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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA
VAMOS DANÇAR CIRANDA?!!
ALLYNE KRISTHINA DOS SANTOS QUEIROZ
MARTINS-RN
2016
ALLYNE KRISTHINA DOS SANTOS QUEIROZ.
VAMOS DANÇAR CIRANDA?!!
Artigo Científico apresentado ao Curso de
Pedagogia, na modalidade a distância, do
Centro de Educação, da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, como requisito
parcial para obtenção do título de Licenciatura
em Pedagogia, sob a orientação da professora
Ms. Maria das Dôres da Silva Timóteo.
MARTINS-RN
2016
VAMOS DANÇAS CIRANDA?!!
Por
ALLYNE KRISTHINA DOS SANTOS QUEIROZ.
Artigo Científico apresentado ao Curso de
Pedagogia, na modalidade a distância, do
Centro de Educação, da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, como requisito
parcial para obtenção do título de Licenciatura
em Pedagogia.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________________
Ms. Maria das Dôres da Silva Timóteo (Orientadora)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
__________________________________________________________
Maria Aldeiza da Silva
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
__________________________________________________________
PhD Valdenides Cabral de Araújo Dias
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
__________________________________________________________
Profª Dra. Maria Audenora das Neves Martins
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
SUMÁRIO
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS.............................................................................................06
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA METODOLÓGICA.......................................................07
3 DESENVOLVIMENTO ......................................................................................................08
3.1 VIAGEM FASCINANTE DA MUSICA PELO BRASIL.................................................08
3.2 A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.......................................................................14
3.3 CANTIGAS DE RODA: BELO PASSEIO PELA MAGICA HISTÓRIA DAS
CIRANDAS DO MEU BRASIL..............................................................................................16
3.4 AS CANTIGAS DE RODA: IMPORTANCIA.................................................................19
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................23
5 REFERÊNCIAS....................................................................................................................25
6 ANEXOS...............................................................................................................................27
5
VAMOS DANÇAR CIRANDA?!!
Allyne Kristhina dos Santos Queiroz.
Pós-graduada em Educação ambiental e geografia do semiárido pelo IFRN/EAD, Tecnóloga em Gestão
Ambiental pelo IFRN/EAD e graduanda em Pedagogia –pela UFRN/EAD.
RESUMO
Levada pelo brilho que reflete e encanta os corações de quem escuta, canta e dança uma
ciranda, este trabalho foi feito com o intuito de revelar a importância das cantigas de roda,
tendo como eixo norteador a música na educação infantil. Quer-se, no embalo remanescente
das melodias aqui reveladas, objetivar o resgate das cantigas de roda apresentando as
contribuições didáticas e pedagógicas que as mesmas poderão proporcionar à Educação
Infantil. Para isso foi necessário a realização de pesquisa descritiva, qualitativa e
bibliográfica, tendo como referência alguns autores como: ALENCAR (2010), BASTIAN
(2011), BRASIL (2001), BRITO (2003), CASCUDO (2001), CÂMARA (2012 ) MARTINS
(2012), MOSCA (2009) PIAGET (2007) entre outros. Sinta-se, convidado, a fazer um passeio
pela história da música que compõe o Cancioneiro Popular Brasileiro, tendo como ênfase, as
cirandas brasileiras e suas contribuições para o Ensino na Educação Infantil, assim como, a
conhecer a revitalização da chamada “música pura” do músico brasileiro Heitor Villa-Lobos,
que iniciou um grande projeto de Educação Musical para o Brasil. Na ocasião terá a
oportunidade de conhecer brevemente a essência e magnitude da música na vida das pessoas,
antes mesmo dessas virem ao mundo.
Palavras-chave: Música. Educação Infantil. Cantigas de Roda
ABSTRACT
Moved by the brilliance that reflects and delights the hearts of those who listen, sings and
dances a ciranda ( circle dance song) , this work was done in order to reveal the importance
of music, with the guiding principle of the circle dance song in early childhood education. But
I want the remaining lulling melodies here revealed, objectify the redemption of pedagogical
educational contributions of circle dance song for children's education and become a reference
for the Brazilian children's education. This required the realization of descriptive, qualitative
and literature, having as reference some authors as ALENCAR (2010), BASTIAN (2011),
BRAZIL (2001), BRITO (2003), Krab (2001), CAMARA (2012) MARTINS (2012), FLY
(2009) Piaget (2007) and others. You are feel, therefore, invited my dear reader, to do a walk
through the history of music, with the emphasis, Brazilian cirandas and his contributions to
early childhood education. At the time you have the opportunity to briefly know the essence
and magnitude of music in people's lives, even before these come into the world.
KEYWORDS: Music, Childhood Education . nursery rhymes.
6
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Oh, Cirandeiro
Oh, cirandeiro
Cirandeiro, ok,
A pedra do seu anel
Brilha mais
Do que o sol.
...
Luíz Gonzaga, 2016
Para um bom começo de conversa, inicio dizendo que, existe nas músicas porções de
conhecimentos e prazeres que são benéficos para os seres humanos e que estes conhecimentos
e prazeres se fazem presente na nossa vida mesmo antes de nascer, começando, pois, no útero
materno.
As cantigas de roda surgem, neste contexto como um referencial a ser trabalhado na
Educação Infantil, pois as cirandas são exemplos dessas músicas que acompanharam nossas
vidas até os dias atuais. A questão é que não se vê mais as cantigas de roda, hoje, com a
essência e beleza com as quais estas eram vistas em tempos passados. O desfrute e gosto
pelas cirandas do nosso país já não é mais o mesmo.
Atualmente, podemos ver de forma nítida e natural a invasão das novas músicas que
atraem de forma harmônica e viciante as crianças. Tais músicas invadem a vida das crianças,
através dos meios tecnológicos. Geralmente essas músicas são aquelas que estão na mídia. As
crianças são tão atraídas por estes tipos de músicas que ficam o dia inteiro cantando o refrão.
Ao tomar conhecimento dessa realidade as cantigas de roda não podem perder sua
magnitude, uma vez que, segundo Alencar (2010, p. 111).
As cantigas-de-roda integram o conjunto das canções anônimas que fazem parte da
cultura espontânea, decorrente da experiência de vida de qualquer coletividade
humana e se dão numa sequência natural e harmônica com o desenvolvimento
humano.
Sabendo, pois, que as cantigas de roda são de grande importância quando inseridas na
Educação Infantil, essa pesquisa tem como objetivo analisar a importância da música na
Educação Infantil, resgatar as contribuições didáticas e pedagógicas das cantigas de roda para
7
a Educação Infantil, apresentar as cantigas de roda como suporte teórico para os professores
de Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIS).
2 ABORDAGEM TEÓRICA METODOLÓGICA
Ciranda Potiguar
Esta ciranda que não é só minha
Esta ciranda é do povo potiguar
Esta ciranda que não é só minha
Nascida em Pernambuco,
Mas agora é potiguar.
...
Dorinha Timóteo
CÂMARA, 2016
Para se ter um melhor entendimento sobre as partes estruturantes que caracteriza esta
pesquisa, farei uso de noções introdutórias que infere em classificar este trabalho quanto: á
natureza, aos objetivos, aos procedimentos e ao objeto.
Quanto à natureza, esta pesquisa segundo Andrade (2010, p.111) se classifica como:
“O resumo de assunto, que é um tipo de pesquisa que dispensa a originalidade, mas não o
rigor cientifico. Trata-se de pesquisa fundamentada em trabalhos mais avançados, publicados
por autoridades no assunto, e que não se limita á simples cópia de ideias”.
No que tange aos objetivos podemos classificar esta como sendo do tipo exploratória,
uma vez que, esta se submeteu a exploração de fontes importantes que fundamentaram este
trabalho. Segundo Andrade (2010, p. 112): A pesquisa Exploratória é o primeiro passo de
todo trabalho cientifico. São finalidades de uma pesquisa exploratória, sobretudo quando
bibliográfica, proporcionar maiores informações sobre determinado assuntos.
No que diz respeito aos procedimentos e ao objeto, esta pesquisa se caracteriza como
bibliográfica, pois durante sua formulação, foram feito o uso de fontes contidas em livros,
artigos, teses, entre outros. “A pesquisa bibliográfica, ou de fonte secundárias, abrange toda
bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas,
boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc.”
Lakatos, (2010, p.166).
As ideias desenvolvidas, no corpus desta pesquisa, foram fundamentadas
principalmente em Mosca (2009, p. 12) que diz que a música: “organiza nossos passos e
busca a ordem entre o homem e o tempo”. Em Cascudo (2012, p.7) que nos presenteia com
importantes abordagens sobre a literatura Oral no Brasil, o mesmo, “Cantou, dançou, viveu
8
como todos os outros meninos sertanejos do tempo dele e vizinhanças, sem saber da
existência de outro canto, outra dança, outra vida”. Euzebio e Ribeiro ( 2013), no que diz
respeito a historia das cirandas no Brasil, dialogamos com Martins (2012), que nos apresenta
o estético e o poético e as ideias que retratam a importância das cirandas na Educação Infantil,
além dançarmos com o texto Brasil (2001), que está presente em várias discussões
apresentadas neste trabalho. Esta é uma mágica viagem em torno da história das cirandas e
cantigas de roda do cancioneiro popular, veja pois as coordenadas que começa por um breve
mergulho na história da música brasileira, depois segue para um passeio que vai mostrar as
belezas que a música pode proporcionar à Educação Infantil.
Pronto! Chegando a essa praia, dance as cirandas da sua meninice, cante, gire e
mergulhe embalado pelas mãos de CASCUDO nas cantigas do nosso lugar, nas cirandas de
nosso Brasil, nas cirandas que nunca param de embalar a nossa alma.
Venha; cante, dance e brinque com as cirandas que embalam sua vida!
3 DESENVOLVIMENTO
3.1 Viagem Fascinante da Música pelo Brasil
Ciranda Cirandinha
Ciranda, cirandinha
Vamos todos cirandar
Vamos dar a meia volta
Volta e meia vamos dar
O anel que tu me destes
Era de vidro e se quebrou
O amor que tu me tinhas
Era pouco e se acabou
Por isso, dona Rosa
Entre dentro desta roda
Diga um verso bem bonito
Dia adeus e vá se embora.
Cancioneiro Popular
Ao fazer uma breve viagem pelas histórias da música brasileira veremos que ela surge
junto com as primeiras civilizações, sofrendo em seguida influências dos povos que ali
9
chegaram como, por exemplo, os Portugueses. A música era fator determinante em várias
comunidades sendo, porém, utilizada pelos índios e negros, em quase todos os rituais.
Contribuindo para esta volta dada pela ciranda, Mosca (2009, p. 13) diz:
Foram os portugueses que faziam parte da caravana do descobrimento, pelo registro
de Pero Vaz de Caminha, as primeiras testemunhas da música brasileira. O homem –
social e ritualístico – se utiliza de música enquanto linguagem desde os mais
primórdios tempos. A música é a nossa mais antiga forma de expressão.
Ao chegar em terras brasileiras, os portugueses se deparam com povos de culturas
diferente da deles, sendo, porém, rotulados como selvagens e ignorantes. Para se ter um
possível contato com esses povos, os portugueses introduziram degredados que ofereciam
objetos como machadinhas, vestimentas entre outros, que os indígenas não conheciam, em
troca do trabalho desses povos nativos que eram destinados a coleta de produtos das terras. A
partir desse contato começou a haver uma interação entre ambas as culturas permitindo que
estas fossem influenciadas umas pelas outras. Esta interação se intensifica durante a
colonização do Brasil, com a catequização dos índios, promovida pelos jesuítas trazidos para
as terras brasileiras pelos portugueses com o objetivo de evangelizar, catequizar e tornar
cristãos os indígenas que habitavam estas terras. Começa então a surgir as primeiras
iniciativas voltadas para a educação musical, tendo como ênfase o canto e a dança cristã.
Assim sendo, por volta do século XIX a educação formal da música estava
diretamente vinculada à Igreja. Aqueles que não tinham acesso a essa educação como, os
escravos que foram libertados com a abolição da escravatura e o povo que morava nas
periferias improvisavam sua maneira de fazer música. Ao redor de fogueiras, em cultos
religiosos, em cerimônias e em outras ocasiões os povos desta época cantavam e dançavam de
forma coletiva, entregando-se completamente, ao som que se tocava. Era como se o canto e a
dança fosse um componente indispensável para a vida desses povos.
O som que se tocava saía dos mais variados instrumentos que eram fabricados por eles
mesmos como: flautas feitas de ossos, tambores, chocalhos e entre outros. O canto
acompanhado de gritos, palmas e batidas de pés entoavam a música, embalando e levando
todos que estavam dentro e fora da roda a dançar e brincar com alegria. Contribuindo para
esta discussão Mosca, (2009, p.18), vem dizer que:
Os escravos libertos, o povo que morava nas periferias e tantos outros, que não
recebiam educação musical formal, continuavam a brincar de música. Em suas
cirandas, eram grupos que vivenciavam a música em sua plenitude, pelo fazer
10
coletivo, no compartilhar conhecimentos, no produzir música para seu deleite e
prazer, afinal podemos aprender música na alegria, no fazer, no compartilhar!.
Como mostra a autora os povos de antigamente viviam a música em sua total
plenitude, pelo prazer, por meio de formas compartilhadas de se fazer e produzir música. Sem
que houvesse nenhum tipo de exclusão, a música nesses grupos, era produzida e vivida de
forma coletiva, de modo, que todos poderiam se envolver na brincadeira, seja através da
promoção do evento musical, seja através de sua participação ou qualquer envolvimento
ligado a realização do canto e da dança.
Com o tempo essa realidade se transforma em uma prática excludente e individual
deixando de ser um ato compartilhado e pleno. “Se a música faz parte da vida dos brasileiros
desde sempre, não foi assim com a educação musical” (Mosca, 2009, p.19). Segundo a mesma
Apud in Fonterrada (2005, p.194), “somente no ano de 1854 foi instituída oficialmente o
ensino da música nas escolas públicas brasileiras, por um decreto que ditava que o ensino
deveria se processar em dois níveis: „noções de músicas‟ e „exercício de canto”. [Grifo no
Original]
Isso só comprova a prática excludente dos métodos educativos com relação a
educação formal da música no Brasil, gerando, pois, discussões e descontentamento das
pessoas interessadas em compartilhar e viver a música de forma coletiva.
Tomando como base as afirmações de Mosca (2009, p.20), “O Brasil da década
de 1920 começavam a soprar novos ventos em direção á valorização da cultura do povo, do
folclore, da música popular, especialmente, da função social da música”. É nesse momento,
que a literatura oral do Brasil, começa a ganhar notoriedade.
A literatura oral no Brasil é caracterizada a partir de duas correntes. A primeira se
caracteriza de forma exclusivamente oral trazendo em sua essência as danças de roda, danças
cantadas, cantos popular, cantigas de embalar e entre outros. Já á segunda corrente vem
representada pela literatura, onde antigos livros literários como: Teodora , Imperatriz Porcina,
Princesa Magalona e entre outros, se tornaram convergências de motivos literários. Segundo
Cascudo (2012, p.13):
Duas fontes contínuas mantêm viva a corrente. Uma exclusivamente oral, resume-se
na estória, no canto popular e tradicional, nas danças de roda, danças cantadas,
danças de divertimento coletivo, ronda e jogos infantis, cantigas de embalar
(acalantos), nas estrofes das velhas xácaras e romances portugueses com solfas, nas
músicas anônimas, nos aboios, anedotas, adivinhações, lendas, etc. A outra fonte é
reimpressão dos antigos livrinhos, vindos de Espanha ou de Portugal e que são
convergências de motivos literários dos séculos XIII, XIV, XV, XVI, Donzela
11
Teodora, Imperatriz Porcina, Princesa Magalona, João de Calais, Carlos Magno e os
Doze Pares de França, além da produção contemporânea pelos antigos processos de
versificação popularizada, fixando assuntos da época, guerras, política, sátira,
estórias de animais, fábulas, ciclo do gado, caça, amores, incluindo a poetização de
trechos de romances famosos tornados conhecidos, Escrava Isaura, Romeu e Julieta,
ou mesmo criações no gênero sentimental, com o aproveitamento de cenas ou
períodos de outros folhetos esquecidos em seu conjunto.
Caracterizada pela oralidade, a literatura oral foi feita para o canto, para a declamação
e para a leitura em voz alta. Apropriada e adaptada por vários povos do sertão nordestino, a
literatura oral foi absorvida ao modo do improviso, versos, práticas poéticas e etc. A literatura
oral, como vemos, está presente em várias culturas de diferentes maneiras sempre entoada
pela oralidade que se traduz na dança, no canto, na fala, na alegria e na nostalgia que toma
conta da pessoa que mergulha nas teias tecidas pela literatura oral brasileira.
Se prestarmos bastante atenção, veremos que a literatura oral está sempre a nos
acompanhar no descompasso e imediato processo de construção de nossas vidas, começando
mesmo antes de nascermos, no ventre materno, e continuando com a repercussão de várias
interferências culturais, se fazendo, pois, presente na escola, nas comemorações, nas crenças,
nos costumes e etc.
Em meio a este contexto, surgem a partir de ideais nacionalistas compositores
modernistas dispostos a colaborar para revitalizar a “musica pura”. Entre estes destaca-se,
Heitor Villa-Lobos que, apoiado por Getúlio Vargas, inicia um grande projeto de educação
Musical para o Brasil. Este projeto diz respeito ao movimento orfeônico. (Mosca, 2009).
Durante o governo de Getúlio Vargas, em 1930, foi criado o Ministério da Educação e
Heitor Villa-Lobos, considerado na época o grandioso gênio da música brasileira, foi indicado
a dar sua contribuição e colocar em prática um dos seus maiores desejos, o de promoção da
educação artística aos jovens e o de levar a toda população os grandes Concertos Musicais.
Heitor Villa-Lobos tinha como objetivo, em seu projeto, fazer com que todo o Brasil
cantasse. Nas escolas o autor desejava que a música fosse fator importante na organização do
estudante, tendo como principal elemento de estudo o cantar, a musicalização por meio do
canto, para tanto, disponibilizou, aos professores um Guia Prático para a condução do
trabalho em Educação Musical. Através do seu projeto, Villa-Lobos conseguiu instituir o
ensino obrigatório de música nas escolas, uma vez que a música não acontecia, ainda, de
forma sistematizada, nas escolas brasileiras.
Continuando com a mesma autora, temos a seguinte informação:
12
A proposta de Villa-Lobos com o canto orfeônico era também a de promover o
civismo e a disciplina, onde a música era utilizada como fonte de organização do
estudante. Seu projeto pedagógico-musical abraçava como elemento de estudo o
cantar-musicalização por meio do canto, tendo no Guia Prático a condução do
trabalho para os professores. Revelando a preocupação do compositor acerca da
importância da música no âmbito escolar, seu projeto de educação musical pretendia
levar música a todas as escolas do país. A partir de seu projeto foi instituído o ensino
obrigatório de música nas escolas. (Mosca, 2009. P.21).
A contribuição dada por Villa-Lobos para a inserção da música na educação é
inegável, porém, é uma pena saber que o ensino da música nas escolas se baseava na
educação jesuítica, quando, por meio do canto orfeônico iria render às crianças e impor
seleção de bons cantores. O trabalho era feito sem nenhuma contextualização, sem sentido e
sem significado para o educando. As crianças não podiam compartilhar de suas experiências
com relação à música, sendo, porém, submetidas somente a transmissão do culto à “música
pura”. Isso favorecia à desvalorização das brincadeiras de rua, pois eram, nestas brincadeiras,
que encontrava-se as músicas consideradas não puras. Mosca (2009), para acirrar mais ainda
esta discussão diz o seguinte:
Neste descompasso, de aprendizagem musical, por meio do canto, as brincadeiras de
rua não eram valorizadas no canto folclórico, as experiências musicais das crianças
não eram levadas em conta, e julgava-se que desta forma todos poderiam receber
uma educação musical denominada elevada, no culto à música pura (tradição erudita
e folclore), em detrimento da música corrompida (a popular urbana comercial).
(MOSCA, 2009. p,22). [ Grifo no Original]
O canto orfeônico lá pela década de 1960 foi substituído pela educação musical que se
utilizou, quase que das mesmas técnicas e objetivos do projeto inicial de Heitor Villa-Lobos,
era realizado de forma fragmentada, sem considerar as vivências dos alunos e não conseguiu
abranger todas as escolas públicas e privadas brasileiras. Baseava-se, principalmente, no
civismo e na seleção dos educandos.
Em 1971 com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei
LDB n0 5692/71 que extinguiu a disciplina educação musical, que foi substituída pela a
atividade de educação artística, esta substituição proporcionou algumas inquietações nas salas
de aulas, pois para ser professor de música, o professor tinha que ser licenciado em educação
artística e ainda dominar outras áreas estabelecidas pela LDB. Veja o que diz os Parâmetros
Curriculares Nacionais de 2001:
Em 1971, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a arte é incluída no
currículo escolar com o titulo de Educação Artística, mas é considerada “atividade
13
educativa” e não disciplina. A introdução da educação Artística no currículo escolar
foi um avanço, principalmente se se considerar que houve um entendimento em
relação á arte na formação dos indivíduos, seguindo os ditames de um pensamento
renovador. No entanto, o resultado dessa proposição foi contraditório e paradoxal.
Muitos professores não estavam habilitados e, menos ainda, preparados para o
domínio de várias linguagens, que deveriam ser incluídas no conjunto das atividades
artísticais (Artes Plásticas, Educação Musical, Artes Cênicas). (BRASIL, 2001.
P:28).
A educação musical segue, porém, em meio a este descompasso com dificuldades bem
relevantes no ensino-aprendizagem. Os professores tiveram que desempenhar funções que, na
maioria das vezes não era de origem deles, tendo, pois, que se desenrolar para atender aos
objetivos que se almejava alcançar na educação por meio da atividade de educação artística.
Uma das principais dificuldades encontrada, na disciplina de Educação Artística ,enfrentada
pelos professores estava relacionada à relação entre teoria e prática. Como eles não tinham um
referencial a seguir acabavam, por seguir, o método espontâneo e expressivo para ensinar
artes plásticas, dança, música etc.
A espontaneidade traz a tona à ação de fazer por fazer, onde não se pensa para fazer e
não leva em consideração o outro. Em outras palavras, podemos dizer que as práticas de
ensino realizadas pelos docentes de Educação Artística foram transferidas e aplicadas sem
sentido e significado para o aluno, não levando em consideração a capacidade do aluno de
auto se desenvolver. Conforme Brasil, (2001. p.29):
Pode-se dizer que nos anos 70, do ponto de vista da arte, em seu ensino e
aprendizagem foram mantidas as decisões curriculares oriundas do ideário do inicio
a meados do século 20 (marcadamente tradicional e escolanovista), com ênfase,
respectivamente, na aprendizagem reprodutiva e no fazer expressivo dos alunos.
(BRASIL, 2001).
Descontentados com este tipo de aprendizagem surge movimentos em busca da
valorização e aprimoramento dos professores, com relação ao ensino-aprendizagem da
Educação Artística. Um dos movimentos que ganhou notoriedade no cenário brasileiro foi o
Movimento Arte-Educação, “multiplicando-se no país por meio de encontros e eventos
promovidos por universidades, associações de arte-educadores, entidades públicas e
particulares, com o intuito de rever e propor novos andamentos á ação educativa em arte”.
(BRASIL, 2001.p.30).
Os encontros e eventos deste movimento contribuíram para a geração de novas ideias
e metodologias com relação ao ensino de arte no Brasil, culminando na, aprovação da Lei
9.394/96 estabelecendo que o ensino de arte seja componente curricular obrigatório, nos
14
diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos
alunos.
É com esta imagem que a arte passa a ser vivenciada na educação no Brasil, com o
propósito de incluir em seu currículo conteúdos próprios ligados à cultura artística e não
apenas como atividades.
3.2 A Música Na Educação Infantil;
Se essa rua, se essa rua fosse minha
Eu mandava, eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante.
Para o meu, para o meu amor passar.
Cancioneiro popular
A música se faz presente em nossas vidas desde o útero materno, por meio dos
barulhos internos produzidos pelo corpo da mãe e também através de sons externos que o
bebê vai conseguindo escutar ao longo da gravidez como, a voz da mãe. Em seguida, depois
que os bebês nascem, os pais começam a emitir sons de acalanto para tentar acalmar a criança
como: A a a aa, Um. Um. Ummmmm entre outros. Depois começa a surgir outros sons
representados pelas músicas infantis como: Boi da cara preta, nesta rua, ciranda cirandinha, o
cravo e a rosa e etc. Os cantos e acalantos variam de acordo com a cultura da região, cada um
segue os seus ritmos e melodias. Em concordância com esse assunto, Brito (2003, p. 35) nos
diz que:
O envolvimento das crianças com o universo sonoro começa antes mesmo do
nascimento, pois na fase intrauterina os bebês já convivem com o ambiente de sons
provocados pelo corpo da mãe, como o sangue que flui nas veias, a respiração e a
movimentação dos intestinos. A voz materna também constitui material sonoro
especial e referência afetiva para eles.
Hoje se observarmos no nosso meio social, vamos perceber que as referências
musicais tem se modificado através da forte influência dos meios tecnológicos de
comunicações. Vimos, pois, as tradicionais músicas infantis, como as cantigas de roda, serem
substituídas pelas canções que circulam pelas rádios, emissoras de TV, redes sociais entre
outros. Cabe aqui citar o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, (1998, p.
21):
A criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma
organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada
cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo
meio social em que se desenvolve, mas também o marca.
15
Ao confrontarmos esta realidade com a iniciativa de se trabalhar alguns tipos
específicos de música na Educação Infantil como, as cantigas de roda, temos que levar em
consideração a diversidade de referências e gostos musicais que os educandos trazem consigo
desde seu nascimento. Por meio do conhecimento das preferências musicais podemos ir
adaptando e inserindo outras fontes musicais que sejam significativas para seu
desenvolvimento pessoal e, também, para o desenrolar das atividades realizadas dentro e fora
das salas de aula. Segundo o Referencial Curricular, (1998, p. 33):
É, portanto, função do professor considerar, como ponto de partida para sua ação
educativa, os conhecimentos que as crianças possuem, advindos das mais variadas
experiências sociais, afetivas e cognitivas a que estão expostas. Detectar os
conhecimentos prévios das crianças não é uma tarefa fácil. Implica que o professor
estabeleça estratégias didáticas para fazê-lo. Quanto menores são as crianças, mais
difícil é a explicitação de tais conhecimentos, uma vez que elas não se comunicam
verbalmente. A observação acurada das crianças é um instrumento essencial nesse
processo. Os gestos, movimentos corporais, sons produzidos, expressões faciais, as
brincadeiras e toda forma de expressão, representação e comunicação devem ser
consideradas como fonte de conhecimento para o professor sobre o que a criança já
sabe.
Seguindo com esta visão, o aluno irá auto-desenvolver-se, de maneira a agir de forma
crítica, podendo ele mesmo identificar e avaliar seu próprio gosto musical e o dos outros.
Assim, o professor proporcionará, ao aluno, a oportunidade de se apropriar de outros tipos de
músicas.
Como somos seres harmonizados à música desde a fase uterina, a musicalidade poderá
facilitar e promover boas práticas na Educação Infantil. Sabemos que, boa parte do tempo das
crianças, é destinado às brincadeiras que, de fato são atividades necessárias para o
desenvolvimento das crianças. Pereira (2002, p. 90-91) cita que as brincadeiras:
[...] Possibilita a quem as vivencia, momentos de encontro consigo e com o outro,
momentos de fantasia e de realidade, de ressignificação e percepção, momentos de
autoconhecimento e conhecimento do outro, de cuidar de si e olhar o outro,
momentos de vida, de expressividade.
Diante da amplitude dos benefícios de quem brinca, essas vivencias podem e devem
ser concebidas nas salas de aula de Educação Infantil, promovendo para os educandos a
possibilidade de vivenciar estes momentos ricos em conhecimentos e repletos da mágica
alegria que surge no emaranhado dos pensamentos que se criam no tempo e no espaço no
instante que se inicia uma brincadeira.
16
Sabemos também que essas brincadeiras englobam uma série de atividades como:
cantar, dançar, brincar de faz de conta entre outros. Então, como não inserir a música na vida
das crianças?
Brito (2003, p. 35), em seu livro Música na Educação Infantil, diz que “a criança é um
ser „brincante‟ e, brincando, faz música, pois assim se relaciona com o mundo que descobre a
cada dia.”. Na educação esta realidade não pode ser diferente, uma vez que a música
contribuirá para o desenvolvimento, psicológico, critico e social do aluno. Bastian, (2011) em
seu trabalho de pesquisa sobre a importância da música como disciplina escolar e meio para o
desenvolvimento da identidade dos estudantes, afirma que:
Os dados dos estudos comprovam sobeja e, inconfundivelmente que a prática ativa
da música (em conjunto ou até mesmo solistamente), com seu potencial capaz de
despertar emoções, está apta a mitigar os conflitos da juventude, a melhor controlar
os sentimentos de agressividade, de desconfiança e de autoinsegurança, além de
aumentar e apoiar o crescente esforço por autonomia. (BASTIAN, 2011, p. 72).
Ate aqui podemos considerar que a música é fator presente e indissociável da vida de
qualquer pessoa, visto que esta se faz presente em nossas vidas, desde a fase uterina, que, ao
ser inserida na Educação Infantil, poderá favorecer para o bom desenvolvimento do educando
que integra em sua essência fatores, sociais, motores, psicológicos e críticos.
Assim, acreditando na força e transformação que a música proporciona á vida de
cada um de nós: cantemos e dancemos, juntos, as cirandas da vida!
3.3 Cantigas de Roda: Um Belo Passeio Pela Mágica História das Cirandas do Meu
Brasil
Meu Boi É bonito
Meu é bonito
Meu Boi sabe dançar
Meu Boi é generoso
Educado, secular
Meu Boi vem de bem longe
Mas agora ele é daqui
Dança, dança meu Boi
É você quem manda aqui
Dança pro teu povo brincar!
Dança e canta o teu folguedo
Pois contigo quero dançar
Hoje é dia de festa
17
O Boi anima o terreiro
Colorido, lantejoula, chitão
Meu Boi é só animação.
Dorinha Timóteo
CÂMARA, 2016
As cantigas de roda surgiram entre os povos antigos em meio às festas e celebrações.
Sua origem veio da Europa, principalmente, da Espanha e de Portugal. Atualmente, essa
realidade nem é notada, visto que, as cirandas se infiltraram ao folclore brasileiro
apresentando o retrato do país e se tornando de extrema importância para a cultura local
brasileira.
As cirandas, nome dado às cantigas de roda, é uma metáfora escolhida para dá nome
às canções cantadas em círculo, enquanto todos se dão as mãos e seguem o mesmo ritmo
brincante. Mosca (2009, p. 09), afirma que; “O homem dança e se reúne circularmente em
seus rituais, reuniões e festividades. As cirandas brincam em círculo, e em círculo podemos
nos encontrar com todo o grupo e, olho no olho, catarmos e dançarmos juntos.”
As cantigas de roda chegam ao Brasil em Pernambuco nos litorais, através de
movimentos circulares realizados nas danças pelos índios e negros. Mosca (2009, p.10) diz
que: “A circularidade das danças acompanha o povo nordestino e na beira das praias se
dançava em volta das fogueiras, sob a luz da lua”.
As cirandas cantadas e contadas revelam em sua essência características da cultura de
um povo, onde podemos identificar as crenças, os acostumes, s brincadeiras, a paisagem, os
mitos, s lendas, as tradições, os romances e outros. Assim, a oralidade vai passeando pelos
lugares e tempos e se revestindo da cor local, como cita Cascudo (2001, P. 240):
O folclore inclui nos objetos e fórmulas populares uma quarta dimensão sensível ao
seu ambiente, porém não há como identificar os compositores das cantigas de roda,
já que elas não têm sua autoria identificada e, são continuamente, modificadas,
adaptando-se à realidade do grupo de pessoas que as cantam. Contudo, é preciso
notar que em vários pontos do País, as crianças já se apropriaram de toadas locais
para as suas rodas, cantando-as, porém, com um caráter próprio.
As cirandas podem estar presentes em todos os lugares, mas com melodia e ritmo
equivalentes à cultura local, pois estas são como diz o ditado popular brasileiro: “aumentadas
e não inventadas”. Essa mudança acontece devido às culturas dos povos serem diferentes,
fazendo com que cada grupo adapte suas cirandas a seus costumes, além de estarem,
18
originalmente, ligadas à oralidade e ao prazer, sem ter, o brincante, a preocupação com a letra
da música.
Atualmente, não vemos mais com frequência aquelas rodas de criança, cantando e
dançando as belas cirandas do nosso Brasil, com tamanha alegria e satisfação que uma
simples canção lhe tomava todo o tempo e atenção. Em meio a este mundo cheio de novas
tecnologias fica até difícil falar das alegres cantigas de roda, mas elas estão aí, um pouco
diminuídas, mas estão, basta que busquemos e vivamos suas magias e alegrias que podem ser
resumidas em um simples cantar e dançar.
E Cascudo (2001, p.102, apud EUZÉBIO & RIBEIRO, 2013, p. 21) diz que: “[...]
Essas melodias passam de geração em geração, entoadas pelos adultos ajudam a entreter,
embalar e fazer adormecer as crianças. Hoje em dia, elas não são tão presentes na realidade
infantil como antigamente”.
Podemos dizer que as cirandas se constituem através das cantigas populares criadas a
partir da cultura de um povo, estando relacionadas, diretamente as brincadeiras de roda, onde
todos os participantes da brincadeira de roda dão as mãos se igualando a um só nível para
cantar e dançar uma determinada canção.
Conforme Euzébio e Ribeiro (2013, p. 21),
As cantigas de roda nada mais são do que um ritmo de canção popular que está
diretamente relacionada com as brincadeiras de roda. A prática é comum em todo o
Brasil e tem caráter folclórico brasileiro. Tais cantigas de roda consistem em formar
um grupo com várias crianças, dar as mãos e cantar músicas com características
próprias.
O momento em que as crianças se juntam para brincar de cirandas é um momento
mágico. Elas vão se entregando aos poucos aos encantos e embalos da música,
proporcionando um momento prazeroso, em que, paralelamente, há um desenvolvimento
pessoal, cultural e social, alem do desenvolvimento de habilidades psicomotoras.
Na música podemos ser felizes, esquecendo os sentimentos tristes que, por vezes, faz
parte da vida humana. Brincando e cantando uma canção o mundo fica mais divertido e a
diversão hoje em dia é fator essencial para o desenvolvimento do ser. Assim é importante que
as crianças, tenham um tempo reservado às brincadeiras. Desse modo, é muito valioso levar o
brilho e a essência das belas cirandas brasileiras, que, antigamente, com frequência alegrava a
todos nós. Então, vamos dançar ciranda:
“O Cravo brigou com a rosa.
Debaixo de uma sacada
O Cravo ficou ferido
19
E a Rosa despedaçada
O Cravo ficou doente
A Rosa foi visitar
O Cravo teve um desmaio
A Rosa pôs-se a chorar”
Cancioneiro Popular
3.4 A Importância das Cantigas de Roda
Terezinha de Jesus
Terezinha de Jesus de uma queda
Foi-se ao chão
Acudiram três cavalheiros
Todos de chapéu na mão
O primeiro foi seu pai
O segundo o seu irmão
O terceiro foi aquele
A quem a Tereza deu a mão.
Cancioneiro popular
Ao serem inseridas na Educação infantil, as crianças se deparam com o novo, antes
desconhecido por elas, aonde irão, aos poucos, assimilar conhecimentos e se adaptar a esse
novo espaço que passará a frequentar. Esses conhecimentos serão, pois, mediados pelos
professores com o objetivo de desenvolver nos educandos a capacidade do
autodesenvolvimento. As atividades lúdicas se constituem numa excelente oportunidade a ser
trabalhada na educação infantil.
As crianças brincam, a maior parte do dia e essa atividade, a partir de estudos
realizados, tem demostrado ser uma ação fundamental e indispensável para a vida da criança.
Assim sendo, as cantigas de roda se tornam de grande importância para os trabalhos
realizados na Educação Infantil.
Martins (2012, p.68) colabora ao informar que:
As crianças, na fase da educação infantil, têm no espaço escolar, um fator de
igualdade, de oportunidades para as aprendizagens cognitivas e as cantigas de roda
possibilitam a articulação de várias linguagens: oral, gestual, corporal, musical, cada
linguagem com suas potencialidades lúdicas, além das várias possibilidades de fazer
relações.
Sabemos que ensinar/aprender brincando torna a aprendizagem prazerosa e com
significado para aquele que aprende. Não adianta se prender a métodos e pensamentos
20
tradicionais de ensino. O aluno não é aquele ser pronto para ser moldado para determinados
fins impostos pelos professores. O aluno alguém, que está sempre abeto ao aprendizado. Para
Piaget (2007, p. 1):
O conhecimento não pode ser concebido como algo predeterminado nem nas estruturas
internas do sujeito, porquanto estas resultam de uma construção efetiva e contínua, nem nas
características preexistentes do objeto, uma vez que elas só são conhecidas graças á
mediação necessária dessas estruturas, e que essas, ao enquadrá-las, enriquecem-nas.
O professor por sua vez tem que reconhecer esta realidade e buscar adaptar-se às
necessidades dos alunos, buscando sempre novos métodos de ensino que vá de acordo com o
perfil de cada educando.
Como afirma Martins (2012, p.68) na fase em que as crianças são inseridas na
educação infantil: “A criança que tem acesso à educação infantil, chega à escola cientista e
poeta. Tudo questiona tudo quer saber, é a fase dos porquês. Por que o sol é amarelo? Quem
colocou sal na água do mar? Por que a lua me segue? ”
O mundo da criança é mesmo uma fantasia, onde além dos porquês, o faz-de- conta se
faz presente também em quase todas as suas brincadeiras, proporcionando a capacidade da
criança se conhecer e apreciar as coisas que quer entender do mundo no qual estão inseridas.
É comum vermos meninas brincar de ser mamãe e meninos de ser o papai e dentre outros
fictícios papéis imaginários criados por estas crianças. Isto, porém, é uma forma de descobrir
as coisas e aprender a lhe dar com elas. Entre as brincadeiras posso aqui citar as cantigas de
roda, que tem caráter lúdico poético, favorecendo para aquele que brinca a descoberta de
vários questionamentos, abertura para momentos alegres, dramáticos, fictícios, afetivos,
tristes e etc.
Seguindo com os pensamentos da mesma autora temos a seguinte informação:
A escola, que deveria ser mais prazerosa para a criança, pois a recebe na fase em que
o seu desenvolvimento precisa ser mais estimulado devido às funções psicológicas
estarem propícias às novas aquisições, nega-lhe o acesso às cantigas de roda. Os
argumentos já sistematizados sobre o valor das cantigas de roda como poesia e
poema e o seu potencial estético e poético são suficientes para justificar a sua
utilização na educação infantil. (MARTINS, 2012.p.68).
O acesso negado às cantigas de roda na educação infantil e nas séries iniciais
distancia, as crianças, da cultura, deixando de lado aprendizados importantes que se faz
presente nas cirandas como, por exemplo, a contribuição para um melhor desenvolvimento da
socialização e linguagem da criança. A socialização e a linguagem é uma etapa bastante
21
importante a ser trabalhada na primeira infância, pois a criança está em um processo de
adaptação e descoberta do mundo a sua volta. Essa faze se dá por volta dos dois aos seis anos
de idade. Segundo Piaget (2010, p. 27):
Aos dois anos inicia-se um segundo período que dura até os 7 ou 8 anos, cujo
advento é marcado pela formação da função simbólica ou semiótica. Este permite
representar os objetos ou acontecimentos atualmente não perceptíveis invocando-os
por meio de símbolos ou de sinais diferenciados, tais como o jogo simbólico, a
imitação diferenciada, a imagem mental, o desenho etc.
Diante da afirmação do autor, é perceptível que a função simbólica e semiótica são
fatores marcantes para o desenvolvimento da criança. Como o jogo simbólico, a imitação
diferenciada, a imagem mental, o desenho, as cantigas de roda e outras.
As cirandas são cantadas e contadas com diferentes, conteúdos, tons, imagem,
desenho, ritmos, dentre outros, atendendo a uma gama de inquietações pelas quais as crianças
passam. Nesta fase, temos, como exemplo, a assimilação através das cantigas de roda de
informações que retratam à história contada pela música, estimulando a imaginação e a
memória. São os casos das músicas “A barata diz que tem”, “Peixe vivo” e “Sapo Jururu”. (
Anexos 01).
Martins, (2012.p, 27) informa que:
O processo de socialização e a linguagem são importantes para a criança nesta fase,
pois é uma fase intermediária em que a figura de parceiros da brincadeira tornam-se,
cada vez mais, indispensáveis; a criança passa de uma atitude de cada um por si, e
de espectador da atividade alheia, para interações sociais ativas, embora ainda
esporádicas e, de inicio, limitada.
As ações coletivas constituem-se, neste momento de vida da criança, em momentos
muito importantes. Os trabalhos em grupo, em que haja toda uma interação e troca propícia à
realização dessas ações, uma vez que, segundo os Parâmetros Nacionais de Qualidade para a
Educação Infantil, (2006. p, 16):
Antes mesmo de se expressarem por meio da linguagem verbal, bebês e crianças são
capazes de interagir a partir de outras linguagens (corporal, gestual, musical,
plástica, faz-de-conta, entre outras) desde que acompanhadas por parceiros mais
experientes. Apoiar a organização em pequenos grupos, estimulando as trocas entre
os parceiros; incentivar a brincadeira; dar-lhes tempo para desenvolver temas de
trabalho a partir de propostas prévias; oferecer diferentes tipos de materiais em
função dos objetivos que se tem em mente; organizar o tempo e o espaço de modo
flexível são algumas formas de intervenção que contribuem para o desenvolvimento
e a aprendizagem das crianças.
22
Os parceiros mais experientes, neste caso, podem ser os professores e/ou crianças com
idades superiores as outras, havendo assim uma efervescência de troca de conhecimentos e
aprendizagens entre as partes envolvidas durante a realização das atividades. A troca de
experiências é de fundamental importância neste processo, pois os envolvidos irão ensinar e
aprender, ao passo, que compartilham fatos e acontecimentos diversificados. A brincadeira
aparece aqui como uma atividade geradora da socialização do educando com e para com o
outro, pois durante o ato do brincar, a criança interage com o seu parceiro através de gestos,
linguagens, sons e etc. Brincando a criança consegue assimilar conhecimentos com mais
facilidade, pois esta aprende brincando, tornando aquela aprendizagem significativa para ela.
Martins, (2012, p.72) enriquece a discussão ao relatar que:
Os contos poéticos, por conseguinte, são importantes para o desenvolvimento da
linguagem e da socialização da criança, nessa faixa etária, pois as cantigas de roda
são o ápice de toda alegria estética e é pela intencionalidade de seus cantos que ela
apreende a imagem como acontecimento objetivo, evento de linguagem.
Os contos e cantos levam à criança, no momento em que escuta e dança, para fazer um
lindo e maravilhoso passeio, mergulhando em histórias que retratam atividades cotidianas,
sentimentos, fatos históricos, fauna, flora e etc. A exemplo dessas atividades têm-se algumas
cantigas de roda que retratam bem estes fatos. São elas: O meu boi morreu, mineira de minas,
Escravos de Jó, Sapo jururu, Meu Limão, O cravo e a Rosa, Cai, Cai Balão entre outras. (
Anexos 01).
A relevância dos benefícios das cirandas para quem as pratica não para por ai, pois no
momento em que brincam, as crianças além de estarem desenvolvendo a linguagem e a
socialização, estão também, recebendo um benefício para a saúde, uma vez que a dança é
também uma atividade física e pode proporcionar vários benefícios a quem a pratica. Cavasin,
(2003, p.7) nos mostra que “[...] A dança permite desenvolver valores físicos através dos
movimentos corporais motores (saltos, corridas e outros) e psicomotores, quando há
movimentos de coordenação entre braços, pernas, cabeça e tronco”. Como os exercícios
físicos são fundamentais para o nosso corpo, a dança se torna um elemento fundamental para
a nossa saúde, visto que, a mesma se utiliza de vários exercícios em sua composição.
Assim, entre nessa roda e dance as mais belas cirandas de sua vida, embalada pelas
cantigas Ludopoieticas do fazer pedagógica na Educação Infantil.
Então:
“Ai bota aqui
23
Ai bota aqui o seu pezinho
Seu pezinho bem juntinho com o meu
E depois não va dizer
Que você se arrependeu!”
(Cantiga do Cancioneiro Popular da Região Sul do Brasil)
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ai, Eu Entrei na Roda
Refrão - Ai, eu entrei na roda
Ai, eu não sei como se dança
Ai, eu entrei na “rodadança”
Ai, eu não sei dançar
Sete e sete são quatorze, com mais sete, vinte e um
Tenho sete namorados só posso casar com um
Namorei um garotinho do colégio militar
O diabo do garoto, só queria me beijar
Todo mundo se admira da macaca fazer renda
Eu já vi uma perua ser caixeira de uma venda
Lá vai uma, lá vão duas, lá vão três pela terceira
Lá se vai o meu benzinho, no vapor da cachoeira
Essa noite tive um sonho que chupava picolé
Acordei de madrugada, chupando dedo do pé
Cantiga de Roda do Cancioneiro popular brasileiro
Chegando até aqui, é bem provável que já se tenha uma visão a respeito da música no
Brasil, com ênfase nas cantigas de roda e sua importância para a Educação Infantil.
Sabendo que a música é essencial em nossas vidas, desde o útero materno, e que esta
proporciona uma série de benefícios para aqueles que a praticam, é inegável a presença da
musicalidade na vida dos seres humanos e a importância que esta proporciona ao
desenvolvimento das crianças na Educação infantil e na vida.
A escola, lugar onde recebemos as primeiras contribuições para nos tornarmos seres
críticos-sociais, cidadãos capazes de tomar decisões e capacitados para o mercado de trabalho,
deveria buscar inserir o trabalho com música de forma ativa e rotineira em seus currículos,
visto que, a musica é rica em conhecimentos, apresentando-se de suma importância para o
desenvolvimento de cada um de nós,, fato este evidenciado desde os primórdios da
humanidade.
24
No Brasil, o Ensino da arte, assegurado por lei, garante a inserção do estudo da música
nas escolas, sendo esta obrigatória, como consta na Lei de 9.394/96, estabelecendo, pois, que
o Ensino de Arte (disciplina que engloba o ensino de música, dança, artes visuais e entre
outros conteúdos próprios ligados à cultura) seja componente curricular obrigatório.
A realidade, porém, se opõe ao que está regulamentado garantido por lei, pois o que
vemos e nos deparamos, hoje, em boa parte das escolas brasileiras é uma educação pautada
em um currículo meramente tradicional de um caráter extremamente rígido e inflexível,
negando, pois, aos aprendizes a possibilidade de aprendizagens condizentes com sua realidade
cultural.
Cabe, nesse descompasso que segue a educação musical, que os professores, atores
principais desta história, busquem trabalhar com conhecimento dos princípios que regem o
ensino da música, em direção a uma linha de pensamento, respaldando-se em um currículo
flexível, contínuo e dinâmico que respeite o aluno e suas vivências pessoais, sociais e
culturais.
Para finalizar, esta pesquisa, atentamos para o encantamento e magia que as cirandas e
cantigas de roda proporcionam à vida de todos nós. Infelizmente, essas cirandas, belas, ricas,
cheias de conhecimento, harmonia, rimas e outros andam um pouco esquecida, na memória de
muitos brasileiros, isto é uma pena, pois a cultura viva e remanescente de um povo, reside
nestas cirandas e cantigas de roda, que como num ato de magia, pode ser vivenciada em um
só instante, quando um grupo de pessoas se dão as mãos, todos juntos compartilhando de uma
imensa união, dançam e cantam uma mesma canção.
Assim, não podemos abrir mão dessa fonte ludopoietica de conhecimento, alegria,
amor, fraternidade, cultura e prazer.
Assim, entre nessa roda e dancemos juntos:
“Oi vem pra roda, tindô lé, lé,
Oi vem pra roda , tindô lá, lá
Oi vem pra roda, Tindô lé, lé,
Ô tindô lé, lé,
Ô tindô lá, lá.”
(Ciranda do Cancioneiro Popular do Estado de Minas Gerais).
25
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26
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http://www.alzirazulmira.com/cantigas.htm. Acesso em: 20 de março de 2016 ás 15:03.
27
ANEXOS
28
ANEXO - 01
1- Cantigas de Roda
Pirulito Que Bate Bate
Pirulito que bate bate
Pirulito que já bateu
Quem gosta de mim é ela
Quem gosta dela sou eu
Pirulito que bate bate
Pirulito que já bateu
A menina que eu gostava
Não gostava como eu
Samba Lelê
Samba Lelê está doente
Está com a cabeça quebrada
Samba Lelê precisava
De umas dezoito lambadas
Samba , samba, Samba ô Lelê
Pisa na barra da saia ô Lalá (BIS)
Ó Morena bonita,
Como é que se namora ?
Põe o lencinho no bolso
Deixa a pontinha de fora
Ó Morena bonita
Como é que se casa
Põe o véu na cabeça
Depois dá o fora de casa
Ó Morena bonita
Como é que cozinha
Bota a panela no fogo
Vai conversar com a vizinha
Ó Morena bonita
Onde é que você mora
Moro na Praia Formosa
Digo adeus e vou embora
Capelinha de Melão
Capelinha de Melão é de São João
É de Cravo é de Rosa é de Manjericão
29
São João está dormindo
Não acorda não !
Acordai, acordai, acordai, João !
Ciranda Cirandinha
Ciranda Cirandinha
Vamos todos cirandar
Vamos dar a meia volta
Volta e meia vamos dar
O Anel que tu me destes
Era vidro e se quebrou
O amor que tu me tinhas
Era pouco e se acabou
Por isso dona Rosa
Entre dentro desta roda
Diga um verso bem bonito
Diga adeus e vá se embora
Atirei o Pau no Gato
Atirei o páu no gato tô tô
Mas o gato tô tô
Não morreu reu reu
Dona Chica cá
Admirou-se se
Do berro, do berro que o gato deu
Miau !!!!!!
Mineira de Minas
Sou mineira de Minas,
Mineira de Minas Gerais (BIS)
Rebola bola você diz que dá que dá
Você diz que dá na bola, na bola você não dá !
Sou carioca da gema,
Carioca da gema do ovo (BIS)
Rebola bola você diz que dá que dá
Você diz que dá na bola, na bola você não dá !
Cai Cai Balão
30
Cai cai balão, cai cai balão
Na rua do sabão
Não Cai não, não cai não, não cai não
Cai aqui na minha mão !
Cai cai balão, cai cai balão
Aqui na minha mão
Não vou lá, não vou lá, não vou lá
Tenho medo de apanhar !
Boi da Cara Preta
Boi, boi, boi
Boi da cara preta
Pega esta criança que tem medo de careta
Não , não , não
Não pega ele não
Ele é bonitinho, ele chora coitadinho
Peixe Vivo
Como pode o peixo vivo
Viver fora da água fria
Como pode o peixe vivo
Viver fora da água fria
Como poderei viver
Como poderei viver
Sem a tua, sem a tua
Sem a tua companhia
Sem a tua, sem a tua
Sem a tua companhia
Os pastores desta aldeia
Ja me fazem zombaria
Os pastores desta aldeia
Ja me fazem zombaria
Por me verem assim chorando
Por me verem assim chorando
Sem a tua, sem a tua
Sem a tua companhia
Sem a tua, sem a tua
Sem a tua companhia
O Meu Boi Morreu
O meu boi morreu
31
O que será de mim
Mande buscar outro,oh Morena
Lá no Piauí
O meu boi morreu
O que será da vaca
Pinga com limão, oh Morena
Cura urucubaca
A Rosa Amarela
Olha a Rosa amarela, Rosa
Tão Formosa, tão bela, Rosa
Olha a Rosa amarela, Rosa
Tão Formosa, tão bela, Rosa
Iá-iá meu lenço, ô Iá-iá
Para me enxugar, ô Iá-iá
Esta despedida, ô Iá-iá
Já me fez chorar, ô Iá-iá (repete)
A Gatinha Parda
A minha gatinha parda, que em Janeiro me fugiu
Onde está minha gatinha,
Você sabe, você sabe, você viu ?
Eu não vi sua gatinha, mas ouvi o seu miau
Quem roubou sua gatinha
Foi a bruxa, foi a bruxa pica-páu
A Barraquinha
Vem, vem, vem Sinhazinha
Vem, vem para provar
Vem, vem, vem Sinhazinha
Na barraquinha comprar
Pé de moleque queimado
Cana, aipim, batatinha
Ó quanta coisa gostosa
Para você Sinhazinha
Balaio
Eu queria se balaio, balaio eu queria ser
Pra ficar dependurado, na cintura de “ocê”
Balaio meu bem, balaio sinhá
Balaio do coração
Moça que não tem balaio, sinhá
32
Bota a costura no chão
Eu mandei fazer balaio, pra guardar meu algodão
Balaio saiu pequeno, não quero balaio não
Balaio meu bem, balaio sinhá
Balaio do coração
Moça que não tem balaio, sinhá
Bota a costura no chão
Boi Barroso
Eu mandei fazer um laço do couro do jacaré
Pra laçar o boi barroso, num cavalo pangaré
Refrão Meu Boi Barroso, meu Boi Pitanga
O teu lugar, ai, é lá na cana
Adeus menina, eu vou me embora
Não sou daqui,ai, sou lá de fora
Meu bonito Boi Barroso,que eu já dava por perdido
Deixando rastro na areia logo foi reconhecido
Refrão
O Pobre Cego
Minha Mãe acorde, de tanto dormir
Venha ver o cego, Vida Minha, cantar e pedir
Se ele canta e pede, de-lhe pão e vinho
Mande o pobre cego, Vida Minha, seguir seu caminho
Não quero teu pão, nem também teu vinho
Quero só que a minha vida, Vida Minha, me ensine o caminho
Anda mais Aninha, mais um bocadinho,
Eu sou pobre cego, Vida Minha, não vejo o caminho
Tutu Marambá
Tutu Marambá não venhas mais cá
Que o pai do menino te manda matar (repete)
Durma nenem, que a Cuca logo vem
Papai está na roça e Mamãezinha em Belém
Tutu Marambá não venhas mais cá
Que o pai do menino te manda matar (repete)
Sapo Jururu
33
Sapo Jururu na beira do rio
Quando o sapo grita, ó Maninha, diz que está com frio
A mulher do sapo, é quem está la dentro
Fazendo rendinha, ó Maninha, pro seu casamento
Cachorrinho
Cachorrinho está latindo lá no fundo do quintal
Cala a boca, Cachorrinho, deixa o meu benzinho entrar
Refrão - Ó Crioula lá ! Ó Crioula lá, lá !
Ó Crioula lá ! Não sou eu quem caio lá !
Atirei um cravo n‟água de pesado fou ao fundo
Os peixinhos responderam, viva D. Pedro Segundo.
Refrão
O Meu Galinho
Há três noites que eu não durmo, ola lá !
Pois perdi o meu galinho, ola lá !
Coitadinho, ola lá ! Pobrezinho, ola lá !
Eu perdi lá no jardim.
Ele é branco e amarelo, ola lá !
Tem a crista vermelhinha, ola lá !
Bate as asas, ola lá ! Abre o bico, ola lá !
Ele faz qui-ri-qui-qui.
Já rodei em Mato Grosso, ola lá !
Amazonas e Pará, ola lá !
Encontrei, ola lá ! Meu galinho, ola lá !
No sertão do Ceará !
Que é de Valentim
Que é de Valentim ? Valentim Trás Trás
Que é de Valentim ? É um bom rapaz
Que é de Valentim ? Valentim sou eu !
Deixa a moreninha, que esse par é meu !
São João Da Ra Rão
São João Da Ra Rão
Tem uma gaita-ra-rai-ta
Que quando toca-ra-roca
Bate nela
34
Todos os anja-ra-ran-jos
Tocam gaita-ra-rai-ta
Tocam gaita-ra-rai-ta
Aqui na terra
Maria tu vais ao baile, tu “leva” o xale
Que vai chover
E depois de madrugada, toda molhada
Tu vais morrer
Maria tu vais “casares”, eu vou te “dares”
Eu vou te “dares” os parabéns
Vou te “dartes” uma prenda
Saia de renda e dois vinténs
Vai abóbora
Vai abóbora vai melão de melão vai melancia
Vai jambo sinhá, vai jambo sinhá, vai doce, vai cocadinha
Quem quizer aprender a dançar, vai na casa do Juquinha
Ele pula, ele dança, ele faz requebradinha
Na Bahia Tem
Na Bahia tem, tem tem tem
Coco de vintém , ô Ia-iá
Na Bahia tem ! (repete)
Vamos Maninha
Vamos Maninha vamos,
Lá na praia passear
Vamos ver a barca nova que do céu caiu do mar (bis)
Nossa Senhora esta dentro,
Os anjinhos a remar
Rema rema remador, que este barco é do Senhor (bis)
O barquinho ja vai longe ...
E os anjinhos a remar
Rema rema remador, que este barco é do Senhor (bis)
Roda Pião
O Pião entrou na roda, ó pião ! (bis)
Refrão: Roda pião, bambeia pião ! (bis)
Sapateia no terreiro, ó pião ! (bis)
Mostra a tua figura, ó pião ! (bis)
Faça uma cortesia, ó pião ! (bis)
Atira a tua fieira, ó pião ! (bis)
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Entrega o chapéu ao outro, ó pião ! (bis)
Meu Limão, Meu Limoeiro
Meu limão, meu limoeiro
Meu pé de jacarandá
Uma vez, tindolelê
Outra vez, tindolalá
Escravos de Jó
Escravos de Jó jogavam caxangá
Tira, bota deixa o Zé Pereira ficar
Guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue za (bis)
A Barata diz que tem
A Barata diz que tem sete saias de filó
É mentira da barata, ela tem é uma só
Ah ra ra, iá ro ró, ela tem é uma só !
A Barata diz que tem um sapato de veludo
É mentira da barata, o pé dela é peludo
Ah ra ra, Iu ru ru, o pé dela é peludo !
A Barata diz que tem uma cama de marfim
É mentira da barata, ela tem é de capim
Ah ra ra, rim rim rim, ela tem é de capim
A Barata diz que tem um anel de formatura
É mentira da barata, ela tem é casca dura
Ah ra ra , iu ru ru, ela tem é casca dura
A Barata diz que tem o cabelo cacheado
É mentira da barata, ela tem coco raspado
Ah ra ra, ia ro ró, ela tem coco raspado
Pai Francisco
Pai Francisco entrou na roda
Tocando o seu violão
Bi–rim-bão bão bão, Bi–rim-bão bão bão !
Vem de lá Seu Delegado
E Pai Franciso foi pra prisão.
Como ele vem todo requebrado
Parece um boneco desengonçado
Escravos de Jó
Escravos de Jó jogavam caxangá
36
Tira, bota deixa o Zé Pereira ficar
Guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue za (bis)