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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA AGRICULTURA E AMBIENTE

Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

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UTILIZAÇÃODE PRODUTOS

FITOFARMACÊUTICOSNA AGRICULTURA

UTILIZAÇÃODE PRODUTOS

FITOFARMACÊUTICOSNA AGRICULTURA

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOSNA AGRICULTURA

João Santos Simões

© SPI – Sociedade Portuguesa de InovaçãoConsultadoria Empresarial e Fomento da Inovação, S.A.Edifício “Les Palaces”, Rua Júlio Dinis, 242,Piso 2 – 208, 4050-318 PORTOTel.: 226 076 400, Fax: 226 099 [email protected]; www.spi.ptPorto • 2005 • 1.ª edição

Principia, Publicações Universitárias e CientíficasAv. Marques Leal, 21, 2.º2775-495 S. João do EstorilTel.: 214 678 710; Fax: 214 678 [email protected]

Marília Correia de Barros

Mónica Dias

Xis e Érre, Estúdio Gráfico, Lda.

SIG – Sociedade Industrial Gráfica, Lda.

972-8589-48-4

233533/05

T í t u l o

A u t o r

E d i t o r

P r o d u ç ã o E d i t o r i a l

R e v i s ã o

P r o j e c t o G r á f i c o e D e s i g n

P a g i n a ç ã o

I m p r e s s ã o

I S B N

D e p ó s i t o L e g a l

F I C H A T É C N I C A

Produção apoiada pelo Programa Operacional Agricultura e Desenvolvimento Rural,

co-financiado pelo Estado Português (Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural e das Pescas)

e pela União Europeia através do Fundo Social Europeu.

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UTILIZAÇÃODE PRODUTOS

FITOFARMACÊUTICOSNA AGRICULTURA

UTILIZAÇÃODE PRODUTOS

FITOFARMACÊUTICOSNA AGRICULTURA

João Santos Simões

AG

RIC

UL

TU

RA

E A

MB

IEN

TE

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Ao Engenheiro Agrónomo Rui Delgado, com quem se analisa-

ram alguns temas tratados no manual.

Ao Engenheiro Agrícola Jorge Silva, pela leitura do texto e pelas

sugestões oportunas.

A gradecimento

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I N T R O D U Ç Ã O

UTILIZAÇÃO

DE PRODUTOS

FITOFARMA-

CÊUTICOS NA

AGRICULTURA

As culturas e os géneros agrícolas são permanen-temente ameaçados por múltiplos inimigos – ervas in-festantes, pragas e doenças – que, ao desenvolverem--se, influenciam negativamente as colheitas, querdirectamente em termos de quantidade e de qualida-de, quer indirectamente tornando mais difíceis e one-rosas diversas operações culturais.

Cabe ao agricultor impedir ou, no mínimo, limitartais ameaças através do recurso a Medidas de Pro-tecção ou Meios de Luta adequados, cuja missão éprecisamente prevenir ou combater esses inimigos.

São várias as Medidas de Protecção ou Meios deLuta disponíveis, sobre os quais se falará no Capítulo 3. Adianta-se todavia que, deentre eles, na fase actual do conhecimento, apenas o recurso à Luta Química tornapossível obter níveis de produção capazes de satisfazer as necessidades globais dapopulação em produtos agrícolas e derivados (26).

A grande razão universal, mas não única, do desenvolvimento e uso dos Produ-tos fitofarmacêuticos foi e continua a ser a produção de alimentos.

E, produzir alimentos, capazes de suprir as necessidades de toda a humani-dade, livres de problemas fitossanitários e isentos de risco para a saúde, é tare-fa que só se consegue com o uso de moderna tecnologia agrícola, onde eles seincluem.

Isto respeita a culturas de consumo em fresco como frutas e legumes, ou aoutras do tipo cereais, batata, oleaginosas, que se destinam a ser transformadas.

Produtos agrícolas com lesões ou feridas provocadas por pragas ou doençasperdem imagem, atractividade e valor comercial e se os mesmos se destinam a serarmazenados seguramente terão perdas avultadas durante esta fase.

Assegurar a boa sanidade das culturas agrícolas e proteger as colheitas sãoassim duas actividades de grande relevo no combate à subnutrição e à fome, nasquais os Produtos fitofarmacêuticos desempenham um importante papel. Sem elesnão há, de facto, garantia de segurança alimentar para populações de várias zonasdo globo, pelo que o seu uso deve ser defendido.

Como qualquer outro profissional, um agricultor sente-se mais realizado quandoconsegue maiores produções e produções de melhor qualidade.

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

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Isto significa mais rendimento, mas tal só é possível através de uma melhor emais racional fertilização, irrigação, amanhos e cuidados fitossanitários, factorescapazes de garantir que as culturas expressem as suas potencialidades, com equi-líbrio e de forma sustentável. E, é à Agricultura Sustentável que nos referimos,entendida como um sistema que utilize meios e práticas que permitam e estimulem:

• produzir alimentos com eficiência e rentabilidade;

• viabilizar economicamente a Agricultura;

• preservar os recursos naturais, a paisagem rural e o ambiente no seu todo;

• capacitar as populações para, de forma sustentável e continuada preserva-rem o seu próprio bem-estar, sem comprometer o das gerações vindouras.

Temos assim uma actividade atractiva, de riscos reduzidos, financeiramentecompensadora, isto é, uma actividade que não agride as pessoas, a paisagem e oambiente, economicamente viável e socialmente aceite. Convém aqui lembrar ereter que há riscos inerentes e presentes em toda e qualquer actividade e quequalquer profissional, de qualquer ramo, deve saber identificar não só os benefí-cios, mas também os riscos que a sua actividade comporta, para assim melhor ospoder contornar ou evitar.

Claro está que isto é também válido para quem directa ou indirectamente utilizaos Produtos fitofarmacêuticos, pelo que toda a análise relativa ao seu uso deveincidir num balanço entre benefícios e riscos.

De facto, estes produtos, enquanto factores de produção, apresentam, clara-mente, o grande benefício de contribuírem para o aumento das colheitas através daredução de perdas, da melhoria de qualidade dos produtos agrícolas e da eficiênciaem várias tarefas, mas como produtos químicos que na sua grande maioria tambémsão, têm inerente a si próprios uma certa carga negativa, consequência da maior oumenor toxicidade e das características de cada um.

O risco que representam para os seres humanos e/ou para os organismos vivos,plantas ou animais, está assim dependente da sua toxicidade e da exposição a queas pessoas ou organismos ficam sujeitos, quando os manipulam ou usam.

Confirma-se pois que, para além dos benefícios associados ao seu uso, podemexistir também perigos para a saúde humana e animal e impacte inaceitável para oambiente, factos que importa conhecer e minimizar.

Poder-se-á dizer que estes são os pontos fracos, mas tais questões são suscep-tíveis de serem geridas através de medidas apropriadas, de não difícil execução.

Eliminar os riscos pode ser tarefa difícil, senão impossível, mas mantê-los abaixode certos limites toleráveis está ao alcance de quem manuseia e aplica os Produtosfitofarmacêuticos.

Esses limites toleráveis são exactamente os que fazem a separação entre aperigosidade e a não perigosidade.

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INTRODUÇÃO

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Na prática da Defesa Fitossanitária das Culturas está muito vulgarizada a Pro-tecção Integrada, a qual mais não é do que uma peça do grande puzzle Protec-ção Integrada – Produção Integrada – Agricultura Sustentável –Desenvolvimento Sustentável.

A Protecção Integrada pode definir-se como sendo «a aplicação racional de umacombinação de medidas biológicas, biotécnicas, químicas, culturais ou relativas à se-lecção dos vegetais, em que a utilização de produtos químicos é limitada ao estrita-mente necessário para manter a presença de organismos nocivos abaixo dos níveis apartir dos quais surgem prejuízos ou perdas economicamente inaceitáveis» (13).

A limitação preconizada para o uso da Luta Química a que alude a definiçãoderiva precisamente dos riscos a que atrás se fez referência. Veremos, contudo,neste manual, que é possível lidar com estes aspectos de forma equilibrada e inteli-gente trazendo assim os potenciais riscos para níveis toleráveis. Neste aspecto, ouso da informação disponível no rótulo de cada embalagem é, por si só, uma enormee relevante ajuda.

De facto, se usados conforme as condições aprovadas, que são as expressas norótulo, os Produtos fitofarmacêuticos não apresentarão efeitos prejudiciais, querpara a Saúde Humana e animal, quer para o Ambiente.

Estamos a referir grupos de risco concretos e reais, alguns fortemente envolvi-dos na sua utilização, como são os manipuladores ou operadores, os trabalhadores,os consumidores, o ambiente (solo, água, ar, fauna selvagem e flora espontânea).

Usados para os fins e nas condições preconizadas, qualquer Produto fitofarma-cêutico resulta eficaz e não apresenta riscos inaceitáveis nos planos toxicológico,ecotoxicológico e ambiental.

Convém, no entanto, reter que cada produto deve ser analisado individualmentee, genericamente falando, os produtos de novas gerações possuem característicasmuito mais «aceitáveis» nos planos toxicológico e ecotoxicológico, quando compa-rados com os das antigas gerações.

As décadas de 1960, 1970 e 1980 foram pródigas no surgimento de Produtosfitofarmacêuticos oriundos de múltiplas famílias químicas. Foram os anos do grandeboom na Europa e logicamente entre nós, cujo início se situa após a Segunda Guer-ra Mundial.

Até hoje, ao longo destas quase cinco décadas as exigências relativas à homo-logação dos Produtos fitofarmacêuticos nas áreas eficácia, toxicidade, ecoto-xicidade e ambiente existiram ou foram-se desenvolvendo, mas nunca tiveramigual peso.

Globalmente falando, é visível que ao longo destes anos aumentou incomensura-velmente a consciencialização sobre as questões ambientais e da segurança para oHomem, diminuiu a tendência para a aceitação de riscos e cresceu a disponibilidadepara a conflitualidade, traduzida em manifestações, queixas e recorrência às maisaltas instâncias arbitrárias.

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

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Isto, graças ao crescimento explosivo da informação, ao aumento de influênciados media e de grupos de pressão, à transparência internacional e ao aumento navelocidade de transmissão das notícias, à mobilidade.

Hoje, as exigências da União Europeia relativas à homologação dos produtosfitofarmacêuticos estão harmonizadas entre os Estados-membros e são extrema-mente exigentes e restritivas em áreas como o destino e comportamento no Ambi-ente, a segurança do utilizador (manipulador, operador, trabalhador), os LimitesMáximos de Resíduos (consumidor) e os efeitos em artrópodes úteis (OrganismosAuxiliares), esta última exigência condicionante de uma eventual recomendaçãodos produtos em Protecção Integrada. São também requeridos estudos sobre osmodos de evitar ou gerir possíveis resistências.

E tudo isto, na prática, com «prioridade» sobre a eficácia.Nos capítulos que se seguem pondera-se sobre o que fazer e como proceder de

modo a serem maximizadas as vantagens inerentes ao uso dos Produtos fitofarma-cêuticos e minimizados os eventuais riscos.

São assim esclarecidos e tratados vários assuntos, alguns não suficientementedivulgados, relacionados com a sua utilização segura:

• o conhecimento pormenorizado dos próprios produtos;

• o porquê da homologação e a evolução das suas exigências ao longo dosanos;

• os vários meios de luta que existem e a importância de cada um;

• os conceitos de Boa Prática e as vantagens do seu cumprimento;

• os balanços risco-benefício e a sua gestão face a múltiplas situações de ex-posição.

Pretende-se que esta informação possa levar a uma opinião fundamentada so-bre este vasto tema ou que pelo menos seja um estímulo e um ponto de partida naprocura de mais conhecimentos acerca dele.

JOÃO SANTOS SIMÕES

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C A P Í T U L O 1

O QUE SÃO PRODUTOSFITOFARMACÊUTICOS

• Definem-se e caracterizam-se os Produ-tos fitofarmacêuticos.

• Faz-se a sua classificação com base emdiversos parâmetros.

• Enumeram-se os benefícios que se lhes as-sociam, assim como os possíveis riscos.

O B J E C T I V O S

Produtos fitofarmacêuticos,

pesticidas ou agro-químicos,

são três modos vulgarmente

usados para dizer o mesmo.

O que são realmente

estes produtos?

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

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E N Q U A D R A M E N T O Apesar da inegável importância de que se re-vestem, os Produtos fitofarmacêuticos são pouco conhecidos da sociedade.Justifica-se pois falar deles.

DEFINIÇÃOProdutos fitofarmacêuticos (Pf) – são as substâncias activas e as pre-

parações contendo uma ou mais substâncias activas que sejam apresentadassob a forma em que são fornecidas ao utilizador e se destinem a:

a) proteger os vegetais ou os produtos vegetais de todos os organismosprejudiciais ou a impedir a sua acção, desde que essas substâncias oupreparações não estejam a seguir definidas de outro modo;

b) exercer uma acção sobre os processos vitais dos vegetais, com ex-cepção das substâncias nutritivas (exemplo: os reguladores de cres-cimento);

c) assegurar a conservação dos produtos vegetais, desde que tais subs-tâncias ou preparações não sejam objecto de disposições comunitáriasespeciais relativas a conservantes;

d) destruir os vegetais indesejáveis;

e) destruir partes de vegetais e reduzir ou impedir o crescimento indese-jável dos vegetais;

f) serem utilizados como adjuvantes.

Esta definição, abrangente e rigorosa, é adoptada pela Directiva 91/414//CEE e assim foi transposta para a legislação nacional (13; 14).

Há, todavia, uma definição de Produto fitofarmacêutico mais práti-ca e simples e com largo uso: são produtos destinados à defesa dasplantas e da produção agrícola, com excepção de adubos e correc-tivos; na sua composição entra uma ou mais substâncias activasresponsáveis pela prevenção ou controlo dos inimigos ou organis-mos nocivos; podem ter várias designações, consoante os inimi-gos que combatem.

Durante anos foram, e ainda o são hoje, designados Pesticidas, termoque engloba uma certa carga negativa não compatível com muitos dos produ-tos da nova geração e até com alguns antigos.

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CAPÍTULO 1 | O QUE SÃO PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

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Este termo continua a ser frequentemente usado nas terminologias daslínguas inglesa e francesa e, entre nós, surge sempre ou quase sempre asso-ciado aos resíduos. Ao falar-se de resíduos, diz-se normalmente resíduosde Pesticidas e não resíduos de Produtos fitofarmacêuticos. O Laborató-rio de Resíduos de Pesticidas, criado em finais de 2003, é outro exemplodesta preferência terminológica.

Há também quem os designe Agroquímicos, termo impreciso e poucorigoroso, uma vez que abrange outros factores de produção como os adubos,os correctivos agrícolas e as rações.

Há ainda, embora mais raramente, quem os designe Biocidas, terminolo-gia manifestamente imprecisa e desajustada. Por exemplo, as lixívias usadaspela dona de casa e múltiplos desinfectantes de uso veterinários ou caseiro,são biocidas.

No decorrer deste Manual usar-se-ão as designações Produto fito-farmacêutico e Pesticida, esta segunda apenas em temas ligados a re-síduos.

COMPOSIÇÃO

Cada Produto fitofarmacêutico tem na sua composição uma ou mais subs-tâncias activas (sa) e um conjunto variável de outras substâncias generica-mente designadas formulantes.

Analisemos cada um destes grupos:A substância activa é a componente do Produto fitofarmacêutico respon-

sável pelo seu comportamento biológico.Além da(s) substância(s) activa(s) o Produto fitofarmacêutico tem

ainda na sua composição um conjunto variável de outras substâncias de-nominadas formulantes, as quais não interferem com a substância acti-va, nem química nem biologicamente, mas imprimem determinadascaracterísticas e propriedades que são fundamentais ao conjunto, ou seja,ao produto formulado (pf), tais como estabilidade e efeito aplicabilidade(solubilidade, capacidade de suspensão, molhabilidade, poder absorvente,viscosidade, etc.) (3; 30; 39; 51; 52).

O produto formulado é afinal o Produto fitofarmacêutico.

Exemplos de alguns formulantes constam da quadro 1.1.

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

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Assim:Pf = produto formulado = substância activa + formulantes

O QUE É A FORMULAÇÃO?O termo formulação emprega-se não só para designar o processo

de fabrico de um Produto fitofarmacêutico mas também, mais vulgarmen-te, para referir o modo como o Produto fitofarmacêutico fisicamentese apresenta.

O desenvolvimento de uma formulação é um trabalho multidisciplinar, ondeentram conhecimentos de química, de física, de biologia, de toxicologia, deecologia, de tecnologia e de marketing, etc.

Especialistas destas múltiplas áreas têm por missão, em conjunto, criaralgo que possa ser fabricado industrialmente com sucesso e que possa inte-ressar o mercado – o produto formulado.

Na formulação, há que ter em conta aspectos tão variados como a acçãobiológica no duplo ponto de vista eficácia e tolerância, as propriedades físico-químicas (solubilidade, estabilidade, etc.) e toxicológicas, os efeitos ambientais,as características da aplicação (distribuição), o grau de aceitação por parte dosutilizadores finais, a disponibilidade dos formulantes (matéria prima), o proces-so de fabrico, o embalamento e a vertente económica do projecto.

Cada um dos parâmetros por si só e todos no geral terão de ser tão posi-tivos quanto possível.

Para além das bases científicas inerentes a esta tarefa, ela está tambémmuito dependente da experiência, havendo quem a apelide de «arte».

Quadro 1.1 • Exemplos de Formulantes

Solventes oudiluentes

dissolvem as substâncias activas noutras substâncias(como regra as substâncias activas não são solúveis)

Tensioactivosou«surfactantes»

têm por função a redução da tensão superficial e cumprirvárias funções:

molhantes – favorecem a adesividade à superfície dosórgãos vegetais

dispersantes – evitam a aglomeração das partículas

emulsionantes – evitam a separação das fases aquosae oleosa no caso das emulsões

anti-espuma e outras – como anti-pó, adesivos, etc.

Cargas inertes reduzem a concentração da substância activa e dãoconsistência, volume e forma física ao produto formulado.

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CAPÍTULO 1 | O QUE SÃO PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

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O modo como um produto fisicamente se apresenta, isto é a formulação, podeter várias designações, de que se apontam exemplos no quadro 1.2 (26; 28).

Quadro 1.2 • Exemplos de Formulações* Código Internacional dos tipos de formulação

FORMULAÇÕESSÓLIDAS

ABRV.* FORMULAÇÕESLÍQUIDAS

ABRV.* OUTRASFORMULAÇÕES

ABRV.*

WG EC microgrânulos MG

GR EO gel para emulsão GL

WP EW isco concentrado CB

DP SL pasta PA

grânulosdispersíveisem água

grânulos

pó molhável

pó polvilhável

pó solúvel SP

concentradopara emulsão

emulsão águaem óleo

emulsão óleoem água

soluçãoconcentrada

suspensãoconcentrada SC pastilhas TB

Uma substância activa pode originar mais de uma formulação, esta é aliásuma decisão ponderada pelos responsáveis em fase relativamente precocedo processo de desenvolvimento de um Produto fitofarmacêutico. Nos casosem que existem duas ou mais formulações duma mesma substância activa,há entre elas certos parâmetros que são comuns e outros que o não sãoconforme se mostra no quadro 1.3.

Quadro 1.3 • Parâmetros de uma Formulação

Parâmetros comuns

as propriedades físicas da substância activa

as propriedades químicas da substância activa

o modo de acção biológico

Parâmetros variáveis

o método de aplicação

o processo de fabrico

a compatibilidade nas misturas

a segurança durante o fabrico

o manuseamento e a aplicação

a segurança face ao ambiente

a preferência do utilizador final

considerações de natureza comercial

o custo

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

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Assim, são os parâmetros variáveis que estabelecem as diferençasentre duas ou mais formulações duma mesma substância activa. É combase neles que se torna possível criar, para cada uma, um perfil definido porvantagens e por desvantagens, conforme o quadro 1.4.

Quadro 1.4 • Exemplo do perfil de uma formulação (fictícia)

VANTAGENS DESVANTAGENS

• baixa toxicidade

• baixa inflamabilidade

• boa solubilidade e suspensão

• eficaz para as culturas

• segurança

• facilmente lavado pela chuva

• instável a baixas temperaturas

• processo de fabrico caro

Não há formulações que tenham apenas vantagens, mas há na realidadealgumas com mais vantagens que outras.

Os critérios de opção pelo desenvolvimento de uma formulação têm a vercom questões fundamentais como:

• o perfil toxicológico e ambiental;

• a estabilidade física e química a longo prazo (condições de armazena-mento até 2 anos);

• a facilidade da produção e o seu custo;

• eficácia e comportamento biológico consistentes;

• ser fácil de manusear e de aplicar;

• ser compatível com outros produtos em misturas extemporâneas notanque.

O QUE SÃO ADJUVANTES?A maioria dos Produtos fitofarmacêuticos são aplicados em pulverização

sob a forma de calda e, tal como foram descritos atrás, têm capacidade para,por si só, resolverem, com eficácia e eficiência, os problemas para que foramdesenvolvidos e homologados.

Contudo, no momento da preparação duma calda e com o fim de melhoraras suas características, pode, por vezes, recorrer-se a determinadas substân-cias, misturando-as nessa calda.

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CAPÍTULO 1 | O QUE SÃO PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

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Estes agentes extemporâneos são designados adjuvantes, não têm ac-ção biológica, mas melhoram as características da calda, acentuando ou im-primindo determinadas características.

Têm designações várias, consoante o fim a que se destinam (30):agentes anti-drift (espessantes); agentes anti-arrastamento; agentes com-

patibilizantes; agentes penetrantes; agentes aderentes; agentes molhantes;agentes dispersantes; agentes anti-espuma, etc.

CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOSFITOFARMACÊUTICOS

Existem diversos tipos de Produtos fitofarmacêuticos que se designamde acordo com os inimigos que têm por fim combater e de que o quadro 1.5dá exemplos (26; 28).

Quadro 1.5 • Tipos de Produtos fitofarmacêuticos

Fungicidas combatem fungos

Insecticidas combatem insectos

Acaricidas combatem ácaros

Herbicidas combatem ervas infestantes

Nematodicidas combatem nemátodos

Moluscicidas combatem lesmas e caracóis

Rodenticidas combatem ratos

Algicidas combatem algas

Bactericidas combatem bactérias

Adjuvantes substâncias que se adicionam às caldas e lhes imprimemcertas propriedades

De facto, cada tipo não passa de uma designação básica que clas-sifica os Produtos fitofarmacêuticos consoante o objectivo biológico quese propõem.

Porém, dentro de cada tipo, os produtos são susceptíveis de se agrupar dediversos modos, tendo por base certos parâmetros comuns.

Analisemos, para cada um dos grandes grupos de Produtos fitofarmacêu-ticos, algumas formas de se agruparem.

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

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FUNGICIDAS

a) Com base na origem ou no grupo químico

Tendo por base a sua origem, os Fungicidas podem classificar-se em:• Inorgânicos – onde se incluem os fungicidas com base em:

– arsénio de que é exemplo o arsenito de sódio;– cobre de que são exemplos o oxicloreto e o sulfato de cobre;– enxofre nas formulações pó molhável e pó polvilhável.

• Orgânicos (de síntese) – onde está a maioria dos fungicidas homo-logada no país.

b) Com base no seu posicionamento na superfície vegetal

• de superfície (ou de contacto): aplicados na superfície das plantas,têm acção preventiva, impedem a germinação dos esporos ou evitam acontaminação das plantas pelo fungo. Exemplos: produtos à base decobre, ditiocarbamatos, ftalimidas.

• penetrantes: aplicados na superfície das plantas, atravessam a epi-derme mas não são transportados no sistema vascular. Têm acçãotranslaminar e alguma difusão lateral. Exemplo: produtos à base decimoxanil.

• sistémicos: aplicados na superfície das plantas, penetram na planta esão translocados no sistema vascular. Distribuem-se nos tecidos ondepermanecem durante períodos variáveis e aí actuam sobre certos or-ganismos. Exemplo: produtos à base de metalaxil.

• mesostémicos: actuam na superfície das plantas, sendo absor-vidos pela camada cerosa, a que se segue um movimento de re-deposição por fase de vapor. Penetram nos tecidos e possuemacção translaminar. Exemplos: produtos à base de trifloxistrobi-na, zoxamida.

c) Com base na actuação no Patogénio

• preventivos (ou protectores ou profiláticos): impedem a germinaçãodos esporos e evitam a contaminação da planta pelo fungo.

• curativos (ou terapêuticos): actuam após se ter dado a contaminaçãopelo fungo.

• erradicantes (ou anti-esporulantes): destroem os esporos já forma-dos e impedem a formação de novos esporos.

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CAPÍTULO 1 | O QUE SÃO PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

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d) Com base no modo de acção.

Diz respeito à actuação fisiológica e bioquímica dos fungicidas no meta-bolismo celular do patogénio.

O conhecimento destes mecanismos é fundamental para compreenderfenómenos como a resistência e para ajudar a definir estratégias que a evi-tem. Neste particular haverá que considerar os produtos «multisite» que ofe-recem maior segurança, por contraste com os específicos «unisite».

Embora não sejam especificadas idades, há aqui produtos de diferentesépocas, sendo certo que os produtos mais recentes têm perfis toxicológico eecotoxicológico mais adequados (3; 37).

Os processos fisiológicos e bioquímicos envolvidos visam alterar:

• a membrana celular – os alvos são certos enzimas e provocam– perturbação da biossíntese do ergosterol. Exemplos: a morfo-

lina, os triazois e a piperidina.– alteração da permeabilidade e composição da membrana e

inibição da respiração. Exemplo: a dodina.

• o núcleo – os alvos são certos enzimas ou proteínas. Exemplos: meta-laxil, ofurace.

• a respiração – os alvos são uma vez mais certos enzimas e provocam:– inibição do transporte de electrões no mitocôndrio. Exemplos:

azoxistrobina e cresoxime-metilo.

• a indução de resistência das plantas – provoca a:– inibição da biossíntese da melanina das paredes dos apressó-

rios. Exemplo: triciclazol.

• os modos de acção desconhecidos ou múltiplos – onde se incluem:– a respiração (multi-site) e a inibição da germinação dos espo-

ros. Exemplos: cobre, enxofre, ditiocarbamatos, ftalimidas.– a inibição da germinação dos esporos e o alongamento das

hifas do micélio. Exemplos: iprodiona, fludioxinil.– a inibição da biossíntese dos ácidos nucleicos, lípidos, áci-

dos aminados, modificador da permeabilidade celular e estímulodas defesas naturais. Exemplo: cimoxanil.

– inibição do alongamento do tubo germinativo das hifas. Exem-plos: ciprodinil, pirimetanil, fenehexamida.

– inibição da germinação e formação de apressórios. Exemplo:quinoxifena.

– efeito antifosfato e defesas naturais. Exemplo: fosetil.Este tema é tratado com mais informação nas referências 3, 37 e 41.

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

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INSECTICIDAS

a) Com base na origem ou no grupo químico

Tendo por base a sua origem os insecticidas podem classificar-se em:• Inorgânicos – onde se incluem:

– o ácido cianídrico;– o fosforeto de alumínio;– o cianeto de cálcio;– o fosforeto de magnésio.

• Orgânicos – provenientes:– de óleo mineral (hidrocarboneto) – exemplo: óleo de verão;– de vegetal – exemplos: piretrinas e óleo de soja;– de síntese – onde cabe a maioria dos produtos homologados no

país. São exemplos de insecticidas orgânicos de síntese:- os organofosforados;- os carbamatos;- os piretróides;- os organoclorados;- o brometo de metilo;- os neonicotinóides (imidaclopride, tiaclopride, acetamiprida, tia-

metoxame).

b) Com base na via de penetração

• ingestão: penetram no insecto através da armadura bucal, ao alimen-tarem-se dos vegetais tratados.

• contacto: aplicados no exterior do insecto, penetram nele através dacutícula e da traqueia.

• penetrantes: atravessam a cutícula dos insectos.

• sistémicos: translocados no sistema vascular das plantas em que sãoaplicados, acumulam-se em diversos órgãos e mostram-se eficazessobre insectos com armadura bucal picadora sugadora – afídeos, alei-rodídeos e tripes.

• fumigantes: penetram no corpo dos insectos através das aberturas dosistema respiratório (estigmata).

• residual: após a aplicação persistem nas superfícies vegetais tratadase a penetração no insecto faz-se através de zonas menos esclerotiza-das, como o tarso.

Page 19: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

CAPÍTULO 1 | O QUE SÃO PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

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c) Com base na actuação na pragaPor regra actua-se ao início do aparecimento da praga em aplicações

pontuais ou em cadeia.

d) Com base no modo de acçãoDiz respeito à actuação fisiológica e bioquímica dos insecticidas no meta-

bolismo da praga.O Modo de Acção da substância activa, assim como os perfis toxicológico

e ecotoxicológico são factores fundamentais a ter em conta quando se esco-lhe um Produto fitofarmacêutico.

Em termos genéricos, estes perfis são mais favoráveis nas novas molé-culas. Parâmetros como persistência biológica e largo espectro tornaram-sefactores críticos porque persistência pode significar poluição do Ambiente ouestímulo à resistência, enquanto largo espectro pode significar agressividadeecotoxicológica indiferenciada, ou seja, falta de especificidade.

Os mecanismos fisiológica e bioquímica envolvidos visam perturbar:• a cutícula (biossíntese da quitina). Exemplos: diflubenzurão, lufenurão.• o sistema respiratório. Exemplos: óleo vegetal, óleo mineral.• a acção de hormonas no desenvolvimento do insecto. Exemplos:

fenoxicarbe, tebofenozide, buprofezina.• o sistema nervoso ou mais especificamente:

– a transmissão no axónio. Exemplo: deltametrina.– a sinapse colinérgica. Exemplos: diazinão, dimetoato, carbaril,

pirimicarbe, nicotina, imidaclopride.– a sinapse octopaminérgica. Exemplo: amitraze.– a sinapse. Exemplo: abamectina.– a sinapse gabaérgica. Exemplos: endossulfão, lindano.– fago-inibidor. Exemplo: pimetrozina.– sistema muscular. Exemplo: riânia.

• a respiração. Exemplos: rotenona, fenepiroximato, piribadena, cihe-xaestanho, tetradifão.

• desconhecido. Exemplos: propargite, clofentezina.Este tema é tratado com maior pormenor nas referências 3 e 25.

HERBICIDAS

a) Com base na origem ou no grupo químico

Tendo por base a sua origem os Herbicidas podem classificar-se em:

Page 20: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

20

• Inorgânicos – onde se inclui o sulfato de ferro

• Orgânicos – provenientes:– de óleo mineral (hidrocarboneto) – exemplo: óleo de inverno.– de síntese – onde cabe a quase totalidade dos produtos homologa-

dos no país.

b) Com base na via de penetração

• contacto: aplicados sobre a superfície externa das plantas e afectamos tecidos que contactam.

• sistémico: penetram nas plantas por múltiplas vias (folhas, raízes,gemas, caules, coleóptilo, etc.), são translocados no floema e noxilema.

• residual: aplicados no solo, são absorvidos pelas plantas e compor-tam-se como sistémicos.

c) Em relação à cultura

• pré-sementeira (ou pré-plantação): aplicados no solo antes da se-menteira (ou plantação).

• pós-sementeira (ou pós-plantação): aplicados no solo (pré-emergên-cia) ou nas plantas (pós-emergência).

• pré-emergência: aplicados no solo antes da emergência das plantas.

• pós-emergência: aplicados nas plantas após a sua emergência.

d) Com base no modo de acção

Diz respeito à actuação fisiológica e bioquímica dos herbicidas no meta-bolismo das ervas infestantes, havendo também aqui alguns mecanismos deacção desconhecidos.

Tal como nos anteriores casos, também nos Herbicidas é essencial co-nhecer os mecanismos de acção, para compreender os fenómenos da Resis-tência e para definir estratégias que a evitem.

Os processos fisiológicos e bioquímicos envolvidos visam prejudicar:

• a parede celular com inibição da biossíntese da celulose

(exemplo: diclobenil) e da calose (exemplo: isoxafena).

• a divisão celular com perturbação da metafase. Exemplos: alacloro,metolacloro.

Page 21: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

CAPÍTULO 1 | O QUE SÃO PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

21

• o desenvolvimento celular com efeito semelhante ao provocadopelo ácido indol-acético. Exemplos: 2,4-D, MCPA, dicamba, triclopir.

• a respiração com perturbação da formação de ATP. Exemplos: bro-moxinil, ioxinil.

• a fotossíntese verificando-se:– bloqueio do transporte de electrões. Exemplos: triazinas, ureias,

propanil, bromoxinil.– desvio de electrões, transferência de oxigénio e produção

de iões superóxido e peróxido. Exemplos: diquato e paraquato.– a biossíntese da clorofila. Exemplos: oxifluorfena, oxadiazão.

• os cloroplastos, com perturbações a nível da biossíntese dos caro-tenóides. Exemplos: diflufenicão, sulcotriona, amitrol.

• a biossíntese dos aminoácidos. Exemplos: sulfonilureias, imidazoli-nas, glifosato, glufosinato de amónio.

• a biossíntese dos lípidos. Exemplos: diclofope-metilo, cicloxidime,EPTC, molinato, etofumesato.

• desconhecido. Exemplos: isopropilo, dazomete, metame-sódio.

Este tema é tratado com maior desenvolvimento nas referências 3 e 29.

A classificação dos Produtos fitofarmacêuticos de acordo com certosparâmetros pode ir muito mais além do que as atrás equacionadas.

BENEFÍCIOS ASSOCIADOSAO SEU USO

São muitas e variadas as fontes que, na sequência de ensaios experimentais,de simulações, de simples evidências estatísticas ou de estudos de outra nature-za, asseguram ou ajudam a perceber que os Produtos fitofarmacêuticos são, defacto, ferramentas eficazes e eficientes no suporte da cada vez menor disponibi-lidade de mão-de-obra e no controlo eficaz e eficiente dos inimigos das culturas,e por isso mesmo geradores de mais valias quer directamente de forma visível emensurável, quer indirectamente. Eis algumas (15; 16; 23; 27; 33; 46; 48; 55).

Alguns dos estudos incidem sobre simulações relativas a uma restrição douso, por razões de desaparecimento futuro de elevado número de Produtos fito-farmacêuticos, em 50% ou mais.

Page 22: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

22

Podem parecer bizarros, mas tais estudos justificaram-se a partir de me-ados de 1991 devido ao facto, então anunciado com a Directiva 91/414/CEE,de se equacionar a reavaliação de todas as substâncias activas antigas, à luzdos novos critérios, mais limitativos, o que implica o desaparecimento de umavultado número dessas substâncias activas.

Esta medida é hoje, de facto, uma realidade em marcha. Foram dados 12anos para essa reavaliação, mas face às dificuldades surgidas no processo,foi agora marcado um novo limite – 2008 – para ultimar tal tarefa. Estima-seque das cerca de 825 substâncias activas existentes no início (25 de Julho de1993), cerca de 50% sejam excluídas.

Muitas substâncias activas nem sequer foram submetidas a reavalia-ção, pelas respectivas empresas detentoras, seguramente porque os seusperfis toxicológico e ecotoxicológico a isso aconselhavam. Esta realidadeimplicará, para a agricultura, num futuro muito próximo, que alguns pro-blemas fitossanitários, sobretudo os ligados a finalidades não cobertas emculturas maiores e/ou a culturas completamente a descoberto, resultarãoem prejuízos.

Dos trabalhos publicados seleccionam-se quatro, os quais evidenciam:

• perdas directas de produção relacionadas com o não uso de Produtosfitofarmacêuticos – figura 1.1

• aumentos de preços dos produtos agrícolas gerados pelo não uso oupelo desaparecimento de parte dos Produtos fitofarmacêuticos – figu-ra 1.2 e figura 1.3

• ser possível compatibilizar a Agricultura e o Ambiente – quadro 1.6 efigura 1.4 – uma vez que a competitividade e a viabilidade agrícolastambém passam pelo uso dos Produtos fitofarmacêuticos

Figura 1.1 • Europa: Perdas de produção devidas a ausência total de protecção fitossanitária (46)

0%

25%

50%

75%

100%

Trigo Milho Cevada

Page 23: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

CAPÍTULO 1 | O QUE SÃO PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

23

0%

25%

50%

75%

100%

Frutos evegetais

Óleovegetal

Cereais Carneporco

Carneaves

Figura 1.2 • EUA: Impacto teórico da ausência de Produtos fitofarmacêuticos e Fertilizantessobre o preço dos alimentos (15)

Figura 1.3 • Evolução teórica dos preços dos alimentos, no retalhista e no consumidor, emduas hipóteses simuladas – ausência de protecção fitossanitária e redução dos Produtosfitofarmacêuticos em 50% (55)

Quadro 1.6 • Estudo sobre a evolução de espécies – animais e plantas – no distrito de Erda,Mittelhessen, Alemanha, em função do uso do solo (48)

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Ausência Redução

Retalhista

Consumidor

DESAPARECE A PRODU-ÇÃO EM TERRA ARÁVEL

DESAPARECE TODA APRODUÇÃO AGRÍCOLA

ESPÉCIES

STATUSQUO

1999 2010 % variação.vs status quo

2010%

tatus quovariação

.vs s

Borboletas 90 0 20 -78

Abelhase vespas

110 -15 23 -82

Aves 109 0 85 -22

Formigas 29 -9 15 -53

Plantassuperiores

250 -24 70 -79

Total

90

130

109

32

330

691 588 -15 213 -70

Page 24: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

24

Figura 1.4 • % de aumentos de áreas de cultura compensadores de 30% de perda de produção (48)

Trigo

0%

25%

50%

75%

100%

Grão forrageiro

Oleaginosas

Beterr. sac./cana açu.

Arroz

Da reflexão e análise dos dados citados, resultam as seguintes conclu-sões, traduzidas em benefícios, para com os Produtos fitofarmacêuticos:

• são suporte para parte da cada vez maior redução da mão-de-obra naagricultura;

• ajudam as plantas a desenvolver o seu total potencial;

• evitam perdas das colheitas, no campo, através do controlo directo dasdoenças, pragas e ervas infestantes, de uma forma eficiente e poucoonerosa. Tais perdas podem atingir valores superiores a 50%;

• evitam perdas durante o armazenamento;

• melhoram a qualidade dos géneros agrícolas;

• permitem manter a regularidade das produções e fazer previsões rigo-rosas sobre as colheitas;

• ajudam ao abastecimento dos mercados em contínuo, com produtos dequalidade, a preços acessíveis;

• contribuem para a manutenção dos preços dos produtos agrícolas den-tro de níveis aceitáveis;

• asseguram uma produção economicamente rentável, que é, em simul-tâneo, ambiental e socialmente aceite.

Além de se identificarem com os benefícios mencionados, os Produtos fito-farmacêuticos, particularmente os das novas gerações, continuarão a ter umpapel fundamental a desempenhar na Agricultura Sustentável, uma vez que:

• as culturas e a produção agrícola são ameaçadas por inúmeros orga-nismos nocivos;

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CAPÍTULO 1 | O QUE SÃO PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

25

• o crescimento da população mundial e dos seus rendimentos condu-zem a um aumento da procura de alimentos, quer em termos quantita-tivos, quer qualitativos;

• não é possível alimentar as populações futuras com as culturas e asproduções unitárias de hoje;

• a urbanização a nível mundial cresce rápida e desordenadamente, ocu-pando muitas vezes solos de comprovada aptidão agrícola;

• a área agrícola diminui drasticamente e a afectação de novas áreas,para fins agrícolas, torna-se ambiental e socialmente inaceitável;

• o número de pessoas que trabalham na agricultura é cada vez menor;

• os aumentos da produção terão de ser conseguidos nas áreas cultiva-das hoje existentes, mas de uma forma ambientalmente sustentada esocialmente aceite;

• para tal, os agricultores necessitam dispor de processos, de métodos ede meios mais eficazes e evolutivos;

• aumentando a produtividade da terra cultivada, pode-se retardar ouaté impedir a conversão, para fins agrícolas, de áreas protegidas ehabitats de vida selvagem e assim permitir a preservação dos recursosnaturais para as populações vindouras;

• soluções inovadoras contribuem para práticas agrícolas ecológicas, ren-díveis e sustentáveis, numa agricultura científica e tecnologicamenteavançada.

No caso específico português, que não será único, haverá a acrescentar acircunstância de o desenvolvimento dos Produtos fitofarmacêuticos trazer parao país conhecimentos científicos, tecnologia e know-how de ponta, colocando--nos em pé de igualdade com qualquer outro país tido como mais desenvolvido.

É claro que este tema não é fácil, nem susceptível de induzir consensos eunanimidade. Pelo contrário, é um tema sensível e difícil, gerador de polémi-cas e até paixões, havendo quem em vez das vantagens e/ou para além delas,veja nele alguns riscos e inconvenientes.

EVENTUAIS RISCOSOs Produtos fitofarmacêuticos são deliberadamente introduzidos no Ambien-

te no momento em que são aplicados. Na sua grande maioria trata-se de produtos

Page 26: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

26

químicos que têm inerentes a si próprios uma certa toxicidade, sendo inegável quea exposição mais ou menos prolongada a estes produtos ou seus derivados podegerar problemas toxicológicos no Homem, nos seres vivos e no Ambiente.

Ora, sucede que os eventuais riscos potenciais são cuidadosamente in-vestigados, avaliados e divulgados usando tecnologia de ponta e de acordocom exigências e normas técnicas e científicas requeridas pelas autoridadesreguladoras e expressas em Directivas comunitárias e Leis nacionais. E exis-te informação e meios disponíveis, de fácil uso, capazes de os evitar ou limitaraté níveis toleráveis.

As recomendações de uso expressas no rótulo reflectem as consequên-cias da investigação acima referida e, por isso mesmo, se cumpridas, assegu-ram que o produto não apresenta riscos inaceitáveis para operadores,consumidores, seres vivos e Ambiente.

O seguimento dessas recomendações de uso são parte integrante dos prin-cípios da Boa Prática Fitossanitária ou da Protecção Integrada e o seu cumpri-mento é um garante de que a aplicação não acarreta riscos inaceitáveis.

Está também a afirmar-se que, de facto, os riscos potenciais existem enão devem ser menosprezados.

Conforme foi dito, eles dependem das propriedades físico-químicas decada Produto fitofarmacêutico, da sua natureza toxicológica e da exposição aque os organismos ficam sujeitos.

Não existem Produtos fitofarmacêuticos inócuos. Existem, isso sim, Pro-dutos que quando devidamente manuseados e utilizados poderão ter, e têm,comportamento sem riscos.

Eis alguns dos potenciais riscos que se lhes associam:

• riscos para a saúde humana e animal (doenças agudas e crónicas, anível hormonal e reprodutivo);

• provocação de resíduos nos produtos e géneros agrícolas tratados;

• provocação de resíduos no solo e na água e causa de intoxicação nosorganismos do solo e nos organismos aquáticos;

• poluição do ar;

• persistência e acumulação na cadeia alimentar em resultado da suadifícil degradação;

• riscos para a biodiversidade;

• provocação de resistências nalguns organismos.

O não seguimento das instruções contidas no rótulo pode acarretar consequên-cias negativas, de maior ou menor gravidade, para operadores, trabalhadores, con-sumidores que todos somos, para organismos não visados e para o Ambiente.

Page 27: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

CAPÍTULO 1 | O QUE SÃO PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

27

C A P Í T U L O 2

A HOMOLOGAÇÃODOS PRODUTOS

FITOFARMACÊUTICOS

• Esclarece-se o rigor técnico-científico deque se reveste a homologação de um Pro-duto fitofarmacêutico.

• Fala-se do suporte legislativo nacional ecomunitário da homologação e das impli-cações que este processo tem no que res-peita a segurança.

O B J E C T I V O S

A colocação no mercado e a

utilização de Produtos

fitofarmacêuticos assentam em

princípios de que tais produtos,

se usados de acordo com as

condições aprovadas, não

apresentam efeitos prejudiciais

para pessoas, animais ou

ambiente. Nesta perspectiva

um Produto fitofarmacêutico

só é autorizado após a

concessão de uma Autorização

de Venda baseada na

avaliação de um vasto

conjunto de dados científicos.

Page 28: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

28

E N Q U A D R A M E N T O O mercado único europeu estabelece a livrecirculação de mercadorias, pessoas e bens no seu espaço. Os Produtos fito-farmacêuticos são mercadorias que constituem excepção a esta regra.

Pela sua natureza podem originar problemas de saúde pública e/ou ambi-ental. Razões que justificam a restrição da sua comercialização e a consequente regula-mentação desta.

CIRCUITO AQUISIÇÃO → APLICAÇÃO O circuito mais vulgarizado dos Produtos fitofarmacêuticos em Portugal

é relativamente simples e óbvio e apresenta quatro níveis:

I Importadores e Fabricantes

II Empresas detentoras de Autorização de Venda

III Distribuidores e Revendedores – Postos de venda

IV Utilizadores finais– agricultores;– aplicadores simples;– aplicadores profissionais;– empresas de aplicação.

Com frequência os dois primeiros níveis confundem-se e formam um úni-co, sucedendo o mesmo com agricultores e aplicadores simples ao nível dosutilizadores finais.

Há também, com frequência, ligações de interdependência entre oselementos dos vários níveis, em particular os dos níveis de maior proximi-dade – distribuidores, revendedores, alguns utilizadores finais – podendoser muito intensas e duradouras e em muitos casos de índole familiar ouquase. É aliás uma das características identificadoras deste sector onde ouniverso demográfico dos componentes dos níveis I a III é extremamentereduzido.

O mercado português de Produtos fitofarmacêuticos, em 2004, a preçosde fabricante, foi de 116,49 milhões de euros (5). Estima-se, no entanto, queo valor do mercado nacional se possa situar 5% acima, caso se contabili-zem os produtos que ilegalmente entraram no país, a maioria vindos deEspanha.

Page 29: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

CAPÍTULO 2 | A HOMOLOGAÇÃO DOS PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

29

O circuito atrás referido comporta, como se vê, três áreas distintas comum esquema de relacionamento apresentado na figura 2.1.

• a homologação;• a comercialização e• a aplicação.

Figura 2.1 • Circuito aquisição → aplicação de Produtos fitofarmacêuticos

Distribuidores

Utilizadores finais:Agricultores

Aplicadores simplesAplicadores profissionaisEmpresas de aplicação

Postos devenda

Empresasdetentoras

da AV

Importadorese fabricantes

Das três áreas apontadas só a homologação possui suporte jurídico,pois há muito foram estabelecidas normas técnicas de execução relativas àhomologação, autorização, lançamento ou colocação no mercado, utiliza-ção, controlo e fiscalização de substâncias activas apresentadas na sua for-ma comercial, que são afinal os Produtos fitofarmacêuticos (13; 14).

A comercialização e a aplicação não tinham até hoje, qualquer suportelegal.

Porém, com a publicação do recente Decreto Lei 173/05, de 21 de Outu-bro, foi finalmente colmatada esta lacuna.

Este diploma vem regular as actividades de distribuição, venda,prestação de serviços de aplicação de Produtos fitofarmacêuticos ea sua aplicação pelos utilizadores finais.

Isto passa, de facto, pela melhoria das instalações e pela formação detécnicos, agricultores e operadores e ainda pela implementação de figurasjurídicas como:

• autorização específica para o exercício da actividade de distribuição evenda de Produtos fitofarmacêuticos;

Page 30: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

30

• existência de um técnico responsável pelas actividades de distribuição,venda e prestação de serviços de aplicação destes produtos;

• criação de empresas de aplicação terrestre;

• requalificação de empresas de aplicação aérea;

• identificação clara das orientações e disciplina dos actos de distribui-ção, venda e aplicação;

• formação profissional de técnicos, agricultores, aplicadores e opera-dores.

Todas estas medidas visam, claro, implementar condições de segurança noscircuitos de Distribuição e Comercialização de Produtos fitofarmacêuticos quepreservem o ambiente e protejam em particular os utilizadores, reduzam o riscopara o aplicador, para o ambiente e para a saúde pública na aplicação daquelesprodutos, o reforço da capacidade de monitorização de resíduos e a melhoriadas infra-estruturas do Serviço Nacional de Avisos Agrícolas, para uma utiliza-ção mais correcta e segura desses mesmos produtos (13; 49).

Esta tarefa envolve vários entidades ministeriais uma vez que para alémda Agricultura estão também envolvidas áreas tão diversas como a SaúdePública, o Ambiente, o Comércio, os Transportes e a Indústria e desenvolve-se ao abrigo de Normas Comunitárias abrangidas pelo Programa AGRO doIII Quadro Comunitário de Apoio.

DEFINIÇÃO E OBJECTIVOS

A homologação de um Produto fitofarmacêutico é o processo pelo qual aautoridade nacional responsável – a DGPC – aprova a sua colocação nomercado, com base na avaliação prévia de um conjunto muito amplo de da-dos científicos, que demonstram que os mesmos são eficazes para as finali-dades a que se destinam e não apresentam riscos inaceitáveis para a saúdehumana, animal e para o ambiente (13; 53).

Esta aprovação materializa-se numa Autorização de Venda (AV).Com este mecanismo pretende-se que a agricultura possa dispor de Pro-

dutos fitofarmacêuticos de qualidade em termos de eficácia para os fins aque se destinam, em termos de formulação, em termos toxicológicos para ohomem enquanto aplicador, trabalhador ou consumidor e para os animais eem termos ecotoxicológicos e ambientais para as espécies não visadas e paraos compartimentos do ambiente – solo, água e ar (26).

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CAPÍTULO 2 | A HOMOLOGAÇÃO DOS PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

31

EXIGÊNCIAS LEGAISUma vez que os Produtos fitofarmacêuticos são, geralmente, produtos

químicos com os quais se pretende resolver eficazmente um problema bio-lógico e têm inerentes a si próprios uma certa toxicidade torna-se necessárioavaliar os riscos associados à sua utilização ao nível dos manuseadores,aplicadores, consumidores, ambiente, espécies não visadas. Os utilizadoresdevem ter acesso a informações de rigor através do rótulo.

A avaliação é um processo burocrático complexo e demorado que com-preende três fases:

1.ª fase – aceitação de elementos administrativos e de dados técnico-cien-tíficos relativos às características, propriedades e comportamento doproduto – substância activa e produto formulado – fornecidos pelorequerente.

2.ª fase – estudo e avaliação dos elementos e dos dados apresentados

3.ª fase – decisão, que pode comportar uma de três atitudes:– dossiers completos, todos os dados em conformidade com as exi-

gências – autorização;– dossiers quase completos, algumas falhas (involuntárias) de sig-

nificado menor, o que pode conduzir a uma autorização condicio-nada ou adiada, até as faltas serem supridas, podendo ser concedidoum prazo para tal;

– dossiers incompletos e/ou dados não conformes com as exigên-cias – não autorização. Esta hipótese pode pressupor um esgrimirde razões e de argumentos e levar à criação de novos dados quepermitam reverter a decisão.

Os dados apresentados no pedido de AV comportam assim estudos vá-rios que, uma vez avaliados pelas Autoridades de Registo, poderão permitir aconcessão da AV para o conjunto

• Produto fitofarmacêutico

• Finalidade (cultura-inimigo)

• Condições de uso

• Precauções toxicológicas, ecotoxicológicas e ambientais

O processo de concessão da AV é longo e passa por diversas fasesadministrativas, uma das últimas das quais é a aprovação do Rótulo.

O complexo trabalho inerente à homologação de um Produto fitofarma-cêutico começa a partir da descoberta da substância activa que entra na sua

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

32

composição e convém ser conhecido. Entre a síntese química de uma dadasubstância activa e a homologação do primeiro Produto fitofarmacêutico, combase nessa substância activa, decorrem hoje cerca de 8 a 10 anos, por vezesmais, quando em 1950 eram necessários apenas 3 a 5 anos.

Nesse período, que vai da síntese à homologação, a empresa produtora ourequerente despende, em estudos de vária natureza, necessários à satisfaçãode todas as exigências legais, valores que podem rondar ou mesmo ultrapas-sar hoje os 150 milhões de Euros.

Fonte citada por Amaro (3), avança os seguintes valores:

1970 – 5,8 milhões de dólares americanos

1990 – 100,0 milhões de dólares americanos

1998 – 200,0 milhões de dólares americanos (60% para estudos detoxicologia e ecotoxicologia)

Uma outra Fonte (22) afirmava especificando a Europa:

1950 – custo total: cerca de 100 000 francos suíços (eficácia – 80%;toxicologia – 20%).

1990 – custo total: cerca de 100 milhões francos suíços (eficácia –17%; toxicologia – 50%; ambiente e ecotoxicidade – 33%)

Apesar das origens serem diferentes os valores são convergentes e con-firmam os estudos relativos a toxicologia, metabolismo, ecotoxicologia, desti-no e comportamento no ambiente como os de maior exigência orçamental.

A maioria da despesa ocorre nos primeiros 4-5 anos de vida de uma mo-lécula, desde a sua descoberta até ao pedido de homologação.

As fases por que passa uma substância activa desde o seu nascimentopodem, de forma sintética, enumerar-se e hierarquizar-se em sete etapas,muitas delas coincidentes no tempo (3):

a) Síntese química da substância activa;

b) Screening;

Consiste na avaliação das potencialidades biológicas para diversos inimi-gos através de pequenos ensaios de laboratório, estufa e campo. Nos anos1950 por cada 5000 moléculas descobertas apenas uma chegava ao merca-do; nas décadas de 1970 e 1980 apenas uma em cada 15 000 moléculas erahomologada. Hoje, graças ao avanço da ciência e da tecnologia em áreascomo a química quântica, a matemática e a informática, por cada 100 000 a200 000 moléculas sujeitas a screening, apenas uma é seleccionada.

c) Ensaios de Campo; Estudos de Toxicologia, Metabolismo e Eco-toxicologia;

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CAPÍTULO 2 | A HOMOLOGAÇÃO DOS PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

33

d) Processo de Fabrico;

e) Estudos económicos;

f) Patentes;

Uma vez descoberta, identificada e considerada de interesse, uma molé-cula é patenteada e a Patente, no espaço UE, garante a propriedade por umperíodo de 20 anos, contados a partir da data do pedido. Porém a Patente nãoé o único mecanismo de protecção de um produto. Ela é também conseguidacom a protecção dos estudos e dados técnicos, através de legislação comorigem na Directiva 91/414/CEE.

Os dados da substância activa têm uma protecção de 10 anos a partir dadata da sua inclusão na Lista Positiva. Nos produtos formulados a protecçãoé também por 10 anos contados a partir da data de concessão da Autorizaçãode Venda. Em qualquer dos casos, em condições especiais, é ainda possívelhaver um período complementar adicional nunca superior a 5 anos.

Vê-se assim que o horizonte temporal de uma empresa para obter o retor-no do seu investimento tem limites.

g) Homologação incluindo:– Ensaios biológicos,– Ensaios de resíduos,– Elaboração dos dossiers,– Avaliação/Decisão e– Autorização de Venda

Os estudos que acompanham o pedido de homologação, são os se-guintes:

a) Avaliação Físico-Química, onde constam– a identidade da substância activa, do produto formulado e de impu-

rezas de fabrico ou decorrentes do armazenamento;– as propriedades Físico-Químicas da substância activa e do produto

formulado e relacionadas com a segurança (inflamabilidade, explo-sividade, etc.), com o ambiente, ou com a eficácia da aplicação(suspensabilidade e tamanho das partículas);

– os métodos de análise;– as características de adequabilidade das embalagens no transporte,

armazenagem e eliminação após uso.

b) Avaliação biológica, onde se estabelece a eficácia em sentido globalbaseada em ensaios de campo, que permitem– definir a dose ou concentração eficazes;– assegurar que não provocam fitotoxicidade;

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

34

– provar que não estimulam resistências e– não prejudicam as culturas da rotação, adjacentes ou vizinhas.

c) Classificação e precauções toxicológicas, onde se conhecem– as propriedades toxicológicas e os respectivos símbolos;– os efeitos na saúde humana e animal.

d) Comportamento e defesa do ambiente, onde se estudam– os efeitos nos compartimentos do ambiente – solo, água, ar;– os efeitos sobre as espécies não visadas.

e) Intervalos de Segurança e Limite Máximo de Resíduo.O uso de Produtos fitofarmacêuticos pode originar resíduos nas cultu-ras, à data da colheita. Caso tal se verifique, importa que o seu nívelseja aceitável para os consumidores. Esse nível aceitável no qual sebaseia a avaliação de risco tem um valor que não deve ser ultrapassa-do e designa-se Limite Máximo de Resíduo (LMR). Este garante asalvaguarda da saúde do consumidor, assegura a comercialização dosgéneros tratados e viabiliza a Boa Prática Fitossanitária autorizada (ondeentram a dose, o número de tratamentos, o Intervalo de Segurança,etc.), entre outras vantagens.

O modo como os estudos são usados e as relações entre quem solicita ahomologação e as autoridades de registo são resumidamente expressas nafigura 2.2 (26).

EMPRESAS

DGPC

EQUIPASESPECIALIZADAS

(Avaliação)

CATPF

Pedido ou enviode dados e/ou

esclarecimentosDECISÃO

Pedido deParecer

Parecer

Avaliação Parecer

Pedido de AV

Figura 2.2 • Esquema de avaliação dos processos de homologação

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CAPÍTULO 2 | A HOMOLOGAÇÃO DOS PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

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Alguns dos inconvenientes que se apontam aos Produtos fitofarmacêuti-cos, expressam preocupações e estão ligados aos itens c), d), e) atrás referi-dos. Acontece que, a maioria das vezes, as preocupações não se baseiam emfactos mas na percepção que as pessoas formam deles.

Muitas das críticas apontadas carecem de fundamento, mas é sabido queuma notícia negativa tem uma capacidade de impressionar e de sugestionarmuito superior a uma notícia positiva. Por tal razão os itens c), d) e e), queincorporam tecnologia e informação científica muito avançadas, serão de-senvolvidos no Capítulo 5.

ENQUADRAMENTO LEGALE PRINCIPAIS FIGURAS JURÍDICAS

Numa perspectiva histórica, a homologação dos Produtos fitofarmacêuti-cos em Portugal pode ser lembrada através de datas, algumas nacionais, queassinalam a criação de mecanismos importantes na sua vida (2; 3; 47).

Assim:

1959 – criação do Laboratório de Fitofarmacologia, embrião daactual DGPC.

1962 – publicação da primeira Lista de Produtos fitofarmacêuti-cos comercializados, a qual se mantém com carácter anual.

1963 – 1967 – início dos Processos de Homologação facultativos,com os quais se visava sensibilizar as empresas e outras entidades econsolidar os conhecimentos fundamentais para a redução dos ris-cos dos Produtos fitofarmacêuticos.

1967 – publicação do primeiro suporte jurídico – o Decreto Lei n.º 47802,de 19 de Julho de 1967 – que estabeleceu o regime de comercializaçãodos Produtos fitofarmacêuticos destinados à defesa da produção ve-getal, com exclusão dos adubos químicos e dos correctivos agrícolas.

1968 – criação da Comissão de Toxicologia dos Pesticidas com com-petência na ária toxicológica, quando ainda não havia preocupações ambi-entais ou ecotoxicológicas. Esta Comissão veio a originar a actual Comissãode Avaliação Toxicológica de Produtos fitofarmacêuticos (CATPF).

Isto significa que se estabeleceu, a nível nacional, a obrigatoriedade deestes produtos serem comercializados mediante uma autorização específica,

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

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concedida após estudo das suas características, verificada a garantia de umaactividade biológica aceitável e a não existência de inconvenientes para asaúde pública. A estes propósitos associar-se-ia mais tarde também a defesado Meio Ambiente.

De então até hoje, a máquina legislativa deste sector não mais parou e évasta a documentação jurídica criada, traduzida em Decretos-Lei, Directi-vas, Leis, Normas, Portarias, Regulamentos, etc.

Há, no entanto, que salientar a grande alteração surgida na UE a partir de1991. Uma das pedras base deste edifício jurídico é a Directiva 91/414//CEE, de 15 de Julho, relativa à colocação de Produtos fitofarmacêuticosno mercado, a qual foi transposta para o direito nacional pelo Decreto Lein.º 284/94, de 11 de Novembro, e pela Portaria n.º 563/95, de 12 de Junhoe entrou em vigor, em Portugal, em 25 de Julho de 1993.

Esta data de 25 de Julho de 1993 é uma data histórica para Portugal,uma vez que ela marca a fronteira entre duas eras. Antes de 25 de Julhode 1993 todo o processo relacionado com a homologação se baseava emcritérios nacionais. Após 25 de Julho de 1993 os critérios passaram a sercomunitários.

Pela sua importância realça-se também aqui o Decreto Lei 94/98, de 15de Abril, que adopta as normas técnicas de execução referentes à colocaçãodos Produtos fitofarmacêuticos no mercado e o Decreto Lei 341/98, de 4de Novembro que estabelece os Princípios Uniformes (PU), relativos àavaliação e autorização dos Produtos fitofarmacêuticos para a sua colocaçãono mercado.

Estes documentos provocaram grandes mudanças no sistema que vinhasendo seguido e imprimiram-lhe mesmo um outro dinamismo e orientaçãocom a criação de novas exigências e a adopção de novos critérios de avalia-ção, necessariamente mais limitativos.

Os princípios base do direito comunitário, e agora também nacional,assentam em algumas figuras jurídicas, as principais das quais se apontam(12; 13; 14; 53):

Lista Positiva (LP) – Anexo I da Directiva 91/414/CEE.Nesta lista são incluídas as substâncias activas aprovadas a nível UEde acordo com critérios comuns.

Autorização de Venda (AV) – concedida pelos Estados-membros,por um período de 10 anos, renováveis, aos Produtos fitofarmacêuti-cos com base em substâncias activas constantes da LP.

Princípios Uniformes (PU) – Anexo VI da Directiva 91/414/CEE. Tra-ta-se da definição dos critérios e princípios a ter em conta por parte decada Estado-membro no sentido da unicidade das avaliações e decisões.

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CAPÍTULO 2 | A HOMOLOGAÇÃO DOS PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

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Com base nos Princípios Uniformes os critérios a ter em conta na ava-liação e decisão de cada parâmetro serão os que se mostram no quadro 2.1.

Quadro 2.1 • Critérios de avaliação e decisão definidos nos PU

ÁREA COMENTÁRIOS

Eficácia Doses ou quantidades usadas serão o mínimonecessário para atingir o efeito desejado. Os resultadossão, em regra, avaliados na base de produtosreferência e na resposta da cultura em termos deprodução e qualidade da colheita

Risco para osoperadores

Avaliação do risco para o Homem baseada nasconsiderações das relações dose-resposta, nomecanismo envolvido, no NSEO e na aplicaçãoapropriada de Factores de Segurança, que permitemestimar a IDA e o NAEO (ver Capítulo 5)

Risco para osconsumidores

Limite Máximo de Resíduos na altura da colheitasendo os mínimos necessários e consistentes como uso autorizado (ver Capítulo 5)

Destino ecomportamentono Ambiente

Avaliação dos níveis dos resíduos encontrados no solo,nas águas ou no ar através de estudos, para demonstraros riscos para as espécies não visadas (ver Capítulo 5)

Impacte sobre asespécies nãovisadas

Avaliação do impacto sobre as espécies não visadas,com base na consideração do efeito sobre a abundânciae a diversidade das espécies (ver Capítulo 5)

Aspectos analíticos Apresentação de métodos analíticos consistentes

Propriedadesfísico-químicas

Apresentação de formulações de elevada qualidade edo seu comportamento em armazém

Gestão do risco A gestão do risco deve ser uma parte integrante doprocesso de avaliação e da tomada de decisão.

Eventuais condicionalismos e restrições a impor no usodeverão ser apropriados à severidade do risco esperado

Reconhecimento mútuo – para Produtos fitofarmacêuticos já homolo-gados noutro Estado-membro e desde que as condições agrícolas, fitossani-tárias e ambientais, incluindo as climáticas e relacionadas com a utilização doproduto, sejam similares.

Autorização Provisória de Venda (APV) – por 3 anos concedida pelosEstados-membros para Produtos fitofarmacêuticos com base em substânciasactivas que ainda não constem da Lista Positiva e que em 25 de Julho 1993não se encontravam no mercado nacional.

Autorização de utilização limitada e controlada – não ultrapassando120 dias, para fazer face a situações urgentes e para as quais não há respostano mercado.

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

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Alargamento de espectro de uso – para cobrir finalidades não cons-tantes do rótulo homologado.

Programa de reavaliação – por um período de 12 anos, que está a esgo-tar-se, e que cobre as cerca de 825 substâncias activas, ditas antigas, isto é,existentes no mercado em 25 de Julho de 1993. Esta reavaliação é feita combase nas novas exigências, mais selectivas, levando a que parte dos produtosantigos venham a desaparecer ou a surgir com novas recomendações de uso.Vários Produtos fitofarmacêuticos antigos nem sequer se candidataram àreavaliação, por decisão das suas Casas-Mãe.

Face ao atraso desta exigência, a UE criou, em 2003, uma nova datalimite para o seu total cumprimento – 2008.

Garantia de Protecção e confidencialidade dos dados relativos querao Anexo II da Directiva (que contém os dados da substância activa), querao Anexo III (que contém os dados do produto formulado).

Possibilidade de transitoriamente se continuarem a aplicar as dis-posições nacionais.

Medidas de controlo – envolvendo as características dos Produtos fito-farmacêuticos e o seu uso de acordo com o rótulo.

Intercâmbio de informação entre EM e a UE.Aplicação adequada dos Produtos fitofarmacêuticos – de acordo com

os princípios de Boa Prática Fitossanitária e sempre que possível com osprincípios da Protecção Integrada.

Estabelecimento de Limites Máximos de Resíduos – LMR – so-bre a dupla substância activa – géneros agrícolas tratados.

Estas figuras jurídicas possuem lógica, estão interligadas e assentam em re-quisitos, procedimentos e dados, que terão obrigatoriamente de ser satisfeitos.

Assim, na criação dos dados técnicos e científicos são elaborados doisdossiers:

• um para a substância activa – será avaliado/decidido pela UE, de acor-do com critérios comuns e visa a colocação da substância activa naLista Positiva;

• um para o produto formulado – será avaliado/decidido por cada Esta-do-membro, de acordo com critérios comuns e visa a obtenção de umaAutorização de Venda.

Em termos práticos, o objectivo primeiro e último de quem solicita a ho-mologação de um dado Produto fitofarmacêutico, é a obtenção de uma AVpara as finalidades propostas podendo, enquanto se aguarda a AV, ser even-tualmente concedida uma APV.

As autoridades incumbidas de satisfazer tal solicitação terão como missãocertificar-se de que, de facto, o produto coincide com o caracterizado no

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CAPÍTULO 2 | A HOMOLOGAÇÃO DOS PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

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projecto de rótulo, é eficaz na dose proposta, não provoca fitotoxicidade, nemtem efeitos negativos nas culturas seguintes ou vizinhas, não induz resistên-cia, e não apresenta riscos inaceitáveis para a saúde dos operadores, dostrabalhadores, dos consumidores, das espécies não visadas e do ambiente, seaplicado conforme se propõe.

A legislação existente pode assumir carácter geral ou específico.Os Documentos atrás mencionados são de carácter geral.De entre a legislação específica pode indicar-se a referente:

• ao estabelecimento de Limites Máximos de Resíduos – LMR;

• à classificação toxicológica e ambiental, embalagem e rotula-gem de Pesticidas;

• as áreas referenciadas na Directiva 91/414/CEE e aplicáveis aos Pro-dutos fitofarmacêuticos (exemplos: protecção das águas; protecçãode animais em Laboratório; classificação toxicológica e ambiental, em-balagem e rotulagem de substâncias perigosas; Boas Práticas de La-boratório; segurança dos trabalhadores contra riscos ligados à exposiçãoa agentes químicos, físicos e biológicos durante o trabalho; protecçãodos trabalhadores contra riscos ligados à exposição a agentes cancerí-genos durante o trabalho; exportação e importação de determinadosprodutos químicos perigosos; gestão de embalagens e resíduos de em-balagens; transporte de mercadorias perigosas, etc.).

A legislação existente está fundamentalmente orientada para acolocação no mercado e para a redução do risco inerente ao manuse-amento e à utilização dos Produtos fitofarmacêuticos.

Em curso, como foi dito, está a clarificação e o condicionalismo dasactividades relacionadas com os circuitos comerciais de distribuição evenda e com a aplicação dos Produtos fitofarmacêuticos.

Partilhamos também a convicção de que as medidas jurídicas, a escolhados meios de luta mais adequados e a certeza de que os produtos da novasgerações são, do ponto de vista toxicológico, ecotoxicológico e ambiental muitomais favoráveis quando comparados com os produtos ditos antigos. Tambémas medidas de acompanhamento e controlo após a aplicação, são componen-tes essenciais a uma política global de uso harmonioso e sustentável dos Pro-dutos fitofarmacêuticos (49).

A figura 2.3 mostra as fases inerentes à homologação de um Produtofitofarmacêutico – substância activa e produto formulado – e a duraçãoestimada para cada fase da avaliação/decisão.

Este esquema foi, e é, assumido desde a publicação da Directiva 91/414//CEE até 2003 e mostrou-se incapaz de dar cumprimento aos calendários

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

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previstos na Directiva. Em 2003 foi criada a Autoridade Europeia de Segu-rança Alimentar que se propõe ser mais eficiente na condução das reavalia-ções e assumir a liderança do processo na fase pós-monografia. Face aoatraso existente, foi entretanto marcada uma nova data limite para a reavali-ação de todas as substâncias activas – 2008.

Figura 2.3 • Fases e prazos correntes na homologação (ano 2003)

EM Estado-membroEMR Estado-membro RelatorCFP Comissão Fitossanitária PermanenteJO Jornal Oficial da UEECCO European Community Coordination GroupGT Grupo de Trabalho

Meses 0 6 12 18 24 30 36 42 48

Submissãodossier

EMAvaliação

inicial

CFPNovo exame

dossier

Publicação JOEM - APV

EMRAvaliação

Monografia(draft)

ListaPositiva

EMRegisto

dos Pf-AV

RevisãopeloECCOGrupo

Avaliação GT com vistaao ingresso da substânciaactiva na LP

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CAPÍTULO 2 | A HOMOLOGAÇÃO DOS PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

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C A P Í T U L O 3

MÉTODOS DE PROTECÇÃOOU MEIOS DE LUTA

• Definem-se e caracterizam-se vários meiosde luta.

• Indicam-se alguns critérios a ter em con-ta para ajuizar sobre as vantagens e osinconvenientes que podem associar-se acada um.

O B J E C T I V O S

Há várias maneiras de

interferir com a actividade dos

organismos nocivos.

Apontam-se e caracterizam-se

neste Capítulo, de forma

sucinta, os principais Meios de

Protecção Fitossanitária que

se conhecem e susceptíveis

de ser utilizados.

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

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E N Q U A D R A M E N T O O conteúdo deste capítulo é variado, pode en-contrar-se disperso por várias origens e os dados são extremamente abun-dantes no que respeita a luta biológica, a luta biotécnica (ou fisiológica) elogicamente a luta química. Têm particular interesse em Protecção e em

Produção Integrada.Os meios de luta conhecidos e utilizados podem ordenar-se do seguinte modo (1; 3; 4):

LUTA LEGISLATIVA OU MEDIDASDE QUARENTENA FITOSSANITÁRIA

Trata-se de uma medida de luta indirecta que tem por fim impedir apropagação de organismos prejudiciais a partir das suas áreas de origem.Pode verificar-se relativamente a material vegetativo importado, ou produzi-do internamente. Em qualquer caso os Serviços envolvidos neste processonecessitam ter acesso a informação privilegiada, havendo em todos os paíseslistas de inimigos sob vigilância e controlo.

Quanto a material vindo de outros países e continentes, tal implica que eleseja inspeccionado e venha acompanhado por certificados fitossanitários.

Estas acções são feitas nas fronteiras terrestres, marítimas e aéreas e oresultado de uma inspecção pode originar:

• proibição de entrada;

• submissão a quarentena;

• submissão a tratamento à entrada;

• futura observação em cultura;

• isenção de restrições.

Mas não é suficiente limitar o controlo ao material vegetal – plantas, par-tes de plantas, estacas, bolbos, sementes – uma vez que os meios de trans-porte e as embalagens podem também ser meios de infecção ou infestação.

Internamente, há que implementar medidas que levem à localização elimitação de focos de ataque, com vista à sua eliminação. Em contraponto, hátambém, internamente, as chamadas zonas protegidas, que garantem inocui-dade ao eventual material vegetativo aí produzido. De salientar, que toda aUE é hoje uma região considerada «interna».

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CAPÍTULO 3 | MÉTODOS DE PROTECÇÃO OU MEIOS DE LUTA

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LUTA GENÉTICAÉ também um meio de luta indirecta.Há em Portugal instituições com larga experiência e provas dadas, na

área do melhoramento das plantas (3; 4). Alguns exemplos: Estação Nacio-nal de Fruticultura Vieira Natividade – Alcobaça; Estação de Melhoramentode Plantas – Elvas; Núcleo de Melhoramento do Milho – Braga; EstaçãoAgronómica Nacional – Oeiras; Centro de Investigação das Ferrugens doCafeeiro – Oeiras.

Os objectivos foram sempre a criação de linhas de bom potencial produti-vo e nalguns casos a resistência a determinadas pragas ou patogénios. Noplano nacional, são êxitos conhecidos a criação de linhas de cereais resisten-tes às ferrugens e variedades de meloeiro resistentes ao oídio. No plano in-ternacional cita-se a criação de linhas de cafeeiro com elevado potencialprodutivo e resistente à ferrugem (Hemileia vastatrix), doença responsávelpela destruição de plantações de cafeeiro em todo o mundo. As técnicas demelhoramento evoluíram muito nos últimos anos.

Os antigos métodos de selecção massal, de enxertia e de hibridação, de-ram lugar a técnicas de biologia celular como a micropropagação ou multipli-cação vegetativa in vitro, a haploidização, a cultura de embriões e fusão deprotoplastos. As tecnologias praticadas nas culturas in vitro e baseadas nosconhecimentos da biologia celular não permitem criar entidades que não pos-sam surgir na natureza (21).

Se exceptuarmos a cultura de protoplastos, a biologia celular faz, aonível da célula, aquilo que as técnicas ancestrais de reprodução faziam aonível da planta.

Mas hoje enfrenta-se uma nova técnica – a transgenética – que permite amanipulação dos genes contidos no ADN e a alteração do genoma de um servivo. Trata-se de um grande salto tecnológico e científico, que tem geradoalguma polémica, uma vez que se apresenta como uma tecnologia de ruptura,eticamente diferente das tecnologias atrás citadas. Por isso mesmo, mereceser compreendida, discutida e legislada.

LUTA CULTURALTrata-se da adopção de medidas naturais com vista a controlar os inimi-

gos (1; 3; 4). A luta cultural é tão velha quanto a própria agricultura, existindodesde que o homem começou a cultivar plantas para a sua subsistência. Está

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

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para a saúde das plantas tal como a alimentação e a higiene estão para asaúde do Homem. Assenta na tomada de medidas indirectas tendentes aobom desenvolvimento da cultura ou à fuga do inimigo.

São exemplos: selecção das espécies a cultivar; rotações; consociações;adaptação do solo à cultura; preparação do solo; fertilizações; sementeira eplantação (escolha das cultivares, uso de sementes certificadas, profundida-de, densidade, compassos e épocas); amanhos e granjeios; regas e colheita.A poda e a poda em verde podem também ser aqui integradas.

LUTA FÍSICAA luta física contempla as acções que envolvem meios mecânicos, tér-

micos, electromagnéticos e sonoros, que têm por fim irradicar ou afastaros inimigos (1; 3; 4).

• Os meios mecânicos contemplam mobilizações do solo, mondas ma-nuais de infestantes e de frutos, destruição de restos de culturas infec-tadas ou infestadas, eliminação de órgãos ou frutos infectados, apanhade insectos à mão, alagamentos de solo e lavagem de árvores, a colo-cação de armadilhas contra roedores, etc.

• Os meios térmicos envolvem a termoterapia (ar quente, água quentee vapor de água) para destruição de vírus e tratamento de órgãos depropagação vegetal, a solarização do solo contra fungos, nemátodos eorobancas, a exposição directa de certos organismos à chama, aténíveis térmicos de sensibilidade e o controlo de algumas doenças porrefrigeração.

• Os meios electromagnéticos envolvem radiação electromagnética– raios x, raios γ e luz UV – para o controlo de doenças.

• Ruídos sonoros incluem os ultra-sons usados para afugentar aves.

LUTA BIOLÓGICAA luta biológica, simplisticamente falando, consiste no emprego de or-

ganismos vivos para controlar organismos nocivos. Baseia-se na acção deorganismos antagonistas naturais, indígenas ou introduzidos que, actuandocomo predadores, parasitóides ou parasitas, reduzem as populações de ini-

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CAPÍTULO 3 | MÉTODOS DE PROTECÇÃO OU MEIOS DE LUTA

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migos das culturas. Esta definição contempla apenas certas classes de ar-trópodes, que são, de facto, o grupo mais relevante, mas pode também serdevida a patogénios.

Para uma boa compreensão convém definir alguns dos termos que sãoaqui usados:

Auxiliar: organismo antagonista, com actividade parasitóide, predadoraou patogénica, sobre inimigos das culturas.

• Parasitóide: organismo, normalmente da classe Insecta, que se desen-volve total ou parcialmente à custa de um indivíduo de outra espécie,acabando por provocar a sua morte e tendo vida livre na forma adulta.Exemplos:

Encarsia formosa vs mosca brancaTrichograma maidis vs pirale do milhoAphelinus mali vs afídeosCales noacki vs mosca branca dos citrinos

• Predador: organismo que necessita do consumo de mais de um indiví-duo, normalmente capturado como presa, para completar o seu desen-volvimento, tendo vida livre em todas as formas móveis.Exemplos:

Chrysoperla carnea vs afídeos, mosca branca, tripsCoccinella spp. vs afídeosAdalia bipunctata vs afídeosTyphlodromus pyri vs aranhiço vermelho

• Patogénio: Fungos, bactérias e vírus responsáveis por provocar doen-ças específicas em certas pragas– Fungos: penetram na cutícula do insecto, produzem uma toxina

que o paralisa e acaba por matar.Exemplos:

Beauveria spp. vs lepidópteros, coleópteros, dípterosEnthomophtora spp. vs afídeos

– Bactérias e vírus: são ingeridos, provocam uma infecção, segue--se a paragem de alimentação e a morte por septicémia

Exemplos:Bacillus thuringiensis vs vários lepidópteros(nóctuas, processionária, pirale, traças, etc.)Baculovírus vs bichado da macieira

Para além dos casos assinalados lembra-se a possibilidade de existênciana natureza de outras espécies que podem também ter uma actividade útilneste processo. As aves insectívoras são um exemplo.

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

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Não se ignoram os casos de luta biológica contra fungos, bactérias e er-vas infestantes. A investigação e os incentivos à criação de agentes que pos-sam substituir os convencionais Produtos fitofarmacêuticos, continuam. Houveaté mesmo a criação de alguns produtos de que são exemplo inúmeros bio-herbidas ou «mico-herbicidas» (Collego, Devine, Biomal, etc.) mas, no planoprático, as expectativas ficaram aquém do desejável, pelo que a investigaçãorelativa à criação de promissores «biopesticidas» continua (58).

Assim, sem dúvida a grande actividade deste meio de luta, a que temmaior visibilidade e significado prático, é a desenvolvida por artrópodes con-tra artrópodes.

O controlo de pragas é aquele que domina a Luta biológica e, com fre-quência, essa luta dá-se entre espécies dum mesmo género – espécies en-tomófagas (auxiliares) contra espécies fitófagas (nocivas).

Conhecendo-se agora a importância que os auxiliares têm no controlo decertas pragas, sabendo que eles, com frequência, existem naturalmente nasculturas e/ou podem aí ser introduzidos, fácil é perceber a necessidade de ossaber identificar, para melhor os defender.

A eficácia de um Produto fitofarmacêutico sobre qualquer organismo bioló-gico resulta da toxicidade do Produto fitofarmacêutico sobre esse organismo,quando a ele exposto. Neste caso trata-se de organismos biológicos nocivos.

Temos assim que nas culturas podem existir e existem de facto, em simul-tâneo, organismos nocivos que é necessário combater e organismos úteis queé necessário proteger.

Se a decisão do controlo do inimigo passa pela aplicação de um dadoProduto fitofarmacêutico, então esse produto deve ser tóxico para o organis-mo nocivo e tolerado pelo auxiliar. Tolerado significa, neste caso, ser nãotóxico ou ser pouco tóxico.

Tarefa aliciante cujo sucesso passa sempre pela escolha da solução (Pro-duto fitofarmacêutico) e nalguns casos pelo momento correcto da aplicação.

LUTA BIOTÉCNICAÉ uma medida de luta directa que compreende todos os modos susceptí-

veis de alterar negativamente e de forma profunda certas funções vitais, querligadas ao organismo nocivo, quer ao seu habitat e assim provocar a sua morte.

Abrange os Reguladores de Crescimento dos Insectos (RCI), ossemioquímicos e a luta autocida (3; 4; 25; 40).

a) Reguladores de Crescimento dos Insectos (RCI)

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CAPÍTULO 3 | MÉTODOS DE PROTECÇÃO OU MEIOS DE LUTA

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Os insectos crescem e desenvolvem-se ao longo da sua vida, passandopor mudas e metamorfoses, em momentos de rigorosa precisão, por influên-cia de hormonas.

São as hormonas quem age sobre o sistema de regulação endócrina demudas e metamorfoses. Ora, diferentes tipos de insecticidas RCI interferemcom o sistema hormonal, perturbando-o. Assim, são conhecidos três gruposdistintos de produtos RCI (que são afinal Produtos fitofarmacêuticos commodo de acção e características especiais):

• RCI que interferem na cutícula: incluem-se aqui os insecticidasdo grupo químico das benzoilureias cujo modo de acção consiste nainterferência que exercem junto da hormona que regula a síntese daquitina – o bursicon – e por consequência perturbam a estrutura e acolocação da cutícula, impossibilitando as mudas, ou seja, a renova-ção da cutícula do insecto e a consequente formação do novo exoes-queleto, o que conduz à morte. A cutícula é uma estrutura complexacomposta por uma associação de proteínas e quitina. Por isso estesprodutos também se designam de insecticidas antiquitina.Exemplos de substâncias activas com este modo de acção: diflubenzu-rão, flufenoxurão hexaflumurão, lufenurão, teflubenzurão, triflumurão,etc.), muito utilizados contra os lepidópteros bichado da fruta, e minei-ras das folhas e traças dos cachos.Neste subgrupo pode incluir-se a substância activa ciromazina comacção sobre larvas (mudas) e pupas da ordem Díptera.A clofentezina e a buprofezina parecem ter modo de acção semelhan-te às benzoilureias.

• RCI miméticos das hormonas juvenis: incluem-se nesta famíliaprodutos cujo modo de acção interfere com a hormona responsávelpelo desenvolvimento dos insectos (metamorfoses) – a hormona ju-venil ou neotenina. Esta inibição traduz-se na impossibilidade de oinsecto, nas fases larva ou ninfa, passar à fase seguinte. Ora, o impe-dimento de um insecto, numa determinada fase do seu desenvolvimen-to, passar à fase seguinte, provoca-lhe a morte.Exemplos de substâncias activas com tal modo de acção: fenoxicarbe,usado nas mesmas finalidades que os anteriormente referidos, o piri-proxifeno e diofenolão.

• RCI miméticos das hormonas de muda ou MAC (Moulting Ac-celerating Compounds): como a designação deixa perceber estes pro-dutos interferem com a hormona de muda – a ecdisona – responsávelpelo crescimento do insecto. Isto leva à antecipação (aceleração) dos

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

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primeiros processos de muda, num momento em que o insecto aindanão está fisiologicamente preparado, o que lhe provoca a morte.Exemplo de substâncias activas: tebufenozida, metoxifenozida, a halo-fenozida e a azadiractina (esta substância activa também é fago-inibi-dora), todas usadas contra lepidópteros.

b) SemioquímicosOs semioquímicos são substâncias ou mistura de substâncias que, emiti-

das por uma espécie, interferem no comportamento de organismos recepto-res da mesma espécie ou de outra

Compreendem as feromonas e os aleloquímicos.

Feromonas – são produzidas em glândulas existentes em vários pontosdo corpo dos insectos, são específicas para várias espécies e podem exer-cer efeitos de vária ordem sobre indivíduos da mesma espécie – efeitode agregação, de dispersão, de pista, de alarme, de marcação e sexuais.As de efeito sexual estão muito vulgarizadas entre nós, por exemplo nobichado da fruta, na traça dos cachos, na traça da oliveira, etc., onde acaptura e contagem de cada uma destas espécies, relacionada com a suabioecologia, permite conhecer a sua evolução e decidir o melhor momen-to dum tratamento.Também as feromonas de efeito atractivo estão a demonstrar interes-se ao permitirem não fazer aplicações na totalidade da área de umacultura, mas apenas em pequenas manchas, para as quais os insectossão atraídos e onde foram aplicados insecticidas eficazes em misturacom a substância atractiva (spot application). Ao contrário, o efeitode dispersão leva a que os machos não encontrem as fêmeas.

Aleloquímicos – promovem a comunicação entre indivíduos de espé-cies diferentes.Compreende as alomonas, as cairomonas e as sinomonas, todascom elevado interesse científico, mas com limitado interesse prático,por agora.Os fago-inibidores ou inibidores da alimentação incluem-se nas alo-monas.Exemplos: a substância activa pimetrozina é um exemplo a citar per-mitindo o controlo de afídeos e moscas brancas em várias culturas e aazaridactina (esta substância activa é também um RCI).

c) Luta autocidaComo o nome indica este método utiliza artrópodes contra artrópodes.O uso prático mais conhecido é na mosca da fruta (Ceratitis capitata), e

consiste na largada de machos esterilizados, mas sexualmente competitivos,

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CAPÍTULO 3 | MÉTODOS DE PROTECÇÃO OU MEIOS DE LUTA

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em determinados momentos e em determinados locais. Estes machos acasa-lam com as fêmeas, donde resultam ovos não férteis.

Já foi usado no Algarve onde esta praga chega a ter seis gerações anuais.É praticada regularmente na Ilha da Madeira, onde existem mais de 40 espé-cies de frutos hospedeiros e onde existe uma biofábrica destinada à produçãode machos estéreis.

LUTA QUÍMICAEste método de luta consiste no uso de substâncias naturais ou de sín-

tese na protecção das plantas, no sentido de as proteger da influência defactores bióticos. A base de suporte é fornecida pelos Produtos fitofarma-cêuticos. Quando se fala de substâncias naturais, estão, normalmente, areferir-se produtos de origem vegetal como o Pyretrum (Piretrina) proveni-ente de uma planta Crysanthemum spp. (pampilho) ou a nicotina provenien-te do Nicotiana tabacum (tabaco). Podem também ser considerados osantibióticos, produzidos por fungos e usados contra bactérias. Todavia, o grandegrupo que aqui se inclui é o dos Produtos fitofarmacêuticos de síntese,obtidos portanto por via química.

CRITÉRIOS DE ESCOLHAOs métodos de luta atrás definidos permitem, em teoria, equacionar dois

tipos distintos de intervenção:

• A prevenção – corresponde a medidas indirectas, que se baseiam:– no uso optimizado dos recursos naturais;– nas práticas agrícolas sem impacte negativo nos ecossistemas;– na protecção e aumento de organismos auxiliares.

• O controlo – corresponde a medidas directas, que assentam:– no uso de medidas que agem exclusivamente sobre os organismos

nocivos a combater;– na aplicação de medidas menos selectivas.

A decisão e o momento exacto para a intervenção, onde se inclui o usodos Produtos fitofarmacêuticos, provêm de dados obtidos em monitorizaçãoe em sistemas e modelos de previsão com capacidade para caracterizar e

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

50

prever epidemiologias e a ocorrências de riscos ou para definir níveis econó-micos de ataque (NEA), nos casos em que a estratégia implica recurso àProtecção Integrada.

Face ao conjunto de soluções apresentadas, qual ou quais deverão seradoptadas?

A resposta a esta pergunta não é fácil.Os inimigos das culturas existem e há necessidade em os combater. Im-

põe-se que esta tarefa seja cumprida em moldes tais que daí não resultemriscos para as pessoas, os animais ou o ambiente.

Assim, cada caso deve ser analisado de per si, isto é, para cada situaçãodeverá ser encontrada uma solução. Esta análise prévia de cada problemanecessita ter em conta elementos tão distintos como:

• A cultura – variedades, origem, localização, estado fenológico, área,tratamentos feitos (com quê, quando, como, etc.).

• O(s) problema(s) – identificação do(s) agente(s) nocivo(s), sua bio-ecologia e virulência.

• Os auxiliares presentes.

• As condições climáticas (no momento e esperadas no imediato)– chuva, humidade, temperaturas, vento, etc.

• O sistema de aplicação – volume de calda, aparelhagem de pulveri-zação, bicos, bombas, filtros, etc.

Assim, é da análise de todas estas questões e tendo em conta as exigênciastoxicológicas e ambientais que terá de surgir a opção pela solução para o pro-blema, o que significa por regra a escolha de um Produto fitofarmacêutico.

Mas, também se diz que o Produto fitofarmacêutico escolhido pode edeve ser aplicado em combinação com outros meios e ter em conta a exposi-ção e a diminuição de risco para com o homem, os animais e o ambiente.

Essa forma de uso está reflectida na Protecção Integrada e esta é fun-damental em Agricultura Sustentável. E, assim, o Produto fitofarmacêuti-co seleccionado terá de ter um perfil que reflicta:

• baixa toxicidade para o homem e animais;

• parâmetros ecotoxicológicos aceitáveis para auxiliares, organismos vi-vos e ambiente;

• selectividade para a cultura, as culturas seguintes e as culturas vizinhas;

• ser eficaz.

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CAPÍTULO 3 | MÉTODOS DE PROTECÇÃO OU MEIOS DE LUTA

51

C A P Í T U L O 4

BOA PRÁTICAFITOSSANITÁRIA

• Cumprir a Boa Prática Fitossanitária sig-nifica utilizar os Produtos fitofarmacêuti-cos com segurança.

• A Protecção Integrada é uma metodologiamuito usada contra os inimigos das cultu-ras e é também uma metodologia segura.

• Estabelecem-se as principais semelhançase diferenças entre estes dois conceitos.

O B J E C T I V O S

Com a Boa Prática

Fitossanitária (BPF),

a escolha de uma solução e a

sua utilização para resolver um

dado problema fitossanitário

são actos responsáveis que

exigem estudo e ponderação

assim como o cumprimento

de algumas regras por forma

a resolver esse problema

de forma eficaz e com

segurança para o operador,

o consumidor e o ambiente.

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

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E N Q U A D R A M E N T O O Decreto-Lei 94/98, de 15 de Abril, prevê, noseu artigo 3.º, item 3, que «os Produtos fitofarmacêuticos devem ser objec-to de uma utilização adequada, que inclui a observância das condições deautorização fixadas no artigo 4.º (homologação, concessão, revisão e reti-

rada de autorização de Produtos fitofarmacêuticos) e especificadas nos respectivosrótulos, a aplicação dos princípios da Boa Prática Fitossanitária e, sempre que possí-vel, dos princípios da Protecção Integrada» (13).

Esta afirmação deixa claramente perceber que os princípios que norteiam a ProtecçãoIntegrada (PI) não são os mesmos que enformam a Boa Prática Fitossanitária (BPF).

O que é afinal a BPF?

DEFINIÇÃOO respeito pelo cumprimento da BPF traduz-se em:

• Segurança na utilização dos Produtos fitofarmacêuticos;

• LMR viáveis e possibilidade de comercialização da produção agrícolatratada;

• Protecção fitossanitária das culturas.

O conceito de BPF foi desenvolvido pela Organização Europeia e Medi-terrânica para a Protecção das Plantas (OEPP) na segunda metade da déca-da de 1980, e veio somar-se a um outro conceito já existente – o da BoaPrática Agrícola (BPA) para o uso de Produtos fitofarmacêuticos (45).

O conceito de BPA para os Produtos fitofarmacêuticos era e é adoptadopelo Comité do Codex Alimentarius e seguido nos ensaios de resíduos.

Houve de início, na fase da criação da BPF, uma tentativa de enquadraresta na BPA, mas tal revelou-se impossível uma vez que a BPA:

• se baseava sobre os limites da prática aceitável, tal como definido nascondições de homologação;

• abrangia apenas os Produtos fitofarmacêuticos individualmente e nãoem associação ou num programa de luta;

• não adiantava qualquer critério de escolha para dizer se uma dadaprática é satisfatória fora das condições nacionais da homologação;

• referia-se fundamentalmente a problemas de resíduos.

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CAPÍTULO 4 | BOA PRÁTICA FITOSSANITÁRIA

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Com a BPF pretendia-se:

• recomendar práticas optimizadas;

• considerar cada uso de Produtos fitofarmacêuticos no quadro de umprograma geral de protecção das culturas;

• estabelecer recomendações que pudessem servir de norma para aavaliação de uma dada prática;

• ter como objectivos finais a eficácia e a protecção do ambiente, incorpo-rando a BPA e por conseguinte a segurança dos consumidores (resíduos).

O conceito de BPF não é um conceito vago, mas sim orientado a umadada cultura. Exemplos: BPF da vinha, BPF das pomóideas, etc.

O Grupo de Trabalho da OEPP encarregado da criação da BPF deu porterminada a tarefa em 1987 após ter concluído ser possível, para uma dadacultura, preparar uma série de recomendações que têm em conta os Produ-tos fitofarmacêuticos homologados disponíveis, os principais organismos no-civos e as condições vegetativas da cultura.

Estas recomendações comportarão normas sobre os critérios de escolhadas substâncias activas e dos produtos formulados, das doses (e da neces-sidade de definir volumes de calda), do número de aplicações, do calendáriode tratamento, do material e dos métodos de aplicação.

No momento da escolha, a decisão será determinada, fundamentalmente,pela necessidade de uma luta eficaz contra o conjunto das pragas, doenças eervas infestantes, usando a mais reduzida quantidade de produto que for pos-sível. E isto, por sua vez, será influenciado e limitado por parâmetros como osfactores culturais (cultivar, modo de condução, idade, espaçamento, etc.), apossibilidade de outro meio de luta que não o químico (cultural, biológico,biotécnico, etc.), as condições de uso homologadas, a rentabilidade dos trata-mentos, o espectro de organismos nocivos a combater, a compatibilidade en-tre os produtos, os efeitos secundários dos Produtos fitofarmacêuticos, etc.

As recomendações relativas à BPF podem globalmente ser reduzidas aum programa geral de tratamentos químicos, determinado em parte pelo ca-lendário, pelo estado fenológico da cultura e em parte pelo Sistema de Avisos,e compreendendo, se possível, outros meios de luta tendo em conta igualmen-te a experiência local e as observações in loco.

Os princípios gerais em que assenta a BPF são, em resumo, os seguintes (45):

• identificação dos organismos nocivos a combater e respectivos limia-res de intervenção;

• análise e selecção dos meios de luta que podem ser utilizados (lutacultural, luta biológico, luta química, etc.);

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

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• no caso da luta química, escolha em concreto da substância activa erespectiva formulação, o que conduz a um dado Produto fitofarmacêu-tico com as inerentes condições de uso preconizadas na homologaçãoe que constam do respectivo rótulo;

• medidas de segurança para o operador, trabalhadores, utilizadores (so-ciedade) e ambiente (solo, água, ar);

• medidas de segurança para prevenir ou limitar possíveis efeitos sobreespécies ou organismos não visadas (artrópodes úteis, aves, micro emacroorganismos do solo, peixes e organismos aquáticos).

Embora os princípios da BPF se aproximem dos da PI, os dois conceitosnão são idênticos.

As principais diferenças entre BPF e PI são as seguintes (3):

• A BPF não é tão exigente, é mais tolerante, quanto à redução do uso deProdutos fitofarmacêuticos e não coloca estes como última prioridade;

• A BPF privilegia a resistência dos inimigos e dá menos relevo à ecoto-xicidade face a organismos aquáticos e aves;

• A PI é regida por normas de maior transparência e rigor do que é a BPF.

Entre nós a PI tem como suporte uma ampla estrutura técnica e cobretodas as culturas importantes.

Mas os conceitos de Boa Prática não se esgotam na BPA e BPF. Já foidito que, antes de ser homologados, os Produtos fitofarmacêuticos são objec-to de estudos de vária natureza – biológicos, físico-químicos, toxicológicos,ecotoxicológicos e ambientais.

A experimentação biológica faz-se hoje através de Organismos Oficial-mente Reconhecidos que cumprem os princípios da Boa Prática Experi-mental – BPE e as análises laboratoriais são feitas de acordo com as BoasPráticas de Laboratório – BPL.

Os conceitos de Boa Prática são sinónimo de exigência e rigor emparâmetros como:

• organização e planeamento;

• execução e condução das tarefas;

• colheita e registo de dados;

• interpretação de resultados.

Em comum todos eles visam:

• garantir a execução de tarefas com elevada qualidade, de acordo complanos validados por organizações científicas reconhecidas;

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CAPÍTULO 4 | BOA PRÁTICA FITOSSANITÁRIA

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• possibilitar que os resultados assim obtidos tenham credibilidade esejam aceites e utilizados por diversas entidades nacionais ou trans-nacionais.

A ESCOLHA DOS PRODUTOSFITOFARMACÊUTICOS COMO SOLUÇÃO

No Capítulo 2 foi afirmado que a homologação de um Produto fitofarma-cêutico tem como resultado a obtenção de uma Autorização de Venda para oconjunto

• Produto Fitofarmacêutico;

• Finalidade (cultura e inimigo);

• Condições de uso;

• Precauções toxicológicas, ecotoxicológicas e ambientais.

Ora, é esta a base que deverá presidir à escolha de um dado Produtofitofarmacêutico como solução para um dado problema, numa certa cul-tura, num dado estado fenológico e/ou numa certa fase do seu desenvol-vimento.

Cada cultura tem os seus inimigos, sendo alguns específicos. Para um parcultura – inimigo(s) pode haver não uma, mas várias soluções. A sua esco-lha deve ser ponderada. Para a sua selecção deverão ter-se em conta osseguintes parâmetros:

• que esteja homologado para o fim pretendido;

• que seja eficaz contra o inimigo a combater;

• que não provoque resistências;

• sem problemas para a cultura;

• sem problemas para as culturas seguintes ou vizinhas;

• boa performance toxicológica, ecotoxicológica e ambiental (sem ris-cos ou com riscos previsíveis toleráveis para o homem, as espéciesnão visadas e o ambiente);

• ser fácil de aplicar;

• ter custo não exagerado.

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

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O RÓTULO DO PRODUTOFITOFARMACÊUTICO

SUA IMPORTÂNCIA

O rótulo de cada Produto fitofarmacêutico é, sem dúvida, o documentomais importante para a sua caracterização.

Trata-se de um documento oficialmente aprovado pela Autoridade deRegisto – a DGPC – e sobre o qual inúmeros técnicos especializados emdiversos áreas se debruçaram.

É o «cartão de identidade» do Produto fitofarmacêutico. Sintetiza ereflecte a generalidade dos estudos feitos, que se distribuem por áreascomo:

Biologia eficácia;fitotoxicidade;possíveis efeitos nas culturas seguintes;eventuais problemas de resistência.

Físico-química identidade da substância activa, produto formuladoe impurezas;propriedades físico-químicas;métodos de análise;adequabilidade das embalagens.

Toxicologia propriedades toxicológicas;e metabolismo efeitos na saúde humana.

Comportamento dinâmica de comportamento no solo, água, ar;no ambiente (degradação; persistência; dissipação; acumulação;

mobilidade/lixiviação; volatilização);precauções ambientais.

Ecotoxicologia estimativa das CAP – avaliação de riscopara espécies não visadas.

Risco para Intervalos de Segurança;o consumidor Limites Máximos de Resíduos.

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CAPÍTULO 4 | BOA PRÁTICA FITOSSANITÁRIA

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PRINCIPAIS COMPONENTES

No Rótulo de um produto há a considerar quatro «campos» com quatrotipos de informação distinta:

a) Identificação do produto e da empresa– nome comercial;– designação da substância activa;– tipo de formulação;– composição quantitativa e qualitativa;– conteúdo líquido;– n.º de Autorização de Venda (AV);– n.º de lote;– nome, endereço e contacto do titular da AV;– Frase: «Manter fora do alcance das crianças»;– Frases derivadas da Directiva das Preparações Perigosas: «Este pro-

duto destina-se a ser utilizado por agricultores e outros aplicadores deProdutos fitofarmacêuticos»; «Para evitar riscos para os seres hu-manos e para o ambiente, respeitar as instruções de utilização».

b) Finalidades e usos– que tipo de produto: fungicida, insecticida, herbicida, etc.;– que patogénios, pragas e infestantes controla, sua identidade.

c) Condições de utilização– modo de preparar a calda;– doses ou concentrações preconizadas;– número de aplicações;– intervalo entre aplicações;– estados fenológicos aconselhados;– volume de calda.

d) Precauções toxicológicas, ecotoxicológicas e ambientais– símbolos toxicológicos (homem e ambiente);– frases de risco;– frases de segurança;– Intervalo de Segurança (IS);– tratamento de emergência em caso de acidente.

Não haverá tratamentos bem executados caso o operador não tenha lidoe interpretado devidamente o conteúdo do rótulo. Por isso, antes de usarum Produto fitofarmacêutico, aconselha-se ler o rótulo e cumprir in-tegralmente o que nele se diz.

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

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A APLICAÇÃO DOS PRODUTOSFITOFARMACÊUTICOS

Na sua grande maioria estes produtos destinam-se a combater os inimigosdas culturas. Para tal necessitam ser aplicados sobre os alvos fitossanitáriosa que se destinam – folhas, ramos, troncos, frutos, solo. A aplicação dosProdutos fitofarmacêuticos tem por objectivo a sua distribuição uniforme e apreços económicos sobre as superfícies de tais alvos.

As quantidades de Produto fitofarmacêutico a aplicar por unidade de área– dose – ou de volume – concentração – são normalmente muito baixas.Daí que, para que a sua distribuição resulte uniforme, se torna necessário, porvezes, a mistura ou combinação dessas quantidades diminutas com certassubstâncias inertes, de que a água é a mais vulgarizada. Existem contudocertas formulações que podem ser aplicadas em estreme. Em qualquer doscasos, a uniformidade da distribuição é um factor relevante.

MÉTODOS DE APLICAÇÃO

Na aplicação dos Produtos fitofarmacêuticos as máquinas desempenhamum papel fundamental. Por melhor que seja um Produto fitofarmacêutico, asua aplicação, se irregularmente feita ou mal conduzida, leva certamente aresultados piores que os esperados.

Os principais métodos de aplicação, por vezes dependentes do tipo deformulação, podem classificar-se do seguinte modo (42):

Polvilhação – feita por polvilhadoresou espalhamentoPulverização – feita por pulverizadores:

· de jacto projectado;· de jacto transportado;· pneumáticos;· centrífugos.

Nebulização – feita por nebulizadores:· térmicos;· a frio.

Distribuição – feita por distribuidores de grânulos.de grânulos

Dos quatro métodos referidos, a pulverização é o de maior importânciaprática. A grande excepção, em termos agrícolas, está ligada ao enxofre

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CAPÍTULO 4 | BOA PRÁTICA FITOSSANITÁRIA

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em pó polvilhável. Cerca de 70-80% dos Produtos fitofarmacêuticos sãoaplicados em calda, por pulverização e por isso esta merece ser melhorcaracterizada.

Na pulverização o Produto fitofarmacêutico atinge o alvo fitossanitáriosob a forma de calda e esta é distribuída através de meios:

• mecânicos;

• pneumáticos, atomização ou pulsão;

• mecânicos e pneumáticos combinados, turbo-atomização ou aero-con-vecção.

No primeiro caso a dimensão das gotas ou gotículas de calda pode variarde 100 µm a 800 µm, na atomização de 60 µm a 200 µm e na turbo-atomiza-ção ser ainda ligeiramente inferior.

Na aplicação dos Produto fitofarmacêutico por pulverização é importanteter presente:

• uma boa identificação dos alvos a tratar;

• uma boa escolha do equipamento (alto, médio, baixo volume, etc.);

• o tipo de bicos a usar;

• o bom estado de manutenção do material;

• a prévia calibração do aparelho.

VOLUMES DE CALDA E DÉBITOS

Os volumes de calda usados são função de vários parâmetros:

• o tipo de aparelho que se usa (mecânico, pneumático, etc.);

• o processo seguido (via terrestre, via aérea);

• o binómio inimigo-hospedeiro;

• as características do Produto fitofarmacêutico e da sua formulação(limitações para algumas formulações em UBV);

• a maior ou menor disponibilidade do factor água.

Dentro de limites com alguma latitude, o volume de água usado por hecta-re não interfere nos resultados biológicos. Não há uma classificação estan-dardizada que classifique a pulverização em função dos volumes de calda,mas existem propostas – quadro 4.1 (45).

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

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As aplicações que vão do alto volume ao baixo volume são ainda as maisvulgarizadas e têm as características que se descrevem (42):

Alto Volume – a calda é distribuída sob efeito de pressão hidráulica dadapor um êmbolo, característico dos pulverizadores de jacto projectado.

Médio e Baixo Volume – a calda é distribuída por uma forte correntede ar fornecida por uma ventoinha, como nas turbinas (pulverizadoresde jacto transportado) e dos atomizadores (pulverizadores pneumáti-cos). Porém, por razões de ordem económica, nas grandes culturasextensivas, há uma forte tendência para usar o UBV, em especial cominsecticidas. Nestes casos, em contraponto com as razões económicas,existe o maior drift e os riscos toxicológicos e ambientais inerentes aomanuseamento e uso de formulações altamente concentradas.

No limite, a aplicação UBV é feita através de rotores, montados emaviões.

Quando se trabalha com barras de pulverização ou turbinas com váriospontos de saída de calda, o cálculo do débito faz-se para um bico e este valormultiplica-se pelo número de saídas presentes. O débito de um bico define-se como o fluxo de calda que este projecta por unidade de tempo e exprime-se em litros por minuto (l/min.). O débito é função da abertura dos bicos eda pressão de trabalho e está expresso em tabelas.

Para que o êxito da pulverização possa ser maximizado, há outros parâ-metros a ter em conta e que se analisam de seguida.

TAMANHO DAS GOTAS

O espectro de gotas projectadas por um bico não é uniforme, havendoumas maiores e outras menores. A dimensão das gotas é função do tipo debico e da pressão de trabalho e reflecte-se no volume de calda/ha, conformeo quadro 4.2.

CULTURASALTO

VOLUMEMÉDIO

VOLUMEBAIXO

VOLUME

MUITOBAIXO

VOLUME

ULTRABAIXO

VOLUME

Arbóreas eArbustivas

1000> 500-1000 200-500 5-200 � 5

Baixas > 700 200-700 50-200 5-50 � 5

Quadro 4.1 • Classificação dos volumes de calda por tipo de cultura (litros)

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CAPÍTULO 4 | BOA PRÁTICA FITOSSANITÁRIA

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Quadro 4.2 • Relação entre Volume e VMD

Quadro 4.3 • Relação entre o tamanho e a densidade das gotas

Para qualquer tipo de bico, há uma relação constante entre o VMDe as gotas maiores ou gotas menores e essa relação é sensivelmen-te 2,2.

As figuras 4.1 e 4.2 mostram diferentes tipos de cobertura origina-da por diferentes tamanhos de gota, alguns marcados em papel sensí-vel (35).

O tamanho das gotas tem reflexos em várias características da pulveriza-ção, conforme se expressa no quadro 4.3 (35) e no quadro 4.4.

Quadro 4.4 • Relação entre tamanho de gotas e a qualidade da pulverização

USO N.º MÍNIMODE GOTAS /cm2

150-250 Fungicidas 50-70

200-300 Insecticidas 20-30

200-600 Herbicidas 20-40

�m

VOLUME VMD ( m)�

Alto Volume > 300

Médio Volume 201- 300

Baixo Volume 101-200

Muito Baixo Volume 70-100

Ultra Baixo Volume < 70

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

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TIPOS DE BICOS

Existem diversos tipos de bicos e em cada tipo há a considerar a abertura,que a uma dada pressão origina um certo débito. Os tipos de bico mais co-muns e aconselhados, são os indicados no quadro 4.5.

Figura 4.1 • Influência do tamanho da gota na cobertura de pulverização

Figura 4.2 • Comparação de quatro diferentes tipos de pulverização

Quadro 4.5 • Relação entre tipo de bico, seu uso e faixa pulverizada

O Produto fitofarmacêutico a usar e o alvo a tratar dão indi-cações sobre o tipo de bico e o volume de calda a usar – alto,médio ou baixo volume. A escolha da abertura dos bicos, da pressãode trabalho e do andamento (velocidade) concretizam esse volumede calda.

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CAPÍTULO 4 | BOA PRÁTICA FITOSSANITÁRIA

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ALGUNS CONSELHOS BÁSICOS

Antes de se aplicar um Produto fitofarmacêutico (ou uma mistura) há queter em atenção alguns cuidados, o primeiro dos quais é, como já foi dito, leratentamente o rótulo da embalagem e seguir escrupulosamente as instruçõesnele contidas, a fim de apreender:

• como fazer a calda;

• quanto produto usar (dose e/ou concentração);

• quando e como tratar;

• que material de pulverização utilizar;

• que precauções tomar;

• que equipamento de protecção individual (EPI) usar;

• que medidas tomar em caso de acidente.

Relativamente à aparelhagem de pulverização convém saber se está embom estado de funcionamento. Os pulverizadores, motorizados ou não, sãomáquinas que devem ser cuidadas por forma a garantirem uma boa opera-cionalidade permanente. Para isso há que cumprir algumas regras simples demanutenção, onde a limpeza no final das tarefas, a substituição de bicos epeças gastas, a revisão dos motores e da bomba, figuram como prioritárias.O quadro 4.6 mostra um exemplo prático de inspecção (36).

Quadro 4.6 • Inspecção a um pulverizador

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

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CALIBRAÇÃO DO APARELHO

Cenário prático:Temos uma cultura com uma dada extensão e com um ou mais inimigos.Temos um ou mais produtos seleccionados para os combater.Escolhe-se o método de tratamento (pulverização) e o aparelho a usar

(implícita a escolha aproximada do volume de calda/ha, do tipo de bico e dasua abertura).

Estamos a trabalhar com herbicidas e pretendemos aplicar um produto nadose de 4 kg por hectare em pulverização a médio volume.

Tomadas estas decisões, segue-se a calibração, também designada porensaio em branco, operação que deve sempre preceder a aplicação real.Para simplificar trabalhamos com um pulverizador de dorso:

1. Enche-se o depósito do pulverizador com água;

2. Pulveriza-se uniformemente e com um dado andamento (velocidade),uma área de cultura ou solo previamente marcada (por exemplo100 m2 = 20 m x 5 m);

3. Mede-se a água consumida voltando a encher o depósito (exemplo 5 litros)

4. Um simples cálculo conduz à calibração, isto é, ao volume/ha:10000 x 5 : 100 = 500 litros/ha;

5. Repete-se a operação, mantendo o andamento constante, para confir-mação;

6. Os 4 kg de produto (dose) têm de ser aplicados num volume de caldade 500 litros, num hectare.

Este exemplo pode extrapolar-se para os casos de equipamento mais com-plexo, com um ou mais pontos de saída de calda.

No caso de várias saídas (por exemplo: barra de bicos) o débito global éigual à soma do débito de cada bico, devendo ser assegurado que todos fun-cionam de idêntico modo.

Quando se trabalha com herbicidas estes são recomendados em doses,o que significa a quantidade de Produto fitofarmacêutico a usar porunidade de área (kg/ha ou l/ha).

Mas quando se trabalha com fungicidas e insecticidas a recomendaçãode uso pode fazer-se em dose ou em concentração.

Qualquer que seja o Produto fitofarmacêutico, sempre que se recomendeusar em dose, o procedimento da calibração do aparelho de pulverização ésemelhante ao atrás descrito. Quando se trata de concentração o procedi-mento é diferente.

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CAPÍTULO 4 | BOA PRÁTICA FITOSSANITÁRIA

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A concentração de um Produto fitofarmacêutico define-se como a quantidadede produto a usar em 100 litros de água e exprime-se em percentagem (%).

Regra geral, as concentrações indicadas nos rótulos são para usar emalto volume, o que significa valores da ordem dos 1000 l/ha.

Três exemplos reais do que consta dos rótulos:

a) ... usar este Produto fitofarmacêutico na concentração x, em altovolume;

b) ... este Produto fitofarmacêutico deve ser usado na concentração x,em alto volume, por forma a distribuir por hectare y kg;

c) ... este Produto fitofarmacêutico deve ser usado na concentração x,em alto volume. Se a aplicação for feita com aparelhos de médioou baixo volume (turbinas ou atomizadores ) a concentração dacalda deve ser aumentada por forma a que a dose de produto porhectare seja a mesma que no alto volume.

Como regra, torna-se necessário duplicar ou triplicar a concentraçãoquando, em vez de alto volume, se opta por médio ou baixo volume.

Entenda-se que o volume da calda pode variar (depende, do tipo depulverizador, da abertura dos bicos, da velocidade de marcha, da pressão,etc.), o que não pode variar é a dose.

Uma vez conhecido o volume de calda/hectare e conhecida a dose,existem tabelas de conversão, que indicam a concentração.

Os manuais das empresas de Produtos fitofarmacêuticos ou os ServiçosOficiais podem fornecer tais tabelas.

Recomenda-se também que qualquer aplicador, mesmo convencido das suasefectivas capacidades práticas, realize pelo menos um ensaio em branco, porcampanha, sob orientação de um técnico experiente. Terá assim oportunidadepara expor e testar a sua real autonomia. A teorização desta matéria torna-acomplexa mas, em termos práticos, ela é extremamente fácil de apreender.

MISTURA DE PRODUTOSFITOFARMACÊUTICOS

A grande utilização dos Produtos fitofarmacêuticos é feita na protecçãodas culturas e dos géneros agrícolas. Cada cultura tem os seus inimigos, quepodem ser específicos ou não, os mais comuns dos quais são as doenças, aspragas e as infestantes.

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

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Tomemos dois exemplos:Vinha

Principais doenças – escoriose, míldio, oídio, complexo dedoenças do lenho, podridão das raízes.

Principais pragas – traças, cicadela, ácaros, cochonilhas, áltica.Principais infestantes – ervas anuais, bianuais, vivazes.

BatateiraPrincipais doenças – míldio, alternariose.Principais pragas – insectos do solo, escaravelho, afídeos.Principais infestantes – ervas anuais, bianuais, vivazes.

Ora, cada espécie nociva (inimigo), tem as suas exigências bioecológicas,mas tais exigências têm um significado muito amplo e por isso é frequenteencontrar na mesma cultura, em simultâneo, não um, mas vários problemas,que se torna necessário combater.

A combinação míldio – oídio – traça, ou estes três problemas combinadosdois a dois, surgem com frequência nas vinhas do país. Na batateira é tam-bém frequente a combinação míldio – escaravelho.

Estes exemplos podem multiplicar-se e justificam a razão das misturas dediferentes Produtos fitofarmacêuticos numa mesma calda. Misturar produ-tos, isto é, aplicá-los em simultâneo, traduz-se em redução de custos, emdiminuição do calcamento do solo resultante da redução do número de passa-gens das máquinas e em maior eficiência e produtividade.

Os herbicidas aplicam-se sempre isoladamente, relativamente a outrostipos de Produtos fitofarmacêuticos.

A mistura de Produtos fitofarmacêuticos é, pois, uma associação de dois,três ou mais produtos numa mesma calda. Como se viu no Capítulo 1 osProdutos fitofarmacêuticos são compostos por vários elementos que no mo-mento da mistura podem interagir.

CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS

DOS PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

Nem todos os Produtos fitofarmacêuticos podem ser misturados e, porvezes, há regras que devem ser seguidas.

Produtos com a mesma origem (da mesma empresa):

• As misturas possíveis constam do rótulo das embalagens;

• As misturas dos produtos, dois a dois, constam de tabelas de compatibilidade.

Page 67: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

CAPÍTULO 4 | BOA PRÁTICA FITOSSANITÁRIA

67

Produtos com origens diferentes:Constituem uma grande parte dos casos práticos e nada garante que a

compatibilidade seja possível, salvo a experiência ou a percepção visual nomomento da mistura.

Há, todavia, em qualquer das circunstâncias, alguns princípios básicos arespeitar:

• A preparação da calda varia com o tipo de formulação e para cadaProduto fitofarmacêutico é descrita no rótulo.

• Nas misturas, tratando-se de Produtos fitofarmacêuticos sólidos e lí-quidos, deve proceder-se primeiro à preparação da calda do produtolíquido, a que de seguida se adiciona o produto sólido.

COMPATIBILIDADES

As compatibilidades das misturas apontadas nas tabelas resultam de aná-lises físico-químicas que determinam essencialmente a solubilidade e a capa-cidade de suspensão e são feitas de acordo com métodos laboratoriaisinternacionais, recomendados para esses fins e por norma só respondem porgrupos de produtos dois a dois.

Porém, numa mistura podem também ocorrer fenómenos de degrada-ção e de reacção, entre os vários elementos químicos em presença, e se-rem gerados fenómenos de sinergismo, potenciação ou antagonismo, dedifícil percepção.

Quando as misturas são aconselhadas no rótulo, elas traduzem, por regra,além das análises laboratoriais, resultados de experimentação biológica e di-zem normalmente respeito a Produtos fitofarmacêuticos com a mesma ori-gem. Pelas razões apontadas, as misturas de Produtos fitofarmacêuticos devemser sempre bem fundamentadas e justificadas. Quando houver dúvidas, elaspoderão, em parte, ser resolvidas com uma experimentação elementar, a ní-vel da exploração agrícola, por parte do agricultor.

Porém, para além das compatibilidades física, química e biológica aque se fez referência, poderá ainda equacionar-se a compatibilidade agro-nómica, definindo-se esta com uma simples interrogação, a fazer antes datomada de decisão – valerá a pena esta mistura?

É que são conhecidos casos práticos de misturas sem qualquer suportetécnico que os valide.

Page 68: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura
Page 69: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

C A P Í T U L O 5

RISCOS, PRECAUÇÕESE SEGURANÇA

NA UTILIZAÇÃODOS PRODUTOS

FITOFARMACÊUTICOS

• Indicam-se os riscos inerentes ao Produ-tos fitofarmacêuticos nos planos toxico-lógico, ecotoxicológico e ambiental.

• Assinalam-se as precauções a tomar.

• Fala-se, afinal, sobre como utilizar os Pro-dutos fitofarmacêuticos em segurança.

O B J E C T I V O S

Ao serem aplicados, os

Produtos fitofarmacêuticos são

deliberadamente introduzidos

no ambiente e podem causar

contaminações. Face aos

estudos de risco, a Boa Prática

Fitossanitária (BPF) incorpora

as medidas mitigantes e as

precauções necessárias à sua

prevenção. Assim, ler e

cumprir as instruções do rótulo

significa usar os Produtos

fitofarmacêuticos com

segurança.

Page 70: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

70

A aplicação dos Produtos fitofarmacêuticos emagricultura visa, conforme já referido, como regra, o controlo de certos inimi-gos e os resultados medem-se pela eficácia em sentido lato.

Cada Produto fitofarmacêutico é caracterizado por uma certa toxicidade ea eficácia em relação aos seus inimigos, é consequência dessa mesma toxicidade. A toxici-dade pode, eventualmente, manifestar-se também em relação ao homem, aos comparti-mentos do ambiente e às espécies não visadas, caso a aplicação não seja feita com segurança.

Os efeitos nocivos que os Produtos fitofarmacêuticos podem causar sobre orga-nismos vivos são estudados pela Toxicologia. Se os efeitos nocivos se verificam nosolo, na água ou no ar ou sobre as espécies não visadas, o seu estudo cabe também àToxicologia, mas nestes casos é comum designar-se Ecotoxicologia.

E N Q U A D R A M E N T O

AVALIAÇÃO TOXICOLÓGICANa avaliação toxicológica de cada Produto fitofarmacêutico estão em causa

o estudo e a análise das suas propriedades toxicológicas e os possíveisefeitos na saúde do Homem.

Os principais estudos toxicológicos incidem sobre a substância activae são:

• Toxicidade aguda, em relação a cada via de exposição– oral;– dermal;– inalação.A toxicidade aguda expressa-se em:– DL50 (ou LD50), Dose Letal que mata 50% de indivíduos de uma po-

pulação normal. Expressa-se em mg por kg de peso vivo (mg/kg pv);– CL50 (ou LC50), Concentração Letal em gás, vapor ou água que

mata 50% de uma população normal em dado tempo. Expressa-seem mg por litro, com indicação do tempo [(x tempo) (mg/l)];

– DAR, Dose Aguda de Referência, que equivale à dose que adminis-trada uma única vez num dia ou, distribuída por várias tomas ao longode 24 horas, não provoca qualquer efeito adverso nos animais. Ex-pressa-se em mg por kg de peso vivo, por dia (mg/kg pv/dia).

• Toxicidades crónica e subcrónica;

• Carcinogenia;

• Mutagenia;

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CAPÍTULO 5 | RISCOS, PRECAUÇÕES E SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DOS PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

71

• Toxicidade de reprodução e teratogenia;

• Neurotoxicidade;

• Absorção cutânea;

• Metabolismo.

Os estudos são conduzidos sobre diferentes espécies animais – roedorese não roedores. A toxicidade aguda avalia-se o efeito imediato (24 horas) deuma dose única do produto. No caso dos estudos de toxicidade subcrónicaavalia-se o efeito resultante da ingestão diária da substância activa duranteum a três meses. Por fim, na toxicidade crónica avalia-se o efeito da ingestãodiária da substância activa durante toda a vida do animal, até dois anos.

Os valores obtidos nestes estudos permitem estabelecer:

• A classificação toxicológica e os respectivos símbolos – quadro 5.1;

• As frases de risco a constar dos rótulos;

• As frases de segurança igualmente a constar dos rótulos.

São estes estudos, de curto, médio e longo prazo e relativos a cada substân-cia activa que, como factor de segurança, conduzem também à recomenda-ção do Equipamento de Protecção Individual (EPI), em função da exposição.

CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS FITO-FARMACÊUTICOS E RESPECTIVOS SÍMBOLOS

Page 72: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

72

Quadro 5.1 • Classificação dos Produtos fitofarmacêuticos

FRASES DE RISCO

(QUE APONTAM PARA O PERIGO)• que derivam da toxicidade aguda

Exemplos:– Irritante para os olhos/para a pele/por inalação;– Pode causar sensibilização em contacto com a pele/por inala-

ção;– Muito tóxico por ingestão/em contacto com a pele/por inalação;– Nocivo por ingestão/em contacto com a pele/por inalação;– Outras.

• que derivam de outros estudos de toxicidade

Exemplos:– Perigo de efeitos cumulativos;– Pode causar cancro por inalação;– Pode comprometer a fertilidade;– Outras.

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CAPÍTULO 5 | RISCOS, PRECAUÇÕES E SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DOS PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

73

FRASES DE SEGURANÇA(QUE DERIVAM DAS FRASES DE RISCO)

Exemplos:– Ler o rótulo;– Manter fora do alcance das crianças;– Guardar fechado à chave;– Evitar o contacto com os olhos;– Evitar o contacto com a pele;– Usar luvas adequadas durante a preparação da calda e aplicação

do produto;– Usar vestuário de protecção adequado;– Outras.

PERIGO E RISCO

Para quem utiliza um Produto fitofarmacêutico, o perigo reside na suatoxicidade, quase sempre associada à substância activa e por vezes a al-guns formulantes.

O risco define-se como a probabilidade dos efeitos ocorrerem face auma dada situação de exposição:

Risco = Toxicidade x Exposição(do produto) (do utilizador)

Para cada produto, a toxicidade expressa-se pelo símbolo toxicológicoe é um valor fixo. Assim, a redução do risco passa pela redução da expo-sição – via oral, dermal ou inalação – ou, no limite, através do uso de EPI.

IMPACTE SOBRE A SAÚDE HUMANAE ANIMAL

RELACIONADO DIRECTAMENTECOM OS PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

Abrange quem manipula os Produtos fitofarmacêuticos a nível do fabrico, daarmazenagem e transporte e da aplicação, etc. e que se designam por operadores.

As contaminações podem dar-se através da roupa – exposição dermalpotencial – ou por outra via – exposição sistémica real.

Page 74: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

74

AVALIAÇÃO DE RISCO

A avaliação do risco do operador faz-se pela comparação de doisparâmetros (23):

• um é o Nível Aceitável de Exposição do Operador (NAEO): es-tudos específicos de toxicidade em animais levam ao estabelecimentodo Nível Sem Efeito Observável (NSEO) e, através de factoresde segurança, ao estabelecimento do NAEO;

• o outro é o Nível de Exposição (NE): cálculos em modelo determi-nam o pior caso de exposição do operador e se este caso evidenciarpotenciais riscos, segue-se a determinação do NE em experimentaçãode campo apropriada, com cenários reais, cobrindo os vários tipos deoperadores. O Produto fitofarmacêutico é usado de acordo com a BPFe utiliza-se material de aplicação e EPI variados. O quadro 5.2 esque-matiza o processo. O NE não deve ser superior ao NAEO.

Quadro 5.2 • Avaliação de risco do operador

Usos do produto de

acordo com BPF

Estudos de toxicidade

em Animais

Estudos de exposição

do operador

NE NAEO

NSEO

Factores de segurança

Cenários possíveis:NE < NAEO => OKNE = NAEO => OKNE > NAEO => Risco !!!

GESTÃO DO RISCO

O risco torna-se patente sempre que o NE for superior a NAEO. A suagestão faz-se, na sua forma mais simplificada, através da adopção de medi-das que passam pelo uso do EPI, a constar das precauções do rótulo. Maspode também passar por alterações nos modos e sistemas de aplicação, poradaptação das formulações (substituindo formulantes) ou pelo melhoramentodas embalagens.

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CAPÍTULO 5 | RISCOS, PRECAUÇÕES E SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DOS PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

75

RELACIONADA COM OS RESÍDUOS

DOS PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

Abrange os consumidores onde de inclui toda a sociedade que se ali-menta com produtos agrícolas tratados.

É um facto real que todos os géneros agrícolas tratados com Produtosfitofarmacêuticos, podem conter resíduos, à data da colheita.

Os resíduos definem-se como a substância activa no interior ou à su-perfície dos produtos agrícolas, resultante da utilização de um Produto fito-farmacêutico, bem como os respectivos metabolitos e produtos de degradaçãoou reacção.

INTERVALO DE SEGURANÇA E LIMITE MÁXIMODE RESÍDUO

Tendo em vista a defesa da saúde do consumidor, é estabelecido um In-tervalo de Segurança (IS) para o par Produto fitofarmacêutico – produ-to agrícola tratado.

O IS consta das precauções do rótulo do Produto fitofarmacêutico e defi-ne-se como o espaço mínimo de tempo (expresso em dias) que devedecorrer entre a última aplicação na cultura e a colheita do corres-pondente produto agrícola (ou entre a utilização do Produto fitofarmacêu-tico e a venda ou consumo do género tratado, em certos casos de tratamentospós colheita), para que na data da colheita o nível de resíduo não causeproblemas toxicológicos ao consumidor.

Limite Máximo de Resíduo (LMR) é a quantidade máxima de resídu-os de uma substância activa e dos seus metabolitos, com interesse do pontode vista toxicológico, permitido por lei, nos produtos agrícolas.

O estabelecimento do LMR é uma exigência legal e dá indicações sobre:

• Se a prática agrícola foi ou não cumprida (dose, número de aplica-ções, IS, etc.). O não cumprimento, é considerado uma infracção epode ser objecto de sanção.

• A salvaguarda da saúde pública.

• A possibilidade de comercialização dos produtos agrícolas em segu-rança. Os LMR não estão uniformizados entre países. No caso deprodutos agrícolas destinados a exportação para países onde os LMRsão mais restritivos, há que usar a Prática Agrícola do país de destino.Em Portugal isto sucede com mais acuidade com a pêra rocha e comalgum vinho, mas também com vegetais. A Organização Mundial do

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

76

Figura 5.1 • Como se determinam os LMR

Comércio é informado sobre todos os LMR, estabelecidos e publica-dos em Lei.

• O LMR é ainda uma referência numérica para cada dupla Produtofitofarmacêutico – produto agrícola tratado.

Uma vez aplicados, os Produtos fitofarmacêuticos iniciam uma fase con-tínua de degradação na qual intervêm diversos factores. No momento dacolheita pode haver resíduos, mas a sua presença, por si só, não representaum risco para o consumidor.

Se os Produtos fitofarmacêuticos forem usados conforme expresso norótulo, ou seja de acordo com a BPF, esses resíduos não ultrapassam o LMRestabelecido e portanto não oferecem risco para o homem e animais. OsLMR são também estabelecidos para o leite, a carne e os ovos, provenientesde animais alimentados com produtos agrícolas tratados.

A figura 5.1, evidencia uma curva de degradação de resíduos resultantes deum Produto fitofarmacêutico directamente aplicado sobre uma cultura e ajuda acompreender o modo de determinação dos LMR e a relação destes com o IS.

AVALIAÇÃO DE RISCO

A avaliação do risco faz-se pela comparação dos valores provenientesde estudos de toxicidade de longo prazo, com ingestão diária do produto,que levam ao estabelecimento do Nível Sem Efeito Observável (NSEO)e através de factores de segurança ao estabelecimento da Ingestão DiáriaAceitável (IDA), por outro lado, e dos valores resultantes da aplicação

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CAPÍTULO 5 | RISCOS, PRECAUÇÕES E SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DOS PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

77

Estudos de resíduosLMR

DDMTDDME

NSEO

IDA

Factores de segurança (10x10)Dieta alimentar

Usos do produto de

acordo com BPF

Estudos de Toxicidade

Crónica

Quadro 5.3 • Avaliação de risco do consumidor

prática do produto conforme a BPF e que levam ao estabelecimento daIngestão Diária Máxima Teórica Total – DDMT por outro, conforme oquadro 5.3 (23).

O DDMT não deve superar a IDA.

Cenários possíveis:DDMT < IDA => OKDDMT = IDA => OKDDMT > IDA => Risco !!! Fazem-se cálculos refinados com resíduos

reais, considerando o processamento caseiro ou industrial dos géneros agrí-colas em causa e estabelece-se a Ingestão Diária Máxima Estimada –DDME, que passa a substituir a DDMT.

A partir da segunda metade da dácada de 1990 o processo de avaliaçãopassou a incluir também a Dose Aguda de Referência (DAR) tendo esteparâmetro funções idênticas à IDA.

GESTÃO DO RISCOO risco torna-se patente se a DDME for superior à IDA.A sua gestão faz-se através da adopção de medidas mitigantes (uma ou

várias), a incidir sobre a limitação dos usos propostos.As medidas que podem ser tomadas são as seguintes:

• n.º de culturas (redução);• n.º de tratamentos (redução);• intervalo entre tratamentos;• época de tratamentos (timing);• condições de aplicação (ex. estufa, ar livre);• estabelecimento de IS (IS mais longo).

Page 78: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

78

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTOE EXPOSIÇÃO NO AMBIENTEE NAS ESPÉCIES NÃO VISADAS

Uma vez aplicados, os Produtos fitofarmacêuticos são deliberadamenteintroduzidos no ambiente e distribuem-se pelo solo, água, ar, sedimento e biota.

Sendo-lhes inerente uma certa perigosidade, são susceptíveis de causarimpacte ambiental, quer ao nível de organismos vivos, quer de populações ecomunidades (2; 13; 47).

Daí que tenha de haver cuidados especiais a cumprir na decisão e naprática da sua utilização.

O impacte ambiental de cada Produto fitofarmacêutico pressupõe:

• A identificação de perigo – baseada nas propriedades e caracterís-ticas do Produto fitofarmacêutico e na sua toxicidade;

• A avaliação de perigo – tendo em conta os usos, a exposição e osefeitos;

• A avaliação de risco – conducentes à aceitação ou não do uso pro-posto;

• A gestão do risco – que comporta a tomada de medidas que levam àdiminuição do risco, o que passa pela diminuição da exposição da subs-tância activa no ambiente.

A avaliação do impacte no solo, na água e no ar implica conhecer:

• A dinâmica de cada compartimento, através de estudos sobre:– propriedades físicas, químicas e de partição;– distribuição e comportamento em cada compartimento (solo,

água, ar);O conhecimento da dinâmica baseia-se em estudos de:– taxa de degradação (TD50, TD90; relevância dos produtos formados);– taxa de dissipação (TD50, TD90; relevância dos produtos formados);– persistência (persistente ou não persistente);– acumulação (nível máximo de resíduos e plateau de acumulação);– mobilidade-lixiviação (kom, koc, teor no lixiviado);– volatilização.

• A estimativa das concentrações ambientais previstas (CAP),através de estudos envolvendo:– os usos previstos para o Produto fitofarmacêutico;

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CAPÍTULO 5 | RISCOS, PRECAUÇÕES E SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DOS PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

79

– as principais vias de contaminação;– cenários/modelos apropriados;– os dados de input derivados do modelo matemático escolhido, que

conduzem a um juízo sobre os riscos possíveis e à sua gestão.

O que acontece aos produtos fitofarmacêuticos, após serem aplicados, émuito complexo e essa complexidade é evidenciada nas figuras 5.2 e 5.3.

Figura 5.2 • Destino dos produtos fitofarmacêuticos no ambiente

adsorção

forado alvo

drift

evapotranspiração

site de

acção

factoresambientais

factores detransporte

factoresbioquímicos

interacção doreceptor

volatilidade

fotólisehidrólise

lavagem pela chuva

adsorçãopenetração

distribuiçãotranslocação

activaçãodetoxificação

site de aplicação

deposição

Foto-decom-posição

driftpenetração

translocaçãolavagem

decomposição

volatilização

dispersão global

arrastamento

decomposiçãobiológica equímica

volatilização

arrastamento

adsorção dessorção

decomposiçãoquímica

decomposiçãobiológica

SOLO

ÁGUA

AR

Figura 5.3 • Factores que determinam a concentração da substância activa no local de acção

Page 80: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

80

Os efeitos possíveis causados pelos Produtos fitofarmacêuticos no ambi-ente são também muito complexos e variados, conforme figura 5.4.

É claro que, quer no caso da degradação/dissipação, quer no caso dosefeitos, os produtos são estudados e caracterizados individualmente.

Figura 5.4 • Possíveis efeitos toxicológicos (ecotoxicológicos) no ambiente

bio-acumulação

efeitos empeixes

efeitos emalgas e plantas

efeitos emaves efeitos em

abelhas

efeitos emmamíferos

efeitos emmicroorganismosdo lodo

efeitos emartrópodosbenéficos

efeitos eminvertebrados

efeitos emmicroorganismosdo solo

efeitos eminvertebrados

AR

ÁGUA

SOLO

SOLO

Visa-se manter os resíduos de Produtos fitofarmacêuticos ao nível maisbaixo possível, de modo a:

• os macro e microorganismos não serem afectados;

• não se verificar fitotoxicidade nas culturas presentes ou que se segui-rem na rotação;

• não haver resíduos nas culturas;

• não haver contaminação dos lençóis freáticos.

Como proceder para evitar contaminações?Tendo cuidado na utilização dos Produtos fitofarmacêuticos, nomeada-

mente:

• Escolher o material de aplicação adequado para o uso pretendido;

• Preparar os volumes de calda adequados às áreas a tratar;

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CAPÍTULO 5 | RISCOS, PRECAUÇÕES E SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DOS PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

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• Reduzir o escorrimento da calda;

• Evitar o arrastamento da calda para fora do alvo fitossanitário o quetem a ver com:– material de aplicação (tamanho da gota (VMD), tipo de bico,

pressão, velocidade de andamento, altura do bico/barra em relaçãoao alvo fitossanitário, etc.);

– condições atmosféricas (velocidade do vento e humidade relati-va (HR), etc.);

– realizar aplicações localizadas, sempre que possível;– aplicar pela manhã, nas horas de menor calor;– usar bicos anti-arrastamento;– usar, se possível, sistemas de recuperação de calda no equipa-

mento assistido por ar, em culturas arbustivas/arbóreas;– usar, se possível, deflectores, que orientam o fluxo de ar e logica-

mente a calda;– cuidados no manuseamento e armazenamento;– evitar escorrências e contaminação de solo e água– armazenar e manusear as embalagens afastado das linhas de água

(mais de 10 m);– proceder à tripla lavagem da embalagem e utilizar a água de

lavagem na calda;– evitar excedentes, mas se os houver, distribui-los regular e uni-

formemente pela área tratada.

ÁGUAHá a considerar as águas subterrâneas e as águas superficiais.Qualquer delas não deve ser afectada por resíduos de Produtos fitofar-

macêuticos e a sua protecção pressupõe:

• proteger a qualidade das águas destinadas a consumo humano;• proteger as espécies aquáticas (vertebrados e invertebrados aquá-

ticos e plantas aquáticas);

a) Águas subterrâneasEm Portugal a maioria da água para consumo humano, cerca de 70%,

provém de águas subterrâneas (38). Assim, ao falar-se de águas subter-râneas, subentende-se serem águas para consumo humano.

O arrastamento de resíduos de Produtos fitofarmacêuticos atravésdo perfil do solo é a principal via de contaminação.

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

82

Como proceder para evitar contaminações?A via de contaminação mais óbvia está associada ao manuseamento dos

Produtos fitofarmacêuticos devendo-se:

• respeitar as restrições impostas à utilização de Produtos fitofarmacêu-ticos em locais vulneráveis.

• no caso de Produtos fitofarmacêuticos dirigidos ao solo (herbicidas,desinfectantes, etc.) usar as doses recomendadas para o caso em pre-sença (doses menores em solos mais ligeiros ou pobres em matériaorgânica. Em caso de dúvida optar pela situação de menor risco).

A valorização e a manutenção de qualidade da água são garantidas pelaDirectiva-Quadro da Água (DQA), através da Directiva 2000/60/CE,de 23 de Outubro. Mais de quatro anos decorridos, esta Directiva foi aprova-da em Conselho de Ministros, em 5 de Junho de 2005.

A Directiva 80/778/CEE, de 17 de Dezembro de 1979, relativa à qualida-de das águas para consumo humano fixa um valor de resíduo de 0,1 µg/litropara uma única substância activa e 0,5 µg/litro para o total de substânciasactivas detectadas. Esta Directiva foi transposta para o Direito Nacional peloDecreto Lei n.º 74/90, de 7 de Março.

Estes valores designam-se por Concentração Máxima Admissível(MAC) funcionam como LMR e traduzem uma política de precaução.

O valor 0,1 µg/l corresponde ao limite de detecção analítica, é um valorimposto e não um valor com suporte científico.

A gestão do risco deriva de resultados de monitorização, análises e usode modelos matemáticos e pode levar à modificação da Prática Agrícola, quepassa pela limitação de usos, por precauções a constar do rótulo ou, no limite,por uma não autorização.

b) Águas superficiaisTambém podem servir para consumo humano, mas neste caso têm de

explicitar tal facto dizendo água superficial destinada a consumo huma-no e então as exigências são as das águas subterrâneas (Decreto Lei n.º 74//90, de 7 de Março).

Como proceder para evitar contaminações na águas superficiais?A principal via de contaminação está associada às práticas culturais,

devendo ser evitado o arrastamento e o escorrimento da calda, a erosão e oarrastamento de solos tratados e também as operações de limpeza do equipa-mento de pulverização, pelo que se deve:

• Preparar a calda afastado das linhas de água, poços, furos, nascentes,(mais de 10 m);

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CAPÍTULO 5 | RISCOS, PRECAUÇÕES E SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DOS PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

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• Evitar arrastamento da calda para fora do alvo fitossanitário;

• Deixar uma faixa sem tratamento (zona tampão) junto a poços, furos,linhas de água;

• Em muitos casos esta zona tampão (ou buffer-zone ) consta do rótuloe varia consoante o Produto fitofarmacêutico.

A existência de impacte inaceitável em espécies não visadas, conduz ànão autorização de uma dada substância activa.

AR

No momento, é o compartimento sobre o qual incide menor regulamentação.A principal via de contaminação do ar está ligada às técnicas de apli-

cação, particularmente quando se trabalha com gotas de pequena dimensão(atomização, aplicações UBV, etc.).

Não é de aceitar na atmosfera uma concentração de substância acti-va, resultante do uso proposto para um Produto fitofarmacêutico, que ultra-passe o NAEO ou os valores limite de exposição para operadores, assistentesou trabalhadores.

ESPÉCIES NÃO VISADAS E AVALIAÇÃO

DE RISCO PARA O AMBIENTE

Deve ser assegurado que o uso de Produtos fitofarmacêuticos não acar-reta riscos inaceitáveis para as espécies não visadas, para a fauna selvageme para o ambiente.

À semelhança do que acontece com o homem, a avaliação do risco,passa pela identificação e caracterização do perigo e pela avaliação daexposição e incide sobre espécies sensíveis dos seguintes grupos:

Aves;Organismos aquáticos (peixes, invertebrados, algas, plantas aquáticas);Abelhas e outros artrópodes benéficos;Organismos do solo (macro e microorganismos).

Na avaliação do risco, que é variável consoante a espécie, são exi-gidos os seguintes dados toxicológicos (47):

Aves: toxicidade aguda oral; toxicidade alimentar a curto prazo; toxicida-de subcrónica; efeitos na reprodução.

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

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Usos do produto de

acordo com BPF

Estudos de toxicicidade

em animais e plantas

Estudos de distribuiçãoe degradação no ambiente

CAP NSEO

Organismos aquáticos: toxicidade aguda e bioconcentração em peixes;toxicidade aguda e toxicidade crónica em Dafnia magna (invertebrados);efeitos no crescimento de algas e plantas aquáticas; efeitos nos organismosdos sedimentos.

Abelhas: toxicidade aguda.Outros artrópodes úteis: estudos de mortalidade; (eficácia da actividade).Minhocas (macroorganismo do solo): toxicidade aguda e efeitos sub-

letais.Microorganismos do solo: (actividade da biomassa microbiana); (efei-

to da persistência).Efeitos noutros organismos não visados (fauna e flora).

Assim, a avaliação do risco no ambiente passa também pela compa-ração de dois parâmetros, conforme se mostra o quadro 5.4 (23).

• um é o Nível Sem Efeito Observável (NSEO): estudos de toxi-cidade de curto e longo prazo em animais e plantas levam ao estabe-lecimento do NSEO;

• o outro é a Concentração Ambiental Prevista (CAP): estudosde degradação e distribuição no ambiente, optimizados por modelosvariados, onde o Produto fitofarmacêutico é aplicado de acordo com aBPF conduzem ao estabelecimento da CAP.A CAP não deve ultrapassar o NSEO.

Na prática o processo de avaliação assume maior complexidade do que odescrito e é individualizado para cada grupo de espécies não visadas.

Quadro 5.4 • Avaliação de risco do ambiente

Cenários possíveis:CAP < NSEO => OKCAP = NSEO => OKCAP > NSEO => Risco !!!

Page 85: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

CAPÍTULO 5 | RISCOS, PRECAUÇÕES E SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DOS PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

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GESTÃO DO RISCO

É feita uma avaliação seguida de decisão que tem como consequênciadefinir se existe ou não risco e caso exista se ele pode ser aceite (tole-rado) ou não. Um risco inaceitável, pode levar a uma proibição ou podetornar-se aceitável mediante a indicação de precauções ecotoxicológicasa constar do rótulo (12; 13; 43; 44; 47). As precauções ecotoxicológicaspodem contemplar:

• A indicação de símbolo de toxicidade (é uma das mais recentesmedidas de precaução).

Perigosopara o ambiente

• O estabelecimento de medidas de mitigação do risco, com limi-tação dos usos propostos (tal como no caso dos LMR)

– dose de aplicação;– n.º de tratamentos;– condições de aplicação (estufa, ar livre);– época de tratamentos (timing);– zonas tampão.

O Decreto Lei n.º 154-A/ 2002, de 11 de Junho e o DecretoLei n.º 82/2003, de 23 de Abril, transpuseram para a legislaçãonacional a Directiva UE designada por Directiva das Prepara-ções Perigosas (DPP) (Directiva 1999/45/CE). Trata-se de umaDirectiva nova, que revoga as anteriores, onde já constavam váriosprodutos químicos, mas na qual os Produtos fitofarmacêuticos sãoincluídos agora pela primeira vez. Entrou em vigor a de 30 deJulho de 2004 e obriga a alterações, mais gravosas, das normaspara a classificação, embalagem, rotulagem e das fichas dedados segurança de todas as preparações perigosas incluin-do os Produtos fitofarmacêuticos.

Exemplos de precauções toxicológicas, ecotoxicológicas e am-bientais:

• Não contaminar a água com este produto ou com a sua embalagem;

• Para protecção das águas subterrâneas não aplicar este produto emsolos arenosos e/ou pobres em matéria orgânica;

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

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• Muito tóxico para organismos aquáticos podendo causar efeitos nefas-tos a longo prazo ambiente aquático;

• Para protecção dos organismos aquáticos respeitar uma zona não pul-verizada de x metros em relação às águas de superfície;

• Extremamente tóxico para abelhas. Não aplicar durante a época defloração; fazer o corte de outras plantas em floração na parcela atratar;

• Ficha de segurança fornecida a pedido de utilizadores profissionais;

A Directiva 1999/45/CE exige que na face principal do rótulo constemas duas seguintes frases:

«Este produto destina-se a ser utilizado por agricultores e outros apli-cadores de Produtos fitofarmacêuticos»;

«Para evitar riscos para os seres humanos e para o ambiente, respeitaras indicações de utilização».

EQUIPAMENTO DE PROTECÇÃOINDIVIDUAL

Na utilização dos Produtos fitofarmacêuticos há riscos que importa con-trolar ou diminuir, uma vez que a sua eliminação não é possível.

É sabido que os meios disponíveis não são os mais apropriados, nomea-damente por falta de um quadro legislativo regulador, semelhante ao exis-tente para a Homologação. A certificação de aplicadores e de empresasaplicadoras cuja regulamentação se aguarda para breve, será uma forteajuda nesta área.

A estratégia de defesa da saúde e segurança dos utilizadores de Produtosfitofarmacêuticos, passa pelo uso de Equipamento de Protecção Individual(EPI), que se tornou obrigatório.

A exposição relaciona-se directamente com a actividade que se desenvol-ve, no complexo circuito que vai do fabrico à aplicação e até para além dela,conforme figura 5.5.

Por sua vez o tipo de EPI a usar varia com a fase e a natureza da exposi-ção e as suas características devem ter em vista as tarefas e os prováveisriscos inerentes, conforme os quadros 5.5 e 5.6 (20).

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CAPÍTULO 5 | RISCOS, PRECAUÇÕES E SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DOS PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

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Figura 5.5 • Fases de exposição ao risco

Quadro 5.5 • Utilização de EPI consoante as fases de trabalho

MUITO TÓXICO

TÓXICO

CORROSIVO

NOCIVO

FASES DO TRABALHO Manipulaçãode utensílios

e embalagensvazias; contactocom o materialapós utilização

PREPARAÇÃO

UTILIZAÇÃO

Líquidos GranuladosFumos eVapores

Classificaçãotoxicológica

Sem Classificação(isentos)

Botas deborracha,fato deprotecção,capuz, óculosde protecção

Botas deborracha,fato deprotecção,óculos, luvas,protecçãorespiratória

Fato deprotecção,capuz, óculos,protecçãorespiratóriae luvas comcanhão

Fato deprotecção,capuz, óculos,protecçãorespiratóriae luvas comcanhão

Fato deprotecçãocapuz, luvas

Fato deprotecção,botas, capuz,protecçãoda cara, luvas

Fato deprotecção,botas e luvas

Fato deprotecção,óculos,protecçãorespiratória

Fato deprotecção,capuz, óculose luvas comcanhão

Fato deprotecção,botas, capuz,luvas

Fato deprotecção,capuz,protecçãoda cara, luvas

Fato deprotecção,capuz,protecçãoda carae luvas

Fato de pro-tecção, capuz,protecçãorespiratória,luvas comcanhão

Fato deprotecção,capuz, óculose luvas comcanhão

Fato deprotecção,luvas

Fato deprotecção,capuz,protecçãoda cara, luvas

Fato deprotecção,óculos,protecçãorespiratória

Fato de pro-tecção, óculos,protecçãorespiratóriae luvas comcanhão

Fato deprotecção,óculos eluvas comcanhão

Fato deprotecção,luvas

Os métodos de trabalho correctos exigem a utilização de fatos de protecção, luvassem forro, máscaras e botas durante a manipulação dos Produtos fitofarmacêuticos

Page 88: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

88

Quadro 5.6 • Factores a considerar na escolha de um EPI

EXIGÊNCIAS DE CONFORTO EXIGÊNCIAS DE TAREFAS

LevezaAdaptação à morfologia

Permeabilidade ao suor

Conforto térmico

Volume limitado

Eficácia da protecção

Não ultrapassar prazo de validade

Inocuidade

Ausência de riscos autogéneos

Robustez

Redução do incómodo no trabalho e nos movimentosComodidade funcionalCompatibilidade com outros equipamentos

Não perturbar as percepções sensoriais(visão, audição, tacto)

Nível de protecção produzido

Limites previsíveis de utilização

Prazos de validade

Modo de utilização

Instruções de armazenagem, manutenção, limpeza

TRANSPORTE DE PRODUTOSFITOFARMACÊUTICOS EM SEGURANÇA

O Decreto Lei n.º 267-A/2003, de 27 de Outubro, aprova a Lei-Quadrodo Transporte Rodoviário de Mercadorias Perigosas e o Regulamento Nacio-nal do Transporte de Mercadorias Perigosas por Estrada (RPE), o que signifi-ca a regulamentação do transporte por estrada das mercadorias classificadascomo perigosas. No Transporte Rodoviário Internacional aplica-se o AcordoEuropeu relativo ao Transporte de Mercadorias Perigosas por Estrada (ADR).

Das mercadorias classificadas como perigosas para efeito de transporte,fazem parte inúmeras substâncias químicas, distribuídas por nove classes,nas quais se inclui a maioria dos Produtos fitofarmacêuticos. A razão da pe-rigosidade reside nas propriedades e características de tais mercadorias, sus-ceptíveis de, em caso de acidente, poderem causar danos em pessoas, animais,bens e meio Ambiente.

Esta classificação para efeitos de transporte é independente da classifica-ção toxicológica atrás referida. Para prevenir ou evitar eventuais acidentescom os produtos transportados, há que cumprir algumas regras básicas ( 8; 18).

Relativamente a viaturas

• Com cabina separada da caixa de carga e esta estar limpa seca e embom estado;

• Com caixa de carga fechada ou com cobertura;

• Que cumpram inspecções regulares;

• Equipamentos de sinalização, protecção e segurança;

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CAPÍTULO 5 | RISCOS, PRECAUÇÕES E SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DOS PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

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• Sinalização do veículo com painéis retro-reflectores à frente e atrás;

• Extintores no exterior da viatura (dois) e um na cabina;

• Dispor de EPI para fazer face a uma eventual situação de risco;

• Dispor de um frasco lavador de olhos com água limpa;

• Dispor de um colete fluorescente;

• Dispor de dois sinais luminosos de aviso, portáteis;

• Dispor de uma lanterna;

• Dispor de uma pá, um recipiente com serradura ou areia e sacos va-zios para recolha de derrames.

Cuidados na expedição e transporte

• Isolar os Produtos fitofarmacêuticos de outros produtos, pessoas ouanimais;

• Distribuir a carga consoante as características dos Produtos fitofar-macêuticos e proteger as embalagens mais frágeis;

• Ter cuidado nas operações de carga e descarga e nesta fase desligar omotor da viatura;

• Respeitar sinais de trânsito e nunca abandonar a viatura;

• Sempre que possível, optar por estradas fora das povoações, sem pon-tes e túneis;

• Usar sempre Equipamento de Protecção Individual enquanto manu-seia Produtos fitofarmacêuticos,

Medidas em caso de acidente

• Afastar o veículo dos centros populacionais;

• Eliminar riscos de incêndio cortando a ignição;

• Alertar bombeiros, autoridades policiais e empresa expedidora;

• Em caso de incêndio, tentar a extinção com extintores, antes da che-gada dos bombeiros;

• Se houver material derramado, absorver o produto derramado comterra, areia ou serradura;

• Afastar pessoas curiosas e animais e estabelecer um cordão de segu-rança no local;

• Actuar a favor do vento;

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

90

• Em caso de fuga ou derrame sem fogo, absorver igualmente o produtoderramado com terra, areia ou serradura;

• Remover e guardar armazenado o produto derramado, para tratamen-to posterior;

• No final retirar a carga do local separando a carga danificada da nãodanificada;

• Proceder à descontaminação da zona, com uma mistura apropriada.

Documentação a acompanhar o transporteDocumento de transporte ou guia de remessa.É emitido pelo expedidor, para cada produto ou grupo de produtos, e aí

deve constar a classificação ADR/RPE correspondente:

• Número ONU precedido da sigla UN;

• Designação ADR/RPE das mercadorias (nome dos produtos e dassubstâncias activas);

• Número de etiqueta correspondente à classe de perigo (há nove classes);

• Quantidade transportada (quilos ou litros);

• Número e descrição das embalagens;

• Nome e endereço do expedidor e do destinatário.

Fichas de segurançaEmitidas pelo expedidor e destinadas ao condutor, onde consta:

• A designação ADR/RPE das mercadorias;

• Disposições a tomar em caso de acidente (incêndio, derrame ou ou-tro), ou em caso de ter havido contacto entre pessoas e as mercado-rias transportadas.

Certificado de formação do condutor ADR/RPEConcedido por organismo reconhecido pela Direcção-Geral de Viação

(DGV), obrigatório para condutores de viaturas com Peso Bruto superior a3,5 toneladas e da responsabilidade do proprietário da viatura.

Formação do pessoal envolvido na carga-descargaConselheiros de segurançaConforme determina o Decreto Lei n.º 322/2000, de 19 de Dezembro,

as empresa transportadoras devem dispor destes conselheiros, cuja missãoé supervisionar as condições de realização dos transportes e as respectivasoperações de carga e descarga.

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CAPÍTULO 5 | RISCOS, PRECAUÇÕES E SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DOS PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS

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No transporte dos Produtos fitofarmacêuticos em segurança, pelo queficou dito, verifica-se que existem responsabilidades e obrigações distribuídaspor três níveis – expedidor, carregador, transportador.

ARMAZENAMENTO DE PRODUTOSFITOFARMACÊUTICOS EM SEGURANÇA

Porquê e como se armazenam os Produtos fitofarmacêuticos?Os Produtos fitofarmacêuticos devem ser convenientemente armazena-

dos a fim de que:

• Os teores em substância activa e as propriedades físico-químicas decada um sejam mantidos;

• A contaminação entre si seja evitada.

Como pode ser feito?• Através de uma arrumação adequada, que possibilite a sua identifica-

ção (leitura do rótulo);

• Em embalagens originais;

• Em quantidades facilmente controláveis;

• Com renovação de stocks.O Decreto Lei n.º 370/99, de 18 de Setembro, determina que os esta-

belecimentos comerciais e de serviços cujo funcionamento envolva riscospara a saúde e segurança das pessoas, sejam objecto de um processo delicenciamento concedido por uma única entidade – a Câmara Municipal.

Uma vez concluída a obra, o interessado requer a concessão da licençade utilização e este pedido deverá ser acompanhado por um plano de emer-gência e segurança, que a Câmara Municipal, por sua vez, remete ao Servi-ço Nacional de Bombeiros.

Assim, tendo em conta as propriedades e as características dos Produtosfitofarmacêuticos e também a capacidade do armazém, há a considerar osseguintes principais aspectos (7; 18; 57):

Localização do armazém• Fora dos aglomerados populacionais e em edifícios próprios;

• Afastado de cursos ou linhas de água;

• Local de fácil acesso.

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UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

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Construção• Com materiais incombustíveis;

• Com pavimento estanque e com retenção de águas (bacia de retenção);

• Com cobertura e ventilação adequadas;

• Com instalação eléctrica adequada;

• Com paredes corta-fogo;

• Com portas corta-fogo e saídas de emergência;

• Com zonas diferenciadas de armazenagem;

• Com detecção, alarme e combate a incêndios;

• Com tubagens de águas pluviais protegidas;

• Com zonas administrativa e social separadas da zona de armazém;

• Com estação de carregamento de baterias separada do armazém;

• Com instalações sanitárias e chuveiro de emergência, etc.

Cuidados no armazenamento• Arrumação por famílias de produtos e dentro destas segundo as clas-

ses de perigo;

• Não armazenar directamente sobre o pavimento;

• Armazenar afastado das paredes e lâmpadas;

• Manter a estabilidade do armazenamento em altura;

• Manter corredores e saídas funcionais;

• Não armazenar embalagens abertas ou danificadas;

• Observar a regra primeiro produto a entrar, será o primeiro a sair.

Medidas de higiene e segurança• Não fumar ou fazer lume;

• Ter instalados extintores;

• Ter as instalações vigiadas e existir um plano de alarme;

• Existir Equipamento de Protecção Individual pronto a usar;

• Existir sinalização adequada;

• Existir material absorvente e equipamento contra derrames;

• Haver procedimento operacional, em caso de derrame;

• Haver procedimento operacional, em caso de incêndio.

Page 93: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

AAcção translaminar • Os insecticidas e fungi-

cidas penetrantes atravessam a cutículados insectos e a epiderme dos vegetaismas não são transportados nos vasos,tendo apenas capacidade, nomeadamen-te na fase de vapor, de atravessar algumascamadas de células, evidenciando a activi-dade translaminar ou alguma difusão late-ral em torno do local de penetração (3; 4).

Adjuvantes • Produtos que se adicionam a umoutro Produto fitofarmacêutico na altura daaplicação, a fim de melhorar a sua activi-dade específica. São também designadospor adjuvantes de uso extemporâneo (13).

Ambiente • O ar, a água, a terra, a fauna selva-gem e a flora espontânea, bem como asinter-relações entre estes diversos ele-mentos e as relações existentes entre elese qualquer organismo vivo (13).

Agricultura sustentável • A agricultura sus-tentável mantém indefinidamente a suaprodutividade e utilidade para a socieda-de recorrendo a sistemas agrícolas queconservem os recursos naturais, protejamo ambiente, produzam eficientemente,compitam comercialmente e melhorem aqualidade de vida dos agricultores e dasociedade como um todo (3; 4).

Auxiliar • Organismo antagonista com activi-dade predadora, parasitóide, parasita oupatogénica, de organismos inimigos dasculturas (3; 4).

Aviso Agrícola • Conselho de natureza bioló-gica, fenológica, climática e/ou fitiátrica,dado aos agricultores pelas estações deavisos no sentido de permitir avaliar osriscos devidos aos inimigos das suas cul-turas e de dicidir sobre a necessidade,oportunidade e natureza das intervençõesfitiátricas, privilegiando, sempre que pos-sível, a protecção integrada (3; 4).

Cutícula • É uma estrutura complexa compos-ta em grande parte de uma associaçãoentre proteínas e quitina. Estes materiaisencontram-se nas camadas superioresdas moléculas epidérmicas em estratossucessivos com o aspecto de contrapla-cado o que confere à cutícula proprieda-des mecânicas. A componente quitina éum carbohidrato (polissacarido), tem umaestrutura semelhante à celulose, maspossui átomos de azoto.

Drift • Deriva.

Ecotoxicologia • Ciência que estuda os efei-tos nocivos dos agentes químicos noselementos componentes do ambiente. Éum ramo da Toxicologia.

Hormonas (insectos) • São substâncias for-madas em glândulas especiais, regula-doras de fenómenos como as mudas eas metamorfoses. São transportadas pelahemolinfa.

Inimigo da cultura • Organismo prejudicialpara uma cultura.

C

G L O S S Á R I O

D

E

H

I

Page 94: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

94

Medida de protecção • Métodos de combatecontra os inimigos das culturas, envolven-do medidas indirectas de luta ou meiosdirectos de luta (3; 4).

Meio de luta • (ver Medida de protecção).

Multisite (ou multi-site) • Produto fitofarma-cêutico que actua sobre mais de um pro-cesso fisiológico ou bioquímico doorganismo a combater.

Organismo prejudicial ou nocivo • Os inimi-gos dos vegetais e dos produtos vegetaispertencentes aos reinos animal ou vege-tal, bem como vírus, bactérias e micoplas-mas ou outros agentes patogénicos (13).

Perigo • Características de toxicidade intrín-secas das substâncias activas.

Prejuízo • Redução, com importância econó-mica, da produção de uma cultura, querem quantidade quer em qualidade, cau-sada por inimigos da cultura (3; 4).

Preparações • Mistura ou soluções compos-tas de duas ou mais substâncias, dasquais pelo menos uma é substância acti-va, destinadas a serem utilizadas comoProduto fitofarmacêutico (13).

Processo vital • Órgão ou função (fisiológica,metabólica, etc.) essencial à vida de umorganismo.

Produtos vegetais • Os produtos de origemvegetal não transformados ou que sofre-ram uma transformação simples, comomoagem, secagem ou prensagem, des-de que não se trate de vegetais tal como àfrente definido (13).

Regulador de Crescimento das plantas •Constituem, no conjunto dos principaisProduto fitofarmacêuticos, o único grupoque não se destina a actuar sobre os ini-migos das culturas. A maioria dos Regu-ladores de Crescimento produz os seusefeitos interferindo com o balanço hormo-nal endógeno que controla o processo fi-siológico das plantas (28).

Regulador de Crescimento (de insectos ouácaros) • Produto fitofarmacêutico que ac-tua sobre o sistema endócrino dos artró-podos, alterando a normal acção dashormonas por ele produzidas.

Risco • Probabilidade de ocorrência de efei-tos adversos face a uma situação de ex-posição.

Site • Local (de aplicação, de acção, etc.).

Substâncias activas • As substâncias ou mi-croorganismos, incluindo vírus, que exer-çam uma acção geral ou específica sobreos organismos prejudiciais os vegetais,partes de vegetais ou produtos vegetais. Amaioria das substâncias activas são pro-dutos químicos de síntese, mas há algu-mas (poucas) com origem diferente (13).

Substâncias • Os elementos químicos e seuscompostos tal como se apresentam noestado natural ou tal como são produzi-dos pela indústria, incluindo qualquer im-pureza inevitavelmente resultante doprocesso de fabrico (13).

Toxicologia • Ciência que estuda os efeitosnocivos dos agentes químicos em orga-nismos vivos.

M

O

P

R

S

T

Page 95: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

GLOSSÁRIO

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Unisite (ou uni-site) • Produto fitofarmacêu-tico selectivo, que actua sobre um únicoprocesso fisiológico ou bioquímico do or-ganismo a combater.

U

Vegetais • As plantas e as partes vivas de plan-tas, incluindo as frutas frescas e as se-mentes (13).

Vegetal indesejável • Erva infestante.

V

Page 96: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura
Page 97: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

Anipla - Associação Nacional da Indústria para a Protecção de Plantas

APV - Autorização Provisória de Venda

AV - Autorização de Venda

BPA - Boa Prática Agrícola

BPF - Boa Prática Fitossanitária

CAP - Concentração Ambiental Prevista

CATPF - Comissão de Avaliação Toxicológica dos Produtos fitofarmacêuticos

CE - Conselho Europeu

CEE - Comissão Económica Europeia

CL50 - Concentração Letal 50% (ou LC50, versão língua inglesa)

COM - Comissão (europeia)

CSEAO - Concentração sem Efeito Adverso Observável

CSEO - Concentração sem Efeito Observável

CTP - Comissão de Toxicologia dos Pesticidas

DAR - Dose Aguda de Referência (ARfD, versão língua inglesa)

DDME - Ingestão (Dose) Diária Máxima Estimada (EMDI, versão língua inglesa)

DDMT - Ingestão (Dose) Diária Máxima Teórica (TMDI, versão língua inglesa)

DGPC - Direcção Geral de Protecção das Culturas

DL50 - Dose Letal 50% (ou LD50, versão língua inglesa)

DPP - Directiva das Preparações Perigosas

DSEAO - Dose sem Efeito Adverso Observável

DSEO - Dose sem Efeito Observável

ECCO - Comissão Europeia de Coordenação (European Commission Co-Ordination )

EM - Estado-membro

EPI - Equipamento de Protecção Individual

EPR - Equipamento de Protecção Respiratória (máscara)

ETE - Exposição Teórica Estimada

HR - Humidade Relativa

IDA - Ingestão (Dose) Diária Aceitável (ADI, versão língua inglesa)

IS - Intervalo de Segurança

JO - Jornal Oficial da UE (ou OJ)

Kco - Coeficiente de adsorção ao carbono orgânico

Kd - Coeficiente de distribuição solo/água

Kom - Coeficiente de adsorção à matéria orgânica

LMR - Limite Máximo de Resíduo

LP - Lista Positiva (Anexo I da Directiva 91/414/CEE)

NAEO - Nível Aceitável de Exposição do Operador

NE - Nível de Exposição

A B R E V I AT U R A S

Page 98: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

NSEAO - Nível sem Efeito Adverso Observável

NSEO - Nível sem Efeito Observável

Pf - Produto fitofarmacêutico

pf - produto formulado

PI - Protecção Integrada

PU - Princípios Uniformes (Anexo VI da Directiva 91/414/CEE)

Qp - Quociente de perigo

RTE - Relação Toxicidade/Exposição (TER, versão língua inglesa)

sa - substância activa

SCPH - Standing Committee on Plant Health

TD50 - Taxa de Degradação 50%

TD90 - Taxa de Degradação 90%

VMD - Diâmetro Médio das gotas de calda (Volume Median Diameter)

Page 99: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

R E F E R Ê N C I A S

B i b l i o g r a f i a

01 Agrios, G. N. - Plant Pathology – 4th Ed. Academic Press, 634 p., 1997

02 Alfarroba, F. - Avaliação do comportamento e exposição no ambiente dos Pro-dutos fitofarmacêuticos: 101-136. Simp. Protecção das Plantas, Agricultura eAmbiente. Anipla - Lisboa, 1996

03 Amaro, P. - Protecção integrada. Ed. ISA/Press, 446 pp. Lisboa, 2003

04 Amaro, P. & Baggiolini, M. - Introdução à Protecção Integrada. 280 pp. Lisboa,1982

05 Anipla - http://www.anipla.com

06 Anipla - Normas para a Utilização Segura e Eficaz dos Produtos fitofarmacêu-ticos. Lisboa, 2000

07 Anipla - Normas para um Armazenamento Seguro de Produtos fitofarmacêuti-cos. Lisboa, 1998

08 Anipla - Normas para um Transporte Seguro de Produtos fitofarmacêuticos.Lisboa, 1998

09 Anónimo - Agricultura sustentável. Anipla - Lisboa, 2001

10 Anónimo - Cholinesterase inhibition – what’s blocking what ? Crop ProtectionNews, 7: 16. 1995

11 Anónimo - Crop Life International. Integrated Pest Management. Belgium, 2003

12 Anónimo - Decreto-Lei n.º 341/98: estabelece os Princípios Uniformes relati-vos à avaliação e autorização dos Produtos fitofarmacêuticos para a sua colo-cação no mercado. Diário da República n.º 255/98, I Série-A, 4. 11.1998

13 Anónimo - Decreto-Lei n.º 94/98: adopta as normas técnicas de execuçãoreferentes à colocação dos Produtos fitifarmacêuticos no mercado. Diário daRepública n.º 88/98, I Série-A, 15 .04. 1998

14 Anónimo - Directiva 91/414/CEE do Conselho, de 15 de Julho, relativa à colo-cação de Produtos fitofarmacêuticos no mercado. Jornal Oficial das Comuni-dades Europeias n.º L 230/1 de 19.08.1991

15 Anónimo - Food for Live. Southern Agricultural Chemicals Association, Dawson/Georgia, USA, 1993. In: Ciba-Geigy: Science Based Registration. Basel, 1996

16 Anónimo - Nações Unidas, 1999 - Prospectivas da população mundial, revi-são de 1998

17 Bates, J. A. R. - The role of ECCO teams in the implementation of EuropeanCouncil Directive 91/414 during 1996-1997. Pesticide Outlook: 22-25. June, 1998

18 Bayer Crop Science - Protecção das culturas: Manual de utilização. Lisboa, 2004

19 Bougeard, M. - Des indications à savoir déchiffrer. Phytoma, Hors série n.º 1 :24-25.1999

Page 100: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

100

20 Caetano, M. F. & Barroso, M. A. - Estratégias para uma utilização segura dosProdutos fitofarmacêuticos: 229 - 242. Simp. Protecção das Plantas, Agricultu-ra e Ambiente. Anipla - Lisboa, 1996

21 Campos, L. S. - O Jardim das Plantas (romance). Livraria Barata, Lisboa, 1994

22 Ciba - Terra e Vita n.º 22. Basel, 1995

23 Ciba-Geigy - Science Based Registration (workshop). Basel, 1996

24 Decoin, M. - Trouver adjuvant à son herbicide - un choix e une responsabilité.Phytoma, 442 : 10-13, 1997

25 Delorme, R., Leroux, P. & Gaillardon, P. - Evolutions des produits phytosanitairesà usage agricoles -III- Les insecticides-acaricides. Phytoma, 544 : 7-12, 2002

26 DGPC - http://www.dgpc.min-agricultura.pt

27 FAO - http://www. fao.org

28 Fernandes, E. & Reis, C. J. - Guia dos Produtos fitofarmacêuticos. Lista dosProdutos com Venda Autorizada. DGPC - Oeiras, 2004

29 Gaillardon, P., Leroux, P. & Delorme, R. - Evolutions des produits phytosanitai-res à usage agricoles - I- Les herbicides. Phytoma, 544 : 10-16, 2001

30 Green, J. - Adjuvant Outlook for Pesticides. Pesticide Outlook: 196-199. Octo-ber 2000

31 Henrier, J. - L’utilisation de Produits phytosanitaires: une balance avantages-risques. Phytoma, 467 : 6-8, 1994

32 Knowles, D. A. - Trends in the use of surfactants for pesticide formulations.Pesticide Outlook: 31-34, 1995

33 Knutson, R. D. et al. - Economic impacts of reduced Pesticide use on Fruits andVegetables; Agricultural and Food Policy Center at Texas A&M University, USA.In: Ciba-Geigy: Science Based Registration. Basel, 1996

34 Laycock, D. - Personal Protective Equipment for knapsack applications. Formaçãosobre Aplicação Segura e Eficaz de Produtos fitofarmacêuticos - Syngenta, 2004

35 Ledson, M. - Pulverizadores - teoria. Formação sobre Aplicação Segura e Efi-caz de Produtos fitofarmacêuticos - Syngenta, 2004

36 Ledson, M., Laycock, D. & Cochran, A. - Pulverizadores – prática. Formação sobreAplicação Segura e Eficaz de Produtos fitofarmacêuticos - Syngenta, 2004

37 Leroux, P., Delorme, R. & Gaillardon, P. - Evolutions des produits phytosanitai-res à usage agricoles - II- Les fongicides. Phytoma, 545 : 8-15, 2002

38 Lobo Ferreira, C., Oliveira, M. M., Moinante, M. J., Theves, T. & Diamantino, C. -Caracterização e avaliação da vulnerabilidade das águas subterrâneas dazona costeira de Portugal continental. Simp. Protecção das Plantas, Agricultu-ra e Ambiente: 177-192. Anipla - Oeiras, 1996

39 Lutz, R. F. - Seed treatment formulations(Internal communication), 34 p. Ciba-Geigy - Basel, 1992

40 Mauchamp, B. - Qué hay de Nuevo sobre los reguladores del crescimiento delos insectos ? Phytoma (España), 79 : 46-49. 1996

Page 101: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

REFERÊNCIAS

101

41 Michel, P. - Les Innovations Spétialités Commerciales. Phytoma, Hors série n.º 1:22-23. 1999.

42 Moreira, J. F. - Material de Aplicação de Produtos fitofarmacêuticos. DGPC.Oeiras, 1997

43 Moura, M. - Homologação de Produtos fitofarmacêuticos. Formação sobre Apli-cação Segura e Eficaz de Produtos fitofarmacêuticos - Syngenta, 2004

44 Moura, M. - Segurança para o Ambiente. Formação sobre Aplicação Segura eEficaz de Produtos fitofarmacêuticos - Syngenta, 2004

45 OEPP/EPPO - Guidelines on Good Plant Protection Practice. Bulletin 24: 233-240, 1994

46 Oerke, E. C. et al. - Avoidance of losses. University of Hanover, Germain 1993.In: Ciba-Geigy: Science Based Registration. Basel, 1996

47 Oliveira, A. B. G. - Avaliação do risco dos produtos fitofarmacêuticos para espé-cies não visadas. Simp. Protecção das Plantas, Agricultura e Ambiente: 137-160. Anipla - Oeiras, 1996

48 Schmitz, M. - Crop Protection: costs and benefits to Society and Economy. Agri-business Institute University of Gießen, Germany, 2001

49 Seabra, H.- Produtos fitofarmacêuticos. Legislação global. Simp. Protecçãodas Plantas, Agricultura e Ambiente: 16-30. Anipla - Oeiras, 1996

50 Secher, B. - Ciba Geigy efforts to promote IPM in Decidous Fruit. Insect ControlNewsletter, 2: 8. 1988

51 Smith, A. - Solvent-reduction feature: the ultimate solution. Agrow, 230: 24-26,1995

52 Smutz, P. - Introduction to Formulation Produtos Protecção de Plantas (Internalcommunication – 40 p.). Ciba-Geigy. Basel, 1986

53 Sobreiro, J. - O sistema de homologação Nacional e Comunitário dos Produ-tos fitofarmacêuticos. Simp. Protecção das Plantas, Agricultura e Ambiente:31-45. Anipla - Oeiras, 1996

54 Syngenta Crop Protection - Catálogo 2004. Lisboa, 2004

55 Taylor, C. - Keep food prices at affordable levels. Auburn University, USA, 1994.In: Ciba-Geigy: Science Based Registration. Basel, 1996

56 Teixeira, M. & Fernandes, E. - Guia dos Produtos fitofarmacêuticos. LMR deProdutos fitofarmacêuticos Autorizados em Portugal. DGPC - Oeiras, 2001

57 Vilas Boas, P. - Armazenagem em Segurança de Produtos fitofarmacêuticos.DGPC - Oeiras, 2003

58 Wall, R. E. - Bioherbicides - promises and prospects. Pesticide Outlook: 29-32.August, 1997

Nota: As Referências Ciba e Ciba-Geigy são hoje propriedade de Syngenta Crop Protection

Page 102: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura
Page 103: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

Í N D I C E

INTRODUÇÃO ................................................. 05

CAPÍTULO 1

O QUE SÃO PRODUTOSFITOFARMACÊUTICOS ......................... 09

DEFINIÇÃO ...................................................... 10

COMPOSIÇÃO ................................................. 11

O QUE É A FORMULAÇÃO? ......................... 12

O QUE SÃO ADJUVANTES? ........................... 14

CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOSFITOFARMACÊUTICOS ................................ 15

FUNGICIDAS ............................................. 16INSECTICIDAS .......................................... 18HERBICIDAS .............................................. 19

BENEFÍCIOS ASSOCIADOSAO SEU USO ..................................................... 21

EVENTUAIS RISCOS ....................................... 25

CAPÍTULO 2

A HOMOLOGAÇÃO DOS PRODUTOSFITOFARMACÊUTICOS ......................... 27

CIRCUITO AQUISIÇÃO – APLICAÇÃO ....... 28

DEFINIÇÃO E OBJECTIVOS .......................... 30

EXIGÊNCIAS LEGAIS ..................................... 31

ENQUADRAMENTO LEGALE PRINCIPAIS FIGURAS JURÍDICAS ........... 35

CAPÍTULO 3

MÉTODOS DE PROTECÇÃO OU MEIOSDE LUTA ..................................................... 41

LUTA LEGISLATIVA OU MEDIDASDE QUARENTENA FITOSSANITÁRIA ........ 42

LUTA GENÉTICA ............................................. 43

LUTA CULTURAL ........................................... 43

LUTA FÍSICA .................................................... 44

LUTA BIOLÓGICA ........................................... 44

LUTA BIOTÉCNICA ........................................ 46

LUTA QUÍMICA ............................................... 49

CRITÉRIOS DE ESCOLHA .............................. 49

CAPÍTULO 4

BOA PRÁTICA FITOSSANITÁRIA ............... 51

DEFINIÇÃO ...................................................... 52

A ESCOLHA DOS PRODUTOS FITO-FARMACÊUTICOS COMO SOLUÇÃO ........ 55

O RÓTULO DO PRODUTOFITOFARMACÊUTICO .................................. 56

SUA IMPORTÂNCIA ................................. 56PRINCIPAIS COMPONENTES ................. 57

A APLICAÇÃO DOS PRODUTOSFITOFARMACÊUTICOS ................................ 58

MÉTODOS DE APLICAÇÃO ................... 58VOLUMES DE CALDA E DÉBITOS ........ 59TAMANHO DAS GOTAS ......................... 60TIPOS DE BICOS ....................................... 62ALGUNS CONSELHOS BÁSICOS ........... 63CALIBRAÇÃO DO APARELHO .............. 64

MISTURA DE PRODUTOSFITOFARMACÊUTICOS ................................ 65

CARACTERÍSTICASINDIVIDUAIS DOS PRODUTOSFITOFARMACÊUTICOS .......................... 66COMPATIBILIDADES .............................. 67

CAPÍTULO 5

RISCOS, PRECAUÇÕES E SEGURANÇANA UTILIZAÇÃO DOS PRODUTOSFITOFARMACÊUTICOS ......................... 69

AVALIAÇÃO TOXICOLÓGICA ..................... 70

Page 104: Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura

UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS NA AGRICULTURA

104

CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOSFITOFARMACÊUTICOS E RESPECTIVOSSÍMBOLOS ................................................. 71FRASES DE RISCO(QUE APONTAM PARA O PERIGO) ...... 72FRASES DE SEGURANÇA(QUE DERIVAM DAS FRASESDE RISCO) .................................................. 73PERIGO E RISCO ....................................... 73

IMPACTE SOBRE A SAÚDE HUMANAE ANIMAL ........................................................ 73

RELACIONADO DIRECTAMENTECOM OS PRODUTOSFITOFARMACÊUTICOS .......................... 73Avaliação de risco ......................................... 74Gestão do risco ............................................. 74RELACIONADO COM OS RESÍDUOS DOSPRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS ... 75Intervalo de Segurança e LimiteMáximo de Resíduo ...................................... 75Avaliação de risco ......................................... 76Gestão do risco ............................................. 77

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTOE EXPOSIÇÃO NO AMBIENTEE NAS ESPÉCIES NÃO VISADAS .................. 78

SOLO ........................................................... 80ÁGUA .......................................................... 81AR ................................................................ 83ESPÉCIES NÃO VISADASE AVALIAÇÃO DE RISCOPARA O AMBIENTE ................................. 83GESTÃO DO RISCO .................................. 85

EQUIPAMENTO DE PROTECÇÃOINDIVIDUAL .................................................... 86

TRANSPORTE DE PRODUTOS FITO-FARMACÊUTICOS EM SEGURANÇA ......... 88

ARMAZENAMENTO DE PRODUTOSFITOFARMACÊUTICOSEM SEGURANÇA ............................................ 91

Glossário .......................................................... 93Abreviaturas .................................................... 97Referências ...................................................... 99