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As Vanguardas As Vanguardas Europeias Europeias E E o Texto Literário o Texto Literário

Vanguardas Europeias

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As Vanguardas As Vanguardas EuropeiasEuropeias

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o Texto Literárioo Texto Literário

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VANGUARDA:VANGUARDA: movimento formado por grupos de pessoas que, por seus conhecimentos ou por uma tendência natural, exercem papel de precursoras ou de pioneiras em determinado movimento cultural, artístico ou científico.

Assim aconteceu com o conjunto de cinco “ismos”: Cubismo, Futurismo, Expressionismo (Fauvismo), Dadaísmo e Surrealismo.

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CU B I SM O

1907 - França

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CUBISMO

• Decomposição da realidade em figuras geométricas.

• Manifesta-se a partir de 1917, na literatura. • Seu divulgador foi Appolinaire. • Decomposição da imagem em diferentes planos. • Desintegração da realidade gerando uma

poesia ausente de lógica. • Linguagem caótica.

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HípicaHípica

Saltos records

Cavalos da Penha

Correm jóqueis de Higienópolis

Os magnatas

As meninas

E a orquestra toca

Chá

Na sala de cocktails

(Poesias Reunidas – 5ª ed.- Rio de Janeiro – Civilização Brasileira, 1978 p.129)

Oswald de Andrade

Pintor- quadro Les demoiselles d’Avignon (1907)Pablo Picasso- Mulheres da esquerda cultura ibérica Mulheres da direita influência da arte negra

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Poema Cubista

Poema de Sete Faces Carlos Drummond de Andrade Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens que correm atrás de mulheres. A tarde talvez fosse azul, não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas: pernas brancas pretas amarelas. Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.

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F U T U R ISM O

1909 - França

•Lançado por Marinetti no manifesto “Le Futurisme”, 1909. •Surge entre o Simbolismo e a 1ª Guerra Mundial. •Exalta a vida moderna. •Culto da máquina e da velocidade. •Destruição do passado e do academicismo •Liberdade de expressão.

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Futurismo - 1909- Atitude de irreverência

- Destruição de códigos e valores cristalizados, arte agressiva

- Corte dos elos com o passado

- Palavras em liberdade

“ É preciso destruir a sintaxe, dispondo os substantivos ao acaso, como nascem”.

(Manifesto Futurista, 1912)

Velhice

O netinho jogou os óculos na latrina.

Oswald de Andrade

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Poema futurista

Ode triunfal Álvaro de Campos À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica Tenho febre e escrevo. Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto, Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos. Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno! Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria! Em fúria fora e dentro de mim, Por todos os meus nervos dissecados fora, Por todas as papilas fora de tudo com que eu [sinto! Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos [modernos, De vos ouvir demasiadamente de perto, E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso De expressão de todas as minhas sensações, Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!

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ODE AO BURGUÊSODE AO BURGUÊS

Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,

o burguês-burguês!

A digestão bem feita de São Paulo!

O homem-curva! o homem-nádegas!

O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,

é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!

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Eu insulto o burguês-funesto!

O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!

Fora os que algarismam os amanhãs!

Olha a vida dos nossos setembros!

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Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!

Morte ao burguês de giolhos

cheirando religião e que não crê em Deus!

Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!

Ódio fundamento, sem perdão!

Mário de Andrade. Poesias Completas. São Paulo: Circulo do Livro, sd, p.45-7.

Mário de Andrade

Pintor - Giácomo Balla

Vôo de andorinhas

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EX PR ESS I ON ISM O 1905 - Alemanha

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O meu tempoO meu tempo

Cantos e metrópoles, lavinas febris,Terras descoradas, pólos sem glória,Miséria, heróis e mulheres da escória,Sobrolhos espectrais, tumulto em carris.

Soam ventoinhas em nuvens perdidas.Os livros são bruxas. Povos desconexos.A alma reduz-se a mínimos complexos.A arte está morta. As horas reduzidas.

(Wilheim Klem)

Edvard Munch - O Grito

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EXPRESSIONISMO

• Paralelo ao Futurismo e Cubismo. • Surge em 1910 pela revista “Der Sturn”. • A arte brota da vida interior; do íntimo do ser. • A obscuridade do ser é transportada para a

expressão. • As telas retratam o patético, os vícios, os horrores,

a guerra. • Protesta contra a violência e usa cores explosivas. • Reflete a crise de consciência gerada pela guerra.

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POEMA EXPRESSIONISTAA noite – Augusto dos Anjos

A nebulosidade ameaçadora Tolda o éter, mancha a gleba, agride os rios E urde amplas teias de carvões sombrios No ar que álacre e radiante, há instantes, fora.

A água transubstancia-se. A onda estoura Na negridão do oceano e entre os navios Troa bárbara zoada de ais bravios, Extraordinariamente atordoadora.

A custódia do anímico registro A planetária escuridão se anexa... Somente, iguais a espiões que acordam cedo,

Ficam brilhando com fulgor sinistro Dentro da treva omnímoda e complexa Os olhos fundos dos que estão com medo!

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F A U V I SMO 1909 - França

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Fauvismo - 1909

Assim como o Expressionismo, há predomínio das cores intensas e distorções ousadas.

- Fauves (selvagens) no sentido de libertação e experimento.

- Equilíbrio novo e radical em Matisse, seu principal líder.

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POÉTICAMANUEL BANDEIRA Estou farto do lirismo comedido Do lirismo bem comportado Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor. Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo. Abaixo os puristas. Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis Estou farto do lirismo namorador Político Raquítico Sifilítico De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo. De resto não é lirismo Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar às agraves mulheres, etc. Quero antes o lirismo dos loucos O lirismo dos bêbados O lirismo difícil e pungente dos bêbados O lirismo dos clowns de Shakespeare. - Não quero saber do lirismo que não é libertação.

Henry Matisse - Harmonia em vermelho

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D A D A Í SM O 1916 - Suíça

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Poema dadaísta

Pegue um jornal. Pegue a tesoura. Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema. Recorte o artigo. Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-

as num saco. Agite suavemente. Tire em seguida cada pedaço um após o outro. Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco. O poema se parecerá com você. E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda

que incompreendido do público.

Tristan Tzara

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MATURIDADE

O Sr. E a Sra. Amadeu Participam a V. Exa.

O Feliz nascimento

De sua filha Gilberta

Oswald de Andrade

Marcel Duchamp “ Roda de Bicicleta”

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SU R R EA L ISM O 1921 - França

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SURREALISMO

• Surge em 1924 com o Manifesto Surrealista de André Breton.

• Propõe que o homem se liberte da razão, da crítica, da lógica.

• Adere a filosofia de Sigmund Freud. • Expressa o interior humano

investigando o inconsciente.

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Pré-históriaPré-história

Mamãe vestida de rendas

Tocava piano no caos

Uma noite abriu as asas

Cansada de tanto som,

Equilibrou-se no azul,

De tonta não mais olhou

Para mim, para ninguém!

Cai no álbum de retratos.

Murilo MendesSalvador Dali - Criança Geopolítica

assistindo ao nascimento do novo homem (1943)

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Os Amantes - 1928 - Magritte

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Tabacaria

Álvaro de Campos

 

Não sou nada.Nunca serei nada.Não posso querer ser nada.À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

----------------------------------------------------------------Fiz de mim o que não soubeE o que podia fazer de mim não o fiz.O dominó que vesti era errado.Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.

----------------------------------------------------------------Quando quis tirar a máscara,

Estava pregada à cara.

Quando a tirei e me vi ao espelho,

Já tinha envelhecido.

Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado

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Golconda - Magritte

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De Chirico – Heitor e Andrômaca

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Abaporu – 1928 - Tarsila Antropofagia – 1929 - Tarsila

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O Elefante Celebes – Max Ernst

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O Homem Amarelo – Anita Malfatti

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Poema Surrealista

As realidades Era uma vez uma realidade com suas ovelhas de lã real a filha do rei passou por ali E as ovelhas baliam que linda que

está a re a re a realidade. Na noite era uma vez uma realidade que sofria de insônia Então chegava a madrinha fada e realmente levava-a pela mão a re a re a realidade.

No trono havia uma vez um velho rei que se aborrecia e pela noite perdia o seu manto e por rainha puseram-lhe ao lado a re a re a realidade. CAUDA: dade dade a reali dade dade a realidade A real a real idade idade dá a reali ali a re a realidade era uma vez a REALIDADE. (Louis Aragon)