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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015 www.varaldobrasil.com 1 ® Literário, sem frescuras! ISSN 1664-5243 Ano 6 - Novembro de 2015—Edição no. 38

VARAL 38 NOVEMBRO

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Revista Varal do Brasil no. 38 - Edição de novembro de 2015 (edição de aniversário de 6 anos do Varal do Brasil).Neste número trazemos o resultado do III Prêmio Varal do Brasil de Literatura.

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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®

Literário, sem frescuras! ISSN 1664-5243

Ano 6 - Novembro de 2015—Edição no. 38

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EDIÇÃO DE @NIVERSÁRIO

S_is [nos l_v[n^o [

Lit_r[tur[ [té vo]ê!

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LITERÁRIO, SEM FRESCURAS

Genebra, outono/inverno de 2015

No. 38

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EXPEDIENTE

Revista Literária VARAL DO BRASIL

NO. 38 - Genebra - CH - ISSN 1664-5243

Copyright Cada autor detém o direito sobre o seu texto. Os direitos da revista pertencem a Jacqueline Aisenman.

O Varal do Brasil é promovido, organizado e realizado por Jacqueline Aisenman

Site do VARAL: www.varaldobrasil.com

Blog do Varal: www.varaldobrasil.blogspot.com

Textos: Vários Autores

Ilustrações: Vários Autores

Foto capa: © Fotolia

Foto contracapa: © Fotolia

Muitas imagens encontramos na internet sem ter o nome do autor citado. Se for uma foto ou um desenho seu, envie um e-mail aqui para a gente e teremos o maior prazer em divulgar o seu talento.

Revisão parcial de cada autor

Revisão geral VARAL DO BRASIL

Composição e diagramação:

Jacqueline Aisenman

A distribuição ecológica, por e-mail, é gratuita. A revista está gratuitamente para download no site do Varal.

Se você deseja participar do VARAL DO BRASIL No. 39 (REVISTA DE JANEIRO) envie seus textos até 25 de novembro de 2015 para: [email protected]

Tema LIVRE.

Toda participação é gratuita.

ATIVIDADES DO VARAL

• Estão abertas as inscrições para a edição de JANEIRO de nossa revista com o tema livre. Inscrições até dia 25 de novembro.

• Estão abertas as inscrições para a edição de MARÇO com o tema MULHER. Envie seu texto até 25 de janeiro.

FIQUE ATENTO, NO VARAL AS

COISAS ACONTECEM!

PARTICIPE! INSCREVA-SE!

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A revista VARAL DO BRASIL circula no

Brasil do Amazonas ao Rio Grande do

Sul...

Também leva seus autores através dos

cinco continentes.

Quer divulgação melhor?

Venha fazer parte do

VARAL DO BRASIL

E-mail: [email protected]

Site: www.varaldobrasil.com

Blog do Varal:

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*Toda participação é gratuita

CARO LEITOR,

Se você gostou de um texto e quer o contato do autor, por gentileza escreva para o e-mail

[email protected] e teremos o maior prazer em enviar para você. Boa leitura!

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VARAL ESTENDIDO!

Chegamos com mais uma edição comemora-tiva de nossa revista: festejamos os seis anos do Varal do Brasil! Seis anos presentes na literatura de Língua Portuguesa no Brasil e no exterior, criando, inovando, levando os auto-res brasileiros, portugueses, angolanos, cabo-

verdianos e de outras nacionalidades, bem além das fronteiras do nosso amado Portu-guês!

Durante estes seis anos de vida, foram mais de cinquenta edições de nossa revista, distribuídas em formato PDF por e-mail, redes sociais, blogs e sites alcançando assim os cinco continentes.

Foram cinco coletâneas VARAL ANTOLÓGI-CO, compilando textos de raro valor de autores que se destacaram com sucesso den-tro de nossa literatura! Além destas coletâ-neas, veio também a antologia dos trabalhos realizados no Grupo do Varal do Brasil no Fa-cebook, o livro VOANDO EM BANDO que re-úne as oficinas literárias do Grupo feitas até início de 2014.

Foram três edições do Prêmio Varal do Brasil de Literatura, premiando o talento de nossos escritores em categorias como Contos, Poemas, Crônicas e Textos Infantis.

Nesta edição, inclusive, trazemos o resultado completo do último concurso.

Foram quatro participações no Salão Interna-cional do Livro e da Imprensa de Genebra, maior evento literário da Suíça e um dos mais prestigiados eventos culturais da Europa. Du-rante estes quatros anos apresentamos mais de trezentos títulos e trouxemos mais de ses-senta autores presentes para autógrafos, en-tre eles Luiz Ruffato, Alice Ruiz, Cintia

Moscovich, Marcelino Freire e Ronaldo Correia de Brito.

Fomos nestes seis anos pioneiros em tantas ações literárias aqui no exterior! Nos orgulha-mos de ver muitas organizações e associa-ções seguirem nossos passos em muitos paí-ses, participando de Salões de Livro, realizan-do antologias e outras ações culturais que en-grandecem a nossa literatura. A todos deseja-mos sempre muito sucesso e que levem cada vez mais longe a literatura de Língua Portu-guesa como nós o fazemos há seis anos!

Para 2016 já estamos com as inscrições abertas para o renomado evento literário suí-ço, o Salão Internacional do Livro e da Im-prensa de Genebra que estará vivendo sua trigésima edição. Será um evento memorável e já nos alegramos com o fato de recebermos autores, músicos e artistas plásticos que mos-trarão o melhor de nossa cultura.

Será nosso quinto ano consecutivo no Salão de Genebra! Venha fazer parte desta edição histórica! Inscreva-se também!

Obrigada a você que nestes seis anos de vida fez parte de nossa história de forma pre-sente e viva! Sem você, nós não existiríamos!

Jacqueline Aisenman

Editora-Chefe

Varal do Brasil

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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• ADINA WORCMAN

• AGLAÉ TORRES

• ALEX MARCHI

• ANA ROSENROT

• ANDREA MASCARENHAS

• ANTONIO MARCOS BANDEIRA

• BASILINA DIVINA PEREIRA

• BLENDA BORTOLINI

• CARLA DE SÁ MORAIS

• CARMEN LÚCIA HUSSEIN

• CERES MARYLISE REBOUÇAS

• CHAJA FREIDA FINKELSZTEIN

• CLARA MACHADO

• CLÁUDIA CARVALHO

• DANIEL DE CULLÁ

• DIULINDA GARCIA

• ELOÍSA ANTUNES MACIEL

• ELOÍSA MENEZES PEREIRA

• EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

• EMÉRITA ANDRADE

• FELIPE CATTAPAN

• FELIPE LUIZ PROIETE DE SOUZA

• FERNANDO SORRENTINO

• GAIÔ (M. APARECIDA GAIOFATTO)

• GILSON LIMA

• HAZEL SÃO FRANCISCO

• HEBE C. BOA-VIAGEM A. COSTA

• HELOISA CRESPO

• HUGO FEDERICO AZALRAQUI

• IVANE PEROTTI

• IVONE VEBBER

• IZABELLA PAVESI

• JACQUELINE AISENMAN

• JAIME CORREA

• JANA LAUXEN

• JANIA SOUZA

• JEREMIAS FRANCIS TORRES

• JOSE CARLOS PAIVA BRUNO

• JOSE CARLOS SIBILA

• JOSÉ HILTON ROSA

• JULIA CRUZ

• JULIA REGO

• KAIQUE MACHADINHO

• LENIVAL NUNES ANDRADE

• LIRIA PORTO

• LÚCIA HELENA DOS SANTOS

• LUIZ MANOEL F. MAIA

• LY SABAS

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• MARCIA MARIA RIBEIRO BRABO

• M. APARECIDA FELICORI (VÓ FIA)

• MARIA DELBONI

• MARIA EMILIA ALGEBAILE

• MARIA JOSÉ VITAL JUSTINIANO

• MARIA LÚCIA DE GODOY PEREIRA

• MARIA LUÍZA VARGAS RAMOS

• MARIA MOREIRA

• MARIA SOCORRO DE SOUSA

• MARIANE EGGERT DE FIGUEIREDO

• MARILU F. QUEIRÓZ

• MÁRIO REZENDE

• MAURÍCIO DUARTE

• MAURICIO LIMA

• NELCI BACK OLIVEIRA

• NILZA AMARAL

• OLIVEIRA CARUSO

• RAFAEL REYES

• RAPHAEL MIGUEL

• RENATA CARONE SBORGIA

• ROB LIMA

• ROGÉRIO ARAÚJO (ROFA)

• RONNIE LEITE

• ROSSANA AICARDI CAPRIO

• ROZELENE FURTADO DE LIMA

• SIMONE PESSOA

• SONIA NOGUEIRA

• SILVIO PARISE

• SONIA CINTRA

• TEREZINHA GUIMARÃES

• VIVIAN DE MORAES BRAGAGNOLO

• WALNÉLIA CORRÊA PEDERNEIRAS

• YARA DARIN

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Deus Tá in Tudo que é Canto

Por Antônio Marcos Bandeira

Deus tá in tudo que é canto

No canto dos passarim

No canto duma criança

Nos canto pelos camim

Deus tá na muié buxuda

Insperano os bruguelim

Deus tá no canto dos óio

Dos cegos que rê além

Deus tá no canto dos mudo

Que mudo cantam tumém

Deus tá nos que num escuta

Mair sabe dizê amém!

Deus tá nas forma das letra

Dos cego que eles nos trais

Deus tá no canto dos pasro

Nos canto de vida e pais

Deus tá na rida das rida

Que ELE muda demais

Deus tá in tudo que é canto

Nos canto da natureza

Deus tá no canto dos home

Que cantum cum tanta beleza

Deus tá na rida dos jove

Na casa que num é fortaleza

Deus tá in tudo que é canto

No canto das prantação

Deus tá in quorqué pessoa

Que dento do seu coração

Tenha o Sinhô Jesuis

Cumo seu Sinhô e Luz

O seu Deus da salvação!

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pedra-sabão

Por Líria Porto

escrevo no peito o vento que passa

o sol a vidraça a chuva a neblina

escrevo no peito o doce a cachaça

o queijo a coalhada o mapa de minas

escrevo no peito as ruas estradas

as flores a praça o laço de fita

escrevo no peito a tarde a alvorada

a lua as estrelas as caturritas

escrevo no peito a terra um jazigo

o chão a florada a serra o jardim

escrevo no peito opalas sem fim

os pais os irmãos as filhas o amigo

o cheiro os costumes a bruma a brisa

depois eu me abraço e fecho a camisa

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O Salão Internacional do Livro e da Imprensa de Genebra é o maior evento literário da Suí-ça e um dos encontros culturais mais popula-res e prestigiados da Europa entre autores, editores e visitantes que se unem em torno do livro e da imprensa. Ele acolhe milhares de visitantes vindos não apenas da Suíça, mas de vários outros países. Evento de grandes proporções, sofisticado, o Salão Internacional do Livro e da Imprensa de Genebra não é somente um evento literá-rio, mas cultural em si. Apresenta todos os anos um país como convidado de honra. Em 2016 o país convidado será a Tunísia. São também realizadas exposições artísticas durante o evento e acontecem simultanea-mente ao Salão do Livro, o Salão do Estu-dante e da Formação e o Salão Africano de Literatura e Cultura. Desde 2014, o Salão re-cebe também o Espaço da Cultura Árabe, que traz a literatura e a cultura dos países árabes. O Salão do Livro acontecerá de 27 de abril a 1º de maio de 2016 em Genebra. O estande do Varal do Brasil levará ao Salão do Livro de Genebra autores de Língua Por-tuguesa e Espanhola. Livros em outros idio-mas também podem ser aceitos. Em sua quinta participação, o Varal do Brasil renova-rá o sucesso obtido nos quatro anos anterio-res, tendo levado nestes quatro anos mais de cem autores para autógrafos e bem mais de

trezentos títulos para exposição, divulgação e venda durante os eventos. Para visualizar fotos e vídeos dos anos anteriores, visitar o site www.varaldobrasil.com

De nossas participações plenas de sucesso outros estandes brasileiros têm surgido em outros países, abrindo assim cada vez mais as portas para os autores/editores que dese-jam ver seus livros divulgados no exterior. Participando com o Varal do Brasil deste grande evento literário suíço, você terá mais oportunidade de se lançar também nos de-mais países.

O Varal do Brasil é pioneiro na divulgação de autores de língua Portuguesa com livros em Português no exterior e possui o maior estan-de brasileiro privado da Europa.

O autor que participa autografando e/ou ex-pondo seus livros conosco, visa a divulgação de seu trabalho e de si mesmo. Toda promo-ção e publicidade fornecida pelo Varal do Brasil vai muito além da venda de livros du-rante a exposição, pois a network literária oferecida é primordial para abertura de novos caminhos.

[email protected]

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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MEU PREFÁCIO PARA ROMANCE

DE CABO VERDE

Recebi, há uns dois anos, do meu amigo Nu-

no Rebocho, escritor e editor de Cabo Verde,

os originais do seu livro “A segunda Vida de

Djon de Nhá Bia”. (Recentemente, recebi con-

vite para o lançamento do livro, publicado por

editora portuguesa, e fico sabendo que o pre-

fácio do livro é esta apreciação.)

Não pude ler o romance imediatamente após

recebê-lo, mas quando comecei não consegui

parar até terminá-lo. Não só pela história, que

é original e singular, mas pelo discurso narra-

tivo do autor, dinâmico, objetivo, elegante e

claro. Um estilo cativante, que prende e leitor,

ávido por saber o que vai acontecer no próxi-

mo capítulo.

Encontrei palavras que não são usadas no

nosso português do Brasil, mas isso colabo-

rou para tornar a leitura ainda mais interes-

sante e não prejudicou em nada a compreen-

são. Algumas palavras me chamaram mais a

atenção, no entanto, por não conseguir des-

cobrir-lhes o significado, apesar do contexto.

E me fizeram lembrar o Acordo Ortográfico,

pois as diferenças do português do Brasil, de

Portugal, de Cabo Verde e outros países que

falam português não se reduzem a apenas

sinais e acentos. Existem palavras diferentes

e palavras com sentidos diferentes. Mas isso

é discussão para outra vez. O que queremos

discutir, agora, é a obra deste bom escritor de

Cabo Verde, Nuno Rebocho.

A história evidencia o alto grau de criatividade

do escritor, beirando o fantástico-maravilhoso.

Mas com a segurança de um grande ficcionis-

ta, denunciando, com situações localizadas

além da nossa realidade comum, as mazelas

do nosso mundo atual.

O título do romance dá uma dica sutil do en-

redo: “As duas vidas de Djon de Nhá Bia”. É a

história de Djon depois de sua morte, de situ-

ações bizarras e ao mesmo tempo divertidas

de um morto-vivo às voltas com outros mortos

-vivos, com o Diabo, com o amor, com o fana-

tismo do povo, com a vida. Uma fábula bem

urdida, interessante e bem contada.

A linguagem e o estilo se conciliam e se com-

pletam, dando ao romance total fluidez, dan-

do prazer ao leitor ao longo do desenvolvi-

mento da trama, a cada página.

Recomendo a leitura deste ótimo romance do

escritor de Cabo Verde aos leitores de qual-

quer país que tenha como língua oficial o por-

tuguês, pelo talento do autor e pela qualidade

da obra.

*Leia mais da coluna na próxima página

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LEITURA E ESCRITA

Leio a pesquisa dos alunos do Curso de Le-tras da Faculdade do norte catarinense, so-bre a análise de desempenho em práticas sociais de leitura e escrita, por alunos em fa-se de conclusão do Ensino Médio do Centro de Educação de Jovens e Adultos e percebo a importância de se avaliar e mensurar a efi-ciência da educação que estamos oferecen-do aos nossos estudantes, desde a idade mais tenra até a preparação para o Vestibu-lar. A pesquisa é um estudo sério e conscien-te, com perguntas simples dirigidas aos estu-dantes, para que se possa determinar o nível de "letramento" do jovem e do adulto de uma cidade que poderia, por amostragem, espe-lhar uma tendência brasileira. Vale esclarecer "nível de letramento", conforme mencionado na pesquisa: se o estudante está apenas al-fabetizado ou se ele sabe utilizar a leitura na vida prática, decodificando e interpretando de maneira correta o que lê, sabendo comunicar-se efetivamente. Apesar dos conteúdos programáticos das es-colas privilegiarem um equilíbrio pelo menos teórico do ensino da língua com a prática da escrita e da leitura, a pesquisa mostra que os estudantes, um índice significativo deles, já no nível médio, ainda têm dificuldades com interpretação de textos e, paralelamente, com o registro de ideias. Parte dos alunos entrevistados da mostra aleatória declararam ler livros, revistas e jor-nais, mas as respostas se conflitaram, pai-rando dúvidas sobre se realmente liam o que foi afirmado. Cai em evidência, mais uma vez, aquilo que suspeitamos cada vez que falamos de leitura: a escola, de um ponto de vista global, não está incentivando a forma-ção de leitores. Falamos já em outras oportu-nidades, da prática contraproducente de obri-gar os alunos a lerem determinados livros, por parte de professores de língua e literatu-ra, o que causa prevenção ao invés de propi-ciar a criação do hábito e gosto pela leitura. E a pesquisa nos mostra que não é só isso. Os estudantes não sabem ler documentos simples, A escola precisa ensinar o aluno a ler e preci-sa incentivá-lo a “tornar-se um leitor compe-

tente e autônomo dos vários gêneros de dis-curso, do cotidiano ou não, que fazem parte da cultura letrada contemporânea”. Assim, os leitores em formação, incentivados desde o início do primeiro grau, tornar-se-ão leitores efetivos. A escola precisa trabalhar o letra-mento do estudante com mais dedicação, pa-ra que tenhamos mais leitores eficientes e efetivos e que dominem uma escrita mais clara, objetiva e correta. E quando digo “escola”, quero dizer que os mantenedores da escola precisam pagar melhor os profes-sores, para que eles sejam melhor qualifica-dos e tenham motivação para fazer um bom trabalho. A “cultura presentes no cotidiano de pessoas comuns, como formulários, mensa-gens, avisos, etc. Outro fato importante le-vantado pela pesquisa, que corrobora o que se constatou a respeito da falta de habilidade de leitura dos alunos, incompatível com suas idades, é que a escola privilegia o ensino da escrita, relegando a leitura a segundo plano. oficial” precisa planejar e estruturar melhor a educação neste país, melhorar o conteúdo programático da nossa escola, dar muito mais atenção à educação, para que tenha-mos cidadãos que saibam interpretar um tex-to, escrever um texto e comunicar as suas ideias.

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor,

Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, com

35 anos de trajetória, cadeira 19 na Academia SulBra-

sileira de Letras.

h p://luizcarlosamorim.blogspot.com.br

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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RITUAIS

Por Basilina Pereira

I

A manhã se desfaz em rotinas,

mesmo com todo rebuliço que envolve o despertar

e cada minuto parece evaporar rente as paredes.

É ali que as tarefas miúdas se processam,

enquanto os compromissos mais sólidos

são atrelados às horas futuras.

II

A tarde desabrocha com os pássaros,

apesar da indiferença das nuvens.

O sol cumpre sua trajetória de luz,

enquanto as formigas se multiplicam,

riscando o solo com seu laborioso passo.

O vento quebra o silêncio das folhas

em ritmos irregulares como os pensamentos

que se recusam a vestir os moldes da vez.

III

Assim que a noite chega,

pede logo um poema para saudar a lua

que se exibe inteira em seu trono de prata.

Quando ela surge majestosa e plena,

todos os ruídos se tornam leves,

e o silêncio ganha asas para ir mais longe

consolar as estrelas por esse momento de oclusão.

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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OUTONO

Por Carla de Sá Morais

O Outono é a estação da sabedoria!

A Natureza contempla-nos com um dos seus mais belos espetáculos!

As florestas inflamam-se em cores majestosas antes da queda das suas folhas.

É um momento de rendição, um momento de aceitação do que está para vir, sem resistências nem comparações de força...somente um bailado de sons e fragrâncias...

Saber afastar-se em silêncio, depois de ter conhecido a glória para dar lugar à próxima estação, a Natureza, dá-nos uma bela lição de humildade!

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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A NOITE...”

Por EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

(...) “Descobri que minha arma é o que a memória guarda.” (...)

(Milton Nascimento e Fernando Brant, “Saudades dos Aviões da Panair”)

A noite te persegue?

Apenas fechas os olhos.

Morcegos? Corujas?

“Produza algo edificante”, exige um Juiz.

“Não escreves poemas: no máximo, prosa poética”, define outro Magistrado (um deus?).

“És sempre monotemático: falas obsessivamente no Tempo e numa Ilha que acabou há muito tempo”, reitera uma Voz Interior.

“Por favor: sê mais otimista” – reivindica outro crítico.

Aspiras a desconexão com real, o império da paz – talvez o esquecimento.

A memória está sempre aqui, ali, sempre – ela é o núcleo das tuas narrativas..

Virá o pó, mas não agora – esquece.

E todos os sonhos de tantas vidas?

Exorcizarás os males – acreditas.

Irão embora os Espíritos de Obsessão.

Irão?

Será a noite uma ânsia sem nome?

Do caos seria feita a luz.

Aspiramos Arcanjos. Sombras somos?

Também claridade.

“Desejo-te mil anjos” – escrevo para um destinatário desconhecido – mas que amo (pois só ele, o amor, poderá nos salvar).

Que eles te cubram sempre, te blindem, te protejam contra o Mal.

Engana-se a voz Interior (lembrada acima): a Ilha Mítica estará sempre no teu coração (ela é que importa).

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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Merasugestao

Por Fernando Sorrentino

Dizem meus amigos que sou muito sugestionável. Acho que têm razão. E para confirmar, usam como argumento um pequeno episódio que me aconte-ceu na quinta-feira passada.

Naquela manhã eu estava lendo um romance de terror e, embora ainda fosse pleno dia, fiquei apreensivo. A leitura me incutiu a ideia de que na cozi-nha havia um feroz assassino; e esse feroz assassino, esgrimindo um enorme punhal, aguardava que eu entrasse na cozinha para lançar-se sobre mim e cra-var a lâmina nas minhas costas. Apesar de eu estar sentado de frente para a porta da cozinha de tal maneira que ninguém poderia ter entrado sem que eu tivesse visto, e de não haver outro acesso senão aquela porta, apesar de tudo isso, eu estava inteiramente convencido de que o assassino espreitava por trás da porta fechada.

Sugestionado como estava, não me atrevia a entrar na cozinha.

Foi então que tocaram a campainha.

— Entre! — gritei sem me levantar —. Está destrancada.

Entrou o porteiro do edifício, com duas ou três cartas.

— Minha perna está dormente — eu disse — . Pode ir até a cozinha e me trazer um copo de água?

O porteiro disse “Pois não”, abriu a porta da cozinha e entrou. Ouvi um grito de dor e o ruído de um corpo que, ao cair, arrastava consigo pratos ou garrafas. Pulei da cadeira e corri até a cozinha. O porteiro, com a metade do corpo sobre a mesa e um enorme punhal cravado nas costas, jazia morto. En-tão, já tranquilizado, pude constatar que, evidentemente, não havia nenhum as-sassino na cozinha.

Tratava-se, logicamente, de um caso de mera sugestão.

Tradução de Ana Flores

[De El mejor de los mundos posibles, Editorial Plus Ultra, Buenos Aires, 1976]

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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HISTÓRIA DO BRASIL SOB A

ÓTICA FEMININA

Hebe C. Boa-Viagem A. Costa

BRASIL-REPÚBLICA

AS MULHERES RESGATANDO SEUS DIREITOS

Eis um rápido esboço:

1891 - A primeira Constituição da República

do Brasil decepcionou as mulheres. Apesar

de assegurar que todos são iguais perante

as leis, mantiveram a mulher na condição de

menoridade com todas as limitações ineren-

tes a essa situação.

1897 – Fundada a Academia Brasileira de Le-

tras com um estatuto que impedia que as mu-

lheres a ela pertencessem. Foram barradas

Julia Lopes de Almeida e Amélia Bevilacqua.

1905 – Embora as mulheres pudessem fre-

quentar cursos superiores desde 1879. só

em 1905, graças a advogada Mirthes Cam-

pos, a OAB, então IAB , permitiu que elas se

filiassem.

1916 – O Código Civil trouxe as seguintes

“preciosidades”:

A chefia da sociedade conjugal cabe ao

homem competindo o direito de fixar

ou de mudar de domicilio; de conceder

ou retirar a autorização para que a mu-

lher exerça profissão;

À mulher cabe a função de auxiliar e só

poderá exercer uma profissão se o

marido autorizar.

1918 - Desencantadas as mulheres resolve-

ram agir não mais isoladamente. Estrangei-

ras que aqui viviam e brasileiras que conhe-

ceram outras terras adotaram estratégia já

existente em diversos países. Bertha Lutz,

que vivera na Europa, se dispôs a criar uma

organização sufragista . De inicio, mulheres

da elite se associaram e depois, o movimento

se estendeu às trabalhadoras orientando-as

na criação de sindicatos.

Década de Vinte

• Em1922 Bertha Lutz criou a Federação

Brasileira para Progresso Feminino .

• Foi uma década de muitas tentativas da

Federação para conseguir o direito de voto.

As associadas frequentavam assiduamente a

Câmara e o Senado para que um projeto

que tratava do assunto fosse votado mas ele

acabou sendo engavetado. Todavia as mulhe-

res se faziam notar.

• Na Semana da Arte Moderna Tarsila

Amaral, Anita Mafatti, Guiomar Novaes e tan-

tas outras mostraram, com sucesso, suas es-

pecialidades. (Segue)

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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No Rio, é fundada a Escola de Enfermagem

Ana Nery que alarga, e muito, o espaço das

mulheres. Elas viajaram para o exterior onde

se aperfeiçoariam para dar continuidade a

difusão do sistema de enfermagem Nightin-

gale no Brasil Entre outras, Edith Magalhães

Fraenkel, Rachel Haddock Lobo, Lais Netto

Reys...

Anesia Pinheiro Machado e Theresa de Mar-zo tornam-se pioneiras na aviação. Essa ati-vidade era olhada com certa reserva até mesmo pelos homens. Mais tarde Ada Roga-to completaria esse trio ousado.

Década de Trinta

• O Segundo Congresso Internacional Fe-

minista contou com uma representante do

governo brasileiro, Bertha Lutz As conclu-

sões desse encontro foram encaminhadas

ao Presidente Getulio Vargas.

• Maria Lenk foi a primeira mulher sul-

americana a disputar uma Olimpíada – Los

Angeles, USA 1932

• É publicado o Código Eleitoral ( decreto

21.076) concedendo o direito de voto a mu-

lher. Entretanto esse direito ainda sofria res-

trições: as casadas; para poderem votar, pre-

cisavam do consentimento do marido (!!! As

solteiras e viúvas, só podiam ser eleitoras se

comprovassem ter renda.(!!!) Embora não

fosse a reposta desejada, grande parte das

mulheres poderiam votar e ser votadas.

• Nesse mesmo ano deu-se o Manifesto

pela Educação Nova redigido por Fernando

de Azevedo. Ao lado de homens três mulhe-

res foram signatárias desse documento:

Noemy da Silveira Rudolfer, Cecilia Meireles

e Armanda Alvaro

• Na Revolução de 32 as mulheres mostra-

ram ter coragem, criatividade, capacidade de

trabalho em equipe e solidariedade . Foram

exemplos Carlota Pereira de Queiroz, Perola

Byington, Olivia Guedes Penteado e tantas

outras

Em 1934 Carlota Pereira de Queiroz foi eleita

a primeira deputada federal do Brasil.e foi a

única mulher a assinar a Constituição de

1934 (Segue)

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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• .É fundada a Universidade de São Paulo

e foram convidados muitos professores es-

trangeiros que viam como natural e necessá-

ria a emancipação da mulher. Mesmo nessa

conjuntura a mulher continuava a ser definida

como relativamente incapaz!

• 1936 – Bertha Lutz assumiu o cargo de

deputada federal com a morte de Candido

Pereira e passou a defender mudanças na

legislação ao trabalho da mulher e dos meno-

res de idade.. Propôs a igualdade salarial, a

licença de três meses para as gestantes e a

redução da jornada de trabalho. Seu trabalho

foi interrompido com o Golpe getulista do Es-

tado Novo (1937).

Na Era Vargas uma nova Constituição foi ou-torgada e nela não mais consta “ sem distin-ção de sexo” Novamente a mulher se sente espoliada.

Década de quarenta

• Quando da entrada do Brasil na II Guerra

Mundial as nossas Forças Armadas não ti-

nham um corpo de enfermagem e precisa-

ram contar com a Cruz Vermelha e com a Es-

cola de Enfermagem Ana Nery que formara

um pessoal altamente especializado, entre

elas Izaura Barbosa Lima.

• Mudanças ocorridas no âmbito internacio-

nal passaram a influenciar o dia a dia brasi-

leiro, especialmente as aspirações femininas.

A ONU desde sua criação se consagrou ple-

namente ao principio de igualdade entre o ho-

mem e a mulher: Carta das Nações Unidas

(1945) e Declaração dos Direitos Humanos

(1946)

Com o fim da Era Vargas o Novo Código Eleitoral devolveu à mulher o direito do voto sem as restrições anteriores.

Década de cinquenta

• Em 1950 a advogada Romy Martins Me-

deiros apresentou um anteprojeto para alte-

rar a posição da mulher casada perante a lei

vigente. Todavia ele permaneceu engavetado

nada menos do que 12 anos!

A expansão das redes de ensino em diversos níveis mostrou a necessidade de aumentar o número de professores devidamente habilita-dos e as mulheres acorreram às Universida-des.

Década de sessenta

Inauguração da nova capital da República com a promessa de “crescer 50 anos em cin-co”. O Brasil levando o progresso para o inte-rior deixava de só “arranhar a costa brasilei-ra”.

1962 – O anteprojeto de Romy M. Medeiros serviude base para o Estatuto da Mulher Ca-sada (Lei 4121/62) Foi retirado do Código Civil a ” incapacidade relativa da mulher” e deu-lhe a função de colaboradora do marido na chefiada sociedade conjugal, de partilhar do direito de fixar ou mudar o domicilio da fa-mília ( ressalvando a possibilidade de recorrer ao juiz no caso de deliberação que a prejudi-que); garantir o direito de exercer profissão’ sem necessitar da autorização marital ou ser surpreendida com a cassação arbitraria des-se direito. (Segue)

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1967 – A ONU na Assembleia Geral adotou a “Declaração sobre a Eliminação de Discrimi-nação contra as Mulheres”

Década de setenta

• Diversas vezes a ONU se pronunciou a

respeito da importância da “contribuição da

mulher para que se alcancem as metas e os

objetivos fundamentais das Nações Unidas, a

saber, a manutenção da paz e a melhoria

das condições de vida para todos”

• Em 1975 a Academia Brasileira de Letras

admitiu a primeira “imortal”, Rachel de Quei-

roz!

• As mulheres brasileiras, em 1975, criaram

um Movimento Feminino pela Anistia e partici-

param de campanhas que clamavam pelo re-

torno do pais à democracia Fundaram jornais

combativos e participaram do movimento Di-

retas já.

Esther Figueiredo Ferraz é a primeira mulher brasileira a ocupar um Ministério no governo federal

Década de oitenta

• Foi cheia de novidades. O Brasil volta a

ser democracia. As mulheres alargaram seu

espaço candidatando-se a cargos eletivos

municipais, estaduais e federais. Pressionam

o governo a criar o Conselho Nacional dos

Direitos da Mulher que em 1987 lançou a

campanha: “A Constituinte para valer tem que

ter a palavra da mulher”. E foi o que aconte-

ceu!

• Em São Paulo surgiu o movimento SOS

Mulher com o objetivo de combater a violên-

cia contra a mulher. Foram criadas as primei-

ras Delegacias Especializadas no Atendimen-

to de Mulheres Vitimas de Violência. Em di-

versos estados brasileiros.

Com a criação de Universidades muitas mu-lheres passaram a fazer parte do corpo do-cente. E tornam-se especialistas em diversas áreas.

Década de Noventa

• As mulheres cada vez mais ocupam car-

gos de relevância. O célebre “teto de vidro”

que impedia as mulheres galgarem postos

mais altos parece estar menos frequente. Há,

ainda, certa discrepância entre os salários

dos homens e das mulheres.

• Depois de 107 anos a Escola Politécnica

da USP tem uma mulher como professora

titular, Maria Cândida Reginato Facciotti

Nelida Piñon foi eleita presidente da Acade-mia Brasileira de Letras no ano que se come-morava o centenário dessa entidade.

Terceiro Milenio

Finalmente o Novo Código Civil (2003) pro-clama a igualdade total entre o homem e a mulher:

Art.1511 – O casamento estabelece

comunhão plena de vida, com base

na igualdade de direitos e deveres

dos cônjuges.

Art. 1565 - Pelo casamento, homem e

mulher assumem mutuamente a

condição de consortes, companhei-

ros e responsáveis pelos encargos

da família.

Art. 1567 – A direção da sociedade

conjugal será exercida , em cola-

borsção, pelo marido e pela mulher,

sempre no interesse do casal e dos

filhos.

Pela primeira vez uma mulher assume a pre-

sidência do Supremo Tribunal Federal, Ellen

Graice Northfleet (2006/2008) (Segue)

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• Lei Maria da Penha (11.340/2006) diz na

sua Introdução;

Cria mecanismos para coibir a vio-

lência doméstica e familiar contra a

mulher, nos termos do art. 226 da

Constituição Federal, da Conven-

ção sobre a Eliminação de Todas

as Formas de Discriminação contra

as Mulheres e da Convenção Inte-

ramericana para Prevenir, Punir e

Erradicar a Violência contra a Mu-

lher; dispõe sobre a criação dos Jui-

zados de Violência Doméstica e Fa-

miliar contra a Mulher; altera o Có-

digo de Processo Penal, o Código

Penal e a Lei de Execução Penal; e

dá outras providências.

Pela primeira vez o Brasil tem uma mulher na presidência.

Ao longo do século XX a mulher ganhou

espaço na luta por seus direitos. Não foram

dádivas e sim conquistas. Elas provaram que

podiam. Todavia, entre a teoria e a prática há

uma considerável distancia. Com hábitos tão

arraigados não se incorpora facilmente as

mudanças que a lei determina. Até entre os

juízes há os que questionam a lei Maria da

Penha. E a violência contra a mulher ainda

continua.. A luta, portanto, deve continuar

até que toda e qualquer discriminação deixe

de existir!

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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Separação de Sílabas

Por Felipe Cattapan

lá - pi - de

sem canto nem preposição

resta a proporção

geométrica

(no centro da mensagem)

sobrevivendo à separação

que lapida a linguagem

numa imagem em decomposição

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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LUPA CULTURAL

Por Rogério Araújo

(Rofa)

“Eu fui... Bienal do Rio de Janeiro

2015”

É uma grata satisfação para um escri-

tor e jornalista como eu poder visitar uma fei-

ra onde o “prato principal” é o livro. Ainda

mais quando pode ser observado a alegria

dos participantes num amplo lugar com inú-

meros livros.

A 17ª Bienal Internacional do Livro do

Rio de Janeiro que aconteceu de 3 a 13 de

setembro de 2015 despertou principalmente

o público mais jovem, contrariando diversas

previsões de que “a juventude é avessa à lei-

tura e só pensa na tecnologia”.

Pude visualizar diversos exemplos da

faixa etária jovial batendo selfies e mais selfi-

es com toda vontade para mostrar a todos

que “Fui à Bienal”. E essa atitude mostra se-

melhança aos mesmos jovens que também

tem prazer em comparecer a diversos even-

tos famosos como o Rock in Rio, que por

coincidência acontece no mesmo mês e na

mesma cidade.

Falando nesse evento, na época da

primeira edição, em 1985, todos faziam ques-

tão de “vestir a camisa” para dizer: “Rock in

Rio – Eu fui!”. No caso da Bienal, esse “vestir

a camisa” é uma foto com logos da Bienal,

com livros que comprou ou o maior troféu de

toso, com o autor preferido numa selfie.

É simplesmente incrível ver a juventu-

de que só vive no Face, no WhatsApp, e

sempre no “virtual”, lotar um evento que está

em sua 17ª edição e com grande sucesso de

público e de vendagem de livros físicos, e

não somente os e-boks livros em leitores que

também são comercializados na mesma Bie-

nal, via Amazon e outras editoras e empre-

sas.

(Segue)

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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Adolescentes indo ao delírio ao encon-

trar seus autores de livros que simplesmente

devoram na hora, mesmo com várias páginas.

É maravilhoso ver essa cena, que enaltece a

literatura e consequentemente algo ainda mai-

or: a leitura.

Quando a pessoa lê, viaja. Viaja para

longe, sem limites. Delira, emociona, ri, vibra...

são histórias e mais estórias, seja de ficção ou

baseadas em fatos reais. Ou até mesmo le-

vanta uma polêmica, discutindo-a para melhor

orientação.

A leitura faz qualquer pessoa crescer.

Basta que ela deixe sua mente se apropriar

das preciosas palavras ali existentes. E ver

isso justamente numa faixa de idade conside-

rada perdida, é muito mais gratificante.

Escolas visitam a Bienal aos “bandos”

que fazem aquela algazarra de costume. Coi-

sas da idade que alegram a quem vê, mesmo

que alguns o discriminem ou reprovem por

não terem muito respeito por um lugar público.

E engraçado que os adultos, muitas ve-

zes, levam até crianças o local desses e essas

parecem nem saber onde estão, muito menos

para qual motivo. E choram, gritam, esperne-

am... e alguns pais até carrinhos de bebê em-

purram no meio da multidão. Um pouco sem

noção certas atitudes, mas pelo menos apre-

sentam os pequenos à grande preciosidade é

a literatura.

O país homenageado em 2015 foi a Ar-

gentina, nosso vizinho. É sempre bom conhe-

cer outras culturas, mesmo dentro do Brasil,

para quem não tem condições de ir pessoal-

mente lá fora, na terra de los hermanos.

Muito hilário, para não dizer tragicômi-

co, ver filas para tudo num lugar desses: para

comprar livros, para lanchar e até para tirar

fotos em cenários interessantes. Quem vai

perder uma foto para marcar sua presença

num evento desse porte? Ninguém vai se atre-

ver, né? Ainda mais os facemaníacos e os

zapmaníacos...

Que venham bienais e mais bienais pa-

ra que a chama da leitura e o prazer de ler,

folhear páginas, pensar, cresçam cada vez

mais.

(Veja matéria sobre a Bienal nas próxi-

mas páginas)

Um forte abraço do Rofa!

* Escritor, jornalista, autor do lançamento infan l

“Rofinha e os amigos de oito patas” (Garcia, 2015), do

livro-duplo infan l “O super-herói do Natal/Presentão

do Natal” (Garcia Edizioni, 2014), de “Crônicas, poesias

e contos que u te conto...” (Literarte, 2014), lançado na

23ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, em 2014

e de “Mídia, bênção ou maldição?” (Quár ca Premium,

2011); colunista do “Jornal Sem Fronteiras”, da “Revista

Varal do Brasil” e do site “Divulga Escritor”; par cipa-

ções em diversas antologias no Brasil e exterior; vence-

dor de prêmios literários e culturais; membro de várias

academias literárias brasileiras e mundiais.

O que achou da coluna “Lupa Cultural” e deste texto?

Contato por e-mail: [email protected] ou pela

fanpage Escritor Rofa.

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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COBERTURA – BIENAL DO

LIVRO DO RIO DE JANEIRO

Bienal carioca com destaque na

participação do público jovem

Por Rogério Araújo (Rofa)

Considerado um dos maiores eventos literários do Brasil, quiçá o maior do país e até do mundo, e a Bienal Internacional do Li-vro do Rio 2015 terminou no domingo, 13 de setembro, no Riocentro, na cidade do Rio de Janeiro, batendo recorde de público e tam-bém de vendagem de livros em relação a últi-ma de 2013. A 17ª edição aconteceu entre os dias 03 a 13 de setembro.

O evento foi uma oportunidade do pú-blico conhecer novas obras e nomes, além de aproximar os autores do público. O local que sempre acontece o evento, o Riocentro, sedia grandes eventos internacionais e nacionais. A estrutura conta com espaços para o público infantil e uma ampla área com 7 mil vagas de estacionamento.

O público pode conferir bate-

papos, debates, muita literatura e lançamen-tos. Entre alguns dos autores internacionais que estiveram presentes estavam David Ni-cholls, Sophie Kinsella, Colleen Houck, Jo-seph Delaney, Anna Todd e Sophie Kinsella.

Na edição de 2015, o país home-nageado foi a Argentina. Uma oportunidade de poder conhecer um pouco da cultura de los Hermanos, para quem não pode ir pesso-almente no país vizinho.

Foram mais de 3 milhões de títulos vendidos e público e mais 680 mil visitan-tes. A arrecadação foi de R$ 83 milhões, su-perando em R$ 12 milhões a arrecadação da última Bienal do Livro, 2013. Segundo dados divulgados pelos organizadores, 8% a mais de livros vendidos. Na última exposição foram 3,5 milhões de livros e 660 mil visitantes.

Os organizadores do evento desta-caram que a participação do público jovem foi o destaque deste ano. Os adolescentes e jo-vens adultos, com idades entre 15 e 29 anos, foram a maioria participante da Bienal, repre-sentando uma parcela de 56% do público, contra 51% na edição de 2013.

A Bienal do Rio também homena-geou o autor Maurício de Sousa, criador da Turma da Mônica, que comemorou 80 anos

de idade no evento, tendo uma exposição es-pecial com 190 metros quadrados. Os visitan-tes acompanharam uma retrospectiva com a evolução dos desenhos de seus principais personagens.

Alguns temas e palestras da Bienal:

- CAFÉ LITERÁRIO

O Café Literário é uma das extensões já bem conhecida e implementada n Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Nele, os partici-pantes puderam debater abertamente e dis-cutir vários temas com os palestrantes. Litera-tura, política, conceitos, artes, música, quadri-nhos, educação, entre outros, são alguns dos destaques do Café Literário. Jornalistas, mú-sicos e escritores como Italo Moriconi, Will Gompertz, Zuenir Ventura.

(Segue)

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Outro palestrante do Café Literário foi o ex-Legião Urbana, Dado Villa Lobos. A pa-lestra teve o tema principal “Como expressar em palavras o sentimento que a música des-perta?”.

Juntamente com Mauro Gaspar, Charles Gavin e Arthur Dapieve, Dado Villa Lobos debateu essa e várias outras questões em que a música e as letras conversam entre si. O ex Legião marcou presença na Bienal do Rio 2015 no dia 13 de setembro.

O prefeito do Rio de Janeiro, Edu-ardo Paes, que abriu a Bienal com uma sole-nidade no dia 27 de agosto, também esteve no Café Literário 2015. O tema discutido foi “A Olimpíada Carioca: Planos para a cidade”. A palestra abordou os preparativos em anda-mento para os Jogos Olímpicos do Rio 2016.

- CUBOVOXES, CONEXÃO JOVEM E SARALL

Além do Café Literário, a Bienal do Li-vro contou com o Cubovoxes, Conexão Jo-vem e Sarall – setores designados a debates, palestras. Discussões de livros, poesias, qua-drinhos e vários outros, também foram carac-terísticas importantes destas vertentes, que teve o intuito de divertir ainda mais o público. Essas questões tiveram como base despertar o interesse dos jovens pela cultura e incenti-var – cada vez mais – a leitura.

Portanto, a 17ª Bienal do Rio de Janeiro foi uma grata surpresa para todos os públicos, principalmente o mais jovem que esteve respirando cultura nos dias do evento, com todo o interesse em ler e viver o mundo real, fantasioso ou mesmo romântico, de to-dos os gêneros literários, bem como usufruin-do de diversas novidades tecnológicas que surgiram para incentivar o hábito da leitura.

E, em 2016, será a vez da 24º Bienal de São Paulo, e a 17ª Bienal do Livro do Rio de Janeiro acontecerá em 2017. Aguarde!!!

(Mais fotos na próxima página)

* Repórter da “Revista Varal do Brasil” na cobertura da 17ª Bienal do Livro do Rio de Janeiro; escritor, jornalis-ta, autor dos livros infantis “Rofinha e os amigos de oito patas” e “O super-herói do Natal/Presentão de Natal” e dos livros “Crônicas, poesias e contos que eu te conto...” e “Mídia, bênção ou maldição?”, e diversas antologias nacionais e internacionais; colunista na Re-vista Varal do Brasil, da coluna “Lupa Cultural”, do Jor-nal Sem Fronteiras e do site Dilvulga Escritor. Site: www.rofa.com.br; Fanpage: Escritor Rofa; E-mail: [email protected]

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Rolinhos primavera de banana

Modo de Preparo

Corte a massa de pastel em quadrados de 10 cm X 10 cm. Com um garfo, amasse bem as bananas, misture o açúcar e a canela. Sobre cada quadrado, coloque uma porção de recheio, dobre as laterais umedecidas com água e enrole. Frite no óleo não muito quente até dourar. Polvilhe a mistura de açúcar e canela e sirva em seguida.

Ingredientes

• 250g de massa para pastel • . 8 bananas nanicas maduras

• . 2 colheres (sopa) de açúcar • . 1 colher (sobremesa) de canela em pó

• . Óleo para fritas

• Mistura de açúcar com canela para polvilhar

Fonte: http://www.receitassupreme.net/

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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RELAXANDO NA POESIA

Por Heloisa Crespo

Acomode-se em silêncio

de maneira confortável.

Feche os olhos e só pense

em algo admirável.

Fique tranquilo, sereno,

de um jeito bem agradável.

Assim de olhos fechados,

atento ao seu respirar:

O ar que entra, que sai,

continue a observar.

Relaxe todo o seu corpo.

Você deve relaxar.

Fique tranquilo e observe

a sua respiração.

Respire profundamente

e relaxe bem, então.

Respire mais uma vez

sem qualquer preocupação.

Apenas vá escutando

o som do nosso ambiente.

Perceba que há barulho

de coisas bem diferentes,

mas preste atenção na voz

que comanda a sua mente.

Respire profundamente.

Respire agora outra vez

e, ao expirar, relaxe.

Respire a terceira vez

e, ao exalar, relaxe

mais ainda do que fez.

Comece o relaxamento

pela raiz do cabelo.

Relaxe a testa, os olhos,

mesmo estando sem vê-los.

Agora os dentes e a língua.

Relaxe, faço um apelo.

Não tente pensar em nada,

apenas escute o som.

Agora solte o seu queixo,

usufrua do que é bom.

Solte a nuca nesse instante.

Tudo isso é de bom tom.

Sinta os músculos da nuca

bem soltos e relaxados.

Vá direto ao pescoço

que deve estar desarmado,

totalmente sem tensão.

Ele está sendo cuidado.

Deixe os ombros bem soltinhos.

Relaxe os braços, as mãos,

os dedos das mãos, as costas.

Deixe o peito sem pressão.

Libere o quadril e a coxa

não esquecendo a canção!

Relaxe bem os joelhos,

as pernas e os seus pés.

Continue ouvindo a música.

Relaxe os dedos dos pés.

Relaxe toda a coluna,

com todos os seus anéis.

(Segue)

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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Observe todo o corpo

e veja se ainda tem

algum lugarzinho tenso.

Solte-o logo, deixe-o zen.

Escute somente a música

e o instrumento também.

Será que ainda existe

algum ponto de tensão?

Observe todo o corpo,

não deixe prendendo não,

apenas comigo agora,

use a imaginação.

Mantenha os olhos fechados

e descubra um lugar

onde só exista paz,

uma energia sem par.

Local que você frequenta

ou que nunca mais foi lá.

Pense bem um pouco mais

no seu lugar de energia.

Pode ser na sua casa,

no clube ou academia,

na montanha ou na praia,

na praça ou na galeria.

Se esse lugar for longe,

difícil de lá voltar,

vá lá, sempre, mentalmente.

Se der pra ir, sempre vá,

todo ano ou mensalmente.

Não deixe de ir pra lá.

Localizou o lugar?

Mantendo os olhos fechados,

transporte-se para lá,

desfrutando sossegado,

vivendo o seu momento,

ficando energizado.

Relaxe. Relaxe bem.

Observe este lugar:

os sons, odores e cores.

Veja tudo o que tem lá

com calma, sem pressa alguma.

Você tem que observar.

Demore observando

tudo, cuidadosamente,

e desfrute do lugar,

vivendo intensamente.

É o seu ponto de energia.

Não deve ficar ausente.

Veja nele o porquê

de tanto bem lhe fazer.

Quando você vai pra lá,

Sente um enorme prazer.

Sai leve, energizado,

com força para viver.

Lutar para ser feliz,

ter paz, criatividade.

Ter saúde, alegria,

coragem, prosperidade,

sucesso, sabedoria.

Ter poder, serenidade.

Agora vamos voltando

lentamente, devagar,

abrindo os olhos aos pouquinhos,

pra realidade voltar,

desfrutando neste instante

de um grande bem-estar!

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CULTíssimo

Por @n[ Ros_nrot

O que um atleta mundialmente famoso, partidário do nazismo, egoísta e mesquinho e um menino oriental magro, ingênuo, líder reli-gioso, considerado uma divindade da paz e da compaixão, tem em comum? Um encontro que mudará seus destinos para sempre.

Esse encontro aconteceu entre paisa-gens alucinantes, uma guerra mundial e tam-bém pessoal,; unindo dois mundos completa-mente diferentes e duas pessoas que tinham muito a aprender e a ensinar. Quando uma história real e inspiradora como essa aconte-ce, ela precisa ser contada e esses sete anos de sofrimentos, descobertas, provações, mor-te e renascimento são contadas de forma be-líssima no filme “Sete Anos no Tibet" adapta-do do livro autobiográfico homônimo de Heinrich Harrer que narra suas aventuras co-mo explorador e alpinista e o tempo em que passou na companhia do líder budista Dalai Lama, na época somente um menino, tornan-do-se seu confidente.

O filme, dirigido por Jean-Jaques Annaud (diretor de clássicos como “O Nome da Ro-sa”) não fica preso na trajetória de Heinrich, fala sobre as várias formas de amor, da per-da, da capacidade do ser humano de ser cru-el, mas também de ser capaz de evoluir, en-contrar-se, aprender a valorizar a vida (de qualquer ser) como o bem mais precioso e a apreciar as pequenas coisas, eliminar de nos-sas almas o orgulho, a vaidade, a intolerân-cia, o medo e o egoismo. Trata também da importante questão Tibetana, da invasão “libertadora” da China, que expulsou, matou e oprimiu um povo pacífico, destruiu seus tem-plos, suas casas, exilando toda uma nação, que até hoje resiste num governo de exílio na Índia.

Com uma fotografia maravilhosa (o dire-

tor Jean-Jacques Annaud nos brinda com 20 minutos de cenas reais do Tibet gravadas com câmera escondida) e diálogos profundos “Sete Anos no Tibet” é um filme inesquecível, trazendo Brad Pitt (que está proibido de en-trar na China desde 1997 por causa do filme) em uma de suas melhores atuações no papel de Heinrich e David Thewlis como Peter Aufschnaiter outro alpinista, que se tornam os únicos estrangeiros na sagrada cidade de Lhasa e tem suas vidas mudadas radicalmen-te.

Um filme maravilhoso, realista, impres-sionante, uma verdadeira aula de humanis-mo; aproveite e faça também essa viagem de autoconhecimento. Obrigada e na próxima tem mais!

(Segue)

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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Sete Anos no Tibet (Seven Years in Tibet, Reino Unido, E.U.A, 1988) Heinrich Harrer (Brad Pitt), o mais famoso alpinista austríaco, tentou algo quase impossível: escalar o Nanga Parbat, o 9º pico mais alto do mundo. Egocêntrico e, visando somente a glória pessoal, Heinrich viajou para o outro lado do mundo deixando sua mulher grávi-da e um casamento em crise. Ele não conse-guiu o feito, mas quando a Inglaterra declarou guerra à Alemanha ele foi considerado inimigo, por estar em domínio inglês. Feito prisioneiro de guerra, ele fugiu após várias tentativas junto com Peter Aufschnaiter (David Thewlis), outro alpinista, se tornando os únicos estrangeiros na sagrada cidade de Lhasa, Tibet. Lá a vida de Heinrich mudaria radicalmente, pois no tempo em que passou no Tibet se tornou um pessoa generosa além de se tornar confidente do Dalai Lama.

Para contato e/ou sugestões:

[email protected]

https://www.facebook.com/cultissimoanarosenrot

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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ESPIRITUAL

Por Hugo Federico Alazraqui

há algo de mágico

e de enigmático

naqueles teus jeitos

e nos pensamentos

também de mistério

quando és só silencio

em teus sentimentos

desejos secretos,

todos teus inventos

amores e gostos

nesse seu apaixonar e depois desnudar

mais é tão serena

essa tua atração que nem é terrena

e tens uma afeição

como a da alma em pena

pelo corpo que é órfão

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DÚVIDAS

Por Jaime Correia

Sim!

Aceito Jesus, meu guia, meu salvador.

Encontrei a luz, a verdade e a vida.

Parei de beber, jogar, dançar, adulterar,

Ludibriar, prostituir, prostituir-me...

Estou salvo!

Também estou ficando calvo,

Vou para o céu, lamentando

Por aqueles que não se salvaram...

É nisto que devo acreditar

E fazer que outros acreditem nisto.

Basta levantar a mão e dizer:

“Sim, eu aceito Jesus Cristo!”

E se salvará.

Esta filosofia, amigo, é muito linda!

Mas pastor, irmão, irmã...

Como estará salvo amanhã

Quem hoje encontrou Cristo

E não se encontrou ainda?

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Determinação

Por Clara Machado

Hoje vou falar sobre os 6 anos do aniversario do Varal do Brasil e sobre a de-terminação de uma brasileira nascida em Santa Catarina que quando criança tinha um pai determinado que trabalhava com um mini gráfica caseira no fun-do de sua casa para ajudar centenas de brasileiros ficarem informados sobre a situação Politica do nosso Pais na época.

E hoje essa mulher guerreira determinada que supera todas as dores físicas e emocionais vivendo em um Pais distante tem na sua alma a determinação de seus antepassados e honra a vida de centenas de Brasileiros com o seu tra-balho de amor, coragem e determinação trazendo para a Suiça pessoas que sonham estar aqui e pessoas que talvez nunca imaginasse que pudesse estar aqui com suas obras literárias e como todos os nossos livros são nossos filhos que vão ao mundo para fazer sua caminhada solitária de casa em casa de es-tantes em estantes e de livrarias em livrarias podemos dizer que graças a De-terminação de Jacqueline podemos nós escritores estarmos juntos com ela celebrando o numero 6 que na numerologia representa a" parceria "e o" Todos Somos Um."

E quanto mais aumentar nossa consciência que todos somos um e que pode-mos transformar nosso mundo para melhor com essa verdade eu parabenizo os 6 anos do Varal do Brasil e digo a Você Jacqueline mulher determinada, guerreira, parceira e amorosa que junta os Escritores Brasileiros nesse Pais tão lindo envolto pelos Alpes Suíços.

Parabéns Varal do Brasil, Parabéns Jacqueline Aisenman. Te amo.

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Teu nome, meu livro

Por Filipe Luiz Proiete de Souza

título

subtítulo

inspiração de prefácios

Meus índices, sequelas

de tuas bibliografias;

as aspas, justificam;

frases imperfeitas

Seja bem vinda!

Não encontrarás

plágios nem citações...

nossos versos;

sem definições

Drummond,

Pessoa;

Amado;

rasguei;

digeri

(mal)

Sem provas

nada mais

nas curvas refratadas

dos teus originais.

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Sopro da Primavera

Por Jania Souza

Outra vez é primavera. Não vejo. O desengano fez-me fechar a porta

do jardim que habita em mim. Mas teimosas magnólias, acácias, camélias

escalam as muralhas da minha agonizante nau

só para me lembrar o sol a sorrir-me, feliz. Ao tentar ignorá-lo, percebo...

por entre véus de colibris, minha alma irrequieta

bolindo voluptuosa em meu centro esférico. Sou casa dos fantasmas viventes de outras eras.

Meu fogo suplanta inquestionável todos meus entes perdidos.

Implacável, o relógio, na marcação

do seu monótono e incansável passo

não desculpa qualquer atraso. As pétalas nas asas do orvalho

farejam o cheiro sutil do orgasmo

que se apodera de todos os recantos da terra. Sinto a meiguice traiçoeira furtar inadvertidamente

a rosa vermelha ardente do meu sedutor peito

a espraiar-se desnuda, voraz, no silvo arquejante da areia

envolvendo-me num cio embriagador de mil suspiros. Sou Carmem, sou sereia, sou libélula esfomeada de amor

em gozo na vela do destino - carrasco indomável insaciável, dos meus pecaminosos desejos adormecidos

que, inexplicavelmente, perpetuam a vida. Ah! Realmente, outra vez é primavera

e o seu morno sopro varre as terras altas e os baixios do hemisfério

e num gorjeio-sacro-santo amantes ciciam poesias

entre as urbanas flores campesinas.

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Herói esquecido

Por Júlia Cruz

Seu Barão favor venha Cá,

Tenho algo pra comentar,

Faz seis meses que to na lida

Minha mão criou ferida.

De Tanta seringa sangra.

Diz-me o que fazer

Se tenho que aprender é pras seringa ficar.

Hoje vivo nessa lama por causa de uma morena que no teatro Foi

cantar.

Não estou em evidencia veja só a consciência um dia para

lembrar.

Seringueiro é cidadão Plantou e construiu Sempre com os pés no

chão.

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Sou

Por Kaique Barros Moraes

Sou quem sou

Ou deveria ser para você que finge

Não me ver morrer

Nesses pedaços velhos de

Palha com as quais tento contemplar uma morada

Sem goteiras

E com energia,

Que finge estar ligando para a minha situação

Pela qual sozinha no mundo tento lutar

Para conquistar,

Ao menos

[...]

Um pão para saciar a fome

Sem que eu necessite,

Por obrigação revirar às latas de lixo,

Pedir às pessoas que só pelo fato de ser morador de rua,

Incriminam-me a suspeita que tenham

[...]

Vivo sem vida

Rastejando-me em suas areias movediças.

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Dia Feio

Por Mauricio Lima

Dia feio, ar decrépito, céu nublado

Cheiro estranho carrega este ar mutante

A dissonância no mundo hoje é berrante

neste dia feio, podre, sujo, estagnado

O vento frio sopra como um cutelo,

corta-me um sorriso vermelho no rosto

Pois neste dia feio não há desgosto

que estrague esta merda de dia tão belo

Sentado à calçada um fedido mendigo

“Tem um trocado tio?” “Não”, eu digo

Indignado, começa a me xingar

Que dia! Exatamente como eu quero!

Ele vai embora, puto, eu sento e espero

a guria linda que vem me visitar

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Saudades do mar

Por Jacqueline Aisenman

Alcanço o mar, tão longe o mar alcanço com meu coração

que os braços não poderiam alcançar...

Saudades das vagas altas

das ondas batendo na areia

de todas eu sinto tanta falta...

Sou nascida e criada na beira do mar.

Minha alma é de água e sal.

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[rar’efeito]

Por Andréa Mascarenhas

ar

anjos rodeiam minha noite sufocada

angústias se escondem em minha sombra

não há palco suficiente para encenar tantas dores

escorrego sobre notas de vilania

encontro espelhos que retorcem qualquer realidade

minhas mãos congelam sem sentimentos

amanhã não chega pra esse hoje

no encalço do vazio vislumbro tempestades

um sonho de cobras que se autoreproduzem me desperta em suspenso

ramificar

pelo caos vejo-me de longe

devagar quando tudo corre

penso no lamento e caminho, simplesmente

(des)acelerar e pela contramão, porque essa

redundância não me é demais

fim de tarde me oferece luz em flor

com esse brilho atinando meus sentidos visto

flores para o pensamento

quero me espalhar, sobretudo por tuas

idiossincrasias

posso acompanhar o fluxo de tua memória

exteriorizada

faltam apenas mais uns dias para mergulhar em

teus mistérios editados

braseiro

lua chorosa de abril

meninas olham pelas janelas a madrugada

lençóis feito neve abandonados

estalos de viv'alma espantada

martírios postos ao leito de um rio quase seco

ecos de nós soltos no estradeiro

trago a chave velha da memória

e uma garça solitária me enternece de passagem

ao lado da estrada chafurdam a lama outros de

nós

percorro a via de revés

elaboro meu pensamento mais contagiante

existo no vácuo desse nosso encontro

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AS CORES DA VIDA

Por Marilu RF Queiroz

A vida nos dá cores... Sabores, sensações interiores!

O sol, de luz, Banha a natureza...

O céu, de azul, a emoção.

Ar, água, luz, cor são sintomas... Aromas que percorrem,

Escorrem pelo ar, Pela água, que atrevida corre,

E desliza sobre o branco papel.

Que seria da água, Sem a existência da luz...

De doce transparência

Ilude, realça, eterniza

O atraente brilho da cor.

Nessa suavidade diáfana... É a luz, sutil elemento,

Que contrasta, se arrasta

Como sombra escassa... Por entre as demais.

Luz, brilho, água; Sinônimos puros da cor!

Aq

ua

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de

Ma

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F.

Qu

eir

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Mousse de banana com limão

Preparo

• Em uma tigela amasse bem as bananas, misture o suco de limão e o açúcar. Leve ao fogo, mexendo sempre, até formar uma pasta homogênea, aproximada-mente 15 minutos. Desligue o fogo, crescente o rum e misture o creme de leite. Deixe esfriar. Misture a gelatina, hidratada e dissolvida de acordo com as instru-ções da embalagem. Bata as claras em neve e incorpore a mousse. Coloque em uma fôrma de 20cm de diâmetro untada com óleo e polvilhada açúcar. Leve a geladeira até firmar. Desenforme na hora de servir.

• Dica

Decore a mousse com rodelas de banana caramelizadas.

Ingredientes

• 6 bananas nanicas maduras

• .suco de 2 limões

• .1/3 de xícara (chá) de açúcar • .2 colheres (sopa) de rum

• .1 lata de creme de leite sem soro

• .1 colher (sopa) de gelatina em pó incolor .3 claras

Fonte: http://www.receitassupreme.net/

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A CONEXÃO...

Por Raphael Reys

É três da madrugada, a hora mais escura de

uma noite suarenta de agosto. Penduco o

equilíbrio com o pescoço, balançando o corpo

cansado da viagem a buscar um mergulho

nos braços de Morfeu, o deus do sono.

Estou deitado em uma poltrona aquecida na

sala do apartamento de minha tia Marieta

Reis, em Belo Horizonte, na Rua Tomé de

Souza, onde estou hospedado. Fundos do

magnífico prédio estilo rococó austríaco do

Palácio da Liberdade.

A minha insônia é fruto da tensão pré-

operatória agravada pelo calor que faz no am-

biente, pois a sala e o móvel onde tento dor-

mir, exalando, agora devolvem o calor do sol

acumulado que entrou pelo janelão aberto o

dia inteiro.

Para citar Saramago: Fica-se a assar sob a

inclemente chapa do astro rei...

Na manhã seguinte, farei uma ablação do nó

átrio ventricular no Incor Minas.

Minha consciência trafega em ziguezague,

entre a vigília e fases entrecortadas da ma-

dorna e sonho. Logo pesco uma piaba maior

no grande rio do sono. Vejo, já no estado oní-

rico, uma cena de rara beleza:

Um jardim suspenso onde um hierofante apa-

rece para me receber...

No interregno que ocorre entre as fases de

vigília, modorra e o chamado estado interme-

diário de consciência, oriundos da memória

consciente e inconsciente.

Arquivos, flashes de estudos doutrinários, filo-

sóficos, iniciáticos e imagens arquetípicas vin-

das do inconsciente coletivo.

Possivelmente elas se me apresentam como

revelações místicas provenientes de uma fa-

se onírica ou provável projeção astral. Tomo

nota de tudo aproveitando o lusco-fusco dos

estados que se alternam.

As informações fluem na tela da mente, pro-

vavelmente oriundas de um curto-circuito da

memória. Um misto de experiência extracor-

pórea, déjá-vu, mesmo derivados de uma dis-

função cerebral. Ou o cérebro buscando na

memória conteúdos já observados.

...O hierofante informa que é um Monitor de

Mistérios e que aquele é o Jardim das Rosas

das Almas. (Segue)

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Veio de mundos súperos para instruir-me so-

bre conexão que liga a Realidade Divina à

Atualidade produzida pelas almas dos seres

encarnados nesse mundo de manifestações.

Comigo irá comentar segredos que são trata-

dos nos Oráculos das Estâncias de Diziam,

lugar onde foi escrito o tratado antológico da

Mecânica da Criação. Descreverá, também, o

Nicho de Nodin, instância profunda, localiza-

da entre o Manifesto e o Imanifesto.

Uma oficina de manipulações, onde Deus-

Pai, o Grande Artesão, cria as Centelhas, ou

os chamados Espíritos.

Os lança em uma Sansara, gerando a grande

roda de manifestações da vida consciente,

que dura, segundo relato do Monitor, por um

período equivalente a várias centenas de bi-

lhões de anos, na nossa contagem terrestre.

Antes de iniciar o relato e seus segredos, o

cultor lê em um pequeno livro que traz à mão

o capítulo 2 do versículo 14 da Carta de Pau-

lo aos Coríntios:

Ora, o homem comum não compreende as

coisas do espírito de Deus, que lhe parecem

loucuras, visto não poder entendê-las, pois

elas se divergem espiritualmente.

Logo, instruiu-me a fechar os olhos do sonhar

e pensar em Pentecostes. –

Ouça agora o que lhe revelarei, neste mergu-

lho ontológico! Com o advento de Pentecos-

tes, Deus passou a buscar o homem, estabe-

lecendo assim uma ponte, religando o infinito

ao finito.

_Todos os espíritos provêm do Pai, e ele é o

Uno - As religiões buscam o aniquilamento do

homem pelo medo, pela passividade e pelo

pensamento seletivo - Jesus, o filho dileto do

Pai, nos ensinou a obediência espiritual; e a

maestria, que só se conseguirá pelo uso do

seu código doutrinário - Ao agir, lembre-se de

que o amor é sábio e a equidade é um atribu-

to divino.

Amanhecia no horizonte do grande vale e vis-

lumbrava-se um esplendor de luzes.

_ Como este amanhecer, outras mortes suce-

derão na sua jornada, serão dispostas para a

evolução. Prosseguiu: _ Como este fulgor

que o extasia, Deus não se oculta jamais aos

seus filhos; contenha-se em obedecer e con-

temple - Lembre-se de que tudo o que se ma-

nifesta por formas é uma ilusão, e a solidez é

uma charada - Cada alma vive segundo o

momento e as circunstâncias - (Segue)

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A perfeição é insustentável e, por sua com-

preensão e benevolência, a divindade tam-

bém participa da imperfeição.

_ Os erros são resultantes do pesado fardo

que suportamos; não confunda os seus dese-

jos com a realidade divina - Os homens foram

criados para que possam voltar à fonte donde

foram emanados; são centelhas que se desli-

garam do Todo e mergulharam em missão,

numa jornada de ir e vir - Um dia e uma noite

de Deus, num tempo equivalente a 320 bi-

lhões de anos na contagem do seu plano.

_ Ao avaliar-se, faça-o em silêncio, lembre-se

de que Deus é benevolente e inútil é tentar

compreender a obra do Criador - Escute ago-

ra o grande segredo.

_ As criaturas humanas serão chamadas a

povoar os céus para criar no Imanifesto, esta

é a vontade do Pai.

Continuou o relato: A morada do Criador é

uma realidade física, composta do Absoluto.

Deus foi revelado ao homem na sua Infinitu-

de.

_ Ele mora em sua Busca. O homem, ao usar

a dúvida, põe fim ao poder de escolha - A ca-

minhada da busca de Deus é uma aventura e

um mistério - Não há medo na apreciação do

divino e, sim, uma sincera adoração - A ado-

ração é o maior exercício de elevação do es-

pírito. Ao orar, peça a Deus apenas respos-

tas.

_ O Pai criou a individualidade, e a imortalida-

de é patrimônio do homem; você só a sentirá

ao iniciar a busca ao Criador - A casualidade

é um princípio do Altíssimo - E a paixão é um

desvio do calor divino, da chama.

_ É um atributo divino a vontade que o ho-

mem usa para escolher - E o maior segredo

do Pai é o de educar os seres por ele criados,

para que possam alcançá-lo formando um só

corpo - A sabedoria advém da busca das pro-

vas suportadas e a finalidade do ser criado é

voltar à luz.

_ Agora lhe falarei sobre a alma - Ela é um

instrumento artificial e vibratório - Para que

você possa compreendê-la pela consciência

objetiva, saiba que ela é composta de três

partes: razão, cólera e desejo - Os caracteres

que a permeiam são: O filosófico, o ambicioso

e o interesseiro, sendo, assim, mais felizes os

homens que se deixam governar pela razão.

_ A alma é mais real do que o corpo físico e

as suas partes só são felizes e harmoniosas,

quando tocadas pela razão - Entenda que, no

jogo, a parte divina é sempre escrava da par-

te brutal, animal. (Segue)

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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_ Para que a alma viesse a este mundo em

missão, apagou-se da sua memória a lem-

brança da herança transcendental, adquirida

em sua jornada, vida após vida, em espírito -

O registro, entretanto, permanece gravado no

recôndito da mente.

_ A parte animal, feroz, sempre é excitada

pela alimentação e pela bebida, sobrepondo,

às vezes, a razão, que fica entorpecida pela

divagação e pelo sono - É durante o sono que

a alma se liberta da peia da razão e sai do

corpo pelo sonho ou pela projeção astral,

exercendo assim a sua tirania.

_ Tendo a alma três caracteres, três também

são os prazeres que lhe são análogos e o

mais suave de todos é o que experimenta o

conhecimento - A dor é contrária ao prazer e

o estado intermediário é aquele no qual avali-

amos a saúde, após termos estado doentes.

_ Todo prazer está mesclado de dor, ele é um

fantasma que tem calor, mas não tem brilho,

sendo que os seus aspectos induzem a alma

à paixão - Procure racionalizar a parte animal,

para que o lado brutal se expresse de forma

suave, podendo a alma, assim, fazer distin-

ção entre a ação honesta e a torpe.

PARTICIPE!

Participe da edição de janeiro!

Envie seu texto até 25 de novembro com tema livre para o e-mail

[email protected]

_____________

Participe de nossa edição de março com o tema MULHER!

Envie seu texto até 25 de janeiro para o e-mail

[email protected] com seu texto falando sobre Natal e/ou Ano Novo!

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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Deus é a sua bandeira?

Por Rogério Araújo (Rofa)

“Salve lindo pendão da esperança...” – Quem nunca cantou o Hino à Bandeira Nacional ao comemorar no dia 19 de novembro o Dia da Bandei-ra? Ter um ideal, um lema de vida é necessário a todos. A maioria das pessoas tem um time, partido, religião e faz disso sua “bandeira”. Isso é correto, mas que não se extrapole suas funções e tenha seus excessos. E para com Deus como fica essa história? Falar “Se Deus quiser...” pu-ra e simplesmente sem deixá-lo agir não adianta, bem como falar “Deus te abençoe!” sem crer em suas bênçãos.

“E Moisés edificou um altar, ao qual chamou: O SENHOR É MINHA BANDEIRA”, diz a Bíblia em Êxodo 17:15, ao sair o povo de Deus do Egito.

Será que estamos colocando o Senhor como a “bandeira de nossa vi-da”? Ou o ignorando a cada dia, nem ligando para ele e seu poder de agir em nosso viver?

A melhor solução é ter FÉ em quem do céu pode resolver as situações que nos afligem, colocando-o em lugar em destaque em nossa vida, deixan-do “flamulando” e abençoando nosso dia a dia!

Deixe o Senhor ser a “bandeira de sua vida” e creia nele sempre!

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O que a Internet tem feito com nossa mente???

Por Renata Carone Sborgia

Já “curtiu” um post hoje??? Já compartilhou uma foto com os amigos naquela Rede Social??? Já verificou o bate-papo no seu Smartphone???

Os verbos curtir, compartilhar, publicar são mais próximos de nós do que o nosso vizi-nho!!! Incontestável o rápido processo de evolução dos meios de comunicação, mudan-do os hábitos da sociedade e junto com ela modificaram-se os comportamentos huma-nos, e acima de tudo, nossa forma de reter e compartilhar informações e conhecimento.

Sabemos diferenciar informação e conhecimento???

Conhecimento requer reflexão, questionamento, esforço mental, atividade intelectual, apregoam vários autores. Por outro lado, as informações são mera exposição, são su-perficiais, conteúdos triviais, conforme ditam outros autores.

Existem várias teses em linhas paralelas, criticando os efeitos da tecnologia no nosso cérebro como o fato de perdemos a capacidade de sermos pensadores atentos. A Inter-net fornece à possibilidade de realização de várias atividades de forma simultânea, po-rém sem o questionamento das mesmas estarem sendo eficientes ou,por outro ponto, permitindo novas descobertas e desenvolvendo novas formas de pensar.

Anos atrás, saber endereços, telefones e datas de aniversário na tal decoreba era uma necessidade e não uma opção ,ou melhor, temos o Facebook para nos informar os ani-versários, as agendas eletrônicas nos celulares para nos lembrar, o GPS para nos dire-cionar aquela rua, chegando a conclusão que temos praticidade e nossa mente delega á aquisição desses dados à tecnologia, porém estamos, por outro lado, ampliando a ca-pacidade de conhecimento e criatividade??? Podemos chamar de cultura digital???

Temos contrastantes pontos de vistas de estudiosos para definições de inteligência, in-formação, conhecimento, capacidade do cérebro. Por fim, precisamos ,em primeira ins-tância, nos questionar como estamos retendo informações, absorvendo conhecimento, utilizando e reagindo a tantos estímulos tecnológicos.

Assim, o que a tecnologia tem feito com nossa mente não é um assunto para um “clique”.

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UM MOMENTO COM O FOTÓGRAFO RONNIE LEITE

Varal do Brasil: Como você se envolveu com a fotografia?

Ronnie Leite: Por indicação médica, como terapia

. Varal do Brasil: Você está totalmen-te inserido no universo social. Qual a origem disso? Ronnie Leite: pela ausência do es-tado e dos administradores locais, são todos sem exceção demasiada-mente preocupados com o interes-ses próprios, deixando uma grande lacuna em todas as áreas,, princi-palmente na saúde e assistência social, simplesmente não existem...

Varal do Brasil: Onde acontece a maioria das fotos?

Ronnie Leite: acontecem principal-mente em Vila Bela Vista, município de Dom Eliseu PA, um distrito de 20.000 habitantes em total abando-no, infelizmente...

Varal do Brasil: Existe uma invisibili-dade muito grande dos trabalhos nas carvoarias. O que te levou a enxergar e retratar essas pessoas?

Ronnie Leite: Era a única forma dos moradores da comunidade sobrevi-verem, se submetendo há tais "trabalhos" e isso aqui esta situação não era tão invisível quanto ao res-to do mundo...

(Segue)

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Varal do Brasil: O que sempre choca você de 2003 até hoje dentro do trabalho social que você desenvolve?

Ronnie Leite: A falta de sensibilidade de quem pode ajudar, não temos ambulâncias, médicos são esporádicos, não temos apoio financeiro, e por fim se torna uma via crucis conseguir diagnosticar e encaminhar alguém para um tratamento adequado...

Varal do Brasil: O que mais te motiva a fotografar?

Ronnie Leite: Paixão... Paixão pelo que é re-al, paixão pelo que é belo e esperança de levar estas situações para alguém que real-mente se importe...

Varal do Brasil: Qual foto, clicada por você, tem um significado marcante? Por quê?

Ronnie Leite: Bem... São algumas fotografi-as, algumas de pessoas, especialmente ido-sos que encontro praticamente morrendo a míngua... Solitários que que passo a cuidar até a recuperação completa ou morte...

Varal do Brasil: Como você faz para se dis-tanciar, ao mesmo tempo que, retratar com sensibilidade uma realidade dura?

Ronnie Leite: simplesmente não consigo... Não consigo separar nem resguardar meu psicológico, não tem como me distanciar desta situação que assola meu arredor

Varal do Brasil: Para finalizar, Ronnie, que tipo de apoio por parte das autoridades po-deria suavizar a vida dessas pessoas que você retrata/acompanha através do projeto social?

Ronnie Leite: Sonho com o dia que simples-mente as autoridades simplesmente cum-pram com o seu papel, (o que está muito dis-tante) em adquirir uma ambulância, para não ter de fazer uma guerra na hora que se pre-cisa de uma na comunidade, é essencial...

Varal do Brasil: Para conhecer melhor o trabalho, acessar:

Facebook h ps://www.facebook.com/profile.php?

id=100006222604496&fref=ts

Instagram h ps://instagram.com/ronnie_leite/

(Veja mais fotos nas próximas páginas)

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Segue

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Ronnie Leite

Fotógrafo

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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Búzios: Os desaparecidos

Por Rob Lima

Em dezembro de 2014, resolvi tirar mi-

nhas férias em Búzios, reservei uma pousada

pra 15 dias, deixei minhas malas arrumadas,

coloquei poucas peças de roupa, só o sufici-

ente pra sobreviver na cidade praiana, e mi-

nha agenda de bolso pra anotar algo que pre-

cisasse...

Cheguei ao Hotel Marine no dia 03 de de-

zembro.

_Sr. Adriam, aqui estão suas chaves, seu

quarto é o 33, segundo andar. Falou o recep-

cionista.

Estranho, quando eu estava chegando, es-

barrei com um cara meio desastrado, logo no

saguão, ele se desculpou e se apresentou co-

mo Rodrigo. Vestia camisa colorida de botão

e short surfista estampado, que combinação!

Até que o quarto que fiquei era melhor

pessoalmente, porque nas fotos do site não

parecia tão bom assim, uau! que visão, da sa-

cada podia ver toda praia.

Lá pras 19h resolvi dar uma volta, conhe-

cer um pouco a cidade, e não é que nova-

mente topei com o tal cara, o Rodrigo. Levan-

tei a mão acenando, mas acho que ele não

viu, doidão o cara, passou batido. Já são

22h, eu resolvi me deitar, nisso que estava

me arrumando, ouso um burburinho lá embai-

xo, desci pra ver o que estava acontecendo.

O recepcionista disse que um jovem conheci-

do como Jonatas, havia desaparecido, ele era

filho de uma funcionária da copa, estavam to-

dos desorientados e preocupados com ela.

Bom, eu lamentei o fato, mas não conhecia a

pessoa, resolvi voltar para meu quarto.

No café da manhã, peguei um copo de

suco, coloquei torradas com requeijão e um

iogurte com granola, era o suficiente. Fui fa-

zer uma aula de treino na academia próxima,

estava distante da minha, resolvi pagar umas

diárias pra não perder o ritmo. Cheguei à aca-

demia, e quem encontro lá? Ele, o Rodrigo,

todo desajeitado, parecia um peixe fora d’á-

gua. Apesar disso, ele já estava num maior

papo com uma menina, pelo menos se entur-

mou. Depois da malhação, fui pro hotel, tomei

uma chuveirada e fui pra praia.

Levei um guarda sol, e fiquei lá olhando

aquilo que é bom rs, muita novidade. Você

pode até não dar um mergulho, mas a visão

já vale à pena. Quando volto pro hotel, vou

direto pro restaurante, é tanta comida diferen-

te, que não sei nem o que comer. Sentei nu-

ma mesa afastada, pois não queria ser inco-

modado, e percebi um falatório na mesa ao

lado, ouvi que uma menina havia desapareci-

do logo após ter saído da academia Corpus.

Pensei, é a academia que malhei. Noutro dia

resolvi indagar o professor da Corpus o que

tinha acontecido.

_Fala Adriam, tudo bem? _Tudo bem,

fala aí! Me diz uma coisa, que menina é essa

que desapareceu aqui na academia?

(Segue)

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

www.varaldobrasil.com 57

_Cara, é a Juliana, ontem ela saiu com rapaz

meio desajeitado, os dois compraram um

açaí e depois disso, ela não foi mais vista, a

cidade toda está em alerta _que brabo hem

professor! _ vim só passar umas férias, vou

voltar cheio de histórias pra contar _ rsrs ver-

dade Adriam, agora vai malhar que sua hora

ta passando.

Durante a semana tentei conhecer o má-

ximo da cidade, diziam que na praia tinha um

passeio coletivo de escuna, resolvi da uma

espiada pra ver se era bom.

_ Ae! quanto ta o passeio? _ trinta conto! _

faz um desconto ai, sou novo aqui, não vai

querer perder o freguês rs _ ta bom, deixo

por vinte cinco _ agora já melhorou rs.

Coloquei o colete salva vidas, sou meio

desconfiado, fiz uma varredura com os olhos

em toda embarcação, hoje em dia acontece

muito acidente, não dá pra vacilar.

Foi um dos melhores passeios que eu fiz,

visitamos algumas ilhas, troquei idéia com o

povo local, umas histórias bem legais, adoro

ouvir histórias.

Voltei pro hotel com uma fome! Fui de

bicho na comida, coloquei no prato uma mis-

tura das galáxias, arroz carreteiro, panqueca

recheada com camarão com cream cheese e

empadão rs.

Então me sentei à mesa que sempre fico

comendo e observando tudo a minha volta.

Nisso, ouso barulho, é comida e bandeja pra

todo lado. Levantei assustado, é o carinha, o

tal do Rodrigo, eita! cara ruim de roda. Fique

com pena, abaixei e tentei ajudá-lo a pegar

as coisas. Eu perguntei a ele se queria sentar

comigo, ele respondeu algo que não pude

entender, nãos sei se era gago ou fanho,

mas vi que tinha problemas na fala. Ele saiu

meio desorientado, e desapareceu.

Nossa! Que dia, não agüentava nem an-

dar direito, o estômago tava como? Daquele

jeito.

Deitei na cama, fiquei olhando aquela

visão maravilhosa, um ventinho bom salga-

do... Adormeci.

Despertei do sono praiano...

_Que isso rapaz! Que foi? Quem deixou

você entrar aqui?!

Acordei com o Rodrigo olhando pra

mim, eu gritei com ele, saiu porta afora e não

consegui alcançá-lo. Desci no saguão do ho-

tel, falei com gerente o ocorrido. Ele disse

não tinha nenhum hospede com as caracte-

rísticas do Rodrigo hospedado ali. Falou-me

que ninguém poderia entrar no meu quarto,

porque só eu tinhas o cartão magnético que

abria a porta, o sistema de segurança não

era falho. Pedi que mostrasse a filmagem na

câmera do horário ocorrido, mas ele disse

que depois de um tempo, ela não guardava

mais as imagens.

Então por conta própria resolvi investi-

gar o que estava acontecendo. Noutro dia na

academia, não encontrei o Rodrigo. Pergun-

tei ao professor, ele disse que o rapaz tran-

cou as aulas. De onde será que ele apare-

ceu? Achei que era hospede do mesmo hotel

que eu, desde o primeiro dia.

Faltavam três dias pra eu ir embora, a

vontade de ficar era grande, mas... Tudo que

é bom, dura pouco. (Segue)

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

www.varaldobrasil.com 58

Fui até o centro da cidade comprar

umas lembranças pra família e os amigos,

enfim, não dá pra viajar e voltar de mãos aba-

nando, sempre acaba rolando uns presenti-

nhos pra turma.

Tô vendo a polícia parada em frente ao

mercadão, muita gente, pensei ter sido um

acidente, o povo adora esses eventos. Eu co-

mo todo mortal, fui me enfiando no meio pra

ouvir o acontecido. Era mais um desapareci-

do, faltando dois dias pra eu ir, e mais uma

novidade, isso aqui ta virando bagunça.

O rapaz de aproximadamente vinte e

cinco anos de nome Marcos, havia desapare-

cido depois de sair da boate Estilo’ss.

Voltei para o hotel abarrotado de coisas, que-

rendo economizar levando lembrancinhas,

não achei nada disso, acabei levando can-

gas, sandálias... E tudo com logotipo de Bú-

zios, o cartão de crédito no final do mês óh!

Já eram 18:30 minutos, resolvi ir no sa-

lão de jogos, já estava muito queimado, nada

de praia hoje. Comprei umas fichas e fui jo-

gar, adoro jogo de corrida de carros. Fiquei

até cansar, e subi pra dormir.

Enquanto estava colocando o short, e

fazendo minha exposição da figura na sacada

rs, olho no pátio, e quem eu vejo, o retardado

do Rodrigo.

Desci correndo as escadas, fui pra fora,

dei a volta pelo pátio, ele me viu e correu.

_Para ai cara! Quero falar com você!

Ele correu, entrou pela janela que dava

acesso ao hotel, num cômodo lá nos fundos,

eu não consegui alcançá-lo. Alguma coisa

estranha tinha, resolvi ir à delegacia, apesar

dele não ter me feito nada, mas o comporta-

mento tinha sido abusivo, e registrei o ocorri-

do.

Horas mais tarde a polícia estava no ho-

tel, com uma intimação de busca, entrou em

todos os quartos para averiguar, principal-

mente nos cômodos anexo a ele. O que Ro-

drigo não contava, é que a polícia estava cer-

cando o hotel em trajes a paisano. Nessa ho-

ra Rodrigo pula o muro, é pego pelos polici-

ais. O rapaz ficou muito nervoso e não conse-

guia soletrar uma palavra pela sua gagueira.

O delegado acompanhado da escolta en-

trou na casa que havia nos fundos, e pra sur-

presa de todos, encontrou acorrentados os

três desaparecidos, Juliana, Jonatas e Mar-

cos. Estavam como animais, no meio de su-

jeira e pratos de comida, apenas uns lençóis

sujos pra deitar. Descobriram que o pai de

Rodrigo era o gerente do hotel, e sua mãe

trabalhava na cozinha.

Quem podia imaginar toda essa tra-

ma, o próprio gerente do hotel. Aí que tudo se

revelou, Rodrigo desde pequeno tinha o pro-

blema na fala, a gagueira. Ele sofreu buling

durante um bom tempo, o garoto ficou com

problemas psicológicos, e isso afetou tam-

bém aos seus pais. Ele cresceu sem amigos

e trancado em casa, vendo o mundo pela TV.

Então seus pais afetados também pela doen-

ça estimularam o garoto a trazer outros jo-

vens pra sua casa, na intenção de fazer no-

vos amigos, e com isso os mantiveram pre-

sos, pra que o garoto não se sentisse sozi-

nho. (Segue)

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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Era uma família de criminosos? Ou doentes? Não sei. Eles foram presos, e o Rodrigo foi leva-

do para uma clínica de psiquiatria.

Que noite! Vou dormir tranqüilo.

Dia 17 de dezembro, tô saindo, deixei meu cartão na recepção, ô mala pesada!,

Ah! Búzios, que saudades, agora vai começar tudo de novo, e até ano que vem.

No ônibus, olho a paisagem salgada, areia branquinha e o vento com gosto de mar, deixo

pra trás umas férias emocionantes, já estou sentindo o cheiro do asfalto.

_Tô chegandooo!!! E até um dia.

BANANA À MILANESA

Ingredientes

6 bananas-nanicas

1 xícara (chá) de farinha de trigo

2 xícaras (chá) de farinha de rosca

2 ovos

1/2 l de óleo de canola

Modo de Preparo

1. Coloque o óleo numa panela grande e leve ao fogo para aquecer.

2. Quebre os ovos num prato fundo e bata ligeiramente com um garfo.

3. Coloque a farinha de trigo num prato raso e a farinha de rosca em outro. Descasque as bananas.

4. Coloque as bananas no prato com a farinha de trigo. Elas devem ficar totalmente en-voltas por farinha. Bata ligeiramente as bananas contra as mãos, retirando o excesso de farinha.

5. Retire as bananas do prato de farinha de trigo e coloque-as (uma por uma) no prato com o ovo batido. Mergulhe-as bem no ovo.

6. Escorra bem o excesso de ovo e transfira uma banana por vez para o prato com a fa-rinha de rosca. Envolva muito bem todas as bananas com essa farinha.

7. Quando o óleo estiver bem quente, coloque duas bananas por vez para fritar. deixe fritar até que fiquem douradas. Em seguida, retire-as do óleo com uma escumadeira e coloque sobre um prato forrado com papel-toalha. Sirva bem quente.

Fonte: http://panelinha.ig.com.br/

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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TOP

DO

POP

Raphael Miguel

O REALISMO E AS FICÇÕES

Existe uma latente diferença entre o que é

realidade e o que é ficção. Contudo, uma

pode se espelhar na outra. Muitas inven-

ções que existiam apenas na ficção se tor-

naram realidade e muitas obras de ficções

bebem de fontes reais para darem o tom

em eventos e personagens existentes ape-

nas em um mundo abstrato.

Podemos dizer que a realidade e a ficção

são como aquelas irmãs parecidas que vi-

vem tentando copiar uma à outra. Embora

tentem se parecer ao máximo, sempre se-

rão diferentes. Não é prudente confundi-

las. Neste ponto surge uma questão: é

justo cobrarmos que a ficção seja sempre

parecida com a realidade? Vou além: é

justo que o tom realista esteja presente em

todas obras de ficção?

Atualmente, mais do que nunca, existe

muita cobrança aos meios de entreteni-

mento para que apresentem conteúdos

cada vez mais parecidos com a realidade,

com a vida real. O consumidor de cultura

pop quer se ver inserido naquele filme, na-

quela série, naquele livro.

Se a cobrança por um mundo ficcional

mais realista se tornar uma regra, deixará

de existir a ficção. É uma conta simples.

Nós precisamos assistir a uma série, por

exemplo, e sabermos que ali veremos coi-

sas impossíveis de acontecer na vida real.

Devemos ler uma HQ com a absoluta cer-

teza de que seremos apresentados a se-

res com poderes extraordinários e irreais.

Mesmo produtos vendidos com o selo do

realismo, por vezes, apresentam um ou

outro segmento inacreditável. É algo ruim?

Não. Isso é exatamente o que chamamos

de entretenimento.

Qual a graça de nos divertirmos apenas

com obras realistas? Para isso existem os

telejornais.

Queremos nos entreter com coisas impos-

síveis. Temos o direito de nos maravilhar-

mos com seres fantásticos e situações im-

prováveis.

O realismo nas ficções não pode ser a re-

gra.

Leia mais um artigo da coluna na próxima

página!

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

www.varaldobrasil.com 61

O PODER DE UM ÍCONE

A cultura pop vive de bons personagens, de

grandes ídolos, heróis e vilões, mocinhos e

bandidos. Sim, mais do que necessários,

grandes personagens são imprescindíveis à

trama e servem ao enredo como grandes ca-

talisadores do público. Entretanto, os ícones

são maiores que os próprios grandes perso-

nagens.

Poucos se interessam por livros que não con-

tém personagens marcantes. Uma série sem

um protagonista (ou antagonista) carismático

está fadada a um cancelamento breve e até

mesmo automático após breves temporadas.

Salas de cinema não se lotarão se o filme não

apresentar um elenco com qualidades cati-

vantes.

Talvez, os personagens sejam tão importan-

tes quanto a trama em si.

Pense bem. Permita fazer o seguinte exercí-

cio: Pense no último grande filme que assis-

tiu. Qual o último grande livro que leu? O últi-

mo quadrinho marcante que folheou?

Pronto? Muito bem. Agora, me diga: além da

trama, o que mais ficou marcado em sua

mente? Arrisco afirmar que você pensou em

um ou outro grande personagem que fez par-

te do enredo. E nem precisa ser o caso de um

protagonista ou de um antagonista, como afir-

mei acima. Um personagem forte transcende

a figura dos principais.

Veja um exemplo prático. MADMAX: A ES-

TRADA DA FÚRIA. Em minha opinião, o

grande filme de 2015 (discordem ou concor-

dem à vontade).

Um filme frenético, forte, feroz (como o pró-

prio nome sugere). O enredo é incrível, os

efeitos visuais fantásticos, a trilha sonora alu-

cinante, a ambientação perfeita. Porém, ape-

sar de todos esses pontos, o que mais chama

atenção neste grande Blockbuster?

(Segue)

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

www.varaldobrasil.com 62

Respondo: os personagens. Mas, vou além.

O filme como um todo é recheado de perso-

nagens incríveis. Max e toda sua loucura; Joe

e sua insanidade; Nex e suas motivações;

Porém, quem rouba a atenção e estapeia o

espectador é a Imperatriz Furiosa

(interpretada de forma magnânima por Charli-

ze Theron).

Mesmo em um enredo recheado de grandes

personagens, Furiosa se destaca. Isso, meus

caros, a torna superior a um personagem

marcante. Isso a torna um personagem icôni-

co.

Este é o ponto em que queria chegar.

Como disse acima, grandes personagens são

imprescindíveis. A cultura pop, como um to-

do, se alimenta de personagens marcantes.

Entretanto, são os ícones quem resistem à

ação do tempo. São os ícones quem são lem-

brados e associados a algo gigantesco.

De quem você lembra quando mencionam a

obra derradeira de Mario Puzo? Um ou outro

se lembrará de Michael Corleone, mas o ine-

gável ícone de O Poderoso Chefão é Don

Vito Corleone. Se alguém citar a enigmática

Rua Elm e o assustador sucesso de A Hora

do Pesadelo, o grande ícone que nos vêm a

mente é Freddy Krueger e sua face carcomi-

da pelo fogo.

O poder do ícone é este mesmo: ser uma es-

pécie de rosto da obra, um cartão de visita

que nos vem à mente instantaneamente

quando pensamos em uma trama.

Grandes personagens, personagens marcan-

tes são essenciais e imprescindíveis, mas

ícones... ícones são realmente únicos.

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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DICAS DE PORTUGUÊS

com

Renata Carone Sborgia

“Eu não quero promessas. Promessas cri-am expectativas e expectativas borram maquiagens e comprimem estômagos.” Fernanda Mello

O bolo de fubá não é “ difícil de se “ fa-zer!!!

Com a escrita incorreta... será dificílimo!!! O correto é: O bolo de fubá não é difícil

de fazer!!! ( sem o se) Regra fácil: Quando o verbo estiver no

infinitivo ( no exemplo: fazer) e não for pronominal, não haverá “se”.

OBS.: A construção da frase já tem sentido passivo:

“ bolo difícil de fazer” = bolo difícil de ser feito

Outro exemplo correto: Osso duro de roer= Osso duro de ser roído( sentido passivo)

Maria está “afim” de ir ao cinema.

Com a expressão incorreta...não consegui-rá assistir ao filme!!!

O correto é: A Fim ( escrita separada)

Regra Fácil: AFIM ( escrita junta): signifi-ca semelhante, parente, ou ainda, alguém com quem se tem afinidade. Ex.: Maria é mi-nha afim, assim como Ana.

A FIM ( escrita separada): sig-nifica “para”, com a ideia de finalidade. Ex.: Maria está a fim de viajar.

OBS.: correta a expressão nesta frase: Estou “ a fim “ de você!!!

Maria está com dor na “costa”.

Com a escrita incorreta...a dor não melho-rará!!!

O correto é: nas costas ( plural: costas)

Regra fácil: a expressão costas : que se refe-re a parte detrás do tronco humano ou a parte detrás de animais e de objetos: só é usada no plural.

OBS.: Todas as palavras que se ligam a essa expressão ( costas é substanti-vo), como artigos, adjetivos, prono-mes adjetivos, numerais adjetivos e particípios devem concordar com ela (costas) em gênero e número.

Ex.: O ladrão levou três tiros nas costas. Suas costas estão sujas de bar-

ro!!! Mantenha as costas eretas contra o

assento do carro.

OBS.: costa (singular) é a área próxima ao mar; litoral.

Ex.: Tempestade avança rumo à costa daquele local.

PARA VOCÊ PENSAR: "A vida não está ai apenas para ser suportada ou vivida, mas elaborada. Eventualmente reprogramada. Conscientemen-te executada. Não é preciso realizar nada de espetacular. Mas que no mínimo seja o máximo que a gente conseguiu fazer consigo mesmo." Fernanda Mello

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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CUCA DE BANANA

Ingredientes

4 unidade(s) de ovo

2 xícara(s) (chá) de açúcar 3 colher(es) (sopa) de manteiga

2 xícara(s) (chá) de farinha de trigo

1 xícara(s) (chá) de amido de milho

1 colher(es) (sopa) de fermento químico em pó

180 ml de leite

1 cálice(s) de conhaque

quanto baste de sal 5 unidade(s) de banana nanica

Cobertura

6 colher(es) (sopa) de açúcar 8 colher(es) (sopa) de farinha de trigo

3 colher(es) (sopa) de manteiga

quanto baste de canela-da-china em pó

Como fazer

Pré-aqueça o forno em temperatura média (180 º C).

Bate bem as gemas com o açúcar. Junte a manteiga e torne a bater.

Adicione a farinha de trigo, o amido de milho e o fermento, bate sempre e regue a massa com o leite e o conhaque.

À parte, bate as claras em neve junto com o sal. Acrescente-as à massa, mexe delicadamente , sem bater.

Despeje a massa numa assadeira untada.

Descasque as bananas e corte-as ao meio, no sentido do comprimento.

Arrume-as sobre a massa.

Cobertura

Misture bem todos os ingredientes da cobertura e espalhe sobre a banana.

Leve a assadeira ao forno e asse por cerca de 30 minutos, ou até que a cuca esteja seca.

Fonte: http://www.cybercook.com.br/

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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O REDENTOR DO INFERNO

Por Raphael Miguel

A ira estava estampada no rosto de

Frowler Rhawks. Assim que o destemido lí-

der da Ordem dos Dragões de Agat adentrou

aos portões da sede, todos estremeceram de

medo. Frowler estava visivelmente alterado e

seus trejeitos indicavam que algo havia dado

errado durante a visita a Dracolan, Terra dos

Dragões.

O Comandante esbravejou com os cri-

ados que lhe receberam, entrou nas depen-

dências da sede e encontrou a sala de jan-

tar, onde se serviu de uma jarra de vinho

azul e bebericou, dando ordens para que nin-

guém o interrompesse. Estava absorto em

seus pensamentos, raivoso e sozinho. Com

ódio, arremessou o caneco em que se servia

contra as paredes enegrecidas do recinto e

praguejou ferrenhamente contra o Rei dos

Dragões.

O ato de ira foi interrompido pela en-

trada de um velho conhecido. Frowler queria

a solidão e nem mesmo a presença de Tuan

era bem-vinda. Mas o feiticeiro ignorou toda

a fúria do Comandante e não se permitiu

despedir sem ao menos tentar umas pala-

vras. Conhecendo bem ao amigo, Tuan

aguardou até que Frowler se tranquilizasse

após extravasar um pouco.

O mago sequer precisou fazer pergun-

tas, logo o amigo estava lhe confessando o

que teria gerado toda aquela explosão de ira.

Sir Frowler era um dos mais obstina-

dos e presunçosos Comandantes da Ordem

dos Dragões. A arrogância e a ganância o

deixavam entorpecido. Este era um desses

momentos. O líder da Ordem tinha a inten-

ção de escrever seu nome para sempre na

história com um feito audacioso. O tratado

entre os Reinos de Agat e Dracolan era sim-

ples: o soberano de Dracolan, Rei dos Dra-

gões, doaria algumas de suas feras para que

Agat pudesse suprir o plantel do grupo de

guerreiros conhecidos como Ordem dos Dra-

gões, de Draconite do Norte. Como Coman-

dante, cumpria a Frowler diligenciar até Dra-

colan na busca por novas feras, mas isso so-

mente quando fosse estritamente necessá-

rio.

Porém, o líder de cabelos negro-

azulados não estava satisfeito com o atual

plantel de sete feras em sua Ordem. O cava-

leiro queria mais, necessitava de mais. E sua

pretensão não era modesta. Almejava trazer

mais de trinta novos dragões de Dracolan,

assim conseguiria povoar o norte agatiano

com as bestas e expandir seu poderio. Foi

com esta intenção que partiu tempos atrás

para Dracolan. A recente explosão de fúria

indicava que o plano falhara miseravelmente.

Nada do que Frowler confessou sur-

preendeu Tuan. O bruxo havia advertido ao

estimado amigo sobre a provável falha na

missão. Dificilmente o Rei dos Dragões dis-

poria de tantas crias de forma tão banal.

Contudo, diante da negativa, Frowler

havia atingido um grau de insanidade inacre-

ditável. O cavaleiro confessou ao feiticeiro

que tinha um novo plano em mente: iria de-

cretar guerra contra Dracolan e conquistar

aquela terra em nome de Agat.

(Segue)

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

www.varaldobrasil.com 66

Os planos eram loucos, mas eram sé-

rios. O Comandante adiantou as ansiedades

e no mesmo dia que pôs os pés de volta em

solo agatiano, tratou de enviar um mensagei-

ro para cientificar ao seu Rei sobre as preten-

sões de guerra.

Qualquer pessoa de inteligência medi-

ana entenderia os riscos e as implicâncias

que aquela guerra absurda acarretaria, mas

Frowler estava cego de ambição. Por déca-

das e séculos, a Casa Rhawks se manteve

firme no maior objetivo que era comandar e

controlar a Ordem dos Dragões, inclusive tra-

tando com Dracolan quando necessário. A

ambição de Sir Frowler Rhawks ruiria anos

de boas relações e colocaria um fim a Or-

dem, Tuan sabia disso.

Feiticeiros nunca foram vistos com

bons olhos entre os demais, principalmente

entre os nobres, mas Frowler tinha um cari-

nho especial por Tuan. Uma amizade que

começou na infância e que perduraria por

anos mais.

Tuan era um menino pobre e órfão

que vivia em uma das pequenas aldeias ao

redor de Draconite. Foi adotado pelo pai de

Frowler e levado para conviver entre a nobre-

za. Quando jovem, Tuan partiu em uma jor-

nada em busca de autoconhecimento e se

tornou membro da Ordem dos Segredos,

uma organização da região Central do Reino

famosa por formar pensadores e eruditos.

Expulso da Ordem por ter sido descoberto

participando de um ritual de magia praticado

por um famoso bruxo, Tuan voltou para Dra-

conite, onde foi recebido de braços abertos

por Frowler. Sem se preocupar com as opini-

ões de terceiros, o Comandante da Ordem

dos Dragões financiou os aprofundamentos

do amigo nas artes místicas e, em troca, teria

um importante conselheiro e aliado.

Era com esta propriedade que Tuan

reagiu de forma enérgica às revelações do

amigo. Frowler estava louco e cumpria ao

bruxo incutir algum juízo em sua cabeça dura

e orgulhosa. Mas o Rhawks estava decidido:

iria destruir Dracolan e comandar centenas

de dragões.

Com o tempo, Tuan pensava que o

amigo desistiria da ideia absurda, mas não

foi o que ocorreu. Nas asas de seu dragão,

Sir Frowler Rhawks executava exercícios de

preparo para a guerra. Algo precisava ser fei-

to antes que a tragédia anunciada se concre-

tizasse. A chave para vencer Frowler era a

ganância. Para que o Comandante abando-

nasse aquelas intenções estúpidas, Taun sa-

bia que teria de lhe oferecer algo ainda mais

tentador do que a dominação de Dracolan.

Durante tanto tempo que permanece-

ram juntos, o mago nunca havia contado

aquela história ao cavaleiro, mas havia che-

gado o momento. Mais cedo ou mais tarde,

Frowler iria conhecer aquela lenda e se tor-

naria obcecado pela promessa de tamanho

poder. Para poupar o amigo de um plano am-

bicioso e equivocado, Tauan apresentou uma

ambição ainda mais promissora e perigosa-

mente incerta. Sem delongas, contou ao Co-

mandante a lenda do Redentor do Inferno.

Uma lenda antiga e proibida datada de

antes mesmo do Reino de Agat se consoli-

dar. Uma história contada apenas no dialeto

falado antigamente, antes mesmo do Antigo

Idioma existir. (Segue)

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

www.varaldobrasil.com 67

Aquilo que se conhece como o Norte

de Agat sempre foi povoado por dragões e os

povos que ali viviam tinham uma interessante

teoria sobre os lagartos alados. Estes seres

não provinham do Mundo Conhecido e vi-

nham de outro lugar, um lugar onde somente

existia fogo e enxofre, um lugar de dor e la-

mento, onde somente os perversos residem,

um lugar chamado de Submundo, ou Inferno.

Os povos acreditavam que os dragões transi-

tavam entre os dois mundos, trazendo a des-

truição e o caos ao Mundo Conhecido. Estes

seres eram comandados e subjugados por

uma espécie de entidade que governava o

Submundo. Segundo a lenda, haveria de nas-

cer entre os homens, um com a alma de dra-

gão e este poderia alcançar o Submundo e

desafiar a entidade pelo comando do inferno

e de seus milhões de dragões.

A revelação da lenda não surtiu o efei-

to desejado ao Comandante da Ordem dos

Dragões. Assim que terminou de ouvir a his-

tória, Frowler bocejou e caminhou até seu

aposento, sem mostrar emoções. Mas Tuan

sabia que naquela noite havia plantado uma

semente.

Meses depois, Sir Frowler Rhawks

conferenciou com o Rei de Agat e pediu per-

dão por cogitar um ataque à Dracolan. O bom

senso amadureceu na cabeça do Comandan-

te. Mas ao voltar para Draconite, o líder reve-

lou ter novas ambições. Confessou a seu

amigo bruxo que por meses matutou sobre a

antiga lenda do redentor do inferno e disse ter

certeza ser o “homem com alma de dragão”

da história. Estava decidido a descer ao Sub-

mundo e desafiar o Rei do Inferno pelo domí-

nio do lugar e das bestas.

Alucinado com a possibilidade de al-

cançar um poder supremo, começou a pes-

quisar as histórias contadas pelos antigos ha-

bitantes. Segundo se contava, o Submundo

era um lugar situado abaixo da superfície,

quilômetros abaixo da terra. Reunindo relatos

antigos, Frowler se convenceu de que havia

descoberto a localização exata do portal para

o Inferno. Contratou milhares de homens que

trabalhavam e se revezavam noite e dia na

abertura do túnel que uniria o Mundo Conhe-

cido e o Submundo. O próprio Sir ajudava

nas escavações vez ou outra.

Um ano após, as escavações não en-

contraram nada mais que terra e rocha.

Frowler culpou Tuan pelo insucesso da em-

preitada e o ameaçou de morte. Mas o bruxo

nada temeu. Enquanto o Comandante utilizou

da força bruta para encontrar o Submundo,

Tuan estudou. Estudou pelo mesmo tempo

que duraram as obras de Rhawks e concluiu

que o Inferno não ficava no mesmo plano do

Mundo Conhecido, eram mundos distantes e

separados por duas realidades alternativas e

conflitantes.

Irado, Frowler quase matou o amigo

com um golpe de espada, mas o feiticeiro

conseguiu desviar do golpe e revelar que en-

contrara um modo de chegar ao Submundo.

O cavaleiro ficou empolgado com a hipótese

e logo faria o “ritual de transição”. Utilizando

sua armadura de aço negro completa, arma-

do com uma espada e protegido por um escu-

do, Frowler Rhawks iniciou o ritual macabro

que o consolidaria como o Redentor do Infer-

no. O que se sucedeu nos aposentos de

Taun naquela noite foi algo inacreditável.

(Segue)

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Irado, Frowler quase matou o amigo com um golpe de espada, mas o feiticeiro conse-

guiu desviar do golpe e revelar que encontrara um modo de chegar ao Submundo. O cavaleiro

ficou empolgado com a hipótese e logo faria o “ritual de transição”. Utilizando sua armadura

de aço negro completa, armado com uma espada e protegido por um escudo, Frowler Rhawks

iniciou o ritual macabro que o consolidaria como o Redentor do Inferno. O que se sucedeu nos

aposentos de Taun naquela noite foi algo inacreditável.

TORTA DE BANANA DE PADARIA FÁCIL

Ingrediente: Massa podre:

• 300 g de manteiga

• 2 ovos inteiros mais 1 gema

• 1 colher de sopa de leite

• 1 colher de sobremesa de fermento Royal • 600 g de farinha de trigo

• 1/4 de xícara de açúcar Recheio:

• 2 claras em neve

• 2 pitadas de canela

• 10 bananas

• 2 xícaras de açúcar Modo de Preparo

1. Misturar todos os ingredientes sem amassar, a massa deverá ficar mais mole que as comuns

2. Forre o fundo e laterais de uma forma de fundo removível 3. Separe um pouco da massa para fazer um quadriculado por cima do recheio

4. Misturar o açúcar com a banana cortada em rodelas grossas, salpique a canela

5. Adicione e misture lentamente as claras em neve

6. Coloque na forma sobre a massa, polvilhe com canela em pó

Faça um quadriculado de massa por cima e leve a torta de banana de padaria para assar por 35 a 40 minutos, depende do forno

Fonte: http://perfecta.itwfeg.com.br/

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Poema para a Arte

Por Adina Worcman

O que é a Arte senão vocação?

Não é um trabalho , é pura emoção!

Não há fronteira, é universal, Não há limite para sua exploração!

Faz parte de sonhos, curiosidade e indagação

É rica em mensagens e muita emoção!

É infinita e torna-se imortal A obra fica e o artista se vai.

Mente ocupada, mãos em movimento

Formas surgindo, cores fluindo

Damos vida a nossa imaginação!

Inspiração, dúvidas, anseios

Tudo desperta

No processo de criação!

Olhar aguçado, nada se perde

Transformar, criar Como é bom!

Transpirar liberdade, às vezes intranquilidade

Mas, acima de tudo

Dar asas à imaginação!

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SONHOS

Por Alex Marchi

Sonhos perdidos

Esquecidos na multidão

Desejos sinceros guardados do mundo

Perdidos em seus pensamentos

Entretido nos afazeres

Assim é a vida

Corrida e tão dura

Ficamos sem tempo firmes na luta

Virando a pagina vida nova inicia

Nas paginas de um livro sem começo ou fim

Nas mudanças ele percebe a novidade

Navegando nos mares da felicidade

Então num instante de um novo porvir A vida recomeça antes da ultima cena.

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DESENCANTO

Por Carla de Sá Morais

A ALMA PURA E SONHADORA NÃO VÊ O INSIDIOSO

AQUELE QUE DESFILA E TRAFICA A CONFIANÇA DADA

DEMOLINDO TUDO NUM SIMPLES ACTO ULTRAJOSO

A ALMA PURA E SONHADORA ACREDITA ACORDADA

NA DIGNIDADE DOS SERES

NA SUA REMISSÃO CONSOLIDADA

A ALMA PURA E SONHADORA SÃO PUDERES

NA ENCOSTA MALFADADA

INVADIDA POR MULHERES DE NÃO QUERERES

Imagem: Pure soul by Red-Roose

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Outrora

Por Carmen Lúcia Hussein

Eu havia perdido você

O tempo passou

Mas ainda a quero

Como no passado

Mas ainda a amo

De você quero tudo

A perfeição

A beleza

O amor

E a realização do sonho

Ainda a quero

Como outrora

Quando a conheci.

Imagem: by_saher4ever

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Pressa

Por Diulinda Garcia

Ponho os olhos na distância

dos meus sonhos viajantes

e vou andando sempre apressada

como se quisesse fugir

do percurso do tempo

do caminho das quietudes...

mas é preciso esperar

que as violetas azulem

e encontrem o meu olhar inquieto

em direção a um horizonte distante.

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TEXTO E CONTEXTO... ILAÇÕES DECORRENTES DE DISCUSSÕES INFORMAIS

POR ELOISA ANTUNES MACIEL

Texto e contexto... Expressão que inclui dois termos parcialmente “afins” - ao menos por comportar a inclusão de dois ele-mentos temáticos bastante expressivos, in-cluindo a palavra “texto”, sendo que este ele-mento subentende algo peculiar que estaria a designar uma “totalidade singular” – ou sui generis – considerada a sua acepção particu-lar, embora possa assumir conotações diver-sas – como referências às diferentes modali-dades de textos escritos, entre outras facetas – comportando outras conotações.

Já o termo contexto de sentido mais amplo, inclusivo e multifacetário, estaria a subentender uma situação, um ambiente peculiar, conjunto de condições e/ou condici-onamentos em que se insere – ou se configu-ra – determinado fenômeno, processo ou su-cessão de fatos, configurando-se em uma

conjuntura de fatores que podem constituir-se em “determinantes causais” (embora tempo-rários...) desses fenômenos ou processos... Nessa acepção, subentende-se que um con-texto – qualquer que seja a sua conotação – pode moldar - ou determinar circunstancial-mente tanto fatos ditos permanentes, como os processos educativos, fenômenos sociais, históricos, políticos...

Portanto, há que se atentar para uma análise realista entre textos e contextos, presumindo-se que os primeiros, à revelia de sua singularidade, podem desconsiderar as interferências (condicionantes) do contexto – ou, talvez, de contextos interagentes... Pode-ria ser esta a situação de escritores, jornalis-tas, bem como a de comunicadores que re-presentam diferentes segmentos da Cultura, Ciência, Religião ou outro estamento – e que estejam a produzir textos sobre as

“maravilhas” de um determinado, estado, re-gião ou “lugares privilegiados”... Sua subjeti-vidade provavelmente poderá ocasionar uma determinada filtragem afetiva, e esta estaria fomentando inúmeras decepções em leitores que venham a comprovar o contrário dessas percepções seletivas, fato que tenderia a fo-mentar uma generalizada decepção na maio-ria de seus leitores... (Lembro - me de minha primeira decepção nesse sentido, quando ainda muito jovem... E minha marcante de-cepção teve por “cenário” improvisado a ob-servação de velhos bondes e outros tarecos em uma cidade alardeada como sendo a “primeira maravilha do mundo”...).

Contudo, a ótica da filtragem afeti-va não se aplica, obviamente, a produções escritas que se enquadrem na denominada “literatura fantástica”, uma vez que esse tipo de produção tem suas características peculi-ares. No entanto, essa mesma ótica tende a aplicar-se apropriadamente aos planos da Educação (escolar e profissional, de um mo-do peculiar), às Ciências Sociais e outros segmentos da Construção Cultural da Huma-nidade. Estes depreendem - se do contexto em que o processo/fenômeno está inserido...

Sob essa ótica, finalmente, talvez devam ser evitadas “cantilenas” tão em voga como a que tem sido abusivamente propala-da em diversos meios educacionais:

“Temos que seguir o modelo X-

Y... que deu certo no século passado”...

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O ENSINO DE POESIA NA ESCOLA PÚBLICA MUNICIPAL

MANOEL DE OLIVEIRA NO ANO DE 2013

Arte. Li teratura. Lei-tura de Poesia.

1. Introdução

O ensino de poesia dentro da educa-ção tem fundamental importância na forma-ção de indivíduos críticos e sensíveis a reali-dade circundante, para tanto é necessária à elaboração de métodos e condições para que tal formação se concretize. Pensando nisso, foi feita uma pesquisa no ano de 2013, na Escola Municipal de Ensino Funda-mental Manoel de Oliveira, localizada na zo-na rural, no PA Panelinha, a 150 km de dis-tância da sede administrativa, o município de Itupiranga, situado no Estado do Pará.

Com o objetivo de descobrir como estava sendo ministrado o ensino de poesia.

Para tanto foi levado em considera-ção às dez turmas do ensino fundamental II, duas do 6º ano, três do 7º ano, três do 8º ano e duas do 9° ano. Nos períodos diurnos e noturnos. Não considerando como dados de pesquisa o número de alunos de cada turma, nem de agentes públicos que traba-lhavam na escola. Visto que o trabalho foi feito pelo método da Observação e Análises Bibliográficas de outras pesquisas publica-das na mesma área de conhecimento estu-dada. Por isso, foram desconsiderados os dados quantitativos. E o estudo focou na ob-servação por um período de oito meses em sala de aula.

Dividido em três dias por semana pa-ra as aulas de Língua Portuguesa e Arte. Mais dois dias para as demais disciplinas. Registrando tudo que ocorria na sala de aula de forma que os diretores nem os professo-res sabiam qual era o objeto estudado. Pen-sando os mesmos que era apenas um está-gio do pesquisador que ali se encontrava. Também foram levados em consideração outros artigos cujas referências se encon-tram no final deste trabalho. Chegando-se a conclusão que a Escola Manoel de Oliveira não difere de outras instituições públicas de ensino quando o assunto é o ensino de poe-sia.

Os alunos apresentaram dificuldades ao fazerem leitura de poesia, tais problemá-ticas estavam baseadas em diversos fato-res. Entre eles a falta de professores com formação específica na área do conheci-mento estudada assim como no espaço físi-co da escola, na falta de disponibilidade de materiais didáticos, na duração mínima das aulas, na metodologia aplicada e na excessi-va quantidade de alunos. O ensino de poe-sia também encontrava resistência por parte do Projeto Político Pedagógico da instituição e na preferência pelo ensino de prosa e gra-mática dentro do ensino de Literatura.

2. Ensino Fundamental

Nos últimos anos o ensino fundamental pas-sou por um processo de alteração amplian-do para nove anos a duração do ensino sen-do obrigatório com inicio aos seis anos de idade da criança. (Segue)

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Mas, mesmo com a modificação dos anos letivos ainda predomina algumas refle-xões: Será que mais tempo escolar é sufici-ente para melhorar a qualidade da educa-ção? Ou será que o sistema brasileiro de educação está cheio de problemas por causa do planejamento mal elaborado por parte das entidades de ensino públicas? Ou porque a instituição de ensino pública tem um bom pla-nejamento, mas, os estados e os municípios não têm políticas públicas capazes de tornar o mesmo uma realidade?

Ao analisarmos a situação olhando pa-ra a Lei n 9.394 de 20/12/1996, a famosa LDB, encontramos:

Art. 12º. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbên-cia de:

I. elaborar e executar sua proposta peda-gógica

II. administrar seu pessoal e seus recur-sos materiais e financeiros

III. assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas

IV. velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente

V. prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento

VI. articular-se com as famílias e a comu-nidade, criando processos de integração da sociedade com a escola

VII. informar os pais e responsáveis sobre a frequência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua pro-posta pedagógica.

O inciso II do Art. 12º é um dos princi-pais problemas dentro das instituições de en-sino público atuais. Pois, do que adianta ela-borar e não executar uma proposta pedagógi-ca de qualidade numa escola pública por falta de recursos financeiros? Como garantir e as-segurar o cumprimento dos anos letivos e ho-ras-aula estabelecidas? Se os professores, guerreiros por lutar por uma educação de mais qualidade fazem greve por melhores condições de trabalho? Essas são apenas algumas indagações entre tantas outras que poderiam ser levantadas. O que tem que ser percebido é que nesse meio complicado en-tre a escola apresentar a sua proposta peda-gógica e a falta de políticas públicas coeren-tes com a situação, estão às disciplinas do Ensino Fundamental II que vão sendo

“chutadas” para os alunos. De acordo com a LDB, Art. 26º:

Os currículos do ensino fun-damental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabeleci-mento escolar, por uma parte diversifica-da exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da eco-nomia e da clientela.

1. Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o es-tudo da língua portuguesa e da matemáti-ca, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil.

2. O ensino da arte constituirá componen-te curricular obrigatório, nos diversos ní-veis da educação básica, de forma a pro-mover o desenvolvimento cultural dos alunos.

3. A educação física, integrada a proposta pedagógica da escola, é componente cur-ricular da Educação Básica, ajustando-se as faixas etárias e as condições da popu-lação escolar, sendo facultativa nos cur-sos noturnos.

4. O ensino da Historia do Brasil levará em contas as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e europeia.

5. Na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente, a partir da quinta série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituição.

Se orientando pelo artigo 26° da LDB, podemos perceber como obrigatório não só o estudo da Língua Portuguesa, da Matemáti-ca, da Ciência, da Geografia, da História, co-mo também o ensino da Arte. Mas, apesar do artigo da LDB classificar como obrigatório, dentro da escola a realidade é outra. A come-çar pela formação do profissional que leciona Arte, que às vezes tem graduação em outra área do conhecimento e nenhuma afinidade com assuntos artísticos. Leciona somente para complementar carga horária. Por outro lado, quando o professor tem conhecimento do que está fazendo e deseja desenvolver um bom trabalho se depara com a falta de condição adequada para realizar o almejado. Isso têm recursos financeiros para arcar com a despesa (Segue)

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de materiais artísticos que serão utilizados em sala de aula. E porque não dizer, o de-senvolvimento de um laboratório especifica-mente para trabalhos artísticos com os alu-nos. Ao ler os (PCN de Arte, 1998, p. 31) en-contramos:

Assim, é papel da escola estabelecer os vínculos entre os conhecimentos escola-res sobre a arte e os modos de produção e aplicação desses conhecimentos na sociedade. Por isso um ensino e aprendi-zagem de arte que se processe criadora-mente poderá contribuir para que conhe-cer seja também maravilhar-se, divertir-se, brincar com o desconhecido, arriscar hipóteses ousadas, trabalhar muito, esfor-çar-se e alegra-se com descobertas. Por-que o aluno desfruta na sua própria vida as aprendizagens que realiza.

2.1. O Ensino de Literatura

O ensino de Literatura dentro do Ensi-no Fundamental II acontece em maior escala através do professor de Língua Portuguesa e o docente de Arte. Porém, o que é Literatura? Existem diversas definições para a pergunta anterior. De acordo com a (UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ apud COUTINHO, 2010, p. 05):

A literatura é um fenômeno estético. É uma arte da palavra. Não visa a informar, ensinar, doutrinar, pregar, documentar. Acidentalmente, secundariamente, ela pode fazer isso, pode conter história, filo-sofia, ciência, religião. O literário e o esté-tico inclui precisamente o social, o históri-co, o religioso, etc., porém transformando esse material em estético.

Podemos notar nas palavras de Couti-nho que existe um elo entre Literatura e reali-dade social. Todo escritor escreveu ou escre-ve a sua obra de acordo com o seu tempo, sua filosofia, sua religião, enfim, de acordo com suas ideias de valores. E é nesse con-texto que o ensino de Literatura se justifica. Pois, fazer com que os alunos se deparem com diferentes mundos abre a mente para reflexão e a desperta para o senso crítico da leitura. Mas, a questão é quais elementos fa-zem parte do ensino de Literatura? Aqui po-demos introduzir a ideia de gêneros literários. Que são as varias maneiras que os autores têm para se expressar. Como por exemplo: o conto, a crônica, o poema, a narrativa longa, o romance, a paródia, etc. De acordo com a (UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ, 2010, p. 07):

A escolha de dado gênero literário permite ao escritor passar uma certa visão de mundo (trágica, cômica, exaltativa, sentimental, satírica) a partir de uma for-ma específica (tragédia, comédia, epo-peia, poema, paródia, etc. Há escritores que somente se comunicam pela forma contista, outros pela tragédia e ainda ou-tros pelo poema, visto que os gêneros literários se constituem, essencialmente, em formas fundamentais de o escritor se colocar diante da vida. Dalton Trevisan se expressa através do conto; Nelson Rodri-gues prefere o drama; João Cabral de Melo Neto, o poema e Guimarães Rosa, a narrativa longo.

Percebe-se que os gêneros literários a serem repassados para os alunos através do ensino de Literatura são diversos. Para que os objetivos sejam alcançados é necessário um bom planejamento do docente e apoio da escola onde o mesmo atua. Pois, cabe ao professor selecionar e desenvolver o senso crítico de cada aluno diante dos textos literá-rios propostos para leitura. Conforme (JESUS e CALIARI, 2014, p. 03):

O texto literário deve ser utilizado como meio de educar os cidadãos para a leitura, a partir da interferência crítica do professor, que exerce um papel funda-mental para a ampliação da competência leitora dos alunos, a partir do contato com textos culturalmente significativos e o en-tendimento do que os torna significativos.

2.2. O Ensino de Poesia

Descrever o ensino de poesia é com-plexo. Pois, ele se divide em diversas formas. Porém, o gênero poético é destacado pelas múltiplas possibilidades que oferece, por se diferenciar dos outros gêneros e por trabalhar a subjetividade. Olhando por esse ponto de vista podemos analisar o ensino de poesia como

[...] A essência da linguagem da poesia está na palavra, na imaginação criadora, e no seu isolamento da lingua-gem falada. O mundo nem percebe o va-lor da poesia que encanta e que somente é encontrada no ato da leitura. Assim, a poesia é uma criação sublime, e antes de toda criação literária. Ela está antes do homem porque está na essência da cria-ção e depois do seu fim porque a poesia não morre. O poeta cria o mundo e os seus significados, ouve vozes secretas e faz o encanto invadir os pensamentos dos leitores e transporta-los ao paraíso dos sonhos e do inexplicável, suas palavras (Segue)

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são magicas, puras e nos leva ao além, nos fazendo descobrir os segredos do mundo. (LIMA, 2012, p. 38).

Através das palavras do autor, compre-ende-se que o ensino de poesia se realiza por meio da palavra escrita para que se pos-sa compreender a imaginação criadora do autor da obra literária utilizada para leitura pelos alunos. Mas, não se restringe só a isso. Visa também resgatar valores, ensinar que a ideia do poeta nunca morre, serve de fuga para os mundos paralelos que existem em cada obra poética. Então, por isso a poesia deve ser ensinada? Respondendo a pergunta não só por isso. É dever para o professor aju-dar os alunos a compreender a poesia e os seus muitos significados estimulando a cria-ção de obras poéticas em sala de aula. Se-gundo (SILVA e JESUS, 2011, p. 26):

A poesia está para além da linguagem poética, está na linguagem da vida. A im-portância de trabalhar este tema decorre de ser ele pouco difundido entre as séries subsequentes que continuam sem ver a poesia na sala de aula, e resumindo a literatura, na maioria das vezes quando trabalhada, a textos prosódicos, ficando assim a poesia à margem do que e ensi-nado nas escolas.

As pessoas que tem o perfil para mu-dar a realidade atual do ensino de poesia nas escolas públicas brasileiras são os docentes. São eles que deverão lutar por uma nova rea-lidade deste os anos iniciais de estudo das crianças até futuramente uma dificultosa, mas, possível mudança na grade curricular da Educação Básica em Língua Portuguesa e Arte para o Ensino Fundamental. Podendo incluir também parcela de contribuição atra-vés das outras áreas do conhecimento e do saber humano.

3. Um descaso ao ensino de poesia: uma análise da escola pública muni-cipal Manoel de Oliveira no ano de 2013

De maneira geral observou-se durante oito meses na Escola Pública Municipal Manoel de Oliveira o descaso em relação ao ensino de poesia. Não existia um planejamento de relevância que mostrasse aos educadores ou os treinassem a estarem atentos à importân-cia do ensino de poesia e o impacto que o

mesmo poderia causar tanto na vida dos alu-nos como na sociedade de maneira geral. O Projeto Político Pedagógico da escola não valoriza o ensino de poesia. Por outro lado a escola também não usufruía de recursos fi-nanceiros capazes de adquirir materiais didá-ticos e artísticos.

Quando a disciplina Arte era lecio-nada, o profissional que a exercia era de área completamente diferente. E a transformava num simples cortar papel para festas juninas e enfeitar corredor da escola. O docente da matéria de Língua Portuguesa estava mais interessado em ensinar gramática e prosa. E assim, a poesia ia sendo esquecida pelos ou-tros professores que diziam não ser a área e nem função deles. Nem sequer uma progra-mação de declamação de poemas aparecia no calendário letivo da instituição. Muitas ve-zes o professor de Língua Portuguesa dizia ser mais importante o ensino de prosa e gra-mática. Pois, é o que é cobrado nas provas de concurso público. Trabalhando assim com a educação mais tecnicista e esquecendo-se da função despertar o lado crítico de cada aluno. E o docente de Arte dizia ser papel de-le, ensinar desenho artístico, teatro e outras coisas que estivessem diretamente ligadas as Artes Visuais. Esquecendo-se que a escrita literária é também arte visual. Uma vez per-guntado a algumas turmas sobre o ensino de poesia, as mesmas responderam em pala-vras diferentes, porém com um mesmo objeti-vo: “Queríamos estudar muito mais poesia, aprender a interpretar e a escrever. Gosta-mos de poesia”.

3.1. Como motivar os alunos da es-cola Manoel de Oliveira a desenvol-ver a leitura e a escrita poética

A começar pelas oficinas de Literatura e Artes, o espaço para a declamação de poe-sia deve ser oportunizado. Aprofundar a questão da cultura não restringindo apenas as disciplinas citadas anteriormente como responsáveis absolutas por tal motivação. Afi-nal, poesia é reflexão, porque então não utili-zar esse método em outras áreas do conheci-mento. Ajudando a passar a ideia de que lei-tura quando boa muda o comportamento dos educandos.

(Segue)

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É necessário incentivar a leitura e a escrita poética para acabar com a história de que a poesia está virando mito nas aulas.

Para isso, o Planejamento Político Pe-dagógico da escola tem que incluir no calen-dário letivo os dias dedicados ao ensino de poesia ou incluir que o mesmo seja ensinado ficando a critério do planejamento dos profes-sores. A instituição de ensino também precisa lutar por materiais didáticos e por uma estru-tura melhor. Principalmente por uma bibliote-ca. Os alunos não tem nenhum material extra para leitura. Se contendo somente com que os professores escrevem no quadro. O que significa baixíssima leitura e “nenhum” conhe-cimento com o mundo poético.

O ideal seria a construção de um labo-ratório de Informática mais extenso para aten-der a demanda escolar. Já que o que existe só dispõe de três ou quatro computadores em um espaço curto e apertado. Os alunos os dividem para estudar curso de Informática e não fazerem nenhuma pesquisa. Pois, outro problema grave e a falta de Internet. Os alu-nos não usufruem desse benéfico para enri-quecerem seus trabalhos escolares, exercita-rem mais a leitura. E olhando por um lado mais crítico da situação, o laboratório da es-cola não tem nem impressora para os alunos imprimirem seus trabalhos escolares.

Entretanto, independente de todos os problemas, a responsabilidade maior pelo en-sino de poesia na escola Manoel de Oliveira como também em qualquer outra instituição de ensino, é do professor. Ele é o responsá-vel por transformar os alunos em bons leito-res. Bons leitores significa que os educandos deverão saber diferenciar o que é “leitura sa-úde” e “leitura doença”. O educador é o prin-cipal guia nesta missão. Indicar uma “leitura saúde” de poesia é encontrar a paz em livros de amor, amizade, bondade, autoestima... Ou seja, incentiva os alunos a praticarem cons-tantemente o bem. Enquanto uma “leitura do-ença” é voltada para o lado do terror, da vio-lência, da desobediência, da ignorância... Uma leitura deste tipo: que proporciona o in-centivo a pratica do mal só pode gerar cida-dãos inconscientes de deveres e obrigações, sem falar possivelmente em futuros margi-nais.

Apesar de todas as dificuldades e re-sistências quanto à leitura e a escrita de poé-tica, a responsabilidade maior de quebrar as barreiras será sempre do professor. Ele é o profissional mais adequado para identificar as lacunas, traçar metas e apontar possíveis so-luções. Mas, se ele não é um leitor de poesia,

dificilmente haverá de procurar soluções para o ensino da mesma. Eliminando completa-mente a leitura e o incentivo a escrita poética das suas aulas. Então, o principal método de incentivo à leitura e a escrita poética tem que começar por cursos de aperfeiçoamento e campanhas de conscientização. Conscienti-zar de que se ensinando poesia e resgatando seu valor histórico-literário podemos mudar muitas formas tortas de se pensar através da sensibilidade despertada pela poesia, cons-truindo um mundo melhor.

3.2. A importância do ensino de poe-sia na escola Manoel de Oliveira

Pode-se até exagerar um pouco e di-zer que a poesia é o jornal diário que nunca deveria faltar na vida dos alunos. Um jornal capaz de mudar formas de pensamento, com-plementar, renovar as energias, apontar solu-ções, confrontar sentimentos... Triste em pen-sar que a Escola Manoel de Oliveira, como muitas outras públicas espalhadas pelo Brasil não faz tiragem desse jornal. Não produzam editores, escritores e bons leitores. Não valo-riza a sensibilidade, nem tão pouco conhece a realidade de um mundo que poderia ser bem melhor se a poesia fosse ensinada des-pertando nos alunos o gosto pela leitura.

A principal importância do ensino de poesia na escola Manoel de oliveira seria despertar o lado sensível de cada aluno. Aju-dando a compreender que no mundo existem diversas formas de pensamento que podem se antagonizar na maneira de ver as coisas. Despertando a compreensão por meio crítico através da leitura que nós podemos mudar e até ver as coisas por outro ângulo também. Além de ser uma forte ferramenta no combate à descriminação, preconceito, falta de respei-to, gíria, entre tantas outras coisas na vida do aluno que precisa de ajustes.

4. Considerações finais

Sabemos que a literatura possibilita o encontro do aluno com a cultura e se tratando do leitor do ensino fundamental II, com a ima-ginação, a criatividade e com o meio social que o cerca. Além de torna-lo um ser capaz de fazer uma leitura ampla e crítica dos valo-res sociais existentes na sociedade, contribu-indo para a formação de um sujeito-leitor, crí-tico-reflexivo e muito mais ativo em suas deci-sões sociais enquanto participante da socie-dade. (Segue)

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Para tanto, é preciso e necessário repensar a formação e o papel do professor em sala de aula, tornando isto uma das questões funda-mentais para uma prática pedagógica eficien-te.

A importância da poesia na escola está na sua ação formadora, pois ela representa uma forma que ajudará a ampliar o domínio da linguagem e capacitar o leitor na constru-ção do conhecimento. Assim, o texto poético possibilita ao indivíduo conhecer a si mesmo e ao outro e ainda o mundo que está a sua volta. Leva à recriação e à busca de novos sentidos que um texto pode oferecer. Desta forma, é relevante que a escola propicie ao aluno momentos de contato com os textos poéticos. Sentindo e apreciando a poesia, o aluno se sensibiliza ante o mundo e usufrui dela como um meio de comunicação inclusive consigo mesmo. Portanto, a função da escola não é prioritariamente formar poetas e sim tornar os discentes sensíveis à poesia.

Referências

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação: Lei n 9.394 – 24 de dez. 1996. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf> Acesso em: 17 de junho de 2015.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educa-ção Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: arte. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/arte.pdf> Acesso em: 17 de junho de 2015.

BRASIL. Universidade Tecnológica Federal do Paraná: Departamento Acadêmico de Comunicação e Expres-são. Literatura Brasileira. Disponível em: <http://www.dacex.ct.utfpr.edu.br/Apostila_Literatura_Brasileira.pdf > Acesso em: 23 de julho de 2015.

CAMPOS, A. A. C.; PACE, M. J. T. Convite à poesia. Disponível em: <http://www.unifia.edu.br/projetorevista/edicoesanteriores/agosto09/artigos/educacao/conviteapoesia.pdf> Acesso em: 12 de março de 2013.

FERRARI, A. M; CORDEIRO. M. S. Estética da recep-ção: novos horizontes para o ensino de Literatura. Disponível em: <http://www.literatura.bluehosting.com.br /ensinodaliteratura.pdf> Acesso em: 11 de julho de 2014.

JESUS, A. S; CALIARI. E. A. S. Leitura de literatura no ensino fundamental II: Uma experiência possível a partir do circuito de leituras. Disponível em: <http://www.ileel.ufu.br/anaisdosielp/wp-content/

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JUSTINIANO, M. J. V.; SANTOS, L. B. C.; SILVA, M. L. Acorda poesia. Disponível em: <http://coopex.fiponline.com.br/images/arquivos/documentos/1278042057.pdf> Acesso em: 12 de mar-ço de 2013.

LIMA, J. B. A poesia: sociedade, leitura, interpretação e ensino. Disponível em: <http://www.slmb.ueg.br/iconeletras/artigos/volume9/APoesiaSociedade,Leitura,InterpretacaoEEnsino.pdf> Acesso em: 12 de março de 2013.

NEVES, C. A. B. Poesia na sala de aula: um exercício ético e estético. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.puccampinas.edu.br/tde_arquivos/3/TDE20090721T054400Z-1525/Publico/Cynthia%20Agra%20de%20Brito%20Neves.pdf> Acesso em: 11 de julho de 2014.

QUADROS, T. R. A poesia no Ensino Médio: um desa-fio da escola e da universidade. Disponível em: <https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=9&ved=0CGUQFjAI&url=http%3A%2F%2Fwww.lume.ufrgs.br%2Fbitstream%2Fhandle%2F1018%2F78176%2F000896398.pdf%3Fsequence%3D1&ei=FVzAU8ewLMy7oQTlzYHIAQ&usg=AFQjCNFD3MFrnki8iEKaST0BQ4Uo5jXnNQ&sig2=_5w8qQpRgIOPtq7Pvy_O2A> Acesso em: 11 de julho de 2014.

SANTOS, H. B; MACHADO. M. Z. V. Por onde anda a poesia nas propostas de leitura de livros didáticos do Ensino Médio? Disponível em: <http://alb.com.br/arquivomorto/edicoesanteriores/anais17/txtcompletos/sem04/COLE_4199.pdf> Acesso em: 11 de julho de 2014.

SILVA, F. K. M. A importância da poesia para o ensino de Literatura: um olhar sobre a poética de Mário Quintana. Disponível em: <http://www.editorarealize.com.br/revistas/enlije/trabalhos/bf918920581e872588538337ef8200ee_167_106_.pdf> Acesso em: 11 de julho de 2014.

SILVA, E. F.; JESUS, W. G. Como e por que trabalhar com a poesia na sala de aula. Disponível em: <http://www2.uefs.br/dla/graduando/n2/n2.21-34.pdf> Acesso em: 12 de março de 2013.

VAL, M. G. C.; MARCUSCHI, B. Poemas na escola: análise de textos de alunos. <http://www.scielo.br/pdf/edur/v26n2/a04v26n2.pdf> Acesso em: 12 de março de 2013.

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VIDA NOVA

Por Ivone Vebber

Busco uma vida mais

humana

sem dramas

e ilusões...

Uma vida racional,

cheia de luz pura,

união e doçura...

A janela está aberta,

só falta dar o mergulho

no espaço...

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#ControleDigitalGovernoGlobal

Por José Carlos Paiva Bruno

Taxistas protestam contra Uber no Rio, divulgação gratuita de primeira página para os digi-tais em manchetes dos melhores jornais. Desespero analógico em serviços convencionais mundiais, dos táxis a rede de hotéis. Internet ditando nova organização global, dos aplicati-vos aos clubes de compra celulares. Fato é que estou adequando inclusive meus títulos hashtag aos novos lares.

Sabemos historicamente que emplacar nova filosofia significa convencionar, qual seja: tor-ná-la aprovada em nichos usuários! Quais rebeldes saindo dos armários... Preparem-se brevemente para moeda mundial digital, que já existe, só não emplacou ainda. Parece-me a última fronteira, onde pergunto das garantias além da convenção popular? Quando víti-mas dos rompimentos convencionais buscarem socorro civilizado ortodoxo, buscarão quais Tribunais? Talvez como mulher divorciada, vivendo a liberdade nova; desejando anteriores garantias sociais? Bom, talvez os maridos de aluguel digitais, estejam resolvendo as trocas de lâmpadas, torneiras pingando, carros sem bateria, aqui nesta manhã fria... Talvez este-jamos às portas d’anarquia!

Mundo digital realmente democratiza informação e acessibilidade. Pergunto a que preço? Quais definições de censura protetora aos valores – se é que importante – familiares? Questões tributárias? Questões judiciais? Questões administrativas organizacionais? Até então, essenciais à convenção de Estado Pátria...

Em tempo, por aqui o estado está menos sólido e mais pra gasoso, com o dólar batendo ontem – em cotação mercado livre – os tais R$ 3,74 emplacando mais retração dos investi-dores. Como moeda, tudo tem dois lados, e o lado da exportação fica realmente favoreci-do, ao preço da inflação importada e juros altos do Real doméstico. Velha regra de que cer-tamente os lucros não ficarão por aqui. Onde não existam favoráveis cenários, permane-cem somente otários... Enquanto isso; prendem os donos das maiores construtoras do mundo (brasileiras, que obviamente serão substituídas por outras, como o jogo de bicho no Rio rendeu-se ao tráfico, pós-prisão dos velhos caciques simultaneamente em 1993/1994, aplausos dos EUA), não que não tenham culpa. Aliás, carecemos talvez de nova definição “culpa” para os aliciados desta nova era, afinal “quem tem culpa, tem medo”.

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DE 27 DE ABRIL A 1o DE MAIO

DE 2016 EM GENEBRA!

ESPERAMOS POR VOCÊ!

Contatos:

[email protected]

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CONVITE

Venha conhecer o site de Jacqueline Aisenman, escritora, editora da revista VARAL DO BRASIL!

Poemas, crônicas, contos, pensamentos...

Seja bem-vindo (a)!

www.coracional.com

CORACIONAL, coisas que vêm de dentro!

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O PORQUÊ DA MINHA REBELDIA

Por Lenival de Andrade

“ Eu sou rebelde

Porque o mundo quis assim

Porque nunca me trataram com amor

E as pessoas se fecharam para mim”

Muitas vezes agi com rebeldia

Mesmo vindo do seio da burguesia

Nada digo que seja algo novo

Apenas assim como o saudoso poeta Cazuza

Estou do lado do povo

Mesmo tendo muito o que falar

E para dizer a verdade o rádio querer e precisar usar

Quase nunca fui convidado

Mesmo estando credenciado e capacitado

Ai eu me calei e chorei

E nada falei

Como diria o bom paraibano Zé Ramalho

Da querida cidade de Brejo do Cruz

“Se eu calei foi de tristeza”

Por não poder a verdade falar

“Você cala por calar”

Mas mesmo assim tudo a DEUS quero entregar

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A arte e o artista

Por Luiz M F Maia

De repente a vontade de compor os pensamentos esparsos e expressá-los em qualquer forma, parece-nos mania que vem não sabemos de onde. Do mesmo modo o desejo de escrever aninha-se na cabeça sem dar sossego, cutucando, pedindo soltura, insistindo, rogando para livrar-se de cadeias, liberdade para voar pelo mundo das letras, das palavras, da ideação em fra-ses a riscar no espaço vazio da brancura virgem os percursos dos senti-mentos, frutos de olhares inquietos, de escutas atentas aos vocativos, às interrogações pedintes ou às ardentes exclamações do mundo que nos cer-ca.

Em qualquer lugar deste planeta, desta nossa joia em seu caminho no es-paço, vivemos nós, todo mundo, até os ditos insensíveis, também – mesmo que não admitam – cada um em seu orbe pessoal de quimeras. Todos an-seiam expressar sua parte criativa no palco da vida. Cada qual com sua arte e ela em si não se define simples ou complexa, porque jorra de única fonte que rega um infindável labirinto de sentimentos e criações.

Somos cultores de todas as artes, todos nós que trazemos à luz o impulsivo desejo de poetar, de contar, de declamar, de cantar, de representar ou transformar em melodia os sons que nos rodeiam. Abrem-se os portais das percepções e a arte impele o artista a mostrar em obras o prodigioso talento humano. Todos os dons e todas as habilidades manifestam-se na criatura por Deus escolhida, despojada de gênero e adjetivo.

Conforme nossa crença, oremos em agradecimento e glória a Deus pelos irmãos agraciados com dons pacíficos invulgares. Fraternidade de seres nascidos para mostrar ao mundo a beleza em supremacia aos feitos disso-nantes da criatura humana.

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MUFFIN DE BANANA

Ingredientes

- 100 gramas de margarina.

- 1/2 colher de adoçante em pó.

- 1 colher (chá) de gengibre.

- 1 xícara (chá) de farinha.

- 2 xícaras (chá) de aveia.

- 2 ovos inteiros.

- 3 bananas maduras e cortadas em rodelas.

Modo de preparo

Bata as claras de dois ovos. E em um outro recipiente, mistures to-dos os demais ingredientes. Após isso, junte todos no mesmo reci-piente.

A massa você pode pôr em uma assadeira para muffins ou até mesmo, em forminhas de papel. Pré-aqueça o forno em temperatu-ra média e deixe os muffins assando nessa mesma temperatura.

A dica, para saber se a massa está no ponto, é espetar um garfo no muffin. Caso o garfo saia totalmente limpo, sem nenhuma massa grudada, o seu muffin está pronto!

Fonte: http://www.copaecia.com.br/blog

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Embaraço

Por Márcia Brabo

Caminho pelas curvas

Do teu corpo devasso

Tal como as ruas e praças

Por onde passo!

E, como a chuva lava

As estradas importantes da tua figura errante, Lavo a minha alma inconstante

Nas veredas limpas e verdejantes!

Mas, como és nova

E necessitas de espaço, Compreendo esse sentimento escasso

E contento-me com um simples abraço!

Assim, esqueço-me do cansaço

E deixo-me prender nesse embaraço, Mas, mesmo que me acuses com estardalhaço

Fico encolhido no meu fracasso!

Procuro, no entanto, reaver esse frio laço, A ficar nesse seu compasso

De espera, que até ameaço

Viver só, à beira de um colapso!

Imagem: Reason And Passion by Barry Novis

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É AGORA...OU NUNCA

Por Maria Aparecida Felicori (Vó Fia)

Fale comigo agora que estou aqui

Me diga uma boa ou má palavra

Porque estou aqui e não ali

Na sepultura na terra brava.

Venha me ver enquanto estou aqui

Ficarei feliz em ser lembrada

Depois de morta não estou nem ai

Defunto não precisa de mais nada.

Cante uma canção para eu ouvir

Que seja pequena e suave

Porque no caixão não vou sentir

Mesmo que seja uma batucada na nave.

Me dê uma modesta florzinha

Uma pequena violeta ou um jasmim

Quero agora pois estou vivinha

Morta não preciso nem de um grande jardim.

Que tal um bombom ou um docinho?

Que vou comer com alegria

Falecida não preciso nem de um pedacinho

Mesmo que seja da melhor iguaria.

Se for a uma festa me leve junto

Pois gosto de cantar e dançar

Estou viva e sei me divertir muito

Mas depois de morta vou ter de parar.

Escute com paciência quando eu me queixar

Estou viva e por isso tenho dores

As vezes me canso e quero desabafar

Morta não quero choro e nem flores.

Reze por mim ou comigo

Enquanto estou nesse lugar

Uma oração bonita de um amigo

Nesse momento porque morta não vou precisar.

Agora é a hora se quiser me agradar

Porque a vida começa e acaba a cada dia

Hoje estou aqui amanhã não sei se vou estar

Por isso minha gente é melhor aproveitar.

Imagem by Mel Marcelo

Mel's Artwork

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ENCONTROS

Por Maria José Vital Justiniano

Perto de ti observo como tu és,

olho devagarinho em teus olhos, não há brilho, nem há amor,

nossos encontros são pesados

mesmo assim, nos encontramos

Ninguém sabe por quê

Há busca recíproca, um silêncio sentido a dois,

Ninguém fala

só ficamos juntos, talvez, tenha sobrado carinho

Será verdade?

É apenas mistério a dois...

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ETIQUETA

Por Maria Socorro de Sousa

Entre o rótulo insano a luz atiça

A estrela da alva se estilhaça

Desdenha afinco indizível zelo

Envolto a transposição em selo

Estivas concedem mil encantos

Embaraços: chamas sem espantos

Enternecido chora coração mutilado

Saudoso disfarça o amor alado

Cala-se a alma. Espelho cego

Quieto sussurra. Manhã, castigo

Detém um osculo apenas abrasado

Porventura sou ao vazio condenado?

Desvanece. Lamenta etiqueta em primícias

Despindo-me em agonias a tua ausência

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Flores

Por Silvio Parise

Amo realmente profundamente

toda essa magnífica natureza

mas, quando verdadeiramente faço

uma minuciosa análise

desses universos que

amavelmente nos cercam

dando-nos fulgor, perfume e saber

então, obviamente tenho que dizer

que as flores, devido o seu colorido

e incríveis perfumes,

por ser franco, como costume,

é uma criação que definitivamente

foi criada para nos fortalecer.

Portanto, francamente amo

de fato todas as flores

pois, quando cautelosamente

vos analiso, verdadeiramente sinto

que são seres totalmente dotadas

de inteligência e poder.

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Fluência

Por Walnélia Corrêa Pederneiras

Quando tento

mudar o tema

Escravizo

meu poema. Poetar é trilhar

nos pensamentos

sem interferi-los.

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SEIS ANOS DE VARAL DO BRASIL,

EM CORDEL!

POR ANTONIO MARCOS BANDEIRA

SEIS ANOS DE MUITO ESFORÇO

DE SONHOS DE ESPERANÇA

SEIS ANOS DE MUITAS LUTAS

SEIS ANOS COM CONFIANÇA

SEIS ANOS DE MUITA HISTÓRIA

SEIS ANOS DE MUITA LEMBRANÇA

SÃO SEIS ANOS DE VARAL

SEIS ANOS DE PUBLICAÇÕES

SEIS ANOS DE LITERATURA

SEIS ANOS DE MOTIVAÇÕES

SEIS ANOS DE ALEGRIA

DE CORRERIA E AÇÕES

SÃO SEIS ANOS INTENSA

VIDA DE LITERATURA

SEIS ANOS DE ORGANIZAÇÃO

SEIS ANOS DE AVENTURA

SEIS ANOS DE MUITOS POEMAS

DE VERSOS E DE LEITURA

SEIS ANOS DE MUITAS HORAS

SÃO SEIS ANOS DE ESCRITA

SEIS ANOS NO COMPUTADOR

SEIS ANOS DE MUITA REVISTA

ESPALHADA MUNDO Á FORA

SEIS NOS DE REESCRITA

SEIS ANOS DE PRODUÇÕES

SEIS ANOS JÁ SE PASSARAM?!

SEIS ANOS DE MUITA FESTA

PROJETOS QUE EM NÓS DEIXARAM

SEIS ANOS DE FELICIDADE

SEIS ANOS QUE NOS MARCARAM

SEIS ANOS DE VARAL DO BRASIL

SEIS ANOS ABENÇOADOS!!!

SEIS ANOS DE DISCUSSÕES

SEIS ANOS BEM PLANEJADOS

SEIS ANOS DE ATIVIDADES

SEIS ANOS BEM EXECUTADOS.

PARA O VARAL DO BRASIL

DESEJAMOS SEIS MIL ANOS

SEIS SÉCULOS DE PUBLICAÇÕES

CONTINUEM COM ESTES PLANOS

DE PÔR A LITERATURA

NO ÁPICE DA CULTURA

É QUE NÓS ALMEJAMOS

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Andarilhos do tempo

Por Eloísa Menezes Pereira

Os tempos persistem

Transformando as atitudes

As idades resistem

Manipulando as virtudes

Idosos ocupam os espaços

Modificando a História

Propagam embaraços

Atraindo a vitória

Olhares de inovação

Transitam pela memória

Acumulando no coração

Saudades em sua trajetória !

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Mar Salgado Mar

Por Hazel São Francisco

As margens do deserto

Entre as Mesetas ao Leste e Oeste

Esta um grande Lago

Onde em tempos passados fora mar.

Alimentado pelas águas doces do Rio Sagrado

E pequenos cursos d’água

Que perecem no caminho

Sobre o solo inclemente

Nas margens do deserto.

O Rio Sagrado segue irrigando

As culturas da região.

As águas continuam seu caminho

Sofrendo a evaporação.

Ao chegar ao grande Lago

Que no passado foi mar

Pouca doçura lhe resta

Tornou-se viscosa onde nada sobrevive

Apenas corpos conseguem flutuar

Segundo lenda da Região

No leito profundo do Lago

Que no passado foi mar

Repousam Cidades mortas.

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DO CORPO E DA ALMA

Por José Carlos Sibila

Honório Junqueira era o nome dele. Todo

mundo conhecia Seu Honório naquela cida-

dezinha. Mais afazeres não tinha, vivia de

uma considerável herança de família e como

a sorte não chega pouco, ainda ganhava um

bom dinheiro com o leite da fazenda que era

vendido em toda a região. O leite vinha da

vaca, que engordava com o capim que vinha

da terra. Tudo assim, de mão beijada. Mas

não era pessoa de grande ostentação. Vivia

recluso em seu casarão. O povo dizia que

dentro daquela casa velha, que de idade já

ia para mais de cem, tinha pelo menos umas

trinta pessoas, mas ele jurava que ali só vi-

via ele e sua esposa, Dona Cota, como era

conhecida por todos. O sobrenome dela, an-

tes de ser Junqueira, ninguém sabia. E ela

nem fazia questão de informar. Dizem que

nem ela mesma sabia. - Pra que mais nome

- dizia ela - se os dois que tenho são mais

que suficientes .

Mas o fato é que Dona Cota tinha viajado

até a capital para fazer um tratamento de

saúde. Era a maldita asma, que piorava com

a mudança do tempo e a insistência da poei-

ra que cobria a cidadezinha de meia dúzia

de ruas de terra batida. Nos dias que a boia-

da passava ou que a jardineira 1929 vinha

trazer comerciantes, então é que a asma da

esposa do Seu Honório ia mesmo ficar ruim.

Quatro dias de viagem até a capital, com ou-

tros tantos para voltar, mais os dez que lá

ficou, somaram dezoito na matemática do

esposo. Mas só na matemática, pois que na

solidão e na saudade os dezoito pularam pa-

ra a eternidade.

Mas o dia da volta havia chegado. Seu Ho-

nório fez exceção ao seu recato e chamou

até uma bandinha para tocar na porta de en-

trada do casarão.

Os músicos, que eram todos das redonde-

zas vinham chegando, cada um carregando

seu instrumento. A tuba foi a primeira e foi

logo se afinando. Sem mais tardar o surdo

respondeu. A flauta logo ajuntou e o violino

não se fez de rogado. Os pratos estalaram e

as notas começaram a animar a entrada do

edifício.

Lá dentro só mesmo Seu Honório, aprecian-

do alegremente o burburinho, tentando acal-

mar sua ansiedade pela chegada da esposa.

Tudo corria como o certo estabelecido até

que se ouviu uma voz:

- Não estou gostando dessa gentarada

aqui não.

Seu Honório quase caiu da cadeira de ba-

lanço, que insistia em enxergar a estrada no

horizonte.

- Quem falou isso? Resmungou com

raiva pela insolência do intruso e medo da-

quela voz que lhe soou familiar.

-Fui eu.

-Mas eu quem homem de Deus?

-Eu, Honório. (Segue)

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-Mas Honório sou eu. E não me lem-

bro de ter mais alguém com esse no-

me aqui na cidade.

- Vai me desculpar - acrescentou a voz

- mas eu sou Honório.

- Honório do que? - Perguntou Seu Ho-

nório.

-Honório Junqueira.

-Mas o que está acontecendo? Você

entrou aqui sem ser convidado, fica

escondido que eu não te vejo com os

olhos, usa meu nome e ainda quer o

nome da minha família?

- Tudo isso que você falou é meu, não

seu- respondeu o outro Honório.

-Olha aqui seu atrevido. Cai fora logo

que eu estou esperando minha esposa

e não quero ninguém para estragar

minha satisfação.

Do lado de fora, os músicos e os mais chega-

dos viam apenas o Seu Honório falar sozi-

nho, gesticulando e esbravejando sabe-se lá

com quem. O certo é que já começavam a

ficar com medo, pois na cidade não havia um

único vivo que não achava que na casa tinha

uns que eram mortos.

- Você que vá esperar em outra para-

da, pois aqui é o meu lugar de espera

e a recepção hoje quem vai fazer sou

eu. - falou aquela voz que parecia tão

doméstica.

- Quem você está esperando?- questio-

nou Seu Honório -.

- E você, a quem está esperando?

- Minha esposa, que há muito tempo

não vejo.

- E eu estou esperando a minha, que

há muito tempo também não vejo.

- Não vai me dizer que ela viajou para

tratamento médico?

- Asma.

- Mas quem foi tratar da asma foi a mi-

nha- esbravejou Seu Honório de tal

forma que na rua não ficou mais nin-

guém e a boataria pegou carona no

vento e subiu cidade afora.

- A asma é democrática, não pertence

a uma pessoa só. respondeu a voz

mantendo a serenidade.

- Mas aqui nessa casa só uma pessoa

tem asma e é uma mulher e essa mu-

lher é minha.

- Mas se a casa é minha por que sua

mulher viria ter asma na minha casa?

-Olha aqui - falou Seu Honório tentan-

do se acalmar - A asma é da minha

mulher, a mulher é minha, a casa é

minha e faça-me um favor, ou você vai

embora ou me arranja uma idéia que

me explique o que está acontecendo.

- Só pode ser uma coisa.

Os dois falaram juntos:

-Estamos falando da mesma mulher.

- O nome da minha é Cota.

-O sobrenome da minha é Junqueira.

- Mas esse é o sobrenome da minha

Cota.

(Segue)

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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- E Cota é o primeiro nome da minha Jun-

queira.

- Então nós dois estamos casados

com a mesma mulher há mais de trin-

ta anos?

-É desajuizado. Se fosse uma amante

ainda vá lá. Mas ela viveu comigo co-

mo esposa.

- E comigo também.

- Mas como pode, enganar a dois ho-

mens durante mais de trinta anos?

- E embaixo do mesmo teto?

Seu Honório fez uma longa pausa e de súbi-

to resolveu olhar pela janela. Virou-se para

os dois lados da rua e não viu mais ninguém,

nem mesmo os músicos. Como se tivesse

achado o acontecido voltou-se para o seu

interlocutor invisível:

-Descoberto. Você é um fantasma.

Não sobrou ninguém na rua, nada, só

as moscas e uma cadela vira-lata. En-

tão só pode ser isso, Fantasma. Você

é um fantasma.

-Fantasma eu não sou, pois ainda não

morri. Vai lá no cemitério e procura o

túmulo de Honório Junqueira.

- Eu sei que com esse nome eu não

vou encontrar.

- Claro, e é porque eu ainda não morri.

-Não, não é por isso. É porque Honório

Junqueira sou eu.

-Como pode ser você se sou eu?

-Espera- falou o invisível- Você pode

me ver?

-Se tivesse você sob meus olhos já

tinha te matado- Respondeu Seu Ho-

nório-.

- Mas eu estou te vendo.

- Isso só pode ser uma coisa.

-Exatamente, então eu devo ser sua

alma.

-E eu o seu corpo. Bem, isso resolve o

nosso problema.

- A Cotinha não me traiu. Ela é minha.

- De jeito nenhum. É a alma que man-

da no corpo, portanto a Cotinha é mi-

nha.

- Eu sou corpo, é minha.

-Ela é da alma.

Os dois continuaram naquela discussão e

nem perceberam que Dona Cota Junqueira

havia chegado e ao ver que seu marido grita-

va com alguém que ela não podia ver e dava

socos no ar tentando atingir o invisível, saiu

correndo e foi se juntar aos outros habitantes

que estavam todos na igreja rezando pelas

almas.

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Ateia

Por José Hilton Rosa

Apeando do lombo

Aliviando o peso

Altas horas

Alheio ao amor

Ancião pelo tempo

Aflito para o amor

Áurea feliz

Aleluia enfim

Álibi de choro

Alvéolos em chamas

Aliviados após o sono

Antenados na corte

Afilhados de batismos

Amebas abatidas

Aveias no alimento

Atinados na hora

Anciões pela religião

Ametistas no canto

Avenidas tomadas

Anistia aos veteranos

Avencas plantadas

Amenidades faladas

Ameixa no sorvete

Aviltados na sorte

Anemias no hospital

Apeando da besta

Apoiando o corpo

Azeite na salada

Avisando o atraso

Apito no transito

Autos velozes

Autoridade na voz

Amigo do tempo

A luz de uma rua deserta

Atroz é o veneno

Aviso de mãe

Azul é a cor

Atraso na viagem

Alvejando a lavagem da roupa

Aleijando o português

Arte by kumi-yamashita

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BOLO DE BANANA

Ingredientes

2 xícaras de farinha de trigo

1 1/2 xícara de açúcar 1 colher de (sopa) cheia de fermento em pó

1/2 xícara de óleo

1 colher de sopa de creme vegetal 3/4 xícara de leite de soja

4 bananas picadas em pedaços pequenos

1 colher (sopa) de canela em pó

Modo de Preparo

Misture a farinha, o açúcar e o fermento com o auxílio de um batedor de mão. Acrescente o óleo, o creme vegetal, o leite de soja e a canela, misture até formar uma massa e adicione as bananas picadas. Unte uma forma com furo no meio – para assar melhor todo ele – e leve para

assar em forno pré-aquecido em temperatura média por cerca de 40 minutos.

Fonte: https://reinovegetal.wordpress.com/

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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A enchente

Por Mariane Eggert de Figueiredo

O rio encheu tanto

Que aos prantos sorveu toda a localidade

Bicho, casa, gente

A enchente, sem piedade

com bruta voracidade o mundo engoliu

Depois, como se o rio

Num fastio ou indigestão

Deixou rastro, arrepio, destruição. Mas... que sorte: sem morte!

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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SONETO À MULHER À ESPERA DE UM POETA

Por Mário Rezende

Um poeta vai te encontrar, é certo, para descrever teus belos traços.

Para te olhar bem de perto

e para te aconchegar nos seus braços

Um poeta vai te encontrar, enfim, para sublimar as tuas linhas. Um amante tão bom assim

também nessa arte, além das letrinhas.

Do poeta fantasiado de homem bonito

vais guardar como uma bela recordação

o que sobre sua amada deixar escrito.

Não demora ele vai chegar, e da maneira que tu estás desejando

ele vai para sempre te amar.

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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Magia de amor

Por Maurício Duarte

Por tanto amor ter,

acabei me envolvendo

no manto do querer.

Mas nos trouxe separação,

nada, assim, resolvendo...

Portanto, amor ter

disso, de estar junto,

todo amor deve ter,

mas não venha dizer

que isso é ir fundo...

Por tanto amor ter

colocado naquele nosso;

esqueci de entardecer

por nós e deixar para ti,

um amanhecer colosso...

Portanto amor, ter

querer não é garantia

de continuar a ser,

nem de estar amando.

E menos ainda de magia...

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Mar de Gude

Por Oliveira Caruso

Fito a Baía de Guanabara e, em meu trajeto, vem-me uma lembrança dito-sa dos já distantes tempos de infância. O jogo de bolas de gude no chão jamais me atiçou a sede de vitórias ou a vontade de participar da emoção despertada em meus também jovens colegas.

Preferia colecioná-las e, não raro, procurava olhar através das mesmas, na esperança de enxergar o outro lado exterior a seu colorido. A água, tal qual o cristal, pode oferecer transparência ou translucidez. Isto depende de fatores diversos, como sua limpidez. Então, lembrando-me de quando mirava os olhos contra a parte cristali-na da bola azul, tenho agora a impressão de que a Baía parece uma delas.

É como se a paisagem exótica daquela linda bolinha tivesse ganho vida. Águas passam a pegar carona nas rasas brisas e nuvens, nas altas; embarcações e naves penetram no cenário; uma ponte gigante espreguiça-se, de forma a dar passa-gem a automóveis. Teria minha bola azul, num de meus lançamentos, se afastado e ganho realmente vida após tanto quicar? Teria, com a força do arremesso, colidido contra o chão e como numa explosão, liberado tal cenário dentre seus cacos? Não, sou ínfima criatura tentando seguir a serviço do criador.

Ademais, bolas azuis de gude – como várias de outras cores – normalmen-te também se dotam de uma parte branca, a lembrar espessas nuvens que “escondem” o sol em dias nublados. Aliás, o próprio céu se recobre sempre de um azul em tonalidade mais clara. Desta forma, juntando-se a imaginação descrita, pode-

se segurar uma bola azul de gude com os dedos polegar e indicador, de modo a man-ter-se o azul escuro da mesma para baixo e o branco no topo. Assim feito, aptos es-tão os que, tipo eu, consideram-se amantes do clima nublado, a sonhar com o contro-le da natureza de um modo mais puro, diferente do que o homem já faz há muito.

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REVISTA VARAL DO BRASIL

Por Silvio Parise

Realmente reconheço

Esse ser um excelente canal devido a

Visão que tem, tornando-a verdadeiramente

Imortal. Por isso,

Satisfeito estou e

Também, realmente agradecido

Aliás, poucas são as revistas que

Verdadeiramente oferecem

Assuntos que às vezes

Realmente me entusiasmam

Assim como me deixam

Livre para escrever

Demonstrando ser democrática e,

Obviamente sem frescura, é claro.

Brava, sábia e competente, daí,

Rapidamente estar crescendo

Apesar da grande concorrência que,

Sinceramente, sei que não lhe assusta, por seres

Independente em todos os sentidos... E,

Livre! Por isso estás agora celebrando seis anos de muita luta.

Parabéns Varal do Brasil e obrigado.

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O Canto do Sabiá

Por Sonia Nogueira

Todos os dias, um sabiá se posta na antena, no telhado da minha casa, e canta. Às vezes, ele canta só, um canto triste, como se chamasse sua parceira para acompanhá-lo no trinar da alvorada. Acorda as pessoas para apreciar as belezas da vida, a natureza respirando o ar, mesmo poluído, agradecer por mais uma noite, que se finge de quieta, e um dia disfarçado de felicidade. Outras veze,s seu cantar é vibrante, sua parceira responde da outra antena com uma voz de paixão, com certe-za, pela companhia do aconchego do ninho sobre a testemunha do luar.

É como se eles estivessem me chamando. Acorda poetisa o dia já rompeu as trevas, respira fundo, espreguiça-te longamente para soltar as articulações. Olha a claridade com outro olhar, não o de ontem, mas o de hoje, com toda a intensidade, pois ele passa rápido e amanhã, já é outro dia, e nunca sabemos dos seus segre-dos. Faz um poema para mim, para que o dia siga encoberto de paz e os sonhos permaneçam de pé, a esperança não acabe ao dobrar a esquina.

Bom dia sabiá amado

Teu canto me acordou

És meu ídolo esperado

Com teu canto de amor.

Pudera eu ser alado

Voar neste espaço céu

Gritar ao mundo um fado

De amor real, sem o véu,

Que cobre a face triste

Do que sem teto vive

No respingo o despiste

Como tu que voa livre.

Seu canto é música mil Ao lado doutro cantar

Esta dupla faz do Brasil Terra de música, o sambar.

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O que sei sobre mim?

Por Terezinha Guimarães

Eu durmo, acordo, canto, choro, sorrio, cozinho, limpo, lavo, passo, estudo, ensino... coisas rotineiras que soam tão fáceis. Para as pessoas que não compreendem as dimensões do cuidado de uma casa e de uma a família, parece básico demais, e olha que eu nem falei das obrigações: ser filha, es-posa e mãe, ainda tem as contribuições sociais e religiosa. Ah, já estava esquecendo, trabalho em uma empresa oito horas por dia, gasto trinta mi-nutos para chegar ao trabalho e mais trinta para voltar. Mas, tudo isso pare-ce simples demais. Nesta manhã de sábado após as compras na feira, abri a geladeira e vi que precisava de uma limpeza geral e aproveitei para guar-dar os alimentos. Andando de um lado para outro, em um certo momento parei em frente da televisão para assistir o noticiário, algo que me chamou atenção, o apresentador falava dos índices da economia do país e acabei atrasando o almoço. Meu companheiro muito simpático, reclamou, disse que não sabia o que eu estava fazendo, e porque as coisas não andavam em ritmo mais acelerado, a organização da casa, servir o café da manhã as sete horas, almoço as doze..., que eu era muito lenta e desinteressada por aquilo que era comum e importante para nós, o Bem Estar da família, era preciso ser mais audaciosa e determinada, fazer com que as coisas andas-sem mais rápido, pois qualquer atraso prejudicaria sua rotina diária. Por ra-zões óbvias, justificava meu amado, a paixão pelo futebol, torcedor fervoro-so, o jogo acontecerá logo mais tarde. Olhei para ele e pensei. É fácil ser mulher para quem não sabe o que é uma mulher e continuei varrendo a ca-sa. O meu interior queria matá-lo. Mas, nada falei, porque ainda é muito pouco o que eu sei sobre mim.

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Uma dor me morde os dentes

Dedico os desassossego aos mortos dentre

As pedras de elástico da

Construção precária

Dói-me o povo que passa

Dói-me a ditadura do bom-senso

Sinto durar plástico dentro da minha boca

: goma de mascar que

É máscara

Por Vivian Aurora de Moraes Bragagnolo

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Pescador

Por Alessandro Borges

Para ele, o rio possui segredos e vontades.

Suprem forças emissoras das centelhas da vida

O sustento e alento para todas as suas necessidades

A esperança se renovando a cada partida.

Tudo em seu redor é solene incentivo

As suas águas são essência viva e ardente,

da substância divina alimentando a beleza dos campos

Recordando os recantos mais harmoniosos e escolhidos

Imbuídos de cores, perfumes e encantos.

Por entre hinos de alegria e doçura

Nasce, renasce, esmorece num canto impoluto.

A verde alma da terra suavemente se mistura

Sob o vento veloz ao pulso bruto.

Abrindo-se em mil braços ao clarão da aurora

Sereno, calmo, e frio, em fases diferentes...

Entrega-se plácido e repetente

Aquele que às suas águas, reverente explora.

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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Caminhante

Por Nana Abud

Nos enfeites do firmamento,

meus olhos param,

por um momento,

e cerram-se, sem ver nada,

pois minh'alma

e meus pensamentos,

são cativos do pó da estrada.

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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PRIMEIROS LUGARES

CONTOS - ROSSANA AICARDI CAPRIO

CRÔNICAS - MARIA LUÍZA VARGAS RAMOS

POESIAS - SONIA CINTRA

TEXTOS INFANTIS - MARIA LUÍZA VARGAS RAMOS

MENÇÕES HONROSAS

(Sem classificação por gênero

literário e

sem ordem alfabética)

YARA DARIN

AGLÉ TORRES

BLENDA BORTOLINI

MARIA LÚCIA DE G. PEREIRA

ROZELENE FURTADO DE LIMA

CLÁUDIA CARVALHO

IZABELLA PAVESI

MARILU F. QUEIRÓZ

CHAJA FREIDA FINKELSZTAIN

MARIA DELBONI

JEREMIAS FRANCIS TORRES

MARIA EMILIA ALGEBAILE

NILZA AMARAL

ROGÉRIO ARAÚJO (ROFA)

NELCI BACK OLIVEIRA

SIMONE PESSOA

DIULINDA GARCIA

EMÉRITA ANDRADE

LÚCIA HELENA DOS SANTOS

SILVIO PARISE

CARMEN LÚCIA HUSSEIN

DEBORA PETRIN

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PELO CORREDOR DA PALAVRA

Por Aglaé Torres

Eu fui incumbido de dar-lhe vida. Arran-car da Casa-Mente.

Pelo corredor-palavra lançar à Rua-

Mundo. Uma criança. Pálida, franzina, de pernas longas e calças curtas. Um menino de olhos tristes-grandes e cabelos negros co-brindo de leve a testa. Criando-a, amei-a. E de tanto amar precisava, sofrendo, desarrai-gá-la de mim, obrigando-a à vida. Não a de-via poupar, eximindo-a deste conhecimento-

experiência. Parte de mim. Inseparável. Os-tra assustava-me à ameaça do grão de areia que, com certeza sabia, originaria a pérola. Era preciso arrancar a pérola de sua concha acomodada e aconchegante. Desvendá-la ao mundo.

Eu, criador, imperceptível no momento exato em que a empurrasse pelo corredor. Observava-a. Tateava no corredor tentando tocar. Presença pré-sentida. A porta da Casa-Mente fechada. Sem volta. Atrás dela... Não-

espaço. Não-tempo. Sonho. Fantasia. Agora Intransponível.

Diante da resistência desesperante an-siando captar a sombra salvadora, pergunto: “Vale a pena forçá-la à vida?”

Um empurrão violento. Ao fim do corre-dor, o portão abre-se. Rua-Mundo.

Imóvel, não ousa dar um passo. Desco-nhecido. Iluminação ofuscante. Carros, mui-tos carros. Luzes. Som. Vozes gritantes. Atordoa-se. Assusta-se. Ensaia um olhar. Tenta. A vida amedronta, convida, paralisa, impele. O frio interior e o exterior fundem-se. Impossível! O olhar percorre a rua sem fim, da esquerda para a direita. Em pé, na calça-da do tempo. Uma casa distrai o medo. Fes-ta. Um dia especial. Uma senhora, sorrindo, dentre as pessoas na varanda. Seu olhar transpõe a janela: “Figura estranha! A criança à beira da rua. Estrangeira?” Neo-chegada.

A imagem do criador diluiu-se no des-conhecido. Precipitada ao esquecimento.

Não me arrependia de ter entregue a minha criança ao mundo. Eu e a antiga vivência es-quecidos. Superados. Ela vivia!

A solidão triste da estátua-menino, viva, arranca o grito:

- Vem! Vem!

Carregado pelo vento, transpõe a rua movimentada. Sinais insistentes. Porta es-cancarada. Uma Mulher... Os pés descalços atravessam a rua que trepida no mesmo rit-mo do coração. Acelerado. Avança pela por-ta. Os braços alvos cruzam-se nas suas cos-tas, abraçando-o. Um calor estranho, nunca experimentado, percorre todo o corpo. Exta-siado tem a percepção do sentir. Sensibilida-de nova. Olhando, alcança os pés descalços. Vergonha. Desprende-se do corpo envolven-te. Mãos mornas acolhem dedos frios e trê-mulos e conduzem o menino ao quarto que há tanto o esperava.

Foi-se amoldando. Aprendera a Sorrir. Cantar. Falar. A descobrir o prazer. O tempo alcança rápido a maioridade. A vontade de atravessar aquela Rua enorme, de volta, apossa-se dele. Não dá mais para retornar! Precisa partir. De novo. Obriga-se a percorrer a Rua sem fim à frente. Da esquerda para a direita. Sempre pela calçada do tempo. Ca-minhando a vida.

Perdi o controle sobre o menino que cri-ei. Ele não mais me pertence. Entreguei-o ao mundo. Pela palavra.

* Menção honrosa no III Prêmio Varal do Brasil de Literatura

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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Amor Com as Entranhas

Por Cláudia Carvalho

Lento, devagar, lento, devagar.

Mais um suspiro, mais um estre-

mecimento na pele e me desvencilhei de

seus braços, joguei todo meu corpo na ca-

ma. Senti que ele também jazia inerte, respi-

ração alterada, olhos fixos no teto, molhado

de suor. Virei minha cabeça para o lado e

nos olhamos ao mesmo tempo, nos demos

as mãos.

Logo a janela de treliça á frente

nos chamou atenção. Era um belo final de

tarde e, de onde estávamos, no segundo an-

dar do chalé de madeira as arvores agitavam

-se autônomas. Eram grandes cajueiros e

farfalhavam diferentes. Talvez a musica do

Philip Glass que ele colocara especialmente

para tocar, um piano transcendental, os fi-

zessem diferentes, nos fazia diferentes.

Eu gostaria de guardar aquele ins-

tante nunca vivido antes: um amor feito com

as entranhas, místico, espiritual, um estado

alterado de consciência onde o corpo tam-

bém participava por inteiro.

Pensei: “Assim fazem amor os hu-

manos. Humanos fazendo amor como huma-

nos, uma estranha qualidade, um refinamen-

to, muito distante dos animais, muito distante

dos Neandertais”.

Queria vivenciar o amor profundo,

relevante, para poder escrevê-lo com propri-

edade. Mas naquele momento eu não deve-

ria pensar, não deveria falar, apenas o silen-

cio manteria os significados e conteria aque-

la força. Porém, os pensamentos traem e as

palavras teimam em entrar onde não deveri-

am! Não caberiam! Estragariam!

Acredito que ele tenha pensado a

mesma coisa porque nos olhamos mais uma

vez ao mesmo tempo, ele apertou a minha

mão. Foi o único gesto possível diante da-

quele mundo que já não era mais o mesmo,

diante da experiência que transforma.

Eu era o amor, ele era o amor, o

corpo continuava inerte, a alma continuava

exultante.

Havia a música, havia a brisa que

refresca, e que naturalmente leva tudo consi-

go.

Havia o medo da dor à espreita...

OS HOMENS QUANDO PARTEM

DEIXAM SUAS MÚSICAS

* Menção honrosa no III Prêmio Varal do Brasil de Literatura

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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O rufar das entranhas da Terra

Por Izabella Pavesi

Um tamborete soava inquieto na tarde de sábado nalgum lugar das redondezas. No horizonte um prenúncio de tempestade. Feve-reiro, proximidades do carnaval.

O dia escureceu. Um horizonte assus-tador. O ronco dos trovões cortando os céus enegrecidos pontuava a cadência. O compas-sado rufar das entranhas da Terra, mesclava-

se aos acordes do tamborete no movimento das mãos do sambista. O som se agitava... e diminuía num ritmo estimulante. Um belo con-traste!... Foi-se achegando um vapor quente, escaldante!... penetrando poros e frestas.

Que verão tórrido! Eu suava em bicas, empapada minha roupa grudava na pele. O calor chegara aos 40 graus pelo meio-dia e foi se infiltrando pela atmosfera, esquentando a crosta terrestre e se aglutinando nas nuvens formadas no firmamento. Imaginem... nuvens prateleiras na abóbada acima de nossas ca-sas. Esses graus acima da média iam derre-tendo cremes, mantimentos, folhagens,... co-mo se as partículas se soltassem de uma cha-pa quente. Lembrei das enchentes que asso-laram muitas vezes a casa dos meus pais em Blumenau, vinham arrastando tudo.

Os raios em ebulição entre o norte e o sul do firmamento explodiram!... Atingiram uma árvore lá longe, e depois de seguidas descargas, um deles golpeou estrondoso o transformador nas redondezas da minha rua,... e buum!... aniquilou a energia elétrica da praia do Sonho. Nosso bairro ficou às es-curas... cãozinhos choramingavam assusta-dos.

Acendi umas velas. As chamas acesas projetavam labaredas pela sala escura. E aí ele voltou... o som do tamborete suave caden-ciado num harmonioso repicar, seu toque en-ternecedor contrastando com o negrume das prateleiras em penca no firmamento, que inici-aram a cair numa grossa chuva... ameaçado-ra!... Desceu, então, a borrasca! Quanta água, quanta chuva!... Os raios continuavam a ex-plodir. A terra agonizante mostrava enraiveci-da todo o seu furor. Nos fundos da casa, um

jorro d’água descendo da calha do telhado gorgolejava jocoso. Aí ouviu-se: crrreeec-crcrcrcc... e a calha cedeu... caiu pelo chão retorcida. Nossa!... um desmesurado caos!

O sono veio acalentar-me. Apaguei as velas (solidárias!) e aconcheguei-me às almo-fadas. A energia elétrica nos postes e nas casas só retornou pela madrugada, após idas e vindas dos técnicos de plantão.

Os desmandos dos seres humanos, que não estão dispostos a cuidar desse plane-ta, está vindo à tona a cada dia que passa. Os habitantes desse lindo lugar ainda não se de-ram conta dos descalabros que agridem nos-so planeta, da efervescente ebulição que se esconde no interior da Terra. É hora de nos conscientizarmos de que está em nossas mãos a solução pra esses desvarios!... O con-torno dos lagos se modifica a cada dia, per-dendo seu precioso líquido pra uma multidão desperdiçante. Baleias estão morrendo com a ingestão de porcarias depositadas no mar pe-los homens. Incidentes dramáticos repetitivos acabarão impedindo a nossa vida no Planeta Terra! Salvemos nossas vidas!... Ainda é tem-po!

* Menção honrosa no III Prêmio Varal do Brasil de Literatura

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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AMOR ATEMPORAL

Por Maria Luíza Vargas Ramos

Era uma vez uma menina que que-ria ser bailarina, como no poema da Cecília Meirelles. Queria ser artista de circo também, provavelmente contorcionista. Ah, e ter um cavalo, andar de gôndola, conhecer o mundo, encontrar um príncipe encantado, desde que não fosse preciso beijar o sapo antes.

Casa cheia de espelhos, logo des-cobriu que aquela beleza toda que lhe atribuí-am aparecia só nos olhos (certamente cansa-dos) da avó e na bondade da mãe. Outros-sim, sua inquietude e curiosidade constantes faziam com que tivesse pernas fortes, que as sapatilhas ajudavam a tornear. Não era, por-tanto, um caso perdido; nem seria impossível conquistar o coração de um príncipe de módi-co reino, desde que fosse bonito de doer, por-que disso ela não abria mão.

Assim como no conto do Patinho Feio, eis que, num repente, nossa patinha quase feia se descobre de fina estampa, cheia de assovios pelas ruas, rebolando o que a mãe África lhe enviara através de al-gum escravo safado, lá no tempo das suas bisavós.

E barbarizou, é claro! Fez strip-

tease, top less, tudo quanto era proibido e de-saconselhável para moçoilas casadoiras. Nas boates se exibia diante dos espelhos de dar inveja às profissionais da coisa. Nas praias fazia caras e bocas, empinando o bumbum e enlouquecendo seu eventual acompanhante, que já se dispunha a andar armado por conta da namorada. Nos motéis chegava a esque-cer do parceiro de tanto se admirar no espe-lho do teto. Tava bonita a frangota!

Como diria o bom Nelson (Rodrigues, é claro), era a legítima “namorada lésbica de si mesma”.

Ninguém sobrevive de se olhar no espelho, portanto, ela foi à luta e se transfor-mou numa mulher dinâmica, vaidosa, antena-da, que forçava os olhos para ler sem óculos a fim de desfrutar da liberdade dos olhos nus.

Deu conta de tudo o que a vida lhe ofereceu e lhe cobrou direitinho, numa efici-ência até para ela própria desconhecida. Che-gou a ter três empregos ao mesmo tempo, sem deixar de dançar e de se olhar no espe-lho.

Um dia, sem aviso prévio, chegou a

aposentadoria e a menopausa. Pacote duplo, completo, com tudo o que cada um deles sig-nifica e traz embutido. E o tempo sobrou. Tempo para pensar e fazer balanços difíceis, com direito a alguns arrependimentos, porque só os inconsequentes erram e dizem que fari-am tudo igual. E isso ela não era.

Trocou os espelhos pelos livros, que sempre estiveram quase empatados, pro-movendo uma verdadeira fuga através da lei-tura, agora com o auxílio de óculos bem gra-duados.

Num desses momentos, o livro que lia “criou barriga”, ficou chato e ela, ainda de óculos, inicia um auto-exame ali mesmo, es-tendida no sofá da sala de estar. Primeiro dos pés (como enfearam!), depois das pernas (de onde surgiram esses vasinhos azuis?), das mãos, que sempre foram lindas, elogiadas e agora com a pele sem viço, encrespada e com manchas de sol.

Num ímpeto, levanta do sofá e cor-re para se ver no espelho do banheiro, deses-perando-se com a pele esquisita, de poros dilatados, tão diferente daquela que normal-mente o espelho lhe devolve, maquilada e sem óculos.

Conclui, com uma ponta grande de tristeza, que a natureza é sábia e que nos di-minui a visão na medida em que aumenta a decrepitude do corpo.

- Hora de cuidar do interior! diz para si mesma. Revigorar os valores, abandonar os vícios, aumentar a religiosidade, fazer tra-balhos voluntários, crescer como pessoa.

De repente, eis que surge um sorri-so brejeiro no espelho, que a ilumina e acen-de o brilho no olhar. Ainda bem!

Corre ao telefone: - Nelson? É, sou eu. Não morri não

e estou louca pra te ver! No mesmo lugar?

Ele também envelhecera. E muito. Mas, quando sorria, mostrava aquele outro, antigo, escondido dentro dele.

- Tira os óculos! Aqui não vamos precisar deles. Deixa que nossos sentidos aflorem, sem serem ofuscados por uma visão artificial.

E ela voltou a dançar, rindo alto, abraçada a seu príncipe encantado.

* Menção honrosa no III Prêmio Varal do Brasil de Literatura

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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O GATO GERALDO

Por Marilu F Queiroz

Minha família, o gato Geraldo e eu mo-rávamos no bairro da Bela Vista, na cidade de São Paulo. Vizinho de casa havia o açou-gue do Seu Matias, português simpático, for-te e muito sorridente que gostava de cantar Fígaro ao som das batidas das enormes pe-ças de carne no balcão de madeira ensan-guentado. Terças e quintas era um desfile de quartos bovinos pelo açougue adentro. Três homens de branco transportavam sobre os ombros sujos de um vermelho encardido, aquilo que para o gato Geraldo era a maravi-lha de seus dias felinos. Como num ritual ele se punha no peitoral da janela da sala a es-preitar aquele espetáculo. Altivo como ele só, mais parecia um bi-chinho de lã. Seus pelos com rajas brancas e amarelas terminavam com um arremate ne-gro nas extremidades, orelhas, patas e rabo. Sua cara sempre limpinha e fofa com pelos amarelados em toda a volta pareciam querer proteger seus grandes e brilhantes olhos ro-deados de pelos pretos que mais lembravam uma máscara.

De olhos arregalados, a língua lam-bendo os beiços de quando em quando, seu miado ressoava mais apagado por causa da saliva que teimava em encher-lhe a boca, pregando a cada lambida. Que sofrimento para esse pobre gato. Seu estômago roncava tão alto que se confundia com a voz de Seu Matias cantando ópera, enquanto cortava as carnes fazendo uma orquestra com os mais variados sons vindos da rua. O que se pas-sava na cabeça de Geraldo, ninguém sabia, tal era a vontade de abocanhar aquela igua-ria.

Tudo caminhava igual até que num sábado tivemos de viajar para a casa de mi-nha avó e não pudemos levar o gato deixan-do-o com ração de almoço e jantar. Era tarde da noite quando retornamos para casa e não encontramos Geraldo em canto algum. Por certo ele estaria namorando nas proximida-des, então não nos preocupamos pois ele sempre ia se encontrar com uma gatinha que morava na vizinhança. No dia seguinte de manhã, Geraldo não veio tomar o seu leite nem mesmo na hora do almoço. Muito estra-nho tudo isso. A preocupação foi tomando conta da gente. Estranhos pensamentos me passavam pela cabeça. A sensação que eu

tinha era de que Geraldo conseguira entrar no açougue e fizera a festa. Mas se fosse is-so com certeza Seu Matias já teria vindo re-clamar. Mais estranho ainda foi o fato do açougue não abrir as portas de manhã, como sempre.

Na segunda feira ao ver o açougue fechado ficamos sabendo do acontecido. A tarde quando tivemos notícias, todos falavam da coragem do nosso amiguinho e de suas façanhas. Seu Matias não abrira o açougue porque estava com Geraldo na clínica veteri-nária. Assustada corri até o local e vi o gato deitado na mesa de cirurgia sendo atendido. Então soube da história toda. Geraldo como sempre ouviu a cantoria do açougueiro e es-tranhou quando Seu Matias não cantou o Fí-garo todo. Ao perceber que alguma coisa quebrara a rotina de tanto tempo, curioso co-mo só um gato pode ser, resolveu espreitar o que achara tão diferente de todos os dias. Silencioso como se flutuasse no ar, tomou ares de detetive e assustado percebeu que haviam ladrões armados no recinto. Seus pe-los arrepiaram-se costa abaixo numa reação ao perigo, suas pupilas mais brilhantes pare-ciam dois faróis iluminando a escuridão que tomara conta do local. O gato bravamente defendera o açougue no verdadeiro sentido da frase “com unhas e dentes”.

De modo algum ele deixaria o paraíso dos seus sonhos diários ser assaltado, ora essa! Corajoso como ele só, afugentou os ladrões que correram apavorados e todo ar-ranhados, sem saber direito o que acontece-ra. Esse ato de coragem quase lhe custou a vida ou mais especificamente uma de suas sete vidas. Ficou ali deitado sem conseguir se levantar, tamanha fraqueza e indisposi-ção, até que o dono do açougue foi socorrê-

lo. Seu Matias ao encontrar Geraldo desacor-dado e ferido percebeu que o pobre gato im-pedira bravamente o assalto. Bondoso como era e agradecido pegou o gato e levou-o ao veterinário.

Depois de alguns dias Geraldo estava recuperado e cheio de si. Seus hábitos não mudaram, ficava na janela esperando o desfi-le dos homens de branco com as carnes que adentravam o açougue. Só que com uma di-ferença: agora depois do maravilhoso espe-táculo e da cantoria toda do Seu Matias, ele sabia que ganharia um prato cheinho de su-culentos pedaços de carne bem macia e cheirosa, como só ele gostava.

* Menção honrosa no III Prêmio Varal do Brasil de Literatura

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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PRIMEIRO LUGAR

Categoria CONTOS

III PRÊMIO VARAL

DO BRASIL DE

LITERATURA

Melodia de Fadas

Por Rossana Aicardi Caprio

Foi uma festa tão bonita, Papai. Obrigada! Levanta-te para que eu te dê um abraço. Aquilo das fadas foi algo magnífico. O pó lu-minoso, a lua enorme, as estrelinhas caindo sobre o lago, e tu cantando aquela melodia que parecia chegar desde um remotíssimo passado.

É tão formosa esta canção com que me nina-vas quando era pequena, se parece muito aos salmos entoados nas igrejas; às vezes até acredito que é uma espécie de canto gre-goriano, quase tão antigo quanto o tempo.

És muito sábio, sabes? Os anos nunca te afe-taram, pelo contrário, firmaram teu conheci-mento. E é tanto o que sabes! Como fizeste para aprender tanto assim, se não existia in-ternet? Como podes cantar desta maneira se não assistias ao Youtube? Não és da época dos hebreus e cristãos, és meu pai, não foste a um convento de monges, não aprendeste canto, que mistério tua sapiência. Mamãe sempre dizia que eras alguém muito especial.

Claro, as enciclopédias herdadas de geração em geração faziam sua parte, não é verdade? E o costume de aproximar-se de uma estante de livros e ler, ler muito. Aproveitavam-se os aniversários para obsequiar um bom livro, a família se juntava para comprar atlas ilustra-dos, completos, que serviam por toda a vida! Guardavam-se os livros do liceu, os quais eram sempre consultados, além de serem emprestados aos que nos precediam. E eles (sem dúvida era outra época) os devolviam ao finalizar o ano.

Como tudo mudou em tão pouco tempo, não?

Porém, voltando ao melhor da festa, te digo que jamais esquecerei o presente que, es-condido entre as glicínias do parque, espera-va que eu o descobrisse sozinha. Aquele ca-valo de balanço era tão formoso, imenso, en-quanto que eu era tão pequena. Recordo os alforjes vermelhos que se destacavam sobre o pelo marrom brilhante; sentia-me tão impor-tante quando subia nele. Desde esse dia, me balançava todo o tempo e me custava crer que tinha tanta sorte em ter tão maravilhoso presente. De minhas amigas, eu era a única, e apesar de quanto eu o queria e cuidava, sempre que brincávamos, eu o emprestava sem problema. Elas me emprestavam suas bonecas e eu me divertia; uma delas até dava alguns passos sozinha.

Nunca fiquei sabendo como conseguiste que o pó que a brisa trouxe, iluminasse aquela noite mágica. Certamente te fizeste cúmplice da lua, que nesse dia brilhava como nunca no céu límpido e cheio de estrelas.

Quanto trabalhaste para me fazer essa sur-presa.

Mamãe e suas irmãs passeando entre as ár-vores ao longe, descalças, com seus vestidos longos e de cauda, seus diademas de flores e os cabelos trançados. Eram Fadas! Somente depois de grande me dei conta que haviam sido elas.

As velas diminutas dentro das lanternas de cristal, que desde o outro lado do lago refleti-am-se na água quieta como espelho, fizeram parecer realmente, que caiam estrelinhas do céu.

Que idade eu tinha? Quatro, cinco anos, não chegara ainda aos seis, e sempre me recordo do quanto estava feliz. Obrigada, Papai! Le-vanta-te para que eu te dê um abraço.

Já se escutam os gonzos do velho portão, a tarde cai apressada, estão fechando e devo ir-me.

Com certeza as Fadas da noite estão che-gando.

Amanhã eu volto. Dá-me um abraço! As ro-sas, de tão frescas ainda estão fechadas, e exalam tanto e tão bem, que perfumam todo o recinto.

Não quero que fiques às escuras, hoje não há lua.

A vela da lanterna de cristal, na noite mágica do lago, te lembras?

Eu já a acendi.

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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Desse Cabra Eu Me Orgulho

Por Yara Darin

Ele veio lá do interior das Alagoas. Cabra ma-

cho, sim senhor! E era mesmo. Andava sem-

pre com uma peixeira na cintura. “Se mexer

comigo leva!", dizia. Felizmente, nunca che-

gou a precisar dessa violência, mas acho que

matou muita cobra! Adorava pescar e andar

pelos matos!

Tinha seu chapéu de couro, sim, sempre pen-

durado atrás da porta da sala, com aquele or-

gulho de todo bom nordestino. Bernardo saiu

da sua cidade natal, Viçosa, para “tentar a

sorte” no interior de São Paulo, montado nu-

ma carroceria de caminhão, depois de viagem

de navio até Santos. Foram longos e sofridos

dias até São Paulo e, depois, Marília.

As notícias à época diziam que a cidade de

Marília prosperava em terras ricas de café e

algodão. E foi nesta cidade que Bernardo se

instalou a convite do irmão Odilon que, im-

pressionado com o progresso, mandou chamá

-lo.

Tinha como ofício sapateiro, não sabia fazer

outra coisa. E assim começou sua vida por lá.

Seu primeiro e único emprego foi numa sapa-

taria. Seu patrão, um homem bom e amável

que o acolheu, deu-lhe emprego, alimentação

e moradia - que ficava nos fundos da própria

sapataria, até que Bernardo conseguisse arru-

mar um lugar e levar sua vida sozinho.

O tempo foi generoso com Bernardo, que

prosperava a cada dia em seu trabalho. Pas-

sado algum tempo, ele conheceu uma mimo-

sa menina de apenas 15 anos, Julieta, filha de

italianos. Paixão fulminante. Não demorou pa-

ra se casarem.

Logo vieram os filhos, no total cinco. Bernar-

do, já instalado em seu próprio negócio, como

fabricante de sapatos, vendia para toda a Alta

Paulista. Comunicava-se bem e vivia pronto

para ajudar qualquer necessitado que encon-

trava pelo caminho. Daí para entrar na política

foi um pulo.

Candidatou-se e ganhou seu primeiro manda-

to como vereador. Era eloquente e arrojado

na defesa dos mais necessitados. Essa era a

sua luta, a sua vida e a ela se dedicou de cor-

po e alma. Fez vários projetos beneficiando

grande parte da população mariliense. Um

salto para conquistar seu segundo mandato.

Assim como cativou a amizade e o prestígio

de muitos, também ganhou inimigos. Mas na-

da disso impediu que Bernardo ganhasse, nos

idos de 1960, o título de “melhor vereador do

Estado de São Paulo”, em iniciativa do jornal

Correio Paulistano. O prêmio foi recebido com

honras e aplausos das mãos do presidente da

Câmara e demais vereadores, mas Bernardo

fez questão de dividi-lo com a população, que

o chamava de “Vereador do Povo”.

Sentindo sua ascendência e a necessidade de

mais dedicação ao trabalho, candidatou-se a

prefeito de Marília. Mas o tempo já não mais

favorecia seus ideais e Bernardo foi cassado

pela ditadura em março de 1964. Adeus, al-

mejado cargo de prefeito. "O primeiro homem

cassado pela ditadura no Brasil", ele fazia

questão de dizer.

Preso, ficou incomunicável por vários meses

no Presídio do Hipódromo, em São Paulo. Pa-

ra não morrer de frio ou pneumonia, no cárce-

re dormia de costas para os amigos. Lá den-

tro, arrumou "costas quentes" e, do carcereiro,

(Segue)

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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ficou amigo. O algoz emprestava as chaves da cela para Bernardo e seus companheiros

irem ao banheiro, tomar sol, café... Onde mais veremos um preso cuidando das celas e ca-

deados? Assim era Bernardo. E, se dessa maneira terminava sua carreira política, seus ide-

ais não morreriam jamais. Muito menos o sonho de ver a democracia reinstalada no país - e

por ela continuar lutando.

Abalado pelo constrangimento que o impossibilitou de reeleger-se, resolveu mudar com a

família para a capital paulista, onde iniciou outra atividade até aposentar-se. Voltou ao interi-

or, instalando-se em Ourinhos com sua Julieta - onde veio a falecer aos 81 anos de ida-

de. Morreu feliz vendo a democracia instalada no país. Ele sabia: sua luta não havia sido in-

glória!

Bernardo será sempre lembrado pelo seu idealismo democrático, sua garra e luta férrea para

conseguir dar ao povo menos favorecido as mesmas condições socioeconômicas do resto

do país. Julieta, que amava Bernardo, que amava Julieta, com ela viveu 52 anos.

Seu corpo foi sepultado em Marília. A cidade escolhida por ele também o acolheu como filho,

dando-lhe honras e alegrias. Lá, Bernardo hoje é agraciado com uma imensa e arborizada

praça de nome "Praça Bernardo Severiano da Silva".

Ah, já ia esquecendo: ainda moço, Bernardo aposentou a peixeira e passou a resolver tudo

com uma boa conversa. Dizia: “Marília me civilizou".

Se eu tenho orgulho desse homem cabra macho? Tenho e muito! Ele é meu eterno e ines-quecível ídolo, ele é meu pai!

* Menção honrosa no III Prêmio Varal do Brasil de Literatura

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TROPEÇOS

Por Chaja Freida Finkelstain

Naquela manhã um suspiro leve a fez sentir que seria um dia diferente dos de-mais, um sintoma, um breve anúncio que a vida existe e é... Um telefonema sem muita fala denunciou a vontade de se encontrarem. Não tardou o retorno... marcaram e se viram. Havia tempos que ansiavam pelo momento, o relógio anunciava que os minutos eram preci-osos e não poderiam desperdiçá-los, só os que amam podem perceber em sentido lato, a precisão de tais segundos... E o tempo cor-reu... deixou-os no ar, sem chão e sem pare-des. Amar na expressão maior da palavra, amar e sorrir. O sorriso doce dos amantes realizados, amparados pelo prazer.

Na despedida uma promessa por parte dele, que precisariam abreviar a distância, deixou para ela tal responsabilida-de. Sua agenda seria organizada providenci-ando o detalhe. Apressadamente ele vestiu-

se, pois precisava trabalhar... ela também fez o mesmo após um chuveiro. Pena que tais momentos necessitem de um sorvimento maior. Deixar a água correr simplesmente sobre o corpo, sobre a alma, deleitar o pra-zer.

O dia foi belo para ambos, viri-am beleza em tudo, estavam inebriados, na-da poderia interferir... exceto o “day after”. Aliás, à noite que antecede o dia, já traz con-sigo a dose de carga necessária para o ques-tionamento... a situação não era cômoda, nem para ele e muito menos para ela. Que fazer? Conciliar seria a saída, mas, diga-se de passagem, impossível. Tomar uma deci-são... quando o que se mais quer é protelar... Céus vocês conspiram e deixam aos que amam uma lição comprida com desfecho in-feliz... é a regra... sem via... sem aceno e sem olhar para os lados.

Assim sobra muito pouco, um exercício de sobrevivência, escolha jamais afetiva, decisão puramente racional onde o personagem central aposta nos demais que o rodeiam. E sai perdendo... perdido e sem identidade. Quem sou eu? O que quero? O que farei? A resposta vem agregada na cons-ciência maldita que nada farás, porque sua vontade depende diretamente e indiretamen-te daqueles a quem você cuida e vive cerca-da.

Bela ditadura, que inverte o seu discurso de vida escrito, falado e pensado. Ah! Melhor seria sumir, pois a saída almejada jamais encontrará... e na tentativa de repas-sar os sonhos eles conversaram na noite se-guinte, mas ele já estava diferente. Um dis-curso cruel e agressivo, à medida que ouvia as ponderações dela, uma fala simples e real, onde expunha suas dúvidas, seu desnorteio e confirmava seus sentimentos. Envolvida até a alma, era como se encontrava, nada sobra-va... precisava de cumplicidade, de uma mão amiga, de um sinalizar concomitante que não naufragaria sozinha. Um assentimento que a faca possuía dois gumes... um dizer “estou contigo” apenas isso.

O que ouviu... seus ouvidos do-eram, a razão balançou e dos olhos uma lá-grima pesada rolou. Anunciando o rompimen-to brusco e necessário... a estrutura estava errada, o começo com tropeços, e os senti-mentos tomando conta de ambos. Certeza do que o outro sente? Jamais ela teria... e seu comunicado foi contundente, como um es-pectador sem compromisso algum com o fil-me visto. Apenas investindo seu ingresso na entrada... o mais que poderia amargar era tão mínimo frente ao que ela passava.

Pobre menina, mulheres tem mais facilidade para dizer o que sentem, para chorar, para olharem dentro de si e declarar a dor infinita... foi o que ela fez... e ele exata-mente ao contrário.

Retirou-se do cenário, batendo o telefone, pedindo que ela o apagasse de sua memória com uma simples borrachinha, e foi fundo em sua ironia, não levaria muito tempo para tal, que não se preocupasse afi-nal ambos tinham famílias para se dedicarem e a quem dariam prioridade a partir de então.

Tudo estava claro, tudo estava entendido, assim ficariam as coisas... o palco o deixaremos para trás com o cená-rio+personagens, deixaremos que fique co-berto de pó, até que jamais saibam o que ali se passou. Um romance a mais... que dife-rença faz?

O que ela precisa saber, o que ela precisa encontrar é um meio de cobrir a ferida aberta e não expô-la, guardá-la num livro cujas memórias só a ela pertencerão...

* Menção honrosa no III Prêmio Varal do Brasil de Literatura

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QUANTAS MENTIRAS ESCRITAS EM UM TÃO PEQUENO ESPAÇO!

Por Jeremias Francis Torres

A única coisa verdadeira é a foto-grafia terrível, horripilante!

Todo o resto, não passa de hipo-crisia barata!

Assim, apesar de tantas leis, tudo isso que está escrito em um maço (carteira de cigarro) é propaganda enganosa de um modo menos prejudicial de viver e é claro, de morrer! Com efeito, vide a bula: “ingredientes básicos, mistura de fumos, açúcar e papel de cigarro!”

Quando na verdade, deveria existir na tal de “misturas de fumos, o que contem nessa tal mistura, a quantidade de veículos cancerígenos, gases tóxicos, malefícios a sa-úde ao meio ambiente, as grávidas, as crian-ças, etc.!

Continua: “alcatrão 0,8 mg; Nicoti-na 0,7 mg e Monóxido de Carbono 7 mg...” E mais adiante: “este produto contem mais 4.700 substâncias tóxicas” (precisa-se enumerá-las uma a uma, ora, crie-se uma espécie de bula).

E mais a frente o principal dispara-te: “causa dependência física ou psíquica!” Não, não causa dependência física “OU” psíquica não!

Causa dependência física “E” psí-quica”!

Ou seja, atua diretamente no físi-co, no mental e na psique, a qual tem tudo a ver com a essência mais sutil do indivíduo, sua alma!

Mas, a verdade é uma só, o vicia-do, não vai perder tempo para detectar os níveis de contaminação a qual é submetido, com uso continuado do veneno, chamado ci-garro! É tudo de caso pensado!

Mais chocante que essa fotografia de um indivíduo com gangrena é difícil haver outra, mesmo a impotência sexual, não é tão desestimulante para o fumante, na verdade, o sujeito, após dominado, pouco importa o que vai acontecer, desde que trague mais uma baforada de fumaça! A experiência me

ensinou!

E tem mais, pelo menos para mim, não há que se falar que aprender fumar fora fácil, foi muito difícil: tontura, ânsia de vômito, dor de cabeça... até que finalmente, “através de muito persistência”, eis “ele” instalado! Depois, para ser eliminado, o “vício” de fumar da trabalho demais!

No entanto, a indústria de tabaco e outros, inteligentemente, preferem massificar a propaganda em cima do efeito, do que in-vestir em mecanismo para combater a causa, por exemplo: “não comece, senão nunca mais vai conseguir parar!”

Ou: “cuidado, esse pode ser seu primeiro e último trago, não inicie essa guerra contra você mesmo!” O sofrimento re-servado àqueles que iniciam fumando e so-nham em parar reclamando não tem fim!

Somente a falta de visão (e per-doem a franqueza), a total falta de amor a si próprio e ao semelhante, pode conduzir um homem ou uma mulher a um caminho tão inóspito.

Portanto, essas “frases de efeito”, montadas a partir de um acordo entre partes, não produzem nenhum efeito prático, aos apaixonados pelo tabaco, aos provadores do fumo!

“Fumar , pode causar dano ao seu pulmão!” E daí?

* Menção honrosa no III Prêmio Varal do Brasil de Literatura

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PRIMEIRO LUGAR

Categoria CRÔNICAS

III PRÊMIO VARAL

DO BRASIL DE

LITERATURA

NAMORADOS

Por Maria Luíza Vargas Ramos

Perdoem-me os casais mais velhos, juntos há tanto tempo; os casais casados, engolidos pela rotina e os casais que nem são casais de verdade, apenas fazem “pose”.

Hoje quero falar para os namorados de ver-dade, aqueles que nem precisariam de um dia especial para se beijar mais e pouco es-tão ligando para a data, ou para fazer progra-mas mirabolantes, ou trocar presentes caros inventados e sugeridos pelo comércio e pela mídia.

O verdadeiro namoro tem a duração da pai-xão, é embalado pelos hormônios e apimen-tado pelos cinco sentidos. Depois disso, as-sume nomes vários, se transfigura em senti-mentos outros, mais serenos, mais cúmpli-ces, mais duradouros, no entanto, já não é namoro, é outra coisa.

O namoro requer contato físico e espiritual, beijos constantes, toques, arrepios, mãos en-trelaçadas, corações disparados, olhares, sorrisos, lágrimas, abraços de polvo, vontade de apagar o mundo e viver dentro daquele abraço.

No namoro a fome vai embora, a sede aca-ba, o eixo é perdido para sempre. Vive-se um redemoinho de sensações, completamente fortes e prazerosas e tudo o mais fica em se-gundo plano.

Cartas choradas, bilhetes incendiários, músi-cas compartilhadas, lembranças, sabor cons-tante de “quero mais”.

Amar para viver e viver para amar, cafona como letra de bolero, mas a essência de um verdadeiro casal de namorados.

O tempo que voa quando juntos e se arrasta, indolente e sádico, quando estão separados.

A magia da chuva, do sol, do tudo e do nada emoldurando um sentimento e um encontro que resume a essência da vida.

Namorar é bom demais! Quem nunca experi-mentou essa entrega, essa alienação do mundo e das suas pequenezes, quem nunca se entregou a um amor assim, permitido, ou proibido, quem nunca estremeceu só de lem-brar, suou frio e quente, mordeu os lábios, encheu folhas e folhas com um só nome, per-deu o sono, a hora e as estribeiras... não sa-be de nada! Vai passar pela vida achando que aquela coisa morna e conveniente é o máximo que poderia viver.

Quem namorou de verdade, mesmo que pas-sem mil anos, vai guardar o sabor, vai sorrir ao lembrar, vai arrepiar a alma com as recor-dações e se sentirá muito mais apto para vi-ver os demais sentimentos inerentes à condi-ção humana. Todos ótimos, todos necessá-rios, mas nenhum tão forte, tão intenso e inesquecível quanto aqueles do tempo do namoro.

Parabéns aos namorados no seu dia!

Aproveitem!

Incendeiem!

Não importa se vai durar, desde que cada segundo se eternize!

E não economizem nos beijos, esses beijos devoradores do namoro, porque sentirão falta deles pela vida afora!

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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Tomando decisões

Por Maria Dalboni A vida lá fora parecia que seguia igual, da janela onde se encontrava, Sabrina podia ver quase toda a vila, sua casa se encontrava quase no fim da rua, e era uma das menores. As luzes nas casas, a ornamentação dos jar-dins, uma pessoa que caminhava devagar, um cão latindo, tudo parecia igual, normal, nada poderia denunciar o drama que ela es-tava vivendo. Enquanto olhava seu filho que dormia Sabrina começou a repassar na me-mória, sua vida:

Ter um bebê fora opção, era uma escolha de vida, feita há muitos anos. Ainda adolescente Sabrina acalentara o sonho de um bebê, par-te de uma família numerosa ela não concebia a vida sozinha, ter o ventre seco, morrer sem dar frutos seria um castigo. Os namorados vieram, e um após outro apresentaram um defeito, uma característica que os excluíam da tarefa de paternidade, pelo menos para o seu filho – tão sonhado. A ambição de Sabri-na não era grande, não era nada especial: um marido, de quem ela gostasse, não preci-sava ser bonito, mas ser homem honesto, trabalhador, de boa índole e boa saúde. A saúde não era fator raro, mas o trabalho e o caráter estes foram excludentes – e o marido não aparecia. O tempo passava e o relógio biológico de Sabrina começava a dar sinais do fim de vida útil de seus ovários e das condições de ter uma gestação saudável – ela precisava de uma atitude. Ela tinha duas escolhas, o banco de sêmem ou decidir por alguém conhecido para ser o pai biológico de seu filho, sem compromisso afetivo, e ter assim uma produção independente. O banco de sêmem não fornecia os dados comporta-mentais, apenas os físicos, e ela fazia ques-tão de conhecer o caráter do pai de seu filho, pois tinha certeza do poder da genética. Convidou um amigo para jantar em sua ca-sa. Providenciou entradas, massas e vinho. Pensando, na quantidade ideal de bebida que o amigo deveria ingerir para se dispor, sem perceber, a ser seu parceiro sexual, Sa-brina começou e se mostrar sensual, a se acercar, como por distração, a brincar de to-car, incentivando que ele a tocasse – tudo por brincadeira. E o amigo sem se dar conta entrou no jogo, e acordou na manhã seguinte

na cama de Sabrina. Contornando a situação Sabrina disse que eles haviam bebido muito, e que era melhor esquecer o que havia acon-tecido, que ela em verdade já nem se lembra-va direito do que eles haviam feito, sim, o melhor era fazer de conta de que não havia acontecido nada. E nove meses depois nas-ceu Daniel. Nasceu e crescia isolado – Sabri-na pensara que o melhor seria evitar trans-tornos, fugir das explicações de quem era o pai, ou pior – da possibilidade de o pai requi-sitar o direito de paternidade. Mudou-se para o interior. O único contato era o telefone de seus pais. Mas um fantasma rondava sua vi-da – Daniel tinha uma saúde debilitada. E na-quela manhã, véspera de seu aniversario, ele amanhecera febril. Sabrina o levou ao hospi-tal. Depois de consultarem os exames anteri-ores e de refazer alguns, veio a suspeita de uma coisa séria, assombrador – Leucemia. Era preciso levá-lo a Belo Horizonte e com certeza operá-lo, encontrar sangue e medula compatível – a mãe, o pai, irmãos, o médico adiantara, não podiam perder tempo. Irmãos não havia, a mãe não possuía sangue com-patível – ela já sabia, só restava apelar para o pai. E onde estava o pai agora? E como dizer a ele do filho, e de sua necessidade de salvar a vida deste filho, do qual ele nem sa-bia da existência? Olhava para seu filho relu-tando, mas já sabia que decisão tomar, era a vida de seu filho e ela precisava de suas for-ças e determinação – iria convencer o pai.

Pegou o telefone e ligou para alguns núme-ros. Pronto! Aí estava o telefone dele, relutou. Ligou. Era madrugada, fim de semana, e ele estava meio bêbado, não entendia o que ela falava e repetia – Bom saber de você, felici-dades – um filho? Parabéns, abraços para ele. Sabrina começou a se desesperar – des-ligou. Ligou para uma amiga, e contou toda sua história, pedindo que fosse atrás do pai de Daniel e lhe contasse do filho e de sua do-ença. Em poucas horas parecia que o silen-cio de anos havia se transformado em trovoa-das, o telefone não parava de tocar, todos queriam noticias e antes que a noite termi-nasse sua sala estava cheia de gente, e lá estava o pai. Parecia uma festa. Meu Deus, pensou, que o amanhã seja realmente uma festa, a nossa festa, um lindo aniversário – um novo nascimento para Daniel.

* Menção honrosa no III Prêmio Varal do Brasil de Literatura

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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UMA LUZ

Por Maria Emilia Algebaile

Uma luz tímida teima em chegar aos meus

olhos bem devagar, bem devagar, contrarian-

do as leis da física que, soberbamente, clas-

sificam sua velocidade em 299.792.458 me-

tros por segundo. Aquela luz, lá no fim do tú-

nel, que eu tanto esperei para ver, chega se

arrastando, com muito boa vontade de minha

parte, diga-se de passagem. E agora vem o

Google a me dizer que a luz possui uma velo-

cidade, como diria Caetano Veloso, “uma ve-

locidade estonteante”, simbolizada pela letra

C, do latin “celeritas,” que significa velocidade

ou rapidez! E o que é que eu faço com a mi-

nha percepção? E o que é que eu faço com

meus olhos e minha cabeça, que teima em

não funcionar no compasso do meu coração?

Corto fora? Como uma descoberta puxa a

outra, hoje sei, por exemplo, que esta tal ve-

locidade pode ser modificada, dependendo

do meio material por onde ela deverá passar.

Não é o máximo? Isso talvez explicasse o

arrastar-se de minha razão na busca por res-

postas tendo um fio tênue de lua minguante a

clarear minhas ideias. Assim, a celeridade da

luz será maior ou menor se ela atravessar um

vidro, o ar, a água ou as minhas pobres reti-

nas fatigadas. Mas se a luz sair do vácuo e

percorrer um outro tipo de material, diminuin-

do sua velocidade, ao retornar ao vácuo, ela

reassumirá sua velocidade C. Então, o que é

que eu faço com esses pensamentos recor-

rentes que teimam em viajar por outras ban-

das mas que, invariavelmente, retornam ao

vácuo que se tornou a vida? E tome de luz! É

luz papo-reto! Em meios homogêneos e

transparentes, a luz se propaga em linha re-

ta. Por este princípio, estaria explicado, en-

tão, por que minha sombra, às vezes, me as-

sombra e, outras, se adianta à minha passa-

gem, como uma nuvem que, por fim, vai in-

terferir na minha trajetória, como se o passa-

do viesse adiante? Essa linha reta da luz en-

tra numa montanha russa quando me encon-

tra e sai quicando feito pedrinha na lagoa até

afundar na água. Isso explicaria o motivo pe-

lo qual vejo tudo embaçado, nebuloso? Qual

será a verdade a que devo me apegar para

admitir que vejo sim uma luz tímida que teima

em chegar aos meus olhos bem devagar,

bem devagar????

* Menção honrosa no III Prêmio Varal do Brasil de Literatura

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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A CASA AMARELA

Por Nilza Amaral

Não fora sempre amarela. Houve tempos de

janelas azuis e paredes brancas, Brasil colo-

nial, tempos de café com leite, grandes jar-

dins, luz da lua refletindo no lago dos marre-

cos.

Então os latifundiários discutiam o preço do

leite a alta do café, os leilões se sucediam

entre as paredes do salão nobre, o nelore

desfilava com garbo, as mulheres se apre-

sentavam com a imponência dos poderosos,

e tudo transcorria regado a champanhe fran-

cês e risadas estridentes. O tempo passando

sem grandes transformações a não ser a da-

ta dos leilões.

Entretanto, o tempo desbotou o azul das ja-

nelas, o dinheiro migrou para outras fontes, o

branco das paredes encardiu, as risadas de-

sapareceram deixando um eco no tempo. Os

migrantes achavam um bom lugar para se

acomodar. Perto da rodoviária, poucos pas-

sos para arrastar o peso da mudança, enfim

um lar semi destruído pelo tempo, canos en-

ferrujados, e sombra da lua entre as nesgas

das palmeiras imperiais já não tão imponen-

tes. Cada um pintava seu pedaço do colorido

que mais agradava, e o casarão dos tempos

áureos transformava-se na colcha de reta-

lhos remendada de todas as cores. Os desfi-

les já não eram tão elegantes e o odor da ca-

chaça se espalhava pelos longos corredores

fazendo eco às risadas dos fantasmas e ao

choro das crianças com fome. A cidade cres-

cia, fervilhava de más intenções, a população

transmutava, exigia direitos sociais, O casa-

rão resistente, mas decadente, de um azul

naval, reminiscências da era farta, encarnava

os herdeiros dos tempos idos, marcando a

casa grande com a cor de seu brasão. A

pensão central era cômoda para os estudan-

tes que vinham de fora, trabalhavam meio

período no centro, noitinha, dirigindo-se para

o pressuposto lar, e logo saindo apressados

à cata do bonde circular, cadernos sob os

sovacos em busca dos bancos escolares.

Tempos de alfabetização de adultos, cidade

crescendo, centro da cidade deteriorando,

bairros enriquecendo, periferias pobres domi-

nando as circunferências da cidade. Outros

tempos, outras casas, tempos de apartamen-

tos. Grandes construtoras, árvores sendo de-

cepadas, palmeiras imperiais saindo de mo-

da, mas a casa resiste. Há herdeiros vivos,

porém senis. O único que sobrou lembra-se

apenas de que o sol era quente e amarelo. A

casa amarela, lar de idosos entre arranha-

céus, prevalece. À noite ao som dos motores

dos carros, os idosos sentam-se nos jardins

da casa grande e apreciam a sombra da lua

entre as nesgas dos prédios.

Uma árvore de Natal cria luzes na varanda

machucada.

* Menção honrosa no III Prêmio Varal do Brasil de Literatura

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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As flores no meio do caminho...

Por Rogério Araújo (ROFA)

Na vida, como diria um famoso ditado

popular, “Nem tudo são flores...”. E, infeliz-

mente, é a mais pura verdade.

Vivemos num mundo onde encontra-

mos ao invés de muitas flores, muitos espi-

nhos pelo caminho. Espinhos que machu-

cam, perfuram a pele e até mesmo a carne

mais profunda, sangrando e deixando cica-

trizes.

Percebemos o quanto a trajetória se

torna sinuosa ao passar pela vida como se

fosse uma trilha de aventureiros. Um desafio

em tanto que, muitas vezes, mais parece

não ter saída de onde está.

E, onde estão as flores no meio de

nosso caminho, parafraseando o grande po-

eta com suas “pedras”, Carlos Drummond

de Andrade? Que elas existem, existem...

As flores precisam ser notadas, com

a beleza e cores mais diversas que embele-

zam uma senda tão tortuosa.

Flores que exalam seu perfume que

contagia a alma e transforma tristeza em

alegria, desânimo em força e mau humor

em sorriso.

Ah, se todos notassem mais a vida e

prestassem atenção nas flores pelo cami-

nho... tudo seria diferente para bem melhor!

Vamos viver mais o que a vida nos

reserva de bom e parar de perceber apenas

o ruim. E as flores irão embelezar nossa vi-

da assim como traz alegria para quem as

recebe com um buquê.

Mesmo que tudo pareça um deserto

árido e sem vida alguma, sempre há uma

semente a brotar, um pequeno botão que

vira uma grandiosa e deslumbrante flor que

a vida nos oferece, com a permissão de

Deus que a criou e a regou.

Viva as flores em nosso caminho!

* Menção honrosa no III Prêmio Varal do Brasil de Literatura

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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Eternidade

Por Carmen Lúcia Hussein

Os que se amam

Não se separam

Estão l igados pelo amor

Pela af inidade da alma

Pelo pensamento

Pelos interesses

E pelo respeito às diferenças na forma de ser

Os que se amam

Não se separam

Estão l igados pelo amor

Na vida

Mesmo com a distância

No espaço e no tempo

Estão entrelaçadas suas almas

Os que se amam

Não se separam

Estão l igados pelo amor

Não é só o corpo

Que está próximo e unido

No espaço e no tempo

Estão l igados pelo amor

Os que se amam

Não se separam

Estão l igados pelo amor

Não há passado, nem presente nem futuro

É a eternidade no tempo

Estão l igados pelo amor

Inf inito e eterno.

* Menção honrosa no III Prêmio Varal do Brasil de Literatura

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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Flores

Por Débora Petrin

Mesmo com sua ausência, a alegria incessante se faz nas chamas das luzes

Girando, rodando, homenageando, a personagem mais ilustre que conheci

Sem ser de livros, sua figura grandiosa se tornou célebre

Em trajes elegantes, dançando ritmos, e todos ao fervor de amor

Explodiu a generosidade gratuita, com encanto de uma Santa

Nos resta o campo florido com aromas mil

Flores que ofertou de seu coração, durante 73 anos, circundam nossas vidas

Celebremos a honra de compartilha-las, macias, perfumadas, e sem espinhos.

Beijando nossa tristeza, e acariciando a esperança, em nascer novas florezinhas

De

PAZ.

* Menção honrosa no III Prêmio Varal do Brasil de Literatura

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ICEBERG

Por Diulinda Garcia

Ser feliz um iceberg

para muitos inalcançável

embora desejável...

Se enquadrar

tal qual manda o figurino

numa vida feijão com arroz

seguindo regras

contratos...

Trabalhar, casar

ter filhos morrer e ir pro céu

sem ousar tirar o véu

pisar na porta do inferno

rasgar o script...

Subir no palco

mesmo sem texto

dizer-se...

A loucura amordaçada

saber-se.

* Menção honrosa no III Prêmio Varal do Brasil de Literatura

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GRATIDÃO

Por Lúcia Helena dos Santos

Poder celestial que se tem em mãos Nascente de um rio fluente,

Para agradecer os momentos de pura emoção, Por todo o ser que um dia presente,

E nas horas de aflição, Estendeu a mão com precisão,

Que é recebida pela Interdição, Sem medir a extensão,

Ouvida com muita atenção, do infortúnio que passou em vão,

Asserena a alma com profusão, que causou profunda comoção,

Banha com unção, paralisando a uma reflexão,

A oração que é feita de coração. Com ênfase ao ponto de partida,

Estação do verão permanente para uma nova redenção.

De quem nunca se esquece,

Dos pais que deram a vida

E a educação,

O peito de alimentação,

Os primeiros passos para a condução

De boa instrução,

O bê-á-bá como formação,

Ajuda para levantar do chão,

Para não caminhar na contramão,

E seguir em frente,

A receita da vida com exatidão.

* Menção honrosa no III Prêmio Va-ral do Brasil de Literatura

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As orquídeas

Por Nelci Back Oliveira

Como são belas as orquídeas!

É a natureza em flor.

As árvores se encolhem de frio.

As orquídeas se vestem de cor.

Como são belas as orquídeas!

Flores de todas as cores

e de todas as formas.

As orquídeas revelam amores.

Como são belas as orquídeas!

Nas árvores, nos potes,

no altar da igreja

e na bota da vovó.

Como são belas as orquídeas!

Enfeitam o jardim.

Também enfeitam o poema

do início até o fim.

* Menção honrosa no III Prêmio Varal do Brasil de Literatura

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Literatura

Por Sílvio Parise

Aprecio imensamente a Literatura

juntamente com os seus criadores

porque, amo as letras onde os valores

realmente se encontram presente, ensinando assim toda gente,

principalmente aqueles

que, verdadeiramente têm sede

de aprender, para então, repassar a Literatura que sempre está

pronta para nos ensinar. Por isso à fundo sigo

a Literatura que tem sentido

pois, infelizmente sei, que nela também encontramos lixo.

Daí preferir a Literatura

que realmente não fere, portanto não descrimina.

Porque quero ser como os vultos

que até hoje são lembrados, revelando um quadro que muito me anima.

* Menção honrosa no III Prêmio Varal do Brasil de Literatura

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PRIMEIRO LUGAR

Categoria POESIA

III PRÊMIO VARAL

DO BRASIL DE

LITERATURA

SEMÁFORO

Por Sonia Cintra

Sentadinha na pedra

nariz escorrendo

vestido apertado

sapato florido

de barro

olha a menina

o rio que passa

debaixo da ponte

olha a menina

o céu que basta

por cima de seus

cachinhos melados

num intervalo

curtinho

entre o vermelho

e o verde

do sinal amarelo

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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A Conversa dos Livros

Por Blenda Bortolini

Sempre há em toda biblioteca um livro de capa dura, sem desenho e muito grosso. Raramente uma criança o lê. Também exis-tem os livros clássicos de contos infantis, muito antigos, e a maioria das crianças já os leram.

Os livros de drama e um livro de ro-mances não são muito apreciados ainda na infância, e nas estantes ficam sempre pertos. Eu estava sentada lendo um livro, quando pude ouvir a conversa dos outros livros, que estavam reclamando. Sempre gostei de ouvir as lições que cada livro nos ensinam. Mas dessa vez, o que eu ouvi era muito diferente. E muito interessante.

─ “Alguém já o leu hoje?”, perguntou o Livro de Capa Dura e Sem Gravuras.

─ “Ainda não... E você?” , respondeu o Livro de Contos.

─ “Leram algumas páginas, mas me deixaram em cima da mesa. Acho que não tenho graça para as crianças. Não tenho de-senho, nem figuras”, falou o Livro da Capa Dura Sem Gravuras.

─ “Não é diferente comigo! Já sabem. Afinal, não querem me ler de novo”, falou o Livro de Contos.

─ “Eu não suporto essa a poeira. At-chim!!”, espirrou o Livro de Capa Dura.

─ “Por que as crianças não nos le-em?”, perguntou o livro de drama para o li-vro de contos antigos.

─ “Leem, sim!”, disse o livro de contos. ─ “Se elas soubessem que nós, os li-

vros de drama, as levamos a tantos lugares, nos leria todos os dias. Viajamos afora, além das fronteiras, e tocamos nos sonhos.

─ “Ah, que coisa linda! Acho que você tem ficado muito junto do livro de romance”, comentou o Livro de Capa Dura.

─ “Olhe aquela revista. Parece tão de-siludida!”, estava o Livro de Conto contando a vida de todos da biblioteca. “Acho que foi rasgada uma das suas páginas.”

─ “Ontem eu vi um livro de drama cho-

rando. Acho que alguém amassou uma folha ou fizeram nele uma orelha enorme”, obser-vou muito bem o Livro de Capa Dura.

─ “Eu detesto ter orelha e ficar amas-sado. Tem gente que pensa que perdemos o nosso valor”, falou o livro de anotações.

─ “É verdade! As pessoas acham que só por estarmos amassados ou manchados, perdemos o conteúdo. Somos retirados e lan-çados fora e não serviremos pra ninguém” disse o Livro de Drama.

─ “Olhem só para o Livro de Anota-ções! Ele é o livro mais lido por aqui”, comen-tou o Livro Romântico.

─ “Que graça tem em ficar lendo ano-tações? Prefiro os livros de contos...”

─ “Deixe de ser invejoso! As crianças gostam muito de você. Não precisa recla-mar”, observou bem um livro de leis.

─ “São tantos livros! Alguns ficam cheios de poeira e teia de aranha. Não acho justo!”, reforçou seu comentário o Livro de Contos.

─ “Você viu os livros de leis? Até hoje nenhuma criança o leu. Ha ha ha!”, comenta-va e gargalhava o Livro de Piadas. Ele deve estar se achando muito injustiçado..

─ “Engraçadinho! Acho isso muito tris-te. Snif, snif!” começou a chorar o Livro de Drama.

(segue)

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BOLO DE BANANA SALGADO

ingredientes:

• 01 kg de banana da terra

• 500g de carne moída

• 02 caixinhas (200g) de creme de leite Camponesa

• 50g de queijo coalho

• 1⁄2 pimentão verde

• 02 tomates sem pele e sem semente

• 01 cebola pequena

• 02 dentes de alho

• Azeite para refogar

• 02 pitadas de curry

• 150g de bacon magro

• Sal a gosto

• 15g de farinha de trigo

30g de manteiga Camponesa

Modo de Preparo:

Frite o bacon até ficar bem crocante, tire o excesso de óleo. Reserve.

Parta as bananas ao meio e coloque-as em uma panela, cubra de água e deixe cozinhar até ficarem bem macias. Retire da água e amasse bem, acrescente o creme de leite e envolva bem formando uma massa homogênea. Misture o bacon picado à banana amassada.

Pique as cebolas bem pequenas, o pimentão e o alho. Aqueça uma panela, acrescente o azeite e refogue a ce-bola, o alho e o pimentão. Coloque a carne e frite até fi-car sequinha, ponha o curry e envolva bem. Antes de desligar coloque os tomates picados em pedaços peque-nos. Acrescente o creme de leite à carne e reserve.

Pegue um refratário, unte com manteiga e a farinha e dis-ponha a massa de banana no fundo e nas laterais. Colo-que a carne e cubra com a massa da banana. Ponha o queijo coalho ralado e leve ao forno médio até dourar. Retire e sirva quente.

Fonte: http://www.embare.com.br/

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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─ “Vocês não sabem, mas os livros de ação fazem o maior sucesso entre as crianças”, interrompeu o Livro de Suspense.

─ “Não me diga?!”, falou o Livro de Anotações. “Eu preciso anotar isso!” ─ “Sim! Em vez de ler algo mais interessante”, reclamou o velho Livro de Contos de

novo. ─ “Eu ainda acho que você está com inveja deles. Mas por que isso? Você é tão queri-

do!”, defendia o Livro de Leis. ─ “O Livro de Romance é tão sensível e nem sempre as crianças o lê”, suspirou o Li-

vro de Drama. ─ “Ah, não! Você também. Chega, Drama”, reclamou o Livro de Capa Dura.

─ “Olhe, uma criança entrou! Vamos gritar para que ela nos vejam? Tem livro para to-dos! Somos diferentes, mas somos legais!”, gritava o Livro de Leis. ─ “Oi criança! Estamos aqui, aqui.” “Acho que elas não nos ouviu!”, falou o Livro de Drama.

─ “Xiii! Acho que ela não nos ouviu mesmo”, respondeu o livro de capa dura. ─ “Não acredito que elas preferem ficar no computador!”, falou o velho Livro de Con-

tos, indignado. ─ “Por que elas não vêm todos os dias por aqui?! Assim, todos nós seriamos lidos”,

falou o Livro de Capa Dura. ─ “Quem mandou ser um livro grosso?”, falou o Livro de Contos. ─ “E você? Cheio de estórias...”, retrucou o livro duro. ─ “Epa! Sem violência. Vocês não são livros disso! Vamos continuar esperando por

uma criança”, defendia o Livro de Leis. ─ “Por favor, alguém me leia!”, terminou a conversa com um clamor o Livro de Drama.

Os livros da biblioteca parecem que querem muito serem lidos. Então, crianças, leiam um pouco de tudo. Assim, eles não ficarão reclamando o tempo todo.

* Menção honrosa no III Prêmio Varal do Brasil de Literatura

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UM CANTO DE PAZ

Por Emérita Andrade

Um navio de guerra

Vai cruzando o mar

E os golfinhos seguem

Fazendo mesuras para o comandante

Pedindo-lhe paz.

* Menção honrosa no III Prêmio Varal do Brasil de Literatura

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PRIMEIRO LUGAR

Categoria TEXTOS

INFANTIS

III PRÊMIO VARAL

DO BRASIL DE

LITERATURA

A CONCHINHA BAILARINA

Por Maria Luíza Vargas Ramos

Pirueta era uma linda conchinha cor de rosa que vivia numa praia cheia de pei-xes, conchinhas e estrelas do mar.

Sua mãe tinha sido uma grande bailarina e ela também adorava dançar!

Como conseguia respirar dentro e fora da água, Pirueta dançava na areia e tam-bém em cima das ondas.

Só tinha um probleminha que a en-tristecia... ela nascera com três perninhas ao invés de duas e, por essa razão, não encon-trava sapatilhas de balé para todos os seus pezinhos.

Quando queria dançar bem na pontinha dos pés precisava ficar trocando a sapatilha de um pé para o outro, uma vez que só encontrava sapatilhas aos pares, de duas em duas.

Seus amigos a consolavam dizen-do que o importante era ela saber dançar, mas a conchinha ficava triste ao ver um de seus pezinhos de fora.

Mamãe concha recomendava que Pirueta nunca mergulhasse muito fundo, pois lá vivam os tubarões, os grandes peixes e os polvos assustadores.

Num belo dia, quando a conchinha dançava e brincava com seus melhores ami-gos, que eram o peixinho Lineo e a estrela do mar Lalinha, Pirueta foi mergulhando, mergu-lhando para brincar de esconde-esconde, até que se perdeu.

Nadou entre os corais, perguntou para vários peixinhos e nada de encontrar seus amigos, ou o caminho de volta para sua casa.

Começou a ficar com medo e a lembrar de tudo o que mamãe concha dizia existir no fundo do mar. Para não se afastar ainda mais, sentou-se numa pedra e ficou ali quietinha, rezando para alguém aparecer e ajudá-la.

De repente, a água do mar se agi-tou e formou um redemoinho bem na sua frente. Pirueta se encolheu de pavor, pois não sabia o que ia acontecer.

Então, daquelas ondas enormes saiu uma linda fada em forma de sereia, com longos cabelos vermelhos e uma varinha de condão igualzinha a uma estrela.

A fada aproximou-se da conchinha e falou:

- Pirueta, você vai voltar para a praia agora mesmo e não vai mais desobede-cer a sua mamãe! Quando chegar lá, terá uma surpresa lhe esperando. Vá! É por ali! Não demore!

As águas se afastaram e formaram um túnel para a conchinha passar. Rapidinho ela chegou à praia e pôde abraçar sua mãe e seus amigos.

Em cima de uma grande pedra sur-giu um pacotinho brilhante, com seu nome escrito em letras douradas: PIRUETA.

A conchinha correu para abri-lo e encontrou três lindas sapatilhas cor-de-rosa, iguaizinhas, do tamanho dos seus pés. Ficou muito feliz! Colocou logo as sapatilhas e saiu a dançar. (Segue)

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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Seus amigos formaram uma orquestra para acompanhá-la.

O tubarão martelo tocava bateria, o lobo marinho marcava o compasso com o pé, a estrela do mar tocava piano, o peixinho Lineo era bom na flauta, mamãe concha tocava violino e as conchinhas todas cantavam.

Pirueta rodopiava com suas três sapatilhas, dentro e fora da água, sentindo o sabor do sal e do vento. Estava muito feliz!

Refletida na água, junto à luz dourada do sol, apareceu uma cabeleira vermelha acenando para ela e aplaudindo sua alegria e sua dança.

A conchinha então fez um arabesque caprichado, dobrou os joelhos, num agradeci-mento gracioso para a sua fada madrinha e voltou a dançar!

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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Sofia e a bolsinha de renda

Por Nelci Back Oliveira

Vivia há muito tempo, no sítio da vovó,

uma família de ursos. O urso Janjão, a ursa

Mafalda e a ursinha Sofia, muito conhecida

por sempre carregar sua bolsinha de renda.

O que será que ela carrega nela?

Janjão, um urso grande, imponente,

de olhos arregalados e sempre pronto para

defender sua amada família, mas no peito

tem um coração de manteiga. Mafalda, um

doce de mãe, sempre carinhosa com todos.

Sofia, muito fofa e tagarela, sua presença

cura qualquer tristeza.

Enquanto Janjão e Mafalda trabalha-

vam, Sofia no Jardim brincava. Todos os

dias, ela levantava bem cedo e ia para o

jardim. Ali brincava de esconde-esconde

com as borboletas. Quando se escondia da

borboleta Zélia, trocava ideia com o cara-

mujo, com a formiga, com a cigarra, o zan-

gão, o besouro e muitos outros pensadores.

No final do dia, ao chegar em casa,

despejava todos os pensamentos catados

grandes, pequenos, médios em cima de

uma toalha branca estendida. Peneirados

separava os bons dos maus pensamentos.

Juntava aos maus uma colher de arrependi-

mento; uma xícara de honestidade; uma xí-

cara de amor e aos tristes uma pitada de

alegria. Deixando-os expostos durante a

noite a observar as estrelas no céu.

De manhã, Sofia passava o dedo no

pote de mel de jataí que a mamãe deixava

na mesa antes de ir para o trabalho, “Hum,

que delícia!” e voltava a brincar no jardim.

Mas antes, misturava muito bem todos os

pensamentos e colocava-os em sua bolsi-

nha de renda. Assim todos os animais que

por ali passavam, inclusive as pessoas do

sítio, se enchiam de bons e alegres pensa-

mentos que escapavam pelos finos furinhos

da bolsinha de renda da Sofia.

* Menção honrosa no III Prêmio Varal do Brasil de Literatura

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Rofinha e os amigos de oito patas

Por Rogério Araújo ROFA

Rofinha estava passeando com seu cachorrinho Bingo Bin pela rua como sempre fazia nos fins de semana.

Bin adorava sair e brincar por onde passava. E também fazer um xixi em algu-mas plantinhas e postes que ninguém é de ferro.

De repente, Rofinha viu um carro que parou um pouco à sua frente. Saiu um cara feio de dentro e puxou um cãozinho preto e branco, assustado, e o pegou e amarrou no poste e foi embora, deixando-o ali sozinho.

O menino olhou para um lado e para o outro e viu que o cara mau não voltou mais para buscar o pobre do cachorrinho.

Rofinha e Bin se aproximaram para ver como estava o bichinho abandonado. Lo-go que chegaram, ele estava assustado e todo triste, magro e com pelo arrepiado.

Bin começou a cheirar o coleguinha preso na rua que levantou as orelhas, gos-tando da atenção.

O menino ficou com pena de ver o cãozinho ali, sozinho, e resolvendo levar para sua casa e cuidar dele. Logo imaginou como seria ter dois amigos para brincar e passe-ar...

Assim, foi andando com os dois ca-chorrinhos, um de lado e outro de outro, pu-xando pelo corrente.

Ao chegar em casa, sua mãe levou um susto e disse: - Que isso, menino! Sai de casa com um ca-chorro e volta com dois?

Rofinha explicou tudo que tinha acon-tecido e o motivo de ter trazido o novo ca-chorrinho para casa.

A sua mãe, ficou encantada com a ati-tude do filho: - Meu filho, que gesto bonito! chuchuquinha da mamãe! Como tem pessoas más nesse mundo que pegam um cachorro e depois abandonam na rua. Ninguém deve fazer isso, porque é um ser criado por Deus e devemos amar e tratar bem.

Rofinha, passando a mão na cabeça do cachorrinho que achou, pensa logo num nome para dar:

- Boaaaaa ideia que você me deu, mamãe! Como já vi que na verdade é uma cachorri-nha, vou dar o nome de Chuca...

A mãe, com um sorriso foi logo provi-denciando um prato de comida e uma vasilha de água para a nova moradora da casa: Chu-ca.

A cachorrinha parecia que não via co-mida nem agua há muito tempo e ficou toda animada e balançando o rabinho. Enquanto isso, Bin estava pelos cantos, tris-te, achando que toda a atenção era para Chuca.

Rofinha percebeu isso no seu amigo e foi logo fazendo carinho nele e dizendo: - Que isso, Bin! Fica assim não porque você é meu amigão. Agora eu tenho dois amigos de oito patas!

Bin ficou todo feliz e até sorriu. E a Chuca veio e lambeu sua orelha, demons-trando carinho por ele também.

E os três amigos foram passear, jun-tos, como Rofinha tinha imaginado.

Porque abandonar um animalzinho in-defeso é coisa de gente malvada e ninguém deve fazer isso na vida que Papai do Céu não gosta...

• Menção honrosa no III Prêmio Varal do Brasil de Literatura

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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A MENINA E O CACHORRINHO

Por Simone Pessoa

Imagine uma menina. Imagine um dia em que chega em sua casa um cachorri-nho branquinho, bem pequenininho. Uma bo-linha de pelo felpuda e macia. E a menina, por graça, o chama de Hércules - um nome forte para alguém tão frágil!

Imagine que Hércules começa a correr e a brincar. Entre as pernas da menina, ele passa correndo, carregando as meias do pai e as chinelas da mãe da menina. Imagine que toda a família da menina fica encantada pelo cachorrinho, principalmente ela. As gra-cinhas do pequeno, os pulinhos dele, seu an-dar saltitante, seu pelo macio, a barriguinha rosada, tudo nele conquista o coração da me-nina.

Um dia a menina leva o cachorri-nho para um passeio. Meu Deus, quanta ale-gria! Sentindo os cheiros do mundo, o peque-no Hércules fica deslumbrado e o rabinho não para de balançar. E, na alegria dele, a meni-na se alegra também.

Seguindo-o pelas calçadas e ruas, ela tem momentos de rara felicidade. O mun-do parece mais encantador ao lado do ca-chorrinho. As papoulas coloridas e os jasmins perfumados dos jardins parecem mais exube-rantes. Os bem-te-vis, os sabiás e as rolinhas cantam em coro. As pessoas sorriem e dese-jam: - Bom dia!

E a menina quer passear com o amiguinho todos os dias. É bom para ele. É maravilhoso para ela!

E os anos vão passando... Tantas calçadas, tantas ruas, tantos jardins percorri-dos... Tantos cantos e cheiros do mundo... Tantas brincadeiras entre as pernas... Tantas balançadas do rabinho felpudo...

Imagine que Hércules cresceu um pouquinho. Não muito, afinal ele é um cãozi-nho de raça pequena. Agora ele não carrega mais as chinelas da mãe, nem as meias do pai da menina. Está ficando adulto, o peque-no. Mas ainda assim, todos os dias quando a menina chega em casa, é uma festa! Ele quer

brincar e correr. Ah! E toda manhã ele quer passear. Ainda bem! Porque a menina tam-bém quer passear com ele.

Imagine que o tempo foi passando mais ainda. Hércules tornou-se um senhorzi-nho com jeito de menino. Devido ao tamanho do pequeno, ao pelo branco e sedoso e ao andar saltitante, as pessoas gostavam de o chamar de ovelhinha. Já parado, ele era todo um ursinho de pelúcia.

Mas a verdade é que Hércules es-tava envelhecendo... E velhinho, o coraçãozi-nho dele já não aguentava as correrias e as brincadeiras. Mas como ele não entendia a situação, continuava a brincar e a correr. E quando isso acontecia, ele não conseguia respirar direito. A veterinária passou remé-dios, que ele não gostava de tomar. Mas jun-to com um pedaço de manga ou banana, ele comia e ainda lambia o focinho.

Um dia o coraçãozinho não aguen-tou mais. Já não conseguia segurar a respira-ção do bichinho. Coitado! Foi levado às pres-sas para o hospital, mas não houve jeito...

Numa tarde em que o sol se des-pedia, se despediu também do mundo o ca-chorrinho branco, o melhor amigo da menina.

E agora? Imagine quando a meni-na voltou para casa sem o cãozinho para re-cebê-la! Imagine a saudade dela sem a com-panhia da criaturinha para as caminhadas matinais!

Mas, nada como o tempo e a ima-ginação para ajudar a resolver as coisas...

Apesar da ausência do amiguinho, ela resolveu que não se sentiria nunca só! Guardaria com carinho as melhores lembran-ças do cachorrinho. E sorrindo, decidiu que poderia se encontrar com ele toda hora que quisesse! Em sua imaginação, o pequeno Hércules estaria sempre por perto. Ah! E, cla-ro, com o rabinho balançando e convidando para um passeio longo e maravilhoso.

• Menção honrosa no III Prêmio Varal do Brasil de Literatura

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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A PRÁTICA DA FELICIDADE :

A FELICIDADE PRÁTICA

Por Ivane Perotti

- em águas rasas afoga-se a ética e as garças cri-am barbatanas -

"Houve um momento de estupor: o

homem nadou de costas..."

Ivane

Quando a praia secou-se em lá-

grimas de sal, alguns peixes pediram água;

outros, pediram boias e, ainda outros, afo-

garam-se na areia quente.

Pedidos áqueos costumam al-

cançar alta ressonância: reverberam em on-

das de filtrada urgência; mas, os "peixes"

desta cena jaculatória - em latim ambíguo e

propositalmente movediço, que não se faça

a combinação semântica com /e/-

jaculatória, uma vez que esta nos faz nave-

gar ao desamparo pelas condições genéticas

de possibilidades ejaculatórias, pelos recipi-

entes ejaculatórios e pelas pessoais incapa-

cidades de examinarmo-nos "potentes" -

cambiaram limites de fervorosas solicita-

ções e êxtase místico. Vozes, vezes e inten-

ções interpelaram possíveis acessos à esta-

bilização da felicidade : entre aqueles que

acreditaram precisar de água, secou-se a bo-

ca; entre os que solicitaram boias, justificou

-se a inaptidão ao nado; entre os que se afo-

garam, claro!, nada se fazia ouvir! Feneci-

dos, sucumbidos súplices faziam-se morrer

pela vontade infértil de viver... sem estilo,

descumpriam o antiético desejo de superar

o lapso entre a felicidade e a felicidade!

Requerentes pragmáticos, os pei-

xes sedentos tornam a vida um soluço obs-

curo enquanto as garças de barbatanas cres-

cidas aprendem a usar o bico para atraves-

sar as bolhas de sabão - neutro!. Com graça,

elas, sempre elas - súcubos da agilidade hu-

mana ( succubus alimentam-se do que se

lhes ofereça em prato de prata nobre... ou

não! vale a deixa para quem gosta de so-

nhar ,sonhar, sonhar e permanecer no mun-

do onírico da fantástica fábrica de tradições

culturais, fundamento basilar na criação dos

medos e dos mitos.) - fazem troça dos pedi-

dos que vão e vêm. Justificam-se? Não!

Não se justificam: desenvolvem barbatanas!

A que altura do mar aberto a felici-

dade mergulhou à cata de outras praias? As

garças não contam, a ética não garante e o

ser humano debrua as costas em contínuo -

e ininterrupto - processo de estupor funcio-

nal! Pudessem os peixes e os homens vive-

rem de surpresa em surpresa sem o susto e

o culto ao medo oculto- oculto culto, incul-

to pânico que não surpreende, apenas ado-

ece.

Não se admira que as boias não

cheguem a tempo, que não se perceba a ora-

ção beijar o calor da areia, pois sentir e sa-

ber conjugam-se em espaços e modos dife-

renciados pela água que costeia a consciên-

cia. E esta, a água, carrega NaCl em solu-

ções que se desdobram em fórmulas /in/

descritíveis : light é o mar de perspectivas

que a vida oferece em cenas de jaculatórias

constantes! Haja areia!

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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Só para te falar

Por Maria Moreira

Vim rápido só para te falar

Vim voando para não demorar

Volto logo sem te avisar

Vou ser breve com o retornar

Vento leva toda folha solta

Verso e frente da folha em branco

Vim de longe para versejar e com a

Ventania posso regressar

Velocidade é meu primeiro nome

Verdadeira obra da correria

Você pode até me atrasar

Volta e meia vou recuperar

Vontade não me falta de poder parar

Vagas lembranças de como frear

Volta sempre a me questionar

Vivo agitado e não sei calar

Viro e reviro este espaço meu.

Vibrante escalo todos os degraus

velhos retalhos soltos no sofá

Vida bandida sempre a reclamar.

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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Sentimentos simples

Por Ly Sabas

Sentimentos simples

Coisas pequenas

Cheiro de mato

Respingos de cachoeira

Risada de amiga

Pedras que correm soltas

Falseando a pisada

Picada na mata

Teia rendada

Mãos que se estendem

E afastam o medo

Coisas pequenas

Tão importantes

No amor pela vida

Que segue plena

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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Duque de Caxias e a Revolução

Farroupilha: Batalhas, Lições de

Vida e de Amor

Por Tayson Ribeiro Teles

Eram 13 de março de 1835 na singela Provín-cia de São Pedro do Rio Grande do Sul, loca-lidade do extremo sul do robusto Império do Brasil, quando sua plácida comunidade acre-ditava ser aquele dia apenas mais um espec-tro de calmaria frente à perene e pacata vida dos que diariamente auscultavam os cantos do céu anunciando um entardecer com relva verde e luz solar clarificante ao máximo nos olhos dos cidadãos de bem. Todavia, à es-preita daquele clima inerte, movimentavam-se rebeldes apaixonados pela possibilidade de existir no grande Império uma República, por meio da qual seria factível existir maior partici-pação popular, eleições, liberdade de expres-são e outros desejos humanos prescindíveis aos que não amam a vida e sua mais bela ca-racterística: a sua não repetição em ulteriores futuros. Rebeldes estes que, malgrado lidera-dos por pessoas com concepções cerebrinas de elevado nível e discernimento, quedavam-

se apaixonados pela ideia de obliterar pela força de espadas os ditames do grande Impé-rio do Brasil na região da nova Europa, o sul do país filho da África. Tal paixão eliciou a grande Revolta daquela noite, daquele mês, daquele ano; uma guerra civil generalizada, em que os apaixonados pela República - labo-radores braçais, possuidores de indumentá-rias de muita idade, roupas velhas, verdadei-ros “farrapos”, erguiam suas espadas e armas ainda arcaicas em oposição aos soldados de sua Majestade, o Príncipe do grande Império do Brasil, Dom Pedro II. Eram os “farroupilhas” e havia exsurgido a Revolução dos Farrapos ou Revolução Farroupilha. Os insurgentes eram muitos, cerca de um sexto de centésimo percentual da população da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul e os soldados de sua Majestade residentes naquele frio território eram poucos, apenas os

necessários para guarnecer os bens do gran-de Império do Brasil lá existentes. Necessário foi que o Príncipe Regente do grande Império pátrio, Dom Pedro II, interviesse na batalha. Pelos 14 dias de combate o Príncipe nomeou Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxi-as - militar de carreira do glorioso Exército Brasileiro, naquele ano promovido a Coronel, muito conhecido por sua excelente forma de combater, por meio de liderança admirável, na qual incentivava os soldados, mostrando-lhes serem estes os pilares do Império - para atuar como Comandante de Armas da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, devendo, com tal cargo, acabar com a Revolta Farroupi-lha. Caxias era homem de fibra e força milita-res incomparáveis. Havia exterminado outras revoltas e movimentos contrários ao Império. Lutou na independência do país; na Cisplati-na; na Abdicação; na Balaiada; nas Revoltas Liberais e muitas outras exíguas Revoluções. Caxias não fora escolhido à toa pelo Príncipe para comandar os contra-ataques imperiais em face dos “farrapos”. Desde a infância do Imperador, Caxias foi o militar responsável pelos treinamentos de guerra por que passa-va o filho de Dom Pedro I e futuro Imperador do Brasil. Caxias foi homem de confiança de Dom Pedro II por muitos anos; ensinou ao Príncipe esgrima, hipismo, manuseio de ar-mas e outros diversos mecanismos de guerra. Tornou-se amigo fiel do Imperador, sendo cognominado em todo o território do Império como o “Soldado de sua Majestade”. Por sua servidão incondicional ao Príncipe, era de fato um Oficial com alma de soldado. Demonstra-ção disto foi o fato de que após ser nomeado para liderar o contra combate no sul da nação amarelada pela refluência do sol do equador, propalou à sua Majestade que “acabaria com aquela revolta como acabara com todas as outras de que fora comandante”, bem como, ao arrumar suas pertenças para deslocar-se à região do Grande Rio do Sul, retirara de suas vestes militares todas as suas insígnias de Coronel. Decidira que aquela batalha seria diferente, nela seria apenas mais um soldado; o “Soldado de sua Majestade”. (Segue)

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Deslocou-se para o combate. Tinha singelos 32 anos. Consigo levou apenas o poeta Gon-çalves de Magalhães, o Visconde do Araguaia – para servir-lhe como Secretário Geral e es-crivão das memórias do combate - uma garru-cha de pequenez elevada, sua espada de cor-te duplo que ganhara de seu pai, Francisco de Lima e Silva, o Barão de Barra Grande, também militar de carreira, uma trouxa de roupas, munições e o singelo arremate de 8 mil homens do Império. Apenas. Destinado estava a atuar como um simplório soldado. Ir para o fronte era o que queria. Estava deve-ras com ódio dos que aviltavam o grande Im-pério e em seu lugar queriam a República. Em seu sangue havia volição por servidão eterna a Dom Pedro II. Foram 18 dias de via-gem do litoral de São Vicente ao lócus sulista pátrio. Enfim chegou ao local da sangria. Loco na entrada da Província em revolta enfrentou o levante de cerca de 1 mil “farrapos” que guarneciam os portões de acesso ao grande Rio do Sul brasileiro. Em dizimação jamais vista noutras batalhas, matou todos aqueles homens – sonhadores com anseio de liberda-de – com golpes flageladores das espadas de seus 8 mil comandados. De fato a entrada da-quele povoado fora purgada pelo sangue dos primeiros “farrapos”. Caxias incursionou-se pelo território e a cada trecho de um quarto de léguas do total daquela área guerreou contra homens de poucas armas. Seus 8 mil solda-dos eram mortíferos e invencivelmente imbatí-veis. Entretanto, ao chegar ao povoado de São Camilo, na região leste da Província, en-controu uma resistência diferenciada. Cerca de 500 mães e filhos pequenos de mãos da-das estavam fechando a entrada do pequeno vilarejo. Juntos, cantavam em som alto: “Não nos matem, apenas queremos República!”. Caxias quedou-se impactado ao vislumbre daquela cena. Imediatamente pôs-se a exalar um introito “Não atirem!”. Após, em lapso rapi-díssimo, mas de lentidão inexpressível na mente de Caxias, uma das crianças que se-guravam as mãos de suas mães naquele pa-redão de clamor correu em direção a Caxias, abraçou-se à sua perna esquerda e lhe disse

“Senhor, não mate minha mãe, nem minha avó que está em nossa casa, ela está doen-te!”. Atordoado, mas sempre se lembrando de sua honra de servir ao grande Império do Bra-sil acima de qualquer coisa em sua vida, Ca-xias disse ao infante de nome Matheus que não mataria ninguém ali, apenas queria pros-seguir pela estrada, a fim de chegar ao próxi-mo vilarejo. O menino retrocedeu à posição de sua mãe; as Senhoras todas soltaram su-as mãos e franquearam a passagem de Caxi-as e seus 8 mil soldados. Naquele vilarejo Ca-xias não encontrou “farrapos” ou outras for-mas de resistência ao Império. Prosseguiu para o próximo povoado conhecido por Vale do São João. Seus homens eram velozes. Um trecho de aproximadamente 78 léguas fora percorrido pelos 8 mil soldados de Caxi-as, dois terços destes montados a cavalos, em apenas 4 horas. No território de São João Caixas e seus homens foram surpreendidos logo no primeiro terço de terra daquela área por um contingente de cerca de 6 mil “farrapos”. Era uma armadilha. Todos os “farrapos” da região, que já haviam destruído os soldados do Império lotados em seus res-pectivos vilarejos e tomado o poder político de suas localidades, aglomeraram-se no centro do Vale do São João, o qual tinha saída ao mar apenas para leste. Os soldados de Caxi-as estavam cansados e fadigados, tanto da viagem quanto das outras batalhas que trava-ram contra vários “farrapos” e os singelos 1 mil homens que guarneciam os portões de acesso ao grande Rio do Sul brasileiro. A ba-talha fora intensa. Os “farrapos” eram em me-nor quantitativo, mas estavam descansados. Caxias enxergando as dificuldades de seus soldados também sacou sua espada de corte duplo que ganhara do pai e ingressou à luta. Lutou. Lutou. Lutou. Exterminou inúmeros “farrapos”, que nem sabiam contra quem luta-vam, porquanto Caxias havia retirado de suas vestes todas as suas insígnias e honras milia-res de Coronel. Ali decidira apenas ser um soldado.

(Segue)

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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O “Soldado de sua Majestade”. Caxias lutou bravamente até que, abruptamente, surgira em sua frente mais um “farrapo”. Entretanto, Caxias surpreendeu-se ao ver que do chapéu daquele guerrilheiro soltara-se um longo ca-belo. Não era um homem. Era uma mulher; tratava-se de Maria Tavares, a líder de todos os 6 mil “farrapos”, que também, assim como Caxias , embora líder, lutava como simples soldado. Ao ver a face feminina daquele rival, Caxias perpetuou a lutar contra “ele”, sabia que se parasse para pensar ou se impressio-nasse pela ideia de não machucar uma mu-lher, Maria Tavares o acertaria mortalmente. Todavia, não foi preciso que Caxias pensas-se em parar o confronto, Maria Tavares o fez. A “farrapa” cessou sua espada e, deixando implícito olhar apaixonado para Caxias, mon-tou em seu cavalo e partiu para um mata da-quela região. Caxias, ainda atônito, mesclan-do impacto por ter encontrado uma mulher em combate e sensação de admiração e de-sejo por aquele ser, também montou em seu cavalo e perseguiu Maria Tavares pela trilha que esta percorria pela mata. Logo Caxias alcançou Maria, mas esta era rápida, pois, dominava a arte da montaria, e novamente tomou lugar à frente de Caxias na pequena estradinha. Porém, ao olhar para trás, no de-sejo de verificar se tinha despistado o inimigo e também no anseio de novamente admirar aquele soldado com quem lutara a poucos segundos e não conseguira prosseguir no embate, fascinada por sua beleza conciliada com ternura, Maria Tavares bateu a cabeça em um galho suspenso de uma grande árvo-re e caiu ao solo desfalecida. Caxias, em de-sespero confuso, sem nem saber por que ha-via seguido aquela mulher, mas movido por um desejo inexplicável de próximo a ela estar e conhecê-la, freou seu cavalo e prostrou-se a socorrer Maria. Não sabia ele que se trata-va da líder de todos aqueles “farrapos”, nem sabia ela que aquele simplório soldado era o homem de confiança do Príncipe de todo o grande Império do Brasil, Dom Pedro II. Caxi-as acolheu Tavares em seus braços e acos-tou-se em um pequeno morro na raiz de uma

árvore. Naquele momento, após verificar que a combatente estava com seus sinais vitais em harmonia, Caxias fixou-se em estancar o sangramento da cabeça de Maria. Após, não conseguiu para de admirar o corpo daquela guerreira. Tavares, adormecida pelo impacto, mostrava aos olhos de Caxias um corpo den-so de força; repleto de equipamentos de com-bate; vestido com botas de couro; mas, tam-bém com acessórios que denotavam humani-dade e feminilidade – Tavares carregava em seus bolsos um medalhão com a imagem de nossa senhora da conceição e uma fotografia de seus pais, os trabalhadores rurais Elias e Dona Buzuga, e de sua filha de 3 anos de idade, Maria Ágape (Maria Tavares era viú-va). Aquele corpo era análogo ao ideal de República buscado pelos “farrapos”: firme, forte, frágil, doce, intensa, com defeitos, apai-xonante, delirante e, principalmente, perfeita para qualquer homem e nação. Todavia, Ca-xias não tirava de sua mente a honra que ti-nha de servir ao glorioso Império do Brasil e a Dom Pedro II, que o considerava um verda-deiro amigo. Caxias olhava Maria desmaiada e em seu cérebro mil dúvidas passavam: por que aquelas batalhas? Seria a República algo ideal para o Brasil? Aquela mulher estaria lu-tando, deixando seus pais e sua possível filha – a menina da foto – para ir a um fronte de revolução por nada? Não estaria ele Caxias do lado errado? Tavares adormecida come-çou a acordar. Acordou com o olhar de Caxi-as. Sem saber que ele não era apenas um soldado o olhou fixamente em silêncio. Caxi-as, movido por um desígnio desconhecido e externo ao seu corpo, beijou Maria, que fra-ternamente aceitou o beijo, que a partir dali convolou-se em outros vários beijos. A dupla de combatentes entregou-se àquele amor sem motivos e explicações. Fizeram amor. Retiraram suas vestes de soldados e nus, no interior daquela mata, penetraram no interior dos desejos um do outro. A batalha, a 2 lé-guas dali, ainda ocorria. Caxias e Maria Tava-res já haviam esquecido do combate.

(Segue)

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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O poeta Gonçalves de Magalhães, Secretário Geral de Caxias, na região do combate pro-curava Caxias e não o encontrava de forma alguma - ninguém o vira entrar na mata a oeste de São João em busca de Maria Tava-res. Horas depois, após nascer o fim do amor de Caxias e Maria, exsurgiu o também fim da batalha entre os 6 mil “farrapos” e os 8 mil soldados de Dom Pedro II. Os “farrapos” des-truíram os milicianos do grande Império pá-trio. Sobreviveram cerca de 2 mil farrapos e apenas 900 soldados do comando de Caxi-as. Caxias e Maria, após findarem a tarde de amor, retornaram, cada um em seu cavalo, para a região do combate. No interim nada conversaram. Nem no fazer do amor dialoga-ram. Apenas sentiram o corpo e as essências dos sentimentos uns do outro. Ao retornar ao local da revolta, Caxias imediatamente perce-beu que praticamente todos os seus homens estavam mortos. Maria de outro lado lacrime-jou ao perceber que seus comandados ven-ceram 8 mil homens do Império e que aquele ato de alguma forma influenciaria no desper-tar de outros movimentos rumo à República. Caxias, acabrunhado, ordenou que seus ho-mens vivos recuassem, arrumassem suas pertenças e para a sede do grande Império retrocedessem. Ao partir, olhou para Maria Tavares, com olhar mesclando admiração, desejo, saudade, raiva, ódio, temor, respeito, e disse-lhe: “Adeus Republicana! declaro-a vencedora deste combate. Tu és a força que Eu - o Império, não tive!” Caxias seguiu seu caminho de volta ao Palácio do Príncipe, no Vale do Ipiranga, e a todo momento pensava ter tido naquele combate um amplexo de li-ções que lhe mudaria para sempre. Lembra-va-se do menino Matheus que o pedira, em medo do suplício, no vilarejo de São Vicente, para não ser morto. Lembrava-se da injustiça que cometera ao destruir os 1 mil “farrapos” com vultosos 8 mil soldados ainda na entra-da do Rio Grande do Sul brasileiro. Lembra-va-se de que embora com 8 mil homens per-dera, pela primeira vez, um combate para 6 mil homens. Refletiu sobre tudo. Percebeu que um quantitativo elevado de soldados é nada quando não se tem estratégia. Perce-

beu que em uma guerra não existem apenas bandidos e malversadores da vida. Existem crianças com medo. Mulheres com desejos. Percebeu que o Império de Dom Pedro II não era tudo o que existia no Universo. Perce-beu, ainda, que nunca tinha amado alguém antes de Maria Tavares. Jamais tinha sentido o que sentira horas atrás. Sabia que aquilo não era apenas um conjunto de desejos cor-porais. Era amor. Caxias estava apaixonado por Maria. Estava apaixonado pela Repúbli-ca. Todavia, era um soldado; o “Soldado de sua Majestade”. Não podia abandonar seu Príncipe e seu Império. Retornou ao Ipiranga e ao Regente da pátria pediu desculpas pela derrota. Dom Pedro o perdoou. O Príncipe enviou outros 20 mil soldados para São Jo-ão, agora sob o comando do Tenente-

coronel Teles Loyola, e ordenou-lhes que matassem todos os “farrapos” do Grande Rio do Sul brasileiro. Estes, assim o fizeram e deram fim à Guerra dos Farrapos. Caxias foi promovido, por antiguidade, a General e dias após, ao saber da morte de todos os “farrapos”, pensou: “morrera minha República - aquela a quem nunca quis, que nunca bus-quei, mas que um dia desejei. Sigamos a vida, viva ao Império, via ao gran-de Brasil!”. Caxias, anos depois, anos 61 anos, morreu em sua casa vítima de um en-farto fulminante. Antes de morrer, viveu por 20 anos se perguntando se teria sido interes-sante “viver com aquela República”.

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Brasil Africano

Por Tayson Ribeiro Teles

Brasil e África. Dois Continentes?

Um filho do outro?

Parentes?

Outrora, negros africanos serviram de vitrola.

Escravizados foram, do Brasil à América Espanhola.

Tudo venceram, pela força, pela garra.

Nunca empinaram o nariz. Até hoje nos mostram,

que na África todos têm raiz.

Continente de terra seca, mas povo firme. África do mundo.

Raiz de tudo o que há, no fundo.

África bela. Mãe do Brasil, do brasileiro.

Desse que vos fala, mais um guerreiro.

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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Ler para Pensar, e Pensar para Sair do Lugar

Por Jana Lauxen

Foi por acaso que a obra Pensar para

Sair do Lugar: Crescimento Pessoal e Pro-

fissional caiu em minhas mãos. No entan-

to, certamente não foi por acaso que o tercei-

ro livro do escritor Antonio Luiz Pontes fisgou

minha atenção e meu interesse já nas primei-

ras linhas.

A obra, lançada em 2014 pela Editora

Expressão & Arte, reúne 27 ensaios abordan-

do temas comuns a todos nós, como a vaida-

de, a sorte, a inspiração, a resistência, os ró-

tulos sociais, a autovalorização, a paciência,

a credibilidade, a produtividade, entre muitos

outros. Logo, é impossível não haver uma

identificação imediata entre leitor e literatura.

Antonio Luiz Pontes conseguiu a proeza

de abordar o corriqueiro de forma totalmente

imprevisível e surpreendente. Fica claro, já

nas páginas iniciais do livro, que o autor pas-

sou por um profundo e complexo processo de

reflexão antes de colocar suas ideias no pa-

pel. Algo raro em dias atuais, onde a veloci-

dade e a quantidade parecem mais importan-

tes que a concentração e a qualidade.

No entanto, Antonio Luiz Pontes não co-

loca sua visão sobre a vida como a verdade

absoluta. Diferentemente de muitos livros

com proposta similar, os ensaios contidos na

obra Pensar para Sair do Lugar não se encer-

ram em si; em cada texto há uma porta aberta

para que, a partir das opiniões apresentadas,

o leitor possa elaborar sua própria opinião –

inclusive discordando do autor.

Eis por que motivo o título da obra não

poderia ser mais adequado: Antonio Luiz

Pontes é um entusiasta do pensamento pró-

prio. Acredita que somente através do raciocí-

nio poderemos atingir nossa independência

intelectual. Enquanto integrantes de uma so-

ciedade que parece ter desaprendido a pen-

sar, não há outra maneira de atingir nossos

objetivos – sejam pessoais, sejam profissio-

nais – senão por meio do raciocínio, da refle-

xão, da percepção. O que, na visão de Anto-

nio, e também na minha visão, é algo particu-

lar e intransferível.

Afinal, pensar é sinônimo de liberdade,

como o autor deixa claro em diferentes mo-

mentos de sua obra. Assim, não é difícil con-

cluir que, atualmente, vivemos em uma socie-

dade basicamente aprisionada; aprisionada

intelectualmente, aprisionada culturalmente e,

principalmente, aprisionada socialmente.

(Segue)

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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Antonio Luiz Pontes busca justamente quebrar esta espiral perigosa na qual nos envol-vemos, seja enquanto indivíduo, seja enquanto nação, levando seu leitor ao raciocínio, ao questionamento, ao movimento. Uma obra que faz jus ao principal objetivo da literatura: tirar o leitor do lugar onde ele confortavelmente está, instigando-o e interrogando-o em suas pró-prias certezas. Porque nossa capacidade de pensar e de raciocinar está diretamente ligada à nossa capacidade de agir, e de sair do lugar.

Por estas, e por muitas outras razões, recomendo fortemente a leitura da obra Pensar para Sair do Lugar: Crescimento Pessoal e Profissional. Para todos os leitores, cida-dãos e profissionais que sabem que o nosso mundo precisa de pensamento e movimento pa-ra se emancipar do engessamento intelectual e social no qual nos encontramos, e que nos impedem de viver a vida de modo mais pleno, mais livre, mais independente e, consequente-mente, mais feliz.

• Saibamaissobreoautordolivroesuaobraacessandoseusite(www.alppalestras.com.br),

seublog(www.alpontes.blogspot.com.br),esuapaginanoFacebook

(www.facebook.com/antonioluizpontesescritor).

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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OCASIÃO ESPECIAL

Por Gaiô

Fizemos do dia, a vivência do inventado,

criativo, intuído na alegria... Expectado...inusitada magia... Foi assim que os encontrei...

Noite ansiada de ontem, foi como à volta do fogo,

celebrada, na dimensão do sagrado.

Presenças secretas, Quem sou eu?

Quem é você?

Presenças concretas, se anunciavam num todo

em mágicas horas de espera. Iniciático!!!

O encontro no abraço farto, marcado em risos e gestos,

no olhar, no toque que envolve, obra, nascente criatura,

envolvida em aura com seu criador. Resplandece em energia!

Ilumina de almas que acercam

essência que a tudo provê, recriam a vida, transcendem

os sonhos, transformam o ser...

Foi como plantar poemas, ...dentro...

no sítio do bem querer.

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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FIM DE TARDE

Por Aglaé Torres

A Lua quase cheia, esbranquiçada ainda, a pedir: dê-me sonhos, fantasias, desejos para que eu me complete. Voe até mim com a imaginação e sopre!

Uma ampla janela envidraçada oferece visão única de casas, prédios, torres ao lon-ge e um céu de nuvens esgarçadas, brancas em traços imprecisos. As árvores acarinhadas pelo vento livre devolvem com balanços imperceptíveis o agrado.

Fim de tarde. A Lua pouco a pouco se ilumina aguardando a noite alcançá-la.

PRIMAVERA EM FESTA

Aquieto o pensamento. Um vento leve, quase imperceptível, desassossega as árvo-res do parque. O Sol desenha em sombras a alma (delas). O Vento ajuda as folhas na ân-sia de voar imitando as borboletas que passeiam em cores diversas, algumas poucas fo-lhas impulsionadas pelo vento tentam o voo e confundem o olhar em momentos fugidios com borboletas verdes e empurra varrendo as folhas abandonadas pelo chão. Ao moverem-se soltam um lamento de saudade. As árvores floridas em roxo e rosa desviam o olhar. Uma chuva de pétalas espalha-se em mim.

Na saída do parque a água cascateante sussurra um até-breve. Sons diversos canta-rolantes preenchendo o Parque.

Primavera em festa.

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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VARAL DO BRASIL

Por Carla de Sá Morais

Todos nós somos Varal

De alma azul-anil

Em prosa, poema ou catedral

Num coração que é o Brasil

O tempo passa e com ele

Contamos os anos, seis

Dos motivos que nos impele

A utilizar tela e pincéis

Sentimentos, emoções e orações

Inspirações sem fim

Daqueles cujas nações

Sāo narradas em folhetim

Fazes das letras e das palavras

Tu, Varal do Brasil

Produto das tuas lavras

O estandarte mercantil

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TUAS CORES

Por Ceres Marylise Rebouças

Volta e meia, venho olhar as tuas obras

mas não posso simplesmente dizer sim:

ou pincelas com excesso em tuas telas

ou falta ou sobra alguma coisa por ali.

Nada entendo de pinturas abstratas,

mas as tuas, admiro e as sinto assim:

são tua alma, são teu tempo, são só tuas,

são teus próprios sentimentos, isso sim!

E aliados dos teus medos, tão humanos,

que mais então eu poderia definir?

Só sei dizer que foi olhando tua arte

que em tuas cores para sempre me perdi.

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A Garota do Rio

Por Heloisa Crespo

Ao Rio de Janeiro – 450 anos

permanece enfeitando a paisagem carioca,

cotidianamente, chova ou faça sol,

na terra de Tom Jobim e Vinicius de Moraes,

deitada ‘eternamente em berço esplêndido’,

num ponto estratégico em que é vista

como pano de fundo de Ipanema.

De fato, ela por direito é a ‘Garota de Ipanema’,

esculpida no olhar de quem a vê bem distante

num belo encontro de imagens

entre dois formosos montes. Seus olhos contemplam o céu

em incessante oração pela cidade onde mora.

Os seios seduzem o mundo, não só o Rio e o Brasil.

Os turistas sequiosos desejam vê-la de perto.

É um espetáculo mágico!

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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É APENAS

Por EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

PARA AS DOUTORAS ALICE E LUCIANA

“É apenas em sacrifício dos sem esperança que a esperança nos é dada”

(Walter Benjamin)

Tanta madrugada.

Venha sol: como ontem.

Os olhos não descansaram nesta noite.

E pensas – internalizas fundamente:

“É apenas em sacrifício dos sem esperança que a esperança nos é dada.

O que fazer?

Deste mundo estilhaçado – só fragmentos e carnificinas.

E repetições.

Vem sol – como ontem – reitero.

Canta um pássaro – não, não escutei nenhum galo.

E anunciam que a matança continua – , guerras, refugiados, narcotraficantes.

Terá o Teu Sacrifício Sido em Vão? Não.

Nenhuma declaração de amor–amor (autêntico) é inútil.

“Senhor, Tu sabes que eu Te amo” (São Pedro – pedra).

E – sim – é apenas em sacrifício dos sem esperança que a esperança nos é dada.

(Se poucos os que escutam: é preciso repetir, pregando no deserto – fecundo.)

Não te esqueças de todos que perambulam pelo planeta.

E com perdão pelo lugar-comum: suplico pelos “pequenos”, anônimos, tão sós, tão sem voz, sem nome, sem nada.

E se sobrar alguma dádiva, peço um pouquinho também por mim – pequeno grão de areia na imensa praia global.

Toda palavra parece inútil (mas o sol chegou).

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ARAÑA BLANCA, ARAÑA NEGRA

(Araña blanca, cartera sin dinero

Araña negra, cartera con dinero)

Por Daniel de Cullá

Mientras la emperadora de Alemania a todos desprecia

A unos por pequeños, a otros por la barba

Un día de gran calor de diadas y marchas blancas

Se ha asomado a una europea y estrellada ventana

Viendo y alabando el “Azor” ladrón importante

Haciendo balbilipén, riqueza, erario y fortuna

En bajamano señalando un objeto, un dios, algo

Mientras que con la otra roba la cartera al pueblo

Bocado de banqueros arbolados y peristas amancebados

Que, a lo lejos, con hoces y dediles arriscados

Cual gavilleros, manadas y surcos, carne de verdugo

Gritan contra la corrupción apandillada, flor de la fullería

Para éstos araña blanca, para ellos, araña negra

Decretando, como es costumbre en ellos:

“Para el pueblo “la astilla del chiva”. Nada

Escuchando a la emperadora alemana:

-Azor, azor bandolero

¿Quieres segar mi cebada?

-Esa cebada señora, donde la tenéis sembrada

Es la misma que sostiene de las naciones

El As de oros del cuerpo y alma.

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JÚLIA REGO

REFLEXÕES

CONTEMPORÂNEAS

Nosso mundo padronizado de cada dia

Vivemos em um mundo padronizado. Padro-niza-se a roupa. Padroniza-se o corpo. Pa-dronizam-se as ideias. Observa-se na contemporaneidade uma forte tendência à imposição de padrões que termi-nam por eliminar a identidade do indivíduo naturalmente pensante quando se dissemi-nam, aleatoriamente, conceitos, muitas ve-zes, forjados, a partir, apenas, de uma visão individual. Seguimos freneticamente esse rastro alie-nante, seja na moda, no culto ao corpo, ou nas ideias impostas dia a dia, de forma subli-minar, sem nem mesmo nos questionar se estamos satisfeitos em sermos nós mesmos e felizes com nossas escolhas. Temos que ser magros, temos que malhar incessantemente, não para ficarmos saudá-veis, mas para ficarmos musculosos e belos, temos que usar a cor da moda, mesmo sem ser a preferida, temos que ser politicamente corretos e não tocarmos em assuntos polêmi-cos, temos que adotar animais, ainda que não tenhamos disponibilidade para cuidar de-les, temos que ouvir o cantor ou cantora da hora, ainda que saibamos da péssima quali-dade musical deles, temos, temos, temos! É certo que a vida é uma mera encenação de papéis sociais que vamos construindo ao lon-go do tempo num esforço estupendo para

sermos aplaudidos no final de cada espetá-culo, entretanto recebemos o script sem se-quer questionar se aquele papel se encaixa no nosso personagem. Isso ocorre de forma tão automática, que vamos de teatro em tea-tro de sorriso aberto e lágrimas escondidas. A sociedade contemporânea tem nos deixado um legado muito triste. Vivemos a grande contradição de agradar aos outros para não sermos rejeitados nem excluídos dos grupos a que pertencemos, ou escondermo-nos atrás das cortinas padronizadas, numa gran-de incoerência com aquilo em que acredita-mos. Assumir posturas que, muitas vezes, vão de encontro ao que a maioria prega é algo extre-mamente desafiador. Opiniões e comporta-mentos diferentes dos padrões impostos são considerados estranhos e logo rechaçados como algo fora do contexto em que se vive. Quem ousar dar a cara à tapa é visto como sujeito esquisito e criador de casos. Estamos inseridos nesse padrão de compor-tamento de tal forma que preferimos nos manter na zona de conforto da concordância a nos expressarmos com autenticidade e sem medos da discriminação. E assim somos levados como uma onda que, ao invés de provocar transformações, reproduz modelos opressores da individualidade humana. É preciso respeitar as idiossincrasias intrínse-cas a cada ser. É preciso estar atento aos sinais de alienação. Muitas vezes, é preciso desviar o caminho e se tornar a ovelha des-garrada do rebanho.

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Água Líquida

Por Yara Darin

A morte e a vida

são como forma

física da chuva.

Água líquida

penetra no solo

corre para os riachos

encontra oceanos.

Sou chuva deslizando

na correnteza do rio

busco seu sorriso

por vezes ansiosa

na inspiração calma da natureza.

Levo emoções reprimidas

do visível ao invisível querendo desabar o meu mundo

numa certa manhã enevoada

na suavidade de uma falsa alegria.

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USO DE MEIO E MEIA

No Brasil, é muito comum a expressão “em tempos de vacas gordas”, para dizer que a situação está muito boa. No momento nós brasileiros, precisaríamos criar uma expres-são para retratar o descontrole político que estamos vivendo – é uma crise . Sería de vacas magras? Assim teríamos as vacas in-teiras, magras, mas inteiras. Gosto de pen-sar na palavra” inteira”, o seu significado me faz pensar em “meia”. Esta sim e´ uma pala-vrinha que merece atenção. Não posso dizer:– a situação está meia complicada. Se meia é a metade do inteiro, a situação não pode ficar meia complicada, Não é a metade da situação que está complicada. É ela toda. Não posso dizer que a política no momento está meia confusa. Não tenho como dividir a política para que uma metade fique confusa e a outra não. Mas posso dizer que todos eles, políticos querem uma meia laranja – a meta-de da laranja. Perfeito. Posso dizer ainda que todos eles dizem uma meia verdade – não a verdade toda, só a metade? – ou pode ser só um pouco do verdadeiro. E aí está a cha-ve da questão: vou usar “meia” sempre que o significado for “metade” e “meio” sempre que o significado for um pouco. Não quero estar meia confusa, uma metade confusa e a outra não. Mas posso estar meio confusa, isto é um pouco confusa. Gramaticalmente correto. “Meio” é um advérbio que ficará mui-to bem modificando os adjetivos, como: meio

complicada; meio confusa; meio alegre; meio triste e sempre significando “um pouco”. Meia por sua vez, irá muito bem quando significar metade: meia laranja; meia tonelada etc. Posso ainda usá-la como substantivo “meia” para calçar os pés.

Muito fácil, mas pode-se complicar – posso também usar “meio” quando escrevo o nume-ral fracionário ½ e digo “quero meio litro de leite” ; “ quero meio pão” . Note-se que aqui “meio” modifica o substantivo, portanto deixa de ser advérbio e se torna adjetivo, pois o que modifica substantivo é adjetivo. Ainda se ressalta que, o que houve em verdade foi uma concordância de gênero. Era na escrita, 1/2 litro de leite, e 1/2 pão, como estas duas palavras são masculinas deve-se fazer a con-cordância e usar “meio”, na fala: “meio litro de leite e meio pão”

Descomplicando, vamos aceitar “meia” no pé e quando se referir à “metade” diante de palavras femininas, e “meio” sempre diante de adjetivos, ou quando indicar ½ diante de palavras masculinas. Português às vezes é meio complicado. Só meio.

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O caso da mala

Por Júlia Rego

Estava meio sonolenta, mas tive a impressão de ter ouvido batidas fortes na porta. Levantei meio chateada, já que teria que in-terromper o sono que já vinha se anunciando há alguns minutos. Cheguei junto à porta, olhei pelo olho mágico e não vi ninguém. Perguntei quem era e não obtive resposta. Voltei para cama. Após algum tempo, entre dormindo e acorda-da, o telefone toca. Entre a vontade de conti-nuar dormindo e a dúvida sobre de quem se tratava, resolvi levantar, afinal poderia ter re-lação com a batida na porta. Não tinha. Era uma amiga da família. Em meio à conversa que já se prolongava além do eu pretendera ao atender a ligação, ouço batidas bem fortes na porta, confirman-do-me que, realmente, eu não estava so-nhando, alguém batera mesmo anteriormen-te. Pedi licença a minha amiga e fui ver quem era. Novamente, silêncio e invisibilidade totais. Voltei para a ligação, mas confesso que fi-quei apreensiva. Comentei o acontecido com a pessoa do outro lado, a qual, numa atitude paranoica, começou a desfiar um bombar-deio de possibilidades tão esdrúxulas que me deixaram quase que aterrorizada. Ficamos um bom tempo conversando, mas o assunto não era outro senão o mistério das batidas na porta. Ela insistindo para que eu tomasse alguma providência urgente, como ligar para o 190, gritar da varanda, trancar-me no quarto, enfim, sumir para o raio que me partisse, o que seria melhor do que ficar à espera do ser misterioso que deveria estar a me espreitar através da porta, e pronto pa-ra me decapitar, segundo essa insana moça. Passados alguns longos minutos no telefone, disse-lhe iria olhar pela porta da cozinha,

pois lá teria uma visão melhor do hall do meu andar. Desliguei o telefone, até porque já estava fi-cando confusa com a profusão de conselhos e soluções dados por ela, e fui para a cozi-nha. De fato, olhando por essa porta, pude ver o lado de fora por outro ângulo, no entan-to não tinha viv’alma como se dizia antiga-mente. De repente, apurando melhor a visão, consegui perceber algo de cor preta encosta-do na parte de baixo da porta da frente. Olhei, olhei de novo, e mais uma vez, porém não consegui identificar do que se tratava. De uma coisa eu estava certa, não era uma pessoa! O telefone tocava incessantemente. Minha amiga não conseguia nem conter a curiosi-dade, nem controlar seu medo. Quando con-tei lhe da minha descoberta, ela quase tem um ataque de pânico. As possibilidades se ampliaram tanto que quase chamo o esqua-drão antibomba para examinar o misterioso achado. A essa altura eu já nem conseguia raciocinar mais, tanto pela insistência dela para que eu me decidisse em ligar para algum parente, tanto pelo medo do desconhecido que já da-va sinais de se instalar dentro de mim. Dei um ponto final nos telefonemas com a desculpa de que meu irmão estava chegan-do e, assim que tivesse uma certeza, avisa-ria para ela. E fui para o meu quarto, claro que não para dormir. Fechei a porta e fiquei lá pensando no que poderia ser aquilo na minha porta e em quem teria deixado lá. Seria um saco de lixo, um bebê abandonado, pedaços de um corpo esquartejado?

Minha imaginação já estava altamente aflora-da. Dormi. 9Segue)

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Lá pelas tantas da madrugada, acordei com a voz do meu irmão, chamando-me baixinho. Ainda meio sonolenta, e aturdida com os pesadelos que tive por causa do recente episódio, abri a porta e, para meu espanto, deparei-me com ele carregando uma grande mala preta. Perguntei-lhe se iria viajar e ele, estranhando minha pergunta, já que há poucos dias chega-ra a minha casa para passar uma temporada, respondeu, simplesmente, que achara aquele objeto na porta do meu apartamento. Então era uma mala! Estaria vazia? O mano olhava-me, desconfiado da minha sanidade, sem nada entender. Claro que tive de lhe contar tudo, antes que tivesse a ideia de me inter-nar em um manicômio. O mistério estava resolvido. Eu disse resolvido? Mas quem batera tão fortemente em minha porta, quem colocara aquela mala preta ali, àquela hora, e para que?

Oh, céus! Seria mais fácil procurar o Sherlock Holmes para investigar tal mistério. E assim encerramos a noite. No outro dia, ao conversar com minha filha sobre os acontecimentos da noite passada, ela desatou a rir e, com a calma que lhe é peculiar, disse-me, que há alguns dias entregou uma mala preta ao sapateiro que se instala embaixo do meu prédio para que a costurasse, con-cluindo que só poderia ter sido ele a devolvê-la daquela forma nada comum. Elementar, meu caro Watson! Maldito sapateiro!

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BANANA EMPANADA

Bananas nanicas maduras e bem firmes (a quantidade que desejar)

Ovos batidos

Farinha de trigo

Farinha de rosca

Óleo de milho para fritar

Modo de Preparo

Descasque as bananas e tire os fios

Corte-as ao meio

Passe na farinha de trigo e tire o excesso

Passe nos ovos levemente batidos, escorra e tire o excesso

Em seguida, passe na farinha de rosca

Frite em óleo não muito quente

Retire com um garfo e escorra em papel toalha

Fica macia por dentro, crocante por fora e muito saborosa

Fonte: http://acritica.uol.com.br/

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TODAS AS REVISTAS ESTÃO DISPONÍVEIS PARA DOWNLOAD GRATUITO EM NOSSO SITE:

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PROTEJA OS ANIMAIS!

Não só de adoção e doações em dinheiro os refúgios e protetores necessitam!

Doe seu tempo, eduque seus filhos para amar os animais! Ajude na castração de cães e gatos!

Informe-se sobre como você pode ajudar.

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Varal do Brasil - Edição no 38 - Novembro de 2015

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BANANA CARAMELIZADA ORIENTAL

Ingredientes

Para a massa:

• 2 bananas, nanicas grandes

• 2 xícaras (chá) de água fria

• 1 clara, de ovo

• 1 ½ xícara (chá) de farinha de trigo

• 2 xícaras (chá) de maisena

• 2 colheres (sopa) de óleo

• 3 colheres (sopa) de fermento em pó

• 1 l de óleo

• 1 colher (café) de sal

• Papel toalha, o quanto baste

Para o caramelo:

• 3 xícaras (chá) de açúcar

• 1 1/2 xícara (chá) de água

• 2 colheres (sopa) de óleo

Modo de preparo

Massa:

1. Separe todos os ingredientes pedidos na receita

2. Descasque as bananas e corte cada uma em dois

pedaços

3. Coloque o óleo numa panela funda (isso é impor-

tante, pois a banana deve flutuar no óleo sem

encostar no fundo da panela)

4. Leve ao fogo médio para esquentar

5. Enquanto o óleo esquenta, misture, numa tigela,

a farinha de trigo, a maisena, o sal, o fermento,

as 2 colheres de óleo e a clara de ovo

6. Aos poucos, coloque a água, misturando com

uma colher de pau, vigorosamente para não em-

pelotar

7. Mergulhe cada pedaço de banana na massa, dei-

xando – os completamente envolvidos

8. O óleo já deve estar bem quente

9. Coloque dois pedaços de banana por vez para

fritar

10. Com a ajuda de uma escumadeira, vire os peda-

ços até que fiquem dourados

11. Retire e coloque sobre um prato com papel toalha

para tirar o excesso de óleo

12. Frite todos os pedaços de banana

13. Reserve

Caramelo:

1. Unte uma assadeira com óleo

2. Reserve

3. Coloque a água e o açúcar numa panela

4. Leve ao fogo e misture até o açúcar dissolver

5. Pare de mexer

6. Quando ferver, conte aproximadamente 10 minu-

tos, ou até ficar marrom (caramelizar)

7. Retire do fogo

8. A partir deste momento deve – se trabalhar rapi-

damente, pois o caramelo vai esfriando e ficando

duro

9. Coloque cada pedaço de banana empanada den-

tro do caramelo, e com a ajuda de um garfo, en-

volva – os com esta calda

10. Retire – os da calda delicadamente e coloque

imediatamente na assadeira untada, deixando um

espaço entre eles

Sirva imediatamente

Fonte: http://www.saborereceitas.com.br/

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Revista Varal do Brasil

A revista Varal do Brasil é uma revista independente, realizada por Jacqueline Aisenman.

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