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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM LINHA DE PESQUISA DISCURSO, CULTURA E INTERAÇÃO EM CONTEXTOS PROFISSIONAIS E ESPONTÂNEOS CADERNO DE RESUMOS V JORNADA DE ESTUDOS DO DISCURSO PUC-RIO 20 e 21 de outubro de 2011 Interação em contextos urbanos contemporâneos: construindo sentidos no discurso

V Jornada do Discurso_2011_Puc_RJ

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IMPRENSA, COMUNICAÇÃO E CIDADE: ESTUDOS DE PODER NA IMPRENSA CARIOCA ENTRE OS SÉCULOS XIX E XX Rodrigo Augusto Silva Marcelino (UFF)

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM

LINHA DE PESQUISA

DISCURSO, CULTURA E INTERAÇÃO EM CONTEXTOS PROFISSIONAIS E ESPONTÂNEOS

CADERNO DE RESUMOS

V JORNADA DE ESTUDOS DO DISCURSO

PUC-RIO

20 e 21 de outubro de 2011 Interação em contextos urbanos contemporâneos:

construindo sentidos no discurso

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2 V JORNADA DE ESTUDOS DO DISCURSO - PUC-Rio - 2011

V JORNADA DE ESTUDOS DO DISCURSO

PUC-RIO

20 e 21 de outubro de 2011 Interação em contextos urbanos contemporâneos:

construindo sentidos no discurso

CADERNO DE RESUMOS

Rio de Janeiro – RJ

Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem

PUC-Rio

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3 V JORNADA DE ESTUDOS DO DISCURSO - PUC-Rio - 2011

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO – PUC-Rio

Prof. Pe. Josafá Carlos de Siqueira. S.J. Reitor Pe. Francisco Ivern Simó, S.J. Vice-reitor Prof. Dr. Júlio César Valladão Diniz Diretor do Departamento de Letras Profa. Dra. Erica dos Santos Rodrigues Coordenadora de Graduação Profa. Dra. Maria das Graças Dias Pereira Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem Profa. Dra. Inés Kayon de Miller Coordenadora Adjunta do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem Profa. Dra. Rosana Khol Bines Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Literatura, Cultura e Contemporaneidade Profa. Dra. Eneida Leal Cunha Coordenadora Adjunta do Programa de Pós-Graduação em Literatura, Cultura e Contemporaneidade Profa. Dra. Erica Rodrigues dos Santos Prof. Dr. Alexandre Montaury Baptista Coutinho Coordenação das Atividades Complementares Prof. Dr. Alexandre Montaury Baptista Coutinho Coordenador de Graduação do Curso de Artes Cênicas Profa. Dra. Silvia Beatriz A. Becher Costa Coordenadora Geral dos Cursos de Extensão e Especialização e IPEL Digerlaine Gomes Tenório Assessora de Direção Francisca Ferreira de Oliveira Daniele de Oliveira Cruz Secretária da Pós-Graduação Lusinete Patrício de Araújo Secretária da Pós-Graduação Daniela Polycarpo Silva Santos Secretária da Graduação Rodrigo Santana Pinheiro Auxiliar Administrativo

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COMISSÃO ORGANIZADORA

Profa. Dra. Liliana Cabral Bastos

Carolina Scali Abritta Cinara Monteiro Cortez Débora Marques

Liana de Andrade Biar Lívia Miranda de Oliveira

Talita de Oliveira

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APRESENTAÇÃO

É com satisfação que a Comissão Organizadora da V Jornada de Estudos do Discurso (V JED) disponibiliza o caderno de resumos da edição 2011 do evento. Vinculado à linha de pesquisa Discurso, Cultura e Interação em Contextos Profissionais e Espontâneos do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem, da PUC-Rio, o evento objetiva reunir pesquisadores de diversas instituições para refletir sobre a relação entre os estudos da linguagem e interação e a pesquisa social. A V JED pretende mostrar como a linguagem, aliada ao estudo da interação, é ferramenta fundamental em diversas áreas de conhecimento, especialmente naquelas que se dediquem aos estudos culturais, educacionais e do mundo do trabalho.

A ideia da V JED é que diferentes programas de pós-graduação possam dialogar em um formato de evento que privilegia as teses e dissertações em andamento na área, agrupadas tematicamente e apresentadas com mediação que efetivamente promova debates entre pesquisadores com interesses afins. Nesse sentido, alunos com pesquisas em andamento em Linguística, Linguística Aplicada, Educação, Fonoaudiologia, Ciências Sociais, entre outras áreas, afilados a diferentes tradições teórico-epistemológicas, submeteram seus trabalhos, que foram alocados nas nove sessões temáticas do evento. Na edição 2011 da JED, as seguintes instituições estão representadas: PUC-Rio, UFRJ, UERJ, UFF, UNIRIO, Unisinos, Universidade Presbiteriana Mackenzie-SP, UEG, UFJF, UFU, UFPE, UFES e IFES.

A Comissão Organizadora gostaria de agradecer a Luiz Paulo da Moita Lopes, Paulo Cortes Gago, Branca Fallabela Fabrício, Diana Pinto, Amitza Torres Vieira, Maria do Carmo Leite de Oliveira e Maria das Graças Dias Pereira por terem aceitado tão prontamente ao convite para participarem como palestrantes do evento. Agradecemos, também, aos funcionários da Pós-Graduação do Departamento de Letras da PUC-Rio, em especial a Digerlaine Gomes Tenório, por todo auxílio e orientação prestados. Registramos, ainda, nossos agradecimentos aos colegas do Grupo de pesquisa Narrativa, Interação e Trabalho (G-NIT) pela privilegiada interlocução no curso da organização do evento. Por fim, gostaríamos de agradecer aos professores da PUC-Rio e de outras instituições que se dispuseram a participar do evento como debatedores e dar as boas vindas a todos os participantes do evento, na expectativa de que as discussões sejam produtivas.

A Comissão Organizadora da V JED

Rio de Janeiro, outubro de 2011.

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CADERNO DE RESUMOS

DIA 20/10 (QUINTA-FEIRA) SESSÃO 1 (11h-13h) (Sala L-512)

Debatedora: Inês Miller (PUC-Rio)

A EDUCAÇÃO COMO UM SONHO – EXPECTATIVAS DE SUCESSO EM REDAÇÕES DE ALUNOS DE UMA ESCOLA PÚBLICA

William Soares dos Santos (UFRJ) Este trabalho tem como objetivo a análise de redações de alunos de uma escola pública do sistema estadual de ensino na cidade do Rio de Janeiro, localizada no subúrbio, a fim de compreender, através de seus relatos escritos, suas expectativas em relação a serem bem-sucedidos. O ato de leitura é visto como um fenômeno social em que o fluxo de informação opera no diálogo que o leitor realiza com o texto escrito. A pesquisa se alinha ao paradigma de investigação interpretativista. A análise enfocou trechos de redações nos quais os alunos construíram a educação como um sonho a ser conquistado. A educação aparece em seus discursos como um elemento a ser possuído e que faz parte das expectativas em relação ao que é ser bem sucedido. Os resultados apontam para a percepção de que, ao construírem diversas formas de acesso à educação como um sonho, os alunos; a) evidenciam uma das principais formas de divisão de classes de sua sociedade, aquela que separa aqueles que têm e os que não têm acesso à educação; b) eles ratificam discursivamente a percepção de que a educação é um bem de valor como, por exemplo, uma casa ou um carro, mas; c) eles, muitas vezes, não sabem como conquistar nem o que fazer com este bem. NOS BASTIDORES DA ORIENTAÇÃO: REPRESENTAÇÕES IDEOLÓGICAS NO DISCURSO DO PROFESSOR-ORIENTADOR SOB O ENFOQUE DA ACD

Silvia Adélia Henrique Guimarães (UERJ) A preocupação com os vários segmentos da educação e pesquisa no Brasil tem despertado interesse no papel científico-educacional do professor-orientador nas últimas décadas, levando alguns pesquisadores a abordar o tema (BIANCHETTI E MACHADO, 2006). Este, contudo, é pouco refletido a

V JORNADA DE ESTUDOS DO DISCURSO PUC-RIO

20 e 21 de outubro de 2010

Interação em contextos urbanos contemporâneos: construindo sentidos no discurso

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partir da voz do orientador, tampouco pelos referenciais teórico-metodológicos da Linguística Aplicada. Neste sentido, procurei responder, através da Análise Crítica do Discurso (ACD), como representações ideológicas se materializam no discurso do orientador (FAIRCLOUGH, 1997; HALL, 2008; MAGALHÃES, 2001). De cunho interpretativo (ALVEZ-MAZZOTTI, 1999), a pesquisa de mestrado em andamento conta com dados extraídos de entrevistas a seis orientadores de mestrado em Linguística e Linguística Aplicada, representantes das esferas federal, estadual e privada, no Rio de Janeiro. Trabalhei, aqui, um recorte que emergiu da pergunta “Por que orienta?”. Analisei o corpus a partir da Teoria da Avaliatividade (WHITE, 2004), concentrando-me no subsistema da atitude, realizado semanticamente no afeto, julgamento e apreciação. Tal análise foi interpretada em nível macro pelos referenciais teórico-metodológicos da ACD (FAIRCLOUGH, 2003). Os principais resultados deste trabalho sugerem que faz parte das crenças desses sujeitos: a) a necessidade do fazer do orientador para a formação de pesquisadores; b) competência, especialidade e experiência integram o seu fazer; c) a polaridade negativa das circunstâncias que envolvem seu fazer; d) a participação mais acadêmica do que política do seu fazer. O início da pesquisa apresenta aspectos práticos, primeiro pela reflexão gerada nos próprios entrevistados sobre seus papeis e atribuições; e pela atualização do aporte teórico, aplicado a um tema ainda pouco explorado. Estes resultados puderam ser avaliados em sua dimensão social, propondo desnaturalização de questões já cristalizadas sobre o processo de orientação e apontando novos e possíveis caminhos ainda não sistematizados pelos estudos já publicados. O TWITTER SOB A PERSPECTIVA DA ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO: UMA ANÁLISE DO DISCURSO EM TWEETS SOBRE A PROFISSÃO-PERIGO PROFESSOR

Carla Cristina de Souza (UERJ) Marcela da Silva Amaral (UERJ)

Silvia Adélia Henrique Guimarães (UERJ) Este trabalho tem como objetivo analisar os discursos sobre a profissão professor no gênero digital twitter, a fim de investigar se existem formações ideológicas e hegemônicas e como elas são representadas nesse microblogging. Considerando o twitter um gênero, perguntamos primeiramente como ele pode ser identificado, e se há regras e prescrições para esse gênero. Buscando assim, contribuir teoricamente com os estudos sobre a nova ferramenta digital. Perguntamos ainda como o tuiteiro negocia a sua relação com seu leitor e que imagem de si ele projeta em seu tweet. Partindo de uma notícia muito difundida na mídia sobre a agressão a uma professora em Porto Alegre, selecionamos noventa e um tweets para a análise. Para tanto, buscamos apoio teórico em FAIRCLOUGH (1997, 2001, 2003), focando nos três tipos de significado que correspondem aos modos de interação entre discurso e prática social. Inicialmente destacamos a naturalização do discurso do professor como refém dos valores ideológicos que circulam na sociedade; e a ênfase dada ao aluno-agressor, que apesar de bastante criticado, é empoderado em suas ações. Preliminarmente, observamos que os comentários desvelam uma crença de cristalização da violência contra o

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professor, visto que os recortes discursivos sugeriram indignação, porém sem ações que redundassem em mudanças neste tipo de violência. Ademais, o twitter se mostra como um gênero que incorpora uma mescla de outros gêneros, como a notícia e a propaganda, e que, na assertividade dos comentários, incorpora e reproduz valores ideológicos também difundidos nesses gêneros. Além da fomentação de reflexões sobre as representações ideológicas socialmente difundidas sobre a profissão professor. NARRATIVAS DE UMA PRESTADORA DE SERVIÇOS GERAIS - CO-CONSTRUÇÕES IDENTITÁRIAS

Luane Pontes (PUC-Rio) Neste trabalho, identifico e analiso episódios narrativos emergidos em entrevista de uma jovem de classe popular, funcionária de serviços gerais. Busco, ao examinar sua fala, identificar conteúdos que ela torna relevante; compreender como co-constrói suas identidades e como percebe essas identidades na hierarquia social que habita. Os dados em estudo foram gerados em situação de entrevista, no quadro de uma pesquisa qualitativa e interpretativista, e analisados com base em uma perspectiva sociointeracional do discurso. A concepção teórica de identidade adotada está situada no contexto de estórias relatadas em entrevistas de pesquisa. É através das estórias de vida1 (Linde, 1993, Bastos, 2005) que o indivíduo (re)constrói suas identidades, já que, ao verbalizarmos nossas estórias contamos como nos tornamos o que somos e o que queremos parecer ser. Segundo Labov e Waletzky (1967) e Labov (1972), narrativa “é um método de recapitular experiências passadas”. No presente estudo utilizarei uma revisão dos elementos labovianos propostas em Bastos (2005 e 2008) para identificação dos episódios narrativos. Deste modo, a compreensão de narrativa aqui sé dá em alinhamento à definição de Goffman (1947b, p.506). O ato de narrar então não se restringe ao simples ato de (re)contar, é uma apresentação performática de um show, em que o narrador envolve o interlocutor com experiências passadas, situações correntes ou ainda projeções futuras e/ou hipotéticas. Desempenhando assim o “papel da narrativa enquanto ação no mundo social, no processo de construção das identidades sociais” (Moita Lopes, 2001). A análise inicial das narrativas me permitiu observar algumas dimensões do mundo em que a entrevistada vive e como os sentidos são co-construídos por ela. Enquanto profissional se constrói como humilhada e em relação a sua vida pessoal, as identidades de filha rejeitada e mãe dedicada, que luta de maneira inabalável para criar suas filhas e dar-lhes um futuro melhor, são enaltecidas.

1 Life Stories

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SESSÃO 2 (11h-13h) (Sala L-110)

Debatedora: Sonia Bittencourt Silveira (UFJF) TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH): A CO-CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES NA INTERAÇÃO MÉDICO-MÃE-CRIANÇA, EM CONTEXTO DE CONSULTA PEDIÁTRICA

Ilioni Augusta da Costa (Ifes, PUC-Rio) O presente estudo foi desenvolvido como parte do projeto de doutorado (em andamento) sobre TDAH e posicionamentos identitários, em contexto de consulta pediátrica, sob a perspectiva da voz do médico, dos pais/cuidadores e da criança. Os fundamentos teóricos são da Sociolinguística Interacional (SI), conforme proposições de Gumperz (1982, 1998) e Goffman (1978, 1985), em que exploro as noções goffmanianas de enquadre, alinhamento e estrutura de participação; e da Análise da Conversa Etnometodológica (Ace), de Sacks, Schegloff e Jefferson (2003 [1974]), da qual utilizo a noção de sequencialidade na organização dos turnos de fala pelos participantes da conversa, analisando o modo como eles se organizam para agir uns perante os outros, mediante espaço e tempo físico real. A metodologia de pesquisa é de base etnográfica e qualitativa, sendo o contexto em que os dados foram gerados, de ordem institucional - consulta médica, gravada em áudio e vídeo, e transcrita conforme modelo de transcrição desenvolvido por Gail Jefferson (ATKINSON, 1984; SCHIFFRIN, 1987; TANNEN, 1989), num sistema misto de grafia-padrão e grafia modificada (MARCUSCHI, 1986). O estudo visa mostrar, na interação entre médica, mãe e criança diagnosticada com TDAH, como se dá a participação desses atores sociais no contexto interacional de consulta pediátrica e que posicionamentos identitários eles projetam/negociam para si e para o outro. Os resultados mostram que o encontro apresenta uma relação assimétrica, embora clinicamente cooperativa, entre os participantes. Além disso, o piso conversacional estrutura-se majoritariamente com o revezamento de turnos entre mãe e médica, com poucas cessões à criança, o que aponta para a desqualificação da criança como interlocutora ratificada. A TECNOLOGIZAÇÃO DO DISCURSO NA EDUCAÇÃO MÉDICA: PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS EMERGENTES EM INTERAÇÃO SIMULADA

Alexandre José P. Cadilhe de A. Jácome (UFF) A tecnologização do discurso pode ser compreendida com uma tendência contemporânea de uso de técnicas ou instrumentos de caráter discursivo de modo estratégico, sendo um exemplo o treinamento para entrevistas, aconselhamento, aulas (cf. Fairclough, 1996, 2008). Este estudo tem como objetivo compreender de que modo estudantes de um curso de graduação em Medicina participam da simulação de consultas médicas, compreendida neste estudo como uma emergência da tecnologização do discurso na prática da educação médica. Tal simulação ocorre no Laboratório de Habilidades da Instituição pesquisada, cenário educacional que compõe o currículo do curso

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através de atividades que visam desenvolver habilidades de comunicação no âmbito do serviço em saúde, de modo a formar um médico humanizado, seguindo a política de saúde vigente. Os dados são analisados à luz dos estudos do discurso e da interação em práticas saúde (cf. Mishler, 1984; Sarangi, 2000, 2002, 2010; Maynard & Heritage, 2005; Ostermann & Souza, 2009), fazendo uso de categorias da Análise da Conversa Etnometodológica e Sociolinguística Interacional. Nesta comunicação, são analisados excertos de simulação de consulta médica, nos quais são descritas as performances acerca do trabalho médico e das ações típicas de pacientes a partir das interações e do discurso dos estudantes durante a simulação. Ao final, são apontadas reflexões acerca da humanização do trabalho em saúde, a perspectiva educacional utilizada e o papel desempenhado pela linguagem para esse fim. UM OLHAR SOBRE OS MOMENTOS DELICADOS: ESFORÇOS INTERACIONAIS DE MÉDICOS E PACIENTES EM UM POSTO DE SAÚDE DO SUS

Joseane de Souza (Unisinos) Carina Mossmann (Unisinos)

Este estudo integra o projeto de pesquisa “A construção da moralidade e de momentos delicados em interações na saúde da mulher” (2010), coordenado pela Profa. Dra. Ana Cristina Ostermann, e interessa-se, no âmbito da política de humanização do SUS (2000; 2004), em explorar os tipos de discordâncias (POMERANTZ, 1984) que são empreendidas durante o diálogo em consultas médicas, bem como as consequências interacionais geradas por elas, e as atribuições, que são explicações voluntariadas pela paciente sobre a causa do seu problema de saúde (GILL; MAYNARD, 2006), respondidas ou não pelos médicos. Os dados constituem 144 consultas ginecológicas e obstétricas gravadas em áudio em 2006, em um posto de saúde do SUS situado no sul do Brasil, transcritas e revisadas de acordo com as convenções de Jefferson (1984), traduzidas e adaptadas por Schnack, Pisoni e Ostermann (2005). Analisam-se os mecanismos interacionais presentes nos turnos que compõem as ações discordantes e as atribuições identificadas nos dados com base no aparato teórico-metodológico da Análise da Conversa (SACKS, 1992). Secundariamente, quer-se avaliar se a forma pela qual as discordâncias e as atribuições são produzidas e tratadas pelos interagentes contribuem para o estabelecimento de relações interacionais com maior ou menor grau de simetria. Os resultados apontam diferenças na maneira como as situações de desconformidade são explicitadas pelo médico e pela paciente, bem como diferenças no tratamento que o médico dá às atribuições das pacientes. Neste estudo, tais fenômenos são vistos como momentos delicados, em que os interagentes estão orientados para questões diversas como o papel institucional do médico, as obrigações da paciente, a confrontação do saber médico com o leigo e a preservação de suas faces.

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AFASIA COMO PONTO DE VIRADA: ANALISANDO A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES EM INTERAÇÕES EM GRUPO

Lívia Miranda de Oliveira (PUC-Rio; CNPq) Incidentes que muitas vezes ocorrem de modo repentino e inesperado, como por exemplo, o acometimento por uma patologia como a afasia, marcando a não-continuidade das trajetórias de nossas vidas, são considerados disjunções biográficas (Williams, 1984; Bury, 1982) ou pontos de virada (Mishler, 2002). Os pontos de virada são comumente revelados em narrativas de trajetórias de vida geradas em situações de entrevista. Todavia, como veremos neste estudo, os pontos de virada também podem ser revelados em narrativas construídas no curso de conversas, já que ao longo da vida nos ocupamos em ser comum, tornando historiáveis eventos extraordinários (cf. Sacks, 1984). Neste estudo, busco entender as construções identitárias de pessoas que apresentam afasia em suas relações sociais. Motivada por tal finalidade, alinhando-me a uma perspectiva socioconstrucionista de identidade e a uma visão de narrativa como uma construção social, cultural e interacional (Ochs e Capps, 2001), investigo histórias contadas por pessoas com afasia em conversas face a face em grupo focal, voltando o foco para construções identitárias em discursos que revelam pontos de virada. As conversas sob análise revelam a afasia como ponto de virada na vida das participantes deste estudo. Assim como doenças crônicas, a afasia apresenta grande impacto na vida das pessoas, ao surgir abruptamente e transformar não só a pessoa, mas também seu modo de viver, suas relações pessoais, suas rotinas, enfim, sua vida. O caráter abrupto desta patologia se deve a seus fatores etiológicos (Acidente Vascular Cerebral, Traumatismo Crânio-encefálico, tumores e outras afecções que provoquem lesão neurológica), uma vez que são de natureza súbita. As análises realizadas corroboram a tese de Bury (1982) e Williams (1984) de que doenças provocam disjunções biográficas, ou pontos de virada, nos termos de Mishler. Conceitos foram reconstruídos pelas participantes que se ingressaram em um re-exame de suas expectativas e planos para o futuro. As histórias contadas pelas participantes deste estudo, pessoas com afasia, revelaram reconstrução identitária pós-afasia.

SESSÃO 3 (16h-18h) (Sala L-508)

Debatedora: Liliana Cabral Bastos (PUC-Rio) IMPRENSA, COMUNICAÇÃO E CIDADE: ESTUDOS DE PODER NA IMPRENSA CARIOCA ENTRE OS SÉCULOS XIX E XX

Rodrigo Augusto Silva Marcelino (UFF) Propomos, neste artigo, um estudo de poder de imprensa na cidade do Rio de janeiro entre o século XIX e XX. Estudamos, aqui, a condição de possibilidade da prática da imprensa, por conseguinte, comparando os discursos entorno dela e os acontecimentos a ela relacionados. Partimos da compreensão da comunicação como série de circulações entre encadeamentos de práticas e dispersões no discurso (VEYNE, 1998), como lugar de transição entre

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formações de saber e estratégias de poder (FOUCAULT, 2008), como corpus de relações diferenciais e repartição de palavras de ordem (DELEUZE e GUATTARI, 2005), em um dado momento. A articulação desses conceitos se remete à análise do discurso como deslocamento e política que tende a possibilitar experiências de tensionamento em modelos rígidos e predeterminados e, para não confundir uma maneira de olhar com o único modo de ver. A partir do objetivo de estudar agenciamentos, práticas e estratégias de poder na imprensa, tomamos como significante o espaço das “revoltas” da cidade do Rio de Janeiro, tal como agenciado na imprensa carioca no início na transição do século XIX e XX, por conseguinte, comparando suas práticas nesses acontecimentos. Para o primeiro acontecimento que preenche uma posição de destaque nesta série, temos o que ficou conhecido na narrativa da historia dos anos 80, a partir do discurso historiográfico de SEVCENKO (1984); como “revolta da vacina”. Há uma gama bibliográfica que trata desse acontecimento: CARVALHO (1987); BENCHIMOL (1992); CHALHOUB (1996); PEREIRA (2002) e, de um estilo mais recente - CARRETA (2006). Todos, de maneira diferenciada, em cada estudo histórico de seu campo. A relação diferencial do nosso ponto de vista se remete a problematizar o acontecimento como um duplo, não somente do ponto da vista da história, mas assim como também do ponto de vista da comunicação.

O USO DO COMERCIAL PARA O ENSINO DE ESTRATÉGIAS DISCURSIVAS

Ana Claudia Turcato (Universidade Presbiteriana Mackenzie-SP) Este artigo apresenta-se como uma possibilidade de trabalhar textos publicitários em sala de aula, como estratégia para o ensino dos conceitos de polifonia e monofonia. Mais precisamente, serão utilizadas propagandas de cosméticos veiculadas na televisão. Segundo Bakhtin (2003, p. 297), “para falar, utilizamo-nos sempre dos gêneros, em outras palavras, todos os nossos enunciados dispõem de uma forma padrão e relativamente estável de estruturação de um todo.” Portanto, o discurso publicitário constitui um tipo de discurso altamente persuasivo. Procurar-se-á mostrar, por meio da análise de algumas peças publicitárias de cosméticos, as implicações da intencionalidade do criador em usar as estratégias discursivas polifônicas ou monofônicas, conceitos estes elaborados por Bakhtin, bem como destacar alguns recursos retóricos que caracterizam esses efeitos de sentidos na linguagem da propaganda. Para Bakhtin nenhum discurso é neutro, ele sempre é mesclado por outros discursos. Esse filósofo da linguagem (2003, p. 301) afirma que “[...] o traço essencial do seu enunciado é o seu direcionamento a alguém [...] Todas essas modalidades e concepções do destinatário são determinadas pela atividade humana e da vida a que tal enunciado se refere”. Os efeitos das mensagens publicitárias não são os mesmos para todas as pessoas. Os estímulos combinam-se com a subjetividade e a história individual de cada leitor, resultando em diferenças quanto à percepção da mensagem. Portanto, acredita-se que o comercial televisivo seja um meio capaz de atingir a todos os públicos devido a sua relação e aproximação com as pessoas e também por estar sempre relacionado com o cotidiano de um povo, podendo assim, ser utilizado como um gênero instigante. Financiamento: Mackpesquisa.

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O EMBATE REPRESENTACIONAL DOS NORDESTINOS NA MÍDIA JORNALÍSTICA

Hélcio Carlos de Oliveira Silva – (UERJ)

Em busca de melhores condições de vida e trabalho, milhares de nordestinos são atraídos para os grandes centros econômicos da região Sudeste, sendo São Paulo e Rio de Janeiro seus principais destinos. No entanto, esta mobilidade territorial não representa apenas uma preocupação das ciências sociais, mas também dos estudos linguísticos. Tal constatação é detectada através do mau uso por parte daqueles que detêm o acesso à mídia corrente, utilizando desta poderosa ferramenta para legitimar, através da linguagem, suas representações ideológicas de grupos sociais considerados inferiores, neste caso, os nordestinos. Tendo em vista a possibilidade de desarticulação da hegemonia de certos discursos cristalizados, esta comunicação focalizará o embate representacional de nordestinos na mídia jornalística, trazendo à tona um contra-discurso para contestar e transformar a identidade recorrente da população nordestina em nosso meio social. Para esta finalidade, variados textos jornalísticos serão utilizados como fonte desta pesquisa, por constituírem formas materializadas do discurso com poder de propagar valores, crenças e identidades. Como perspectiva teórica, será lançado mão dos estudos de Van Dijk (2008), Fairclough (2001, 2003) e Jodelet (2001). Como resultado desse levantamento, é possível perceber, atualmente, uma tentativa de imprimir uma nova face dos nordestinos em nossa sociedade por parte daqueles que, direta ou indiretamente, preocupam-se com a construção dos textos jornalísticos, dado o seu caráter de grande acessibilidade e forma de divulgação e representação social. SALA DE AULA DE ILE EM CENA: CONTEMPLANDO SUA RESSEMANTIZAÇÃO.

Alba Regina Loredo Gama Tamanini (PUC-Rio) As constantes inovações nas tecnologias de informação e comunicação têm potencializado mudanças em vários aspectos da vida social. Num mundo, com cenários comunicativos novos e fortemente mediados pela tecnologia, a escola ainda opera dentro de um regime que evoca práticas pedagógicas dissociadas dos saberes, ações/práticas e interesses dos aprendizes. Muitas das práticas construídas na sala de aula convencional não falam mais ao aluno de hoje, acostumado aos discursos altamente semiotizados das telas da televisão e do computador e à interatividade dos novos tempos. Para essa geração, que vive sob o que Fridman (2000) chama de “onipresença da mídia”, a escola convencional parece ser pouco interessante, bastante limitada e nada desafiadora. Buscando desenvolver um trabalho com foco nos multiletramentos e, desse modo, mais responsivo às demandas e desafios educacionais do mundo contemporâneo, esta comunicação, recorte de uma pesquisa mais ampla em andamento, traz as reflexões iniciais sobre os efeitos de um programa de ações pedagógico-discursivas engendradas em uma sala de aula do nono ano do ensino fundamental de uma instituição federal, situada no Rio de Janeiro. Este estudo focaliza, em especial, as ressemantizações que a

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referida proposta pedagógica, centrada no trabalho com uma variedade de textos midiáticos (programas de TV, filmes, vídeos do youtube, letras de música, artigos), possibilita para a interação e para a formação de aprendizes mais crítico-reflexivos. Nesta comunicação, utilizo as conversas geradas com base na discussão de dois vídeos: O clube do Imperador e o vídeo do youtube Teens’ body image. Na análise, lanço mão do ferramental analítico da Sociolinguística Interacional (pistas de contextualização, alinhamento e enquadre) para uma melhor compreensão do jogo interacional e do processo de produção/interpretação de sentidos situados socialmente. Busco observar como esses recursos manifestam as possibilidades de ressignificação da identidade descritiva da sala de aula de ILE (papéis interacionais, assimetria, prática pedagógica). SESSÃO 4 (16h-18h) (Sala F-300)

Debatedora: Victória Wilson (UERJ-FFP) O USO DE ESTRATÉGIAS DE IMPOLIDEZ NO PROCON

Thenner Freitas da Cunha – Doutorado UFJF Este estudo tem como foco central as estratégias de impolidez em audiências de conciliação no PROCON. Autores como Culpeper (1996), Culpeper et al.(2003), Bousfield (2008), Archer (2008) têm defendido a necessidade de se construírem modelos de impolidez para dar conta dos trabalhos de face e/ou estratégias discursivas de impolidez em determinados tipos de atividade. Recusam-se com isto a ver o uso de impolidez, como uma mera falta de polidez ou como ocupando um lugar periférico no uso da linguagem. Estratégias de impolidez têm como meta comunicativa, primária ou secundária, atacar intencionalmente, ou não, a face do outro, causando conflito e desarmonia social (Culpeper, Bousfield, Wichmannm, 2003). Há, entretanto a necessidade de se examinar a ocorrência destas estratégias de forma situada, em-contexto (Hough, 2007, 2009, Archer, 2008). Há consenso atualmente sobre a impossibilidade de se classificar um dado enunciado como im-polido de forma descontextualizada. Assim, uma maneira de se ter acesso às intenções do falante e à avaliação do ouvinte, em relação ao uso im-polido da linguagem, é se levar em conta o contexto interacional em que uma dada elocução é produzida. Levinson (1992) e Sarangi (2000) têm defendido a necessidade de se trabalhar com o conceito de “tipo de atividade”, visto que esse construto constitui um quadro de referência para a atribuição de sentido/função às ações verbais dos participantes. As estratégias de impolidez, no contexto analisado, são motivadas por diferentes metas comunicativas: os consumidores procuram responsabilizar os respondentes pelos danos/prejuízos sofridos e estes últimos, geralmente, atribuem a terceiros a responsabilidade pelos problemas causados ao consumidor. Desse modo, os trabalhos de face têm como meta principal salvar a própria face e ameaçar/agravar a face do outro. A resolução do conflito, contudo, requer uma redução do uso de estratégias de impolidez e uma conseqüente tentativa de manutenção dos desejos de face dos participantes.

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ANÁLISE CRÍTICA DE DISCURSO EM PROCESSOS PENAIS DA LEI MARIA DA PENHA

Lúcia Freitas – Universidade Estadual de Goiás (UEG) Divulgação de pesquisa financiada pelo edital nº. 57/2008 do MCT/CNPq/SPM-PR/MDA, sobre a relação entre gênero (social) e violência em processos penais do Fórum de uma cidade do interior do Brasil, oferecendo um contraponto com estudos da mesma natureza em outros contextos urbanos. Apresentamos uma análise crítica de discurso em gêneros textuais que compõem processos penais, nos moldes da Análise de Discurso Crítica (Fairclough, 2003), linha teórica que se propõe a estudar a linguagem como prática social, considerando sua relação com poder, dominação, discriminação e controle. O corpus do estudo é constituído de 25 processos, cerca de 260 documentos penais, observados sob o conceito de “sistema de gêneros” (Fuzer e Barros, 2008) e com foco em seus aspectos discursivo-sociais como formas de agir e interagir no curso de eventos particulares, neste caso, o próprio sistema penal. Os resultados descrevem como os operadores do Direito atuam nos processos analisados, captando as dimensões retórica, burocrática e coercitiva do discurso jurídico. No plano retórico expõem-se posicionamentos difusos, com tentativa de vínculo ao “politicamente correto”, em que se sobrepõem ideologias conflitantes, como discursos feministas e o mito da conquistada igualdade de direitos, embora sobressaiam vários resquícios da cultura patriarcal. O plano burocrático se destaca dentre os demais pela prevalência do automatismo na condução dos casos. E o plano coercitivo expõe o frágil posicionamento das autoridades sobre questões de punibilidade, bem como uma dimensão conservadora inspirada na cultura patriarcal, por vezes machista. Ao final, discutimos como a linguagem dos operadores do Direito demonstra vínculos pouco articulados com os discursos que influenciaram o próprio texto da Lei Maria da Penha, e como as assimetrias de poder nos papeis de gênero acabam sendo redobradas nos processos, pela força normativa que estes lhes dão.

TRABALHOS DE FACE EM UM PROGRAMA HUMORÍSTICO

Krícia Helena Barreto (UFJF) Sonia Bittencourt Silveira (UFJF)

Esta pesquisa tem por objetivo analisar o humor em uma entrevista televisiva dentro do tipo de atividade denominado talk show como estratégia usada para reduzir/aumentar a distância social, reivindicar face e produzir entretenimento. O humor pode ser visto como uma estratégia de trabalho de face que envolve a reivindicação de valores sociais e movimentos de afiliação e/ou desafiliação do falante com o grupo, com os interlocutores e com os próprios valores culturais daquele grupo. A literatura sobre a interface humor e trabalhos de face, realizados pelos interlocutores, através do discurso humorístico, aponta que os mesmos podem ser produzidos com a finalidade de estimular solidariedade interpessoal, mitigar ameaças à face do self ou do outro, diminuir conflitos interpessoais, reivindicar poder, expressar agressão ou impolidez, reivindicar

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e/ou atribuir identidades (Haugh, 2010). Para analisar os trabalhos de face, realizados pelos participantes, utilizamos o modelo de Penman (1990), no qual as estratégias de trabalhos de face incluem tanto polidez quanto impolidez dirigidas ao self e/ou ao outro. As estratégias de humor serão analisadas a partir de uma perspectiva interacional, segundo a qual o humor pode ser visto como uma estratégia comunicativa destinada a reduzir/mitigar conflitos interpessoais ou, ao contrário, expressar agressividade ou ataque aos desejos de face. Os dados analisados foram gerados no talk show “Programa do Jô” comandado pelo humorista e apresentador Jô Soares, exibido de segunda a sexta-feira pela Rede Globo.

A INFLUÊNCIA DA TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL DE VYGOTSKY NA DIDÁTICA DA INTERCOMPREENSÃO DE LÍNGUAS: O EXEMPLO DO PROJETO GALANET

Ana Paula Deslandes de Almeida Moutinho (PUC-Rio)

Embora diferentes teorias que apoiavam a criação de modelos de educação não-tradicionais tenham surgido no último século, ainda vemos, na maior parte das escolas ao redor do mundo, o velho padrão de salas de aula, com alunos enfileirados, atentos e calados, para “absorver ensinamentos” que os educadores julgam importantes para sua vida e seu futuro. Alguns autores, como Gordon Wells e Guy Claxton (2002), defendem que os objetivos da educação devem ser redefinidos, pois o ensino tradicional, cujas bases foram estabelecidas em mundo muito diferente, já não contempla as exigências do mundo atual. Para tanto, deveríamos imaginar o que os alunos devem aprender, não só para o mundo de hoje, mas também para seu futuro - tarefa difícil em um mundo que muda tão rapidamente. Diante dessa dificuldade, surge a idéia de que os indivíduos precisam “aprender a aprender” e desenvolver habilidades e competências que o possibilitem continuar a se apropriar de outras habilidades e competências e reconstruí-las. A idéia de que a educação é um processo de “enculturação” e transformação simultânea e de que a autonomia deve ser um dos mais importantes objetivos da educação hoje, são algumas das características da chamada Teoria Histórico-Cultural, desenvolvida por Lev Vygotsky. O objetivo deste trabalho é apresentar uma reflexão sobre como a intercompreensão de línguas da mesma família linguística, um modelo diferente de ensino/aprendizagem, se alinha com a visão de educação e os princípios da Teoria Histórico-Cultural de Vygotsky e, conseqüentemente, na educação que visa atender às demandas do mundo atual. Para fundamentar e exemplificar a presente reflexão serão analisados alguns dados coletados no projeto Galanet, criado em 2001 com o objetivo de permitir que falantes de línguas românicas pudessem praticar e desenvolver a intercompreensão através de uma plataforma na internet.

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DIA 21/10 (SEXTA-FEIRA) SESSÃO 5 (9h-11h) (Sala L-510)

Debatedora: Bárbara Hemais (PUC-Rio) MUDANÇA DE CÓDIGO NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA

Marcelo Augusto Mesquita da Costa (UFPE)

O trabalho, parte do tema de dissertação de mestrado, insere-se em um projeto maior sobre o discurso pedagógico desenvolvido no âmbito do NELFE-UFPE. Nas aulas de língua estrangeira, sobretudo nas que adotam perspectivas mais comunicativas, é comum a alternância de uso das línguas materna e estrangeira. Porém, pouco sabemos sobre o fenômeno de mudança de código (code-switching) nesses contextos, pois muitos dos estudos sobre o tema concentram-se em situações naturais de bilinguismo e em países em que duas ou mais línguas são corriqueiramente faladas pela comunidade. Questões como “por que professor e alunos mudam de uma língua para outra na interação em sala de aula de língua estrangeira?”, “há pontos de ocorrência específicos prioritários na alternância?”, “que papel tem outras variáveis tais como nível do curso (introdutório, intermediário, avançado) na alternância de códigos?” poderiam fornecer subsídios valiosos para o ensino. Um fator que dificulta a compreensão dos estudos sobre code-switching é a própria concepção deste e de outros termos relacionados: por exemplo, qual seria a diferença entre uma mudança total de uma língua para outra e a inserção de apenas algumas palavras no enunciado? Os estudos apresentam muitas controvérsias nas definições, às vezes, implícitas do conceito. Autores como Poplack (1984) baseiam-se em aspectos mais gramaticais; outros, como Auer (1988) já seguem perspectivas mais interacionistas para sua definição. Assim, este trabalho que está baseado em ampla revisão bibliográfica, tem como objetivo discutir alguns conceitos relevantes sobre code-switching, esperando que tal discussão possa auxiliar na construção de um aparato teórico e metodológico sobre o tema. Não se trata apenas de resumir pontos de vista de outros autores, mas de discutir os termos à luz dos dados coletados em sala de aula de língua inglesa no curso de Inglês Núcleo de Línguas e Cultura da UFPE, em turmas de níveis avançado e básico.

AFINAL, QUEM SÃO ELES?: UMA PROPOSTA DE MULTILETRAMENTO A PARTIR DA ANÁLISE DA REPRESENTAÇÃO DOS ATORES SOCIAIS NAS AULAS DE LE

Carla Cristina de Souza (UERJ)

Sabendo da propagação cada vez maior de gêneros multimodais na mídia, é imprescindível trazer para a sala de aula a discussão de como os sentidos são construídos nesses textos. Visando trazer uma contribuição para o ensino de Inglês com base na noção das práticas de letramento, me proponho a analisar

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um artigo de revista e apresentar exemplos de atividades que podem ampliar os limites conceituais dos alunos. Minha proposta se justifica pelo fato de que, apesar de haver algumas referências quanto à habilidade de leitura em Inglês (RAMOS, 2004; BAMBIRRA, 2007; VIAN JR., 2009) e, por outro lado, pesquisas quanto à leitura de imagens e ensino (SARDELICH, 2006: OLIVEIRA, 2006), poucos são os trabalhos que contemplam a leitura crítica em língua estrangeira e a integração da linguagem verbal e visual na produção de sentidos. Para investigar a relação entre texto e imagem, escolhi o artigo The World Cup's Bad Influence sobre o comportamento dos brasileiros na Copa do Mundo, veiculado na revista Newsweek, analisei as escolhas imagéticas e linguísticas para a representação dos atores sociais e então comparei e contrastei os resultados do exame dessas duas semioses. Para estudar tais escolhas, utilizei as categorias sócio-semânticas para a representação de atores sociais proposta por VAN LEEUWEN (1997) e para o exame das imagens, ferramental teórico desse mesmo autor para a análise da representação visual dos atores sociais (VAN LEEUWEN, 2008). Os resultados da análise apontam para uma congruência entre as duas semioses estudadas e mostram que o artigo em análise parece contribuir para a naturalização da visão dos brasileiros como um povo desorganizado e preguiçoso. Os ferramentais teóricos propostos por VAN LEEUWEN se mostraram como um generoso ponto de partida para o desenvolvimento de atividades para o multiletramento crítico e as tarefas propostas mostram algumas formas de transpor as teorias didaticamente. A (RE)CONSTRUÇÃO DE OBJETO DE DISCURSO COMO ESTRATÉGIA DE CONSTRUÇÃO DE FACE EM DEPOIMENTOS DE ORKUT

Lorena Santana Gonçalves (UFES) Maria da Penha Pereira Lins (UFES)

A pesquisa ora proposta insere-se no interior da perspectiva funcionalista de linguagem, em que a língua é configurada pela interação entre os membros de uma sociedade. O texto, aqui, é visto enquanto “atividade sociocognitiva-interacional de construção dos sentidos” (KOCH, 2008). Nesse contexto, a referência não é tratada como uma relação entre palavras e coisas, mas entendida como um processo interativo, em que são construídos objetos de discurso. “A tese central nesta tradição é a de que falar ou escrever não são atividades autônomas, sim mas são parte de uma atividade pública, coletiva, coordenada e colaborativa” (MARCUSCHI, 2007). A partir dessas postulações será apresentado, como modelo teórico-analítico, a interface entre Pragmática, no que se refere ao estudo sobre a construção de face, e Linguística Textual, no que se refere à referenciação (categorização e recategorização) e à construção de objeto de discurso: serão observados os mecanismos de construção e reconstrução de objeto de discurso que são utilizados como estratégia de elaboração de face positiva no gênero depoimento de Orkut. Ao focalizar-se a noção de face, serão utilizadas, como embasamento teórico, as questões desenvolvidas por Goffman (1980) e por Brown & Levinson (1987); já na perspectiva da Linguística Textual, para abordar a questão de construção de objeto de discurso, será adotada a perspectiva de Apothéloz e Reicher-Bérguelin (1995), de Mondada e Dubois (2003), e de Koch (2006, 2008). A

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natureza dessa pesquisa é de caráter qualitativo, e nessa perspectiva serão analisados 4 depoimentos publicados no site de relacionamentos Orkut com base nas teorias propostas, com a finalidade de melhor entender o comportamento do gênero adotado. REFERENCIAÇÃO E TÓPICO DISCURSIVO NO GÊNERO TEXTUAL ENTREVISTA

Maria da Penha Pereira Lins (UFES) Focalizando o texto a partir de uma concepção interacional (dialógica) da língua, concebendo-o como o próprio lugar da interação, em que os sujeitos se constroem e são construídos, uma série de questões pertinentes à Lingüística Textual vem à tona, tais quais referenciação, tópico discursivo, construção de objeto de discurso entre outras. Nesse contexto, optamos por viabilizar uma discussão em torno do tópico discursivo no gênero entrevista impressa. Tomando-se a categoria tópico no sentido geral de “acerca de”, é possível delimitar tópicos, a partir de um conjunto de referentes explícitos ou inferíveis, concernentes entre si e em proeminência num determinado ponto da mensagem. Assim, os fatores contextuais são de relevância no estudo sobre tópico discursivo; Há que se levar em conta o ambiente onde a interação acontece, a experiência dos participantes da interação, os estímulos a que eles são submetidos. Há que se considerar, ainda, a ligação entre tópico e frame (Marcuschi, 2006; Koch e Penna, 2006), noção que explica a interpretação de assuntos a partir de estruturas de expectativas que vão sendo atendidas através da ativação de esquemas de conhecimentos internalizados pelos falantes/ ouvintes. A atualização temática é feita pela ativação de esquemas de conhecimentos prévios: topic framework (Brown e Yule, 1983). A partir desses pressupostos básicos de análise, pretendemos desenvolver pesquisa a respeito da organização do tópico discursivo em entrevistas publicadas nas páginas amarelas da Revista Veja, tendo em mira refletir sobre o gerenciamento do tópico discursivo e suas relações com o processo de referenciação. SESSÃO 6 (9h-11h) (Sala L-514)

Debatedora: José Carlos Gonçalves (UFF) TEXTOS, MENTIRAS E IDENTIDADES: PERFORMANCES NARRATIVAS E PROTOCOLOS MÉDICOS NO PROCESSO TRANSEXUALIZADOR DO SUS

Rodrigo Borba (UFRJ)

No Manual Estatístico de Doenças Mentais (DSM-IVR) da American Psychiatric Association, a transexualidade é definida como um transtorno mental. Esse documento molda o Processo Transexualizador no Sistema Único de Saúde brasileiro, no qual se exige o acompanhamento psiquiátrico dos/as demandantes às cirurgias de transgenitalização e à hormonioterapia por no mínimo dois anos para que os/as profissionais de saúde mental dos programas

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de atenção à saúde de transexuais elaborem um diagnóstico que autoriza as modificações corporais, assim (des)legitimando suas identidades. A exigência desse diagnóstico gera tensões entre interlocutores/as, pois, como indicam estudos sobre transexualidade na sociologia e na medicina, na interação médico-transexual o diagnóstico se materializa na forma de mentiras: „eles [sic] mentem‟, afirma Stoller (1982), psicanalista preocupado com a impossibilidade de elaborar um „diagnóstico‟ com base nas histórias de vida contadas por transexuais que o procuravam. Neste trabalho, investigo as „mentiras‟ contadas por transexuais pré-operados/as à equipe de um programa de atenção à saúde transexual. O corpus engloba 75 consultas entre transexuais e médicos de um programa de transgenitalização de um hospital público brasileiro, gravadas em áudio e transcritas. Com base no conceito de trajetória de textos (BLOMMAERT, 2005), as análises indicam que transexuais fazem uso estratégico dos protocolos médicos e tais „mentiras‟ devem ser consideradas como performances narrativo-identitárias de manipulação do dispositivo da transexualidade, geradas pela exigência do diagnóstico de transtorno mental defendido no texto do DSM-IVR. Essa manipulação é operacionalizada na trajetória dos parâmetros diagnósticos em narrativas sobre corpo e experiências sexuais contadas à equipe médica do programa investigado e indicam que, embora os protocolos sejam instrumentos homogeneizadores e universalizantes da experiência transexual, as/os transexuais os utilizam estrategicamente com vistas à autorização das cirurgias e à legitimação de suas performances identitárias. “GOSTO DE MENINA TAMBÉM”: A CONSTRUÇÃO DISCURSIVO-IDENTITÁRIO-PERFORMATIVA EM NARRATIVAS DE UMA JOVEM QUE SE IDENTIFICA COMO BISSEXUAL

Elizabeth Sara Lewis (PUC-Rio)

“Sair do armário” não é um evento que acontece uma vez só na vida de um indivíduo que não se identifica como heterossexual; é um ato que deve ser repetido continuamente durante o percurso de vida devido à tendência na sociedade heteronormativa de presumir que uma pessoa seja heterossexual até ela se revelar (ou ser revelada) diferente desse padrão (ver Sedgwick 1990). Narrativas sobre o processo de sair do armário são, portanto, fontes ricas para examinar as construções identitárias, discursivas e performativas. Neste trabalho, examinarei narrativas de “sair do armário” de uma jovem ativista LGBT (“Olímpia”) que se identifica como bissexual, com base em uma perspectiva sócio-construcionista das identidades; em particular, a investigação se pauta na teoria queer e sua compreensão sobre sexualidade como fluidamente construída na repetição de performances de gênero e sexualidade. Primeiramente, analiso a estrutura das suas narrativas de sair do armário e o uso das táticas de intersubjetividade (Bucholtz e Hall 2003) em relação à construção discursiva e performativa das identidades de gênero e de sexualidade. Visto que o “sair do armário” não é um evento único, Olímpia tem necessariamente um grande número de histórias sobre o processo; o que é interessante são suas escolhas de contar episódios que legitimam a sua identidade bissexual como uma identidade duradora e não uma fase de experimentação. A partir disso, com base em uma perspectiva queer, analisarei

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como Olímpia reforça e/ou desestabiliza as dicotomias identitárias de sexo, gênero e desejo, e como ela utiliza a linguagem para construir-se dentro das limitações discursivas heteronormativas. A sua maneira de autenticar a identidade bissexual freqüentemente tem o efeito secundário de reforçar certos estereótipos e binarismos heteronormativos, revelando a importância de ensinar, particularmente para jovens ativistas LGBT, como evitar reforçar a linguagem heteronormativa e os discursos que excluem e prejudicam certas identidades. A CARNAVALIZAÇÃO DO CORPO: DISCURSOS SOBRE O CORPO NO CARNAVAL CARIOCA

Danilo Corrêa Pinto (CAPES/PPGEL/UFU) O carnaval é uma das festas mais comemoradas no Brasil e é sinônimo de uma manifestação cultural que, com frequência, representa imaginariamente e em sua maioria, tanto para os próprios brasileiros quanto para não-brasileiros, a identidade do país e de seus habitantes. O carnaval ocorre em todo o país em diferentes formas de festejo, no entanto, muitas vezes, ao se falar em carnaval, a representação mais comum dessa festa é a que se realiza na cidade do Rio de Janeiro, por meio de desfiles de escolas de samba, e que é internacionalmente famosa. Essa festa é um espaço interessante para pesquisarmos os efeitos de sentidos sobre o corpo e a nudez.Tomamos como corpus de análise a mídia impressa (Jornal O Globo e revista Manchete), bem como a mídia visual (Rede Globo de Televisão) que registra os desfiles durante os dias da folia e selecionamos os discursos produzidos nas mídias elencadas acima durante o primeiro decênio do século XXI, isto é, de 2001 – 2010. Neste estudo, considerando pressupostos teóricos da Análise de Discurso Francesa, destacando a memória discursiva, o sujeito e a historicidade, buscamos refletir como são ditos (ou não) discursos sobre os corpos.

APROPRIAÇÕES DO CORPO FEMININO NA REVISTA TPM: UM ESTUDO DE RECEPÇÃO

Bruna Mariano Rodrigues (UERJ) O presente resumo trata de uma pesquisa ainda em estágio inicial a ser desenvolvida pela autora durante o Mestrado. O estudo investiga como as representações do corpo feminino são apreendidas pelas leitoras da revista Trip Para Mulher – TPM, publicada pela Editora TRIP desde 2001. Como esta é uma proposta de estudo de recepção, busca investigar-se como as representações do corpo (que são, antes de tudo, representações de gênero) são vivenciadas pelas leitoras da publicação, ou seja, como as receptoras entendem, incorporam ou mesmo rejeitam tais representações. O processo metodológico proposto envolve a realização de entrevistas qualitativas semi-estruturadas, feitas individualmente com 15 leitoras da publicação. O perfil das entrevistadas é diversificado em termos de faixa etária, escolaridade, raça/etnia, leitoras casadas ou solteiras e ainda leitoras com

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filhos ou não. Com isso, se apreendem outros marcadores sociais além do gênero, que serve de recorte mais amplo para o trabalho. As entrevistas serão analisadas utilizando-se técnicas de análise de discurso. Partimos do pressuposto de que falas e textos são práticas sociais, ou seja, são construídas pelos indivíduos ao mesmo tempo em que constroem a realidade social. A análise ajudará a identificar e compreender a construção de sentidos em relação ao corpo feminino e à feminilidade. A hipótese desta pesquisa é que as apropriações das leitoras são múltiplas e criativas, o que demonstra o caráter ativo do papel destas no processo comunicacional. As representações sociais veiculadas na mídia formam um conhecimento que ajuda os indivíduos a se situarem em diferentes contextos e, dessa maneira, são relevantes objetos de pesquisa. Além disso, ao discutir as apropriações por parte das receptoras das representações do corpo feminino, esta pesquisa pode ser entendida como uma contribuição à discussão sobre a hierarquia de gênero, buscando ainda colaborar com sua desconstrução.