86
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em Regeneração Tecidual Guiada para Periodontia Autor: Lucas Alves Moura Orientadora: Eliana Ap. Rezende Duek 63/2007

Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em Regeneração Tecidual Guiada para

Periodontia

Autor: Lucas Alves Moura Orientadora: Eliana Ap. Rezende Duek

63/2007

Page 2: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

i

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS

Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em Regeneração Tecidual Guiada para

Periodontia Autor: Lucas Alves Moura Orientadora: Eliana Ap. Rezende Duek Curso: Engenharia Mecânica Área de concentração: Engenharia de Materiais e Processos de Fabricação

Dissertação de mestrado acadêmico apresentada à comissão de Pós Graduação da Faculdade de Engenharia Mecânica, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica.

Campinas, 2007 SP – Brasil

Page 3: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

ii

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DA ÁREA DE ENGENHARIA - BAE - UNICAMP

M865u

Moura, Lucas Alves Utilização de membranas de poli (L-ácido láctico) em regeneração tecidual guiada para periodontia / Lucas Alves Moura. --Campinas, SP: [s.n.], 2007. Orientador: Eliana Aparecida de Rezende Duek Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Mecânica. 1. Biomateriais. 2. Polímeros na medicina. 3. Ossos - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana Aparecida de Rezende. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia Mecânica. III. Título.

Título em Inglês: Use of poly (L-lactic acid) membranes in guided tissue

regeneration for periodontology Palavras-chave em Inglês: Biomaterial, Poly (L-lactic acid), Guided tissue

regeneration, Periodontal Área de concentração: Materiais e Processos de Fabricação Titulação: Mestre em Engenharia Mecânica Banca examinadora: Célia Marina de Alvarenga Freire e Arnaldo Rodrigues dos

Santos Junior Data da defesa: 10/07/2007 Programa de Pós-Graduação: Engenharia Mecânica

Page 4: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana
Page 5: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

iv

Dedicatória:

Dedico este trabalho a:

Os meus amados pais, Antonio Carlos e Regina Moura, que me forneceram conhecimento,

condições e incentivo nesta empreitada longe de casa;

A minha irmã Carolina que sempre torceu por mim;

A minha querida Vanessa, que me motivou em todos os momentos.

Page 6: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

v

AGRADECIMENTOS

Este trabalho não poderia ter sido terminado sem a ajuda de certas pessoas a quem presto

minha homenagem:

A Deus por me proteger e iluminar;

À Profª Draª Eliana Duek, minha orientadora, que me ajudou e inspirou em todos os

momentos desta pesquisa;

Às minhas amigas do laboratório de Campinas que me ensinaram e ajudaram tanto,

Márcia Tomaz e Grazielle Baraúna;

Aos meus Amigos do laboratório de Sorocaba: Denis Bastiton, que me auxiliou nas

cirurgias dos animais, Carolina Lucchesi, que realizou os testes de DSC de minhas amostras e à

Kátia Fernanda;

A Claudinete e ao José Luís que me ajudaram nos MEVs e no ensaio mecânico;

À família da Vanessa que tanto me apoiou nestes anos aqui em Campinas.

Meu muito obrigado; Lucas Alves Moura.

Page 7: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

vi

Aprender é a única coisa de que a mente nunca

se cansa, nunca tem medo e nunca se

arrepende.

Leonardo da Vinci

Page 8: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

vii

RESUMO

MOURA, Lucas Alves, Utilização de membranas de Poli (L-ácido láctico) em regeneração tecidual guiada para Periodontia, Campinas,: Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas, 2007. 67p. Dissertação (Mestrado).

A regeneração tecidual guiada (RTG) é uma técnica utilizada na Periodontia para permitir a

neoformação de um novo aparato de inserção periodontal do dente (osso alveolar, ligamento

periodontal e cemento). Na Periodontia, a utilização de polímeros biorreabsorvíveis vem

ganhando confiabilidade e importância devido a não necessidade de uma segunda intervenção

cirúrgica para remover a membrana, porém poucas membranas atendem a todos os critérios da

RTG, que são biocompatibilidade, exclusão celular, manutenção do espaço a ser regenerado,

integração à atividade tecidual, facilidade de utilização e atividade biológica. Um polímero

biorreabsorvível muito estudado é o poli (L-ácido láctico) (PLLA), porém ele é polímero

semicristalino muito rígido e com longo período de degradação, contudo ao se adicionar em sua

composição um plastificante, o tri-etil-citrato, a membrana resultante seria mais flexível,

microporosa e teria seu tempo de degradação reduzido. Esta pesquisa avaliou, através de estudo

in vivo, a resposta inflamatória e a manutenção de um espaço vital para a regeneração óssea sob

membranas de PLLA/tri-etil-citrato, em três diferentes proporções polímero/plastificante,

implantadas na calota craniana de coelhos, analisando, assim, a capacidade destas membranas em

se adaptar aos critérios da RTG periodontal. Paralelamente ao estudo in vivo, foram realizados

estudos da degradação in vitro, com ensaios mecânicos de tração, de microscopia eletrônica de

varredura e de calorimetria diferencial de varredura (DSC). Notou-se que as membranas de

concentração PLLA/tri-etil-citrato de 85/15 apresentaram características mais adequadas para a

RTG periodontal tanto no estudo in vivo quanto no in vitro.

Palavras-chave:

- Biomaterial, Poli (L-ácido láctico), Regeneração Tecidual Guiada, Periodontia

Page 9: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

viii

Abstract

MOURA, Lucas Alves, Use of Poly (L-lactic acid) Membranes in Guided Tissue Regeneration

for Periodontology, Campinas,: Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual

de Campinas, 2007. 67p. Dissertação (Mestrado)

Guided tissue regeneration (GTR) is a technique used in the periodontal practice to allow

the neoformation of a new apparatus of teeth periodontal attachment (alveolar bone, periodontal

ligament and cementum). In Periodontology, the use of bioresorbable polymers is gaining

trustworthiness and importance due the non required second surgical intervention to remove the

membrane, however few membranes fit in all GTR criteria, which are biocompatibility, cellular

exclusion, space maintainer, integration to tissue activity, easy usage and biological activity. A

bioresorbable polymer very studied is poly(L-lactic acid) (PLLA), however it is a very rigid

semicrystalline polymer and with a long degradation period, but by adding in its composition a

plasticizer, the tri-ethyl-citrate, the resultant membrane would be more flexible, microporous and

would have its degradation time reduced. This research evaluated, through in vivo study, the

inflammatory response and the maintenance of a vital space for bone regeneration under

PLLA/tri-ethyl-citrate membranes, in three different polymer/plasticizer proportions, implanted

in rabbits calvarial bone, analyzing, thus, the capacity of these membranes in adapting to the

criteria of periodontal GTR. Simultaneously to this study, it had been carried out studies of in

vitro degradation, with mechanical testing, scanning electronic microscopy and differential

scanning calorimetry (DSC). It was observed, that the highest concentration membranes

PLLA/tri-ethyl-citrate (85/15) showed themselves more adequate characteristics for the

periodontal GTR on in vivo study as well on in vitro.

Keyword:

- Biomaterial; Poly(L-lactic acid); guided tissue regeneration; Periodontal.

Page 10: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

ix

Índice

Lista de figuras ............................................................................................................. XI 

Lista de tabelas ............................................................................................................ XII 

Nomenclatura .............................................................................................................. XIII 

Introdução ...................................................................................................................... 1 

Revisão bibliográfica .................................................................................................... 3 

2.1 Polímeros biorreabsorvíveis .................................................................................................... 4 

2.2. O periodonto .......................................................................................................................... 10 

2.3. Regeneração tecidual guiada (RTG) na periodontia ......................................................... 14 

Materiais e métodos .................................................................................................... 19 

3.1. Preparo e caracterização das membranas de PLLA .......................................................... 19 3.1.1. Caracterização das amostras ............................................................................................. 20 

3.2. Estudo da degradação hidrolítica ........................................................................................ 20 3.2.1 Análises e ensaios de caracterização das amostras ........................................................... 20 

3.3. Animais ................................................................................................................................... 22 

3.4. Procedimento cirúrgico ......................................................................................................... 22 

3.5. Processamento do material ................................................................................................... 24 

3.6. Preparação das lâminas ........................................................................................................ 25 3.6.1. Análise histológica ........................................................................................................... 26 

Page 11: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

x

3.6.2. Parâmetros qualitativos .................................................................................................... 26 3.6.3. Parâmetros quantitativos .................................................................................................. 26 

Resultados e Discussão ............................................................................................. 27 

4.1 Estudo in vitro ......................................................................................................................... 27 4.1.1 Avaliação macroscópica .................................................................................................... 27 4.1.2 Avaliação por microscopia eletrônica de varredura .......................................................... 28 4.1.3 Ensaio mecânico de tração ................................................................................................ 32 4.1.4 Calorimetria diferencial de varredura (DSC) .................................................................... 37 

4.2 Estudo in vivo .......................................................................................................................... 44 4.2.1 Avaliação macroscópica .................................................................................................... 44 4.2.2 Avaliação microscópica .................................................................................................... 45 

Conclusões .................................................................................................................. 59 

Sugestões para Próximos Trabalhos ........................................................................ 60 

Referências Bibliográficas .......................................................................................... 61 

Page 12: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

xi

Lista de Figuras Figura 1. Fórmula estrutural dos poli α-hidróxi ácidos. ................................................................... 5 Figura 2. Esquema da polimerização do anel diéster cíclico. .......................................................... 6 Figura 3. Esquema simplificado da degradação do Poli (ácido láctico). ......................................... 8 Figura 4. Hidrólise da ligação éster. ................................................................................................. 8 Figura 5. Destruição do osso alveolar. ........................................................................................... 12 Figura 6. Simulação de como age a membrana de RTG. ............................................................... 15 Figura 7. (A) Agitação magnética da mistura PLLA, tri-etil-citrato e dicloro-metano; (B) cuba de vidro saturada por solvente. ........................................................................................................... 20 Figura 8. Equipamento Material Testing Systems (MTS) modelo 810 .......................................... 21 Figura 9. Seqüência cirúrgica na calvária de coelhos. ................................................................... 24 Figura 10. Membranas de PLLA/Tri-etil-citrato degradadas ......................................................... 28 Figura 11. Micrografias eletrônicas de varredura da superfície de membranas de PLLA/tri-etil-citrato. ............................................................................................................................................. 29 Figura 12. Micrografias eletrônicas de varredura da fratura de membranas de PLLA/tri-etil-citrato. ............................................................................................................................................. 30 Figura 13. Fotomicrografias eletrônicas de varredura das membranas de PLLA/tri-etil-citrato ... 31 Figura 14 Curvas de Tensão x Deformação. .................................................................................. 33 Figura 15. Curvas de Tensão x Deformação .................................................................................. 34 Figura 16. Termogramas a partir de DSC. ..................................................................................... 37 Figura 17 Termogramas a partir de DSC ....................................................................................... 38 Figura 18. Termogramas a partir de DSC ...................................................................................... 38 Figura 19. Observação macroscópica das calotas cranianas de coelho. ......................................... 45 Figura 20. Fotomicrografia da membrana de PLLA/tri-etil-citrato 85/15 ..................................... 46 Figura 21. Fotomicrografia da membrana de PLLA/tri-etil-citrato 80/10 ..................................... 47 Figura 22. Fotomicrografia de membrana de PLLA/tri-etil-citrato 95/5 ....................................... 48 Figura 23. Fotomicrografa do defeito controle. ............................................................................. 49 Figura 24. Fotomicrografia de membrana de PLLA/tri-etil-citrato 85/15. ...................................... 50 Figura 25. Fotomicrografia de membrana de PLLA/tri-etil-citrato 90/10. ...................................... 51 Figura 26. Fotomicrografia de membrana de PLLA/tri-etil-citrato 95/5 ......................................... 52 Figura 27. Fotomicrografa do defeito controle .............................................................................. 53 Figura 28. Fotomicrografia de membrana de PLLA/tri-etil-citrato 90/10 ....................................... 55 Figura 29. Fotomicrografia do defeito controle. ............................................................................ 55 Figura 30 Fotomicrografia do defeito contendo membrana de PLLA/tri-etil-citrato 90/10 ............. 56 

Page 13: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

xii

Lista de Tabelas Tabela 1. Ensaio mecânico de tração para as amostras em função do tempo de degradação. ....... 36 Tabela 2. Dados do primeiro aquecimento do DSC para as amostras 95/5, 90/10 e 85/15. .......... 42 Tabela 3. Dados do segundo aquecimento do DSC para as amostras 95/5, 90/10 e 85/15. ........... 43 Tabela 4. Avaliação da regeneração óssea nos grupos de estudo. ................................................. 57

Page 14: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

xiii

Nomenclatura Tg – Temperatura de transição vítrea (ºC) Tc – Temperatura de cristalização (ºC) Tm – Temperatura de fusão (ºC) Mw – Massa molar ponderal média (Daltons) ΔHM – Entalpia de fusão experimental (J/g) ΔHC – Entalpia de cristalização experimental (J/g) ΔH – Variação de entalpia (J/g) GC – Grau de cristanilidade (%) Letras gregas χ - Grau de Cristanilidade (%) Abreviações ASTM – American Society of Testing Materials CO2 – Dióxido de carbono (gás carbono) Da – Daltons DMC – Diclorometano DSC – Calorimetria diferencial de varredura H2O – Água KV – Quilovolts MEV – Microscopia eletrônica de varredura MO – Microscopia óptica MPa – Megapascal N – Newton PBS – Solução tampão fosfato salina PDLA – poli(D-ácido láctico) PLA – poli(ácido láctico) PLLA – Poli(L-ácido láctico) PDLLA – Poli(L-DL-ácido láctico) PGA – poli (ácido glicólico) PTFE-e – Poli-tetrafluoretileno expandido RTG – Regeneração tecidual guiada

Page 15: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

1

Capítulo 1

Introdução

A regeneração periodontal é definida como regeneração dos tecidos de suporte do dente,

incluindo osso alveolar, ligamento periodontal e cemento. A regeneração tecidual guiada (RTG) é

uma técnica que envolve a utilização de membranas, para permitir a repopulação do defeito

periodontal por células desejáveis, resultando no chamado novo aparato de inserção (Warrengton,

2004). As células que podem repovoar a superfície radicular após uma cirurgia de retalho são as

células oriundas do epitélio gengival, do osso alveolar e do ligamento periodontal.

A procura por materiais apropriados para aplicações no periodonto levou pesquisadores a

desenvolverem e testar novos materiais que não necessitassem de uma segunda intervenção

cirúrgica. Com isso, iniciaram-se estudos de uma família de polímeros muito atrativa e

promissora, os α-hidróxi ácidos, pois além de biorreabsorvíveis, eles também são biocompatíveis,

podendo ser utilizados em diversas aplicações na área médica. Implantes de polímeros

biorreabsorvíveis são utilizados em diversas aplicações, como suporte para cultura de células,

órgãos e peles artificiais, suturas cirúrgicas, liberação controlada de drogas e reparos ortopédicos

(Davis & Vacanti, 1996; Furukawa, 2000).

O PLA está presente em várias formas estéreo-isométricas e a mais importante sendo o poli

(L-ácido-láctico) (PLLA). Este polímero é metabolizado em ácido láctico e excretado no ciclo de

Krebs. Dados seus graus de biocompatibilidade e degradação, o PLLA é bem tolerado pelo

organismo, podendo ser utilizado não apenas como uma barreira ou substituinte físico, mas

também favorecendo a regeneração óssea e tecidual (Lolito et al., 2002).

Page 16: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

2

Estas substâncias são biocompatíveis e quando implantadas no organismo são degradadas

primeiramente por hidrólise e finalmente pelo metabolismo do ciclo de Krebs, liberando CO2 e

água (Cordewerner et al., 1995; Pezzin & Duek, 2002), além de apresentar ótimas características

físicas, alta resistência mecânica quanto à compressão e tração, comportamento termoplástico e

disponibilidade de fonte renovável (Gajaria, 1996).

Para que se possam utilizar esses materiais para implantes em seres humanos, é necessária,

primeiramente, uma avaliação precisa do dispositivo, a fim de satisfazer uma série de exigências

para suas aplicações como, por exemplo, apresentar biocompatibilidade, não provocando um

processo inflamatório agudo ou crônico em tecidos adjacentes (Ambrosio et al., 2003; Rhee,

2004).

A possibilidade de controlar a flexibilidade e o tempo de degradação de membranas para a

RTG periodontal é uma das principais vantagens da membrana de PLLA em relação às demais

comercialmente utilizadas. O principal problema relacionado com o uso das membranas

comerciais é que a precoce reabsorção das mesmas, associada com a falta de rigidez de sua

estrutura pode ocasionar o colapso das membranas para o interior dos defeitos ósseos,

interferindo, deste modo, no processo regenerativo.

Baseado nessas informações e nos resultados obtidos pelo grupo em estudos com

membranas de PLLA com plastificante, no qual se obteve um controle do tamanho dos poros e do

tempo de degradação das membranas em função da concentração de plastificante (Scapin et al.,

2003), observou-se que o material resultante desse estudo tem apresentado propriedades

adequadas para aplicação em RTG periodontal.

O propósito deste trabalho foi avaliar as características de membranas de PLLA com

plastificante (tri-etil-citrato), em diferentes proporções in vitro e in vivo, através de estudos em

calvária de coelhos.

Page 17: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

3

Capítulo 2

Revisão Bibliográfica

O avanço tecnológico e científico na área da saúde se deu graças ao desenvolvimento de

novas técnicas e materiais que melhor atenderam determinadas funções. Como por exemplo, o

desenvolvimento de próteses ortopédicas/odontológicas a partir do titânio, materiais para

reconstrução crânio-maxilofacial à base de biocerâmicas e a reconstrução de tecidos moles a

partir do emprego de biomateriais poliméricos biorreabsorvíveis (Donos et al., 2005).

2.1 Biomateriais

Um material biocompatível pode ser definido como aquele que uma vez implantado no

organismo, não provocará uma resposta tecidual exacerbada, tal como uma diferenciação

desapropriada dos tecidos circunjacentes ao implante (Schaldach, 2000).

Os requisitos médicos para considerar um material como biomaterial são restritos, pois o

material a ser implantado, enquanto restaura a função comprometida, deve também garantir que

não haja, a longo ou médio prazo, qualquer distúrbio no organismo do paciente (Schaldach,

2000).

Alguns fatores devem ser levados em consideração para a escolha e utilização do

biomaterial como o limite de tolerância que o tecido apresenta no que se refere à remoção dos

produtos de degradação, visto que se este for excedido, poderão ocorrer respostas inflamatórias

indesejáveis no tecido, diminuição do tempo de vida útil do dispositivo, reabsorção óssea ou

Page 18: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

4

mesmo necrose do tecido. Os biomateriais mais empregados atualmente são os metálicos,

cerâmicos e poliméricos (Pistner et al., 1993).

Os dispositivos metálicos apresentam uma grande dureza e resistência quando

confrontados às características dos tecidos humanos, são comumente utilizados como dispositivos

para fixação interna de fraturas. As vantagens destes implantes são basicamente: um curto

período de recuperação e a exata reposição do osso faturado. Entretanto há inúmeras

desvantagens como possível estresse do osso e relativa osteoporose, devido a ausência de

funcionamento e transmissão de cargas pelo local do implante; reações alérgicas contra diferentes

componentes do metal (Steinhauser, 1968; Bradley et al., 1979) problemas de corrosão (Cohen &

Wulf, 1972) sensibilização térmica (Weiler et al., 1996) e em caso de dispositivos temporários,

existe, muitas vezes, a necessidade de uma segunda cirurgia para a remoção do implante.

Estes problemas praticamente deixam de existir quando se trata de implantes poliméricos

biorreabsorvíveis, que vem a ser implantes que cumprem somente uma função temporária no

organismo, uma vez que assim que o tecido ou órgão se regeneram eles degradam por ação dos

fluidos orgânicos.

2.1 Polímeros biorreabsorvíveis

O critério para seleção de um polímero para uso com biomaterial envolve dois fatores: as

propriedades mecânicas e o tempo de degradação em função das necessidades de aplicação

(Middleton & Tipton, 2000). Um polímero ideal para uso com biomaterial biorreabsorvível deve

apresentar as seguintes características: não provocar respostas inflamatórias acima do normal no

tecido implantado; ser metabolizado pelo organismo após ter cumprido sua função; ser

processado em um produto final de forma fácil e ser facilmente esterilizável.

Polímeros sintéticos bioabsorvíveis normalmente mimetizam moléculas naturais, como

proteínas e celulose, pois esses polímeros contem ligações hidrolisáveis ao longo de sua cadeia

susceptíveis a biodegradação por microorganismos ou enzimas hidrolíticas.

Embora muitos grupos de polímeros venham sendo estudados por suas propriedades

biodegradacionais, a família dos α-hidróxi ácidos são os mais estudados e com melhores

resultados tanto fisiológicos quanto mecânicos.

Page 19: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

5

Dentre os poli α-hidróxi ácidos, o poli (ácido láctico) (PLA) e o poli (ácido glicólico)

(PGA) são os mais utilizados. O campo de aplicação destes polímeros é vasto como implantes

(Kulkarni et al., 1996); materiais de sutura (Cutright et al., 1971); próteses, materiais de

reparação ortopédica (Rozema et al., 1991); pinos intramedulares (Manninen et al., 1992); na área

odontológica (Zislis et al., 1989) e em liberação controlada de fármacos (Domb et al., 1994).

Estes polímeros biorreabsorvíveis, brevemente, irão substituir implantes metálicos, devido suas

várias vantagens sobre estes: não criam pontos de estresse; não há a necessidade de sua remoção

após a cirurgia; e não apresentam corrosão metálica (Chen et al., 2003).

Os poli α-hidróxi ácidos possuem a capacidade de degradar em meio aos fluidos

corpóreos devido às cisões hidrolíticas de suas ligações ésteres (Dittrich, 1971). A fórmula

estrutural dos poli α-hidróxi ácidos é exibida abaixo na Figura 1.

Figura 1. Fórmula estrutural dos poli α-hidróxi ácidos. PLA quando R=CH3 e PGA quando R=H. No caso do poli (ácido láctico) a quiralidade de carbono α permite a síntese de dois

enantiômeros, o poli (D-ácido láctico) (PDLA) e o poli (L-ácido láctico) (PLLA).

Segundo Dittrich (1971), esses materiais têm diferentes propriedades, como, por exemplo,

suas velocidades de degradação, pois o grupo metila é responsável por dois efeitos na cinética de

biodegradação: o aumento da hidrofilicidade, e o impedimento estérico na reação de hidrólise. A

cinética hidrolítica do PDLA tem sido verificada mais rápida do que em seu análogo, o PLLA

(Gilding, 1981).

O poli (L-ácido láctico) (PLLA) é um polímero semicristalino com ponto de fusão em

torno de 180ºC e uma cristanilidade por volta de 70%, tornando sua degradação mais lenta em

relação aos demais poli (lactides). Esses polímeros podem ser sintetizados a partir da abertura do

anel de diésteres cíclicos na presença de catalisadores (Figura 2) (An et al., 2000). As

O

H R

O

O

R H

O

O

H R

O

O

H R

O

O

Page 20: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

6

propriedades mecânicas apresentadas por este polímero são muito boas, já que apresentam uma

boa resistência à tração e um alto módulo de Young (Vert et al., 1994).

Figura 2. Esquema da polimerização do anel diéster cíclico para obtenção do poli α-hidróxi ácido.

Algumas técnicas possibilitam analisar as características do processo de degradação

desses polímeros. Com a calorimetria diferencial de varredura (DSC), obtém-se a cristanilidade e

a temperatura de transição vítrea do polímero (Göpferich et al., 2000); com a microscopia

eletrônica de varredura (MEV), obtém-se a morfologia externa do polímero e do tecido ao redor

do implante. Através da microscopia óptica (MO), podem-se observar as células envolvidas na

reação ao implante. Os ensaios mecânicos de tração possibilitam avaliar o comportamento

mecânico do implante (Jones, 1999; Shalaby, 1998).

De acordo com Vert et al.. (1994) pode-se definir biodegradação como o processo de

perda de massa, ou degradação das cadeias macromoleculares sem a eliminação dos produtos e

subprodutos pelo organismo. Bioabsorção é o conceito associado aos materiais que são

dissolvidos, sem clivagem da cadeia polimérica, em fluidos corpóreos. Por último, polímeros

biorreabsorvíveis são aqueles que quando implantados sofrem primeiramente quebra de suas

cadeias e posteriormente eliminação de seus subprodutos por vias metabólicas do corpo.

A degradação do polímero é um fator importante, pois determina o tipo e a intensidade da

resposta biológica ao implante, já que a ocorrência de partículas poli, oligo e monoméricas

liberadas durante a degradação do polímero in vivo está diretamente correlacionada com uma

mudança no tipo e intensidade da resposta inflamatória. Isso pode ser causado por produtos

tóxicos provenientes da degradação ou pela mudança na rugosidade superficial e forma do

implante durante a liberação de fragmentos. Além disso, a própria fagocitose dos fragmentos atua

como um importante fator na modificação da resposta inflamatória. A fagocitose modifica o

processo funcional do macrófago, que é o pivô na resposta inflamatória no tecido e na reação de

Page 21: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

7

corpo estranho. As células gigantes observadas nesta fase são formadas pela fusão de

macrófagos. A fagocitose de fragmentos também pode causar a morte celular e a liberação do

conteúdo destas células mortas pode causar uma reação inflamatória aguda. (Hyon, 1985; Lam et

al., 1995).

O processo de degradação hidrolítica pode ser caracterizado pela redução da massa molar,

perda de tensão e perda de massa, simultaneamente. Primeiro, a água infiltra pelo polímero e

ataca suas cadeias poliméricas causando sua cisão por hidrólise. Isso ocorre in vivo, havendo ou

não atividade enzimática. Essa degradação ocorre mesmo com a umidade do ar, se o polímero

não for armazenado em condições adequadas (Li et al., 1990; Pistner et al., 1993).

Perdas de tensão e de massa vão ocorrendo gradativamente, mas não linearmente, sendo

maior no início do processo enquanto ocorre uma invasão de macrófagos e células gigantes que

dão início a fagocitose das partículas degradadas. Finalmente, os macrófagos e células gigantes

desaparecem, restando possivelmente um remanescente de cápsula fibrosa. A região onde existia

o implante fica preenchida temporariamente por tecido conjuntivo (Mikos et al., 1998).

Silva et al. (2002), observaram a presença de células gigantes a partir do sétimo dia de

implante. Estas células são originadas a partir da fusão de diversos macrófagos, em um processo

induzido por citocinas tais como interleucina 4 e interferon-gama. Estas células agem geralmente

em reações contra corpos estranhos no organismo, e apresentam um grande número de

mitocôndrias, o que pode estar associado com a degradação do PLLA via ciclo de Krebs.

Com a quebra das cadeias há a formação de partículas menores que poderão ser fagocitadas

por macrófagos, a digestão celular é realizada seguindo os caminhos normais estabelecidos pela

célula através de suas atividades usuais e os produtos oxidados finais são de semelhantes aos

presentes no organismo, tais como água e dióxido de carbono, excretados pelos rins e pelos

pulmões (Ali et al., 1993).

Segundo Bostman (1991), há uma excelente biocompatibilidade dos poliésteres, pois os

produtos da biodegradação metabólica do poli (ácido láctico) (CO2 e H2O) são reabsorvidos pelo

organismo. Neste caso, a degradação metabólica do PLA segue o processo de oxidação do ácido

láctico, que por sua vez é convertido em ácido pirúvico. Na presença da acetil-coenzima A,

ocorrerá liberação de CO2 e consequentemente a decomposição em citrato. Este citrato será então

incorporado no ciclo dos ácidos tricarboxílicos, que no final eliminará novamente CO2 e H2O,

conforme o esquema mostrado na Figura 3.

Page 22: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

8

Figura 3. Esquema simplificado da degradação do Poli (ácido láctico).

O mecanismo de degradação do PLA tem sido avaliado nos últimos anos e demonstrou ser

heterogêneo. A presença de terminais ácidos catalisa a reação de degradação. Inicialmente, o

processo é homogêneo, gerando oligômeros solúveis em água em toda a extensão do material. Os

produtos presentes na superfície da matriz são difundidos para o meio, entretanto, a baixa taxa de

difusão dos produtos da reação no interior do material gera um acúmulo de ácidos, fazendo com

que estruturas densas tenham uma erosão inicial na superfície, mas apresentando uma degradação

mais acentuada no centro. É o chamado efeito autocatalítico dos poli α-hidróxi ácidos. A

degradação pode prosseguir por um processo biologicamente ativo (por enzimas dos fluidos

orgânicos) ou pela simples clivagem hidrolítica passiva (Li, 1999). A Figura 4 exemplifica a

cisão hidrolítica.

Figura 4. Hidrólise da ligação éster originando terminal carbóxi e hidróxi na cadeia polimérica.

Page 23: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

9

A autocatálise foi avaliada inicialmente por Li et al. (1990) estudado copolímeros amorfos

de PDLLA. Segundo os autores, após 12 semanas de degradação in vitro em tampão fosfato, o

interior do material desaparece. Resultados semelhantes também foram obtidos em estudos in

vivo.

Pineda et al. (1996), implantaram membranas de PLA com poros de vários tamanhos em 15

coelhos para cobrir um largo defeito ósseo de 10 mm criado propositadamente. Radiografias pós-

implante revelaram um hematoma na região do defeito que foi desaparecendo à medida que a

formação de um novo tecido ósseo foi ocorrendo, independentemente do tipo de membrana

utilizada. O autor concluiu que a função primária das membranas usadas para cobrir defeitos

ósseos é a de preservar componentes osteogênicos presentes no espaço sob a membrana e garantir

o crescimento das células na cavidade medular.

A taxa de absorção de um polímero bioabsorvível é influenciada por vários fatores, como

grupos químicos da cadeia, estrutura, cristanilidade e o método de processamento do implante. O

local do implante contribui com a taxa de metabolismo e quanto maior a circulação, maior será

essa taxa (Athanasiou et al., 2000).

Lam et al. (1995), avaliaram a influência da morfologia de superfície e hidrofilicidade de

membranas absorvíveis (PLLA, porosas e densas) e não absorvíveis Poli-tetrafluoretileno (PTFE)

(Teflon) e PTFE expandido em relação à resposta inflamatória após implantá-las sob a derme de

ratos. Foi constatado, através de medidas do ângulo de contato, que o PLLA é mais hidrofílico

que o PTFE. Muitos estudos têm estabelecido que a adesão e a expansão celular sejam

favorecidas em substratos hidrofílicos. Van der Valk et al. (1983), estudaram a interação de

fibroblastos em superfícies poliméricas, tentando fornecer uma relação entre energia superficial

livre e o espalhamento dos mesmos.

Propriedades como tipo de grupamento químico, relação entre

hidrofilicidade/hidrofobicidade, anisotropia físico-química e contractilidade do substrato têm sido

propostas como fatores que influenciam o comportamento de uma cultura de células. Lydon et al.

(1985), apresentaram uma revisão sobre as relações entre as propriedades físico-químicas de um

substrato e o comportamento celular, para uma série de polímeros sintéticos.

Vert et al. (1984), afirmaram que o grau de cristanilidade determina a taxa de absorção de

água pelo polímero, o que consequentemente irá influenciar na velocidade de degradação do

material.

Page 24: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

10

A membrana produzida apenas com PLLA é densa, sem poros e rígida, por isso faz-se

necessária a utilização de plastificante na composição das membranas. A inclusão de um

plastificante nas cadeias de polímeros diminui a interação entre eles, mas aumenta a flexibilidade,

porosidade e reduz o tempo de degradação do material (Scapin et al., 2003; Chen et al., 2003).

Luciano (1997) observou que o plastificante causa uma variação significativa nas propriedades

físicas e na interação biológica do implante. Sugeriu, ainda, que pequenas mudanças na

concentração do plastificante possibilitariam obterem-se membranas com melhores condições de

interação tecido-implante.

Ao adicionar tri-etil-citrato, como plastificante, às membranas obtidas por dissolução em

solvente, constatou-se uma resposta biológica bem aceitável, com muito pouca inflamação inicial

e uma rápida invasão celular em membranas com plastificante implantadas no subcutâneo de

ratos. Ele observou que ao adicionar o plastificante, a membrana, antes densa, tornava-se

totalmente porosa e tinha sua velocidade de degradação aumentada, o que favoreceu, muito, a

invasão pelas células dos tecidos adjacentes. O autor sugeriu que controlando a quantidade do

plastificante e a velocidade de evaporação do solvente poderia se controlar a porosidade do

polímero e a velocidade de degradação, além das propriedades mecânicas dos implantes

(Luciano, 1997). O plastificante atua nas cadeias poliméricas, diminuindo a interação entre as

cadeias, favorecendo a flexibilidade da membrana. Como conseqüência, há a diminuição no valor

da temperatura de transição vítrea (Duek, 1996).

Scapin et al. (2003) comprovou por meio de estudo in vivo que a adição do tri-etil-citrato,

como plastificante nas membranas, não provocou processos inflamatórios graves, tampouco

formação de tecido neoplásico.

A reação aos implantes pode ser estudada tanto in vitro quanto in vivo. A grande

desvantagem de se estudar os efeitos in vitro é o fato de analisar-se o processo isoladamente sem

a interação com sistemas fisiológicos do tecido hospedeiro, muito relevantes.

2.2. O periodonto

Os dentes são suportados pelo periodonto. O periodonto é um sistema de tecidos

conjuntivos, protegidos por epitélio, que prende os dentes aos ossos mandibular e maxilar e

proporciona um aparato continuamente adaptável para a mastigação. Há quatro tecidos

Page 25: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

11

componentes de periodonto: a lâmina própria da gengiva, o ligamento periodontal, o cemento, e o

osso alveolar. A lâmina própria da gengiva é protegida por epitélio pavimentoso estratificado

queratinizado na sua superfície mastigatória e por epitélio não-queratinizado nas suas superfícies

sulcular e juncional (Melcher, 1976).

A doença periodontal refere-se a um grupo de problemas que emergem do sulco gengival.

Ela geralmente é dividida em dois grupos: Gengivite - que causa lesões aos tecidos periodontais

de proteção; e Periodontite - que afeta o osso alveolar e os tecidos conjuntivos que suportam os

dentes. A primeira é uma inflamação gengival normalmente crônica, mas pode assumir fases

agudas. A segunda, por sua vez, é caracterizada pela inflamação gengival, com bolsas profundas

(superiores a 3 mm), aumento na mobilidade dentária, culminando com a perda do elemento

dentário (Simon, 2003) (Figura 5).

A doença periodontal é provocada por microorganismos presentes na placa bacteriana e

seus produtos, que causam injúrias inflamatórias. Ocorre uma grande proliferação bacteriana e

uma persistente resposta imunológica a estas infecções crônicas, as quais assumem um

importante papel, não apenas na destruição dos tecidos periodontais, mas também em outras

partes do corpo (Matthews, 2000; Durocher, 2003).

O processo se inicia com o ataque de bactérias. Mesmo em bocas saudáveis, o sulco

gengival é habitado por uma variedade de bactérias, porém estas são inofensivas. A doença

periodontal se desenvolve geralmente devido a dois eventos na cavidade oral: um aumento na

quantidade e um desequilíbrio no balanço dos tipos bacterianos, ou seja, um aumento na

quantidade de microorganismos nocivos. Estes microorganismos aumentam em massa e

espessura até formarem um biofilme e posteriormente a placa (Simon, 2003).

Quando a placa é mantida na região periodontal, ela se transforma em cálculo. Este material

tem a consistência sólida e se adere tenazmente à superfície dentária, sendo assim, muito mais

difícil a sua remoção (Gibbons & Van Houte, 1980).

Page 26: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

12

Figura 5. Destruição do osso alveolar, causando perda de inserção dentária.

Segundo Izadi (2002), o acúmulo e o metabolismo de bactérias na cavidade oral são

considerados como a causa primária da periodontite, mais de quatrocentas espécies já foram

isoladas e caracterizadas na placa dental. O acúmulo de bactérias nos dentes induz uma resposta

inflamatória reversível no tecido gengival, mas para o local inflamado progredir a uma destruição

tecidual permanente, a área tem de ser colonizada por alguns microorganismos potencialmente

patogênicos.

Certas espécies subgengivais, na maioria bactérias Gram-negativas, têm sido relacionadas à

etiologia das doenças periodontais destrutivas: Actinobacillus actinomycetemcomittans,

Porphyromonas gingivalis, Prevotella intermédia e Bacterioides sp. Estas espécies podem liberar

produtos tóxicos na placa dental tal como endotoxinas (Mergenhagen et al., 1961), nucleotídeos

de parede celular, ácidos orgânicos, aminas, e leucotoxinas (Socransky et al., 1998). Estes

produtos ativam seqüências de eventos imunológicos que têm um impacto na iniciação e

progressão da doença periodontal.

Em síntese, pode-se dizer que os processos inflamatórios e imunológicos nos tecidos

periodontais são uma resposta, não simplesmente a uma espécie microbiana, mas à várias

espécies e a seus produtos, agindo sobre um longo período de tempo (Izadi, 2002).

Sabe-se que frente à lesões, o tecido gengival tem uma ótima capacidade de se regenerar,

porém o mesmo não ocorre quando a injúria atinge o aparato de sustentação periodontal –

Page 27: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

13

ligamento periodontal e osso alveolar. Desta forma, ocorre a destruição das fibras do ligamento

periodontal assim como do osso alveolar ligado a estas (Carranza & Newman, 1996).

Há diversas terapias para o tratamento da doença periodontal. A primeira é a remoção

mecânica e química do acúmulo bacteriano da superfície corono-radicular dos dentes, com o

auxílio de instrumentos raspadores. Este tratamento é eficaz nos casos mais simples e iniciais da

doença. Conforme a doença progride, as alternativas de tratamento tornam-se mais complexas,

por exemplo, quando há perdas ósseas em virtude de grande acúmulo de cálculo sobre os dentes,

faz-se necessário empregar técnicas cirúrgicas a retalho, as quais expõem a raiz dos dentes

facilitando sua descontaminação (Lindhe et al., 1999).

Entretanto, após a cirurgia periodontal a retalho, durante a cicatrização, ocorre uma rápida

migração de células epiteliais para a superfície radicular, formando uma junção epitelial longa.

Esta nova junção epitelial é capaz de bloquear parcialmente a invasão de microorganismos para

dentro do sulco, porém não restabelece uma nova inserção dente-osso alveolar (Needleman et al.,

2005). A RTG pode oferecer benefícios para esse tipo de cirurgia, como um aumento no nível de

inserção gengival clínico, possibilidade de fechamento de defeitos periodontais (Cury et al.,

2003).

Por estas razões, em casos em que há extensa perda óssea, culminando em mobilidade

dental moderada, apenas a remoção dos depósitos de cálculo não sanará a doença. Foi a partir

desta situação que Melcher (1976) propôs os princípios da regeneração tecidual guiada na

periodontia.

A exclusão eficaz de células epiteliais ocorre quando um perfeito selamento é estabelecido

entre a membrana e os bordos ósseos do defeito ou da raiz do dente. Se não, as células epiteliais

podem migrar com a abertura da interface membrana-osso e comprometer o resultado clínico.

Igualmente importante, a superfície da membrana voltada para o defeito deve permitir a formação

do coágulo sangüíneo que irá maturar e possibilitar a diferenciação das células que regenerarão o

periodonto (Takeishi et al., 2001).

Page 28: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

14

2.3. Regeneração tecidual guiada (RTG) na periodontia

A técnica de RTG tem como princípio biológico a exclusão celular seletiva e pressupõe a

utilização de uma barreira física interposta entre o retalho periodontal e a superfície radicular já

tratada. Com o objetivo de defletir ou excluir o tecido conjuntivo, além de desviar a proliferação

epitelial da superfície radicular, criando um espaço protegido que poderá ser repovoado por

células originárias do ligamento periodontal e do periósteo remanescentes, condunzindo assim a

regeneração do periodonto (Gottlow et al., 1986).

Laurell et al. (2006) investigaram a estrutura dos tecidos periodontais formados após a

terapia de regeneração tecidual guiada (RTG) em bolsas (defeitos) intra-ósseos em macacos. Eles

observaram que a dimensão e a composição do novo ligamento periodontal se reestabilizavam

completamente após seis meses da cirurgia. Quando comparados os ligamentos periodontais

regenerados e intactos a proporção de fibroblastos, vasos sanguíneos e fibras colágenas era

similar aos ligamentos periodontais intactos.

Varios fatores devem ser levados em consideração quando se utiliza membranas. Dentre

eles estão os relacionados ao paciente, ao procedimento e período de cura, e os relacionados ao

defeito (Kornman & Robertson, 2000). Dentre os relacionados ao paciente, a importância do

controle do biofilme bacteriano e da recolonização após a cirurgia é primordial. Mesmo

avaliando-se criteriosamente o tipo de defeito e executando-se um controle adequado de placa,

um fato indesejável, porém relativamete frequente com o uso da RTG, é a exposição das

membranas atualmente comercializadas. Sugere-se que a exposição prematura permita a

colonização bacteriana, o que pode levar a um comprometimento do resultado da terapia (Selvig

et al., 1992; Chen et al., 1997).

As membranas para RTG têm o objetivo de proporcionar a regeneração dos tecidos

periodontais através do bloqueio físico à migração das células epiteliais para a região a ser

regenerada (Figura 6). Desta forma, a concepção de uma membrana cuja topografia superficial

fosse capaz de repelir células epiteliais, de um lado, e guiar ou estimular o crescimento de células

ósseas do outro, seria o modelo de membrana ideal. O desenvolvimento de tal membrana para a

RTG periodontal poderia ser benéfica na aceleração da cicatrização e regeneração óssea, levando

a resultados clínicos mais previsíveis (Owen et al., 2005).

Page 29: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

15

Figura 6. Simulação de como age a membrana de RTG após a cirurgia, fornecendo espaço para a regeneração do tecido do ligamento periodontal, do cemento e osso alveolar.

As membranas não-reabsorvíveis apresentam uma maior capacidade de manter o espaço

destinado à regeneração porém, o seu uso requer um segundo ato cirúrgico para sua remoção e

usualmente ocorrem exposições das membranas, devido à reações de corpo estranho. Tal fato

leva a um maior desconforto ao paciente e a possibilidade de perturbar o tecido neoformado sob a

membrana. Por outro lado as membranas reabsorvíveis não necessitam de um segundo

procedimento cirúrgico e apresentam poucas complicações (Sanz & Giovannoli, 2000).

A utilização de outros materiais que substituam as membranas para RTG não-reabsorvíveis

de PTFE-e tem sido bastante estudada. Como pode-se citar o emprego de membranas à base de

quitosana, um polímero natural, que foram implantadas em defeitos críticos em calvária de ratos.

Estas membranas apresentaram boa atividade defletora de células epiteliais, porém as membranas

de quitosana pura, não mantiveram suas características mecânicas, apenas as membranas

reforçadas com estrutura de titânio mantiveram suas características por seis semanas após a

cirurgia (Kuo et al., 2005).

Eickholz et al. (2006), em um estudo de longo prazo, observaram que, após 10 anos, não há

diferenças entre os tratamentos de RTG com membranas reabsorvíveis e não-reabsorvíveis.

Principalmente no que diz respeito ao ganho de inserção clínica horizontal.

Em um estudo comparativo de cinco tipos de membranas para RTG, Takata et al. (2001)

analisaram a biocompatibilidade e afinidade celular de membranas de diferentes composições.

Page 30: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

16

Foi observado que as membranas biorreabsorvíveis de PLA (Epi-Guide) e de copolímero

PLA/PGA (Resolute) apresentaram maior afinidade por fibroblastos após seis dias de teste.

Inicialmente, as membranas servem como protetoras do coágulo sanguíneo que se forma

em meio ao defeito, sendo este importante uma vez que atua como matriz, onde os osteoblastos

se depositarão e promoverão a neoformação óssea e a proliferação de fibroblastos e

cementoblastos (Spiekermann, 1995). Para que seja possível a regeneração dos tecidos

periodontais, é necessário que exista uma barreira que impeça a migração do tecido epitelial para

a região de defeito preservando componentes osteogênicos presentes no espaço sob a membrana e

garantir o crescimento das células na região de defeito (Pineda et al., 1996).

Diversos estudos em humanos e em animais demonstraram que algumas membranas podem

ser aplicadas com sucesso para facilitar a regeneração periodontal em lesões mandibulares de

furca classe II e em defeitos intra-ósseos. Assim, começaram estudos utilizando barreiras de poli-

tetrafluoretileno expandido (PTFE-e), que era uma membrana não-reabsorvível e foram obtidos

ótimos resultados quanto ao ganho de nova inserção periodontal. Em contrapartida, a necessidade

de uma nova intervenção cirúrgica para a remoção da membrana inviabilizava, em parte, o uso da

mesma por requerer um novo período cirúrgico, assim como cicatricial, além de aumentar custos

e riscos para o paciente (Gottlow et al., 1986, Caffesse et al., 1990, Becker & Becker, 1993,

Cortellini et al., 1993, Becker et al., 1996, Mattson et al., 1999, Eickholz et al., 2000).

Para as membranas usadas em RTG, é de suma importância um cuidado quanto à sua

espessura que possui cerca de 0,2 mm no estado seco e 0,4 no estado úmido. Ela tem que ser

semipermeável com tamanho de poros de (0,004 μm) pequenos suficientes para impedir a

penetração das células epiteliais, e permitir a passagem de nutrientes, pois isto é essencial para

uma neoformação óssea (Wang et al., 1995).

Foi realizado um estudo abrangente e detalhado in vitro e in vivo analisando a degradação

de membranas porosas e não porosas de poli (L-ácido lático) (PLLA) que poderiam ser utilizadas

tanto em RTG quanto em suporte para cultura de células. Foram analisadas as mudanças na

massa molecular, na polidispersividade, na temperatura de fusão, na energia de fusão, na

resistência à tração, no módulo de elasticidade, na massa e na área superficial das membranas sob

degradação. Estes autores constataram que as membranas porosas apresentam os maiores valores

de massa molecular e temperatura de fusão e degradam mais rapidamente em relação às

membranas não porosas (Lam et al., 1994).

Page 31: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

17

Sculean et al. (2007) realizaram um estudo controlado avaliando tratamentos de defeitos

periodontais intra-ósseos com uma associação de osso mineral natural e membranas de RTG,

somente o tratamento de RTG e tratamento somente com osso natural. Foi observado que após

cinco anos, o tratamento somente com membrana e o com membrana e osso natural resultaram

em um ganho significativo no nível de inserção clínica dos dentes tratados, enquanto que no

tratamento somente com osso natural não houve tal resultado positivo.

Stavropoulos et al. (2004) compararam membranas de copolímero PLA/PGA com

membranas de colágeno. Observaram que nos sítios operados com membranas de colágeno, estas

degradaram muito rapidamente permitindo, assim a proliferação de células epiteliais para a região

do defeito, o que retardou o processo de regeneração periodontal. Já nos defeitos com membranas

de PLA/PGA, houve a regeneração, mas em ambos os casos estas membranas necessitaram o

preenchimento dos defeitos com osso liofilizado a fim de manter o espaço para a regeneração dos

tecidos.

A resposta fisiológica ao implante varia em função de sua forma, do tempo de implante, do

material implantado e do local do implante (maior ou menor fluxo de fluidos). Geralmente o

corpo tende inicialmente a encapsular com uma fina camada de tecido fibroso e tem inicio a

degradação do material. Esse encapsulamento vem acompanhado de uma leve reação

inflamatória, não muito maior do que a causada por uma incisão. Se essa reação for muito

intensa, pode causar a necessidade da retirada do implante (Pennings, 2000).

Foi listada uma série de exigências que uma membrana para RTG necessita apresentar para

que ela seja eficiente. Em resumo, ela precisa apresentar biocompatibilidade, exclusão celular,

manutenção do espaço, integração à atividade tecidual, facilidade de utilização e atividade

biológica. A falha de um dispositivo em um ou em mais destes critérios pode ser a razão para o

desempenho insatisfatório na regeneração de defeitos periodontais (Tatakis & Trombelli, 2000).

Poucas membranas atualmente têm incorporado todos estes critérios.

Outras técnicas já foram desenvolvidas para substituir ou dispensar a utilização de

membranas na RTG. Dentre elas, a utilização de osso particulado autógeno ou alógeno para

preencher o defeito periodontal e o emprego de matriz derivada do esmalte. Entretanto, nenhuma

destas técnicas promove uma real regeneração dos tecidos periodontais, pois não são capazes de

efetuar um bloqueio adequado para a proliferação do tecido gengival para o defeito, portanto a

Page 32: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

18

RTG só terá sucesso com a utilização de barreiras que impeçam a invasão de células epiteliais

(Donos et al., 2004; Donos et al., 2005).

O conhecimento da tensão máxima que a membrana pode apresentar sem comprometer sua

estrutura e sua utilidade é muito importante durante a síntese de membranas de polímeros

biorreabsorvíveis. Quando a membrana é fixada em um tecido do organismo hospedeiro, o

polímero começa a degradar e suas propriedades mecânicas são afetadas (Trombelli et al., 2005).

Desta forma a adição de plastificante à composição de membranas de PLLA tornaria a

membrana resultante porosa, com menor tempo de degradação sem afetar suas propriedades

mecânicas. O que pode torná-las ideais para a RTG periodontal (Luciano et al., 2003).

Page 33: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

19

Capítulo 3

Materiais e Métodos

3.1. Preparo e caracterização das membranas de PLLA

Para o preparo das membranas foi utilizado poli(L-ácido láctico) (PLLA) granulado

(PURAC) com massa molecular ponderal média (Mw) em torno de 100.000 Da (segundo

informações do fabricante).

As membranas foram sintetizadas em três diferentes concentrações de polímero e de

plastificante, a fim de se obter diferentes graus de maleabilidade e de porosidade, assim como

para alterar o tempo de degradação das membranas.

As membranas serão sintetizadas nas seguintes proporções:

• PLLA a 95% com 5% de plastificante;

• PLLA a 90% com 10% de plastificante;

• PLLA a 85% com 15% de plastificante.

A seqüência de preparo foi padronizada para todas as amostras de membranas. As

quantidades de PLLA, de solvente (DMC) (Diclorometano, Merck) e de plastificante (tri-etil-

citrato de sódio, Aldrich) necessárias para a obtenção das membranas nas proporções acima

descritas, foram misturadas e submetidas à agitação magnética por duas horas. Após a agitação, a

solução obtida foi colocada em um molde de vidro e posta dentro de uma cuba de vidro com

ambiente saturado pelo solvente, por vinte e quatro horas, para obtenção da membrana (Figura

7).

Page 34: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

20

Figura 7. (A) Agitação magnética da mistura PLLA, tri-etil-citrato e dicloro-metano; (B) cuba de vidro saturada por solvente.

3.1.1. Caracterização das amostras

As amostras foram secas em estufa à vácuo por 24 horas e caracterizadas através das

técnicas citadas abaixo antes e após sua degradação in vitro.

3.2. Estudo da degradação hidrolítica

As amostras foram colocadas em tubos de ensaios com tampa rosqueada, previamente

esterilizados com álcool 70%, contendo solução tampão fosfato (PBS) pH 7,4 a 37 ± 1°C, sendo

retiradas após 2, 4, 8, 16 e 18 semanas, lavadas com água, secas à vácuo.

3.2.1 Análises e ensaios de caracterização das amostras

Primeiramente foi feita a avaliação macroscópica da degradação das membranas para se

obter uma primeira opinião sobre diferenças de degradação conforme o tempo de imersão entre

as diferentes proporções PLLA/tri-etil-citrato.

Microscopia Eletrônica de Varredura – MEV. Testes realizados em Jeol 300. Pequenas

amostras das membranas foram separadas e mantidas em dessecador à vácuo de acordo com os

períodos de remoção da degradação in vitro. Teve como objetivo investigar a superfície e

superfície de fratura dos dispositivos. As amostras foram introduzidas em nitrogênio líquido para

Page 35: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

21

induzir a fratura dos materiais. As membranas foram fixadas em suporte adequado com o auxílio

de cola condutora – cola de prata – e metalizadas com outro a fim de torná-las eletro-condutoras.

A tensão utilizada foi de 10KV.

Ensaio mecânico de tração para determinar a máxima resistência das membranas, módulo

de elasticidade e a taxa de alongamento das membranas em função do tempo de degradação. As

membranas de PLLA/tri-etil-citrato com distância entre as garras de 60 mm de, 15 mm de largura

e 0,25 mm de espessura foram submetidas aos ensaios de tração em uma máquina universal de

ensaios, MTS (Material Testing Systems), modelo 810 (Figura 8), utilizando célula de carga de

200N e velocidade de 50 mm.min-1 seguindo norma ASTM D882-02. Cada amostra foi

submetida a quatro ensaios nas mesmas condições de umidade (50%) e temperatura (22ºC).

Figura 8. Equipamento Material Testing Systems (MTS) modelo 810, utilizado para a realização dos ensaios mecânicos de tração.

Page 36: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

22

Calorimetria Diferencial de Varredura – DSC. Foi utilizado para se avaliar variações de

cristalinidade através da entalpia de fusão, temperatura de fusão e temperatura de transição vítrea.

Estes testes foram realizados utilizando uma porção de 10mg extraídos das membranas de PLLA

degradadas in vitro, elas foram colocadas em recipiente especial, lacradas e mantidas em

dessecador à vácuo até o momento do ensaio. Duas curvas para cada tipo de membrana foram

necessárias para se obter o valor da Tg (temperatura de transição vítrea), que raramente é

detectável no primeiro aquecimento. Na primeira, a temperatura foi de 0ºC a 200ºC. A segunda

foi de -50ºC a 250ºC. A taxa de aquecimento foi de 20ºC/min.

As curvas obtidas foram analisadas no programa NETZSCH TA ANALYSIS STA 409C

V3.3 que acompanha o equipamento. Os valores de Tg e Tf (temperatura de fusão) %Xc (grau de

cristanilidade - GC) foram coletados e especificados em gráficos. As curvas também foram

sobrepostas a fim de comparação.

3.3. Animais

Neste trabalho foram utilizados coelhos Nova Zelândia de ambos os sexos, com idade

aproximada de três meses e pesando de 2,5 a 3,0 Kg. Esses animais foram obtidos do Biotério da

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, no Centro de Ciências Médicas e Biológicas de

Sorocaba (PUC-SP/CCMB). Eles permaneceram presos individualmente recebendo ração

comercial e água “ad libitum” e, mantidos em regime de claro-escuro correspondente a 12 horas e

temperatura controlada de cerca de 23 ºC ± 2 ºC.

3.4. Procedimento cirúrgico

Foram utilizados doze (12) coelhos divididos em quatro (04) grupos, equivalentes aos

diferentes tempos de implante das membranas: quinze (15), trinta (30), sessenta (60) e noventa

(90) dias, sendo utilizados três (03) coelhos para cada tempo. Foram implantadas nestes animais

membranas de PLLA com plastificante em diferentes proporções: 95/5 de PLLA/plastificante;

90/10 de PLLA/plastificante e 85/15 de PLLA/plastificante. As membranas apresentando 8 mm

de diâmetro foram esterilizadas por imersão em álcool 70º por uma hora e lavadas em solução

tampão fosfato pH 7,4 a 37 ± 1 °C, por 1 hora antes da cirurgia.

Page 37: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

23

Os coelhos foram pesados e submetidos à anestesia geral administrada via intramuscular

com uma solução de Ketamina 10% (40 mg/Kg) mais Cloridrato de Xylazina 2% (5 mg/Kg) por

peso corporal.

Após a anestesia, foi realizada a tricotomia da parte dorsal do crânio do coelho. Uma

incisão de aproximadamente 30 mm foi feita no escalpe do animal, seguindo o trajeto da sutura

sagital. A musculatura e o periósteo são descolados e rebatidos, expondo os ossos parietais.

Quatro defeitos ósseos bilaterais foram preparados, com o auxílio de uma broca trefina com 8

mm de diâmetro, montada em motor odontológico de baixa rotação elétrico (Beltec), sob

irrigação constante com solução fisiológica estéril a fim de evitar superaquecimento das bordas

do defeito. Três defeitos receberam as membranas em suas diferentes proporções

polímero/plastificante e um defeito não foi preenchido para controle. A implantação das

membranas obedeceu ao seguinte padrão:

Defeito 1 – localizado no lado anterior direito e preenchido com a membrana 95/5% de

PLLA/plastificante;

Defeito 2 – localizado no lado anterior esquerdo e preenchido com a membrana 90/10% de

PLLA/plastificante;

Defeito 3 – localizado no lado posterior direito e preenchido com a membrana PLLA

85%/15% de plastificante;

Defeito 4 – localizado no lado posterior esquerdo e não preenchido, servindo como

controle.

A pele foi reposicionada e suturada em dois planos, seguida de anti-sepsia com solução de

iodo-polvedine na região do ferimento (Figura 9).

Finalizado os períodos de 15, 30, 60 e 90 dias pós-cirúrgicos, os animais foram sacrificados

por aprofundamento de anestesia com solução de Hidrato de Cloral 10% na dose 400mg/Kg,

seguida por deslocamento cervical. Uma vez sacrificado, a calvária de cada animal foi removida

com o auxílio de uma serra cirúrgica. As amostras dissecadas foram analisadas

macroscopicamente e as observações registradas e fotografadas. Em seguida, a calvária contendo

o segmento de cada membrana implantada e a região controle foram fixados em paraformoldeido

4%, para análise histológica.

Page 38: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

24

Figura 9. Seqüência cirúrgica na calvária de coelhos: (A) preparo dos defeitos ósseos com broca

trefina de 8 mm de diâmetro; (B) remoção de parte do osso parietal; (C) exposição da calvária de

coelho mostrando os quatro defeitos bilaterais nos ossos parietais para a colocação das

membranas; e (D) membranas já colocadas nos defeitos criados.

3.5. Processamento do material

Primeiramente o material foi submetido à descalcificação em solução de ácido nítrico a 5%.

Em seguida, os segmentos contendo os defeitos foram separados e os defeitos cortados na região

transversal mediana obtendo duas amostras com uma área central e duas periféricas. As amostras

foram preparadas para análise histológica de acordo com as técnicas utilizadas para Microscopia

de Luz, utilizando-se parafina como meio de inclusão.

O processamento consistiu inicialmente na fixação do material em líquido de

paraformoldeído a 4%, por um período de 24 horas à temperatura ambiente. Após a fixação do

material, foram realizados os seguintes procedimentos:

Page 39: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

25

1. Desidratação: etanol a 70% (1h), etanol a 80% (2 tempos de 30 min.), etanol a 95% (2

tempos de 30 min.) e etanol a 100% (3 tempos de 30 min.);

2. Diafanização: etanol a 100% + xilol (na proporção de 1:1 durante 30 min.) e xilol puro

(durante 60 min.);

3. Embebição: xilol + parafina (na proporção 1:1 durante 30 min. dentro da estufa) e

parafina pura (2 tempos de 60 min.);

4. Inclusão: após o processamento o material será incluído em fôrma com parafina. Após

gelados e, devidamente identificados, os blocos foram aparados para tirar o excesso de

parafina.

3.6. Preparação das lâminas

Os preparados foram seccionados com navalhas descartáveis em micrótomo Leica RM

2245 a uma espessura de 4 μm. Para tanto, os blocos de parafina foram colocados no congelador

durante 30 minutos. A seguir os blocos foram colocados um a um no micrótomo e desbastados

até que toda a superfície tenha sido atingida. As fitas obtidas foram colocadas no banho

histológico, e pescados os cortes com o auxílio de lâminas. Então, as lâminas devidamente

identificadas foram colocadas em um suporte de madeira para secar. As lâminas com o material

histológico foram levadas para a estufa a 60ºC, onde permanecerão durante 15 minutos para que

o excesso de parafina seja eliminado. Finalizando, as lâminas foram coradas usando a técnica

Tricômico de Masson:

1. Desparafinizar e hidratar os cortes;

2. Corar com Hematoxilina de Ehrlich por 5 a 15 minutos;

3. Lavar em água de torneira por 10 minutos;

4. Corar com Fucsina Ácida por 1 a 5 minutos;

5. Lavar várias vezes em água destilada;

6. Oxidar pelo Ácido Fosfomolíbdico a 1% por 8 minutos;

7. Escorrer bem e corar pela Azul de Anilina por 5 minutos;

8. Lavar rapidamente em água destilada;

9. Desidratar, diafanizar e montar em Entelan.

Page 40: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

26

3.6.1. Análise histológica

As lâminas foram analisadas em um microscópio óptico (marca NIKON – E800). Através

da analise histológica foram avaliados os seguintes parâmetros:

3.6.2. Parâmetros qualitativos

1. Regeneração óssea;

2. Respostas inflamatórias e coagulatórias;

3. Biocompatibilidade e capacidade de sustentar a adesão e crescimento celular;

4. Propriedades mecânicas condizentes com o tecido a ser reconstruído;

5. Velocidade de degradação compatível com o crescimento do tecido para qual serve o

suporte.

3.6.3. Parâmetros quantitativos

Após exame microscópico convencional, a avaliação da resposta cicatricial do osso foi feita

obedecendo ao critério preconizado por Donos et al. (2004), no qual se divide a amostra em três

grupos:

Grupo 1 – não fechamento – no qual permaneceu aberto o defeito ósseo, com apenas uma

cicatrização óssea marginal ao defeito;

Grupo 2 – fechamento parcial – onde houve a formação de novo osso além da cicatrização

óssea marginal ao defeito, sem continuidade óssea;

Grupo 3 – fechamento total – defeitos que apresentaram continuidade óssea completa entre

as margens.

Para cada período avaliado foram empregados estes critérios, e após, estes dados foram

cruzados entre si, a fim de determinar qual proporção polímero/plastificante se adequará melhor a

determinado período de cicatrização. Teste exato de Fischer foi aplicado para análise estatística,

valores de p < 0.05 foram considerados como nível de significância.

Page 41: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

27

Capítulo 4

Resultados e Discussão

4.1 Estudo in vitro

4.1.1 Avaliação macroscópica

Dentre as três proporções polímero/plastificante (95/5; 90/10 e 85/15) pôde-se notar pouca

degradação das membranas de 95/5 e 90/10, porém as membranas com maior concentração de

plastificante (85/15) tiveram uma maior degradação visível macroscopicamente, conforme

aumentava o período de imersão em tampão fosfato (PBS).

Foi possível observar através da análise macroscópica que a partir da 16ª semana de

degradação in vitro, ocorreram mudanças na estrutura das membranas e na 18ª semana as

membranas, principalmente de proporção PLLA/tri-etil-citrato 85/15 se encontravam muito

quebradiças apresentando uma coloração esbranquiçada, dificultando, assim, a execução do

ensaio mecânico de tração (Figura 10).

Page 42: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

28

Figura 10. Membranas de PLLA/Tri-etil-citrato degradadas nos tempos de 2, 4, 8, 16 e 18

semanas.

4.1.2 Avaliação por microscopia eletrônica de varredura

Através de MEV, nota-se que as membranas com maior concentração de plastificante são

mais globulares e porosas, já as com menor concentração, tendem a ser mais densas.

A partir da análise das fotomicrografias eletrônicas de varredura, podemos comparar a

degradação das membranas de PLLA/tri-etil-citrato nos períodos inicial e após 18 semanas, sendo

que as membranas de concentração 85/15 foram as que apresentaram maior taxa de degradação.

Observou-se, também, que a degradação das membranas se dá a partir do centro para a porção

externa das membranas, acontecimento descrito primeiramente por Li et al. (1999), como

autocatálise devido ao acúmulo de ácidos fazendo com que a estrutura da membrana tenha uma

erosão inicial na superfície, mas apresentando uma degradação mais acentuada no centro (Figura

Page 43: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

29

11 e 12). A morfologia das membranas, particularmente os tamanhos dos poros e sua distribuição

são muito importantes para a adesão celular, tornando o material bioativo (Luciano et al., 2003).

Figura 11. Micrografias eletrônicas de varredura da superfície de membranas de PLLA/tri-etil-citrato obtidas no tempo 0 (coluna à esquerda) e após 18 semanas (coluna à direita) de degradação in vitro. Membranas PLLA/tri-etil-citrato 95/5 (A e B), 90/10 (C e D) e 85/15 (E e F). Nota-se a degradação mais acentuada na membrana de proporção 85/15 (E e F).

Page 44: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

30

Figura 12. Micrografias eletrônicas de varredura da fratura de membranas de PLLA/tri-etil-citrato obtidas no tempo 0 (coluna à esquerda) e após 18 semanas (coluna à direita) de degradação in vitro. Membranas PLLA/tri-etil-citrato 95/5 (A e B), 90/10 (C e D) e 85/15 (E e F). Nota-se a degradação mais acentuada na membrana de proporção 85/15 (E e F).

Page 45: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

31

Figura 13. Fotomicrografias eletrônicas de varredura das membranas de PLLA/tri-etil-citrato após 18 semanas de degradação in vitro, em aumentos de 500x (A, C e E) e 2000x (B, D e F). (A e B) representam a membrana 95/5, (C e D) representam a membrana 90/10 e (E e F) representam a membrana 85/15.

Page 46: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

32

De acordo com os resultados obtidos, a adição do plastificante tri-etil-citrato à

composição das membranas de PLLA resultou em alterações significativas para a produção de

membranas para RTG com diferentes tempos de degradação, pois o plastificante confere às

membranas uma porosidade que permite a difusão de nutrientes para a região do defeito sem

permitir a sua invasão por células epiteliais, além de fornecer uma maior maleabilidade aos

dispositivos sem o comprometimento de sua biocompatibilidade (Nakamura et al., 2000).

Entretanto esta alteração na composição da membrana, só se torna perceptível

morfologicamente a partir das membranas de composição PLLA/tri-etil-citrato 90/10 e 85/15.

Sendo que a degradação é mais evidente após 18 semanas nas membranas 85/15 provavelmente

pela maior quantidade de poros, o que facilita a difusão de aquosa por entre sua estrutura (Figura

13) (Barbanti et al., 2004).

4.1.3 Ensaio mecânico de tração

As amostras 95/5, 90/10 e 85/15 foram submetidas ao ensaio de tração, segundo a norma

ASTM D882-02. A Figura 14 mostra o comportamento das curvas tensão x deformação para as

amostras de PLLA com diferentes concentrações de plastificante.

Verifica-se nitidamente que a adição do plastificante está diretamente ligada ao

alongamento apresentado pelas amostras, ou seja, como era esperado, quanto maior a

concentração de plastificante, maior o alongamento.

Page 47: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

33

0 1 2 3 4 5 60

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

85/15 T0 90/10 T0 95/05 T0

Tens

ão (M

Pa)

Deformação (%)

Figura 14 Curvas de Tensão x Deformação para as amostras de PLLA com diferentes concentrações de plastificante.

A Tabela 1 refere-se aos dados obtidos das análises do PLLA em função do tempo de

degradação em tampão fosfato (PBS). Os resultados analisados foram obtidos até o tempo de 18

semanas.

Verifica-se que o módulo de elasticidade diminui e o alongamento aumenta em função da

composição de plastificante. Entretanto, se avaliarmos a variação desses parâmetros em função

do tempo de degradação, verifica-se que o módulo aumenta à medida que o processo de

degradação ocorre, enquanto o alongamento diminui. No entanto, o aumento do módulo na

amostra 85/15 é mais acentuado comparado às amostras 90/10 e 95/5. Esse comportamento pode

ser verificado através da Figura 15, que mostra as curvas obtidas para esse ensaio.

Page 48: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

34

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Tens

ão (M

Pa)

Deformação (%)

85/15 T5 90/10 T5 95/05 T5

Figura 15. Curvas de Tensão x Deformação para as amostras de PLLA com diferentes concentrações de plastificante, após 18 semanas de degradação. O aumento dos valores do módulo e a diminuição no alongamento em função do processo

de degradação podem estar relacionados à variação do grau de cristalinidade à medida que a

degradação ocorre, como verificado nas análises de DSC. Dessa forma, à medida que o material

degrada novos arranjos cristalinos são formados, aumentando a resistência e diminuindo o

alongamento. Esse efeito é mais acentuado nas amostras 85/15, devido a maior composição do

plastificante.

No entanto, acredita-se que existe um efeito competitivo entre a ação do plastificante,

levando a uma degradação mais rápida devido aos poros, permitindo uma maior difusão dos

fluidos e por isso, variações nas propriedades mecânicas mais acentuadas para as amostras 85/15,

embora as análises de DSC mostrassem que nessa amostra a variação do grau de cristalinidade foi

menor comparada com as outras amostras.

A comparação entre dados de estudos de degradação in vitro publicados na literatura

torna-se difícil, devido a inúmeras diferenças entre os estudos. Esses fatores que podem alterar os

resultados incluem a composição do material de estudo, processamento, armazenamento da

amostra e tipos de testes mecânicos (Moser et al., 2005).

Page 49: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

35

De qualquer forma, os resultados do estudo in vitro apresentados têm o objetivo de servir

somente como um simples modelo do comportamento do estudo in vivo dos implantes

biorreabsorvíveis, tendo em vista que quando implantados esses dispositivos podem estar em

contato com vários tecidos que podem afetar as características de degradação dos implantes.

Moser et al. (2005), exemplifica as situações que dificultam a predição exata do estudo in

vitro para a situação in vivo, dizendo que no caso do dispositivo polimérico in vitro a exposição à

solução tampão de PBS é muito grande, enquanto na situação in vivo os implantes podem estar

expostos a um volume muito menor de fluídos. Além disso, a carga a que o implante estará

sujeito, durante o período de recuperação óssea, pode variar, dependendo do local do implante,

tendo essa carga, às vezes, uma magnitude maior do que a suportada pelo dispositivo.

Nesse contexto, as menores variações entre um estudo in vitro e um in vivo serão

encontradas quando se sabe previamente que o implante estará numa região onde a exposição a

carga é baixa, como no caso de certas aplicações craniofaciais, assim como relatado por Moser et

al. (2005).

Um dos copolímeros estudados por Mainil-Varlet et al. (1997), quanto a degradação in

vitro e in vivo, foi o poli(L-co-DL ácido lático), na relação 95:5 , sendo constatado uma boa

correlação entre esses estudos quando os critérios considerados foram variações na resistência

mecânica e massa molar.

Page 50: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

36

Tabela 1. Dados de modulo de elasticidade (MPa), tensão no escoamento (MPa), tensão na ruptura (MPa), alongamento no escoamento (%) e alongamento na ruptura (%), obtidos pelo ensaio mecânico de tração para as amostras em função do tempo de degradação.

Tempo (semanas)

Módulo de elasticidade (MPa)

Tensão máxima (MPa)

Tensão na ruptura (MPa) Alongamento na ruptura (%)

0 1393,51 (+/- 327,16) 19,44 (+/- 0,93) 20,26 (+/- 1,84) 2,11 (+/- 0,72) 2 2387,6 (+/- 359,21) 40,21 (+/- 0,74) 36 (+/- 7,21) 2,04 (+/- 0,12)

95/5 4 2799,75 (+/- 328,86) 49,79 (+/- 1,46) 48,42 (+/- 0,26) 1,98 (+/- 0,72) 8 2502,47 (+/- 314,3) 19,15 (+/- 8,52) 24,4 (+/- 6,43) 1,04 (+/- 0,11) 16 2234,24 (+/- 460,6) 13,43 (+/- 0,34) 17,12 (+/- 2,61) 0,78 (+/- 0,13) 18 2543,73 (+/- 670,24) 43,75 (+/- 0,49) 27,61 (+/- 17,94) 1,03 (+/- 0,51) 0 873,48 (+/- 159,19) 20,22 (+/- 3,27) 21,49 (+/- 1,64) 4,65 (+/- 0,46) 2 1122,4 (+/- 123,6) 13,24 (+/- 0,93) 12,54 (+/- 3,81) 1,17 (+/- 0,51)

90/10 4 1462,56 (+/- 316,7) 23,66 (+/- 3,46) 21,07 (+/- 6,1) 1,42 (+/- 0,33) 8 1743,32 (+/- 406,8) 14,19 (+/- 3,79) 11,03 (+/- 2,06) 0,64 (+/- 0,13) 16 2867,92 (+/- 469,54) 41,24 (+/- 6,16) 43,03 (+/- 5,44) 2,26 (+/- 0,73) 18 2669,54 (+/- 239,3) 34,49 (+/- 1,91) 34,52 (+/- 2,16) 1,41 (+/- 0,32) 0 491,82 (+/- 32,81) 11,76 (+/- 0,89) 11,64 (+/- 0,89) 6,95 (+/- 1,8) 2 1952,22 (+/- 236,61) 10,73 (+/- 1,43) 9,6 (+/- 1,28) 0,5 (+/- 0,82)

85/15 4 1903,04 (+/- 538,56) 7,74 (+/- 0,52) 7,39 (+/- 0,57) 0,48 (+/- 0,14) 8 2467,12 (+/- 242,89) 32,20 (+/- 8,69) 31,02 (+/- 9,12) 1,79 (+/- 0,17) 16 1951,02 (+/- 213,57) 11,04 (+/- 8,84) 17,93 (+/- 7,91) 0,96 (+/- 0,24) 18 2455,77 (+/- 654,42) 12,49 (+/- 0,42) 10,08 (+/- 0,56) 0,43 (+/- 0,11)

Page 51: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

37

4.1.4 Calorimetria diferencial de varredura (DSC)

A Calorimetria Diferencial de Varredura é uma técnica útil para a quantificação de

propriedades térmicas dos materiais. Usualmente, a técnica permite acompanhar transições

associadas aos processos exotérmicos e endotérmicos, como a entalpia de fusão, cristalização e

vaporização, como também a temperatura de transição vítrea (Tg), temperatura de cristalização

(Tc) e temperatura de fusão (Tm). Aplicadas aos polímeros, a técnica pode também determinar o

grau de cristalinidade do material, influência de aditivos, reações de polimerização e degradação

oxidativa ou térmica (Lucas et al., 2001).

Os termogramas obtidos para as amostras de PLLA com adição de 5, 10 e 15% de

plastificante, cujas composições foram denominadas 95/5, 90/10 e 85/15 são mostrados nas

Figuras 16, 17 e 18, respectivamente, para o segundo aquecimento, em função do tempo de

degradação em solução tampão fosfato, pH 7,4. Os termogramas de todas as amostras nas

diferentes composições são característicos de um polímero semicristalino, mostrando picos de

fusão, temperatura de transição vítrea e pico de cristalização, sendo que o pico de cristalização

aparece somente no segundo aquecimento, em função das condições de resfriamento das

amostras.

-15

-10

-5

0

5

Hea

t Flo

w (m

W)

0 50 100 150 200 250

Temperature (°C)

––––––– 95-5 0 semana––––––– 95-5 4 semanas––––––– 95-5 8 semanas––––––– 95-5 16 semanas––––––– 95-5 18 semanas

Exo Up Universal V2.5H TA Instruments

Figura 16. Termogramas a partir de DSC, segundo aquecimento, para as amostras 95/5 em função do tempo de degradação.

Page 52: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

38

-15

-10

-5

0

5H

eat F

low

(mW

)

20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

Temperature (°C)

––––––– 90-10 0 semana––––––– 90-10 4 semanas––––––– 90-10 8 semanas––––––– 90-10 16 semanas––––––– 90-10 18 semanas

Exo Up Universal V2.5H TA Instruments

Figura 17 Termogramas a partir de DSC, segundo aquecimento, para as amostras 90/10 em função do tempo de degradação.

-15

-10

-5

0

5

Hea

t Flo

w (m

W)

0 50 100 150 200 250

Temperature (°C)

––––––– 85-15 0 semana––––––– 85-15 4 semanas––––––– 85-15 8 semanas––––––– 85-15 16 semanas––––––– 85-15 18 semanas

Exo Up Universal V2.5H TA Instruments

Figura 18. Termogramas a partir de DSC, segundo aquecimento, para as amostras 85/15 em função do tempo de degradação.

Page 53: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

39

A Tabela 2 mostra os valores de temperatura de transição vítrea (Tg), temperatura de

fusão (Tf) para as amostras no primeiro aquecimento, em função do tempo de degradação.

Avaliando-se os dados antes da degradação, verifica-se valores de Tg de 56oC e Tm de 175 oC e

que os mesmos não variam independente da composição das amostras e do tempo de degradação,

no entanto, se compararmos com o trabalho de Ceroni-Filho (2004) para as análises de DSC para

o mesmo PLLA puro, verifica-se um decréscimo no valor Tg, encontrado em (65oC).

Nas membranas em estudo, temos que considerar que o plastificante age dando maior

mobilidade às cadeias poliméricas e diminui a Tg. A ação do plastificante diminuindo a interação

entre as cadeias pode explicar a diminuição dos valores de Tg quando comparados ao polímero

puro.

O pico de cristalização presente somente no resfriamento das amostras de PLLA (Tabela

2), sugere que a taxa de resfriamento do material (10oC/min), após o primeiro aquecimento, foi

rápida o suficiente para permitir a lenta nucleação e conseqüente formação de cristais do material.

A cristalinidade é um parâmetro responsável pela baixa taxa de hidrólise do poli(L-ácido láctico),

que tem como conseqüência rápida perda de suas propriedades mecânicas. Além disso, em

aplicações biomédicas, principalmente em ortopedia, a perda das propriedades mecânicas é um

fator importante, tendo em vista que os dispositivos devem exercer suas funções até a formação

do novo osso. É interessante que os dispositivos apresentem valores de cristalinidade mais baixos

do que os apresentados pelo PLLA, para que a taxa de degradação seja mais elevada, diminuindo

assim a permanência de fragmentos do material no local do implante o que poderia causar riscos

de reações de corpos estranhos em longo prazo.

Outro dado obtido pela técnica de DSC é a variação da entalpia das amostras, podendo ser

relacionada com a entalpia do polímero, supondo-o 100% cristalino, fornecendo uma

porcentagem de grau de cristalinidade do material. Os dados das Tabelas 2 e 3 indicam amostras

semicristalinas, sem diferenças de cristalinidade entre as mesmas.

A partir da entalpia de fusão experimental, da entalpia de cristalização experimental e a

temperatura de fusão do PLLA, considerando o polímero 100% cristalino (93.7 J/g) ) (Pistner et

al., 1993), foi possível obter o grau de cristalinidade (χ %) do PLLA nas diferentes composições

do plastificante. Onde ΔHm é a entalpia de fusão experimental [J/g], ΔHc é a entalpia de

cristalização experimental [J/g] e ΔHmo é a entalpia de fusão considerando o polímero 100%

cristalino, 93.7 J/g.

Page 54: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

40

Sabe-se que a degradação das amostras de polímeros biorreabsorvíveis é uma função do

seu grau de cristalinidade, pois esta determina a taxa de absorção de água pelo polímero, que

conseqüentemente irá influenciar na cinética de hidrólise do material (Duek et al., 1999). Existem

vários trabalhos na literatura tratando da degradação de polímeros biorreabsorvíveis, mostrando o

aumento do grau de cristalinidade em função do tempo de degradação. Isso é válido tanto para

estudos in vitro quanto para estudos in vivo. No caso da utilização das amostras como suporte

para a cultura de células, o fator cristalinidade também é fundamental, pois a medida que o

material polimérico degrada, permite a invasão celular com conseqüente formação do tecido

(Khor et al., 2002). Essas características poderão ser otimizadas variando-se a taxa de degradação

do suporte polimérico, dependendo do tipo de célula cultivada.

Valores do grau de cristalinidade a partir da entalpia de fusão indicam um aumento do

grau de cristalinidade para as amostras de composições 95/5 e 90/10, sendo que para as

membranas 85/15, essa variação não é observada, (Tabela 3). O aumento do grau de

cristalinidade em função do tempo de degradação foi observado para o mesmo PLLA puro por

Ceroni-Filho (2004). No entanto, os valores de grau de cristalinidade encontrados para o PLLA

puro foram de 40%, antes da degradação, mantendo-se praticamente constantes após 20 semanas

de degradação. No caso em estudo, o fato da amostra 85/15 manter o grau de cristalinidade

constante em função da degradação pode estar relacionado ao efeito da alta concentração de

plastificante, mantendo as cadeias separadas, não permitindo a cristalização, considerando o

tempo de 18 semanas.

Existe uma controvérsia na literatura para explicar o aumento do grau de cristalinidade

com o aumento do tempo de degradação. A maioria dos autores afirma que ocorre um rearranjo

das cadeias menores geradas pelo próprio processo de degradação e como conseqüência, há a

formação de novos cristais, enquanto outros acreditam que à medida que a parte amorfa do

polímero degrada, permanece uma maior porcentagem de fase cristalina.

O processo de degradação de poliésteres, como é o caso do poli(ácido-láctico), é devido à

hidrólise das ligações ésteres, à qual ocorre nas regiões amorfas do polímero. Isto pode explicar o

aumento da cristalinidade também observado por esses autores (Li et al., 1990; Leenslag et al.,

1987).

Page 55: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

41

O processo de degradação é mais complexo do que relacionar partes amorfas e cristalinas.

Grizzia et al. (1995), usando diferentes placas de PDLA amorfo observaram que o processo de

degradação é heterogêneo e que é mais rápido no centro do que na superfície, quando em contato

com o meio aquoso. Assim, o autor resume esse processo nos seguintes passos: inicialmente a

amostra é homogênea, em contato com o meio aquoso inicia-se a hidrólise e consequentemente

clivagem das ligações ésteres, confirmado pela diminuição da massa molar. No início do

processo é provável que a degradação ocorra na superfície devido ao gradiente de absorção de

água, mas pode se dissolver mais facilmente no meio comparado com os localizados no centro. A

concentração de grupos finais carbonila aumenta no centro e passa a catalisar o processo.

Esse comportamento auto-catalítico mostra-se ser geral para o processo de degradação nos

poliésteres alifáticos. Entretanto, esse processo é dependente da estrutura química e

configuracional das cadeias poliméricas, além da morfologia dos dispositivos (Li et al., 1990).

Lam et al. (1994), confirmaram essa hipótese ao mostrarem que membranas não porosas

de PLLA degradam mais rapidamente do que membranas porosas, pois no caso das membranas

não porosas o efeito auto-catalítico é favorecido enquanto que para as porosas ocorre a facilidade

na dissolução dos produtos.

No caso das membranas de PLLA em estudo, conforme pôde ser visualizado através de

MEV, distinguem-se duas morfologias: as membranas com menor percentual de plastificante em

sua composição (95/5 e 90/10) exibem uma morfologia mais densa e as membranas contendo

maior concentração de plastificante (85/15) apresentam uma morfologia porosa e globular.

Page 56: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

42

Tabela 2. Dados de temperatura de fusão (Tf) e temperatura de transição vítrea (Tg) obtidos a partir do primeiro aquecimento do DSC para as amostras 95/5, 90/10 e 85/15.

Amostras

Tempo

(semanas)

Tf

(°C)

Tg

(°C)

0 175 56

4 175 55

95/5 8 176 55

16 176 57

18 176 55

0 174 58

4 174 58

90/10 8 175 56

16 175 56

18 176 54

0 176 53

4 175 56

85/15 8 175 58

16 175 57

18 176 53

Page 57: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

43

Tabela 3. Dados temperatura de transição vítrea (Tg), temperatura de cristalização (Tc), entalpia de cristalização (∆Hc), temperatura de fusão (Tf), entalpia de fusão (∆Hf) e grau de cristalinidade (χ ) obtidos a partir do segundo aquecimento do DSC para as amostras 95/5, 90/10 e 85/15.

Tempo

(semanas)

Tg

(°C)

Tc

(°C) ∆Hc(J/g)

Tf

(°C) ∆Hf (J/g)

χ (%)

95-5

0 47 99 31 175 48 18

4 47 96 32 173 55 24

8 48 97 32 175 55 24

16 48 95 29 175 54 27

18 50 98 30 175 55 27

90-10

0 47 99 33 174 46 18

4 50 96 33 172 50 18

8 54 97 34 170 58 26

16 48 93 28 173 64 38

18 45 96 27 174 57 32

85-15

0 52 99 34 172 60 28

4 53 97 34 168 52 19

8 52 98 36 172 54 19

16 47 96 32 173 59 29

18 50 96 34 170 54 21

Comparando-se nossos resultados com o trabalho de Lam et. al. (1994), era de se esperar

que as membranas com plastificante apresentassem um maior aumento no grau de cristalinidade

em função do tempo de degradação, resultado oposto ao encontrado. Esses resultados nos levam

a concluir que o plastificante exerce um efeito mais acentuado no processo de degradação do que

o efeito devido à diferença morfológica entre as membranas, ou seja, o efeito da mobilidade das

cadeias prevalece sob a morfologia.

Page 58: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

44

O aumento da cristalinidade é verificado mesmo para as membranas amorfas. Estudos

realizados com copolímeros PLA37.5/PGA25, completamente amorfos mostraram através de

análise de DSC que o copolímero apresenta uma Tg na faixa de 50-55 °C. Após 12 semanas em

tampão fosfato, além da Tg, apresentam um pico de fusão na faixa de 95-100 °C, indicando a

formação de regiões cristalinas confirmados por análises de Raio-X. Tg também pode diminuir

devido ao efeito plastificante da água. No caso do copolímero, é influenciada pela composição;

quanto maior a porcentagem de ácido glicólico em relação ao ácido láctico mais rápido é o

processo de degradação (Li et al., 1990).

Entretanto devemos lembrar que no caso das membranas porosas obtidas através da

adição de plastificante, a ação do mesmo diminuindo a Tg e dando maior mobilidade à cadeia é

muito mais marcante do que esse processo, e sua degradação acaba sendo muito mais rápida,

como observamos nos resultados dos ensaios de tração Essa estrutura porosa e a estrutura densa

das outras membranas podem ser visualizadas através das micrografias realizadas através de

MEV.

4.2 Estudo in vivo

4.2.1 Avaliação macroscópica

Os animais suportaram bem a anestesia e o procedimento cirúrgico sem registro de

ocorrências no período operatório. Durante o acompanhamento pós-operatório dos implantes não

foram observados sinais de complicações pós-cirúrgicas imediatas ou tardias. Tampouco foram

observados sinais clínicos de rejeição às membranas durante o período pós-operatório. Uma

premissa da adequada biocompatibilidade das membranas de PLLA/tri-etil-citrato.

Não houve sinais de rejeição às membranas e de infecção em qualquer defeito. Os defeitos

controle estavam frágeis e flexíveis quando tocados e eram revestidos por uma fina camada

fibrosa. Os defeitos tratados com a membrana de PLLA/tri-etil-citrato estavam cobertos por

tecido fibroso e mais rígidos e resistentes ao toque, mas nenhuma diferença pôde ser estabelecida

entre as diferentes membranas.

Macroscopicamente, foi possível observar a regeneração parcial do defeito ósseo a partir do

15º dia (2ª semana) através da análise do corte da calota craniana dos espécimes sacrificados, não

houve reação inflamatória exacerbada local, constatando a biocompatibilidade das membranas de

Page 59: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

45

PLLA/tri-etil-citrato. Esta formação parcial óssea em curto período comprova que a membrana de

PLLA/tri-etil-citrato manteve um espaço ideal para a neoformação óssea evitando assim a

proliferação de células epiteliais para a região do defeito (Figura 19).

Figura 19. Observação macroscópica das calotas cranianas de coelho dissecadas, após 15 dias da cirurgia. (A) aspecto do material depois de retirada a pele; (B) visualização dos quatro defeitos: (1) PLLA/tri-etil-citrato 95/5; (2) controle; (3) PLLA/tri-etil-citrato 85/15 e (4) PLLA/tri-etil-citrato 90/10; e em (C) visualização de tecido da (*) dura-máter extravasado no defeito controle.

4.2.2 Avaliação microscópica

Tempo: 15 dias

Não houve diferenças significativas aos 15 dias entre as membranas de PLLA/tri-etil-

citrato. Verificaram-se a presença de uma cápsula de tecido conjuntivo ao redor do polímero,

com presença das células do tipo fibroblasto, além de fibras colágenas. Não houve processo

inflamatório expressivo ao redor do material implantado. A membrana serviu como uma barreira

Page 60: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

46

impedindo a invasão do tecido mole adjacente. Notou-se o inicio da regeneração óssea a partir

das bordas do defeito. Vasos sanguíneos estavam presentes. A degradação das membranas de

PLLA/tri-etil-citrato não foi perceptível nesse intervalo de tempo (Figuras 20, 21 e 22).

O defeito controle foi invadido e preenchido por uma camada espessa de tecido

conjuntivo fibroso. Não houve regeneração óssea significativa (Figura 23).

Figura 20. Fotomicrografia da membrana de PLLA/tri-etil-citrato 85/15 exibindo a formação de uma cápsula fibrosa (C) ao redor da membrana (M), aos 15 dias pós-implante. Tricômico de Masson 100x

C

M

C

Page 61: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

47

Figura 21. Fotomicrografia da membrana de PLLA/tri-etil-citrato 80/10 exibindo a formação de uma cápsula fibrosa (C) ao redor da membrana (M), aos 15 dias pós-implante. Tricômico de Masson 100x

M

C

Page 62: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

48

Figura 22. Fotomicrografia de membrana de PLLA/tri-etil-citrato 95/5 (M) exibindo o início do processo de neoformação óssea com a migração de vasos sanguíneos (VS), aos 15 dias pós-implante. Tricômico de Masson 100x.

M

VS

Page 63: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

49

Figura 23. Fotomicrografa do defeito controle, nota-se a invasão da área por tecido conjuntivo fibroso, aos 15 dias pós-implante. Tricômico de Masson 200x.

Tempo: 30 dias

Houve continuidade no processo de regeneração óssea a partir das bordas. A regeneração

óssea ocorreu abaixo da membrana e acima houve a permanência de tecido mole. Em alguns

casos houve uma continuidade de novo tecido ósseo formado (fechamento total), entretanto com

uma camada delgada de osso neo-formado e em outros um fechamento parcial do defeito.

Verificou-se a presença de uma delgada cápsula de tecido conjuntivo ao redor do espaço do

polímero e a presença de muitos vasos sanguíneos. Diferenças na velocidade de degradação das

diferentes membranas de PLLA/tri-etil-citrato não foi perceptível, mas o espaço quando

comparado com o menor tempo foi aparentemente menor. O defeito controle continuava

abundante em células fibrosas como o verificado ao 15º dia (Figuras 24, 25 e 26).

A região de defeito controle, mesmo com a invasão do tecido conjuntivo apresentou

ligeiras neoformações ósseas isoladas (Figura 27).

Page 64: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

50

Outra importante observação foi a capacidade de as membranas manterem o espaço

necessário para que a regeneração ocorresse óssea sob elas. Outras membranas disponíveis para

RTG necessitam serem combinadas com enxertos ósseos, autógenos ou alógenos para suportar ou

estabilizar as membranas evitando assim o seu colapso para a região do defeito (Stavropoulos et

al., 2004).

Figura 24. Fotomicrografia de membrana de PLLA/tri-etil-citrato 85/15 com regeneração óssea significativa nas bordas do defeito (→) aos 30 dias. Localização da membrana (M) e tecido conjuntivo fibroso (C). Tricômico de Masson, 20x.

M

C

Page 65: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

51

Figura 25. Fotomicrografia de membrana de PLLA/tri-etil-citrato 90/10 mostrando uma adequada regeneração óssea abaixo da membrana (M) aos 30 dias. Cápsula fibrosa fina (C); osso neoformado (O), osteoblastos (→) e osteócitos (►). Tricômico de Masson, 200x.

C

O

Page 66: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

52

Figura 26. Fotomicrografia de membrana de PLLA/tri-etil-citrato 95/5 mostrando uma adequada regeneração óssea abaixo da membrana (M) aos 30 dias. Cápsula fibrosa fina (C); grande quantidade de vasos sanguíneos (VS); osso neoformado (O). Tricômico de Masson, 200x

M

VS

O

Page 67: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

53

Figura 27. Fotomicrografa do defeito controle nota-se a invasão da área por tecido conjuntivo fibroso, aos 30 dias pós-implante, com formações ósseas isoladas (O). Tricômico de Masson 20x

Tempo: 60 dias

Nota-se o processo de ossificação adiantado. Espessamento da camada de osso da periferia

para o centro do defeito, a presença de trabéculas ósseas maiores, maior número de osteócitos.

Foi verificado o fechamento total nos defeitos com as membranas. A cápsula fibrosa apresentou-

se quase ausente. A região referente à membrana de PLLA/tri-etil-citrato de 85/15 estava bem

menor quando comparado aos referentes às membranas 95/5 e 90/10 (Figura 28).

No defeito controle houve pouca regeneração óssea a partir das bordas, não perfazendo uma

camada continua de osso. Apresentando muito tecido conjuntivo fibroso no local do defeito

(Figura 29).

O

Page 68: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

54

Tais resultados comprovam a eficiência das membranas de PLLA/tri-etil-citrato em se

adaptar as condições corpóreas causando o mínimo de irritação e sendo bem aceitas pelo

organismo (Scapin et al., 2003).

Takata et al. (2001) confirmaram essa observação, ao constatarem que as membranas a base

de PLA influenciavam a proliferação e diferenciação de células provenientes do ligamento

periodontal mais do que outras membranas já utilizadas em RTG.

T

VS

VS

Page 69: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

55

Figura 28. Fotomicrografia de membrana de PLLA/tri-etil-citrato 90/10 aos 60 dias mostrando novo osso formado no centro do defeito. Vasos sanguíneos (VS) e tecido conjuntivo (T) necessário para a formação de novo osso. Tricômico de Masson, 100x.

Figura 29. Fotomicrografia do defeito controle mostrando a regeneração óssea restrita à borda do defeito (→) aos 60 dias. Espaço do defeito invadido e preenchido por tecido conjuntivo (T) e vasos sanguíneos (*). Tricômico de Masson, 200x.

Tempo: 90 dias

Regeneração óssea completa para os defeitos com as membranas de PLLA/tri-etil-citrato.

Presença de tecido ósseo secundário ou pelo menos mais organizado. A degradação das

membranas de PLLA/tri-etil-citrato 95/5 e 90/10 não apresentam diferenças significativas,

T

*

*

Page 70: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

56

entretanto a membrana de PLLA/tri-etil-citrato 85/15 apresentou uma maior velocidade de

degradação evidenciada pelo menor sitio. O defeito controle apresentou fechamento parcial do

defeito e com grande quantidade de fibras colágenas melhores organizadas quando comparadas

com o menor tempo (Figura 27).

Figura 30 Fotomicrografia do defeito contendo membrana de PLLA/tri-etil-citrato 90/10 aos 90 dias mostrando o fechamento total do defeito. Presença de uma fina camada de tecido conjuntivo (cabeça de seta) abaixo do local de implante e canais de Havers (→). Tricômico de Masson, 100x.

Os resultados in vivo confirmaram os estudos in vitro, nos quais as membranas com

menores concentrações de plastificante (95/5 e 90/10) degradaram menos quando comparadas à

membrana com maior concentração de tri-etil-citrato (85/15) (Silva et al., 2002; Luciano et al.,

Page 71: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

57

2003). Quanto à capacidade das membranas de PLLA/tri-etil-citrato em isolar o defeito ante a

proliferação de células epiteliais e simultaneamente manter um espaço vital para a neoformação e

reorganização óssea, todas as membranas demonstraram resultados satisfatórios (Owen et al.,

2005).

As membranas do grupo 85/15 foram as que melhor se adaptaram aos requisitos de uma

membrana para RTG periodontal, visto que elas permitiram a regeneração óssea sob elas e

degradaram no período desejado de 90 dias (Kim et al., 2006; Knesser et al., 2006).

Os resultados da classificação histológica da regeneração óssea nos quatro grupos em

função dos quatro diferentes períodos de implantação estão expostos na Tabela 4, na qual

podemos observar que nos grupos teste houve formação total de osso e no controle apenas parcial

até 90 dias pós-cirurgia de acordo com o critério de classificação de Donos et al. (2004).

Tabela 4. Avaliação da regeneração óssea nos grupos de estudo (membranas PLLA/tri-etil-

citrato em concentrações 95/5, 90/10 e 85/15) e no grupo controle em função do tempo de estudo.

Classificação da Regeneração Óssea PLLA/tri-etil-

citrato (%) N Não Fechamento

Fechamento Parcial

Fechamento Total

95/5 15 dias 3 3 0 0 30 dias 3 0 3 0 60 dias 3 0 1 2 90 dias 3 0 0 3

90/10 15 dias 3 3 0 0 30 dias 3 0 3 0 60 dias 3 0 1 2 90 dias 3 0 0 3

85/15 15 dias 3 3 0 0 30 dias 3 0 3 0 60 dias 3 0 0 3 90 dias 3 0 0 3

Controle 15 dias 3 3 0 0 30 dias 3 3 0 0 60 dias 3 2 1 0 90 dias 3 1 2 0

.

Page 72: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

58

Page 73: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

59

Capítulo 5

Conclusões

Concluímos que as membranas de PLLA/tri-etil-citrato podem ser utilizadas para RTG

periodontal.

Todos os defeitos ósseos nas calvárias de coelhos contendo membranas tiveram fechamento

completo após 90 dias. Sendo que as membranas com concentração de 85/15 PLLA/plastificante

apresentaram melhor desempenho no experimento in vivo, pois permitiram o fechamento

completo com 60 dias de implantação e foram reabsorvidas quase que completamente após 90

dias.

Os resultados das análises da degradação in vitro, também apontaram a membrana

PLLA/tri-etil-citrato 85/15 como a mais adequada para a RTG periodontal, pois demonstraram

melhor taxa de degradação em função do período de simulação de implante, a partir de sua

avaliação macroscópica, por microscopia eletrônica de varredura, ensaio mecânico de tração e

calorimetria diferencial de varredura.

Page 74: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

60

Capítulo 6

Sugestões para Próximos Trabalhos

Substâncias farmacêuticas, como antibióticos, antiinflamatórios ou fatores de crescimento

poderiam ser adicionados à composição das membranas de PLLA/tri-etil-citrato a fim de acelerar

o processo regenerativo.

Emprego das membranas na técnica de RTG periodontal propriamente dita.

Page 75: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

61

Referências Bibliográficas

Ali, S.A.M.; Doherty, P.J.; Williams, D.F. Mechanisms of polymer degradation in implantable

devices, 2. Poly(DL-lactic acid). Journal of Biomedical Materials Research, v.27, pp.

1409-18, 1993.

Ambrosio, L. et al.. Osteoblast growth and functions in porous poli ε-caprolactone matrices for

bone repair: a preliminare study. Biomaterials, 23, pp. 3815-3824, 2003.

An, Y.H.; Woolf, S.K.; Friedman, R.J. Pre-clinical in vivo evaluation of orthopaedic

bioabsorbable devices. Biomaterials, v.21, pp. 2635-52, 2000.

Athanasiou, K.A.; Lanctot, D.; Mckinney, J.S.; Agrawal, C.M. Effects of fluid flow on the in

vitro degradation kinetics of biodegradable scaffolds for tissue engineering, Biomaterials,

v. 21, pp. 2243-2452, 2000.

Barbanti, S.H., Zavaglia, C.A.C., Duek, A.R. Polímeros bioreabsorvíveis na engenharia de

tecidos. Polimeros, v.15, 2004.

Becker, W. & Becker, B. Treatment of mandibular 3-wall intrabony defects by flap debridement

and expanded polytetrafluoroethylene barrier membranes. Long-term evaluation of 32

treated patients. Journal of Periodontology 64, pp. 1138–1144, 1993.

Becker, W., Becker, B. E., Mellonig, J., Caffesse, R. G., Warrer, K., Caton, J. G. & Reid, T. A

prospective multi-center study evaluating periodontal regeneration for class II furcation

Page 76: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

62

invasions and intrabony defects after treatment with a bioresorbable barrier membrane: 1-

year results. Journal of Periodontology 67, pp. 641–649, 1996.

Böstman, O.M. Current concepts review absorbable implants for the fixation fractures. The

Journal of Bone and Joint Surgery, v.73, pp.148-153, 1991.

Bradley, G.W.; Mackenna, G.B.; Dunn, H.K.; Daniels, A,V. Effects of flexural rigidity of plates

on bone healing. J. Bone Joint Surg. v.61, pp. 866-72, 1979.

Caffesse, R. G., Smith, B. A., Duff, B., Morisson, E. C., Merill, D. & Becker, W. Class II

furcation treated by guided tissue regeneration in humans. Case reports. Journal of

Periodontology 61, pp. 510–514, 1990.

Carranza Junior FA, Newman MG. Clinical Periodontology. 8. ed., Philadelphia: Saunders, p.

782. 1996

Chen, Y.T. et al. Bacterial Adherence to guided tissue regeneration barrier membranes exposed

to the oral environment. J. Periodontol. v. 68, (2) pp. 172-9, 1997.

Chen, C-C.; Chueh, J-Y.; Tseng, H.; Huang, H-M.; Lee, S-Y. Preparation and characterization of

biodegradable PLA polymer blends. Biomaterials. 24 pp. 1167-73, 2003.

Ceroni Filho, A.S. Obtenção, caracterização e estudo in vitro de microesferas de PLLA e da

blenda PLLA/PEO para liberação controlada de cloridrato de vancomicina. Campinas,

Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas, 2004, 96p.

dissertação (Mestrado).

Cohen, J.; Wulf, F.J. Clinical failure caused by corrosion of a vitallium plate. J. Bone Joint Surg

v.54, pp.617, 1972.

Page 77: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

63

Cordewerner, F.W.; Rozema, F. R.; BOS, R. R. M., BOERING G.; Material properties and tissue

reaction during degradation of poly (96L/4D-Lactide) - a study in vitro and in rats, Journal

of Materials Science: Materials in Medicine, v.6, pp. 211-217, 1995.

Cortellini, P., Pini Prato, G. & Tonetti, M. Periodontal regeneration of human intrabony defects.

I. Clinical measures. Journal of Periodontology 64, pp. 254–260, 1993.

Cury, P.R. et al.. Long-term results od guided tissue regeneration therapy in the treatment of class

II furcation defects: a randomized clinical trial. J. Periodontol, v. 74, pp. 3-9, 2003.

Cutright, D.E.; Hunsuck, E.E.; Beasley, J.D. Fracture reduction using a biodegradable material,

polylactic acid. J. Oral Surg, v.29, pp. 393-97, 1971.

Davis. M. D. Vacanti. J. P. Toward development of an implantable tissue engineered liver.

Biomaterials 17 , pp. 365-372, 1996.

Dittrich, W. e Schulz, R.C., Angew. Makromol. Chem., v.15, pp. 109, 1971.

Domb, A.J.; Amselem, S.; Langer, R.; Maniar, M. Polyanhydrides as carriers of drugs. In:

Shalaby SW, editor, Biomedical polymers designed to degrade systems, New York,

Hanser, pp. 69-96, 1994.

Donos N, Lang NP, Karoussis IK, Bosshardt D, Tonetti M, Kostopoulos L. The effect of GBR in

combination with deproteinized bovine bone mineral and/or enamel matrix proteins on the

healing of critical-size defects. Clin. Oral Impl. Res. 15, pp. 101–111, 2004.

Donos N, Kostopoulos L, Tonetti M, Karring T. Longterm stability of autogenous bone grafts

following combined application with guided bone regeneration. Clin. Oral Impl. Res. 16,

pp. 133–139, 2005.

Page 78: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

64

Duek, E.A.R.; Malmonge, S.M.; Zavaglia, C.A.C.; Tecnologia dos Materiais Poliméricos, EMA-

1; agosto de 1996. Apostila.

Duek, E.A.R.; Zavaglia, C.A.C.; Belangero, W.D. In vitro study of poly (L-lactic acid) pin

degradation. Polymer 40, pp. 6465-6473, 1999.

Durocher J. Periodontal Disease. Prévention Pratique Médicale v. 24 (1), pp.01-04, 2003.

Eickholz, P., Kim, T.-S., Steinbrenner, H., Dorfer, C. & Holle, R. Guided Tissue regeneration

with bioabsorbable barriers: intrabony defects and class II furcations. J Periodontol; 71, pp.

999–1008, 2000.

Eickholz, P.; Pretz, B.; Holle, R.; Kim, T-S. Long-Term Results of Guided Tissue Regeneration

Therapy With Non-Resorbable and Bioabsorbable Barriers. III. Class II Furcations After

10 Years. J Periodontol 77, pp.88-94, 2006.

Furukawa, T. Biodegradation behavior of ultra-high-strength hydroxyapatite/poly (L-lactide)

composite rods for internal fixation of bone fractures. Biomaterials, 21 pp. 889-898, 2000.

Gajaria, A. M. Miscibility and biodegradability of blends of poly(lactic acid) and poly(vinyl

acetate). Polymer 37, pp. 437-444, 1996.

Gibbons RJ, Van Houte J. Bacterial adherence and the formation of dental plaques. In:

BEACHEY, E.H. Bacterial adherence. London: Chapman, v. 6, pp. 60-104, 1980.

Gilding, D.K.; Biocompatibility of Clinical Implant aterials, David Williams, v2, pp. 211, 1981.

Göpferich, A.; Schemeer, G.; Schnell, E.; Lucke, A. Biodegradable poly(D,L-lactic acid)-

poly(ethylene glycol)-monomethylether diblock copolymers: structures and surface

properties relevant to their use as biomaterials. Biomaterials v.21, pp. 2361-70, 2000.

Page 79: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

65

Gottlow, J., Nyman, S., Lindhe, J., Karring, T. & Wennstrom, J. New attachment formation in the

human periodontium by guided tissue regeneration. Journal of Clinical Periodontology 13,

pp. 604–616, 1986.

Grizzia, I.; Garreau, H.; Li, S.; Vert, M. Hydrolytic degradation of devices base don poly(lactic

acid) size dependence. Biomaterials, v.16, n.4, pp. 305-11, 1995.

Hyon, S. H.; Jamshidi, K.; Ikada, Y.; "Melt Spinning of Poly-L-Lactide and Hydrolysis of the

Fiber in Vitro" ; Polymers as Biomaterials, Plenum Press, Section A: Materials and

Properties, pp. 51-65, 1985.

Izadi SM. Periodontal Disease, Oral Health and cardiovascular Disease Among Females in

Sweden. 2002. 126f. Dissertação (Mestrado em Periodontia) – Departamento de

Periodontia do Instituto de Odontologia Karolinska Institutet. Estocolmo, Huddinge, 2002

Jones, D.S. Dynamic mechanical analysis of polymeric systems of pharmaceutical and biomedial

significance. International Journal of Pharmaceutics. 179, pp. 167-79, 1999.

Khor, H.L.; Ng, K.W.; Schantz, J.T.; Phan, T.; Lim, T.C.; Teoh, S.H.; Hutmacher, D.W.

Poly(caprolactone) films as a potential substrate for tissue engineering an epidermal

equivalent. Material Science and Engineering, v. 20, pp.71, 2002.

Kornman, K.S.; Robertson, P.B. Fundamental pricnciples affecting the outcomes of therapy for

osseous lesions. Periodontol 2000. 22: pp.22-43, 2000.

Kulkarni, R.K.; Pani, K.C.; Neuman, C.; Leonard, F. Polylactic acid for surgical implants. Arch

Surg, v.93, pp. 839-43, 1996.

Kuo, S.M.; Chang, S.J.; Chen, T.W.; Kuan, T.C. Guided tissue regeneration for using a chitosan

membrane: an experimental study in rats. J Appl Polym Sci pp. 408-15, 2005.

Page 80: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

66

Lam, K.H.; Nieuwenhuis, P.; Molenaar, I.; Esselbrugge, H.; Feijen, J.; Dijkstra, P. J. e

Schakeraad, J.M., Biodegradation of porous versus non porous poly(L-lactic acid) films,

Journal of Biomedical Materials Research: Materials in medicine, v5, pp. 181-189,1994.

Lam, K.H.; et al.. The influence of surface morphology and wettability on inflammatory response

against poly(L-lactic acid): A semi-quantitative study with monoclonal antibodies, Journal

of Biomedical Materials Research, v.29, pp.929-942,1995.

Laurell L, Bose M, Graziani F, Tonetti M, Berglundh T. The structure of periodontal tissues

formed following guided tissue regeneration therapy of intra-bony defects in the monkey. J

Clin Periodontol; 33: pp. 596–603, 2006.

Leenslag, J.W.; Pennings, A.J.; Bos, R.R.M.; Rozema, F.R.; Boering, G. Resorbable materials of

poly(L-lactide). VI Plates and screws for internal fracture fixation, Biomaterials, v.8, pp.

70-73, 1987.

Li, S.; Garreu, H.; Vert, M. Structure relationships in the case of the degradation of massive

poly(α-hidroxy acids) in aqueous media. Part 1: poly (D,L-lactic acid). Journal Material

Science: Materials in Medicine, v.1, pp. pp. 123-30, 1990.

Li, S. Hidrolytic degradation characteristics of aliphatic polyesters derived from lactic and

glycolic acids. J of Biomed Mat Res, v.48, n.3, pp. 342-53, 1999.

Lindhe, J. et al. Periodontia Clínica e Implantologia Oral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,

pp. 127-150, 1999.

Lolito, M.; Facchini, S.; Negri, P. GBR and Fisiograft: Evaluation of dehiscence and post-

extraction implants. Dissertação Mestrado. Instituto de Materiais Dentários CLOPD.

Universidade de Perugia. 2004.

Page 81: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

67

Lucas, E. F.; Soares, B. G. ; Monteiro, E. Caracterização de Polímeros, Determinação de Peso

Molecular e Análise Térmica. Ed. e-papers, Rio de Janeiro, RJ, 2001.

Luciano, R.M.; Síntese e caracterização de membranas de poli(ácido lático), um polímero

bioabsorvível; tese de mestrado, Faculdade de engenharia mecânica; Unicamp, 1997.

Luciano, R.M.; Zavaglia, C.A.C.; Duek, E.A.R.; Alberto-Rincon, M.C. Synthesis and

characterization of Poly (L-lactic acid) membranes: studies in vivo and in vitro. J Mat Sci:

Mat in Med, 14, pp. 87-94, 2003.

Lydon, M.J.; Minett, T.W. and Tighe, B.J., Cellular Interactions with synthetic Polymer Surfaces

in Cultura, Biomaterials, v.6, n.6, pp.396-402, 1985.

Mainil-Varlet P, Curtis, R., Gogolewski , S. Effect of in vivo and in vitro degradation on

molecular and mechanical properties of various low-molecular-weight polylactides,

Journal of Biomedical Materials Research , 36, pp.360 –380, 1997.

Manninen, M.J.; Päivärinta, U.; Taurio, U.E. Törmälä, P. Polylactide screws in the fixation of

alecranon osteotomies. Acta Orthopaedica Scandinavia.; v.63, n.4, pp. 437, 1992.

Matthews DC. Periodontal Medicine: a New Paradigm. Journal of the Canadian Dental

Association; 66(9), pp. 488-491, 2000.

Mattson, J. S., Gallagher, s. j. & Jabro, M. H. The use of 2 bioabsorbable barrier membranes in

the treatment of interproximal intrabony periodontal defects. J. Periodontol 70, pp. 510–

517, 1999.

Melcher, A.H. On the repair potential of periodontal tissues. J. Periodontol, v.47, pp.256, 1976.

Mellonig, J.T. et al... Evaluation of a bioabsorbable physical barrier for guided bone regeneration.

Part I. Material alone. Int. J. Periodontics Restorative Dent, v. 18, pp. 129-137, 1998.

Page 82: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

68

Mergenhagen SE, Hampp EG, Schrep HW. Preparation and biological activity of endotoxinas

from oral bacteria. Journal of Bacteriology; pp. 47-52, 1961.

Middleton, J.C., Tipton, A.J. Synthetic biodegradable polymers as orthopedic devices.

Biomaterials, v.21, pp. 2335-46, 2000.

Mikos AG; Ishaug-Riley S.L., Crane-Kruger G.M., Yaszemski M.J.,Three-dimensional culture of

rat calvarial osteoblasts in porous biodegradable polymers. Biomaterials; v19, pp. 1405-

1412, 1998.

Moser, R. C, McManus, A., Riley S., Thomas K., Strenght retention of 70:30 Poly( L-lactide-

co-D, L lactide) Following Real –Time Aging, MacroPore Biosurgery, Wiley InterScience,

pp. 56-63, 2005.

Nakamura, T; Furukawa, T.; Matsusue, Y.; Shikinami, Y.; Okuno, M. biodegradation behavior of

ultra-high-strength hydroxyapatite/poly (L-lactide) composites rods for internal fixation of

bone fractures. Biomaterials, v 21, pp. 889-98, 2000.

Needleman et al.. Guided tissue regeneration for periodontal intrabony defects – a Cochrane

Systematic Review. Periodontol, v. 37, 2005, pp. 106–123, 2000.

Owen, G. Rh., Jackson, J., Chehroudi, B., Burt, H., Brunette, D.M. A PLGA membrane

controlling cell behaviour for promoting tissue regeneration. Biomaterials 26 pp. 7447–

7456, 2005.

Pennings. A. J.; Rozema, F.R.; Bos R.R.M; Schmitz, J.P.; Joziasse, C.A.P.; Gelhen, M.F.;

Cordewerner, F.W.; Cytotoxicity of poly(96L/4D-lactide): the influence of degradation and

sterilization. Biomaterials, v21, pp. 2433-2442, 2000

Page 83: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

69

Pezzin, A.P.T; Duek, E.A.R.. Hydrolitic degradation of poly(para-dioxanone) films prepared by

casting or phase separation, Polymer Degradation and Stability, 78, pp. 405-411, 2002.

Pineda, L.M., et al.. Bone regeneration with resorbable polymeric membrane. III. Effect of

poly(L-lactide) membrane pore size on the bone healing process in large defects. Journal

of Biomedical Materials Research,v.31, pp. 385-394, 1996.

Pistner, H.; Bendix, D.R.; Muhling, J.; Reuther, J.F. Poly(L-lactide): a long term degradation

study in vivo, Part III: analytical characterization. Biomaterials, v.14, n.4, pp. 291, 1993.

Rhee, S. H. Bone-like apatite-forming ability and mechanical properties of poly (e-caprolactone)/

silical hybrid as a function of poly (e-caprolactone) content. Biomaterials. 25, pp. 1167-

1175, 2004.

Rozema, F.R.; Boering, G. Biomaterials, v.12, pp. 32, 1991.

Sanz, M.; Giovannoli, J.L. Focus on furcation defects: guided tissue regeneration. Periodontol

2000. 22: pp. 169-89, 2000.

Scapin, S.M.N.; Silva, D.R.M.; Joazeiro, P.P.; Alberto-Rincon, M.C.; Luciano, R.M.; Duek,

E.A.R. Use of triethylcitrate plasticizer in production of poly-L-lactic acid implants with

different degradation times. J Mat Sci: Mat in Med, 14, 635-40, 2003.

Schaldach, M. Cardiologia cirurgica perspectives para o ano 2000. Biomateriais – Cap. 3, 2000.

Sculean A, Schwarz F, Chiantella GC, Donos N, Arweiler NB, Brecx M, Becker J. Five-year

results of a prospective, randomized, controlled study evaluating treatment of intra-bony

defects with a natural bone mineral and GTR. J Clin Periodontol; 34: pp. 72–77, 2007.

Page 84: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

70

Selvig, K.A. et al. regenerative surgery of intrabony periodontal defects using ePTFE barrier

membranes: scanning electron microscopic evaluation of retrieved membranes versus

clinical healing. J Periodontol. 63 (12): pp. 974-8, 1992.

Shalaby, S.W.; Burg, K.J.L.; Laberge, M. Change in stiffness and effect of orientation in

degrading polylactide films. Biomaterials. v.19, pp. 785-89, 1998.

Silva, D.R.M.; Scapin, S.M.N.; Joazeiro, P.P.; Alberto-Rincon, M.C.; Luciano, R.M.; duek,

E.A.R. In vivo interaction of cells on poly (L-lactic acid) membranes containing

plasticizer. J Mat Sci: Mat in Med, 13, pp. 327-332, 2002.

Simon H. What is Periodontal Disease. Periodontal Disease 3 (4), pp. 1-160, 2003.

Socransky SS, Listgarten MA, Hubbersack C, et al. Morphological and biochemical

differentiation of three types of small oral spirochetes. Journal of Bacteriology 1998; 26

(2), pp. 878-882, 1998.

Spiekerman, H.; Impantology. New York: Thieme Medical Publishers, 1995.

Stavropoulos, A.; Sculean, A.; Karring, T. GTR treatment of intrabony defects with PLA/PGA

copolymer or collagen bioresorbable membranes in combination with deproteinized

bonvine bone (Bio-Oss). Clin Oral Invest 8, pp. 226–232, 2004.

Steinhauser, E. Unterkiefrre-Konstruction durch intraorale Knochentrans-plantae, deren

Eunheilung und Beeiflus-sung durch die Kunktion-Eine tierex perimentelle Studie. Schwiz

Mschr Zanheilk, v.78, pp. 375, 1968.

Takata T, Wang H-L, and Miyauchi M: Attachment, proliferation and differentiation of

periodontal ligament cells on various guided tissue regeneration membranes. J Periodont

Res 36, pp. 322-27, 2001.

Page 85: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

71

Takeishi H et al.. Molded bone augmentation by a combination of barrier membrane and

recombinant human bone morphogenetic protein-2, Oral Dis. Sept. 2001.

Tatakis, D.N.; Trombelli, L. Gingival recession treatment: guided tissue regeneration with

bioabsorbable membrane versus connective tissue graft, J. Periodontol. 71 2, pp. 299-307,

2000.

Trombelli, L.; Minenna, L.; Farina, R.; Scabbia, A. Guided tissue regeneration in human gingival

recessions: a 10-year follow-up study. J Clin Periodontol 32, pp. 16–20, 2005.

Van der Valk, P.; van Pelt, A.W.J.; Busscher, H.J. de Jong, H.P.; Wildevuur, Ch.R.H.; Arends, J.,

Interaction of fibroblasts and polymer surfaces: relationship betwem surface free energy

and fibroblast spreading, J. of Biom. Mater. Res.v.17, pp . 807, 1983.

Vert, M.; Chabot, F.; Chirstei, P. E.; Leray, J. Macromolecular biomaterials, CRC Press, Boca-

Raton, FL, 120, 1984.

Vert,, M.; Mauduit, J.; Li, S. biodegradation of PLA/GA Polymers: Increasing Complexity.

Biomaterials, v.15, pp. 1209-17, 1994.

Wang, H-L., et al.. Regenerative treatment of periodontal defects utilizing a bioresorbable

collagen membrane. Practical periodontics and Aesthetic dentistry, vol. 7, No5, june/july

1995.

Warrengton, Anahita. Regenerative periodontal therapies; dissertação de mestrado. Institute of

Odontology, Karolinska Institutet, 2004.

Weiler, W.; Gogolewoki, S. Enhancement of the mechanical properties of polylactides by solid-

state extrusion. Biomaterials, v.17, pp. 529-35, 1996.

Page 86: Utilização de Membranas de Poli (L-ácido láctico) em ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/263879/1/Moura_Lu… · - Regeneração. 4. Periodontia. I. Duek, Eliana

72

Zislis, T.; Martin, S.A.; Cerbas, E.; Heath, J.R.; Mansfield, J.L.; Hollinger, J.O. A scanning

electron microscopic study of in vitro toxicity of ethylene-oxide sterilized bone repair

materials. J. Oral Implants, v.25, pp. 41-46, 1989.