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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTADUAL DA ZONA OESTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATERIAIS Utilização do aço API X70 para manipulação de compostos ácidos na indústria de biodiesel Euglacyo Luiz de Moura Rio de Janeiro 2016

Utilização do aço API X70 para manipulação de compostos ... · compostos ácidos na indústria de biodiesel. 2016. Dissertação (Mestrado Profissional). Programa de Pós-Graduação

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTADUAL DA ZONA OESTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATERIAIS

Utilização do aço API X70 para manipulação de compostos ácidos

na indústria de biodiesel

Euglacyo Luiz de Moura

Rio de Janeiro 2016

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FUNDAÇÃO CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTADUAL DA ZONA OESTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATERIAIS

Utilização do aço API X70 para manipulação de compostos ácidos

na indústria de biodiesel

Dissertação apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Materiais, do Centro Universitário Estadual da Zona Oeste.

Orientado(a): Euglacyo Luiz de Moura Orientador(a):Prof.ª DSc. Neyda de la Caridad Om Tapanes Prof.ª DSc. Ana Isabel de Carvalho Santana.

Rio de Janeiro 2016

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

___________________________ ________________________________ Data Euglacyo Luiz de Moura

X000 Moura, Euglacyo Luiz de .

Utilização do aço API X70 para manipulação de compostos ácidos na indústria de biodiesel / Euglacyo Luiz de Moura. – 2015.

89f.

Orientador (a): Neyda de la Caridad Om Tapanes e Ana Isabel de Carvalho Santana . Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário Estadual da Zona Oeste, Rio de Janeiro.

1. Biodiesel de Soja 2. Aço API Titulo

XXX 000.000

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Euglacyo Luiz de Moura

Utilização do aço API X70 para manipulação de compostos ácidos

na indústria de biodiesel

Dissertação apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Materiais, do Centro Universitário Estadual da Zona Oeste. Área de concentração: Materiais Metálicos

Aprovado em: 30 de Maio de 2016.

Banca Examinadora:

_____________________________________________________ Prof.ª DSc. Neyda de la Caridad Om Tapanes (Orientadora) UEZO

_____________________________________________________ Prof.ª DSc. Ana Isabel de Carvalho Santana (Coorientadora) UEZO

_____________________________________________________ Prof.ª DSc. Wilma Clemente de Lima UEZO

_____________________________________________________ Pesquisadora DSc. Gisel Chenard Diaz Escola de Química - UFRJ

Rio de Janeiro

2016

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À minha mãe,

pelo amor e carinho

incondicional.

A maior recompensa pelo nosso trabalho não é o que nos pagam por ele,

mas aquilo em que ele nos transforma. John Ruskin

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AGRADECIMENTOS

À Deus, que me abençoou com saúde, paz de espírito e força de vontade para

alcançar mais esse objetivo. Por ter me presenteado com mais esta oportunidade.

A minha família, mãe, meu irmão. Obrigado pelo apoio incondicional na realização

dos meus objetivos, amo vocês.

A Carolina Monteiro Beltrame, esposa, companheira, meu porto seguro por me

ensinar o verdadeiro sentido das palavras companheirismo, dedicação, carinho,

amor, obrigado pelo incentivo a sempre continuar, pela paciência, pelas palavras

que me fizeram sentir que tudo terminaria bem, amo você.

As minhas orientadoras Prof.ª DSc. Neyda de la Caridad Om Tapanes e Prof.ª

DSc. Ana Isabel de Carvalho Santana, pela oportunidade de realização desse

trabalho, por acreditar no meu potencial. Muito obrigado mesmo! Sem vocês não

seria possível!

A empresa ThyssenKrupp CSA que me possibilitou a realização deste trabalho,

pela doação do material e análise das amostras. Obrigado!

Aos todos os colegas de trabalho da área de unidade técnica da Aciaria, ao Eng.

Wagner de Abreu Correa, Eng. Fábio Fernandes Reis, Eng. MSc. Olmede

Celestino Filho, Eng. Breno Rosa, obrigado pelo apoio. Cada um de vocês

contribuiu para que eu alcançasse o meu objetivo.

Várias pessoas me ajudaram e me apoiaram no decorrer deste trabalho, porém,

algumas merecem destaque especial: ao analista de laboratório Edson da Silva

Barros e ao Eng. Renato Wanderley Dias e toda a equipe do laboratório de

processos da ThyssenKrupp CSA que muito contribuíram com as análises e corte

das amostras.

A Centro Universitário Estadual da Zona Oeste por oferecer meios para a

realização dos meus trabalhos, em especial ao Departamento de Pós-Graduação

em Ciência e Tecnologia de Materiais.

A todos que de uma forma ou outra contribuíram para realização deste trabalho, o

meu agradecimento.

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RESUMO

MOURA, Euglacyo Luiz de. Utilização do aço API X70 para manipulação de compostos ácidos na indústria de biodiesel. 2016. Dissertação (Mestrado Profissional). Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Materiais – Centro Universitário Estadual da Zona Oeste 2016. Nos últimos dez anos, a partir do lançamento do Programa Nacional de Produção e

Uso do Biodiesel (PNPB), o biodiesel tem se destacado na matriz energética

brasileira. A maioria das usinas no Brasil produzem biodiesel mediante a

transesterificação de óleos e gorduras vegetais utilizando catalisadores básicos

homogêneos, esta tecnologia exige matérias primas de baixa acidez e umidade,

encarecendo o custo de produção e comprometendo a viabilidade da tecnologia.

Várias são as opções tecnológicas estudadas atualmente com objetivo de aumentar

a utilização de matérias primas de elevada acidez e baixo preço, está solução reduz

o custo operacional significativamente, no entanto aumenta o custo de investimento

devido à necessidade de utilizar equipamentos construídos com aços especiais

importados. Neste contexto o presente trabalho tem como objetivo avaliar a

resistência de diferentes aços nacionais (API X70, galvanizado e carbono) à

interação com duas amostras de biodiesel, uma sem ácidos graxos livres e outra

com acidez moderada (1%). O biodiesel foi obtido a partir da transesterificação do

óleo de soja com metanol utilizando hidróxido de potássio como catalisador a 60ºC

durante 1 hora de reação, posteriormente foi preparada a mistura modelo

adicionando 1% de ácido oleico; após síntese não foram utilizados aditivos

antioxidantes. O estudo foi realizado aplicando testes de perda de massa com

imersão dos aços nas amostras de biodiesel a 25ºC durante 1344 horas. A interação

foi monitorada com amostragens a 24, 48h, 168, 336, 504, 672h e 1344 horas. A

resistência dos aços foi determinada mediante a perda de massa e taxa de corrosão;

a qualidade do biodiesel foi medida através de ensaios de acidez, condutividade,

estabilidade à oxidação e análise termogravimétrico (TGA). Os melhores resultados

foram obtidos nos testes com o Aço API X70, durante a interação com as duas

amostras de biodiesel não ocorreu perda de massa do material, e após 16 dias as

amostras ainda cumpriam com as especificações de qualidade do biodiesel

estabelecidas pela ANP: acidez menor que 1 mg KOH/g, período de indução menor

que 6 h e baixa condutividade.

Palavras-chave: Biodiesel, API X70

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ABSTRACT MOURA, Euglacyo Luiz de. Utilization of the API X70 steel for handling acidic compounds in the biodiesel industry. 2016. Dissertation (Master). Post Graduation Program in Materials Science and Technology - State University Center of West Zone 2016.

In the last ten years from the launch of the National Program for Production and Use

of Biodiesel (PNPB), biodiesel has excelled in the Brazilian energy matrix. Most mills

in Brazil producing biodiesel by transesterification of vegetable oils and fats using

homogeneous basic catalysts, this technology requires materials of low acidity and

moisture, by raising the production cost, and compromising the viability of the

technology. There are several technological options currently studied with the aim of

increasing the use of raw materials of high acidity and low, is solution reduces

operating costs significantly, however it increases the cost of investment due to the

need to use equipment built with special steels imported. In this context, the present

study aims to evaluate the resistance of different national steel (microalloyed API

X70, galvanized and carbon) to the interaction with two biodiesel samples, without

free fatty acids and the other with moderate acidity (1%). The biodiesel was obtained

from the transesterification of soybean oil with methanol using potassium hydroxide

as catalyst at 60 ° C for 1 minute reaction, the mixture was subsequently prepared

template by adding 1% oleic acid; After synthesis antioxidant additives were not

used. The study was performed by applying weight loss tests of immersing the steel

in biodiesel samples at 25°C for 1344 hours. The interaction was monitored with

samples 24h, 48h, 168h, 336h, 504h, 672h and 1344h hours. The strength of the

steel was determined by mass loss and scanning electron microscopy (SEM); the

quality of the biodiesel was measured by testing acidity, conductivity, stability to

oxidation and thermogravimetric analysis (TGA). The best results were obtained in

tests in API steel X70, during interaction with the two samples of biodiesel there was

no loss of material mass, and after 16 days the samples still met with biodiesel

quality specifications established by ANP acid less than 1 mg KOH / g shorter

induction period than 6 h and low conductivity.

Keywords: Biodiesel, API X70

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Lista de Figuras

Figura 1: Porcentagens de biodiesel no diesel durante a inserção na matriz

energética do Brasil. .............................................................................................................. 14

Figura 2: Evolução anual da produção, da demanda compulsória e da capacidade

nominal autorizada pela ANP. ............................................................................................. 16

Figura 3: Matérias-primas utilizadas para produção de biodiesel ................................. 19

Figura 4: Reação de transesterificação para produção de biodiesel ............................ 22

Figura 5: Desenvolvimento dos aços API 5L elementos de Ligas e rotas de

produção. ................................................................................................................................ 33

Figura 6: Desenvolvimento dos aços API 5L .................................................................... 34

Figura 7: Morfologia de alguns tipos importantes de corrosão ...................................... 41

Figura 8: Diagrama de Pourbaix simplificado para o Fe a 25°C. Fonte: ...................... 43

Figura 9: Esquema geral do mecanismo da oxidação lipídica. ...................................... 49

Figura 10: Ensaio de estabilidade à oxidação ilustrando a determinação do PI ......... 50

Figura 11: Curva típica de condutividade elétrica Vs Tempo para a determinação do

PI. ............................................................................................................................................. 51

Figura 12: Taxa de corrosão do alumínio (Al), cobre (Cu) e de aço de carbono leve

(MCS) à temperatura ambiente e 60°. ............................................................................... 52

Figura 13: taxa de corrosão do aço inoxidável, alumínio e cobre em motores diesel e

biodiesel após imersão para (a) 600 H e (b), 1200 h. ..................................................... 53

Figura 14: Alterações na cor, tanto para motores diesel (B0) e o biodiesel (B100)

após a exposição com o cobre, alumínio e aço inoxidável para 1200 h.. .................... 54

Figura 15: Variações do aspecto do biodiesel antes e depois de corrosão. (A: inicial

biodiesel, B: com cobre, C: com aço carbono, D: com alumínio, e E: com aço

inoxidável).. ............................................................................................................................. 55

Figura 16: Desenho dos Corpos de provas usados nos testes de perda de massa a)

visão superior do corpo de prova; b) visão em profundidade. ....................................... 58

Figura 17: Corpos de prova após proceso de corte e polimento ................................... 59

Figura 18: Corpos de prova imersos no Biodiesel ........................................................... 60

Figura 19: Taxa de corrosão para o aço API X70 ............................................................ 68

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Figura 20: Taxa de corrosão para o aço Carbono ........................................................... 69

Figura 21: Taxa de corrosão para o aço galvanizado ..................................................... 69

Figura 22: Taxa de corrosão dos aços carbono, galvanizado e API X70 no biodiesel

de soja puro ............................................................................................................................ 70

Figura 23: Taxa de corrosão dos aços carbono, galvanizado e API X70 no biodiesel

de soja + 1% de ácido oleico ............................................................................................... 70

Figura 24: Alterações da cor do biodiesel: Aço API X70 A, B, C e D biodisel puro,

com 1%, 3% e 10% de ácido oleico respectivamente. Aço Carbono E e F biodiesel

puro e 1% ácido oleico. Aço Galvanizado G e H biodiesel puro e com1% ácido oleico

.................................................................................................................................................. 71

Figura 25: Indice de acidez das amostras de biodiesel com o tempo. ......................... 73

Figura 26: Comparativo do comportamento da acidez das amostras de biodiesel em

contacto com os diferentes aço a) biodiesel de soja puro b) biodiesel de soja+1% de

Ac. Oleico. ............................................................................................................................... 74

Figura 27: Estabilidade à oxidação das amostras de biodiesel em contato com aço

API X70 ................................................................................................................................... 76

Figura 28: Estabilidade à oxidação das amostras de biodiesel em contato com aço

Galvanizado ............................................................................................................................ 76

Figura 29: Estimativa do comportamento da condutividade (µS cm-1) com o aumento

do teor de ácido oleico do biodiesel após 1344 horas de contato com os aços

avaliados. ................................................................................................................................ 78

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Lista de Tabelas

Tabela 1: Características físico-químicas do óleo de soja.............................................. 18

Tabela 2: Produção de biodiesel e percentual de uso do óleo de soja como matéria

prima por região período jan-dez 2015.. ............................................................................ 19

Tabela 3: Composição de ácidos graxos dos óleos vegetais mais utilizados no Brasil.

.................................................................................................................................................. 20

Tabela 4: Especificação do biodiesel. ................................................................................ 23

Tabela 5: Elementos e Efeitos nas Propriedades do Aço ARBL. .................................. 32

Tabela 6: Diferenças básicas entre níveis de especificação PSL1 e PSL2. ................ 36

Tabela 7: Composição química e propriedades mecânicas de aços API 5L ............... 37

Tabela 8: Composição química e propriedades mecânicas de aços API 5L ............... 38

Tabela 9: Potencial de Padrão de Oxidação de metais .................................................. 44

Tabela 10: Composição química do aço API X70 utilizado neste trabalho .................. 56

Tabela 11: Composição química do aço carbono ............................................................ 57

Tabela 12: Composição química do aço Galvanizado .................................................... 57

Tabela 13: Área calculada dos corpos de prova para aço microligado ........................ 58

Tabela 14: Área calculada dos corpos de prova para aço carbono .............................. 59

Tabela 15: Área calculada dos corpos de prova para aço galvanizado ....................... 59

Tabela 16: Amostras de biodiesel de soja avaliadas nos testes de resistência à

corrosão dos aços ................................................................................................................. 62

Tabela 17: Perda de massa (gramas) para aço API X70 ............................................... 66

Tabela 18: Perda de massa para aço carbono ................................................................. 66

Tabela 19: Perda de massa para aço galvanizado .......................................................... 67

Tabela 20: Variação da acidez durante o ensaio de perda de massa em aço API X70

e das amostras branco. ........................................................................................................ 72

Tabela 21: Período de Indução das amostras de biodiesel em contato com Aço API

X70 e Aço galvanizado ......................................................................................................... 75

Tabela 22: Condutividade Elétrica das amostras de biodiesel durante o teste de

perda de massa em aço API e galvanizado. ..................................................................... 77

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Lista de Abreviaturas e Siglas

FAPERJ - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

PNPN – Programa Nacional de Produção e Uso Biodiesel

MME – Ministério de Minas e Energia

GEE – Gases Efeito Estufa

ANP – Agência Nacional de Petróleo

CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento

API – American Petroleum Institute

NBR – Norma Brasileira

ASTM – American Society for Testing and Materials

ISO - International Organization for Standardization

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SUMÁRIO Resumo i Abstract ii Lista de figuras iii Lista de tabelas iv Lista de abreviaturas e siglas v

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 12

2. OBJETIVOS .................................................................................................. 13

GERAL ................................................................................................................. 13

ESPECÍFICOS ..................................................................................................... 13

3. REVISÃO BIBIOGRAFICA ............................................................................ 14

3.1. BIODIESEL ................................................................................................... 14

3.1.1. Matérias Primas .......................................................................................... 17

3.1.2. PROCESSO DE PRODUÇÃO .................................................................... 21

3.1.3. TÉCNICAS APLICADAS PARA CARACTERIZAÇÃO................................. 23

3.2. MATERIAIS NA INDUSTRIA DOS BIOCOMBUSTIVEIS .............................. 25

3.2.1. Ligas Ferrosas ............................................................................................. 25

3.2.2. Corrosão ...................................................................................................... 39

4. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................ 56

4.1. CARACTERIZAÇÃO DO AÇO MICROLIGADO ............................................ 56

4.1.1. Composição química do aço utilizado ......................................................... 56

4.1.2. Preparação dos corpos de provas ............................................................... 58

4.2. OBTENÇÃO DO BIODIESEL DE SOJA ........................................................ 60

4.2.1. Reagentes ................................................................................................... 61

4.2.2. Reação de transesterificação ...................................................................... 61

4.2.3. Preparação das amostras modelos de biodiesel de diferente acidez .......... 61

4.3. CARACTERIZAÇÃO DA CORROSIVIDADE DO BIODIESEL ...................... 62

4.3.1. Teste de Perda de Massa ........................................................................... 62

4.3.2. Caracterização das amostras de biodiesel .................................................. 63

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................. 65

5.1. ENSAIOS GRAVIMÉTRICOS (TESTES DE IMERSÃO) ............................... 65

5.1.1. Taxa de Corrosão em biodiesel ................................................................... 67

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5.2. CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS DE BIODIESEL .............................. 71

5.2.1. Índice de acidez .......................................................................................... 72

5.2.2. Estabilidade à Oxidação .............................................................................. 75

5.2.3. Condutividade Elétrica................................................................................. 77

6. CONCLUSÕES ............................................................................................. 79

7. TRABALHOS FUTUROS .............................................................................. 81

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS .............................................................. 82

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12

1. INTRODUÇÃO

Nos últimos dez anos, a partir do lançamento do Programa Nacional de

Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), o biodiesel tem se destacado na matriz

energética brasileira. A maioria das usinas no Brasil produzem biodiesel mediante a

transesterificação de óleos e gorduras vegetais utilizando catalisadores básicos

homogêneos, esta tecnologia exige matérias primas de baixa acidez e umidade,

encarecendo o custo de produção e comprometendo a viabilidade da tecnologia.

Várias são as opções tecnológicas estudadas atualmente com objetivo de aumentar

a utilização de matérias primas de elevada acidez e baixo preço, está solução reduz

o custo operacional significativamente, no entanto aumenta o custo de investimento

devido à necessidade de utilizar equipamentos construídos com aços especiais

importados.

A combinação explosiva de uma sociedade de consumo cada vez mais

sofisticada com a expansão demográfica implicou numa demanda cada vez maior

por matérias primas e energia. Tornou-se necessário construir e manter uma

infraestrutura cada vez maior para atender a essas necessidades. As propriedades

requeridas pelos equipamentos, tubos e reservatórios de armazenamentos variam

muito, dependendo das características específicas da aplicação: diâmetro do tubo,

propriedades do fluido a ser transportado (por exemplo, pH e abrasividade),

condições de transporte (por exemplo, pressão e temperatura), meio ambiente ao

qual estará exposto, custos de instalação e operação, facilidade de reparo, etc.

(NARA, 1983).

A indústria do Petróleo apresenta uma história de crescimento rápido para

atender à demanda do mercado mundial pelos vários subprodutos gerados a partir

da extração de óleo e gás dos combustíveis fósseis. Em função disso, as empresas

da indústria petrolífera vêm desenvolvendo novas tecnologias visando obter maior

eficiência na extração dos reservatórios localizados no país (ANA VILAS BOAS,

2012).

Com base no seu cenário de crescimento para os próximos 30 anos, o Brasil

vem projetando sua capacidade de produção e demanda para cada tipo de matriz

energética. Estão sendo identificadas quais as fontes que terá um déficit de

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13

suprimento, e aquelas que poderão ser supridas como fontes alternativas,

renováveis e limpas (TOLMASQUIM; GUERREIRO; GORINI, 2007)

O panorama nacional apresenta um crescente desenvolvimento na área de

óleo e gás, as recentes descobertas, as novas tecnologias e formas de combustíveis

alternativos nos levam a pesquisar e compreender melhor o comportamento dos

aços e sua resistência a corrosão quando submetidos ao processamento, transporte

e armazenamento destas formas alternativas de combustível. Este conhecimento

permite a garantia da integridade dos equipamentos, reservatórios e tubos que

compõe os dutos, o que é de fundamental importância para toda a indústria de óleo

e gás.

Neste trabalho será abordada a utilização do aço API X70, produzido por um

siderúrgica nacional, para manipulação de compostos ácidos na indústria de

biodiesel.

2. OBJETIVOS

Geral

O objetivo geral da presente dissertação é avaliar a resistência de diferentes

aços nacionais (microligado API X70, galvanizado e carbono) à interação com

amostras de biodiesel de diferente acidez.

Específicos

Propor um estudo, que apresente os resultados da avaliação de um aço API

fabricado pela ThyssenKrupp CSA.

Estimular pesquisa sobre este tema e caracterizar/desenvolver um produto de

fabricação nacional que possa ser utilizado nas diversas industrias voltadas para o

setor de produção de Biodisel.

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14

3. REVISÃO BIBIOGRAFICA

3.1. Biodiesel

Nos últimos anos tem aumentado o interesse na tecnologia de transformação

dos óleos vegetais e gorduras, tanto puros como na forma residual. Esta tendência

pode ser atribuída principalmente ao fato de serem obtidos a partir de fontes naturais

e ter diversas aplicações nas indústrias químicas, farmacêuticas e alimentícias.

Entre as tecnologias destaca-se a produção de biocombustíveis, tais como o

biodiesel e bioetanol.

No Brasil, mediante o Artigo 2º da Lei nº 11.097, de 13.01.2005 foi introduzido o

biodiesel na matriz energética, o qual fixou o percentual v/v mínimo obrigatório de

adição de biodiesel ao óleo diesel comercializado ao consumidor final em qualquer

parte do território nacional. A adoção deveria ocorrer de forma gradual, começando

com a mistura de 2% (B2) até 2008, e chegando a mistura de 5% (B5) até 2013,

conforme mostra a Figura 1.

Figura 1: Porcentagens de biodiesel no diesel durante a inserção na matriz energética do Brasil.

A implementação da mistura B5, prevista para 2013, foi adiantada para

janeiro de 2010 e definida como de uso obrigatório pelo Ministério de Minas e

Energia (MME). Posteriormente foi implementada a mistura B6 em julho de 2014 e

em seguida em novembro a B7 através da Lei nº 13.033 do 24 de setembro de 2014.

2005 – 20072% v/v

optativo

JAN 20082% v/v

compulsório

20135% v/v

compulsório

Como aconteceu realmente o aumento da porcentagem de Biodiesel no diesel

Jul – 2014

6% v/v

compulsório

Nov – 2014

7% v/v

compulsório

Porcentagens de misturas Biodiesel no diesel foram fixados pela

Lei n˚ 11.097

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15

O aumento da mistura B7 trouxe um novo fôlego para o setor chegando a

produção de biodiesel a 4,2 bilhões de litros. A União Brasileira do Biodiesel e

Bioquerosene (Ubrabio) avaliou que o incremento reduz em 5% a emissão de Gases

de Efeito Estufa (GEE), criou 133 mil postos de trabalho, aumentando em R$ 13,5 bi

o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro (APROBIO, 2015).

Ampliar a participação do biodiesel na mistura com o diesel fóssil é do

interesse nacional. Em outubro de 2014 foi publicado a resolução nº 3 do Conselho

Nacional de Política Energética (CNPE) que autoriza a partir de janeiro de 2016 o

uso opcional de misturas de biodiesel em quantidades superiores ao percentual

obrigatório, (BiodieselBR, 2015). Dentre as vantagens da implantação do B10

podem-se mencionar: i) o fator ambiental com a redução de emissões de gases do

efeito estufa, de hidrocarbonetos, de materiais particulados e de monóxido de

carbono, o que melhora a qualidade do ar nas grandes cidades; ii) o fator social com

o benefício das 70 mil famílias envolvidas no PNPB; iii) o fator econômico com a

redução da importação de diesel, em 2014 foram importados 11,5 bilhões de litros,

com gastos superiores a R$ 20 bilhões (ABIOVE Nº 130/2015).

A proposta para a progressão do atual B7 para o B10 (uso mandatório) é de

dois anos, com 1% de aumento da mistura obrigatória do biodiesel ao diesel mineral

a cada ano, a partir da aprovação do novo marco regulatório. A proposta já é um

Projeto de Lei aprovado pelo Senado (PLS) nº 613/2015 e atualmente tramita na

Câmara dos Deputados, como Projeto de Lei (PL) nº 3.834/2015. O texto ainda

defende o uso em percentual superior no transporte público, no ferroviário,

navegação interior, indústria de mineração, maquinário agrícola e geração de

eletricidade (http://www.resan.com.br).

Segundo o Boletim Mensal do Biodiesel de dezembro de 2015 (ANP, 2015)

atualmente existem 53 plantas produtoras de biodiesel autorizadas pela ANP para

operação no País, correspondendo a uma capacidade total autorizada de 20.366,11

m3/dia.

O biodiesel, composto de ésteres metílicos ou etílicos de ácidos graxos, é um

combustível alternativo obtido a partir de fontes renováveis, como óleos vegetais,

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16

gorduras animais e resíduos industriais. A produção de biodiesel vem crescendo e

em 2015 supero os 4 milhões m3 Figura 2 (ANP, 2015).

Figura 2: Evolução anual da produção, da demanda compulsória e da capacidade

nominal autorizada pela ANP. Fonte: (ANP, 2015).

A política de estímulo aos investimentos do programa foi acelerada até 2014,

atingindo-se a máxima capacidade nominal autorizada pela ANP em 2013. Com o

cenário macroeconômico existente desde 2015, queda do preço do petróleo e

disparada do dólar, os cortes dos investimentos têm sido consideráveis. Mesmo

assim o panorama para o mercado dos biocombustíveis se mantem atraente,

considerando que a produção e uso deles reduz a importação, a dependência dos

combustíveis fosseis e aproveita a capacidade ociosa existentes nas usinas. A

produção e a demanda de biodiesel cresceram 17 % em 2014 e 6% em 2015 (ANP,

2015). No entanto ainda existem vários gargalhos que afetam a viabilidade do

processo, entre eles um dos de maior importância é o custo da matéria prima, que

representa quase o 70% do custo operacional das usinas. Várias são as opções

tecnológicas estudadas atualmente com objetivo de aumentar a utilização de

matérias primas de baixo preço, as quais possuem impurezas ácidas e/ou

compostos facilmente oxidáveis. Está solução reduz o custo operacional

significativamente, no entanto aumenta o custo de investimento devido à

necessidade de utilizar equipamentos construídos com aços especiais importados.

0

1000000

2000000

3000000

4000000

5000000

6000000

7000000

8000000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Capacidade Nominal autorizada pela ANP (m3)

Produção de Biodiesel (m3)

Demanda Compulsoria anual de Biodiesel (m3)

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17

3.1.1. Matérias Primas

O Brasil, por apresentar clima tropical e subtropical, é favorecido com uma

gama de matérias primas para extração de óleo vegetal, além de possuir

aproximadamente 90 milhões de hectares de terras disponíveis para o processo

produtivo de oleaginosas (CAMPANHOLA, 2106).

Segundo SAMPAIO 2003, toda matéria prima trigliceridica pode ser

transformada em biodiesel. Estas podem ser dividias em: óleos vegetais, gorduras

animais e óleos e gorduras residuais (resultantes de processamentos domésticos,

comerciais e industriais).

Os óleos virgens mais utilizados no Brasil para a produção de biodiesel são

o de palma, algodão, girassol e soja, representando este último mais do 60% do óleo

consumido com este fim desde 2005 (ANP, 2015).

3.1.1.1 Óleos Vegetais

Os principais óleos utilizados na produção de biodiesel são provenientes das

seguintes fontes: óleos de soja, caroço de algodão, palma, amendoim, canola,

girassol, açafrão, coco, gorduras de origem animal e óleos de descarte, obtidos de

processos de frituras.

A soja é a espécie oleaginosa mais cultivada no mundo. O Brasil é o segundo

maior produtor e exportador mundial, em 2015 a produção de soja teve aumento

expressivo, de 11,8%, com produção de 96,2 milhões de toneladas (CONAB, 2016) . A

Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB estima que a colheita na safra

2015/2016 pode chegar a 210,5 milhões de toneladas de grãos.

O óleo de soja responde por 90% da produção de óleo vegetal no Brasil, e já

existe uma infra-estrutura instalada considerada adequada para a sua produção do

biodiesel requerido na matriz energética nacional. O óleo contido no grão de soja

possui elevado teor de ácidos graxos essenciais e alto índice de iodo (POUZET,

1996). Com a perspectiva de uma nova safra recorde de soja em 2016, que pode

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chegar a 100 milhões de toneladas a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos

Vegetais (Abiove) defende a inserção do B10.

Nas Tabelas 1 e 2 são apresentadas as principais características físico-

químicas e a composição dos ácidos graxos presentes no óleo de soja.

Tabela 1: Características físico-químicas do óleo de soja.Fonte: Valores de Referência: The United States Pharmacopeia - USP 27; RDC Nº482, de 23/09/1999, da Agência Nacional da Vigilância Sanitária - ANVISA.

ÍNDICES VALORES DE REFERÊNCIA

Peso Específico (25ºC), g/cm³ 0,916 - 0,922

Índice de Refração (25ºC) 1,465 - 1,475

Índice de Iodo, g I2 / 100g 120 - 141

Índice de Saponificação, mg KOH/g 180 - 200

Matéria Insaponificável, % < 1,0%

Acidez, óleo refinado, g ácido oleico/100g < 0,3

Acidez, óleo bruto, g ácido oleico/100g < 2,0

Índice de Peróxido, meq/kg < 10,0

Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio) projeta que a soja

deve ser o insumo predominante na fabricação do biodiesel por muito tempo ainda,

porque não há outra oleaginosa com escala semelhante no País. Segundo a ANP,

no acumulado até novembro de 2015, a produção do biodiesel contou com a

participação de 68,97% de soja, seguida pela gordura bovina (24,7%). As regiões de

maior dependência são o Norte e o Centro Oeste onde se concentram 43 % das

usinas do país.

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Figura 3: Matérias-primas utilizadas para produção de biodiesel em dezembro de 2015. Fonte: (ANP, 2015).

Tabela 2: Produção de biodiesel e percentual de uso do óleo de soja como matéria prima por região período jan-dez 2015. Fonte: (ANP, 2015).

Norte1 Nordeste2 Centro Oeste3

Sudeste4 Sul5

Matéria prima, óleo de soja/ outras, %

100,00% 53,93% 83,30% 36,27% 63,58%

Produção de Biodiesel, m3

68.525 306.794 1.752.749 297.513 400.612

Capacidade autorizada, m3

241.560 475.608 2.966.856 955.008 2.736.840

1Rondônia, Pará, Tocantins e Rio Grande do Norte;

2 Maranhão, Piauí, Ceara e Bahia;

3 Mato

Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás; 4

Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo; 5 Rio Grande do

Sul, Paraná e Santa Catarina.

Cabe destacar, que embora o alto consumo e as várias vantagens da

utilização do óleo de soja na produção de biodiesel, não é a matéria ideal, sendo a

principal desvantagem o baixo teor de óleo por hectare plantada se comparada com

outras oleaginosas (babaçu, dendê, macaúba, girassol e pinhão manso) (STCP,

2006). A soja possui um teor de óleo médio de 20%, o rendimento de óleo por

hectare depende do rendimento de grãos por área, sendo de 400 a 800 kg numa

lavoura que produz de 2.000 a 4.000 kg/ha, respectivamente (LAZZARINI, et al,

1998). Sementes com baixos teores de óleo exigem procedimentos de extração

caros e relativamente complexos que praticamente restringem a viabilidade dessa

matéria-prima. Outra desvantagem é o elevado teor de gomas e fosfolipídeos, que

exige a necessidade de refino para seu processamento nas usinas de biodiesel

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convencionais, limitando o seu uso naquelas regiões onde a agroindústria esteja

verticalizada para o uso do óleo refinado (RAMOS et al, 2003).

3.1.1.2. Ácidos Graxos presentes nos óleos vegetais

Os triacilglicerídeos componente predominantes dos óleos vegetais são

estruturalmente formados por uma molécula de glicerol (1,2,3-triidroxipropano) unida

a três moléculas de ácidos graxos. Qualquer ácido graxo não ligado ao glicerol é dito

de ácido graxo livre (LAWSON, 1985).

Os ácidos graxos diferem basicamente um do outro pelo comprimento da

cadeia hidrocarbonada e pelo número e posição das duplas ligações (SOLOMONS,

2006).

Um biodiesel produzido com elevado número de radicais graxos insaturados

apresenta alto índice de iodo, propriedade indesejada, pois o torna mais susceptível à

oxidação e inadequado para uso direto em motores do ciclo-diesel. Entretanto, este

problema pode ser superado pela adição de antioxidantes. Por outro lado, o elevado

teor de radicais graxos saturados provoca dificuldades nas propriedades de fluxo do

biodiesel a baixas temperaturas, apresentando problemas de solidificação (SOLDI,

2007).

A seguir a Tabela 3 apresenta a composição de radicais graxos dos óleos

vegetais mais utilizados para a produção de biodiesel no Brasil.

Tabela 3: Composição de ácidos graxos dos óleos vegetais mais utilizados no Brasil. Fonte: Valores de Referência: RDC Nº482, de 23/09/1999, da Agência Nacional da Vigilância Sanitária - ANVISA.

ÁCIDOS GRAXOS Soja Palma Algodão Girassol

Ácidos com C<14 na estrutura < 0,1 < 0,4 - -

Ácido Mirístico, C14:0 < 0,5 0,5 - 2,0 1,5 -

Ácido Palmítico, C16:0 7,0 - 14,0 35,0 - 47,0 22 3-7

Ácido Palmitoleico, C16:1 < 0,5 < 0,6 - -

Ácido Esteárico, C18:0 1,4 - 5,5 3,5 - 6,5 5 1-3

Ácido Oleico (Ômega 9), 20,0 - 30,0 36,0 - 47,0 19 14-43

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C18:1

Ácido Linoleico (Ômega 6),

C18:2 44,0 - 62,0 6,5 - 15,0 50 44-68

Ácido Linolênico (Ômega 3),

C18:3 4,0 - 11,0 < 0,5 - -

Ácido Araquídico, C20:0 < 1,0 < 1,0 - -

Ácido Eicosenoico, C20:1 < 1,0 - - -

Ácido Behênico, C22:0 < 0,5 - - -

Observa na Tabela 3 que entre os radicais graxos predominantes na

composição química dos óleos vegetais estão os ácidos oleico e linoleico.

Especificamente o ácido oleico (Ácido 9-Octadienóico) possui concentrações

consideráveis em todos as materiais primas glicerídicas, por isso utilizou-se neste

trabalho para modelar a acidez das amostras de óleo de soja.

3.1.2. PROCESSO DE PRODUÇÃO

No mundo o processo mais utilizado para a obtenção do biodiesel é a

transesterificação dos triglicerídeos presentes nos óleos e gorduras. No Brasil mais

do 80% das fábricas produtoras de biodiesel tem está tecnologia implantada,

processo no qual os triglicerídeos reagem com um álcool, formando o biodiesel e o

glicerol. Esta tecnologia exige matérias primas de baixa acidez (< 1mg KOH/g) e teor

de agua (< 1%), o que as torna mais caras, aumentando o custo operacional e na

maioria dos casos comprometendo a viabilidade da produção.

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Figura 4: Reação de transesterificação para produção de biodiesel

Após a reação de transesterificação, a mistura produto é decantada para

separar a glicerina do biodiesel. Ambos produtos obtidos possuem impurezas. Estas

impurezas podem provocar a oxidação dos reservatórios de aço inoxidável, devido à

presença do catalisador e/ou pela água ou microorganismos no biodiesel (FERRARI,

R. A, 2005; KNOTHE, G., 2007). O biodiesel, interesse desta dissertação deve passar

por uma etapa de lavagem, este processo é realizado com uma solução de baixa

concentração de ácido se o catalisador for básico, e uma solução básica se o

catalisador utilizado for ácido, isto é feito para que o pH do biodiesel fique em

aproximadamente 7 (RODRIGUES, P. R. P., 2006; 2007; RAMALHO, V. C., 2006).

Várias são as opções tecnológicas estudadas atualmente com objetivo de

aumentar a utilização de matérias primas de elevada acidez e baixo preço, tais como

a craqueamento catalítico e térmico, esterificação, hidroesterificação, entre outras

menos difundidas.

O processo de craqueamento consiste na quebra das moléculas de

triglicerideos, levando à formação de uma mistura de compostos químicos com

propriedades semelhantes às frações leves do petróleo, principiante ao diesel. O

produto pode ser utilizado diretamente no motor convencional. A reação ocorre a

temperaturas acima de 350°C, na presença de catalisador (craqueamento catalítico)

ou ausência dele (craqueamento térmico) (FUKUNDA , 2001).

Embora o produto final possua propriedades muito semelhantes às do diesel

de petróleo, o processo de craqueamento ainda possui custo elevado. Além disso,

geram-se moléculas oxigenadas de elevada acidez exigindo novas reações para

especificar o produto.

H2C – O – C – R1

O

H2C – O – C – R3

O

HC – O – C – R2

O

3 ROH H2C – OH

H2C – OH

HC – OH

H3C – O – C – R1

O

H3C – O – C – R3

O

H3C – O – C – R2

O

Triglicerídeo Álcool Biodiesel Glicerol

H2C – O – C – R1

O

H2C – O – C – R3

O

HC – O – C – R2

O

3 ROH H2C – OH

H2C – OH

HC – OH

H3C – O – C – R1

O

H3C – O – C – R3

O

H3C – O – C – R2

O

Triglicerídeo Álcool Biodiesel Glicerol

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23

A esterificação é uma reação reversível de condensação entre um ácido

carboxílico e um álcool, formando éster mais água em presença de um catalisador

ácido. A posição de equilíbrio controla a quantidade de éster formado (SOLOMONS,

2006). Esta tecnologia é recomendada na produção de biodiesel para processar

matérias primas com índice de acidez superior a 80%, os catalisadores podem ser

homogêneos (ácido sulfúrico, ácido fosfórico) ou heterogêneos (zeolitas e resinas).

A hidroesterificação, são duas reações consecutivas, primeiro ocorre a

hidrólise seguida pela esterificação. Na primeira etapa, os triaciglicerídeos presentes

na matéria prima são transformados em ácidos graxos sobre a ação da água. Na

segunda etapa, os ácidos graxos formados são esterificados utilizando um álcool

como agente esterificante (metanol ou etanol). Ambas as etapas podem ser

aceleradas na presença de catalisadores ácidos (ARANDA, 2009).

Estas soluções reduzem o custo operacional significativamente, no entanto,

por processar matérias primas de elevada acidez aumentam o custo de investimento

devido à necessidade de utilizar equipamentos construídos com aços especiais

importados.

3.1.3. TÉCNICAS APLICADAS PARA CARACTERIZAÇÃO

3.1.3.1. Especificações da ANP

No Brasil as especificações do biodiesel são estabelecidas de acordo com as

normas da Agência Nacional de Petróleo (ANP), atualmente com a Resolução ANP

Nº45 DE 25.8.2014 (Resolução ANP Nº 45, 2014).

Tabela 4: Especificação do biodiesel. Fonte: ANP

CARACTERÍSTICA UNIDADE LIMITE

MÉTODO

ABNT NBR

ASTM D EN/ISO

Aspecto - Límpido e isento de impurezas. Anotar a temp. de ensaio

- - -

Massa específica a 20º C

kg/m³ 850 a 900 7148

14065 1298 4052

EN ISO 3675

EN ISO

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24

12185

Viscosidade Cinemática a 40ºC

mm²/s 3,0 a 6,0 10441 445 EN ISO

3104

Teor de água, máx. mg/kg

200,0. Para fiscalização 250 (produtor) e 350 (distribuidor)

- 6304 EN ISO 12937

Contaminação Total, máx.

mg/kg 24 15995 - EN12662

Ponto de fulgor, mín. ºC 100,0 14598 93 EN ISO

3679

Teor de éster, mín % massa 96,5 15764 - EN 14103

Cinzas sulfatadas, máx. % massa 0,020 6294 874 EN ISO

3987

Enxofre total, máx. mg/kg 10 15867 5453

EN ISO 20846

EN ISO 20884

Sódio + Potássio, máx. mg/kg 5

15554 15555 15553 15556

- EN 14108 EN 14109 EN 14538

Cálcio + Magnésio, máx. mg/kg 5 15553 15556

- EN 14538

Fósforo, máx. mg/kg 10 15553 4951 EN 14107 EN 16294

Corrosividade ao cobre, 3h a 50 ºC, máx.

- 1 14359 130 EN ISO

2160

Número Cetano - Anotar - 613 6890

EN ISO 5165

Ponto de entupimento de filtro a frio, máx.

ºC 5-14, depende do mês e do Estado.

14747 6371 EN 116

Índice de acidez, máx. mg

KOH/g 0,50

14448 -

664 -

EN 14104

Glicerol livre, máx. % massa 0,02 15771 15908

-

6584 -

EN 14105 EN 14106

Glicerol total, máx. % massa 0,25 15344 15908

6584 - EN 14105

Monoacilglicerol, máx. % massa 0,7 15342 15344 15908

6584 EN 14105

Diacilglicerol, máx. % massa 0,20 15342 15344 15908

6584 EN 14105

Triacilglicerol, máx. % massa 0,20 15342 15344 15908

6584 EN 14105

Metanol e/ou Etanol, máx.

% massa 0,20 15343 - EN 14110

Índice de Iodo g/100g Anotar - - EN 14111

Estabilidade à oxidação a 110ºC, mín.

h 6 - - EN 14112 EN 15751

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Algumas destas características podem se alterar durante a manipulação do

combustível, influenciadas principalmente pela oxidação, a decomposição térmica ou

a degradação química e microbiológica (PULLEN, 2012).

Para evitar estas alterações vários fatores devem ser monitorados durante o

ciclo de produção, comercialização e estocagem, dentre estes se podem sinalar: a

temperatura, a quantidade de água no combustível e a compatibilidade e resistência

dos materiais utilizados (LEUNG et al, 2010). Sendo este último um fator de elevada

influencia no custo de investimento da implantação.

3.2. MATERIAIS NA INDUSTRIA DOS BIOCOMBUSTIVEIS

A produção e uso dos combustíveis, renováveis ou não-renováveis, envolve o

contato dele com superfícies que podem ser degradadas, como os metais utilizados

em sistemas de armazenamento que são, em sua maioria, suscetíveis à corrosão

(FAZAL, 2011).

3.2.1. Ligas Ferrosas

Dentre as muitas formas de classificação das ligas, aquela que divide os

materiais em ligas ferrosas e não ferrosas é uma das mais importantes (DA-COL ,

2014).

As ligas ferrosas têm como metal majoritário o ferro e a produção dessas ligas

ferrosas é maior do que qualquer outro tipo de metal, o que é explicado pela

existência de grande quantidade de minerais que contém ferro na crosta terrestre,

de técnicas relativamente econômicas de produção e da extrema versatilidade

desses materiais (MILAN , 2004).

Segundo (OLIVEIRA, 2007) as ligas ferrosas são as mais utilizadas dentre

todas as ligas metálicas. O ferro é um metal de fácil processamento, abundante na

crosta terrestre e caracteriza-se por ligar-se com muitos outros elementos metálicos

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e não metálicos, o principal dos quais é o carbono. Em princípio, as propriedades

das ligas ferrosas dependem dos seguintes fatores:

composição química;

microestrutura;

condições de processamento.

Dentre as ligas de ferro, uma subclasse muito importante é a dos aços,

compostos ferro carbono que também contém concentrações consideráveis de

outros elementos. (CALLISTER , 2001).

Segundo CHIAVERINI 2005, por definição, aço é a liga ferro-carbono

contendo geralmente 0,008% até aproximadamente 2,0% de carbono, além de

certos elementos residuais, resultantes dos processos de fabricação, ou adicionados

propositalmente. A introdução de outros elementos de liga nos aços carbono é feita

quando se deseja um dos seguintes efeitos:

aumentar a dureza e resistência mecânica;

conferir resistência uniforme através de toda a secção em peças de grandes

dimensões;

diminuir o peso (como conseqüência do aumento da resistência);

conferir resistência à corrosão;

aumentar resistência ao calor;

aumentar a resistência ao desgaste;

aumentar a capacidade de corte; e

melhorar as propriedades elétricas e magnéticas.

A composição química do aço é um dos fatores que determinam as

características para sua aplicação. Elementos microligantes têm alguns efeitos

característicos que são comuns a todos os aços. Outros efeitos são específicos para

cada elemento (SILVA, 1986).

Carbono (C) – O aumento do teor de carbono é a maneira mais econômica de obter

resistência mecânica, principalmente no limite de escoamento. No entanto, é

prejudicial à tenacidade do material, pois em alta porcentagem torna o aço

“quebradiço”, além de comprometer a soldabilidade do aço (TOFFOLO, 2008).

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Manganês (Mn) – o aumento do teor de manganês aumenta seguramente a

resistência mecânica e resistência à fadiga. Em média, para cada 1% de manganês,

a resistência à tração aumenta 100MPa. Para aços temperáveis, aumenta a dureza

após a têmpera. Desoxidante, forma MnS, o qual impede trincas a quente causado

por fusão em contornos de grão de filmes de FeS. Abaixa a temperatura de

transição dúctil/frágil; agente endurecedor. Prejudica a soldabilidade, contudo é

menos prejudicial que o carbono (TOFFOLO, 2008).

Silício (Si) – Favorece a resistência mecânica (limite de escoamento) e a resistência

à corrosão, mas como o manganês, reduz a soldabilidade; desoxidante (TOFFOLO,

2008).

Enxofre (S) – Muito prejudicial aos aços. Diminui a ductilidade, tenacidade à fratura

e soldabilidade. Forma sulfeto com o ferro, deixando o aço quebradiço, e forma o

sulfeto de manganês, favorecendo a usinagem, pela formação de cavacos que se

quebram facilmente (TOFFOLO, 2008).

Fósforo (P) – Aumenta o limite de resistência, favorece a resistência à corrosão,

mas diminui a soldabilidade. Diminui a ductilidade e a tenacidade à fratura e torna o

aço frágil, se ultrapassar certos teores (TOFFOLO, 2008).

Cobre (Cu) – Aumenta a resistência à fadiga e à corrosão, se usado em teores de

0,2 a 0,5%, mas reduz a soldabilidade (TOFFOLO, 2008).

Níquel (Ni) – Aumenta a resistência mecânica e a resistência à corrosão. Em

relação à tenacidade, abaixa a temperatura de transição dúctil/frágil. Agente

endurecedor e estabilizador da austenita. Em média, para cada 1% de níquel a

resistência à tração aumenta 40MPa, aumenta o limite de escoamento e na

têmpera, reduz a velocidade de resfriamento (TOFFOLO, 2008).

Nióbio (Nb) – É um dos principais elementos de liga dos aços microligados, sendo

quase obrigatório nos aços ARBL. Pequenos teores desse elemento aumentam o

limite de resistência e o limite de escoamento. Permite diminuir os teores de carbono

e manganês. O nióbio admite dissolução substancial de carbo-nitetos de nióbio

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somente em temperaturas elevadas. Em baixas temperaturas, na faixa austenítica,

mostra uma solubilidade restrita, e o endurecimento por precipitação não é

observado. Os carbo-nitretos não dissolvidos nestas temperaturas atuam como um

efetivo refinador de grão. A mudança significativa na dissolução dos carbo-nitretos

entre elevadas e baixas temperaturas (1300ºC e 900ºC), na faixa de temperatura

austenítica, provoca substancial precipitação induzida por deformação em

temperaturas abaixo de 1000ºC, e produz o que é argumentado como sendo o efeito

mais peculiar do nióbio nos aços: o significativo retardamento da recristalização

nestas

temperaturas. Embora este efeito possa ser verificado em aços ao vanádio e aços

ao titânio, ele não é tão marcante como nos aços ao nióbio (TOFFOLO, 2008).

Titânio (Ti) – Aumenta o limite de resistência e melhora o desempenho mecânico

em temperaturas elevadas. A baixíssima solubilidade do nitreto de titânio é tal que

mesmo modestos níveis de adição de titânio podem induzir a precipitação de carbo-

nitretos de titânio ricos em nitrogênio (quase que exclusivamente nitretos) no aço

líquido. Uma distribuição extremamente fina e estável de nitretos pode ser alcançada

por adições restritas de titânio, que evitam extensa precipitação no estado líquido.

Níveis de titânio em excesso ao requerido para combinar estequiometricamente com

o nitrogênio resultam em combinação com o carbono, cuja solubilidade é similar ao

carboneto de nióbio, portanto levando-o a efeitos similares aos do nióbio. Estes

efeitos, entretanto, somente são observados quando a quantidade de titânio excede

exageradamente a requerida para combinar com o nitrogênio. De todos os

elementos microligados comumente utilizados no aço, o titânio é o único capaz de

formar um sulfeto ou carbo-sulfeto. Embora o titânio, em comum com diversos outros

elementos que formam sulfetos, seja capaz de produzir endurecimento por solução

sólida, reduz a deformação plástica dos sulfetos durante a conformação a quente.

Existe competição entre o manganês e o titânio pelo enxofre (TOFFOLO, 2008).

Cromo (Cr) - Em média, cada 1% de cromo a resistência à tração aumenta 80MPa,

aumenta a resistência à corrosão, melhora a facilidade de têmpera e aumenta a

resistência ao desgaste. Fornece resistência à corrosão, por exemplo, nos aços

inoxidáveis (Cr≥10,5%). É agente endurecedor nos aços temperados e revenidos e

forte formador de carbonetos (TOFFOLO, 2008).

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Vanádio (V) - Refina a estrutura do aço, impedindo o crescimento dos grãos. Forma

carbonetos duros e estáveis. A solubilidade do carboneto de vanádio é grande na

fase austenítica, mesmo a baixas temperaturas, enquanto que a do nitreto de

vanádio é mais baixa, e admite somente dissolução parcial em baixas temperaturas,

por exemplo, 900ºC. Para garantir um refino de grão na condição normalizada, a

quantidade de nitrogênio nos aços ao vanádio (máximo de 0,15%V) geralmente é

aumentada para níveis acima de 0,01%N (TOFFOLO, 2008).

Tungstênio (W) - Aumenta a resistência à tração em altas temperaturas. Forma

carbonetos bastante duros e é usado em aços para ferramentas (TOFFOLO, 2008).

Cobalto (Co) - Aumenta a dureza do aço, sob altas temperaturas nos aços

ferramentas (TOFFOLO, 2008).

Alumínio (Al) - Atua como desoxidante e controla o crescimento dos grãos. Forma

AlN que fixa o contorno de grão e mantém pequeno o tamanho do grão da ferrita. A

formação do AlN também serve para remover N da solução sólida, mas diminuindo a

resistência do reticulado para movimentação de discordâncias e abaixando a

temperatura de transição dúctil/frágil (TOFFOLO, 2008).

Molibdênio (Mo) - Agente endurecedor nos aços temperados e revenidos e forte

formador de carbonetos. Suprime a fragilidade do revenimento. Estabiliza a película

passiva em aços inoxidáveis (portanto, aumenta resistência a corrosão por pite)

(TOFFOLO, 2008).

Os aços de um modo geral são classificados de acordo com sua composição

química, e propriedades mecânicas. A seguir segue a classificação de uma forma

simplificada de acordo com a composição química dos aços:

Os aços carbono apresentam em sua composição, além do carbono, somente

elementos resultantes de seu processo de fabricação. Seus teores de manganês e

silício são, em geral, inferiores a 1,0 e 0,4%, respectivamente, elementos

adicionados ao aço líquido, durante a fabricação, para a sua desoxidação. Estes

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aços são extremamente utilizados tanto na fabricação em geral como em estruturas

soldadas. Neste caso, são utilizados principalmente aços com teor de carbono

inferior a 0,35%. Quanto ao teor deste elemento, podem ser divididos em:

Aços baixo carbono (%C < 0,25%)

Aços médio carbono (0,25 < %C < 0,50)

Aços alto carbono (%C > 0,50)

Aços carbono-manganês são basicamente aços baixo carbono com um maior

teor de manganês, que é adicionado para aumentar a resistência mecânica sem,

contudo, prejudicar a sua tenacidade. O teor máximo deste elemento é cerca de

1,6% (MODENESI, 2012)

Aços liga são aqueles que contém na liga ferro-carbono outros elementos como

níquel, cromo, manganês, molibdênio, tungstênio, vanádio, silício, cobalto, alumínio,

titânio, cobre, nióbio, zircônio, boro, chumbo, etc. Estes elementos estão presentes

intencionalmente, além daqueles que entram na liga decorrente do processo de

fabricação (GENTIL, 2007). De acordo com o teor total de elementos de liga

presentes, podem-se distinguir três classes de aços liga:

Aços baixa liga: com adições de elementos de liga de até 5%;

Aços média liga: com adições entre 5 e 10%

Aços alta liga: com adições superiores a 10% (MODENESI, 2012)

Aços ARBL são aços baixo carbono ou aço carbono-manganês, conhecidos

como de alta resistência e baixa liga e foram desenvolvidos para uso em grandes

estruturas, não apresentando, entretanto, aumento de peso. Estes aços são também

conhecido pela sigla em inglês HSLA – High Strength Low Alloy. Estes aços

apresentam como principais características uma alta resistência mecânica em

relação aos aços de uso geral, resistência à corrosão atmosférica, ao choque e à

fadiga (OLIVEIRA, 2007).

Dentre todos os materiais disponíveis, o aço é a mais versátil e a mais importante

das ligas metálicas conhecidas pelo ser humano, isso porque este material

apresenta uma interessante combinação de propriedades mecânicas que podem ser

modificadas dentro de uma ampla faixa variando-se o tipo e a concentração dos

elementos de liga por intermédio de tratamentos térmicos (CHIAVERINI, 2005).

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3.2.2.1. Aços Microligados

Estes aços, também conhecidos como aços de alta resistência e baixa liga

(ARBL ou, do inglês, HSLA), apresentam maior resistência mecânica, aliada com

uma elevada tenacidade, quando comparados com os aços anteriores de

composição similar. São basicamente aços baixo carbono ou aços carbono-

manganês com pequenas adições (em geral inferiores a 0,1%) de alumínio, vanádio,

titânio ou nióbio, podendo conter ainda adições de cobre, molibdênio, níquel ou

cromo (MODENESI, 2012). Devido às suas características, os aços microligados têm

despertado um grande interesse há alguns anos, particularmente após a crise

energética, quando a busca por materiais mais resistentes, que permitissem a

construção de estruturas mais leves, aumentou a importância destes aços.

Os Aços de Alta Resistência e Baixa Liga (ARBL) são aqueles que

apresentam baixíssimo teor de carbono, sendo este entre 0,05% até 0,25%, e

também baixo teor de manganês cujo valor máximo é de 2%. Dentre vários tipos de

aços ARBL, está o tipo de ARBL Microligado, o qual possui em sua composição

química alguns elementos como o vanádio, nióbio, níquel e/ou titânio em

quantidades muito pequenas (por isso, microligados), não passando de 2%, que

garantem a sua alta resistência (RAMIREZ, 2008).

A descoberta das ligas ferríticas com baixos teores de carbono e outros

elementos, denominada aço, ocorreu antes mesmo do século XIX, porém com o

tempo foram-se aprimorando as técnicas de fabricação, a fim de se adquirir produtos

cada vez mais resistentes. Cerca de 75% dos tipos de aços existentes hoje em dia

foram desenvolvidos nos últimos 20 anos (PINTO, EDUARDO 2008).

No sentido de se utilizar estruturas cada vez maiores, tem levado os

engenheiros, projetistas e construtores a escolher, e ter que desenvolver aços de

maior resistência, com o intuito de minimizar a espessura empregada (IGLEZ, 2009).

Entram neste caso, os chamados aços Alta Resistência e Baixa Liga (ARBL), cuja

principal aplicação é a fabricação de tubos para o transporte de óleo, gás ou

petróleo.

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Tabela 5: Elementos e Efeitos nas Propriedades do Aço ARBL. Fonte: (IGLEZ, 2009)

Os aços API 5L são utilizados em malhas dutoviárias que são responsáveis

pelo transporte de petróleo e seus derivados, desde as regiões produtoras até os

centros consumidores. O aumento da demanda energética tem incentivado a

ampliação e a construção de novos oleodutos e gasodutos (SANTOS NETO, 2003).

A especificação API 5L classifica os tubos pelo limite de escoamento,

precedido das letras A, B e X, sendo que quando precedido pela letra X, em

maiúsculo, o aço utilizado é de alta resistência. Os tubos podem ser fornecidos em

dois níveis de especificação de produto: PSL 1 e 2. A diferença entre estes níveis de

especificação consiste no maior rigor em relação aos requisitos técnicos, tais como:

carbono equivalente (CE), tenacidade, limite de escoamento e resistência máximos,

na especificação PSL 2 (API 5L, 2000).

Antes do desenvolvimento dos aços de alta resistência baixa liga ou aços

microligados (ARBL ou HSLA em inglês), os tubos eram produzidos com aços

endurecidos pela adição de carbono e manganês possuindo, desta forma, péssimas

soldabilidade e tenacidade. Os aços utilizados na fabricação de tubos API 5L, a

partir do grau X42 são do tipo ARBL (GORNI, SILVEIRA, 2008) (MALCOLN, 2007).

Os aços microligados são aços constituídos por baixos teores de carbono e

baixos teores de elementos de liga, tais como nióbio (Nb), titânio (Ti) e vanádio (V),

resultando nos chamados aços ARBL, que significa alta resistência mecânica e

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baixa liga, sigla advinda de HSLA (high strength low alloy). Neste grupo de aços

baixo carbono, tem-se a classe API, que utiliza pequenas quantidades de elementos

de liga, garantindo um limite de escoamento mínimo de 275MPa, melhores níveis de

resistência mecânica e algumas vezes melhor resistência à corrosão do que os aços

carbono laminados. (TOFFOLO, 2008).

No final da década de 40, mais precisamente em 1948, foi introduzida a

especificação API 5LX, contendo somente o tubo de grau X42 (TARIQ, M. et

al.,2002)1. Em 1959 foi construído nos Estados Unidos o primeiro duto utilizando aço

HSLA e neste ano, também houve o desenvolvimento do primeiro aço X52

microligado, possuindo baixo teor de carbono e endurecido pela adição de

elementos de microliga, tais como: nióbio e vanádio, na ordem de 0,10% (JUNIOR,

2013).

A Figura 5 resume o desenvolvimento dos aços API 5L desde a década de 50

e a Figura 6 mostra o desenvolvimento em conjunto com os principais elementos de

liga.

Figura 5: Desenvolvimento dos aços API 5L elementos de Ligas e rotas de

produção. Fonte: (SICILIANO, 2008)

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Figura 6: Desenvolvimento dos aços API 5L elementos de Ligas e rotas de produção. Fonte: (MALCOLN,2007)

Os graus API X52 até X70 são basicamente aços ARBL, nos quais os níveis

de uma resistência mecânica e tenacidade são atingidos pela combinação de uma

microestrutura refinada de ferrita-perlita (ou ferrita-martensita), alta densidade de

discordâncias (gerado pelo trabalho a frio do material), endurecimento por

precipitação (causado por carbonetos de Ti, V ou Nb finamente dispersos na matriz

ferrítica) e um endurecimento residual causado pela textura/anisotropia no material.

3.2.2.2. API X70

Durante os anos 60 o aço dominante para gasodutos era o X52, produzido

com aço semi-acalmado e sem requisitos de tenacidade, com teor médio de carbono

de 0,16% (HILLENBRAND, 1997). A exploração de petróleo no ártico e a ocorrência

de fraturas frágeis com mais de 10 Km de extensão em dutos nos Estados Unidos

levaram ao desenvolvimento de tubos produzidos com aços acalmados ao alumínio,

proporcionando refino de grão e aumentando tanto a resistência mecânica como a

tenacidade (PALMER, 2008) (HULKA, 2012).

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A rota de produção de chapas dos aços API até o final da década de 60

baseava-se na laminação a quente seguido de normalização, conseguindo-se

chapas com o grau X60 (BAI, 2005).

No início da década de 70 foi introduzida uma nova rota de produção para

chapas desses aços, chamada de laminação controlada, ou pela sigla TMCR

(Thermomechanical Controled Rolling). Esta nova rota possibilitou a fabricação de

aços com maiores requisitos de tenacidade, utilizados na exploração de petróleo no

ártico, como o grau X70 microligado ao nióbio e ao vanádio com redução de

tamanho de grão e do teor de carbono (TARIQ, M. et al.,2002).

O aço de grau X70 tornou-se o padrão mundial na construção de dutos,

desde a década de 80 até os dias atuais (MALCOLN, 2007), sendo que o primeiro

duto utilizando tubos X70 foi construído na Alemanha ainda na década de 70

(TOFFOLO, 2008). Entretanto, o futuro aponta para a redução de seu uso em favor

de chapas de aço com graus superiores (MALCOLN, 2007).

Os tubos utilizados na indústria do petróleo e nos minerodutos são

geralmente classificados segundo a Norma API (American Petroleum Institute) em

função de sua aplicação e sua resistência mecânica. O grau dos aços, segundo a

Norma API-5L, abrange tubos adequados para transporte de água, gás e óleo para

as indústrias de petróleo, levando em conta a rota de processamento do tubo (tubos

sem costura, com costura, do tipo solda em espiral, etc.) (LIMA, 2002).

O grau do aço reflete a tensão mínima de escoamento do material em [ksi]

unidade inglesa, ou seja, o grau X60 e X70 têm tensões, respectivamente, com o

valor de 60ksi e 70ksi (TOFFOLO, 2008).

A versão mais recente da Norma API 5L, editada em 2001, incorpora ainda

dois níveis distintos de especificações de produtos, indicados como PSL1 e PSL2

(PSL - product specification level). Cada um destes níveis abrange praticamente os

mesmos graus de aços (PSL1 pode ser fornecido em graus A25 a X70; PSL2 pode

ser fornecido de grau B a X80) o que permite especificar, por exemplo, aços X70,

conforme os níveis PSL1 ou PSL2. A tabela 6 sumariza e compara as principais

diferenças entre os níveis de especificação técnica PSL1 e PSL2 (HIPPERT , 2006).

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Tabela 6: Diferenças básicas entre níveis de especificação PSL1 e PSL2. Fonte: (HIPPERT , 2006)

Segundo (HIPPERT , 2006) a escolha por um dos níveis (PSL1 ou PSL2), de

especificação do produto irá depender do emprego e das condições de operação do

tubo, As Tabelas 6 e 7 apresentam a composição química especificada para os

vários tipos de aços API em níveis PSL1 e PSL2, respectivamente, além dos

requisitos mínimos de resistência mecânica. É possível observar que a composição

química mínima exigida dos aços é bastante flexível, e não considera a adição

compulsória de elementos de liga. Apesar disso, microadições de elementos como

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Ti, Nb e V são permitidas, desde que seu emprego seja acordado entre o fabricante

do material e o usuário.

Tabela 7: Composição química e propriedades mecânicas de aços API 5L nível de especificação PSL. Fonte: (HIPPERT , 2006)

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Tabela 8: Composição química e propriedades mecânicas de aços API 5L nível de especificação. Fonte: (HIPPERT, 2006)

Para os aços com níveis de resistência mais elevados (X60 até X80), a

Norma API permite que o fabricante não se detenha à composição química

estipulada, permitindo elaborar materiais com composições químicas distintas que

apenas atinjam as metas de resistência mecânica prescritas para cada grau

desejado.

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3.2.2. Corrosão

GENTIL, 2007, definiu a corrosão como a deterioração espontânea de um

material por ação química ou eletroquímica do meio.

A corrosão é definida como “o ataque destrutivo de um metal por uma reação

com seu meio”. Os prejuízos causados por processos corrosivos incluem não só a

necessidade de substituição de peças metálicas em indústrias como danos

ambientais no descarte inadequado dos resíduos provenientes desses processos

(ROBERGE, 1999; MERÇON, 2011).

Problemas de corrosão são frequentes e ocorrem nas mais variadas

atividades, como por exemplo, nas indústrias química, petrolífera, petroquímica,

naval, automobilística, construção civil entre várias outras (PINTO, 2008). De

maneira geral, pode-se dizer que os problemas relacionados à corrosão apresentam

basicamente três aspectos principais: econômico, em relação à preservação das

reservas minerais e em relação à preservação e integridade de vidas humanas

(RIOS, 2012).

As formas ou tipos de corrosão podem ser apresentados considerando-se a

aparência ou forma de ataque e também pelas diferentes causas e mecanismos

(GENTIL,2003):

Morfologia – uniforme, por placas, aleolar, puntiforme ou por pite,

intergranular, transgranular, filiforme, por esfoliação, seletiva, em torno de

cordão de solda e empolamento pelo hidrogênio;

Causas ou mecanismos – por aeração, eletrolítica ou por correntes de fuga,

galvânica, associadas a solicitações mecânicas (corrosão sob tensão

fraturante), em torno de cordão de solda, seletiva, empolamento ou

fragilização pelo hidrogênio;

Fatores mecânicos – sob tensão, sob fadiga, por atrito, associada à erosão;

Meio corrosivo – atmosférico, solo, induzida por microorganismos, água do

mar e sais fundidos;

Localização do ataque – pite uniforme, intergranular, transgranular.

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3.2.2.1. Formas de corrosão

Segundo GENTIL, V. 2011, a corrosão pode ser classificada quanto à

morfologia em:

Corrosão uniforme - é uma corrosão uniforme que se processa em toda extensão

da superfície, ocorrendo perda uniforme de espessura.

Corrosão localizada - esse tipo de corrosão se processa em pontos ou pequenas

áreas localizadas na superfície metálica produzindo pites, que são cavidades que

apresentam o fundo em forma angulosa e profundidade geralmente maior do que o

seu diâmetro.

Quanto à fenomenologia em:

Corrosão galvânica - a corrosão eletroquímica acelerada que ocorre quando dois

materiais metálicos diferentes são eletricamente conectados, por contato direto ou

por um condutor elétrico, e imersos em um eletrólito.

Corrosão por aeração diferencial - tem-se a aeração diferencial quando um material

metálico está imerso em regiões diferentemente aeradas, constituindo tipo de

heterogeneidade que conduz a formação de uma pilha de aeração diferencial. Áreas

anódicas (regiões menos aeradas) e áreas catódicas (regiões mais aeradas).

Corrosão-erosão - a corrosão de um metal em contato com um fluido em

movimento pode muitas vezes ser aumentada por efeitos dinâmicos. Esse tipo de

corrosão implica ações erosivas e corrosivas do meio, devido ao movimento relativo

existente entre esse e o material metálico.

Corrosão sob fadiga - quando um metal é submetido a solicitações mecânicas

alternadas ou cíclicas pode ocorre um tipo de fratura denominada fratura por fadiga.

Corrosão sob tensão - tem-se a deterioração de materiais pela ação combinada de

tensões residuais ou aplicadas e meios corrosivos. Ela difere da corrosão sob fadiga

por ter solicitações estáticas.

Corrosão atmosférica - a ocorrência da corrosão atmosférica depende de diversos

fatores, tais como: umidade relativa, substâncias poluentes (particulados e gases),

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temperatura, tempo de permanência do filme de eletrólito na superfície metálica e

fatores climáticos.

Fragilização pelo hidrogênio - o hidrogênio interage com a maioria dos metais por

uma série de mecanismos, resultando em modificações das propriedades mecânicas

que levam a fraturas frágeis e altamente danosas.

Corrosão influenciada microbiologicamente (CIM) ou biocorrosão - A

biocorrosão é resultado de um processo eletroquímico onde os micro organismos

podem participar acelerando diversas reações. Destacando-se nesses processos as

bactérias sulfato redutoras (BRS).

Figura 7: Morfologia de alguns tipos importantes de corrosão sobre uma peça plana (LUCIANO, 2011)

3.2.2.2. Processos e fatores que influenciam a corrosão

A corrosão é, em geral, um processo espontâneo, e, não fora o emprego de

mecanismos protetores, ter-se-ia a destruição completa de materiais metálicos, já

que os processos de corrosão são reações químicas e eletroquímicas que se

passam na superfície do metal e obedecem a princípios estabelecidos (GENTIL,

2011).

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É um fenômeno que ocorre tanto na superfície quanto no interior do material

(corrosão intragranular), que pode ser controlada pela formação de determinados

produtos de corrosão, ou seja, o composto formado a partir da corrosão pode agir

como barreira entre o meio oxidante e a superfície. Esta barreira é geralmente

encontrada na interação metal x meio.

Material + Meio → Produto de Corrosão + ∆ Energia

Quando ocorre a retirada desta barreira, geralmente na interação

metal/líquido, não há diminuição da velocidade de corrosão. Este caso pode ocorrer

em situações em que o produto de corrosão é solúvel no meio corrosivo. Todos os

metais estão sujeitos à corrosão. Este processo só será mais ou menos acentuado

dependendo da relação metal/meio corrosivo. Como exemplo, o aço inoxidável sofre

corrosão acelerada em meio com íon cloreto, alumínio em soluções aquosas de

bases fortes e cobre em soluções amoniacais (VIEGAS, 2013) .

A corrosão ocorre quando o metal está em contato com uma solução de um

eletrólito, ocorrendo reações anódicas e catódicas. É a forma mais comum na

natureza, que pode ocorrer na presença de água e oxigênio a temperatura ambiente

gerando assim uma pilha de corrosão. A intensidade do processo de corrosão é

avaliada pela carga ou quantidade de íons que se descarregam no cátodo ou pelo

número de elétrons que migram do ânodo para o cátodo (VIEGAS, 2013).

O diagrama de Pourbaix, também conhecido como diagrama potencial/pH, é

uma representação gráfica das possíveis fases de equilíbrio estáveis de uma

sistema eletroquímico. As linhas representam as fronteiras entre as áreas de

estabilidade das várias espécies iônicas de um determinado elemento. Os

diagramas de Pourbaix possuem um eixo vertical representando o potencial, em volt,

referente ao eletrodo padrão de hidrogênio, tal como calculado a partir da Equação

de Nernst (GENTIL, 2011).

𝑬𝒉 = 𝑬𝟎 −𝟎. 𝟎𝟓𝟗𝟐

𝒏 𝒍𝒐𝒈

[𝑪]𝒄

[𝑨]𝒂

[𝑫]𝒅

[𝑩]𝒃

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Equação 1. Equação de Nernst

O eixo horizontal é rotulado pH, função da concentração do íon H+.

𝒑𝑯 = − 𝒍𝒐𝒈[𝑯+ ]

O diagrama de Pourbaix identifica todas as regiões que o metal base pode se

encontrar, passivação, corrosão ou imunidade (VIEGAS, 2013).

Figura 8: Diagrama de Pourbaix simplificado para o Fe a 25°C. Fonte: (GENTIL,

2011).

É possível, através do diagrama acima, identificar o comportamento do

material conforme as condições do meio e seu potencial. Na região em que o Fe

tem o equilíbrio como íons, quer seja Fe2+ ou Fe3+, se define como a zona de

corrosão. Caso o metal puro seja estável, é a região imune e se as condições de

interface correspondem a uma região de estabilidade do óxido, esta é a região de

passivação (VIEGAS, 2013).

As reações de oxidação, como dito anteriormente, são processos

espontâneos. O potencial para ser reduzido o material (E) está relacionado com a

energia livre de Gibbs (∆G) através da equação:

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∆𝑮 = − 𝒏𝑭𝑬

Equação 2. Energia livre de Gibbs

Onde n é o número de elétrons envolvidos, F é a constante de Faraday e E o

potencial do eletrodo. Através desta equação é possível afirmar que:

E0 < 0 → ∆G0 > 0: reação não espontânea

E0 > 0 → ∆G0 < 0: reação espontânea

A energia livre de Gibbs está relacionada com o meio envolvido, por isto, os

potenciais variam e a corrosão pode ou não ocorrer (GENTIL, 2011).

Tabela 9: Potencial de Padrão de Oxidação de metais (GENTIL, 2011).

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Quanto maior o potencial de oxidação, maior a tendência de ocorrer a

corrosão do metal. No caso de dois metais em contato, ocorrerá primeiramente a

corrosão do metal com maior potencial de oxidação.

3.2.2.3. Ação corrosiva do biodiesel

O biodiesel é susceptível as reações de oxidação que levam à degradação

comprometendo as propriedades químicas e físicas. A degradação é devida

principalmente as duplas ligações aos ácidos graxos contidos, livres ou compondo a

molécula de éster, que possibilita um alto grau de reatividade com o oxigênio

especialmente durante longos períodos e estocagem (FERRARI et al, 2005;

McCORNICK et al 2007). Estas reações além de alterar as propriedades também

podem aumentar as características corrosivas do combustível. Sendo assim, os íons

metálicos gerados pela corrosão catalisam outras reações indesejáveis, degradando

ainda mais a qualidade do biodiesel (KNOTHE, 2007).

Vários são os estudos que tem demostrado que metais e ligas de cobre

(AQUINO, 2012; HASEEB ,2010), latão, zinco, estanho e chumbo sofrem oxidação

em contato com este combustível, criando sedimentos e catalisando a formação de

radicais livres no mecanismo de autoxidação (KAUL et al, 2007; MASJUKI, 2010).

Vários estudos estão relacionados com a compatibilidade de diferentes

materiais automotivos, como o cobre, chumbo, alumínio, zinco, latão e ferro fundido

com biodiesel e alguns deles sugerem que cobre, Auminum, zinco, latão e bronze

não são compatíveis com biodiesel (Haseeb et al, 2010; Kaul et al, 2007) e ligas de

cobre são propensas à corrosão pelo biodiesel, em comparação com as ligas

ferrosos (GELLER, et al., 2008).

A corrosividade do biodiesel depende da composição de éster, a absorção de

humidade, a oxidação e a pureza da matéria-prima. Infelizmente, é limitada literatura

sobre a corrosão de materiais automotivos em biodiesel e os estudos publicados

focam no comportamento do diesel sintetizado a partir de diferentes óleos não

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comestíveis, (Kaul et al., 2007) e comestíveis óleos como palma e colza (HASSEB et

al, 2010; FAZAL et al, 2011a, 2011b, 2012).

Por outro lado, o alumínio e algumas ligas ferrosas, como os aços inox, tem

sido reportados como materiais compatíveis com o biodiesel e suas misturas, no

entanto poucas são as pesquisas realizadas neste sentido, na maioria inconclusas

ou avaliadas de modo pouco profundo.

3.2.2.4. Técnicas aplicadas para avaliação da corrosividade do biodiesel

O teste de corrosividade do biodiesel exigido pela ANP nº45, segundo os

métodos de ensaios ISSO 2160-1998 e ASTM D10-2010, define como limite o valor

de 1 para a corrosividade ao cobre durante 3 h a 50ºC. Porém estes métodos são

referentes à ação de derivados do petróleo, e trata-se de um teste de manchamento

de uma chapa de cobre pela ação de produtos da decomposição de compostos de

enxofre, e não de ácidos graxos ou similares (ANP 45, 2014). Por conseguinte, não

consegue avaliar corretamente a ação corrosiva do biodiesel.

O estudo de corrosão mediante os testes de perda de massa é amplamente

utilizado em sistemas que possuem elevadas resistividades. O ensaio determina a

variação da massa do material metálico em contato com um líquido, em um período

de tempo acelerado ou prolongado segundo a reatividade do mesmo. Durante o

teste variações da morfologia na superfície também pode ocorrem, as quais são

observadas mediante técnicas de microscopia.

MARU et al 2009 e NOCKERT et al 2012 verificaram mudanças morfológicas

em amostras metálicas em contato com biodiesel através dos ensaios de perda de

massa; efeito que aumentava com o teor de impurezas no combustível.

MELERO et al 2010 utilizaram os ensaios de perda de massa para avaliar as

propriedades corrosivas do aço carbono em contato com matérias primas oxidadas

para a produção de biodiesel. Os resultados demostraram a não ocorrência de

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corrosão nas amostras de aço, o teste com o óleo vegetal oxidado por 2h à 140ºC

evidenciou perda de massa na ordem de 10-3g.

A utilização de testes de perda de massa para avaliar o contato do biodiesel

com cobre, aço carbono, alumínio e aço inoxidável foi realizado por HU et al 2012.

Os resultados se mostraram favoráveis para o alumínio e o aço inoxidável, já a taxa

de corrosão do cobre e do aço carbono foram severas, observando-se um aumento

da quantidade de íons metálicos no combustível mediante um posterior ensaio de

espectroscopia de absorção atômica.

CURSARU et al 2014 avaliaram da susceptibilidade do alumínio à corrosão,

cobre e aço carbono leve exposto ao B0 (diesel de petróleo), B20 (diesel contendo

20 vol.% De biodiesel) e B100 (biodiesel) para 3000 h à temperatura ambiente (22-

28 ◦C) e 60◦C. Concluiram que:

A corrosividade de biodiesel é maior do que a de diesel de petróleo.

À temperatura ambiente, a corrosão diminui em biodiesel, a fim; cobre

(0.323615mg/a) > aço-carbono de carbono (0.170124 mg/a) > alumínio

(0.162201 mg/a).

A 60◦C, as taxas de corrosão diminuem na mesma ordem utilizada no cálculo

da temperatura ambiente, mas os valores quase duplica.

Corrosão do metal é dependente da temperatura; uma temperatura mais

elevada leva a uma intensificação dos ataques de corrosão sobre as

superfícies metálicas.

A degradação dos combustíveis é acelerada pela alta temperatura;

particularmente para estabilidade de oxidação do biodiesel torna-se pobre e a

formação de produtos de oxidação tais como peróxidos, ácidos, que são

novos precursores para a corrosão, é promovida.

Alguns dos ensaios especificados pela ANP nº 45, para a caracterização do

biodiesel produzido, podem fornecer informações sobre a degradação da qualidade

do combustível e por conseguinte do deterioro do material em contato. Dentre estes

se podem mencionar o teor de ácidos graxos, a estabilidade à oxidação e a

condutividade elétrica.

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3.2.2.5. Teor de ácidos graxos

Como foi mencionado anteriormente, a composição do biodiesel tem influência

direta na resistência à corrosão dos materiais que compõem equipamentos e

acessórios utilizados na sua produção, transporte e uso.

SAVITA KAUL et al 2007 realizaram, paralelamente ao ensaio de perda de

massa, a avaliação do índice de acidez do combustível em diversos estágios do

teste gravimétrico. Foi observado um aumento no índice de acidez, indicando que há

a oxidação do biodiesel devido ao contato com peças metálicas.

CURSARU et al 2014 investigaram a compatibilidade dos materiais diferentes

de componentes de motores diesel em biodiesel, mistura de biodiesel e combustível

diesel. E observaram que a estabilidade à oxidação do biodiesel depende da

composição gorda de óleo-mãe, especialmente de ácidos insaturados e poli-

insaturados gordos tais como linoleato de metilo (18: 2) e linoleato de metilo (18:3).

Foi descoberto que, para cada metal, as taxas de corrosão aumenta com o aumento

da concentração de biodiesel na mistura; Assim, o biodiesel é mais corrosivo do que

o combustível diesel. Isto pode ser explicado com base no elevado teor de

compostos insaturados a partir da composição de biodiesel.

Segundo (ALMEDIA, 2014) petróleo (alta acidez), as taxas de corrosão foram

mais acentuadas, atentando-se aos diferentes tipos de compostos ácidos presentes,

sendo que estes acompanham a característica de acidez elevada do óleo cru. O aço

inox testados mostraram-se mais resistentes à corrosão do que aqueles de aço-

carbono.

3.2.2.6. Estabilidade à oxidação

Vários são os fatores que podem influenciar no processo de oxidação, tais

como luz, temperatura, presença de antioxidantes e de pró-oxidantes naturais (como

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metais e clorofila), enzimas, metaloproteínas, microrganismos e condições de

armazenamento (NAWAR, 1985). Com a finalidade de inibir ou retardar a oxidação

do biodiesel, são empregados compostos químicos conhecidos como antioxidantes.

FARMER et al 1942 propuseram uma sequência de reações inter-

relacionadas para explicar o processo de oxidação destes compostos demonstrada

na Figura 9.

Figura 9: Esquema geral do mecanismo da oxidação lipídica. Fonte: (FARMER et al, 1942)

Como pode ser observada, a oxidação está associada à reação do oxigênio com as

insaturações e ocorre em três etapas:

Iniciação – ocorre a formação dos radicais livres do éster devido à retirada de

um hidrogênio do carbono alílico na molécula do éster, em condições

favorecidas por luz e calor (TOLEDO, 1985).

Propagação – os radicais livres que são prontamente susceptíveis ao ataque

do oxigênio atmosférico, são convertidos em outros radicais, aparecendo os

produtos primários de oxidação (peróxidos e hidroperóxidos) cuja estrutura

depende da natureza dos ésteres presentes. Os radicais livres formados

atuam como propagadores da reação, resultando em um processo

autocatalítico (TOLEDO, 1985).

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Término – dois radicais combinam-se, com a formação de produtos estáveis

(produtos secundários de oxidação) obtidos por cisão e rearranjo dos

peróxidos (epóxidos, compostos voláteis e não voláteis) (SILVA et al 1999).

O teste de estabilidade à oxidação, definido na ANP nº45 é realizado

mediante o método de ensaio EN 14111, e baseia-se na metodologia de ensaio

acelerado originalmente proposta por Hadorn & Zurcher (HADOM, 1974).

Também conhecido como método Rancimat, o mesmo consiste em expor a

amostra a um fluxo de ar (10L/h) a 110°C (Figura 10) e monitorar a variação da

condutividade com o tempo. À medida que as reações de formação de

compostos de oxidação são intensificadas é verificado um aumento da

condutividade, formando-se uma curva que possui um súbito incremento num

ponto denominado de período de indução PI (Figura 11). Acima deste ponto se

constata um rápido aumento da taxa de oxidação, do índice de peróxido, da

absorção de oxigênio e de formação de voláteis (DEMAN, 1984).

Figura 10: Ensaio de estabilidade à oxidação ilustrando a determinação do PI

(Período de indução).

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Figura 11: Curva típica de condutividade elétrica Vs Tempo para a determinação do PI.

O biodiesel tem também algumas características desfavoráveis tais como

estabilidade oxidativa pobre, as propriedades de baixa temperatura, de solvente

como propriedades e pode proporcionar potência e de binário menor ligeiramente

maior e o consumo de combustível, em comparação com diesel de petróleo. Alta

susceptibilidade à oxidação ou a auto oxidação do biodiesel cria grandes

preocupações porque durante a oxidação do biodiesel aparece uma variedade de

produtos de oxidação secundários, tais como inferiores moleculares orgânicos

ácidos, aldeídos e cetonas que aumentam a acidez total e o risco de corrosão no

veículo e combustível manuseamento sistema (KARAVATAKIS et al 2011).

Vários estudos descobriram que o biodiesel é mais corrosivo para materiais

automotivos do que o combustível diesel, a natureza corrosiva do biodiesel a ser

atribuído à sua composição de ácidos graxos, sua característica higroscópico ou

para as impurezas residuais (HU et al 2012).

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KARAVATAKIS et al, 2011 relataram que os produtos de oxidação de

biodiesel podem incluir peróxidos e ácidos que são precursores para a corrosão.

CURSARU et al 2014 relataram que superfícies metálicas foram analisados

por EDS e SEM, a fim de compreender as ações de biodiesel sobre os

comportamentos de corrosão de materiais de automóveis. Análise elementar das

superfícies expostas indica a presença de oxigênio. Para todos os metais, o teor de

oxigênio é maior para as amostras expostas a biodiesel ou biodiesel mistura do que

para os pios SAM- expostos ao óleo diesel. Este maior teor de oxigênio pode estar

relacionada a uma maior oxigênio no biodiesel. Observações semelhantes foram

publicados por FAZAL et al 2011a, 2012a e HU et al 2012, que assumem taxas de

corrosão maiores após a exposição ao biodiesel devido à maior de oxigênio e

absorção de umidade.

CURSARU et al 2014 também verificou-se que para cada metal, as taxas de

corrosão aumentam com o aumento da concentração de biodiesel na mistura;

Assim, o biodiesel é mais corrosivo do que o combustível diesel. Isto pode ser

explicado com base no elevado teor de compostos insaturados a partir da

composição de biodiesel.

Taxa de corrosão do alumínio (Al), cobre (Cu) e de aço de carbono leve (MCS) à

temperatura ambiente e 60° (CURSARU et al, 2014).

Figura 12: Taxa de corrosão do alumínio (Al), cobre (Cu) e de aço de carbono leve (MCS) à temperatura ambiente e 60°. Fonte: (CURSARU et al, 2014).

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FAZAl et al 2010 observaram (Figura 13) que a taxa de corrosão do cobre em

biodiesel aumenta com o aumento do tempo, ao passo que para o alumínio,

ligeiramente diminui. A taxa de corrosão de cobre e do alumínio em biodiesel é muito

maior do que em combustível para motores diesel. O aço inoxidável mostra

nenhuma corrosão significante mesmo em biodiesel.

Figura 13: taxa de corrosão do aço inoxidável, alumínio e cobre em motores diesel e biodiesel após imersão para (a) 600 H e (b), 1200 h. Fonte: FAZAl et al, 2010.

FAZAl et al, 2010 também relataram que o biodiesel é mais agressivo do que o

combustível diesel e a exposição dos diferentes metais para diesel e o biodiesel, a

espécie de metal obtidos é sempre maior no biodiesel, em comparação com que no

combustível diesel. Isto sugere que o biodiesel é mais corrosivo do que o

combustível diesel. A Figura 14 mostra as mudanças de cor para tanto diesel e

biodiesel após exposição com diferentes metais para 1200 h. Vê-se que só cobre

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expostos biodiesel e mostrar diesel grandes alterações na cor, em comparação com

seus estados como recebido. Isto pode ser atribuído à presença de espécies

metálicas ou mudança na composição de biodiesel.

Figura 14: Alterações na cor, tanto para motores diesel (B0) e o biodiesel (B100) após a exposição com o cobre, alumínio e aço inoxidável para 1200 h. Fonte: (FAZAl et al, 2010).

Segundo HU et al, 2010 os ions metálicos nos combustíveis também pode causar a

variação da aparência do combustível, como mostrado na figura 15.

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Figura 15: Variações do aspecto do biodiesel antes e depois de corrosão. (A: inicial biodiesel, B: com cobre, C: com aço carbono, D: com alumínio, e E: com aço inoxidável). Fonte: (HU et al, 2010).

3.2.2.7. Condutividade elétrica

A utilização deste teste para avaliar a corrosão neste sistema está

condicionada a valores significativos de condutividade, entretanto de uma forma

geral, os combustíveis apresentam baixas condutividades devido à baixa

dissociação iônica em compostos orgânicos.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Caracterização do aço microligado

4.1.1. Composição química do aço utilizado

O Aço avaliado nos testes com biodiesel foi um aço API X70, amplamente

utilizado na indústria de petróleo e gás, porém ainda não passou pelo processo de

laminação que confere ao aço as propriedades mecânicas necessárias. No entanto

como a realização da laminação não interfere na avaliação da resistência à

corrosão, o material pode ser utilizado para cumprir o objetivo desta dissertação.

Segue abaixo a composição química do aço avaliado.

Tabela 10: Composição química do aço API X70 utilizado neste trabalho

Elemento Análise Final

C 0,0600 %

Si 0,2570 %

Mn 1,5790 %

P 0,0151 %

S 0,0021 %

Al-t 0,0340 %

Cr 0,2170 %

Ni 0,0110 %

Mo 0,1110 %

Cu 0,0050 %

V 0,0010 %

Nb 0,0620 %

Ti 0,0170 %

B 0,0005 %

N 0,0050 %

Ca 0,0028 %

Sn 0,0011 %

Co 0,0033 %

Mg 0,0001 %

W 0,0001 %

Pb 0,0001 %

As 0,0023 %

Zr 0,0030 %

Zn 0,0005 %

A modo de comparação, nas mesmas condições foram testadas as

resistências dos aços carbono e galvanizado em biodiesel.

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Tabela 11: Composição química do aço carbono

Elemento Análise Final

C 0,1400 %

Si 0,1290 %

Mn 0,6550 %

P 0,0220 %

S 0,0091 %

Al-t 0,0001 %

Cr 0,0070 %

Ni 0,0030 %

Mo 0,0020 %

Cu 0,0050 %

V 0,0009 %

Nb 0,0005 %

Ti 0,0003 %

B 0,0001 %

N 0,0055 %

Ca 0,0011 %

Sn 0,0010 %

Co 0,0013 %

Pb 0,0010 %

As 0,0013 %

Zr 0,0008 %

Tabela 12: Composição química do aço Galvanizado

Elemento Análise Final

C 0,0564 %

Si 0,0070 %

Mn 0,2450 %

P 0,0081 %

S 0,0023 %

Al-t 0,0540 %

Cr 0,0120 %

Ni 0,0040 %

Mo 0,0020 %

Cu 0,0160 %

V 0,0018 %

Nb 0,0007 %

Ti 0,0003 %

B 0,0002 %

N 0,0135 %

Ca 0,0001 %

Sn 0,0010 %

Co 0,0014 %

Pb 0,0010 %

As 0,0018 %

Zr 0,0008 %

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4.1.2. Preparação dos corpos de provas

Para avaliação da perda de massa foram utilizados três tipos aço: aço

microligado (API X70), aço carbono e aço galvanizado e foram cortadas e

preparadas conforme mostra a figura abaixo:

(a) (b)

Figura 16: Desenho dos Corpos de provas usados nos testes de perda de massa a) visão superior do corpo de prova; b) visão em profundidade.

Para cálculo da perda de massa foram calculadas as áreas dos corpos de

prova para cada grupo de amostras conforme tabelas as seguir:

Tabela 13: Área calculada dos corpos de prova para aço microligado

Grupo Amostra Área (cm²) d(g/cm³)

Biodisel Soja Puro

1 17,298

7,85 2 18,426

3 15,971

Biodisel Soja + 1% ácido Oleico

1 8,472

7,85 2 9,252

3 9,462

Biodisel Soja + 3% ácido Oleico

1 13,535

7,85 2 13,372

3 15,741

Biodisel Soja + 10% ácido Oleico

1 10,326

7,85 2 11,818

3 11,061

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Tabela 14: Área calculada dos corpos de prova para aço carbono

Grupo Amostra Área (cm²) d (g/cm³)

Biodisel Soja Puro

1 7,133

7,86 2 5,929

3 6,529

Biodisel Soja + 1% ácido Oleico

1 6,438 7,86

2 6,890

3 6,744

Tabela 15: Área calculada dos corpos de prova para aço galvanizado

Grupo Amostra Área (cm²) d(g/cm³)

Biodisel Soja Puro

1 5,9167

7,86 2 6,1407

3 5,6753

Biodisel Soja + 1% ácido Oleico

1 6,2457

7,86 2 5,6475

3 5,9539

Antes de iniciar os testes de imersão, as amostras precisaram ser

previamente preparadas para o ensaio. Lixaram-se todas as amostras utilizando

lixas d’agua de granulometria 100, 200, 300, 400, 600. Iniciou-se pela lixa d’agua de

menor grão (100) progredindo até a de granulometria 600.

Figura 17: Corpos de prova após proceso de corte e polimento

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Após o processo de polimento, as amostras selecionadas, passaram por

processo de limpeza, primeiro foram imersas em solução de HCL20% por 10

segundos, exceto o aço galvanizado que para não afetar a camada de galvanização

não foi imerso na solução de HCL20%, em seguida foram lavadas com água

corrente e sabão neutro, foram novamente imersas em álcool para desengraxe e

após foram lavadas com água destilada. As amostras passaram por processo de

secagem, foram pesadas em balança analítica com uma precisão de 0,0001g. A

pesagem dos corpos de prova foi repetida até encontrar no mínimo 03 valores

iguais, desta maneira definiram-se as massas iniciais (m0) de cada amostra para

posterior cálculo dos valores de perda de massa e da taxa de corrosão. Após o

tratamento, as amostras foram imersas no biodiesel puro, com e sem adição de

ácido oleico. A Figura 18, mostra o esquema de imersão das amostras.

Figura 18: Corpos de prova imersos no Biodiesel

4.2. Obtenção do Biodiesel de Soja

O biodiesel de soja utilizado neste trabalho foi obtido a partir da reação de

transesterificação, na qual o triaciglicerídeo contido no óleo de soja reage com um

álcool (preferencialmente de cadeia curta), na presença de um catalisador,

produzindo ésteres alquílicos (biodiesel) e glicerol. Geralmente é conduzida em

excesso de álcool, para deslocar o equilíbrio para a formação dos ésteres.

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4.2.1. Reagentes

Os reagentes utilizados foram: óleo de soja refinado comercial, metanol

99,8% da VETEC e como catalisador Hidróxido de Potássio 85 % lentilhas da Vetec.

4.2.2. Reação de transesterificação

A reação foi realizada no Laboratório de Processos Industriais e

Nanotecnologia (LPIN) da Uezo, num reator-misturador magnético RCT BASIC da

IKA com controle de temperatura integrado e ajuste da velocidade de agitação.

O procedimento reacional é explicado a seguir: 100 g de óleo de soja foram

adicionados ao reator, mantendo agitação de 500 rpm e aquecimento controlado até

a temperatura de 45ºC. A temperatura ambiente 1% m/m de KOH dissolveu-se em

metanol (razão molar álcool/óleo = 6) e em seguida, adicionou-se esta solução ao

reator. Uma vez atingido o tempo reacional (60 minutos) o reator foi desligado para

resfriamento.

A mistura foi transferida para um funil de decantação e mantida em repouso

por 12 horas formando-se duas fases, a fase superior (~ 90%) contém

principalmente biodiesel e a fase inferior (~ 10%) é uma fase glicerinosa. A fase

glicerinosa formada, também chamada com glicerina bruta, pode conter entre 30-

50% de glicerina, o restante são impurezas: álcool não reagido, catalisador e sabão.

A glicerina bruta por não ser objetivo do trabalho foi separada e adequadamente

descartada.

A fase de biodiesel passou para as etapas de purificação: lavagem,

decantação e secagem. A lavagem foi realizada num funil de decantação com

solução de ácido cítrico 0,15% a 60ºC, e a secagem num beacker de 1 litro a 130ºC

e agitação de 500 rpm.

4.2.3. Preparação das amostras modelos de biodiesel de diferente acidez

Com o objetivo de estudar a influência da acidez do biodiesel na resistência

do material avaliado, foram preparadas cinco amostras modelos de biodiesel de soja

com diferentes teores de ácido oleico. A seguir a Tabela 16 exibe as concentrações

de ácido oleico adicionadas a o biodiesel de soja durante a preparação das

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amostras modelos, e a acidez determinada antes de iniciar o teste de contato com

os materiais.

Tabela 16: Amostras de biodiesel de soja avaliadas nos testes de resistência à corrosão dos aços

Sem adição de

ácido oleico Adição de 1% ácido oleico

Adição de 3% ácido oleico

Adição de 10% ácido oleico

Acidez, mg KOH/g 0,5028 0,9064 1,5107 5,3378

Estabilidade à oxidação, h

6,80 7,38 6,35 5,71

Condutividade, us/cm

0,0 0,0 0,0 0,0

A acidez das amostras modelos foi determinada conforme estabelece a ANP

pela norma ASTM D664. Observa-se que as amostras com 3 e 10% de acidez não

cumprem o especificado pela ANP para uso na mistura com diesel, devido a este

resultado foi considerado não necessária a realização dos testes de corrosividade

com o aço carbono e aço galvanizado.

4.3. Caracterização da corrosividade do Biodiesel

4.3.1. Teste de Perda de Massa

Para a avaliação da corrosividade do biodiesel sobre as diferentes amostras

metálicas, foram realizados ensaios de imersão, através dos quais foi possível

calcular a perda de massa e a taxa de corrosão. Os ensaios foram realizados

segundo a Norma ASTM G1. O comportamento das amostras durante a imersão, foi

monitorado durante intervalos específicos de tempo (24, 48, 168, 336, 504, 672 e

1344 horas). A cada retirada as amostras foram lavadas, desengorduradas e

pesadas. Os testes de perda de massa foram realizados em triplicata, e o parâmetro

obtido através desse ensaio (perda de massa) forneceu o necessário para o cálculo

de corrosão das amostras.

A perda de massa para cada material foi obtida através das diferenças entre

as massas antes e depois da imersão (m0 – mx). As medidas foram tomadas nos

intervalos de tempo (t) apresentados anteriormente. A partir desses resultados foi

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determinada a taxa de corrosão, mediante a equação 5: A quantidade de biodiesel

utilizada em cada ensaio foi quantificada respeitando a solicitação da norma que

indica uma quantidade de fluido de 0,20mL/mm² de amostra.

𝑻𝒂𝒙𝒂 𝒅𝒆 𝒄𝒐𝒓𝒓𝒐𝒔ã𝒐 = 𝑲 𝒙 𝑾

𝑨 𝒙 𝒕 𝒙 𝒅

Equação 2. Taxa de corrosão segundo a norma ASTM G1

Onde: K = constante tabelada pela ASTM G31 (87600 mm/ano); W= perda de

massa, em gramas, para ensaios de corrosão generalizada; A= área da amostra em

cm²; t = tempo de exposição, em horas e d = densidade da amostra, em g/cm³.

4.3.2. Caracterização das amostras de biodiesel

Paralelamente aos ensaios de perda de massa foram avaliadas as variações

da acidez, a estabilidade à oxidação, condutividade elétrica e TGA das amostras de

biodiesel.

4.3.2.1. Índice de acidez (mg KOH g-1)

Determinado como o número de miligramas de hidróxido de potássio

necessário para neutralizar os ácidos livres de 1 g da amostra. A acidez de um óleo,

gordura ou resíduos de natureza triglicerídica representa uma característica bastante

variável que dependem do estado ou condição do lipídeo. A decomposição dos

glicerídeos é acelerada por aquecimento e pela luz, sendo a rancidez quase sempre

acompanhada pela formação de ácidos graxos livres. O índice de acidez foi

determinado seguindo norma da AOCS (American Oil Chemists’ Society) Cd 3d-63.

A percentagem de ácidos graxos livres foi calculada com base em ácido oleico

(DARIO, 2006).

Para análise de acidez, uma amostra contendo os ácidos graxos livres é

pesada diretamente em um erlenmeyer contendo uma mistura de solventes neutros

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64

(50mL de álcool etílico, gotas de NaOH 0,1N e 1mL de fenolftaleína), onde é

dissolvida. Estes ácidos são neutralizados pela solução alcalina de NaOH 0,25N,

previamente padronizada, através de titulação, até que se atinja, por no mínimo 30

segundos, o ponto de viragem do indicador. O indicador utilizado foi a fenolftaleína,

cuja mudança atinge a cor rosa após o ponto de equivalência. O índice de acidez

percentual (I) foi calculado em relação à massa do ácido oleico, conforme a equação

a seguir abaixo.

𝑰𝒏𝒅𝒊𝒄𝒆 𝒅𝒆 𝒂𝒄𝒊𝒅𝒆𝒛 = [𝑽 𝒙 𝟕, 𝟎𝟓]

𝑴𝒂

Equação 3. Indice de acidez percentual

Onde:“V” é o volume (mL) de NaOH 0,25mol/L gasto da titulação, “7,05” é uma

constante (g/mL) obtida pela multiplicação entre a concentração do álcali

(0,00025mol/mL), a massa de ácido oleico (282g/mol) e o valor 100 (para obter o

resultado já em porcentagem), e Ma é a massa da amostra (g).

4.3.2.2. Estabilidade à oxidação

Os ensaios de estabilidade à oxidação foram realizados no Laboratório de

GreenTec da Escola de Química da UFRJ, mediante o equipamento Rancimat

modelo 873-Metrohm, segundo norma EN14112. O equipamento forneceu as curvas

de condutividade elétrica vs Tempo e o resultado do período de indução (PI), o qual

define se o biodiesel pode ser utilizado na mistura com diesel.

4.3.2.3. Condutividade Elétrica

Supondo que quando um material metálico se oxida há liberação de íons para

o meio reacional, foram retiradas alíquotas das amostras de biodiesel durante o

teste de perda de massa e foram levadas a um condutivímetro. A maior presença de

íons metálicos aumenta a condutividade do sistema, pois os combustíveis

geralmente não se dissociam, apresentando baixas condutividades na ausência de

íons metálicos.

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65

A condutividade elétrica é uma medida da concentração total de íons

metálicos dissolvidos, e apesar de não fornecer medidas reais da concentração de

um determinado íon, ela fornece dados indiretos sobre o degaste do material,

sugerindo a ocorrência de corrosão.

As medições foram realizadas num Condutivímetro de Bancada DDS-11C da

Analyser® localizado no Laboratório de Pesquisa em Biotecnologia Ambiental

(LPBA) da Uezo. As medições foram realizadas om cédula de condutividade de K= 1

cm-1 e a calibração foi realizada com solução de 1.413 mS/cm que pode ser usada

na faixa de 0,5 µ/cm a 200 mS/cm.

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1. Ensaios Gravimétricos (Testes de imersão)

As tabelas abaixo apresentam os valores de perda de massa, obtidos após os

ensaios de imersão, segundo a norma ASTM G1, para os três tipos de amostras

metálicas investigadas. Os resultados foram obtidos em triplicata. A partir da

observação das tabelas verifica-se claramente uma tendência no aumento da

corrosividade do biodiesel com a adição de ácido oleico. Esse comportamento é

observado para as três amostras metálicas investigadas.

Verifica-se claramente que a perda de massa é mais acentuada para o aço

galvanizado que para as demais amostras. Esse comportamento pode indicar que o

zinco é mais susceptivel à corrosão em presença do biodiesel que o aço carbono e o

aço API X70.

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66

Tabela 17: Perda de massa (gramas) para aço API X70

Grupo Amostra Perda de Massa g

24h 48h 168h 336h 504h 672h 1344h

Biodisel Soja Puro

1 0,0000 0,0005 0,0009 0,0013 0,0011 0,0018 0,0010

2 0,0002 0,0004 0,0009 0,0012 0,0012 0,0019 0,0012

3 0,0001 0,0007 0,0011 0,0013 0,0014 0,0018 0,0013

Média 0,0001 0,0005 0,0010 0,0013 0,0012 0,0018 0,0012

Biodisel Soja + 1% ácido Oleico

1 0,0001 0,0007 0,0010 0,0011 0,0011 0,0012 0,0010

2 0,0000 0,0002 0,0005 0,0006 0,0007 0,0010 0,0005

3 0,0003 0,0003 0,0009 0,0010 0,0010 0,0012 0,0010

Média 0,0002 0,0004 0,0008 0,0009 0,0009 0,0011 0,0008

Biodisel Soja + 3% ácido Oleico

1 0,0005 0,0008 0,0013 0,0014 0,0013 0,0019 0,0014

2 0,0004 0,0008 0,0011 0,0014 0,0011 0,0018 0,0013

3 0,0003 0,0003 0,0007 0,0010 0,0011 0,0017 0,0012

Média 0,0004 0,0006 0,0010 0,0013 0,0012 0,0018 0,0013

Biodisel Soja + 10% ácido Oleico

1 0,0002 0,0004 0,0007 0,0007 0,0009 0,0009 0,0009

2 0,0000 0,0003 0,0006 0,0014 0,0008 0,0012 0,0008

3 0,0002 0,0003 0,0009 0,0007 0,0008 0,0013 0,0009

Média 0,0002 0,0003 0,0007 0,0009 0,0008 0,0011 0,0009

Tabela 18: Perda de massa para aço carbono

Grupo Amostra Perda de Massa g

24h 48h 168h 336h 504h 672h 1344h

Biodisel Soja Puro

1 0,0003 0,0002 0,0001 0,0001 0,0001 0,0004 0,0006

2 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0003 0,0008

3 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0004

Média 0,0002 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0003 0,0006

Biodisel Soja + 1% ácido Oleico

1 0,0002 0,0002 0,0002 0,0002 0,0002 0,0002 0,0007

2 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0003 0,0008

3 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0002 0,0009

Média 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0002 0,0008

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67

Tabela 19: Perda de massa para aço galvanizado

Grupo Amostra Perda de Massa g

24h 48h 168h 336h 504h 672h 1344h

Biodisel Soja Puro

1 0,0003 0,0003 0,0003 0,0005 0,0005 0,0007 0,0012

2 0,0001 0,0002 0,0002 0,0006 0,0006 0,0007 0,0013

3 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0002 0,0003 0,0008

Média 0,0002 0,0002 0,0002 0,0004 0,0004 0,0006 0,0011

Biodisel Soja + 1% ácido Oleico

1 0,0030 0,0063 0,0156 0,0158 0,0158 0,0162 0,0163

2 0,0030 0,0053 0,0141 0,0143 0,0143 0,0146 0,0150

3 0,0032 0,0061 0,0141 0,0142 0,0141 0,0143 0,0148

Média 0,0031 0,0059 0,0146 0,0148 0,0147 0,0150 0,0154

5.1.1. Taxa de Corrosão em biodiesel

A partir dos resultados da perda de massa, foram calculadas as taxas de

corrosão para os aços carbono, API X70 e galvanizado em biodiesel contendo

diferentes concentrações de ácido oleico. A Figura 19 apresenta a taxa de corrosão

em função do tempo de imersão para a amostra de aço API X70. Observa-se

claramente que a corrosão é mais acentuada nas primeiras horas de imersão. A

adição de ácido oleico ao biodiesel aumentou a corrosividade do biocombustível. Os

percentuais de 1 e 3% apresentaram as maiores taxas de corrosão para todos os

tempos de imersão. A taxa de corrosão tende a diminuir com o tempo de imersão.

Um comportamento semelhante é observado para o aço galvanizado, apresentado

na Figura 21. Verifica-se um aumento da corrosão nas primeiras horas de imersão, e

uma diminuição do processo corrosivo com aumento do tempo de imersão. No

entanto, embora apresente a mesma tendência observada para o aço API X70, a

taxa de corrosão é bem mais acentuada para o aço galvanizado. Essa diferença

provavelmente está associada à presença da camada de zinco presente na amostra

de aço galvanizado.

O comportamento do aço carbono difere das demais amostras, como é

possível verificar na Figura 20. Para esse material a taxa de corrosão tende a

aumentar com o tempo de imersão. Um comportamento semelhante foi verificado

por FAZAL e colaboradores (2010), que verificou diferentes tendências na taxa de

corrosão em função do tempo de imersão em nas diferentes amostras metálicas

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68

estudadas. Os autores encontraram que a corrosão do cobre em biodiesel de palma

aumentou com o tempo de imersão, enquanto que a corrosão do alumínio diminuiu

com o tempo, ao ser imerso na mesma amostra. Por sua vez o aço galvanizado não

apresentou taxas de corrosão significativas em presença do biodiesel de palma.

Figura 19: Taxa de corrosão para o aço API X70

0,0000

0,0010

0,0020

0,0030

0,0040

0,0050

0,0060

0,0070

0,0080

0,0090

0,0100

0,0110

0,0120

0,0130

0,0140

24h 48h 168h 336h 504h 672h 1344h

Taxa

de

Co

rro

são

méd

ia (

mm

/an

o)

Taxa de Corrosão - Aço Microligado (API X70)

BP B+1% Ac. O B+3% Ac. O B+10% Ac. O

0,0000

0,0100

0,0200

0,0300

0,0400

0,0500

0,0600

24h 48h 168h 336h 504h 672h 1344h

Taxa

de

Co

rro

são

(m

m/a

no

)

Taxa de Corrosão - Aço Carbono

BP BS+1% Ac. O

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69

Figura 20: Taxa de corrosão para o aço Carbono

Figura 21: Taxa de corrosão para o aço galvanizado

Das três amostras investigadas o aço API X70 foi a que apresentou as

menores taxas de corrosão. Tal comportamento pode ser melhor observado nas

figuras 22 e 23. É possível verificar que essa tendência se repete para as amostras

de biodiesel com e sem a presença de ácido oleico. A corrosão das amostras

imersas em biodiesel puro nas primeiras horas de imersão não apresenta diferença

significativa entre os aços carbono e API X70, enquanto o aço galvanizado

apresenta mais corrosão em relação aos demais. Com o aumento do tempo de

imersão a diferença se torna mais significativa, e é possível observar que o aço API

X70 apresenta taxa de corrosão menor que as outras amostras. Com a adição de

ácido oleico as taxas de corrosão aumentam de um modo geral, no entanto esse

aumento é muito mais significativo para o aço galvanizado. Apenas para o tempo

mais longo de imersão (1344 horas) é que se verifica que a amostra de aço carbono

corroeu mais que a amostra de aço galvanizado. A diferença nesse comportamento

pode estar relacionado a composição química das amostras metálicas. O aço API

X70 possui a presença de elementos de liga mais nobres em sua composição em

relação às outras amostras, dessa forma esse material apresenta uma maior

resistência à corrosão que as demais amostras. Um comportamento semelhante foi

0,0000

0,0500

0,1000

0,1500

0,2000

0,2500

0,3000

24 48 168 336 504 672 1344

Taxa d

e C

orr

osão

(m

m/a

no

)

Taxa de Corrosão - Aço Galvanizado

BS P BS+ 1% Ac. O

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70

observado em outros trabalhos encontrados na literatura FAZAL et al (2010), HU et

al (2012), Cursaro et al (2014).

Figura 22: Taxa de corrosão dos aços carbono, galvanizado e API X70 no biodiesel de soja puro

Figura 23: Taxa de corrosão dos aços carbono, galvanizado e API X70 no biodiesel de soja + 1% de ácido oleico

0,0000

0,0050

0,0100

0,0150

0,0200

0,0250

0,0300

0,0350

0,0400

0,0450

0,0500

24h 48h 168h 336h 504h 672h 1344h

Taxa

de

Co

rro

são

(m

m/a

no

)

Taxa de Corrosão - Biodisel de Soja Puro

Aço API X70 Aço Carbono Aço Galvanizado

0,00000,02000,04000,06000,08000,10000,12000,14000,16000,18000,20000,22000,24000,2600

24h 48h 168h 336h 504h 672h 1344h

Taxa d

e C

orr

osão

(m

m/a

no

)

Taxa de Corrosão - Biodisel de Soja + 1% Ácido Oleico

Aço API X70 Aço Carbono Aço Galvanizado

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71

Figura 24: Alterações da cor do biodiesel: Aço API X70 A, B, C e D biodisel puro, com 1%, 3% e 10% de ácido oleico respectivamente. Aço Carbono E e F biodiesel puro e 1% ácido oleico. Aço Galvanizado G e H biodiesel puro e com1% ácido oleico

A presença de íons metálicos em solução, pode provocar alteração na coloração do

biodiesel. A Figura 24 apresenta as imagens do biodiesel puro e com adição de

ácido oleico após 1344 horas de imersão. Observando os resultados verifica-se

claramente que o biodiesel (1% ácido oleico) em contato com aço galvanizado

apresentou as maiores mudanças de coloração. Esse comportamento era esperado

uma vez que esse material apresentou as maiores taxas de corrosão. Nesse caso

pode-se sugerir que as maiores taxas de corrosão promoveram uma maior migração

de íons para o biodiesel, provocando assim as mudanças de coloração mais

significativas. As amostras de biodiesel relacionadas aos aços API X70 e aço

carbono não se observam grandes diferenças de coloração.

5.2. Caracterização das amostras de Biodiesel

A seguir se mostram as variações dos indicadores físico-químicos

monitorados durante os ensaios de perda de massa. Estes foram: acidez, a

estabilidade à oxidação, condutividade elétrica e TGA das amostras de biodiesel.

A B C D

E F G H

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72

5.2.1. Índice de acidez

Com o objetivo de avaliar a ação corrosiva do biodiesel sob o aço API X70

foram realizados simultaneamente medições de acidez para amostras branco (sem

contato com o aço) submetidas à condições similares as utilizada nos testes de

perda de massa. Os resultados mostram-se na Tabela 20 e a tendência linear na

Figura 25.

Tabela 20: Variação da acidez durante o ensaio de perda de massa em aço API X70 e das amostras branco.

Amostra

Tempo (horas)

0 168 336 504 672 1344

Aço API +

Biodiesel

BD 0,503 0,501 0,864 1,068 0,948 0,582

BD + 1% Ac. 0,906 2,316 8,918 2,848 2,032 1,506

BD + 3% Ac. 1,511 3,868 8,602 5,543 4,840 3,328

BD + 10% Ac. 5,338 9,614 11,315 10,140 10,668 9,703

Biodiesel

BD 0,503 0,501 0,500 0,500 0,500 0,519

BD + 1% Ac. 0,906 0,980 1,020 1,510 1,580 1,755

BD + 3% Ac. 1,511 1,971 2,091 3,156 3,538 4,674

BD + 10% Ac. 5,338 5,480 5,720 5,920 6,020 7,346

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73

Figura 25: Indice de acidez das amostras de biodiesel com o tempo. ( ) Amostra em contacto com Aço API X70 e ( ) Amostra branco

Os resultados do ensaio de acidez das amostras de biodiesel em contato com

o aço API X70 , durante 1344 horas, mostraram uma tendência diretamente

proporcional entre a quantidade de ácido adicionada e o índice de acidez. A amostra

de biodiesel puro não teve aumento significativo quando comparada à amostra

branco, e ao longo do teste a acidez não superou o valor de 1 mg KOH/g.

Analisando a Figura 25 não é possível obter uma correlação matemática do

Índice de acidez em função do tempo de contato e da porcentagem de ácido oleico

adicionada, devido a irregularidades das respostas encontradas. Em compensação

existe uma tendência nas curvas, indicando um aumento da acidez até atingir um

valor máximo, seguida de uma redução. O valor máximo foi observado nas

medições realizadas às 336 h e a redução posterior foi acelerada nas amostras com

1 e 3% de ácido oleico e gradual na amostra com 10% de ácido oleico. Em todas as

amostras foi contatado que após 504 h a tendência na redução da acidez foi

gradual.

0

2

4

6

8

10

12

14

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

Biodiesel Soja Puro Biodiesel Soja + 1% ácido Oleico

Biodiesel Soja + 3% ácido Oleico Biodiesel Soja + 10% ácido Oleico

Tempo (horas)

Aci

dez

, mgK

OH

/g

Amostra Branco

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74

Comparativamente os ensaios de perda de massa realizados com aço

galvanizado e carbono em amostras de biodiesel puro e com adição de 1% de ácido

oleico foram significativamente diferentes. Os contatos com estes materiais

provocaram aumentos drásticos da acidez chegando a atingir valores de 15

mgKOH/g no ensaio do aço ao carbono/Biodiesel de soja + 1% de ácido oleico

(Figura 26b).

Figura 26: Comparativo do comportamento da acidez das amostras de biodiesel em contacto com os diferentes aço a) biodiesel de soja puro b) biodiesel de soja+1% de Ac. Oleico.

Na Figura 26a também é possível observar que até 504 h ocorre pouca

variação da acidez do biodiesel puro em contato com os aços; não sendo assim com

a amostra de biodiesel + 1% de ácido oleico, na qual foram verificadas mudanças

ainda às 504 h de contato.

Logicamente, com o aumento do tempo de contato ocorre o aumento da

acidez, até atingir às 672 h, a partir desta medição se pode considerar as variações

de acidez como não são significativas, semelhante resultado ao ocorrido com o aço

API X70.

No final dos testes (1344 h) observam-se incrementos da acidez da ordem de

7 e 14 vezes para biodiesel sem e com adição de 1% de ácido oleico

respectivamente. Estes resultados eram esperados, principalmente para o aço

carbono, o qual é conhecido sofre corrosão generalizada, formando produtos de

corrosão em toda a extensão do metal rapidamente, enquanto que outros aços,

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

0 504 672 1344

Biodiesel puro - Aco APIX70

Biodiesel puro - AcoGalvanizado

Biodiesel puro - AcoCarbono

Ind

ice

de

acid

ez, m

gK

OH

/g

Tempo de contato (hora)

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

0 504 672 1344

Biodiesel + 1% Ac. Oleico- Aco API X70

Biodiesel + 1% Ac. Oleico- Aco Galvanizado

Biodiesel + 1% Ac. Oleico- Aco Carbono

Ind

ice

de

acid

ez, m

gK

OH

/g

Tempo de contato (hora)

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75

como os inox sofrem corrosão localizada. Segundo GENTIL 2003, os produtos da

corrosão do aço carbono têm maior capacidade de contaminar o biodiesel,

diminuindo a compatibilidade metal/combustível.

5.2.2. Estabilidade à Oxidação

Considerando as elevadas taxas de corrosão do aço ao carbono observadas

ao longo dos testes, assim como o aumento drástico do índice de acidez das

amostras de biodiesel, principalmente aquela com 1% de ácido oleico, foi decido não

avaliar a estabilidade à oxidação das mesmas.

Sendo assim, a tabela a seguir mostra os períodos de indução obtidos

durante os testes de estabilidade à oxidação das amostras em contato com os aços

API X70 e Galvanizado.

Tabela 21: Período de Indução das amostras de biodiesel em contato com Aço API X70 e Aço galvanizado durante o teste

Dias (horas)

Aço API X70 Aço Galvanizado

Biodiesel de soja

Biodiesel de soja + 1% Ac.

oleico

Biodiesel de soja + 3% Ac. oleico

Biodiesel de soja

Biodiesel de soja + 1% Ac. oleico

Inicio 7,38 6,8 6,35 7,38 6,8

14 (336) 2,38 0,53 0,43 0,56 0,33

28 (672) 2,33 0,54 0,68 - -

56 (1344) 1,85 0,78 1,63 0,76 0,37

O biodiesel de soja, devido ao elevado teor de insaturações (superior a 80%),

é suscetível à oxidação; geralmente este tipo de combustível se revela com pouca

estabilidade e baixo período de indução. Inicialmente, as amostras de biodiesel de

soja com e sem adição de ácido oleico cumprem o exigido pela norma ANP de 6 h

(Tabela 21). Observa-se na Figura 27 que o período de indução diminui

significativamente após 336 h (14 dias) de contato entre as amostras de biodiesel e

os aços avaliados. Este resultado se corrobora com os valores de acidez, os quais

atingem um máximo nesse ponto (Figura 28). Nos testes com ambos aços se

observa que ao adicionar ácido oleico diminui o período de indução, o que pode se

dever à aumento da formação de radicais livres susceptíveis ao ataque do oxigênio

resultando em um processo autocatalítico. Nos testes com aço API X70 não foi

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76

observado correlação entre a quantidade ácido oleico adicionada e a estabilidade à

oxidação.

Figura 27: Estabilidade à oxidação das amostras de biodiesel em contato com aço API X70

Figura 28: Estabilidade à oxidação das amostras de biodiesel em contato com aço Galvanizado

Os resultados de ambos gráficos demostram que, independentemente do

material utilizado, o biodiesel de soja é um biocombustível propenso à oxidação

sendo necessário o uso de antioxidantes que aumentem o período de indução e

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

9,00

10,00

0 336 672 1344

Biodiesel de soja

Biodiesel de soja + 1% acido oleico

Biodiesel de soja + 3% acido oleico

Pe

rio

do

de

Ind

uçã

o (

PI)

, ho

ras

Límite mínimoRes. ANP Nº 45 de 25/08/2014

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

0 336 1344

Biodiesel de sojaBiodiesel de soja + 1% acido oleico

Pe

rio

do

de

Ind

uçã

o (

PI)

, ho

ras

Tempo de contacto Aço galvanizado/Biodiesel (hora)

Límite mínimoRes. ANP Nº 45 de 25/08/2014

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77

permitam cumprir com as exigências estabelecidas pela ANP. Os antioxidantes

podem atuar de duas maneiras: quebrando as cadeias de hidrocarbonetos,

impedindo a formação de radicais livres ou decompondo hidroperóxidos,

convertendo-os a álcoois. Nos dois casos os antioxidantes são consumidos para

impedir os processos de auto-oxidação (PULLEN et al, 2012).

5.2.3. Condutividade Elétrica

As medições de condutividade elétrica foram realizadas para as amostras em

contato com Aço API X70 e galvanizado, a Tabela 22 mostra os resultados obtidos

em alíquotas retiradas às 0, 168, 336, 672 e 1344 h.

Tabela 22: Condutividade Elétrica das amostras de biodiesel durante o teste de perda de massa em aço API e galvanizado.

Dias (horas)

Aço API X70 Aço Galvanizado

Biodiesel de soja

Biodiesel de soja + 1% Ac. oleico

Biodiesel de soja + 10% Ac.

oleico

Biodiesel de soja

Biodiesel de soja + 1% Ac.

oleico

Inicio 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000

7 (168) 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 1,2000

14 (336) 0,0000 0,2000 1,8360 0,0000 1,1000

28 (672) 0,3000 0,3000 3,3000 0,6000 1,2000

56 (1344) 1,5000 1,3500 6,7000 1,7000 2,5000

Esta medição da condutividade elétrica, chamada medida de condutividade

direta, não fornece dados significativos dos processos corrosivos, uma vez que pode

haver sobreposição dos processos de corrosão com as reações de degradação do

combustível. Por isso os resultados no Rancimat são mais completos.

No entanto os resultados complementam os obtidos durante o estudo de

estabilidade à oxidação (Rancimat) e indicam a tendência do comportamento

corrosivo do biodiesel a medida que a acidez aumenta, ou muda o material em

contato.

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78

Todos os valores de condutividade mostrados na Tabela 22 são considerados

baixos (amostras com menos de 200 µS/cm). No entanto os resultados induzem a

ponderar que existe uma relação direta entre o teor de ácido oleico adicionado e a

liberação de íons por parte dos aços, sendo estes valores menores ao contato com o

aço API X70. Especificamente quando o biodiesel possui menos de 1% de ácido

oleico o material se comporta com boa resistência à corrosão.

Supondo uma relação polinomial de 20 entre a condutividade do biodiesel e o teor de

ácido oleico adicionado (Figura 29), podemos estimar que a resistência à corrosão

nos aços API X70 e galvanizado começa a ser afetada a partir da adição de ácido

oleico em concentrações de 53 % e 45 % respectivamente.

Figura 29: Estimativa do comportamento da condutividade (µS cm-1) com o aumento do teor de ácido oleico do biodiesel após 1344 horas de contato com os aços avaliados.

De forma geral, analisando as características das amostras de biodiesel com

e sem ácido oleico podemos dizer que o teor de ácido nos combustíveis é um fator

altamente significativo na avaliação da corrosão, e que para utilizar o aço API X70

y = 0,0744x2 - 0,2244x + 1,5 R² = 1

y = 0,0978x2 + 0,0022x + 2,4 R² = 1

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

220

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80

Co

nd

uti

vid

ade,

µS

cm-1

Teor de ácido oleico adicionado, % m/m

Aço API X70 Aço Galvanizado

Polinômio (Aço API X70) Polinômio (Aço Galvanizado)

45 53

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79

como material na manipulação de materiais primas e produtos na indústria do

biodiesel deve ser considerada a acidez das mesmas. Valores superiores a 1%

podem ser prejudiciais para as especificações que estabelece a ANP.

6. CONCLUSÕES

Os ensaios de imersão, realizados segundo a norma ASTM G1 permitiram

verificar a corrosividade do biodiesel de soja sobre as diferentes amostras metálicas,

assim como permitiu avaliar a influência da adição de diferentes concentrações de

ácido oleico sobre corrosão dessas amostras. Partindo dos resultados das taxas de

corrosão pode-se afirmar que:

A adição do ácido oleico no biodiesel de soja, provoca um claro aumento da

acidez total das amostras, o que acarreta em um aumento da taxa de

corrosão nas três diferentes ligas metálicas investigadas. Esse aumento é

mais significativo para os percentuais de 1 e 3% de ácido oleico.

O aço microligado e o aço galvanizado apresentam tendências similares com

o tempo de imersão. Foi possível verificar uma diminuição da taxa de

corrosão com o aumento do tempo de imersão em ambas as amostras. O

oposto pode ser observado com o aço carbono que apresentou um aumento

da taxa de corrosão em maiores tempos de imersão. Esse comportamento

poderia estar associado à composição das ligas metálicas e à formação de

diferentes compostos sobre a superfície dos materiais metálicos ao longo do

tempo de exposição.

O aço microligado apresentou de um modo geral uma maior resistência à

corrosão em comparação aos aços carbono e galvanizado. Esse

comportamento ocorre com e sem a presença do ácido oleico. Essa maior

resistência pode estar relacionada à presença de elementos de liga mais

nobre na composição química do aço microligado tais como molibdênio e

nióbio.

Durante o contato com o aço API X70 a qualidade do biodiesel de soja foi afetada

em função do teor de ácido oleico adicionado; chegando até “indeferir” o uso do

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biodiesel como combustível conforme a Resolução ANP Nº 45, 2014. Com as

análises monitoradas nas amostras de biodiesel podemos concluir:

Para ensaio de Acidez (0,5 mgKOH/g máximo):

Os dos testes de acidez obtidos demonstram que o aço API X70 quando em

contato com o biodiesel de soja puro não tem influência na acidez mostrando-

se similares aos resultados obtidos com a amostra branca, sem contato com o

aço. As amostras de biodiesel com adição de ácido oleico sofreram

alterações tipo polinomial no índice de acidez, com valores superiores ao

permitido. Especificamente nas amostras com 1 e 3% após atingir um máximo

(em 336 h) ocorreu uma redução acentuada e imprevista, a qual não foi

possível explicar. Este efeito deve ser avaliado considerando tanto as

supostas reações que ocorrem na superfície do material e no interior do

fluido.

Comparativamente, o contato das amostras de biodiesel com os aços

carbono e galvanizado provocaram um forte aumento no índice da acidez,

inclusive na amostra de biodiesel sem adição de ácido oleico.

Para ensaio da Estabilidade à oxidação (6 h mínimo)

Existe uma tendência, e não uma correlação matemática, entre a quantidade

ácido oleico adicionada e a estabilidade à oxidação. Este ensaio se revelou

como um excelente indicador, uma vez que logo na segunda semana as

amostras de combustíveis estavam totalmente oxidadas, sendo este

comportamento menos acentuado na amostra sem adição de ácido oleico. Os

resultados demonstram necessidade de adição de antioxidantes para atender

as normas de qualidade e utilização do biodiesel.

Para ensaio da Condutividade Elétrica (não especificado)

Os resultados de condutividade elétrica corroboram com os testes anteriores,

demonstram ser também influenciados pelo % de ácido oleico do biodiesel,

mas de maneira geral apresentaram valores baixos e não significativos,

principalmente as amostras do aço API X70. Neste sentido não é

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81

recomendável seu uso em futuras avaliações, unicamente se o objetivo fosse

estudar amostras de biodiesel com elevadas concentrações de ácidos graxos.

Em decorrência destas conclusões, podemos julgar que o uso do aço API X70

somente é possível na indústria do biodiesel quando são processadas matérias

primas de acidez inferiores a 1%. A utilização de aditivos no biodiesel para ampliar o

uso de este aço em amostras ácidas deve ser avaliada cuidadosamente tendo em

conta fatores técnicos e econômicos.

7. TRABALHOS FUTUROS

Executar os testes de imersão variando o tipo da matriz do biodiesel.

Comparar os resultados obtidos neste trabalho com os resultados obtidos

para outros aços

Avaliar os testes de imersão com variação da temperatura do biodiesel.

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