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RODRIGO MENDES DE MORAIS MARQUES UTILIZAÇÃO DE FONTES DE ENERGIA ALTERNATIVA PARA AQUECIMENTO DE ÁGUA Monografia apresentada ao curso de graduação em Engenharia Elétrica, da Universidade Estadual de Londrina, como requisito para obtenção do grau de Engenheiro Eletricista. Orientador: prof. Dr. Ernesto F. Ferreyra Ramírez Co-orientador: prof. Luis Carlos Kakimoto LONDRINA 2008

UTILIZAÇÃO DE FONTES DE ENERGIA ALTERNATIVA PARA ... · do sistema de aquecimento das piscinas, obtidos na pesquisas de campo, com seus respectivos resultados. No final desse capitulo

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RODRIGO MENDES DE MORAIS MARQUES

UTILIZAÇÃO DE FONTES DE ENERGIA ALTERNATIVA PARA AQUECIMENTO DE ÁGUA

Monografia apresentada ao curso de graduação em Engenharia Elétrica, da Universidade Estadual de Londrina, como requisito para obtenção do grau de Engenheiro Eletricista.

Orientador: prof. Dr. Ernesto F. Ferreyra Ramírez Co-orientador: prof. Luis Carlos Kakimoto

LONDRINA 2008

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RODRIGO MENDES DE MORAIS MARQUES

UTILIZAÇÃO DE FONTES DE ENERGIA ALTERNATIVA PARA AQUECIMENTO DE ÁGUA

Monografia apresentada ao curso de graduação em Engenharia Elétrica, da Universidade Estadual de Londrina, como requisito para obtenção do grau de

Engenheiro Eletricista.

Londrina, 03 de outubro de 2008.

Prof. Ernesto. F. Ferreyra Ramírez Universidade Estadual de Londrina

Orientador

Prof. Luis Carlos Kakimoto Universidade Estadual de Londrina

Co-orientador

Prof. Osni Vicente Universidade Estadual de Londrina

3

Dedico, aos meus pais.

4

Agradecimentos

Aos meus pais.

À minha família.

Ao meu tio Geraldo Norcia Banhos.

Ao meu professor e orientador

Ernesto F. Ferreyra Ramírez.

Ao meu professor e co-orientador

Luis Carlos Kakimoto.

A todos os meus amigos que colaboraram

com a realização deste trabalho.

5

RESUMO MARQUES, Rodrigo Mendes de Morais. Utilização de Fontes de Energia Alternativa para Aquecimento de Água. 2008. 91p. Monografia - Programa de Graduação em Engenharia Elétrica,- UEL, Londrina. A energia renovável é obtida através de fontes naturais que podem se regenerar. Como esse sistema de energia é inesgotável, pode-se considerá-lo como uma opção ao modelo energético tradicional. A busca por fontes renováveis é um dos assuntos mais visados na atualidade, englobando questões políticas, econômicas e ambientais. Neste trabalho, após uma ampla avaliação sobre fontes de energia alternativa, foi construído um aquecedor solar de água, constituído de materiais recicláveis, com o intuito de analisar sua eficiência energética, e então poder compará-lo com outros sistemas de aquecimento. Assim, foram realizados estudos a respeito da produção de energia, salientando aspectos importantes como: viabilidade econômica; sustentabilidade de cada fonte; disponibilidade de recursos para a geração de energia. Pode-se desta forma, aprimorar o conhecimento em relação à qualidade e conservação de energia, podendo servir como base para a construção futura de sistemas de energia alternativa. Palavras-chave: Energia Alternativa, Energia Solar, Conservação de Energia, Aquecimento de Água.

6

ABSTRACT MARQUES, Rodrigo Mendes de Morais. Use of Alternative Energy Sources for Heating Water. 2008. 91p. Monograph - Eletric Engineering Graduation Program, UEL, Londrina. The renewable energy is obtained from natural resources which can be regenerated. So it represents an inexhaustible alternative to the energetic traditional model. The search for renewable fuel is one of the topics most aimed in the present, including political, economical and environmental questions. In this work, after a comprehensive evaluation of alternative energy sources, it was built a solar water heater composed of recyclable materials in order to analyze their energetic efficiency, and then compare it with other heating systems. Studies were carried out related to the production of energy, pointing out important aspects like: economical viability; sustainability of each fountain; availability of resources for the generation of energy. It permitted to bring up to date the knowledge regarding the quality and conservation of energy, and can serve as a basis for the construction of future alternative energy systems. Keywords: Alternative Energy, Solar Energy, Conservation of Energy, Heating Water.

7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Produção de energia primária no Brasil ................................................ 15

Figura 2 - Fontes de energia renovável ................................................................. 17

Figura 3 - Dependência externa de energia .......................................................... 19

Figura 4 - Turbina eólica........................................................................................ 29

Figura 5 - Célula fotovoltaica ................................................................................. 32

Figura 6 - Sistemas de aquecimento de água convencionais ............................... 35

Figura 7 - Coletor de concentração ....................................................................... 38

Figura 8 - Coletor plano ......................................................................................... 39

Figura 9 - Esquema de instalação de um sistema passivo direto .......................... 43

Figura 10 - Esquema de instalação de um sistema passivo indireto ....................... 43

Figura 11 - Esquema de instalação de um sistema ativo direto .............................. 44

Figura 12 - Esquema de instalação de um sistema ativo indireto ........................... 45

Figura 13 - Materiais utilizados ................................................................................ 48

Figura 14 - Garrafas pet cortadas ........................................................................... 49

Figura 15 - Formato da caixa tetra pak ................................................................... 50

Figura 16 - Caixas tetra pak dobradas .................................................................... 50

Figura 17 - Esquemático coletor solar ..................................................................... 52

Figura 18 - Coletor solar .......................................................................................... 53

Figura 19 - Aquecedor solar .................................................................................... 54

Figura 20 - Inclinação aquecedor ............................................................................ 55

Figura 21 - Recipiente de armazenamento de água ............................................... 56

Figura 22 - Posicionamento do aquecedor .............................................................. 57

Figura 23 - Multímetro ET - 1110 ............................................................................ 58

Figura 24 - Termômetro químico escala de -10+110:1ºC ........................................ 59

Figura 25 - Aquecedor a diesel para piscinas ......................................................... 63

Figura 26 - Aquecedor a lenha para piscinas .......................................................... 65

Figura 27 - Aquecedor solar para piscinas .............................................................. 68

Figura 28 - Aquecedor a gás Komeco KO 1200 ...................................................... 73

8

LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Produção de energia primária no Brasil ............................................. 14

Tabela 2 - Contribuições dos principais paises às emissões de CO2 .................. 16

Tabela 3 - Dependência externa de energia ....................................................... 19

Tabela 4 - Dimensões do coletor/número de pessoas ........................................ 47

Tabela 5 - Dimensões do coletor com materiais recicláveis ................................ 51

Tabela 6 - Custos dos materiais para construção do coletor............................... 53

Tabela 7 - Custos dos materiais para conectar o coletor ao reservatório ........... 54

Tabela 8 - Medidas de temperatura da água – 02/09/08 ..................................... 60

Tabela 9 - Medidas de temperatura da água – 03/09/08 ..................................... 60

Tabela 10 - Medidas de temperatura da água – 04/09/08 ..................................... 61

Tabela 11 - Gastos mensais do aquecedor a diesel ............................................ 65

Tabela 12 - Dados de aquecedores a lenha para piscinas ................................... 66

Tabela 13 - Gastos mensais do aquecedor a lenha .............................................. 67

Tabela 14 - Tarifa convencional - COPEL ............................................................. 70

Tabela 15 - Custo de banho mensal do sistema elétrico ....................................... 71

Tabela 16 - Aquecedor a gás KO 1200 Komeco ................................................... 73

Tabela 17 - Custo de banho mensal do sistema a gás - GLP ............................... 75

Tabela 18 - Custo de banho mensal do sistema a gás - GN ................................. 77

Tabela 19 - Dados comparativos - sistemas de aquecimento residenciais ........... 81

Tabela 20 - Dados comparativos - sistemas de aquecimento das piscinas ......... 83

9

SUMÁRIO RESUMO..................................................................................................................... 5

ABSTRACT ................................................................................................................. 6

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11

1.1 OBJETIVOS ............................................................................................................ 12

1.1.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................ 16

1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 12

2 REVISÃO TEÓRICA ............................................................................................. 14

2.1 SITUAÇÃO ENERGÉTICA ATUAL ........................................................................ 14

2.2 ENERGIAS RENOVÁVEIS ...................................................................................... 23

2.2.1 BIOMASSA ..................................................................................................................... 23

2.2.1.1 BIOMASSA SÓLIDA .................................................................................................... 24

2.2.1.2 BIOCOMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS ................................................................................. 25

2.2.1.3 BIOCOMBUSTÍVEIS GASOSOS (BIOGÁS) ............................................................... 25

2.2.2 EÓLICA ........................................................................................................................... 26

2.2.3 TÉRMICA SOLAR .......................................................................................................... 29

2.2.4 FOTOVOLTAICA ............................................................................................................ 30

2.3 SISTEMAS DE AQUECIMENTO DE ÁGUA ........................................................... 33

2.3.1 SISTEMAS CONVENCIONAIS DE AQUECIMENTO DE ÁGUA ................................... 33

2.3.2 SISTEMA DE AQUECIMENTO SOLAR ........................................................................ 36

2.3.2.1 O SOL .......................................................................................................................... 36

2.3.2.2 COMPONENTES DO SISTEMA ................................................................................. 37

2.3.2.2.1 COLETORES DE CALOR ........................................................................................ 37

2.3.2.2.1.1 COLETORES DE CONCENTRAÇÃO ................................................................... 37

2.3.2.2.1.2 COLETORES PLANOS ......................................................................................... 38

2.3.2.2.2 TANQUE DE ARMAZENAMENTO TÉRMICO ......................................................... 40

2.3.2.2.3 FONTE AUXILIAR DE ENERGIA ............................................................................. 41

2.3.2.3 CONFIGURAÇÕES DOS SISTEMAS ......................................................................... 41

2.3.2.3.1 SISTEMA PASSIVO DIRETO................................................................................... 42

2.3.2.3.2 SISTEMA PASSIVO INDIRETO .............................................................................. 43

2.3.2.3.3 SISTEMA ATIVO DIRETO........................................................................................ 44

2.3.2.3.4 SISTEMA ATIVO INDIRETO .................................................................................... 45

3 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 46

3.1 DIMENSIONAMENTO DO AQUECEDOR SOLAR .................................................. 46

3.1.1 MATERIAIS E UTILIZADOS PARA MONTAR O AQUECEDOR ................................... 47

3.1.1.1 TUBOS DE CONEXÃO PVC ....................................................................................... 48

10

3.1.1.2 GARRAFAS PET ......................................................................................................... 48

3.1.1.3 CAIXAS DE TETRA PAK ............................................................................................. 49

3.1.2 DIMENCIONAMENTO COM MATERIAIS RECICLÁVEIS ............................................. 51

3.1.3 MEDIÇAO ....................................................................................................................... 56

3.1.3.1 LOCAL UTILIZADO PARA AS MEDIÇÕES ................................................................ 56

3.1.3.2 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS PARA AS MEDIÇÕES ............................................ 57

3.1.3.2.1 TERMÔMETRO DE PISCINA .................................................................................. 57

3.1.3.2.2 MULTÍMETRO .......................................................................................................... 58

3.1.3.2.3 TERMÔMETRO QUÍMICO ....................................................................................... 59

4 RESULTADOS E ANÁLISE ................................................................................... 60

4.1 DADOS MEDIDOS DO AQUECEDOR SOLAR ....................................................... 60

4.2 DADOS DA PESQUISA DE CAMPO ...................................................................... 61

4.2.1 SISTEMAS DE AQUECIMENTO DAS PISCINAS ......................................................... 62

4.2.1.1 SISTEMA DE AQUECIMENTO A DIESEL .................................................................. 62

4.2.1.2 SISTEMA DE AQUECIMENTO A LENHA ................................................................... 65

4.2.1.3 SISTEMA DE AQUECIMENTO SOLAR ...................................................................... 68

4.3 AQUECIMENTO RESIDENCIAL ............................................................................. 69

4.3.1 AQUECIMENTO ELÉTRICO .......................................................................................... 69

4.3.2 AQUECIMENTO A GÁS - GLP....................................................................................... 72

4.3.3 AQUECIMENTO A GÁS - GN ........................................................................................ 75

4.3.4 AQUECIMENTO SOLAR ................................................................................................ 77

4.4 COMPARAÇÃO E DISCUSSÃO ENTRE OS SISTEMAS ....................................... 79

4.4.1 ANÁLISE DO CONSUMO DAS PISCINAS .................................................................... 79

4.4.2 ANÁLISE DO CONSUMO RESIDENCIAL ..................................................................... 81

5 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 84

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 86

ANEXOS ................................................................................................................... 89

11

1 INTRODUÇÃO

Atualmente a busca por novas fontes de energia vem sendo estudada e

aplicada em uma escala cada vez maior. Substituir aos poucos as fontes

tradicionais, como o carvão e o petróleo, que tendem a se tornarem cada vez

mais escassos e caros, por fontes naturais que são abundantes e inesgotáveis

para a geração de energia, é uma das metas do século XXI. A vantagem do

uso de energia a partir de fontes renováveis não se resume apenas ao âmbito

econômico e político, enfoca também com a mesma importância, a

preservação da natureza em oposição ao impacto ambiental causado pelos

combustíveis fósseis.

Assim, neste trabalho é abordado de forma ampla, o tema referente a

energias alternativas. Para isso a presente monografia é composta de cinco

capítulos dispostos da seguinte forma:

Capítulo 1: A introdução mostra os assuntos que serão abordados no decorrer

do trabalho, além de propor os objetivos, que pretendem ser alcançados no

final.

Capítulo 2: Na revisão teórica serão apontados os assuntos referentes aos

temas do estudo realizado sobre energias alternativas: conservação de

energia; formas de energias renováveis; e sistemas de aquecimento de água.

12

Capitulo 3: Este capítulo apontará: os métodos utilizados para a realização do

trabalho; o dimensionamento do aquecedor solar; local onde foram feitas as

medições; e os equipamentos utilizados.

Capítulo 4: O capitulo irá mostrar os valores de temperatura da água obtidos

com as medições do aquecedor solar. Serão também apresentados os dados

do sistema de aquecimento das piscinas, obtidos na pesquisas de campo, com

seus respectivos resultados. No final desse capitulo serão analisados e

comparados os sistemas em questão.

Capítulo 5: De acordo com as análises feitas, será apresentada a conclusão

do trabalho conforme os objetivos propostos.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 OBJETIVO GERAL

Será feita neste trabalho, uma ampla avaliação sobre formas alternativas

de energia. Pretende-se estudar desde o aproveitamento direto da mesma, até

a sua conversão em outras formas de energia, tendo como foco principal o

estudo da energia térmica para o aquecimento de água.

1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

A produção de energia térmica terá como fonte renovável principal no

trabalho, a biomassa e a energia solar. Serão analisados aspectos

fundamentais como:

13

• Sustentabilidade da Fonte: consiste em verificar se essas fontes podem

emitir substâncias indesejadas, o que pode causar impactos negativos

ao ambiente;

• Disponibilidade dos Recursos Renováveis: avaliação da disponibilidade

dos recursos naturais utilizados, em uma escala suficiente, pois eles

podem variar de uma região para outra, e em diferentes períodos.

• Viabilidade Financeira: análise dos custos envolvidos do sistema

renovável em questão, para compará-los com sistemas tradicionais de

aquecimento.

A realização destes itens irá constituir o estudo, verificando assim as reais

possibilidades de se projetar um sistema de energia renovável.

14

2 REVISÃO TEÓRICA

2.1 SITUAÇÃO ENERGÉTICA ATUAL

Pode-se verificar, através da tabela 1, a dependência que o país possui

em relação aos combustíveis fósseis. Esses combustíveis convencionais

causam o crescimento da emissão de diversos gases poluentes como: CO,

CO2, NO, NO2, SO2. O seu uso demasiado gera um aumento de custo, além de

um futuro esgotamento de suas reservas energéticas.

Tabela 1 - Produção de energia primaria no Brasil. PRODUÇÃO DE ENERGIA PRIMÁRIA

UNIDADE: 10³ tep*

IDENTIFICAÇÃO 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

NÃO RENOVÁVEL 79.778 83.490 95.910 97.829 99.216 105.667 111.161

PETRÓLEO 63.849 66.742 75.124 77.580 76.641 84.300 88.954

GÁS NATURAL 13.185 13.894 15.453 15.681 16.852 17.575 17.582

CARVÃO VAPOR 2.603 2.175 1.935 1.785 2.016 2.348 2.200

CARVÃO METALÚRGICO 10 10 63 38 137 135 87

URÂNIO (U3O8) 132 669 3.335 2.745 3.569 1.309 2.338

RENOVÁVEL 73.556 72.896 78.263 86.267 91.022 94.855 100.380

ENERGIA HIDRÁULICA 26.168 23.028 24.495 26.283 27.589 29.021 29.997

LENHA 23.054 22.437 23.542 25.965 28.187 28.420 28.496

PRODUTOS DA CANA-DE-AÇÚCAR 19.895 22.800 25.272 28.357 29.385 31.094 35.133

OUTRAS RENOVÁVEIS 4.439 4.631 4.954 5.663 5.860 6.320 6.754

TOTAL 153.334 156.386 174.173 184.097 190.238 200.522 211.541

Fonte MME, 2007. (*) Tonelada equivalente de petróleo

15

FIGURA 1 PRODUÇÃO DE ENERGIA PRIMÁRIA NO BRASIL. Fonte: MME, 2007. (*) tep, significa tonelada equivalente de petróleo

Nota-se pela figura 1, a importância que a energia hidráulica exerce no

sistema energético nacional. Embora seja considerada uma fonte de energia

renovável, considerada limpa por não produzir emissões nocivas, o

crescimento das hidroelétricas no Brasil apresenta dificuldades. Segundo

Walisiewicz, a instalação dessas usinas provoca impactos ambientais como: a

destruição de habitats naturais durante o seu período de construção,

decomposição da vegetação submersa dando origem a gases poluentes como

o metano, além de expulsar e desabrigar milhares de pessoas que fazem parte

da população nativa da região. Outra dificuldade encontrada para a construção

das usinas, é necessidade de grandes recursos de investimento financeiro.

PRODUÇÃO PRIMÁRIA DE ENERGIA (106 tep)

0

50

100

150

200

2501970

1973

1976

1979

1982

1985

1988

1991

1994

1997

2000

2003

2006

PETRÓLEO

HIDRÁULICA GÁS NATURAL

OUTRAS

LENHA

PRODUTOS DA CANA

16

“A principal causa dos problemas ambientais decorrentes do uso de

energia é o uso de combustíveis fosseis (carvão, petróleo e gás) seja na

produção de eletricidade, no setor de transportes ou na indústria.”

(GOLDEMBERG; VILLANUEVA, 2003, p. 125).

O principal gás poluente que contribui para o aquecimento por efeito

estufa é o CO2, é considerado um dos principais responsáveis pelo

aquecimento global. A tabela 2 mostra os 20 maiores emissores anuais de

carbono, resultantes da queima de combustíveis fósseis.

Tabela 2 – Contribuições dos principais paises às emissões de CO2. Emissões de carbono x 10³ tons métricas/ano 2004 Rank País CO2 Total

1 Estados Unidos 1650020 2 China 1366554 3 Rússia 415951 4 Índia 366301 5 Japão 343117 6 Alemanha 220596 7 Canadá 174401 8 Reino Unido 160179 9 Rep. da Coréia 127007 10 Itália 122726 11 México 119473 12 África do Sul 119203 13 Irã 118259 14 Indonésia 103170 15 França 101927 16 Brasil 90499 17 Espanha 90145 18 Ucrânia 90020 19 Austrália 89125 20 Arábia Saudita 84116

Fonte: TRENDS Online. A Compendium of Data on Global Change, 2004. Disponível em: < http://cdiac.esd.ornl.gov/trends/emis/tre_coun.htm>.

Observa-se que as nações responsáveis pelo maior índice de emissão de

carbono são os países industrializados. Em alguns paises o desmatamento

também contribui de forma elevada com os índices de emissão de carbono,

17

como no caso do Brasil, em que as emissões resultantes do desmatamento da

Amazônia, segundo Goldemberg e Villanueva (2003, p. 94), correspondem a

mais que o dobro das emissões resultantes do uso de combustíveis fósseis.

Durante muito tempo o homem agiu como se os combustíveis fósseis

fossem inesgotáveis. O trabalho realizado, os bens e serviços que dispomos

passaram a depender cada vez mais do petróleo, gás e carvão. O

desenvolvimento do mundo industrializado durante décadas foi sustentado por

esses combustíveis. Com o passar do tempo, guerras e crises políticas

atribuíram vários pontos negativos a esses combustíveis utilizados em alta

escala pela humanidade. O Homem tomou consciência do impacto ambiental

causado por essa dependência de energia. Os governos atuais de paises

desenvolvidos buscam racionalizar a forma de consumo de energia alem da

busca de outras fontes de energia como: eólica, solar, biomassa vegetal,

geotérmica, termosolar e das marés como aponta a figura 2.

FIGURA 2 FONTES DE ENERGIA RENOVÁVEL. Fonte: Gazzoni, 2006. Disponível em <www.biodieselbr.com>.

18

Os combustíveis não-renováveis respondem por mais de 80% do

consumo atual de energia no mundo, mostrando um amplo domínio no quadro

energético. Modificar essa situação é uma tarefa difícil porem não é impossível,

pois as fontes de energia alternativa são amplas e estão disponíveis em alta

escala para que no futuro, possam substituir boa parte dos combustíveis

fosseis que são usados atualmente. O uso de energia de forma eficiente, não

só reduz os problemas ambientais, mas também estende a vida útil das fontes

de combustíveis fósseis, cujas reservas são finitas. Melhorar a eficiência do

uso energético ou promover a conservação de energia significa não só

colaborar com a proteção ambiental e a sustentabilidade do planeta, esta ação

é ainda em geral vantajosa em termos de retorno de investimento.

Um exemplo da conscientização ambiental, aliando benefícios ecológicos

aos econômicos, pode ser notado em um edifício na cidade de Londrina, onde

um sistema para aproveitamento de água de chuva foi construído. “Despesa

com a conta de água usada nas áreas comuns cai de R$ 2.400,00 para R$

300,00 nos meses com chuvas regulares. ”É uma satisfação muito grande

diminuir o valor mensal do condomínio e, ao mesmo tempo, contribuir com a

preservação dos recursos naturais”, avalia a síndica”. (FOLHA DE LONDRINA,

2007).

Nas ultimas décadas houve um aumento do uso de energia elétrica no

país, sem que acontecesse um aumento de produção de energia na mesma

proporção. Campanhas políticas foram adotadas, incentivando o uso racional

de energia por parte da população, com a finalidade de evitar um possível

colapso no sistema de geração de energia elétrica nacional. Esse fato pode ser

confirmado ao analisar a demanda de energia por parte da população,

19

relacionado à oferta por parte das concessionárias, o que resulta em uma

dependência de energia externa como observado na tabela 3. Essa

dependência externa vem diminuindo consideravelmente nos últimos anos,

porém o país ainda não apresenta uma auto-suficiência em relação a esta

situação.

Tabela 3 – Dependência externa de energia. DEPENDÊNCIA EXTERNA DE ENERGIA (*)

IDENTIFICAÇÃO UNIDADE 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

TOTAL mil tep 43.728 41.816 29.392 22.490 28.169 22.735 19.052

% 22,2 21,1 14,4 10,9 12,9 10,2 8,3

PETRÓLEO mil bep/d 486 397 212 71 134 -1 -32 %

27,1 22,5 12,1 4,3 7,8 -0,1 -1,8

CARVÃO MINERAL mil t 14.846 14.618 15.096 16.133 16.127 15.440 14.898 %

68,1 67,9 75,3 77,6 73,5 71,6 69,4

ELETRICIDADE GWh 44.338 37.848 36.573 37.145 37.385 39.042 41.164 %

11,3 10,3 9,6 9,3 8,8 8,8 8,9

Fonte MME, 2007. (*) É a diferença entre a demanda interna de energia e a produção interna.

FIGURA 3 DEPENDÊNCIA EXTERNA DE ENERGIA. Fonte: MME, 2007.

DEPENDÊNCIA EXTERNA DE ENERGIA (%)

-10

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

1970

1973

1976

1979

1982

1985

1988

1991

1994

1997

2000

2003

2006

ELETRICIDADE

DEPENDÊNCIA TOTAL

PETRÓLEO

CARVÃO MINERAL

20

Com o quadro nacional onde, a crise energética se aproxima devido ao

sistema de geração de energia trabalhar no seu limite, aliado às dificuldades

financeiras e geográficas de se construir novas hidrelétricas, e ainda à poluição

ambiental encontrar-se cada vez mais acentuada, fez com que o governo,

despertasse a busca por novas fontes de energia. Nota-se então que o

abastecimento energético é um dos grandes desafios atuais do país.

Em busca de novas alternativas, o governo brasileiro criou em 2002 o

PROINFA: Programa de Incentivo às fontes Alternativas de Energia Elétrica.

Segundo o governo este programa coordenado pelo Ministério de Minas e

Energia (MME) visa “à diversificação da matriz energética nacional, garantindo

maior confiabilidade e segurança ao abastecimento. Estabelece a contratação

de 3300 MW de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN), produzidos por

fontes eólicas, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), sendo

1.100 MW de cada fonte”.

EM 2003 foi instituído o PNPB: Programa Nacional de Produção e Uso de

Biodiesel: “que objetiva a implementação de forma sustentável, tanto técnica,

como economicamente, a produção e uso do Biodiesel, com enfoque na

inclusão social e no desenvolvimento regional, via geração de emprego e

renda”.

O consumo de energia para aquecimento de água em uma residência

familiar constitui uma parcela considerável da energia gasta em sua totalidade.

A racionalização e a otimização desse sistema de aquecimento de água vem

sendo estudado e aplicado em larga escala com a finalidade de diminuir esses

gastos.

21

“O Brasil aparece na literatura técnica como mau exemplo no uso

intensivo de eletricidade para o aquecimento de água. “O chuveiro elétrico é o

grande vilão do setor energético brasileiro”, diz o pesquisador Ari Vaz Pinto, do

Centro de Pesquisas em Energia Elétrica (Cepel)”. (PAMPLONA, 2008).

Um sistema de aquecimento utilizando a energia solar desponta como

uma ótima alternativa para o aquecimento de água em países com grande

potencial de radiação solar, além de ser considerada uma energia limpa e

renovável. Estas instalações são dimensionadas para atender as necessidades

energéticas anuais, o que evita excedentes energéticos nos meses com nível

de insolação elevado. Esses sistemas são mais utilizados atualmente em

países desenvolvidos, apesar do grande crescimento nos países em

desenvolvimento.

“Só nos Estados Unidos, mais de 2 milhões de casas são equipadas com

“coletores de placas planas” que usam a luz solar para aquecer água com uma

eficiência de aproximadamente 50%” (WALISIEWICS, 2008, p. 49).

No Brasil a energia solar apresenta-se como uma grande alternativa para

o aquecimento de água, já que o país possui um enorme potencial para

desenvolver esta forma de energia. Diante desta situação, o governo brasileiro

vem estudando formas de incentivar a utilização da energia solar, e algumas

leis estão sendo regulamentadas. Foi publicada, em 22/01/2008, no Diário

Oficial da Cidade de São Paulo, uma lei que determinaria a obrigatoriedade da

instalação de Sistemas de Aquecimento de Água (SAS) nas novas edificações

do Município de São Paulo destinadas às categorias de uso residencial e não-

residencial.

22

A desvantagem deste sistema é que para a instalação do mesmo, é

necessário um grande investimento inicial, em relação aos sistemas

tradicionais. É preciso fazer um estudo econômico antes de instalar o sistema,

para verificar a partir de quando será iniciado o retorno financeiro.

A secretaria do meio ambiente do estado do Paraná começou a divulgar

em 2006 um projeto que mostra como confeccionar um aquecedor solar

utilizando materiais recicláveis. “A idéia criada pelo catarinense José Alcino

Alano, usa garrafas pet, caixa de leite longa vida e tubos de PVC para criar o

aquecedor. O aparelho garante o aquecimento de água sem gasto de energia.

Segundo o Secretário do Meio Ambiente, Rasca Rodrigues, a economia na

conta de energia elétrica chega a 35%. O aquecedor custa em torno de R$ 80

para atender uma família de quatro pessoas e utiliza 200 garrafas pet de dois

litros. Rodrigues afirma que a economia gerada pelo sistema paga o

investimento em dois meses”. (ALONSO, 2008).

Tanto na sua forma mais comum, para a obtenção de água quente, como

para outras formas de aplicações, o considerável beneficio econômico e

energético observado, e ainda a grande tecnologia disponível no mercado,

fazem com que a energia solar térmica se torne uma das mais comuns,

atrativas e vantajosas formas de energia alternativa.

23

2.2 ENERGIAS RENOVÁVEIS

2.2.1 BIOMASSA

As plantas captam a energia do sol, transformando-a em energia química,

que ficam armazenadas nas folhas, caules e raízes das mesmas. Essa energia

pode ser liberada quando a planta é queimada, morta ou ingerida por algum

animal. A energia química citada pode ser transformada em outras formas de

energia: calor, eletricidade, combustível. As fontes orgânicas que são usadas

na conversão de energia química, para outra forma de energia, são chamadas

de biomassa. Podem também ser classificados como biomassa, os efluentes

agro-pecuários, agro-industriais e urbanos. “O biocombustível, produzido a

partir da biomassa, fornece cerca de 3,6% da energia usada nos Estados

Unidos, e novas metas européias para energia renovável prevêem que ele

forneça 8,3% da energia até 2010.” (WALISIEWICS, 2008, p. 53).

Segundo estimativas da agência internacional de energia (IEA) indicam

que em 2003, a utilização de biomassa fornecia por volta de 11% do

abastecimento mundial de energia primária. No futuro a moderna utilização da

bioenergia deverá oferecer uma boa relação custo-eficácia, as oportunidades

sustentáveis, para responder a uma proporção significativa da demanda

energética mundial e ao mesmo tempo ajudando a reduzir as emissões de

carbono a partir de combustíveis fósseis (IEA, 2003).

24

2.2.1.1 BIOMASSA SÓLIDA

A Biomassa sólida consiste em produtos da agricultura, e seus resíduos

(palha, madeira, lenha), alem dos resíduos animais, os resíduos das florestas e

das indústrias. Frações biodegradáveis de resíduos urbanos e industriais

também se enquadram.

A conversão ou aproveitamento da energia inicia-se ao recolher os

diversos resíduos, os quais são transportados para os locais de consumo. O

aproveitamento é realizado através de combustão direta (incineração),

podendo fornecer aquecimento ou ser usados em usinas para gerar energia

elétrica, através de turbinas movidas ao vapor da queima da biomassa. No

Brasil existe a expectativa de um aumento de oferta de energia nos próximos

anos. Algumas usinas de cana de açúcar deixaram de aproveitar somente o

caldo para a produção de açúcar ou álcool, elas agora também aproveitam o

bagaço, para queimá-lo e alimentar turbinas que geram eletricidade. “A

geração de eletricidade no país deve aumentar em 12000 megawatts médios

até 2012. A participação da biomassa é uma boa-nova no setor.” (PIMENTA,

2008).

Sua utilização possui algumas vantagens como: o baixo custo de

aquisição, não emite dióxido de enxofre, e as suas cinzas são menos

agressivas ao meio-ambiente que as emissões provenientes das queimas dos

combustíveis fósseis. Porem existem alguns pontos negativos, como a

dificuldade de estoque e armazenamento correto da biomassa, além de possuir

um poder calorífico baixo.

25

2.2.1.2 BIOCOMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS

Os biocombustíveis líquidos, (como o biodiesel, etanol e metanol) são

aproveitados na queima de motores ou geradores. Podem ser usados para

substituir os combustíveis convencionais para automóveis de forma parcial ou

em sua totalidade.

O biodiesel é utilizado como um combustível, produzido a partir de óleos

vegetais como a palma e a mamona, ou gorduras de animais, através do

processo químico industrial em que se usa álcool metílico ou etílico, catalisador

como a soda cáustica, e tem como resultado o biocombustível em questão,

além de glicerina, éster, resíduos da biomassa e água.

O etanol produzido através da fermentação e destilação de resíduos

florestais, palha, cana-de-açúcar e milho. No Brasil o etanol é obtido pela

destilação da cana-de-açúcar e comercializado em postos de gasolina, onde

ocupa um lugar de destaque. “Mais de 40% dos carros no Brasil são movidos

álcool (etanol)” (WALISIEWICS, 2008, p. 56). Começou a ser utilizado a mais

de 30 anos, em um plano governamental (pró-álcool) que visava poupar as

reservas de petróleo nacional, devido ao fato de que o quadro internacional do

combustível fóssil se encontrava em crise (ALMEIDA, 2007).

2.2.1.3 BIOCOMBUSTÍVEIS GASOSOS (BIOGÁS)

O Biogás é um combustível gasoso que possui um alto valor energético,

assim como o gás natural. Origina-se nos resíduos agropecuários (material

26

orgânico ou fezes de animais), agroindústria e urbanos: lamas das estações de

tratamentos de resíduos domésticos e de aterros de resíduos sólidos.

Este biocombustível é resultante da degradação biológica anaeróbia da

matéria orgânica (bactérias digerem o matéria orgânico em ambiente com

calor, umidade e ar abafado, tendo como subproduto o gás metano) contida

nos resíduos citados anteriormente. Contém uma mistura de metano (50% a

70%) e o restante é CO2.

O aproveitamento é feito através da sua queima para a obtenção de

energia elétrica, térmica ou mecânica, sendo bastante utilizado em

propriedades rurais, o que contribui com a redução dos custos da sua

produção. O biogás aparece no cenário energético como uma excelente opção

de para o meio rural, em tempos de crise energética, e busca por energia

limpa.

Por possuir CO2, vapor d’água, e alguns gases corrosivos, o biogás

apresenta dificuldades para armazenamento e na produção de energia. Os

equipamentos como motores de combustão, geradores e bombas, geralmente

apresentam uma vida útil bastante reduzida. (BIODIESELBR, 2006).

2.2.2 EÓLICA

Energia na qual depende do vento para gerar eletricidade, ou trabalho

mecânico. Pode ser definida como a energia cinética compreendida nas

massas de ar que se movimentam.

A energia do vento já era usada na antiguidade com moinhos, para

bombear águas e moer grãos, caiu em desuso na época de utilização do vapor

e do carvão, e voltou a ser estudada na época de crise de energia de 1973,

27

para a geração de eletricidade, através de turbinas eólicas (ou aerogeradores).

A partir de então, surgiram interesses e investimentos iniciais para que fossem

desenvolvidos equipamentos e pesquisas em escala comercial. A utilização da

energia eólica vem crescendo bastante nos últimos anos, e tem como um dos

seus pontos principais o custo relativamente baixo, para a geração de energia

elétrica, se comparado a usinas nucleares ou a usinas de carvão, o que faz que

sua competitividade no mercado, aumente. Segundo Walisiewicz (2008, p.43)

ela já fornece 17mil MW em todo o mundo, o que é suficiente para atender 10

milhões de domicílios.

O Vento é um dos recursos mais abundantes no planeta. São necessários

antes de tudo: fazer um estudo sobre este elemento da natureza; verificar a

origem da sua formação; analisar quais os tipos de vento existentes; os

períodos do ano e principalmente os locais em que ele atua com mais

intensidade; ou seja, estudar suas características principais, para que possa

haver uma conversão de energia com bom aproveitamento. O vento é

originado pela diferença de pressão atmosférica, ocasionada pela diferença de

temperatura de locais distintos, devido ao aquecimento solar. O deslocamento

do ar vai de uma zona com alta pressão para outra de baixa pressão. Alguns

ventos são originados pela movimentação de ar em larga escala na atmosfera

da terra.

Os ventos são classificados como:

• Ventos globais: vento que sobe do equador para os pólos, circulando

pelas camadas mais altas da atmosfera. A força de coriolis evita que

esse vento continue em direção aos pólos. Nessa latitude encontra-se

28

uma região de alta pressão, que faz com que o ar, desça novamente.

Quando o vento sobe do equador, origina uma região de baixa pressão,

fazendo com que surjam ventos vindo de norte e sul. Já nos pólos, como

são áreas muito frias, é originada uma região de alta pressão.

Fenômenos meteorológicos ocorrem na troposfera (efeito estufa

também).

• Ventos terrestres: ventos que são influenciados pela superfície terrestre,

isso ocorre até 100m de altitude. Influenciado pela rugosidade e por

obstáculos terrestres.

• Ventos locais: importantes para determinação do vento em uma área,

porém dependem também das condições climáticas para determinar a

sua direção, a qual é influenciada pela soma das condições globais

(dominante), com as condições locais. Quando as globais são suaves,

quem domina são as condições locais. Ex: brisas marinhas, ventos da

montanha.

Levar em conta todos esses fatores, geográficos e naturais, que envolvem

o vento, é de fundamental importância na hora de se escolher o local para

instalação dos aerogeradores.

Para a conversão geralmente usam-se duas ou três pás ligadas a um eixo

horizontal, que acionam um gerador. As pás convertem a energia eólica em

movimento (energia mecânica). Essa quantidade de energia entregue ao rotor,

depende de vários fatores: densidade do ar, diâmetro das pás, área de

varrimento dos rotores, velocidade do vento. As torres devem ser colocadas em

locais altos em até 50m para captar ao máximo a quantidade de vento (vide

figura 4).

29

FIGURA 4 TURBINA EÓLICA Fonte: CENTRO BRASILEIRO DE ENERGIA EÓLICA, 2000. Disponível em: <www.eolica.com.br>.

2.2.3 TÉRMICA SOLAR

Sabe-se que a radiação solar é um fator de enorme abundância no

planeta, e atualmente o seu aproveitamento vem sendo muito utilizado em

forma de calor. Os sistemas passivos, nível mais básico, utilizam arquiteturas

30

muito bem projetadas, com o objetivo de se aproveitar o máximo de incidência

de raios solares para o aquecimento de estabelecimentos. No sistema ativo,

além da luz solar ser coletada, ela também é concentrada e processada, para

que um alto nível de energia seja alcançado. Em sua forma simples, como a

obtenção de água quente para consumo, ou em outras formas de aquecimento,

usufruir de um fator que está presente no nosso dia a dia, para gerar energia,

significa não só trazer benéficos ao nosso cotidiano, mas principalmente

representa uma poupança energética e econômica, assunto tão debatido em

tempos atuais. Uma das principais vantagens da energia térmica solar é que a

tecnologia usada para o seu aproveitamento vem crescendo bastante, e tem

ganhado um enorme espaço e disponibilidade no mercado. O principal

obstáculo deste sistema é o alto valor inicial para sua instalação o que deixa

diversos consumidores em dúvida e muitas vezes optam por fontes

convencionais de energia. O ideal seria fazer uma análise geral financeira,

pesquisar o valor do equipamento, desde sua instalação até a sua

manutenção, verificar à quais necessidades ele irá suprir, e após quanto tempo

ele passará a trazer retorno lucrativo. (ANEEL, 2005).

No decorrer desde trabalho, esse assunto será mais profundamente

abordado.

2.2.4 FOTOVOLTAICA

A energia solar não fica restrita apenas a aplicações térmicas, ela faz

parte de um campo amplo e altamente promissor na obtenção de energia

31

elétrica por conversão direta. A energia fotovoltaica é obtida pela conversão da

energia solar em energia elétrica através de células fotoelétricas.

Essas células geralmente são feitas de cristal de silício, nas quais são

introduzidas determinadas impurezas, processo este conhecido como

dopagem, cuja função é modificar e melhorar a maneira de condução de

eletricidade da célula. As impurezas são constituídas por átomos que possuem

os elétrons de valência diferentes dos elétrons do cristal, e assim permite que

eles circulem mais facilmente, pois desta forma o número de recombinações

será menor. Dois tipos distintos de silício, o tipo n (negativo) e o tipo p

(positivo), são prensados em meio a uma fina camada de um semicondutor.

Essa camada do cristal, de pouca espessura chamada de junção, é obtida

devido à dopagem, onde ocorre a transição de elétrons livres de uma região

para outra. Bezerra (1979) explica que durante a incidência de luz, há uma

agitação dos elétrons, que se deslocam da região n para a p, o que torna a

segunda negativamente carregada. A região n ficará positivamente carregada,

devido à carência desses elétrons. Entre as duas regiões, carregadas com

sinais contrários aparecerá um campo elétrico, que irá acelerar essas cargas,

dando origem à corrente elétrica através da junção (figura 5).

32

FIGURA 5 CÉLUCA FOTOVOLTAICA Fonte: Walisiewicz, 2008.

As células fotoelétricas atualmente estão tendo dificuldades para alcançar

uma posição competitiva no mercado, devido ao seu alto custo, e ao seu baixo

rendimento por apresentar uma baixa conversão de energia solar em energia

elétrica. No entanto, esses fatores hoje apresentam melhoras em relação a

essas desvantagens, que aos poucos tendem a desaparecer com o

desenvolvimento das micro-tecnologias. “Tem havido, contudo, um aumento

gradativo na eficiência de conversão e diversos programas de desenvolvimento

tecnológico estão em andamento para melhorar a economia da tecnologia

fotovoltaica e suas aplicações. O objetivo é produzir grandes quantidades de

eletricidade que poderiam ser lançadas na rede elétrica, eliminando assim

problemas de estocagem.” (GOLDEMBERG; VILLANUEVA, 2003, p. 134).

Existem diversas situações em que o uso da energia fotovoltaica é

considerado vantajoso atingindo resultados satisfatórios. A utilização das

células fotovoltaicas é viável para lugares distantes onde os estabelecimentos

se localizam longe das concessionárias de energia, em regiões remotas ou

33

mesmo em regiões em desenvolvimento onde milhões de pessoas não têm

acesso à rede elétrica. Neste caso a energia fotovoltaica pode ser usada para

acionar bombas de água, sistema de iluminação, unidades de refrigeração em

hospitais, alem de proporcionar a comunicação eletrônica.

2.3 SISTEMAS DE AQUECIMENTO DE ÁGUA

2.3.1 SISTEMAS CONVENCIONAIS DE AQUECIMENTO DE

ÁGUA

Gerar água quente consiste em um processo de transferir calor,

proveniente de uma fonte de energia, para obter água em uma temperatura

determinada. O sistema de aquecimento de água é composto não só pelo

aquecedor, mas também por outros componentes, como tubulações, válvulas e

registros. Este sistema deve ser definido durante o projeto, de acordo com a

estrutura da futura construção. Itens como instalações hidráulicas e elétricas,

alem do ciclo de vida do sistema, devem ser levados em conta durante a

instalação do aquecedor.

Deve-se escolher o tipo do aquecedor, de acordo com as características

do local, e dos usuários, com a intenção de minimizar as despesas financeiras

e energéticas, para assim obter uma maior satisfação com o resultado final do

serviço do sistema.

O Sistema de alimentação dos equipamentos pode ser:

34

• por acumulação: a água aquecida fica armazenada em reservatórios

térmicos ou bolilers instalados, para ser consumida não

necessariamente durante o período de aquecimento.

• de passagem: a água é aquecida gradualmente, conforme ela passa

pelo aparelho e será consumida no momento em que o aquecedor

estiver trabalhando. (Ghisi; Gugel, 2005).

O aquecedor elétrico é um equipamento fácil e compacto para se instalar,

o que torna esta forma de aquecimento uma das mais comuns para utilização

nas residências. Normalmente o seu sistema de alimentação é o de passagem,

onde a água quente é aquecida gradualmente através da sua resistência, de

acordo com a vazão, o que despensa a utilização de tubulações de água

quente, para o uso de um chuveiro elétrico individual (potência nominal

normalmente varia de 2.000 a 6.500 watts). O sistema elétrico pode também

ser usado no modo acumulação, o que garante uma boa pressão de água além

do uso imediato de água quente. Uma de suas desvantagens, é que este tipo

de aquecimento se apresenta como um grande consumidor de energia elétrica,

devido o custo do Kw, e se não for usado de forma racional, seus gastos

deverão representar boa parte da parcela do consumo de energia residencial.

A água aquecida por chuveiros elétricos durante o horário de pico, é

responsável por mais de 40% da demanda de energia no país. Este fato

contribui com uma sobrecarga na rede elétrica de transmissão neste período.

O sistema a gás é utilizado tanto no modo de passagem, como no modo

acumulação. Os gases que servem como combustível para esse tipo de

aquecimento são o GLP (gás liquefeito de petróleo) ou o GN (gás natural,

essencialmente metano), e ambos os gases possuem um bom rendimento para

35

aquecimento de água. Esse sistema de aquecimento possui uma melhor vazão

e pressão de água que dos modelos elétricos, isso resulta em um banho com

maior comodidade ao usuário. Para um funcionamento sem riscos de

vazamento de gás é necessário seguir corretamente as especificações deste

aquecedor.

FIGURA 6 SISTEMAS DE AQUECIMENTO DE ÁGUA

CONVENCIONAIS Fonte: Marshall Brain, 2000. Disponível em: <http://casa.hsw.uol.com.br/aquecedores-de-agua1.htm >

No ponto de vista ambiental os sistemas de aquecimento podem

ocasionar elevadas taxas de emissões. No caso do aquecimento elétrico,

essas taxas ocorrem indiretamente, pelas emissões das termelétricas e

hidrelétricas ocasionadas pela alta demanda de energia, necessária para o

funcionamento dos chuveiros elétricos. Para o sistema de aquecimento a gás

natural, o indicador negativo, pode ocorrer caso haja vazamentos em

tubulações na rede de distribuição, pois o gás natural é composto basicamente

por CH4, um dos principais gases responsáveis por agravar o efeito estufa.

36

2.3.2 SISTEMA DE AQUECIMENTO SOLAR

2.3.2.1 O SOL

A energia total que incide na superfície da terra, depende de algumas

condições atmosféricas, como nebulosidade e a umidade relativa do ar. Outros

fatores de grande importância como a hora do dia, época do ano, além da

latitude local, também devem ser levados em conta para verificar a

disponibilidade de radiação solar. Esses fatores são determinados pelo

movimento de translação (movimento elíptico da Terra em volta do sol) e o

movimento de rotação (Terra girando em torno da inclinação do eixo

imaginário). Isso faz com que a duração solar varie em locais ao redor do

planeta e em determinados períodos do ano, ou seja, em algumas regiões, e

em certas épocas, o sol é visível por mais tempo durante um dia, do que em

outras. Nas regiões polares e em períodos de solstício, as variações do sol são

mais intensas, já durante o equinócio e em regiões próximas à linha do

equador, essas variações são menos intensas. O Brasil possui grande parte do

seu território, localizado próximo à linha do equador, e assim as variações do

sol durante o ano, não são tão visíveis. No sul do país, onde boa parte das

atividades socioeconômicas está concentrada, as regiões se encontram mais

distantes do equador. Porto Alegre é a capital mais afastada em relação ao

equador, e de acordo com ANEEL (2005, p 30), possui variações da duração

de solar de 10 horas e 13 minutos a 13 horas e 47 minutos, aproximadamente

entre 21 de junho e 22 de dezembro, respectivamente. Para um melhor

aproveitamento da radiação solar, deve-se ajustar a localização que o coletor

37

solar irá se situar em função da latitude local, e a época do ano que se

necessita maior energia, de forma a maximizar a sua atuação. Assim um

coletor que se encontra no hemisfério sul, deve estar posicionado em direção

ao norte com o ângulo de inclinação igual ao da latitude de sua localidade.

2.3.2.2 COMPONENTES DO SISTEMA

Principais componentes do sistema são: coletores de calor, tanque de

armazenamento térmico, fonte auxiliar de energia, rede de distribuição de água

aquecida.

2.3.2.2.1 COLETORES DE CALOR

Responsável por captar a energia proveniente da luz do sol e transforma-

la em calor, que virá a ser aplicada no sistema.

2.3.2.2.1.1 COLETORES DE CONCENTRAÇÃO

Este coletor focaliza a energia solar através de um refletor parabólico e a

reflete para um absorvedor que tem por finalidade absorver o calor. Este

absorvedor possui uma pequena área e por ele passa o fluido (água) de

transferência a ser aquecido. O fato de ocorrer concentração de energia em um

absorvedor de pequena área resulta no aquecimento do fluido, em

temperaturas mais altas que em um coletor plano.

38

FIGURA 7 COLETOR DE CONCENTRAÇÃO Fonte: Portal das Energias Renováveis. Disponível em: <www.energiasrenovaveis.com>

O coletor de concentração deve-se manter em um posicionamento, de forma a

se obter o ângulo correto do refletor em relação aos raios solares incidentes,

para então ser focalizado sob o absorvedor. Isto requer um mecanismo de

controle para seguir a trajetória solar, obtendo assim a incidência necessária.

Apesar de um maior aproveitamento de radiação, este sistema é complexo,

possui um alto custo e manutenção exigente. Um outro problema que pode

ocorrer ao coletor parabólico é a fadiga térmica no material, causada pela

diferença de temperatura nos tubos do absorvedor. Deve-se então selecionar

um material adequado para os tubos, de modo a evitar este problema.

2.3.2.2.1.2 COLETORES PLANOS

O coletor plano apresenta simplicidade na construção, baixo custo em

relação ao coletor de concentração, não apresenta dificuldades para operar em

dias nublados, boa durabilidade, facilidade para efetuar manutenção. O coletor

plano é constituído por:

39

• Placa de absorção: converte a energia radiante em calor.

• Tubos canalizadores: utilizados para a passagem do fluido que será

aquecido. Esses tubos são feitos à base de metais que possuem alta

condutividade térmica, normalmente são de cobre, alumínio ou aço.

• Cobertura transparente: reduz as perdas de calor e provoca o efeito

estufa, refletindo de volta as radiações das ondas longas para a placa. O

material da cobertura normalmente é vidro, sendo que para uma melhor

eficiência utiliza-se dupla camada, reduzindo assim as perdas.

• Isolante térmico: abaixo dos tubos e da superfície negra, existe uma

camada de material isolante térmico, fechada em uma caixa que auxilia

na isolação térmica.

FIGURA 8 COLETOR PLANO Fonte: Walisiewicz, 2008.

40

Ao implementar o coletor, deve-se levar em conta três importantes aspectos,

para um melhor aproveitamento de energia:

• Orientação geográfica.

• Ângulo de inclinação do coletor com a horizontal.

• Não sombreamento.

2.3.2.2.2 TANQUE DE ARMAZENAMENTO TÉRMICO

O sistema de aquecimento que utiliza energia solar na maioria dos casos

é um sistema de acumulação, visto que o período de aquecimento da água não

coincide com o período em que ela é consumida. Em alguns casos o tanque

pode ser dimensionado diferente, para situações em que a água será

consumida durante o período de radiação solar. O equipamento de

armazenamento é um dos elementos mais importantes no sistema, pois este

influência no desempenho, confiabilidade e custo do mesmo. Deve-se então

ser feita uma análise completa sobre o reservatório térmico, da mesma forma

que os outros elementos do sistema.

Alguns fatores importantes devem ser levados em conta para a escolha do

reservatório, como:

• Saber para que fim, a água virá a ser utilizada.

• É necessário conhecer o material que reveste o tanque, para que haja

uma boa conservação térmica da água.

• A quantidade de tanques usados no estabelecimento, pois a água

quente e a fria podem estar contidas em um mesmo tanque ou em

tanques separados.

41

• Analisar o local e espaço onde o reservatório se situará, alem de

verificar o acesso ao mesmo.

• Identificar, as disponibilidades que o equipamento pode oferecer, devido

o fato de alguns tanques apresentarem limitações, seja na capacidade,

ou mesmo na conservação da temperatura da água.

2.3.2.2.3 FONTE AUXILIAR DE ENERGIA

O aquecedor solar de água não é projetado para fornecer 100% de água

quente usada em um estabelecimento. Se fosse usado esse critério deveria ser

feito um projeto para o pior caso, levando em conta o tempo mais frio e nublado

de uma determinada região, o que levaria a um superdimensionamento para a

maior parte do tempo de utilização do sistema.

Para períodos de menor índice de incidência solar, é necessário então

utilizar uma fonte alternativa de aquecimento. Essa fonte pode ser a gás,

elétrica ou gerada por uma bomba de calor ligada em série. O sistema auxiliar

pode ser ligado internamente ou externamente ao reservatório, podendo ser de

acumulação ou de passagem, sendo que para este caso o de passagem é o

mais usado.

2.3.2.3 CONFIGURAÇÕES DOS SISTEMAS

O aquecimento da água utilizada pode ser feito diretamente no coletor ou

indiretamente. No caso do aquecimento indireto, um fluido é aquecido no

42

coletor e levado a um trocador de calor, onde irá transferir esse calor a água. A

circulação da água ou do fluído pelo coletor pode ser feita por termosifão ou

por sistema de bombeamento. A diferença de densidade da água dentro do

tanque de armazenamento e do coletor, faz com que ocorra uma circulação de

água dentro do sistema chamado de termosifão, neste caso o sistema é

chamado de passivo. No caso da circulação do fluxo ser dada por

bombeamento, o sistema é chamado de ativo. Existem, portanto, as seguintes

configurações: sistema passivo direto, sistema passivo indireto, sistema ativo

direto e sistema ativo indireto.

2.3.2.3.1 SISTEMA PASSIVO DIRETO

É o mais utilizado para fins domésticos, devido o seu simples

funcionamento. A sua circulação direta da água é realizada por termossifão,

processo no qual a diferença de densidade, entre o coletor e o reservatório

ocorre em função da diferença de temperatura entre a água quente e fria. Essa

diferença faz com que haja um gradiente de pressão no sistema e então

aconteça a circulação natural pelas tubulações, sendo que a água quente irá se

localizar na parte superior, e água fria na parte inferior do reservatório. Para

que ocorra esse processo, é necessário que o tanque de armazenamento de

água esteja localizado acima do coletor solar. Na figura 9 pode ser notado o

sistema passivo direto, com uma fonte auxiliar de energia contido internamente

ao reservatório de água quente.

43

FIGURA 9 ESQUEMA DE INSTALAÇÃO DE UM SISTEMA PASSIVO DIRETO Fonte: Lima, 2003

2.3.2.3.2 SISTEMA PASSIVO INDIRETO

Neste sistema o fluido receberá calor no coletor é será encaminhado ao

trocador de calor, local onde irá transferir sua energia à água. O trocador de

calor pode ou não armazenar um determinado volume de água quente para

atender a demanda como mostra a figura 10. A principal razão da utilização

deste sistema é a proteção ao congelamento. Os fluídos refrigeradores mais

comuns são etileno-glicol e propileno-glicol.

FIGURA 10 ESQUEMA DE INSTALAÇÃO DE UM SISTEMA PASSIVO INDIRETO Fonte: Lima, 2003

44

2.3.2.3.3 SISTEMA ATIVO DIRETO

A circulação da água é feita por uso de uma bomba, isso permite que o

coletor possa se localizar em qualquer posição em relação ao reservatório. A

bomba é acionada por um sistema termostático diferencial. O controle é feito

analisando a temperatura do coletor e do reservatório através de sensores de

temperatura conectados a eles. Quando a diferença de temperatura entre o

coletor e o reservatório atinge um determinado valor pré-estabelecido, a bomba

é então acionada. Quando a água no reservatório alcança a temperatura

desejada, ou quando a diferença de temperatura é muito baixa, a bomba é

desativada.

Apesar de possuir uma maior flexibilidade, os custos desse sistema são

mais caros, em relação ao passivo, já que o sistema ativo utiliza mais

componentes como sensores, bombas e controles.

FIGURA 11 ESQUEMA DE INSTALAÇÃO DE UM SISTEMA ATIIVO DIRETO Fonte: Lima, 2003

45

2.3.2.3.4 SISTEMA ATIVO INDIRETO

Neste tipo de sistema a circulação da água ocorre via bomba. Um

determinado fluido que possui a função de trocar energia térmica com a água

recebe calor no coletor, e é enviado ao trocador de calor onde a água a ser

aquecida se encontra. Este trocador de calor pode ser externo ou interno ao

reservatório. No primeiro caso, ocorre à vantagem de uma maior flexibilidade,

porem deverá existir uma perda de calor maior que no caso de um trocador de

calor interno. O sistema ativo indireto é uma boa opção para regiões onde

existe a possibilidade de congelamento de água nas tubulações.

FIGURA 12 ESQUEMA DE INSTALAÇÃO DE UM SISTEMA ATIIVO INDIRETO Fonte: Lima, 2003

46

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Nesta monografia foram desenvolvidas como método de trabalho as

seguintes etapas:

• Pesquisa de mercado: estimativa de custos com a aquisição, instalação,

operação e manutenção, tanto dos sistemas alternativos em estudo,

como dos sistemas tradicionais de aquecimento de água.

• Coleta de dados de campo: foram coletados dados referentes aos

sistemas de aquecimento de água, através de pesquisas de campo a

serem realizadas em residências e clubes na cidade de Londrina.

• Ensaios de eficiência energética: realizaram-se ensaios de campo para

verificar a eficiência energética de um sistema alternativo para

aquecimento de água, utilizando materiais recicláveis.

3.1 DIMENSIONAMENTO DO AQUECEDOR SOLAR

O aquecedor solar foi dimensionado tomando como base primeiramente a

relação sugerida por Bezerra (1979). O sistema utilizado foi o passivo direto,

devido possuir uma maior simplicidade e menor custo em relação aos demais.

47

Tabela 4 – Dimensões do coletor/número de pessoas. Número de Pessoas Área do Coletor Volume de Água

04 3,0 m² 300 litros 08 5,0 m² 500 litros 12 8,0 m² 1000 litros

Fonte: Bezerra (1979, p 43).

A intenção neste trabalho, foi a de construir um aquecedor de baixas

dimensões, para uma maior praticidade e facilidade de ajustes, uma vez que o

objetivo principal seria verificar as temperaturas de aquecimento da água, e a

eficiência do aquecedor.

Foram utilizados valores que se enquadrassem dentro de uma margem

proporcional aos mostrados na tabela 4:

• Área do coletor: 0,5 m²;

• Volume de água: 50 litros.

3.1.1 MATERIAIS UTILIZADOS PARA MONTAR O AQUECEDOR

Serão listados, e analisados os componentes utilizados para a confecção

do aquecedor solar de matérias recicláveis:

• tubos de conexão PVC;

• caixas de leite longa vida tetra pak;

• garrafas pet.

48

FIGURA 13 MATERIAIS UTILIZADOS Fonte: Autor, 2008.

3.1.1.1 TUBOS DE CONEXÃO PVC

As conexões em PVC têm a função dos tubos canalizadores em um

aquecedor solar convencional. Essas conexões são menos eficientes que os

tubos de cobre ou alumínio do aquecedor normal, mas como a intenção do

projeto é abaixar os custos, eles é que serão utilizados, para que a água

aquecida possa fluir. Esses tubos foram pintados de preto, com a finalidade de

haver uma maior absorção de calor, por parte da canalização.

3.1.1.2 GARRAFAS PET

Funcionam como a cobertura transparente (de vidro) de um aquecedor

solar, reduzem as perdas de calor e provocam o efeito estufa. As garrafas

fazem também a função do isolante térmico do aquecedor solar convencional,

dando ao coletor um ambiente próprio. No trabalho foram utilizadas garrafas de

49

2 litros transparentes e lisas de Coca-Cola, todas elas cortadas em 31cm como

mostra a figura 14.

FIGURA 14 GARRAFAS PET CORTADAS Fonte: Autor, 2008.

3.1.1.3 CAIXAS DE TETRA PAK

A finalidade dessas caixas de leite longa-vida é agir como a placa de

absorção. Elas foram corretamente dobradas (figura 15 e figura 16) e

encaixadas dentro das garrafas pet. As caixas devem ser pintadas de preto

para melhor absorção de energia que será convertida em calor, e assim

aquecer a água que passa pelos tubos de PVC (também pintados de preto

quando contidos dentro da garrafa pet).

As caixas de tetra pak possuem a composição de 5% de alumínio, 20%

de polietileno e 75% de celulose. Para o projeto a sua aplicação oferece

excelentes resultados, pois as combinações dos seus materiais evitam que

50

ocorra a deformação do mesmo, dentro das garrafas, na temperatura em que o

coletor será submetido.

FIGURA 15 FORMATO DA CAIXA TETRA PAK Fonte: Alano, 2006.

FIGURA 16 CAIXAS TETRA PAK DOBRADAS Fonte: Autor, 2008.

51

3.1.2 DIMENSIONAMENTO COM OS MATERIAIS RECICLÁVEIS

Uma segunda análise foi feita antes da montagem do coletor. Segundo

Alano (2006), a quantidade de materiais recicláveis utilizados para o

dimensionamento do coletor solar são apresentados na tabela 5.

Tabela 5 – Dimensões do coletor com materiais recicláveis.

Número de Pessoas

Área do Coletor

Garrafas pet

Caixas de leite

Colunas Água Aquecida

04 4,0 m² 240 200 40 250 L 01 1,0 m² 60 50 10 62,5 L

Fonte: Autor, 2008.

Para o coletor de 0,5 m², foram então utilizados os materiais com as

seguintes dimensões:

• 30 garrafas pet de 2 litros;

• 25 caixas de leite tetra pak longa vida de 1litro (pós-consumo);

• 5 colunas de tubo PVC – 20mm ½’’ de 1,05m cada;

• 10 conexões T - PVC – 20mm ½’’;

• 2 conexões L - PVC – 20mm ½’’;

• 2 tampões PVC – 20mm ½’’.

52

FIGURA 17 ESQUEMÁTICO COLETOR SOLAR Fonte: Alano, 2006.

Seguindo as proporções da tabela 5, para um coletor de 0,5m², a

quantidade de água aquecida é próxima a 30 litros. Utilizou-se então um

reservatório de água de 50 litros.

Para a correta montagem do coletor, foram utilizadas as seguintes

ferramentas:

• Fita de auto fusão;

• Tinta fosca preta;

• Rolo de pintura;

• Estilete;

• Cano de PVC de 100 mm com 31 cm de comprimento para utilizar como

molde de corte das garrafas PET;

• Lixa d’água;

• Cola para tubos de PVC;

• Arco de Serra;

53

• Fita crepe com largura de 19 mm;

Após verificar a listagem dos materiais necessários, foi feita uma pesquisa

de mercado para avaliação de preços, e em seguida a aquisição desses

materiais. Os passos para a confecção do coletor foram exercidos de acordo

com o manual. Dessa maneira seguiram-se as suas etapas e através da

utilização das ferramentas corretas, foi possível então construir o aquecedor.

Observa-se na tabela 6 a relação dos preços e custos dos materiais utilizados

no coletor.

Tabela 6 – Custos dos materiais para construção do coletor. Material Preço Quantidade Custo

tubo PVC – 20mm ½’’ (metro) R$ 1,40 5,7m R$ 8,00 conexão T - PVC – 20mm ½’’ R$ 0,50 10 R$ 5,00 conexão L - PVC – 20mm ½’’ R$ 0,30 2 R$ 0,60

tampão PVC – 20mm ½’’ R$ 0,60 2 R$ 1,20 Fonte: Autor, 2008

Obteve-se então um custo total de R$ 14,80 para construir o coletor

(figura 18).

FIGURA 18 COLETOR SOLAR. Fonte: Autor, 2008.

54

Houve também os gastos de canalização para conectar o coletor ao

reservatório de água, como consta na tabela 7.

Tabela 7 – Custos dos materiais para conectar o coletor ao reservatório. Material Preço Quantidade Custo

tubo PVC – 20mm ½’’ (metro) R$ 1,40 2,7m R$ 3,80 conexão L - PVC – 20mm ½’’ R$ 0,30 4 R$ 1,20 Adaptador – caixa d’água –

PVC – 20mm ½’’ R$ 5,50 2 R$ 11,00

Fonte: Autor, 2008

O que resulta um gasto de R$ 16,00. Portanto o valor total para construir o

aquecedor solar (figura 19) foi de R$ 30,80 (R$ 14,80 + R$ 16,00).

FIGURA 19 AQUECEDOR SOLAR. Fonte: Autor, 2008.

55

Para uma melhor eficiência, o aquecedor foi posicionado ao norte

geográfico, com uma inclinação em relação ao plano horizontal, definida pela

latitude da cidade de Londrina, 23º18’37’’ (23,30º), como mostra a figura 20.

Para obter essa inclinação foi feito o seguinte cálculo:

FIGURA 20 INCLINAÇÃO AQUECEDOR. Fonte: Autor, 2008.

Pela relação do triangulo retângulo, temos que:

hip

oCsen

.=θ

hip

hsen =θ

)()( hipxsenh θ=

)110()º30,23( xsenh =

cmxh 4311039,0 ≈=

Então, se a parte superior do coletor for elevada a uma altura de 43 cm, o

coletor estará inclinado a 23º18’37’’, como o esperado.

Como o propósito do aquecedor solar, foi o de construí-lo com materiais

recicláveis, e ter os menores gastos possíveis, então como reservatório de

água, foi utilizado um galão plástico de 50 Litros de cloro (figura 21). Na

56

tentativa de um melhor isolamento, foram colocadas em volta do galão, placas

de isopor, com o intuito de se obter uma melhor conservação térmica da água.

FIGURA 21 RECIPIENTE DE ARMAZENAMENTO DE ÁGUA. Fonte: Autor, 2008.

3.1.3 MEDIÇÃO

3.1.3.1 LOCAL UTILIZADO PARA AS MEDIÇÕES

Os valores obtidos na experiência prática desse trabalho foram obtidos na

cobertura de um edifício no centro da cidade (figura 22), onde os raios solares

atingiam o coletor diretamente. Neste local não existia qualquer tipo de

sombreamento que pudessem vir a prejudicar o desempenho do aquecedor.

57

FIGURA 22 POSICIONAMENTO DO AQUECEDOR. Fonte: Autor, 2008.

3.1.3.2 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS PARA AS MEDIÇÕES

Foram usados para medir a temperatura da água, três medidores de

temperatura distintos, com o objetivo de tornar os resultados os mais confiáveis

possíveis. Os instrumentos mencionados são: um termômetro comum de

piscina, um multímetro digital, e um termômetro químico.

3.1.3.2.1 TERMÔMETRO DE PISCINA

Esse primeiro instrumento, é um termômetro analógico comum de piscina

para medida de temperatura da água, possui:

• faixa de medida de 0ºC a 50ºC / 30ºF a 120ºF;

• divisão: 2ºC / ºF.

58

3.1.3.2.2 MULTÍMETRO

O multímetro utilizado foi do tipo digital, modelo ET-1110, da marca

Minipa, que possui função para medida de temperatura, através de um

termopar tipo K. Segue abaixo algumas especificações de temperatura,

segundo o manual:

• Faixa: -20ºC a 750ºC;

• Resolução: 1ºC;

• Precisão: -20ºC ~ 400ºC ± (1.0% + 3D). 401ºC ~ 750ºC ± (2.0%+10D).

• Faixa de medida do termopar: -40ºC ~ 204ºC;

• Precisão do termopar: ±0.75% ou ±2.2ºC.

FIGURA 23 MULTÍMETRO ET -1110. Fonte: MINIPA, 2008.

59

3.1.3.2.3 TERMÔMETRO QUÍMICO

O terceiro instrumento, é o termômetro químico, marca Incoterm (figura

24). Possui escala interna de vidro branco, capilar transparente, enchimento

com líquido vermelho, diâmetro 7-8 mm. Possui as seguintes especificações

térmicas:

• Escala: -10+110°C;

• Divisão: 1°C;

• Comprimento: 260±5mm;

• Imersão: Total;

• Limite de erro: ±2.

FIGURA 24 TERMOMETRO QUÍMICO ESCALA DE -10+110:1ºC. Fonte: INCOTERM, 2008.

60

4 RESULTADOS E ANÁLISE

4.1 DADOS MEDIDOS DO AQUECEDOR SOLAR

As medições foram realizadas durante os meses de agosto e setembro. A

elevação da temperatura da água começou a ser notada próximo às 11:00

horas da manhã, e a atingir um valor significativo a partir das 14:00 horas. Após

as 18:00 começou a perder calor. Foi durante essa faixa de horário (14:00 às

18:00) que foram realizadas as medidas de temperatura da água. As tabelas 8,

9 e 10, mostram esses valores, de acordo com o horário, temperatura

ambiente, e o dia em que foram medidas.

Tabela 8 – Medidas de temperatura da água – 03/09/08.

Horário Temperatura Ambiente (ºC)

Temperatura da Água –

Termopar (ºC)

Temperatura da Água –

Termômetro de Piscina (ºC)

Temperatura da Água –

Termômetro Químico

(ºC) 14:40 28 34 36 35 15:55 28 35 37 36 17:25 28 35 38 37

Fonte: Autor, 2008. Tabela 9 – Medidas de temperatura da água – 14/10/08.

Horário Temperatura Ambiente (ºC)

Temperatura da Água –

Termopar (ºC)

Temperatura da Água –

Termômetro de Piscina (ºC)

Temperatura da Água –

Termômetro Químico

(ºC) 14:25 30 41 44 44 15:30 30 40 44 43 17:50 29 38 41 40

Fonte: Autor, 2008.

61

Tabela 10 – Medidas de temperatura da água – 15/10/08.

Horário Temperatura Ambiente (ºC)

Temperatura da Água –

Termopar (ºC)

Temperatura da Água –

Termômetro de Piscina (ºC)

Temperatura da Água –

Termômetro Químico

(ºC) 14:45 32 43 47 46 15:57 32 40 44 44 17:45 31 39 42 41

Fonte: Autor, 2008.

4.2 DADOS DA PESQUISA DE CAMPO

A pesquisa de campo, unida as pesquisa de mercado, serviram como

apoio para as relações financeiras e energéticas estabelecidas durante este

estudo.

Os dados de campo obtidos neste trabalho foram coletados no mês de

agosto, em um clube da cidade de Londrina (AREL). As informações coletadas

são referentes ao sistema de aquecimento a Diesel para quatro piscinas, com

as seguintes dimensões:

• Piscina de natação semi-olímpica: 620m³;

• Piscina de hidroginástica: 65m³;

• Duas piscinas de biribol: 41,6m³ cada.

As dimensões dessas piscinas serão tomadas como a base para as

comparações feitas no decorrer deste trabalho.

62

4.2.1 SISTEMAS DE AQUECIMENTO DAS PISCINAS

4.2.1.1 SISTEMA DE AQUECIMENTO A DIESEL

O modelo de aquecimento de piscina e geração de água quente é

baseado em aquecedor a diesel. O sistema produz caloria através do

queimador, acionado por um termostato fixo ao aquecedor. Após acionado, é

iniciada a produção necessária de caloria dentro de uma caixa de fogo. Essa

caixa por sua vez, irá transmitir calor para uma água que se encontra dentro do

equipamento, alimentada por uma caixa de expansão. A água trabalha como

um transmissor, levando a energia produzida às serpentinas de cobre, onde se

encontram as águas das piscinas. Toda vez que a temperatura da água das

piscinas necessitarem serem elevadas, um termostato existente, posicionado

dentro do quadro de comando será acionado, e assim mais água irá circular no

interior da serpentina, aquecendo-a.

Este sistema possui algumas características gerais: comando digital

programável, queimador de alta tecnologia, câmara de combustão fechada e

isolada termicamente, além de vantagens como: aquecimento rápido, ausência

de barulho e fumaça. A seguir, podem-se verificar as características técnicas

do aquecedor da figura 25:

• Potência Nominal: 450.000 Kcal/h;

• Potencia Útil: 420.000 Kcal/h;

• Área Piscina: 920m³;

• Combustível: Diesel, Viscosidade máxima 20ºC;

• Consumo por hora trabalhada: 12 a 20 Litros/hora por queimador;

63

• Alimentação elétrica: Monofásica 220Vts ~ 60Hz;

• Largura: 1,4m;

• Comprimento: 1,5m;

• Altura: 2,3m;

• Chaminé/Altura: 2400mm;

• Entrada/Saída de água – diâmetro: 54mm;

• Peso Vazio: 2400kg.

FIGURA 25 AQUECEDOR A DIESEL PARA PISCINAS AT 900. Fonte: CWL, 2005.

Na data de visita ao clube, o sistema de aquecimento anotava em seu

display as seguintes temperaturas:

• Piscina de natação: 29,1ºC;

• Piscina de hidroginástica: 30,7ºC;

64

• Piscinas de biribol: 32,5ºC.

O consumo de combustível que alimenta os aquecedores irá manter a

temperatura da água das piscinas, próximo a esses valores.

Além de se conhecer o sistema de aquecimento do local, pode-se também

obter dados técnicos, que possibilitaram a análise do consumo para se aquecer

as piscinas.

Ao se somar as dimensões das quatro piscinas do clube, obtêm-se o

resultado total de 768,2m³. Este valor apresenta uma margem de folga em

relação à capacidade do equipamento que é de 920m³. Cada queimador

consome em média 16 Litros/hora (12 a 20 Litros/hora), como o sistema possui

dois queimadores, então o sistema todo irá consumir 32 Litros/hora.

No mês de janeiro de 2007, devido às altas temperaturas, o aquecedor

ficou ligado durante aproximadamente 3 horas por dia, o que resulta em 93

horas no mês. Como o consumo do sistema é de 32 Litros /hora, em 93 horas

será de:

Litrosx 29769332 =

Isso vale aproximadamente 3.000 Litros, que equivale a um tanque de

diesel. Se considerarmos o valor do Litro de diesel a R$ 1,72 o gasto no mês

de janeiro resulta em:

00,160.5$300072,1 Rx = .

Em julho, foi o mês no qual mais se utilizou o sistema de aquecimento. O

aquecedor manteve-se ligado em média 12 horas por dia, ou seja, 372 horas

no mês. O consumo então foi de:

Litrosx 904.1137232 = .

65

Dessa forma seriam necessários 4 tanques, o equivalente a 12000 litros

para suprir as necessidades do mês, e assim o gasto total foi de:

00,640.20$1200072,1 Rx = .

Os gastos calculados podem ser vistos na tabela 11.

Tabela 11 – Gastos mensais do aquecedor a diesel. Potência

do sistema (Kcal/h)

Mês

Tempo de utilização no mês

(hrs)

Consumo de diesel no mês (Litros)

Preço do

diesel (R$)

Gasto total (R$)

Gasto total

médio (R$)

450.000 Janeiro 93 3.000

1,72 5.160,00

12.900,00 Julho 372 12.000 20.640,00 Fonte: Autor, 2008.

4.2.1.2 SISTEMA DE AQUECIMENTO A LENHA

Para verificar a relação de consumo ao se utilizar um aquecedor a lenha

(figura 26), primeiramente foi feito o cálculo da quantidade de quilocalorias

produzidas durante os meses de janeiro e julho pelo aquecedor a diesel. Esses

valores obtidos foram usados para verificar, qual seria o consumo do

aquecedor a lenha L180 da tabela 12, para produzir a energia, de acordo com

sua potencia nominal.

FIGURA 26 AQUECEDOR A LENHA PARA PISCINAS.

Fonte: HIDROTÉCNICA, 2005.

66

Tabela 12 – Dados de aquecedores a lenha para piscinas. Modelo Mcal/h

Potência nominal Kcal/h

Área Piscina

m2

Capac. Fornalha

m3

Produção Água

Quente*

Diam. cm

Alt. cm

Peso Kg

Diâm. Chaminé

cm L40 40000 120 0,10 800 80 160 600 20 L180 180000 540 0,44 3600 120 280 1400 30 Fonte: Hidrotécnica, 2005. (*) Litros por hora considerando um diferencial de temperatura de 40 graus. (**) Por hora de funcionamento interrupto. (***) Inclui chaminé de 4 metros.

No mês de janeiro, o aquecedor ficava ligado em média 3 horas por dia,

totalizando 93 horas no mês. Com a potência do aquecedor a diesel de

450000Kcal/h, foram gastos em janeiro Kcalx 4185000093450000 = .

A potência do aquecedor a lenha é de 180000Kcal/h. Para atingir as mesmas

41850000Kcal que foram produzidas pelo aquecedor a diesel, serão

necessárias:

hrs5,232180000

41850000=

O poder calorífico da lenha pode variar dependendo do seu tipo (pinus,

eucalyptus) e conforme a variação da umidade do ar. Se esse valor for

considerado aproximadamente 2527,2 kcal/kg, conforme dados da CTGAS,

então será preciso:

kg24,164292,2527

41850000= de lenha para atingir a quantidade de calor que foram

produzidas no mês de janeiro.

Para cada 1m³ tem-se 340 Kg de lenha (CTGAS), então transformando Kg em

m³:

³32,48340

24,16429m=

Se o preço do m³ for de R$55,00 então:

67,2657$32,4855 Rx =

67

O gasto será de R$2657,67 de lenha gastos no mês de janeiro.

Em julho foi preciso que o aquecedor ficasse ligado durante todo o mês

(744 horas), e mesmo assim a água pode ter ficado abaixo da sua temperatura

padrão em alguns horários, pois a energia necessária de 450000 kcal x 372

horas, que o aquecedor a diesel produziu, resulta em 167400000Kcal no mês,

e mesmo o aquecedor a lenha trabalhando durante todo o mês, o máximo de

energia que ele pode produzir é de:

Kcalx 133920000744180000 =

Considerando o poder calorífico de 2527,2 kcal/kg

Kg45,529912,2527

133920000=

E para 1m³ tem-se 340 Kg então:

³85,155340

45,52991m=

Com o preço do m³ de lenha a R$55,00:

75,8571$85,15555 Rx =

Na tabela 13, esses resultados podem ser observados.

Tabela 13 – Gastos mensais do aquecedor a lenha. Potência

do sistema (Kcal/h)

Mês

Tempo de utilização no mês

(hrs)

Consumo lenha no mês (m³)

Preço da

lenha (R$)

Gasto total (R$)

Gasto total

médio (R$)

180.000 Janeiro 232,5 48,32

55,00 2.657,67

5.614,71 Julho 744 155,85 8.571,75 Fonte: Autor, 2008.

68

4.2.1.3 SISTEMA DE AQUECIMENTO SOLAR

Segundo o manual da hidrotécnica, a área necessária de placas solares

(em metros quadrados) para aquecer a piscina varia de 80% a 150% de sua

área, como mostra a figura 27. O clube possui: uma piscina de hidroginástica

10m x 5m, uma piscina de natação de 16m x 25m e duas piscinas de biribol de

4m x 8m, totalizando 514m². Assim seria necessário de 411,2m a 771m de

área de placas solares, para o aquecimento das piscinas.

Sabe-se que 1m³ equivale a 1000 litros, então como a área total das

piscinas é de 768,2m³, significa que elas possuem mais ou menos 768200 litros

da água. Se fosse seguido à relação da tabela x, seria necessário mais de 700

mil garrafas para montar os coletores descartáveis, o que torna inviável a

utilização do mesmo para essa aplicação.

FIGURA 27 AQUECEDOR SOLAR PARA PISCINAS HC50.

Fonte: HIDROTÉCNICA, 2005.

69

4.3 AQUECIMENTO RESIDENCIAL

Serão discutidas formas de aquecimento de água para uso em

residências utilizando: energia elétrica, gás natural (GN), Gás liquefeito de

petróleo (GLP) e energia solar.

4.3.1 AQUECIMENTO ELÉTRICO

A seguir será apresentado, cálculos dos gastos de banho ao se usar o

sistema elétrico para o aquecimento de água. Utilizou-se como base um

chuveiro elétrico comum de 5000W de potência, com valor de mercado próximo

a R$50,00 para analisar as despesas mensais de uma família de quatro

pessoas.

Para um banho de 5 minutos:

Consumo = Kw x hr

Consumo = hrKx

60

55

Consumo = 0,4166Kwh

Segundo dados das COPEL (companhia paranaense de energia elétrica) o

custo da tarifa B1 – Residencial, é de R$0,38790 como mostra a tabela 14. Os

tributos são inseridos da seguinte forma:

Dados necessários para o cálculo:

• Alíquota do ICMS aplicado � 27,00%

• Alíquota média do PIS aplicado � 1,04%

• Alíquota média do COFINS aplicado � 4,76%

70

• Valor do KWh homologado Resolução 663/08 Aneel – Residencial – B1

� 0,26067

E assim o valor final a ser cobrado do consumidor será:

)100/)((1

log

COFINSPISICMS

adaTarifaHomo

++−

3280,01

26067,0

)100/)04,176,400,27((1

26067,0

−=

++−=

Valor a ser cobrado do consumidor = 38790,0

Tabela 14 – Tarifa convencional - COPEL.

Tarifa em R$/KWh Resolução ANEEL Com impostos: ICMS e PIS/COFINS

B1 - Residencial 0,26067 0,38790 Fonte: COPEL, 2008.

Dessa forma o custo de um banho pode ser calculado:

Custo do banho = 3879,04166,0 x

Custo do banho = R$ 0,1616

Assim o valor de um banho de 5 minutos é de R$0,1616.

Se esse valor for multiplicado por 30:

848,4301616,0 =x

Obtêm-se o gasto mensal de R$4,848 em banhos de uma pessoa. Para uma

família de quatro pessoas tem-se:

392,19848,44 =x

No final do mês, uma família composta por quatro pessoas irá gastar R$19,392

se os banhos tiverem a duração de 5 minutos. Em seguida será refeito os

cálculos para banhos de 10 e 15 minutos.

71

Para banho de 10 minutos:

Consumo = Kw x hr

Consumo = hrKx

60

105

Consumo = 0,8333Kwh

Custo do banho = 3879,08333,0 x

Custo do banho = R$ 0,3232

Gasto no mês = 696,9$303232,0 Rx =

Para quatro pessoas:

784,38$696,94 Rx = , será o valor mensal total.

Para banho de 15 minutos:

Consumo = hrKx

60

155

Consumo = 1,25Kwh

Custo do banho = 3879,025,1 x

Custo do banho = R$ 0,4848

Gasto no mês = 544,14$304848,0 Rx =

Para quatro pessoas:

176,58$544,144 Rx = , será o valor mensal total.

Na tabela 15 pode-se observar os valores calculados.

Tabela 15 – Custo de banho mensal do sistema elétrico.

Tempo de banho (min)

Consumo de Energia (Kwh)

Custo do Banho (R$)

Gasto no mês (R$)

Valor mensal p/ 4 pessoas (R$)

5 0,4166 0,1616 4,848 19,392 10 0.8333 0,3232 9,696 38,784 15 1,25 0,4848 14,544 58,176

Fonte: Autor, 2008.

72

Através dos cálculos apresentados pode-se notar a grande diferença do

custo de um banho de 5 minutos para o de 15 minutos, e que o costume de

banhos demorados das pessoas, aumenta de forma significativa os gastos

mensais de uma família. Assim o sistema de aquecimento elétrico, que possui

fácil instalação, e baixo preço para sua aquisição, pode se tornar um sistema

caro, se não for utilizado de forma racional.

4.3.2 AQUECIMENTO A GÁS – GLP

Assim como no item anterior, onde foram calculados os gastos mensais

de um chuveiro elétrico, a seguir serão apresentados, os custos para a

utilização de um aquecedor a gás, que utiliza tanto o GLP quanto o gás natural.

No caso do GLP, o botijão mais utilizado em condomínios é o de 45 Kg

(P-45), que custa em torno de R$155,00, o que resulta em torno de R$3,44 o

quilo deste gás. Foi tido como base para os cálculos do aquecimento a gás, o

aquecedor da marca Komeco, modelo KO 1200 da figura 28. Através das

pesquisas de mercado feitas durante o trabalho, obteve-se o valor do

equipamento que é de R$ 649,00 além de suas especificações técnicas,

contidas na tabela 16.

73

FIGURA 28 AQUECEDOR A GÁS KOMECO KO 1200. Fonte: Komeco, 2008.

Tabela 16 – Aquecedor a gás KO 1200 Komeco. Tipo de gás GLP GN

Consumo de gás 1,60Kg/h 2,40m³/h Pressão de gás (mm.c.a.) 280 200 Vazão de água com ∆T 20

a 15ºC(Litro/min) 13,5 16

Potencia nominal nas condições padrão 18920 kcal/h (22,0kW) 22892 kcal/h (26,6kW)

Rendimento 86,4% 82,6% Fonte: Komeco, 2008.

Ao visualizar a tabela 16, observa-se que o consumo deste aquecedor é

de 1,60Kg/h, para a utilização do gás GLP como combustível. Com os dados

obtidos foram realizadas as contas para os gastos mensais do aquecedor a gás

(GLP).

Para um banho de 5 minutos:

Consumo = ( ) hrxhr

Kg

60

560,1

Consumo = 0,1333 Kg

Como 1 Kg de GLP custa R$3,44, então 0,1333 Kg utilizados para 5 minutos

de banho irá custar:

Custo do banho = 44,31333,0 x

Custo do banho = R$0,4585

74

Gasto no mês = 755,13$304585,0 Rx =

Para quatro pessoas:

02,55$755,134 Rx = , será o valor mensal total.

Para banho de 10 minutos:

Seguindo o procedimento anterior:

Consumo = ( ) hrxhr

Kg

60

1060,1

Consumo = 0,2665Kg

Custo do banho = 44,32665,0 x

Custo do banho = R$0,9167

Gasto no mês = 50,27$309167,0 Rx =

Para quatro pessoas:

110$50,274 Rx = , será o valor mensal total.

Para banho de 15 minutos:

Consumo = ( ) hrxhr

Kg

60

1560,1

Consumo = 0,4Kg

Custo do banho = 44,34,0 x

Custo do banho = R$1,376

Gasto no mês = 28,41$30376,1 Rx =

Para quatro pessoas:

12,165$28,414 Rx = , no total.

75

Tabela 17 – Custo de banho mensal do sistema a gás - GLP.

Tempo de banho (min)

Consumo de GLP (Kg)

Custo do Banho (R$)

Gasto no mês (R$)

Valor mensal p/ 4 pessoas (R$)

5 0,1333 0,4585 755,13 02,55 10 0,2665 0,9167 27,50 110,00 15 0,4 1,376 41,28 165,12

Fonte: Autor, 2008.

4.3.3 AQUECIMENTO A GÁS – GN

De acordo com a COMPAGÁS, concessionária responsável pela

distribuição do gás natural canalizado no estado do Paraná, o valor do metro

cúbico do GN, para residências é de R$ 2,4039 e é este valor que foi utilizado

para efetuar os cálculos dos custos mensais do aquecedor. O consumo do

equipamento, utilizando gás natural é de 2,4m³/h, como é mostrado na tabela

16.

Para um banho de 5 minutos:

Primeiro foi calculado o consumo em m³ do GN, para 5 minutos de banho:

Consumo = ( ) hrxhr

m

60

5³4,2

Consumo = 0,1999m³

Como 1m³ de GN custa R$ 2,4039 então 0,1999m³ utilizados para 5 minutos de

banho irá custar:

Custo do banho = 4039,21999,0 x

Custo do banho = R$0,48

Gasto no mês = 40,14$3048,0 Rx =

76

Para quatro pessoas:

60,57$40,144 Rx = , será o valor mensal total.

Para um banho de 10 minutos:

Consumo = ( ) hrxhr

m

60

10³4,2

Consumo = 0,3998m³

Custo do banho = 4039,23998,0 x

Custo do banho = R$0,96

Gasto no mês = 80,28$3096,0 Rx =

Para quatro pessoas:

20,115$80,284 Rx = .

Para um banho de 15 minutos:

Consumo = ( ) hrxhr

m

60

15³4,2

Consumo = 0,6m³

Custo do banho = 4039,26,0 x

Custo do banho = R$1,4423

Gasto no mês = 269,43$304423,1 Rx =

Para quatro pessoas:

076,173$269,434 Rx = .

Observa-se na tabela 18, os valores obtidos.

77

Tabela 18 – Custo de banho mensal do sistema a gás - GN.

Tempo de banho (min)

Consumo de GN (m³)

Custo do Banho (R$)

Gasto no mês (R$)

Valor mensal p/ 4 pessoas (R$)

5 0,1999 0,48 40,14 60,57

10 0,3998 0,96 80,28 20,115

15 0,6 1,4423 269,43 076,173 Fonte: Autor, 2008.

4.3.4 AQUECIMENTO SOLAR

Para a analise do aquecedor solar reciclável em relação ao

dimensionamento residencial, foram realizadas medições da quantidade de

água gasta, utilizada pelo chuveiro elétrico em um banho. Durante 1 minuto

com o chuveiro elétrico ligado, a uma temperatura de 35ºC (temperatura que o

aquecedor solar atingia regularmente durante o período de aquecimento) foram

obtidos 3,750 litros de água. Com este valor calculou-se a vazão do

equipamento para 5, 10 e 15 minutos, e então se definiu a quantidade de água

que o aquecedor solar reciclável deveria utilizar. Assim foram feitos os

seguintes dimensionamentos (tabela 5):

Para um banho de 5 minutos:

Em um banho de 5 minutos usando o chuveiro elétrico, seriam gastos 18,75

litros de água. Para aquecer essa quantidade de água, seria necessário 1

módulo de coletor solar (0,5m² de área), como o que foi construído neste

trabalho, já que ele aquece aproximadamente 30 litros. Portanto seriam usados

para este coletor:

• 30 garrafas pet,

78

• 25 caixas de longa vida.

Para 4 pessoas, seriam necessários 75 litros, portanto 3 módulos de 0,5m²,

ou seja, 1,5m² de coletor:

• 90 garrafas pet,

• 75 caixas de longa vida

Para um banho de 10 minutos:

Em 10 de banho, seriam gastos 37,5 litros de água. Seriam necessários 2

módulos de coletor solar, com 1 m² no total de área, para aquecer a água.

Seriam usados para este coletor:

• 60 garrafas pet,

• 50 caixas de longa vida.

Para 4 pessoas, seriam necessários 150 litros, portanto 5 módulos, com

2,5m² de coletor:

• 150 garrafas pet,

• 125 caixas de longa vida.

Para um banho de 15 minutos:

Para um banho de 15 minutos, gastaria 56,25 litros de água. Seriam

necessários 2 módulos de coletor solar, com 1 m² de área. Seriam utilizados:

• 60 garrafas pet,

• 50 caixas de longa vida.

Para 4 pessoas, seriam necessários 225 litros, portanto 8 módulos, com

4m² no total:

79

• 240 garrafas pet,

• 200 caixas de longa vida

4.4 COMPARAÇÃO E DISCUSSÃO ENTRE OS SISTEMAS.

4.4.1 ANÁLISE DO CONSUMO DAS PISCINAS.

Como pode ser visto nos resultados obtidos neste trabalho, os gastos do

sistema de aquecimento a diesel em relação ao sistema a lenha foram bem

maiores. No mês de janeiro enquanto o aquecedor a lenha teria um gasto de

R$2657,67 o aquecedor a diesel gastaria R$5160,00 quase o dobro do preço

(94% mais caro). No mês de julho, as economias do aquecimento para o caso

da utilização da lenha, foram ainda maiores. No aquecimento a lenha, o custo

foi de R$ 8571,75 enquanto no aquecimento a diesel o valor foi de R$20640,00

(aumento em cerca de 140%).

Além da economia mensal, no ponto de vista ambiental, a utilização da

lenha também levaria vantagem. O processo de combustão dessa biomassa,

para a geração de calor iria provocar menos emissões indesejadas, do que a

combustão do diesel, já que esse é um combustível fóssil, derivado do

petróleo, e assim viria a causar maiores impactos negativos ao meio ambiente.

A grande vantagem da utilização do sistema a diesel, esta relacionado à

praticidade que este sistema apresenta se comparado ao aquecimento à lenha.

O aquecedor a diesel possui uma tecnologia bem superior, com grandes

vantagens, como a regulagem automática da temperatura, e uma potência de

80

funcionamento bem maior, assim o aquecedor viria a ficar ligado durante um

tempo bem menor do que o aquecedor a lenha (2 horas e meia a menos), para

realizar o mesmo aquecimento. Pelo fato de o aquecedor a lenha ser mais

rústico, seria necessária a utilização de funcionários, para manusear e

monitorar o abastecimento deste sistema, conforme as variações de

temperatura, colocando mais ou menos lenha no equipamento.

A lenha apresenta uma grande dificuldade de estocagem, é necessário

ter um grande espaço para armazená-la e ainda um enorme cuidado, com a

umidade do local (principalmente em épocas de chuva), uma vez que o seu

poder calorífico real de combustão tem a diminuir muito com o aumento da

umidade.

Pode-se verificar também, que para aquecer uma área muito grande de

piscinas, como no caso do clube, o sistema solar, chegaria a um grande grau

de complexidade. Para a utilização do aquecedor solar reciclável, a sua

aplicação seria considerada inviável, pois além de uma imensa área necessária

para a instalação dos coletores, o número de materiais a serem utilizados,

alcançou valores fora do padrão (mais de 700 mil garrafas pet), o que

dificultaria muito a sua instalação e principalmente a manutenção deste

sistema.

A tabela 19 apresenta os dados que foram analisados destes três

sistemas de aquecimento para piscinas.

81

Tabela 19. Dados comparativos - sistemas de aquecimento das piscinas.

Sistema

Potência do

sistema (Kcal/h)

Utilização média no mês* (hrs)

Emissão gases

poluentes

Gasto mensal

(R$) Vantagem Desvantagem

Diesel 450.000 232,5 elevada 12.900,00

-Praticidade de operação

-Emissão de CO2

-Potência elevada

-Gastos elevados

Lenha 180.000 488,25 baixa 5.614,71 -Energia renovável

-Dificuldade de estocagem e

manuseamento da lenha

Solar - - baixa -

-Energia renovável

-Dependência de dias com sol

-Sem gastos com

combustíveis em dias de

sol

-Grande área necessária

para os coletores

Fonte: Autor, 2008. (*) média do tempo de utilização dos meses de janeiro e julho.

4.4.2 ANÁLISE DO CONSUMO RESIDENCIAL.

Através dos cálculos apresentados, pode-se notar a grande diferença do

custo de um banho de 5 minutos para o de 15 minutos, e que o costume de

banhos demorados das pessoas, aumenta de forma significativa os gastos

mensais de uma família, em qualquer uma das três formas de aquecimentos

apresentadas.

O sistema de aquecimento elétrico, que possui fácil instalação, e baixo

preço para sua aquisição, pode se tornar um sistema caro, se não for utilizado

de forma racional.

Os gastos obtidos dos aquecedores a gás, foram maiores que o gasto do

chuveiro elétrico. A maioria dos consumidores que utilizam essa forma de

aquecimento está à procura de um banho mais confortável, pois este sistema

apresenta uma melhor vazão em relação ao sistema elétrico e uma melhor

82

regulagem de temperatura, o que o torna mais atrativo, principalmente para

baixas temperaturas, em invernos mais rigorosos. Para diminuir o custo deste

sistema, poderia ser utilizado um aquecedor mais simples, de valor de mercado

mais barato, e que apresentasse um menor consumo de gás. Ainda, em casas

residenciais, poderia ser usado o botijão comum de 13 kg (P-13), que possui o

subsídio do governo Lula para que seu valor não sofra grandes variações

(R$31,40 em julho de 2008, segundo a ANP, no estado do Paraná).

Ao compararem-se os aquecedores a gás, os gastos mensais estivaram

próximos, com uma pequena margem de economia, ao se utilizar o gás GLP. O

consumidor pode optar por um ou outro, conforme as vantagens que eles

apresentam. O gás natural vem da rede de distribuição direto do encanamento,

com o fornecimento sem interrupção, assim não é necessário ter uma rede

central no condomínio, ou um botijão dentro da residência, como no caso da

utilização do GLP. A dificuldade em se utilizar esse gás é que ele esta

disponível em apenas algumas cidades no país (no caso do estado do Paraná

ele pode ser consumido pelo gasoduto Brasil/Bolívia nas seguintes cidades:

Curitiba, Ponta Grossa, Palmeira, Balsa Nova, Araucária, Campo Largo e São

José dos Pinhais).

A temperatura alcançada pelo aquecedor solar reciclável se manteve

dentro de uma boa margem de aceitação, de forma que a água pudesse

aquecer o suficiente para ser utilizada no banho, nos dias em que o sol esteve

presente. Para um melhor resultado em relação à temperatura da água,

poderia ser utilizado um reservatório com um melhor isolamento, o que

conservaria quente a água por mais tempo. Outra forma de melhorar os

83

resultados seria aumentar o tamanho do coletor, o que aumentaria a

quantidade de água aquecida no reservatório.

A tabela 20 mostra os dados discutidos e comparados entre os

aquecedores residenciais, em banhos de 10 minutos (média dos tempos de

banho utilizados no trabalho).

Tabela 20. Dados comparativos - sistemas de aquecimento residenciais.

Sistema Preço

equipamento (R$)

Gastos mensais p/ 4 pessoas(*)

(R$)

Vantagem Desvantagem

elétrico 50,00 38,78

-Fácil instalação -Vazão limitada

-Baixo preço de aquisição

-Utilização de energia elétrica

Gás- glp 649,00 110,00 -Boa Vazão -Risco de

vazamento Gás - gn 649,00 115,20

Solar reciclável

74,00** -

-Sem custo de aquecimento

em dias de sol

-Constante acionamento

de um sistema auxiliar, em

dias sem sol.

Fonte: Autor, 2008. (*) banhos de 10 minutos. (**) considerando apenas o valor do coletor (são necessários 5 módulos de R$ 14,80, como consta nos resultados).

84

5 CONCLUSÕES

Neste trabalho foi verificada a utilização de fontes renováveis de energia

em aplicações objetivas e práticas ao cotidiano. Através de estudos, e da

busca por informações atuais, pode-se aprimorar o conhecimento em relação a

essa área. Assim, tornou-se realizável a montagem do aquecedor, e a

elaboração de métodos de pesquisa, para obtenção de dados que serviram

como base para comparações entre os diferentes sistemas de aquecimento de

água. Dessa forma foi possível verificar até que ponto, o uso das fontes

alternativas de energia, pôde ser favorável.

No caso da utilização residencial o aquecedor solar reciclável,

apresentou-se, simples, prático, e vantajoso, como pode ser visto nos

resultados do trabalho. Se a este aquecedor, for inserida uma fonte auxiliar de

energia, os índices de economia obtidos, deverão ser satisfatórios em relação

aos gastos mensais em uma residência. O mesmo sucesso não ocorreria caso

esse aquecedor solar fosse usado para aquecer as piscinas do clube. A obra

atingiria grandes proporções, com um grande número de materiais utilizados

para sua confecção, o que dificultaria muito a sua manutenção. Vale lembrar

que as comparações em relação ao sistema de aquecimento solar deste

trabalho, foram baseadas no aquecedor solar de materiais recicláveis, portanto

se ao invés do aquecedor com materiais recicláveis, construído neste trabalho,

fosse instalado um aquecedor similar (comercial), com materiais de melhor

qualidade, mais compacto e com maior eficiência (que aquecesse a água sem

85

que fosse necessária uma área tão grande de painéis solares), a realização do

aquecimento solar para as piscinas do clube, talvez fosse plausível. Neste

caso, uma análise sucinta em relação a outro tipo de equipamento deveria ser

feita, para tornar viável a aplicação de aquecedor solar comercial.

A utilização da biomassa foi vantajosa financeiramente, porém com uma

dificuldade maior em ser operada, em relação ao sistema convencional que

utiliza combustível fóssil (diesel). Além da economia apresentada, essa energia

é considerada limpa, com baixa taxa de emissão de gases nocivos ao meio

ambiente. É importante ressaltar, que a lenha, para ser utilizada é necessária

ser regulamentada pelo IBAMA, e muitas vezes não é isso que ocorre.

Dependendo do grau de irregularidade, ao invés de se colaborar com a

redução das emissões de carbono, estaríamos colaborando com o

desmatamento de grandes áreas, o que pode acarretar em problemas

ecológicos ainda maiores. Isso deixa claro que os problemas ambientais

relacionados ao aquecimento global, devem ser solucionados de maneira

racional, visando minimizar as emissões de carbono gradualmente.

Ao utilizar um simples aquecedor de material reciclável, já foi possível

obter resultados satisfatórios, tanto financeiramente, como no âmbito ecológico

ao se gerar energia limpa. Assim pode-se concluir que com os incentivos

governamentais, e financeiros sobre pesquisas de energias alternativas (que

vêm ocorrendo), deverão impulsionar o crescimento tecnológico desta área, e

se essas energias forem usadas de forma racional, sem exageros, elas farão

cada vez mais parte do nosso dia a dia, e irão colaborar com um

desenvolvimento sustentável.

86

REFERÊNCIAS

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CTGAS. Dados de unidades de conversão. Disponível em: <http://www.ctgas.com.br/informacoes/publicacoes/dados_unidade_conversao.pdf>. Acesso em: 12 set. 2008.

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87

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EXAME. Edição especial: negócios & sustentabilidade. São Paulo: Editora Abril. mar. 2008.

FOLHA DE LONDRINA. Uso da água da chuva reduz conta do condomínio. Folha de Londrina. Londrina, 3 jun. 2007. Imobiliária & Cia.

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88

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PAMPLONA, Nicola. Governo vai incentivar a energia solar. O Estado de São Paulo, São Paulo, 26 agosto 2007. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20070826/not_imp41038,0.php>. Acesso em: 19 jul. 2008.

PIMENTA, Ângela. A luz que vem do campo. Exame, São Paulo, v. 42, n. 5, p. 90-92, mar. 2008.

PORTAL DA PREFEITURA DA CIDADE DE SÃO PAULO. Energia Solar: Novos prédios terão que instalar aquecedores na cidade. Disponível em: <http://www2.prefeitura.sp.gov.br/noticias/sec/habitacao/2008/02/0008>. Acesso em: 19 jul. 2008.

TEKENGE ENGENHARIA. Aproveitamento da Água da Chuva. Londrina, 2008. Palestra proferida no auditório do CREA-PR.

UMA VERDADE INCONVENIENTE. Produção de Lawrence Bender, Scott Burns, Scott Z. Burns, Laurie David, direção de Davis Guggenheim, estrelando Al Gore. Barueri/Sp: Paramount Pictures Brasil, 2006. 1 DVD Video (96min): Widescreen, Ntsc, Dolby Digital 5.1, col., legendado. Documentário.

WALISIEWICZ, Marek. Energia Alternativa. São Paulo: Publifolha, 2008.

89

ANEXOS

ANEXO A

Aquecedor a diesel para piscinas da marca CWL modelo AT900.

Este equipamento possui as seguintes especificações:

a) Capacidade: para piscinas de até 920m³.

b) Queimadores: possui dois queimadores automáticos que trabalham em

paralelo. A proteção do queimador é feita pela fotocélula. Possui programador

para assegurar a seqüência operacional. Constituídos de dois tubos flexíveis,

uma flange de amianto, dois niples para tubos flexíveis, um jogo para

articulação fotocélula, bomba de óleo, programador, turbina, pistão, resete,

sinalização de alarme, regulagem de combustão, garfo eletrodo, três filtros de

óleo e um bico motor da turbina.

c) Parte interna do aquecedor:

• Caixa de fogo: é também conhecida por caixa de queima, é constituída

de tubo shedeller de 2” por 4mm de espessura, com chapa de aço de

1/2” para fechamento.

• O design da caixa é apropriado para adaptação dos queimadores.

• É constituídos de 8 tubos para sua limpeza, quando necessário.

• Contem dois visores para análise e queima.

• Saída bilateral da chaminé.

90

d) Serpentinas (trocador de calor):

• Fabricados em tubos de cobre classificação A.

• Uma unidade por ambiente aquecido (piscina de natação, piscina de

hidroginástica e piscinas de biribol).

e) Termostato:

• Cada equipamento possui um termostato mecânico para controle de

temperatura interna.

• Um termostato digital para cada serpentina, podendo assim controlar

varias temperaturas em um único aquecedor.

f) Caixa de expansão:

• Encontra-se em cima do aquecedor feita em chapa de ferro.

• Contem uma bóia de alimentação.

• Grande ponto de segurança, pois mesmo que a água entre em ebulição

não há o perigo de compressão, pois a pressão pode sair pelo vaso de

expansão.

g) Chaminé: Chaminé de ferro para saída de gases.

h) Acabamento:

• Protegido termicamente com mantas de lã de vidro.

• Acabamento externo de chapas galvanizadas e cantoneiras de alumínio.

• Pintura externa em preto fosco vinilico.

91

i) Quadro de Comando:

• 1 caixa de aço

• 4 termostatos digitais

• 4 chaves automático/digital

• Disjuntor mestre

• Disjunto proteção

• Contactora auxiliar

• Proteção do sistema