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1 Graduada em Fisioterapia. 2 Orientadora. Graduada em Fisioterapia. Especialista em Metodologia do Ensino Superior. Utilização do Kinesio Taping na Condromalácia Patelar Rita de Cássia Abecassis Garcia 1 [email protected] Dayana Priscila Maia Mejia 2 Pós-Graduação em Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia_ Faculdade de Faipe Resumo A pesquisa refere-se à utilização do Kinesio Taping na Condromalácia Patelar, é um termo aplicado à perda de cartilagem envolvendo uma ou mais porções da patela; sua incidência na população é muito alta, aumentando conforme a faixa etária, sendo mais comum em pacientes do sexo feminino e com excesso de peso. Devido à natureza multifatorial da condromalácia, muitas têm sido as propostas de intervenção em fisioterapia para esta condição clínica. No entanto, reconhece-se que uma das estratégias mais utilizadas e aceites pela comunidade clínica seja o tape patelar. O intuito foi fazer uma análise bibliográfica, com o objetivo de evidenciar nesse contexto, a utilização do Kinesio Taping na Condromalácia Patelar. O presente estudo caracterizou-se por ser de revisão literária de bibliografias. Foram incluídos estudos que demonstrassem a utilização da Kenesio Taping na Condromalácia Patelar, ou que contribuíssem para o objetivo do presente estudo, publicados entre 2004 a 2014 na língua portuguesa. A presente pesquisa foi realizada desde fevereiro até dezembro de 2014. Ficou evidente na presente pesquisa que o Kinesio Taping tem sido uma estratégia amplamente estudada pela comunidade científica, pois consiste na aplicação de uma fita adesiva, no trajeto do músculo, promove estímulos mecânicos constantes na pele. Palavras-chave: Kinesio Taping. Condromalácia Patelar. 1. Introdução A articulação do joelho suporta o peso do corpo e transmite forças provenientes do solo, ao mesmo tempo permitindo uma grande quantidade de movimento entre os ossos nele envolvidos. Na posição estendida a articulação do joelho fica estável devido ao alinhamento vertical, à congruência a superfícies articulares e ao efeito da gravidade sobre a articulação. Em qualquer posição fletida a articulação do joelho fica móvel e requer estabilização especial da potente cápsula, ligamentos e músculos que a cercam (PONTEL, 2004). O autor citado acima relata ainda que os ligamentos que cercam o joelho sustentam a articulação passivamente, na medida que são carregados somente em tensão. Os músculos que suportam a articulação ativamente são também carregados na tensão e o osso oferece suporte e resistência às cargas compressivas. A estabilidade funcional da articulação deriva da restrição passiva dos ligamentos, da geometria articular, dos músculos ativos e das forças compressivas que empurram um osso contra o outro. De acordo com Freire et al., (2006) a condromalácia de patela é um termo aplicado à perda de cartilagem envolvendo uma ou mais porções da patela; sua incidência na população é muito alta, aumentando conforme a faixa etária, sendo mais comum em pacientes do sexo feminino e com excesso de peso. As causas de condromalácia incluem instabilidade, trauma direto, fratura, subluxação patelar, aumento do ângulo do quadríceps (ângulo Q), músculo vasto medial ineficiente, mau alinhamento pós-traumático, síndrome da pressão lateral excessiva e lesão do ligamento cruzado posterior (FREIRE et al, 2006).

Utilização do Kinesio Taping na Condromalácia Patelarportalbiocursos.com.br/ohs/.../310-UtilizaYYo_do_Kinesio...Patelar.pdf · A pesquisa refere-se à utilização do Kinesio Taping

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1 Graduada em Fisioterapia. 2 Orientadora. Graduada em Fisioterapia. Especialista em Metodologia do Ensino Superior.

Utilização do Kinesio Taping na Condromalácia Patelar

Rita de Cássia Abecassis Garcia1

[email protected] Dayana Priscila Maia Mejia2

Pós-Graduação em Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia_ Faculdade de Faipe

Resumo A pesquisa refere-se à utilização do Kinesio Taping na Condromalácia Patelar, é um termo aplicado à perda de cartilagem envolvendo uma ou mais porções da patela; sua incidência na população é muito alta, aumentando conforme a faixa etária, sendo mais comum em pacientes do sexo feminino e com excesso de peso. Devido à natureza multifatorial da condromalácia, muitas têm sido as propostas de intervenção em fisioterapia para esta condição clínica. No entanto, reconhece-se que uma das estratégias mais utilizadas e aceites pela comunidade clínica seja o tape patelar. O intuito foi fazer uma análise bibliográfica, com o objetivo de evidenciar nesse contexto, a utilização do Kinesio Taping na Condromalácia Patelar. O presente estudo caracterizou-se por ser de revisão literária de bibliografias. Foram incluídos estudos que demonstrassem a utilização da Kenesio Taping na Condromalácia Patelar, ou que contribuíssem para o objetivo do presente estudo, publicados entre 2004 a 2014 na língua portuguesa. A presente pesquisa foi realizada desde fevereiro até dezembro de 2014. Ficou evidente na presente pesquisa que o Kinesio Taping tem sido uma estratégia amplamente estudada pela comunidade científica, pois consiste na aplicação de uma fita adesiva, no trajeto do músculo, promove estímulos mecânicos constantes na pele. Palavras-chave: Kinesio Taping. Condromalácia Patelar.

1. Introdução

A articulação do joelho suporta o peso do corpo e transmite forças provenientes do solo, ao mesmo tempo permitindo uma grande quantidade de movimento entre os ossos nele envolvidos. Na posição estendida a articulação do joelho fica estável devido ao alinhamento vertical, à congruência a superfícies articulares e ao efeito da gravidade sobre a articulação. Em qualquer posição fletida a articulação do joelho fica móvel e requer estabilização especial da potente cápsula, ligamentos e músculos que a cercam (PONTEL, 2004). O autor citado acima relata ainda que os ligamentos que cercam o joelho sustentam a articulação passivamente, na medida que são carregados somente em tensão. Os músculos que suportam a articulação ativamente são também carregados na tensão e o osso oferece suporte e resistência às cargas compressivas. A estabilidade funcional da articulação deriva da restrição passiva dos ligamentos, da geometria articular, dos músculos ativos e das forças compressivas que empurram um osso contra o outro. De acordo com Freire et al., (2006) a condromalácia de patela é um termo aplicado à perda de cartilagem envolvendo uma ou mais porções da patela; sua incidência na população é muito alta, aumentando conforme a faixa etária, sendo mais comum em pacientes do sexo feminino e com excesso de peso. As causas de condromalácia incluem instabilidade, trauma direto, fratura, subluxação patelar, aumento do ângulo do quadríceps (ângulo Q), músculo vasto medial ineficiente, mau alinhamento pós-traumático, síndrome da pressão lateral excessiva e lesão do ligamento cruzado posterior (FREIRE et al, 2006).

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Devido à sua natureza multifactorial, muitas têm sido as propostas de intervenção em fisioterapia para esta condição clínica. No entanto, reconhece-se que uma das estratégias mais utilizadas e aceites pela comunidade clínica seja o tape patelar. De acordo com a autora, os objetivos da aplicação do tape baseiam-se em dois pontos essenciais: 1) na correção da patela dentro da tróclea femural, promovendo um aumento das áreas de contato e diminuindo o stress articular, resultando numa diminuição da intensidade da dor e 2) facilitar a atividade (intensidade e recrutamento) do VIO através da sua influência na relação comprimento-tensão do tecido muscular (JARDIM, 2008). Esse estudo busca subsídios teóricos, para que seja realizada de forma segura e efetiva, evidenciando nesse contexto, a utilização do Kinesio Taping na Condromalácia Patelar, haja vista que, no contexto social e no processo saúde-doença, é de grande interesse social a busca da melhoria da qualidade de vida desses pacientes. 2. Fundamentação Teórica 2.1 Anatomia do joelho

A articulação do joelho é a maior e uma das mais complexas articulações do corpo. Ela é uma articulação em dobradiça sinovial, que satisfaz os requisitos de uma articulação de sustentação de peso, permitindo livre movimento em um plano somente combinado com considerável estabilidade, particularmente em extensão (MULLER, 2006). O autor citado acima relata ainda que geralmente estabilidade e mobilidade são funções incompatíveis na maioria das articulações sacrificando uma pela outra. Entretanto, no joelho ambas as funções são executadas pela interação de ligamentos, músculos e movimentos complexos de deslizamento e rolamento nas superfícies articulares.

2.1.1 Ossos do joelho

As partes ósseas da articulação do joelho incluem o fêmur distal, a tíbia proximal e a patela. Sua estrutura é complexa, pois consiste em três articulações: uma intermediária entre a patela e o fêmur, outra lateral e a terceira medial entre os côndilos femorais e tibiais. As faces articulares são os grandes côndilos curvos do fêmur, os côndilos achatados da tíbia e as facetas da patela (GUAITANELE, 2004; LIMA e JAYME, 2004; GARRIDO et al, 2011; MASCARENHAS et al, 2010).

Fonte: http://cesarmartins.com.br/?area=cartilagem Figura 1: Ossos do Joelho

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2.1.2 Ligamentos do joelho

De acordo com Cirimbelli (2005), os ligamentos unem os ossos que compreendem uma articulação. Dão estabilidade e permitem o movimento desta articulação. Não podem resistir ao movimento, mas fornecem um controle contra instabilidade na amplitude máxima de movimento da articulação.

[...] os ligamentos cruzados (do latim crux, cruz) anterior e posterior conferem controle e estabilidade ao joelho durante os movimentos inteiros de flexão e de extensão. Estes recebem o seu nome porque formam uma cruz quando vistos de lado ou de frente. Os ligamentos cruzados anterior e posterior estendem-se do osso adjacente à fossa intercondilar do fêmur até a tíbia, na frente e atrás da eminência intercondilar, respectivamente. Os ligamentos cruzados são considerados estruturas intra-articulares, embora sejam localizados fora da cápsula sinovial, sendo denominados de acordo com suas inserções relativas à tíbia. Os ligamentos colaterais medial (tibial) e lateral (fibular) impedem movimento passivo do joelho no plano frontal. Secundariamente, os ligamentos colaterais restringem desvio anterior e posterior da tíbia bem como rotação quando o joelho é estendido (CIRIMBELLI, 2005).

Fonte: http://www.drmarcospaulopires.com.br/Joelho.aspx Figura 2: Ligamentos do Joelho

2.1.3 Músculos e tendões

De acordo com Lima (2007), os quatro extensores do joelho consistem em reto da coxa, vasto intermédio, vasto lateral e vasto medial são coletivamente conhecidos como quadríceps femoral. O ligamento da patela (também conhecido como ligamentum patellae, tendão patelar e tendão infrapatelar) é a extensão do complexo muscular do quadríceps desde o pólo inferior da patela até a tuberosidade da tíbia, na parte ântero-posterior [...]

[...] o tendão de inserção destas porções do músculo quadríceps da coxa é o mesmo que serve à inserção do músculo reto da coxa. O ligamento patelar, que se estende do ápice da patela à tuberosidade da tíbia, é, na verdade, a extremidade distal do tendão do quadríceps. Este tendão emite fortes expansões fasciais, os retináculos medial e lateral da patela, que unem seus lados e o ligamento patelar aos côndilos femorais e tibiais e ajudam a formar a cápsula da articulação do joelho.

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Fonte: http://fernandacristofolini.com.br/

Figura 3: Músculos do Joelho

Os principais flexores do joelho consistem em três grandes músculos femorais, coletivamente conhecidos como músculos isquiotibiais da coxa: bíceps femoral, semitendíneo e semimenbranáceo. Os músculos isquiotibiais atravessam tanto a articulação do joelho como a do quadril e, portanto, têm função não apenas como flexores do joelho, mas também extensoras do quadril [...]

[...] na flexão da perna ela pode tocar a face posterior da coxa, sendo a extensão o retorno do segmento de qualquer grau de flexão. A extensão é, obviamente, menos ampla. Outros músculos que compõem a flexão do joelho são: gastrocnêmio, poplíteo e o trato iliotibial (Dangelo e Fattini, 2004 apud Lima 2007).

2.1.4 Biomecânica femoropatelar A articulação femoropatelar é constituída pela face patelar (fêmur) e a face posterior da patela, esses dois ossos precisam funcionar em perfeita harmonia para que haja não só um bom deslizamento da patela sobre o fêmur, mais também para que os côndilos femorais possam rolar, deslizar e rodar sobre o platô tibial [...]

[...] O perfeito funcionamento femoropatelar será influenciado vigorosamente pelos estabilizadores estáticos (estruturas não contráteis) e dinâmicos (estruturas contráteis) da articulação. A patela se desloca constantemente nos movimentos ativos do joelho, movimentando-se, em um padrão com um formato de “C”. No plano frontal em extensão do joelho a 0 graus começa supero – lateral, a partir dos primeiros 40 graus de flexão a patela tornar-se mais inferiorizada e medializada. No plano sagital a patela sofre uma flexão de 65 a 75 graus, que ocorre depois da flexão da tíbia. As áreas de contato da patela com o fêmur serão estabelecidas de acordo com o ângulo de flexão do joelho e pela força de contração excêntrica do quadríceps. Na flexão do joelho o quadríceps produz uma força dirigida para cima, enquanto o tendão patelar suporta essa força em sentido oposto. A resolução dessas forças,origina uma resultante no sentido posterior, que provoca o aumento da compressão da patela com o fêmur. Em ângulos inferiores a 30 graus, a compressão femoropatelar diminui (VEIGA, 2007).

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Fonte: http://fernandacristofolini.com.br/ Figura 4: CondrBiomecânica

2.2 Condromalácia

O termo condromalácia é utilizado para definir uma doença inflamatória e degenerativa que acomete a cartilagem da patela. Atinge mais comumente mulheres e adultos jovens e está intimamente relacionado ao tipo de atividade física e/ou ao encurtamento muscular dos membros inferiores (isquiotibias) (SILVA et al, 2004).

Fonte: http://ozoneoil.blogspot.com.br/2014/01/tratamento-de-joelhos-e-articulacoes.html

Figura 5: Condromalácia

2.2.1 Classificação Segundo MONNERAT et al, (2010), a classificação descrita por Outerbridge (1961), existem 4 níveis de condromalácia patelar, de acordo com o estágio de deterioração da cartilagem:

- I - amolecimento da cartilagem e edemas - II - fragmentação de cartilagem ou fissuras com diâmetro - III - fragmentação ou fissuras com diâmetro > 1,3cm - IV - erosão ou perda completa da cartilagem articular, com exposição do osso subcondral.

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Fonte: http://fernandacristofolini.com.br/ Figura 6: Condromalácia patelar

2.2.2 Quadro clínico De acordo com Ramos (2011), os principais sintomas podem ser: dor na região anterior do joelho (atrás da patela) ao subir e descer escadas ou mesmo ladeiras, aos exercícios físicos, ao levantar de uma cadeira, ao agachar-se e até mesmo ao manter o joelho flexionado por períodos prolongados; crepitação e estalidos atrás da patela ao flexionar e extender o joelho, por vezes audíveis; edema e derrame articular que são ocasionados pelo acúmulo excessivo de líquido sinovial formado no processo inflamatório.

Fonte: http://fernandacristofolini.com.br/ Figura 7: Condromalácia patelar

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2.2.3 Etiologia As causas da condromalácia envolvem alterações de alinhamento da patela, que excursiona fora do local adequado, ocasionando atrito entre sua superfície articular e a superfície articular do fêmur, desse modo provocando “desgaste” [...]

[...] Tais alterações de alinhamento muitas vezes estão relacionadas à desequilíbrios da musculatura do quadríceps como atrofias, hipotrofias e encurtamentos musculares; variações anatômicas tanto do fêmur como da patela (rotação interna femural, tróclea rasa, patela alta, ...). Também estão correlacionados microtraumatismos de repetição, bastante comuns em esportes de impacto (futebol, vôlei, basquete, ...). Deve ainda ser citada a chamada causa idiopática, quando não são identificadas alterações anatômicas que justifiquem o desenvolvimento da doença (MONNERAT et al, 2010).

2.2.4 Diagnóstico Nos pacientes jovens, as lesões da cartilagem, se não forem diagnosticadas e tratadas, podem resultar em osteoartrose prematura. Utilizando-se a radiografia simples e a tomografia computadorizada, consegue-se diagnosticar lesões condrais, indiretamente, pela presença de osteófitos, cistos e esclerose subcondrais e redução do espaço articular, e injetando-se contraste intra-articular é possível, por meio destes dois métodos, demonstrar diretamente lesões condrais, notadamente pela tomografia computadorizada. A ressonância magnética, com seu excelente contraste de partes moles, é a melhor técnica de imagem disponível para estudo das lesões de cartilagem (FREIRE et al, 2006).

Fonte: http://fernandacristofolini.com.br/ Figura 8: Ressonância

2.3 Tratamento Devido à natureza multifatorial da condromalácia, muitas têm sido as propostas de intervenção em fisioterapia para esta condição clínica. No entanto, reconhece-se que uma das estratégias mais utilizadas e aceites pela comunidade clínica seja o tape patelar [...]

[...] os objetivos da aplicação do tape baseiam-se em dois pontos essenciais: 1) na correção da patela dentro da tróclea femural, promovendo um aumento das áreas de contato e diminuindo o stress articular, resultando numa diminuição da intensidade da dor e 2) facilitar a atividade (intensidade e recrutamento) do vasto interno oblíquo através da sua influência na relação

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comprimento-tensão do tecido muscular. Ao longo dos anos estes pressupostos tem suscitado um enorme interesse por parte da comunidade científica. Muitos são os estudos que têm procurado justificar o sucesso clínico da aplicação do tape patelar ao nível da diminuição da dor e das alterações da atividade muscular do vasto interno oblíquo e do vasto externo (JARDIM, 2008).

Fonte: http://www.felipemcampos.com.br/ Figura 9: Kinesio Taping

3. Metodologia

O presente estudo caracterizou-se por ser de revisão literária de bibliografias publicadas nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs). Foram utilizados os descritores: “Kinesio Taping” e “Condromalácia Patelar”. Foram incluídos estudos que demonstrassem a utilização da Kenesio Taping na Condromalácia Patelar, ou que contribuíssem para o objetivo do presente estudo, publicados entre 2004 a 2014 na língua portuguesa. Foram excluídos os estudos que não atendiam ao período do estudo e publicações que não tratavam de pesquisa científica. Não foram restringidos tipos de estudos, se observacional ou experimental. A análise iniciou pela leitura de todos os títulos e resumos dos artigos para excluir aqueles que não tratavam do tema em questão e após esta etapa foram obtidos os artigos para a leitura completa para a análise dos principais resultados encontrados e conclusões dos autores. A presente pesquisa foi realizada desde fevereiro até dezembro de 2014. 4. Resultados e Discussão

O objetivo deste estudo foi demonstrar a utilização do Kinesio Taping na Condromalácia Patelar. Os dados obtidos se configuraram por meio de artigos que respeitavam a metodologia proposta referente à Kinesio Taping e condromalácia Patelar. De acordo Jaraczewska e Long (2006), o Kinesio Taping, criado por Kenso Kase em 1996, consiste na aplicação de uma fita adesiva, no trajeto do músculo, que serve de estímulo tátil. É um adesivo fino e elástico, sem odor, resistente a água, e pode ser esticado aproximadamente 120-140% do seu comprimento original, não provoca nenhum risco à saúde e não apresenta contra-indicação.

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Santos et al (2010), expões que os mecanismos propostos para o uso da Kinesio Taping incluem corrigir a função muscular fortalecendo os músculos debilitados, melhorar a circulação sanguínea e linfática, diminuir a dor por supressão neurológica e reposicionamento de articulações subluxadas aliviando a tensão dos músculos anormais, ajudando a devolver a função muscular e da fáscia. Outro mecanismo pouco conhecido da Kinesio Taping é que a sua aplicação causa um aumento da propriocepção por aumentar a excitação dos mecanorreceptores cutâneos. O kinesio Taping promove estímulos mecânicos constantes na pele. Esta técnica mantém a comunicação com os tecidos mais profundos através de mecanoreceptores encontrados na epiderme e derme. Estes receptores fornecem informações exclusivamente sobre eventos externos que afetam o nosso organismo e dão ao sistema musculoesquelético a habilidade para detectar estímulos aplicados à pele sobre pequenas e grandes áreas. Estas informações produzem vários efeitos, tais como: diminuição da dor e da sensação de desconforto; promove suporte durante a contração muscular; auxilia nas correções dos desvios articulares; promove auxílio na contração muscular; promove estímulos e aumento da propriocepção. As fibras de algodão 100% permitem a evaporação e secagem mais rápida. Isso permite que o Knesio Taping possa ser usado no chuveiro ou piscina sem ter que ser reaplicado. Por fim, o desgaste do tempo prescrito para uma aplicação é mais longo, geralmente de 3 a 4 dias (PAULINO, 2010). O método de Kinesio Taping tem sido cada vez mais utilizado em diversas áreas de atuação da Fisioterapia, no entanto nesta altura não se tem verificado uma análise científica específica e os supostos benefícios fisiológicos das bandas de Kinesio Taping estão ainda a ser analisados e explorados (NUNO et al, 2012). De acordo com Ramos (2011), os principais sintomas da condromalácia podem ser: DOR na região anterior do joelho; crepitação e estalidos atrás da patela; edema e derrame articular. Diante de tais sintomas pode-se observar algumas pesquisas voltadas para aplicação da Kinesio Taping para o tratamento de tais sintomas supracitados. Segundo Jardim (2008), a utilização do tape patelar considerando-o como um dos recursos efetivos na redução da dor em utentes com condromalácia. Desde então, tem sido uma estratégia amplamente estudada pela comunidade científica. Enquanto os seus pressupostos de aplicação na redução da dor permanecem inconclusivos, apesar da baixa qualidade metodológica dos estudos, a maioria apresenta resultados positivos do efeito do tape na diminuição da intensidade da dor em atividades que produzem um agravamento dos sintomas. O autor supracitado relata que a aplicação do Kinesio Taping especialmente na condromalácia patelar baseia-se em dois pontos essenciais: 1) na correção da patela dentro da tróclea femural, promovendo um aumento das áreas de contato e diminuindo o stress articular, resultando numa diminuição da intensidade da dor e 2) facilitar a atividade (intensidade e recrutamento) do vasto interno oblíquo através da sua influência na relação comprimento-tensão do tecido muscular. Ao longo dos anos estes pressupostos tem suscitado um enorme interesse por parte da comunidade científica. Muitos são os estudos que têm procurado justificar o sucesso clínico da aplicação do tape patelar ao nível da diminuição da dor e das alterações da atividade muscular do vasto interno oblíquo e do vasto externo. Monnerat et al (2010), relata em seu estudo que normalmente o tratamento para condromalácia é conservador e dificilmente reverterá o quadro de lesão da cartilagem. No entanto, ocorrerá melhora nos sintomas dolorosos e funcionais do joelho. O tratamento conservador consiste na correção do “mal alinhamento” da patela através de programas de fortalecimento para os estabilizadores dinâmicos da patela. Muitos pesquisadores buscam o recrutamento seletivo do Vasto Medial Oblíquo, com o intuito de otimizar o tratamento. Com relação aokinesio Taping, os autores relataram em seu estudo que a bandagem funcional na patela pela técnica elaborada por McConnel (bandagem fascial, kinesio Taping e outras

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técnicas na área esportiva), é capaz de aumentar a relação da atividade motora do vasto medial oblíquo e aliviar a dor, pois a aplicabilidade clínica da bandagem é muito ampla, porém, deve-se ter me mente que a bandagem faz parte de uma programa geral de reabilitação, não o substituindo. No estudo de Osterhues, (2004), as bandas de Kinesio Taping tiveram resultados benéficos no tratamento do desalinhamento da patela. O estudo suporta a sua utilização para promover a diminuição de dor, aumentar a atividade do quadríceps e estabilidade do joelho durante atividades funcionais. Por fim, Thompson (2004), relatou em seu estudo que e bem sabido que McConnell (1986) primeiro descreveu a bandagem funcional patelar como parte de um programa de tratamento para a síndrome de dor patelo-femoral e teorizou que isto pudesse alterar a posição da patela, aumentar a ativação do vasto medial oblíquo, e consequentemente diminuir a dor. Não obstante está ficando claro da literatura que os estudos até agora em pacientes com síndrome de dor patelo-femoral foram inconclusivos no que tange a melhora da ativação do vasto medial oblíquo e realinhamento da posição patelar pela bandagem. Porém muitos estudos mostraram que a bandagem patelar ajuda a diminuir a dor em pacientes com sindrome patelo-femoral. 5. Conclusão A condromalácia é caracterizada por dor na região anterior do joelho, crepitação e estalidos atrás da patela, edema e derrame articular que são ocasionados pelo acúmulo excessivo de líquido sinovial formado no processo inflamatório. O conhecimento anatômico, cinesiológico e biomecânico do joelho são fundamentais para compreensão desta disfunção. A condromalácia é das condições mais frequentes na prática clínica dos fisioterapeutas, apesar da elevada prevalência, os seus mecanismos fisiopatológicos encontram-se por explicar e a utilização do tape patelar como estratégia de intervenção, promovendo um aumento das áreas de contato e diminuindo o stress articular, resultando numa diminuição da intensidade da dor, quer ao nível da atividade muscular (intensidade e recrutamento) através da sua influência na relação comprimento-tensão do tecido muscular. Ficou evidente na presente pesquisa que o Kinesio Taping tem sido uma estratégia amplamente estudada pela comunidade científica, pois consiste na aplicação de uma fita adesiva, no trajeto do músculo, promove estímulos mecânicos constantes na pele. Apesar dos benefícios, poucas pesquisas têm sido direcionadas para o tratamento de pacientes com condromalácia, entretanto os autores entram em consenso quanto aos seus benefícios na diminuição da dor e com relação à melhora da atividade muscular, no que tange a melhora da ativação do vasto medial oblíquo e realinhamento da posição patelar pela bandagem há certa divergência. Sugere-se que novos estudos sejam realizados a partir da temática do presente estudo com o objetivo de fornecer tratamento individualizado aos pacientes com condromalácia. 6. Referências

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