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V Domingo | Tempo Comum Ano A - 2016 Homilias Meditadas Lectio Divina para a Família Salesiana P. J. Rocha Monteiro, sdb [email protected] www.adma.salesianos.pt 1. INTRODUçãO Este 5º domingo do tempo comum é translúcido, cristalino, claro. Não deixa o cristão ficar à deriva sem saber o sentido do seu caminho. Para que se sinta comprometido com a transfor- mação do mundo, deve escolher as etapas a alcançar que lhe darão o ver- dadeiro caminho da felicidade. Nas lei- turas de hoje encontramos símbolos muito fortes e muito claros que não nos deixam desviar desse caminho. O primeiro símbolo a ser levantado bem alto é a luz definida a iluminar o mun- do, (e que nós encontramos tantas ve- zes noutros textos) não por caminhos estéreis e vazios, mas por aqueles que se comprometem seriamente no pro- jeto da paz, da partilha, da comunhão, da justiça, do amor. A segunda leitura acrescenta algo importante e mais específico do cristão: a salvação não vem através de esquemas humanos apregoados nas escolas de sabedoria dos Coríntios de que tanto fala Paulo. Chega ao cristão no momento em que se identifica com Cristo e interio- riza a loucura da cruz que é dom da vida. É na debilidade do homem, na sua fragilidade, que podemos esperar uma revelação de salvação. No Evan- gelho há um convite permanente aos discípulos para não se deixarem instalar na mediocridade. Eles não po- dem criar barreiras à luz de Cristo. 2. IS 58, 7-10 2.1 Aqui estou Eis o que diz o Senhor: «Reparte o teu pão com o faminto, dá pousada aos pobres sem abrigo, leva roupa ao que não tem que vestir e não vol- tes as costas ao teu semelhante.

V Domingo | Tempo Comum · mos prontos para viver em fraternida-de com o próximo. 5. mt 5,13-16 5.1 Vós sois o sal da terra Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Vós

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V Domingo | Tempo ComumAno A - 2016

Homilias Meditadas

Lectio Divina para a Família Salesiana

P. J. Rocha Monteiro, sdb

[email protected] www.adma.salesianos.pt

1. Introdução

Este 5º domingo do tempo comum é translúcido, cristalino, claro. Não deixa o cristão ficar à deriva sem saber o sentido do seu caminho. Para que se sinta comprometido com a transfor-mação do mundo, deve escolher as etapas a alcançar que lhe darão o ver-dadeiro caminho da felicidade. Nas lei-turas de hoje encontramos símbolos muito fortes e muito claros que não nos deixam desviar desse caminho. O primeiro símbolo a ser levantado bem alto é a luz definida a iluminar o mun-do, (e que nós encontramos tantas ve-zes noutros textos) não por caminhos estéreis e vazios, mas por aqueles que

se comprometem seriamente no pro-jeto da paz, da partilha, da comunhão, da justiça, do amor. A segunda leitura acrescenta algo importante e mais específico do cristão: a salvação não vem através de esquemas humanos apregoados nas escolas de sabedoria dos Coríntios de que tanto fala Paulo. Chega ao cristão no momento em que se identifica com Cristo e interio-riza a loucura da cruz que é dom da vida. É na debilidade do homem, na sua fragilidade, que podemos esperar uma revelação de salvação. No Evan-gelho há um convite permanente aos discípulos para não se deixarem instalar na mediocridade. Eles não po-dem criar barreiras à luz de Cristo.

2. Is 58, 7-10

2.1 Aqui estouEis o que diz o Senhor: «Reparte o teu pão com o faminto, dá pousada aos pobres sem abrigo, leva roupa ao que não tem que vestir e não vol-tes as costas ao teu semelhante.

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Então a tua luz despontará como a aurora e as tuas feridas não tar-darão a sarar. Preceder-te-á a tua justiça e seguir-te-á a glória do Se-nhor. Então, se chamares, o Senhor responderá, se O invocares, dir-te-á: “Aqui estou”. Se tirares do meio de ti a opressão, os gestos de ameaça e as palavras ofensivas, se deres do teu pão ao faminto e matares a fome ao indigente, a tua luz brilha-rá na escuridão e a tua noite será como o meio-dia».

2.2 Vida nova do Espírito Eis-nos diante de uma lista que nos faz caminhar na vida nova do Espírito. É tempo de deixar o culto exterior e acreditar que o que conta é o coração, o íntimo de cada um. O culto exterior apresenta-se pomposo e irresponsá-vel: «este povo honra-Me com os lá-bios, mas o seu coração está longe de Mim». É que não bastam exteriorida-des. O que verdadeiramente conta é o coração, o íntimo de cada um.

3. salmo 111 (112)Bela definição do homem fiel. É eter-na a herança do homem misericor-dioso, compassivo e justo. O homem que teme a Deus é piedoso, amável, e misericordioso para com os irmãos que se encontram em necessidade, firmemente ancorado na confiança em Deus, mesmo quando se avista no horizonte alguma adversidade. Ele é mesmo «como uma luz nas trevas». (Giuseppe Casarin)

4. 1 Cor 2, 1-54.1 Poder de DeusQuando fui ter convosco, irmãos, não me apresentei com sublimida-de de linguagem ou de sabedoria a anunciar-vos o mistério de Deus. Pensei que, entre vós, não devia sa-ber nada senão Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado. Apresentei-me diante dele cheio de fraqueza e de temor e a tremer deveras. A minha palavra e a minha pregação não se basearam na linguagem convin-cente da sabedoria humana, mas na poderosa manifestação do Espí-rito Santo, para que a vossa fé não se fundasse na sabedoria humana, mas no poder de Deus.

4.2 A cultura do saber de DeusÉ a Palavra de Deus que dá sabor a to-dos os saberes. Só os homens simples têm a capacidade cultural para des-cobrir o sentido saboroso das coisas. Não há comunhão com Deus, nem há auxílio da Sua parte, se não estiver-mos prontos para viver em fraternida-de com o próximo.

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5. mt 5,13-16

5.1 Vós sois o sal da terraNaquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Vós sois o sal da terra. Mas se ele perder a força, com que há-de salgar-se? Não serve para nada, senão para ser lançado fora e pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um mon-te; nem se acende uma lâmpada para a colocar debaixo do alquei-re, mas sobre o candelabro, onde brilha para todos os que estão em casa. Assim deve brilhar a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus».

5.2 «Deus é luz»Jesus Cristo é luz que vem da luz, como dizemos no “Credo”. É por meio dos discípulos de Cristo que os homens acreditarão em Cristo, e, por Ele, irão ao Pai. «Vós sois o sal da terra. Vós sois a luz do mundo.» Uma das mais belas definições de Deus é: «Deus é luz», como lemos em São João (1 Jo 1,5). Hoje, porém, o Evan-gelho surpreende-nos e repete-nos: também o homem é luz; também tu, também vós sois luz. «Vós sois o sal da terra. Vós sois a luz do mundo.» Uma das mais belas definições de Deus é: «Deus é luz», como lemos em São João (1 Jo 1,5). Hoje, porém, o Evan-gelho surpreende-nos e repete-nos: também o homem é luz; também tu, também vós sois luz. Qual de nós ou-saria dizer: eu dou luz, eu dou sabor à

vida de quem está perto de mim? Pois bem, é inacreditável a confiança de Je-sus nos homens, é inacreditável a esti-ma, a esperança que Ele tem por nós!

6. medItação

Chegamos a San Martinho in Vigna-le, a casa de Arturo Paoli, irmãozinho de Charles de Foucault, que chegou ao limiar dos noventa e nove anos. Querido irmão e pai, ajuda-nos a en-tender o que pode significar ser “sal e luz” do mundo. “O grande projeto de Jesus, se lermos o Evangelho, é fazer passar o homem à situação de, ao ver um raio de luz, conseguir intuir que ainda pode amar”. (A esperança que nasce da Palavra). Hoje é um domin-go especial para a partilha. Trata-se de partilhar o pão, partilhar a luz, partilhar os bens para implorar as bênçãos de Deus. É necessário ser sal e ser luz, isto é, irradiar o bem, repartir a mensagem do Evangelho, a luz nova que vem a este mundo, e dar testemunho dessa mesma luz, sendo sal que purifica e dá um sabor novo a todas as coisas.

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7. oração

Senhor, a palavra de Deus é-nos dirigida, muitas vezes, por meio de imagens, de comparações. A comparação é a maneira fácil de ser compreendida e, por meio dela, a verdade chegará melhor à inteligência e ao coração. Hoje, a palavra de Deus fala-nos muito de “luz”. A nossa vida, sem a luz da palavra de Deus, fica nas trevas; mas, se se deixa iluminar e guiar por aquela palavra, está sempre na luz, como na frescura clara das manhãs.

8. Contemplação

Como o cristalAssim como o cristal

Investido pelos raios do solReflete cintilações luminosas,

Assim o verdadeiro cristão,Iluminado pelos raios da graça divina,

Deve refletir desta a ardente cintilação,

Iluminando por sua vez, o próximoCom retos conselhos

E com o exemplo das suas boas obras.

Sto. António de Lisboa

Sermões