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SAÚDE AMBIENTAL EM AMBIENTE ESCOLAR - QUALIDADE DO AR INTERIOR - 2004-2006 Gabriela Ventura Silva Laboratório da Qualidade do Ar Interior IDMEC-FEUP Conferência Ambiente e Saúde: investigação e desenvolvimento para o futuro Fundação Calouste Gulbenkian, 7 de Abril de 2009

Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

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Page 1: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

SAÚDE AMBIENTAL EM AMBIENTE ESCOLAR

- QUALIDADE DO AR INTERIOR -

2004-2006

Gabriela Ventura Silva

Laboratório da Qualidade do Ar Interior

IDMEC-FEUP

Conferência Ambiente e Saúde: investigação e

desenvolvimento para o futuro ”

Fundação Calouste Gulbenkian, 7 de Abril de 2009

Page 2: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

O Projecto

Com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian - Serviço de Saúde e Desenvolvimento

Humano, no âmbito do programa de Apoio a Projectos de Saúde Pública

Coordenação

Eduardo de Oliveira Fernandes,

Professor Catedrático, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Coordenação Científica

Henrique Barros,

Professor Catedrático, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

Direcção Técnica:

Gabriela Ventura Alves da Silva (IDMEC-FEUP)

Técnicos Responsáveis:

Anabela Outeiro Martins (IDMEC-FEUP)

Joaquim Guedes (FCUP)

Maria João Samúdio (IDMEC-FEUP)

Sílvia Fraga (FMUP)

Colaboração: Edifícios Saudáveis Consultores

Page 3: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

Índice

• Os Objectivos do Projecto

• Os Métodos, as Estratégias e os Meios

• Os Resultados

• As Conclusões

• Futuras Linhas de Investigação

Page 4: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

Os Objectivos do Projecto

O principal objectivo do presente projecto foi caracterizar a

qualidade do ar interior de salas de aula de escolas na cidade do

Porto e procurar relacionar os resultados do estudo Epiteen com a

qualidade do ar interior, alargando este estudo a mais alunos.

Epiteen (Epidemiological Health Investigation of Teenagers in Porto)

Neste estudo uma coorte de adolescentes, alunos de escolas EB2,3 da

cidade do Porto, foi acompanhada com vista a estudar determinantes

sociais e biológicos de risco cardiovascular e, também, a avaliar os

sintomas e factores associados à doença respiratória.

Page 5: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

Os Métodos, as Estratégias e os Meios

Estudo EPIDEMIOLÓGICO

O projecto ‘Epiteen – A COORTE DE 1990’ (FMUP) visava constituir uma

coorte de adolescentes:

- alunos nascidos num mesmo ano (1990), inscritos numa área geográfica

bem definida e durante um período de tempo específico;

- recolha de informação prospectiva e padronizada sobre o período

perinatal e múltiplas variáveis comportamentais, nomeadamente, ingestão

alimentar, prática de exercício físico, hábitos tabágicos dos adolescentes e

exposição a fumo passivo;

- avaliação das influências intergeracionais recorrendo à colheita de dados

sobre os progenitores para conhecer a história familiar de doença; e a

- realização de medições antropométricas, espirometria para avaliação de

função respiratória e colheita de uma amostra de sangue venoso.

Page 6: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

Os Métodos, as Estratégias e os Meios

Estudo EPIDEMIOLÓGICO

Os inquéritos e avaliações referentes à primeira observação foram efectuados no

período de Outubro de 2003 a Junho de 2004.

As informações foram recolhidas através de um questionário do estudo International

Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC).

Pela diferença temporal entre a primeira avaliação da coorte Epiteen e a avaliação da

qualidade do ar interior, optou-se por reavaliar a prevalência de doença respiratória e

alérgica e os sintomas associados nos participantes da coorte Epiteen, e

adicionalmente a três turmas de cada um dos 7º, 8º e 9º ano de escolaridade das

escolas onde se procedeu à avaliação do ar interior. Em cada escola, os

questionários foram distribuídos a 9 turmas e obteve-se resposta de 1607

adolescentes.

Os exames físicos e as avaliações complementares (função respiratória, massa

óssea, etc.) foram realizados nas escolas, em dia previamente agendado.

A um número mais reduzido de adolescentes foram realizados testes cutâneos de

hipersensibilidade imediata, estes exames decorreram no Departamento de Higiene e

Epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Page 7: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

Os Métodos, as Estratégias e os Meios

Estudo da QUALIDADE DO AR INTERIOR

1ª Fase: decorreu entre Fevereiro e Junho de 2005

estudo exaustivo numa escola dos vários parâmetros que afectam a QAI:

condições térmicas (temperatura e humidade relativa)

taxa de renovação do ar interior

partículas em suspensão (PM10)

dióxido de carbono

monóxido de carbono

compostos orgânicos voláteis

formaldeído

micro-organismos no ar: fungos e bactérias

alergenos no pó

todos os parâmetros relevantes foram também medidos no exterior

foi escolhida a escola Francisco Torrinha por dois motivos:

- o elevado número de alunos que participaram no projecto Epiteen

- o facto dos alunos terem a maioria das aulas nas mesmas salas

foram estudadas três salas correspondendo às três turmas do 9º ano com mais alunos

previamente estudados

Page 8: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

Os Métodos, as Estratégias e os Meios

Estudo da QUALIDADE DO AR INTERIOR

2ª Fase: decorreu entre Outubro de 2005 e Janeiro de 2006

o estudo foi alargado a nove escolas

em cada escola foram auditadas duas salas

foram medidos apenas os parâmetros considerados críticos na 1ª fase:

condições térmicas (temperatura e humidade relativa),

dióxido de carbono,

compostos orgânicos voláteis.

todos os parâmetros relevantes foram também medidos no exterior

Page 9: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

Os Métodos, as Estratégias e os Meios

Valores limite de exposição

Parâmetro Valores limite de exposição Referências

Poluentes químicos

CO (monóxido de carbono) 12,5 mg/m3 RSECE, 2006

CO2 (dióxido de carbono) 1800 mg/m3 (1000 ppm) RSECE, 2006

Benzeno 0,005 mg/m3

Cinterior < Cexterior

Proposta de Directiva

Europeia, 2000

Formaldeído 0,1 mg/m3 RSECE, 2006

COVsT 0,600 mg/m3 RSECE, 2006

Alcanos 0,100 mg/m3 Seifert, 1990

Hidrocarbonetos aromáticos 0,050 mg/m3 Seifert, 1990

Terpenos 0,030 mg/m3 Seifert, 1990

Hidrocarbonetos halogenados 0,030 mg/m3 Seifert, 1990

Ésteres 0,020 mg/m3 Seifert, 1990

Aldeídos 0,020 mg/m3 Seifert, 1990

Outros 0,050 mg/m3 Seifert, 1990

Partículas em suspensão

Inaláveis (PM10) 0,150 mg/m3 RSECE, 2006

Ventilação 30 m3/h.pessoa RSECE, 2006

Conforto térmico

Temperatura Variável ASHRAE, 55-2004

Humidade Relativa 30 – 70 % CEN ISO 7730, 1995

Microbiológicos

Fungos 500 (UFC/m3) RSECE, 2006

Bactérias 500 (UFC/m3) RSECE, 2006

Alergenos Platts-Mills, 1989

Der p I 2 (μg/gpó)

Der f I 2 (μg/gpó)

Der II 2 (μg/gpó)

Feld I 2 (μg/gpó)

Page 10: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

Os Métodos, as Estratégias e os Meios

Parâmetro Valores limite de exposição Referências

Conforto térmico

Temperatura Variável ASHRAE, 55-2004

Humidade Relativa 30 – 70 % CEN ISO 7730, 1995

Microbiológicos

Fungos 500 (UFC/m3) RSECE, 2006

Bactérias 500 (UFC/m3) RSECE, 2006

Alergenos Platts-Mills, 1989

Der p I 2 (μg/gpó)

Der f I 2 (μg/gpó)

Der II 2 (μg/gpó)

Feld I 2 (μg/gpó)

Valores limite de exposição

Relativamente ao conforto térmico seguiu-se a norma 55-2004 da ASHRAE (Thermal

Environmental Conditions for Human Occupancy) para espaços sem ar condicionado,

considerando limites de aceitabilidade de 80%.

Page 11: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

Os Métodos, as Estratégias e os Meios

Valores limite de exposição

Esta norma relaciona directamente a resposta térmica destes espaços com a

temperatura do exterior no mês em questão e tem em conta também as mudanças

no vestuário usado, que acompanha as estações do ano (conceito de ‘conforto

adaptativo’).

Os limites de conforto são calculados para cada mês, segundo o gráfico

representado na Figura:

14

16

18

20

22

24

26

28

30

32

34

5 10 15 20 25 30 35

Temperatura exterior média mensal (ºC)

Tem

pera

tura

inte

rior

(ºC

)

Limites de aceitabilidade de 80%

Limites de aceitabilidade de 90%

14

16

18

20

22

24

26

28

30

32

34

5 10 15 20 25 30 35

Temperatura exterior média mensal (ºC)

Tem

pera

tura

inte

rior

(ºC

)

Limites de aceitabilidade de 80%

Limites de aceitabilidade de 90%

Page 12: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

Os Resultados – Fase 1

As temperaturas médias observadas em todas as salas de aula estavam fora do

intervalo aceite como conforto para espaços sem climatização e ventilação

mecânicas (ASHRAE, 2004), tanto no Inverno (época fria) com valores mínimos

registados de 13ºC, como no Verão (época quente) com valores máximos registados

de 30ºC. Os valores médios de humidade relativa estavam dentro da escala do

conforto de 30-70%, sendo os valores mais elevados observados no Inverno.

0

5

10

15

20

25

30

35

Sala 19 Sala 21 Sala 22 Exterior

T (

ºC)

Inverno-2ªfeira Inverno-5ªfeira

Primavera-2ªfeira Primavera-5ªfeira

Verão-2ªfeira Verão-5ªfeira

Page 13: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

Os Resultados – Fase 1

As taxas de renovação de ar observadas, com excepção da sala de aula 19, são

muito baixas (valor médio de 3 m3/(h.ocupante)), claramente abaixo do nível

recomendado de 30 m3/(h.ocupante) (RSECE, 2006).

Na sala de aula 19 a taxa de renovação de ar medida foi afectada positivamente por

um vidro quebrado na janela que enfrenta o corredor e pelo mau funcionamento do

sistema de abertura dos envidraçados (valor médio de 10 m3/(h.ocupante)).

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Sala 19 Sala 21 Sala 22

taxa

de

ven

tila

ção

(m

3/h

.pes

soa

)

Inverno-2ªfeira Inverno-5ªfeira

Primavera-2ªfeira Primavera-5ªfeira

Verão-2ªfeira Verão-5ªfeira

Page 14: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

Os Resultados – Fase 1

Foram observadas concentrações particularmente elevadas de dióxido de carbono (CO2)

principalmente no Inverno (~2100 ppm). Os níveis médios de CO2 no interior de todas as salas de

aula no Inverno excederam o valor recomendado de 1000 ppm (RSECE, 2006). Durante a

Primavera os valores de concentração de CO2 rondaram os 1000 ppm e no Verão foram bastante

mais baixos.

A fraca ventilação associada a uma sala de aula ‘sobrelotada’ pode explicar os níveis elevados de

CO2 encontrados no Inverno. Na verdade, a ocupação máxima nas salas de aula recomendada

pela ASHRAE é de 50 pessoas/100 m2 enquanto nesta escola a ocupação média é de 66

pessoas/100 m2.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

Sala 19 Sala 21 Sala 22 Exterior

C (

CO

2)

(pp

m)

Inverno-2ªfeira Inverno-5ªfeira

Primavera-2ªfeira Primavera-5ªfeira

Verão-2ªfeira Verão-5ªfeira

Page 15: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

Os Resultados – Fase 1

As concentrações de COVs observadas estão abaixo do limite recomendado de 600

µg/m3 (RSECE, 2006) verificando-se que a sala de aula 22 apresentou valores

próximos, por ter sido pintada cinco meses antes da avaliação de Inverno.

0

100

200

300

400

500

600

Sala 19 Sala 21 Sala 22 Exterior

C (

CO

VsT

) (m

g/m

3)

Inverno-2ªfeira Inverno-5ªfeira

Primavera-2ªfeira Primavera-5ªfeira

Verão-2ªfeira Verão-5ªfeira

Page 16: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

Os Resultados – Fase 1

Relativamente ao nível de partículas em suspensão, em todas as salas de

aula avaliadas o nível de partículas observado foi mais elevado na

Primavera (valor médio de 154 µg/m3) e no Verão (valor médio de 128

µg/m3) do que no Inverno (valor médio de 88 µg/m3).

Os níveis na Primavera foram elevados em comparação com o nível

recomendado de 150 µg/m3 (RSECE, 2006).

O ar exterior parece ser uma fonte importante das partículas, dado que a

razão entre as PM10 no interior e no exterior foi inferior à unidade em todas

as estações (valor médio de 0,73, 0,79 e 0,81 para a Primavera, Verão e

Inverno, respectivamente).

Valores dos vários parâmetros medidos na estação moderada (9 e 12 de Maio):

Parâmetro

Valores medidos

Interior

Exterior

Sala 19 Sala 21 Sala 22

Dia 9 Dia 12 Dia 9 Dia 12 Dia 9 Dia 12 Dia 9 Dia 12

Contaminação física

Partículas em suspensão (PM10) mg/m3 133 79 230 201 212 69 210 <1

Page 17: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

Os Resultados – Fase 1

As concentrações de formaldeído observadas foram sempre inferiores ao

nível recomendado de 100 µg/m3 (RSECE, 2006). Foi observado um

aumento da concentração de formaldeído com a temperatura, sendo os

níveis medidos no Verão (valor médio 27,6 µg/m3) bastante mais elevados

do que os observados no Inverno (valor médio 13,9 µg/m3).

Não foi detectado monóxido de carbono em nenhuma das salas.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Sala 19 Sala 21 Sala 22 Exterior

C (

form

ald

eíd

o)

(mg/m

3)

Inverno-2ªfeira Inverno-5ªfeira

Primavera-2ªfeira Primavera-5ªfeira

Verão-2ªfeira Verão-5ªfeira

Page 18: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

Os Resultados – Fase 1

A presença de alergenos foi baixa, sempre inferior ao nível recomendado de

2 µg/g pó (Platts-Mills, 1989).

Apesar disso observou-se que o alergeno Fel d1 (‘alergeno do gato’) foi

dominante.

A sua presença foi mais elevada no Verão (valor médio de 0,23 µg/g pó) do

que no Inverno (valor médio de 0,12 µg/g pó).

Os níveis de bactérias observados

foram relativamente elevados

durante o período de Inverno e de

Verão mas isto acontece

facilmente se dois ou três alunos

estiverem constipados.

Os níveis de fungos observados

foram sempre inferiores ao nível

recomendado de 500 CFU/m3.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

Sala 19 Sala 21 Sala 22 Exterior

ba

ctér

ias

(UF

C/m

3)

Inverno-2ªfeira Inverno-5ªfeira

Primavera-2ªfeira Primavera-5ªfeira

Verão-2ªfeira Verão-5ªfeira

Page 19: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

Os Resultados – Fase 2

A temperatura média avaliada em duas das escolas estudadas (G e H) não

estava compreendida no intervalo de conforto calculado de acordo com a

norma ASHRAE 55-2004.

Os valores médios da humidade relativa estavam dentro da escala de

conforto de 30-70%, com excepção da escola B com 77% de HR.

10,0

12,0

14,0

16,0

18,0

20,0

22,0

24,0

26,0

A B C D E F G H I

T(º

C)

Outubro

NovembroDezembro

Janeiro

Page 20: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

Os Resultados – Fase 2

Foram observadas elevadas concentrações de CO2 em todas as escolas com valores

médios que excedem o limite de 1000 ppm.

A fraca ventilação deve-se à baixa temperatura exterior que leva a manter as janelas

e portas fechadas. O que, associado com salas de aula ‘sobrelotadas’, justifica os

elevados níveis de CO2 registados. A ocupação máxima em salas de aula que a

ASHRAE recomenda é de 50 ocupantes/100m2. Nestas escolas foi observado um

valor médio de 59 ocupantes/100m2.

Dióxido de carbono

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

A B C D E F G H I

Escola

C (

CO

2)

(pp

m)

sala x sala y

Page 21: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

A B C D E F G H I

Escola

C(C

OV

sT)

( mg

/m3)

sala x

sala y

exterior

Os Resultados – Fase 2

Compostos Orgânicos Voláteis

As concentrações de COVs no interior geralmente excederam os níveis no exterior.

O valor médio de COVsT medido no exterior (excluindo a escola C) foi de 112 µg/m3

com um mínimo de 54 µg/m3 e um máximo de 263 µg/m3.

O nível de COVsT medido no interior de 4 salas de aula excedeu o limite

recomendado de 600 µg/m3.

O interior das outras 14 salas de aula registou uma média aritmética de 226 µg/m3

com um mínimo de 66 µg/m3 e um máximo de 481 µg/m3.

Page 22: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

Os Resultados – Fase 2

Os terpenos, glicóis e éteres foram detectados principalmente no interior, sendo

certamente as suas fontes exclusivamente do interior.

As classes químicas que contribuem mais para o total de COVs no interior variam de

escola para escola e mesmo entre salas de aula da mesma escola.

Compostos Orgânicos Voláteis

0%

20%

40%

60%

80%

100%

sala

23

sala

26

ex

teri

or

sala

11

sala

17

ex

teri

or

sala

10

sala

13

ex

teri

or

sala

9

sala

11

ex

teri

or

sala

1

sala

25

ex

teri

or

sala

2

sala

3

ex

teri

or

sala

21

sala

22

ex

teri

or

sala

7

sala

8

ex

teri

or

sala

14

sala

28

ex

teri

or

Outros

Hidrocarbonetos

halogenados

Ésteres

Terpenos

Hidrocarbonetos

aromáticos

Éteres e glicóis

Aldeídos e Cetonas

Alcanos

Escola B Escola C Escola D Escola E Escola F Escola G Escola H Escola IEscola A

COVsT

294 66 96

COVsT

226 724 110

COVsT

646 224 408

COVsT

200 143 95

COVsT

86 72 62

COVsT

197 305 263

COVsT

481 1178 54

COVsT

1805 222 105

COVsT

224 197 110

Page 23: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

0%

20%

40%

60%

80%

100%

sala

23

sala

26

ex

teri

or

sala

11

sala

17

ex

teri

or

sala

10

sala

13

ex

teri

or

sala

9

sala

11

ex

teri

or

sala

1

sala

25

ex

teri

or

sala

2

sala

3

ex

teri

or

sala

21

sala

22

ex

teri

or

sala

7

sala

8

ex

teri

or

sala

14

sala

28

ex

teri

or

Outros

Hidrocarbonetos

halogenados

Ésteres

Terpenos

Hidrocarbonetos

aromáticos

Éteres e glicóis

Aldeídos e Cetonas

Alcanos

Escola B Escola C Escola D Escola E Escola F Escola G Escola H Escola IEscola A

COVsT

294 66 96

COVsT

226 724 110

COVsT

646 224 408

COVsT

200 143 95

COVsT

86 72 62

COVsT

197 305 263

COVsT

481 1178 54

COVsT

1805 222 105

COVsT

224 197 110

Os Resultados – Fase 2

Por ex., na escola G, uma sala de aula apresentou valores de COVsT na ordem de 1200

µg/m3, 49% correspondendo a hidrocarbonetos aromáticos e 26% a alcanos, enquanto que

a outra apresentou somente 500 µg/m3 de COVsT, sendo 42% de alcanos e 28% de

hidrocarbonetos aromáticos.

A fonte dessa contaminação pareceu ser uma sala anexa onde são usados muitos

solventes e cola em trabalhos manuais, e também no facto desta sala ter sido pintada

recentemente.

Compostos Orgânicos Voláteis

Page 24: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

Conclusões do estudo QAI

duas das salas de aula avaliadas estavam fora do intervalo de conforto

térmico calculado de acordo com a norma da ASHRAE (ASHRAE, 55-2004)

para espaços sem climatização e ventilação mecânicas.

foram observadas concentrações elevadas de CO2 em todas as escolas.

Um conforto térmico deficiente favorece a falta de ventilação, pois,

principalmente, para impedir a entrada de ar frio mantêm-se janelas e

portas fechadas. O facto das salas de aula estarem normalmente

‘sobrelotadas’ vem também contribuir para os elevados níveis de CO2

registados.

as concentrações de COVs no interior normalmente excederam os níveis

no exterior. O nível de COVsT medido no interior de 4 salas de aula

excedeu o nível recomendado de 600 µg/m3 proposto na Regulamentação

Portuguesa (RSECE, 2006).

terpenos, éteres e glicóis foram detectados principalmente no interior,

sendo provavelmente emitidos por fontes internas.

Page 25: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

Resultados do estudo EpidemiológicoNa tentativa de correlacionar as informações recolhidas associadas a sintomas e doença

respiratória e a avaliação da qualidade do ar interior, as escolas foram classificadas de acordo

com os valores de conforto térmico, CO2 e COVs.

Quanto às condições térmicas foram considerados dois

grupos, de acordo com as características que prevaleceram

durante mais tempo no período de funcionamento das salas.

Não foi possível incluir a escola G e H em nenhum destes

grupos.

Quanto ao nível de CO2 as escolas foram classificadas em Boas (correspondem às ‘menos más’),

Intermédias, e Más.

Quanto às concentrações de compostos orgânicos voláteis as escolas foram também

classificadas em Boas, Intermédias, e Más.

Classificação Escolas

Confortáveis C, D, E, F e I

Húmidas A e B

Classificação Escolas

‘Boas’ [CO2] ~1400 ppm D e E

Intermédias [CO2] ~1850 ppm A, B, C e H

Más [CO2] >2100 ppm F, G e I

Classificação Escolas

Boas [COVs] <250 μg/m3 A, D, E, F e I

Intermédias [COVs] ~450 μg/m3 B e C

Más [COVs] >800 μg/m3 G e H

Page 26: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

Resultados do estudo Epidemiológico

A descrição dos resultados é realizada por cada escola avaliada e as proporções

foram comparadas pelo teste de qui-quadrado.

Para a comparação de médias foi utilizada a análise de variância (ANOVA) ou seu

equivalente não paramétrico teste Kruskal Wallis.

A estimativa de risco relativo foi calculada através do cálculo de odds ratio e

respectivos intervalos de confiança a 95% usando a regressão logística não

condicional.

A análise estatística realizou-se com o programa EPI6 e o programa SPSS ®

(Statistical Package for the Social Sciences).

Page 27: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

Resultados do estudo Epidemiológico

Nos doze meses que antecederam a avaliação, referiram ter tido asma

5,8% dos adolescentes, pieira 9,2%, crises de espirros 22,0% e alterações

na pele 6,6%.

Após ajuste para a escolaridade dos pais, valores de CO2 > 2100 ppm

associaram-se a pieira durante o exercício [OR=1,86 (IC95% 1,20 -

2,89)] e tosse nocturna [OR=1,40 (0,95 - 2,06)].

Observou-se um aumento da estimativa de risco de sintomas de pieira

nos últimos 12 meses, asma alguma vez na vida e nos últimos 12 meses e

tosse nocturna nas escolas com valores mais elevados de COVs,

embora a associação não seja estatisticamente significativa.

Embora no geral sem associações estatisticamente significativas, as

escolas com piores indicadores apresentaram maior prevalência de

sintomas respiratórios.

Page 28: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

Recomendações

um aumento da taxa de ventilação parece ser necessário.

no caso da poluição do ar exterior, a ventilação mecânica poderá sernecessária para permitir a utilização de filtros escolhidos de acordo comcada caso em particular.

as principais intervenções de manutenção como pinturas deverão terlugar após o termo das aulas, em Julho, a fim de evitar o impacto directodas altas concentrações de COVs sobre os alunos e para tirar partido dastemperaturas mais elevadas no Verão e maior ventilação para aumentar aemissão das substâncias poluentes com a consequente diminuição maisrápida das emissões de COVs.

a ventilação necessária durante e após a instalação deve ser tambémum factor de vigilância.

devem existir espaços especiais com extracção forçada para actividadespoluentes, como o uso de colas e solventes. A escolha destes produtospara as aulas de trabalhos manuais deve ser feita com cuidado, sendoescolhidos produtos de baixa emissão.

devem ser usados materiais de construção de baixa emissão.

Page 29: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

Disseminação do Projecto

Page 30: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

Futuras linhas de investigação

Aumentar o número de Projectos Interdisciplinares- evidências de uma má QAI na saúde

Projectos com diferentes Universidades de modo a alargar as áreas geográficas

Alargar este tipo de estudo a outras populações que não a escolar

Realização de acções de informação à comunidade em geral

Divulgar e sensibilizar para a problemática da QAI

Alertar para a necessidade de garantir uma boa QAI nos edifícios, quer aquando dasua construção, quer durante o seu tempo de utilização

Contribuir para minimizar os riscos para a saúde, minimizar o consumo de energia egarantir o conforto dos utilizadores dos espaços interiores, através da suaformação e educação cívica

Incentivar e promover a adopção de boas práticas conducentes a comportamentosactivos (individuais e colectivos) e atitudes saudáveis por parte da comunidade

Construir uma cadeia de informação online que reforce o conhecimento existentesobre as fontes/causas da poluição interior e as inter-relações daquelas com asaúde

Alertar de forma sumária e adequada para o papel da regulamentação aplicávelsempre que se constrói, reabilita ou muda para uma nova casa ou uma novaescola

Page 31: Valores Limite de Qualidade Do Ar Interior

SAÚDE AMBIENTAL EM AMBIENTE ESCOLAR

- QUALIDADE DO AR INTERIOR -

2004-2006

Obrigada pela atenção!

Conferência Ambiente e Saúde: investigação e

desenvolvimento para o futuro ”

Fundação Calouste Gulbenkian, 7 de Abril de 2009