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1 VANTAGENS DO MODELO BIENGASTADO COM RÓTULA CENTRAL PARA PROJETOS DE PONTES, VIADUTOS E PASSARELAS. Autor: Alessandra Teixeira Reimann ([email protected]) Orientador: Prof. Almir Schäffer ([email protected] ) Resumo Devido ao aquecimento da economia, o mercado da engenharia civil cresce linearmente, requerendo novos investimentos e o bom conhecimento do projeto de pontes e viadutos. Para tanto, pesquisar métodos mais enxutos e práticos faz parte do escopo do engenheiro projetista em sua busca da resolução dos problemas de engenharia. Com auxilio de planilhas de Excel, realizou-se uma programação bastante básica para dimensionar vigas bi engastadas e bi apoiadas, aplicadas a uma passarela, considerando a possibilidade de variar a seção longitudinal. A partir desta comparação, observou-se que a viga bi engastada permitia a variação da seção longitudinal imitando seu gráfico de momentos fletores. Com isso, gerou uma economia de mais de 50% do volume de concreto e consumo de aço. No entanto, concluiu-se que este tipo de modelo só é vantajoso caso o local previsto para a inserção do elemento estrutural forneça condições para que o engaste seja aceito naturalmente. A opção de se construir através de balanços sucessivos facilita ainda mais a construção. Este método é muito utilizado na prática, mas por muitas vezes seu real motivo se torna desconhecido devido ao pouco estudo realizado sobre o assunto. Palavras-chave: Pontes bi engastadas. Avanços sucessivos. Consumo de aço. 1. Introdução “Denomina-se ponte a obra destinada a transpor obstáculos à continuidade de uma via, tais como rios, braços de mar, vales profundos, outras vias, etc.” (PFEIL, 1983) As pontes são grandes obras da engenharia, nascidas nos primórdios pré-históricos como simples passarelas de madeira, com tronco de árvores na função de vigas e hoje promovidas a obras de arte. Seu desenvolvimento e características evoluíram junto com a população, trazendo à tona a necessidade de vencer vãos maiores, com cargas maiores, surgiram estruturas treliçadas em madeira. As estruturas foram progredindo através dos tempos, emergindo através dos etruscos e romanos a alvenaria de pedra, com seus grandes arcos. Durante a Revolução Industrial, através do uso em larga escala do ferro fundido e consequentemente o aço, descobriu-se sua

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VANTAGENS DO MODELO BIENGASTADO COM RÓTULA

CENTRAL PARA PROJETOS DE PONTES, VIADUTOS E

PASSARELAS.

Autor: Alessandra Teixeira Reimann ([email protected])

Orientador: Prof. Almir Schäffer ([email protected])

Resumo

Devido ao aquecimento da economia, o mercado da engenharia civil cresce linearmente, requerendo novos investimentos e o bom conhecimento do projeto de pontes e viadutos. Para tanto, pesquisar métodos mais enxutos e práticos faz parte do escopo do engenheiro projetista em sua busca da resolução dos problemas de engenharia. Com auxilio de planilhas de Excel, realizou-se uma programação bastante básica para dimensionar vigas bi engastadas e bi apoiadas, aplicadas a uma passarela, considerando a possibilidade de variar a seção longitudinal. A partir desta comparação, observou-se que a viga bi engastada permitia a variação da seção longitudinal imitando seu gráfico de momentos fletores. Com isso, gerou uma economia de mais de 50% do volume de concreto e consumo de aço. No entanto, concluiu-se que este tipo de modelo só é vantajoso caso o local previsto para a inserção do elemento estrutural forneça condições para que o engaste seja aceito naturalmente. A opção de se construir através de balanços sucessivos facilita ainda mais a construção. Este método é muito utilizado na prática, mas por muitas vezes seu real motivo se torna desconhecido devido ao pouco estudo realizado sobre o assunto.

Palavras-chave: Pontes bi engastadas. Avanços sucessivos. Consumo de aço.

1. Introdução

“Denomina-se ponte a obra destinada a transpor obstáculos à continuidade de uma via,

tais como rios, braços de mar, vales profundos, outras vias, etc.” (PFEIL, 1983)

As pontes são grandes obras da engenharia, nascidas nos primórdios pré-históricos

como simples passarelas de madeira, com tronco de árvores na função de vigas e hoje

promovidas a obras de arte. Seu desenvolvimento e características evoluíram junto com a

população, trazendo à tona a necessidade de vencer vãos maiores, com cargas maiores,

surgiram estruturas treliçadas em madeira.

As estruturas foram progredindo através dos tempos, emergindo através dos etruscos e

romanos a alvenaria de pedra, com seus grandes arcos. Durante a Revolução Industrial,

através do uso em larga escala do ferro fundido e consequentemente o aço, descobriu-se sua

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utilidade para pontes Penseis. O concreto só se fez presente no inicio do século XX, em

substituição as alvenarias de pedra, porém era sabida sua ineficiência em vencer grandes vãos.

Enfim, após a Segunda Guerra Mundial se tornou usual o concreto protendido, um conjunto

de concreto de boa qualidade e aços resistentes que formaram um material que tornou

possível o projeto de grandes elementos. Hoje com tecnologias inovadoras e materiais mais

esbeltos e resistentes, as pontes são além de um mero meio de passagem, uma obra de arte

arquitetônica.

Devido ao aquecimento da economia, o mercado da engenharia civil também cresce a

olhos vistos, requerendo novos investimentos e esforços na busca do conhecimento dos

projetos das grandes obras de arte especiais, como pontes e viadutos. Sendo assim, buscar

refinar os projetos, pesquisar métodos mais enxutos e práticos fazem parte do escopo do

engenheiro projetista em sua busca da resolução dos problemas de engenharia.

O modelo de cálculo apresentado neste trabalho, não é inovador e tão pouco inusitado,

no entanto, por ser tão prático, muito pouco se estudou sobre o assunto, o que traz a este

artigo ainda mais importância na literatura técnica. A pesquisa se desenvolverá sobre o

projeto de uma passarela de concreto armado e não de concreto protendido, usual nestes

casos, com intuito de simplificar o estudo. Serão analisados o consumo de aço, as

consequências da variação da seção transversal da viga e a possibilidade da construção em

balanços sucessivos.

O trabalho terá como objetivo analisar e demonstrar as vantagens, em termos de

economia de material no projeto de vigas de pontes, viadutos e passarelas para pedestres, do

modelo de cálculo bi engastado com rótula central em relação ao modelo bi apoiado.

Por ser um assunto muito abrangente e que envolve muitas variáveis, não estarão

presentes neste projeto a análise dos vínculos, no caso de projeto de execução dos engastes ou

apoios, o modelo da rótula central, os momentos hiperestáticos e vibrações produzidas pela

carga acidental, força cortante para determinação de estribos, flechas e deformações, além do

projeto pluvial e arquitetônico.

2. Referencial Teórico

Segundo Pfeil (1983), uma ponte pode ser dividida em partes, que são elas os

encontros, infraestrutura, mesoestrutura e superestrutura. Os encontros são peças que ligam a

ponte ao solo terraplenado com a função de proteger contra a erosão do aterro e absorver os

esforços horizontais presentes no tabuleiro. Em alguns casos, o uso dos encontros se faz

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desnecessário. Quando isto é possível, o vigamento principal apresenta extremidades em

balanço e os pilares das extremidades se sujeitam a empuxos de terra provocados por aterros

de acesso. A infraestrutura é também conhecida como a fundação da obra, com objetivo de

transferir para o solo as cargas da estrutura. A mesoestrutura é formada pelos pilares, servindo

de elemento de transição das cargas recebidas da superestrutura até a fundação. A

superestrutura, que será sobre o que este artigo discorrerá, é a parte que permite à carga útil

vencer o vão da ponte. Pode ser ainda subdividida em duas partes principais, sendo elas

tabuleiro ou estrado, em que se aplicam diretamente as cargas, e o vigamento principal, que

objetiva vencer o vão livre.

“A seleção do tipo de material e da forma estrutural para a superestrutura [...] só pode

ser determinado considerando-se todos os fatores que afetam o projeto de cada ponte. A

escolha é função do vão.” (O’CONNOR, 1975)

Pfeil também subdivide as pontes em algumas outras classificações, como por

exemplo, quanto a sua finalidade, que podem ser divididas em:

a) Rodoviária: destinada ao tráfego rodoviário;

b) Ferroviária: destinada ao tráfego ferroviário;

c) Rodoferroviaria: destinada ao tráfego misto, rodoviário e ferroviário;

d) Aeroviária: destinada ao tráfego de aeronaves, em pistas de aeroportos;

e) Passarela: destinada ao tráfego de pedestres;

f) Ponte Canal: destinada a transposição de um obstáculo por um canal e,

g) Utilitária: destinada ao suporte de utilidades públicas, tais como tubulações para

água, esgoto, óleo, etc.

2.1 Funções das Pontes

De acordo com Pfeil (1983), as pontes possuem inúmeras funções, sendo atribuída a

cada elemento de sua estrutura alguma função mais adequada ou mais atuante.

2.1.1 Funções Viárias

A função viária de uma ponte é dar continuidade à estrada com objetivo de vencer um

obstáculo. Em busca desta meta, as funções viárias são desempenhadas por elementos

bastante ligados aos usuários, sendo eles: pista de rolamento, com ou sem acostamento, linha

férrea, com ou sem lastro, passeios laterais, guarda-corpo, barreiras de proteção, etc. As

funções viárias definem as principais características da geometria das pontes, como: número

de faixas de tráfego, pistas de pedestres, largura e comprimento da obra, etc.

2.1.2 Funções Estáticas

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A função estática tem a finalidade de conduzir as cargas da posição em que se

encontram até o solo. São retratadas pelos principais elementos estruturais da obra, como

lajes, vigamento secundário, vigamento principal, pilares, blocos de transição e fundações. A

laje recebe diretamente as cargas dos veículos passantes no tabuleiro.

Em pontes de concreto armado ou protendido, as lajes também fazem parte das vigas,

colaborando na resistência à flexão das mesmas. O vigamento secundário serve como apoio as

lajes, absorvendo as reações delas e redirecionando estas cargas ao vigamento principal.

Atualmente, as lajes podem ser dimensionadas para grandes vãos, reduzindo a necessidade do

uso deste vigamento. O vigamento principal é o que transpõe obstáculos que determinam o

projeto da obra, repassando as cargas dos vãos para os apoios sobre os pilares. Os pilares

recebem cargas verticais e horizontais da superestrutura, estas que são transferidas para as

fundações, consequentemente transferidas ao terreno.

As funções estáticas são relacionadas com o nível de segurança adotado para a obra.

2.1.3 Funções Estéticas

As funções relacionadas anteriormente são de natureza utilitária, ou seja, estão

relacionadas com o funcionamento da obra na estrada. No projeto de uma ponte também são

considerados os fatores estéticos, representados por geometrias equilibradas e harmoniosas.

Algumas obras urbanas são enriquecidas com decorações arquitetônicas e esculturas.

2.2 Solicitações e Cargas

Pfeil (1983a) cita que uma ponte possui uma gama bastante variável de cargas que

atuam em conjunto. Conforme o tipo de ponte e sua função, estas solicitações podem sofrer

grandes alterações ou até mesmo se tornarem ausentes em alguns casos.

2.2.1 Cargas Permanentes

São chamadas cargas permanentes aquelas constituídas pelo peso próprio dos

elementos portantes e alguns outros materiais colocados sobre a ponte como fixos, sendo eles:

pavimentação, guarda-corpo, lastro, dormentes e trilhos, postes, canalizações, etc.

As estruturas das pontes devem suportar, mais que cargas externas, o seu peso próprio.

No entanto, sua real importância no total da estrutura depende do material usado e do vão

livre da ponte. Em estruturas metálicas e pequenos vãos, o peso próprio tem pequena

influência, em casos contrários, como estruturas de concreto e grandes vãos, esta carga é

predominante.

2.2.2 Cargas Acidentais

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As cargas acidentais são aquelas que não estão afixadas a estrutura, porém, de acordo

com a função da estrutura, serão cargas presentes em grande parte do tempo. Necessitando

assim, serem consideradas quando em sua solicitação máxima.

Cargas úteis são aquelas geradas pelos pesos dos veículos. Seu movimento e as

irregularidades das pistas acrescem os pesos atuantes, ocasionando efeitos de impacto vertical.

Os veículos levam a atuação de cargas horizontais longitudinais, devido à frenagem e

aceleração. Em obras curvas, o deslocamento dos veículos produz esforços horizontais

transversais, por causa da força centrifuga.

Os elementos naturais, como o ar, água ou terra, também geram pressões sobre a

estrutura, dando origem a solicitações que devem ser levadas em conta na estrutura. Em

pontes com pilares altos, as solicitações do vento têm grande relevância. No caso de rios

sujeitos a enchentes, a pressão que a água gera sobre os pilares da estrutura ocasionam

solicitações normalmente agravadas por impactos de objetos trazidos pela enxurrada.

Empuxos de terra são promovidos pelos aterros de acesso à obra, originando esforços

horizontais nas fundações.

2.3 Balanços Sucessivos

Segundo Thomaz [2009 – 2010], o método construtivo de balanços sucessivos é muito

utilizado em pontes metálicas e em pontes de concreto protendido, em que não se podem usar

apoios intermediários. A ponte sobre o rio do Peixe é reconhecida mundialmente como a

primeira ponte de concreto construída em balanços sucessivos, sem escoramentos ou apoios

no terreno. Ela foi construída em 1930, pelo engenheiro Emilio H. Baumgart, ligando as

cidades de Joaçaba e Herval do Oeste, realizando a conexão entre os estados do Rio Grande

do Sul e Santa Catarina. Possuidora de um vão livre de 68m e com altura do vigamento

variável, suas dimensões básicas criaram tendências, a serem seguidas por pontes em balanços

sucessivos ao longo dos anos.

O engenheiro Arthur Eugênio Jermann, também professor que trabalhava com o eng.

Emilio Baumgart na época chegou à seguinte conclusão: “Sobre os apoios, onde os momentos

fletores são grandes, as vigas devem ter grandes alturas. Nos vãos as alturas devem ser

pequenas, para reduzir o peso e os momentos fletores”, ou seja, as vigas das pontes devem

seguir o diagrama dos momentos fletores. Nascendo o ponto de partida para a realização deste

trabalho.

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Figura 1 – Primeira Ponte em Concreto por Balanços Sucessivos

3. Metodologia de Pesquisa

“Pesquisa é um conjunto de ações, propostas para encontrar a solução para um

problema, que têm por base procedimentos racionais e sistemáticos. A pesquisa é realizada

quando se tem um problema e não se têm informações para solucioná-lo.” (SILVA E

MENEZES, 2005, p.20)

Do ponto de vista de sua natureza, as pesquisas podem ser descritas como básica e

aplicada. Silva e Menezes (2000) dizem que uma pesquisa básica objetiva gerar

conhecimentos novos e úteis para a evolução da ciência sem aplicação prática prevista.

Envolvendo verdades e interesses universais. Já a pesquisa aplicada objetiva gerar

conhecimentos para aplicação prática e dirigidos à solução de problemas específicos,

envolvendo verdades e interesses locais. O que traz a este trabalho o conceito de pesquisa

aplicada, já que possui o foco do trabalho em um objetivo especifico.

De acordo com a abordagem do problema, esta pode ser classificada como quantitativa

ou qualitativa. Para Silva e Menezes (2000), uma pesquisa quantitativa deve considerar tudo o

que pode ser mensurado, ou seja, interpretar as opiniões e informações em números a fim de

classificá-las e analisá-las, requerendo o uso de recursos e de técnicas estatísticas.

Já a pesquisa qualitativa considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e

o sujeito, isto é, um vínculo inseparável entre a objetividade e a subjetividade do que não

podem ser traduzidas em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de

significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa.

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Este trabalho discorrerá sobre uma abordagem qualiquantitativa, pois vincula o

problema do consumo de aço e materiais com uma relação entre dois tipos de sistemas

estruturais distintos.

Em termos de objetivos, a pesquisa pode ser classificada tanto como exploratória,

descritiva ou explicativa. Sendo de acordo com Gil (1991), a pesquisa exploratória tende

proporcionar maior familiaridade com o problema, visando torná-lo explícito ou a construir

hipóteses. Envolve levantamento de bibliografia, entrevistas com pessoas que tiveram

experiências práticas com o problema pesquisado e análise de exemplos para auxiliar a

compreensão. A descritiva busca descrever as características de determinada população ou

fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis, assume, em geral, a forma de

levantamento. E a pesquisa explicativa apresenta uma maior preocupação em identificar os

fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Detalha com maior

clareza o fenômeno porque explica a razão das coisas.

Este trabalho traz como objetivo a pesquisa exploratória e explicativa, dado que

realiza experimento para buscar variáveis com intuito de desenvolver relações entre dados e

retirar conclusões.

Como procedimento técnico, Gil (1991) divide a pesquisa em Bibliográfica,

Documental, Experimental, Levantamento, Estudo de Caso, Expost-Facto, Pesquisa-Ação e

Participante. Como bibliográfica entende-se aquela elaborada a partir de materiais já

publicados, sendo eles livros, artigos de periódicos e até mesmo material disponível na

internet. Documental quando elaborada a partir de materiais que não obtiveram tratamento

analítico. É classificada como experimental quando após o objeto de estudo determinado, são

escolhidas variáveis capazes de influenciá-lo, podendo de alguma forma controlar as variáveis

e observar os efeitos no objeto. Levantamento é adotado quando a pesquisa envolve

interrogação de pessoas de quem quer se conhecer o comportamento.

Já o Estudo de Caso, envolve um estudo à exaustão de algo que se deseja conhecer

profundamente e em detalhes. A pesquisa Expost-Facto, é um experimento realizado após os

fatos consumados. A Pesquisa-Ação é a relação entre uma ação com um problema coletivo.

Pesquisadores e representantes do problema estão envolvidos cooperativos ou

participativamente. E a Participante é desenvolvida a partir da interação entre pesquisadores e

membros envolvidos.

Como procedimento técnico utilizado, escolheu-se a pesquisa bibliográfica e

experimental. Se mostraram os mais adequados dado o estudo realizado na elaboração de um

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projeto de uma passarela bi engastada que serviu de modelo para embasar a bibliografia

aplicada.

4. Aplicação

“As vigas continuas são estruturalmente mais eficientes do que as vigas simplesmente

apoiadas, uma vez que a continuidade diminui os momentos no meio do vão” (PFEIL, 1983,

p.83)

Para facilitar o entendimento e exemplificar o estudo, usaremos o projeto de uma

passarela de 36 metros de vão. Com a possibilidade de seção variável e considerando duas

alternativas: vigas bi engastadas ou bi apoiadas. A adoção de um modelo de passarela serve

somente para simplificar a análise, dado que não será necessário considerar as cargas de

veículos. Será considerada a hipótese de um local com possibilidade de engastamento na

superfície, para não onerar a estrutura como um todo.

Para ambos os casos, será considerada uma seção transversal com largura de 3 metros,

com altura da viga variável e indeterminada, guarda corpo em ambos os lados e uma

espessura de revestimento de 2cm.

4.1 Determinação das Cargas

Na elaboração de um projeto de uma obra de arte, como, por exemplo, uma passarela,

é necessário determinar as cargas e os esforços sobre o vigamento principal. Em pontes de

grande porte, são eles:

a) Cargas Permanentes: que são nada além do seu peso próprio. No entanto, no caso de

estruturas de concreto, é uma carga que não pode ser deixada de lado devido a sua

magnitude.

b) Cargas Úteis: correspondem ao peso dos veículos passantes e acréscimo de efeitos do

impacto vertical.

c) Elementos Naturais: elementos tais como ar, água e terra que, quando em contato com

a ponte, exercem pressões sobre a estrutura. Solicitações provocadas pela força do

vento têm grande importância para o dimensionamento da estrutura.

d) Deformações Internas: produzidas pela variação térmica, retração do concreto, entre

outros. São esforços que geram custos à obra sem benefícios.

No caso da passarela em questão, serão levadas em conta apenas as cargas

permanentes e úteis.

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4.1.1 Cargas Úteis (Móveis)

De acordo com a NBR 7188, a carga móvel a ser considerada no dimensionamento de

passarelas é de:

� = 5,00 ��/² (1.1)

�� = � × � (1.2)

Onde:

• q’ – Carga Móvel – por unidade de comprimento de passarela;

• q – Carga móvel segundo a norma por m²;

• b – Largura da passarela.

4.1.2 Cargas Permanentes

As cargas permanentes que serão utilizadas neste dimensionamento são:

a) Peso Próprio

O peso próprio da estrutura é uma dado por:

� = � × � (2.1)

� = � × ℎ (2.2)

� = � × � × ℎ (2.3)

Onde:

• g – Peso Próprio da estrutura, por unidade de comprimento;

• γ – Peso Específico do concreto;

• A – Área de Concreto;

• b – Largura da Passarela;

• h – Altura da Viga.

b) Revestimento

O peso do revestimento sobre a estrutura é dado por:

� = � × � × � (2.4)

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Onde:

• r – Peso do Revestimento, por unidade de comprimento;

• γ – Peso Específico do concreto;

• b – Largura da Passarela;

• e – Espessura do Revestimento.

c) Guarda-Corpos

Dimensionamento estimado com base em parâmetros médios do peso do aço:

� = 2 × 0,25 = 0,50��/ (2.5)

4.2 Dimensionamento

Para o dimensionamento da passarela, após a determinação das cargas, serão utilizadas

tabelas em Excel destinadas exclusivamente para este trabalho. Através delas, após a

determinação de algumas variáveis, é possível encontrar as alturas necessárias das vigas para

cada tipo de modelo estrutural e depois realizar uma relação entre o consumo de aço de ambos

os casos e as vantagens e desvantagens da seção variável em cada caso.

4.2.1 Viga Bi Engastada

Para a elaboração da planilha em Excel, partiu-se do pressuposto de que uma viga bi

engastada com rótula central é simétrica. Portanto, considerou-se apenas uma metade da viga

para o cálculo. Para uma melhor análise, a partir de estudos, se chegou à conclusão de que

seria necessário obter os momentos em várias seções da viga, para então se determinar a área

de aço (As) em cada seção.

Figura 2 – Planilha Excel – Viga Bi Engastada

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Também serão encontrados os esforços cortantes e a altura da viga. Já que no caso da

viga bi engastada considerou-se a seção transversal variável, pois de acordo com Pfeil (1983),

“As vigas com altura variável são mais eficientes do que as de altura constante, pois o

aumento de inércia nos apoios reduz os momentos atuantes no meio do vão.”

Figura 3 – Passarela Bi Engastada Esquemática

4.2.1.1 Dados de Entrada

Para o inicio desta análise, foram arbitradas como fixas algumas variáveis:

Figura 4 – Esquema das variáveis analisadas pela planilha.

a) Esforço Cortante Inicial (Qo) – Qo = 15kN

Poderia ser considerado zero, mas considerando a rótula, poderiam existir alguns

esforços nesta região;

b) Momento Fletor Inicial (Mo) – Mo = 0kN.m

No caso de vigas bi engastadas o momento no centro do vão é nulo;

c) Altura Útil Mínima (do) – do = 0,15m

Na teoria, em uma aplicação ótima do estudo, a altura mínima da viga com seção

variável tenderia a zero acompanhando o gráfico dos momentos. No entanto, não é

viável que uma viga possua uma seção com altura nula. Para tanto, considera-se uma

espessura mínima;

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d) Espaçamento (∆x) – ∆x = 0,50m

O espaçamento entre cada seção foi arbitrado em 50cm (0,50m), para uma análise

bastante detalhada.

Além disso, utilizaram-se as cargas previamente calculadas, sendo elas distribuídas ao

longo da viga. Para uma simplificação da análise, optou-se por concentrá-las no centro do vão

de cada trecho:

�� = �17,0 + 75 × ℎ� (3.1)

�� = �� × ∆� (3.2)

Dando continuação à análise, para a elaboração da planilha foi utilizada a tabela do

anexo A. Alguns outros elementos foram determinados através desta tabela e de conceitos

estruturais conhecidos como:

e) Altura Total (h)

Determinada através da altura útil da viga, sendo sempre 5 cm maior.

ℎ = + 0,05 (3.3)

f) Área de Aço (As)

A área de aço (As) vem de uma fórmula básica da tabela do anexo A:

�! = " # × $% (3.4)

Sendo:

" = 1,4 × " (3.5)

Onde,

• Momento em kN.m

# = �# × (3.6)

• kz – Fator da tabela de flexão;

• d – Altura útil em m.

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$% = $%��! (3.7)

Onde,

• fyk – 500Mpa;

• γs – 1,15.

Desmembrando esta fórmula, obtemos que:

�! = " �# × × $% (3.8)

Usando o kz da tabela como o máximo para o aço CA-50A, temos:

�! = " 0,75 × × 435 × 10( (3.8a)

Realizando as simplificações possíveis:

�! = "233657 × (3.9)

Para a obtenção dos dados da tabela, foram estipulados os dados dos materiais fixos,

como segue:

g) Concreto:

• fck – 40MPa;

• γ – 25kN/m³;

h) Aço:

• fyk – 500MPa.

A partir destes resultados encontrados na primeira parte da planilha, elabora-se a

segunda parte. Na segunda linha da planilha, alguns elementos que eram dados, são

transformados em fórmulas como:

i) Esforço cortante (Q1)

*+ = *, + �, (3.10)

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Sendo,

• Qo – Esforço Cortante Inicial;

• Go – Carga concentrada inicial da Seção.

j) Momento Fletor (M1)

"+ = ", + *, × ∆� + �, × ∆�2 (3.11)

Sendo:

• Mo – Momento Fletor Inicial;

• Qo – Esforço Cortante Inicial;

• ∆x – Espaçamento Padrão;

• Go – Carga Concentrada Inicial por seção.

k) Altura Útil (d1)

A altura útil a partir da pré determinada como mínima, é calculada com o auxílio da

tabela de flexão com a fórmula:

� = " �- × ² × $. (3.12)

Isolando d,

= / " � × �- × $. (3.13)

Usando km no limite do CA50A, segundo a tabela,

= / 1,4 × "0,317 × 3,00 × 40 × 10³ (3.13a)

Com as simplificações realizadas,

= / "19408 (3.14)

Sendo:

• Md – M x 1,4 (Momento de projeto);

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• bw – Largura da base da viga;

• km – coeficiente da tabela de flexão;

• fcd – $.�/1,4.

As cargas distribuídas e concentradas p1 e G1 e as conseguintes serão as mesmas já

citadas anteriormente.

A partir deste ponto, cada elemento da planilha é obtido por processo de interação,

utilizando sempre as mesmas fórmulas ao longo da seção longitudinal da viga.

4.2.1.2 Resultados

A partir da planilha, observou-se que o momento fletor e o esforço cortante cresceram

do centro da passarela para os engastes. A área de aço foi estipulada de acordo com o a área

do gráfico dos momentos, chegando aos seguintes resultados:

a) Esforço Cortante Máximo: Qmáx – 782,90kN

Foi obtido no engaste conforme o esperado. Se desenvolvendo quase linearmente

durante as seções.

b) Momento Fletor Máximo: Mmáx – 6269,75kN.m

Encontrado no engaste, conforme o esperado. O desenvolvimento pode ser

aproximado por uma hipérbole do 3º grau.

A forma geral de uma hipérbole de grau “n” é:

3%456 − 3��56 = 1 (4.1)

Com os parâmetros predefinidos como:

• Grau “n” = 3

• Altura a = 0,2m

Teremos b como incógnita. Sendo assim, a condição de contorno para o cálculo de “b”

deve-se ter:

% = 0,63

Para que isso ocorra tem de se considerar:

� = 18,00

Resolvendo a equação (4.4)

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80,630,2 9( − 818,00� 9( = 1 (4.1a)

� = 5,7765

Com a definição de “b”, é possível encontrar “y” para cada seção de 0,5m, conforme

segue:

% = 4 × /1 + 3��5(: (4.2)

Que através de aproximações da planilha em Excel, chegou-se ao resultado final que

observamos abaixo:

Gráfico 1 – Relação Seção Aproximada (Hipérbole) x Seção Calculada

c) Altura Útil Máxima: dmáx – 0,57m

No apoio engastado, gerando uma altura real de 0,62m.

d) Área de Aço Máxima – Asmáx – 0,047210m² �472,10cm²

Se desenvolve de acordo com a área do gráfico dos momentos, sendo máxima

quando a seção é a máxima.

Na planilha também foram encontrados os Volumes de Aço e Concreto utilizados para

a possível construção da passarela.

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Seção

Calculada

Seção

Hiperbólica

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e) Volume de Aço – Vaço – 0,815m³ � 6398kg

f) Volume de Concreto – Vconc – 36,703m³

Figura 5 – Passarela Bi Engastada

De acordo com O’Connor, 1975:

Tipicamente, a superestrutura é construída como um par de balanços

independentes a partir de um pilar. Embora o desequilíbrio de momentos

seja mantido em um mínimo, é necessário prever a forma de resistir a

momentos no pilar. Isto pode ser obtido por meio de um pilar robusto,

monolítico com o tabuleiro [...]. (O’CONNOR, 1975, P.122)

Neste caso, conforme pré-estabelecido, o terreno proporciona as boas condições para a

instalação do elemento estrutural desta forma.

4.2.2 Viga Bi Apoiada

“As vigas de altura constante apresentam maior simplicidade de formas, sendo

recomendadas para vãos pequenos e médios.” (PFEIL, 1983, p.83)

No caso da viga bi apoiada se desconsiderou a hipótese de alterar a seção transversal,

dado que nos casos gerais de vigas bi apoiadas com carga distribuída, seu momento fletor

máximo ocorre no centro do vão, o que tornaria incoerente uma redução na seção mais

solicitada do elemento.

Figura 6 – Passarela Bi Apoiada Esquemática

Neste caso, a planilha do Excel foi elaborada para considerar o vão inteiro dado que se

faz necessário a consideração de ambos os apoios. Além disso, a análise realizada para a viga

bi apoiada foi diferente da do caso anterior. Como não há variação da seção, a altura seria a

mesma para toda a extensão da passarela. Assim, os esforços necessários seriam apenas o

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momento fletor máximo e o cortante máximo. No entanto, eles só poderiam ser analisados a

partir da definição de uma altura ótima para a viga. Sendo esta o principal objetivo da

planilha.

Figura 7 – Planilha do Excel - Viga Bi Apoiada

4.2.2.1 Dados de Entrada

Para o início desta análise, foi somente arbitrada uma altura (h) qualquer, no caso h =

0,50m, para que a planilha através do comando “Atingir Meta” possa solucionar o problema.

O momento pré determinado pela fórmula:

" = � × ;²8 (5.1)

Além disso, foi utilizada a mesma consideração de carga que na planilha anterior, só

que desta vez, apenas considerando a carga distribuída como na fórmula (3.1).

Para a obtenção dos dados da tabela, foram estipulados os dados dos materiais fixos,

como segue:

a) Concreto:

• fck – 40MPa;

• γ – 25kN/m³;

b) Aço:

• fyk – 500MPa.

4.2.2.2 Resultados

Analisando os resultados da planilha, obtém-se os valores do momento máximo,

esforços cortantes, área de aço e volumes de aço e concreto que seguem:

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a) Altura: h = 0,88m

b) Momento Fletor Máximo: Mmáx =13504,51kN.m

c) Área de Aço Máxima: Asmax = 0,069287m² �692,87cm²

d) Esforço Cortante: Qmax = 1500,5kN

e) Volume de Concreto: VConc = 95,56m³

f) Volume de Aço: Vaço= 1,66m³ �13031kg

Figura 8 - Passarela Bi Apoiada

5. Considerações Finais

De acordo com o estudo realizado, analisando ambas as situações

qualiquantitativamente, concluiu-se que a solução bi engastada é a melhor opção em todas as

variáveis analisadas. No entanto, se a localização da implantação da passarela não possuir um

terreno propício para realizar um engaste, o gasto com as fundações da obra será muito maior

do que a economia que é obtida utilizando o modelo bi engastado em relação ao biapoiado.

Neste caso, a viga bi apoiada pode ser a melhor solução, conforme O’Connor, 1975:

Se as extremidades de uma viga contínua são engastadas, o projeto ótimo

tem vãos iguais. Uma extremidade engastada geralmente corresponde a

custos excessivos na infra-estrutura. Entretanto, uma situação aproximada

pode ocorrer quando as condições locais obrigam à colocação de um vão

pequeno adjacente e contínuo aos vão principais maiores. O mesmo sucede

se a extremidade do elemento é ligada a um montante vertical curto [...].

Através dos dados analisados, foi realizada uma relação entre os volumes de aço e

concreto encontrados para ambos os casos. No caso do consumo de aço a economia do

modelo bi engastado foi maior que 50%. Já no volume de concreto, a economia é ainda maior,

chega aos 60%.

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Figura 9 – Ponte sobre o Rio Pelotas

Se for escolhida uma viga de seção constante, a seção será a mesma nos dois casos

porque o momento máximo é o mesmo. A armadura para uma viga de concreto armado, no

entanto, para a viga bi apoiada será o dobro da armadura para a viga bi engastada com rótula

central porque a armadura é proporcional à área do diagrama de momentos fletores.

Na viga bi apoiada não é conveniente variar a seção porque a seção necessária no

centro do vão, para o momento máximo, é semelhante à seção necessária no apoio para a

força cortante máxima. Momento e força cortante crescem em sentidos contrários.

Para uma análise do emprego do método construtivo de balanços sucessivos, não há

muito sobre o que possa descrever. Primeiramente não é usual a realização de balanços

sucessivos em pontes de concreto armado. Os avanços sucessivos são muito mais comuns em

pontes de concreto protendido, pontes pré-moldadas e pontes metálicas. Muito utilizadas em

locais onde não se podem usar escoramento. No caso do modelo bi apoiado observa-se que

não é o método mais indicado, já que para iniciar o processo é preciso um engaste perfeito no

pilar de partida, o que uma viga bi apoiada não possui.

Já no caso da viga bi engastada, o modelo dos balanços sucessivos é bastante possível

de ser aplicado. No entanto, as armaduras ficam penduradas e expostas durante a evolução da

concretagem em alguns projetos, o que é um ponto negativo.

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Figura 10 – Evolução da construção por Balanços Sucessivos

6. Sugestões para Próximos Trabalhos

Dado as limitações deste trabalho, não foram abordadas algumas complementações

interessantes sobre o estudo da aplicação do método bi engastado em pontes, viadutos e

passarelas. Por isso, sugere-se que estes itens possam ser apresentados em estudos futuros,

como, por exemplo, a análise dos vínculos, discorrendo sobre os possíveis locais de execução

deste engaste perfeito necessário ao bom desempenho deste elemento estrutural, os tipos de

rótulas adequadas ao projeto. O mesmo modelo em concreto protendido, como é usual, e os

momentos hiperestáticos e/ou vibrações produzidas pelas cargas acidentais e esforços

cortantes para determinação e dimensionamento de estribos e deformações.

Referências

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2008.

MARCHETTI, Osvaldemar, Pontes de Concreto Armado. São Paulo: Editora Edgard Blücher,

2008.

SILVA, E. L.; MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 4ª

ed. Rev. Atual, Florianópolis, Laboratório de Ensino a Distância da UFSC, 2005.

PROCESSOS de Construção Disponível em:

<http://www.ctec.ufal.br/ees/disciplinas/ec2/PROCESSOS%20DE%20CONSTRUCAO.pdf>.

Acesso em: 01 jun. 2011

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PFEIL, Walter. Pontes: Curso Básico: Projeto, Construção e Manutenção. Rio de Janeiro:

Campus, 1983. 627 p.

PFEIL, Walter. Pontes em Concreto Armado. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1983. 2 v.

O’CONNOR, Colin. Pontes: Superestruturas; tradutor: Maria de Lourdes Campos

Campello, revisor técnico: Pedro Paulo Barreto. Rio de Janeiro: LTC; São Paulo: Editora da

Universidade de São Paulo, 2 v.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7188: Carga móvel em

pontes rodoviárias e passarelas de pedestres. Rio de Janeiro, 1984

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estruturas

de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro, 2007

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7187: Projeto de pontes de

concreto armado e de concreto protendido - Procedimento. Rio de Janeiro, 2003

THOMAZ, Eduardo C. S.. Ponte em Balanços sucessivos: Eng. Emilio Baumgart.

Disponível em: <http://www.deecc.ufc.br/Download/TB803_Pontes%20I/Baumgart.pdf>.

Acesso em: 01 jun. 2011

OLIVEIRA, Elias Monteiro de. Execução de Superestruturas em Balanço Sucessivo: Ponte

Sobre a Represa Billings. 2009. 67 f. Dissertação (Trabalho de Conclusão) - Curso de

Engenharia Civil, Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2009. Disponível em:

<http://cursos.anhembi.br/tcc-09/civil-09.pdf>. Acesso em: 01 jun. 2011.

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Anexos

ANEXO A

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Apêndices

APÊNDICE A

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APÊNDICE B

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APÊNDICE C