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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA CURSO DE GRADUAÇÃO E LICENCIATURA EM ENFERMAGEM VANESSA DE ALMEIDA PINHEIRO SAÚDE MENTAL DOS TRABALHADORES OFFSHORE NITERÓI 2014

VANESSA DE ALMEIDA PINHEIRO SAÚDE MENTAL DOS … Vanessa de Almeida... · Agradeço a minha Avó Alba pela sua doçura e amor ao longo de toda minha ... Obrigada por ser essa pessoa

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA

CURSO DE GRADUAÇÃO E LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

VANESSA DE ALMEIDA PINHEIRO

SAÚDE MENTAL DOS TRABALHADORES OFFSHORE

NITERÓI

2014

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VANESSA DE ALMEIDA PINHEIRO

SAÚDE MENTAL DOS TRABALHADORES OFFSHORE

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Graduação em Enfermagem e Licenciatura da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel e Licenciado em Enfermagem.

Orientador: Prof. Drª. Elaine Antunes Cortez

Co-orientador: Prof. Ms. Andre Luiz de Souza Braga

NITERÓI, RJ

2014

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SAÚDE MENTAL DOS TRABALHADORES OFFSHORE

VANESSA DE ALMEIDA PINHEIRO

Trabalho de conclusão de curso

apresentada ao Corpo Docente do Programa de Graduação em Enfermagem, Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa, da Universidade Federal Fluminense, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Enfermeira.

Aprovado em Maio de 2014

BANCA EXAMINADORA

Profª. Drª. Elaine Antunes Cortez – EEAAC/UFF - Orientadora

Prof. Ms. Andre Luiz de Souza Braga - 1ª. Examinadora

Profª. Ms. Linda Nice Gama – 2ª. Examinadora

Profª. Drª Geilsa Soraia Cavalcanti Valente - Suplente

NITERÓI

2014

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Dedicatória Este trabalho é dedicado às pessoas que sempre estiveram ao meu lado pelos caminhos da vida, me acompanhando, apoiando e principalmente acreditando em mim: Minha família!

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. Agradecimentos

o Primeiramente agradeço à Deus por ter me dado a força necessária para realização de mais uma etapa em minha vida e em especial, a minha querida mãe, que sempre esteve do meu lado acreditando e me apoiando em qualquer decisão da minha vida, além de sempre ter feito tudo por mim desde meu nascimento, sendo meu melhor exemplo e influência na vida, principalmente como uma mulher guerreira e batalhadora. Sem ela não poderia ter conquistado mais essa vitória em minha vida. Você é o meu tudo! Também agradeço ao meu pai e meu irmão, que sempre estiveram do meu lado me incentivando para que eu conseguisse finalizar mais essa etapa com sucesso, mostrando que com dedicação sempre vou conseguir o que almejo na vida. Agradeço a minha Avó Alba pela sua doçura e amor ao longo de toda minha vida e minha Tia Aix pelo carinho e admiração. O apoio de vocês foram mais que importante para que conseguisse chegar aonde cheguei. Família, amo vocês!

o Ao meu namorado, Juliano Bianchi do Ó, por estar sempre do meu lado me dando carinho e amor necessário, principalmente nos momentos mais difíceis. Obrigada por ser essa pessoa maravilhosa que vem me ajudando ao longo de todo esse tempo para ser uma pessoa melhor em todos sentidos, principalmente na evolução da vida. Sua paciência é e sempre foi essencial para passarmos por todos os momentos complicados e você mostrou ser essencial e importante na minha vida, principalmente nesse momento que estou passando agora de transição, mudança e decisão. Talvez sem você do meu lado me dando a força necessária, essa conquista não teria o mesmo sentimento. Você mora no meu coração! E à todos da Família Bianchi do Ó, super queridos!

o Aos meus amigos e primos, que mesmo com a distância e a complicação de não nos vermos com frequência que acostumávamos nos ver, sempre estiveram do meu “lado” de alguma forma. Em especial aos meus melhores amigos, Fernanda Fernandes Ferreira e Karl O’Brien, que sempre estiveram ao meu lado mesmo com toda a distância e fuso horário diferente, me ouviram nos momentos que mais precisei e deram os conselhos e apoio nos momentos certo. Obrigada por tudo! (Specially to my best friends, Fernanda F. Ferreira and Karl O’Brien, that have always been on my side even with all the distance between us and time zone, listened to me in the moments I really needed and gave me the advices and support in the right moments. Thanks for everything!)

o À minha grande amiga de República em Niterói, Luciana de Abreu Oliva, com que tive o prazer de dividir os perrengues e os momentos mais legais e felizes da faculdade. Quantas choppadas, festas, suecas e claro, DCE! Lembranças que nunca serão apagadas. Saudades eternas de tudo!

o Patrícia Britto & Família, uma amiga/irmã que a UFF me deu e ainda fui “adotada” por sua família. Um exemplo de profissional, querida que só eles. Obrigada pela força!

o Aos meus amigos da UFF, em especial David Brandão, Marcelle Zuchelli, Raí Rocha e as meninas do apartamento 804, vocês fizeram a diferença nessa minha fase de vida e vou querer contato pra uma vida. Sentirei saudades!

o Aos meus professores, André Luiz Braga por ter me ajudado ao longo da construção do meu TCC, foi a base do começo de tudo. E a Elaine Cortez por ter

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aceitado o desafio de trabalhar como minha orientadora na construção desse trabalho. Obrigada pela paciência e os ensinamentos. Exemplos de profissionais dedicados e que amam o que fazem!

À todos que direta ou indiretamente participaram dessa minha trajetória.

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SUMÁRIO

1.CONSIDERAÇÕES INICIAIS, p.13

1.1.SITUAÇÃO PROBLEMA, p.15

1.2.QUESTÃO NORTEADORA, p.16

1.3.OBJETIVOS, p.16

1.4.JUSTIFICATIVA, p.16

1.5. CONTRIBUIÇÃO, p.17

2. REVISÃO DE LITERATURA, p.18

2.1.UM BREVE HISTÓRICO SOBRE ENFERMAGEM DO TRABALHO, p.18

2.1.1.A Enfermagem do Trabalho no Brasil, p.19

2.2.TRABALHADORES OFFSHORE, p.23

2.1.2.A Enfermagem do Trabalho na Saúde do Trabalhador, p.20

2.2.1.1. Descrição das Normas Reguladoras, p.24

2.2.1.Trabalho de revezamento em turnos: Aspectos Teóricos e Práticos, p.23

2.2.2.Relações no Trabalho Offshore e sua adaptação, p.28

2.3. SAÚDE MENTAL DO TRABALHADOR OFFSHORE, p.29

3. METODOLOGIA, p.32

3.1. DELINEAMENTO DO ESTUDO, p.32

3.2. ABORDAGEM METODOLÓGICA, p.32

3.3. TIPO DE ESTUDO, p.33

3.3.1. Resultados, p.37

3.3.2.1. Influência do confinamento na saúde mental do trabalhador

offshore, p.43

3.3.2. Analise e discussão de resultado, p.37

3.3.2.2. Intervenções do enfermeiro na promoção da saúde mental do

trabalhador offshore, p.45

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4. CONCLUSÃO

, p.53

OBRAS CITADAS, p.54

OBRAS CONSULTADAS, p.59

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 - principais atribuições do profissional de enfermagem do trabalho, segundo

ANENT – Associação Nacional de Enfermagem do Trabalho, f.

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LISTA DE SIGLAS

ANENT – Associação Nacional de Enfermagem do Trabalho

AAIN - Associação Americana de Enfermeiros da Indústria

AAOHN- American Association of Occupational Health Nurses

CLT- Consolidação das Leis do Trabalho

E & P – Exploração e Produção de petróleo e gás natural

EPI- Equipamento de Proteção Individual

MTE - Ministério do Trabalho e Emprego

MTSM - Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental

NR- Norma Regulamentadora

OIT – Organização Internacional do Trabalho

OMS – Organização Mundial da Saúde

PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

PPRA - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

RCN- Royal College of Nursing

SAE-

Sistematização da Assistência de Enfermagem

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RESUMO Este estudo tem como objeto a análise das influências da rotina do trabalho offshore na saúde mental deste trabalhador com propostas de ações de promoção da saúde mental que o enfermeiro do trabalho pode realizar. Os objetivos foram os seguintes: Identificar as influências da rotina do trabalho offshore na saúde mental deste trabalhador e descrever ações de promoção da saúde mental que o enfermeiro do trabalho pode realizar com os trabalhadores offshore. Quanto a abordagem metodológica foi realizado uma revisão bibliográfica integrativa, com abordagem qualitativa, nas bases de dados LILACS, PubMed, CINAHL, entre os anos de 2007 a 2013. O resultado foi dividido em duas categorias, são elas: 1) Influência do confinamento na saúde mental do trabalhador offshore e 2) Intervenções do enfermeiro para a promoção da saúde mental do trabalhador offshore. Na primeira foi evidenciada a influência do confinamento na saúde mental do trabalhador offshore, devido a esses profissionais terem que conviver com riscos físicos químicos, biológicos, ergonômicos, tais como, os fatores psicossociais devido ao próprio confinamento e estilo de vida, pois a vida familiar e social fica interrompida durante os dias embarcados, o lidar com pessoas de várias culturas e nacionalidades. Na segunda, as intervenções do enfermeiro na promoção da saúde mental dos trabalhadores offshore foram poucos evidenciadas, sendo utilizada a SAE e a educação permanente como possibilidades e sugestão para o enfermeiro realizar atividades de avaliação por meio de acompanhamento e intervenções, destacando a atuação do enfermeiros em atividades administrativas que repercutem na saúde do trabalhador, como fiscalizar, inspecionar e analisar. Realiza atividades assistenciais e de orientação em saúde com treinamento da equipe de resgate, realizando palestras e instruções de saúde para embarque, ainda gerencia suas atividades com planejamento, organização, controle e liderança diante do contexto laboral do ambiente offshore, e atuam em ocorrências previsíveis e inesperadas, mas nada com o foco exclusivo para a promoção da saúde mental. A conclusão quanto a atuação do enfermeiro para a promoção da saúde mental dos trabalhadores offshore, tendo em vista lidar com o confinamento, ainda está muito aquém do que esperávamos encontrar como contribuição para essa pesquisa. A enfermagem deve-se esse conhecimento relacionado a saúde mental, pois tendem a contribuir para que esses profissionais sintam-se acolhidos e que isso repercuta na diminuição de riscos de acidentes individuais e coletivos, relacionados ao esgotamento mental desses trabalhadores. Descritores: Petróleo, Enfermagem do Trabalho, Saúde Mental, Espaços Confinados, Saúde, Industria do Petróleo.

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This paper studied the analysis of the influences of offshore worker’s routine in the mental health with proposed actions to promote mental health that occupational health nurse can accomplish. The objectives were: Identify the influences of offshore worker’s routine in the mental health in this work and describe actions to promote mental health that occupational health nurses can accomplish with offshore workers. Methodological approach as an integrative literature review was conducted with a qualitative in LILACS, PubMed, CINAHL databases, between the years 2007 to 2013. The result was divided into two categories, they are: 1) Influence of confinement in mental health of offshore workers and 2) Nurse interventions to promote mental health of offshore workers. The first showed the influence of confinement on the mental health of offshore workers, because these professionals have to live with a myriad of biological, ergonomic, chemical, and physical risks such as psychosocial factors due to the confinement itself and lifestyle, because family and social life is interrupted during the day shifts, dealing with people from various cultures and nationalities . Second, the interventions of nurses in promoting the mental health of offshore workers were few evident, being used Systematization of Nursing Care and continuing education opportunities and suggestions for how nurses conduct review through monitoring and intervention activities, highlighting the role of nurses in administrative activities that impact on worker health, as they supervise, inspect and analyze. They engage in assistance and guidance on health with the rescue team training activities, conducting lectures and health instructions for shipment, whilst simultaneously managing their activities with planning, organizing, controlling and leadership on the working context of the offshore environment, and act in predictable occurrences in addition to the unexpected, but nothing with the sole focus for the promotion of mental health. The conclusion regarding the role of nurses to promote mental health of offshore workers in order to deal with the confinement is still far short of what we would expect as a contribution to this research. Nursing should relate this knowledge to the practice of mental health, so that they tend to contribute to these professionals to feel welcomed and that have repercussions in reducing risks of individual and collective accidents related to mental exhaustion of these workers .

ABSTRACT

Keywords: Petroleum, Occupational Health Nursing, Mental Health, Confined Spaces, Health, Petroleum Industries.

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1.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Desde o início da graduação em Enfermagem, associo a minha identificação

pessoal com a Enfermagem do Trabalho, em particular na área de Trabalhadores

Offshore, visto ter na família trabalhadora na área. Assim, tenho a oportunidade de

observar que o ato de ficar embarcado trabalhando pode interferir na vida da pessoa ou

até mesmo do profissional, pelo fato de permanecer semanas sem ter uma comunicação

externa, ou seja, em uma espécie de confinamento. Além disso, a intensa carga horária

de trabalho pode causar um abalo na estrutura psíquica da pessoa que exerce esse tipo

de trabalho.

Diante deste contexto, surgiu o interesse em realizar um estudo sobre a

influência do trabalho Offshore em pessoas que tem que permanecer embarcadas por

semanas a meses, sem um contato direto com o mundo Onshore. O foco do

confinamento deste tipo de trabalho relacionando com a Saúde Mental desse

trabalhador.

Tal inquietação levou a busca inicial de material bibliográfico e foi possível

perceber a escassez de produção científica de Enfermagem sobre assunto. Porém, há

artigos de outros profissionais da saúde que abordavam o tema de forma sucinta.

Durante a leitura dos artigos, foi possível notar algumas influências do

confinamento em bases de petróleo afetando a vida das pessoas, principalmente devido

à alteração na saúde mental, fato que despertou curiosidade, pois se evidenciou o

mesmo problema na família, por ter parentes trabalhando com esse tipo de serviço como

já foi citado.

Para tanto, gostaria de apresentar como é o universo de trabalho Offshore. O

termo Offshore é usado para aqueles trabalhadores que ficam embarcados em

plataformas de petróleo. Esse contingente é composto por diversos trabalhadores de

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diferentes áreas, como: operários, técnicos, engenheiros, geólogos, geofísicos e outros

profissionais da área de energia, também, os profissionais da saúde, que ali se encontram para

um auxílio se necessários em casos de acidentes e/ou quaisquer intercorrências. Tendo entre

eles, mulheres e homens de várias nacionalidades que, com exceção de alguns pesquisadores

universitários, são empregados de empresas transnacionais atuantes no setor petrolífero.

Esses profissionais trabalham em unidades marítimas localizadas entre 200 e 400km

da costa brasileira, porém o deslocamento é sempre feito em helicópteros que os transportam

da costa para o local de trabalho.

Cada empresa tem sua política de trabalho, principalmente na quantidade de dias que

cada profissional fica embarcado, variando de 14 dias embarcados para aqueles que trabalham

para a empresa petrolífera Petróleo Brasileiro, a Petrobras com 21 dias de folga no continente.

Quando esses empregados são de empresas estrangeiras os períodos podem ser variados,

podendo ser dito que nos outros países que tem essa atividade de extração de petróleo

offshore, costuma-se prescrever os tempos de trabalho e de folga conforme descrevem Freitas

et al (2001, p. 119): Em alguns países possui uma alternância de 14/14 Reino Unido), 7/7 (Estados Unidos), ou mesmo uma progressão de 14/14 no primeiro ciclo, 14/21 no segundo ciclo e 14/28 no terceiro ciclo (Noruega). Em termos de horas de trabalho durante o período de embarque, o mais comum são 12 de trabalho para 12 de descanso, porém o período de horas efetivamente trabalhadas, incluindo as extras, frequentemente chega a ser de 14 horas. Há alguns postos de trabalho em que a jornada pode chegar a 17 horas. De qualquer modo, independentemente da modalidade de turnos estabelecida, alguns trabalhadores permanecem de prontidão durante todo o tempo em que se encontram na plataforma.

Cabe destacar que neste estudo será utilizada a conceituação “mundo do trabalho”

segundo Silva (2007, p. 19) onde “[...] a expressão 'mundo do trabalho' comporta o mercado,

as relações e as condições de trabalho.”

Como o Brasil tem uma boa parte de sua economia voltada para exploração e

produção de petróleo e gás natural (E&P), entende-se que fazer uma análise da saúde mental

dos petroleiros1

1 O termo 'petroleiro' é utilizado aqui segundo a concepção do Sindpetro NF, o qual considera todos os trabalhadores da indústria do petróleo como sendo um 'trabalhador petroleiro' seja ele um efetivo da Petrobras, um terceirizado que atue na E&P de petróleo ou um trabalhador que atue em outra área e que hoje possua outro sindicato. O Sindipetro NF luta para representar todos os trabalhadores da indústria do petróleo que hoje estão no sindicato.

frente às transformações no mundo do trabalho vem contribuir para dar

visibilidade aos problemas enfrentados pela categoria na contemporaneidade.

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Estudos relacionados à saúde mental e de comportamento apresentados pelos

trabalhadores relacionados à atividade laboral que exercem não são recentes e atuais, o tema

remonta a 1913. Na Inglaterra um trabalho publicado sob o título “Psychology and industrial

efficiency” de Munsterberg (1913), é identificado como sendo o primeiro trabalho referente à

temática e foi realizado como forma de abordar um trabalhador que produzisse cada vez mais

e melhor.

Com isso, outros estudos foram publicados enfocando diversos aspectos sobre as

variações fisiológicas e psicológicas que acometem as mais variadas categorias de

trabalhadores que não conseguem se adaptar às pressões de suas atividades diárias.

Observa-se nos dias de hoje, uma recente visibilidade nos estudos sobre transtornos

mentais relacionados às transformações no mundo do trabalho, com a adoção de novas

tecnologias, novos métodos de gerenciamento da força de trabalho, bem como a precarização

nas relações de trabalho presentes na atualidade têm sido alterado expansivamente a

organização e, contudo, as condições das atividades laborais. Os estudos atuais visam

proporcionar uma compreensão mais ampla dessa relação trabalho/saúde mental, sendo visto

que "segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS), os transtornos mentais

menores acometem cerca de 30% dos trabalhadores ocupados, e os transtornos mentais

graves, cerca de 5 a 10%.” (BRASIL, 2001, p. 161).

Pode-se observar que a qualidade de vida no trabalho está diretamente ligada à vida

geral do trabalhador. Sendo assim, é percebido que o trabalho realizado em regime de

confinamento, como é o do petroleiro offshore, produz efeitos peculiares importantes na vida,

na qualidade de vida dos trabalhadores e de suas famílias.

Para Minayo et al (2000, p. 8) em um importante artigo sobre Qualidade de vida e

Saúde descrevem que: Qualidade de vida é uma noção eminentemente humana, que tem sido aproximado ao grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental e à própria estética existencial. Pressupõe a capacidade de efetuar uma síntese cultural de todos os elementos que determinada sociedade considera s eu padrão de conforto e bem-estar. O termo abrange muitos significados que refletem conhecimentos, experiências e valores de indivíduos e coletividades que a eles e reportam em variadas épocas, espaços e histórias diferentes, sendo, portanto, uma construção social com a marca da relatividade cultura.

O grupo social mais próximo do trabalhador, a família, é aquela que mais sofre com a

exigência do trabalho confinado. Alguns da família se sobrecarregando e sentindo a ausência

desse trabalhador, podendo apresentar também, problemas de várias ordens. As condições de

trabalho e a vida familiar mostram que muitos petroleiros apresentam tensão e irritação no

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retorno à vida familiar, assim como os filhos pequenos podem revelar sintomas orgânicos e

psicológicos, quando do retorno dos pais ao trabalho. Podendo ser observado que o

confinamento é o principal gerador de insatisfação no trabalho, devido ao fato de

permanecerem 14 dias, ou mais, longe da família e do convívio social.

Diante dessas considerações, procura-se dar um destaque no contexto atual do mundo

do trabalho como nas políticas que orientam nas práticas que estão sendo realizadas para

defender e assegurar o direito desses trabalhadores em terem a sua saúde física e mental

preservada e/ou restaurada.

1.1. SITUAÇÃO PROBLEMA E OBJETO

O trabalho Offshore, por ser um tipo de confinamento, influência na saúde mental, na

rotina de trabalho do trabalhador embarcado profissionalmente e/ou em sua vida pessoal?

Assim, este estudo tem como objeto:

• Análise das influências da rotina do trabalho offshore na saúde mental deste

trabalhador com propostas de ações de promoção da saúde mental que o enfermeiro do

trabalho pode realizar.

1.2. QUESTÃO NORTEADORA

• Como o enfermeiro pode atuar na promoção da saúde mental tendo em vista o

confinamento da atividade laboral dos Trabalhadores Offshore?

1.3. OBJETIVOS

• Identificar as influências da rotina do trabalho offshore na saúde mental deste

trabalhador;

• Descrever ações de promoção da saúde mental que o enfermeiro do trabalho pode

realizar com os trabalhadores offshore;

1.4. JUSTIFICATIVA

Este estudo justifica-se por ter um hiato na literatura sobre o tema, por uma hipótese não

testada de que o trabalhador offshore tem a sua saúde mental prejudicada e pela importância

de discutir e analisar outros aspectos que envolvem o adoecimento mental e que são

indispensáveis para nortear ações de promoção da saúde mental a serem realizadas pelo

enfermeiro do trabalho.

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Concepções sobre saúde do trabalhador vêm vindas ao encontro do que é referido na

literatura pesquisada, como, por exemplo: O termo saúde do trabalhador refere-se a um campo do saber que visa compreender as relações entre o trabalho e o processo saúde/doença. Nesta acepção, considera a saúde e a doença como processos dinâmicos, estreitamente articulados com os modos de desenvolvimento produtivo da humanidade em determinado momento histórico. Parte do princípio de que a forma de inserção dos homens, mulheres e crianças nos espaços de trabalho contribui decisivamente para formas específicas de adoecer e morrer. (BRASIL, 2001)

Com as mudanças no mundo e também, na organização do trabalho tem desencadeado

novas doenças e intensificado outras já existentes, determinando o direcionamento de diversas

profissões para entendê-las, evitá-las, atenuá-las e buscar alternativas para os trabalhadores

em situação de risco, até mesmo serem excluídos do mercado de trabalho e/ou afastados do

trabalho por doenças ou por aposentadoria precoce.

As questões de saúde-trabalho passaram por várias etapas ao longo da história. As

primeiras preocupações foram com a segurança do trabalhador, para afastar a agressão mais

visível dos acidentes do trabalho; posteriormente, preocupou-se, também, com a medicina do

trabalho para curar doenças; em seguida, ampliou-se a pesquisa para a higiene industrial,

visando a prevenir as doenças e garantir saúde ocupacional; mais tarde, o questionamento

passou para a saúde do trabalhador, na busca do bem-estar físico, mental e social. Agora,

pretende-se avançar além da saúde do trabalhador; busca-se a integração deste com o homem,

o ser humano dignificado e satisfeito com a sua atividade, que tem vida dentro e fora do

ambiente de trabalho, que pretende enfim qualidade de vida (OLIVEIRA, 2001, p. 42).

Certas atividades vêm se desenvolvendo nas empresas nos mais diversos programas

que visam à saúde do trabalhador propiciando a melhoria da produtividade, das condições de

trabalho, do desempenho profissional por parte do funcionário.

1.5. CONTRIBUIÇÃO

Assim, considera-se que ao responder os objetivos desta pesquisa esse trabalho poderá

nortear o trabalho do enfermeiro com visão mais ampla do ser humano, ou seja, não só

fisiológica, mas promocional, além de produzir um material científico que poderá contribuir

não somente para a prática, mas também para o ensino em enfermagem nesta área que ainda é

pouco explorada pelos enfermeiros.

Ainda se mostra um tema pouco abordado pela Enfermagem, pode contribuir para

informação/reflexão e crítica dos profissionais enfermeiros que cuidam deste grupo específico

de trabalhadores Offshore.

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2.

REVISÃO DE LITERATURA

2.1. UM BREVE HISTÓRICO SOBRE ENFERMAGEM DO TRABALHO

Inicialmente, é importante frisar que, não há pretensão de estabelecer uma cronologia

histórica rigorosa para abordar a enfermagem do trabalho nesta revisão, a idéia é destacar

alguns fatos com o propósito de favorecer a compreensão sobre a assistência de enfermagem

na saúde do trabalhador desde o seu início.

A enfermagem do trabalho estando atrelada à atenção dada à saúde do trabalhador no

próprio ambiente laboral, o primeiro título de enfermeira do trabalho coube a Phillipa

Flowerday, da Coleman Mustard Company, no Reino Unido em 1878, uma vez que suas

ações dirigiam-se aos trabalhadores na fábrica, bem como nas suas residências (BABBITZ

apud ZEITOUNE, 1990).

Alguns autores referem que o enfermeiro do trabalho age como gerente do serviço de

saúde porque desenvolve uma prática autônoma, automotivada e autodirigida, e compete-lhe

fazer levantamento das necessidades de saúde da companhia e dos trabalhadores,

desenvolvendo e implementando um programa de saúde que forneça "cuidados médicos

eficientes e baratos".

Esta proposição destaca dois focos de interação significativa do enfermeiro. O

primeiro com a empresa (companhia) e o segundo com os trabalhadores. Entretanto, a ação do

enfermeiro parece estar aliada ao modelo reducionista médico, devido ao termo "cuidados

médicos eficientes e baratos".

No Reino Unido da Grã-Bretanha, desde 1934, o Royal College of Nursing - RCN

realiza cursos para enfermeiros da indústria e, após a reunião do Comitê OIT/OMS sobre

saúde ocupacional, em 1952, o curso tornou-se mais abrangente destinando-se à enfermagem

para a saúde dos trabalhadores, onde quer que estes se encontrassem (BULHÕES, 1986,

p.88).

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Nestes cursos, além de conhecimentos relativos a diversas áreas, destacam-se os

conteúdos de conhecimentos da enfermagem visando os objetivos da saúde ocupacional,

dentre outros.

Em 1942, é fundada, nos Estados Unidos da América, a Associação Americana de

Enfermeiros de Saúde Ocupacional (American Association of Occupational Health Nurses -

AAOHN), inicialmente denominada de Associação Americana de Enfermeiros da Indústria

(AAIN). Esse órgão é o principal realizador dos programas de educação continuada,

disponibilizados para a categoria, além de promover encontros profissionais.

A AAOHN assim definiu o enfermeiro do trabalho:

É o enfermeiro empregado por uma empresa, indústria ou organização, com o objetivo de promover, conservar e recuperar a saúde dos trabalhadores. Cabe a ele desenvolver programas de prevenção das doenças ocupacionais e dos acidentes do trabalho[...] (BULHÕES, 1986, p. 103).

Pode-se afirmar que a Enfermagem do trabalho é formada por enfermeiro do trabalho

que classificam os fatores nocivos do ambiente: físico, químico, biológicos, ergonômicos e

psicossociais. Também, enfatiza o uso de equipamentos de segurança, equipamento de

proteção individual (EPI) e equipamento de proteção coletiva (EPC).

2.1.1.

A Enfermagem do Trabalho no Brasil

A enfermagem do trabalho, no Brasil, teve seu marco histórico anos depois do

ingresso dos enfermeiros em outros países do mundo. Há mais de quarenta anos, algumas

empresas de capital misto já traziam consigo a filosofia de saúde ocupacional e incluíam o

enfermeiro na equipe de saúde nas indústrias (ZEITOUNE, 1990, p.38).

No período que antecedeu a legislação que tornou a enfermagem do trabalho uma

especialidade, compreendido desde 1953 a 1972, contávamos com a presença da enfermagem

em empresas de diversos campos de atividade em alguns estados da federação, dentre eles:

Rio de Janeiro, Amapá, São Paulo e Minas Gerais. Empresas ligadas à fabricação de cimento,

indústrias de minério, produção agrícola e petrolífera. E atribui-se à enfermeira Delzuite de

Souza Cordeiro ser a precursora da enfermagem do trabalho no Brasil (BULHOES, 1986,

p.43). Nessa fase que antecedeu à especialização da enfermagem, foi ela a responsável pelo

planejamento, organização e implantação dos serviços de enfermagem do trabalho, sobretudo

nas empresas de mineração (BULHÕES, 1986; ZEITOUNE, 1990; MAURO, 1998). Além

das experiências vivenciadas, na prática, Cordeiro in Mauro apud Zeitoune (1990, p.27) relata

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a presença de enfermeiras na Petrobrás desde 1953, na Esso Brasileira de Petróleo, na

Companhia Siderúrgica Nacional (RJ) e em outras empresas no Estado de São Paulo.

2.1.2.

A Enfermagem do Trabalho na Saúde do Trabalhador

As práticas da enfermagem nas empresas, antes da consagração da enfermagem do

trabalho como especialidade, radicam-se nos conhecimentos das suas precursoras em saúde

pública. É desta área de conhecimento, saúde pública, que a enfermagem do trabalho buscou

intensificar as suas práticas, nesse grupo específico, o grupo dos trabalhadores (BULHÕES,

1986; CARVALHO, 2001).

De acordo com Mendes (2003, p. 52), a sociedade clamava por medidas e soluções

que minimizassem os riscos das populações adoecerem e morrerem em decorrência das

atividades laborativas. Essas medidas e soluções implicariam no surgimento de outras

ciências além das tradicionalmente vinculadas à problemática em causa, na tentativa de dar

respostas a esses anseios da sociedade. Dentre essas ciências estão a saúde ocupacional, a

medicina do trabalho e a saúde do trabalhador. Aliada a estas, outras áreas de conhecimento,

surgem como a higiene industrial, a segurança do trabalho e a enfermagem do trabalho

(BULHÕES, 1986, p.28).

Com as novas áreas todos se viram impelidos a buscar respostas a uma série de

demandas advindas do mundo do trabalho, em especial as relativas à saúde do homem

trabalhador e que iriam compor o escopo de atenção e preocupação dos profissionais da saúde

envolvidos na aplicação de técnicas e tecnologias ao mundo do trabalho.

Por tratar-se de questão de elevada repercussão social, os órgãos internacionais (OIT,

OMS) dão início à elaboração de resoluções e recomendações para disciplinar a matéria.

Constatando-se que o conhecimento desenvolvido, até então, estaria talvez um tanto aquém da

realidade de sua aplicação pelos profissionais, sobretudo no que concerne às práticas

assistenciais (OIT, 1998).

Entretanto, se o conhecimento sobre a saúde do trabalhador, por si só, vem

sustentando essa prática social de assistência à saúde, ou se as interações dos profissionais de

saúde, em especial os profissionais de enfermagem, são geradoras de novos conhecimentos,

cabe refletir, pois no dizer de Zeitoune (1990, p. 26):

Subsiste ainda, na prática da enfermagem, grande distância entre o saber teórico e prático. Quando tentamos avaliar os padrões vigentes de assistência de enfermagem em termos de preparo de pessoal e produção de saber

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científico, verificamos de um modo geral que muito mais precisa ser acrescido.

Neste sentido, a enfermagem, como área de conhecimento aplicável a diversos

cenários da assistência à saúde, segue sua trajetória evolutiva na busca de consolidação da sua

cientificidade.

Obtendo o conhecimento de enfermagem advindo da prática na saúde do trabalhador,

por certo concorre com o desenvolvimento da saúde ocupacional. Entretanto, em nosso país,

podemos destacar alguns autores que vêm se dedicando a esse tema e que, de certa forma,

demonstram uma evolutiva, se não em termos epistemológicos, pelo menos em termos da

ênfase ou enfoque dado à produção científica.

Bulhões (1986, p. 33), em sua obra intitulada "Enfermagem do Trabalho - vol.2" foi

apresentado uma discussão sobre Enfermagem do Trabalho, descrevendo suas características

fundamentais, seu desenvolvimento histórico, suas perspectivas e possibilidades; e sua

inserção social no contexto da saúde do trabalhador. Entretanto, a autora tenha tomado como

base algumas experiências com a assistência à saúde dos trabalhadores nas áreas fabris,

enfatizando a proteção dos riscos ambientais, a prevenção de acidentes e doenças, sua ideia

acerca da constituição da assistência de enfermagem conotava um caráter preditivo e

prescritivo. Todavia, as ações de enfermagem indicadas, na obra, ainda não se traduziam em

ações aplicáveis a todas as empresas que mantinham serviços de saúde ocupacional. Até

mesmo as grandes empresas que tinham, em sua estrutura, o enfermeiro do trabalho, pouco

referiam sobre as atribuições e funções que lhes eram pertinentes.

Podendo ser pontuado um aspecto interessante sobre a enfermagem do trabalho, no

Brasil, seu surgimento dado como uma especialização formalizada no âmbito acadêmico, por

força da legislação do Ministério do Trabalho; portanto, por força de lei, conforme Portaria

MT nº 3260/72 (BRASIL, 1972). Isto nos acarreta algumas dúvidas. Ou melhor, existiam

receios, como: antes dessa regularização da área em uma determinação legal da especialidade

de enfermagem do trabalho, se teriam os enfermeiros teriam realizado reflexões sobre sua

prática nessa área de aplicação do trabalho de enfermagem.

Como também, a enfermagem do trabalho, não estaria por força desses mecanismos

legais, reproduzindo o modelo biomédico de assistir ao trabalhador ou mesmo esses

enfermeiros intitulados como enfermeiros do trabalho não estariam às atividades propostas à

enfermagem, nessa área, direcionadas apenas no trabalho individual e não no coletivo, com

isso não aplicando as ações de enfermagem priorizando as doenças e riscos de adoecer e não a

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saúde ou promoção da saúde, preconizando para a área, o que estariam efetivamente ligadas

ao fazer legítimo e essencial da enfermagem.

Tratando dessas dúvidas existentes, Zeitoune (1990, p.24) resolveu investigar as

atividades desenvolvidas pelos enfermeiros do trabalho em áreas de atuação desse profissional

nas empresas. Destacando-se a autora que a enfermagem do trabalho tem atuação nas áreas

administrativa, assistencial, educação, de ensino e pesquisa. Porém, identifica distorções

quanto à assistência à saúde realizada nos níveis de prevenção primária, secundária e terciária.

E ressalta que “... a carência da formação [...] pode estar interferindo na concepção e na ação

profissional dos enfermeiros do trabalho*

Sendo avaliada uma etapa da Enfermagem do Trabalho para saber as funções,

competências e atribuições do enfermeiro do trabalho, foi preciso buscar uma descrição mais

concreta para forma de agir do enfermeiro na forma de atribuições bem delimitadas e

pertinentes à enfermagem.

" (ZEITOUNE, 1990, p. 93).

Foram feitos diversos estudos ao longo desses anos da enfermagem do trabalho como

especialização. Em sua maioria, estudos sobre riscos ocupacionais aos quais os trabalhadores

estavam expostos − físicos, químicos, biológicos, ergonômicos, etc. (BULHÕES 1986;

ZEITOUNE, 1990; SILVA, 2000; CARVALHO, 2001).

Por um ângulo da Enfermagem do trabalho, o "modo de agir" no interesse da

enfermagem remete à reflexão do pensamento sobre si mesmo e que as interações entre seus

atores (os profissionais de enfermagem) e a realidade da assistência de enfermagem

distinguem-se de outras das demais profissionais por uma essência enquanto a área do saber.

Tal pensamento surge como construído ou constituído dentro de uma evolutiva

epistemológica, a partir das teorias ou proposições teóricas e pelo próprio sentido da prática

da enfermagem nos campos da assistência, do ensino e da pesquisa de enfermagem.

O sentido da assistência de enfermagem à saúde do trabalhador norteia os modos de

agir profissional dos enfermeiros do trabalho é consequente ao entendimento das bases da sua

ação. Nesta área de atuação, corresponde à imagem (ideia) que os enfermeiros do trabalho

têm deste fenômeno, e de como ele define a situação da assistência de enfermagem prestada

(por eles) no seu campo de prática profissional (ação social).

Contudo, a enfermagem do trabalho veio para investigar o sentido da assistência de

enfermagem com direcionamento na saúde do trabalhador, a partir das concepções cotidianas

dos enfermeiros do trabalho, um sentido que pode surgir não para dar uma distinção exclusiva

para essa área, mas principalmente para contribuir com o avanço da enfermagem como

ciência em construção. (SILVA, 2005, p. 15)

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2.2. TRABALHADORES OFFSHORE

No Brasil, a organização do trabalho nas plataformas marítimas é dividida em

horários/escala, aquela que há o revezamento em turnos de 12 horas, sendo compreendidas

como funções operacionais realizadas por técnicos de nível médio e a de sobreaviso, exercido

por supervisores e profissionais de nível superior.

Logo após a aprovação em 1988, pela Assembleia Nacional Constituinte, do turno de

seis horas, e através de acordo feito com os Sindicatos, o regime de dias embarcados por dias

de folgas, ou seja, o trabalhador permanece um período de dias embarcado na plataforma,

trabalhando em regime de revezamento ou sobreaviso, conforme necessário, porém após o

desembarque teria um período equivalente aos dias embarcados de folga.

O trabalho em regime de confinamento dos trabalhadores Offshore, apresenta uma

situação distinta e característica que é de estarem em alto mar, não mais que, há centenas de

quilômetros da costa, durante um período variados de dias, o que somente os permitem

deslocarem-se apenas dentro de um espaço limitado. Vibrações, ruídos, conversas entre

pessoas, geralmente estão presentes em seus momentos de lazer, repouso ou refeições.

Diferente visto em grandes obras públicas, como construção de estradas, de barragens ou na

perfuração em terras, uma vez que o trabalhador pode deixar o local de serviço no período de

descanso.

2.2.1

Trabalho de revezamento em turnos: Aspectos Teóricos e Práticos

É essencial comunicar que não existe um modelo ideal de escala de turnos. Segundo o

professor Dr. Joseph Rutenfranz (1988, p. 398):

Aquele que se ocupa com o planejamento de escalas de turnos, deve refletir que isso não se presta a disseminação de quaisquer exigências ideológicas. A configuração das escalas de turnos é sempre um problema matemático e pressupõe conhecimento em métodos de otimização da distribuição do tempo. As escalas de turnos devem servir às pessoas em certas condições e facilitar sua integração social. Para que esse objetivo seja alcançado, devem-se analisar todas as variáveis fisiológicas, psicológicas, sociais e econômicas, antes de qualquer decisão, o que demanda trabalho multidisciplinar de todos aqueles envolvidos em tal decisão.

Fatores tais como: circadianos, de sono e sociais/domésticos são de grande relevância

no que se refere à adaptação ao trabalho em turnos e devem ser sempre considerados.

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A empresa, na sua possibilidade, tem que enviar esforços, buscando priorizar as

condições psicofisiológicas para o trabalho em turno. Rodízio para frente, turnos intercalados,

manutenção da escala de embarque, melhoria no acompanhamento médico periódico, atenção

aos critérios fisiológicos, concessão de mais dias de folga aos empregados embarcados, sendo

considerados apenas alguns dos procedimentos adotados.

2.2.1.1. Descrição das Normas Reguladoras

As Normas Regulamentadoras (NR), conforme à segurança e medicina do trabalho,

são de cumprimento obrigatório pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da

administração direta e indireta, assim como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário,

que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Falta de

execução das disposições legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho

acarretará ao empregador a aplicação das penalidades previstas na legislação pertinente.

Constitui ato faltoso a recusa injustificada do empregado ao cumprimento de suas obrigações

com a segurança do trabalho.

Conforme a Norma Regulamentadora nº 33 de 22 de dezembro de 2006, . Assim o

gerenciamento da segurança e saúde deverá ser planejada, programada, implementada e

avaliada pelo profissional de saúde da instituição empregadora. Com isso medidas técnicas de

prevenção, administrativas e pessoais deverão ser oferecidas a estes profissionais para que

venham desempenhar seu trabalho em espaços confinados. (BRASIL/MTE, 2012)

De acordo com o Ministério do Trabalho, através da Portaria de nº 128 de 11

dezembro de 2009, a NR nº 04 orienta que as empresas privadas e públicas, órgãos públicos

da administração direta e indireta e dos poderes Legislativo e Judiciário, que possuem pessoas

com vínculo empregatício, regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,

obrigatoriamente deverão ter serviços especializados de Engenharia de Segurança e Medicina

do Trabalho, para promover a saúde do trabalhador e promover a sua integridade no ambiente

de trabalho. Portanto, para que esta NR se cumpra é preciso que as empresas possuam

Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, e logo

poderão exigir dos profissionais os seguintes requisitos para integrar o seu pessoal:

Enfermeiro do Trabalho, pois o enfermeiro deverá ser portador de certificado de conclusão de

curso de especialização em Enfermagem do Trabalho, em nível de pós-graduação, ministrado

por universidade ou faculdade que mantenha curso de graduação em enfermagem.

(BRASIL/MTE, 2012)

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Logo, observamos que é essencial ter um enfermeiro do trabalho, com especialização

comprovada, para o trabalho em uma indústria petrolífera, visto que este enfermeiro será o

elemento fundamental para a promoção da saúde neste ambiente, pois em ambiente de

trabalho offshore não há médicos, assim o enfermeiro fica responsável por estes profissionais,

o que torna a nossa profissão ainda mais valiosa e imprescindível.

Segundo o Ministério do Trabalho, Brasil, através da Portaria de nº 292 de 8 de

dezembro de 2011, vem alterar o anexo 1 da NR de nº 6, que altera o item I referente a

Equipamentos de Proteção Individual (EPI) contra quedas de diferenças de nível, que logo

passar a vigorar a retificação ocorrida através da seguinte maneira: o cinturão de segurança

deverá ter dispositivos de trava-quedas, para proteger o profissional de quedas em operações

com movimentações verticais ou horizontais; cinturão de segurança com Talabarte, para

proteger o profissional de riscos de quedas em trabalhos com altura. (BRASIL/MTE, 2012)

De acordo com o MTE/Brasil (2012),

Para os fins de aplicação desta Norma Regulamentadora - NR, considera-se Equipamento de Proteção Individual - EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. (BRASIL, MTE, 2012)

Ainda de acordo com o MTE/BRASIL (2012), a NR de nº 6 afirma que é necessário o

uso de EPI conjugado, pois oferecerá maior proteção ao trabalhador. Entende-se que EPI

conjugado é composto por vários dispositivos de segurança que é fornecido pelo fabricante

em conjunto, associado, para proteger de diversos riscos eminentes que o trabalhador possa

sofrer ao cumprir a sua missão. Assim, o mesmo proporcionará maior segurança a este

profissional.

Toda empresa deverá fornecer aos seus empregados, EPI adequado ao risco, em

perfeito estado de conservação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias: estes

equipamentos deverão ser entregues aos profissionais sempre quando não for possível realizar

o trabalho livre de doenças ocupacionais, ou que venha trazer riscos eminentes a saúde do

trabalhador; e para atender as situações de emergências.

De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, Brasil, através da Portaria nº 236

de 10 de junho de 2011, irá mostrar que a NR nº 7, que fala sobre o Programa de controle

médico de saúde ocupacional, estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implementação,

por parte de todas as instituições empregadoras que venham a admitir trabalhadores,

empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, com o

intuito de preservação e promoção da saúde dos seus trabalhadores. (BRASIL/MTE, 2012)

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Ainda de acordo com o MTE/Brasil (2012), a NR nº 7, que foi alterado pela Portaria nº

236, de 10 de junho de 2011 relata que caberá a empresa que esta contratando a mão de obra

prestadora de serviços informar a empresa contratada dos riscos existentes e também ajudar

na elaboração e implementação do PCMSO nos locais de trabalho onde os serviços vão ser

prestados.

Assim de acordo com a NR nº 7, iremos ver que toda empresa que tem seus

empregados deverá planejar e implementar os serviços médicos, equipe multiprofissional,

para a orientação e prevenção de acidentes de trabalho ou de doenças advindas de riscos

ocupacionais. Para isso os empregadores tem como responsabilidades a implementação da

PCMSO sem custos efetivos para o trabalhador, garantindo de acordo com a lei a eficácia e

eficiência da PCMSO.

Conforme o MTE/Brasil (2012), a NR nº 9, Programa de prevenção de riscos

ambientais, através da Portaria nº 25 de 29 de dezembro de 1994, estabelece que todos os

empregadores e instituições empregadoras que tem seus empregados, têm por obrigação a

preservação e integridade da saúde dos seus trabalhadores, através da antecipação,

reconhecimento, avaliação e controle dos riscos ambientais que possam existir no ambiente de

trabalho, tendo assim que proteger o meio ambiente e os recursos naturais, de acordo com o

Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA.

De acordo com a NR nº 9, do MTE/Brasil (2012), a PPRA deve ser desenvolvida pelo

empregador ou instituição empregadora em cada local, estabelecimento da empresa, para a

participação dos trabalhadores. Deve-se ter um conteúdo com bastante abrangência e

profundidade das características dos riscos e necessidades de controle naquele ambiente de

trabalho.

O PPRA deverá ter a seguinte estrutura:

• Planejamento anual com estabelecimento de metas, prioridades e cronograma;

• Estratégia e metodologia de ação;

• Forma do registro, manutenção e divulgação dos dados; e

• Periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do PPRA.

Para o MTE/Brasil (2012), este deverá ser efetuada sempre que for necessário e pelo

menos uma vez ao ano, para uma análise e avaliação geral do PPRA para a melhoria do seu

desenvolvimento e ajustes necessários para as novas prioridades e metas.

Para o Ministério do Trabalho e Emprego, Brasil, a NR nº 15 através da Portaria nº

291 de 8 de dezembro de 2011, afirma que “Limite de Tolerância” é a concentração ou

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intensidade máxima ou mínima, que estará relacionada com o tempo de exposição ao agente,

e que não causará danos à saúde do trabalhador durante a sua vida de trabalho. Para limites

acima da tolerância prevista nesta norma regulamentadora, que está presente em seus anexos,

encontram-se as seguintes atividades insalubres: limites de tolerância para ruídos contínuos ou

intermitentes; limites de tolerância para ruídos de impacto; limites de tolerância para

exposição ao calor; radiações ionizantes; agentes químicos cuja insalubridade é caracterizada

por limite de tolerância e inspeção no local de trabalho; limites de tolerância para poeiras

minerais.(BRASIL/MTE, 2012)

De acordo com o MTE/Brasil (2012), os trabalhadores em condições insalubres terão

direito a um adicional, incidente sobre o salário mínimo da região em que trabalha. Sendo

estes percentuais divididos por grau de insalubridade de cada trabalhador, que é conforme o

descrito a seguir: 40% para grau máximo de insalubridade; 20% para grau médio de

insalubridade; 10% para grau mínimo de insalubridade.

Para o Ministério do Trabalho e Emprego, Brasil, a NR nº 17, Ergonomia, afirma

através da Portaria nº 13 de 21 de junho de 2007 que, deve existir parâmetros para a adaptação

de trabalho as características psicofisiológicas dos trabalhadores, para que os mesmos venham

a ter o máximo de conforto, segurança e desempenho em seu ambiente de trabalho. Nestas

condições de trabalho estão incluídos o levantamento, transporte e descarga de materiais, o

mobiliário, os equipamentos e as condições ambientais do trabalho e a organização do

trabalho. (BRASIL/MTE, 2012)

O MTE/Brasil (2012), relata que as condições de trabalho vividas por estes

trabalhadores em seu ambiente de trabalho é de fundamental importância para o bom

funcionamento do setor e a realização das suas atividades. Pois os mesmos devem estar com

os aspectos físicos, emocionais, psicológicos bem, e o ambiente de trabalho deve estar ao

máximo possível organizado para viabilizar uma melhor e maior ergonomia destes

trabalhadores.

De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, Brasil, a NR nº 24, Condições

sanitárias e de conforto nos locais de trabalho, através da Portaria nº 13 de 17 de setembro de

1993, afirma que para o cumprimento da presente norma regulamentadora é necessário ter no

ambiente de trabalho o aparelho sanitário, que são peças ou equipamentos destinados para o

uso de água para fins higiênicos, e como exemplo temos mictório, banheira, bebedouro, entre

outros; gabinete sanitário, que também é conhecido como latrina, retrete, patente, privada,

WC, entre outros; e pôr fim ao banheiro que é o conjunto de peças e equipamentos destinados

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para o uso corporal. Estas instalações sanitárias deverão ser separadas por sexo.

(BRASIL/MTE, 2012)

Para o MTE/Brasil (2012) as áreas destinadas a sanitários deverão atender as

exigências essenciais mínimas para atender com conforto e qualidade aos trabalhadores da

empresa. Os órgãos regionais competentes em Segurança e Medicina do Trabalho poderão

fazer fiscalizações e perícias para cobrar das instituições empregadoras o que foi exigido por

lei para os seus trabalhadores.

Ainda de acordo com o MTE/Brasil (2012), a NR nº 24 afirma que as instalações

sanitárias deverão realizar processos permanentes de higienização, para que essas instalações

sanitárias sejam mantidas limpas e desprovidas de quaisquer odores durante a jornada de

trabalho. Assim o profissional poderá desfrutar de maneira adequada e segura das instalações

sanitárias.

Conforme o Ministério do Trabalho e Emprego, Brasil, afirma na NR nº 32, Segurança

e saúde no trabalho em serviços de saúde, através da Portaria nº 1748 de 30 de agosto de

2011, que tem por objetivo estabelecer diretrizes básicas para serem implementadas para a

proteção e segurança a saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, e também todos

aqueles que realizam atividades de promoção a saúde em geral. (BRASIL/MTE, 2012)

Para o MTE, Brasil, os riscos biológicos, químicos, de radiações ionizantes, de

resíduos, das lavanderias, da limpeza e conservação, da manutenção de máquinas e

equipamentos são os riscos ocupacionais iminentes que os profissionais de saúde em geral

estão submetidos. (BRASIL/MTE, 2012)

2.2.1.2. Relações no Trabalho Offshore e sua adaptação

Essas relações no trabalho dizem respeito às interações que são estabelecidas entre

pessoas, sendo numa condição horizontal, de parceria, ou vertical, de subordinação. São

consideradas no contexto físico e na forma de organização do processo de trabalho,

constituindo condicionantes e resultam no clima social. Nesse caso, de um ambiente de

confinamento, é importante considerar que a consequente proximidade de considerar que a

consequente proximidade de atividades diferentes como trabalho, alimentação, lazer, repouso

e atendimento à saúde, não favorecendo o relaxamento. Além de que, os turnos fixos

caracterizam a compulsoriedade da convivência e relações entre componentes, o que pode

tanto facilitar quanto a uma dificuldade de interação.

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No entanto, os fatores que condicionam o clima social ou as relações no trabalho são,

dentre outros, a estrutura de comando ou hierarquia, o controle sobre a produção, a avaliação

de desempenho, o controle do comportamento através da aplicação de normas disciplinares,

os estilos gerências, as modalidades e qualidades das comunicações, além das próprias regras

de convivência, como horários, procedimentos, utilização dos recursos disponíveis etc.

Os fatores que possam intervir na avaliação da adaptação ao trabalho, vêm do

principio de que o seu grau é resultante da inter-relação entre as expectativas e necessidades

do empregado e as suas condições de trabalho e vida. Dessa forma, a satisfação no trabalho

não se deve apenas às características psicológicas intrínsecas dos indivíduos, e sim, as

condições do meio socioeconômico e cultural e da própria organização do trabalho, entre

outros fatores.

Esses regimes de confinamentos levam características básicas de confinamento que

consequentemente poderia afetar na adaptação desse profissional. Entre eles podem ser

citados: afastamento social e familiar, e, secundariamente, os aspectos relativos à

periculosidade inerente aos trabalhos realizados nas plataformas. As vantagens constituem-se

fatores claramente presentes no processo de adaptação de trabalho, como: política vigente na

Companhia, no tocante e satisfatórios salários e vantagens.

Posso pontuar aspectos considerados atrativos e facilitadores para a adaptação desses

trabalhadores embarcados, primeiramente o salário e por seguinte as vantagens financeiras e

sociais, regime de folgas, segurança no trabalho e o grande porte da empresa.

2.3. SAÚDE MENTAL DO TRABALHADOR OFFSHORE

Como o objetivo desse trabalho é focar nos profissionais na área petrolífera foram

regidos pela Lei 5.811/72, que estabelece remuneração maior devido ao trabalho noturno e ao

perigo a que estão submetidos, assim como maior tempo de repouso e descanso semanal

(FERREIRA & SILVA JUNIOR, 2007, p. 27). Apesar desses direitos adquiridos, ainda há

muitos outros a serem conquistados, já que as dificuldades do trabalho nas plataformas vão

além das condições ambientais e entram no âmbito psicológico. É preciso atentar para

questões mais gerais que envolvam a qualidade de vida dos sujeitos, questão muito importante

quando se trata de atividades em plataformas marítimas, em que há uma expressiva perda da

qualidade de vida (CASTRO & NUNES, 2008, p.76). Os autores apontam a existência de

diversos transtornos mentais, denunciados pelo Sindicato de Petroleiros, em 1997, transtornos

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esses iniciados geralmente pela constante ansiedade e que afetam funções fisiológicas dos

trabalhadores, principalmente o sono.

Brešić (2007, p. 401) concluiu que o estresse ocupacional é considerado uma

experiência emocional negativa resultante de estressores no ambiente de trabalho e um

processo complexo, multivariado e dinâmico em que estressores e estresse percebido, direta

ou indiretamente causar problemas psicossomáticos e fisiológicos, como transtornos mentais,

as doenças cardiovasculares, dor musculoesquelético e distúrbios gastrointestinal. Estes

efeitos podem ser moderados por outros fatores psicossociais, tais como estilos de

enfrentamento.

É importante ressaltar que o sofrimento causado por um estresse ou ansiedade no

trabalhador, muitas das suas vezes não são consciente, de conhecimento do trabalhador.

Conforme esse profissional vai tomando essa consciência vive sentimentos de revolta e com

isso, cresce uma maior busca de seus direitos. Porém, quanto menos conscientes os

trabalhadores forem, mais conformados eles serão e menos sentido o trabalho terá para esses.

Umas séries de estudos anteriores mostraram que o estresse ocupacional é um

importante fator de risco para a doença mental entre os trabalhadores em terra em uma ampla

gama de ocupações. Uma meta-análise de Stansfeld & Candy (2002, p. 454) forneceram

evidências consistentes desenvolvidas que (combinações) altas demandas e baixo poder de

decisão e (combinações) esforços elevados e baixos recompensas foram fatores de risco

potenciais para transtornos mentais comuns.

O trabalho em plataforma de petróleo offshore é amplamente considerado como uma

profissão estressante, e seus trabalhadores estão expostos a ambos os estressores de trabalho

onshore e aqueles relevantes para o trabalho no mar. Os estressores físicos incluem ruído,

vibração, falta de iluminação e ventilação, confinada a viver e trabalhar em um relativamente

pequeno espaço, condições meteorológicas adversas no mar, longas horas de trabalho e

trabalho por turnos. Os estressores psicossociais dão as características do trabalho (carga de

trabalho, a variedade, clareza e controle), o risco percebido (por exemplo, incêndio, explosão,

explodir e viajar de helicóptero ou navios), insegurança no trabalho, interface trabalho-família

e à falta de certos tipos e fontes de sociais para apoiar.

Lidar com fatores estressores é o esforço de um indivíduo em cognições e

comportamentos que visam diminuir o impacto negativo do estresse sobre sua saúde desse

trabalhador. Podemos citar que lidar é dividir dentro do problema focalizado, incluindo busca

de informações e resolução de problemas e enfrentamento da emoção que envolve a emoção

expressada e as emoções reguladas. Às vezes, esses dois fatores são complementados pelo

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terceiro fator, avaliação enfrentamento focalizado incluindo negação, aceitação, comparação

social, redefinição e análise lógica. Geralmente, é considerada como um componente

importante do processo de stress global e tratado como um elo intermediário entre o stress e

tensão psicológica ou como um moderador da relação tensão.

Poucos estudos examinaram a influência do estresse ocupacional na saúde mental dos

trabalhadores de petróleo offshore, mas seus resultados são inconsistentes. Foram revelados

que os trabalhadores offshore relataram mais ansiedade do que a população em geral e

estresse percebido em relação ao trabalho e em casa. Porém, estudos se divergem em

opiniões que trabalhadores offshore e aqueles que trabalham em terra (onshore) acarretam

cargas de estresses independentes aonde se trabalha e o regime de trabalho. Significando que

ambos podem adquirir o estresse ocupacional, embora cada de sua forma.

Muitas vezes, o trabalhador consegue mudar de função no trabalho antes do

sofrimento se agravar, e mudança que pode ser utilizada como mecanismo de defesa, para

diminuir o sofrimento. Então, quando é falado de saúde mental na área de trabalho é preciso

levar em conta que o sujeito, que nasce em uma sociedade onde há uma supervalorização do

trabalho, que este muitas vezes entra precocemente neste mundo e, por fim, que o sujeito

passa a se organizar a partir desta nova atividade, depositando as melhores horas de seu dia no

trabalho (BORSOI, 2007, p. 45).

Assim, o conceito de saúde/ doença no trabalho é um tema difícil de ser acessado, por

geralmente não ser explícito. Mas, algumas medidas podem proporcionar melhores condições

no trabalho, com pequenas mudanças. Dejours (1992, p. 34) afirma que algumas mudanças

paliativas têm um curto reconhecimento, pois quando o trabalhador se adapta a essa nova

condição, percebe que seu problema vai além deste, não lhe proporcionando melhoria no

contexto mais geral do trabalho.

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32

3. METODOLOGIA

3.1. DELINEAMENTO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo do tipo, de acordo com os objetivos, descritivo e exploratório.

No que tange a pesquisa descritiva, de acordo com Rodrigues (2007, p.8), “é uma pesquisa a

qual fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem

interferência do pesquisado”.

Em relação à pesquisa exploratória, esta tem como objetivo esclarecer e proporcionar

uma visão geral em dimensões mais ampliadas acerca de um determinado fato. Busca-se saber

como determinado fato ou fenômeno se manifesta, o que interfere nele, como as variáveis se

inter-relacionam. São úteis para objetos de pesquisa pouco explorados. (DYNIEWICZ, 2011,

p.89)

3.2. ABORDAGEM METODOLÓGICA

De acordo com Minayo (2010, p. 7), foco da discussão, o conceito metodológico, é um

assunto cheio de controvérsias. Visto que como nos manuais e textos americanos, há pessoas

que igualam a métodos e técnicas, que são produzidos para a formação de pesquisadores.

Ainda Minayo (2010, p.8), a teoria e a metodologia estão juntas e vinculadas.

Afirmando que o conjunto de técnicas constitui o instrumental necessário para aplicar-se a

teoria, portanto aqui é tratado como elemento fundamental para a coerência metódica e

sistemática da investigação.

A abordagem utilizada foi a qualitativa. A pesquisa qualitativa costuma ser descrita

como holística por estar preocupada com os indivíduos e seu ambiente, em todas as suas

complexidades, e naturalista porque não impõe qualquer limitação ou controle ao pesquisador.

Além disso, estuda a subjetividade e se aprofunda mais na análise dos discursos, do que em

resultados quantitativos (MINAYO, 2004, p. 19).

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33

Sendo considerada uma abordagem interpretativa do objeto do estudo em uso,

considera-se que o caminho metodológico de natureza qualitativa, possa ser mais pertinente

para direcionar a uma investigação.

Segundo Minayo (2010, p 9),

Regras universais e padrões rígidos permitindo uma linguagem comum divulgada e conhecida no mundo inteiro, atualização e críticas permanentes fizeram da ciência a “crença” mais respeitável a partir da modernidade.

Conforme Minayo (2010, p. 17), método qualitativo é todo aquele que se aplica para

estudar a história, das relações, das representações, das crenças, das percepções e das

opiniões, estes que são produtos das interpretações que os seres humanos fazem a respeito de

como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos, sentem e pensam. Garantindo que as

pesquisas qualitativas se conformam melhor a investigação de grupos e segmentos

delimitados e focalizados, de histórias sociais sob a ótica dos atores, de relações e para

análises de discursos e de documentos.

3.3. TIPO DE ESTUDO

De acordo com o instrumento de coleta de dados, a pesquisa realizada classifica-se do

tipo de revisão, e especificamente foi feito uma revisão integrativa.

A Revisão Integrativa é aquela, onde a partir de pesquisas já realizadas sobre

determinado assunto são sumarizadas, tornando possível uma síntese do conhecimento já

existente, favorecendo uma análise mais organizada do tema abordado, resultando em

compreender mais acerca de determinado assunto. (BROOME, 2000, p.5)

Este método inclui a análise de pesquisas relevantes que vem para dar suporte para a

tomada de decisão e melhoria da prática como consequência deste processo, o que possibilita

a síntese do estado do conhecimento de um determinado assunto, além de evidenciar possíveis

lacunas do conhecimento sobre esse tema, que ainda venham a necessitar de novos estudos. E

ainda é importante ressaltar que a partir da revisão integrativa os profissionais de saúde

podem obter dados relevantes de um assunto estudado, em diversos lugares e momentos,

deixando-os atualizados e podendo ser proporcionado mudanças na prática clínica como

resultado da pesquisa. (MENDES; SILVEIRA & GALVÃO, 2008, p. 14)

Através da Revisão Integrativa é possível buscar estudos que abordem sobre o

assunto proposto que é a saúde mental de trabalhadores offshore, e assim constatar o número

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34

de estudos que dissertam sobre o tema em questão e perceber se ele é ou não de interesse para

o meio acadêmico.

A Revisão Integrativa divide-se em 6 etapas:

A primeira etapa é identificar o tema e elaborar a questão norteadora.

O tema escolhido se deu através da nossa inquietação que nos fez buscar materiais

bibliográficos onde foi possível perceber a escassez de produção científica sobre esse assunto.

Questão de Pesquisa: “Como o enfermeiro pode atuar na promoção da saúde mental tendo em

vista o confinamento da atividade laboral dos Trabalhadores Offshore?”

A segunda etapa foi estabelecer os critérios de inclusão que foram estudos publicados

nos últimos cinco anos no período de 2007 a 2013, textos nas línguas portuguesa e inglesa,

trabalhos nas bases de dados pesquisadas que abordassem acerca das consequências ou

influências do confinamento para a saúde mental do trabalhador offshore e ainda que citassem

acerca de possíveis intervenções ou atuações do enfermeiro para promover a saúde mental

desse trabalhador. Os critérios de exclusão foram aqueles que não abordassem sobre o tema

pesquisado e todos os artigos que não tenham sido publicados nos últimos cinco anos.

Foi ainda estabelecido os descritores a serem pesquisados tanto na base de dados

LILACS, PubMed e como também CINAHL, e foram eles: Petróleo, saúde, saúde mental,

enfermagem do trabalho, espaços confinados, indústria do petróleo.

Os descritores selecionados para esta pesquisa foram buscados através da Base de

Dados DeCS – Descritores em Ciências da Saúde através do link http://decs.bvs.br/.

a) LILACS – Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde

através do endereço eletrônico http://lilacs.bvsalud.org/;

PubMed – Através da U.S National Library of Medicine é possível pesquisar

descritores e vários trabalhos em Inglês ampliando e contribuindo para o

conhecimento acerca do tema estudado, acessando o endereço eletrônico

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed. Foi utilizado como meio de ferramenta para

seleção de artigos: Mesh Terms.

CINAHL with Full Text - é a mais completa fonte de textos completos de periódicos

científicos nas áreas de enfermagem e relacionadas à saúde, disponibilizando textos

completos de mais de 600 periódicos científicos indexados na CINAHL. Tendo como

ferramenta de campo utilizado para acessar os artigos: TX All Text.

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35

Encontramos dificuldade em encontrar descritores diretamente relacionados a saúde

mental do trabalhador offshore, trabalhador embarcado, trabalhador confinado e enfermeiro

offshore, por isso se faz ainda mais relevante esta pesquisa.

Utilizamos ainda como auxílio na realização deste estudo, a estratégia PICO, onde P

significa o paciente ou problema onde descrevemos como podendo ser um único paciente, um

grupo de pacientes com uma condição particular ou um problema de saúde, e no nosso estudo,

é o trabalhador offshore. O I seria a intervenção proposta, que representa a intervenção

proposta de interesse, que pode incluir uma exposição, pode ser terapêutica, preventiva,

diagnóstica, prognóstica, administrativa ou relacionada a assuntos econômicos, e no nosso

estudo, é a promoção da saúde mental dos trabalhadores offshore. O C constitui controle ou

comparação, porém neste estudo não utilizaremos deste instrumento. O O é o desfecho,

significando o resultado esperado, que neste estudo foi conhecer os impactos do confinamento

para a saúde mental dos trabalhadores offshore. (NOBRE et al, 2003, p. 445)

O nível de evidência utilizado foi a partir da Universidade de Oxford (2001),

referenciado por

Oxford

onde o grau de recomendação se dá a partir do enfoque da pesquisa.

Gra

u de

rec

omen

daçã

o

Nível

Tratamento/Prevenção - Etiologia/Dano

A

1A 1B 1C

Metanálise (com homogeneidade) de ensaios clínicos controlados e randomizados. Ensaio clínico controlado e randomizado com intervalo de confiança estreito. Resultados terapêuticos do tipo “tudo ou nada”

B

2A 2B 2C 3A

Revisão sistemática (com homogeneidade) de estudos de coorte Estudo de coorte Estudo Observacional Revisão sistemática (com homogeneidade) de estudos de caso-controle

C 4 Relato de casos, Série de Casos: relato descritivo

D 5 Opinião subjetiva desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos fisiológicos, com materiais biológicos ou modelos animais, e principalmente na especialidade e experiência clínica.

A terceira etapa é a seleção dos trabalhos científicos a serem utilizados, de acordo com

seus títulos que abordavam ou não sobre o tema, o resumo que por vezes não respondia aos

objetivos, e a partir dos critérios de inclusão e exclusão já citados. Esse caminho percorrido

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36

será apresentado a partir do Fluxograma demonstrado a seguir, separados de acordo com a

base de dados pesquisada:

Publicações encontradas com o cruzamento dos descritores nas bases de dados

CINAHL

642

PUBMED

277

LILACS

265

Exclusão inicial

250

Exclusão inicial

219

Exclusão inicial

637

Seleção inicial

13

Seleção inicial

8

Seleção inicial

5

Leitura dos títulos

Leitura dos resumos

Leitura na íntegra

Artigos selecionados

5

Artigos selecionados

3

Artigos selecionados

3

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Na quarta etapa realizamos uma revisão com análise crítica dos 11 estudos

selecionados, sendo 5 do LILACS, 3 do PUBMED e 3 do CINAHL para contribuírem para

este trabalho.

Na quinta etapa interpretamos e discutimos os resultados, destacando aqueles que

enfatizavam acerca das influências do confinamento na saúde mental do trabalhador offshore

e ainda pudessem correlacionar as intervenções dos enfermeiros para a promoção da saúde

mental desses trabalhadores.

E assim, na sexta e última etapa, fizemos uma revisão e síntese dos estudos

destacados, e a partir desses, com a finalidade de responder aos nossos objetivos emergiram

as seguintes categorias temáticas: 1) Influência do confinamento na saúde mental do

trabalhador offshore e 2) Intervenções do enfermeiro para a promoção da saúde mental do

trabalhador offshore.

3.3.1

Resultados

Segue abaixo, o quadro sinóptico com as 11 referências encontradas, a partir da

revisão integrativa, que será apresentado de acordo com tipo de periódico, idioma e ano, a

base de dados onde o estudo foi coletado, título do trabalho, autores, tipo de pesquisa e

considerações temáticas com as classificações.

NE

Periódico / Idioma /

Ano

Base de

dados

Título do Trabalho

Autores

Tipo de Pesquisa

Considerações Temáticas

Influência do

confinamento na saúde mental do

trabalhador offshore.

Intervenções do

enfermeiro para a promoção da

saúde mental do trabalhador offshore.

C

Revista Texto & Contexto / Português / 2013

LILACS

Enfermeiro embarcado em plataforma petrolífera: um relato de experiência offshore.

Amorim, Guilherme Henrique; Guedes, Marco Aurélio de Souza ; Guedes,

Relato de Experiência

Conviver com riscos como ruídos elevados, calor em excesso, riscos biológicos devido ao trabalho em turnos, fatores psicossociais desfavoráveis pelo próprio regime de

Atividades administrativas (fiscalização, inspeção, análise de água) e assistenciais e de orientação em saúde (treinamento da equipe de resgate,

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Carolina Cristina Pereira; Aguiar, Beatriz Gerbassi Costa

confinamento em alto mar e o estilo de vida enfrentado, todos esses repercutindo também em nível mental. Lidar com a adaptação social desse trabalhador com sua família e com o social devido aos 15 dias embarcados e outros desembarcados, e ainda com sua adaptação dentro da plataforma com outras pessoas de várias culturas e nacionalidades.

palestras de saúde, instrução de saúde para embarque), sendo gerenciadas através do planejamento, organização, controle e liderança diante do contexto laboral instituído no ambiente offshore

Atuar com risco de um desastre iminente.

e das ocorrências previsíveis e inesperadas.

C

Revista de Enfermagem UERJ / Português / 2012

LILACS

Discutindo e refletindo sobre a competência do enfermeiro offshore.

Guedes, Carolina Cristina Pereira; Aguiar, Beatriz Gerbassi Costa

Estudo exploratório e qualitativo

Não cita.

Assistir/cuidar, gerenciar/administrar e ensinar/orientar numa realidade onde existem vários profissionais e diferentes tipos de trabalho e diferentes complexidades. Promovendo, prevenindo e reabilitando, planejamento da assistência laboral, e educação permanente.

D

Revista de Enfermagem UERJ / Português / 2011

LILACS

Características do ambiente de trabalho do enfermeiro em plataforma de petróleo offshore .

Guedes, Carolina Cristina Pereira; Aguiar, Beatriz Gerbassi

Revisão bibliográfica

Ambiente complexo, perigoso, coletivo, contínuo e em regime de confinamento e que englobam

Atuam com PPRA e PCMSO. Alinhar o ambiente com medidas técnicas, educativas, médicas e psicológicas a fim de prevenir

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Costa; Tonini Teresa.

fatores principais como ruídos, vibração, temperatura, fatores secundários assim como envolvem relações humanas, apoio social, estabilidade e remuneração.

acidentes, pois eliminando condições inseguras do ambiente, os trabalhadores trabalham de forma preventiva para evitar o risco individual e coletivo de sofrerem acidentes.

C

Revista Estudos de Psicologia – Campinas / Português / 2011

LILACS

Saúde mental e diferentes horários de trabalho para operadores de petróleo.

Barbosa, Silvânia da Cruz; Borges, Livia de Oliveira.

Pesquisa de campo Quali-quanti e descritivo

Através de questionário aplicado aos trabalhadores de vários turnos, identificaram-se quatro perfis de saúde mental: Equilibrado, Ansioso, Oscilante e Satisfatório. E constatou-se que os operadores engajados no turno ininterrupto de revezamento e no regime de sobreaviso tendem a apresentar os perfis Equilibrado e Satisfatório, enquanto os que trabalham nos regimes administrativo e administrativo de campo, os perfis Ansioso e Oscilante.

Não cita.

C

Revista Ciência & Saúde

LILACS

Vida e trabalho na indústria de

Leite, Rose Mery dos

“Riscos intrínsecos e variados”; Jornada de trabalho; Atividades complexas, perigosas, contínuas e

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40

Coletiva / Português / 2009

petróleo em alto mar na Bacia de Campos.

Santos Costa.

Pesquisa de campo

coletivas e que envolvem os mais diversos riscos; Deixar de comemorar datas importantes; pode gerar graves efeitos de despersonalização; se ver como prisioneiro, alienação; Desorganização da vida social e conjugal.

Não cita.

D

Inglês / 2009

PubMed

Offshore industry shift work-health and social considerations

Ross, Jonathan Knox

Revisão Bibliográfica

Quando o indivíduo atua com atividades fora do seu cotidiano, ficar acordado e dormir acontecem as dessincronias de ambos entre os diferentes relógios internos e o ambiente externo. Estudo que mostra considerável evidencia existente sobre o impacto na saúde física, psicossocial, bem-estar e segurança na mudança do turno de trabalho.

Não cita

B

Inglês / 2007

PubM

Stress and work ability in oil industry

Brešić, Jozo; Knežević, Bojana; Milošević, Milan; Tomljanov

Pesquisa de campo, estudo transversal

Trabalhadores dos campos de petróleo são expostos com freqüência em condições estressantes ou de tensão físicas permanentes. A permanência de longo prazo

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ed

workers ić, Tomislav; Golubović, Rajna; Mustajbegović, Jadranka

ficando em áreas isoladas pode contribuir para o nível de estresse no trabalho. O estudo aponta que os estressores percebidos por esses trabalhadores são: condições de trabalho (medo dos riscos químicos e fogo) e um esquema de horário de trabalho estressor.

Não cita

C

Inglês / 2010

PubMed

Psychosocial burden among offshore drilling platform employees

Leszczyńska, Irena; Jeżewska, Maria

Pesquisa de campo Quali-quanti, exploratório e descritivo

Os fatores que aumentam o estresse são eles: barulho, vibrações, temperatura e umidade do ar, poluição do ar e risco químico. Há as condições de trabalho que facilitam o risco de aumento do estresse, tendo entre eles: risco de vida, viajar para/do trabalho, tempo de estádia nas plataformas, turnos de trabalho.

Não cita

D

Inglês / 2007

CINAHL

Strategies towards health protection in Maritime work environment involving the role of health promotion – invitation to join in discussion

Leszczyńska, Irena; Bogdan, Jaremin; Jeżewska, Maria

Revisão Bibliografica

Objetivo de mostrar os problemas, limitações e as vantagens de estratégias adotadas para a proteção da saúde em alto mar, com uma particularidade na promoção da saúde.

Não cita

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42

B

Inglês / 2009

CINAHL

Mental Health issues in Chinese offshore oil workers

Chen, Wei Qing; Wong, Tze Wai; Yu, Tak Sun

Pesquisa de campo, estudo transversal

Descreve o trabalho em plataforma offshore como um trabalho estressante. O estresse ocupacional tem sido demonstrado como um fator de risco para a saúde mental. Com isso, é exposto sobre o principal e interativo efeitos do estresse ocupacional e caracterizando os estilos da saúde mental dos chineses que trabalham offshore.

B

Inglês / 2011

CINAHL

Work and Health: A comparison between Norwegian onshore and offshore employees

Bjerkan, Anne Mette

Pesquisa de campo e estudo tranversal

Objetivo de demonstrar efeito das variáveis relacionadas ao trabalho em auto relatado queixas de saúde sendo examinados entre onshore norueguês e trabalhadores do petróleo offshore. Diferenças no trabalho e na percepção de saúde foram também examinados como uma parte do trabalho.

Não cita

Após a leitura minuciosa dos artigos selecionados, foi possível separar as categorias

temáticas para responder aos objetivos desse estudo que foram: a influência do confinamento

na saúde mental do trabalhador offshore e os seguintes estudos se enquadraram nesta seleção

20, 22, 23, 24, 25, 26 e 27. E a outra categoria que emergiu foi a influência do enfermeiro na

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promoção da saúde mental dos trabalhadores offshore, onde apenas os estudos 20, 21 e 22

citam parcialmente o objetivo buscado.

Como pôde ser observado, não foi possível ser respondido claramente o segundo

objetivo de acordo com a revisão integrativa realizada. O estudo proposto não está abordando

diretamente as atividades do Enfermeiro do Trabalho na promoção da saúde mental dos

trabalhadores offshore, por esse motivo vai ser apresentado na seção de análise e discussão de

resultados, as atividades de promoção da saúde mental, para que assim possamos fechar

possíveis diagnósticos de enfermagem com foco na saúde mental e propor ações diante

daqueles encontrados pela NANDA.

3.3.2.

Análise e discussão de resultados

3.3.2.1 Influência do confinamento na saúde mental do trabalhador offshore

Diante do que foi exposto, pudemos observar que os artigos citam como influência do

confinamento na saúde mental do trabalhador offshore, esses profissionais terem que conviver

com riscos físicos, como ruídos e calor, riscos biológicos, riscos ergonômicos, tais como os

fatores psicossociais devidos o próprio confinamento e estilo de vida, o fato de sua vida

familiar ser interrompida durante os dias embarcados, o lidar com pessoas de várias culturas e

nacionalidades. (AMORIM et al., 2013, p. 257) Citam ainda o ambiente offshore como

complexo, perigoso, coletivo, contínuo que afetam a saúde mental desses profissionais.

(GUEDES; AGUIAR; TONINI, 2011, p. 657)

A relação entre trabalho e saúde tem sido estudado intensivamente durante algumas

décadas, e o estresse psicossocial no trabalho tem sido exposto como maior problema da

saúde ocupacional. (BJERKAN, 2011, p. 137). O estresse ocupacional é uma experiência de

forma negativa resultante vindo dos estressores no local de trabalho, sendo assim muito

complexo, multivariado e de processo dinâmico de cada tipo de estressores e o estresse pode

diretamente e indiretamente ser a causa psicossomática e dos problemas psicológicos, como

os transtornos mentais, doenças cardíacas, dores musculares e transtornos gastrointestinais.

Esses efeitos podem ser moderados forem outros fatores psicológicos como os estilos de

enfrentamentos. (CHEN; WONG; YU, 2009, p. 545)

A indústria do petróleo possui um processo contínuo, portanto, um processo de

produção ininterrupto, o que necessita que o trabalho seja realizado em turnos, fazendo com

que a produção não pare. Enfatiza ainda, os resultados encontrados, afirmando que o trabalho

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offshore envolve diversos riscos elevados, dentre eles, o de vazamentos de produtos,

explosões, incêndios e fatores climáticos, onde essas condições classificam toda a atividade

como altamente perigosa e insegura. (IOS, 2011, p.13)

Um artigo nos relata perfis desses profissionais expostos a esses riscos, como sendo

Equilibrados, Ansiosos, Oscilante e Satisfatório, onde aqueles que atuam em turno

ininterrupto de revezamento ou no regime de sobreaviso apresentam perfil Equilibrado e

Satisfatório, e em contra partida, aqueles que atuam em regime administrativo e

administrativo de campo, tem como perfil ser Ansioso e Oscilante. (BARBOSA & BORGES,

2011, p.163)

Percebemos também, que existem riscos intrínsecos e variados, que a jornada de

trabalho, as atividades complexas realizadas, que são perigosas interferem na saúde mental

desses trabalhadores. E que a permanência na escala offshore, priva esse trabalhador de

comemorar datas importantes para sua vida pessoal, o que pode gerar desorganização da vida

social e conjugal, e ter como efeito a despersonalização por se ver como prisioneiro ou

alienado diante dessas situações. (LEITE et al., 2009, p. 2181)

Ainda constatamos que a rotina fora do seu cotidiano como permanecer acordado ou

dormir acontecem em dessincronias, esses hábitos tão comuns podem sofrer interferências

devido ao relógio interno e o ambiente externo. Este artigo ainda ressalta que a mudança de

turnos de trabalho repercutem diretamente na saúde física, psicossocial, bem-estar e segurança

na mudança do turno de trabalho. (ROSS, 2009, p. 310)

Os trabalhadores dos campos de petróleo são expostos com frequência a condições

estressantes e com tensão física permanente, onde a permanência em ambientes com essas

características podem contribuir para aumentar o nível de estresse no trabalho. Essas

condições ainda são somadas as condições de trabalho e esquema de horário que também se

tornam fatores estressantes. (BREŠIĆ et al., 2007, p. 399)

O estresse traz consigo efeitos indesejáveis através de reações não adaptativas.

Experiências emocional negativas, claro, relatado com o fator estresse, contribui para o

agravamento da qualidade de vida, status físico e mental. O estresse sempre decaí no bem-

estar, não apenas nas causas de desordens físicas e mentais. (LESZCZYŃSKA; JAREMIN;

JEŻEWSKA, 2007, p. 189)

Ainda podemos enfatizar que

barulho, vibrações, temperatura, umidade do ar, poluição, riscos químicos, risco de vida,

tempo de estádia nas plataformas e turnos de trabalho facilitam para o aumento do estresse no

trabalho. (LESZCZYŃSKA & JEŻEWSKA, 2010, p. 159)

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Contudo, o estresse ocupacional e o estilo de enfretamento poderá afetar diretamente e

de forma interativa na saúde mental após o controle para potenciais fatores de confusões. Que

os resultados achados reforçam os achados anteriores que sugerem que os fatores

psicossociais desempenham um papel importante no desenvolvimento de um problema de

saúde mental. (CHEN; WONG; YU, 2009, p. 547)

Para contribuir com essas características encontradas para o ambiente de trabalho

offshore, podemos citar que o confinamento é um fator importante para desordem da saúde

física e mental dos trabalhadores desta área, por permanecerem isolados em alto mar, longe de

suas famílias e amigos, o que resulta em sentimentos de solidão saudade, ansiedade, angústia,

irritabilidade e perda de concentração. Portanto, são percebidas diversas emoções que

desgastam o estado físico, emocional e comportamental desses profissionais. (MARTINHO,

2012, p. 66)

Deste modo, nesta categoria observaram-se influências negativas para os trabalhadores

que trabalham offshore. Sendo apontado que, de uma maneira geral, todos os que estão

expostos a esse tipo de trabalho podem sofrer uma influência do meio onde trabalham o

estresse ocupacional e o estilo de enfrentamento. A saúde mental do trabalhador pode ser

atingida de forma intrínseca e variada, na qual indica que o trabalhador sempre terá problemas

e dificuldades para manter sua saúde mental de forma equilibrada, podendo sempre ter um

estresse mental envolvido com o trabalho que ele realiza. Dessa maneira, isto pode ser um

dispositivo para a enfermagem do trabalho na consulta, de forma a promover a saúde mental

do trabalhador, pois podem ser observados os pontos que mais afligem a saúde mental dessa

classe.

3.3.2.2. Intervenções do enfermeiro para a promoção da saúde mental do trabalhador

offshore.

Sobre as intervenções do enfermeiro na promoção da saúde mental dos trabalhadores

offshore, podemos destacar que este atua em atividades administrativas que repercutem na

saúde do trabalhador, como fiscalizar, inspecionar e analisar a qualidade da água. Realiza

atividades assistenciais e de orientação em saúde com treinamento da equipe de resgate,

realizando palestras e instruções de saúde para embarque, ainda gerencia sua atividades com

planejamento, organização, controle e liderança diante do contexto laboral do ambiente

offshore, e atuam em ocorrências previsíveis e inesperadas. Convivem ainda com o risco

iminente de um desastre, o que impacta diretamente na saúde mental de todos os

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trabalhadores.

Os enfermeiros da área offshore tem como papéis, assistir e cuidar, gerenciar e

administrar, ensinar e orientar nessa realidade onde nos deparamos com profissionais de

vários níveis de conhecimento e trabalho com diversas complexidades e riscos, sendo assim,

devem atuar promovendo, prevenindo, reabilitando, planejando a assistência laboral e

realizando educação permanente. (GUEDES; AGUIAR; TONINI, 2011, p. 661)

Todas essas ações tendem a diminuir os riscos dos impactos na saúde mental e

como consequência, dão mais segurança aos trabalhadores, resultando em diminuir os riscos

de acidentes nessa área de trabalho. (AMORIM et al, 2013, p. 258)

Acredita-se que o trabalhador satisfeito e saudável contribui muito mais para a

organização. Assim, partindo dessa perspectiva, a enfermagem do trabalho poderia ser vista

até mesmo como um investimento das organizações, se não fosse reconhecida por meio de

Normas Regulamentares e organizações de as saúde. E acredita-se que nem pode ser vista

como um investimento, uma vez que se defende que as organizações hoje de fato preocupem-

se e justamente por isso zelem pela saúde de seus funcionários.

Ainda encontramos como atividades de promoção realizada pelo enfermeiro para com

os profissionais da área offshore, trabalhar com os programas de PPRA (Programa de

Prevenção dos Riscos Ambientais) e PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde

Ocupacional) visando a segurança desses profissionais e assim repercutem na qualidade de

vida e segurança no ambiente offshore. Alinham o ambiente laboral com medidas técnicas,

educativas, médicas e psicológicas, visando à prevenção de acidentes individuais e coletivos,

por eliminarem condições inseguras do ambiente. (GUEDES; AGUIAR; TONINI, 2011, p.

662)

De acordo com Ferreira & Silva Junior (2005, p. 33) “o maior empreendimento do

enfermeiro do trabalho está em contribuir para evitar os acidentes e doenças, pela

identificação e eliminação dos riscos existentes no ambiente de trabalho”. Nesse sentido,

pode-se afirmar que o profissional da enfermagem do trabalho desenvolve as suas atividades

não somente acompanhando a saúde do trabalhador, mas atento ao cuidado e prevenção de

doenças e acidentes no próprio ambiente de trabalho.

Sendo assim, atento a esse ambiente de trabalho e aos sujeitos que estão sob a sua

responsabilidade, o enfermeiro do trabalho é aquele profissional que procura levar

informação, atenção e cuidados a todos, de maneira clara e objetiva. Para tanto, pode utilizar-

se de recursos variados e inclusive requerer da empresa recursos humanos e financeiros para o

desenvolvimento das atividades que julgar como sendo necessário.

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De forma a explicitar as principais atribuições do enfermeiro do trabalho segue o

quadro 1 onde divida-se as atribuições técnicas, administrativas e educação em serviço.

Quadro 1: principais atribuições do profissional de enfermagem do trabalho, segundo

ANENT – Associação Nacional de Enfermagem do Trabalho:

Atribuições técnicas

Realizar consulta de enfermagem com auxílio do processo de enfermagem para com

os trabalhadores, atentando na anamnese, minimizando o absenteísmo;

Diagnosticar as necessidades de enfermagem do trabalho com auxílio de um plano

estratégico de assistência a ser prestada pela equipe de enfermagem do trabalho para a

proteção, recuperação, preservação e reabilitação da saúde do trabalhador (exemplo:

fazer levantamento de doenças ocupacionais, buscando a diminuição das mesmas);

Realizar testes de acuidade visual;

Realizar curativos e medicações de acordo prescrição médica;

Implantar a sistematização da assistência de enfermagem, em prol de defesa do

profissional, trabalhador e responsáveis pela instituição (pública ou privada);

Promover campanhas de promoção a saúde: hipertensão, diabete, vacinação,

tabagismo, alcoolismo, primeiros socorros, obesidade;

Fazer a desinfecção e esterilização de materiais, através das medidas de biossegurança.

Implantar e avaliar os projetos realizados com equipe multidisciplinar (PPRA,

PGRSSS, PCMSO)

Visitar os locais de trabalho participando da identificação das necessidades no campo

de segurança, higiene e melhoria do trabalho de acordo o setor;

Supervisionar e avaliar as atividades de assistência de enfermagem aos funcionários.

Executar tratamento e descarte de resíduos de materiais de acordo normas ANVISA;

Zelar pela segurança individual coletiva, utilizando equipamentos de proteção

apropriados, quando da execução dos serviços.

Avaliar insumos e medicamentos quando solicitados e recebido.

Atribuições administrativas

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Planejar, organizar e executar atividades de enfermagem do trabalho, empregando

processo de rotina e/ou específicos;

Manter ambiente adequado para o cuidado a saúde do trabalhador;

Executar trabalhos específicos em cooperação com outros profissionais, emitindo

pareceres para realizar levantamentos identificar problemas, propor soluções e

elaborar programas e projetos.

Manter organização de registros, arquivos, documentações da empresa ligada ao setor.

Guardar os prontuários eletrônicos dos clientes/trabalhadores seguros e acessível para

equipe dos profissionais, respeitando a resolução 1.639 do Conselho Federal de

Medicina de acordo Moraes (2007), já os registros em papel devem ficar arquivados

de 20 até 30 anos de acordo NR 7.

Controlar estoque de materiais, medicações e insumos;

Controlar e enviar para manutenção os equipamentos em fornecedores selecionados.

Registrar comunicações internas e externas;

Ter ata para registro de: reuniões, com equipe, reuniões com chefia, reuniões com

trabalhadores; atividades educativas, treinamentos, capacitações etc.

Atribuições de educação em serviço

Orientação continuada e atualizada sobre os procedimentos executados pela equipe de

enfermagem do trabalho através de treinamentos, minimizando riscos ocupacionais

com equipe

Planejar e desenvolver palestras e outros eventos sobre a saúde e riscos ocupacionais,

de acordo realidade do local de trabalho, pra que sensibilizem o mesmo de acordo

realidade do local de trabalho, pra que sensibilizem o mesmo.

Promover treinamento, capacitação com membros da CIPA: DSTs, primeiros socorros,

NRs, entre outros.

Manter-se atualizado em relação às tendências e inovações tecnológicas, científicas de

sua área de atuação e das necessidades do setor/departamento.

Criar informes internos permanentes com tema sobre a atualidade da saúde, podendo

ser expostos em mural, cartazes etc.

Desenvolver o lúdico, ações sociais, algo diferente no lazer, tudo em benefício do bem

estar do trabalhador

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Como pode ser observado nas atribuições técnicas e administrativas a consulta e a

O foco principal da

Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) também podem ser estratégias para a

promoção da saúde mental.

SAE veio para guiar as ações de enfermagem, a fim de atender as

necessidades individuais do paciente, família e comunidade. A SAE

A sistematização da assistência passou a ser uma ferramenta que favorece a

aproximação das funções assistenciais do enfermeiro ao gerenciar e otimizar a assistência. O

enfermeiro ao desenvolver atividades diárias essenciais como o plano de cuidados que requer

observação, coleta de dados, planejamento, prescrição e avaliação dos resultados prestados ao

paciente. Sendo como objeto da resolução do COFEN 272/2002, que determina que a mesma

seja uma atividade privativa do enfermeiro, dispõe sobre a obrigatoriedade da sua implantação

e que aconteça nas seguintes etapas:

propõe para os

profissionais, setor, instituição de saúde, paciente e os demais envolvidos, a utilização do

conhecimento técnico-cientifico e habilidades de forma organizada, sistematizada e orientada.

Sua implantação favorece a comunicação do enfermeiro com a equipe multidisciplinar

envolvida nos processos habituais da assistência, é fundamental no fornecimento do cuidado

de forma holística e de qualidade, está incorporada ao processo da assistência de enfermagem

e garante ao profissional a manutenção da autonomia no cuidar, sendo a Sistematização da

Assistência de Enfermagem o início do caminho a ser percorrido para alcançar um resultado,

com isso faz-se evidenciar que a enfermagem não utiliza único e exclusivamente prescrições

medicas e sim dissocia sua prática com um propósito em comum que é a recuperação plena e

satisfatória do paciente. (TANNURE & PINHEIRO, 2011, p. 298)

Histórico de enfermagem,

Exame físico,

Diagnóstico de enfermagem,

Prescrição e evolução da assistência de enfermagem,

Relatório de enfermagem;

Para que conseguir analisar e concluir esse objetivo,

Com isso, é necessário que o enfermeiro do trabalho esteja engajado nessas etapas da

SAE e realizar consultas ou entrevistas para especificar a identificação de um diagnóstico de

enfermagem em saúde mental com instrumentos válidos nessa classe de trabalhadores.

Podendo citar como exemplos de diagnóstico de enfermagem pela NANDA,

enfrentamento/tolerância ao estresse, no qual englobariam: estresse por mudança, ansiedade,

resiliência, tristeza.

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O estresse é um estado produzido por uma alteração no ambiente que é percebida

como desafiadora, ameaçadora ou lesiva para o equilíbrio ou balanço dinâmico de uma pessoa,

e este é ou se sente incapaz de satisfazer as demandas de uma nova situação. A meta do

estressor é variável; um evento ou alteração que seja estressantes para uma pessoa pode não ser

estressante para a outra, e um evento que produz estresse em um momento e local pode não

gera-lo em outro momento ou local. Uma pessoa aprecia e lida com situações mutáveis.

(SMELTZER & BARE, 2009, p.78)

A consulta de enfermagem realizada por um enfermeiro de trabalho em ambientes de

trabalhos para diagnosticar alguma mudança com esses trabalhadores offshore seria essencial,

para que consiga identificar algum problema com sua saúde mental. Com isso, podendo aplicar

os diagnósticos de enfermagem para realizar um atendimento apropriado voltado para o que é

preciso. Sendo assim, a promoção a saúde realizada por esse enfermeiro possa atingir a sua

meta necessária para que esse trabalhador consiga ter um enfrentamento com sua saúde de uma

forma que não prejudicaria no trabalho ou em sua vida pessoal, mantendo sua qualidade de

vida e bem estar inabalável.

Para ter uma avaliação completa desse profissional offshore em uma consulta de

enfermagem, é necessário que a intervenção do enfermeiro do trabalho na promoção a saúde,

podendo traçar as características definidoras, sendo elas: ansiedade (por exemplo, muito

comum no meio offshore, separação), depressão (devido ao isolamento e a falta de contato com

o mundo exterior), distúrbio do sono (devido aos turnos de trabalhos trocados), insegurança e

medo (por mexer com muitos maquinários e até mesmo substancias nocivas ao ser humano,

mesmo com toda a segurança necessária, existem trabalhadores que ficam inseguros no

trabalho), mudança para outro ambiente (existem relações de trabalhos que por cada época em

ambientes diferentes, exemplos, plataformas, navios nacionais ou em área internacionais),

preocupação ( pode-se gerar uma preocupação tanto interna, no trabalho, quanto externa, já que

estará por algumas semanas longe trabalhando) e claro, sintomas físicos aumentados (muitas

vezes podendo ocorrer por esforços repetitivos, trabalhos com carga horaria estendida e sem

poder tirar um descanso etc).

Após uma avaliação minuciosa com o trabalhador, podendo ser por meio de entrevista

ou questionários, deve-se avaliar os fatores de riscos que relacionam a todas essas

características, como: estado de saúde diminuída, falta um sistema adequado de apoio,

isolamento, imprevisibilidade de experiência, mudança de um ambiente para outro, saúde

psicossocial prejudicada, competência mental moderada. Identificado pelo enfermeiro as

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características definidoras e os fatores de riscos, é essencial traçar uma meta desejada para a

saúde física e mental do trabalhador mantenha-se integra.

A meta desejada é a adaptação ou ajuste a alterações, de modo que a pessoa fique

novamente em equilíbrio e tenha energia e capacidade para satisfazer as novas demandas. Esse

é o processo de enfrentamento do estresse, um processo compensatório com componentes

fisiológicos e psicológicos. (SMELTZER & BARE, 2009, p. 78)

As respostas psicológicas ao estresse se dá de uma maneira após a pessoa reconhecer

um estressor, reagindo de maneira consciente ou até mesmo inconsciente para controlar a

situação. Uma teoria desenvolvida por Lazarus (1991a) enfatiza a avaliação cognitiva e o

enfrentamento como mediadores importantes do estresse. A avaliação e o enfrentamento são

influenciados por variáveis antecedentes, incluindo os recursos internos e externos de cada

pessoa. A avaliação cognitiva (Lazarus, 1991a Lazarus & Folkman, 1984) é um processo pelo

qual um evento é avaliado com relação ao que está em jogo (avaliação primaria) e o que

poderia ser feito (avaliação secundaria). O que a pessoa vê como estando em jogo é

influenciado por suas metas pessoais, compromissos ou motivações. Os fatores importantes

incluem a importância do evento para a pessoa, se o evento entra em conflito com o que ela

quer ou deseja e se a situação ameaça a sensação de força e a identidade do ego da própria

pessoa. (SMELTZER & BARE, 2009, p. 79)

É importante o enfermeiro do trabalho avaliar o estado psicológico (saúde mental) dos

trabalhadores que estão expostos à esse tipo de estressores, pois assim poderia fazer uma

promoção a saúde mental para aqueles que necessita de apoio de um profissional para

conseguir finalizar e concluir sua temporada de trabalho offshore sem sofrer algum abalo

psicológico, trabalhando de uma maneira que influência os profissionais da área se preocupar

com seu estado físico, como também, mental.

Quanto às intervenções citadas nesses estudos selecionados, podemos observar que,

não se referem especificamente à promoção da saúde mental para o trabalhador offshore, mas

sim, relatam atividades comuns aos enfermeiros dessa área. Portanto, podemos enxergar na

educação permanente, uma estratégia a promoção da saúde mental juntamente aos

trabalhadores, visto que a educação é uma atribuição denominada educação em serviço de

acordo com o quadro 1.

A educação permanente como uma estratégia de promoção a saúde mental no âmbito

da saúde do trabalhador promove uma instrução adequada pela problematização do seu

processo de trabalho, tendo como objetivo a transformação das práticas profissionais e da

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própria organização do trabalho, agindo nas devidas necessidades de saúde das pessoas que

ali trabalham.

Na proposta encontrada para educação permanente, englobaria a capacitação dos

profissionais, os conteúdos das ações formativas, as tecnologias e metodologias a serem

utilizadas devem ser determinadas a partir da observação dos problemas que ocorrem no dia a

dia do trabalho e que precisam ser solucionados para que os serviços prestados ganhem

qualidade, e os usuários fiquem satisfeitos com a atenção prestada.

Segundo Davini (1995, p. 35), a educação dos trabalhadores é fator essencial para o

desenvolvimento da sociedade que vive em constantes transformações. O conceito de

educação permanente é adotado como um contínuo de ações de trabalho-aprendizagem que

ocorre em um espaço de trabalho/ produção/ educação em saúde, que parte de uma situação

existente (geralmente uma situação problema), e se dirige a superá-la, a mudá-la, a

transformá-la em uma situação diferente e desejada. (HADDAD; ROSCHKE; DAVINI, 1994,

p. 22)

Contudo, vemos a educação permanente se baseando na aprendizagem significativa,

ou seja, ela acontece no cotidiano das pessoas e das organizações. Frequentemente isso ocorre

quando o conhecimento novo é construído a partir de um diálogo que já sabíamos antes.

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3. CONCLUSÃO

Diante de tudo que foi exposto nesse estudo, identificamos como influência do

confinamento na saúde mental desses trabalhadores, a questão do próprio isolamento, o lidar

com ruídos, altas temperaturas, ausência da família e ciclo social, trabalho em turnos, riscos

iminentes que foram mais destacados pelos autores que apresentam grande impacto na saúde

psíquica desses profissionais.

Porém, podemos constatar que, quanto à atuação do enfermeiro para a promoção da

saúde mental dos trabalhadores offshore, tendo em vista lidar com o confinamento, ainda está

muito aquém do que esperávamos encontrar como contribuição para essa pesquisa, mas foi

elaborada uma proposta inicial de consulta de enfermagem para avaliação e diagnóstico de

enfermagem e com isso o enfermeiro ter subsídios para realizar um plano terapêutico, ações

de promoção da saúde mental e acompanhar o trabalhador.

No que se refere às possíveis intervenções do enfermeiro para promoção da saúde

mental desses trabalhadores do mundo offshore, destacamos como crítica, não termos

identificado nenhuma citação que seja direcionada para esse conhecimento, porém, pudemos

sugerir uma consulta de enfermagem e como estratégia de acompanhamento a educação

permanente que ocorre em geral, não só nessa área, possa ser utilizada como uma forma de

unir o momento de atenção ao trabalhador, com a agregação de conhecimentos que os façam

sentirem-se cuidados e ouvidos, para desta forma, conhecer quais atitudes contribuem mais

para que a saúde mental seja promovida.

Contudo, ainda sugerimos que mais profissionais da enfermagem busquem esse

conhecimento relacionado à saúde mental, pois tendem a contribuir e muito para que esses

profissionais sintam-se acolhidos e que isso repercuta na diminuição de riscos de acidentes

individuais e coletivos, relacionados ao esgotamento mental desses trabalhadores.

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