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IV CONALI - Congresso Nacional de Linguagens em Interação Múltiplos Olhares
05, 06 e 07 de junho de 2013
ISSN: 1981-8211
VARIAÇÃO LEXICAL NA REGIÃO SUL: SEMÁFORO, SINAL OU SINALEIRA?
Rebeca Louzada MACEDO1
Prof.ª Dr.ª Joyce Elaine de Almeida BARONAS2
Introdução
As mudanças que ocorrem no modo de vida, nos hábitos e na convivência humana resultam
no uso de novos objetos e na criação de instrumentos para facilitar o cotidiano das pessoas em meio
ao crescimento populacional e ao surgimento de novas necessidades. Diante dos novos objetos,
necessidades e instrumentos, são indispensáveis novas lexias.
Recentemente, com os avanços da tecnologia, diversas palavras foram agregadas à língua,
criadas, ou emprestadas de outras línguas. Em outras épocas, o mesmo ocorreu, a industrialização e
o êxodo rural foram alguns motivos para inovações na convivência humana, no trabalho e no lazer.
Nesse trabalho, será analisado o uso das variantes lexicais para um instrumento de trânsito,
cujo nome técnico é “semáforo”. Segundo Costa, Seco e Vasconcelos (2005), tal termo foi utilizado
pela primeira vez em 1868, em Londres, a partir de comando manual e com funcionamento a gás. A
utilização desse instrumento é necessária quando apenas o desenho geométrico das redes viárias não
é suficiente para gerir o ordenamento e a disciplina no trânsito.
De Londres, o semáforo passou a ser usado em todo o mundo, inclusive na maioria das zonas
urbanas do Brasil. Assim, com um novo instrumento fez-se necessário um novo nome para
denominá-lo, em cada região do Brasil foi dado um nome para esse instrumento, muitas vezes o
nome utilizado era a sua designação técnica, outras, nomes de outros objetos que eram parecidos, ou
tinham funções semelhantes, essa pesquisa tem o objetivo de conhecer tais nomes e compreender o
motivo dessa variação.
1 Mestranda em Estudos da Linguagem – Universidade Estadual de Londrina – Bolsista CAPES.
2 Orientadora – Universidade Estadual de Londrina.
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De acordo com Biederman (1989), o léxico transmite a cultura de uma sociedade,
comunicando os aspectos da vida, dos valores e das crenças dessa comunidade. Por isso, a escolha
de uma variante lexical para denominar um objeto não se restringe apenas à preferência do
momento, mas deve-se à carga cultural que o falante possui, adquirida pelo contato com sua família,
seus amigos e toda a sua comunidade.
A partir desse princípio, com o referencial teórico da dialetologia pluridimensional, nesse
trabalho são estudados os nomes dados ao semáforo em cidades do interior do Rio Grande do Sul,
de Santa Catarina e do Paraná, com o objetivo de identificar e mapear o uso das variantes na região
Sul, considerando as variáveis extralinguísticas faixa etária e sexo.
O corpus utilizado nessa pesquisa consiste nas respostas dadas à questão 194, do
Questionário Semântico-Lexical (QSL) do AliB – Atlas Linguístico do Brasil (2001): "Na cidade, o
que costuma ter em cruzamentos movimentados, com luz vermelha, verde e amarela?" em
entrevistas realizadas nas cidades do interior dos estados da região Sul.
Em cada estado, as entrevistas foram realizadas em quatro cidades e, em cada uma dessas
cidades, foram selecionados quatro informantes, dois deles da primeira faixa etária, correspondente
a 18 a 30 anos; e, outros dois da segunda faixa etária, de 50 a 65 anos; uma mulher e um homem de
cada.
Portanto, para a pesquisa realizaram-se: (i) pesquisa do referencial teórico da dialetologia
pluridimensional; (ii) estudo das pesquisas já realizadas a respeito de variação lexical diatópica; (iii)
contabilização dos dados coletados nas entrevistas do ALiB; (iv) confirmação das respostas nos
áudios do ALiB; (v) análise quantitativa dos dados de acordo com a diatopia e com as variáveis sexo
e faixa etária; (vi) confecção de gráficos e carta lingüística experimental; (vii) verificação das
variantes registradas para o semáforo.
1. A Dialetologia Pluridimensional
A percepção das diferentes maneiras de falar a língua portuguesa e a relação dessa variação
com a localidade do falante não é atual, mas se deu, de acordo com Cardoso (1999), em meados do
século XVIII, com o reconhecimento das diferenças entre o português europeu e o brasileiro.
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O primeiro estudo de cunho realmente dialetológico sobre o português do Brasil, ainda de
acordo com Cardoso (1999), foi realizado por Domingos Borges de Barros, Visconde de Pedra
Branca, em 1926, a pedido do geógrafo Adrien Balbi, e consiste em uma lista de palavras com oito
nomes com significados diferentes no Brasil e mais cinquenta utilizados somente aqui.
Os estudos dialetais foram periodizados por Nascentes em 1953, posteriormente, Cardoso e
Ferreira (1994) reformularam e pontuaram tais estudos em três fases: a primeira (1826 a 1920) em
que os estudos se focam no léxico e suas especificidades no português brasileiro; a segunda fase
(1920 a 1952) é caracterizada por trabalhos voltados para a descrição do falar em uma única área; e
a terceira fase dos trabalhos dialetológicos (a partir de 1952) tem como marco principal o Decreto
30.643 que definiu as finalidades da Comissão de Filologia da casa Rui Barbosa, assentando a
elaboração do Atlas Linguístico do Brasil como uma das principais prioridades.
Inicialmente, a Dialetologia, ou Geografia Linguística, se preocupava com a diatopia e o
resgate de dialetos antigos, mas, de acordo com Cardoso e Ferreira (1994), as pesquisas
dialetológicas também interpretavam os fatos linguísticos, levando em consideração as diferenças
sociais, profissionais, de escolaridade, de idade e de sexo, mesmo antes da divulgação dos estudos
Sociolinguísticos. Thun e Radtke (1996) defendem que os preceitos de Geolinguística associados à
Sociolinguística otimizam o entendimento da relação de uma língua com os fatores que influenciam
sua mudança.
A Dialetologia voltada também para os aspectos sociais das regiões estudadas é
caracterizada como Pluridimensional, para a realização de pesquisas nesse campo é preciso buscar
informantes de diferentes perfis em cada um dos pontos linguísticos determinados, visto que a
pesquisa se dá no âmbito diatópico e diastrático.
Margotti (2004) afirma que o tratamento monodimensional impõe à análise a restrição do
recorte apenas horizontal da variação geográfica, por isso, em seu lugar, sugere que a pesquisa
busque uma perspectiva pluridimensional, analisando juntamente as dimensões horizontal e vertical,
pois a língua não é um apenas conjunto de variação regional, havendo também a variação causada
por fatores sociais.
Com esse breve histórico das pesquisas dialetológicas no Brasil, é possível notar que a
Dialetologia inicialmente tinha como objeto de estudo principal a variação diatópica, considerando
também, como agentes da variação na língua fatores diastráticos, como faixa etária, classe social e
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sexo dos informantes. Com a divulgação de estudos sociolinguísticos, esses fatores começaram a ter
importância metodológica também, principalmente na seleção de informantes, assim ao buscar os
falantes para a pesquisa é necessário encontrar a mesma quantidade de homens e mulheres da
mesma faixa etária e do mesmo nível de escolaridade, para que os resultados possam ser analisados
de acordo com essas variáveis.
Nesse trabalho, serão consideradas as variáveis sexo, faixa etária e localidade para a análise
de dados, pois se mostraram relevantes na escolha lexical para a palavra “semáforo”. Na próxima
sessão serão tratadas as implicações teóricas para os estudos lexicais.
2. Os Estudos Lexicais
Os estudos lexicais têm como um de seus objetos os nomes que uma sociedade dá aos
utensílios, lugares e à natureza que faz parte de sua convivência, de sua história e de seu contato. O
léxico carrega em si grande porção da cultura de uma comunidade, aquilo que já não faz parte da
vida dessa comunidade tem seu nome esquecido, já os utensílios provenientes da modernização são
nomeados com empréstimos de outras línguas, com neologismos, ou por nomes que já serviram para
outro objeto com que têm alguma semelhança.
Biederman (1989) afirma que o léxico perpetua a herança cultural de uma sociedade por
meio dos signos verbais, sintetizando aspectos da vida, dos valores e das crenças de uma
comunidade social. Assim, na língua o nível lexical é o que mais expressa a cultura de uma
sociedade; como afirma Oliveira (2001), o nível lexical expressa de melhor maneira a mobilidade da
sociedade e a maneira que esta vê e representa o mundo.
Oliveira e Isquerdo (2001, p. 9) afirmam que o léxico “constitui-se no acervo do saber
vocabular de um grupo sociolinguístico-cultural” por isso nesse trabalho é considerada de grande
importância a pesquisa lexical considerando a localidade, nesse caso, os estados da região sul, e os
fatores sociais, o sexo e a idade, pois apenas assim será possível conhecer um pouco mais do saber
vocabular de cada grupo, conhecendo, na medida do possível, as demarcações desses grupos, quer
sejam estabelecidas por variáveis sociais ou geográficas.
3. O “Semáforo”
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Como brevemente explanado na introdução, de acordo com Costa, Seco e Vasconcelos
(2005), o Semáforo surgiu em Londres; com a intensidade do trânsito houve a necessidade de mais
um meio para regulamentá-lo, a fim de evitar acidentes e melhorar a circulação. Por isso, em 1868,
foram colocados em cruzamentos, em Westminster - Londres, sinais luminosos, com comando
manual e funcionamento a gás. O primeiro sinal luminoso com as três cores que conhecemos
atualmente apareceu em Nova York em 1918 e o comando automático, apenas em 1926, na cidade
de Wolverhampton, na Inglaterra.
É possível notar, a partir desse histórico, que o semáforo surgiu com o desenvolvimento
tecnológico e com o aumento do trânsito, isto é, as necessidades humanas foram a motivação para o
surgimento de um novo utensílio, motivando também as inovações lexicais, ou a busca por um nome
já existente no vocabulário de cada comunidade.
Na região Sul do Brasil, os nomes dados a esse utensílio variam entre Semáforo, Sinaleiro,
Sinaleira, Sinal e Farol, de acordo com as respostas dadas à pergunta: "Na cidade, o que costuma ter
em cruzamentos movimentados, com luz vermelha, verde e amarela?".
Para compreender o uso de cada variante, foi buscada a etimologia e o significado
dicionarizado de cada lexia utilizada para denominar esse utensílio. O Semáforo, de acordo com
Cunha (1986, p.713), é uma adaptação do francês sémaphore, sua primeira ocorrência documentada
foi em 1890, significando “telégrafo aéreo instalado nas costas marítimas para assinalar os navios à
vista e com eles se corresponder” e “poste de sinalização ferroviária ou rodoviária que orienta o
tráfico por meio de mudança de cor das luzes”. A palavra é proveniente de SEM (A), Semato –
elemento composto de grego sema-atos – ‘sinal, marca, significação’ que se documenta em
vocábulos formados no próprio grego, como semiótica, e em muitos outros introduzidos na
linguagem científica internacional, a partir do séc. XIX, e de PHAROS, também proveniente do
grego, significando ‘farol’.
Provavelmente, o uso da palavra Semáforo iniciou-se de maneira técnica, pois em textos
técnicos para denominar o sinal luminoso de trânsito, de três cores, utiliza-se apenas essa lexia,
como é possível observar no “Glossário de termos empregados na Sinalização Semafórica” de
Vilanova (2006, p. 15):
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Semáforo – 1. Elemento físico, constituído por dois ou mais focos, que ministra as
indicações luminosas que regulamentam o direito de passagem de veículos e
pedestres. 2. Conjunto de elementos físicos e funcionais que determina, através de
indicações luminosas, de forma alternativa, o direito de passagem de veículos e
pedestres num determinado local onde há conflito de movimentos.
A palavra “Farol” é definida como “Construção na costa, provida de luz que emite sinais aos
navegantes. Lanterna, candeeiro, faroll sec. XV – do castelhano farol, derivado do catalão antigo
faro e este, do grego pharos.” (Cunha, 1982, p. 215); possivelmente, a palavra Farol começou a ser
utilizada nesse contexto devido à assimilação da função e aparência dos sinalizadores de trânsito e
marítimos.
Já a palavra Sinaleiro designava, no século XX, o “indivíduo incumbido de dar sinais a bordo
e/ou nas estações das estradas de ferro” e Sinaleira, no mesmo século, nomeava o “sinal luminoso
regulador do trânsito” (p. 722). É possível supor que “sinaleiro” seja utilizado apenas no gênero
masculino, porque o indivíduo que ocupava a função descrita, sempre era homem, por isso não se
pode confundir as palavras “sinaleiro” e “sinaleira”, sua origem é dispersa e a última não se trata do
feminino da primeira.
4. Análise de Dados
Segue a análise dos dados coletados, transcritos e editados pela equipe do ALiB (Atlas
Linguístico do Brasil). São apresentadas as variantes informadas nas primeiras respostas dos
informantes nos gráficos por localidade, considerando sexo e faixa etária:
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Gráfico 1 – Dados coletados em Santa Catarina
Em Santa Catarina, é possível observar a maior produtividade da variante “Semáforo”,
presente na escolha dos informantes de todos os sexos e idades, menos frequente apenas entre as
mulheres da segunda faixa etária (50 a 65 anos), talvez pelo fato de as mulheres mais velhas ficarem
mais em casa e guardarem na memória as variantes mais antigas e menos utilizadas. Também é
relevante notar que os homens da primeira faixa etária apresentaram apenas duas variantes,
“semáforo” e “sinaleiro”, ignorando “sinaleira” que se mostrou produtiva na outra faixa etária e no
sexo feminino.
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Gráfico 2 – Dados coletados no Paraná
No estado do Paraná, é relevante a ausência da variante “sinaleira”, tão produtiva em de
Santa Catarina, mas o fenômeno ocorrido com os homens da primeira faixa etária em Santa Catarina
se repete e acontece o mesmo com a segunda faixa etária de homens no Paraná, com essa repetição é
possível refletir que no trânsito, entre os motoristas, que mais frequentemente são homens, as
variantes mais utilizadas são “semáforo” e “sinaleiro”. Também no Paraná, as mulheres apresentam
mais variantes que os homens.
Gráfico 3 – Dados coletados no Rio Grande do Sul
No Rio Grande do Sul, é possível verificar a produtividade da variante “sinaleira”, presente
em ambas as faixas etárias e em ambos os sexos, sendo mais produtiva entre os homens de 50 a 65
anos e entre as mulheres, de 18 a 30 anos, por isso, no Rio Grande do Sul, não pode ser considerada
uma variante diageracional e tampouco diagenérica.
A produtividade da variante “Semáforo” nos três estados, predominante principalmente entre
os homens da primeira faixa etária, é devida principalmente à recente obrigatoriedade de frequência
às aulas em autoescolas, nas quais é adquirido o nome técnico, um informante confirmou tal
possibilidade:
“INF.- Semáforo [se'mafoRU], mais conhecido por sinalero [sina'leRU]que dizem.
INQ.- O mais comum aqui é...?
INF.- O mais comum é sinalero, mas nos exame pra motorista escolher diz semáforo, né?”
(Informante 3, Porto União, Santa Catarina)
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A seguir será apresentada uma carta experimental com os dados dos três estados e com as
variáveis sexo e faixa etária, também estarão presentes na carta as segundas respostas dadas pelos
informantes, no momento em que eles falavam uma variante, o inquiridor questionava qual era a
mais falada na região, essa é a segunda resposta. Segue exemplo da transcrição de uma entrevista
realizada em Três Passos, RS:
“INQ.- O senhor houve mais sinaleira ou mais semáforo?
INF.- Aqui se usa mais sinaleira, né, mais na cidade maior já pede mais iluminação, primeiro
semáforo, terceiro semáforo.”
Carta Experimental 1 – Designações para “semáforo” nas cidades do interior da Região Sul
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No Estado do Rio Grande do Sul, é possível verificar a frequência da variante “sinaleira”,
principalmente, nas segundas respostas tanto dos homens, quanto das mulheres, é possível notar no
mesmo estado, a baixa produtividade de “sinaleiro”, fato que indica que tal variante é pouco comum
nas cidades em que foram realizadas as entrevistas, e também difere bastante esse estado de Santa
Catarina e do Paraná, em que a realização de “sinaleiro” foi bastante frequente.
É importante relevar a presença de “sinaleira” em Santa Catarina como segunda resposta,
mostrando-se bastante produtiva, principalmente em dois pontos. Novamente vale pontuar a
ausência dessa variante no Paraná, fato que denota uma variação diatópica, considerando sua
produtividade em Santa Catarina e, principalmente, no Rio Grande do Sul.
Com a carta linguística é possível notar também a quantidade de variantes presentes em
todos os estados, verificando a predominância de “sinaleiro” e “semáforo” e o quase não
aparecimento de outras variantes, exceto “farol” e “sinal”, com as segundas respostas para
“sinaleiro”.
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Considerações finais
Com esse trabalho, fica clara a importância da pesquisa dialetológica para descobrir os
falares no Brasil e conhecer a cultura e a herança de saber de cada comunidade. A história de uma
comunidade e a visão que essa lança ao mundo é transmitida em seu falar, principalmente através de
seu léxico, por isso a grande relevância desses estudos.
A presente pesquisa revelou que o Semáforo, um objeto que faz parte do cotidiano de quase
toda a população de regiões urbanas, possui, em doze cidades da região sul, pelo menos seis
variantes: semáforo, sinaleiro, sinaleira, sinal, farol e farolete. Cada uma delas tem o seu histórico e
o motivo para nomear esse objeto.
A escolha de cada uma dessas variantes deve-se à região em que o informante mora, ao seu
sexo e à sua idade, dentre outros fatores. A localidade mostrou ser de grande relevância para a
variação, evidenciando a produtividade diferente de variantes como “sinaleira” e “sinaleiro” em
cada um dos estados.
A variável sexo mostrou que ainda há diferenças no falar dos homens e das mulheres, devido
às diferenças sociais, como o fato de o homem sair mais de carro, ter mais contato com outras
pessoas, como amigos de trabalho, do que a mulher. São diferenças de falares como essa que
mostram como é importante que os estudos sobre a variação lexical continuem, tanto na região sul
quanto em todo o Brasil, pois para um país conhecer sua comunidade é importante também conhecer
mais sobre a sua língua.
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