UTILIZAÇÃO DE REDES NEURAIS ARTIFICAIS PARA … · FERNANDO GUIMARÃES AGUIAR UTILIZAÇÃO DE REDES NEURAIS ARTIFICAIS PARA DETECÇÃO DE PADRÕES DE VAZAMENTO EM DUTOS Dissertação

Embed Size (px)

Citation preview

  • FERNANDO GUIMARES AGUIAR

    UTILIZAO DE REDES NEURAIS ARTIFICAIS PARA

    DETECO DE PADRES DE VAZAMENTO EM DUTOS

    Dissertao apresentada Escola de

    Engenharia de So Carlos da Universidade de

    So Paulo, como parte dos requisitos para

    obteno do Ttulo de Mestre em Engenharia

    Mecnica.

    rea de Concentrao: Trmica e Fluidos

    Orientador: Prof. Tit. Paulo Seleghim Jnior

    So Carlos

    2010

  • DEDICATRIA

    A minha amada me Mrcia Guimares, com muito carinho, admirao e gratido e

    a minha querida irm Carolina pelo eterno amor fraternal incentivo e admirao

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo primeiramente a Deus, por suas bnos e por me dar fora e confiana para

    superar as dificuldades encontradas.

    minha admirvel Me, pelo esforo rduo para prover a excelncia em estudo para

    mim, alm do imenso amor e carinho incondicional em todos os momentos da minha vida.

    A minha irm Carolina, pelo incentivo e por ser uma fonte de inspirao e incentivo

    para superar dificuldades, sempre me tratando com muito amor e carinho e tambm ao meu

    cunhado Guilherme.

    Ao meu professor orientador Paulo Seleghim Jnior, pela orientao durante este

    trabalho e pelos ensinamentos de vida durante os 6 anos de convivncia.

    Ao meu querido av Messias e minha querida av Jovenilia (in memoriam) pelo amor

    e carinho em toda minha vida.

    Aos meus tios e tias Antnio, Clia, Marden, Janete, Bakkar, Silvia e a todos os outros

    que mesmo distante me incentivaram e apoiaram em todos os momentos.

    Aos meus amigos e amigas Ennes, Camila, Celi, Amauri, Gustavo Rodrigo, Thais,

    Elma Ize, Marcus, Carlos Eduardo, Fabrcio, Ulisses, Tang, Leonardo, Diorginer, Jos

    Robeto, Alisson Gallo, Frederico Ribeiro e todos, que mesmo longe sempre estiveram

    presentes em minha vida, me apoiando, ajudando e incentivando com muitos momentos de

    alegria e companheirismo.

    Ao engenheiro Jorge Nicolau, aos tcnicos Roberto Prata e Luchesi e todos os

    funcionrios do NETeF, pelos ensinamentos, colaborao e incentivo neste trabalho.

    Escola de Engenharia de So Carlos Universidade de So Paulo, pela

    oportunidade de continuar e desenvolver meus estudos.

    todos os professores e colegas de departamento, que ajudaram na execuo e

    concluso deste trabalho.

    Enfim, a todos que tiveram envolvido direta ou indiretamente para o desenvolvimento

    dessa dissertao, os meus sinceros agradecimentos.

  • muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcanar triunfos e glrias, mesmo expondo-se a

    derrota, do que formar fila com os pobres de esprito que nem gozam muito nem sofrem

    muito, porque vivem nessa penumbra cinzenta que no conhece vitria nem derrota.

    Theodore Roosevelt

  • RESUMO

    AGUIAR, F. G. (2010). Utilizao de redes neurais artificiais para deteco de padres de

    vazamentos em oleodutos. Dissertao de Mestrado em Engenharia Mecnica, Escola de

    Engenharia de So Carlos Universidade de So Paulo.

    O presente trabalho tem como objetivo principal o desenvolvimento de um sistema de

    identificao do surgimento de vazamentos (rupturas) em dutos, atravs da anlise do sinal de

    sensores de presso de resposta rpida (frequncia de corte superior a 1 kHz). O

    reconhecimento do sinal de vazamento se realiza atravs de uma rede neural artificial feed-

    foward do tipo Perceptron Multi Camadas, previamente treinada. Neste trabalho, a

    implementao para tal operao foi feita off-line, mas devido ao baixo custo computacional

    pode ser facilmente implementada em eletrnica embarcada, em tempo real (on-line). Os

    resultados experimentais foram obtidos no oleoduto piloto do NETeF Ncleo de Engenharia

    Trmica e Fluidos da USP Universidade de So Paulo, com uma seo de testes com 1500

    metros e dimetro de 51,2 mm. Especificamente, os resultados foram obtidos com escoamento

    monofsico de gua. Os resultados mostram-se promissores, visto que o sistema de redes

    neurais artificiais foi capaz de discriminar 2 universos linearmente separveis, para sinais de

    vazamento e de no vazamento, para diversas vazes e localizaes de vazamentos simulados.

    Palavras-chave: Deteco de vazamento. Processamento de sinais. Redes neurais artificiais.

    Instrumentao.

  • ABSTRACT

    AGUIAR, F. G. (2010). The use of artificial neural networks for pattern detection of leaks in

    pipelines. MSc. Dissertation in Mechanical Engineering, Escola de Engenharia de So

    Carlos Universidade de So Paulo.

    The present dissertation deals with the development of a system to recognize abrupt leaks

    (ruptures) in pipelines, by analyzing the signal of fast response pressure sensors (cutoff

    frequency over then 1kHz). The recognition of the leak signal is established by an artificial

    neural network feed-forward Perceptron Multi Layer, previously trained. In the present work

    the implementation was performed off-line, but due to low computational costs, the neural

    network can be easily implemented in real time embedded electronics (online). The

    experimental results were obtained in a 1500 meter-long and 51.2 millimeter-diameter pilot

    pipeline at the Center of Thermal Engineering and Fluids. Specifically, the results were

    obtained with single-phase flow of water. The results have proven to be promising, as the

    trained neural network was capable of classifying the 2 types of signals into 2 linearly

    separable regions, for leakage signals and no leakage signals, for various flow rates and

    locations of simulated leaks.

    Keywords: Leak detection. Signal processing. Artificial neural networks. Instrumentation.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Modelo do neurnio artificial. .............................................................................. 33

    Figura 2 Modelo do Perceptron e sua correlao com o neurnio de McCulloch e Pitts. ... 35

    Figura 3 - Perceptron Multicamadas. (Figura Adaptada de SILVA (2008)). ......................... 38

    Figura 4 - Foto do Oleoduto Piloto Trifsico do NETeF/USP. .............................................. 47

    Figura 5 - Representao Esquemtica do Oleoduto Piloto Trifsico do NETeF/USP. .......... 48

    Figura 6 - Arquitetura da Aplicao do CompactRIO. .......................................................... 49

    Figura 7 - Topologia de Conexo do Sistema CompactRIO. ................................................. 50

    Figura 8 - Tela do software em LabVIEW que executado em um computador do tipo PC.

    ............................................................................................................................................ 51

    Figura 9 - Tela do software em LabVIEW que executado no controlador de tempo real (NI

    cRIO 9014). ......................................................................................................................... 52

    Figura 10 - Tela do software em LabVIEW que executado em FPGA (NI cRIO 9114). .. 52

    Figura 11 - Temporizaes programveis do software para execuo automtica dos

    experimentos. ....................................................................................................................... 53

    Figura 12 - Processo para obteno de resultados. ................................................................ 56

    Figura 13 - Sinal Experimental de Simulao de Vazamento. ............................................... 58

    Figura 14 - Componente AC dos Sinais Experimentais de Simulao de Vazamento da Figura

    13......................................................................................................................................... 59

    Figura 15 - Detalhe nos Sinais de Abertura de Vlvula das Simulaes de Vazamento da

    Figura 14. ............................................................................................................................ 60

    Figura 16 - Transformada de Fourier para o Sinal Vazamento (Abertura de Vlvula)

    Exemplificado na Figura 15. ................................................................................................ 61

    Figura 17 - Exemplo de Visualizao Grfica das Sadas da RNA. ....................................... 64

    Figura 18 - Tangente Hiperblica Sigmide. ........................................................................ 65

    Figura 19 - Topologia de RNA Perceptron Implementada. ................................................... 67

    Figura 20 - Curvas de Aprendizagem para Neurnios na Camada Escondida Iguais a 3, 5, 10 e

    20......................................................................................................................................... 68

    Figura 21 - Classificao dos Dados Utilizados para Treinamento da RNA com N1 = 10. .... 69

    Figura 22 - Histograma de Erro Quadrtico Mdio Absoluto dos Dados Utilizados para

    Treinamento da RNA com N1 = 10. ..................................................................................... 70

  • Figura 23 - Classificao dos Dados Utilizados para Validao Cruzada (Teste) da RNA com

    N1 = 10. ............................................................................................................................... 71

    Figura 24 - Histograma de Erro Quadrtico Mdio Absoluto dos Dados Utilizados para

    Validao Cruzada (Teste) da RNA com N1 = 10. ............................................................... 71

    Figura 25 - Classificao e Histograma de Erro Absoluto dos Dados Utilizados para

    Validao Cruzada com Relao Sinal-rudo de 5%. ............................................................ 73

    Figura 26 - Exemplo de um Sinal de Vazamento, Rudo e Abertura de Vlvula, com

    incremento de 5% de rudo (Freq. Inversor de 40Hz; P2; S2). .............................................. 73

    Figura 27 - Classificao e Histograma de Erro Absoluto dos Dados Utilizados para

    Validao Cruzada com Relao Sinal-rudo de 10%. .......................................................... 74

    Figura 28 - Exemplo de um Sinal de Vazamento, Rudo e Abertura de Vlvula, com

    incremento de 10% de rudo (Freq. Inversor de 40Hz; P2; S2). ............................................ 74

    Figura 29 - Classificao e Histograma de Erro Absoluto dos Dados Utilizados para

    Validao Cruzada com Relao Sinal-rudo de 20%. .......................................................... 75

    Figura 30 - Exemplo de um Sinal de Vazamento, Rudo e Abertura de Vlvula, com

    incremento de 20% de rudo (Freq. Inversor de 40Hz; P2; S2). ............................................ 75

    Figura 31 - Classificao e Histograma de Erro Absoluto dos Dados Utilizados para

    Validao Cruzada com Relao Sinal-rudo de 30%. .......................................................... 76

    Figura 32 - Exemplo de um Sinal de Vazamento, Rudo e Abertura de Vlvula, com

    incremento de 30% de rudo (Freq. Inversor de 40Hz; P2; S2). ............................................ 76

    Figura 33 - Classificao e Histograma de Erro Absoluto dos Dados Utilizados para

    Validao Cruzada com Relao Sinal-rudo de 40%. .......................................................... 77

    Figura 34 - Exemplo de um Sinal de Vazamento, Rudo e Abertura de Vlvula, com

    incremento de 40% de rudo (Freq. Inversor de 40Hz; P2; S2). ............................................ 77

    Figura 35 - Classificao e Histograma de Erro Absoluto dos Dados Utilizados para

    Validao Cruzada com Relao Sinal-rudo de 50%. .......................................................... 78

    Figura 36 - Exemplo de um Sinal de Vazamento, Rudo e Abertura de Vlvula, com

    incremento de 50% de rudo (Freq. Inversor de 40Hz; P2; S2). ............................................ 78

    Figura 37 - Classificao e Histograma de Erro Absoluto dos Dados Utilizados para

    Validao Cruzada com Relao Sinal-rudo de 60%. .......................................................... 79

    Figura 38 - Exemplo de um Sinal de Vazamento, Rudo e Abertura de Vlvula, com

    incremento de 60% de rudo (Freq. Inversor de 40Hz; P2; S2). ............................................ 79

    Figura 39 - Classificao e Histograma de Erro Absoluto dos Dados Utilizados para

    Validao Cruzada com Relao Sinal-rudo de 70%. .......................................................... 80

  • Figura 40 - Exemplo de um Sinal de Vazamento, Rudo e Abertura de Vlvula, com

    incremento de 70% de rudo (Freq. Inversor de 40Hz; P2; S2). ............................................ 80

    Figura 41 - Classificao e Histograma de Erro Absoluto dos Dados Utilizados para

    Validao Cruzada com Relao Sinal-rudo de 80%. .......................................................... 81

    Figura 42 - Exemplo de um Sinal de Vazamento, Rudo e Abertura de Vlvula, com

    incremento de 80% de rudo (Freq. Inversor de 40Hz; P2; S2). ............................................ 81

    Figura 43 - Classificao e Histograma de Erro Absoluto dos Dados Utilizados para

    Validao Cruzada com Relao Sinal-rudo de 90%. .......................................................... 82

    Figura 44 - Exemplo de um Sinal de Vazamento, Rudo e Abertura de Vlvula, com

    incremento de 90% de rudo (Freq. Inversor de 40Hz; P2; S2). ............................................ 82

    Figura 45 - Classificao e Histograma de Erro Absoluto dos Dados Utilizados para

    Validao Cruzada com Relao Sinal-rudo de 100%. ........................................................ 83

    Figura 46 - Exemplo de um Sinal de Vazamento, Rudo e Abertura de Vlvula, com

    incremento de 100% de rudo (Freq. Inversor de 40Hz; P2; S2). .......................................... 83

    Figura 47 - Diagrama de Blocos do software em LabVIEW que executado em um

    computador do tipo PC......................................................................................................... 93

    Figura 48 - Diagrama de Blocos do software em LabVIEW que executado no controlador

    de tempo real (NI cRIO 9014). ............................................................................................. 94

    Figura 49 - Diagrama de Blocos do software em LabVIEW que executado em FPGA (NI

    cRIO 9114). ......................................................................................................................... 95

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Posies Relativas dos Transdutores Bomba de gua. ...................................... 54

    Tabela 2 - Posies Relativas das Vlvulas Solenides (Vazamentos). ................................. 55

    Tabela 3 - Relao entre Simulao de Vazamento e Aquisio de Sinal. ............................. 56

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ASCII American Standard Code for Information Interchange

    ANP Agncia Nacional de Petrleo

    CAN Controller Area Network

    cRIO Compact RIO

    EESC Escola de Engenharia de So Carlos

    FPGA Field Programmable Gate Array

    Hz Hertz

    IA Inteligncia Artificial

    I/O Input and Output

    NETeF Ncleo de Engenharia Trmica e Fluidos

    NI National Instruments

    PAC Programmable Automation Controller

    PC Personal Computer

    PMC Perceptron Multi Camada

    RBF Radial Basis Function

    RNA Rede Neural Artificial

    RTOS Real Time Operational System

    RTTM Real Time Transient Modeling

    SCADA Supervisory Control and Data Acquisition

    USP Universidade de So Paulo

  • LISTA DE SMBOLOS

    dj Valor desejado para j-simo neurnio de sada da RNA

    E t Erro da sada da RNA

    E(k) Erro quadrtico para k-simo vetor de entrada da RNA

    () Erro quadrtico mdio para k-simo vetor de entrada da RNA

    fMAX Mxima freqncia contida em um sinal

    fSMIN Freqncia de Nyquist

    fS Freqncia de amostragem

    g( ) Funo de ativao da RNA

    Ilj Valor da entrada ponderada do j-simo neurnio da camada l

    MEDIA_Pl( ) Media do vetor Pl( )

    m e Vazo mssica a montante

    mp Inventrio do duto (massa contida no duto)

    m s Vazo mssica a jusante

    Nl Nmero de neurnios da l-sima camada da RNA

    Pl( ) Vetor Discreto do sinal de presso adquirido no experimento

    Pl_AC( ) Componente AC do vetor Pl( )

    Pl_DEC( ) Vetor Pl_AC( ) decimado

    Wlji Valor do peso sinptico conectado ao j-simo neurnio da camada l ao i-simo

    neurnio da camada (l-1);

    X Vetor de entradas da RNA

    xi i-sima entrada da RNA

    yd Vetor de sada desejada da RNA

    y(x) Vetor de sada calculada da RNA

    Yl Vetor de sada da l-sima camada da RNA

    Limiar

    lj Gradiente local para l-sima camada neural, referente ao j-simo neurnio

    Fator de Aprendizagem

  • SUMRIO

    RESUMO ............................................................................................................................ 11

    ABSTRACT ........................................................................................................................ 13

    1. INTRODUO ........................................................................................................... 27

    1.1. Objetivos ............................................................................................................... 28

    2. REVISO BIBLIOGRFICA ..................................................................................... 29

    2.1. Mtodos de Deteco de Vazamentos em Dutos..................................................... 29

    2.2. Redes Neurais Artificiais ....................................................................................... 32

    2.2.1. Breve Histrico das Redes Neurais Artificiais ................................................. 34

    2.2.2. Rede Perceptron Multicamadas e Algoritmo de Treinamento

    Backpropagation .......................................................................................................... 37

    3. METODOLOGIA ........................................................................................................ 47

    3.1. Circuito Experimental ............................................................................................ 47

    3.1.1. Oleoduto Piloto e Instrumentao ................................................................... 47

    3.1.2. Sistema de Controle e Aquisio de Dados ..................................................... 49

    3.2. Aquisio de Dados Experimentais ........................................................................ 50

    3.3. Aplicao de Redes Neurais Artificiais para Deteco de Vazamentos em Dutos ... 56

    3.3.1. Sistema de Controle e Aquisio de Dados ..................................................... 57

    3.3.2. Pr-processamento do Sinal Adquirido ........................................................... 57

    3.3.3. Treinamento da RNA com Sinais Experimentais.............................................. 62

    3.3.3.1. Classificao dos Sinais para Treinamento da RNA ................................. 62

    3.3.3.2. Topologia da RNA Utilizada.................................................................... 64

    3.3.4. Validao Cruzada do Treinamento da RNA ................................................... 65

    3.3.5. Toolbox de Rede Neural Artificial MATLAB.............................................. 66

    4. TESTES E RESULTADOS EXPERIMENTAIS .......................................................... 67

    4.1. Interferncia de Rudo no Sinal de Entrada ............................................................ 72

    5. CONCLUSES E PERSPECTIVAS............................................................................ 85

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .................................................................................. 87

    APNDICE A Diagrama de Blocos dos programas em LabVIEW para Controle da Planta

    e Aquisio de dados nos experimentos. ............................................................................... 93

  • 26

  • 27

    1. INTRODUO

    O transporte de petrleo e seus derivados em dutos (oleodutos, gasodutos e polidutos)

    uma maneira eficiente e econmica, quando se compara os custos de transporte de petrleo

    pela malha rodoviria, ferroviria ou martima, especialmente em longas distncias. A

    utilizao de dutos para transporte de produtos petroqumicos no recente. Em 1872 foi

    inaugurado o primeiro duto para transporte de gs nos Estados Unidos da Amrica, no estado

    da Pensilvnia, com 8 km de extenso e 2 de dimetro.

    No Brasil, a construo de oleoduto teve incio na dcada de 40, sendo que a dcada

    de 80 se caracterizou pelo grande nmero de projetos e construo de gasodutos no Brasil,

    devido ao aumento da utilizao de gs natural na indstria.

    Todavia, deve-se ressaltar que os riscos associados ao transporte de petrleo em dutos

    so muito altos. Um vazamento ou rompimento da tubulao pode acarretar danos

    irreparveis ao meio ambiente, em especial se o duto construdo em regies alagadas,

    submersas ou em reservas ambientais. Quanto ao aspecto financeiro, um levantamento da

    Agncia Nacional de Petrleo (ANP) estima-se que o prejuzo oriundo do vazamento de 1

    metro cbico de petrleo supera R$ 100.000,00. Ressalta-se tambm que a lei brasileira de

    crimes ambientais, que vigora sob o decreto de nmero 3.179 de 21 de setembro de 1999,

    severa com multas que podem chegar a at R$ 50.000.000,00.

    Segundo Papadakis, Porter e Wetting (1999), as principais causas de acidentes em

    oleodutos e gasodutos esto ligadas a falhas operacionais, corroso, movimentao do solo,

    fenmenos naturais e aes externas no intencionais ou no autorizadas (ligaes

    clandestinas, por exemplo).

    Neste contexto, diversas tcnicas para deteco de vazamentos em dutos vm sendo

    pesquisadas, a fim de evitar e/ou diminuir danos ao meio ambiente e perdas econmicas.

    Entretanto, destaca-se a citao de Stouffs e Michel (1993): Nenhum mtodo de deteco de

    vazamento universalmente aplicvel e os requisitos operacionais ditam qual o mtodo

    mais eficaz para o processo. Em geral, o ideal utilizar mais de um sistema independente de

    deteco de vazamento em oleodutos importantes, que mesmo escrita h 17 anos continua

    vlida e atual.

  • 28

    1.1.Objetivos

    Neste trabalho uma tcnica de deteco de vazamentos abruptos atravs da anlise do

    sinal transiente de presso (propagao acstica do sinal de vazamento), que utiliza uma rede

    neural artificial para identificar padres de vazamento no sinal transiente de presso

    aplicada a um duto com escoamento monofsico lquido.

    Em especfico, pretende-se identificar uma arquitetura de rede neural artificial, que

    seja treinada para classificar e diferenciar padres de vazamentos e de no-vazamentos, que

    so obtidos experimentalmente, em regies linearmente separveis.

  • 29

    2. REVISO BIBLIOGRFICA

    Neste captulo apresentada uma reviso bibliogrfica sobre os tpicos envolvidos

    neste trabalho, destacando-se o histrico e metodologias de deteco de vazamentos em dutos

    e o histrico e topologias de redes neurais artificiais.

    2.1.Mtodos de Deteco de Vazamentos em Dutos

    Problemas de corroso, fadiga, falhas de soldas, mudanas repentinas na presso e

    aes de terceiros podem afetar a integridade de um duto e provocar vazamentos de diversas

    propores, e de acordo com o produto transportado, isso pode representar graves prejuzos

    ambientais, alm da perda econmica. Diante disso, vrias tcnicas de deteco de

    vazamentos em dutos tm sido propostas e podendo estas ser classificadas em trs categorias,

    segundo Khomairi (2008): observacionais, baseados em hardwares e baseados em softwares.

    Os sistemas de deteco de vazamentos baseados em mtodos observacionais so os

    mais simples para realizar a deteco de vazamento, consistindo basicamente da inspeo

    visual (podendo utilizar cmeras de segurana, inspees areas, utilizao de cmeras infra-

    vermelhos). Estes mtodos so muito dependentes do fator humano e so geralmente

    aplicveis em dutos de pequeno comprimento que esto expostos em regies de fcil acesso.

    Os mtodos de deteco baseados em softwares so sistemas com um custo maior e

    requerem uma grande capacidade de processamento, e isso torna a utilizao proibitiva em

    oleodutos curtos. Comumente, um sistema de controle e aquisio de dados (do ingls

    Supervisory Control and Data Acquisition SCADA) usado para capturar dados do

    processo, como presso, vazo, temperatura, densidade, dentre outros e ento, os dados so

    analisados para detectar possveis vazamentos em oleodutos. Destacam-se os mtodos de

    balano de massa, anlise do transiente fluido dinmico, anlise inversa de transientes, anlise

    da transformada wavelet e mtodos de modelagem matemtica em tempo real.

  • 30

    Quanto ao mtodo de balano de massa, segundo Stouffs e Michel (1993) um

    vazamento pode ocorrer quando o erro da computao do balano de massa for superior ao

    limiar , sendo a computao do erro do balano de massa dada pela Equao 1.

    m e m s dmp

    dt (1)

    Onde m e e m s so os fluxos de massa na entrada e sada do duto e o termo dmp

    dt

    descreve a variao do inventrio do duto (do ingls, line pack). Matematicamente simples a

    teoria do balano de massa, todavia, o desafio calcular o inventrio do duto, devido a difcil

    modelagem da densidade do lquido de acordo com as variaes de presso e temperatura, que

    ocorrem tanto na direo longitudinal quanto na direo radial do duto, e tambm, tem-se a

    incerteza dos instrumentos de medio de massa nas extremidades do duto. Dentre as

    caractersticas do mtodo de balano de massa, destaque para o limite de deteco

    proporcional a vazo do duto (tipicamente 2%) e o grande tempo de resposta para deteco de

    vazamentos pequenos, podendo ser superior a 8 horas.

    Segundo Wang, et al. (2002), o mtodo de anlise do transiente fluidodinmico baseia-

    se no fato de que o evento de vazamento gera um sinal transiente amortecido. Esse transiente

    fluidodinmico pode ser modelado em termos de uma srie de Fourier. A magnitude de cada

    termo da srie de Fourier se reflete na dimenso do vazamento e, atravs da anlise da taxa de

    amortecimento dos termos das componentes da srie de Fourier, pode-se estimar a posio do

    vazamento.

    A anlise inversa de transientes uma metodologia aplicvel a tubulaes onde possa

    reproduzir um escoamento em regime permanente. realizada a modelagem da tubulao e o

    vazamento na tubulao pode ser tratado como um problema inverso, atravs da modelagem

    de vazo ou presso. A rea equivalente de possveis orifcios de vazamentos utilizada como

    varivel desconhecida na formulao do problema inverso. A rea calculada atravs da

    minimizao entre a varivel de processo media e o valor ideal calculado. Para minimizao

    pode ser utilizado algoritmos de clculo numrico convencionais, como no estudo de Liggett

    e Chen (1994), onde foi aplicado o algoritmo de Levenberg-Marquardt em uma rede de

    distribuio de gua, ou podem ser utilizados algoritmos genticos como exemplificado no

    trabalho de Wu e Sage (2006).

  • 31

    A aplicao de transientes em dutos pode tambm ser utilizada para deteco de

    vazamento. O mtodo de resposta ao impulso usado para resolver diretamente as equaes

    governantes de transiente de fluxo em dutos pressurizados, Analisando o domnio da

    freqncia. Para tal, calculado o espectro de freqncias de sensores de presso

    piezomtricos, comumente localizados em uma das extremidades de um duto. O espectro

    constitudo de dois termos principais, sendo o primeiro relacionado as caractersticas do

    sistema e outra relacionado as caractersticas do impulso (manobra utilizada para gerar o

    transiente). Em 2003, Ferrante e Brunone (2003) demonstraram que o vazamento pode ser

    detectado analisando a ocorrncia de descontinuidades no tempo, que podem ser atribudas ao

    sinal de vazamento refletido pelas ondas de presso.

    Mtodos de deteco de vazamentos baseados em modelagem de transientes em tempo

    real (equao de conservao da massa, quantidade de movimento e energia associada a

    equao de estado do escoamento), do ingls, Real Time Transient Modeling (RTTM), so

    compostos por um sistema eletrnico para aquisio de dados de presso e vazo em ambas

    extremidades de um segmento de duto. Um modelo de tempo real simula os transientes de

    presso e vazo da tubulao utilizando equaes de regime transiente. Ento, utiliza-se uma

    das grandezas medidas nas extremidades (presso ou vazo) como condio de contorno para

    calcular a outra grandeza modelada. O mtodo analisa a variao de presso e vazo entre os

    valores medidos e os valores modelados matematicamente e um desvio nesse clculo pode ser

    atribudo a um vazamento. Esse desvio obtido utilizado para estimar vazo do vazamento.

    Destaque para o trabalho de Hemande et al. (1995), que desenvolveu um sistema RTTM para

    um duto de etileno.

    Quanto aos mtodos de deteco baseados em hardware, so utilizados diferentes

    dispositivos eletrnicos para deteco e localizao de um vazamento, podendo ser

    classificados de acordo com o princpio de deteco. Destacam-se os mtodos de deteco de

    ondas de presso negativa e sistemas acsticos de deteco de vazamento.

    A deteco de vazamento atravs de onda de presso negativa baseada no fato de que

    no instante da ocorrncia do vazamento h uma queda de presso abrupta no local do

    vazamento, at que se atinja um novo perfil de presso no duto, ou um novo regime de

    presso estacionrio. O recente trabalho de Li e Sun (2009), formaliza a metodologia para

    deteco de vazamento atravs de onda de presso negativa e apesar de no relacionar os

    falsos alarmes, demonstra bons resultados quanto deteco e localizao de vazamentos,

    detectando vazamentos de 2% da vazo do duto e preciso de localizao de 98%.

  • 32

    Os mtodos acsticos de deteco de vazamento utilizam o fato de que na ocorrncia

    do vazamento gerado um transiente acstico, o qual propagado atravs de estruturas e

    fluidos ao longo da tubulao, podendo esse sinal ser captado por sensores acsticos, ou

    sensores de presses de resposta rpida (comumente sensores de presso piezoeltricos ou

    piezoresistivos com freqncia de corte superior a 1 kHz). Todavia o transiente acstico

    atenuado ao propagar-se ao longo da tubulao e para uma boa sensibilidade na deteco dos

    vazamentos, os sensores acsticos devem ser estrategicamente posicionados to prximos

    quanto possvel. So requeridas tcnicas de processamento de sinal para extrair informaes

    caractersticas do sinal de vazamento para ento, classificar o sinal como vazamento ou sinal

    de operao normal da tubulao. Este mtodo propicia a localizao do vazamento, caso seja

    possvel obter o tempo exato da deteco do sinal nos diferentes sensores acsticos ao longo

    da tubulao.

    Neste trabalho abordado o mtodo acstico de deteco de vazamento, sendo que

    proposto uma rede neural artificial, previamente treinada que seja capaz de extrair as

    caractersticas de um sinal de vazamento e distingui-lo de sinais operacionais do escoamento.

    2.2. Redes Neurais Artificiais

    Sistemas baseados em Inteligncia Artificial (IA) tem sido desenvolvidos e

    demonstrado resultados promissores e flexveis, tal como nos trabalhos de Simes (2000),

    para a classificao robusta variao de grandezas como iluminao ou brilho da cor para

    aplicao em futebol de robs; Goedtel (2007), desenvolvendo um estimador neural de

    velocidade de motores de induo trifsico a partir de variveis primrias de tenso e

    corrente; Selli (2007), para identificao de regimes de escoamentos bifsicos com um

    classificador neural analisando a transformada de Gabor do sinal de presso; Gaspar (2006)

    desenvolvendo um identificador de faces humanas utilizando redes neurais artificiais; dentre

    inmeros outros trabalhos, sendo aplicveis a diversas reas de engenharia, representando um

    domnio de pesquisa multidisciplinar, envolvendo alm de engenharia, fsica, matemtica,

    biologia, neurofisiologia, etc.

    Dentre as ferramentas que constituem a IA destacam-se os Algoritmos Genticos,

    Lgica Difusa e Redes Neurais Artificiais (FILIPATTI F., et al., 2000), sendo que este

    trabalho tem a utilizao focada em Redes Neurais Artificiais (RNA).

  • 33

    Conforme descrito por Selli e Seleghim (2007), em uma anlise matemtica, as RNA

    podem ser definidas como um mapeamento no linear de um vetor de espao de entrada para

    um vetor de espao de sada, que pode ser feito atravs de camadas de funes de ativao ou

    neurnios, nos quais coordenadas de entrada so somadas de acordo com o valor de seus

    respectivos pesos e bias para produzir uma sada simples, ativada ou no, de acordo com o

    respectivo nvel de disparo.

    importante salientar que essa anlise matemtica tem sua inspirao biolgica, pois

    o crebro constitudo por unidades funcionais, denominadas neurnios, que emitem

    impulsos eltricos em resposta a estmulos, tal como salientado por Timoszczuk (2004). Essas

    unidades so densamente interconectadas, resultando em uma arquitetura altamente complexa.

    Inspirados nessa arquitetura complexa, vrios modelos matemticos de neurnios artificiais

    foram desenvolvidos, refletindo o conhecimento biolgico sobre o funcionamento do crebro

    humano (TAGLIARINI G. A., et al., 1991).

    Segundo Guyon (1991), o neurnio artificial uma estrutura lgico-matemtica que

    procura simular a forma, comportamento e funes de um neurnio biolgico. Assim, os

    dendritos so substitudos por entradas, cujas ligaes com o corpo celular artificial so

    realizadas atravs de elementos chamados de peso (simulando as sinapses neuronais). Os

    estmulos so captados pelas entradas e processados pela funo de soma e o bias. O limiar de

    disparo do neurnio biolgico tem como analogia a funo de transferncia no neurnio

    artificial (CHUA L.O.; YANG L., 1988). A Figura 1 exibe uma representao do neurnio

    artificial.

    Figura 1 - Modelo do neurnio artificial.

  • 34

    2.2.1. Breve Histrico das Redes Neurais Artificiais

    As pesquisas sobre Redes Neurais datam de 1943 (PICCININI G., 2004) por

    McCulloch (fisiologista) e Pitts (matemtico) em um trabalho pioneiro, consistindo num

    estudo sobre o comportamento do neurnio biolgico objetivando a criao do modelo

    matemtico correspondente, com a interpretao do funcionamento do neurnio como sendo

    um circuito binrio (MCCULLOCH W. S.; PITTS W. H., 1943). O modelo matemtico do

    neurnio de McCulloch e Pittts capaz de separar duas entradas booleanas, todavia no

    possvel treinar os neurnios, pois no possuem parmetros livres. McCulloch e Pitts no

    desenvolveram nenhum mtodo para adaptar os pesos do neurnio em um processo de

    treinamento ou aprendizagem.

    Uma contribuio importante ocorreu em 1949 de autoria do neuro-psicologista

    Donnald Hebb (TEES R. C., 2002). Hebb props uma lei de aprendizagem especfica para a

    sinapse dos neurnios, demonstrando que a capacidade de aprendizagem das redes neurais

    vem da alterao da eficincia sinptica, isto , a conexo reforada somente se tanto as

    clulas pr-sinpticas quanto as ps-sinpticas estiverem excitadas, tal como citado no livro

    de Russell e Norvig em 1995 (RUSSELL S. J., NORVIG P., 1995). A Equao 2 expressa

    matematicamente o enunciado da lei de aprendizagem de Hebb.

    Wi = xi y(x) (2)

    Onde o fator de aprendizagem, xi a i-sima entrada do neurnio (valor do neurnio

    pr-simptico) e y(x) o valor do neurnio ps-simptico.

    Outra contribuio de grande importncia nas pesquisas com redes neurais foi a

    concepo do modelo denominado Perceptron, por Rosenblatt (1958), que consistia em um

    modelo cognitivo de unidades sensoriais (entradas) conectadas a uma nica camada de

    neurnios tal como o modelo de McCulloch e Pitts, acrescidos de sinapses ajustveis.

    Utilizando a lei de aprendizagem de Hebb, Rosenblatt demonstrou que essas redes poderiam

    ser treinadas para classificar padres de classes linearmente separveis o que uma grande

    limitao para utilizao prtica (GUYON I., 1991). A Figura 2 apresenta o modelo do

    neurnio Perceptron e sua correlao com o neurnio proposto por McCulloch e Pitts.

  • 35

    Figura 2 Modelo do Perceptron e sua correlao com o neurnio de McCulloch e Pitts.

    (Figura adaptada de GUYON I., 1991).

    Ainda em 1960, uma grande contribuio de Widrow e Hoff foi uma variao do

    algoritmo de aprendizagem do Perceptron (WIDROW B.; LEHR M. A., 1990), aplicando o

    conceito do erro mdio quadrtico, formulando o modelo Adaline, acrnimo do ingls

    (Adaptative Linear Element, podendo ser traduzido por Elemento Linear Adaptativo). Neste

    modelo proposto por Widrow, o ajuste dos pesos da rede realizado atravs de uma

    aproximao linear do clculo do gradiente de uma funo de erro quadrtica, atualmente

    conhecida como Regra Delta ou Regra de Widrow-Hoff. A Equao 3 expressa

    matematicamente o enunciado da Regra de Widrow-Hoff.

    E t = yd y(x) (3)

    W t + 1 = W t E(t)

    t (4)

    Onde t a iterao do treinamento, o fator de aprendizagem, yd a sada desejada,

    y(x) a sada do neurnio, W t so os pesos na iterao t e E(t)

    t o gradiente do erro na

    iterao t.

    Apesar do otimismo a respeito da capacidade de aprendizagem e reconhecimento de

    padres das redes neurais propostas por Rosenblatt, Widrow, dentre outros, em 1969 Marvin

    Minsky, juntamente com Seymour Papert publicaram sua monografia que refletiam o

  • 36

    ceticismo dos autores quanto aos conceitos das redes Perceptron e Adaline (KELEMEN J.,

    2007). Na monografia, Minsky e Papert provaram alguns teoremas matemticos a respeito dos

    limites do treinamento proposto por Rosenblatt e Widrow. Uma ilustrao simples que os

    modelos Perceptron e Adaline no so capazes de resolver dois operadores lgicos cruciais

    OU EXCLUSIVO e NO OU EXCLUSIVO (BORCHARDT F. L., 1988). Segundo

    Timoszczuk (2004), a publicao de Minsky e Papert colocou que no havia motivo aparente

    que redes formadas por mltiplas camadas de Perceptron ou Adaline pudessem superar as

    limitaes e ainda herdar as boas caractersticas das redes simples. Tais argumentos

    desmotivaram substancialmente os pesquisadores e reduziram drasticamente as pesquisas

    sobre RNA nas dcadas de 70 e 80.

    Apesar da considervel reduo nas pesquisas sobre RNA nas dcadas de 70 e 80,

    ocorreram notveis contribuies, podendo ser destacado o surgimento das redes auto-

    organizveis utilizando algoritmos competitivos no supervisionados. Em 1973 Von del

    Marlsburg apresentou um trabalho pioneiro, demonstrando o princpio da auto-organizao

    (MALSBURG V. D., 1973) e juntamente com Willshaw, publicaram em 1976 um artigo

    sobre a formao das redes auto-organizveis (WILLSHAW D. J.; MALSBURG V. D.,

    1976).

    Ainda na dcada de 70, outra importante contribuio foram os estudos pioneiros de

    Kohonen (KOHONEN T., 1972), Reid e Frame (REID R. J.; FRAME J. S., 1975) no

    desenvolvimento de modelos e mtodos de convergncia mapas auto-organizados tambm

    conhecidos como Mapa de Kohonen, sendo uma nova topologia de RNA que utiliza

    aprendizado no-supervisionado. Os mapas de Kohonen produzem uma representao

    discretizada clusterizada do universo de entrada, chamado mapas, muito conveniente para

    representar dados de vrias dimenses em um universo de poucas dimenses. Assim, os

    mapas de Kohonen so capazes de descobrir padres ou caractersticas especficas nos dados

    de entrada sem a interferncia do usurio.

    Na dcada de 80, juntamente com o advento de computadores com maior capacidade

    de clculo, ocorreu um novo impulso nas pesquisas de redes neurais. Destaca-se as pesquisas

    de Carpenter e Grossberg (1980), com a introduo dos conceitos da rede neural Adaptative

    Resonance Theory (ART) (CARPENTER G. A.; GROSSBERG S., 1988), sendo uma rede

    auto-organizvel cujo princpio a auto-definio dos seus parmetros, sendo mais uma rede

    de aprendizado no supervisionado. A primeira verso da rede ART proposta foi a rede ART1

    que trabalhava apenas com valores binrio. Posteriormente foi desenvolvida a rede ART2,

    cujos valores de entradas so contnuos. Tm sido desenvolvidas diversas sofisticaes e

  • 37

    variaes do modelo ART, como ART3, Fuzzy-ART, Fuzzy-MAP, dentre outros (CASTRO A.

    P. A.; SILVA J. D. S., 2002).

    Em 1982, outro trabalho de grande relevncia com enfoque pioneiro em redes

    recorrentes (HOPFIELD J. J., 1982), utilizando a idia da minimizao da funo de energia,

    apresentando uma rede, normalmente com camada nica, com conexes retro-alimentadas

    entre os neurnios. Deve-se ressaltar que a funo de energia deve ser associada a funo

    objetivo e tambm as restries fsicas e matemticas do problema a ser resolvido.

    Deve-se enfatizar que a dcada de 80 teve o pice das pesquisas de Redes Neurais

    Artificiais com o desenvolvimento do algoritmo backpropagation (ou retro-propagao em

    portugus), formalizado por Rumelhart, Hinton e Williams (RUMELHART D. E., et al.,

    1986) propiciando o treinamento de redes Perceptron Multi-camadas resultando em uma rede

    com grande poder de generalizao, possibilitando a implementao de diversas aplicaes,

    idealizadas at ento. Destaque para o trabalho de Broomhead com a implementao de redes

    neurais com funes de base radial (do ingls radial basis functions (RBF)), com excelente

    capacidade de aproximao (HUNT K. J., et al., 1996).

    2.2.2. Rede Perceptron Multicamadas e Algoritmo de Treinamento Backpropagation

    As redes Perceptron Multicamadas (PMC), so caracterizadas pela presena de

    mltiplas camadas de unidades bsicas de processamento do tipo Perceptron (GUYON I.,

    1991). O incremento de mais camadas neurais implica em um aumento na capacidade de

    processamento no linear e generalizao da rede neural. Assim, foram superadas as

    limitaes para o modelo do Perceptron e Adaline por Minsky e Papert em 1969.

    A rede PMC composta minimamente por 1 camada de entrada e 1 camada de

    neurnios de sada, sendo que entre essas camadas podem conter inmeras camadas

    intermedirias, tambm denominadas de camadas escondidas. Cada camada pode conter

    inmeros neurnios Perceptrons, sendo que as sadas dos neurnios de cada camada so as

    entradas dos neurnios da cama sub-sequente, desde a camada de entrada, at a camada de

    sada. Neste tipo de rede no h retro-alimentaes, pois a propagao do processamento

    neural unidirecional.

    As redes PMC possuem treinamento supervisionado, sendo que o algoritmo de

    treinamento visa ajustar os pesos da rede para, a partir de um conjunto conhecido de vetores

    de entrada para obter da rede um conjunto de sadas desejadas. A Figura 3 exemplifica uma

    rede Perceptron Multicamadas.

  • 38

    Figura 3 - Perceptron Multicamadas. (Figura Adaptada de SILVA (2008))1.

    Na Figura 3 tem-se a seguinte simbologia:

    N: Nmero de pontos do vetor de entrada X;

    X: Vetor de entrada da rede: X = [1, x1, x, , xN ]T ;

    Wlji: Valor do peso sinptico conectado ao j-simo neurnio da camada l ao i-

    simo neurnio da camada (l-1); Ressalta-se que nesta conveno o valor do

    peso Wlj0, para todos valores de l e j, teremos o valor do bias (ou limiar) de

    cada neurnio;

    Ilj: Valor da entrada ponderada do j-simo neurnio da camada l. Assim:

    I1j = W1ji Ni=0 ; para j = 1..N1 (5)

    I2j = W2ji 1N1i=0 ; para j = 1..N2 (6)

    1 Figura Adaptada das notas de aula da disciplina SEL5712 Redes Neurais Artificiais, ministrada pelo

    professor Tit. Dr. Ivan Nunes da Silva em 2008.

  • 39

    I3j = W3ji 2N2i=0 ; para j = 1..N3 (7)

    Generalizando para l camadas, teremos:

    Ilj = Wlji [l 1]N[l1]i=0 ; para j = 1..Nl (8)

    ylj: Valor da sada do j-simo neurnio da camada l. Assim:

    y1j = g(I1j); para j = 1..N1 (9)

    y2j = g(I2j); para j = 1..N2 (10)

    y3j = g(I3j); para j = 1..N3 (11)

    Generalizando para l camadas, teremos:

    ylj = g(Ilj); para j = 1..Nl (12)

    g( ): Funo de ativao do neurnio.

    Para treinamento das redes PMC utilizado o treinamento supervisionado atravs do

    algoritmo backpropagation, onde apresentado rede um conjunto de treinamento da rede

    neural, com pares de entrada e sada conhecidos. O vetor de entrada propagado camada a

    camada, at a camada de sada. O vetor de sada da rede ento comparado ao vetor de sada

    desejado, sendo a diferena entre ambas sadas (calculada e desejada) o erro de sada da rede.

    Esse erro ento retropropagado na rede, a fim de ajustar os pesos sinpticos para que

    a prxima iterao o erro de sada seja reduzido. Esse processo repetido para todos os pares

    do conjunto de treinamento da rede, at que o erro de sada aceitvel seja atingindo, e assim, a

    condio de parada do treinamento.

    As funes de erro empregadas como critrio de parada do processo de treinamento

    so: Erro Quadrtico que fornece o valor instantneo da soma dos erros quadrticos do

  • 40

    padro de treinamento de todos os neurnios da camada de sada , e Erro Quadrtico Mdio

    obtido a partir da soma dos erros quadrticos relativos a todos os padres de entrada

    utilizados no conjunto de treinamento. A Equao (13) expressa matematicamente o Erro

    Quadrtico para uma RNA com m camadas, enquanto a Equao (14) expressa

    matematicamente o Erro Quadrtico Mdio para um conjunto de treinamento com p pares de

    vetores de entrada e sada desejadas.

    E k =1

    2 (dj k ymj k )

    2Nmj=1 (13)

    EM =1

    p E(k)

    pk=1 (14)

    Logo, o objetivo do processo de treinamento backpropagation ajustar a matriz de

    pesos sinpticos da rede (matriz Wlji), visando minimizar o Erro Quadrtico Mdio. Esse

    ajuste divido em 2 casos: Ajuste dos pesos dos neurnios da camada de sada; Ajustes dos

    pesos dos neurnios das camadas escondidas.

    Desenvolvendo o mtodo backpropagation para a rede PMC da Figura 3, teremos:

    Ajuste dos pesos dos neurnios da camada de sada:

    Ajustam-se os pesos da camada de sada (3 camada neural) a partir da minimizao da

    funo de erro quadrtico mdio em relao aos pesos W3ji. Utilizando a regra de

    diferenciao em cadeia, tem-se:

    E(W3ji ) =E

    W3ji=

    E

    y3j

    y3j

    I3j

    I3j

    W3ji (15)

    I3j

    W3ji= y2i (16)

    y3j

    I3j= g (I3j) (17)

  • 41

    E

    y3j= (dj y3j) (18)

    Tendo g( ) uma funo montona, a derivada de 1 ordem no alterna de sinal em

    todo o domnio. Assim, substituindo as Equaes (16), (17) e (18) em (15), tem-se:

    E

    W3ji= (dj y3j)

    (3 ) 2 (19)

    Para minimizao, o ajuste deve ser realizado oposto ao gradiente do erro E(W3ji ).

    W3ji = E

    W 3ji= 3j 2 (20)

    Onde:

    3j = (dj y3j) (3 ) (21)

    Sendo a taxa de aprendizagem do algoritmo backpropagation e 3j definido como

    gradiente local.

    Assim, em uma anlise temporal, teremos:

    W3ji t + 1 = W3ji t + W3ji (t) = W3ji t + 3j 2 (22)

  • 42

    Ajuste dos pesos dos neurnios das camadas escondidas:

    Ajuste para 2 Camada Neural

    Ajustam-se os pesos da 2 camada neural a partir da minimizao da funo de erro

    quadrtico mdio em relao aos pesos W2ji. Utilizando a regra de diferenciao em cadeia,

    tem-se:

    E(W2ji ) =E

    W2ji=

    E

    y2j

    y2j

    I2j

    I2j

    W2ji (23)

    I2j

    W2ji= 1 (24)

    y2j

    I2j= (2 ) (25)

    E

    y2j=

    E

    I3k

    I3k

    y2j

    N3k=1 (26)

    Substituindo a Equao (7) em (26), teremos:

    E

    y2j=

    E

    I3k

    W3kj y2jN 2i=0

    y2j

    N3k=1 =

    E

    I3kN3k=1 W3kj (27)

    Substituindo as Equaes (17) e (18) em (27), teremos:

    E

    y2j=

    E

    I3kN3k=1 W3kj =

    E

    y3k

    y3k

    I3k N3k=1 W3kj

    = 3k N3k=1 W3kj (28)

  • 43

    Substituindo as Equaes (24), (25) e (28) em (23), tem-se:

    E(W2ji ) = 3k N3k=1 W3kj

    (2 ) 1 (29)

    Para minimizao, o ajuste deve ser realizado oposto ao gradiente do erro E(W2ji ).

    W2ji = E

    W 2ji= 2j 1 (30)

    Onde:

    2j = 3k N3k=1 W3kj

    (2 ) (31)

    Sendo a taxa de aprendizagem do algoritmo backpropagation e 2j definido como

    gradiente local.

    Assim, em uma anlise temporal, teremos:

    W2ji t + 1 = W2ji t + W2ji (t) = W2ji t + 2j 1 (32)

    Ajuste para 1 Camada Neural

    Ajustam-se os pesos da 1 camada neural a partir da minimizao da funo de erro

    quadrtico mdio em relao aos pesos W1ji. Utilizando a regra de diferenciao em cadeia,

    tem-se:

    E(W1ji ) =E

    W1ji=

    E

    y1j

    y1j

    1

    I1j

    W1ji (33)

  • 44

    I1j

    W1ji= (34)

    y1j

    I1j= (1 ) (35)

    E

    y1j=

    E

    2

    I2k

    y1j

    N2k=1 (36)

    Substituindo a Equao (6) em (36), teremos:

    E

    y1j=

    E

    I2k

    W2kj 1N 2i=0

    y1j

    N2k=1 =

    E

    I2kN2k=1 W2kj (37)

    Substituindo as Equaes (26) e (28) em (37), teremos:

    E

    y1j=

    E

    I2kN2k=1 W2kj =

    E

    y2k

    y2k

    I2k N2k=1 W2kj

    = 2k N3k=1 W2kj (38)

    Substituindo as Equaes (34), (35) e (38) em (33), tem-se:

    E(W1ji ) = 2k N2k=1 W2kj g

    (I1j) xi (39)

    Para minimizao, o ajuste deve ser realizado oposto ao gradiente do erro E(W1ji ).

    W1ji = E

    W1ji= 1j (40)

  • 45

    Onde:

    1j = 2k N2k=1 W2kj

    (1 ) (41)

    Sendo a taxa de aprendizagem do algoritmo backpropagation e 1j definido como

    gradiente local.

    Assim, em uma anlise temporal, teremos:

    W1ji t + 1 = W1ji t + W1ji (t) = W1ji t + 1j (42)

    Assim, aplica-se o ajustes dos pesos da camada neural de sada e o ajustes dos pesos

    das camadas neurais escondidas (2 e 1 camada neural) seqencialmente, at que o Erro

    Quadrtico Mdio atinja um valor desejvel para a aplicao.

    O algoritmo backpropagation pode ser sintetizado pelos seguintes passos:

    Definir conjunto de vetores de entradas (x(k) = [1, x1 , x2 , x3, , xN ]T)

    com N elementos e sadas desejadas (d(k) = [ d1, d2, d3, , dM ]T) com M

    elementos;

    Definir os parmetros da rede (nmero de camadas neurais, de neurnios,

    funes de ativao, parmetros de aprendizagem, funes de erro;

    Iniciar os as matrizes de pesos Wlji;

    REPITA:

    o PARA CADA PAR: X(k), d(k) FAA:

    Passo forward

    1 = 1 = g(W1ji ) (43)

    2 = 2 = g(W2ji 1) (44)

    = = g(Wlji (1)) (45)

    Passo backward

    Determinar l e ajustar Wlji

  • 46

    Determinar (l 1) e ajustar W(l 1)ji

    ...

    Determinar 1 e ajustar W1ji

    o FIM PARA

    o Calcular ()

    AT QUE | 1 | <

    A cada repetio do lao REPITA do algoritmo de treinamento tem-se 1 poca de

    aprendizagem da RNA.

  • 47

    3. METODOLOGIA

    3.1.Circuito Experimental

    Neste trabalho, todos os testes experimentais foram realizados no oleoduto piloto do

    laboratrio do Ncleo de Engenharia Trmica e Fluidos (NETeF) da Universidade de So

    Paulo (USP) em So Carlos, Brasil. Sero descritos nesta seo o oleoduto piloto e o sistema

    de instrumentao e aquisio de dados.

    3.1.1. Oleoduto Piloto e Instrumentao

    O oleoduto piloto trifsico (Figura 4) opera com misturas gs-lquido-lquido com

    seo de teste construda em ao galvanizado com 50,8 mm de dimetro e comprimento til

    de 1512 metros. Um sistema de tanques instalados jusante das sees de testes responsvel

    pela separao primria ar-lquido e, subseqentemente, pela separao lquido-lquido.

    Figura 4 - Foto do Oleoduto Piloto Trifsico do NETeF/USP.

  • 48

    Bombas centrfugas controladas por inversores de freqncia de 15kW (YASKAWA

    CIMR-P5U2011) recirculam as fases lquidas (Figura 5). Um compressor de parafuso de

    50kW assegura o suprimento de ar, cujo controle feito atravs de 3 posicionadores

    pneumticos de vlvulas (SMAR FY301) acoplados a vlvulas de controle (VALTEK P-15)

    instaladas em paralelo. Esta arquitetura foi adotada para permitir maiores variaes de escala

    nas estratgias de controle de vazo.

    Figura 5 - Representao Esquemtica do Oleoduto Piloto Trifsico do NETeF/USP.

    Quanto instrumentao do oleoduto piloto, tanto a montante quanto a jusante, esto

    instalados sensores e transmissores de vazo do tipo eletromagntico (ROSEMOUNT

    EMERSON 570TM) com fundo de escala de 23,76 m/h (396 l/min). A instrumentao

    tambm inclui transdutores de presso de resposta rpida (WIKA A10 com freqncia de

    corte superior de 5 kHz) para medida da perda de carga e aquisio do sinal acstico do

    escoamento, com fundo de escala de 16 bar.

    Os elementos primrios de atuao (inversores de freqncia e posicionadores

    pneumticos de vlvulas) so acionados a partir de estaes de transferncia

    automtico/manual (SMAR AM01P), que permitem o acionamento em modo manual atravs

    de seu painel frontal ou em modo automtico. O equipamento retransmite proporcionalmente

    em escala de 4 a 20 mA o sinal de entrada, podendo ser em escala de 0 a 5V ou de 4 a 20 mA,

    proveniente do mdulo Transdutor Atuador Controller Area Network (CAN) (ESEL

    TCAN002) com sada de 4-20 mA.

  • 49

    3.1.2. Sistema de Controle e Aquisio de Dados

    O conjunto de sinais a serem lidos pelo sistema de aquisio de dados composto por

    10 transmissores de presso, 2 transmissores de vazo e 22 vlvulas solenides distribudas ao

    longo do duto para simulao de vazamento em posies determinadas. O sistema de controle

    composto por 5 transdutores CAN/4-20mA que acionam os 2 inversores de freqncia e os

    3 posicionadores pneumticos de vlvula, atravs da estao de transferncia automtico

    manual.

    O sistema de controle e aquisio de dados gerenciado por um Controlador de

    Automao Programvel (do ingls Programmable Automation Controller (PAC)), que um

    hardware eletrnico da National Instruments (NI), denominado CompactRIO, sendo este

    um sistema de alta performance e confiabilidade. Aplicaes para CompactRIO utilizam trs

    processadores separados: um computador do tipo PC com sistema operacional Windows, um

    controlador com sistema operacional em tempo real (do ingls Real Time Operacional System

    (RTOS)) e um arranjo de portas programvel em campo (do ingls Field Programmable Gate

    Array (FPGA)), tal como exemplificado na Figura 6.

    Figura 6 - Arquitetura da Aplicao do CompactRIO.

    (Figura adaptada de NATIONAL INSTRUMENTS INC., 2008)

    O CompactRIO constitudo por mdulos de entradas e sadas (do ingls Input and

    Output Module(I/O)), um chassi de FPGA e um controlador de tempo real. Os mdulos de

    entrada e sada realizam a comunicao com equipamentos externos tais como sensores e

    atuadores e comunicam diretamente com o chassi de FPGA (Figura 7), podendo ser

  • 50

    integrados diversos mdulos de entradas analgicas e digitais. O chassi de FPGA permite a

    implementao de lgicas de controle especficas, em hardware, sendo que no chassi h um

    barramento de transferncia de dados. Atravs do duto de transferncia de dados possvel

    transmitir dados dos mdulos I/O para o controlador de tempo real, para anlises, ps-

    processamento, armazenamento do sinal ou comunicao com o computador atravs da rede

    Ethernet.

    O controlador de tempo real possui processador de ponto flutuante, comunicao

    Ethernet (com a aplicao em computador do tipo PC), porta serial e relgio em tempo real,

    para base de tempo em anlises e ps-processamento do sinal. Ainda, o controlador de tempo

    real possui interface para dispositivos de armazenamento de dados de alta capacidade do tipo

    PenDrive.

    Figura 7 - Topologia de Conexo do Sistema CompactRIO.

    (Figura adaptada de NATIONAL INSTRUMENTS INC., 2008)

    3.2.Aquisio de Dados Experimentais

    Para aquisio e armazenamento dos dados experimentais foram implementados 3

    programas em software LabVIEW. O primeiro executa em um computador do tipo PC

    (Figura 8), para interface com o usurio, onde so configurados os parmetros dos ensaios. O

    segundo (Figura 9) executa no controlador de tempo real (NI cRIO 9014), realizando o filtro

    dos dados do tipo Butterworth passa baixa e armazenamento dos dados em dispositivos de

  • 51

    alta capacidade do tipo PenDrive. Por fim, o terceiro (Figura 10) executa no FPGA (NI 9114),

    realizando a aquisio e controle dos dados a uma taxa de 100 Hz.

    Figura 8 - Tela do software em LabVIEW que executado em um computador do tipo PC.

  • 52

    Figura 9 - Tela do software em LabVIEW que executado no controlador de tempo real (NI

    cRIO 9014).

    Figura 10 - Tela do software em LabVIEW que executado em FPGA (NI cRIO 9114).

  • 53

    Para execuo dos testes foi utilizado um escoamento monofsico de gua, sendo que

    o software para execuo automtica dos testes realiza ciclicamente as seguintes operaes:

    i. define a freqncia da bomba de gua;

    ii. define a vlvula solenide que simula um vazamento;

    iii. aguarda o tempo de estabilizao do sistema (10 segundos);

    iv. inicia o armazenamento de dados ( 9 transdutores de presso (ver Tabela 1)) no

    PenDrive em arquivos ASCII separados por tabulao;

    v. aguarda tempo para abertura da vlvula solenide (60 segundos);

    vi. abre a vlvula solenide pr-definida;

    vii. aguarda tempo para fechamento da vlvula solenide (60 segundos);

    viii. fecha a vlvula solenide;

    ix. finaliza ensaio e aquisio de sinais.

    Mais detalhes das temporizaes programveis do software para execuo automtica

    dos testes so ilustrados na Figura 11. A disposio dos transdutores de presso, vazo e as

    vlvulas solenides podem ser visualizadas na Figura 5.

    Figura 11 - Temporizaes programveis do software para execuo automtica dos

    experimentos.

  • 54

    Tabela 1 - Posies Relativas dos Transdutores Bomba de gua.

    Sensores Posio Relativa (metros)

    FMI Medidor de Vazo da Entrada 15

    P1 Transdutor de Presso 1 143

    P2 Transdutor de Presso 2 263

    P3 Transdutor de Presso 3 387

    P4 Transdutor de Presso 4 508

    P5 Transdutor de Presso 5 632

    P6 Transdutor de Presso 6 878

    P7 Transdutor de Presso 7 1000

    P8 Transdutor de Presso 8 1123

    P9 Transdutor de Presso 9 1243

    P10 Transdutor de Presso 10 1367

    FMO Medidor de Vazo da Sada 1492

    Foram arbitradas 4 frequncias (30, 40, 50 e 60 Hz) de bomba. Devido a manutenes

    no oleoduto piloto, apenas 10 das 22 vlvulas de simulao de vazamento esto operantes

    (V2, V4, V6, V8, V10, V13, V15, V17, V19 e V21). Ainda, o sensor de presso P1 tambm

    est inoperante. Assim, constituiu um total de 40 ciclos de testes experimentais, sendo cada

    ciclo com durao de 180 segundos, totalizando a aquisio de 360 sinais de simulao de

    vazamento. A vazo mdia de cada experimento para as frequncias de bomba de 30, 40, 50 e

    60 Hz so respectivamente, 73.7, 100.4, 125.4 e 146.6 l/min. A abertura das vlvulas

    utilizadas para simulao de vazamento foram calibradas para fornecer uma vazo

    aproximada de 7 litros por minuto com o inversor de freqncia da bomba 30Hz.

  • 55

    Tabela 2 - Posies Relativas das Vlvulas Solenides (Vazamentos).

    Vlvulas Posio Relativa (metros)

    V1 Vlvula Solenide 1 100

    V2 Vlvula Solenide 2 142

    V3 Vlvula Solenide 3 185

    V4 Vlvula Solenide 4 266

    V5 Vlvula Solenide 5 344

    V6 Vlvula Solenide 6 387

    V7 Vlvula Solenide 7 430

    V8 Vlvula Solenide 8 511

    V9 Vlvula Solenide 9 589

    V10 Vlvula Solenide 10 631

    V11 Vlvula Solenide 11 674

    V12 Vlvula Solenide 12 835

    V13 Vlvula Solenide 13 878

    V14 Vlvula Solenide 14 921

    V15 Vlvula Solenide 15 1002

    V16 Vlvula Solenide 16 1080

    V17 Vlvula Solenide 17 1122

    V18 Vlvula Solenide 18 1165

    V19 Vlvula Solenide 19 1246

    V20 Vlvula Solenide 20 1324

    V21 Vlvula Solenide 21 1366

    V22 Vlvula Solenide 22 1410

    Como o ponto de aquisio de presso e simulao de vazamento o mesmo para os

    sensores P2, P3, P4, P5, P6, P7, P8, P9 e P10, e respectivamente para as vlvulas V4, V6, V8,

    V10, V13, V15, V17, V19 e V21, esses sinais de presso nos testes coincidentes foram

    desconsiderados na anlise. A Tabela 3 explicita a matriz de sinais adquiridos para cada

    freqncia da bomba (30, 40, 50 e 60Hz), sendo que as colunas em destaque exibem os

    sensores que capturam dados para cada simulao de vazamento.

  • 56

    Tabela 3 - Relao entre Simulao de Vazamento e Aquisio de Sinal.

    Vlvula

    Sensor

    V2

    V4

    V6

    V8

    V10

    V13

    V15

    V17

    V19

    V21

    P2

    P3

    P4

    P5

    P6

    P7

    P8

    P9

    P10

    3.3. Aplicao de Redes Neurais Artificiais para Deteco de Vazamentos em Dutos

    Neste trabalho, utiliza-se redes neurais artificiais do tipo Perceptron, sendo o

    treinamento realizado atravs do mtodo backpropagation (detalhado no item 2.2.2). O

    processo de aquisio dos dados, pr-processamento do sinal, treinamento e validao da rede

    neural aplicada so detalhados no fluxograma da Figura 12.

    Figura 12 - Processo para obteno de resultados.

  • 57

    3.3.1. Sistema de Controle e Aquisio de Dados

    O Sistema de controle e aquisio de dados est detalhado nos itens 3.2 e 3.3.

    Sucintamente, utiliza-se um PAC da National Instruments composto por um controlador de

    tempo real, um FPGA e mdulos de I/Os. A lgica do programa do PAC controla a freqncia

    do inversor controlador da bomba de gua e tambm aciona a vlvula solenide que simula o

    vazamento em posies pr-determinadas detalhadas na Figura 5. O PAC realiza a aquisio

    de sinais de 10 transdutores de presso a taxa de 100 Hz, armazenando os dados em um

    dispositivo do tipo PenDrive. Na lgica do programa, possvel executar experimentos com

    diferentes freqncias de aquisio, freqncias do inversor de freqncia, posies de

    vazamentos.

    3.3.2. Pr-processamento do Sinal Adquirido

    Um exemplo de sinal adquirido experimentalmente de uma simulao de vazamento

    est disposto na Figura 13. Os sinais experimentais so compostos por 2 componentes: 1)

    Componente DC, que expressa o valor em regime permanente; 2) Componente AC, que

    expressa o sinal transiente.

    A diferena de cotas altimtricas nos sensores de presso e a perda de carga do

    escoamento acarretam em uma diferena na presso esttica em cada sensor instalado no

    oleoduto piloto (ver Figura 5). Assim, extrado a componente DC do sinal atravs da

    subtrao da mdia do sinal, para centralizar todos os sinais e ento realizar uma anlise na

    componente AC do sinal. A Figura 14 exemplifica a componente AC extrada do sinal,

    experimental, exemplificado na Figura 13. As Equaes (46) e (47) expressam

    matematicamente o algoritmo para obteno do sinal AC do sinal experimental adquirido.

    MEDIA_Pl(i) =1

    N Pl(i)Ni=1 (46)

    Pl_AC i = Pl i MEDIA_Pl (47)

    Onde: Pl o vetor discreto do sinal de presso adquirido no ensaio; N nmero de

    amostras do experimento; Pl_AC a componente AC do vetor de sinal de presso.

  • 58

    Figura 13 - Sinal Experimental de Simulao de Vazamento.

  • 59

    Figura 14 - Componente AC dos Sinais Experimentais de Simulao de Vazamento da Figura

    13.

    Analisando o grfico da Figura 13, pode-se destacar 5 etapas no experimento de

    simulao de vazamento.

    i. Entre os instantes 0 6000 centsimos de segundo: Aguarda abertura de vlvula

    que simula vazamento;

    ii. Instante 6000 centsimos de segundo: Instante da abertura da vlvula que simula

    vazamento;

    iii. Entre os instantes 6000 12000 centsimos de segundo: Acomodao do sinal de

    vazamento;

    iv. Instante 12000 centsimos de segundo: Instante do fechamento da vlvula que

    simula vazamento;

  • 60

    v. Entre os instantes 12000 18000 centsimos de segundo: Acomodao do sinal de

    fechamento de vazamento.

    Para realizar uma anlise especfica para extrair caractersticas dos sinais de

    vazamentos, focaremos a anlise nos 1500 centsimos de segundos a partir do instante de

    abertura da vlvula que simula o vazamento. Assim, a Figura 15 exibe os sinais de vazamento

    dos experimentos exemplificados na Figura 14.

    Figura 15 - Detalhe nos Sinais de Abertura de Vlvula das Simulaes de Vazamento da

    Figura 14.

    Para realizar uma anlise espectral de um sinal, uma ferramenta muito utilizada a

    Transformada de Fourier, que consiste na decomposio do sinal em termos de senos e

    cossenos de diferentes freqncias caractersticas (COHEN L., 1995). Para um sinal discreto,

    utiliza-se a Transformada de Fourier Discreta, que est expressa na Equao (48).

  • 61

    X k = x n ej2 k1 (n1)/NNn=1 ; 1 k N (48)

    A Figura 16 apresenta uma anlise do espectro de freqncias, atravs do mdulo da

    transformada de Fourier para o sinal vazamento (abertura de vlvula) exemplificado na Figura

    15. Descries abrangentes sobre anlise no espao tempo-freqncia podem ser encontradas

    em COHEN L., 1995.

    Figura 16 - Transformada de Fourier para o Sinal Vazamento (Abertura de Vlvula)

    Exemplificado na Figura 15.

    Analisando a transformada de Fourier para os sinais de vazamento analisados, conclui-

    se que as freqncias caractersticas de vazamento, tipicamente so inferiores a 10 Hz para os

    sinais adquiridos neste trabalho. De acordo com o critrio da amostragem de Nyquist (LKE

    H., 1999) a taxa mnima de amostragem de um sinal (fsMIN) freqncia de Nyquist tal

    que a relao entre a mxima freqncia do sinal () e (fsMIN) seja superior a 2. Em

    termos matemticos temos:

  • 62

    fsMIN 2 fMAX (49)

    Logo, para MAX = 10, temos uma freqncia de Nyquist fsMIN = 20Hz. Os

    experimentos foram realizados a freqncia de amostragem = 100, assim tem uma

    freqncia de amostragem 5 vezes freqncia mxima, satisfazendo o critrio de Nyquist.

    Para uma diminuio no esforo computacional, os sinais experimentais foram

    decimados, sendo o fator de decimao igual a 4. Portanto, os sinais experimentais foram

    reamostrados em uma freqncia de aquisio de 25Hz. A Equao (50) exibe o algoritmo

    implementado efetivando a decimao e um filtro de mdia mvel, passa baixa de primeira

    ordem.

    Pl_DEC(i) =1

    5 Pl_AC j

    j=4i+2j=4i2 (50)

    Assim, pode-se resumir o pr-processamento do sinal como atravs das etapas de

    remoo da componente DC, decimao e filtragem (passa baixa) do sinal.

    3.3.3. Treinamento da RNA com Sinais Experimentais

    3.3.3.1.Classificao dos Sinais para Treinamento da RNA

    Os testes experimentais de simulao de vazamento foram executados em 10 vlvulas

    distintas (ver Tabela 2) e em 4 rotaes distintas da bomba, sendo que cada experimento foi

    registrado nos sensores de presso de resposta rpida de acordo com a Tabela 3. Ressalta-se

    que cada teste experimental composto inicialmente por um instante de rudo de fundo da

    linha, prosseguido por um instante de abertura da vlvula solenide e um instante de

    fechamento da vlvula solenide.

  • 63

    A partir das informaes experimentais, os sinais foram classificados em 3 classes:

    Vazamento (abertura da vlvula solenide)

    Fechamento de vazamento (fechamento da vlvula solenide)

    Rudo da linha (sem acionar a vlvula solenide)

    O sinais de fechamento de vazamento devem ser classificados como uma manobra

    operacional no duto. Para simplificar o treinamento da rede, padronizou-se que a classificao

    em somente 2 classes:

    Vazamento;

    No Vazamento (fechamento de vazamento e rudo da linha).

    Assim, tem-se um total de 324 sinais de vazamento e 648 sinais de no vazamento,

    sendo que destes, 75% dos sinais de vazamento e tambm 75% dos sinais de no vazamento

    foram utilizados para efetuar o treinamento da Rede Neural Artificial. Os demais sinais foram

    utilizados para efetuar a validao cruzada da RNA.

    A sada da RNA ser composta por 2 neurnios, que produziro uma sada do tipo (y1,

    y2), sendo que as sadas ideais para cada classe so:

    (1,-1) Vazamento;

    (-1,1) No Vazamento.

    Sintetizando, para uma visualizao grfica teremos dois eixos cartesianos y1 e y2,

    sendo que 1 em y1 indica vazamento, enquanto -1 em y1 indica no vazamento, e

    conseqentemente, 1 em y2 indica no vazamento, enquanto -1 em y2 indica vazamento.

    A Figura 17 exemplifica, em termos grficos, a sada da RNA para um vazamento e para um

    no vazamento.

  • 64

    Figura 17 - Exemplo de Visualizao Grfica das Sadas da RNA.

    3.3.3.2.Topologia da RNA Utilizada

    A definio da topologia de Rede Neural Artificial do tipo Perceptron a ser utilizada

    neste trabalho foi norteada pelo trabalho de Cybenko, que em 1989 demonstrou que regies

    de decises arbitrrias podem ser bem aproximadas por uma rede neural feedforward, com

    uma nica camada neural escondida, com funo de ativao sigmoidal e camada neural de

    sada com funo de ativao do tipo linear (GYBENKO G. V., 1989).

    Como os dados de entrada na rede so normalizados no conjunto [1; 1] , definiu-

    se a utilizao da funo tangente hiperblica sigmide para funo de ativao da camada

    neural escondida. A Equao (51) expressa matematicamente funo de ativao tangente

    sigmide.

    y x = 2

    1+e2x 1 (51)

  • 65

    Figura 18 - Tangente Hiperblica Sigmide.

    Assim, defini-se que sero testadas RNAs do tipo Perceptron feedforward, com uma

    camada escondida com funo de ativao tangente hiperblica sigmide e funo de ativao

    linear identidade para a camada de sada.

    3.3.4. Validao Cruzada do Treinamento da RNA

    A validao cruzada (do ingls Cross-validation) uma metodologia comumente

    utilizada para testar o poder de generalizao da uma rede neural artificial. Nesse contexto,

    deve-se particionar o conjunto de dados em 2 subconjuntos, sendo o primeiro com cerca de 70

    90% dos dados que utilizado somente para treinamento; e os demais dados constituem o

    segundo subconjunto que compem o conjunto de testes, para verificar se a rede neural est

    generalizando de forma satisfatria.

    Neste trabalho, os dados obtidos com o inversor de freqncia da bomba nas

    freqncias de 30, 50 e 60 Hertz sero utilizados para treinamento, enquanto os dados de

    40Hz sero utilizados para validao da RNA, representando uma classe de dados no

    apresentados para a RNA durante o treinamento. Assim, 75% dos dados so utilizados para

    treinamento e 25% para validao cruzada;

  • 66

    3.3.5. Toolbox de Rede Neural Artificial MATLAB

    O MATLAB (acrnimo do ingls MATrix LABoratory) um software de alta

    performance voltado para o clculo numrico, desenvolvido no final da dcada de 70,

    contendo constantes atualizaes e aperfeioamentos. O MATLAB integra a anlise

    numrica, clculo com matrizes, processamento de sinais e construo de grficos em um

    ambiente de fcil utilizao.

    O processo de criao, treinamento e simulao das redes neurais artificiais, foi

    desenvolvido no software MATLAB. Com um sistema iterativo e linguagem de

    programao para computao tcnica e cientfica em geral, o MATLAB permite a

    construo de "bibliotecas" de funes, denominada "toolboxes", que o tornam apto a resolver

    classes particulares de problemas (DEMUTH H.; et al., 2010).

    O "toolbox" de Redes Neurais do MATLAB possui ampla versatilidade e

    flexibilidade, haja visto que o seu uso possibilita a aplicao dos mais variados tipos de redes

    neurais alm de permitir a modificao de redes j existentes, como alteraes no nmero de

    camadas ou mesmo de algoritmos de treinamento com uma facilidade particular de insero.

  • 67

    4. TESTES E RESULTADOS EXPERIMENTAIS

    Foram analisadas 4 diferentes topologias de RNA para verificar a aplicabilidade das

    redes neurais treinadas. Em acordo com o item 3.3.3.2, todas as topologias so constitudas de

    1 camada neural escondidas com N1 neurnios e uma camada neural de sada com 2

    neurnios (ver Figura 19).

    No h uma frmula para determinar o nmero ideal para a quantidade de neurnios

    nas camadas escondidas. Os valores de N1 devem ser escolhidos de forma que se tenha baixo

    custo computacional (rede neural artificial com o mnimo de neurnios) e a minimizao do

    erro entre sada obtida na RNA e a sada desejada. Assim, aps a anlise dos resultados de

    um pr-estudo emprico com diferentes valores de N1, foram analisadas as topologias para os

    valores de N1 iguais a 3, 5, 10 e 20.

    Figura 19 - Topologia de RNA Perceptron Implementada.

    A Figura 20 apresenta as curvas de aprendizagem para o os diferentes valores de N1

    analisados. O critrio utilizado para treinamento um nmero mximo de 10000 pocas ou

    erro quadrtico mdio inferior a 0,0005. O treinamento finalizado quando um dos critrios

    atingido.

  • 68

    Figura 20 - Curvas de Aprendizagem para Neurnios na Camada Escondida Iguais a 3, 5, 10 e

    20.

    Com as curvas de aprendizado do treinamento das RNAs com os testes experimentais

    apresentadas na Figura 20, todas as curvas de aprendizado apresentam resultados satisfatrios,

    com erro mdio quadrtico prximo ao desejado, ao final das 10.000 pocas de treinamento.

    Para uma anlise mais detalhada dos resultados, utilizada a rede com 10 neurnios na

    camada escondida, vista que esta apresentou o menor erro mdio quadrtico no treinamento.

    Aps o treinamento da rede com N1 = 10, os dados de treinamento foram

    classificados. A Figura 21 apresenta a classificao dos dados experimentais utilizados para

    treinamento e pode-se observar que os dados de vazamento e no vazamento (rudo e

    fechamento de vlvula) so linearmente separveis, o que permite a utilizao de uma funo

    linear para efetuar a separao dos espaos.

  • 69

    Figura 21 - Classificao dos Dados Utilizados para Treinamento da RNA com N1 = 10.

    Para quantificar o erro absoluto de cada ponto classificado pela rede neural utilizada

    a distncia euclidiana da sada da rede (y1, y2 ) ao centride ideal vazamento (y1d, y2d)

    (1, -1) para vazamento; (-1, 1) para no vazamento. A Equao (52) expressa

    matematicamente o clculo do erro absoluto.

    erro = y1 y1d 2 + y2 y2d 2 (52)

    A Figura 22 apresenta um histograma do erro quadrtico mdio absoluto da sada da

    RNA, com os valores ideais para vazamento (1, -1) e no vazamento (-1, 1) onde se

    tem 99,7% dos dados experimentais classificados com erro absoluto compreendido entre 0 e

    0,2.

  • 70

    Figura 22 - Histograma de Erro Quadrtico Mdio Absoluto dos Dados Utilizados para

    Treinamento da RNA com N1 = 10.

    Para verificar a capacidade de generalizao da RNA, realizada a validao cruzada,

    onde so apresentados dados para serem classificados, que no foram utilizados para

    treinamento da rede. A Figura 23 apresenta a classificao dos dados de testes utilizados para

    validao cruzada. Tal como o resultado obtido nos dados utilizados para treinamento da

    RNA, pode-se observar que os dados de vazamento e no vazamento (rudo e fechamento de

    vlvula) so linearmente separveis, podendo utilizar uma funo linear para efetuar a

    separao dos espaos.

  • 71

    Figura 23 - Classificao dos Dados Utilizados para Validao Cruzada (Teste) da RNA com

    N1 = 10.

    Figura 24 - Histograma de Erro Quadrtico Mdio Absoluto dos Dados Utilizados para

    Validao Cruzada (Teste) da RNA com N1 = 10.

  • 72

    4.1. Interferncia de Rudo no Sinal de Entrada

    Visto que a RNA com 10 neurnios na camada escondida respondeu satisfatoriamente

    com os resultados obtidos na validao cruzada, realizou-se tambm uma anlise quanto

    interferncia de rudo no sinal de entrada na RNA. Para isso, foi adicionado aos sinais de

    validao cruzada da RNA rudos pseudo-randmicos uniformemente distribudos, onde foi

    variada a amplitude do rudo. Para anlise, foram avaliados sinais com taxa de relao sinal-

    rudo de 5, 10, 20, 30, 40, 50, 60, 70, 80, 90 e 100%.

  • 73

    Figura 25 - Classificao e Histograma de Erro Absoluto dos Dados Utilizados para

    Validao Cruzada com Relao Sinal-rudo de 5%.

    Figura 26 - Exemplo de um Sinal de Vazamento, Rudo e Abertura de Vlvula, com

    incremento de 5% de rudo (Freq. Inversor de 40Hz; P2; S2).

  • 74

    Figura 27 - Classificao e Histograma de Erro Absoluto dos Dados Utilizados para

    Validao Cruzada com Relao Sinal-rudo de 10%.

    Figura 28 - Exemplo de um Sinal de Vazamento, Rudo e Abertura de Vlvula, com

    incremento de 10% de rudo (Freq. Inversor de 40Hz; P2; S2).

  • 75

    Figura 29 - Classificao e Histograma de Erro Absoluto dos Dados Utilizados para

    Validao Cruzada com Relao Sinal-rudo de 20%.

    Figura 30 - Exemplo de um Sinal de Vazamento, Rudo e Abertura de Vlvula, com

    incremento de 20% de rudo (Freq. Inversor de 40Hz; P2; S2).

  • 76

    Figura 31 - Classificao e Histograma de Erro Absoluto dos Dados Utilizados para

    Validao Cruzada com Relao Sinal-rudo de 30%.

    Figura 32 - Exemplo de um Sinal de Vazamento, Rudo e Abertura de Vlvula, com

    incremento de 30% de rudo (Freq. Inversor de 40Hz; P2; S2).

  • 77

    Figura 33 - Classificao e Histograma de Erro Absoluto dos Dados Utilizados para

    Validao Cruzada com Relao Sinal-rudo de 40%.

    Figura 34 - Exemplo de um Sinal de Vazamento, Rudo e Abertura de Vlvula, com

    incremento de 40% de rudo (Freq. Inversor de 40Hz; P2; S2).

  • 78

    Figura 35 - Classificao e Histograma de Erro Absoluto dos Dados Utilizados para

    Validao Cruzada com Relao Sinal-rudo de 50%.

    Figura 36 - Exemplo de um Sinal de Vazamento, Rudo e Abertura de Vlvula, com

    incremento de 50% de rudo (Freq. Inversor de 40Hz; P2; S2).

  • 79

    Figura 37 - Classificao e Histograma de Erro Absoluto dos Dados Utilizados para

    Validao Cruzada com Relao Sinal-rudo de 60%.

    Figura 38 - Exemplo de um Sinal de Vazamento, Rudo e Abertura de Vlvula, com

    incremento de 60% de rudo (Freq. Inversor de 40Hz; P2; S2).

  • 80

    Figura 39 - Classificao e Histograma de Erro Absoluto dos Dados Utilizados para

    Validao Cruzada com Relao Sinal-rudo de 70%.

    Figura 40 - Exemplo de um Sinal de Vazamento, Rudo e Abertura de Vlvula, com

    incremento de 70% de rudo (Freq. Inversor de 40Hz; P2; S2).

  • 81

    Figura 41 - Classificao e Histograma de Erro Absoluto dos Dados Utilizados para

    Validao Cruzada com Relao Sinal-rudo de 80%.

    Figura 42 - Exemplo de um Sinal de Vazamento, Rudo e Abertura de Vlvula, com

    incremento de 80% de rudo (Freq. Inversor de 40Hz; P2; S2).

  • 82

    Figura 43 - Classificao e Histograma de Erro Absoluto dos Dados Utilizados para

    Validao Cruzada com Relao Sinal-rudo de 90%.

    Figura 44 - Exemplo de um Sinal de Vazamento, Rudo e Abertura de Vlvula, com

    incremento de 90% de rudo (Freq. Inversor de 40Hz; P2; S2).

  • 83

    Figura 45 - Classificao e Histograma de Erro Absoluto dos Dados Utilizados para

    Validao Cruzada com Relao Sinal-rudo de 100%.

    Figura 46 - Exemplo de um Sinal de Vazamento, Rudo e Abertura de Vlvula, com

    incremento de 100% de rudo (Freq. Inversor de 40Hz; P2; S2).

  • 84

    Pela anlise das Figuras 25, 27, 29, 31, 33, 35, 37, 39, 41, 43 e 45 comprova-se a

    robustez da RNA treinada, pois se observa que a RNA produz uma sada satisfatria

    classificando os vazamentos e no vazamentos em 2 regies distintas e linearmente

    separveis, atravs de uma funo identidade para uma relao sinal-rudo de at 50%.

    Para uma relao sinal-rudo igual ou superior a 60% o elevado nmero de

    vazamentos classificados na regio de no-vazamentos e tambm o nmero de no

    vazamentos classificados como vazamentos, tm-se que a RNA no produziu uma resposta

    satisfatria.

    As Figuras 26, 28, 30, 32, 34, 36, 38, 40, 42, 44, 46 exemplificam o sinal adquirido no

    sensor P2, para teste de vazamento na vlvula V2 e freqncia da bomba de 40Hz, somado a

    rudos, cuja relao sinal-rudo de 5, 10, 20, 30, 40, 50, 60, 70, 80, 90 e 100%,

    respectivamente.

  • 85

    5. CONCLUSES E PERSPECTIVAS

    Nesta dissertao foram estudados os fundamentos do funcionamento das redes

    neurais artificiais e apresentada uma tcnica para reconhecimento de um padres de

    vazamentos abruptos, utilizando uma rede neural Perceptron feed-forward com 2 camadas

    neurais, treinada como um classificador de sinais de vazamentos e no vazamentos, atravs do

    mtodo de aprendizado backpropagation.

    Foram realizados experimentos no oleoduto piloto do NETeF para capturar padres de

    vazamentos e no vazamentos (rudos de fundo da tubulao e sinais de fechamento de

    vlvula). Os padres de vazamento foram obtidos realizando o acionamento de uma vlvula

    solenide de abertura rpida.

    De acordo com os dados apresentados no item 4, em especial, nos resultados obtidos

    com a validao cruzada da rede neural, os resultados obtidos foram extremamente

    satisfatrios, tendo sido, neste caso, a rede neural artificial capaz de generalizar sinais de

    vazamento.

    Ainda, com os resultados obtidos no item 4.1, pde-se observar a robustez da rede

    quando a interferncia de rudos nos sinais de entrada.

    Devido ao baixo custo computacional para o processamento da rede neural em estudo,

    a mesma pode facilmente ser implementada em hardwares embarcados com processador de

    ponto flutuante, como por exemplo, o Programmable Automation Controller (PAC) utilizado

    para realizao dos experimentos deste estudo.

    Como sugesto para trabalhos futuros pode-se destacar 3 pontos de grande interesse:

    Obter resultados de diferentes padres, tais como partida e parada de bomba e golpes

    de arete no escoamento e analisar a robustez da rede para classificar tais padres

    como no vazamento.

    Estudar a eficincia de outras topologias de rede neural Perceptron feedforward, com

    diferentes nmeros de camadas escondidas e neurnios, bem como analisar redes

    neurais com funes de ativao de base radial, tais como RBF, para efetuar a

  • 86

    classificao de um padro de vazamento e comparar com os resultados obtidos neste

    trabalho;

    Analisar caractersticas dos sinais de vazamento, tais como, varincia, mdia, mdia

    quadrtica, transformada de Fourier, transformadas wavelets e inserir tais

    caractersticas como entradas da rede neural.

    Reconhecer sinal caracterstico de vazamento em transientes hidrulicos (partida e

    parada de bomba, dentre outros)

    De uma forma geral, o objetivo de estudar a aplicao de redes neurais multicamadas

    do tipo Perceptron para a classificao de um padro de vazamento foi atingido.

  • 87

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    BORCHARDT F. L. (1988). Neural Network Computing and Natural Language Processing.

    Calico Journal, v. 5, n. 4, p. 63-75.

    CARPENTER G. A.; GROSSBERG S. (1988). The ART of adaptative pattern recognition by

    self-organizing neural network. IEEE Computer Society, v. 21, n. 3, p. 77-88.

    CASTRO A. P. A.; SILVA J. D. S. (2002). Deteco de bordas com redes neurais BAM e

    ART. I Workshop dos Cursos de Computao Aplicada do INPE. 2002.

    CHUA L.O.; YANG L. (1988). Cellular neural networks: theory. IEEE Transactions on

    Circuits and Systems, v. 35, n. 10, p. 1257-1272.

    COHEN, L. (1995). Time-frequency analysis. New Jersey, Prentice-Hall.

    CYBENKO, G.V. (1989). Approximation by Superpositions of Sigmoidal Function.

    Mathematics of Control, Signals and Systems, v. 2, n. 4, p. 303-314.

    DEMUTH H.; BEALE M.; HAGAN M. (2010). Neural network toolbox Users guide,

    version 6.0.4. The Mathworks Inc., 901p.

    FERRANTE M.; BRUNONE B. (2003). Pipe system diagnosis and leak detection by

    unstead-state tests 2: Wavelet analysis. Advances in Water Resources, v.26, n 1, p. 107-116.

    FILIPATTI F.; FRANCESCHINI G.; TASSONI C.; VAS P. (2000). Recent developments of

    induction motor drives fault diagnosis using AI techniques. IEEE Transactions on Industrial

    Eletronics, v. 47, n. 5, p. 994-1004.

  • 88

    GASPAR, T. L. (2006). Reconhecimento de faces humanas usando redes neurais MLP.

    Dissertao (Mestrado) Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo,

    So Carlos. 2006.

    GOEDTEL, A. (2007). Estimador neural de velocidade para motores de induo trifsicos.

    Tese (Doutorado) Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo, So

    Carlos. 2007.

    GUYON I. (1991). Neural networks and applications tutorial. Physics Reports, v. 17 n. 3, p.

    215-259.

    HEMANDE, A.; CONDACSE, V.; MODISETTE J. (1995). New system pinpoints leak

    ethylene pipeline. Pipeline & Gas Journal, v. 222, n. 4, p. 38-41.

    HOPFIELD J. J. (1982). Neural networks and physical systems with emergent collective

    computational abilities. Proceedings of the National Academy of Sciences of the USA, v. 79,

    p. 2555-2558.

    HUNT K. J.; HAAS R.; SMITH R. M. (1996). Extending the functional equivalence of radial

    bases function net