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USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL E ATA NOTARIAL Arthur Del Guércio Neto

Usucapião extrajudicial e ata notarial · 2018-08-20 · essencial da ata notarial ante a ausência de previsão no rol taxativo (item 138, Subseção IX, Seção II, ... Novo CPC

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USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL

E

ATA NOTARIAL

Arthur Del Guércio Neto

“Ata notarial é o instrumento público peloqual o tabelião, ou preposto autorizado, apedido de pessoa interessada, constatafielmente os fatos, as coisas, pessoas ousituações para comprovar a existência ou oseu estado” (Paulo Roberto Gaiger Ferreirae Felipe Leonardo Rodrigues)

http://www.atanotarial.org.br/

Art. 364, CPC. O documento público faz prova nãosó da sua formação, mas também dos fatos que oescrivão, o tabelião, ou o funcionário declarar queocorreram em sua presença.

Art. 384, Novo CPC. A existência e o modo deexistir de algum fato podem ser atestados oudocumentados, a requerimento do interessado,mediante ata lavrada por tabelião.

Parágrafo único. Dados representados porimagem ou som gravados em arquivos eletrônicospoderão constar da ata notarial.

Lei Federal n° 8.935 – Lei dos Notários eRegistradores

Art. 6º Aos notários compete:

III - autenticar fatos.

Art. 7º Aos tabeliães de notas compete comexclusividade:

III - lavrar atas notariais;

ATA ESCRITURA

Assessoria Notarial Assessoria Notarial

Imparcialidade Imparcialidade

Fatos Jurídicos Atos e Negócios Jurídicos

Autenticatória Constitutiva

O Tabelião é o autor

As partes não atuam

O Tabelião é o autor, descrevendo a

ação negocial das partes

Registro de fatos para proteção de

direitos

Relação jurídica

Desistência da assinatura da parte: o ato

pode ser completado, a critério do

tabelião

Desistência da assinatura da parte: o ato

fica incompleto. O tabelião não pode

completá-lo

Sem juízo de valor ou opinião sobre os

fatos, mas com cautela legal

Juízo de valor sobre a legalidade

Descrever fatos que contenham ilícito:

pode

Objeto ilícito: não pode

137. Ata notarial é a narração objetiva, fiel edetalhada de fatos jurídicos presenciados ouverificados pessoalmente pelo Tabelião deNotas.

137.1 A ata notarial é documento dotado defé pública.

137.2 A ata notarial será lavrada no livro denotas.

138. A ata notarial conterá:

a) local, data, hora de sua lavratura e, se diversa,a hora em que os fatos foram presenciados ouverificados pelo Tabelião de Notas;

b) nome e qualificação do solicitante;

c) narração circunstanciada dos fatos;

d) declaração de haver sido lida ao solicitante e,sendo o caso, às testemunhas;

e) assinatura e sinal público do Tabelião deNotas.

139. A ata notarial poderá:

a) conter a assinatura do solicitante e de eventuaistestemunhas;

b) ser redigida em locais, datas e horas diferentes, namedida em que os fatos se sucedam, com descriçãofiel do presenciado e verificado, e respeito à ordemcronológica dos acontecimentos e à circunscriçãoterritorial do Tabelião de Notas;

c) conter relatórios ou laudos técnicos de profissionaisou peritos, que serão qualificados e, quandopresentes, assinarão o ato;

d) conter imagens e documentos em cores, podendoser impressos ou arquivados em classificador próprio.

2ª VARA DE REGISTROS PÚBLICOS

Tabelionato de Notas – Consulta – Ata Notarial –Obrigatoriedade da participação do solicitante –Lavrada a ata, observância do item 52.2, doCapítulo XIV, das Normas da Corregedoria Geralda Justiça – Cobrança de 1/3 das custas devidas,estando a ata lavrada o solicitante nãocomparecer – Fica a critério do tabelião eleger oprazo entre a constatação e a lavratura da ata,adotado os critérios de razoabilidade eproporcionalidade diante do caso concreto.

(...)

A assinatura do solicitante não configura requisitoessencial da ata notarial ante a ausência de previsãono rol taxativo (item 138, Subseção IX, Seção II,Capítulo XIV, das Normas da Corregedoria Geral daJustiça), mas sim requisito facultativo, nos termos doitem 139, Subseção IX, Seção II, Capítulo XIV, dasNormas da Corregedoria Geral da Justiça.

Noutra quadra, é imprescindível que a ata notarialcontenha “declaração de haver sido lida aosolicitante e, sendo o caso, às testemunhas”, naforma do item 138, “d”, Subseção IX, Seção II,Capítulo XIV, das Normas da Corregedoria Geral daJustiça; portanto, impossível a lavratura do ato sema participação de quem a requereu.

No tocante ao prazo para o comparecimento do solicitantena serventia após o encerramento das diligências, poraplicação analógica e sistemática das normasadministrativas, cabe utilizar o prazo previsto no item 52.2,Subseção II, Seção IV, Capítulo XIV, das Normas daCorregedoria Geral da Justiça, referente às escrituraspúblicas, qual seja, 30 (trinta) dias da lavratura do ato,adequando-se.

Na ausência de comparecimento, o ato deverá serencerrado como incompleto, consoante regramento geralincidente.

Por fim, o prazo para lavratura do ato após o encerramentoda diligência deverá ser o mínimo possível consoantecritérios de razoabilidade e proporcionalidade aplicados aocaso concreto pelo paradigma da prudência notarial, sempossibilidade de interferência ou desistência da parte dosolicitante.

140. O Tabelião de Notas deve recusar aprática do ato, se o solicitante atuar oupedir-lhe que aja contra a moral, a ética, oscostumes e a lei.

140.1. É possível lavrar ata notarialquando o objeto narrado constitua fatoilícito.

Casos práticos:

- internet e e-mail

- telefone celular

- estado de imóveis

- vistoria

- gravação de diálogo telefônico

Art. 1.071, Novo CPC. O Capítulo III do Título V daLei no 6.015, de 31 de dezembro de 1973 (Lei deRegistros Públicos), passa a vigorar acrescida doseguinte art. 216-A:

Art. 216-A. Sem prejuízo da via jurisdicional, éadmitido o pedido de reconhecimentoextrajudicial de usucapião, que será processadodiretamente perante o cartório do registro deimóveis da comarca em que estiver situado oimóvel usucapiendo, a requerimento dointeressado, representado por advogado, instruídocom:

Provimento 65 do CNJ

Art. 2º Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido opedido de reconhecimento extrajudicial da usucapiãoformulado pelo requerente – representado por advogadoou por defensor público, nos termos do disposto no art.216-A da LRP –, que será processado diretamente no ofíciode registro de imóveis da circunscrição em que estiverlocalizado o imóvel usucapiendo ou a maior parte dele.

§ 1º O procedimento de que trata o caput poderá abrangera propriedade e demais direitos reais passíveis dausucapião.

§ 4º Não se admitirá o reconhecimento extrajudicial dausucapião de bens públicos, nos termos da lei.

2VRP Processo 1097955-15.2017.8.26.0100

Estribada na especialidade que detém sobre a análise doinstituto da usucapião, esta Juíza antevê que a inovaçãotrazida pela Lei 13.465/17 permitirá ao interessado queobtenha um resultado mais célere, de forma ágil eracionalizada, no procedimento de usucapião extrajudicial.Feitos esses breves esclarecimentos, no intuito de seconferir concretude à aclamada desjudicialização dausucapião, faculta-se à parte autora que manifeste se teminteresse em optar pela via administrativa, em dez dias.

Antes da Lei Nº 13.465 Depois da Lei Nº 13.465

I - ata notarial lavrada pelo tabelião,

atestando o tempo de posse do

requerente e seus antecessores, conforme

o caso e suas circunstâncias;

I - ata notarial lavrada pelo tabelião,

atestando o tempo de posse do requerente

e de seus antecessores, conforme o caso e

suas circunstâncias, aplicando-se o

disposto no art. 384 da Lei no 13.105, de 16

de março de 2015 (Código de Processo

Civil);

II - planta e memorial descritivo assinado

por profissional legalmente habilitado,

com prova de anotação de

responsabilidade técnica no respectivo

conselho de fiscalização profissional, e

pelos titulares de direitos reais e de outros

direitos registrados ou averbados na

matrícula do imóvel usucapiendo e na

matrícula dos imóveis confinantes;

II - planta e memorial descritivo assinado

por profissional legalmente habilitado, com

prova de anotação de responsabilidade

técnica no respectivo conselho de

fiscalização profissional, e pelos titulares

de direitos registrados ou averbados na

matrícula do imóvel usucapiendo ou na

matrícula dos imóveis confinantes;

§ 2o Se a planta não contiver a assinatura

de qualquer um dos titulares de direitos

reais e de outros direitos registrados ou

averbados na matrícula do imóvel

usucapiendo e na matrícula dos imóveis

confinantes, esse será notificado pelo

registrador competente, pessoalmente

ou pelo correio com aviso de

recebimento, para manifestar seu

consentimento expresso em 15 (quinze)

dias, interpretado o seu silêncio como

discordância.

§ 2o Se a planta não contiver a assinatura

de qualquer um dos titulares de direitos

registrados ou averbados na matrícula do

imóvel usucapiendo ou na matrícula dos

imóveis confinantes, o titular será

notificado pelo registrador competente,

pessoalmente ou pelo correio com aviso

de recebimento, para manifestar

consentimento expresso em quinze dias,

interpretado o silêncio como

concordância.

§ 6o Transcorrido o prazo de que trata o §

4o deste artigo, sem pendência de

diligências na forma do § 5o deste artigo

e achando-se em ordem a

documentação, com inclusão da

concordância expressa dos titulares de

direitos reais e de outros direitos

registrados ou averbados na matrícula do

imóvel usucapiendo e na matrícula dos

imóveis confinantes, o oficial de registro

de imóveis registrará a aquisição do

imóvel com as descrições apresentadas,

sendo permitida a abertura de matrícula,

se for o caso.

§ 6o Transcorrido o prazo de que trata o §

4o deste artigo, sem pendência de

diligências na forma do § 5o deste artigo e

achando-se em ordem a documentação, o

oficial de registro de imóveis registrará a

aquisição do imóvel com as descrições

apresentadas, sendo permitida a abertura

de matrícula, se for o caso.

Provimento CG Nº 58/2015 – Capítulo XIV

138.1. Da ata notarial para fins de reconhecimentoextrajudicial de usucapião, além do tempo de possedo interessado e de seus sucessores, poderãoconstar:

a. declaração dos requerentes de que desconhecema existência de ação possessória ou reivindicatóriaem trâmite envolvendo o imóvel usucapiendo;

b. declarações de pessoas a respeito do tempo daposse do interessado e de seus antecessores;

c. a relação dos documentos apresentados para osfins dos incisos II, III e IV, do art. 216-A, da Lei nº13.105/15

138.2. Os documentos apresentados para alavratura da ata notarial serão arquivados emclassificador próprio, obedecidos, no que couber,os itens da Seção II, deste Capítulo.

138.3. Aplicam-se à ata notarial dereconhecimento extrajudicial de usucapião ositens 5, 5.1 e 5.2, deste Capítulo XIV.

Provimento 65 do CNJ

Art. 4º O requerimento será assinado por advogado ou pordefensor público constituído pelo requerente e instruídocom os seguintes documentos:

I – ata notarial com a qualificação, endereço eletrônico,domicílio e residência do requerente e respectivo cônjugeou companheiro, se houver, e do titular do imóvel lançadona matrícula objeto da usucapião que ateste:

a) a descrição do imóvel conforme consta na matrícula doregistro em caso de bem individualizado ou a descrição daárea em caso de não individualização, devendo aindaconstar as características do imóvel, tais como a existênciade edificação, de benfeitoria ou de qualquer acessão noimóvel usucapiendo;

b) o tempo e as características da posse do requerente ede seus antecessores;

c) a forma de aquisição da posse do imóvel usucapiendopela parte requerente;

d) a modalidade de usucapião pretendida e sua base legalou constitucional;

e) o número de imóveis atingidos pela pretensão aquisitivae a localização: se estão situados em uma ou em maiscircunscrições;

f) o valor do imóvel;

§ 8º O valor do imóvel declarado pelo requerente será seuvalor venal relativo ao último lançamento do impostopredial e territorial urbano ou do imposto territorial ruralincidente ou, quando não estipulado, o valor de mercadoaproximado.

g) outras informações que o tabelião de notas considerenecessárias à instrução do procedimento, tais comodepoimentos de testemunhas ou partes confrontantes;

§ 3º O documento oferecido em cópia poderá, norequerimento, ser declarado autêntico pelo advogado oupelo defensor público, sob sua responsabilidade pessoal,sendo dispensada a apresentação de cópias autenticadas.

§ 6º Será exigido o reconhecimento de firma, porsemelhança ou autenticidade, das assinaturas lançadas naplanta e no memorial mencionados no inciso II do caputdeste artigo.

Circular Notarial nº 2918/2018

Orientação conjunta do CNB/SP e da Arisp

Considerando a publicação do Provimento nº 61 do ConselhoNacional de Justiça (CNJ), de 17 de outubro de 2017;

Considerando a necessidade de uniformização da utilizaçãodo referido provimento;

O Colégio Notarial do Brasil – Seção São Paulo (CNB/SP) e aAssociação dos Registradores Imobiliários de São Paulo(Arisp), vem perante os notários e registradores do Estado deSão Paulo, esclarecer que seguindo o disposto no artigo 2º,do referido Provimento, a qualificação das partes devecontinuar a ser realizada conforme a legislação em vigor e asnormas administrativas específicas.

O artigo supra mencionado refere-se a eventual"requerimento" e não ao ato de ofício próprio das Notas edos Registros.

1VRP Processo 1002887-04.2018.8.26.0100 – Dúvida –Usucapião Extrajudicial – Inafastabilidade, em regra, da

exigência de ata notarial – Documento que garante aautenticidade do procedimento e das alegações dorequerente.

(...)

A exigência da ata notarial, como dito acima, é garantia doOficial de Registros de Imóveis e de terceiros de que asinformações dadas pelo requerente são verdadeiras. Ouseja, não basta a palavra deste para que o registradorreconheça a prescrição aquisitiva, sendo necessário outromeio de prova apta a demonstrar a veracidade dasinformações. Tal meio, escolhido pelo legislador, é a atanotarial.

Provimento 65 do CNJ

Art. 5º A ata notarial mencionada no art. 4º deste provimento serálavrada pelo tabelião de notas do município em que estiver localizadoo imóvel usucapiendo ou a maior parte dele, a quem caberá alertar orequerente e as testemunhas de que a prestação de declaração falsano referido instrumento configurará crime de falsidade, sujeito àspenas da lei.

§ 1º O tabelião de notas poderá comparecer pessoalmente ao imóvelusucapiendo para realizar diligências necessárias à lavratura da atanotarial.

§ 2º Podem constar da ata notarial imagens, documentos, sonsgravados em arquivos eletrônicos, além do depoimento detestemunhas, não podendo basear-se apenas em declarações dorequerente.

§ 3º Finalizada a lavratura da ata notarial, o tabelião deve cientificar orequerente e consignar no ato que a ata notarial não tem valor comoconfirmação ou estabelecimento de propriedade, servindo apenaspara a instrução de requerimento extrajudicial de usucapião paraprocessamento perante o registrador de imóveis.

Capítulo XX – Registro de Imóveis

425. Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido dereconhecimento extrajudicial de usucapião, que será processadodiretamente perante o cartório do registro de imóveis dacomarca em que estiver situado o imóvel usucapiendo. Ointeressado, representado por advogado, instruirá o pedidocom:

I. Ata notarial lavrada pelo tabelião da circunscrição territorialem que situado o imóvel atestando o tempo de posse dorequerente e de seus antecessores, conforme o caso e suascircunstâncias, aplicando-se o disposto no art. 384 da Lei n.13.105, de 2015;

II. Planta e memorial descritivo assinado por profissionallegalmente habilitado, com prova de anotação deresponsabilidade técnica no respectivo conselho de fiscalizaçãoprofissional, e pelos titulares de direitos registrados ouaverbados na matrícula do imóvel usucapiendo ou na matrículados imóveis confinantes;

III. Certidões negativas dos distribuidores da comarca dasituação do imóvel e do domicílio do requerente;

IV. Justo título ou quaisquer outros documentos quedemonstrem a origem, a continuidade, a natureza e o tempo daposse, tais como o pagamento dos impostos e das taxas queincidirem sobre o imóvel.

430. No caso de ausência ou insuficiência dos documentos deque trata o inciso IV do item 425, a posse e os demais dadosnecessários poderão ser comprovados em procedimento dejustificação administrativa perante a serventia extrajudicial, queobedecerá, no que couber, ao disposto no § 5° do art. 381 e aorito previsto nos arts. 382 e 383 da Lei n. 13.105, de 2015.

433. A rejeição do pedido extrajudicial não impede oajuizamento de ação de usucapião.

Provimento 65 do CNJ

Art. 10. Se a planta mencionada no inciso II do caput doart. 4º deste provimento não estiver assinada pelostitulares dos direitos registrados ou averbados na matrículado imóvel usucapiendo ou na matrícula dos imóveisconfinantes ou ocupantes a qualquer título e não forapresentado documento autônomo de anuência expressa,eles serão notificados pelo oficial de registro de imóveis oupor intermédio do oficial de registro de títulos edocumentos para que manifestem consentimento no prazode quinze dias, considerando-se sua inércia comoconcordância.

§ 10. Se o imóvel usucapiendo for matriculado comdescrição precisa e houver perfeita identidade entre adescrição tabular e a área objeto do requerimento dausucapião extrajudicial, fica dispensada a intimação dosconfrontantes do imóvel, devendo o registro da aquisiçãooriginária ser realizado na matrícula existente.

Provimento 65 do CNJ

Art. 12. Na hipótese de algum titular de direitos reais e deoutros direitos registrados na matrícula do imóvelusucapiendo e na matrícula do imóvel confinante terfalecido, poderão assinar a planta e memorial descritivo osherdeiros legais, desde que apresentem escritura públicadeclaratória de únicos herdeiros com nomeação doinventariante.

Provimento 65 do CNJ

Art. 13. Considera-se outorgado o consentimentomencionado no caput do art. 10 deste provimento,dispensada a notificação, quando for apresentado pelorequerente justo título ou instrumento que demonstre aexistência de relação jurídica com o titular registral,acompanhado de prova da quitação das obrigações e decertidão do distribuidor cível expedida até trinta dias antesdo requerimento que demonstre a inexistência de açãojudicial contra o requerente ou contra seus cessionáriosenvolvendo o imóvel usucapiendo.

§ 1º São exemplos de títulos ou instrumentos a que serefere o caput:

I – compromisso ou recibo de compra e venda;

II – cessão de direitos e promessa de cessão;

III – pré-contrato;

IV – proposta de compra;

V – reserva de lote ou outro instrumento no qual conste amanifestação de vontade das partes, contendo a indicaçãoda fração ideal, do lote ou unidade, o preço, o modo depagamento e a promessa de contratar;

VI – procuração pública com poderes de alienação para siou para outrem, especificando o imóvel;

VII – escritura de cessão de direitos hereditários,especificando o imóvel;

VIII – documentos judiciais de partilha, arrematação ouadjudicação.

§ 2º Em qualquer dos casos, deverá ser justificado o óbiceà correta escrituração das transações para evitar o uso dausucapião como meio de burla dos requisitos legais dosistema notarial e registral e da tributação dos impostos detransmissão incidentes sobre os negócios imobiliários,devendo registrador alertar o requerente e as testemunhasde que a prestação de declaração falsa na referidajustificação configurará crime de falsidade, sujeito às penasda lei.

Provimento 65 do CNJ

Art. 15. Estando o requerimento regularmente instruídocom todos os documentos exigidos, o oficial de registro deimóveis dará ciência à União, ao Estado, ao Distrito Federalou ao Município pessoalmente, por intermédio do oficialde registro de títulos e documentos ou pelo correio comaviso de recebimento, para manifestação sobre o pedidono prazo de quinze dias.

§ 1º A inércia dos órgãos públicos diante da notificação deque trata este artigo não impedirá o regular andamento doprocedimento nem o eventual reconhecimentoextrajudicial da usucapião.

§ 2º Será admitida a manifestação do Poder Público emqualquer fase do procedimento.

1 VRP Processo 1008143-25.2018.8.26.0100 - Dúvida - REGISTROSPÚBLICOS - Silas Costa e outros - Dúvida – Usucapião extrajudicial -Cabimento do pedido de dúvida em qualquer fase do processamento -Autuação - Recebidos os documentos previstos no item 425 doCapítulo XX das NSCGJ e o requerimento na forma do Art. 3º doProvimento 65/2017 do CNJ, deve o Oficial autuar o pedido, com aprorrogação da prenotação, não podendo, desde logo, negar o pedidocom base em seu mérito, devendo analisar apenas o aspecto formaldo requerimento neste momento - Usucapião extrajudicial que se tratade alteração no procedimento, por não haver lide, mas que não alteraa natureza originária da prescrição aquisitiva - Impossibilidade de senegar o pedido de ofício, com base em suposta violação das regrasreferentes ao parcelamento do solo previstas na Lei 6.766/79,reservado o direito do Município alegar, se oportuno, algumairregularidade quanto a este ponto, além de dever ser observado, emtodos os casos, o disposto no §2º do Art. 13 do Provimento 65/2017do CNJ - Forma originária que dispensa a necessidade de apresentaçãode CND - Dúvida julgada improcedente, determinando-se acontinuidade do processamento do pedido de usucapião extrajudicial -remessa à Egrégia Corregedoria Geral da Justiça, para eventual efeitonormativo da matéria.

Provimento 65 do CNJ

Art. 20. O registro do reconhecimento extrajudicial da usucapião deimóvel implica abertura de nova matrícula.

§ 1º Na hipótese de o imóvel usucapiendo encontrar-sematriculado e o pedido referir-se à totalidade do bem, o registro doreconhecimento extrajudicial de usucapião será averbado naprópria matrícula existente.

§ 2º Caso o reconhecimento extrajudicial da usucapião atinja fraçãode imóvel matriculado ou imóveis referentes, total ouparcialmente, a duas ou mais matrículas, será aberta novamatrícula para o imóvel usucapiendo, devendo as matrículasatingidas, conforme o caso, ser encerradas ou receber asaverbações dos respectivos desfalques ou destaques, dispensada,para esse fim, a apuração da área remanescente.

Art. 24. O oficial do registro de imóveis não exigirá, para o ato deregistro da usucapião, o pagamento do Imposto de Transmissão deBens Imóveis – ITBI, pois trata-se de aquisição originária dedomínio.

Preço – A ata notarial para a usucapiãoextrajudicial é cobrada pelo valor venal, ou dereferência, ou atribuído pelo possuidor ao bemimóvel, o que for maior, com base na tabela deatos com valor para o tabelionato de notas(Fundamento legal: Lei 11.331/2002, Tabela I).Além disso, quando o tabelião se incumbir deoutras tarefas necessárias ao aperfeiçoamento doato, deverá cobrar as despesas efetuadas e custasefetivas, desde que autorizado pela parteinteressada (Cartilha CNB-SP).

Enunciado nº2 CNB-SP: A ata notarial para fins deusucapião tem conteúdo econômico.

Provimento 65 do CNJ

Art. 26. Enquanto não for editada, no âmbito dos Estados edo Distrito Federal, legislação específica acerca da fixaçãode emolumentos para o procedimento da usucapiãoextrajudicial, serão adotadas as seguintes regras:

I – no tabelionato de notas, a ata notarial será consideradaato de conteúdo econômico, devendo-se tomar por basepara a cobrança de emolumentos o valor venal do imóvelrelativo ao último lançamento do imposto predial eterritorial urbano ou ao imposto territorial rural ou,quando não estipulado, o valor de mercado aproximado;

Ata simples, na qual o tabelião constata – emdiligência ou não – a existência e características dobem usucapiendo, a presença do possuidor eeventuais confrontantes e testemunhas (vizinhosetc), que conheçam o possuidor e o tempo daposse. Esta ata pode conter ainda, se houve aapresentação de documentos que fazem prova dasituação jurídica possessória que comprovem ojusto título.

Ata de verificação em cartório, na qual o tabeliãoconstata – em cartório – com fulcro na basegeodésica certa decorrente do memorialdescritivo e da planta assinada pelosconfrontantes, a presença do possuidor eeventuais confrontantes e testemunhas (vizinhosetc) que conheçam o possuidor e o tempo daposse. Esta ata pode conter ainda, se houver aapresentação de documentos que fazem prova dasituação jurídica possessória que comprovem ojusto título.

Ata de verificação em diligência, na qual o tabeliãoconstata – em diligência – a existência ecaracterísticas do bem usucapiendo, a presençado possuidor e eventuais confrontantes etestemunhas (vizinhos etc) que conheçam opossuidor e o tempo da posse. Esta ata podeconter ainda, se houver a apresentação dedocumentos que fazem prova da situação jurídicapossessória que comprovem o justo título.

Propostas de Enunciados Acadêmicos(a serem submetidos para aprovação do plenário

acadêmico)

1. A responsabilidade penal-disciplinar eadministrativa do notário supõe: a) Imputação pessoalde ato; b) Consciência de antijuridicidade desse ato ec) Culpa e dolo;

2. A formação extrajudicial do título para o registro daUsucapião deve, “de lege ferenda”, atribuir-seexclusivamente ao notário;

3. A ata notarial mencionada no inciso I do artigo 216-a é uma ata atípica, tendo natureza sacramental, aexemplo das escrituras públicas;

4. É possível a Usucapião Extrajudicial para imóveisque não estejam inscritos no registro imobiliário, ouseja, quando houver ausência de registro tabular;

5. A ata notarial comporta a inclusão de todos oselementos que são exigíveis para conversão de posseem propriedade;

6. O tabelião poderá negar a lavratura da ata notarialse não estiver convicto de que é possível constatar aposse;

7. O Colégio Notarial do Brasil deverá propugnar aoPoder Legislativo alteração que permita, quando nãolocalizado o proprietário e outros titulares de direitoreal, a sua intimação por edital e a ausência demanifestação considerar-se-á concordância com odireito do possuidor.

Provimento 65 do CNJ

Art. 3º O requerimento de reconhecimento extrajudicial dausucapião atenderá, no que couber, aos requisitos dapetição inicial, estabelecidos pelo art. 319 do Código deProcesso Civil – CPC, bem como indicará:

IV – o número da matrícula ou transcrição da área onde seencontra inserido o imóvel usucapiendo ou a informaçãode que não se encontra matriculado ou transcrito;

DECRETO Nº 9.310, DE 15 DE MARÇO DE 2018

Institui as normas gerais e os procedimentos aplicáveis àRegularização Fundiária Urbana e estabelece osprocedimentos para a avaliação e a alienação dos imóveisda União.

Art. 8º Os seguintes institutos jurídicos poderão serempregados no âmbito da Reurb, sem prejuízo de outrosconsiderados adequados:

II - o usucapião, nos termos do art. 1.238 ao art. 1.244 daLei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, doart. 9º ao art. 14 da Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001,e do art. 216-A da Lei nº 6.015, de 1973;

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