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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA FACULDADE DE TECNOLOGIA DE BOTUCATU CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM LOGÍSTICA E TRANSPORTES UTILIZAÇÃO DE DIRIGÍVEIS NA REGIÃO DA AMAZÔNIA LEGAL BRASILEIRA: UMA ALTERNATIVA AMBIENTALMENTE VIÁVEL PARA O TRANSPORTE DE CARGAS ESPECIAIS JUNIOR FELIX DE ARAUJO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à FATEC - Faculdade de Tecnologia de Botucatu, para obtenção do título de Tecnólogo no Curso de Logística e Transporte BOTUCATU – SP Dezembro – 2007

Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

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Page 1: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA

FACULDADE DE TECNOLOGIA DE BOTUCATU

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM LOGÍSTICA E TRANSPORTES

UTILIZAÇÃO DE DIRIGÍVEIS NA REGIÃO DA AMAZÔNIA

LEGAL BRASILEIRA: UMA ALTERNATIVA AMBIENTALMENTE

VIÁVEL PARA O TRANSPORTE DE CARGAS ESPECIAIS

JUNIOR FELIX DE ARAUJO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à FATEC - Faculdade de Tecnologia de Botucatu, para obtenção do título de Tecnólogo no Curso de Logística e Transporte

BOTUCATU – SP Dezembro – 2007

Page 2: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA

FACULDADE DE TECNOLOGIA DE BOTUCATU

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM LOGÍSTICA E TRANSPORTES

UTILIZAÇÃO DE DIRIGÍVEIS NA REGIÃO DA AMAZÔNIA

LEGAL BRASILEIRA: UMA ALTERNATIVA AMBIENTALMENTE

VIÁVEL PARA O TRANSPORTE DE CARGAS ESPECIAIS

JUNIOR FELIX DE ARAUJO

Orientador: Prof. Dr. Luis Fernando Nicolosi Bravin

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à FATEC - Faculdade de Tecnologia de Botucatu, para obtenção do título de Tecnólogo em Logística e Transporte

BOTUCATU – SP Dezembro – 2007

Page 3: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

Agradeço ao Grande Arquiteto Do Universo יהוה pela centelha da vida;

A meus pais, pela boa vida proporcionada e pelos

valores ensinados e legados;

Ao Luís Felipe, meu filho amado e sua mãe,

exemplos de conduta humana;

Ana Lúcia, que me ensinou o que é o

Amor Incondicional;

Alexandre e Eliana, pelo apoio e incentivo;

Aos colegas, professores e funcionários da Fatec;

Ao Hokan Colting, da 21st Century Airships –

Canadá e demais membros da ISO Polar Airships,

pelas informações franqueadas;

Ao Dr. Barry Prentice, Professor do Instituto de

Transportes da Universidade de Manitoba – Canadá,

visionário entusiasta dos LTA, co-orientador do

presente trabalho e incentivador de sua realização;

Ao Prof. Dr. Gilberto Luiz de Azevedo Borges,

Secretário de Educação do Município de Botucatu;

Agradeço especialmente aos Professoramigos Drs.

Bravin, Celso, Colenci, Érico, João Alberto, Osmar

e Sleiman, pelas oportunidades, apoio e incentivo;

Aos amigos Edgar Garcia, Geraldo Braga e Cláudio

Pietsch, sem os quais a confecção deste trabalho

estaria inviabilizada;

A todos que acreditam que o homem nasceu para

voar. E que a natureza é para ser preservada...

Page 4: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

“Se alguns países têm muita História,

nós temos muita Geografia”.

W.L. MacKenzie King (1874-1950),

primeiro-ministro do Canadá.

Page 5: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

V

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS..........................................................................................................VI LISTA DE TABELAS........................................................................................................VII RESUMO..........................................................................................................................VIII ABSTRACT.........................................................................................................................IX 1 INTRODUÇÃO................................................................................................................ 1 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 3

2.1 Características, tipos e funcionamento dos dirigíveis ............................................ 3 2.1.1 Dirigíveis não-rígidos e semi-rígidos ............................................................. 4 2.1.2 Dirigíveis rígidos ............................................................................................ 5 2.1.3 Dirigíveis híbridos .......................................................................................... 7 2.1.4 O híbrido SkyCat ............................................................................................ 7

2.2 A Floresta Amazônica .......................................................................................... 12 2.3 O Projeto Sivam ................................................................................................... 18

2.3.1 Histórico........................................................................................................ 18 2.3.2 O que é e como funciona o Sistema.............................................................. 19 2.3.2 Para que e para quem serve o Sistema.......................................................... 23

2.4 Os dirigíveis híbridos e o Exército Brasileiro ...................................................... 24 2.5 Acidentes aéreos e as zonas cegas de radar na floresta ........................................ 30

2.5.1 Acidente entre o Boeing da Gol e Legacy da Excelaire ............................... 30 2.5.2 A investigação do acidente ........................................................................... 32 2.5.3 A crise no setor aéreo brasileiro ................................................................... 33 2.5.4 Um buraco chamado Sivam? ........................................................................ 34

3 ANÁLISE DE CUSTOS................................................................................................. 38 3.1 Vantagens e desvantagens inerentes aos dirigíveis................................................... 39

3.1.1 Velocidade .................................................................................................... 40 3.1.2 Impacto da topografia ................................................................................... 41 3.1.3 Condições climáticas .................................................................................... 41 3.1.4 Manejo em terra ............................................................................................ 41

3.2 Custos comparativos entre dirigíveis híbridos e outras aeronaves ........................ 42 3.2.1 Economia de escala....................................................................................... 42 3.2.2 Custos básicos de aquisição e manutenção................................................... 44

4 CONCLUSÕES .............................................................................................................. 47 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 49

Page 6: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

VI

LISTA DE FIGURAS

Figura Página

1 Dirigíveis rígidos, não-rígidos e semi-rígidos com estruturas comparadas................4

2 Vôo de Santos Dumont. Paris, 19 de outubro de 1901...............................................5

3 Aguardando embarque. Ao fundo, torre de atracação móvel e equipe de terra..........6

4 LZ N07, de fabricação alemã, em decolagem com 12 passageiros a bordo................7

5 Protótipo por controle remoto Sky Kitten.Escala 1:6..................................................8

6 Ao alto, a coleta de água numa represa: combate a incêndios florestais.....................9

7 O formato de casco duplo do SkyCat permite decolagens pela aerodinâmica..........10

8 Divisão política da Amazônia Legal.........................................................................15

9 A Amazônia Legal como vista do espaço.................................................................16

10 Os cerrados têm contornos irregulares e os desmatamentos são geométricos..........17

11 Vista aérea do Centro Técnico Operacional do Sivam, Manaus, 2002.....................21

12 Secretário de Defesa Donald Rumsfeld (EUA) visita Sivam...................................22

13 Os aviões do Sivam, ALX em primeiro plano; R-99A e R-99B ao fundo...............23

14 Interior do Skyship 600. Conforto de jato, sem pressurização da cabine................25

15 Perspectiva do Dirigível Híbrido HA-43..................................................................28

16 Vista isométrica do protótipo HA-43, desenvolvido pelo Exército e Marinha........29

17 Esquema mostrando as rotas presumidas dos aviões e o local do choque...............31

18 Local da queda do Boeing 737-800, vôo 1907 da Gol.............................................32

19 Tela de controle do Sivam, mostrando aviões inexistentes......................................35

20 Estação de radar abandonada: falta de antenas em pontos da Floresta?..................37

Page 7: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

VII

LISTA DE TABELAS

Tabela Página

1 Dimensões dos modelos SkyCat, com valores convertidos o sistema métrico....... 12

2 Distâncias e tempos de viagem a partir de Manaus (AM)....................................... 25

3 Estimativa de custo do frete para híbrido SkyCat.................................................... 42

4 Comparativo entre dirigível híbrido para 20 toneladas e outras aeronaves............. 43

5 Comparativo entre dirigível híbrido para 220 toneladas e outras aeronaves........... 43

6 Comparativo de custos diretos, financeiros e totais SkyCat 20 versus 220............. 44

7 Custos de implantação de vias de transporte. Dados de 1999.................................. 45

Page 8: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

VIII

RESUMO

O presente trabalho é o resultado de uma revisão bibliográfica que

buscou abranger e integrar três tópicos atuais, desafiadores e relevantes para a comunidade

dos transportes e para o público em geral: o Dirigível, a Segurança Nacional e a Amazônia.

Este estudo procurou trazer à luz o atual estado da arte destas naves curiosas e instigantes,

precursoras das viagens aéreas internacionais comerciais que, com a tecnologia hoje

disponível, são capazes de transportar literalmente qualquer coisa para qualquer lugar.

Aborda o Sistema de Vigilância da Amazônia quanto aos aspectos de sua implantação,

benefícios que conquistou para os governos, órgãos de pesquisa e para a população local.

O trabalho informa sobre aspectos antropológicos e geográficos do bioma amazônico, aqui

representado pela Amazônia Legal brasileira, enfatizando a óbvia necessidade de sua

preservação como garantia de sobrevivência com qualidade de vida para todo o globo. Da

união destes assuntos aliados a uma pequena análise econômica teórica, surge a proposta

de se utilizar dirigíveis híbridos em missões que vão do transporte de grandes

equipamentos de telecomunicações (torres e antenas de radar) sem necessidade de

desflorestamento, missões de vigilância e monitoramento ambiental, de forma eficiente,

econômica e ambientalmente amigável.

Palavras-chave: Dirigíveis híbridos, Projeto Sivam, Monitoramento Ambiental, Amazônia Legal.

Page 9: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

IX

ABSTRACT

This paper is the result of a literature review that sought cover and

integrate three current, challenging and relevant topics to the transportation community and

to the general public: the Airships (Dirigibles), the Brazilian Homeland Security and the

Amazon (Rain Forest). This study sought to bring to light the state of the art of these

curious airships, precursors of the international commercial air travel that, with the

technology available today, are able to carry literally anything to anywhere. The work

addresses the SIVAM (Surveillance System of the Amazon) on the aspects of its

implementation, benefits and its conquests for governments, research agencies and for the

local population. It reports some anthropological and geographical aspects of the Amazon

biome, here represented by the Legal Brazilian Amazon, emphasizing the obvious need to

preserve them as a guarantee of survival (with quality of life) for the entire world. By the

union of these issues with a small theoretical economic analysis, comes the proposal of

using hybrid airships in missions ranging from transportation of large telecommunications

equipment (towers and radar antennas), without deforestation, to missions of surveillance

and environmental monitoring in an efficient, economical and environmentally friendly

way.

Key-words: hybrid airships, Project SIVAM, environmental monitoring, Legal Brazilian Amazon

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1

1 INTRODUÇÃO

As condições adversas da floresta e a pouca disponibilidade de

transporte dificultam e até impedem o desenvolvimento do Norte do Brasil, principalmente

na Região da Floresta Amazônica. Além das nações indígenas, em sua maioria vivendo em

áreas já demarcadas e protegidas, são dezenas de pequenas comunidades encravadas na

floresta cujos habitantes extraem o suficiente para sua subsistência. Estas populações

carecem de toda infra-estrutura comum a uma cidade: água tratada, saneamento básico e

escolas, entre outras. Nestas comunidades, assistência médica e odontológica apenas

quando os profissionais de saúde do Exército ou do Projeto Rondon chegam até elas.

Por um lado, esta dificuldade de acesso é muito positiva, já que o

modelo de desenvolvimento adotado pelos “pioneiros” (fazendeiros, madeireiros e

mineradores) é desflorestar o máximo no menor espaço de tempo possível, trocando área

florestal milenar por extensas plantações e pastagens, exaurindo o pobre solo amazônico.

Com este cenário em vista, a ausência de acesso terrestre pode ser benéfica e até garantir

por mais alguns anos a sobrevivência de milhares de espécies animais e vegetais, centenas

delas ainda desconhecidas e muitas sendo descobertas e catalogadas ano a ano.

Por outro lado, é preciso que instituições governamentais como o

Exército Brasileiro e a Polícia Federal tenham acesso a todas as áreas da floresta, para que

possam garantir a integridade do território nacional e protegê-lo de ações predatórias.

Também é importante que pesquisadores possam atingir estas localidades remotas, no

intuito de continuar a descoberta de novas espécies animais e vegetais, garantindo para o

patrimônio brasileiro a propriedade intelectual destas descobertas.

Page 11: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

2

O presente trabalho pretende verificar, por meio de uma

comparação econômica e técnica dos custos de implantação e manutenção, a viabilidade

dos dirigíveis como elemento de integração e desenvolvimento da região amazônica. Num

primeiro momento, estes “cargueiros voadores” poderão servir para auxiliar o Exército

Brasileiro na implantação de mais estações de radar do Projeto Sivam, torres estas que

precisam ser instaladas em regiões de mata virgem, cerca de 3.000 quilômetros floresta

adentro, inviáveis de serem alcançadas por qualquer modal sem promover um grande

desflorestamento.

Uma vez concluída a instalação destas estações de radar, os

dirigíveis poderão efetuar o transporte de equipamentos para a instalação de micro-usinas

hidrelétricas, que poderão atender perfeitamente a demanda por energia elétrica em

localidades hoje consumidoras de energia cara e “suja” proveniente de geradores movidos

a óleo diesel, pouco eficientes e com capacidade limitada. A tendência é que estas micro-

usinas causem um impacto ambiental muito menor que uma hidrelétrica tradicional, pois

os desvios em cursos de rios, alagamento de áreas para formação de lagos e implantação de

linhas de transmissão seguem escalas proporcionalmente menores. Com isso, o risco de

extinção de espécies animais e vegetais será também muito reduzido.

Outra utilização possível para essas aeronaves está no escoamento

da produção de frutas típicas e demais produtos agrícolas, que poderão ser cultivados de

maneira sustentável pelos habitantes locais, financiados – e auxiliados tecnicamente – por

órgãos governamentais. Havendo energia elétrica e transporte a preços competitivos, não

será difícil, com um bom planejamento e estudos logísticos, viabilizar a exportação destes

produtos para outras regiões e até mesmo outros países.

Page 12: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Características, tipos e funcionamento dos dirigíveis

Conforme definição da Enciclopédia Britânica, dirigíveis são

aeronaves mais leves que o ar com propulsão e dirigibilidade controladas por seu piloto.

Podem ser dos tipos não-rígidos (blimps), semi-rígidos ou rígidos, porém todos possuem

um grande envelope (balão) em forma de charuto, preenchido com gás hélio e uma

gôndola suspensa abaixo do balão, que comporta a tripulação e os passageiros, motores

que propulsionam os hélices e lemes para direcionamento.

Diferentemente dos aviões que, para voar, combinam sua

velocidade com a forma de aerofólio das asas, os dirigíveis sustentam-se no ar por meio de

depósitos de gás. Devido o gás usado ser mais leve que o ar que desloca, todo dirigível é

um pouco mais leve que seu próprio volume em ar (Lighter Than Air – LTA). Por essa

diferença, sobe até uma altura onde o ar é mais rarefeito, o que faz diminuir o empuxo a

ponto de equilibrar-se com o peso da nave.

Nos primeiros modelos esse controle era feito através de expulsão

do gás e sua substituição pelo ar quando se queria descer. Para compensar a perda de gás,

levavam como lastro bolsas de água que eram despejadas para aliviar o peso, quando

necessitavam subir novamente. Posteriormente o problema da perda de gás foi resolvido

pela introdução de balonetes de ar. Feitos de material flexível, ficam dobrados no interior

do depósito de gás e são inflados com ar por meio de bombas. Variando-se a quantidade de

ar nos balonetes, varia-se também o volume de gás contido no depósito, aumentando-se ou

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4

diminuindo-se o peso total do dirigível em relação ao volume de ar que desloca. A Figura 1

esquematiza e compara os três tipos de dirigíveis.

Figura 1: Dirigíveis rígidos, não-rígidos e semi-rígidos com estruturas comparadas Fonte: http://library.thinkquest.org/18033/media/airship.gif

2.1.1 Dirigíveis não-rígidos e semi-rígidos

Segundo a Wikipédia, os dirigíveis não-rígidos mantêm a forma

graças ao excesso de pressão em seu redor, enquanto que os do tipo semi-rígidos utilizam-

se da pressão interna para manter a forma, mas possuem armações articuladas em torno do

fundo do balão para distribuir a sustentação da carga e manter a baixa pressão do balão.

De acordo com Hoffmann (2003), o dirigível não-rígido, ou blimp,

foi desenvolvido principalmente por Alberto Santos Dumont, o primeiro projetista a

utilizar um motor a explosão para impulsionar o hélice, algo ousado para a época, já que

fagulhas poderiam atingir o hidrogênio e causar uma explosão. Sua solução, simples e

eficaz, foi direcionar o cano de descarga para baixo, além de posicionar o motor bastante

afastado do balão.

A Figura 2 mostra o engenho não-rígido de Santos Dumont em 19

de outubro de 1901, dia em que conseguiu passar com sucesso por uma prova pública

estabelecida pelo Aeroclube da França: partir de Saint Cloud, na periferia de Paris,

contornar a Torre Eiffel e retornar ao ponto inicial em 30 minutos. Santos Dumont cumpriu

Page 14: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

5

a missão em 29 minutos e meio, o que consagrou para sempre o dirigível e lhe rendeu o

Prêmio Deutsch de la Meurthe, no valor de 100 mil francos.

Figura 2: Vôo de Santos Dumont. Paris, 19 de outubro de 1901. Fonte: Smithsonian Institution

2.1.2 Dirigíveis rígidos

A Wikipédia informa que os dirigíveis do tipo rígido

(popularmente conhecidos por “zepelins”) não dependem da pressão interna para manter

sua forma, uma vez que se compõem de armações rígidas que formam cavidades onde o

gás não pressurizado provê a elevação da embarcação.

A versão moderna de dirigível rígido, o Zeppelin NT – LZ N07

(NT: New Technology), é fabricada pela mesma empresa fundada em 1909 pelo Conde

Ferdinand Graf Von Zeppelin, hoje chamada ZLT Zeppelin Luftschifftechnik GmbH. Esta

empresa deu origem ao Grupo ZF, líder mundial em sistemas de direção e transmissão

automotiva. De acordo com informações obtidas junto ao fabricante, o corpo do balão tem

estrutura rígida que combina tubos de alumínio com fibra de carbono, com 68 metros de

comprimento, bem menor que seus antecessores. A cobertura foi concebida com a ajuda de

Page 15: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

6

um computador e a gôndola de passageiros lembra a cabine de um jatinho, embora haja

muito mais espaço entre as 12 poltronas de passageiros.

Os engenheiros mecânicos trabalharam intensamente nos motores,

projetados para se voltar para frente e, também, para baixo, de modo a estabilizar o

dirigível enquanto ele é amarrado em seu mastro no solo. A importância desse detalhe está

no fato de que os antigos zepelins requeriam 200 soldados para segurá-los nos pousos e nas

decolagens. Cada LZ N07 precisa de uma equipe de terra composta por três pessoas,

conforme pode ser visto na Figura 3.

Figura 3: Aguardando embarque. Ao fundo, torre de atracação móvel e equipe de terra. Fonte: ZLT Zeppelin Luftschifftechnik GmbH – Divulgação

Uma subsidiária da empresa, a Deutsche Zeppelin-Reederei,

organiza e comercializa duas rotas de passeios ao longo do Lago Constança, no sudeste da

Alemanha. A Figura 4 mostra o LZ N07 alçando vôo rumo a Friedrichshafen.

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7

Figura 4: LZ N07, de fabricação alemã, em decolagem com 12 passageiros a bordo Fonte: ZLT Zeppelin Luftschifftechnik GmbH – Divulgação

2.1.3 Dirigíveis híbridos

Para a Wikipédia, “dirigível híbrido” é, neste caso, um termo geral

para uma aeronave que combina as características de ser mais pesada que o ar e mais leve

que a tecnologia aérea. Como exemplos citam-se os “helicópteros-dirigíveis”, planejados

para a elevação de cargas pesadas e os “dirigíveis dinâmicos”, planejados para viajar a

longas distâncias. Nenhum dirigível híbrido prático que pudesse transportar pessoas foi

construído até o presente, apesar de terem sido propostos muitos modelos e até mesmo

alguns protótipos terem sido construídos.

2.1.4 O híbrido SkyCat

Conforme Scott (2001), a empresa britânica Advanced

Technologies Group desenvolve desde 1995 o SkyCat Hybrid Air Vehicle (veículo aéreo

híbrido Sky Cat). Este híbrido combina a tecnologia dos dirigíveis mais leves que o ar

(LTA) com a dos hovercrafts (veículos sobre colchões de ar) e existe em três variantes:

Page 17: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

8

SkyCat 20, 220 e 1000, com capacidades entre 20 e 1.000 toneladas de carga. SkyCat vem

da junção das palavras Sky (céu, aéreo) e Cattamaran (catamarã), termo traduzido para o

português como “catamarã aéreo”. A Figura 5 mostra o protótipo radiocontrolado Sky

Kitten, de 13 metros de comprimento.

Figura 5: Protótipo por controle remoto Sky Kitten. Escala 1:6. Fonte: ATG/ Aerospace Technology – Divulgação

Segundo informações do fabricante, o sistema de aterrissagem

provido de colchão de ar permite ao veículo pousar em terra firme, gramados, pântanos,

neve ou mesmo água, o que dá ao veículo plena capacidade anfíbia. Este sistema dispensa

qualquer infra-estrutura de auxílio ao pouso, até mesmo equipes de solo, ao contrário dos

dirigíveis comuns. Qualquer versão poderá ser configurada tanto para transporte de

passageiros como de cargas ultra pesadas, além de servir como plataforma de vigilância

aerotransportada. Em aplicações militares a sustentação aérea tática e estratégica permite

sua utilização como plataforma computadorizada de comando e controle de informações,

em operações bélicas anti-superfície e outras.

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9

A Figura 6 demonstra outra versão do SkyCat 20, chamado

FireCat, em desenvolvimento para combate a incêndios florestais. Devido suas

características, pode coletar até 20 mil litros de água em lagos, reservatórios ou mares e

despejá-los lentamente sobre o incêndio, com mais eficiência que os aviões e helicópetros.

A baixa velocidade e grande volume de despejo favorece o combate a incêndios florestais.

Figura 6: Ao alto, a coleta de água numa represa: combate a incêndios florestais Fonte: Simulação em computador realizada pela ATG/ Aerospace Technology

O projeto desta aeronave híbrida inclui um avançado sistema de

sustentação do corpo, com a seção transversal do casco em forma elipsoidal e um catamarã

com sistema de colchão de ar. A estrutura de contenção do gás incorpora um envelope feito

de tecido laminado. Este envelope é um grande saco que contém o gás hélio, mais leve que

o ar, que fornece flutuabilidade ao dirigível. A forma do envelope é mantida por uma

configuração interna de diafragmas, que podem ser usados para compartimentar a

estrutura. A altitude máxima recomendada para operação é de 2.745 metros.

A cabine principal do SkyCat 20 tem 22,3m de comprimento por

3m de largura, com quatro poltronas para passageiros O acesso é por uma porta lateral

corrediça (com degraus em toda extensão). Há uma rampa de carga que utiliza toda a

largura da cabine principal (3 metros).

Page 19: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

10

Dotado de quatro motores diesel injeção direta modelo ATG A-

Tech 600, cada um gerando 447 kW, sua capacidade máxima de carga chega a 20.000 kg

(20 toneladas), com uma potência nominal de 1788 kW. A velocidade máxima atinge os

148 km/h e a velocidade de cruzeiro ideal é 130 km/h. A altitude que pode ser atingida

com carga máxima chega a 2.250 metros. Em navegação (também com carga plena), seu

alcance pode passar dos 7.400 quilômetros. O programa de desenvolvimento deste

dirigível foi completado em 1999 e sua construção iniciou-se em 2000. Deveria ter iniciado

atividades em 2005/2006, mas problemas financeiros no grupo ATG impediram sua

transferência à empresa compradora, World Airships (Grã Bretanha). A Figura 7 mostra

detalhes do casco do dirigível SkyCat 20. É visível a rampa de entrada de carga, entre os

catamarãs. Com 3 metros de largura, facilita o acesso de cargas e tripulação.

Figura 7: O formato de casco duplo do SkyCat permite decolagens pela aerodinâmica Fonte: ATG/Aerospace Technology – Divulgação

O fabricante informa que no modelo SkyCat 220, a cabine tem 49,4

m de comprimento por 7,5 m de largura, equipada com uma rampa para carga e descarga

tipo Roll-on Roll-off. Além de um espaço extra de 37 m² abaixo da abertura da porta, há

um convés de vôo que acomoda duas estações de pilotagem, cujos controles convencionais

são realizados por alavancas, como nos jatos (joy-stick). Este convés pode acomodar tanto

Page 20: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

11

uma segunda tripulação

o, o sistema de controle de vôo é

baseado na tecnologia

e cinco vezes seu comprimento ou em

modo VTOL (vertical

rte de cargas e passageiros para

regiões remotas (DARPA, 2004). A Tabela 1 compara dimensões e alcances dos modelos

SkyCat 20 e 220, a partir de informações do fabricante.

como outras equipes em treinamento, já que o espaço disponível é

de 18,6 m².

Seus quatro motores turbo geram 5.996 kW cada um. Os motores

são instalados em dutos, sendo dois motores na parte anterior e dois na posterior do casco.

Pás colocadas nestes dutos fornecem o impulso vetorial para decolagem, aterrissagem e

manobras em terra. As naves são equipadas com um sistema elétrico de corrente contínua a

28 volts e um sistema pneumático de baixa pressão, pouco suscetível a raios, para

alimentar os atuadores de controle de vôo. Além diss

de fibra ótica (“fly-by-light”) de dois canais, que envia os sinais das

alavancas diretamente para os atuadores pneumáticos.

World Sky Cat Ltd. informa que, por utilizarem motores de empuxo

vetorizado, seus veículos podem decolar e aterrisar em modo STOL (short take-off and

landing) como jatos de caça, usando pista curta d

take-off and landing) como helicópteros, sendo que as aeronaves ao

fariam utilizando o espaço equivalente à sua área.

Este é atualmente o estado da arte em termos de dirigíveis para

missões de vigilância, controle de fronteiras e transpo

Page 21: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

12

Tabela 1: Dimensões dos modelos SkyCat, com valores convertidos o sistema métrico

Fonte: World SkyCat Ltd. UK

2.2 A Floresta Amazônica

Segundo Maslin & Burns (2000), há pouco tempo, em termos

geológicos, grande parte da paisagem amazônica era bastante diferente de hoje, muito mais

seca, com o Rio Amazonas e suas chuvas diárias reduzidos em 40%. Para Ab’Sáber

(1996), a floresta seria recortada em ilhas separadas por manchas de cerrado e até mesmo

caatingas. Esta paisagem árida e irreconhecível pelos padrões de exuberância equatorial da

Amazônia atual era habitada por humanos há cerca de oito mil anos, comprovado pelo sítio

arqueológico Caverna de Pedra Pintada, situado na margem esquerda do Rio Amazonas,

próximo a Santarém, no Estado do Pará.

Conforme Roosevelt (1996), estas comunidades primitivas não se

constituíam de simples bandos de caçadores e coletores, mas sociedades complexas a

ponto de produzir peças de cerâmica, atividade que requer um grau de especialização e

diferenciação social característicos a grupos que dominam técnicas agrícolas. Naquela

caverna foi encontrada a mais antiga cerâmica das Américas, algo difícil de imaginar

levando-se em conta o atual ambiente amazônico, caracterizado por ser uma floresta rica

Page 22: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

13

de solos pobres – 78% muito ácidos ou de baixa fertilidade – e de pouca capacidade de

sustento para populações humanas – apesar de diversificada, sua fauna é de baixa

densidade. Pouca proteína, pouca gente. A alcunha “paraíso (ou inferno) verde para

poucos” faz sentido ao se observar características de sua população indígena, formada por

vários pequenos grupos isolados, pouco desenvolvidos tecnologicamente, seminômades

que convivem em harmonia com o ecossistema em imensos territórios.

Pela ótica de Roosevelt (1996), este padrão de povoamento é

apenas uma face da história, vista do Descobrimento para cá e esconde justamente o que

existia antes da colonização. Com base em suas pesquisas e descobertas arqueológicas, esta

autora afirma já ter havido uma Amazônia povoada por sociedades complexas e

estratificadas, com milhares de pessoas trabalhando no cultivo de mandioca e

possivelmente milho nas terras varzeanas, fertilizadas com sedimentos transportados de

longas distâncias por rios até mesmo andinos. Nestes locais teriam existido grandes

“cacicados”, semelhantes aos que produziram as cerâmicas Marajoara (Ilha de Marajó) e

Santarém (às margens do Rio Tapajós).

Esses povos foram descritos como guerreiros de cabelos compridos

nas crônicas dos primeiros europeus a explorar aquele território, como Gaspar de Carvajal,

integrante da equipe do explorador espanhol Francisco de Orellana à foz do Amazonas que

originou a lenda das amazonas. Segundo Roosevelt, não se tratava de lenda, estes povos

simplesmente não sobreviveram frente às avançadas técnicas de guerra dos europeus – nem

às suas doenças infecciosas. Desta forma, o padrão de ocupação da Amazônia pelos

indígenas de hoje seria resultante de um movimento da história, em vez do resultado do

processo biológico de adaptação à baixa capacidade de sustentação do ambiente.

“Comete-se uma injustiça contra essas populações quando as vemos, simplesmente, como selvagens afortunados, adaptados à floresta tropical, em vez de um povo ecologicamente, economicamente e politicamente marginal, que vem perdendo controle sobre seus habitats e modos de vida” (ROOSEVELT, 1991).

Abrir e pavimentar estradas ainda é o paradigma do

desenvolvimento, porquanto seu maior efeito seja induzir o desflorestamento. Um estudo

realizado entre 1999 e 2000 pela Organização Não Governamental Ipam – Instituto de

Pesquisa Ambiental da Amazônia – teve como ponto de partida as taxas de

desflorestamento recordes observadas na Amazônia nas décadas de 1970 e 1980, numa

tentativa de estimar quanta devastação o plano “Avança Brasil” (construção e recuperação

Page 23: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

14

de 6.250 quilômetros de estradas em sete anos) poderia causar. As conclusões são

alarmantes: apenas 3.500 quilômetros de estradas recuperadas (BR-163 entre Santarém e

Itaituba, BR-319 entre Humaitá e Manaus, BR-320 – Transamazônica – entre Marabá e

Rurópolis e BR-174 entre Manaus e Boa Vista) extinguiriam nos próximos 25 a 35 anos

cerca de 80 mil quilômetros quadrados de floresta, numa perspectiva otimista. Sob a ótica

pessimista, os cálculos apontam para 180 mil quilômetros quadrados de devastação.

Em janeiro de 2001, o Ipam publicou carta na revista britânica

Nature (vol. 409, p.131), na qual incluiu as demais estradas constantes do Avança Brasil,

aumentando a previsão original de desflorestamento para valores entre 120 e 270 mil

quilômetros quadrados, sob os pontos de vista otimista e pessimista, respectivamente.

Um segundo estudo, desta vez realizado pelo órgão governamental

brasileiro Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), foi publicado em janeiro de

2001 pela revista científica norte-americana Science (vol. 291, p. 438). Este trabalho,

realizado por pesquisadores brasileiros e norte-americanos, procura refinar as pesquisas

citadas anteriormente por incluir, além das sete estradas, as hidrovias, usinas hidrelétricas e

linhas de transmissão de energia elétrica. Os pesquisadores do Inpa também utilizaram os

dois cenários, mas suas conclusões são ainda mais alarmantes: em 20 anos, restarão apenas

28% de mata virgem em toda Amazônia brasileira pela perspectiva otimista. Ou, sendo

menos otimista, restariam meros 5% de floresta em apenas uma geração, uma vez

concluídos todos os projetos do Avança Brasil – hoje há cerca de 87% de floresta, grande

parte ainda inexplorada.

Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),

a Amazônia é a região compreendida pela bacia do rio Amazonas, a mais extensa do

planeta, formada por 25.000 km de rios navegáveis, em cerca de 6.900.000 km2, dos quais

aproximadamente 3.800.000 km2 estão no Brasil. Já a Amazônia Legal, estabelecida no

artigo 2 da lei nº 5.173, de outubro de 1966, abrange os estados do Acre, Amapá,

Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, parte do Maranhão e cinco

municípios de Goiás. Ela representa 59% do território brasileiro, distribuído por 775

municípios, onde viviam em 2000, segundo o Censo Demográfico, 20,3 milhões de

pessoas (12,32% da população nacional), sendo que 68,9% desse contingente em zona

urbana.

Page 24: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

15

A Figura 8 mostra a divisão política do território da Amazônia

Legal e a área de atuação da Agência de Desenvolvimento da Amazônia, autarquia federal

cuja missão é “planejar e promover ações estruturadas que induzam o desenvolvimento

eqüitativo e sustentável da Amazônia, bem como a sua integração competitiva nos

contextos nacional e internacional, visando à emancipação econômica e social do

amazônida”.

Figura 8: Divisão política da Amazônia Legal. Fonte: Agência de Desenvolvimento da Amazônia.

A Figura 9 mostra um mosaico de imagens de satélite da Amazônia

Legal, produzido pela Embrapa Monitoramento por Satélite, de Campinas. Este mosaico é

composto por 228 imagens do satélite Landsat 7, do ano 2000. A Rodovia Transamazônica

é bem visível no mosaico, assemelhando-se a uma cicatriz verde-claro, entre Santarém e a

hidrelétrica de Tucuruí, no Pará. O satélite mostra a floresta em regeneração em muitas

glebas abandonadas ao longo dos trechos intransitáveis da estrada, diferenciando-as

nitidamente dos trechos transitáveis, onde a cicatriz ainda “sangra” e a atividade humana

tem mais impactos.

Page 25: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

16

Para Miranda e Coutinho (2004), “...a rodovia Cuiabá-Santarém é

uma ferida aberta, ao longo da qual se expandem as pressões humanas sobre a floresta”.

Fica claro que as prioridades e a atuação das autoridades no entorno das duas rodovias não

pode ser o mesmo, embora elas pertençam ao mesmo estado e cortem a mesma fisionomia

florestal.

Figura 9: A Amazônia Legal como vista do espaço. Fonte: Embrapa Monitoramento por Satélite, 2001.

No mosaico de imagens de satélite da Amazônia Legal, produzido

pela Embrapa para o Ministério da Agricultura, além dos lavrados de Roraima, aparecem

diversas outras manchas de cerrados naturais, que não podem ser confundidas com

desmatamentos. Aí se inclui a extensa faixa Sul da Amazônia, que abrange partes do Mato

Grosso, Tocantins e o extremo Sul do Maranhão, onde a floresta de transição, as matas de

galeria e o cerrado natural se misturam, com altíssima biodiversidade. Sobre esta rica

mistura de ecossistemas estão grandes pressões de ocupação, incluindo de fazendas de alta

tecnologia até a pequena agricultura de subsistência, queimadas, extração madeireira,

garimpo, mineração, estradas e muitas cidades emergentes.

Page 26: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

17

Conforme Nogueira Neto (2007), tanto os lavrados de Roraima,

como os cerrados do Amapá e da Serra do Tumucumaque existem devido à

indisponibilidade de água nos solos. A Amazônia tem ilhas de cerrado natural, onde a falta

de água no solo impossibilita a sobrevivência da vegetação de floresta: em alguma áreas o

solo é arenoso e não retém água, em outras regiões há uma camada impermeável, que as

raízes não conseguem vencer. Nestas regiões, cresce apenas a vegetação esparsa e de baixo

porte do cerrado.

Somados, os cerrados naturais ocupam cerca de 20% da Amazônia

Legal e aparecem nas imagens de satélite como manchas rosadas, facilmente confundidas

com áreas desmatadas. A diferença, para os leigos, está na forma: enquanto os cerrados

naturais têm formas irregulares, bastante recortadas, os desmatamentos são geométricos.

Para os especialistas, a diferença se estabelece a partir de cálculos algorítmicos. Na Figura

10, o amarelo mostra o limite entre a floresta e os cerrados naturais de Roraima, Amapá,

Marajó e sul da Amazônia Legal, registrados em rosa, igual aos desmatamentos. Os

cerrados têm contornos irregulares e os desmatamentos aparecem de forma geométrica.

Figura 10: Os cerrados têm contornos irregulares e os desmatamentos são geométricos. Fonte: Embrapa Monitoramento por Satélite, 2001

Page 27: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

18

2.3 O Projeto Sivam

2.3.1 Histórico

De acordo com a Wikipédia, o Sivam é um mega-projeto

financiado por uma empresa estrangeira, com interesses comuns nessa área da América do

Sul. O Export-Import Bank of United States (EXIMBANK) – agência oficial de crédito para

exportação de produtos norte-americanos – recomendou ao governo brasileiro que fosse

construída uma infra-estrutura de apoio necessária para suportar a fixação das enormes

antenas parabólicas de uso em radares, bem como as aparelhagens eletrônicas de última

geração também por ela financiado.

Conforme informações obtidas no site oficial do Projeto Sivam e na

Wikipédia, a instalação de apoio a essas antenas foi concebida pela Secretaria de Assuntos

Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR) ao final da década de 80, em parceria

com os Ministérios da Justiça e da Aeronáutica, durante o governo do presidente José

Sarney. Desta forma, em setembro de 1990, estes organismos apresentaram à Presidência

da República a verdadeira realidade da Amazônia, com todos os seus problemas. Nas

palavras do site do Sivam:

“... a Amazônia era considerada o pulmão do mundo e nós, brasileiros, os incendiários que estavam acabando com o oxigênio do planeta. Os outros países, de olho em nossas riquezas, diziam-se preocupados com a saúde da Terra e queriam dar palpite em tudo o que acontecia na Amazônia. Naquela época, existiam na região rotas de tráfico de drogas, ocupação desordenada, invasão de áreas indígenas, contrabando, ações predatórias – principalmente de madeireiras e garimpos ilegais – e a ocorrência de uma série de outros crimes. Na verdade, com as dificuldades de comunicação e de controle da região ficava difícil para o governo brasileiro saber a real situação da Amazônia”...

Aquela Exposição de Motivos resultou na emissão das Diretrizes

da Presidência, determinando o que cada um dos órgãos envolvidos deveria fazer para

proteger o meio ambiente, racionalizar a exploração dos recursos naturais e promover o

desenvolvimento sustentável da Amazônia.

Assim sendo, a SAE/PR deveria formular o Sistema Nacional de

Coordenação, atual Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), por meio do qual a atuação

Page 28: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

19

integrada dos órgãos governamentais visasse à promoção do desenvolvimento sustentável,

proteção ambiental e repressão aos ilícitos na Amazônia.

O Ministério da Aeronáutica (atual Comando da Aeronáutica)

deveria implantar o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), integrado ao Sistema de

Proteção da Amazônia (Sipam), a fim de prover as ferramentas para seu funcionamento.

O Ministério da Justiça deveria estruturar um conjunto de medidas

que permitisse sua integração ao Sivam, de forma a habilitá-lo ao desenvolvimento das

ações de sua responsabilidade. A partir daí foi elaborado o Projeto Pró-Amazônia, com

vistas a aprimorar a capacidade da Polícia Federal no desempenho de suas tarefas na

Região Amazônica.

De acordo com a Wikipédia, em 1993 o presidente Itamar Franco,

após ouvir o Conselho de Defesa Nacional, decretou que o projeto não seria alvo de

licitação, alegando-se para isso que a divulgação de requisitos técnicos, fundamentais para

o processo licitatório, comprometeria a segurança da nação. Segundo o site do Sivam, para

se respeitar o princípio da competitividade foi criada uma comissão de especialistas

composta por 90 pessoas de todos os órgãos envolvidos no Projeto, comissão esta

incumbida de consultar as melhores condições técnicas, os melhores preços e as melhores

condições de financiamento entre as principais empresas de tecnologia do mundo, as quais

foram convidadas por intermédio das embaixadas de seus países a encaminhar propostas

técnico-comerciais e de financiamento.

Segundo as mesmas fontes, em 1994 teve início o processo de

seleção da proposta vencedora, que foi da empresa norte-americana Raytheon. No pedido

de proposta às embaixadas, o Brasil indicou que existiria uma empresa brasileira

integradora, com a responsabilidade de fazer a interface entre o que estava sendo realizado

no Brasil com os equipamentos e programas produzidos no exterior.

Após quase três anos de negociações, o contrato foi efetivamente

assinado em 25 de julho de 1997, sendo finalmente inaugurado em 25 de julho de 2002

pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.

2.3.2 O que é e como funciona o Sistema

Conforme informações obtidas no site oficial do Projeto Sivam, o

Sistema de Vigilância da Amazônia é uma rede de coleta e processamento de informações

Page 29: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

20

que visa levantar, tratar e integrar as informações obtidas por cada órgão governamental

que atua na Amazônia, formando uma base de dados na qual todos os órgãos envolvidos

compartilham esse conhecimento. Segundo seus autores, isto elimina a duplicação de

esforços que havia antes para a obtenção destas informações utilizando, de forma

adequada, os meios e recursos disponíveis para a realização das tarefas, respeitando-se as

competências de cada instituição.

Segundo a Presidência da República, através do Portal Sipam, a

finalidade do Sivam/Sipam é o monitoramento da Amazônia Legal (que compreende a

Região Norte do Brasil, o estado do Mato Grosso e parte do estado do Maranhão). Para

tanto, foram criados subsistemas de monitoramento com os seguintes objetivos:

• Monitoramento da atividade aérea – cuja responsabilidade é do

Comando da Aeronáutica, envolvendo a FIR Amazônica (Região de Informação ao Vôo,

do inglês FIR: Flight Information Region). Inclui no seu acervo de sensores, radares

bidimensionais e tridimensionais, bem como a capacidade de integrar informações de

aviões de Alarme Aéreo Antecipado (AEW: Airborne Early Warning), integrados por meio

de enlace de dados.

• Monitoramento da região amazônica - cuja responsabilidade é da

Casa Civil da Presidência da República, através do Sipam. Suas capacidades vão desde o

monitoramento da mata amazônica, unidades de conservação, meteorologia, vigilância do

espectro eletromagnético, vigilância terrestre e célula de comando e controle de operações.

O equipamento necessário para a montagem do sistema foi

fornecido pela empresa norte-americana Raytheon e pelas empresas brasileiras Atech e

Embraer. O Sivam troca informações com o Sistema de Proteção da Amazônia – Sipam e

com o Sistema de Controle do Espaço Aéreo, trabalhando de maneira integrada entre si.

Conforme Abbud (2006), o Sistema de Vigilância da Amazônia é

composto por seis satélites, 25 radares (19 fixos e 6 móveis), três CTOs – Centros

Técnicos Operacionais (Belém, Manaus e Porto Velho), um CCG – Centro de

Coordenação Geral (Brasília), 200 estações de monitoramento ambiental, 70 estações

meteorológicas, 300 rádio-transmissores, 940 usuários remotos (VSat), cinco aeronaves

EMB-145 AEW&C (R-99A), três aeronaves EMB-145 SR (R-99B) e 99 aeronaves leves

de ataque ALX (Super Tucanos).

Page 30: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

21

É considerado o maior projeto deste tipo instalado em todo mundo,

a um custo total de cerca de US$ 1,7 bilhão. Para um país com tantos problemas sociais

como o Brasil, este valor parece absurdo. Porém diante de tantas queimadas, cortes

indiscriminados de madeiras nobres, garimpos clandestinos, contrabando de armas e

drogas por meio de invasões do espaço aéreo brasileiro por pequenos aviões, este valor

torna-se irrisório (ABBUD, 2006).

A Figura 11 mostra o conjunto de prédios do Centro Técnico

Operacional do Sivam em Manaus, à época de sua inauguração.

Figura 11: Vista aérea do Centro Técnico Operacional do Sivam, Manaus, 2002. Fonte: Wikipédia

Para Abbud (2006), o Sivam não é apenas um projeto militar, pois

apesar de ter um braço armado, foi idealizado com objetivos bem definidos de estabelecer

a presença do Estado nas mais distantes comunidades, controlar o tráfego aéreo regular

(aviação civil) de forma interligada com o Cindacta (Centro Integrado de Defesa Aérea e

Controle de Tráfego Aéreo), proteção do meio ambiente, monitoramento das navegações,

atualização de mapas, vigilância das fronteiras entre outras atividades.

Page 31: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

22

A Figura 12 ilustra a visita do então Secretário de Defesa dos

Estados Unidos, Donald Rumsfeld, ao complexo do Sivam em Manaus, no dia 23 de março

de 2005. Rumsfeld estava acompanhado de diversas autoridades e empresários americanos

envolvidos no fornecimento de equipamentos para o projeto.

Figura 12: Secretário de Defesa Donald Rumsfeld (EUA) visita Sivam em março de 2005 Fonte: Wikipédia

A Figura 13 mostra as aeronaves que são utilizadas pelo Sistema

em missões de reconhecimento, patrulha e interceptação de aeronaves EMB-145 AEW&C

(R-99A), com equipamento de radar móvel, EMB-145 SR (R-99B) e aeronaves leves de

ataque ALX (Super Tucanos).

Page 32: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

23

Figura 13: Os aviões do Sivam, ALX em primeiro plano; R-99A e R-99B ao fundo. Fonte: Military Power Review

2.3.2 Para que e para quem serve o Sistema

Conforme informações disponíveis no Portal Sipam, a integração

das informações e da geração do conhecimento atualizado pelo Sistema de Proteção da

Amazônia permite a cada órgão parceiro planejar com segurança sua atuação em campo,

contando com o apoio do Sipam também na monitoração e controle das operações. A rede

de telecomunicações viabiliza aos órgãos parceiros a veiculação das informações, que pode

ser feita via telefone, fax ou intranet, permitindo a todos os seus postos e escritórios

agilidade e acompanhamento em tempo real da execução das ações.

As prefeituras mais isoladas podem, por meio de cada Terminal de

Usuário disponível, executar com mais facilidade os programas de governo em diversas

áreas, como saúde, educação, meio ambiente, cadastramento e implantação de programas

sociais, por exemplo. A partir de um Terminal Usuário localizado em qualquer ponto da

Amazônia, o cidadão pode comunicar-se diretamente com o Serviço de Atendimento ao

Usuário do Sipam.

Este serviço recebe e atende solicitações, encaminha sugestões,

críticas e denúncias que venham dos órgãos parceiros ou do cidadão comum. Desta forma,

O Sistema de Proteção da Amazônia coloca seus serviços e infra-estrutura à disposição de

Page 33: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

24

todas as organizações, governamentais e não-governamentais (ONGs) que atuam na região

e também ao cidadão que dela precise.

2.4 Os dirigíveis híbridos e o Exército Brasileiro

Felippes (1990) alerta que há muitos anos a Amazônia vem sendo

pesquisada, buscando-se desenvolvê-la e ocupá-la: “...decisões políticas e iniciativas

isoladas têm sido o apanágio dessa história (...) às vezes pendendo para o caminho certo e

por outras para o errado, sendo o ensaio-erro a técnica dominante...”

Os países mais desenvolvidos aplicam na sua infra-estrutura de

transportes cerca de 2,5 % de seu Produto Interno Bruto, razão pela qual não sentem as

vantagens de se optar pelos dirigíveis. No caso de países em desenvolvimento, que para

fazer avançar suas economias necessitam de um sistema de transporte moderno, porém ao

mesmo tempo amargam limitações decorrentes dos recursos insuficientes de que dispõem

para implantá-lo, o dirigível é uma solução que se ajusta a muitas de suas necessidades.

Devido à urgência do empreendimento, dos seus custos elevados e aos parâmetros

ecológicos a serem levados em conta, o dirigível apresenta-se como uma solução que

atende parcialmente aos requisitos essenciais da empreitada. Quando se atenta para as

necessidades de reconstrução e expansão do sistema viário nacional nas regiões norte,

nordeste e centro-sul, a opção pelo dirigível impõe-se com maior evidência (FELIPPES,

1990).

Por sua capacidade de navegar de dia e de noite por vôo visual

(VFR) e instrumental (IFR), por oferecer conforto aos usuários (é livre de ruídos, gera

pouca vibração e permite grande visibilidade), sofrer baixa interferência eletromagnética

(estrutura de material composto) e oferecer a possibilidade de cumprir missões de busca e

salvamento, vigilância aérea, patrulha, apoio em calamidades públicas, transporte de

pessoal e material, o dirigível permite uma autonomia de grande escala e pode

proporcionar excepcional ação de presença do Exército Brasileiro não apenas na região

Norte, mas em todo o Brasil (FELIPPES, 1995).

A Figura 14 mostra o interior de um dirigível não rígido (blimp)

Skyship 600 com capacidade para 12 passageiros, fabricado nos EUA pela Westinghouse

Airships Inc.

Page 34: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

25

Figura 14 : Interior do Skyship 600. Conforto de jato, sem pressurização da cabine. Fonte: FELIPPES, 1995

Segundo estudos realizados pela Westinghouse Airships Inc., este

dirigível Skyship 600, realizando um trabalho de varredura de Boa Vista (RR) até Rio

Branco (AC), cobrindo um raio de 300 Km ao longo do itinerário, levaria cerca de 24 horas

e viabilizaria o transporte de pessoal e material de forma confortável e segura. A Tabela 2

mostra um estudo de distâncias e tempos de viagem entre Manaus e cidades da Amazônia

Legal, comparando um dirigível com os modais que atualmente operam na Amazônia.

Tabela 2: Distâncias e tempos de viagem a partir de Manaus (AM)

Fonte: Westinghouse Airship Inc. appud FELLIPES, 1995

Felippes (1995) refere a tecnologia de dirigíveis híbridos como

perfeitamente compatível com a realidade amazônica, projetados que foram para servir

Page 35: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

26

como um veículo de transporte médio a pesado, com a capacidade de realizar pousos e

decolagens super curtos (‘Super-STOL”) ou mesmo verticais (“VTOL”). Pode assim

operar tanto em aeroportos convencionais (necessitando de uma pista mínima), quanto em

locais desprovidos de infra-estrutura terrestre. Para além das funções de transporte, o

dirigível híbrido tem a capacidade de atuar com vantagens em tarefas tão diversas como

operações de auxílio a áreas que sofreram grandes desastres naturais, missões de busca e

salvamento, apoio logístico militar, sensoreamento remoto de longa duração e apoio à

construção civil em áreas remotas e/ou de difícil acesso.

Em termos de transporte de carga e passageiros o Brasil dispõe de

uma rede de 1 milhão e 300 mil quilômetros de rodovias vicinais. Esse subsistema de

vicinais (rede capilar, estradas de acesso e coletoras até 500 veículos médios diários) é de

fundamental importância para assegurar a produção agropecuária brasileira, pois ele

permite que insumos, assistência técnica e crédito cheguem até a porteira da fazenda e

assegura, ao mesmo tempo, o escoamento das safras e o início do processo de

comercialização (FELIPPES, 1990). Nas áreas amazônicas, esse sistema de vicinais é

pouco significativo e o custo de sua manutenção elevado, devido às condições de clima e

solo e demais componentes dos ecossistemas que prevalecem nessas áreas. 0s igarapés

respondem às necessidades, embora nem sempre satisfatoriamente.

Para Felippes (1995) o dirigível pode, a custos módicos, ir às

fazendas e prestar esses serviços, principalmente no transporte de insumos e escoamento

de safras, conectando a propriedade agropecuária aos centros urbanos mais próximos e

constituindo o primeiro elo do processo de comercialização dos produtos originados no

campo. Sua aplicação no transporte de cargas indivisíveis de grande peso e massa (por

exemplo, turbinas) deslocadas com grande esforço e custo por veículos que trafegam na

superfície, pode trazer vantagem apreciável.

Felippes op.cit. destaca que nos programas de vigilância e

segurança, os dirigíveis foram utilizados no patrulhamento das costas brasileiras,

especialmente Norte e Nordeste, durante a Segunda Guerra Mundial. Desta forma, seu

emprego no patrulhamento da Amazônia parece ter lugar assegurado, mesmo com

programas mais sofisticados de vigilância e defesa, como o Sivam. O programa de controle

e fiscalização ecológica, bem como as possibilidades de estudo e pesquisa in loco

crescerão sensivelmente com a utilização desse veículo.

Page 36: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

27

Barahona (2002) refere que embora a Região Amazônica tenha

áreas com restrições legais muito significativas (de seus 3,7 milhões de km2, 20%

correspondem a áreas indígenas demarcadas, 7,6% são para uso e desenvolvimento

sustentável e 4% áreas de proteção integral), não tem sido possível realizar um verdadeiro

controle dessas áreas, apesar da mesma abrigar uma grande biodiversidade. Citando como

exemplo os primatas, das 94 espécies identificadas até hoje 71 vivem nas áreas referidas e

23 em áreas que não são legalmente protegidas.

Para se manter a sustentabilidade da região é necessária a

realização de tarefas de monitoramento e controle tanto das áreas protegidas quanto das

não protegidas, para evitar invasões, roubo de seus bens naturais e eventos danosos à sua

integridade, como incêndios em parques nacionais, o desmatamento sem controle de suas

madeiras nobres para implantação de pastagens. Também é pelo monitoramento que se

pode observar e levantar as condições de vida da população assentada na região, manter a

sustentabilidade de sua ocupação e ainda a possível identificação de espécies da flora e

fauna, quer nativas quer exóticas BARAHONA (2002).

No hemisfério norte, o dirigível já tem sido aplicado em atividades

de extrativismo vegetal, notadamente exploração de madeira em lugares menos acessíveis

das Montanhas Rochosas. Em florestas heterogêneas (caso predominante na Amazônia

Legal), o emprego do dirigível apresentaria vantagens ainda maiores, permitindo o corte

seletivo de espécimens já maduros, sem prejuízos do seu ecossistema e evitando que se

derrube a árvore indesejada. Resta verificar sua viabilidade econômica (FELLIPES, 1995).

Barahona (2002) defende o emprego de dirigíveis como a solução

menos onerosa e ambientalmente correta para realizar tarefas de patrulhamento e

monitoramento ambiental na Amazônia Legal, em colaboração com as diversas iniciativas

já em andamento naquela região, visando evitar a degradação dos ecossistemas naturais

existentes e melhorar as condições de vida de seus habitantes.

Apoiando esta idéia, Barahona op.cit. refere o ressurgimento dos

dirigíveis em diversos países do mundo, destacando ações da Marinha norte-americana,

que usa pequenos “blimps” em atividades de vigilância costeira e conclui destacando que a

experiência mundial aponta para a viabilidade técnica deste modal alternativo para missões

de monitoramento ambiental.

Page 37: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

28

Felippes (1995) acredita que o dirigível muito breve se incorporará

ao modal aeroviário daquela região, sendo os do tipo híbrido perfeitamente compatíveis

com a realidade amazônica, uma opção que há mais de dez anos vem sendo analisada pelos

especialistas de transporte, no âmbito do Exército Brasileiro. A Figura 15 exibe croqui do

Dirigível Híbrido Multimissão, patenteado em 1995.

Figura 15: Perspectiva do Dirigível Híbrido HA-43 Fonte: FELIPPES,1995

Este projeto do Exército Brasileiro prevê a construção de modelos

com capacidades para 100 e 300 toneladas. O dirigível híbrido apresenta uma boa

capacidade em termos de operações no transporte aéreo, tendo sido projetado para cobrir

etapas de 150 a 1500 milhas náuticas (280 a 2.800 km) a um custo de aquisição e operação

50% inferior quando comparados aos de aeronaves convencionais. Conforme Felippes

(1995), os híbridos brasileiros...

Page 38: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

29

“... podem realizar o transporte pesado VTOL por apenas uma fração (20 a 30%) do custo quando se utiliza grandes helicópteros cargueiros. Trata-se de uma plataforma superior, que pode operar a altas velocidades (acima de 150 milhas por hora em cruzeiro), grandes altitudes (acima de 20.000 metros) e com alcance superior a 20.000 km. Opera também com grande capacidade de detecção, transmissão de dados e aquisição de alvos a até 500 quilômetros...”.

A Figura 16 apresenta uma vista em corte da metade inferior da

fuselagem do híbrido HA-43, que comporta 240 passageiros nos decks inferior e superior.

Figura 16: Vista isométrica do protótipo HA-43, desenvolvido pelo Exército e Marinha Fonte: FELIPPES,1995

Page 39: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

30

2.5 Acidentes aéreos e as zonas cegas de radar na floresta

Conforme notícia publicada pelo jornal Folha de São Paulo,

comunicados oficiais da empresa Gol Transportes Aéreos e informações divulgadas pelas

autoridades aéreas, em 29 de setembro de 2006 um Boeing 737-800 SFP (Short Field

Performance) da companhia brasileira Gol Transportes Aéreos, prefixo PR-GTD, com 154

pessoas a bordo, desapareceu dos radares aéreos às 16 h 48 min enquanto cumpria a etapa

de Manaus (MAO) a Brasília (BSB) do vôo 1907. Os destroços do avião foram

encontrados no dia seguinte, 30 de setembro, em uma área densa de floresta amazônica na

Serra do Cachimbo, a duzentos quilômetros de Peixoto de Azevedo, na região norte do

estado de Mato Grosso. Não houve sobreviventes, o que o classifica como o segundo maior

acidente aéreo do Brasil, ultrapassando a tragédia do vôo Vasp 168, em 1982, em que

morreram 137 pessoas no estado do Ceará.

2.5.1 Acidente entre o Boeing da Gol e Legacy da Excelaire

A queda foi decorrente do choque da aeronave com um jato

executivo Embraer Legacy 600, prefixo N600XL, que fazia a etapa Brasília-Manaus de seu

vôo de entrega a um cliente norte-americano, a empresa de táxi aéreo ExcelAire Services

Inc. O Legacy conseguiu fazer um pouso de emergência no Campo de Provas Brigadeiro

Velloso (CPBV), uma base da Força Aérea Brasileira (FAB) na Serra do Cachimbo,

centro-sul do Pará, também chamada Base Aérea do Cachimbo (Latitude: 9°S30’ -

Longitude: 55°W30’). Após o pouso, verificou-se que o jato estava avariado na ponta da

asa esquerda, mais precisamente em uma aba denominada winglet, e na extremidade

esquerda do estabilizador horizontal, que é a superfície horizontal da cauda. As duas

aeronaves envolvidas no acidente dispunham de sistema anticolisão (TCAS) associado ao

Transponder).

O Boeing e o Legacy colidiram às 16h56m54 (UTC-3), a 37 mil

pés de altitude (FL370, flight level 370, aproximadamente 11,2 mil metros acima do nível

do mar) na via aérea UZ6 que liga Brasília a Manaus (20 km a noroeste do fixo Nabol),

próximo à cidade de Matupá. Por ser uma aerovia de mão dupla, a UZ6 tem reservadas as

altitudes pares (34, 36 e 38 mil pés, por exemplo) para tráfego no sentido Brasília-Manaus,

ficando as altitudes ímpares para os trajetos no sentido Manaus-Brasília (37 e 39 mil pés,

Page 40: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

31

por exemplo). O Legacy estava na contramão da aerovia, indo de Brasília para Manaus a

37 mil pés de altitude. A Figura 17 mostra as rotas presumidas dos aviões. Em vermelho, o

trajeto do Boeing e, em verde, do Legacy. O acidente se deu no encontro das duas linhas.

Figura 17: Esquema mostrando as rotas presumidas dos aviões e o local do choque Fonte: Wikipédia

Segundo a Wikipédia, o plano de vôo é um documento técnico e

oficial que toda aeronave tem de ter para poder realizar sua trajetória de vôo. Envolve

basicamente dois pontos principais de segurança: o cálculo do consumo de combustível e a

concordância do plano com o Controle de Tráfego Aéreo, para minimizar as possibilidades

de colisão em pleno vôo.

A primeira parte do plano de vôo do jato Legacy 600 previa um

percurso em duas etapas sem escalas, primeiro até Brasília e depois mudando de direção

para Manaus, onde deveria pousar. Para Brasília o vôo seguiria pela aerovia UW2, de mão

única, na altitude de 37 mil pés. De lá, mudaria de direção para Manaus, tomando a aerovia

UZ6, de mão dupla, e baixando a altitude para 36 mil pés. Ao passar pelo fixo Teres, um

marco virtual que auxilia a navegação, localizado 480 quilômetros a noroeste de Brasília,

deveria subir para 38 mil pés e continuar nessa altitude até Manaus. A colisão aconteceu

Page 41: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

32

400 quilômetros depois do fixo Teres, conforme divulgou a Folha de São Paulo. Pelo plano

de vôo, no ponto da aerovia em que colidiu com o Boeing, o Legacy deveria estar a 38 mil

pés de altitude, e não a 37 mil pés. De acordo com notícias na imprensa, o plano de vôo do

Boeing da Gol previa a utilização da aerovia UZ6, a mesma do Legacy, sentido Manaus-

Brasília, na altitude de 37 mil pés. O jornal Folha de São Paulo apurou que a altitude

habitual dessa rota é de 41 mil pés. A Foto 18 mostra o local da queda do Boeing.

Figura 18: Local da queda do Boeing 737-800, vôo 1907 da Gol. Fonte: Agência Brasil de Notícias/Força Aérea Brasileira

2.5.2 A investigação do acidente

A investigação da Aeronáutica brasileira foi feita pelo Centro de

Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), chefiada pelo coronel

Rufino Antônio da Silva Ferreira, conforme noticiou a Folha de São Paulo, acrescentando

que quatro técnicos de órgãos análogos dos Estados Unidos, da Federal Aviation

Administration (FAA) e da National Transportation Safety Board (NTSB), acompanharam

todo o processo, em conformidade com a legislação aeronáutica internacional.

Após o acidente, controladores de vôo sob investigação foram

temporariamente licenciados. A redução do número de profissionais e um maior rigor no

cumprimento das normas de segurança aérea geraram grandes atrasos nas decolagens em

todos os aeroportos brasileiros, atingindo, em especial, a grande movimentação de

Page 42: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

33

passageiros no feriado de finados, em 2 de novembro de 2006 e no feriado da Proclamação

da República, no dia 15 do mesmo mês. Apesar de negada pela Aeronáutica, diversos

órgãos da imprensa brasileira noticiaram que os atrasos foram causados por uma operação-

padrão executada pelos controladores de vôo de Brasília, como forma de protesto contra as

condições de trabalho, especialmente falta de pessoal e conseqüente sobrecarga

operacional.

Em 2 de novembro de 2006, a Força Aérea Brasileira confirmou

que houve um diálogo entre o Legacy e a torre de controle de São José dos Campos em que

são mencionadas a altitude de 37 mil pés e a cidade de Manaus ("N600XL. Clear, 370,

Manaus"), o que pode ter levado o piloto a pensar que essa seria a altitude indicada até o

final do percurso, contrariando o plano de vôo, mas autoridades da FAB não consideram

que esse diálogo possa vir a ser identificado como a principal causa do acidente, conforme

nota à imprensa divulgada pela FAB.

O coronel Eduardo Carcavallo, comandante do Centro Integrado de

Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (Cindacta) IV, informou que no ponto em que

ocorreu a colisão o controle de radar é realizado por sua unidade, embora não tenha havido

contato por rádio com o Legacy antes do acidente. Nota oficial da Aeronáutica esclareceu

que na região do acidente o controle de radar é do Cindacta IV, de Manaus, mas as

comunicações por rádio são feitas pelo Cindacta I, de Brasília, o que caracteriza a área

como uma “zona cega” para os controladores de Brasília. O relatório preliminar oficial da

Aeronáutica informa que o Cindacta I perdeu a indicação de radar primário do Legacy

dezoito minutos antes do choque.

2.5.3 A crise no setor aéreo brasileiro

Em 19 de novembro de 2006 e no dia seguinte novos problemas

aconteceram, desta vez atribuídos ao rompimento de um cabo de fibra ótica do Cindacta II,

em Curitiba, ocasionado por uma forte tempestade.

A imprensa refere que a partir do dia 5 de dezembro de 2006

iniciou-se um novo surto de atrasos e cancelamentos de vôos que, segundo as autoridades,

foi causado por uma pane nos sistemas de comunicação do Cindacta I, em Brasília.

O acidente e os constantes atrasos e cancelamentos de vôos

provocaram uma grande discussão pública sobre a situação do tráfego aéreo no país,

Page 43: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

34

quando foram abordados diversos assuntos, como a cobertura dos radares e das

comunicações, a desmilitarização do setor, o aumento da quantidade de controladores de

vôo e a qualidade do treinamento desses profissionais.

2.5.4 Um buraco chamado Sivam?

Segundo Coutinho (2006), o Sistema de Vigilância da Amazônia

(Sivam), criado para que a Aeronáutica pudesse monitorar o espaço aéreo da Amazônia, no

qual o governo investiu 1,7 bilhão de dólares para que o sistema fosse capaz de controlar

as rotas de jatos comerciais, o percurso de aeronaves militares, detectar aviões de

traficantes e contrabandistas que entram no país, mensurar a devastação ambiental e até

mesmo levar telefone a povoados isolados, não funciona a contento.

Coutinho op.cit. refere que a partir de 2002 os dados dos seus

radares passaram a ser partilhados pelo Cindacta IV, que cuida do tráfego aéreo no norte

do país e pelo Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), que monitora as florestas. A

confiabilidade do Sivam foi colocada em xeque pela primeira vez quando o vôo 1907 da

Gol colidiu com o jato Legacy. As investigações mostraram que, embora o sistema não

tivesse contribuído para a ocorrência, havia buracos negros no céu da Amazônia – áreas

que os radares não alcançam. Foram visitadas seis instalações do Sivam, entrevistaram-se

controladores de vôo, militares, pilotos, reuniu fotografias, gravações e documentos

confidenciais sobre o sistema. Sua conclusão é estarrecedora: o Sivam seria incapaz de

vigiar a Amazônia.

Para o autor, “o sistema não opera em condições minimamente

aceitáveis para a aviação comercial nem para fins militares. Seus radares sofrem panes

constantes e, quando isso acontece, as telas mostram aviões que não existem e informam

de forma errada o rumo e a velocidade das aeronaves que estão, de fato, no espaço aéreo”.

Um relatório da Aeronáutica obtido por ele revela que, no início da década, essas panes

eram toleradas, porque poucas aeronaves voavam na região. Desde então, o tráfego aéreo

aumentou e a freqüência das falhas também.

Coutinho (2007) cita, o episódio ocorrido em 27 de março de 2007

na sede do Cindacta IV, em Manaus:

Page 44: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

35

“...Por vinte segundos, o console de controle de vôos indicou que um Airbus A330 da TAM havia colidido no ar com um Boeing 737-800 da Gol entre as cidades de Sinop, em Mato Grosso, e Cachimbo, no Pará. Antes de indicar o desastre, o sistema apontou mais de 100 mudanças repentinas de velocidade, proa e altitude, como se os jatos fizessem acrobacias. Todas as informações eram falsas, inclusive a do acidente. Mas, quando o alarme soou, o controlador de vôo que monitorava os aviões entrou em choque.”

O documento do Comando da Aeronáutica alerta que o perigo está

em um controlador ignorar um perigo real, devido à constante sinalização de alarmes

falsos. A Figura 19 exibe o espaço aéreo de São Luís, no Maranhão. O que aparece em

laranja são informações falsas transmitidas pelos radares do sistema militar. No momento

que a imagem foi captada, apenas um avião sobrevoava a área (aparece em verde).

Figura 19: Tela de controle do Sivam, mostrando aviões inexistentes. Fonte: Editora Abril

Conforme Coutinho (2007), menos de um mês depois, em 19 de

abril de 2007, o sistema voltou a entrar em colapso. Dos 25 radares da Amazônia,

dezesseis apresentavam falhas graves. Em situações em que os equipamentos não

funcionam, como naquele dia, o Sivam entra no que se chama "operação não radar": os

aviões passam a sobrevoar a Amazônia quase que completamente às cegas e são guiados

Page 45: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

36

tinho (2007), a Aeronáutica calcula que para cobrir

todo o espaço aéreo da

“... Além de operar com radares quebrados e incapazes de flagrar invasores, o

outinho (2007) conclui afirmando que os terminais de

comunicação instalad

apenas por rádio. Essas falhas no sistema de controle aéreo têm as causas mais variadas,

que vão desde a falta de regulagem dos radares até as fortes chuvas que atingem a região e

interferem na transmissão de dados.

Segundo Cou

Amazônia, seria necessário instalar mais 625 radares, além dos 25

que já estão em operação. Como isso é muito caro, os militares deslocaram os radares

existentes para cidades nas quais se vende combustível de aviação. Com essa medida,

conseguem rastrear pequenos aviões que fazem rotas legais. Isso não coíbe, porém, o

tráfego de aeronaves de criminosos, que se abastecem em bases clandestinas. Em suas

palavras:

Sivam sofre com o abandono. Em Tabatinga, cidade amazonense que faz fronteira com a Colômbia e é uma das principais portas de entrada de cocaína no Brasil, foi erguida uma base do sistema para ajudar no patrulhamento da região. Ela deveria receber informações dos radares e repassá-las à Polícia Federal. O governo construiu um prédio, comprou equipamentos eletrônicos, mas alguém se esqueceu de instalar a antena para receber o sinal de satélite. Resultado: a base foi abandonada...”.

C

os em pontos remotos da floresta, como aldeias indígenas,

comunidades isoladas e postos de fronteira, também estão sendo subutilizados. Os Vsats,

compostos de telefone e computador com conexão à internet via satélite, deveriam servir

de canal de comunicação para que índios, ribeirinhos e policiais que trabalham no interior

informassem problemas como crimes ambientais e tráfico de drogas. Segundo ele, dos 665

aparelhos instalados, pelo menos 400 estão fora de operação.

Page 46: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

37

Figura 20 mostra base desativada na cidade de Tabatinga, na

fronteira do estado do A

A

mazonas com a Colômbia.

stação de radar abandonada: falta de antenas em pontos da Floresta? Figura 20: EFonte: Editora Abril

Page 47: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

38

3 ANÁLISE DE CUSTOS

Como nos demais modais de transporte, o custo de frete dos

dirigíveis é formado em função do alcance do veículo, velocidade e custos de capital. Os

dados necessários para quantificar o veículo ótimo e as características de operação para

mercados específicos estão além do escopo deste trabalho que busca, primeiramente,

apresentar uma estimativa dos custos de aquisição, manutenção e operação de um dirigível

do tipo híbrido para, a seguir, fazer uma comparação entre esta modalidade e os modais

tradicionalmente empregados na Região Amazônica.

O presente trabalho entende que cabe aos economistas fazer

análises e simulações de viabilidade econômica; entende também que o melhor cenário é

aquele que menos simulações e suposições exige, satisfazendo desta forma a lógica da

Navalha de Occam: “havendo várias explicações igualmente válidas para um fato, a mais

simples é a melhor”.

A busca pelo precedente histórico de rendimentos realizada mostra

um cenário recheado de números menores que aqueles simulados no presente trabalho, já

que tais aeronaves modernas, com capacidade para grandes tonelagens, ainda não existem

em operação comercial. Explica-se: os dirigíveis semi rígidos e não rígidos alcançaram o

ápice do conceito (design) na década de 1950, seguindo-se imediatamente isso seu ocaso.

Estes engenhos tinham uma capacidade de carga restrita a poucas

toneladas: “...os maiores [projetos] daquela época, (por exemplo, o ZPG-3W) podiam

sustentar pouco menos de 15 toneladas, isto para um dirigível de 132 metros de

comprimento...” (PRENTICE, BEILOCK E PHILLIPS 2004).

Page 48: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

39

Em contrapartida, os do tipo rígido forneciam uma capacidade de

sustentação de cargas de até 80 toneladas, foram projetados para ter um ciclo de vida

duradouro e desenvolver velocidades elevadas no percurso ponto-a-ponto. Enquanto as

simulações poderiam ser direcionadas para se contemplar um modelo semi rígido ou não

rígido – possivelmente algum engenho similar ao projeto alemão Cargolifter CL160 (não

abordado pelo presente trabalho em vista da falência e insolvência da empresa) – as

projeções tocantes aos custos de construção e operação de uma nave que atinja os

requisitos de sustentação de carga preconizados trazem o conceito rígido e os híbridos para

mais perto do alvo.

Ao se analisar o estado da arte da indústria mundial dos mais leves

que o ar (LTA), foi constatado que os dirigíveis híbridos de grande capacidade são os

veículos que atualmente melhor podem atender as necessidades do transporte especial,

principalmente de cargas indivisíveis.

Também se considerou o fato do fabricante britânico ATG –

Advanced Technologies Group, a despeito de viver uma crise financeira que o tornou

insolvente, ter conseguido finalizar, testar, viabilizar e homologar um dirigível híbrido com

capacidade para 20 toneladas, o SkyCat 20. A empresa sucessora da ATG, World SkyCat

Ltd. continua captando investidores para decolar os modelos de 220 e 1000 toneladas,

cujos projetos estão finalizados. Como a base tecnológica é a mesma para todas as

capacidades de carga, sua aplicação comercial está próxima de se realizar.

3.1 Vantagens e desvantagens inerentes aos dirigíveis

Conforme Prentice, Beilock e Phillips (2004), cada modal de

transporte tem seus pontos fracos e fortes, em termos de custos logísticos e serviços. São

estas vantagens que tendem para decidir pela utilização de cada modal: navios – grandes

volumes, lentos, baratos; aéreo – baixa capacidade, rápidos, custosos. Os dirigíveis podem

viajar relativamente rápido (80 milhas, cerca de 130 km/h) e têm suficiente autonomia para

vôos transoceânicos. Encaixam-se perfeitamente no transporte de cargas a granel com

baixo valor agregado, por limitarem-se apenas ao peso do combustível e da carga. Como

são veículos de grande deslocamento com elevação estática proporcionada pelo gás hélio,

os dirigíveis comportam cargas bastante volumosas.

Page 49: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

40

3.1.1 Velocidade

Aplicando a Matriz BCG (Boston Consulting Group) para o Ciclo

de Vida do Produto na análise do negócio (transporte internacional de cargas perecíveis),

Prentice, Beilock e Phillips (2004) classificam o transporte aéreo convencional como “o

abacaxi do comércio intercontinental”. Sua elevada velocidade é suplantada pela

capacidade extremamente limitada de carga e pelo altíssimo custo do frete-peso. A “vaca

leiteira” é o transporte marítimo: apesar dos avanços tecnológicos, mesmo o mais rápido

dos navios porta-contêiners opera entre 35 e 50 km/h, muito mais lento que qualquer outro

modal. A salvação do transporte marítimo é sua alta capacidade, longo alcance e baixo

custo do frete-peso.

Assim, se a perecibilidade e o valor agregado forem igualmente

altos, o transporte aéreo predomina. Em caso inverso, a opção é pelo marítimo, mas muitos

produtos não se encontram nos extremos de valor e perecibilidade e, pelas distâncias

envolvidas no comércio intercontinental, nem os custos extras exigidos pelo modal aéreo

convencional nem as baixas velocidades do transporte marítimo são atrativos. É neste

nicho que os dirigíveis apresentam grande potencial.

Por ser mais leve que o ar, o consumo de combustível só é exigido

para mover o dirigível para frente e, como em todos os modais, aumenta em função da

velocidade. Em velocidade de cruzeiro de 65 km/h um dirigível pode viajar, sem

reabastecer, duas vezes a distância que cobriria se estivesse voando a 130 km/h.

Alternativamente, mais carga poderia ser transportada a velocidades mais baixas, devido o

menor consumo de combustível (PRENTICE, BEILOCK E PHILLIPS 2004).

Quanto aos custos, a vantagem em voar mais rápido está na

possibilidade de aumentar a utilização do veículo, reduzindo os custos de tripulação. O

retorno de capital se determina pela receita obtida pelo valor de toneladas/quilômetro/ano.

Se o dirigível viaja mais depressa, os custos fixos são rateados entre mais viagens. À

medida que as cargas forem mais perecíveis, a velocidade pode ser recompensada por um

acréscimo no valor do frete. Assim, não apenas os custos fixos são diluídos entre mais

viagens como cada uma delas gera mais receitas do que seria o caso a baixas velocidades.

Page 50: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

41

3.1.2 Impacto da topografia

Relativamente a outros modais, os dirigíveis levam uma vantagem

comparativa quando operam em territórios inóspitos, com pouca infra-estrutura de

transporte ou onde ocorre transferência intermodal. À exceção de altas cadeias de

montanhas, existem poucas limitações topográficas aos dirigíveis, os quais não requerem

grandes facilidades em terra. Dirigíveis podem viajar sobre a terra ou mar e podem vencer

massas de ar tropicais e polares igualmente. Conseqüentemente, eles podem servir áreas

sem acesso por estradas, (comunidades encravadas nas florestas, ilhas e arquipélagos) tão

eficientemente como o faria em áreas continentais, mais desenvolvidas e populosas.

Conforme Prentice, Beilock e Phillips (2004), as transferências [de

carga] inerentes aos limites mar-terra poderão ser superpostas e os transbordos intermodais

serão efetuados com mínima infra-estrutura. Isto poderia reduzir o número destas

transferências usando-se um movimento ponto-a-ponto e, se os locais de transferências

forem isentos de grandes acidentes geográficos, como uma orla marítima, permitirá que

esta transferência ocorra em locais não congestionados. “Dirigíveis são capazes de

promover um serviço de entrega porta-a-porta para grandes cargas indivisíveis (...) o frete

poderia ser intermodal na entrega final, de caminhão ou trem...”.

3.1.3 Condições climáticas

Ao contrário do que parece, os dirigíveis não são “vítimas

indefesas” das condições extremas ou adversas do tempo. Aliás, um fabricante publica em

seus prospectos de publicidade que seus engenhos estarão aptos a “operar em qualquer

condição de tempo liberada para uma aeronave civil convencional” (ADVANCED

TECNOLOGIES GROUP). Os dirigíveis deverão ter potência suficiente para superar até o

mais forte e persistente vento de cabeceira.

3.1.4 Manejo em terra

Há muitas peculiaridades no manejo em solo de dirigíveis, cada

tipo exigindo equipamentos e número de pessoal variável. Cada desenvolvedor inovou nas

soluções para seu problema. O presente estudo considera as soluções encontradas para

facilitar as manobras de aterrisagem da aeronave híbrida, que neste caso são o sistema

Page 51: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

42

hovercraft e os motores capazes de reverter, como nas embarcações, jogando o ar para

cima e empurrando a nave para o chão, dispensando equipes de terra.

3.2 Custos comparativos entre dirigíveis híbridos e outras aeronaves

3.2.1 Economia de escala

Como os navios no oceano, os dirigíveis estão sujeitos a

significantes economias de escala. Dirigíveis grandes podem ter o custo do frete (em

toneladas por quilômetro) muito menor que o frete aéreo por aviões. As considerações

sobre as economias de escala foram primeiramente levantadas pelos projetistas dos

veículos híbridos, que visualizaram dirigíveis com uma capacidade útil de sustentação até

10 vezes maior que qualquer nave rígida jamais construída.

A extensão da economia de escala se reflete nos custos estimados

pelo Advanced Technologies Group Ltd. (ATG). Seu time de pesquisadores já desenvolveu

os dirigíveis Skyship 500 e 600, o Sentinel 1000 e os AT-10, com dezenas de

equipamentos voando pelo mundo. É deles o projeto SkyCat, já descrito no Capítulo 2.1.4 e

objeto deste estudo comparativo de custos. A Tabela 3 mostra os valores estimados para o

frete desta família de dirigíveis híbridos.

Tabela 3: Estimativa de custo do frete para híbrido SkyCat Capacidade de Carga

do Equipamento

Custo do Frete

(US$/ton/km)

20 toneladas 1,50

220 toneladas 0,20

1000 toneladas 0,06

Fonte: World SkyCat Ltd. UK

Confrontando-se os dados da Tabela 3, nota-se que o híbrido para

20 toneladas seria ligeiramente mais custoso que o frete aéreo convencional. A partir de

220 toneladas, conforme dados da ATG, o preço seria comparável ao do frete rodoviário

(caminhão) e, para o maior de seus veículos planejados, com capacidade de 1.000

toneladas, o preço do frete seria comparável ao frete marítimo. É importante enfatizar que

as estimativas de custos da ATG são baseadas em simulações feitas em computador, em

Page 52: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

43

vez de experimentações nas condições do mundo real e estas tarifas não se consideram

especificamente nenhuma missão ou nível de utilização.

A Tabela 4 compara a capacidade de carga, os custos por hora e o

custo por tonelada por hora de um SkyCat20 com quatro aviões e um helicóptero cargueiro.

Tabela 4: Comparativo entre dirigível híbrido para 20 toneladas e outras aeronaves

Fonte: World SkyCat Ltd. UK

A Tabela 5 compara a capacidade de carga versus custos por hora e

custos por tonelada por hora entre o veículo híbrido SkyCat 220 e as quatro maiores

aeronaves de carga disponíveis no mercado mundial. Estes valores também foram

estimados pelo fabricante junto a empresas européias de aluguel de aeronaves e considera

os custos para locação de toda a aeronave, com tripulação, por períodos curtos e

padronizados (os valores estão expresssos em dólares americanos de 2004). O avião russo

Antonov 124 não opera no Brasil e tem severas restrições de pista para pouso e decolagem

mesmo na Europa.

Tabela 5: Comparativo entre dirigível híbrido para 220 toneladas e outras aeronaves.

Fonte: World SkyCat Ltd. UK

Page 53: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

44

Os custos comparativos entre os híbridos SkyCat 20 e SkyCat 220 e

as aeronaves de tipos, tamanhos e capacidades de carga compatíveis aqui apresentados

foram estimados pelo fabricante junto à IATA e empresas européias de aluguel de

aeronaves, tomando-se por base os custos para locação de toda a aeronave, com tripulação,

por períodos curtos e padronizados.

3.2.2 Custos básicos de aquisição e manutenção

Os custos básicos de capital, leasing e operação dos SkyCat 20 e

SkyCat 220 estão expostos na Tabela 6. A variação de valores deve-se à ampla gama de

opções de atuação do engenho, desde cargueiro até transporte de luxo para passageiros e

contempla todos os instrumentos para equipar o veículo, interna e externamente.

Tabela 6: Comparativo de custos diretos, financeiros e totais SkyCat 20 versus 220

Fonte: World SkyCat Ltd. UK

Para atuar na região da Amazônia Legal brasileira, em missões de

engenharia (transporte de torres e antenas de radar, de micro usinas hidrelétricas, pontes

metálicas entre outras), de monitoramento ambiental, vigilância de fronteiras, transporte de

tropas, serviços comunitários e muitos outros, um só engenho não seria suficiente.

Page 54: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

45

Com um investimento da ordem de US$ 120 milhões (cerca de R$

216 milhões), valor bastante modesto quando se considera os benefícios ambientais e para

a própria segurança nacional, é possível adquirir quatro aeronaves SkyCat 20, totalmente

equipadas com o que há de mais moderno em sistemas de vigilância, monitoramento e

equipamentos de movimentação e transporte de cargas, além de treinar todo o efetivo

militar e civil necessário à sua operação. Esta frota poderá viabilizar a construção de

veículos similares pelas próprias Forças Armadas, que já desenvolveram e patentearam

dois modelos de dirigíveis híbridos há doze anos, porém nunca saíram das pranchetas.

Segundo o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de

Transportes (DNIT, 2007), o Governo Federal previa, por meio do Programa de

Aceleração do Crescimento (PAC), o investimento de R$ 8 bilhões no modal rodoviário

durante o ano de 2007, em ações que incluíam a construção de 6.876 quilômetros, a

duplicação de 3.214 e a recuperação de 32 mil quilômetros de rodovias federais, além da

instalação de dispositivos de segurança e de postos de pesagem. O investimento em

ferrovias neste ano seria de R$ 1,6 bilhão. Nesse modal, o objetivo era construir 111

quilômetros de ferrovias ainda em 2007 e chegar ao ano de 2010 com mais de 2.500

quilômetros de ferrovias prontas para operação. O PAC prevê investimentos na infra-

estrutura logística do País de pelo menos R$ 55,2 bilhões até o ano de 2010.

A Tabela 7 compara os custos de implantação, em Reais por

quilômetros, dos modais rodoviário, hidroviário e ferroviário. Este estudo desconsiderou o

custo de construção de aeroportos devido à grande necessidade de homens, máquinas e

equipamentos extra pesados para as obras de implantação da infra-estrutura aeroportuária,

sendo que para isso é preciso de meios terrestres ou aquáticos de locomoção.

Tabela 7: Custos de implantação de vias de transporte. Dados de 1999.

Fonte: PERES, L. 2000

Page 55: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

46

Ao se olhar para as dimensões da Amazônia Legal – são 3.800.000

km2 de extensão e 25.000 km de rios navegáveis – e para os custos de implantação de vias

de transporte, a opção pela hidrovia parece evidente. Entretanto, não se pode desprezar o

fator tempo de viagem. O trajeto entre Manaus (AM) e Boa Vista (RR), a bordo de um

Hércules C-130 consome perto de duas horas para vencer os 670 km de aerovia (em linha

reta). Um barco levaria NOVE DIAS para chegar a Roraima e cinco para retornar a

Manaus – navegando por 1100 km. Um dirigível ligaria os dois pontos em cerca de NOVE

HORAS, a um custo/benefício muito compensador.

Para melhor ilustração deste cenário, o leitor deve consultar a

Tabela 2: Distâncias e tempos de viagem a partir de Manaus (AM), agora considerando os

custos de construção da via versus o custo de aquisição do dirigível híbrido.

Page 56: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

47

4 CONCLUSÕES

Os dirigíveis híbridos apresentam uma opção de transporte

totalmente inovadora e amigável para a Região da Amazônia Legal. Nenhum outro meio

de transporte é capaz de preencher as lacunas que podem ser atendidas por eles. São

independentes de infra-estrutura, aterrisam e decolam em terra, água ou qualquer superfície

plana, tracionam grandes volumes indivisíveis ou carregam grandes volumes de cargas de

baixa densidade. São extremamente versáteis e têm grande autonomia de vôo,

imprescindível para missões de patrulhamento de fronteiras, monitoramento ambiental

entre outros. Além disso, a versão SkyFire 20 poderá combater incêndios florestais com

muita eficiência, pois carrega 20 mil litros de água cada vez e libera mais lentamente que

qualquer outra aeronave.

A construção de estradas e ferrovias na Região Norte, notadamente

na área da Amazônia Legal, é dada como certa pelo Governo Federal em seu PAC –

Programa de Aceleração do Crescimento. A construção de uma nova usina hidrelétrica no

Rio Madeira acabará por gerar um impacto ambiental no mínimo tão grande quanto será

sua capacidade de geração de energia. Isto sem considerar a instalação das linhas de

transmissão. Este tipo de infra-estrutura é invasivo e causa alterações permanentes no

frágil e complexo ecossistema da Floresta, ainda não desvendado totalmente.

Por outro lado, outro organismo federal, o Ipam – Instituto de

Pesquisas da Amazônia prevê um destino cruel para a Floresta nos próximos 30 anos se

todas as obras alardeadas forem efetivamente implantadas. Sobrariam apenas 5 ou 6% de

Floresta Amazônica. Longe de ser uma “panacéia universal”, os dirigíveis híbridos

apresentam-se como uma solução viável econômica e ambientalmente, pois além de seus

Page 57: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

48

motores movidos a óleo diesel altamente eficientes emitirem poucos poluentes, não é

necessário desflorestar para que este equipamento pouse ou decole. Eles deixariam apenas

“pegadas” em áreas de visita freqüente.

Os dirigíveis são um meio de transporte ambientalmente correto,

seguro e representam uma tecnologia que poderá contribuir para o desenvolvimento

daquela região e de sua população, de forma sustentável.

Page 58: Utilização de Dirigíveis na Região da Amazônia

49

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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AB’SÁBER, A.N., Do Discurso à Práxis. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1996; p. 56.

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