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V JORNADA DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO DE TARTARUGAS MARINHAS DO ATLÂNTICO SUL OCIDENTAL (ASO) 27 e 28 de novembro de 2011 Florianópolis, Santa Catarina, Brasil

V JORNADA DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO DE ...seaturtle.org/PDF/TAMAR_2011_ResumosVJornadasASO.pdfProjeto TAMAR/ICMBio Fundação Pró-TAMAR AGRADECIMENTOS Gostaríamos de agradecer

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  • V JORNADA DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO DE TARTARUGAS MARINHAS DO ATLÂNTICO SUL

    OCIDENTAL (ASO)

    27 e 28 de novembro de 2011Florianópolis, Santa Catarina, Brasil

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    V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil

    ESTIMADOS AMIGOS DAS TARTARUGAS MARINHAS

    Desenvolver plenamente seus interesses e talentos e, ao mesmo tempo, conservar os recursos naturais é o grande desafio para a humanidade.

    Preservação, respeito à natureza e equilíbrio ecológico são idéias universais presentes nos meios de comunicação, congressos, seminários, simpósios, leis e acordos internacionais, reunindo vários países em defesa do MEIO.

    A partir do agravamento da crise ambiental, crescente em nosso planeta, é cada vez maior a necessidade de participação da sociedade e do poder público, no enfrentamento dos problemas, ampliando-se a visão e o conceito de “Meio Ambiente”, que é concebido como o sistema, no qual interagem natureza e sociedade. Portanto, um espaço socialmente construído nas relações cotidianas com a natureza, permeadas por ações econômicas, sociais e políticas. Assim, a visão fragmentada (água, ar, solo, plantas e animais) e antropocêntrica (natureza criada para o homem) do meio ambiente, deve ser superada por uma visão holística e sistêmica, na qual as pessoas têm o privilégio de ser algumas das partes do todo.

    Surge assim um novo conceito, com a finalidade de contribuir na formação de um sujeito capaz de refletir e atuar na busca de soluções ambientais a partir da sua realidade.

    Com o propósito de divulgar à sociedade a importância da preservação das tartarugas marinhas, engajar estudantes, pesquisadores e governantes a promoverem pesquisas e leis que garantam a conservação destes animais, é que o Projeto Tamar organizou a V Jornada de Pesquisa e Conservação de Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental – ASO.

    Em nome de todos os membros do Projeto Tamar, acolhemos os participantes desta Jornada, agradecendo a presença e o interesse de cada um de vocês em compartilhar experiências e renovar estratégias que contribuam efetivamente para a conservação dastartarugas marinhas no atlântico sul ocidental.

    Sejam bem vindos.

    Comissão Organizadora

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    V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil

    HISTÓRICO DA REDE ASO

    O Atlântico Sul Ocidental (ASO) é a região compreendida por Brasil, Uruguai e Argentina e esta região é utilizada por cinco das sete espécies de tartarugas marinhas existentes no mundo. Caretta caretta, Chelonia mydas, Dermochelys coriacea, Eretmochelys imbricata e Lepidochelys olivacea utilizam o Atlântico Sul Ocidental como área de alimentação, desenvolvimento e corredor migratório, entretanto, estas espécies encontram-se ameaçadas de extinção.

    Como principais impactos destacam-se o abate das fêmeas e coleta dos ovos, a urbanização das praias de desova, a poluição e a interação com atividades pesqueiras, sendo esta última a principal causa do declínio das populações de tartarugas marinhas no mundo. Todas as espécies de tartarugas são protegidas por lei nos três países, no entanto as ações atuais de investigação, conservação e proteção são insuficientes para assegurar a sobrevivência das espécies nesta região em longo prazo.

    Pelo fato dos três países que compõem o ASO apresentarem algumas características comuns com relação aos usos do habitat pelas tartarugas marinhas e os impactos que estes animais sofrem, o Projeto Tartarugas Marinhas do Uruguai – Karumbé propôs aos pesquisadores destes três países a formação de uma rede, com os seguintes objetivos:

    • Divulgar informação científica sobre a biologia, conservação e reabilitação das tartarugas marinhas, assim como padronizar metodologias de trabalho e protocolos científicos entre os diversos projetos que trabalham na área, para melhorar as práticas de manejo e pesquisa e a capacidade comparativa entre os estudos;

    • Proporcionar um ambiente integrador para consolidar as ações que têm sido realizadas por projetos e organizações no trabalho com tartarugas marinhas no ASO, organizar ações conjuntas que ampliem os esforços e os resultados em prol da conservação das tartarugas e fortalecer a integração e a colaboração entre pesquisadores e instituições de cada região;

    • Formular ações de caráter regional que sejam necessárias para a conservação das tartarugas marinhas, e um mecanismo de coordenação para sua implementação, de maneira que complementem as ações já desenvolvidas individualmente pelos atores na região.

    • Desenvolver e propor estratégias para o setor pesqueiro, o qual está relacionado aos três países, com o objetivo de diminuir a captura incidental de tartarugas marinhas sem desvantagens a pesca, ou mesmo com o aumento da produtividade e rentabilidade da atividade pesqueira

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    V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil

    REUNIõES ANTERIORES

    Como marco inicial da rede ASO, em outubro de 2003 foi realizada a I Reunião de Investigação e Conservação de Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental (ASO). Esta reunião foi realizada em Montevidéu – Uruguai sob a coordenação do Projeto Karumbé e teve como resultados a apresentação das atividades de grupos que trabalham com pesquisa e conservação na região e a sistematização da coleta de dados e metodologia de trabalho.

    Em outubro de 2004 foi realizada em San Clemente do Tuyú – Argentina a II Reunião de Investigação e Conservação de Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental (ASO), com a coordenação do Programa Regional de Investigação e Conservação de Tartarugas Marinhas da Argentina – PRICTMA. Nesta reunião estiveram presentes representantes de ONGs, instituições governamentais da área de meio ambiente e universidades. O principal resultado desta reunião foi a elaboração de recomendações aos governos dos três países para que integrassem e implementassem os acordos internacionais de proteção das tartarugas marinhas.

    A III Reunião da Rede ASO foi realizada na Praia do Cassino em Rio Grande/RS, Brasil, entre os dias 12 e 15 de novembro em Rio Grande - RS , sendo que para esta reunião o período foi dividido em Reunião ASO (12 e 13 de novembro) e a realização da II Jornada de Conservação e Pesquisa de Tartarugas Marinhas no Atlântico Sul Ocidental (14 e 15 de novembro).

    O evento foi realizado pelo Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental – NEMA com o apoio do Projeto Tamar. Os temas abordados em seminários específicos foram: Educação Ambiental, Pesca, Reabilitação e Pesquisa. Foram realizadas apresentações orais das atividades desenvolvidas e principais resultados obtidos no período pelas instituições integrantes da Rede ASO, uma mesa-redonda sobre a interação entre animais marinhos (tartarugas, albatrozes e petréis, mamíferos marinhos e tubarões) e a pescaria de espinhel pelágico e a divulgação de trabalhos científicos, a partir da apresentação de painéis que tratavam sobre captura incidental, encalhes, reabilitação de tartarugas marinhas e ações de educação ambiental.

    A IV Reunião da Rede ASO e a III Jornada de Pesquisa e Conservação de Tartarugas Marinhas do ASO obedeceram à diretriz de serem realizadas a cada dois anos e foram sediadas em Piriápolis, Uruguai, entre 26 e 30 de outubro de 2007, sob coordenação do Projeto Karumbé. A Jornada (26 e 27/10) teve como destaque o número, a qualidade e a diversidade dos trabalhos apresentados (6 teses, 8 apresentações orais e 36 pôsteres) relacionados diretamente com a conservação das tartarugas marinhas. A IV Reunião da Rede ASO permitiu a atualização conceitual e metodológica e o compartilhamento entre os membros da Rede. Foram discutidos e atualizados os seguintes temas: avaliação das reuniões anteriores da Rede ASO, evolução e produtos elaborados no período; apresentação dos resultados das ações desenvolvidas no período entre as reuniões; criação do estatuto da Rede.

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    V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil

    Um dos seminários abordou a questão das capturas incidentais (bycatch) de tartarugas marinhas (estimativas de captura e uso de SIG) e gerou uma importante ferramenta para suporte à pesquisa e conservação: o Sistema de Informação Geográfica para suporte aos estudos sobre Captura Incidental de Tartarugas Marinhas na Pesca Oceânica no ASO (SIG ASO Tortugas), contendo a sobreposição de dados oceanográficos, pesca e dados biológicos de ocorrência e captura dos animais ao longo do tempo, contribuindo assim para se estabelecer análises e correlações entre as variáveis ambientais e a ocorrência e captura de tartarugas marinhas no Atlântico Sul Ocidental. Esta ferramenta tem contribuído para aumentar a integração das diversas instituições que atuam na Rede ASO, pois proporciona o compartilhamento de informações entre elas, subsidiando as tomadas de decisão e otimizando os esforços de conservação das espécies. O sistema é um arquivo digital, disponibilizado através um CD para as instituições dos três países.

    A última edição da Rede foi realizada na Argentina, na cidade de Mar Del Plata entre 30 de setembro e 3 de outubro de 2009, incluindo tanto a V Reunião da Rede quanto a IV Jornada científica. A organização esteve à cargo do Programa Regional de Investigação e Conservação de Tartarugas Marinhas da Argentina – PRICTMA.

    O evento cumpriu seu papel de fortalecer e consolidar as estratégias para a conservação das tartarugas marinhas a nível regional e internacional. Nessa edição participaram mais de 300 especialistas de Brasil, Uruguai e Argentina.

    Cumprindo compromisso assumido em Mar Del Plata em 2009, o Projeto Tamar organizou a presente edição desta que é a VI Reunião de Pesquisa e Conservação de Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental e V Jornada de Pesquisa e Conservação de Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental, realizadas de 27 a 30 de novembro de 2011 na cidade de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.

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    V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil

    REDE ASOGilberto Sales - Presidente

    Eron Paes e Lima - Vice-PresidenteAna Cristina V. Bondioli - Representante do Brasil e Secretariado

    Andrés Estrades - Representante do UruguaiMaria Noel Caraccio - Representante do Uruguai

    Julian Andrejuk - Representante da ArgentinaDiego Albareda - Representante da Argentina

    Fernando Niemeyer Fiedler - SecretariadoGustavo David Stahelin - Secreteriado Adjunto

    COMISSÃO ORGANIZADORACamila Domit

    Camila Trentin CegoniEron Paes e Lima

    Fernando Niemeyer FiedlerGilberto Sales

    Gustavo David StahelinJuçara Wanderlinde

    COMITÊ CIENTÍFICOAndrés Domingo - DINARA/Uruguay

    Cecília Lezama – KARUMBÉ/UruguayJuliana de Azevedo Barros – NEMA/Brasil

    Laura Veja – UNMdP/ArgentinaLeandro Bugoni – FURG/Brasil (Coordenador)Paulo César Rosito Barata – FIOCRUZ/BrasilVictoria Gonzáles Carman – INIDEP/Argentina

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    V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil

    PATROCÍNIOConselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq

    Fundação Pró-TAMARInstituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio

    APOIOUniversidade Federal de Santa Catarina – UFSC

    REALIZAÇÃOProjeto TAMAR/ICMBioFundação Pró-TAMAR

    AGRADECIMENTOS

    Gostaríamos de agradecer aos representantes da Rede ASO - Ana Cristina Vigliar Bondioli (Brasil), Andrés Estrades e Maria Noel Caraccio (Uruguai), Diego Albareda e Julian Andrejuk (Argentina), pelo auxílio aos assuntos e contatos da Rede nos respectivos países, ao comitê

    científico pelo empenho na avaliação dos resumos, a Laura Prosdocimi pela tradução dos documentos, Ugo Eichler Vercilio e Fernanda Machado Paula Soares do ICMBio pelo apoio e grande agilidade, aos patrocinadores e apoiadores, a todos integrantes da Rede

    ASO e demais convidados que consideraram esse evento importante e acreditaram na sua realização.

    Muito obrigado!!!

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    V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil

    SUMÁRIO

    Título/Autores PáginaVARIAÇÃO LATITUDINAL NA DISTRIBUIÇÃO DO TAMANHO DE TARTARUGAS-VERDES (Chelonia mydas) AO LONGO DE PARTE DA COSTA LESTE DA AMÉRICA DO SUL. Barata et al. 18

    TEMPERATURA CORPORAL DE JUVENIS DE TARTARUGA-VERDE Chelonia mydas E SUA CORRELAÇÃO COM A TEMPERATURA SUPERFICIAL DO MAR NA ÁREA DE ALIMENTAÇÃO CERRO VERDE, URUGUAI. Martinez-Souza et al. 23

    TARTARUGAS MARINHAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL: DIVERSIDADE, DISTRIBUIÇÃO, SAZONALIDADE E AMEAÇAS. Reis et al. 27

    ONCE AñOS DE VARAMIENTOS DE TORTUGAS MARINAS EN URUGUAy: RESULTADOS PRELIMINARES. Vélez-Rubio et al. 30

    CAUSAS DE MORTALIDAD EN JUVENILES DE Chelonia mydas EN EL ÁREA COSTERO MARINA PROTEGIDA “CERRO VERDE E ISLAS DE LA CORONILLA”, URUGUAy. Alonso y Vélez-Rubio. 35

    ENCALHES DE TARTARUGAS MARINHAS NO LITORAL SUL DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. Silva et al. 39

    ESTIMATIVA DE IDADE PARA TARTARUGAS-VERDES (Chelonia mydas) DA REGIÃO DE CANANÉIA, SP, BRASIL. Maistro et al. 43

    PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO E CONCENTRAÇÃO DE METAIS EM TECIDOS DE TARTARUGAS-VERDES (Chelonia mydas) ORIUNDAS DE ENCALHES NA COSTA SUL DO RS. Silva et al. 47

    INGESTÃO DE RESÍDUOS INORGÂNICOS POR Chelonia mydas NA ÁREA DE ALIMENTAÇÃO DO COMPLEXO ESTUARINO LAGUNAR DE CANANÉIA – SÃO PAULO, BRASIL. Bezerra e Bondioli. 51

    AVALIAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM ÁREAS DE ALIMENTAÇÃO DE Chelonia mydas (LINNAEUS 1758), NO COMPLEXO ESTUARINO DE PARANAGUÁ, BRASIL. Moura et al. 55

    INGESTÃO DE MATERIAL ANTROPOGÊNICO POR Chelonia mydas NO LITORAL DE UBATUBA, SP. Silva et al. 58

    INGESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS POR JUVENIS DE Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) NO LITORAL NORTE E MÉDIO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. Rigon e Trigo. 62

    EL IMPACTO DE LOS DESECHOS ANTRÓPICOS EN INDIVIDUOS JUVENILES DE TORTUGA VERDE (Chelonia mydas), CERRO VERDE, URUGUAy. Murman et al. 65

    REABILITAÇÃO DE UMA TARTARUGA-DE-COURO (Dermochelys coriacea) COM TRAUMATISMO CRANIANO NO CENTRO DE RECUPERAÇÃO DE ANIMAIS MARINHOS – CRAM – FURG. Bruno et al. 69

    PANORAMA DO RECEBIMENTO DE TARTARUGAS MARINHAS PELO CERAM (CECLIMAR/IB/UFRGS) ENTRE AGOSTO 2008 E AGOSTO DE 2011. Tavares et al. 72

    TARTARUGAS VERDES (Chelonia mydas) RECEBIDAS NO CENTRO DE RECUPERAÇÃO DE ANIMAIS MARINHOS (CRAM/FURG) E A INGESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS. Canabarro et al. 76

    INDICADORES BIOQUÍMICOS NUTRICIONAIS DE FÊMEAS DE Eretmochelys imbricata DURANTE O PERÍODO REPRODUTIVO. Goldberg et al. 79

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    ANÁLISE INTEGRADA DE MÚLTIPLOS ESTOQUES-MISTOS DE Chelonia mydas NO ATLÂNTICO E NO CARIBE. Santos e David Richardson. 83

    EVALUACIÓN DEL ESTADO DE LA TORTUGA VERDE (Chelonia mydas) MEDIANTE EL USO DE BIOMARCADORES DE GENOTOXICIDAD EN EL AREA PROTEGIDA “CERRO VERDE E ISLAS DE LA CORONILLA” PRÓXIMA AL CANAL ANDREONI. Borrat et al. 88

    FIBROPAPILOMATOSE EM TARTARUGAS VERDES (Chelonia mydas) DA BAHIA – CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DO ChHV 5. Rodenbusch et al. 92

    CASO CLÍNICO: INFECCIÓN CAUSADA POR Aeromonas sp. Ferrando et al. 95

    REGISTRO DE PARASITAS GASTROINTESTINAIS DE Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) NO LITORAL NORTE E MÉDIO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. Xavier et al. 98

    Sulcascaris sulcata PARASITA DE Caretta caretta NA COSTA SUL DO RIO GRANDE DO SUL. Sardá et al. 102

    ANÁLISE DA FAUNA EPIBIONTE DE JUVENIS DE Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) NO LITORAL NORTE E MÉDIO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. Fraga et al. 106

    DETERMINAÇÃO SEXUAL E MATURAÇÃO GONADAL DE FÊMEAS DA TARTARUGA-VERDE (Chelonia mydas) e TARTARUGA-CABEÇUDA (Caretta caretta) NO EXTREMO SUL DO BRASIL. Duarte et al. 109

    ESTUDO HISTOMORFOLÓGICO DAS ARTÉRIAS AORTA DE Chelonia mydas. Braz et al. 112

    ESTUDO CRANIOMÉTRICO DE TARTAUGA-VERDE (Chelonia mydas) NO LITORAL DO ESTADO DO PARANÁ, SUL DO BRASIL. Coelho et al. 115

    DIMORFISMO SEXUAL EM JUVENIS DE TARTARUGA-VERDE, Chelonia mydas (LINNAEUS 1758): UMA ANÁLISE MORFOMÉTRICA. Coelho et al. 119

    Caretta caretta NO LITORAL DO PARANÁ, SUL DO BRASIL. Montanini et al. 123

    DIETA DA TARTARUGA-CABEÇUDA (Caretta caretta) EM AMBIENTES OCEÂNICO E NERÍTICO NO SUL DO BRASIL. Barros et al. 126

    REGISTRO DE OCORRÊNCIA DA TARTARUGA Caretta caretta NA RESERVA BIOLÓGICA DO ATOL DAS ROCAS, BRASIL. Silva et al. 130

    OCORRÊNCIA DE TARTARUGAS-DE-PENTE (Eretmochelys imbricata) NOS ARQUIPÉLAGOS DE ABROLHOS (BA) E SÃO PEDRO E SÃO PAULO (RN), BRASIL. Proietti e Secchi. 133

    REGISTROS NÃO REPRODUTIVOS DE TARTARUGAS MARINHAS NA REGIÃO LITORÂNEA DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DELTA DO PARNAÍBA. Paiva-Silva et al. 137

    REGISTRO DE ENCALHES DE TARTARUGAS MARINHAS NA BAIXADA SANTISTA-SP. Fernandes et al. 141

    RESIDÊNCIA DE TARTARUGAS MARINHAS DA ESPÉCIE Chelonia mydas NA REGIÃO COSTEIRA DE ITAIPU, NITERÓI - RJ, BRASIL. Gitirana et al. 145

    TELEMETRIA POR SATÉLITE DE UM MACHO ADULTO DE TARTARUGA-CABEÇUDA Caretta caretta NO LITORAL SUL DO BRASIL. Goldberg et al. 148

    MONITORAMENTO DAS VARIAÇÕES ESPAÇO-TEMPORAIS EM ÁREAS DE ALIMENTAÇÃO DA TARTARUGA-VERDE Chelonia mydas NO COMPLEXO ESTUARINO DE PARANAGUÁ, PR, BRASIL. Leis et al. 152

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    V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil

    AGREGACIÓN DE TORTUGAS LAÚD (Dermochelys coriacea) AL SUR DEL PARALELO 40°S. Svendsen et al. 156

    ERRATA: ESTE RESUMO FOI REMOVIDO, A PEDIDO DO AUTOR - COMISSÃO ORGANIZADORA 160

    PESCA INCIDENTAL DE TORTUGAS MARINAS EN LA ZONA ESTUARINA INTERNA DEL RÍO DE LA PLATA, URUGUAy. Viera et al. 163

    INTERAÇÃO DE TARTARUGAS MARINHAS COM AS PESCARIAS DE REDE DE EMALHE NO MUNICÍCIPO DE BARRA VELHA, SC, BRASIL. Pazeto et al. 167

    INFLUÊNCIA DA LUMINOSIDADE NA CAPTURA INCIDENTAL DE TARTARUGAS VERDES (Chelonia mydas) E DE PEIXES NAS REDES DE EMALHE COSTEIRA EM UBATUBA/SP. Ottoni-Neto et al. 171

    CAPTURAS INCIDENTAIS DE TARTARUGAS MARINHAS EM CURRAIS DE PESCA MONITORADOS EM ALMOFALA/CEARÁ 2010. Melo e Lima. 175

    ¿ENCUENTRO CASUAL? Chelonia mydas y Dermochelys coriacea CAPTURADAS POR LA PESQUERÍA ARTESANAL EN BAJOS DEL SOLÍS, URUGUAy. Rivas e Lezama. 179

    CAPTURA INCIDENTAL DE TARTARUGAS MARINHAS NA PESCA COSTEIRA DE MÉDIA ESCALA DO LITORAL SUL DO BRASIL. Steigleder et al. 183

    PERCEPÇÃO DE PESCADORES ARTESANAIS DO LITORAL SUL DO BRASIL SOBRE AS TARTARUGAS MARINHAS: PESCA E SEUS CONFLITOS. Steigleder et al. 187

    ACÕES DE DIFUSÃO DOS ANZÓIS CIRCULARES COMO MEDIDA MITIGADORA NA FROTA ESPINHELEIRA DE ITAIPAVA/ES. Júnior et al. 191

    USOS DE LAS TORTUGAS MARINAS EN URUGUAy. Morabito et al. 195

    “NEM TUDO QUE CAI NA REDE É PEIXE”. Lima et al. 198

    PROJETO “CORREDOR MARINHO BRASIL-URUGUAy”: UMA INICIATIVA BINACIONAL DE PESQUISA, EXTENSÃO E CAPACITAÇÃO NO ATLÂNTICO SUL OCIDENTAL. Martinez-Souza. 202

    KARUMBÉ 2011: AVANCES EN LA CONSERVACIÓN DE LAS TORTUGAS MARINAS EN URUGUAy. Estrades. 205

    TARTARUGAS AO MAR: UM MERGULHO NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL. Barros et al. 208

    ACTIVIDADES DE EXTENSIÓN DE LA BASE CIENTÍFICA DE KARUMBÉ EN CERRO VERDE, URUGUAy, AL LARGO DE 2010-2011. Martinez-Souza et al. 211

    TARTARUGAS MARINHAS (TESTUDINE: CHELONIIDAE): ESPÉCIE-BANDEIRA COMO FERRAMENTA PARA CONSERVAÇÃO EM UBATUBA, LITORAL NORTE DE SÃO PAULO. Gusmão e Schlindwein. 214

    Sessão Especial

    APRENDIENDO A TRABAJAR EN RED BUSCANDO LA EFECTIVIDAD DE LAS ACCIONES DE CONSERVACIÓN EN LA REDUCCION DE LA PESCA INCIDENTAL DE TORTUGAS MARINAS EN EL PACIFICO ORIENTAL. Andraka et al. 218

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    VARIAÇÃO LATITUDINAL NA DISTRIBUIÇÃO DO TAMANHO DE TARTARUGAS-VERDES (Chelonia mydas) AO LONGO DE PARTE DA COSTA LESTE DA AMÉRICA DO SUL

    Paulo C. R. Barata1, Victoria González Carman2,3, Alexsandro S. dos Santos4, Ana Cristina V. Bondioli5, Antonio de P. Almeida6, Armando J.B. Santos4, Augusto Cesar C. D. da Silva6, Berenice M. G. Gallo4,

    Bruno de B. Giffoni4, Camila Domit7, Cecília Baptistotte6, Claudio Bellini6, Clenia M. P. Batista8,9, Daiana P. Bezerra5, Danielle S. Monteiro10, Diego Albareda3,11, Eduardo H.S.M. Lima4, Eron Paes e Lima6, Flávia

    Guebert-Bartholo12, Gilberto Sales6, Gustave G. Lopez4, Gustavo D. Stahelin4, Ignacio Bruno3, Jaqueline C. de Castilhos4, João C. A. Thomé6, Jorge A. A. Nunes4, José Henrique Becker4, Juçara Wanderlinde4, Liana Rosa13, Maria A. Marcovaldi6, Maria Thereza D. Melo4, Rita Mascarenhas8, Sérgio C. Estima10, e

    Eugenia Naro-Maciel14

    1 Fundação Oswaldo Cruz, Rua Leopoldo Bulhões 1480-8A, 21041-210 Rio de Janeiro – RJ, Brasil ([email protected]).

    2 Instituto Nacional de Investigación y Desarrollo Pesquero – CONICET, Paseo Victoria Ocampo nro. 1 (7600), Mar del Plata, Argentina.

    3 Aquamarina–CECIM – PRICTMA, Del Sauce 748 (7167), Pinamar, Argentina.

    4 Fundação Pró-Tamar, Rua Rubens Guelli 134 sala 307 – Itaigara, 41815-135 Salvador – BA, Brasil.

    5 Projeto Tartarugas, Instituto de Pesquisas Cananéia – IPeC, Rua Tristão Lobo 199, 11990-000 Cananéia – SP, Brasil.

    6 Projeto Tamar-ICMBio, Caixa Postal 2219 – Rio Vermelho, 41950-970 Salvador – BA, Brasil.

    7 Laboratório de Ecologia e Conservação, Centro de Estudos do Mar, Universidade Federal do Paraná, Av. Beira Mar s/n – Pontal do Sul, Cx. Postal 50.002, 83255-000 Pontal do Paraná – PR, Brasil.

    8 Associação Guajiru: Ciência–Educação–Meio Ambiente, Av. Oceano Atlântico s/n – Intermares, 58310-000 Cabedelo – PB, Brasil.

    9 Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, Universidade Estadual da Paraíba, Campus V, Rua Horácio Trajano de Oliveira s/n – Cristo Redentor, 58020-540 João Pessoa – PB, Brasil.

    10 Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental – NEMA, Rua Maria Araújo 450 – Cassino, 96207-480 Rio Grande – RS, Brasil.

    11 Acuario del Jardín Zoológico de Buenos Aires – PRICTMA, República de la India 2900 (1425), Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina.

    12 Pós-Graduação em Oceanografia, Universidade Federal de Pernambuco, 50740-550 Recife – PE, Brasil.

    13 Pós-Graduação em Ecologia e Evolução, Universidade do Estado do Rio de Janeiro,

    20550-013 Rio de Janeiro – RJ, Brasil.

    14 Biology Department, College of Staten Island, City University of New york, Staten Island, Ny 10314, USA.

    Palavras-chave: biogeografia, estágios ontogenéticos, áreas de alimentação, conservação, Atlântico Sul Ocidental.

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    Introdução

    As tartarugas-verdes (Chelonia mydas), após o nascimento nas praias de desova e um período de alguns anos na zona oceânica do mar, realizam, quando juvenis pequenas, uma mudança para a zona nerítica (Musick e Limpus 1997). A transição da zona oceânica para a zona nerítica e a distribuição geográfica de juvenis e adultos pelas áreas de alimentação costeiras ainda são insuficientemente conhecidas, assim como os fatores que as definem. O conhecimento destes aspectos da história natural das tartarugas-verdes, além de nos permitir um melhor entendimento da sua biologia populacional, tem implicações para a conservação da espécie, por possibilitar o estabelecimento de relações mais claras entre áreas geográficas, estágios ontogenéticos das tartarugas, fatores ambientais ou de outra ordem e ações de conservação. A tartaruga-verde atualmente está classificada como Ameaçada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

    A tartaruga-verde tem ampla distribuição na costa leste da América do Sul (Pritchard 1976; Marcovaldi e Marcovaldi 1999; González Carman et al. 2011). Este trabalho tem como objetivo analisar a variação, em larga escala, da distribuição do tamanho (medido pelo comprimento curvo da carapaça, CCC) das tartarugas-verdes ao longo de parte da costa leste da América do Sul, com dados obtidos em áreas costeiras, com vistas a uma melhor compreensão da biogeografia da espécie na região.

    Metodologia

    A área de estudo vai da latitude 2,93°S (Ceará, norte do Brasil) à latitude 42,57°S (norte da Patagônia, Argentina); a extensão de litoral coberta é de aproximadamente 6500 km (Fig. 1). O período de estudo vai de 1 de junho de 2005 a 31 de maio de 2010.

    Foram analisados registros de tartarugas encalhadas, observadas boiando na água ou capturadas incidentalmente em pesca costeira. Foram excluídos das análises: (1) registros reprodutivos em praias de desova, incluindo as três principais áreas de desova da tartaruga-verde no Brasil: Trindade, Atol das Rocas e Fernando de Noronha; (2) registros não-reprodutivos (encalhes, capturas, etc.) obtidos nestas três áreas reprodutivas; (3) capturas incidentais em pesca por espinhéis ou redes de deriva (ocorrem geralmente fora da área costeira); (4) capturas intencionais (por pesquisadores) por meio de mergulho, redes de espera ou outras artes de pesca. Para tartarugas marcadas, as recapturas foram excluídas das análises. A metodologia desta pesquisa será apresentada em detalhe em artigo futuro.

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    Figura 1. Mapa da América do Sul e Oceano Atlântico. Os círculos pretos indicam os locais das amostras. Brasil: 1 = oeste do Ceará, 2 = Rio Grande do Norte, 3 = Paraíba, 4 = Alagoas, 5 = Sergipe, 6 = norte da Bahia, 7 = norte do Espírito Santo, 8 = sul do Espírito Santo, 9 = norte do Rio de Janeiro, 10 = norte de São Paulo, 11 = sul de São Paulo, 12 = Paraná, 13 = Santa Catarina, 14 = sul do Rio Grande do Sul; Argentina: 15 = San Clemente, 16 = Bahía Blanca, 17 = norte da Patagônia. Os triângulos indicam áreas de desova de Chelonia mydas mencionadas no texto. O mapa de base for produzido pelo Maptool (www.seaturtle.org).

    As análises estatísticas foram realizadas com o programa R 2.13.1 (R Development Core Team 2011). A relação entre CCC e latitude (Fig. 2) foi analisada por meio de regressões não-paramétricas por quantis (Koenker 2005), utilizando o pacote quantreg do programa R.

    Resultados e Discussão

    O CCC das tartarugas variou entre 8 e 140 cm (N = 12.247). A distribuição do CCC segundo a latitude está apresentada na Fig. 2. Pode ser observado nesta figura: (1) há uma variação sul–norte na distribuição do CCC: a amplitude do CCC aumenta do sul para o norte (a distribuição vai se “alargando” nesta direção); no extremo sul (ao sul da latitude 35°S, Argentina) existem essencialmente tartarugas entre 30 e 50 cm, e à medida que vamos para o norte há tartarugas cada vez menores e também cada vez maiores; (2) tartarugas com CCC > 100 cm, de forma geral adultas, ocorrem essencialmente ao norte da latitude 15°S (Bahia); (3) juvenis pequenas (CCC < 20 cm aproximadamente) ocorrem ao norte da latitude 15°S; (4) juvenis com CCC entre 20 e 100 cm ocorrem ao longo de toda a área de estudo.

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    Figura 2. Chelonia mydas, comprimento curvo da carapaça (CCC) por latitude, do sul para o norte, leste da América do Sul, 1 de junho de 2005 a 31 de maio de 2010 (N = 12.247). As curvas são regressões não-paramétricas por quantis, conforme a coluna de números à direita: curvas pontilhadas = quantis 0,05 e 0,95; curvas tracejadas = quantis 0,25 e 0,75; curva contínua = quantil 0,50 (mediana). As linhas horizontais indicam os CCCs de 20 e 100 cm.

    A Fig. 2 sugere que existe uma continuidade no processo de distribuição geográfica das tartarugas-verdes ao longo da costa leste da América do Sul, o que é compatível com análises genéticas da estrutura populacional de juvenis desta espécie na região, que apontam origens comuns para os indivíduos ali encontrados, principalmente Ascension Island e Suriname, com contribuições variadas de outras áreas, inclusive Trindade (Fig. 1; Naro-Maciel et al. 2007; Proietti et al. 2009; Naro-Maciel et al. dados não publicados).

    A continuidade mencionada acima sugere hipóteses quanto ao processo de recrutamento das tartarugas-verdes para a zona nerítica e sua posterior distribuição pela região costeira da área de estudo. A hipótese preliminar mais imediata parece ser que o recrutamento ocorreria principalmente na região norte, possivelmente devido a uma combinação de condições de correntes marinhas, proximidade de áreas de desova, temperatura do mar e disponibilidade de alimento, com subseqüentes deslocamentos, ao menos por parte das tartarugas, para o sul e posteriormente para o norte, onde vivem as tartarugas subadultas e adultas – o norte do Brasil é área de alimentação de tartarugas-verdes adultas que desovam em Ascension, Suriname, Guiana Francesa e possivelmente Caribe (Pritchard 1976; Mortimer e Carr 1987; Lima et al. 2008). A análise da variação da distribuição do CCC não só em relação à latitude mas também em relação às estações do ano e a fatores ambientais possivelmente nos permitirá avaliar esta ou outras hipóteses a respeito do recrutamento e da distribuição geográfica.

    Os resultados aqui apresentados devem ser vistos dentro da perspectiva de que foram obtidos com base em dados coletados oportunisticamente em atividades de rotina de programas de conservação, e não através de amostragens planejadas.

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    Referências Bibliográficas

    González-Carman, V., K.C. Álvarez, L. Prosdocimi, M.C. Inchaurraga, R.G. Dellacasa, A. Faiella, C. Echenique, R. González, J. Andrejuk, H.W. Mianzan, C. Campagna, e D.A. Albareda. 2011. Argentinian coastal waters: a temperate habitat for three species of threatened sea turtles. Marine Biology Research 7:500-508.

    Koenker, R. 2005. Quantile Regression. Cambridge University Press, Cambridge, UK.

    Lima, E.H.S.M., M.T.D. Melo, M.M. Severo, e P.C.R. Barata. 2008. Green turtle tag recovery further links northern Brazil to the Caribbean region. Marine Turtle Newsletter 119:14-15.

    Marcovaldi, M.A., e G.G. dei Marcovaldi. 1999. Marine turtles of Brazil: the history and structure of Projeto TAMAR-IBAMA. Biological Conservation 91:35-41.

    Mortimer, J.A., e A. Carr. 1987. Reproduction and migrations of the Ascension Island green turtle (Chelonia mydas). Copeia 1987:103-113.

    Musick J.A., e C.J. Limpus. 1997. Habitat utilization and migration in juvenile sea turtles. Páginas 137-163 in Lutz, P.L., e J.A. Musick (Eds.), The biology of sea turtles. CRC Press, Boca Raton, USA.

    Naro-Maciel, E., J.H. Becker, E.H.S.M. Lima, M.A. Marcovaldi, e R. DeSalle. 2007. Testing dispersal hypotheses in foraging green sea turtles (Chelonia mydas) of Brazil. Journal of Heredity 98:29-39.

    Pritchard, P.C.H. 1976. Post-nesting movements of marine turtles (Cheloniidae and Dermochelyidae) tagged in the Guianas. Copeia 1976: 49-754.

    Proietti, M.C., P. Lara-Ruiz, J.W. Reisser, L. da S. Pinto, O.A. Dellagostin, e L.F. Marins. 2009. Green turtles (Chelonia mydas) foraging at Arvoredo Island in Southern Brazil: genetic characterization and mixed stock analysis through mtDNA control region haplotypes. Genetics and Molecular Biology 32:613-618.

    R Development Core Team. 2011. R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria [www.R-project.org].

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    TEMPERATURA CORPORAL DE JUVENIS DE TARTARUGA-VERDE Chelonia mydas E SUA CORRELAÇÃO COM A TEMPERATURA SUPERFICIAL DO MAR NA ÁREA DE ALIMENTAÇÃO CERRO

    VERDE, URUGUAI

    Gustavo Martinez-Souza1,2,3, Mauro Russomagno2, Bruno Techera2, Gabriela Velez2, Igor Monteiro4, e Paul G. Kinas5

    1 Programa de Pós-Graduação em Oceanografia Biológica, Universidade Federal do Rio Grande – FURG. CP 474, CEP 96.201-900, Rio Grande, RS, Brasil. ([email protected])

    2 Karumbé, Avda. Gral Rivera 3245, CP 11200, Montevideo, Uruguay.

    3 Projeto da Tartaruga no Sul de Santa Catarina. CEP 88780-000, Praia de Itapirubá, Imbituba, SC, Brasil.

    4 Laboratório de Oceanografia Física – Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande – FURG. CP 474, CEP 96.201-900, Rio Grande, RS, Brasil.

    5 Instituto de Matemática, Estatística e Física – IMEF, Universidade Federal do Rio Grande – FURG. CP 474, CEP 96.201-900, Rio Grande, RS, Brasil.

    Palavras-chave: baixas temperaturas, médias latitudes, hipotermia.

    Introdução

    A tartaruga-verde Chelonia mydas, catalogada como “em perigo de extinção” na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN 2010), é uma espécie circumglobal de hábitos herbívoros e costeiros após fase de desenvolvimento no ambiente oceânico-pelágico (Hirth 1997).

    Diversos projetos de conservação surgiram nos últimos 30 anos para avaliar os riscos e desenvolver medidas favoráveis à conservação das tartarugas marinhas no mundo. Porém, 90% das ações são realizadas em áreas de reprodução. A escassez de projetos desenvolvidos em áreas de alimentação com alto gradiente de temperatura ao longo do ano e baixas temperaturas (< 15oC) limita a informação sobre a resistência térmica corporal das tartarugas marinhas.

    A temperatura superficial do mar (TSM) pode influenciar o metabolismo e o nível de atividade das tartarugas marinhas (Moon et al. 1997). Adultos de tartaruga-verde apresentam temperaturas corporais (TCs) superiores à TSM, resultado de adaptação fisiológica que acarreta uma vantagem termal (Standora et al. 1982). Porém, juvenis de tartaruga-verde podem apresentar limitações em relação à TSM, diretamente relacionada à TC. Mendonça (1983) observou uma inibição alimentar em juvenis no Atlântico Norte quando as TCs estavam abaixo dos 18ºC, enquanto juvenis na Austrália a inibição ocorreu aos 14ºC, sugerindo que as populações de tartaruga-verde do padrão genético Pacífico-Índico são mais resistentes a baixas temperaturas do que as populações do padrão genético Atlântico-Mediterrâneo (Read et al. 1996).

    Porém, as baixas temperaturas apresentadas na região de Cerro Verde, Uruguai, contradizem essa afirmativa. Apesar do mesmo padrão genético das tartarugas da Flórida, os limites observados na região assemelha-se aos observados na Austrália e Califórnia (Read et al. 1996; Koch et al. 2007).

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    Juvenis de tartaruga-verde em Cerro Verde foram observados alimentando-se em temperaturas de até 14ºC e permaneceram na região durante o inverno (observação pessoal dos autores). Apesar da resistência a baixas temperaturas da água, esta influenciará diretamente a taxa de crescimento somático e suas condições corpóreas.

    Os objetivos deste trabalho são: (1) verificar a partir da TC, se o metabolismo e a atividade dos juvenis de tartaruga-verde em Cerro Verde está diretamente relacionada à TSM ou se existe uma adaptação fisiológica de ganho térmico que auxilie a resistência a baixas temperaturas; e (2) verificar a possivel influência da TSM na atividade de alimentação ou inibição alimentar e hipotermia ao longo dos últimos 5 anos.

    Metodologia

    Juvenis de tartaruga-verde foram capturados intencionalmente através de redes de emalhe de 50 m de comprimento, 3,2 m de altura e 30 cm de malha entre-nós. A TC dos indivíduos foi registrada imediatamente após a captura, com um termômetro de mercúrio, lubrificado com vaselina, inserido de 5 a 10 cm na cloaca, onde foi mantido até a estabilização para leitura (2 a 3 minutos) (Read et al. 1996). O mesmo termômetro foi então utilizado para medir a TSM in situ, coletada a meia-água em uma profundidade de 1,5 a 2 m. Um modelo de regressão linear foi utilizado para correlacionar TC e TSM.

    Para verificar a possível influência da TSM na atividade de alimentação ou inibição alimentar e hipotermia nos juvenis de tartaruga-verde de Cerro Verde, foram coletados dados de TSM nos últimos cinco anos (2006 a 2010) através do OSTIA (Operational Sea Surface Temperature and Sea Ice Analysis - http://ghrsst-pp.metoffice.com/pages/latest_analysis/ostia.html), produto de TSM e concentração de gelo marinho. O produto final do OSTIA possui resolução temporal diária e espacial de aproximadamente 6 km. Os dados do OSTIA estão disponíveis on-line através de um servidor OPENDAP (Open-source Project for a Network Data Access Protocol). As temperaturas diárias foram classificadas em: ótimas para alimentação (>18ºC); vulneráveis à inibição alimentar (14ºC–18ºC), inibição alimentar e vulnerabilidade à hipotermia (10ºC–14ºC) e críticas a encalhes em massa por hipotermia (

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    Figura 1. Relação entre Temperatura Corporal (TC) e Temperatura Superficial do Mar (TSM), ambos em graus Celsius (ºC) em indivíduos juvenis de tartaruga-verde, Chelonia mydas, capturados em Cerro Verde, Uruguai, entre 2006 e 2010.

    Nos últimos 5 anos, as temperaturas em Cerro Verde acima de 18ºC, classificadas como ótimas para a alimentação e desenvolvimento, estiveram presentes em torno da metade dos dias em todos os anos (Fig. 2). As ocorrências de temperaturas vulneráveis à inibição alimentar variaram de 2 a 4 meses. As temperaturas entre 10ºC a 14ºC também foram observadas anualmente em mais de 20% dos dias. Nesse caso, quase uma estação do ano apresentou características ambientais não registradas anteriormente como viáveis à alimentação, sendo vulneráveis à hipotermia e consequentemente ao desenvolvimento dos juvenis. Temperaturas abaixo dos 10ºC, críticas a encalhes em massa por hipotermia não foram observadas em todos os anos. Porém, foram observadas em 2007 e 2009, sendo quase um terço do inverno de 2007.

    Figura 2. Dados diários de Temperatura Superficial do Mar (ºC) na região de Cerro Verde, Uruguai, entre 206 e 2011, segundo OSTIA (Operational Sea Surface Temperature and Sea Ice Analysis).

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    Num panorama geral, observamos que os juvenis encontraram condições ótimas ambientais para o desenvolvimento durante metade do ano e na outra metade, condições desfavoráveis ou suscetíveis à inibição alimentar. Assim, o crescimento dos juvenis de tartaruga-verde em Cerro Verde tem forte tendência a não apresentar um aspecto linear, assim como observado em Koch et al. (2007) em juvenis do Pacífico Norte. Neste caso, o desenvolvimento de um modelo de crescimento sazonal, adicionado a um modelo de crescimento anual, se faz necessário para a compreensão do desenvolvimento destes juvenis em médias latitudes do Atlântico Sul Ocidental.

    Por prolongado tempo, TSMs abaixo dos 10ºC podem causar hipotermia em grande parte do estoque presente, seguido de encalhes massivos. Essa reação hipotérmica, conhecida como “cold-stunning”, gerará um decrécimo na frequência cardíaca e na circulação sanguínea, seguida de choque, pneumonia e possivelmente o óbito. O monitoramento desses eventos proporcionam uma oportunidade única para obter informações sobre “cold-stunning” e o consequente impacto às populações de tartarugas marinhas (Witherington e Ehrhart 1989). Além do mais, a estratégia de hibernação, postulada como hipótese por Felger et al. (1976) pode ser observada e testada como uma estratégia de sobrevivência dos juvenis de tartaruga-verde para suportarem as temperaturas registradas na região. A descoberta desses eventos no Atlântico Sul fortalece a necessidade da realização de monitoramentos ao longo das quatro estações do ano.

    Agradecimentos/Financiadores

    Os autores agradecem a equipe de técnicos e voluntários de Karumbé pelo apoio na coleta de dados e ao National Centre for Ocean Forecasting pelo OSTIA. Gustavo Martinez Souza agradece a CAPES pelo apoio financeiro.

    Referências Bibliográficas

    Felger, R.S., K. Cliffton, e P.J. Regal. 1976. Winter dormancy in sea turtles: independent discovery and exploitation in the Gulf of California, México by two local cultures. Science 191:283-285.

    Hirth, H.F. 1997. Synopsis of the biological data on the green turtle Chelonia mydas (Linnaeus 1758). Biological Report 97:1-120.

    IUCN. 2010. IUCN Red List of Threatened Species. .

    Koch, V., L.B. Brook, e W.J. Nichols. 2007. Population ecology of the green/black turtle (Chelonia mydas) in Bahía Magdalena, Mexico. Marine Biology 153:35-46.

    Mendonça, M.T. 1983. Movements and feeding ecology of immature green turtles (Chelonia mydas) in a Florida lagoon. Copeia 1983:1013-1023.

    Moon, D.y., D. Mackenzie, e D. Owens. 1997. Simulated hibernation of sea turtles in the laboratory: I. Feeding, breathing frequency, blood pH, and blood gases. Journal of Experimental Zoology 278:372-380.

    Read, M.A., G.C. Grigg, e C.J. Limpus. 1996. Body temperatures and winter feeding in immature green turtles, Chelonia mydas, in Moreton Bay, Southeastern Australia. Journal of Herpetology 30:262-265.

    Standora, E.A., J.R. Spotila, e R.E. Foley. 1982. Regional endothermy in the sea turtle, Chelonia mydas. Journal of Thermal Biology 7:159-165.

    Witherington, B.E., e L.M. Ehrart. 1989. Hypothermic stunning and mortality of marine turtles in the Indian River Lagoon system, Florida. Copeia 1989:696-703.

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    TARTARUGAS MARINHAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL: DIVERSIDADE, DISTRIBUIÇÃO, SAZONALIDADE E AMEAÇAS.

    Estéfane Cardinot Reis1, Jailson Fulgencio de Moura2, e Salvatore Siciliano2

    1 Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rua São Francisco Xavier 524, PHLC - Sala 205, CEP 20.550-013, Rio de Janeiro, RJ. ([email protected]).

    2 Grupo de Estudos de Mamíferos Marinhos da Região dos Lagos (GEMM-Lagos), ENSP/FIOCRUZ.

    Palavras-chave: monitoramento, encalhes, interação antrópica, fibropapilomatose, Bacia de Campos.

    Introdução

    No Brasil, ocorrem cinco espécies de tartarugas marinhas: Caretta caretta, Chelonia mydas, Eretmochelys imbricata, Lepidochelys olivacea e Dermochelys coriacea, e todas frequentam o litoral centro-norte do estado do Rio de Janeiro, Brasil (Marcovaldi e Marcovaldi 1999). Todas são consideradas ameaçadas de extinção em âmbito nacional e mundial, encontrando-se no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do MMA (Ministério do Meio Ambiente), na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN (International Union for Conservation of Nature) e no Apêndice I da CITES (Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora).

    Até o século XIX, as tartarugas marinhas foram abundantes nos mares tropicais e temperados. Entretanto, as pressões ambientais, causadas principalmente pela interferência antrópica através da exploração desordenada de recursos naturais e descaracterização de habitats, têm determinado a atual condição de ameaça às populações de tartarugas marinhas e de extinção de muitas delas (Lutcavage et al. 1997).

    Na Bacia de Campos, outro fator preocupante está associado aos possíveis impactos decorrentes das atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural (E&P) sobre a biodiversidade local, uma vez que o estado do Rio de Janeiro é responsável por mais de 80% da produção petrolífera do país (Agência Nacional do Petróleo 2011). As atividades de E&P, apesar de licenciadas e monitoradas, representam potenciais riscos ambientais, tais como vazamentos e derramamentos de substâncias derivadas de hidrocarbonetos do petróleo, extremamente danosas à saúde do ecossistema marinho. Além disso, o incremento do tráfego de embarcações e os adensamentos populacionais em função das atividades petrolíferas na região promovem uma degradação crônica do ambiente e maior ameaça à fauna marinha local (Silva et al. 2008).

    Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivos registrar a diversidade, distribuição e sazonalidade de tartarugas marinhas ao longo do litoral centro-norte do estado do Rio de Janeiro e investigar as principais ameaças a esses organismos na região. Além disso, com o intuito de avaliar a condição de saúde das tartarugas marinhas e do ambiente que frequentam, também foram avaliadas a interação com resíduos sólidos antropogênicos, casos de fibropapilomatose e a presença de agentes bacterianos das Famílias Vibrionaceae e Aeromonadaceae nos espécimes encalhados.

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    Metodologia

    Entre janeiro de 2009 e setembro de 2010, foram realizados monitoramentos de praia regulares na região compreendida entre Praia de Itaúna, Saquarema e Barra do Furado, Quissamã, pela equipe do Grupo de Estudos de Mamíferos Marinhos da Região dos Lagos (GEMM-Lagos). Esses monitoramentos foram realizados no âmbito do Projeto Habitats - Heterogeneidade Ambiental da Bacia de Campos, coordenado pelo CENPES/PETROBRAS, e totalizaram cerca de 13.000 km de área percorrida. Também foi realizado um embarque, no primeiro semestre de 2009, através de plataforma de oportunidade. Adicionalmente, foram utilizadas informações prévias referentes ao encalhe de quelônios marinhos para esta área entre agosto de 2001 e dezembro de 2008.

    Os espécimes encontrados foram identificados quanto à espécie com base em padrões morfológicos descritos internacionalmente (Pritchard e Mortimer 2000). As medidas morfométricas foram tomadas conforme indicado em Wyneken (2001), sendo utilizadas para definir o estágio de vida. Indivíduos vivos ou em estado inicial de decomposição foram examinados em relação à presença de indícios de interação antrópica e de tumores externos indicativos de fibropapilomatose. Quando possível, os conteúdos gastrointestinais foram triados para avaliar a presença de resíduos. Além disso, foram coletadas amostras para análises bacteriológicas conduzidas pelo Laboratório de Referência Nacional de Cólera e outras Enteroinfecções Bacterianas (LRNCEB), FIOCRUZ, conforme metodologia descrita em Pereira et al. (2008).

    As proporções de ocorrência de espécimes foram comparadas por estação do ano, períodos chuvoso e seco, e com e sem ressurgência. A significância estatística dessas variações foi determinada através do teste de qui-quadrado.

    Resultados e Discussão

    Entre 2001 e 2010, foram registradas 539 ocorrências de quelônios marinhos na região, sendo 528 de encalhes ao longo da costa centro-norte do estado do Rio de Janeiro, 10 de registros reprodutivos de C. caretta em Quissamã, e somente um de avistagem de indivíduo não identificado durante embarque na Bacia de Campos. Dos 539 indivíduos registrados, 74,4% foram de C. mydas, 9,1% de L. olivacea, 8,0% de C. caretta, 1,1% de E. imbricata, 2,4% de D. coriacea e 5,0% de espécimes não identificados. Desse total, 61% corresponderam a jovens, 3,3% a subadultos e 13,5% a adultos, sendo que não foi possível definir o estágio de vida de 22,1% dos espécimes. A maior abundância de jovens de C. mydas pode ser justificada pelo fato de que a espécie apresenta distribuição mais costeira, utilizando essas áreas para alimentação e desenvolvimento. A Bacia de Campos representa uma potencial zona de alimentação para tartarugas e outros organismos marinhos, tendo em vista a ocorrência do fenômeno de ressurgência em Arraial do Cabo e o aporte de matéria orgânica proveniente do Rio Paraíba do Sul. A presença de adultos de L. olivacea na região pode igualmente estar associada a esse fato ou à utilização da Bacia de Campos como parte da rota migratória para áreas de alimentação mais ao sul. A ocorrência de adultos de C. caretta está provavelmente relacionada à utilização da região norte do estado do Rio de Janeiro como sítio de desova dessa espécie. Finalmente, E. imbricata e D. coriacea foram menos abundantes possivelmente em virtude de suas preferências por habitats recifais e pelágicos, respectivamente.

    As ocorrências de tartarugas marinhas concentraram-se no inverno (N = 159), período seco (N = 332) e sem ressurgência (N = 255), nas penínsulas de Arraial do Cabo e Armação dos Búzios, além da área costeira ao sul da desembocadura do Rio Paraíba do Sul. No inverno, a predominância do vento sudoeste é responsável por deslocar as massas d’água superficiais em direção ao continente, favorecendo o encalhe de carcaças à deriva. A existência de uma zona de alimentação na região poderia explicar a maior concentração de organismos nessas áreas.

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    Foram reportados 72 casos evidentes de interação antrópica. A pesca, como causa direta ou indireta, foi responsável por 44,4% dos casos de interação antrópica, seguida pela interação com embarcações (29,2%) e com plástico (26,4%). No entanto, a importância da interação com resíduos sólidos antropogênicos é mais significativa ao considerarmos que 43,9% dos 41 conteúdos do trato gastrointestinal triados apresentaram material plástico.

    Somente 13 indivíduos apresentaram tumores indicativos de fibropapilomatose. No entanto, esta condição não pôde ser verificada na maioria dos espécimes em função de seu avançado estado de decomposição. Os casos concentraram-se na espécie C. mydas e geograficamente na península de Armação dos Búzios e adjacências. Tal distribuição poderia estar associada à maior presença de poluentes na região, fato que ainda deve ser investigado. Esta é uma condição preocupante e deve ser continuamente monitorada. Igualmente, a elevada incidência de agentes bacterianos dos gêneros Vibrio (88%) e Aeromonas (53%) e sua grande diversidade indicam a importância da vigilância epidemiológica e monitoramento microbiológico, além de reforçar a necessidade de implantação de programas de proteção ambiental na região.

    A coleta sistemática de informações de encalhe de quelônios marinhos na região centro-norte do estado do Rio de Janeiro é inédita, apresentando grande importância para o entendimento do uso da região pelas diferentes espécies, assim como para a maior compreensão acerca das principais ameaças a suas populações e consequente direcionamento de políticas mitigadoras. De forma geral, os resultados indicam que as tartarugas marinhas que frequentam a região sofrem a iminente ameaça da interação negativa com artes de pesca, resíduos sólidos antropogênicos, embarcações e poluição local, que revelam simultaneamente a degradação ambiental da região centro-norte fluminense e a necessidade de ações mitigadoras urgentes.

    Agradecimentos

    Equipe GEMM-Lagos, LRNCEB-FIOCRUZ, Secretarias Municipais de Meio Ambiente, Corpos de Bombeiros, Colônias de Pesca e membros das comunidades locais.

    Referências Bibliográficas

    Lutcavage, M.E., P. Plotkin, B. Witherington, e P.L. Lutz. 1997. Human impacts on sea turtle survival. Páginas 387-409 in Lutz, P.L., e J.A. Musick (Eds.). The biology of sea turtles. CRC Press, Florida.

    Pereira, C.S., S.D. Amorim, A.F.M. Santos, S. Siciliano, I.B. Moreno, P.H. Ott, e D.P. Rodrigues. 2008. Plesiomonas shigelloides and Aeromonadaceae family pathogens isolated from marine mammals of southern and southeastern Brazilian coast. Brazilian Journal of Microbiology 39:749-755.

    Pritchard, P.C.H., e J.A. Mortimer. 2000. Taxonomía, morfología externa e identificación de las especies. Páginas 23-44 in Eckert, K.L., K.A. Bjorndal, F.A. Abreu-Grobois, e M. Donnelly (Eds.). Técnicas de investigación y manejo para la conservación de las tortugas marinas. IUCN/SSC Publicación No. 4.

    Silva, J.M.C., R.L. Bozelli, L.F. Santos, e A.F. Lopes. 2008. Impactos Ambientais da Exploração e Produção de Petróleo na Bacia de Campos, RJ. IV Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade (Anppas), Brasília, DF, Brasil.

    Wyneken, J. 2001. The anatomy of sea turtles. National Oceanic and Atmospheric Administration, U.S. Department of Commerce, NOAA Technical Memorandum NMFS-SEFSC-470.

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    ONCE AñOS DE VARAMIENTOS DE TORTUGAS MARINAS EN URUGUAy: RESULTADOS PRELIMINARES.

    Gabriela Vélez-Rubio1,2, Andrés Estrades1, Alejandro Fallabrino1, e Jesús Tomás2

    1 Karumbé, Avda. Gral. Rivera 3245, CP 11200, Montevideo, Uruguay. ([email protected])

    2 Instituto Cavanilles, Universidad de Valencia Apdo. 22085, E-46071 Valencia, España.

    Palabras-clave: Red varamientos, distribución espacial, conservación, pesquerías, contaminación.

    Introducción

    La conservación de hábitats de alimentación se considera como una prioridad para el manejo y supervivencia de las tortugas marinas (Tomás et al. 2001 y referencias incluidas). Las aguas de Uruguay forman parte de una región importante para la alimentación y el desarrollo de varias especies de tortugas marinas en el Atlántico Sur Occidental (ASO).

    De las siete especies de tortugas marinas en el mundo, cinco están citadas para aguas uruguayas: Chelonia mydas (verde), Caretta caretta (cabezona), Lepidochelys olivacea (olivácea), Dermochelys coriacea (siete quillas) (Achaval 2001) y Eretmochelys imbricata (carey) (Estrades et al. 2007). Las dos primeras están catalogadas en peligro de extinción, la olivácea cómo vulnerable y las dos últimas en peligro crítico por la UICN (2011).

    Aunque las inferencias obtenidas de datos de varamientos están sujetas a diversos problemas, cuando se integra información procedente de una amplia extensión de costa y largos periodos de tiempo estos datos pueden proporcionar información sobre distribución, estacionalidad, amenazas, biología y ciclo vital de las tortugas marinas, en concreto para los estadios de vida poco representados en la literatura (Witt et al. 2007, Tomás et al. 2008).

    Los objetivos de este trabajo son describir la distribución espacial de los varamientos de tortugas marinas en la costa uruguaya en el periodo 1999-2010, identificar las zonas de alta densidad para las especies más frecuentes e inferir, de forma preliminar, las posibles causas de varamientos.

    Metodología

    El área de estudio abarca toda la costa platense y oceánica de Uruguay, 710 km, desde Nueva Palmira (33º53´S, 58º25´O) hasta Barra del Chuy (33º44´S, 53º22´O), frontera con Brasil. Por las características de las masas de agua se puede dividir el área en: zona estuarina interior (350 km), de Nueva Palmira hasta Montevideo (34º52 ́S, 56º00´O), zona estuarina exterior (130 km), desde Montevideo hasta Punta del Este (34º58´S, 56º56´O), y zona atlántica (230 km, Desde Punta del Este hasta Barra del Chuy).

    Se registraron las tortugas marinas varadas entre 1999 y 2010 gracias a la Red de Varamientos creada por la ONG Karumbé. Se recibieron registros de particulares, pescadores, prefecturas locales, asociaciones locales, ONGs, y servicios de guardavidas. De cada varamiento se obtuvo fecha, ubicación y/o posición de GPS, especie, causa del varamiento y longitud curva del caparazón (LCC). Algunos de los varamientos se georreferenciaron con el programa Google Earth (Google Inc. 2009).

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    En la medida de lo posible, técnicos de Karumbé se desplazaron a los lugares del varamiento para realizar necropsias a fin de determinar la causa de muerte y tomar muestras para posteriores estudios.

    La distribución espacial de los varamientos se analizó mediante sistemas de información geográfica (SIG). Se analizó la densidad de tortugas varadas por especie en las zonas citadas y, dentro de éstas, por secciones de 10 km de costa. La información geopolítica digitalizada proviene del programa FREPLATA. Los mapas y análisis se realizaron con el programa ArcMap 10 (ESRI 2011).

    Adicionalmente se realizaron muestreos semanales de playas en el departamento de Rocha, principalmente en los meses estivales.

    Resultados y Discusión

    Entre 1999 y 2010 se registraron por la Red de varamientos un total de 886 ejemplares de tortugas marinas, 520 (58,69%) verdes, 244 (27,54%) cabezonas, 118 (13,32%) siete quillas, 3 (0,34%) carey y 1 (0,11%) olivácea. Las dos últimas no se tuvieron en cuenta para los mapas de densidad por su baja incidencia.

    La zona atlántica presenta la mayor concentración de tortugas verdes (densidad media ± DT = 15,74 ± 30,88), seguida de la cabezona (7,61 ± 11,31) y la siete quillas (2,35 ± 2,26). Destaca el área norte de esta zona como punto de alta densidad de varamientos de las tres especies. Los ejemplares de carey y olivácea aparecieron también en esta zona.

    En el estuario, la zona exterior es la que presenta mayor concentración de varamientos de las tres especies (Tabla 1). En cambio, en la zona interior los varamientos son muy escasos debido probablemente a la baja densidad de tortugas, entre otras características, por la baja salinidad en esta zona.

    Tabla 1. Densidad de varamientos (número de varamiento por 10 km de costa) por especie y por zona geográfica en la costa de Uruguay: (1) zona Río de la Plata interior; (2) zona Río de la Plata exterior; (3) Zona atlántica; N: número total de varamientos por especie en cada una de las zonas; DT: Desviación típica.

    La tortuga verde es la especie con mayor densidad de varamientos en la costa uruguaya (7,15 ± 19,18). En estudios anteriores se identificó la costa uruguaya cómo un importante área de alimentación y desarrollo para los juveniles de C. mydas (Laporta et al. 2006), principalmente las zonas estuarina exterior y atlántica (Fig. 1).

    La tortuga siete quillas presenta mayor densidad en la zona estuarina exterior (4 ± 2,29). Aunque es una especie principalmente de ambientes oceánicos, López-Mendilaharsu et al. (2009) identificaron el estuario del Río de la Plata cómo un área de alimentación para esta especie, particularmente durante los meses cálidos (diciembre-abril).

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    La cabezona presenta una distribución uniforme en las zonas estuarina exterior y atlántica, destacando el elevado número de varamientos en la zona oriental del Departamento de Rocha, en la zona atlántica.

    En la zona atlántica encontramos más varamientos durante los meses cálidos; lo que coincide con los datos obtenidos por Monteiro (2004) en Rio Grande do Sul (Brasil). Para la zona estuarina el máximo se produce en otoño (marzo-junio).

    Figura 1. Mapas de la costa de Uruguay, con los cinco departamentos costeros (Colonia, San José, Montevideo, Canelones, Maldonado y Rocha). En cada uno de los mapas se muestra la densidad, por secciones de 10 km, de varamientos de tortugas marinas registradas por la Red de Varamientos entre 1999 y 2010 para cada una de las especies: C. mydas (●), C. caretta (▲) y D. coriacea (■) (notar los diferentes rangos de número de varamientos). Las estrellas indican los principales puertos y asentamientos pesqueros (de Oeste a Este): Kiyú, Playa Pascual, Pajas Blancas, Montevideo, Buceo, Lagomar, Atlántida, San Luis, Piriápolis, Solis, Punta Fría, La Barra, Jose Ignacio, La Paloma, Cabo Polonio, Barra de Valizas y Punta del Diablo. Escala: 1:3.500.000. Sistema de coordenadas: GCS_WGS_1984.

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    En la mayoría de los casos es difícil asociar la causa de varamiento, debido al estado de descomposición o bien a la imposibilidad de analizar directamente el ejemplar varado.

    Se identificó la causa de varamiento en 186 casos (21% del total, siendo 146 verdes, 23 cabezonas y 17 siete quillas). En éstos, la interacción con pesquerías ha sido una de las principales causas de varamiento detectadas (en verde el 20,5%; en cabezona el 26,1% y en siete quillas el 94,1% de los varamientos).

    Para la tortuga verde otra causa importante fue la obstrucción intestinal por ingestión de residuos sólidos, principalmente por plásticos (22% de 146 tortugas). El 89% de estos casos provienen de la zona atlántica. Otras causas de varamientos detectadas fueron, hipotermia y colisiones con embarcaciones.

    Aunque se observan variabilidad en los registros año a año, el número anual de varamientos presenta una correlación positiva con el tiempo; lo cual puede indicar que la Red, si bien mejora en su eficacia, aun no registra la totalidad de los varamientos que se producen. Esto se observa en el Departamento de Rocha (zona atlántica), donde Karumbé desarrolla muestreos de playas durante los meses cálidos. Tales muestreos registraron un total 221 varamientos que no fueron detectados por la red.

    Estas evidencias indican que la Red de varamientos aun no contempla el número total de varamientos en las costas uruguayas, y que precisa de una mayor difusión para mejorar su eficacia. Sin embargo, los datos obtenidos aportan importante información sobre el número de especies y su abundancia relativa, así como sobre las principales amenazas, en las diferentes zonas de la costa uruguaya.

    Agradecimientos

    A los integrantes, técnicos y voluntarios de Karumbé. Agradecemos el apoyo de los siguientes proyectos: CGL2011-30413 del MICNN (España) y la acción especial UV-INV-AE11-42960 de la Universidad de Valencia. Permiso Fauna: 73/08.

    Referências Bibliográficas

    Achaval, F. 2001. Actualización sistemática y mapas de distribución de los reptiles del Uruguay. Smithsonian Herpetological Information Service 129.

    ESRI. 2011. ArcGIS Desktop: Release 10. Redlands, CA: Environmental Systems Research Institute.

    Estrades, A, M.N. Caraccio, F. Scarabino, e H. Caymaris. 2007. Presencia de la tortuga carey (Eretmochelys imbricata) en Uruguay. Página 51. Resúmenes III Reunión Sobre Investigación y Conservación de Tortugas Marinas del ASO. Piriápolis, Uruguay.

    Google Inc. 2009. Google Earth (versión 5.2.1.1588).

    International Union for Conservation of Nature (IUCN). 2011. Red list of threatened animals. Disponible en: http://www.redlist.org. Acceso 31/07/2011.

    Laporta, M., P. Miller, M. Ríos, A. Bauzá, A. Aisenberg, M.A. Pastorino, e A. Fallabrino. 2006. Conservación y manejo de tortugas marinas en la zona costera uruguaya. Páginas 259-269. En Menafra R, Rodríguez-Gallego

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    L, Scarabino F y Conde D (Eds.). Bases para la conservación de la costa uruguaya. Vida Silvestre Uruguay, Montevideo.

    López-Mendilaharsu, M., C.F.D. Rocha, P. Miller, A. Domingo, e L. Prosdocimi. 2009. Insights on leatherback turtle movements and high use areas in the Southwest Atlantic Ocean. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 378:31-39.

    Monteiro DS. 2004. Encalhes e interação de tartarugas marinhas com a pesca no litoral do Rio Grande do Sul. Monografia (Graduação em Biologia). FURG.

    Tomás, J., F.J. Aznar, e J.A. Raga. 2001. Feeding ecology of the loggerhead turtle Caretta caretta in the western Mediterranean. Journal of Zoology, London 255:525-532.

    Tomás, J., P. Gozalbes, J.A. Raga, e B.J. Godley. 2008. Bycatch of loggerhead sea turtles: insights from 14 years of stranding data. Endangered Species Research 5:167-169.

    Witt, M.J., R. Penrose, e B.J. Godley. 2007. Spatio-temporal patterns of juvenile marine turtle occurrence in waters of the European continental shelf. Marine Biology 151:873-885.

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    CAUSAS DE MORTALIDAD EN JUVENILES DE Chelonia mydas EN EL ÁREA COSTERO MARINA PROTEGIDA “CERRO VERDE E ISLAS DE LA CORONILLA”, URUGUAy

    Luciana Alonso1,*, y Gabriela Vélez-Rubio1

    1 Karumbé, Avda. Gral Rivera 3245, CP 11200, Montevideo

    * ([email protected])

    Palabras-clave: mortalidad, conservación, residuos sólidos, interacción con pesquerías

    Introducción

    La región del Atlántico Sur Occidental (ASO) constituye un área de alimentación y desarrollo para individuos juveniles de Chelonia mydas, listada como “en Peligro” de extinción por la IUCN (2011). Las principales amenazas para esta especie en la región son la interacción con pesquerías y residuos antropogénicos sólidos (Bugoni et al. 2001; Albareda et al. 2007; Alonso et al. 2009). En Uruguay el Área Costero Marino Protegida (ACMP) de Cerro Verde e Islas de La Coronilla (Rocha), destacada por su gran biodiversidad y valor ecológico, constituye una de las más importantes zonas de alimentación para C. mydas en el país, de valor crítico a escala regional (López-Mendilaharsu et al. 2006). Estudios preliminares mostraron que las principales causas de mortalidad para esta especie son la interacción con artes de pesca y enredo o ingesta de desechos sólidos (Alonso et al. 2009).

    Este estudio tiene por objetivo determinar las principales causas de mortalidad de C. mydas en el ACMP Cerro Verde e Islas de La Coronilla, durante los últimos cuatro años, analizar su variación a lo largo del tiempo y la posible asociación entre la muerte por ingesta de desechos sólidos y las tallas de las tortugas.

    Metodología

    El área de estudio se encuentra centrada en Cerro Verde (33º56’ S – 53º 29’ O) y se extiende 41 km desde Punta del Diablo (34º02’ S – 53º32’ O) hasta Barra del Chuy (33º44’ S – 53º 22’ O). La línea de costa comprende una extensa playa arenosa desde el límite con Brasil hasta Punta Coronilla, a partir de la cual se intercalan arcos de playas con cabos rocosos.

    Durante enero-marzo 2008 y enero-abril 2009, 2010 y 2011 se relevaron los varamientos de C. mydas a través de censos de playa semanales y reportes a la Red de Varamientos y Rescate de Tortugas Marinas de Karumbé. Se midió el largo estándar curvo del caparazón (LCC) y se examinó externamente a todas las tortugas a fin de registrar traumas, heridas y evidencias de interacción con actividades humanas. Dependiendo del estado de descomposición, se practicó una necropsia a fin de determinar la causa de muerte, la cual fue asignada sólo cuando las evidencias eran suficientes para hacerlo de modo inequívoco.

    Para estudiar variaciones temporales en la incidencia de las distintas causas de muerte se utilizó la prueba Chi-Cuadrado de Tendencia. Para analizar variaciones en las tallas entre años y entre causas de muerte se utilizó la prueba de ANOVA de una vía y comparaciones por pares por el método de Tukey. Cuando no se cumplieron los supuestos de normalidad y/o homogeneidad de varianzas los datos fueron transformados

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    utilizando log 10. Cuando los datos transformados no cumplieron con los supuestos se utilizaron las pruebas no paramétricas de Mann-Whitney y Kruskal-Wallis. Las pruebas fueron ejecutadas con el programa BioEstat versión 3.0 (Ayres et al. 2003).

    Resultados y Discusión

    Durante el período de estudio se registraron 185 juveniles de C. mydas varados muertos o encontrados con vida que murieron durante el proceso de rehabilitación. A través de 123 necropsias practicadas, las causas de muerte fueron ingesta de residuos sólidos, 34,9%, e interacción con artes de pesca, 32,5% (redes de enmalle de pesquerías artesanales y de subsistencia/deportivas), mientras que en los casos restantes fue indeterminada. La causa de muerte por ingesta incluyó principalmente obstrucción del intestino por formación de fecalomas, necrosis, úlceras y perforaciones de estómago e/o intestino. Durante 2008, los casos de interacción con pesquerías estuvieron asociados al esfuerzo de un sólo pescador. En particular durante 2009, se registró un varamiento masivo de 32 individuos asociado al esfuerzo pesquero de la flota artesanal de Punta del Diablo. Si bien el área no se destaca por ser una zona de alta actividad pesquera, los resultados presentados muestran que eventos aislados pueden generar un alto impacto. La mortalidad por interacción con pesquerías e ingesta de residuos sólidos en C. mydas varadas registrada en este estudio presenta las tasas más elevadas para la región del ASO (Bugoni et al. 2003; Monteiro, 2004; Guebert-Bartholo et al. 2011; Stahelin et al. 2011).

    Mientras que se registró una tendencia creciente en la incidencia de residuos en las causas de muerte (GL = 1; χ2 = 16,57; P < 0,01), la interacción con artes de pesca decreció (GL = 1; χ2 = 13,30; P < 0,01) a lo largo de los años (Tabla 1). Dado que la producción de residuos sólidos sigue incrementándose, es de esperar que la tendencia de esta causa de muerte siga en aumento durante los próximos años.

    Tabla 1. Varamientos y causas de muerte de individuos juveniles de Chelonia mydas en el ACMP de Cerro Verde e Islas de La Coronilla, Uruguay.

    La talla de tortugas muertas por ingesta de residuos en 2008, 2009 y 2010, fue menor al del resto de los animales varados en los respectivos años, mientras que en 2011 no se registraron diferencias significativas (Tabla 2). Estos resultados podrían deberse a la cercanía al cambio ontogenético en su dieta y/o a una mayor vulnerabilidad de los individuos de pequeñas tallas a presentar obstrucciones.

    La talla media de tortugas que murieron por ingesta durante los distintos años aumentó significativamente entre 2010 (LCC = 32,6 ± 2,0) y 2011 (LCC = 37,8 ± 5,8) (Kruskal-Wallis; GL = 3; H = 9,62; P < 0,05), variación que podría estar asociada a un incremento en el nivel de contaminación del ambiente marino, o bien a que las tortugas podrían haberse alimentado en zonas más degradadas. Las tallas de los individuos que murieron por otras causas varió entre 2009 (LCC = 46,2 ± 1,4) y 2011 (LCC = 38,1 ± 5,0) (ANOVA; GL = 3; SC = 593,48; F =

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    2,83; P < 0,05). Este resultado puede explicarse por el varamiento masivo debido a interacción con pesquerías registrado el primer año, ya que los individuos varados por dichas causas presentan mayores tallas (Alonso et al. 2009).

    Tabla 2. Análisis de varianza de tallas de juveniles de Chelonia mydas en el ACMP de Cerro Verde e Islas de La Coronilla, Uruguay de acuerdo a causas de mortalidad.

    Grados de libertad (GL), suma de cuadrados (SC), radio de Fisher (F), valor estadístico U de Mann-Whitney (U) y nivel de significancia (P).

    Durante el presente trabajo se registró el impacto directo de la ingesta de residuos sobre la mortalidad. Pero cabe destacar, que los efectos indirectos pueden ser aún mayores, dado que la ingesta podría disminuir las tasas de crecimiento extendiendo el período de desarrollo de mayor vulnerabilidad a depredadores y retrasar la madurez sexual aumentando la probabilidad de mortalidad antes de alcanzar al estadío reproductivo (MacCauley y Bjorndal 1999).

    Dada la gran mortalidad de juveniles de C. mydas por ingesta de residuos sólidos registrada, así como por su tendencia en aumento y los antecedentes de la región del ASO en materia de esta amenaza, resulta crítico y urgente desarrollar estrategias de conservación a escala regional que permitan optimizar esfuerzos y mitigar esta problemática.

    Agradecimientos/Financiadores

    Agradecemos a RSGF por su apoyo financiero, a los miembros de Karumbé, técnicos y voluntarios que colaboraron con el estudio.

    Referencias Bibliográficas

    Albareda, D., K. Álvarez, M. Iglesias, L. Prosdocimi, y V. González-Carman. 2007. ¡¡¡No te comas mi basura!!! Evidencia de ingestión de desechos antrópicos en tortugas verdes (Chelonia mydas) del Estuario del Río de La Plata y la Bahía de Samborombón – Pcia. de Buenos Aires – Argentina. Páginas 39-40 en A. Estrades (Ed.). Libro de resúmenes de las III Jornadas de Conservación e Investigación de Tortugas Marinas en el Atlántico Sur Occidental (ASO), Piriápolis.

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    Alonso, L., G. Martínez-Souza, L. Berrondo, y I. Triquez. 2009. Monitoreo de la tortuga verde juvenil, Chelonia mydas, en el área de Cerro Verde, Uruguay. Páginas 40-42 en L. Prosdocimi, y V. González Carman (Eds.). Libro de resúmenes de las IV Jornadas de Conservación e Investigación de Tortugas Marinas en el Atlántico Sur Occidental (ASO), Mar del Plata.

    Ayres, M., J.M. Ayres, D.L. Ayres, y A.S. Santos. 2003. BioEstat 3.0: aplicações estatísticas nas áreas das ciências biológicas e médicas. Sociedade Civil Mamirauá, Manaus.

    Bugoni, L., L. Krause, y M.V. Petry. 2001. Marine debris and human impacts on sea turtles in southern Brazil. Marine Pollutin Bulletin 42:1330-1334.

    Guebert-Bartholo, F.M., M. Barletta, M.F. Costa, y E.L.A. Monteiro Filho. 2011. Using gut contents to assess foraging patterns of juvenile green turtles Chelonia mydas in the Paranaguá Estuary, Brazil. Endangered Species Research 13:131-143.

    International Union for Conservation of Nature (IUCN). 2011. Red list of threatened animals. Disponible en: http://www.redlist.org. Acceso 13/06/2011.

    López-Mendilaharsu, M., A. Estrades, M.N. Caraccio, V. Calvo, M. Hernández, y V. Quirici. 2006. Biología, ecología y etología de las tortugas marinas en la zona costera uruguaya. Páginas 247-257 en R. Menafra, L. Rodríguez-Gallego, F. Scarabino, y D. Conde (Eds.). Bases para la conservación de la costa uruguaya. Vida Silvestre Uruguay, Montevideo.

    MacCauley, S.J., y K.A. Bjorndal. 1999. Conservation implications from dietary dilution from debris ingestion: sublethal effects in post-hatchling loggerhead sea turtles. Conservation Biology 13:925-929.

    Monteiro, D. 2004. Encalhes e interação de tartarugas marinhas com a pesca no litoral do Rio Grande do Sul. FURG, 58 pp.

    Stahelin, G.D., M.C. Hennemann, D.W. Goldberg, C.T.Cegoni y J. Wanderlinde. 2011. Marine debris ingestion by Chelonia mydas in Santa Catarina coast, southern Brazil. 31st Annual Symposium on Sea Turtle Biology and Conservation, San Diego, USA.

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    ENCALHES DE TARTARUGAS MARINHAS NO LITORAL SUL DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

    Andrine P. da Silva1,*, Danielle S. Monteiro1, e Sérgio C. Estima1

    1 Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental–NEMA. Rua Maria Araújo, 450, CEP 96.270-480, Rio Grande/RS.

    * ([email protected]).

    Palavras–chave: monitoramento, mortalidade, tartarugas marinhas.

    Introdução

    Cinco espécies de tartarugas marinhas utilizam a costa brasileira para alimentação e reprodução - Caretta caretta, Chelonia mydas, Dermochelys coriacea, Eretmochelys imbricata e Lepidochelys olivacea (Marcovaldi e Marcovaldi 1999).

    No Rio Grande do Sul-RS há registros das cinco espécies de tartarugas marinhas (Pinedo et al. 1998). A maior parte das ocorrências é referente a encalhes de espécimes mortos de C. caretta, C. mydas e D. coriacea que utilizam esta região para alimentação (Pinedo et al. 1998; Bugoni et al. 2003; Barros 2007). Os encalhes são frequentes, principalmente nos meses de primavera e verão (Monteiro 2004).

    A plataforma continental no sul do Brasil está sob a influência da Convergência Subtropical, tornando esta região um ambiente com elevada produtividade (Castello et al. 1998) e intensa atividade pesqueira direcionada a peixes demersais (Haimovici et al. 1998).

    A captura incidental na pesca é a maior causa de mortalidade de tartarugas marinhas (Oravetz 1999). A poluição dos oceanos também é uma ameaça, principalmente para C. mydas, devido a ingestão de resíduos antropogênicos (Bugoni et al. 2003; Barros 2007).

    Este trabalho tem o objetivo de caracterizar os encalhes de tartarugas marinhas no litoral sul do RS, com relação às espécies, tamanhos, variações anuais e sazonais.

    Metodologia

    A área de estudo estende-se da Barra da Lagoa do Peixe (31°20’S/051°05’W) até a Barra do Arroio Chuí (33°45’S/053°22’W). Esta área é monitorada mensalmente percorrendo um total de 355 km de praia.

    Entre janeiro/2005 e dezembro/2010 foram percorridos 21881 km. Para cada indivíduo encalhado foi realizada a identificação da espécie e a medida do comprimento curvilíneo da carapaça (CCC).

    Os espécimes foram classificados em imaturos ou adultos utilizando como base o tamanho mínimo das fêmeas que desovam no Brasil. Foram considerados imaturos os espécimes de C. caretta com tamanho inferior a 83cm (Baptistotte et al. 2003), de C. mydas inferior a 101cm (Moreira et al. 1995), de D. coriacea inferior a 139cm (Thomé et al. 2007), de L. olivacea inferior a 62,5cm (Silva et al. 2007) e para E. imbricata inferior a 86cm (Marcovaldi et al. 1999).

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    Devido às diferenças no esforço de amostragem os dados foram transformados em índices de abundância de tartarugas marinhas para cada 10 km (I10) de praia.

    Resultados e Discussão

    Foram registradas 2734 tartarugas marinhas encalhadas, pertencentes as cinco espécies. Em 20 indivíduos não foi possível a identificação da espécie. A espécie C. caretta foi a mais frequente em todos os anos, com 1436 espécimes mortos, seguida de C. mydas com 951 encalhes e D. coriacea com 219 encalhes (Tabela 1). Além destes, foram registradas vivas 7 C. caretta, 69 C. mydas e 2 E. imbricata.

    Tabela 1. Encalhes e índice de abundância de tartarugas marinhas por 10 km de praia monitorados (I10) no litoral sul do Rio Grande do Sul, entre os anos de 2005 e 2010.

    Foi observada variação sazonal nos encalhes. Para C. caretta os maiores índices ocorreram nos meses de novembro a abril. Para D. coriacea o aumento do índice foi de novembro a janeiro. Os maiores índices de encalhes de C. mydas ocorreram nos meses de outubro a abril (Fig. 1).

    Figura 1. Índice mensal de encalhes de tartarugas marinhas por 10 km de praia monitorados (I10) no litoral sul do Rio Grande do Sul, entre os anos de 2005 e 2010.

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    Em quatro destes seis anos foram registradas as cinco espécies de tartarugas, com aumento significativo em 2010 de L. olivacea e E. imbricata. Para D. coriacea em 2005 foi registrado um encalhe em massa de 97 tartarugas (Tabela 1).

    Comparando os resultados deste estudo com os dados de Monteiro (2004) que registrou 994 encalhes de tartarugas entre 1995 e 2004, nas praias do RS, destas 496 C. caretta, 347 C. mydas e 106 D. coriacea, observa-se que triplicou o número de encalhes de C. caretta e C. mydas e dobrou o de D. coriacea.

    Os espécimes de C. caretta apresentaram CCC médio de 72,8 cm (n = 1097, mín = 33 cm, máx = 115cm, dp = 12,4 cm). Para C. mydas o tamanho médio foi de 39,8 cm (n = 964, mín = 26 cm, máx = 78, dp = 6,08 cm), D. coriacea 135,5 cm (n = 126, mín = 65cm, máx = 168cm, dp = 13,4cm), E. imbricata 40,2 cm (n = 17, mín = 29 cm, máx = 60 cm, dp = 8,6 cm) e L. olivacea 62,2 cm (n=15, mín = 50,5 cm, máx = 75cm, dp = 6,2cm). Padrão semelhante foi observado por Monteiro (2004) para C. caretta, C. mydas e D. coriacea. Entretanto, para L. olivacea, Monteiro (2004) encontrou CCC médio de 67 cm, um pouco superior ao do presente estudo.

    A maioria dos encalhes, com exceção de L. olivacea foi de espécimes imaturos, correspondendo a 78,3% das C. caretta, 55,5% das D. coriacea, 26,6% das L. olivacea e 100% das C. mydas e E. imbricata.

    Entretanto, em dezembro/2009 e junho/2010 foram registradas mortas duas fêmeas de C. caretta com CCC de 97 cm e 90 cm, marcadas pelo Projeto TAMAR/ICMBio em Comboios/ES em 2007 e 2009, respectivamente. Em abril/2010 foi registrada morta uma fêmea de L. olivacea com CCC de 75 cm anilhada em Pirambu/SE em 2009 pelo Projeto TAMAR/ICMBio. Estas informações reforçam a hipótese de que o RS é uma área de alimentação para C. caretta e que também pode ser utilizada por alguns indivíduos de L. olivacea.

    O grande aumento no número de encalhes de C. caretta, L. olivacea e E. imbricata pode estar relacionado ao crescimento das populações destas espécies no Brasil (Marcovaldi e Chaloupka 2007; Marcovaldi et al. 2007; Silva et al. 2007). Outra hipótese para o aumento pode ser atribuída a mudanças na dinâmica das frotas pesqueiras e/ou incremento do esforço de pesca na região.

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    ESTIMATIVA DE IDADE PARA TARTARUGAS-VERDES (Chelonia mydas) DA REGIÃO DE CANANÉIA, SP, BRASIL

    Ana Paula de S. Maistro1, Fabiano G. Costa2, e Ana Cristina V. Bondioli1

    1 Instituto de Pesquisas Cananéia – IPeC. Rua Tristão Lobo, 199, CEP 11.990-000, Canan