mosteiros beneditinos em

Portugal não se tornaram isentos da autoridade episcopal, não se lhes opuseram mas

colaboraram com ela. Assim, os condes portucalenses, a nobreza e o próprio episcopado,

garantiram o dinamismo da vida monástica como uma ligação privilegiada entre a vida terrena

e a vida celestial (Lencart; 1997: p. 32).

A Reforma Gregoriana consistiu no movimento reformista da Igreja levada a cabo pelo

Papa Gregório VII9, cuja finalidade era a centralização do poder da Igreja no pontífice. Esta

reforma consistiu, sobretudo, na proibição de todas as formas de domínio do poder senhorial

sobre o espiritual, no sentido de libertar o clero dos laços que o sujeitavam à nobreza feudal.

9 Este movimento foi iniciado em meados do século XI e estendeu-se para além do século XII, sendo durante o pontificado de Gregório VII que esta reforma atingiu a sua etapa mais profunda (Lencart; 1997: p. 32).

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Os cluniacenses foram um dos elementos cruciais da reforma gregoriana, a que não é

alheio o facto de Gregório VII antes de ser Papa ter sido monge de Cluny, havendo, portanto,

um forte vínculo a Roma.

Além da fundamental importância dos beneditinos no território português, deverá

mencionar-se ainda a Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho e, a partir do século

XII, a Ordem de Cister (ver anexos 2 e 3).

2.3 – Os Mosteiros – a espiritualidade e o conhecimento medieval

Considerada desde o Renascimento como período obscurantista e decadente, só em

meados do século XIX a Idade Média passou a ser entendida como uma etapa da história da

civilização ocidental que prepara o caminho da modernidade (Cf. em linha

[www.educ.fec.ul.pt] consultado em 06-04-26).

Para o homem medieval, era fundamental a fundação de um quadro mental unificador,

desenvolvendo instituições como forma de estruturar uma sociedade atrasada, territorialmente

disseminada e culturalmente debilitada. Estas instituições foram os mosteiros, os locais

privilegiados de recolha e aperfeiçoamento das heranças do conhecimento antigo, instituindo

a busca, a conservação, a manutenção e a propagação do saber.

O monaquismo brotou na Igreja em circunstâncias de grande desafio, saindo da

clandestinidade onde se refugiara das perseguições, a Igreja viu-se perante a necessidade de

assumir no início do século IV o papel de religião oficial do império (Cf. em linha

[www.ressurreição.org.br] consultado em 06-04-26). A passagem de uma comunidade cristã

minoritária, composta por fiéis prontos a enfrentar o martírio, a uma Igreja vitoriosa, mesmo

dominadora, traz consigo um relativo enfraquecimento da fé. No Oriente, onde o progresso

global do cristianismo foi prematuro, nasce o movimento eremita. Retirando-se para o

deserto, só – monos, em grego, num clima propício ao conhecimento de si e ao encontro com

Deus, o eremita – da palavra francesa “moine”, monge, leva aí uma vida ascética de prece e

de meditação, perturbada apenas pela visitação daqueles que são atraídos pela sua reputação

de sabedoria e santidade. Mantiveram viva a ligação da Igreja com suas fontes espirituais e,

conquanto seja um modo de vida especial, desde então conservou-se na Igreja a vocação

monástica (Cf. em linha [www.educ.fec.ul.pt]; [www.ressurreição.org.br] consultado em 06-

04-26).

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Usos e Funções de um Monumento Românico

Nos mosteiros beneditinos da Europa medieval, os monges eram arrancados ao minguado

conforto dos seus colchões de palha pelos sineiros, que os despertavam às 2 horas da

madrugada. Percorriam os frios corredores de pedra, em direcção ao primeiro dos seis

serviços diários na igreja, cujo altar, de esplendorosa ornamentação de ouro e prata,

resplandecia à luz das velas. A vida monástica anunciava uma rotina invariável – quatro horas

de serviços religiosos; seis de trabalhos no campo ou nas oficinas; outras quatro de meditação

individual, que entremeavam os dois períodos anteriores. O ascetismo do monge medieval era

muitas vezes vivido no claustro:

“Com a ajuda de tais compilações, onde o conteúdo das obras literárias se encontra feito em bocados e

despojado dos seus atractivos, que o filho de S. Bento, nos tramos do claustro, prosseguia sozinho a longa

ruminação de alguns textos santos, também os imprimia pouco a pouco na memória” (Duby; 1993: p. 78).

Durante o Verão era-lhes servida apenas uma refeição diária, sem carne; no Inverno, havia

uma segunda refeição que ajudava a resistir ao frio. Deitavam-se geralmente pelas 6.30 horas

da tarde. Era esta a vida segundo a Regra de S. Bento10, estabelecida no século VI por Bento

de Núrsia, o italiano fundador da Ordem dos Beneditinos, mais tarde canonizado. A Regra de

S. Bento foi a base das regras monásticas durante a organização do Império de Carlos Magno,

no século IX, que define a vida monástica organizada do renascimento carolíngio.

Nos antigos mosteiros beneditinos, a vida era totalmente comunitária. O trabalho manual

servia essencialmente as necessidades de alimentação e de vestuário mas também para evitar a

ociosidade, acalentando a alma mediante a disciplina do corpo. Posteriormente, quando as

abadias enriqueceram, sobretudo através de doações de fiéis devotos, os dormitórios

comunitários foram substituídos por celas individuais; e foram contratados camponeses para

cuidarem das terras, o que possibilitou a dedicação ao estudo, graças ao qual a Ordem de S.

Bento viria a ser conhecida.

Símbolo que o labor e a espiritualidade eram vividos por um atmosfera harmoniosa são os

cânticos – a música que os monges se serviam para celebrar a Deus e que enchia de melodia

os espaços do mosteiro.

“Estes passavam a maior parte do tempo a cantar em coro. Parecia-lhes conveniente que o edifício

onde se reuniam para salmodiar, onde se desenrolavam as figuras dessa espécie de dança muito lenta que

10 A Regra de S. Bento foi formulada quando este era abade de Monte Cassino, no Sul de Itália, abadia fundada em 529 e que continua a ser um dos grandes mosteiros do Mundo (Cf. em linha [www.educ.fec.ul.pt] consultado em 06-04-26).

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Usos e Funções de um Monumento Românico

eram as suas deambulações processionais (…) apresentasse (…) os reflexos dos esplendores da Jerusalém

celeste” (Duby; 1997: pp. 54-55).

Apesar do rigor da regra beneditina o vinho foi sempre uma bebida permitida. O licor

beneditino resulta da junção de algumas ervas (tradicionalmente cultivavam ervas medicinais)

à aguardente. O vinho ligava bem com as suas refeições simples, constituídas sobretudo por

pão, ovos, queijo e peixe. Embora a carne fosse proibida nos primeiros séculos, algumas

abadias posteriormente adicionaram aos alimentos consumidos aves de capoeira e de caça,

uma vez que o fundador não as mencionara explicitamente entre os mantimentos proibidos.

Todavia, em todas as refeições, reinava o silêncio. Conhecendo a natureza humana, S. Bento

procurava um certo equilíbrio entre a ascese e o comprazimento. Embora os monges fossem

obrigados a levantar-se muito cedo, autorizava a sesta durante o Verão. Recomendava o

silêncio, não completa mudez, existindo uma sala especial, com uma lareira acesa no Inverno,

onde os monges conversavam. O vestuário, simples mas limpo, incluía uma muda do hábito e

da túnica interior. No entanto, o banho era considerado um luxo excessivo, excepto para os

doentes. Na sua imutável rotina, os beneditinos viviam em obediência absoluta ao seu abade

que elegiam, mas cuja autoridade era total e vitalícia. O abade era quem deliberava sobre a

faceta privilegiada do mosteiro — santidade austera, cozinha ou erudição. No interior das suas

paredes maciças, que nenhum cristão ousaria atacar, os mosteiros possuíam bibliotecas onde

conservou grande parte da herança literária da Antiguidade durante os séculos em que a

Europa foi assolada por invasões e guerras intestinas. Na realidade, um dos principais

atractivos dos mosteiros seria a segurança, económica e física, que ofereciam às respectivas

irmandades. Século após século, os monges beneditinos, como os de outras ordens religiosas,

viveram sem temer a fome, a guerra ou o desamparo. Eram ainda reconfortados pelo ideal

que, no fim, a verosímil salvação era lhes mais favorável do que aos camponeses ou aos

cavaleiros, que viviam apegados às coisas mundanas (Cf. em linha [www.educ.fec.ul.pt]

consultado em 06-04-26).

As instituições monásticas eram centros de poder incontornáveis no contexto da sociedade

medieval. O carácter sagrado da sua instituição conferia-lhes a legitimidade para a propagação

de um saber divino que, concomitantemente, define a sua própria supremacia. Os mosteiros

beneditinos tornam-se assim centros culturais que vão desempenhar um papel decisivo na

história da civilização ocidental. Fechados no seu scriptorium – a oficina de escrita e

iluminura, e nas suas bibliotecas, os monges copistas contribuíram de forma decisiva para

salvar do esquecimento as obras literárias da Antiguidade.

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Nos mosteiros espalhados pela Europa, longe do rebuliço das cidades emergentes, surgem

as Escolas Monásticas que, inicialmente, visam somente a formação de futuros monges. E, se

nos seus primórdios funcionavam unicamente em regime de internato, posteriormente abrem

escolas externas com o propósito da formação de leigos ilustres (filhos dos Reis e seus

vassalos). O programa de ensino inicial, muito elementar – aprender a ler, escrever, conhecer

a bíblia (se possível de cor), canto e um pouco de aritmética – vai-se enriquecendo

abrangendo o ensino do latim, gramática, retórica e dialéctica, procurando também imprimir

uma orientação religiosa e doutrinal.

Os mosteiros são, assim, a primeira instituição da cultura do Ocidente Cristão e a primeira

rede organizada de cultura, de conhecimento e de meditação da tradição Ocidental11.

11 Conforme afirma Georges Duby “Antes de 1130, os maiores centros de cultura do Ocidente, os grandes caminhos da nova arte não são pois catedrais, mas mosteiros” (Duby; 1993: p. 71).

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2.ª Parte

O Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro

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Capítulo 3 – A história do Mosteiro

3.1 – Da fundação do Mosteiro à extinção das ordens religiosas

O mosteiro de Pombeiro de Riba Vizela, outrora situado no Território de Sousa, pertence

actualmente à freguesia de Santa Maria de Pombeiro, concelho de Felgueiras, no distrito do

Porto. A administração religiosa de Felgueiras pertenceu à arquidiocese de Braga até finais do

século XIX, e após a divisão eclesiástica das dioceses passou de seguida para a diocese do

Porto (Dias; 1993: p. 44); (Lencart; 1997: p. 49).

Na idade Média, o mosteiro beneficiava da sua privilegiada localização geográfica por se

situar na encruzilhada de duas vias importantes: a que ligava o Porto a Trás-os-Montes, e

outra que da Beira, por Lamego, ia até Braga, um dos Caminhos de Santiago, o que fazia

deste mosteiro albergaria para peregrinos (Fernandes; 1989: p. 86); (Fernandes; 1991: p. 24);

(Lencart; 1997: p. 49).

Diversos autores apontam a origem do mosteiro de Pombeiro na então Ermida de Santa

Maria do Sobrado, templo que fora destruído pelas invasões árabes, sublinhando a carga

simbólica da implantação do edifício religioso. A existência deste anterior mosteiro não é uma

questão consensual, uma vez que alguns autores contemporâneos não consideram esta

afirmação diante a ausência de testemunhos12. Do mesmo modo, não existe unanimidade

relativamente à data precisa da sua fundação13. O primeiro documento autêntico que se refere

a este cenóbio data de 1102, consta de uma doação que o seu fundador D. Gomes Aciegas ou

Echégues e sua mulher, Gontrode, fazem em favor do mosteiro, habitado por beneditinos

cluniacenses desde finais do século XI (Lencart; 1997: p. 50); (Gameiro; 2000: p. 64).

Foi de facto no contexto da Reconquista Cristã do século XI e posterior repovoamento do

território que surge a fundação do mosteiro de Pombeiro pela família que detinha o seu

padroado – os Sousas ou Sousões, uma das mais antigas e prestigiadas linhagens da nobreza

tradicional portuguesa. De acordo com a memória dos livros de linhagem, os Sousas estavam

implantados na sociedade do Entre Douro e Minho desde finais do século IX ao século XIII,

momento da extinção da linhagem com a morte do conde Gonçalo Garcia, falecido em 1284,

12 No seu livro O Costumeiro de Pombeiro, Joana Lencart refere vários autores, inclusive Frei António da Assunção Meirelles que diz não se poder pronunciar sobre esse mosteiro, por não haver documentos que sustentem essa tese (Lencart; 1997: pp. 48-49); M. Fernandes afirma ter-se mantido a tradição de ter havido no monte de Santa Cruz um templo dedicado à Virgem (Fernandes; 1989: p. 85); (Fernandes; 1991: p. 24). 13 A autora Joana Lencart expõe o pensamento de Frei António de Assunção Meirelles que considera como duvidoso de genuinidade uma carta de doação e fundação relativa ao mosteiro de Pombeiro por D. Gomes Aciegas na era de 1097 e que Geraldo Dias Coelho irá corroborar (Lencart; 1997: p. 50).

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sem descendentes legítimos, terminando assim, a mais antiga e legítima família da velha

nobreza do reino (Lencart; 1997: p. 51); (Mattoso; 2000: p. 38 a 42); (Gameiro; 2000: p. 7);

(ver anexos 4 e 5).

Família poderosa de infanções e ricos-homens, cujos chefes de linhagem desempenharam

frequentemente os cargos palatinos de alferes-mor e rapidamente acederam ao de mordo-mor,

cargo que consagrava a mais alta proeminência social e política do reino (Mattoso; 1991: pp.

160-163); (Lencart; 1997: p. 51); (Mattoso; 2000: pp. 85-96); (Gameiro; 2000: p. 46-47)14;

(ver anexo 6). Assim, nas palavras de Mattoso, “de todas as famílias, a mais importante, de

meados o século XII até ao princípio do seguinte, é a de Sousa” (Mattoso; 1991: p. 160).

Os principais benfeitores do mosteiro de Pombeiro foram, indubitavelmente, os Sousas que

através das doações dos fundadores e dos seus descendentes contribuíram para o gradual

enriquecimento patrimonial do mosteiro. Esta instituição a que a família dos Sousas esteve

tradicionalmente ligada, herda e compra igrejas e casais da linhagem na área tradicional da

sua implantação, particularmente na região entre os rios Sousa e Tâmega (Mattoso; 1991: pp.

160-163); (Lencart; 1997: pp. 50-51); (Gameiro; 2000: p. 43).

De entre os benfeitores do mosteiro contam-se concessões feitas por iniciativa da realeza

com o intuito de agradar à família patronal. D. Teresa, mulher do conde D. Henrique,

concedeu-lhe a carta de couto em 1112, confirmada por seu filho D. Afonso Henriques, e

sucessivamente por mais seis monarcas, estabelecendo, assim, o poder senhorial do mosteiro

(Fernandes; 1989: p. 85); (Fernandes; 1991: p. 28); (Dias; 1993: p. 46); (Lencart; 1997: p.

51); (Gameiro; 2000: p. 64)15. Para o enriquecimento patrimonial do mosteiro de Pombeiro

calculam-se ainda doações de bispos16 e os fiéis em geral, e no somatório destas doações de

bens imóveis e de padroados de igrejas, o mosteiro chegou a contar com o total de 37 igrejas e

um rendimento anual de 25 000 cruzados, muito superior a de qualquer outro cenóbio da

arquidiocese de Braga, tendo sido considerado um cobiçado potenteado (Fernandes; 1989: p.

86); (Dias; 1993: p. 46); (Lencart; 1997: p. 51).

Foi também fundamental o papel desempenhado pelos abades perpétuos de Pombeiro que

se empenharam no engrandecimento patrimonial do mosteiro e, em particular, na sua riqueza

14 Sobre a importância da família dos Sousas a nível local e regional e o patronato do Mosteiro de Pombeiro ver ainda (Freitas; 1985: pp. 25-45 e 156-230). 15 Eduardo de Freitas afirma que a carta de couto data de 1 de Agosto de 1150, carta que se encontra incluída em carta de confirmação de 25 de Novembro de 1711 (Freitas; 1995: pp. 173-174). 16 Durante o governo do abade D. Martinho Peres (1289-1317), verifica-se o aumento dos rendimentos sobretudo devido às doações do arcebispo de Braga, D. Martinho (Dias; 1993: p. 47); (Lencart; 1997: p. 52). Sobre o património do mosteiro de Pombeiro ver ainda (Gameiro; 2000: p. 65).

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artística. Parece ter sido durante o abaciado de D. Rodrigo (1252-1276), que o mosteiro

atingiu o seu apogeu arquitectónico, tendo-lhe sido atribuída a construção da galilé

desaparecida, onde se encontravam pintadas as armas da antiga nobreza portuguesa,

considerada um exemplo único da arquitectura medieval portuguesa.

Assim, a intensa actividade artística dos abades comendatários de Pombeiro, tanto na sua

sede como nas igrejas pertencentes ao seu padroado, sublinha a afinidade de valores que

aproximavam a elite desta Ordem Religiosa à aristocracia da época, “(…) também ela ciosa

da distinção social associada à acção mecenático-religiosa” (Afonso; 2005: p. 44).

O Mosteiro de Pombeiro constituiu o primeiro panteão dos senhores de Sousa, afirmando-

se, simultaneamente, como o mais importante espaço funerário do entre Douro e Minho,

sobretudo, durante o século XII e o início do século XIII, e particularmente após a construção

da sua galilé. Ainda que se desconheça a identidade da maior parte dos nobres que aí

elegeram sepultura, dadas as várias reconstruções a que o mosteiro esteve sujeito ao longo da

sua história, algumas inscrições funerárias e antigas memórias permitem determinar a sua

origem familiar, ainda que não seja consensual entre os investigadores a legitimidade dessas

fontes.

Desde logo impõe-se mencionar o seu fundador D. Gomes Aciegas (Freitas; 1985: p.

171), o seu filho, D. Egas Gomes de Sousa (Freitas; 1985: p. 173) e o seu neto, D. Gomes

Nunes, chamado o de Pombeiro, cujo túmulo foi colocado na galilé da igreja (Freitas; 1985:

pp. 179-180); (Lencart; 1997: p. 62); D. Chamoa Gomes, filha de D. Gomes de Pombeiro, e

D. Gil Vasques de Soverosa, neto deste último (Lencart; 1997: p. 62); (Gameiro; 2000: p. 66);

D. Gonçalo de Sousa, o Bom (Freitas; 1985: pp. 179-180), e seu neto D. Vasco Mendes, filho

de D. Mendo, o Sousão (Freitas; 1985: p. 192); (Lencart; 1997: p. 62); (Gameiro; 2000: p.

67). Podemos fazer ainda referência a outras personalidades que escolheram esta igreja para

se fazer sepultar, muitas vezes de forma expressa nos seus testamentos: D. João Afonso de

Albuquerque, Conde de Barcelos (Freitas; 1985: p. 194); (Lencart; 1997: p. 62); D. Margarida

de Sousa (Lencart; 1997: p. 62); D. Martim Peres Ervilhom, Cavaleiro, e sua mulher D. Maria

Afonso (Lencart; 1997: p. 62); Manuel Faria de Sousa, historiador e poeta que faleceu em

Madrid a 2 de Junho de 1649, e para aqui trasladado (Freitas; 1985: pp. 245-246); (Lencart;

1997: p. 62).

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Usos e Funções de um Monumento Românico

Durante a Baixa Idade Média assiste-se a uma progressiva degradação da instituição

monástica beneditina e várias foram as razões que contribuíram para esta situação. Por

ingerência dos patronos, a eleição do abade era motivo de disputas religiosas, políticas e

sociais; desde o século XIII, instituiu-se a claustra – a partilha dos bens monásticos entre a

mesa abacial com dois terços, e a mesa conventual com um; a partir do século XV a “praga

dos abades comendatários” (Dias; 1993: p. 47); os impostos que mosteiros estavam obrigados

a pagar (jantar, aposentadoria e pousada); e a interferência dos bispos nos assuntos internos

dos mosteiros. A tudo isso acrescente-se o facto de os monges aproveitarem a sua condição de

oratores para se dispensarem de trabalhos manuais, entregues a serventes e rendeiros, sem no

entanto compensarem no seu trabalho intelectual nos scriptoria e nas escolas monásticas. “Os

mosteiros continuavam a funcionar mas os monges entregavam-se a uma vida sem

motivações, numa degradação moral e espiritual” (Lencart; 1997: p. 53).

O mosteiro de Pombeiro não escapou a esta conjuntura, sofrendo diversas crises que se

deveram à falta de empenho dos abades e à falta de disciplina dos monges.. Esta situação

agravou-se com os abades comendatários, que muito contribuíram para a ruína do mosteiro,

delapidando os seus bens, mais interessados com o seu bem-estar pessoal.

O mosteiro de Pombeiro foi agregado à Congregação dos Monges Negros de S. Bento de

Portugal em 1569, que tinha como finalidade a reforma dos mosteiros beneditinos

portugueses, agora sob o direito de padroado do monarca. A este propósito, aquando do

reinado de Filipe II de Espanha, verifica-se o desmembramento das rendas do mosteiro de

Pombeiro em favor do mosteiro dos Jerónimos de Belém, em 1586. Situação que apenas seria

resolvida por sentença de 1742, devendo os Jerónimos restituir os bens usurpados ao

mosteiro. O mosteiro de Tibães constituía a cabeça da Congregação e local de realização dos

Capítulos Gerais trienais, onde eram indispensáveis os relatórios no que respeita à

administração do mosteiro (Dias; 1993: p. 48); (Lencart; 1997: pp. 55-56).

A reforma da Ordem conduziu a profundas transformações no mosteiro. Além da

regularização da observância monástica por meio da normalização dos costumes, os edifícios

sofrem grandes alterações, dando origem a um imponente conjunto arquitectónico. O

empenho relativo ao melhoramento do mosteiro estendeu-se ainda em dotá-lo de utensílios

litúrgicos, em engrandecer a biblioteca, cuidar do cartório e fomentar o desenvolvimento da

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Usos e Funções de um Monumento Românico

agricultura e plantação de árvores, pretendendo restaurar o mosteiro do esplendor de outros

tempos.

A renovação artística deu origem a um majestoso conjunto arquitectónico, comparável a

uma catedral (Dias; 1995: p. 121); (Afonso; 2005: p. 37)17. No triénio do abade frei Bento da

Ascensão foi derrubado o edifício antigo e começou-se a erguer um novo templo e novos

claustros. Foi ainda no seu abaciado construída a capela de Santa Quitéria, promovendo-se

assim o culto da santa. Nos anos posteriores executa-se a ampliação e a ornamentação da

estrutura base: alargamento da capela-mor e um retábulo novo com a imagem de Santa Maria

(1744/46); as duas torres (1748); entre 1767 a 1795 Frei José de Santo António Ferreira

Vilaça enriquecia a igreja e o mosteiro com as suas magníficas obras de talha barroca e

escultura (o retábulo-mor 1770/73); os retábulos laterais 174/77 e 1777/ 80; os púlpitos 1776

/77; de 1780 datam os azulejos do claustro representando as cenas bíblicas. Considerado

mestre de escultura e arquitectura, Frei José de Santo António Ferreira Vilaça, tendo

permanecido em Pombeiro durante 25 anos seguidos, fez deste mosteiro a sua sede artística

(Dias; 1993: pp. 48 e 49); (Dias; 1995: p. 125); (Lencart; 1997: p. 58).

Dentro da inovação artística resta ainda mencionar o órgão que ainda subsiste, obra de D.

Francisco António Solha, organeiro galego que viveu em Guimarães. Este órgão é

mencionado nos estados de Pombeiro de 1770 e 1783, tendo havido, pelo menos, mais dois

órgãos, um do século XVII e outro do século XVIII. O terceiro órgão é descrito como “(…)

grandioso, barroco, de tracção mecânica com foles, com características sonoras do barroco

tardio, contando com 48 registos (meios-registos), enquadrado numa artística caixa. As caixas

do célebre órgão de tubos a que fazia “pendant” um não menos belo órgão mudo, são mais

uma obra da autoria de Frei José de Santo António Ferreira Vilaça (1770/ 1773). O interesse

musical manifestado pelos monges beneditinos, entre estes dois seriam organistas, é também

expresso pela valorização dos dotes pessoais e os talentos musicais dos candidatos à vida

monástica (Dias; 1995: p. 120- 125).

Assim, pelo contributo artístico da comunidade beneditina, o mosteiro de Pombeiro

tornou-se num importante pólo cultural da região, correspondendo às características elitistas

em termos sociais atribuídas aquela Ordem Religiosa.

17 Nas palavras de Frei Leão de S. Tomás: “representa a magestade de hua see Cathedral” (Lencart; 1997: p. 59); (Dias; 1995: p. 121); (Afonso; 2005: p. 37).

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Usos e Funções de um Monumento Românico

No século XIX, dois acontecimentos estão na base do retrocesso decisivo de todo o

rejuvenescimento monástico: as invasões francesas e a revolução liberal. As invasões

provocaram o medo e a destruição, dos mosteiros beneditinos, o mais afectado foi o de

Pombeiro, com um incêndio que o destruí quase na totalidade, em 13 de Maio de 1809. Com a

revolução liberal, surge a lei de 1834 que determinava a extinção das ordens religiosas e a

venda dos seus bens em hasta pública. Resultado desta medida, o edifício esteve votado ao

abandono e consequente degradação durante largas décadas (Dias; 1993: pp. 49-50); (Lencart;

1997: p. 58); (Lopes; 2005: p. 48).

3.2 – O Costumeiro de Pombeiro

Joana Lencart, a autora de O Costumeiro de Pombeiro – Uma comunidade beneditina no

séc. XIII, analisa a organização interna do mosteiro, a sua vida quotidiana e o calendário

litúrgico do Costumeiro. O Costumeiro de Pombeiro é uma fonte rica e pioneira no estudo dos

costumes beneditinos em geral no nosso país. E, se na 1.ª Parte se abordou de forma genérica

a vida nos mosteiros beneditinos da Europa medieval, pretende-se agora observar de forma

mais estrita e concisa a comunidade beneditina de Pombeiro, representativa do caso

português.

Os costumeiros constituem um conjunto de normas e disposições internas indispensáveis

ao bom funcionamento da comunidade, normas pelas quais os monges se deviam reger, sendo

assim, “uma expressão mais alargada da Regra de S. Bento, adaptando-a, acrescentando-a, e

completando-a, conforme as circunstâncias” (Lencart; 1997: p. 17). O Costumeiro de

Pombeiro é de tipo litúrgico que organiza o ofício divino em função dos tempos próprios,

comuns e do santoral, intercalando ainda algumas referências a usos e costumes da

comunidade monástica. O conteúdo deste Costumeiro revela tratar-se de uma adaptação do

Ordo Cluniacensis, ou costumes de Bernardo, o monge que os redigiu, no século XI, por volta

de 1070. No contexto do presente trabalho, do conteúdo do Costumeiro será apenas analisada

a organização interna que diz respeito à comunidade e aos oficiais do mosteiro, as suas

atribuições e a sua vida quotidiana.

Na Idade Média, perante a inexistência de fontes directas, o número de monges é calculado

através da densidade populacional. Em finais do século XIII, inícios do século XIV, altura em

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Usos e Funções de um Monumento Românico

que o mosteiro atingiu o seu apogeu, tinha 27 monges18. Somente no final do século XVI, em

1588, com a integração definitiva de Pombeiro na Congregação Beneditina Portuguesa, o

mosteiro volta a atingir estes números, contando então com 20 monges.

Segundo a Regra de S. Bento, acima da comunidade monástica figura o abade, escolhido

dentre a comunidade. O governo do mosteiro, assim como a vida de cada um dos monges

dependia dele. A sua função espiritual principal é a salvação das almas, e só depois, no campo

do poder temporal, a manutenção da observância regular e da disciplina. Nas reuniões do

capítulo deve aconselhar-se para decidir sabiamente (Edições Ora & Labora; 1992: pp. 23-

29); (Lencart; 1997: pp. 71-74). Até finais do século XI, vigora ainda um regime familiar no

seio da comunidade na qual o abade participa intimamente. No entanto, à medida que crescem

os mosteiros, ascende a posição social do abade que, gradualmente, vai-se destacando da

comunidade. De acordo com o Costumeiro, em Pombeiro, um dos mosteiros mais ricos do

norte de Portugal no século XIII, o abade torna-se cada vez mais o administrador, delegando

no prior as questões disciplinares e possivelmente a direcção espiritual da comunidade

(Lencart; 1997: pp. 75-76).

A comunidade é composta por monges, que contribuem para o bom funcionamento do

mosteiro. Os oblatos são os meninos oferecidos pelos pais ao mosteiro, com ou sem bens

materiais, a fim de serem consagrados ao ofício divino. O Costumeiro adopta a designação de

pueri, infantes e iuneves, referindo a participação activa dos meninos na vida em comunidade.

Os noviços submetem-se a um período de provação – o noviciado, com a duração de um ano.

O Costumeiro expõe a participação dos noviços, ainda que figurem em último lugar, nos actos

em geral da comunidade. Todavia, ao contrário da Regra, o Costumeiro não menciona

nenhuma separação, tanto no dormitório como no refeitório, entre noviços e monges. O

Costumeiro faz referências constantes aos conversos, uma espécie de irmãos auxiliares que

habitam no mosteiro, porém não são monges (Edições Ora & Labora; 1992: pp. 65 e 119);

(Lencart; 1997: pp. 77-80).

Nos grandes mosteiros, o abade nomeia oficiais para o auxiliarem nas actividades inerentes

ao bom funcionamento da instituição. Seguindo a hierarquia fixada pela Regra, logo a seguir

ao abade vem o prior, escolhido por este último, ouvido o conselho do mosteiro. Na sua

designação cluniacense, o prior, isto é, o primeiro na ordem dos irmãos, tem em nome do

abade, a seu cargo a orientação espiritual e a disciplina do mosteiro. O Costumeiro de

18 Este número resulta da resposta ao inquérito feito pelo arcebispo de Braga, D. Martinho, ao então abade de Pombeiro, D. Martinho Peres (Lencart; 1997: p. 139).

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Usos e Funções de um Monumento Românico

Pombeiro fala em priores, no plural, os quais surgem em maior número de vezes do que o

abade, prevendo que inúmeras ocasiões este o substitua (Edições Ora & Labora; 1992: pp.

130 e 131); (Lencart; 1997: pp. 81-82).

Ao ecónomo compete gerir as finanças fornecer o vestuário aos monges e ainda ocupar-se

da iluminação do dormitório, da enfermaria, da despensa e da sala dos noviços. Cabe ao

celeireiro o abastecimento alimentar do mosteiro e sua distribuição (Edições Ora & Labora;

1992: pp. 75 e 76); (Lencart; 1997: p. 84). O sacristão é o oficial encarregado da igreja e da

sacristia, do culto e dos seus utensílios. A principal função do armarius é ter a mais alta

jurisdição, não só sobre os livros que tem de conservar, mas também na indicação das lições e

dos responsórios dos ofícios, das epístolas e evangelhos de todos os dias e ainda sobre os

livros que os monges devem ler. Preside ao coro, exercendo também a função de cantor,

substituindo muitas vezes o abade. O esmoler hospedava os viajantes humildes, os peregrinos

menos afortunados, os padres e religiosos em viagem e sobretudo os pobres dando-lhes

alimentos, roupas, lenha e esmolas de todo o género. Em cada mosteiro devia haver pelo

menos dois mestres dos meninos, que os educam no ofício divino. Segundo o Costumeiro, em

Pombeiro estes mestres são pouco menos que os meninos.

Havia ainda o enfermeiro que velava pela saúde e vida espiritual dos doentes, que se

encontravam num edifício à parte do resto da comunidade. O hospedeiro que servia de

recepção para os hóspedes distintos e dos peregrinos a cavalo, recebidos num edifício próprio.

Os vigilantes do mosteiro tinham como função fazer uma ronda pelo mosteiro e velar pelo

cumprimento das funções que cada qual tem destinadas (Edições Ora & Labora; 1992: pp. 82

e 108-110); (Lencart; 1997: pp. 92-93).

O Costumeiro menciona ainda outros oficiais ligados à liturgia, nomeadamente, os

sacerdotes, que presidem ou ajudam à missa; os diáconos e subdiáconos que auxiliam os

sacerdotes no ofício; os cantores, naturalmente, encarregados do canto litúrgico; e os leitores

encarregados das leituras dos ofícios, em particular durante as refeições onde domina o

silêncio absoluto, normalmente, um monge estava incumbido dessa tarefa semanalmente

(Edições Ora & Labora; 1992: p. 85); (Lencart; 1997: pp. 96 e 98); (ver anexo 7).

A vida quotidiana é a questão fulcral do Costumeiro de Pombeiro, e em geral dos

costumeiros beneditinos medievais. As necessidades da vida colectiva e a oração contínua

tornavam imprescindível o estabelecimento de um calendário e de um horário. O horário dos

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Usos e Funções de um Monumento Românico

monges, mutável ao longo do ano, correspondente aos períodos de festa e de jejum e as

estações do Verão e do Inverno, sobretudo nas refeições. O quotidiano do monge estava

sobretudo orientado para a oração e para a celebração do ofício divino. No Costumeiro de

Pombeiro, a inexistência explícita ao trabalho manual dos monges, sublinha a dedicação

quase exclusiva dos monges negros ao ofício divino. A vida coral preenche os vazios

proporcionados pelo desaparecimento gradual do trabalho manual. Os monges de Pombeiro,

dedicavam grande parte do seu tempo a louvar a Deus, tanto no coro, como no altar,

cerimonial associado às procissões que se estendiam ao claustro, frequentemente solenizado

com a queima de incenso. Com Cluny as reuniões capitulares começaram a fazer parte do seu

dia-a-dia. Nestas assembleias lia-se e comentava-se um capítulo da Regra e debatiam-se os

assuntos respeitantes à comunidade, sendo secreto tudo o que sucedia no Capítulo.

Relativamente à alimentação no mosteiro de Pombeiro, pode considerar-se que esta era

bem completa, em que nada faltava. A base da principal refeição monástica diária era

constituída por dois pratos de alimentos cozidos, acrescidos de um outro de legumes ou frutas

e acompanhada de pão e de vinho, que excepção feita dos dias de jejum rigoroso, se mantinha

ao longo do ano (Lencart; 1997: pp.108-115); (ver anexo 8).

No dia-a-dia dos monges havia períodos dedicados ao estudo, ao silêncio e à conversação.

Segundo o Costumeiro de Pombeiro, é no claustro que os monges se entregavam à

contemplação, se dedicavam à lectio divina e ao estudo. A lectio divina é por excelência a

leitura da Sagrada Escritura, incluía ainda a leitura de outras obras, assinaladamente, dos

Santos Padres comentadores e obras de teologia especulativa. Os monges devem, em todo o

tempo, esforçar-se por guardar silêncio, mas principalmente nas horas da noite. Este silêncio,

mais que um silêncio absoluto é um falar comedido, um silêncio intencional. Muitas orações

eram feitas em silêncio e, no refeitório, o silêncio era profundamente respeitado (Edições Ora

& Labora; 1992: pp. 92-93 e 143); (Lencart; 1992, pp.117-119).

O Costumeiro determina um cuidado especial para com os doentes e os mais velhos. Nos

mosteiros beneditinos, assume um lugar de relevo a caridade e a hospitalidade, procurados por

pobres, peregrinos e viajantes em geral. A Pombeiro acedia grande número de pobres, não

apenas pelo facto do mosteiro se encontrar junto a uma importante via que ligava a Castela,

mas também por ser conhecido pelas grandes esmolas (Edições Ora & Labora; 1992: pp. 82-

84); (Lencart; 1997: pp. 124-27).

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O mosteiro beneditino tinha, usualmente, uma biblioteca e um scriptorium. As obras

existentes nas bibliotecas monásticas correspondiam à sua importância e às suas

possibilidades, uma vez que os livros eram muito dispendiosos. O enriquecimento da

biblioteca, além da compra de livros, processava-se através da cópia de manuscritos

emprestados de outras bibliotecas ou copiados no mosteiro e das doações de particulares.

“Para os beneditinos a biblioteca representava o santuário mais precioso a seguir ao oratório,

era o seu tesouro que, naturalmente, precisava de ser guardado” (Lencart, 1997, p. 128). Em

Pombeiro existiria um Ceremonial, um livro que continha as cerimónias, os usos e costumes

do mosteiro, além de um cartório com muitas cartas de doação. O local onde se redigiam as

cartas e os escritos em geral, e onde se compunham os manuscritos e a respectiva

encadernação, designava-se por scrptorium. Aqui procedia-se à ornamentação dos

manuscritos que ia desde as iluminuras, passando pelas letras historiadas, ornamentadas e

filigranadas até às inicias caligráficas. Apesar de haver referências que esse trabalho se

desenvolvia no claustro, nos grandes mosteiros haveria uma divisão própria para o trabalho do

scriptorium que coincidiria com a biblioteca (Lencart; 1997: pp.130-132).

O código penal assume particular importância na Regra de S. Bento sendo retomado pelo

monaquismo cluniacense. Ainda que não mencionado pelo Costumeiro de Pombeiro por se

tratar essencialmente de um livro litúrgico, segundo Frei Leão de S. Thomaz19 o código penal

deste cenóbio é considerado rigoroso. No entanto, e apesar da legislação em contrário, é

conhecida a degradação, tanto espiritual como moral e material, que se instalou na

generalidade dos mosteiros beneditinos, particularmente a partir do século XIV (Lencart;

1997: pp. 132-133)20.

Uma vez mais a Regra de S. Bento orienta o monge quanto ao vestuário, onde o mais

importante era a simplicidade e o indispensável. A peça mais importante e insubstituível – a

túnica de lã, prendia-se com um cinto. A cogula, originalmente um simples capuz, mais tarde

adquiriu várias formas ao unir-se com outras peças de vestuário. O calçado era constituído

pelos pedules, uma espécie de meias e os caligae, as sandálias que protegiam a planta dos pés.

Para a celebração do ofício havia paramentos próprios para os clérigos: alva branca e

comprida, casula, amicto e estola21.

19 Joana Lencart faz referência a Frei Leão de S. Thomaz (Lencart; 1997: p. 132). 20 Sobre o código penal da Regra de S. Bento ver ainda (Edições Ora & Labora; 1992: pp. 94-98). 21 (Edições Ora & Labora; pp. 82-84); (Lencart, op. cit, pp. 133-136).

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Usos e Funções de um Monumento Românico

Nos Costumeiro são referidos alguns detalhes sobre a higiene dos monges. Estes dormiam

com os seus hábitos e, quando se levantavam para o ofício da noite não se lavavam nem

penteavam, só o faziam quando mudavam para os sapatos de dia, antes da hora de Tércia.

Tinham o hábito de lavar os pés depois da hora de Noa e cortavam o cabelo e a barba

quinzenalmente.

3.3 – O edifício monástico

O mosteiro de Santa Maria de Pombeiro, classificado como Monumento Nacional pelo

Decreto de 16 de Junho de 1910, encontra-se implantado numa zona essencialmente rural,

ainda hoje isolado, dominando a paisagem circundante.

A construção primitiva desenrolou-se durante o século IX, e no século XII verifica-se a sua

integral transformação para obedecer às directrizes do românico beneditino de três naves de

quatro tramos e cabeceira tripartida. Juntamente com as Sés Catedrais e alguns outros

templos, a Igreja românica do mosteiro foi das poucas em Portugal a obedecer ao plano de

três naves, o que revela a importância desta casa no contexto medieval do país. O conjunto

monástico foi alvo de várias modificações e reconstruções durante os séculos XVII e XVIII,

que alteram totalmente o carácter do monumento, conservando apenas a planta, os absidíolos

e a frontaria da sua fundação medieval.

Extintas as Ordens Religiosas em 1834, o mosteiro foi pilhado e alienado, tendo uma parte

significativa das suas pedras sido aproveitada para outras obras da região. As intervenções do

Estado Novo despojaram o templo dos então considerados excessos do período barroco, e na

década de 50 do século XX uma intervenção pontual impediu o edifício de ruir.

A fachada conserva o carácter imponente da fundação românica, com um portal axial,

profundo, do século XII, com cinco colunas e quatro arquivoltas, de toros e capitéis

historiados. O portal românico, refeito no período barroco, é enquadrado por duas grandiosas

torres sineiras, ao estilo borgonhês, que substituem a galilé de três naves. O portal é encimado

por uma grande e elaborada rosácea, já protogótica, com paralelos nas vizinhas Igrejas de

Paço de Sousa ou Roriz.

Na sua arquitectura românica, a igreja monástica de Pombeiro obedece ao plano dos

grandes edifícios religiosos portugueses e deriva do modelo beneditino cluniacense – três

naves, com cobertura em madeira, em que os pilares adensos pela adopção de sucessivas

colunas, impedem a visão diagonal, compelindo ao percurso simbólico visivelmente traçado.

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Usos e Funções de um Monumento Românico

Os capitéis românicos deram lugar a outros de talha dourada, de inspiração clássica. A capela-

mor medieval, que seria redonda, foi substituída por nova construção de estilo barroco. As

pinturas murais, descobertas na sequência das intervenções do Estado Novo, foram realizadas

sobre estruturas maioritariamente românicas, confinadas a três zonas: nos dois absidíolos

românicos e num entaipado posto então a descoberto, que noutra época comunicava com o

claustro.

As restantes dependências monásticas românicas foram destruídas ou adulteradas, tal como

aconteceu com o claustro. Este foi remodelado no início do século XIX, numa solução neo-

clássica sem paralelo nos espaços monásticos do norte do país, hoje desmantelado, apenas

com uma ala de colunas e já sem os azulejos que ilustravam motivos bíblicos.

Na escultura, os poucos elementos que subsistem na Igreja actual são de estilo bracarense,

e encontram-se concentrados na zona do nartex da entrada. Os toros das arquivoltas

conservam elementos de escultura vegetalista e zoomórfica, de carácter simbólico, como a

teoria dos quadrúpedes da terceira arquivolta em que figuras humanas e animais são

sustentados pelos pés, numa referência ao Castigo dos Pecadores do Apocalipse. Os capitéis

ostentam motivos fitomórficos, num vegetalismo geométrico muito estilizado.

Dos tempos medievais subsistem, ainda, duas arcas sepulcrais, com baixos-relevos, como

o do cavaleiro de lança em riste que orna uma das faces da arca do conde D. Gomes de

Pombeiro. Arcas que integrariam o panteão de alguns dos nobres que escolheram esta casa

como local de enterramento, o que prova igualmente a vitalidade do Mosteiro nesta época.

Relativamente a outras valências artísticas importa referir, uma vez mais, as obras do Frei

José Santo António de Vilaça – o retábulo-mor, o cadeiral rocaille, a renovação das quatro

capelas laterais e os dois retábulos laterais, do século XVIII. Do mesmo período são as duas

pinturas que se encontram na sacristia, representando O Calvário e O Descobrimento da

Cruz, bem como o magnífico órgão em talha. Dos tempos medievais conservam-se dois

túmulos góticos de nobres que escolheram esta casa como local de enterramento, o que prova

igualmente a vitalidade do mosteiro nesta época.

Deste modo, a magnífica igreja monástica é considerada um dos mais imponentes edifícios

religiosos de Portugal, testemunha de vários estilos desde o período medieval, românico-

gótico, ao barroco (Fernandes; 1989: pp. 131-134); (Almeida; 1993: p. 82); (Dias; 1993: p.

49); (Rodrigues; 1995: p. 215); (Dias; 1995: pp. 120-127); (Lencart; 1997: p. 61); (Plano de

Acção para a Implementação e Dinamização Turística e Cultural da Rota do Românico do

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Usos e Funções de um Monumento Românico

Vale do Sousa, 2004, Tomo III – Anexos, p. vii); (Amaral; 2005: p. 35); (Afonso; 2005: pp.

37 e 38); (Cf. em linha [www.ippar.pt] consultado em 06-04-26).

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Usos e Funções de um Monumento Românico

A envolvente do Mosteiro A Igreja e Mosteiro

Portal principal Pormenor do portal

Interior da Igreja Caixa do órgão

Absidíolo Claustro

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Usos e Funções de um Monumento Românico

3.4 – As intervenções de restauro e conservação na actualidade e as perspectivas para o

futuro do Mosteiro

No dia 1 de Dezembro de 1990 a Câmara Municipal de Felgueiras, em resposta a um apelo

da Secretaria de Estado da Cultura para que o 1.º de Dezembro fosse comemorado em torno

do património cultural edificado, lançou a Campanha “Salvar Pombeiro”, entendendo os

órgãos de poder local ser Pombeiro Monumento Nacional Classificado

“(…) representativo do Concelho e simultaneamente o mais abandonado e a reclamar a justiça, devida ao

seu passado, anterior à própria nacionalidade, e ao papel que desempenhou ao longo da história Local e

Nacional”22.

Desde então foram organizadas pela CMF várias acções, com o fulcral objectivo de

impulsionar a premência em enaltecer este importante monumento, nomeadamente, palestras

e visitas guiadas, conferências, concertos, divulgação da campanha nos meios de

comunicação social, entre outras acções que se foram desenvolvendo ao longo destes últimos

anos.

Assim, a celebração da Restauração de Portugal, em 1992, na igreja de Pombeiro, um acto

carregado de simbolismo, favoreceu a associação histórico-cultural do concelho e de

Pombeiro. Aqui foi proferida a conferência intitulada “O Mosteiro de Pombeiro e os

Beneditinos nas origens de Felgueiras”, pelo Dr. Amadeu Coelho Dias (Frei Geraldo) que

afirmava, então, com veemência:

“Pombeiro é, indiscutivelmente, um tesouro arruinado do património monumental da nação. Se a

Câmara vai lutando e fazendo algo por Pombeiro, o Estado tem dever moral e cultural de fazer mais,

muito mais, até porque desde 1910 que o edifício foi reconhecido e declarado Monumento Nacional”

(Dias; 1993: p. 41).

De entre as acções promovidas pela campanha “Salvar Pombeiro”, ressalta o Fórum “Que

futuro para Pombeiro? – Que Pombeiro para o futuro?” que decorreu na Biblioteca Municipal

nos dias 8 e 9 de Outubro de 1993. Nas conclusões deste fórum esteve presente a urgência de

obras de restauro do monumento (igreja) e classificação da sua envolvente ambiental; a

necessidade de exploração arqueológica do local e dos terrenos próximos, dada a existência

nas proximidades de vestígios de monumentos anteriores à edificação do mosteiro,

nomeadamente, a ponte e a estrada romanas; devolução do monumento e terras a ele

pertencentes à Ordem de S. Bento, sugestão à qual Frei Geraldo, representante da Ordem,

22 Comunicação proferida pelo Vereador D. António Pereira, no 1.º de Dezembro de 1995 (Felgueiras Cidade; 1995: pp. 5-7).

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Usos e Funções de um Monumento Românico

afirmou que a mesma não estaria então em condições de poder aceitar esse acto de justiça,

opção que ficou como uma expectativa a longo prazo; promoção de um estudo aprofundado

do monumento sob a égide de uma Comissão Especial; e a criação da “Associação de Amigos

de Pombeiro”. Relativamente ao futuro projecto para Pombeiro, o Fórum faz alusão a

actividades culturais polivalentes que pudessem emergir do mosteiro, como pólo dinamizador

que, em tempos, Pombeiro constituiu como rota obrigatória nos caminhos de Santiago.

Finalmente, faz referência a uma Casa de Cultura e a uma “Albergaria Museologizada”

(Felgueiras Cidade; 1994: p. 48).

Em 1994-5 o mosteiro foi proposto para centro catalizador das Jornadas Europeias do

Património. Salienta-se ainda o lançamento da obra “A Jóia no Vale”, banda desenhada que

retrata a história do Mosteiro, da autoria de José Ruy, em 1995 (Felgueiras Cidade; 1995: pp.

5-7). Neste mesmo ano, no âmbito da campanha nacional para a recuperação do património

organeiro português, foi realizada em Felgueiras a Mesa Redonda intitulada “A Formação nos

Órgãos Históricos em Portugal”, sob a égide do IPPAR. Na sequência desta acção, o IPPAR

anunciou a intenção da criação e sediação em Pombeiro de uma Oficina/Escola de Restauro

de Órgãos Históricos. Esta posição correspondia ao anseio de que era “(…) digno e justo,

imperioso e urgente que se restaure o órgão de Pombeiro, esse notável instrumento musical e

artístico, para bem do património organeiro nacional”(Dias; 1995: p. 126)23.

Para a revitalização do mosteiro eram essenciais as intervenções no conjunto monástico

que se iniciam pela recuperação e restauro da igreja. A intervenção realizada pelo IPPAR, a

partir de 1993, apoiada num projecto de recuperação da autoria do arquitecto Humberto

Vieira, pautou-se por uma política de intervenção global que se traduziu na realização de

obras imediatas e na aquisição de parcelas alienadas na sequência da expropriação de 1834 e

entendidas como partes relevantes do edificado. A concretização desta intervenção, ao nível

do edifício e do recheio artístico, tornou-se possível ao abrigo de uma candidatura ao III

Quadro Comunitário de Apoio.

No ano de 1994, é lançado o segundo concurso público para a reabilitação e recuperação

de fachadas, coberturas, coro alto, torres sineiras e drenagem exterior do mosteiro. As

posteriores diligências para a negociação e aquisição das parcelas do mosteiro que, em 1995,

ainda se encontravam na posse de particulares, seriam a condição fundamental para o

23 Sobre a criação de uma Oficina/Escola de restauro de Orgãos Históricos ver (Felgueiras Cidade; 1994: p. 6).

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Usos e Funções de um Monumento Românico

desenvolvimento do projecto global de restauro e revitalização do mosteiro de Pombeiro. A

primeira empreitada efectuada nas coberturas, data de 1993, e as drenagens interiores e

exteriores de 1997 e 2002, respectivamente.

Resolvidos os problemas mais graves no imóvel devido às humidades interiores, no âmbito

da política de conservação do recheio artístico, o IPPAR procedeu, em 2002, ao lançamento

da consulta para a realização dos trabalhos de conservação e restauro das pinturas murais. A

importância do conjunto em causa comportou o desenvolvimento de um estudo histórico-

artístico, num trabalho interdisciplinar (Amaral; 2005: p. 36).

Com a aquisição de antigos espaços conventuais que ainda se encontravam na posse de

privados, deu-se início ao Programa de Recuperação e Valorização do Mosteiro de Pombeiro,

uma intervenção global que permitirá devolver ao monumento a sua dignidade perdida.

Durante a entrevista realizada ao arquitecto Maia Pinto24, coordenador do projecto a

desenvolver no mosteiro de Pombeiro por parte do IPPAR, estão praticamente concretizadas

as obras na igreja, faltando ainda a caixa do órgão, o mobiliário e algumas alterações

relacionadas com a decoração. A igreja continua a servir de local de culto, e existem duas

guias para as visitas ao local; nas instalações do mosteiro decorrem semanalmente acções

associadas à catequese das crianças pertencentes àquela paróquia. Os trabalhos arqueológicos

que se iniciaram em 1997/9925, em alguns níveis já estão terminadas, existindo informação

sobre o formato dos claustros e do edifício, no entanto, as escavações vão ainda manter-se

durante alguns anos. Entretanto, para uma futura dinamização do mosteiro são absolutamente

necessárias obras no edifício monástico. Para o espaço envolvente existe um projecto

arquitectónico-paisagístico do IPPAR, tendo este sido apresentado na CMF numa reunião

aberta ao público.

Não obstante a intervenção profunda a que está ser sujeito o mosteiro, de que os boletins

municipais da CMF vão dando conta ao longo destes anos, simultaneamente, essa edilidade, o

IPPAR e a Associação de Desenvolvimento Rural das Terras do Sousa têm promovido

algumas iniciativas de animação cultural acolhidas naquele local, das quais se destacam:

- Concerto do ”Portucale Brass”, da Orquestra Nacional do Porto, na igreja do mosteiro

de Pombeiro, no dia 19 de Setembro de 2004, numa iniciativa do IPPAR, intitulada

24 Esta entrevista decorreu nas instalações da Delegação Regional do Norte do IPPAR, em 29 de Março de 2006 (ver anexo 9). 25 Sobre o estado e trabalhos de conservação ver (PAIDTCRRVS Tomo III – Anexos; 2004: p. viii).

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Usos e Funções de um Monumento Românico

“MO(nu)MENTOS MUSICAIS”, que decorreu em vários edifícios pertencentes a essa

estrutura do Ministério da Cultura (Boletim Municipal Felgueiras; n.º 36: p. 21);

- A celebração do Dia Mundial da Música com um concerto pelo Grupo de Câmara do

Porto, na igreja do mosteiro de Pombeiro, no dia 1 de Outubro de 2004. Esta iniciativa

destinou-se, também, a homenagear o Padre Luís Rodrigues, personalidade felgueirense de

destaque no meio musical português, na passagem dos 25 anos da sua morte (BMF; n.º 36: p.

10);

- A realização da VI edição da “Descalço – Gala Anual de Design de Calçado”, no dia 16

de Julho de 2005, no claustro de Pombeiro, certame co-organizado pela Escola Profissional de

Felgueiras e pela CMF, que contou ainda com o apoio do IPPAR, da Direcção-Regional de

Educação do Norte, do ICEP, do Centro Português de Design, da APPICCAPS e da ANJE26

(BMF; n.º 39: pp. 30-31); (BMF; n.º 40: pp. 6-7);

- Nas Jornadas Europeias do Património, nos dias 24 e 25 de Setembro de 2005 foram

organizadas visitas guiadas a quatro monumentos que integram a Rota do Românico no Vale

do Sousa, incluindo o mosteiro de Pombeiro, acompanhadas pela execução de excertos

musicais (canto, música gregoriana e barroca). Estas jornadas, coordenadas a nível nacional

pelo IPPAR, sob o mote “A música (en)canta o património”, compreendeu a colaboração da

Câmara Municipal que assegurou os transportes das visitas (BMF; n.º 40: p. 25).

No final de 2004, foi anunciada a conclusão do Plano de Acção para a Implementação e

Dinamização Turística e Cultural da Rota do Românico do Vale do Sousa pela Comunidade

Urbana da Região, cujo objectivo principal é o desenvolvimento do turismo nessa área

geográfica. A Rota do Românico do Vale do Sousa integra 21 objectos patrimoniais, dos

quais 5 situam-se no concelho de Felgueiras, sendo a igreja do mosteiro de Pombeiro

considerada uma das mais importantes. Esta temática será abordada no capítulo seguinte, no

entanto, será de ressalvar a importância da implementação desta Rota na conservação,

salvaguarda e valorização deste património histórico-cultural edificado (PAIDTCRRVS,

Tomo I; 2004: pp. 10-23); (BMF; n.º 37: p. 24); (BMF; n.º 38: p. 15).

Em estreita correlação à implantação desta Rota, a ADER-SOUSA, promove desde 2003

uma iniciativa designada por “Encontros de Música das Terras de Sousa”, no âmbito dos

Encontros de Música da Casa de Mateus, cujo objectivo é despertar a participação da 26 ICEP – Portugal – Investimento, Comércio e Turismo; APPICCAPS – Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes e Artigos de Pele e seus Sucedâneos; ANJE – Associação Nacional dos Jovens Empresários.

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população noutras formas de cultura, contribuindo para a divulgação do território pela sua

vertente da autenticidade e qualidade turística. De salientar será o cenário definido para a

apresentação destes Encontros – os monumentos históricos da região que fazem parte da

RRVS. Deste modo, dois dos concertos de música clássica tiveram lugar na igreja do mosteiro

de Pombeiro: o primeiro, “Ensemble Musica Antiqua de Provence”, em 14 de Julho de 2003;

o segundo, “Orchestre Musica Antiqua”, da Orquestra Gulbenkian, em 10 de Julho de 2004

(Desdobráveis do I, II e III Encontros de Música das Terras de Sousa); (BMF; n.º 32/33: p.

10); (BMF; n.º 36: p. 21); (PAIDTCRRVS, Tomo II; 2004: p. 151).

Em Março de 2005, é anunciada a intenção da Delegação Regional do Norte do IPPAR e a

CMF firmar um protocolo de cooperação para o desenvolvimento de um programa de

actividades anual que contemple uma série de eventos culturais no mosteiro de Pombeiro.

Este anúncio, referenciando a valorização e promoção do mosteiro como património

emblemático do românico português, comunica a intenção do mosteiro albergar alguns

espaços com capacidade de utilização de interesse sócio-cultural. Assim, além do serviço de

acolhimento, ainda que limitado, que o IPPAR já dispõe no local, neste protocolo prevê-se a

disponibilização de um serviço de educação, com a possibilidade de realização de um grande

evento âncora e o recrutamento de um animador cultural por parte da Câmara, que ficará

sediado no mosteiro (BMF; n.º 38: p. 15).

Finalmente, aquando da entrevista ao coordenador do projecto para o mosteiro de

Pombeiro do IPPAR, realizada no início deste trabalho, este evidenciou algumas reservas ao

pronunciar-se sobre o projecto para Pombeiro pelo facto de ainda não ter confrontado a então

nova direcção do IPPAR com a sua proposta, não mencionou a questão da criação de uma

Oficina/Escola de Restauro de Orgãos Históricos, já publicamente anunciada, ou fez alguma

alusão ao protocolo de cooperação acima referenciado, acabando por declarar a intenção de

associar o monumento a uma manifestação artístico-cultural com relevância para a música.

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Capítulo 4 – Projecto de Utilização Contemporânea do Mosteiro

de Pombeiro

4.1 – Breve caracterização e recursos turísticos do concelho de Felgueiras

O município de Felgueiras, localizado na parte superior do Vale do Sousa, abrange 116

Km 2, repartidos por 32 freguesias. É constituído por quatro centros urbanos: a Cidade de

Felgueiras, a Cidade da Lixa, a Vila de Barrosas e a Vila da Longra. Limitado a Norte por

Fafe e Guimarães, a Sul por Lousada e Amarante, a Poente por Vizela, e a Nascente por

Celorico de Basto. A Cidade de Felgueiras dista de Guimarães 17 km, de Braga 39 km, e do

Porto 53 km. Situado no distrito do Porto, o posicionamento do território felgueirense no Vale

do Sousa integra-se no quadrante Noroeste da Península Ibérica, onde se entrecruzam

processos históricos da Galiza e de Portugal.

Felgueiras tem uma população residente de cerca de 58 000 habitantes, cuja faixa etária

predominante se situa entre os 25 e os 64 anos, tendo nos últimos anos aumentado

significativamente o nível de escolaridade. Neste concelho existem duas instituições de ensino

superior, a Escola Superior de Tecnologia e Gestão e o Instituto Superior de Ciências

Educativas de Felgueiras, esta última instituição com oferta de ensino na área do turismo,

hotelaria e termalismo.

A nível económico, as actividades predominantes do concelho são: o calçado, a agricultura

e a vitivinicultura. Felgueiras é responsável por 50% da exportação nacional de calçado,

sendo considerada a Capital do Calçado, e por 1/3 dos melhores Vinhos Verdes da região,

tornando-o num dos municípios com maior desenvolvimento económico do Norte do país.

Em termos de rede viária, o destaque vai para o sistema de auto-estradas. A inauguração

recente da auto-estrada A11 que liga à A7 (nesta data encontra-se em fase de acabamento a

parte entre Felgueiras e a A7), com ligação à fronteira de Chaves / Verin permite aceder à

rede espanhola de auto-estradas e ao resto da Europa. Indo pelo outro lado, através da A7 e da

A3, temos também ligação rápida à fronteira de Valença / Tuy, acedendo à Galiza. Além

disso, a A42, proveniente do Aeroporto Sá Carneiro, converge com a A11 num ponto muito

próximo de Felgueiras, o mesmo sucedendo com a A4. Ambas interceptam o IC24/A41,

facilitando a ligação a toda a Área Metropolitana. O futuro prolongamento do IC24 para sul

possibilitará a ligação para o Centro e o Sul do país. Este novo posicionamento estratégico

vem potenciar ao concelho novas vocações empresariais e turísticas nos quadros regional,

nacional e europeu (Cf. em linha [www.cm-felgueiras.pt] consultado em 06-05-01).

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4.1.1 – Recursos turísticos

Ambientes e paisagens: ambiência climática que possibilita, particularmente na Primavera

e no Verão de fruição de “trilhos na natureza”, prática de desportos de “ar livre” (Caminhos

Medievais e os Caminhos Verdes, em Vila Fria – Pombeiro), passeio e piqueniques (Monte de

Santa Quitéria, Santa Marta e Ladário). Associada ao ambiente encontram-se paisagens rurais

tradicionais;

Dentro do património cultural distinguem-se:

O património edificado e artístico – monumentos românicos com grande relevância

cultural, no essencial, a Igreja e Mosteiro de Pombeiro; a Igreja e Mosteiro de S. Vicente de

Sousa, a Igreja Matriz de Unhão, e a Igreja de Santa Maria de Airães;

Considerando o património edificado e artístico não românico de interesse turístico temos

como maiores exemplares: o Santuário de Santa Quitéria; o Calvário ou Via Sacra e Capela

do Encontro, em Caramos; o Mosteiro do Bom Jesus de Barrosas; a Ponte Romana do Arco e

a Casa de Leonardo Coimbra, na Lixa;

O património arqueológico – Centro Interpretativo da Villa Romana de Sendim;

O património rural – testemunhos da tradicionalidade dos modos de vida consubstanciada

em objectos patrimoniais edificados – aldeias com traça arquitectónica vernácula; solares e

casa de antigas quintas agrícolas (Casa de Simães e Solar de Sergude).

Em termos gastronómicos, os pratos típicos são o Cozido à Portuguesa, Bacalhau, Arroz de

Cabidela e os Assados no forno de lenha; na doçaria destacam-se o Pão-de-ló de Margaride e

as cavacas; outros produtos de referência são o Vinho Verde e o Mel.

No artesanato, as rendas e os bordados da Lixa e o filé, são das mais ricas tradições do

concelho; nas artes e ofícios tradicionais distinguem-se os instrumentos de corda

(cavaquinhos, violas, etc).

Na Etnografia observam-se originais usos e costumes, lendas, crendices, canções e artes

populares. Os diversos grupos folclóricos existentes no concelho recriam e divulgam as

tradições que constituem grande parte do património etnológico.

No que concerne às actividades desportivas, além da visibilidade associativa em torno do

futebol, destacam-se o atletismo e a natação. Nesta última modalidade o concelho tem

procurado afirmar-se como Capital da Natação.

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À animação cultural, constituída em grande parte por numerosas festividades tradicionais,

acrescentam-se outros eventos e actividades, principalmente:

o Romaria a Santa Quitéria e Festa de S. Pedro;

o Festa da N.ª Senhora das Vitórias / Feira das Cebolas;

o Festas do Concelho;

o Feira de Maio;

o Feira das Tradições (ou do Fim do Século);

o Festival Internacional de Folclore;

o A Desfolhada Tradicional de Varziela;

o Encontros de Cantores de Reis;

o EXPO Lixa (Feira de Bordados Manuais);

o Encontro de Teatro de Felgueiras;

o Encontros de Música das Terras de Sousa (a sua realização contempla alguns dos

monumentos do Concelho);

o Exposições várias e realização de colóquios e seminários, na Biblioteca Municipal;

o Descalço – Gala Anual de Design de Calçado;

o Rota dos Vinhos Verdes;

o Eventos desportivos: Taça CO.ME.N (Confederação Mediterrânea de Natação) em

Natação Sincronizada; Torneio Internacional de Pólo Aquático Feminino; Grande

Prémio de Atletismo “Cidade de Felgueiras”; Rali Cidade de Felgueiras”.

Equipamentos culturais, desportivos e turísticos:

o Biblioteca Municipal (possui um auditório com capacidade para cerca de 200 pessoas

e um espaço de exposições);

o Casa da Cultura da Lixa;

o Teatro Fonseca Moreira (possui um auditório para cerca de 400 pessoas);

o Museu Casa do Assento (museu etnográfico);

o Casa do Risco (formação e representação de bordadeiras);

o Piscina Municipal (organiza um número crescente de iniciativas desportivas

aquáticas);

o Quinta da Granja (desporto equestre);

o Posto de Turismo da CMF.

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4.1.2 – A Oferta e Procura de serviços turísticos

Os variados locais de restauração oferecem aos visitantes os pratos típicos da região. Em

termos de alojamento, distingue-se pela sua qualidade o Hotel Horus (4 estrelas) e algumas

das casas de Turismo Rural e Turismo de Habitação. Além das pensões e residenciais,

acrescenta-se o Parque de Campismo Rural de Vila Fria.

As dinâmicas dos negócios e as actividades profissionais associados aos produtos locais

com maior relevância económica constituem o principal mercado turístico local. Muitos

visitantes do concelho são consequência das actividades profissionais ligadas à indústria do

calçado e, eventualmente, à produção vitivinícola.

A reduzida oferta de estabelecimentos hoteleiros com qualidade reflecte a incapacidade da

atractividade turística do concelho em vários domínios, resultando numa fraca capacidade de

inovação de produtos. No entanto, esta reduzida oferta pode ser suprimida pela proximidade e

rapidez de acesso a estabelecimentos hoteleiros de Guimarães e do Grande Porto (Fernandes;

1989: pp. 20-21, 84-86, 105-107, 111,131-134); (BMF; n.º 32/33: pp. 15, 19, 21 e 24); (BMF;

n.º 41: p. 18); (PAIDTCRRVS, Tomo I; 2004: pp. 22-23, 38, 44-45, 53-54, 58, 65, 70-81);

(PAIDTCRRVS, Tomo II; 2004: pp. 93, 95, 98, 101, 111, 138, 145-151, 190-194); (Guia

turístico da CMF); (Cf. em linha [www.cm-felgueiras.pt] consultado em 06-05-01).

4.2 – Objectivos do Projecto

O Projecto de Utilização Contemporânea do Mosteiro de Pombeiro pretende valorizar e

divulguar o Mosteiro de Pombeiro, testemunho patrimonial tão importante para a história do

concelho, através da sua musealização, dinamizando culturalmente o monumento e

convertertendo-o em local de visita. Tal utilização não deve afectar a preservação do local

antes deve ser entendida como um contributo para a sua preservação.

A definição de Museu pela Museum Association, UK, actualmente: “Os Museus permitem às pessoas explorar colecções para «alimentar o espírito», aprender e divertir-

se. Os Museus são instituições que coleccionam, protegem e tornam acessíveis artefactos e espécimens de

que tomam responsabilidade a favor da sociedade”27.

27 (Cf. em linha [www.museumsassociation.org/faq] consultado em 06-05-22). “Museums enable people to explore collections for inspiration, learning and enjoyment. They are institutions that collect, safeguard and make accessible artefacts and specimens, which they hold in trust for society. This definition includes art galleries with collections of works of art, as well as museums with historical collections of objects.”

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Assim, com a criação deste espaço museológico pretende-se conceber um museu actual

que colecciona e conserva objectos materiais e imateriais, expõe, é atractivo, dinâmico e

interactivo, e onde o público é uma das principais prioridades.

Objectivos gerais:

Valorizar e conservar o Património Cultural;

Desenvolver o Turismo Cultural;

o Reunir condições que propicionem a fruição turistico-cultural do monumento;

Promover o enriquecimento cultural;

o Dinamização de actividades artístico-culturais com maior incidência nas artes

plásticas e música clássica;

o Colmatar a lacuna da inexistência deste tipo de oferta cultural a nível local e

regional;

o Promover nos jovens a sensibilidade artística;

Utilizar economicamente o património;

Gerar riqueza/ emprego local e regional.

Objectivos específicos:

Projectar a concepção de um espaço museológico;

Definição do Público-alvo;

Definição e descrição dos espaços e serviços do Museu;

Actividades culturais promovidas no Museu;

Apresentação dos materiais informativos e de divulgação.

4.2.1 - Públicos

Público com “background” cultural médio/elevado;

Nichos especializados (Rota do Românico);

Público procedente das visitas de estudo (Escolas e Universidades).

Estratégias

Atrair outros públicos, assinaladamente:

o Seniores;

o Público associado ao turismo de negócios e actividades profissionais.

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Usos e Funções de um Monumento Românico

Criar pontos de interesse;

Reunir o cultural com o lúdico;

Propor Preços diferenciados:

o Preço especial para grupos de estudantes;

o Preço especial para o público sénior na época baixa para o turismo.

4.3 – Definição dos Espaços do Museu

Espaços Públicos de Livre Acesso:

Recepção e Vestuário do Público

Loja/Livraria

Cafetaria

W.C

Zonas de descanso (jardins do claustro)

Espaços Públicos Controlados:

Sacristia

Sala de Leitura

Espaço Criativo

Sala de Exposições Polivalente

Capela

Biblioteca/Centro de Documentação

Sala de Exposições

Sala “O Mosteiro e as origens do Concelho”

Sala de Projecção “Monges beneditinos do séc. XIII”

Auditório (a existir)

Espaços Reservados:

Reprografia

Central de Segurança

Vestuários e Sanitários

Armazém

Serviço Educativo

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Áreas técnicas

Gabinete da Direcção

4.3.1 – Planta do Mosteiro/Museu

A planta do Mosteiro foi estruturada de acordo com a perspectiva de musealização desse

espaço, dividido no Piso 0, Piso 1 e Piso 2. Na Planta do Piso 0 encontra-se um rectângulo a

tracejado, este pretende representar duas situações: por um lado, o local onde se poderá situar

as instalações da Oficina/Escola de Restauro de Órgãos Históricos, por outro lado, o local

para a futura construção de um auditório (ver anexo 10).

4.3.2 – Identificação dos espaços do Mosteiro/Museu

1. Igreja 2. Sacristia 3. Sala de Leitura 4. Corredor 5. Claustro (Jardins) 6. Loja/Livraria 7. Recepção e Vestuário do Público 8. Espaço Criativo 9. Cafetaria 10. W.C 11. Sala de Exposições Polivalente 12. Reprografia 13. Central de Segurança 14. Vestuário e Sanitários 15. Armazém 16. Capela 17. Biblioteca/Centro de Documental 18. Sala de Exposições 19. Sala “O Mosteiro de Pombeiro e as origens do município” 20. Sala de Projecção “Monges beneditinos do séc. XIII” 21. Serviço Educativo 22. Áreas Técnicas 23. Gabinete da Direcção

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Usos e Funções de um Monumento Românico

4.3.3 – Descrição de alguns dos espaços e serviços do Museu

Recepção e bengaleiro do público

Acolhimento (compra de bilhetes), informação geral sobre o horário e o funcionamento do

Museu e divulgação das actividades culturais promovidas. Estas informações também poderão

ser apresentadas sob a forma de desdobrável informativo. Neste local haverá acesso a

informação turística adicional (outros locais a visitar; restauração; hotelaria, etc.), através de

desdobráveis e/ou comunicação informatizada.

Biblioteca/Centro de Documental

Neste local consta toda a bibliografia/documentação directamente relacionada com o

Mosteiro de Pombeiro, bem como literatura associada, nomeadamente, à Ordem beneditina, à

arte e arquitectura religiosa, à organaria, entre outros; obras históricas que versem sobre a

fundação e formação da nacionalidade, correlacionadas com o papel dos senhores dos Sousas

neste território e ao patronato do Mosteiro; literatura sobre as origens e evolução do

município de Felgueiras.

Serviço Educativo/Espaço Criativo

O Serviço Educativo a existir no Museu em torno das visitas de estudo contempla o

Espaço Criativo, que tem particular incidência nas disciplinas de Educação Artística. O

Espaço Criativo é uma oficina-laboratório que pretende desenvolver a sensibilidade, a

imaginação e a criatividade dos jovens estudantes. Com recurso a métodos e técnicas

artísticas, tem por objectivo a produção de trabalhos plásticos (escultura, pintura, desenho) e

performances musicais, tendo como ponto de partida os textos pesquisados. Esta actividade é

desenvolvida no espaço de oficina e em percursos de exploração do Museu e claustro. Para

aceder a este serviço é necessária a marcação prévia.

O Serviço Educativo contempla ainda:

o Bilhetes de entrada diferentes e mais apelativos para as crianças;

o Oferta de certificado comprovativo da visita e horário escolar relativo ao Mosteiro

às crianças que visitam o museu no enquadramento deste serviço.

Sala de Exposições Polivalente

Espaço expositivo, essencialmente, nas áreas da pintura, escultura e fotografia. Este espaço

amplo, serve ainda para a realização de colóquios, workshops e apresentações várias.

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Usos e Funções de um Monumento Românico

Sala “O Mosteiro de Pombeiro e as origens do município”

Espaço expositivo de grande dimensão que versa sobre a história e evolução do Mosteiro

beneditino, divididos em quatro grandes momentos: fundação na Idade Média; integração na

Congregação Beneditina Portuguesa; do apogeu à expulsão dos monges; restauro e

conservação na actualidade. Simultaneamente, é retratada a contextualização histórico-social

do Mosteiro, a estreita relação com a importante Família dos Sousas e ao seu papel na

formação da nacionalidade, e no emergir e consolidar do município felgueirense. Para a

concretização desta sala seriam necessários painéis, legendas identificativas, maquetas que

reproduziriam as diferentes fases construtivas da Igreja e Mosteiro, com informação atractiva

e interactiva para crianças e adultos. Nesta sala seria ainda possível observar os prováveis

testemunhos encontrados nas escavações arqueológicas ainda a desenvolver no claustro do

Mosteiro.

Sala de Projecção “Monges beneditinos do séc. XIII”

Nesta sala pretende-se recriar de forma simbólica a vivência quotidiana dos monges

beneditinos do Mosteiro de Pombeiro na Idade Média. O percurso de entrada na sala efectua-

se por um corredor escuro, iluminado por uma reduzida luz de candieiros em forma de velas e

ao som de cânticos gregorianos. Na sala existem dois bancos compridos colocados em forma

de L e dirigidos a duas diferentes paredes onde são projectados (na totalidade das paredes),

em simultâneo, dois diferentes e curtos filmes (aproximadamente 10 minutos) que retratam as

tarefas efectuadas pelos monges no seu dia-a-dia monástico. Os visitantes, em número

reduzido, podem alternar a sua posição, visionando um e outro filme, sem perturbar a

projecção dos mesmos.

Loja/Livraria

Produtos de merchandising associados ao Mosteiro/Museu e à Rota do Românico,

nomeadamente:

o Lápis

o Esferográficas

o Canetas

o Réguas

o Base para rato

o Base para secretária

o Calendários

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Usos e Funções de um Monumento Românico

o Agenda de endereços

o Bloco de notas

o Pasta porta documentos

o Porta CD's

o Marcadores de livros

o Puzzles

o Postais

o Posteres

o Tshirts

o Chapéus-de-chuva

o Porta-chaves

Artigos de artesanato

Artigos de pequena dimensão realizados por artesãos do concelho de Felgueiras:

o Rendas e bordados alusivos ao Mosteiro e aos restantes monumentos românicos do

concelho, particularmente: sacos de cheiro; quadros e almofadas;

o Artigos em madeira (miniaturas): cavaquinhos, Igreja e Mosteiro (claustro);

o Artigos de gastronomia (miniaturas): Pão-de-ló de Margaride e cavacas; garrafas de

vinho verde e frascos de mel da região.

Livraria

o Bibliografia associada ao Mosteiro de Pombeiro, à Ordem beneditina, à arte e

arquitectura religiosa, à organaria, ao município entre outros;

o Guias (monumentos, hotelaria e restauração);

o Mapas (gerais e específicos);

o CD´s (música clássica);

o DVD´s culturais e turísticos (monumentos, rotas).

Cafetaria

Espaço de restauração aberto diariamente e que em dias programados funcionaria também

como café-concerto. Aqui poderão ocorrer apresentações de livros, recitais, exposições,

demonstração de gastronomia tradicional, entre outros.

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Usos e Funções de um Monumento Românico

A criação deste espaço museológico considera ainda as seguintes situações/materiais que

favorecem a qualificação e funcionamento do Museu:

Criação de sinalética do Mosteiro associada à RRVS (na rede viária);

Painel colocado junto à Igreja, completado no seu interior, sobre a introdução histórica

e interpretação/análise artística;

Painel no exterior do Museu com informação sucinta relativa aos horários de

funcionamento;

Uniformização da sinalética dos percursos no interior do Museu e adequada

identificação dos objectos em exposição;

Redução das barreiras arquitectónicas – acessos adequados a deficientes motores e/ou

pessoas em processo de debilitação física, grávidas, carrinhos de bebé e invisuais;

A produção de uma miniatura do conjunto monástico e uma edição em Braille sobre a

história do Mosteiro destinada a invisuais;

Adesão do Museu ao sistema de certificação Herity que através do seu processo

avaliativo (valor percepcionado, informação transmitida, capacidade de conservação e

serviços oferecidos) permite a melhor gestão do património cultural e contribui para a

sua qualificação e classificação (Cf. em linha [www.herity.it] consultado em 06-05-19.

4.4 – Materiais informativos e de divulgação

Sítio na Internet

Este sítio é actualizado regularmente e está disponível em Português, Inglês, Espanhol e

Francês. A gestão da informação é efectuada num painel de administração que permite

visualizar as estatísticas de utilização do sítio (n.º de visitantes, páginas mais visitadas).

Estrutura do sítio na internet:

• O Museu

o Apresentação

o O Museu

o História do Mosteiro

o Arte religiosa

o Arquitectura religiosa

o Obras de conservação e restauro

o Contactos

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Usos e Funções de um Monumento Românico

o Localização (mapa e indicações adicionais)

o Horários de funcionamento

• Galeria Digital

o Visita virtual

o Galeria de fotografias

• Serviços

o Visitas Guiadas

Formulário de marcação

o Serviço Educativo (informação destinada a escolas e Universidades)

Formulário de marcação

o Loja/Livraria (com possibilidade de efectuar encomenda)

Merchandising

Artesanato

Livros

• Agenda cultural

o Exposições

o Concertos

o Colóquios

o Workshops

o Outras actividades/eventos

• Notícias

• Links

o Instituições/Entidades (ex.: IPPAR, CMF)

o Sítios de informação regional (ex.: Vale do Sousa Digital)

o Rotas Turísticas (ex. RRVS)

o Estruturas hoteleiras do concelho e áreas limítrofes

• Mapa do sítio

• Pesquisa

Em anexo é apresentada uma simulação da página de apresentação do sítio na Internet do

Museu Mosteiro de Pombeiro (ver anexo 11).

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Usos e Funções de um Monumento Românico

Desdobrável de divulgação

O desdobrável está disponível nos idiomas acima assinalados.

• O Museu

• O Mosteiro

• Serviços

o Visitas Guiadas

o Serviço Educativo

o Loja/Livraria

o Cafetaria

• Actividades culturais

o Exposições

o Concertos

o Colóquios

o Workshops

o Outras actividades/eventos

• Localização (mapa e indicações adicionais)

• Contactos

• Horários de funcionamento

Desdobrável informativo

O desdobrável está disponível nos idiomas acima assinalados.

• O Museu

o Organigrama

• O Mosteiro

• Serviços

o Visitas Guiadas

o Serviço Educativo

o Loja/Livraria

o Cafetaria

• Actividades culturais

o Exposições

o Concertos

o Colóquios

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Usos e Funções de um Monumento Românico

o Workshops

o Outras actividades/eventos

• Contactos

• Horários de funcionamento

A marca associada ao Museu está presente nos bilhetes de entrada, desdobráveis, no sítio

da Internet e restantes materiais de divulgação, a saber: produtos de merchandising, cartazes,

outdoors, entre outros.

O Museu e, em particular, a sua Agenda Cultural, seriam divulgados nos seguintes

locais/meios:

• Sítio da internet do Museu;

• Sítio da internet do IPPAR;

• Sítio da Internet, Agenda Cultural, Posto de Turismo, Biblioteca, Casa da Cultura e

Associações Culturais da CMF entre outros;

• No Vale do Sousa Digital;

• Sítio da internet das Câmaras Municipais da Região do Vale do Sousa e respectivas

Bibliotecas Municipais, Casas da Cultura, Associações Culturais;

• Órgãos de Comunicação Social locais e regionais (jornal, rádio);

• Órgãos de Comunicação Social nacionais – jornais, revistas, rádios e TVs –

(actividades/eventos de maior dimensão);

• A divulgação das visitas educacionais teriam particular incidência nas Escolas dos

vários níveis de ensino da região, País, podendo-se alargar ao estrangeiro próximo

(Espanha).

4.5 – Actividades culturais promovidas no Museu

Música

Os concertos musicais podem ocorrer em diferentes espaços do museu, considerando o tipo

de música, o público-alvo e a estação do ano. Assim, estes podem acontecer na Igreja, no

café-concerto, na sala de exposições polivalente e ainda no claustro do Mosteiro. Os concertos

musicais incidirão, particularmente, na música clássica, música erudita e música étnica. De

ressaltar o concerto de organaria previsto para o 1.º domingo de cada mês.

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Usos e Funções de um Monumento Românico

Exposições

Pintura

Escultura

Fotografia

Desenho

Biografias de compositores célebres; destacados cidadãos do município no campo das

artes e da cultura em geral.

Colóquios

Abordagem de diferentes temáticas: música (órgão), arte, história, entre outros.

Livro/Literatura

Lançamento de obras que patenteiem as temáticas associadas ao Mosteiro/Museu e

promoção diferentes actividades com elas correlacionadas.

Teatro

Espectáculos teatrais de recriação da história do Mosteiro ou a eles associados.

Cinema e Vídeo

Ciclos de cinema temático.

Multidisciplinar

Concursos (fotografia, pintura, etc.).

4.5.1 – Plano de Actividades 2007

Janeiro

7, Domingo, 16h00 – Concerto de Natal – Igreja do Mosteiro

14, Domingo, 17h00 – Concerto de Órgão – Igreja do Mosteiro

19, Sexta, 16h00 – Recital de Piano – Sala Polivalente

Durante o mês – Exposições de Escultura destinada a invisuais – Sala de Exposições

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Usos e Funções de um Monumento Românico

Fevereiro

4, Domingo, 17h00 – Concerto de Órgão – Igreja do Mosteiro

10, Sábado, 10h00/17h00 – Colóquio “O Mosteiro de Pombeiro e os Beneditinos nas origens

de Felgueiras” – Sala Polivalente

17, Sábado, 21h00 – Lançamento do livro “A comunidade Beneditina no séc. XIII” – Sala

Polivalente

Durante o mês – Exposição de Fotografia – Sala de Exposições

Março

4, Domingo, 17h00 – Concerto de Órgão – Igreja do Mosteiro

12, Segunda, Abertura do Concurso “Jovens Artistas do Vale do Sousa”

16, Sexta, 09h30/17h30 – Workshop: “A Arte do Românico no Vale do Sousa” – Sala Polivalente

Durante o mês – Exposição de Pintura – Sala de Exposições

Abril

1, Domingo, 17h00 – Concerto de Órgão – Igreja do Mosteiro

20, Sexta, 09h30/17h30 – Colóquio: “O Órgão e A Liturgia” – Sala Polivalente

22, Domingo, 16h00 – Concerto de Páscoa – Igreja do Mosteiro

Durante o mês – Exposição de Fotografia “O 25 de Abril no Meio Rural” – Sala de Exposições

Maio

6, Domingo, 17h00 – Concerto de Órgão – Igreja do Mosteiro

De 5 a 12 – Semana intitulada “MEDITARMO(nu)MENTO”

5, Sábado – 10h00/17H00 – I Encontro Regional de Musicoterapia – Sala Polivalente

10, Quinta – 17h00 – Demonstrações do Origami – cerimónia do chá – Cafetaria

11, Sexta – 14h30 – Demonstrações de gastronomia vegetariana – Cafetaria

De 7 a 11 – 09h00/11h00 – Acções de formação e prática de Ioga/meditação nos

claustros e jardins do Mosteiro

12, Sábado – 21h00 – Concerto de Música Étnica – Claustro do Mosteiro

18, Sexta, Comemorações do Dia Internacional dos Museus

Durante o mês – Exposição de Pintura – Sala de Exposições

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Usos e Funções de um Monumento Românico

Junho

3, Domingo, 17h00 – Concerto de Órgão – Igreja do Mosteiro

8, Sexta, 21h30 – "Ler os Poetas" – poesia no Mosteiro – Cafetaria

16, Sábado – Teatro: “Invasão napoleónica do Mosteiro de Pombeiro”

22, Sexta, 21h00 – Canto Gregoriano – Igreja do Mosteiro

Durante o mês – Exposição de Escultura – Sala de Exposições

Julho

1, Domingo, 17h00 – Concerto de Órgão – Igreja do Mosteiro

6, Sexta, 21h00 – Concerto de Música Barroca – Igreja do Mosteiro

14 e 21 – Sábado – Noites Musicais – Claustro

De 16 a 27 – Projecto Pedagógico “Férias com Arte”

Agosto

5, Domingo, 17h00 – Concerto de Órgão – Igreja do Mosteiro

18 – Noite medieval: Seia e peça de Teatro (gastronomia e trajos alusivos à época)

8 e 25 – Sábado – Noites musicais – Claustro

Durante o mês – Exposição de Pintura – Sala de Exposições

Setembro

2, Domingo, 17h00 – Concerto de Órgão – Igreja do Mosteiro

7, Sexta – Concerto Musical – Claustro

De 8 a 15 – Ciclo de cinema europeu (cinema ao ar livre) – Claustro

Durante o mês – Exposição de Escultura – Sala de Exposições

Outubro

1, Segunda, 21h00 – Celebração do Dia Mundial da Música: Concerto de Música Barroca –

Igreja do Mosteiro

7, Domingo, 17h00 – Concerto de Órgão – Igreja do Mosteiro

12, Sexta, 14h00 – Mesa Redonda: “A Formação nos Orgãos Históricos em Portugal” – Sala

Polivalente

26, Sexta, 21h00 – Concerto Musical (canto, música gregoriana) no âmbito das Jornadas

Europeias do Património – Igreja do Mosteiro

Durante o mês – Exposição de Pintura – Sala de Exposições

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Usos e Funções de um Monumento Românico

Novembro

4, Domingo, 17h00 – Concerto de Órgão – Igreja do Mosteiro

Durante o mês – Mostra “Jovens Artistas do Vale do Sousa 2007”

Dezembro

2, Domingo, 17h00 – Concerto de Órgão – Igreja do Mosteiro

De 22 a 29, Semana Cultural consagrada a “Vivaldi” (Exposição sobre a vida e obra do

compositor, colóquio, concertos musicais).

4.5.2 – Descrição de algumas actividades promovidas no Museu

Projecto Pedagógico “Férias com Arte”

Organização conjunta da Direcção do Museu e Câmara Municipal de Felgueiras em

parceria com as escolas do concelho. O Projecto Pedagógico “Férias com Arte”, a realizar nos

últimos 15 dias do mês de Julho, destina-se a jovens do 2.º e 3.º ciclo de escolaridade e tem

como objectivo fomentar valores artísticos nos jovens.

Actividades a desenvolver: oficinas de Artes Plásticas e Música. Estas actividades seriam

monitorizadas por animadores sócio-culturais e decorreriam de 2.ª a 6.ª feira, das 09h30 às

12h00 e das 14h00 às 17h00. O projecto seria divulgado no sítio da internet do Museu e da

CMF, Escolas, Biblioteca Municipal e Casa da Cultura.

Concurso “Jovens Artistas do Vale do Sousa”

Este concurso seria da organização conjunta da Direcção do Museu e Câmara Municipal de

Felgueiras em parceria com as restantes Câmaras Municipais dos Concelhos e Associações

Culturais pertencentes à Região do Vale do Sousa. O objectivo desta iniciativa visa incentivar

e promover valores emergentes das diferentes áreas artísticas na região do Vale do Sousa.

As áreas a concurso seriam: Pintura, Escultura, Literatura e Música Clássica. Do concurso

lançado no mês de Março resultaria uma selecção a apresentar durante o mês de Novembro,

na Mostra “Jovens Artistas do Vale do Sousa 2007”. A Mostra constará de:

o Exposição dos trabalhos das áreas da Pintura e Escultura;

o Apresentação de espectáculos de música clássica;

o Realização de um Café Literário, onde seria lançada a colectânea “Jovens Escritores

do Vale do Sousa 07”.

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Usos e Funções de um Monumento Românico

O Regulamento do concurso seria apresentado no sítio da internet do Museu, onde se

encontrariam os contactos para a obtenção de informações adicionais, acrescentando-se os

contactos das Câmaras Municipais. O Júri do Concurso seria composto por elementos da

organização do evento e especialistas convidados dos diferentes campos artísticos.

O concurso seria, então, divulgado no sítio da internet das Câmaras Municipais e das

respectivas Bibliotecas Municipais, Casas da Cultura, Associações Culturais e Escolas; nos

meios de comunicação social locais e regionais; e através de desdobráveis, cartazes e

outdoors.

No âmbito do desenvolvimento da Rota do Românico a criação de uma instituição como a

que é proposta poderá explorar relações de interdependência, decorrentes da relativa

proximidade com alguns espaços relevantes no Turismo Cultural e Touring em crescimento

no Noroeste de Portugal, nomeadamente:

O Porto e a sua Área Metropolitana;

O eixo bipolar de Guimarães/Braga;

Os centros urbanos de Amarante, Vila Real e Lamego;

O eixo do Douro (PAIDTCRRVS, Tomo I; 2004: p. 27).

Circunstâncias favorecidas pela crescente distinção e valorização do património cultural,

incentivando os agentes turísticos/hoteleiros no sentido de aumentar a oferta de alojamento de

qualidade, e pela melhoria das acessibilidades que permite um novo posicionamento

estratégico do concelho e possibilita a fruição das actividades turísticas e de lazer.

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Usos e Funções de um Monumento Românico

Conclusão

Ao longo da exposição deste trabalho foram apresentadas diversas conclusões, algumas das

quais importa recapitular aqui numa visão de conjunto.

A Ordem de Cluny desempunhou um papel primordial no desabrochar artístico do século

XI e na difusão do primeiro grande estilo verdadeiramente europeu que une artisticamente o

espaço da Cristandade. A arte românica possibilita a compreensão da génese da cultura

portuguesa e é considerada como o denominador comum da arquitectura religiosa do Norte de

Portugal. Aqui, as ordens religiosas tiveram fundamental importância na consolidação e

organização do território. Da sua organização religiosa e dos preceitos unificadores de Deus

dependiam a estrutura política e administrativa.

A construção dos edifícios românicos, com a solidez e o acabamento que os caracteriza,

acarretaria proporcionalmente vultosos encargos financeiros que provinham de um grande

encomendador que poderiam ser os grandes nobres, os bispos ou uma mais directa

intervenção régia. As ordens religiosas assumiam o papel de patrocinadores dos seus

institutos, cujas fontes de rendimento eram essencialmente os rendimentos das propriedades,

as doações ou os peditórios.

No contexto da sociedade medieval as instituições monásticas constituíam incontornáveis

centros de poder que lhes adivinha não apenas do seu carácter sagrado mas ainda do

conhecimento e do saber, da permanência e da objectividade da forma escrita. A partir do

século IX, o monaquismo no ocidente peninsular inicia um processo de mudança com a nova

observância beneditina trazida pelos monges de Cluny, difusores da liturgia romana, da

Reforma Gregoriana e da Regra de S. Bento.

O mosteiro de Pombeiro fundado em finais do século XI, beneficiava da sua privilegiada

localização geográfica na encruzilhada de vias importantes, uma das quais um dos Caminhos

de Santiago. No contexto da Reconquista, o posterior repovoamento do território à volta do

mosteiro conduzirá ao emergir do actual município felgueirense. A fundação do mosteiro pela

família que detinha o seu padroado, os Sousas, uma das mais antigas e legítimas famílias da

velha nobreza do reino, foram também os seus principais benfeitores que através das suas

doações, bem como dos monarcas e dos fiéis em geral, contribuíram para o seu

enriquecimento patrimonial. No entanto, e tal como a maioria dos mosteiros beneditinos, não

escapou à decadência monástica tardo-medieval, só recuperando no século XVI com a

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reforma da ordem beneditina. No século XIX, verifica-se o retrocesso decisivo do

rejuvenescimento monástico, primeiro com as invasões francesas que destruíram quase a

totalidade do mosteiro, seguidamente, a revolução liberal determina a extinção das ordens

religiosas e a venda dos seus bens em hasta pública, conduzindo ao abandono e degradação do

mosteiro durante largas décadas.

A análise do Costumeiro de Pombeiro permitiu o conhecimento da organização e

actividades da comunidade monástica segundo a Regra de S. Bento. Acima da comunidade

composta por monges figura o abade. O governo do mosteiro, assim como a vida de cada um

dos monges dependiam dele. O abade por si só não podia exercer todas as actividades

inerentes ao bom funcionamento da instituição, por isso, nomeia oficiais para o ajudarem. A

vida quotidiana do monge estava sobretudo orientada para a oração e para a celebração do

ofício divino.

Relativamente à igreja do mosteiro de Pombeiro, esta é considerada um dos mais

imponentes edifícios religiosos em Portugal, testemunha de vários estilos desde o período

medieval, românico-gótico, ao barroco. Em 1990, a Câmara Municipal de Felgueiras lançou a

Campanha “Salvar Pombeiro” e desde então tem vindo a desenvolver variadas acções com o

fulcral objectivo de impulsionar a premência em enaltecer o mosteiro que havia

desempenhado um importante papel ao longo da história local e nacional. As intervenções de

restauro no conjunto monástico, iniciadas em 1993 pelo IPPAR, encontram-se praticamente

concretizadas no que diz respeito à igreja, mantendo-se os trabalhos arqueológicos no

claustro.

Durante a pesquisa realizada para a elaboração deste trabalho foram encontradas duas

diferenciadas propostas sobre o destino do mosteiro: a primeira, sugere a criação de uma Casa

de Cultura e uma “Albergaria Museologizada”, data de 1994; a segunda, do ano seguinte,

anuncia a intenção da criação e sediação em Pombeiro de uma Oficina/Escola de Restauro de

Órgãos Históricos.

A actualidade desta temática e o restrito período de tempo para desenvolver este trabalho

esteve na origem das dificuldades na recolha de informação acerca do projecto para o futuro

de Pombeiro, cujo mosteiro se encontra sob a égide do IPPAR existindo, no entanto, uma

coordenação das actividades aí promovidas com a Câmara Municipal de Felgueiras.

Assim, enquanto o coordenador do projecto para Pombeiro do IPPAR evidenciou algumas

reservas ao pronunciar-se sobre o projecto para Pombeiro pelo facto ainda não ter confrontado

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a então nova direcção do IPPAR com a sua proposta, não mencionou a questão da criação de

uma Oficina/Escola de Restauro de Orgãos Históricos, já publicamente anunciada, acabando

por declarar a intenção de associar o monumento a uma manifestação artístico-cultural com

relevância para a música.

Por seu lado, não foi possível obter informação por parte da Câmara Municipal

de Felgueiras, na representação do seu Vereador da Cultura, devido a compromissos

camarários. Deste modo, e apesar de todo o interesse que teria para o desenvolvimento deste

trabalho, durante a sua realização, não foi possível apresentar o projecto concreto

perspectivado pelas entidades acima mencionadas.

O projecto de Utilização Contemporânea do Mosteiro que realizámos, considera a

implantação do mosteiro no território de Felgueiras e na região do vale do Sousa. Propõe a

criação de um espaço museológico actual dinamizando culturalmente o monumento e

convertertendo-o em local de visita, considerando o significado da implementação da Rota do

Românico do Vale do Sousa para a valorização do património histórico-cultural e o

desenvolvimento turístico da região. A proposta passa pela reconversão de alguns espaço

arquitectónicos, dotando o complexo das seguintes valências principais: Biblioteca/Centro

Documental, Salas de Exposições e Sala Polivalente, Espaço Criativo, Loja/Livraria e

Cafetaria. Desta forma pretende-se criar em volta do velho cenóbio beneditino uma nova vaga

de vida e de animação, reutilizando o local e o edifício, respeitando o seu valor histórico e

patrimonial e promovendo a aproximação das populações locais ao seu património edificado e

de memória.

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Fontes e Bibliografia

1. Fontes

Desdobráveis do I, II e III Encontros de Música das Terras de Sousa promovidos pela ADER-

SOUSA.

Plano de Acção para a implementação e dinamização turística e cultural da Rota do

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do Norte, DHV Consultores, S.A., Tomo I, II e III.

Edições Ora & Labora, (1992). Regra de S. Bento, Mosteiro de Singeverga, 2.ª edição, Roriz,

Santo Tirso.

2. Obras

Almeida, Carlos Alberto Ferreira de (1993). O Românico, in História da Arte em Portugal, O

Românico, Publicações Alfa, Vol. 3. pp 7-82.

Dias, Geraldo J. A. Coelho (1995). O Órgão do Mosteiro Beneditino de Pombeiro

(Felgueiras) – Centro de História da Universidade do Porto, pp. 119-128.

Duby, Georges (1993). O Tempo das Catedrais, in A Arte e a Sociedade, 980-1420. Do

original Le Temps dês Cathédrales. Lárt et la Société, 980-1420 (1966-1967). Tradução de

José Saramago. Colecção Nova História. 1.ª Edição. Editorial Estampa. Mafra: Rolo & Filhos

- Artes Gráficas, Lda, pp. 17-95.

Duby, Georges (1993). O Tempo das Catedrais, in A Arte e a Sociedade, 980-1420. Do

original Le Temps dês Cathédrales. Lárt et la Société, 980-1420 (1966-1967). Tradução de

José Saramago. Colecção Nova História. 1.ª Edição. Editorial Estampa.

Duby, Georges (1997). A Idade Média, in História Artística da Europa, Tomo I, Lisboa,

Quetzal Editores, pp. 29-75.

Ediciones del Prado, Bozal, Valeriano et al. (1996a). História Geral da Arte, Escultura II. A

Escultura Românica, pp. 28-32.

Ediciones del Prado, Goitia, Fernando Chueca et al. (1996b). História Geral da Arte,

Arquitectura II. Origens da Arte Românica, pp. 33-34.

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Editorial Verbo S.A., A Enciclopédia (2004). Românico, Público, Lisboa, n.º 17, pp. 7443-

7447.

Fernandes, M. António (1989), Felgueiras de ontem e de hoje, edição da Câmara Municipal

de Felgueiras.

Fernandes, M. António (1991). Pombeiro e o seu Fundador D. Gomes Aciegas. Lixa, Câmara

Municipal de Felgueiras.

Freitas, Eduardo (1985). Felgerias Rubeas – subsídios para a história do concelho de

Felgueiras. Do Instituto de Coimbra, da Associação dos Arqueólogos de Portugal, da

Associação de Estudos Históricos, da Sociedade de Belas-Artes do Porto, da Sociedade

Martins Sarmento de Guimarães. Felgueiras, 2.ª edição.

Gameiro, Odília Filomena Alves (2000). A Construção das memórias Nobiliárquicas

Medievais – o passado da linhagem dos senhores de Sousa, Lisboa, Sociedade Histórica da

Independência de Portugal, pp. 19-71 e 135-170.

Lencart, Joana (1997). O Costumeiro de Pombeiro – Uma Comunidade Beneditina no séc.

XIII. Dissertação de Mestrado em História Medieval apresentada à Faculdade de Letras da

Universidade do Porto. Lisboa, Editorial Estampa.

Mattoso, José (1991). Identificação de um País, ensaio sobre as origens de Portugal 1096-

1325, volume I, oposição, Lisboa, Editorial Estampa, 4.ª edição, imprensa universitária, n.º

45, pp. 135-163.

Mattoso, José (1993). A Monarquia Feudal (1096-1480), in História de Portugal, segundo

volume, Lisboa, Editorial Estampa, pp. 23-183.

Mattoso, José (2000). Obras Completas, Ricos-Homens Infanções e Cavaleiros – Narrativas

dos Livros de Linhagens, Volume 5, Círculo de Leitores, pp. 17-96.

Rodrigues, Jorge (1995). A arquitectura românica in História da Arte Portuguesa, da Pré-

História ao “Modo” Gótico, Vol I, Maio, Círculo de Leitores, pp. 181-268.

Saraiva, José Hermano (1993), História de Portugal in Biblioteca da História, 4.ª edição

Publicações Europa-América.

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Usos e Funções de um Monumento Românico

3. Revistas e Periódicos

Afonso, Luís Urbano (2005). Propaganda institucional beneditina e metanarrativa cristã nos

frescos de Pombeiro, Património Estudos – Intervenção em Património, Ministério da

Cultura, IPPAR, (N.º 8/publicação trimestral), pp. 37-45.

Amaral, Adriana (2005). As pinturas murais do Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro – Nota

introdutória, Património Estudos – Intervenção em Património, Ministério da Cultura,

IPPAR, (N.º 8/publicação trimestral), pp. 35-36.

Dias, Geraldo J. A. Coelho (1993). O Mosteiro de Pombeiro e os beneditinos nas origens de

Felgueiras in Revista Felgueiras-Cidade, pelouro da Cultura da Câmara Municipal de

Felgueiras, Ano 01, N.º 1, Julho, pp. 41-50.

Felgueiras Boletim Municipal (2003), Edição da Câmara Municipal de Felgueiras, Dezembro,

N.º 32/33, p. 10.

Felgueiras Boletim Municipal (2004), Edição da Câmara Municipal de Felgueiras, Setembro,

N.º 36, p. 10 e 21.

Felgueiras Boletim Municipal (2004), Edição da Câmara Municipal de Felgueiras,

Dezembro, N.º 37, p. 24.

Felgueiras Boletim Municipal (2005), Edição da Câmara Municipal de Felgueiras, Março, N.º

38, p. 15.

Felgueiras Boletim Municipal (2005), Edição da Câmara Municipal de Felgueiras, Junho, N.º

39, p. 30-31.

Felgueiras Boletim Municipal (2005), Edição da Câmara Municipal de Felgueiras, Setembro,

N.º 40, p. 6-7.

Felgueiras Cidade (1995). Etapas de uma campanha, Nº 07, Ano 02, pp. 3-8.

Felgueiras-Cidade (1994). Conclusões do fórum, Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de

Felgueiras, Ano 02, N.º 06, Dezembro, p. 48.

Lopes, Ana Sofia (2005). Intervenção de conservação nas pinturas murais do Mosteiro de

Santa Maria de Pombeiro, Património Estudos – Intervenção em Património, Ministério da

Cultura, IPPAR, (N.º 8/publicação trimestral), pp. 46-50.

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Usos e Funções de um Monumento Românico

Lopes, Ana Sofia (2005). Intervenção de conservação nas pinturas murais do Mosteiro de

Santa Maria de Pombeiro, Património Estudos – Intervenção em Património, Ministério da

Cultura, IPPAR, (N.º 8/publicação trimestral), pp. 46-50.

4. Sítios na Internet

Em linha [www.adersousa.pt]; consultado em 06-05-01

Em linha [www.cm-felgueiras.pt] consultado em 06-05-01

Em linha [www.educ.fec.ul.pt] consultado em 06-04-26

Em linha [www.herity.it] consultado em 06-05-19

Em linha [www.ippar.pt] consultado em 06-04-26

Em linha [www.museumsassociation.org/faq] consultado em 06-05-22

Em linha [www.ressurreição.org.br] consultado em 06-04-26

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ANEXOS

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ÍNDICE

Anexo 1 – Mapa n.º 1 – Arte religiosa românica em Portugal………………………...3

Anexo 2 – Mapa n.º 2 – Os mosteiros beneditinos da diocese de Braga em finais do

século XII……………………………………………………………………………...4

Anexo 3 – Mapa n.º 3 – Os mosteiros beneditinos bracarenses no século XV…….....5

Anexo 4 – Mapa n.º 4 – O património do Conde Gonçalo Garcia de Sousa………….6

Anexo 5 – Mapa n.º 5 – O património dos senhores de Sousa nos vales do Eiriz e do

Sousa…………………………………………………………………………………..7

Anexo 6 – Quadro n.º 1 – Tenências exercidas pelos senhores de Sousa……………..8

Anexo 7 – Quadro n.º 2 – Tábua dos oficiais do Mosteiro……………………………9

Anexo 8 – Quadro n.º 3 – Os alimentos e Quadro n.º 5 – A ementa monástica……..10

Anexo 9 – Entrevista realizada ao Arquitecto Maia Pinto, coordenador do projecto a

desenvolver no Mosteiro de Pombeiro sob a égide do IPPAR……………………….11

Anexo 10 – Planta do Mosteiro/Museu………………………………………………15

Anexo 11 – Imagem - Protótipo do sítio do Museu Mosteiro de Pombeiro…………17

2

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Anexo 1 Mapa n.º 1 – Arte religiosa românica em Portugal (Almeida, op. cit., p. 26).

3

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Anexo 2 Mapa n.º 2 – Os mosteiros beneditinos da diocese de Braga em finais do século XII

(Lencart, 1997, pp. 36 e 37).

01 – S. Salvador de Vitorino das Donas (séc. XI) 17 – S. Martinho de Vila Nova de Sande (994) 02 – Santa Maria de Cerdedelo das Donas (séc. XI) 18 – Santa Eulália de Gaifar (Cendão) (1126) 03 – S. Romão de Neiva (1022) 19 – S. Salvador de Fonte Arcada (sé. XI) 04 – Santa Maria do Carvoeiro (Senhora do Ó) (séc. XI) 20 – S. Bartolomeu e S. Gens de Montelongo (séc. XI) 05 – S. Salvador de Palme (séc. XI) 21 – Santa Maria de POMBEIRO (fin. séc. XI) 06 – S. Martinho de Manhente (séc. XI) 22 – S. Salvador de Travanca (séc. XII) 07 – St. André de Rendufe (1090) 23 – S. Salvador de Vila Cova (Amarante ) (?) 08 – S. Pedro de Rates (1078-1091) 24 – St. André de Telões (1020) 09 – S. Bento da Várzea (1078-1091) 25 – S. João Baptista de Arnóia (1076) 10 – S. Salvador de Vilar de Frades (1059) 26 – S. Salvador de Lufrei (?) 11 – S. Martinho de Tibães (1071) 27 – Santa Maria de Gondar (1202) 12 – Santa Maria (S. Salvador) de Adaúfe (1088) 28 – St. Estêvão de Chaves (1072) 13 – S. Vítor (séc. XI) 29 – S. Salvador de Castro de Avelãs (1143) 14 – S. Pedro de Lomar (1088) 30 – S. Miguel de Refojos de Basto (1131) 15 – Santa Maria de Vimieiro (1127) 31 –S. Salvador de Arnoso (séc. XI) 16 – S. Salvador de Figueiredo (séc. XI)

4

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Anexo 3 Mapa n.º 3 – Os mosteiros beneditinos bracarenses no século XV (Lencart, 1997, p.

38).

5

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Anexo 4 Mapa n.º 4 – O património do Conde Gonçalo Garcia de Sousa (Gameiro, 2000, p.

27).

6

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Anexo 5 Mapa n.º 5 – O património dos senhores de Sousa nos vales do Eiriz e do Sousa

(Gameiro, 2000, p. 30).

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Anexo 6 Quadro n.º 1 – Tenências exercidas pelos senhores de Sousa (Gameiro, op. cit., p. 57).

8

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Anexo 7 Quadro n.º 2 – Tábua dos oficiais do Mosteiro (Lencart, 1997, p. 97).

TÁBUA DOS OFICIAIS DO MOSTEIRO

Em Latim

Em Português

Abbas Prior Camararius Cellerarius Refectorarius Potegarius Sacrista Armarius Elemosinarius Magistri Gramaticus Infirmarius Hospitalarius Circatores Praecentor Sacerdos Diaconi et subdiaconi Cantores Lectores Custodes ecclesiae Custodes infantum Custodes iuvenum Famuli abbatis Famuli apotece Famuli camararii Famuli cellerarri Famuli elemosinarii Famuli potegarii Famuli quoquine Famuli sacristae Servitores

Abade Prior Ecónomo Celeireiro Refeitoreiro Encarregado da adega Sacristão Encarregado dos livros Esmoler Mestres Gramático Enfermeiro Hospedeiro Vigilantes do mosteiro Encarregado do coro Sacerdote Diáconos e subdiáconos Cantores Leitores Encarregado da igreja Encarregado das crianças Encarregado dos jovens Criados do abade Ajudantes do encarregado da adega Ajudantes do ecónomo Ajudantes do celeireiro Ajudantes do esmoler Ajudantes do encarregado da adega Ajudantes da cozinha Ajudantes do sacristão Ajudantes; criados

A Comunidade

Oblati Novitii Conversi

Oblatos Noviços Conversos

9

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Anexo 8 Quadro n.º 3 – Os alimentos (Lencart, 1997, p. 114)

OS ALIMENTOS

Alimentos

Diários

Fora do Jejum e Abstinência

Suplemento Alimentatar

Pão Vinho Legumes Peixe Carne de Aves Frutas Ovos Queijo Manteiga Pastéis de carne Doces: crespelli nebulae caseate brachiales Especiarias: Pimenta Canela Generale 1 Pietancia 2 Mixtum 3 Collatio4

X X X X X X

X X X X X X X X X X

X X X X

1 – Porção individual de legumes

2 – Pequena quantidade de alimento ou de bebida 3 – Refeição leve 4 – Bebida suplementar

Quadro n.º 5 – A ementa monástica (Lencart, 1997, p. 114)

A EMENTA MONÁTICA

Dois pratos

de alimentos cozidos ( peixe ou carne de aves)

Um prato

de legumes e/ou frutos cozidos ou frescos (conforme a época)

Por dia:

uma libra de pão uma hemina de vinho

Proibido:

carne de quadrúpedes (excepto para os doentes)

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Anexo 9 Entrevista realizada ao Arquitecto Maia Pinto, coordenador do projecto a desenvolver

no Mosteiro de Pombeiro sob a égide do IPPAR, nas instalações da Delegação do

Norte do IPPAR, em 29 de Março de 2006.

1. Quando se iniciou a intervenção do IPPAR no Mosteiro de Pombeiro?

Intervenção do IPPAR iniciou-se nos finais da década de 80 e o Programa de

recuperação na década de 90.

2. Qual a importância da Campanha “Salvar Pombeiro”, nos inícios dos anos

90?

O Arq. referiu que o IPPAR não pode alhear-se da envolvente e esteve atento à

dinâmica da Câmara Municipal. Foi importante que a Câmara demonstrasse interesse,

embora já houvesse por parte do anterior presidente da Câmara, Júlio Faria, uma

dinâmica nesse sentido, mais incipiente, em termos de cooperação.

3. Qual é a actual situação em termos das obras de recuperação e conservação

do mosteiro?

Actualmente existe a preparação para a futura gestão do IPPAR. Já se realizaram

obras na igreja, decorrem as escavações arqueológicas, existem duas guias para as

visitas ao local… Trata-se de uma fase preparatória de investigação arqueológica e

histórica, uma preparação para encontrar um sistema de gestão.

4. Qual o projecto do IPPAR para o Mosteiro de Pombeiro?

O Arq. Maia Pinto referiu que as actividades desenvolvidas no Mosteiro de

Pombeiro passam pela coordenação do IPPAR e da Câmara Municipal. O Arq. já

apresentou uma proposta de dinamização do Mosteiro, no entanto, quis ressalvar que

a nova direcção do IPPAR ainda não foi confrontada com essa proposta.

5. O futuro projecto passa pela criação de um centro de documentação?

Na opinião do Arq. Maia Pinto este centro de documentação tem de existir devido

à relação Igreja/Estado, pelo facto do Mosteiro estar associado a uma ordem religiosa,

com arquitectura e ideologia idêntica a outras, pela realidade monástica…

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O centro de documentação propriamente dito, faz mais sentido existir em Tibães.

Aí encontra-se já a funcionar, ainda que em estado embrionário, tendo, portanto,

iniciado há mais tempo. Por outro lado, Tibães e Pombeiro não são dissociáveis. No

entanto, será necessário existir em Pombeiro uma investigação específica sobre o

monumento (temporal ou não).

6. O que está, então, perspectivado para o Mosteiro de Pombeiro?

De acordo com o Arq. Maia Pinto, a perspectiva para Pombeiro passa pela criação

de um centro expositivo que verse sobre a realidade do quotidiano. Neste momento,

fez referência à realidade social local – interesses e situações complexas e com pouco

cimento a ligar tudo isso. Não há base cultural nem acções relevantes. O

desenvolvimento está muito associado à economia, sendo a cultura o último plano.

O Arq. Maia Pinto salientou o papel dos Mosteiros – a associação da fé e da

cultura, a produção de livros em diversas áreas, a divulgação da música e cantos

gregorianos, os conhecimentos ao nível da medicina (ervas aromáticas), da

gastronomia, etc. O objectivo do projecto visa associar ao monumento uma

manifestação artístico-cultural: galeria de pintura, escultura, organaria…

Refere o exemplo de Amarante que, essencialmente, através do Museu de Amadeo

de Souza Cardoso e da Orquestra do Norte (importou músicos, muitos dos países de

Leste, que agora são professores de música, formam jovens que também sensibilizam

os pais…), a referência a algumas personalidades como Teixeira de Pascoais, entre

outras, que possibilitam um maior desenvolvimento de actividades culturais.

(Ao que acrescentei que desenvolvimento do turismo permitiu também uma maior

abertura das mentalidades locais).

Relativamente a Pombeiro, no essencial, o objectivo será o desenvolvimento das

componentes turística e cultural. Abrir o mosteiro ao público através das visitas, do

desenvolvimento de rotas integradas no circuito, ressaltando o papel da Música, por

exemplo, através da instalação de um centro avançado de estudos musicais; de um

programa de animação cultural, com músicos já formados, realização de seminários,

laboratórios de som e complementar com exibições musicais para concerto.

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7. Em termos culturais, quais as actividades já desenvolvidas no Mosteiro?

Os concertos musicais, o descalço, são actividades esporádicas, não inseridas numa

estratégia cultural, portanto, não muito relevantes, as acções planeadas são mais

difíceis mas mais eficazes.

8. O que será necessário para implementar a futura gestão do IPPAR?

O Arq. salientou que são necessárias obras no edifício. Em alguns níveis as

escavações já estão terminadas, existindo informação sobre o formato dos claustros e

do edifício, no entanto, essas vão ainda manter-se durante alguns anos.

Para o espaço envolvente já existe um projecto arquitectónico-paisagístico que visa

a organização da envolvente e que foi apresentado na Câmara Municipal de

Felgueiras numa reunião aberta ao público. Relativamente à Igreja falta ainda o órgão

(caixa), o mobiliário e algumas alterações relacionadas com a decoração. Face à

questão da autorização do pároco para o desenvolvimento de actividades culturais na

Igreja, o Arq. referiu que existe uma concordata, ou seja, é necessária a autorização do

Bispo para o desenvolvimento de actividades nesse local de culto.

9. Perante o enquadramento da proposta do trabalho final do Curso de

Turismo Cultural – muselização do Mosteiro e dinamização de actividades

culturais, qual a receptividade face à proposta do trabalho?

O Arq. ressalvou a importância da restauração. No entanto, relativamente à

proposta de existência de lojas de artesanato disse que a comercialização não é o

objectivo fundamental desses espaços culturais. Mais importante que no local, a parte

comercial poderia passar pelos aeroportos, no sentido em que vende-se mais devido

ao trânsito de um maior número de pessoas e a publicidade que pode induzir à visita a

Pombeiro ou outros monumentos.

Relativamente à comercialização de artesanato, o Arq. disse ser difícil definir a

qualidade do artesanato e sugere a criação de um estabelecimento fora do Mosteiro.

Uma loja necessita de um armazém, com tudo o que isso implica, existe o problema

dos stocks, faltam algumas peças, deixa de existir um serviço de qualidade e quantas

mais valências houver num espaço pior é a sua gestão.

Salientou que o importante será criar formas de os visitantes repetirem a visita, por

exemplo através de exposições e da música.

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(Nesta altura referi que o objectivo seria criar um Museu moderno, dinâmico, que

procure atrair públicos diversificados – escolas, universidades (História da Arte), o

público sénior, atraindo mesmo outros públicos como os homens de negócio através

da restauração e da dinâmica proporcionada por diversas actividades culturais).

A título de exemplo, o Arq. Maia referiu a gestão no Japão e na Suécia. Sugeriu

colocar as fábricas a comprar concertos para os operários o que possibilitará uma

maior coesão entre os mesmos. Tal não seria fácil de implementar, poderia ser

necessário o diálogo com os filhos de empresários ou técnicos da empresa, como

forma de sensibilizar para estas questões, com o objectivo de “pôr os empregados a

pensar”. Considerou que estes não são efeitos a curto prazo, mas chama gente ao

local.

Relativamente à sugestão de algumas actividades culturais no âmbito do projecto

do trabalho final da Pós-graduação em Turismo Cultural, o Arq. Maia Pinto sugere

não designar de Museu, acrescentando que existe uma ideia depreciativa subjacente

ao Museu, e referiu a importância dos contributos, do brainstorming para o

desenvolvimento de novos projectos.

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Anexo 10 - Planta do Mosteiro/Museu

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Anexo 10 - Planta do Mosteiro/Museu

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Anexo 11

Imagem - Protótipo do sítio do Museu Mosteiro de Pombeiro

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