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DIRIGE ESPÍ.RflA Veículo da USE • União das Sociedades
Espíritas do Estado de São Paulo
CHICO XAVIER:
ANO Ili• N215. JANEIRO/FEVEREIRO DE 1993
'Brasil é realmente o coração do mundo' Durante sua presença, cm fins de dezembro últitno, no Centro Espírita Perseverança, São Paulo,
Chico Xavier confirmou a qualificação do Brasil <lc coração do mundo. Página 12
Direção emotiva " ... o pior de todos os chefes seria o que se desse por eleito de Deus".Este assunto está no Editorial.
Comunicação Social Em entrevista exclusiva, Merhy
Seba fala do seu novo cargo no CFN. Página 7.
Escola Hilário Ribeiro Mantida pelo Instituto Espírita de Educação
MATRÍCULAS ABERTAS Pré-escola e lº grau (até a 8ª série)
Novidades para 1993: sala de audio-visual, parque infantil, sala de estimulação, sala
de música e sala de leitura para a pré-escola Rua Leopoldo Couto Magqlhães Jr., 695
T el. 829-9408 ·
PENA DE MORTE
Violência elevada à potência maior
A pena de morte está de novo na pauta do dia. Ao lado dessa violência que desejam oficializar existe toda uma
sociedade sofrendo outras violências. Página 15.
A Doutrina Espírita está caminhando
para dogmas? Qualquer casa espírita deve primar pelo racional, pelo coerente à luz do sereno conhecimento doutrinário. Fora disso é
correr perigo. Página 6.
EDITORIAL
Direção emotiva É voz crescente no mo
vimento espírita que a condução de nossas casas anda trilhando exageradamente os caminhos da emoção, tornando nossos centros em arremedos de templos religiosos não espíritas. É preciso pensar sobre isso. Os exemplos mais rasteiros deste tipo de direção encontramos nos centros que ainda se comportam na base de velhos conceitos religiosos, mantendo em suas paredes quadros e imagens ou fazendo concessões em suas atividades que alimentam os ranços existentes nos frequentadores. Mas esse tipo de desvio é fácil de combater por estar à vista. Basta um pouco de paciência às vezes e uma certa dose de convencimento. O mais difícil de modificar é a conduta segundo o conceito farisaico, que não se mostra claramente mas se introjeta nos centros e cria raízes difíceis de serem arrancadas.
Em "Obras Póstumas", Kardec afirma - " ... o pior de todos os chefes seria o que se desse por eleitode Deus". Em algumaspoucas casas doutrináriasos dirigentes chegam ao
acinte de se autoprocla- · marem "eleitos de Deus". Felizmente, o pudor já é alguma coisa de concreto nessas criaturas. Isso, porém, não impede de existir em inúmeras instituições dirigentes que não alardeiam essa condição mas que se comportam como tal, isto é, não se declaram "eleitos de Deus" mas agem segundo modelos definidos que se aproximam daquela condição. No seu íntimo, se imaginam missionários e acreditam com sinceridade farisaica que possuem um pedacinho de céu no seu patrimônio futuro.
Esse comportamento acaba por se distribuir de forma geral sobre as atividades da casa e sobre o aprendizado dos frequentadores e é o que confere à casa uma aura detemplo religioso. No fundo disso tudo está a incapacidade de compreender o tipo de revoluçãoque o Espiritismo veiorealizar na Terra e, porextensão, a sua práticacorreta. Por omissão aoestudo ou por intençõesgenerosas que preferemdesenvolver em relação aoproselitismo, em lugar do
emprego da razão, tais criaturas se entregam com idealismo ao trabalho da conversão dos corações, na base de atitudes exteriores, e para tanto fazem mil concessões. Seu "rebanho", contudo, não se encaminha na direção de uma nova sociedade, mas parasita nos campos da emoção.
Um grande engano cometem os espíritas mal preparados: imaginam que a Doutrina é a revivescência pura e simples do Cristianismo e em nome disto, quando não transportam para o centro os comportamentos dos templos envelhecidos, transmitem aos seus a doutrina segundo os ditames da emoção. No entanto, o Espiritismo é um passo à frente do Cristianismo e é nisso que reside a sua grande força, tão inaproveitada ainda em nossos dias. Indispensável que dirigentes e estudiosos pensem nisso. E à medida em que descobrirem que os caminhos precisam ser reposicionados, façam-no, para que o Espiritismo não se perca como pérola preciosa nas mãos incapazes de reconhecerem seu valor.
"DIRIGENTE ESPÍRITA" É O PRIMEIRO JORNAL ESPECIALIZADO PARA CENTROS ESPÍRITAS. FAZENDO UMA
ASSINATURA ANUAL, VOCÊ COLABORA PARA SUA MANUTENÇÃO E GARANTE SUA EXISTÊNCIA.
2 - Diriget1te Espírita - Jat1eiro/Fevereiro de 1993
EXPEDIENTE Veículo oficial de Unificação da USE - Uni.io das Socittúules li'spíritas do Estado de São Paulo destinado especialmente aos dirigentes dt u111Fos e insütuu;ões espíritas.
Editor
Wilson Garcia (Jornalista Responsável)
Secrelária
Miriam Fávaro
Redação
Ivan René Fnmzolim Luiz Antonio Fuchs
&ler Fávaro Antonio César Pcrri de Carvalho
Ami Jcar Dei Clúaro Filho
Assit1aluras
Carlos Teixeira Ramos
Anual: Cr$ 80.000,00 Mantcnc<lor: acima de Cr$
150.000,00
Número Avulso: Cr$ 8.000,00
Produção Grúflca
GP - Fone: (011) 883-7622 C.G.C. n• 55.573.885/0001-00
EdilorllfãO Eletrôt1ica
Adriano de Araujo Garcia
Este 11úmero
5 .000 exemplares
l.f.s.E. uniõo das sociedodes espíritas do estado de sõo paulo entidcde COOfdenodoro e reprn!>Emfolivo do movimento espirita es1oduol no Consetho Federativo Noct0nol do Federncõo Esptfilo Brasileiro
Rua Dr. Gabriel Piza, 433 Cep 02036-011 - São Paulo - SP
Fone (011) 290-8108
A USE não se nsponsabi/iza por conceitos emilúlos em malirias assinadas. As colaborOfÕ<S enviadas e não publicadas não serão devolvidas. Reservamo-nos o direito de pubÜcQI somente o qu, ,stiver dt acordo com a Unha editorúJI do veículo.
• CONGRESSO
•
Pesquisa de Opinião na continuidade do Congresso
Orson Peter Carrara - Mineiros do Tietê-SP
Durante o I Encontro Regional Espírita, realuado em Barra Bonita no dia primeiro de agosto/92 - sábado -, em cominuidade ao Congresso Estadual da USE/92, procedemos uma pesquisa de opinião para avaliar os resultados <lo evento.
O evento abordou temas do citado Congresso e reuniu 180 dirigentes/trabalhadores de 11 cidades da região, que representaram 17 centros espíritas. Os expositores vieram do próprio Congresso de Ribeirão Preto e, após as exposições, estiveram à disposição do público para responder perguntas, participando de um debate geral.
Selecionamos algumas frases, opiniões e sugestões, para apreciação dos leitores, a fim de verificarem a validade de realiz.ações da espécie que tão bem fazem ao Movimento E.,pírita:
1) O encontro foi instrutivo, dinâmico e possibilitou muitas trocas de experiências;
2) Foi um encontro dealto nível, que veio fortalecer nosso trabalho na Casa Espírita;
3) Foi importante a convivência da família espírita;
4) Que o evento seja repetido a cada ano ou semestre. Já estamos esperando por outros encontros como esse, sempre variando as cidades;
5) Este evento deve tercontinuidade, para não cair no esquecimento e estacionar esta oportunidade.
Notamos, desde o retorno das cidades ao convite enviado, que o evento e sua
progµmação vinham de enconuo aos anseios da região. As respostas à pesquisa demonstraram que a preparação das Casas Espiritas é uma preocupação de todos., voltados que estamos à qualidade dos serviços e atendimentos prestados nas funções do Centro Espírita.
Mais que isto, a união dos espíritas, a promoção de eventos confratcrnativos e a preocupação com a qualidade doutrinária na programação dos eventos só tem benefícios à dinamização, ao fortalecimento e revitalização do Movimento Espírita, que em consequência, farão a Doutrina Espírita mais divulgada e os espíritas mais instruídos e esclarecidos, justamente pela troca de experiências.
Esta regionalização de eventos que unam os espíritas, oferecendo oportunidades de estudo e debate, e que já vem ocorrendo em diversas regiões do Estado e mesmo em outros Estados ( em muitos locais já há bastante tempo), foi uma das propostas do Congresso da USE e que reforçamos neste artigo - pela experiência que já vivemos -sugerindo aos órgãos ou instituições, pois realmente é algo notável!
Eles nos possibilitam muito mais: organiz:rr tarefas de apoio à dinig:içào do livro, da imprensa espírita e muito mais q;.;.e nossa criatividade alcru:.;::rr. Tudo a bem da divulg--'""l:�o espírita.
Vamos apron!: :i.r as idéias do Congresso?
Primoroso Documento
A USE acaba de editar os Anais do 82 Congresso Estadual de Espiritismo/92, realizado em Ribeirão Preto no início do ano. Trata-se de importante documento para o movimento espírita estadual e nacional, não tanto pelo registro histórico do evento magnífico que tivemos a honra e felicidade de participar, mas muito mais pelo conteúdo que traduz, mesmo que em forma de resumo, aquele que foi o tema central do Congresso: a dimensão cósmica do Centro E.<;pí
rita.
De excelente apresentação gráfica, o documento, além de reunir toda a programação, relação nominal dos participantes e cidades, apresenta o resumo de todas as abordagens discutidas no evento e ainda traz importantes mensagens psicografadas por Francisco Cândido Xavier sobre o Centro Espírita e Unificação. Reúne também o conhecido documento "Conheça a USE", discorre sobre toda a preparação do Congresso e apresenta também o manifesto do Presidente da USE na abertura em 30 de abril, levada a efeito na Sociedade Recreativa.
O Congresso em si surgiu em hora exata, principalmente pelo tema, revelando a necessidade de aperfeiçoamento de nossas atividades nas Casas Espíritas. A programação desenvolveu-se em quatro módulos: O Centro Espírita, O Centro Espírita e o Trabalho de Unificaçào, O Centro Espírita e a Comunicação e o Centro Espírita e o Futuro do Movimento Espírita, todos divididos em 03 painéis e 12 trabalhos, onde os sub-temas proporcionaram avançado estudo sobre o Centro Espírita e suas atividades. Além das conclusões, encaminJrnmcnto de propostas e sugestões, atividades administrativas e a presença de Divaldo Pereira Fran-
ANAIS
8• Congresso Estadual de Espiritismo- USE 92
TEMA CENTRAL:
DIMENSÃO CÓSMICA DO CENTRO ESPÍRITA
oe.,cn,,o 1),,1'1 UMAY,:!,AOD[ 101Al10A.IX
00 C[l<lllO [Sl'IIIU, [ DOMOYIMCNIO ot UNlflCAC.I.O
co, que abriu e encerrou o conclave.
Mas, quisemos comentar o documento, pois que os resumos de cada tema ou sub-tema preparados por cada expositor e portanto reunidos no citado documento, constitui-se em farta fonte de informações e consultas para o desenvolvimento ou aprimoramento de nossas atividades espíritas oferecidas ao público frequentador das Casas Espíritas. E, se não for para aproveitamento em nossas atividades, servirá sem dúvida para salutares reflexões nestes dias de desafios, onde o equihbrio entre a fidelidade a Kardec, a prática cristà e as exigências dos tempos modernos nos levam constantemente a rever pontos de vistas, procedimentos e planejar sempre para executar melhor.
Amigos do movimento espírita, com todo empenho recomendamos conhecer os Anais do Congresso, pois que aqueles que participaram do evento sabem aquilatar o valor do documento. Para quem não teve oportunidade de participação, fica aqui nossa divulgaçào e recomendação de amigo e irmão de ideal.
Dirigente Espírita - Janeiro/Fevereiro de 1993 - 3
t ,A.
ORGANIZAÇÃO
,
Idolos
Humanos
Amilcar Dei Chiara Filho - Guarulhos - SP
Dois campos perigosos para se eleger ídolos são a política e a religião. Na política temos tido muitos exemplos de desmandos e bastaria lembrar as desastrosas atuações de Hitler, Mussolini, Stalin e muitos outros que não respeitaram direitos humanos ou mergulharam num mar de corrupções.
No campo da religião são muitos os falsos profetas que são lobos vorazes vestidos com pele de cordeiro e bastaria lembrar o Pastor Jim Jones que levou dezenas de pessoas ousuicídio, a guerra santa entre os pastores eletrônicosna América do Norte e oslíderes que pregam vingança e morte e conduzem seusrebanhos à guerra.
Evidencia-se o fato das pessoas precisarem de líderes para conduzí-las, para ouvirem e admirarem. Não poucas vezes esses líderes intilulam-se representantes de Deus na Terra e proclamam que possuem um canal direto de ligação com Deus, e o resultado disto é a exploração moral e financeira, que chega às raias do absurdo.
Poucos são os líderes religiosos que estão dispostos a emancipar seus seguidores e ensinar-lhes os caminhos da liberdade plena. A maioria prefere gritar anátemas e ameaçar
com castigos temporários ou eternos, que as vezes o dinheiro po<le suavisar.
Na sua visão estreita e oportunista faz de Deus wn monarca comum que gosta de ser bajulado, incensado constantemente.
Pequenas ou grandes multidões ouvem atentas os oradores sacros ou sacralizados que prometem curas e a salvação, enquanto vários deles engordam suas contas bancárias. A verdade é que a maioria das pessoas acreditam que nascemos manchados pelo pecado original e que precisamos ser lavados pelo sangue de um salvador pessoal e confirmados pela água do batismo. Quase todos esperam uma salvação que venha de fora de si mesmo.
Inf elizmcnte a coisa não fica apenas nisto. Cursos que prometem o desenvolvimento de forças psíquicas adonnecidas, principalmente aqueles que tenham nuances de orientalismo ou então de mistérios, são muito procurados e apesar do preço, quase sempre alto, existe uma lista de espera nos infindáveis cursos de fim de semana. Outro fator de sucesso é a denominação de cósmico ou transccdental.
Os espíritas tambcm precisam de vigilância constante e exercício de hu-
4 • Dirigente Espírita - Janeiro/Fevereiro de 1993
mildade para não se deixar envolver pela bajulação daqueles que assistem admirados, mas sem um exercício crítico, os grandes e pequenos palestrantes que enchem os grandes ou pequenos salões de instituições diversas. Não estamos fazendo uma crítica aos palestrantes espíritas. S_abemos que existem muitos que são humildes e bons oradores, mas não concordamos com a denominação de "tribunos" para aqueles que se destacam mais na oratória.
deu mostra de bom senso quando passou a chamar os oradores de expositores, mas infelizmente houve uma reação e criaramse os tribunos. Sabemos que alguns que assim são chamados não partilham desta idéia. São chamados, porém não se autodenominam tribunos. Entretanto, os que vaidosamente se julgam tribunos precisam tomar cuidado. O Espiritismo precisa de trabalhadores e a massa espírita não deverá ser amorfa, destituída de senso crítico, porém de criaturas capazes Herculano Pires afirmou
que o movimento espírita de pensar. \ 't·CE
A Modernização das relações nos Centros Espíritas
José Romeu Pioltine UNIME - lndaiatuba
Tem sido uma constante a discussão cm tomo da necessidade de mudança de conceitos, relacionados com diferentes formas de atuação dos trabalhadores nas diversas ati vidadcs das Casas Espíritas, a partir da idéia de maior participação, maior democracia e consequente maior envolvimento.
Percebe-se tratar de desejada mudança, enfatizada inclusive no 82 Congresso Estadual Espíritâ ocorrido cm Ribeirão Preto-SP, cujos resultados esperados podem ser melhores e mais vantajosos que os obtidos atualmente.
Tudo isso nos tem levado à constatação de que os nossos confrades e confreiras encontram-se realmente dispostos a participar e se envolver com os assuntos diretamente ligados à Casa, independentemente da disposição dos atuais dirigentes estarem predispostos ou não a cederem.
Como o trabalho espírita é voluntário e o incentivo não é caracterizado pela recompensa monetária, a motivação do trabalhador espírita decorre da sua participação e envolvimento nos assuntos que lhe dizem respeito.
O que se espera, portanto, é wna abertura maior dos dirigentes espíritas no sentido de evoluir na fonna de "administrar pessoas", dando chance a todos de participarem com suas opiniões, sugestões, etc, mas que estas sugestões e opiniões sejam realmente levadas em conta, de fonna que o trabalhador seja percebido como um ser participativo racional, emocional e social, tendo suas necessidades satisfeitas através de sua co-responsabilidade pelo trabalho e seus consequentes resultados.
O desafio aí está. Toda tentativa que se fizer neste sentido será altamente apreciada.
...
CHICO XAVIER
Brasil é realmente o Coração do Mundo
Cerca de três mil, na zona leste, receberam a visita anual do médium no Centro
Espírita Perseverança
Ivan René Franzolim
Perseverança é um grande centro fundado em outubro de 1964, com amplas e diversificadas atividades que são executadas por uma equipe de 1600 trabaU1adores, sob a coordenação de Guiomar de Oliveira Alhancsi, 65 anos, mais conhecida por dona Guiomar.
Poucas são as instituições espíritas que conseguem a proeza de receber a visita de Chico Xavier uma vez por ano e, menos ainda, aquelas que conseguem transformar isso num hábito que dura vinte anos. Atrás desse relacionamento devem estar, seguramente, a obra. Este centro atende entre trinta a quarenta mil pessoas por mês, da assistência a 1350 crianças cm seis crcchl"., e três centros <lc juventude.
"Quando Chico estava mcllior de saúde, ele visitava todas as creches, as crianças cantavam, era uma festa ainda mais bonita", disse um dos sessenta e quatro segur-anças - trabalhadores da casa nesta noite, todos de camiseta vermelha e boné preto com a inscrição: segurança e alguns portando aparelhos prolissiona is de comunicação (walk-talk).
Nesta noite a estrela que todos querem ver brilhar é Chico Xavier. Com seus 83 anos incompletos, saúde abalada, repercutindo na voz cansada e na necessidade de ser sustentado ao locomover-se, possui, cm contrapartida, seu exemplo de vida e quase quatrocentos livros espíritas produzidos, importantes não pela quantidade, mas pela quali<la<lc <lo seu conteúdo, responsáveis pelo direcionamento espiritual de milhões de espíritos encarnados e descncamados. Tudo isso formando uma aura de irrcsistí vcl atração para aqueles com sentidos mais apurados.
A expectativa é grande. Há filas cm todos· os lados, mas o clima é fraterno e ordeiro. Mi-
lhares de pessoas motivadas pelo único desejo de ver uma personalidade que infwidc tanto respeito e admiração, de apertar a sua mão ao final da reunião e ganhar dele uma singela rosa. Rosangcla, uma moça entrevistada na entrada, estava feliz. No ano passado ela não conseguiu entrar no centro e este ano conseguiu ficar no salão lateral, onde existe um telão para as pessoas acompanharem a reunião, chegando apenas quatro horas antes.
Chico entrou no salão principal amparado por <lona Guiomar e seu fiU10, pontualmente às vinte horas. O coral da casa fez uma, homenagem cantando duas musicas feitas especialmente para o Chico. A presidente <lo Centro Espírita Perseverança abriu a reunião cxtemando sua gratidão ao médium e seu filho adotivo, Eurípcdcs Higino dos Reis, 43 anos. Quando dona Guiomar salientou que os be1úcitorcs espirituais estariam homenageando aquele que é um exemplo vivo de paciência, devotamento e amor, Clúco abanou a cabeça e aguardou sua vez para falar, um tanto constrangido: "reconheço a minha pequenez e sei que é muito grande a minha desvalia".
O Brasil é o coração do mundo
Dona Guiomar fonnulou uma única pergunta para o Chico Xavier, resultado de uma série de questionamentos feitos a ela por muitas pessoas. A pergunta é: dentro de tanta violência e corrupção no Brasil, os benfeitores espirituais ainda acreditam que o Brasil possa ser o coração do mundo e a pátria do evangelho?
Eis a resposta de Chico: Emmanuel é de opinião que dentro
do mundo turbulento, a incompreensão comandando tantos corações, milhões de pessoas, que o Brasil é o coração do mundo,não pode ser motivo de dúvidapara nós. Lembramos que, comtodas as dcfomúdades que assinalam a nossa época, com todasas dificuldades de ordem material, as nossas mesas têm sidoamparadas por benfeitores espirituais. O pão que pedimos naoração dominical é santificadopor bênçãos de toda espécie. Emcomparação com outros povos ecom outras nações, nós estamoscom a nossa bandeira imaculada, inatingível por qualquer corrupção. Esta é nossa a tuali<lade,porque nossas dificuJdades têm sido sobrcpu jadas pela fra t cmidade - porque nós nos amamosuns aos outros, pela facilidadecom que apreendemos os ensinamentos dos nossos amigos espirituais é que vamos fomiandonúcleos de paz e amor que sãoas casas cm que se doutrina.
Seremos compelidos a testemunhos e a exemplificações
Quanto à conceituação de Pátria do EvangeU10, somos compcl idos a pensar no futuro. Nós teremos talvez necessidade de exemplificarmos até com sacrifício do evangelho ensinado por nosso senhor Jesus Cristo, sem nos esquecermos que do ponto de vista evangélico, até ele foi atingido pelo sacrifício extremo, para dar-nos essa alvorada maravilhosa que é a doutrina de luz que nós abraçamos que ilumina a todos num abraço só, num só coração.
Chegada essa época, naturalmente seremos compelidos a testemunhos e exemplificações que agora, não antes, as lutas maiores que o porvir nos reserva, serão horas difíceis que nós, como fillios da pátria do cvangcllio, devemos exemplificar e esperar.
Preparemo-nos para um mundo de fraternidade, de fraternidade verdadeira cm nos referindo à comunidade das nações. Preparemo-nos para abraçar os filhos de outras terras que virão até o coração do nosso país, buscando a paz desejada que para eles tem sido tão difícil de ser encontrada.
Somos de verdade, geogralicamcntc falando, o coração do mundo. Como filhos da pátria do evangelho, somos chamados a exemplificar o que aprendemos, o que ensinamos, o que constitui a razão de nossas vidas. Que Deus nos abençoe para sennos dignos da proteção que tem sido espalhada P,Or todos os recantos deste país. E prova disso que as dissidências havidas e os obstáculos expostos a nós outros, não nos levaram a nenhuma cena de sangue. A violência que existe no Brasil é a violência que existe no mundo, mas como povo temos sabido honrar a destinação a que fomos chamados. Como povo temos sofrido devido a voltas enom1cs, conformações, dclapidaçôcs, faltas graves àqueles a quem foram chamados a dirigir os nossos destinos, mas as nossas mãos não se sujaram com sangue. Muitos povos, por muito menos, acharam a rebelião pela indisciplina- a porta grossa a que eles se atiraram e encontraram dificuldades muito maiores. Assim, somos sim, pela grandeza da terra em que nós renascemos, nós somos filhos do coração de· mãe... e o Senhor nos fortalecerá para sermos filhos também <la p:ítria do evangcllio, quando soar a hora a que fomos chamados para a grande renovação.
A resposta é muito rica em elementos de rct1cxão, ampliando nossa compreensão sobre o papel que cabe aos divulgadores da mensagem evangélica, bem como o contexto necessário para que os ensinamentos possam ser exemplificados. Em seguida, Chico psicografou wna poesia de Comélio Pires intitulada: "Festa Ecológica" (veja na íntegra o quadro .. ). O autor aproveita a época natalina para questionar, em seu estilo jocoso, o modo como comcmoran1os uma data que simboliza amor e bondade. Simultaneamente, o médium da casa (não quer ser identificado) psicografou outra poesia, de Euríclcdcs Fonniga, como preito a Francisco Cândido Xavier.
Às dez horas começou a parte final da reunião. Formou-se uma grande fila para crnnpri.mrntar o Chico, com uma t1uência média de 16 pessoas por minuto. Três horas mais tarde findava a noite consagrada aos interesses espirituais, tendo o mé<liwn cw11primcntado pouco mais de três mil pessoas, sempre com um sorriso nos lábios.
Dirige11te Espirita - Janeiro/Fevereiro de 1993 - 5
DOUTRINA
A Doutrina Espírita esta caminhando
para dogmas? Eliane Correia Roso (*) Oswaldo Vieira Filho (*)
Ao longo dos tempos, cm visita a inúmeras casas espíritas, denominadas por seus dirigentes de casas Kardecistas, pudemos nos defrontar com questões e orientações, até certo ponto surpreendentes pelo intricado do assunto.
Entre tantas selecionamos algumas, como exemplos, que nos pareceram mais inoportunas e as que surgem com maior frequência, para o espanto daqueles que realmente estudam a doutrina:
- não cruzar as pernas durante o passe; dizem que isso pode impedir que os fluídos circulem normalmente pelo corpo;
- não se submeter a exames radiológicos, até 30 dias após o recebimento de um tratamento tluidoterápico, sob alegação que estariam sendo destruídas as partículas energéticas recebidas pelo paciente;
- as mulheres, durante ociclo menstrual, devem abster-se de tratamentos espirituais, assim como de atuarem como médiuns, aplicarem passes, etc, etc... porque tal condição, considerada anormal, as impedem de receber, doar ou ser intermediária do plano espiritual;
- não tomar água fluidificada frente ao aparelho de televisão porque os raios luminosos do aparelho produzem elementos capazes de destruir as partículas medicamentosas ali deixadas pelo plano espiritual;
- não orar no quarto porque há possibilidade de se atrair espíritos não muito esclarecidos, que prejudicarão o sono do incauto im1ão.
Essas e tantas outras "desinformações" pudemos colher ao longo de nossas vidas de espíritas, e nos perguntamos:
Como será que elas surgem? Nas obras da Codificação, não se encontra qualquer alerta a respeito. Buscamos autores mais recentes e não encontramos afirmações desse teor. Consultamos ilustres confrades que atuam inclusive nas áreas das Ciências e ficamos na mesma, nada a respeito.
Voltamos, então, nossos olhos para obras de Medicina e não encontramos recomendações de que a mulher deva, durante o período menstrual, afastar-se das atividades, sejam elas físicas ou espirituais.
Entretanto, se folhearmos a BJblia - Antigo Testamento, cm Levítico, capítulos 12 e 15, constatamos que a mulher era considerada "imunda" e por isso, "rejeitada" durante esse período - será que alguns espíritas não entenderam que Moisés teve um papel também de higienizadar daquele povo?
Assim também pudemos verificar que a incidência dos Raios-X sobre o organismo, para fins de diagnóstico, tem tão somente a finalidade de imprimir imagens cm películas de celulóide, preparadas à semelhança de filmes fotográficos.
Nos livros de eletrônica não encontramos referências aos raios emitidos pelo cincscópio do aparelho de televisão como sendo agentes capazes de destruir qualquer tipo de molécula até então conhecida - será que outros
6 - Dirigente Espírita - Janeiro/Fevereiro de 1993
espíritas não entenderam o avanço da modernidade?
Questões como cruzar as pernas ou braços durante a fluidotcrapia ou mesmo as relacionadas com a escolha do local onde se deva orar, contrariam frontalmente os princípios básicos do racíocinio daqueles que têm algum conhecimento de como opera o plano espiritual e qual a sua importância no contexto das nossas necessidades.
Certamente ficaríamos traçando exemplos sobre exemplos e tomaríamos esta matéria por demais cansativa. Resta-nos apenas colocar algumas questões.
- De onde saíram tais afirmações e quais as finalidades a que se propõem, diante da Doutrina?
- Teriam sido criadas comintenção de proteger o espiritismo Kardecista?
- Teriam sido determinadas objetivando resguardar os interesses de alguns grupos que manifestamente pretendem encher a doutrina espírita de dogmas e expressões aparentes?
- Ou seria tudo isso umaquestão de falta de conhecimento e preparo que, com alguma frequência, observamos nos dirigentes espíritas?
Juntemos a isso tudo que, sendo a doutrina Kardccista relativamente jovem, as pessoas que a professam, egressas de outras religiões, trazem consigo, mesmo inconscientemente, que rituais são artigos de fé.
Allan Kardec, ao codificar a doutrina, imprimiu-lhe como característica básica a evolução. Informou aos seus admiradores e seguidores que a doutrina espírita era algo que jamais se deixaria estagnar ou repousar sobre as prateleiras empoeiradas das bibliotecas especializadas. Demonstrou que sua direção seria o universo maior e que suas colunas mestras, estas sim, haveriam de ser mantidas pois tinham seus aliccr-
ces calcados no mais puro e profundo cristianismo.
Ficou claro, em suas obras, que ela cresceria junto com todos os ramos do saber humano e em tempo algum se faria representar por manifestações exteriores ou ortodoxias oficiais que se chocassem com os princípios fundamentais da ciência e da própria vida.
Qualquer célula esírita, seja qual for a sua dimensão, há que primar pela prática do racional, do coerente acima de tudo, de fatos e informações que possam ser analisadas à luz do mais puro e sereno conhecimento humano.
A filosofia espírita segue os caminhos de uma lógica irrefutável e, entretanto, uma rigorosa busca da verdade não tem sido o objcti vo de uma parte dos discípulos de Allan Kardcc.
Impedir que os assistidos do plano espiritual não se submetam a exames radiológicos ou mulheres que, diante do ciclo da própria vida, sejam discriminadas pelo plano espiritual no atendimento das necessidades de sua alma ou mesmo que se coloquem à disposição de seus semelhantes, é antes de mais nada uma irresponsabilidade de quem o faz cm nome da Doutrina Espírita.
Assim, caro leitor - lembre-se - Jesus não escolheu aqueles a quem se propôs a ajudar; Kardec não escreveu a poucos; o espiritismo moderno não tem âncora lançada num terreno movediço e de conhecimento restrito. O plano espiritual lança os olhos a todos aqueles que dele necessitem, como também colhe em todos os encarnados, quando necessário, as energias necessárias à realização de suas tarefas assistenciais.
O mundo está maduro para as transformações que o Consolador, prometido por Jesus, trouxe à humanidade - não vamos retroceder.
COMUNICAÇÃO SOCIAL
· Assunto recebeatenção do CFN
Alé há pouco, nos meio espíritas, a palavra comunicação servia quase que apenas para definir a relação Espíritos/homens via mediunidade. Os tempos mudaram. Vive-se na terra hoje a era da informação, com a proximidade que o homem lcm com tcxlo os quadrantes do mundo, através da parafernália eletrônica e dos avançados veículos impressos. Lcnlamentc, o movimento espírita acordapara estes novos tempos e acomprovação disso advém dacompreensão mais ampla quecomeça a acontecer para o termo comunicação. O CFN -Conselho Fcdaativo Nacional acaba de dar um passopositivo nesta direção, aprovando a Assessoria de Com un icação Social nas Comissões Regionais e entregandosua coordenação geral a umprofissional do setor: McrtySeba. Rt:sidindo atualmentecm Ribeirão Preto, Merly éprofessor universitário, proprietário da Pentagrama Propaganda e ex-diretor do Departamento de Comw1icaçãoda USE. Ele fala com exclusividade ao "Dirigente Espírita", sobre sua nova funçãoe os objetivos almejados.
Dirigente Espírita - Como surgiu essa idéia de instalação de um setor específico na área de comunicação social na Comissão Regional?
Merhy Seba - A Comissão Regional, que tem na sua direção o companheiro Nestor J.Masotti, já atuava com duasassessorias: O ESDE - Estudo Sistematizado da Doutrina E-,pírita e o DIJ - Dcpartam..:nto da Infância e Juventude. E, agora, surgiu a ler-
ccira assessoria relacionada à área de comunicação social. Entendeu o CFN que a atividade, cm si, de divulgação, tem sido realizada pelas federativas estaduais de modo empírico, sem planejamento a médio e longo prazo e sem explorar, adequadamente, os recursos dos veículos de comunicação social, atualmente, à disposição.
Na reunião de Brasília, cm novembro de 91, juntamente com vários companheiros do Estado do Paraná, Ceará e Bahia, apresentamos sugestões de peças viáveis para o programa de propaganda do Espiritismo, nos veículos de comunicação de grande alcance, como a TV, o Rádio, Jornal, OuLDoor, Vídeo, etc.
Nessa mesma reunião, aconteceu a manifestação de Lodos estados presentes, apoiando a nova fn.:ntc de trabalho, mas sob uma coordenadoria, centrada na Comissão Regional.
DE - E qual a abrangência dessa assessoria?
MS - É ampla. A Assessoria visa reunir várias modalidades da comunicação social, jornalismo, propaganda, publicidade, relações públicas, editoração e outras relacionadas ao processo de comunicação com o público.
DE - Qual seria a função primordial dessa Assessoria?
MS - Servir de suporte, de apoio às federações estaduais, proporcionando-lhes orientações na instalação de um setor de comunicação na sua estrutura, treinar mão-de-obra específica, contribuir com o planejamento de campanhas, programas e peças de divul-
gação. Tudo isso visando éVi
tar a improvisação e apresentar ao público mensagens trabalhadas no conteúdo e na forma.
DE - Qual o benefício para o movimento espírita?
MS - São muitos, porque em função de um planejamento global, abrangendo todo o território nacional leremos com0 resultado: unidade t..:mática, integração de campanhas e programas, racionalização de custos e maior interação com os públicos alvos.
DE - E como fica o Centro Espírita nesse contexto?
MS - Plenamente integrado. Sem o centro espírita dificilmente esse projeto poderia obter sucesso. O centro espírita, como unidade fundamental do movimento espírita é que dará o suporte executivo às campanhas e programas. Para tanto, o centro também deverá ter sua organização, um setor ou departamento de comunicação social, cujos membros também participem da equipe do órgão regional e da federativa estadual.
Praticamente, o ciclo se completa com o centro espírita que é o elemento de sustentação local.
DE - O que se fez de prático até o momento da criação do setor em 91 até hoje?
MS - Como ponto de parlida iniciamos com os encontros regionais, através da Comissão Regional, mantendo contato pessoal com os representantes da Região Norte, Nordeste, Centro Oeste e Sul.
Colhemos subsídios para elaboração de um documento
que reunisse o embasamento filosófico-doutrinário-evangélico para nortear as atividades de comunicação social (TV, Rádio, Cinema, Jornal, Revista, Outdoor, Livro, Vídeo, ele) e encerra com os códigos de ética das áreas de propaganda, r�lações públicas e jornalismo. E justamente esse documento que a USE deverá analisamo dia 14 de março deste ano, aqui em São Paulo, e posteriormente manifestar a sua recomendação na reunião de 12 e 22 de maio em Porto Alegre, ocasião em que será realizado o encontro dos estados da Região Sul, conforme o programa da Comissão Regional.
DE - Como a federativa estadual pode participar desse processo de dinamização das atividades de comunicação social?
MS - Uma das formas é promover cursos específicos para, já, treinar os companheiros. Não só cursos, como encontros regionais; para tanto, é necessário conhecer com antecedência as datas para que possamos nos agendar. A partir daí, a entidade define o seu calendário de eventos os quais serão trabalhados nos encontros e, desta fonna, os companheiros vão se familiarizando com a área. Como se pode perceber, não há por parle da Assessoria de Comunicação Social o propósito de centralizar as ações, ao contrário, a expectativa é que cada fcdcrati va estadual <les..:nvol va planos e programas, de acordo com a sua necessidade e possibilidade, porém sintonizada com um plano diretor geral, apreciado pelo CFN.
Dirigeme Espírita - Janeiro/Fevereiro de 1993 - 7
II VEICOM
Veículos se reencontram em março
A USE vai repetir, em 13 de março próximo, o encontro de veículos de comunicação social do Estado, definindo o evento sob a sigla II VEICOM. O primeiro, realizado em 1991, teve a presença <le cerca de 30 veículos. O coordenador do evento, Luiz Antonio Fuchs, falou com exclusividade ao "Dirigente Espírita" sobre o assunto. Fuchs é também Assessor de Comurucação da USE e vice-presidente da AJE-SP, Associação dos Jornalistas Espíritas do Estado de São Paulo.
Dirigente - O que é VEICOM?
luiz Fuchs - VEICOM é o Encontro dos V ciculos de Comunicação Social Vinculados à USE. É um evento de responsabilidade da Coordenação de Comunicação Social da nossa entidade estadual. Assim como ocorreu no I V eicom, estão sendo convidados a participar deste encontro, representantes de jornais, boletins, programas de rádio, de colwrns em jornais diários, com a única condição de que estes meios de comunicação estejam, de algum modo, vinculados a algum órgão da USE, seja a nível regional, municipal, ou mesmo a um centro ou outra entidade espírita.
Dirigente - O que se busca neste encontro?
l.F. - OI VEICOM, realizado no dia 28 de abril de 1991, na cidade de São Paulo, contou com a participação de seis jornais, sete programas de rádio, nove boletins informativos e oito responsáveis por colunas espíritas cm jornais diários. O encontro foi o ponto de partida para uma salutar troca de informações e experiências. Neste segundo encontro este espírito de intercâmbio deverá ser preservado como fórmula de se buscar caminhos para o aprimoramento de cada veículo, segundo suas vocações individuais, articuladas com o ideal comum de trabalhar pela unificação do movimento espírita.
Dirigente - Quantas pessoas são esperadas?
L. F. - No momento ainda não temos condições de fazer tal avaliação. No I Encontro tivemos a presença de trinta veículos de comunicação, com a participação de cerca de 50 pessoas. Entretanto, temos conhecimento de veículos que não estiveram no primeiro evento e que esperamos estejam conosco desta vez. Tenho convicção de que a nossa imprensa espírita deverá ocupar em breve um dos mais importantes papéis na área da informação e da unificação. Isto nos faz torcer por uma grande presença no II VEICOM.
8 - Dirigente Espirita - Janeiro/Fevereiro de 1993
Dirigente - Como será o Encontro?
L. F. - Bem, ele acontecerá no dia 13 de março, com o objetivo central de otimizar o relacionamento dos veículos com os diversos segmentos da estrutura organizacional da USE e também com a comunidade a que pertencem.
Teremos exposições, painéis, debates, trabalhos em grupo. A intenção nossa é termos um encontro bastante dinâmico e produtivo. Contaremos com a participação de membros da USE com valiosa experiência na área de comunicação. Também estarão conosco professores da UNESP e da Cáspcr Libero, professores estes, espíritas. Como da vez anterior, estamos contando nesta iniciativa com o apoio da Associação dos Jornalistas Espíritas do Estado de São Paulo, a AJE.
Dirigente - E as inscrições?
L. F. - É conveniente, para efeito de planejamento do próprio encontro, que até o dia 15 de fevereiro todas as inscrições já estejam feitas. Para tanto, solicitamos aos dirigentes das USEs Regionais que procurem tomar efetiva a participação de todos os veículos que, porventura, existam cm sua região. A contribuição destes dirigentes é por nós considerada fun-
damental. Pedimos também aos órgãos de comunicação do interior que procurem dar, nos meses de fevereiro e março, destaque ao VEICOM. Um pedido final: todos os veículos de comunicação vinculados à USE deverão, junto com o pedido de inscrição, encaminhar ao II VEICOM uma folha com as seguintes informações: Nome do veículo/coluna Órgão da USE a que se vincula Endereço Responsável Representante do VEICOM Data de Fundação Tiragem e peridiocidade (para boletins, jornais e colunas) Duração e peridiocidade (para programas de rádio)
Todos os contatos para inscrições, informações e sugestões deverão ser mantidos junto à Coordenação de Comunicação Social <la USE, no tradicional endereço da nossa entidade. Esperamos contar com o apoio e entusiasmo de todos aqueles que percebem a importância da comunicação social para o nosso movimento e para a nossa Doutrina.
DOUTRINA
Sensacional entrevista
teatral com Kardec
Fizemos, recentemente, uma "entrevista teatral" com o Sr. Kardcc e ficamos surpreendidos com a sua visão progressista e o seu bomsenso. Sem mais delongas,vamos a essa entrevista:
HS - Sr. Kardec, o que acha o senhor dessas práticas que estão invadindo os centros espíritas, tais como: Cromoterapia, Terapia de Vidas Passadas, Florais de Bach, etc.?
Kardec - "A Ciência e a Religião são duas alavancas da inteligência humana; uma revela as leis do mundo material e outra as leis do mundo moral; mas umas e outras, tendo o mesmo princípio que é Deus, não podem se contradizer; se elas são a negação uma da outra, uma necessariamente é errada e a outra certa, porque Deus não pode querer destruir sua própria obra. A incompatibilidade que se acreditava ver entre essas duas ordens de idéias, prende-se a um defeito de observação e a muito de exclusivismo de uma parte e de outra (o grifo é nosso); daí um conflito de onde nasceram a incredulidade e a intolerância. "1.
HS - Mas algumas pessoas dizem que essas práticas, à título de socorro, estão desviando as pessoas da Doutrina Espírita. Que acha?
Kar<lcc - "Se Deus não ti vcsse querido que os sofrimentos corporais fossem dissipados ou abrandados
Hamilton Saraiva
em certos casos, não teria colocado os meios curativos à nossa disposição. Sua previdente solicitude a esse respeito, de acordo nisso com o instinto de conservação, indica que é nosso dever procurá-los e aplicá-los (grifo nosso).
Ao lado da medicação ordinária, elaborada pela ciência, o Magnetismo nos faz conhecer a ação fluí<lica; depois, o Espiritismo veio nos revelar outra força na mediunidade curadora e a influência da prcce."2
HS - Queira nos desculpar a insistência, mas afirma-se que essas práticas não fazem parte da Doutrina, não estão enquadradas na Codificação.
Kardcc - "O Espiritismo vem hoje lançar luz sobre a multidão de pontos obscuros; entretanto, não a lança inconsideradamente. Os espíritos procedem nas suas instruções com admirável prudência; não foi senão sucessiva e gradualmente que abordaram as diversas partes conhecidas <la Doutrina e é assim que as outras partes serão reveladas à medida que o momento tenha chegado (grifo nosso) para fazê-las sair da sombra. Se a tivessem apresentado completa desde o início, ela não teria sido acessível senão a um pequeno número; teria mesmo assustado os que para isso não estavam preparados")
HS - E sobre essa "oricntalização" relacionada
com chakras, utilização do prana, sobre os corpos etéricos do homem, assuntos esses que eram "mistérios" esotéricos ou especulações mística?
Kardec - "Se pois, os Espíritos não dizem tudo ostensivamente, não é porque haja na doutrina mistérios reservados a privilegiados, nem coloquem a candeia sob o alqueire, mas porque cada coisa deve vir no seu tempo oportuno; eles deixam a uma idéia o tempo de amadurecer e se propagar antes de apresentarem outra, e aos acontecimentos o de Lhe preparar aceitação. 4
HS - Então seria afoito fazer uma vigilância pessoal para garantir a Pureza Doutrinária?
Kardec - "Se a Doutrina Espírita fosse uma concepção puramente humana, ela não teria por garantia senão as luzes daquele que a tivesse concebido; ora, ninguém neste mundo teria a pretensão fundada de possuir só para si a verdade absoluta."5
HS - Nesse caso deveremos aceitar tudo o que aparecer por aí?
Kardec - "O primeiro controle é, sem contradita, o da razão, ao qual é preciso submeter, sem exceção, túdo o que vem dosespíritos ( ... ) Mas esse controle é incompleto em muitos casos, em conseqüência da insuficiência de luzes de certas pessoas, e a
tendência de muitos em tomar seu próprio julgamento por único árbitro da verdade (grifo nosso) ( ... ) A única garantia séria do ensinamento dos Espíritos está na concordância que
. existe entre as revelações feitas espontaneamente, por intermédio de um grande número de médiuns, estranhos uns aos outros, e em diversos lugares. "6
Como podem observar os nossos leitores, trata-se aqui de uma "armação" do articulista. As respostas do Mestre Kardec são, na verdade, trechos extraídos d'O Evangelho Segundo o Espiritismo e não se referem às perguntas que o autor desta "entrevista" imaginou. Entretanto, seria interessante ler-se bem esses trechos verdadeiros e oportunos de Kardec e refazer algUllS conceitos imobilistas e preconceituosos que tolhem as pesquisas científicas e filosóficas por parte dos seguidores da Doutrina Espírita. Escolhi, propositadamente, os assw1tos polêmicos da atualidade, sem nenhuma intenção de deboche, de chicana ou ironia.
Chamamos inicialmente de entrevista teatral porque é muito comum fazer-se, no teatro, adaptações com a utilização de diversos conceitos e idéias para completar um texto (chama-se de colagem). Tivemos o cuidado de não distorcermos as citações originais para atender a interesses pessoais. Os conceitos são basilares e servem para várias reflexões.
1. O Eva11gcll10 Segundo oEspiritismo, cap.l, 112 8.2. Idem, cap. XXVIII, n2 77.3. Idem, cap. XXIV, nQ 7.4. Idem, idem.5. Idem, Introdução II Autoridade da Doutrina.6. Idem, idem.
Dirigente Espirita - Janeiro/Fevereiro de 1993 - 9
MOVIMENTO
A Família no Centro Espírita Paulo Roberto Pereira da Costa
Após 12 anos do lançamento da Campanha de "Integração Família", pela USE, podemos concluir que muito foi realizado, mas não
com a profundidade desejada. O Centro Espírita, frente a todas as dificuldades a vencer, conseguiu despertar de um modo geral o interesse pelo tema família, promovendo encontros, palestras, seminários; mas o trabalho não está concluído - vencemos apenas umaetapa. Trabalhou-se com ospais, procurando fortalecera educação dos filllos e orelacionamento entre pais efilhos, muito mais como trabalho no campo da Evangelização. Tudo certo.
Mas vejo com preocupação a falta de uma abordagem mais prof unJa e Je forn1a mais sistemática com os pais, o casal - Homem e Mulher -, o que, no meu entender, é a base do lar. " AGREMIAÇÃO NA QUAL DOIS SERES SE CONJUGAM, A.TENDENDO AOS VINCULOS DE AFETO, GARANTINDO OS ALICERCES DA CIVILIZAÇÃO. ATRAVÉS DOCASAL, AÍ ESTABELECIDO, FUNCIONA O PRINCÍPIO DA REENCARNAÇÃO, CONSOANTE AS LEIS DIVINAS, POSSIBILITANDO O TRABALHO EXECUTIVO DOS MAIS ELEVADOS PROGRAMAS DE AÇÃO DO MUNDO ESPIRITUAL" (Emmanucl).
A individualidade de cada um e o respeito ao livre arbítrio dos componentes da família, espíritos etemos cm evolução de - v' à + v', com experiências e exposições em diferentes encarnações, sofrendo as conseqüências e impactos das vidas passadas, significativas promotoras da esmbilidade ou instabilidade da família e de seus membros.
O casal - Homem e Mulher - com a sua estrntura espiritual, ensaios e erros, através de encarnações sucessivas, o nível sócio-econômico, educacional, psicológico e, acima de tudo, a individualidade de ea<la um - Traço de Personalidade -Inteligência Geral - Tiposde Inteligência - Aptidões- Interesses - Valores, etc -"OS QUAIS NECESSITAM SE AUTO-EDUCAREM MORALMENTE,C ONSTITUINDO-SEEXEMPLOS VIVOS DEFRATERNIDADE AUTÊNTICA DENTRO DOLAR E FORA DELE ETRANSMITIR O FRUTODESTA EDUCAÇÃO EVIVÊNCIA ÀQUELESQUE FORMAM O UNIVERSO FAMILIAR".(Vinícius). Ê meu sentimento, ainda, que não rcaliü(mos no Movimento Espírita, através do Centro Espírita, os meios para ajudar oCasal - Homem e Mulher-, na oricntac,:ão e condução de seus conflitos, relacionamentos, questionamentos íntimos e problemaspessoais. Trabalhou-se, atéagora, no Efeito, mas pou-
10 • Dirigente Espirita - Janeiro/Fevereiro de 1993
co ou quase nada se fez com relação às causas dos Problemas do Casal. Trabalhou-se na periferia e não no âmago da questão.
O casal espírita que com conhecimento doutrinário sabe que são espíritos eternos, milenares, conhecem os princípios da reencarnação, a evolução Intclectomoral, sabe de onde viemos, porque estamos aqui, o porquê das dores e sofrimentos e para onde vamos,etc. No entanto, independentemente dos conhecimentos que já possuem ealém de estarem engajadosno Movimento Espírita, comtrabalhos nos mais diversos campos de atividade 110Centro Espírita, não os coloca imunes aos problemase necessidades iguais aosdos outros casais não espíritas. Evidentemente quemuitos conseguem sublimarseus problemas através dosconhecimentos adquiridosna Doutrina Espírita e através da reforma íntima, masoutros, e na sua grandemaioria, independentemente desses conhecimentos,não conseguem vencer astcndcncias do passado, ocasionando novos problemasno presente e assumindo novos compromissos para ofuturo. Como nos afinnaHermínio de Miranda"FAMÍLIA - INSTRUMENTO DE REDENÇÃO INDIVIDUAL".
Não estamos a exigir de nós mesmos o equilíbrio que ainda não possuímos, com relação aos problemas de família?
Pergunto se o casal desestrnturad..:i espiritual e psicologicamente poderá desempenhar o seu papel de orientador, evangelizador e repensável pela família?
Homem e Mulher E.,;píritas e casais espíritas têm buscado ajuda de Profissionais não espíritas para orientação e ajuda na solução de problemas de família, e, principalmente, problemas do próprio casal, porque não encontram a ajuda dentro do Movimento, ou seja, no Centro Espírita.
Aproveito esse congrcs-*
d .
so para recomcn ar a cria-ção de um setor no Centro Espírita, para atendimento de casais espíritas e não espíritas, a fim de orientá-los quanto aos seus problemas.
fa;te setor deverá estar estruturado com pessoas de profundo conhecimento Doutrinário e Evangélico, com conhecimento e experiência em problemas do lar, vida e dois, relacionamento de casais, e, no trato de conflitos interpessoais, se possível, com bom embasamento psicológico e, se possível, ainda assistidos por Psicólogos fapírilas.
Finalmente, o Centro Espírita se estruturando para atcn<lcr o Casal, orientando e ajudando no seu reajustamento. Aí sim, posso dizer que a Campanha <le Integração da Família estaria atingindo totalmente o seu objetivo.
* - Apresentado no 82 Congresso Estadual de Espiritismo, da USE.
ATIVIDADES
O mundo está sofrendo uma profunda transformação no campo tecnológico e os reflexos destas alterações provocaram mudanças de interesses entre as pessoas.
O Centro Espírita está inserido nesse contexto e, sendo um educandário de almas, por excelência, deve imprimir ao Espiritismo o mesmo dinamismo existente na comunidade. Não se trata de modernizar mas sim atualizar as formas de ensinar, �ara que as pessoas conqmstem os conhecimentos doutrinários da maneira mais eficaz possível.
A Pesquisa
Assim, resolvemos fazer um questionário entre os participantes de um Curso Básico de Espiritismo, para verificar até que ponto deveríamos propor esta atualização.
Este questionário foi respondido por 150 frequentadores do Centro Espírita Luz e Fraternidade, que fica à rua São Vicente, 363, Araçatuba-SP.
Aqui estão as respostas obtidas, em índices percentuais:
1. Sexo dos entrevistados:Masculino - 28 % ; Feminino - 72%.
2. Grau de escolaridade:Primário - 6 % ; Ginásio -1 O%; Segundo grau incompleto - S % ; Segundo grau completo - 26 % ; U nivcrsitário - 53%.
3. Frequenta o curso para: Adquirir conhecimento - 86 % ; Poder participar doCOEM posteriormente -7 % ; Consolo - 4 % ; Fazernovos amigos - 3 % .
4. Sente atração pelo estudo sabendo que não há passe? Sim - 90 % ; Indiferente - 8%; Não - 2%.
5. Prefere estudo apostilado ao estudo dirigido? Sim - 60%; Não - 40%.
6. Consegue aplicar o conteúdo básico do Espiritismo
no cotidiano? Sim - 50 % ; Mais ou menos - 44 % ; Muito pouco - 6%.
7. Assuntos atuais comosexo, aids, drogas, pena de morte, aborto, eutanásia, transplantes, barriga de aluguel e outros devem estar no programa do curso? Sim - 100%; Não - 0%.· 8. A edição "Família eEspiritismo"* da USE atende esta atualização, quandoassociada ao curso básico deEspiritismo? Sim - 97 % ;Não - 3%.
9. O uso de slides, transparências, painéis, cartazes, flanclógrafo, lousa e etc, ajuda no aprendizado? Sim -98%; Não - 2%.
10. O uso de documentários e filmes ajuda no aprendizado? Sim - 99 % ; Não -1 %.
11. Gosta de participaçãode alunos nas aulas? Sim -42 % ; Indiferente - 30 % ; Não - 28%.
Comentários
Sempre que formos 1111-ciar um curso, no Centro Espírita, devemos lançar mão de recursos que pem1itam a identificação dos frequentadores, para que possamos adequar a mensagem à maioria dos participantes. No curso analisado, verificou-se que havia mais mulheres que homens (questão 1) e isso fez com que os expositores trabalhassem a mensagem em função das necessidades identificadas.
O Grau de Escolaridade também deve ser analisado. Muitos dirigentes têm em mente que a mensagem espírita precisa ser muito simples para que todos possam compreender. Contudo, não se pode confundir simplicidade com falta de conteúdo. V erif1cou-se que a maioria tinha grau universitário (questão 2), o que surpreendeu a direção do Centro Espírila Luz e Fraternidade, cu-
ja orientação inicial desvalorizava o nível escolar das pessoas. Assim, a mensagem deve ser adequada a todos os níveis para não prejudicar e desprestigiar tanto os mais cultos quanto os analfabetos.
A sistemática de encaminhamento dos novatos, no Centro Espírita pesquisado, permite que a pessoa frequente o Curso de Orientação e Estudo da Mediunidade somente após ter participado do Curso Básico de Espiritismo (o que parece bastante racional). De modo geral, acreditava-se que a Sociedade Espírita só teria público se oferecesse trabalhos mediúnicos à população, o que não retrata a realidade. Nesta pesquisa, os entrevis-
das com suas próprias energias. Com isso, vemos que o passe deve ser usado quando houver indicação para quenão haja uma dependênciaeterna da recepção das energias alheias.
O estudo apostilado é mui-- to bom para padronizar amensagem a ser transmitidaaos frequentadores. Entretanto, ele é autolimitante o queprejudica o desenvolvimento daquele aluno que temmaior capacidade de assimilação. Assim, percebe-se quedevemos unir o estudo apostilado ao estudo dirigido para que o interessado possabuscar na fonte (livros, trabalhos e revistas) o conteúdo que deseja conhecer. Utilizou-se esta técnica, nesteestudo, e verificou-se que
Atualização do Centro Espírita em função dos
novos tempos Osvaldo Magro Filho
tados afinnaram que buscam no Curso o conhecimento
doutrinário e, em percentuais inferiores, estavam interessados em mediunidade, consolo e amizade (questão 3). Assim, verifica-se que os
Centros Espíritas devem estar equipados para atender esta população mais cons
ciente, sem demérito algum à prática mediúnica.
O passe também é muito procurado na Casa Espírita e, cm vista disso, acreditase que toda reunião necessita <lesta prática fluidoterápi-ca. 98% <los entrevistados dispensavam ou eram indiferentes à necessidade do passe na reunião de estudo. Isto porque, nesta etapa, as pessoas já estão mais equilibra-
40% dos participantes preferiram esta associação.
Notou-se também que 50% dos alunos tinham dificuldades em aplicar o conhecimento básico da doutrina no cotidiano. E, a partir daí, optou-se pela atualização dos temas, embasados cm Allan Kardec, o que agradou todos os frequentadores. Assim, associou-se o programa "Família e Espiritismo" (!), recentemente lançado pela USE, ao "Programa Básico de Doutrina Espírita" (ver opinião do participante na questão 8), com aprovação dos participantes.
Durante o curso, várias aulas foram montadas com o
uso de slides, transpar�ncias, painéis, cartazes ou mesmo
Dirigente E.<pírita - Janeiro/Fevereiro de 1993 - li
ATIVIDADES
a lousa, o que foi muito bem aceito em função de melhorar o nível d� aprendizagem ( questão 9). E lógico que nem todo Centro Espírita possui esses recursos para ajudar na parte didática. Contudo, é chegado o momento de repensarmos a verôadeira função do Espiritismo e, dentro da visão educacional, talvez seja oportuno investir um pouco mais nesses equipamentos e materiais.
Com a popularização do vídeo cassete, o número de documentários e filmes que tratam direta ou indiretamente de Espiritismo tem aumentado rapidamente. Na atualidade, os comunicadores acreditam que este material é muito bom para sensibilizar os alunos em relação aos temas que serão tratados (2). Durante os 2 anos de duração deste curso, empregouse os seguintes filmes: Ghost - Do outro lado da vida, Distante para sempre, Campodos Sonhos, Paixão Eternae Fernão Capelo Gaivota, para estudai a imortalidade daalma; Manika; As duas vidas de Adrew Rose, O céuse enganou, Ethernity, Emalgum lugar no passado eMinhas vidas, para analisara reencarnação; Não Adormeça, para estudar obsessão;Eram os Deuses Astronautas, para estudar a pluralidade dos mundos habitados; Poruma questão de honra e Umahistória americana para estudar a assistência social e oracismo e, por fim, TheFourth Wiscman, para preparar o Espírito de Natal. Élógico que todo esse material foi devidamente avaliado e criticado dentro da base kardequiana. Com isso,os resultados apresentados naquestão 10 indicam a ótimaaceitação deste método.
Por fim, avaliou-se a dinâmica de grupo e a participação ativa dos alunos na construção do saber. Pouco menos da metade dos entrevistados acharam estas téc-
nicas positivas. Contudo, os demais se mostraram indiferentes e/ou resistentes a tais propostas didáticas. Talvez isso tenha ocorrido em função de ser um grupo relativamente grande para o trabalho dirigido por apenas 3 monitores. Por outro lado, é cômodo, por parte do aluno, receber a informação pronta só, que, na aula expositiva, onde o professor centraliza o conhecimento, necessariamente o aprendizado não édos melhores. Há até um adágio popular que diz que "educação é aquilo que ficaquando o que se aprendeufoi esquecido" e, no esquema de aula sem participação ativa do grupo, o esquecimento pode ser muitomaior.
Conclusões
l. O Centro Espírita deve atualizar os temas abordados em seus estudos e sugerimos o uso da edição "Família e Espiritismo", lançada pela editora USE;
2. O Centro Espírita deve investir mais em aparelhos e materiais que auxiliem didaticamente os expositores;
3. Os monitores devem conhecer muito bem os alunos que participam de seus cursos para não desvalorizar ou supervalorizar a capacidade do grupo;
4. Os expositores deverão ter preparação técnica para que se utilizem dos princípios pedagógicos em suas aulas.
Referências Bibliográficas
1. Família e Espiritismo.Edições USE, 1992.
2. Moran, J.M. Como vertelevisão. São Paulo, Edições Paulinas, 1991.
* trabalho foi apresentado no 82 Congresso Estadual de Espiritismo.
12 - Dirigente Espírita - Janeiro/Fevereiro de 1993
CARTAS
"A preciei e achei muito instrutivo para os espíritas o artigo "Quando o coletivismo mata a individualidade e prejudica as atividades do centro". Realmente, na minha atividade de militância espírita, frequento há 13 anos uma entidade, a qual considero efetivamente idônea e com várias formas de transmitir a nossa doutrina de Cristo, porém, no meu ponto de vista, falta justamente este item a que se refere o jornal número 14, de novembro/dezembro de 1992, aos dirigentes da casa espírita! Com este depoimento, passo a ser assinante deste respeitável "Dirigente Espírita". Satoko Kitice, médica veterinária, São Paulo.
"Conheci o "Dirigente Espírita" na Fraternidade Espírita Ramatis, onde realizamos um trabalho com alimentação alternativa. Conforme os senhores podem atestar pelo artigo anexo - Saúde é possível - esta proposta merece a atenção dos segmentos espíritas responsáveis pela grande fatia do atendimento aos segmentos carentes da popu-
lação". Valdo França, engenheiro, São Paulo.
"Vimos pela presente agradecer a remessa graciosa que tem sido feita do prestigioso órgão de imprensa espírita dirigido por V. Sa., bem como a colaboração que têm prestado ao Instituto, quando solicitamos". José Cláudio Fortes, secretário, Instituto Espírita de Educação.
"Pela presente, manifestamos nossos agradecimentos profundos pelo pronto atendimento de V. Sa. à nossa solicitação". Fraternidade Espírita Mensageiros da Paz, São Paulo.
"Tenho lido o "Dirigente Espírita" com certa frequência e observo que o intuito maior das matérias é levar-nos ( os leitores) à análise do que vemos, ouvimos e como procedemos. Evidentemente, cada qual se situa em plano evolutivo indivigual e próprio para tal conceito, porém, no conceito geral, observo a grande preocupação em preservar a pureza da doutrina kardecista". Mércia Dalva Moncayo. São Paulo.
ACONTECE
Clube do Livro Infantil
o tema à FEB, incluindo experiências relatadas por RioGrande do Sul, Paraná e Es-pírito Santo. Em 1993, o te-Os espíritas do Centro Es- ma comparecerá nas rewuões pírita Bezerra de Menezes, das Conussões Regionais do de Catanduva, instituíram o CFN, a começar pelo Norprirneiro Clube do Livro Es- deste, em março, e Sul, em pírita Infantil e estão com maio. Simultaneamente, as as inscrições abertas para lo- federativas estaduais devedos os pais e mães que de- rão preparar uma assessoria sejarem receber pcriodica- ou departamento para tratar
�ente, a preços �ealment� dos preparativos da campamteressantes, um hvro esp1- nha rita voltado para a infância, ensinando assim aos seus fi- •t,� lhos a formarem a sua pró-
Creche Mário Barbosa pria biblioteca e a desenvol-
verem o gosto pela leitura. E novembro úllin10, aquele clube completou o seu primeiro ano de vida.
Os interessados poderão não apenas se tomar sócios, mas também dar sugestões para o nome do Clube, concorrendo, com isso, a um prêmio de uma coleção de obras infantis espíritas. O endereço do Clube é Rua Municipal, 646, CEP 15.800-000, Catanduva, São Paulo.
A hora da família
Por proposta da USE, o tema familia foi abordado em reunião do Conselho Federativo Nacional, no dia 7 de novembro passado, em Brasília. A oportunidade da realização de uma campanha sobre a integração da família foi tratada, abrindo-se espaço para as federativas estaduais relatarem suas experiências, finalizando com uma dinânuca de grupo para se oferecer propostas ao CFN. O presidente Perri e sua esposa, Célia, diretora do departamento de Educação, relataram as experiências da USE, realizadas a partir de 1 980, os cursos e senunários apresentados e o recém-editado opúsculo "Família e Espíritismo".
Ficou definido que a USE e a USEERJ apresentarão um projeto de campanha sobre
A prefeitura do Município de São Paulo inaugurou, no dia 5 de novembro último, a Creche Mmúcipal Mário da Costa Barbosa, localizada à rua Sargento Jetcr Augusto Pereira, 121, Parque Novo Mundo. Em seu discurso, a prefeita Luiza Erundina elogiou o trabalho profissional de Mário Barbosa e citou sua postura espírita, na presença de inúmeras pessoas, inclusive, o presidente Perri, da USE.
Mário foi diretor do Serviço Assistencial Espírita da USE e integrou seminários sobre a família na gestão Nestor Masoti, tendo dcscncarnado em setembro de 1990. Além de publicar um artigo de sua autoria, a edição de dezembro de 1990 da revista "Serviço Social & Sociedade", trouxe o "Editorial em homenagem a Mário Barbosa", de onde se destaca: "O humanismo de sua proposta profissional tinha uma perspccti va que ultrapassava a dimensão vivida no cotidiano da prática em si, porque abrangia uma expectativa abrangente: homem totalidade espiritual/material e cósmica/universal".
Nosso Lar pede ajuda
A Instituição Social Nosso Lar, de Santo André, foi fundada há 40 anos e acolhe
Creche Municipal Mário da Costa Barbosa
cm sua sede na rua das Hortências, 944, Vila Helena, 95 idosos, sendo 48 mulheres e 47 homens. A atual diretoria está empenhada em ampliar sua capacidade de atendin1ento para 170 idosos e para tanto pretende aproveitar um terreno de sua propriedade naquele município, de cerca de 10 mil metros quadrados, para a construção de uma nova e moderna sede.
Para alcançar os seus objetivos, o Nosso Lar precisa de mais sócios e de todos os móveis e utensílios, mesmo que usados, em disponibilidade nas residências de pessoas que gostariam de ajudar. O telefone para contatos é 413-7766.
Feira do Livro terá lei
A necessidade de uma legislação específica para a realização de feiras de cunho beneficente em São Paulo é um fato, entre as quais as de livros. A cidade é hoje uma grande metrópole, com diferentes formas de expressão de crenças e nem sempre o Poder Munic(ral atende às reivindicações desta parcela significativa, da população. O vereador Eder Jofre elaborou um projeto de lei, visando a concessão de
licença para Feiras de Livro em Praça Pública, o qual será votado pela Câmara e sua aprovação colocará São Paulo em pé de igualdade com o Rio de Janeiro, que, pelalei 850, de 27 de maio de1986, regula esta ali vidade.É justo, pois, que os espíritas paulistanos façam coroem benefício da lei.
USE na Câmara do Livro
Com o apoio da Editora Meca e da Distribuidora de Livros Catavento, a Editora da USE apresentou proposta de filiação à Câmara Brasileira do Livro. Uma vez aprovada, a USE poderá participar de eventos importantes, como as famosas Bienais Internacionais do Livro, apresentando ao público os livros de sua edição.
Livros em promoção
A Livraria da USE, rua Gabriel Pizza, 433, Santana, estará vendendo os livros "O Espiritismo e os Problemas Humanos", de Deolindo Amorim e Hennínio C. Miranda, e "O Centro Espírita", de Wilson Garcia,com 50% de desconto paraleitores e livrarias em geral,a partir deste mês de janeiroem curso.
Dirigente Espírita - Janeiro/Fevereiro de 1993 - 13
ACONTECE
Confraternizações no Carnaval
No período do Carnaval, de 20 a 23 de fevereiro, duas confraternizações estarão acontecendo no âmbito da USE: em Jaboticabal vai ocorrer a Confraternização Regional da Famfüa Espírita, sob o tema central "Vivência Espírita", com a coordenação da USE - Regional de Ribeirão Preto. Em Guararapes, está marcada a Confraternização de Espíritas da Alta Noroeste, com os temas Obsessão, Mediunidade, Família, além de assuntos do 8º Congresso Estadual de Espiritismo. A coordenação é da USE - Regional de Araçatuba.
Encontro sobre Saúde é sucesso
Curitiba sediou com sucesso, entre 30 de outubro e 2 de novembro último, o 22
Encontro Nacional Espírita de Saúde Mental, buscando discutir o homem sob a visão global bio-psico-socioespiritual. Além de mais de duas centenas de inscritos, o evento teve a participaçãoda Federação Espírita Brasileira, da Federação Espírita do Paraná, além de instituições públicas e privadas.
Está programado já para 1994, novembro, a continuidade do evento com a realização do 3º Encontro.
Curso intensivo de atendimento fraterno
Dada à procura e à oportunidade a USE, através do seu Departamento de Orientação Doutrinária, promoveu em sua sede o Curso Intensivo de Atendimento Fraterno nos dias 28 e 29 de novembro último. Os temas e expositores foram: O centro espírita e sua estrutura, Antonio César Perri de Carvalho; Noções gerais de ateu-
dimento fraterno, Edmir, Marcelino e Edna, todos de Sorocaba; O entrevistador -características necessárias, Adão Nonato e, finalmente, O entrevistado, perfil psicológico, Elaine C. Ramazzini. Para 93, novos cursos estão em estudo.
Temas de livro entram em debate
O Departamento de Orientação Doutrinária da USE, através do livro "Subsídios para Atividades Doutrinárias", lançado recentemente, esteve presente em diversos seminários no interior do Estado. Em Mogi Mirim aconteceu um encontro com dirigentes espíritas em 26 dezetembro último, com o debate dos temas Reuniões Mediúnicas e Reuniões de Desobsessão. Reuniões Mediúnicas e Doutrinação foram os assuntos abordados em 26 de novembro passado, em Jundiaí e em 12 de dezembro, Campinas sediou um seminário sobre Atendimento Fratemo. Para janeiro cm curso, 31, está marcado um encontro na cidade de Araras, quando será enfocado o tema Atendimento Fratemo e o Entrevistador.
Informações recebidas doslocais onde os encontros se realizaram mostram excelente interesse pelo livro e seus temas.
Espíritas fundam o Conselho
Internacional
Durante o Congresso Mundial de Espiritismo, realizado em Madrid, Espanha, em fins de 1992, foi fundado o Conselho Espírita Intemacional (CEI), que reunirá os espíritas de todo o mundo, através de representações das respectivas federações nacionais. A Federação Espírita Brasileira (FEB), que participou de todos os preparativos e da Comissão
14 - Dirigente Espírita - Janeiro/Fevereiro de 1993
Provisória que projetou as bases do CMI, é a representante do Brasil naquele conselho.
O CMI está assim constituído: Rafael Gonzales Molina (Espanha), secretário-geral; Nestor João Masotti (Brasil), primeiro secretário; Roger Perez (França), segundo secretário; Benjamin Rodrigues (Flórida), tesoureiro.
USE instala seu Conselho de
Administração
Um novo passo para a implantação do novo Estatuto Social da USE foi dado no dia 13 de dezembro, com a posse do Conselho de Ad� ministração em reunião ordinária do Conselho Deliberativo Estadual. Na mesma ocasião, o CA realizou sua primeira reunião, de maneira informal, preparatória para as atribuições previstas no estatuto. Luiz Alberto Zanardi fez um relato dos estudos da Diretoria Executiva e dos Departamentos para a definição de uma proposta de ênfase à dinamização dos órgãos regionais.
dos assuntos administrativos que passaram para o Conselho de Administração, passa a opinar sobre assuntos doutrinários e abrangentes. Na reunião de 13 de dezembro passado, o CDE teve conhecimento da conclusão dos Anais do 8º Congresso Estadual de Espiritismo, que estavam em fase de expedição, bem como das atividades da área de commúcação social, desenvolvidas por Mcrhy Seba, como representante da USE nas Comissões Regionais do Conselho Fcderati vo Nacional, além de receber o novo Estatuto Social impresso.
O CDE deliberou realizar seis encontros regionais (Nordeste, Noroeste, Sorocabana, Central, Sudeste e Sul) no segundo semestre de 1993, para avaliação da divulgação e da implementação dos temas do 82 Congresso, visando o 9º Congresso, previsto para 1995. As cidades interessadas em sediar este congresso devem apresentar seus estudos até a reunião marcada para o segundo domingo de junho próximo, pois o CDE passa a reunir-se semestralmente.
Contribuição Social está definida
O CA, cm razão de sua composição por representantes de órgãos regionais, contará com um espaço visando os estudos de implementação das medidas para o fortalecimento das regiões. As datas de reuniões do CA es- O Conselho Deliberativo tão estabelecidas para o se- Estadual da USE fixou os gundo domingo dos meses valores e prazos para as sode março, junho, setembro ciedades unidas enviarem a e dezembro de 1993. Na pau- contribuição social de 1993. ta da remúão de março, cons- À vista, a anuidade será de ta tema de orientação sobre Cr$ 300 mil, paga até 31 de atuação dos presidentes das janeiro. Mas o pagamento poUSE-Regionais, seguido de..- de ser feito também cm três assuntos como a adequação parcelas, a primeira de CR$ de regimentos de órgãos e 100 mil, até 31 de janeiro; a departamentos, à vista da im- segunda de CR$ 125 mil, plantação do novo Estatuto. até 28 de fevereiro e a ter
Deliberativo fica mais dinâmico
ceira de CR$ 150 mil, até 31 de março. No carnê que esta sendo distribuido está prevista também a contribui-
O Conselho Deliberativo ção espontânea, de qualquer Estadual da USE, aliviado valor.
PENA DE MORTE
Violência elevada ' ,,.,.._ . .
a potencia maior Conclusão da página 16
- A Lei Natural ou Divina, que é imutável e se baseia na máxima: "Desejar ao próximo o que queremos para nós mesmos", ou seja, toma-se o direito pessoal baseado no direito do próximo.
Tomemos o exemplo de Jesus que, usando dessa Lei Divina, conseguiu arrefecer os ânimos daqueles que queriam apedrejar a mulher adúltera.
Enfim, ao refletirmos sobre a pena de morte, lembremo-nos da falibilidade de nossa justiça, que O condenou à morte, embora fosse reconhecidamente inocente. E, sendo Ele o redentor, ainda leve, para aqueles que O condenaram, um gesto de compreensão e perdão ao proclamar: "Pai, perdoai-os porque não sabem o que fazem".
Em verdade, a pena de morte no Brasil existe sob outros nomes. Cabe aos espíritas lutar para que essas "penas de morte" não declaradas desapareçam, e evitar que se institua mais uma. Já não bastam as milhares de mortes praticadas diariamente através da infância desnutrida, menores de rua, velhos desamparados e tantas outras?
Analisemos os motivos que originam tanta violência e descobriremos a nossa parcela de culpa. Quando nos dizemos vítimas, devemos também avaliar o nosso grau de omissão.
Conscientizemo-nos de que as falhas humanas fazem parte do nosso estágio evolutivo e, por extensão, também de nossos sistemas judiciários.
Não será difícil ao espirita verdadeiro entender que a sociedade, ao impor a morte, mesmo a um innão infrator, estará engrossando a lista daqueles que serão devolvidos ao mundo espiritual em péssimas condições mentais. Organizando-se em legiões de
malfeitores e revoltados, voltam-se contra essa mesma sociedade, provocando dolorosos processos de resgates coletivos.
Os espíritas devem enxergar com as vistas que a Doutrina lhes propicia ter, e são parte integrante e importante desse debate. A Doutrina Espírita nos orienta de modo lógico, preciso e seguro de que a pena de morte é, um crime institucionalizado. E um agravante da violência e um empecilho gigantesco à evolução moral da humanidade. A Doutrina vem ampliar os nossos horizontes aos ensinamentos luminosos do Mestre Jesus. Ela ensina que é através do amor, da compreensão e da caridade que conseguiremos abrandar as dores deste plano. Cabe a todo espírita, portanto, lutar para que também esse mal se estirpe da face da Terra.
Irmãos espíritas e de todas as crenças: façamos sentar na cadeira dos réus a pena de morte, e a condenemos para sempre!
Ouçamos a palavra de Emmanuel:
"Desterrai cm definitivo a espada e o cutelo, o garrote e a forca, a guilhotina e o fuzil, a cadeira elétrica e a câmara de gás, dos quadros de vossa penalogia e oremos, todos juntos, suplicando a Deus no inspire paciência e misericórdia uns para com os outros, porque ainda hoje, em todos os nossos julgamentos, é possível ouvir, no ádito da consciência, o aviso celestial do nosso Divino Mestre condenado à morte sem culpa:
"Quem estiver sem pecado, atire a primeira pedra".
Trabalho elaborado pelo departamento de orientação doutrinária da U.S.E. - Regional São Paulo.
USE EDITORA Dispomos de títulos de diversas editoras para atendimento de Centros Espírítas, Livrarias e Bancas do Livro. Condições especiais para Feiras do_ Livro, sob consulta. Livros de nossa edição:
Ciência Espírita - J. Herculano Pires O Espiritismo e os problemas humanos • Deolindo Amorim/Hermínio C. MirandaO Centro Espírita e suas Hi�llírias - Wilson GarciaO Centro Espírita - Wilson GarciaOpúsculos de nossa edição:
Família e Espiritismo Subsídios para Atividades Doutrinárias Atividades Doutrinárias Organização Administrativa e Jurídica Manual do Expositor Espírita Calendário Espírita (folhinha) - 3! edição Evangelização Infantil Aulas para o Jardim Serviço Assistencial Espírita: S.A.E. • Grupo Mirim e Grupo de Jovens S.A.E. - Grupo de Gestante.� S.A.E. - Grupos de Mães e Grupos de Pais Estatuto Social da USE Publicações e produções sobre eventos:
Anais do 8!! Congresso Estadual de Espiritismo Fitas de Vídeo do � Congresso Estadual de Espiritismo (2) Apostilas e vídeos - 1 e II FEMUIN Enc. Estadual de Evangelização Infantil - 1987 (opúsculo) Música - Evangcli7.ação Infantil Outros:
Reuniões de Estudo da Mcdiunidade (edição IELAR) Programa Infanlo-Juvenil Espírita (edição IELAR) O Livro dos Espíritos e sua Tradição Histórica e Lendária • Canuto de Abreu (Edição L.F.U.) Aposlilas Evangelização Infantil - F.E.B. Orientação ao Centro Espírita - F.E.B. Currículo para Escolas de Evangelização Espírita lnfanto -Juvenil (edição FEB - opúsculo)
Pedidos para: USE - União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo - Rua Dr. Gabriel Piza, 433 São Paulo - SP - CEP 02036-011 - Telefone (011) 290-8108
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ASSINATURA o RENOVAÇÃO o
VALOR: CR$ ----------- DATA: --------
PREENCHA UM CHEQUE NOMINAL À USE • UNIÃO DAS SOCIEDADES ESPÍRITAS DO ESTADO DE SÃO PAULO E REMETA-O COM ESTE CUPOM PARA A RUA DR. GABRIEL PIZA, 433, CEP 02036-011 - SÃO PAULO - CAPITAL. ASSINATUAA VÁLIDA POR UM ANO OU 6 EDIÇÕES BIMESTRAIS.
ASSINATURA
Dirigente Espírita - Janeiro/Fevereiro de 1993 - 15
PENA DE MORTE
Violência elevada à
,,.,._ . .
potencia maior São violentos os nossos
dias. Nas ruas o crime e a perversão se banalisaram de tal modo que já se mata até por um par de tênis. As atrocidades são tais que, muitas vezes, nos perguntamos se realmente saímos da barbárie.
Sabemos que a violência, em nossa esfera de pouca evo-1 ução, gera ainda mais violência. E é desta forma que assistimos, pelos meios de comunicaçào, a linchamentos e assassinatos anônimos praticados por esquadrões que se orgulham em ostentar o nome da morte. São reações insanas dos que tentam curar a violência com selvageria ainda maior.
A maioria dos que opiam pela pena capital não sabe exatamente o porquê dessa opção. Negam que seja por vingança, embora muitos estejam aqui enquadrados; outros a desejam por acreditar cm sua influência intirnidativa, o que a pesquisa mundial contradiz: houve aumento da criminalidade nos países que a adotaram e uma diminuição nos que a aboliram.
Nos Estados Unidos, onde 39 estados aplicam a pena de morte, houve aumento no número de crimes, tendo em vista que o assassino, ao matar uma pessoa, era levado a extenninar as testemw1has para não ser acusado. -Só cin Nova York, no período de 1963 a 1980, esse aumento chegou a 400%. É o que revela o livro dos Direitos Humanos, de L.J. Mesca e L. P.
Aguirre. Esses mesmos autores dizem que, proporcionalmente à população, a violência nos EUA é cerca de 10 vezes maior que no Brasil, apesar da pena de morte.
A Sociologia provou que o maior fator para a diminuição da criminalidade é a oportunidade que as pessoas têmde estudo, saúde, trabalho, alimentação, religiosidade, bomnúcleo familiar, etc ...
A revista Veja de 29/maio/9 l traz um artigo mostrando um dos aspectos mais graves no Brasil, enfocando a realidade dos meninos de rua - filhos da miséria e do crime: "O drama dos meninos de rua é uma vergonha que, somada aos 5 milhões de crianças em idade escolar, que hoje não freqüentam escolas, tansforma-se em tragédia nacional. O govcmo estima que mais de 800.000 meninos e meninas saem às ruas todos os dias para ajudar no sustento da família. As entidades que tentam ajudar essas crianças estimam que 80.000 sejam infratores e até bandidos perigosos."... "O adolescente A.D. é uma fera na selva das cidades brasileiras. Com 3 anos ele já estava nas ruas do Rio de Janeiro, junto com garotos mais velhos. Cheirou cocaína aos 5. Tinha 7 anos quando fez seu primeiro assalto a mão annada."
Vivemos cm uma sociedade que passou a valorizar o "ter" cm detrimento do "ser",que se vangloria de levar van-
16 - Dirigente Espírita - Janeiro/Fevereiro de 1993
tagem em tudo e que aplaude soluções à margem da lei. Agindo de tal fonna, e, na medida em que volta as costas para as camadas menos favorecidas, somente provoca situações de convite à violência e de estímulo à criminalidade.
É nesse cenário angustiante que se apresenta a proposta de aprovação da pena de morte no Brasil. A população revoltada e desinformada é conclamada a participar de um possível plesbiscito para resolver o que quer. E como é a "solução final" (apregoada pelos seus defensores), é bem possível que o povo a queira, tomando-se massa de manobras de interesses outros.
Dentre todas as objeções que se formam à pena de morte, uma é intransponível: o seu caráter absoluto, tornando impossível a reparação de um possível erro judiciário.
A justiça penal não pode simplesmente aniquilar o delinqüente, mas prover o seu reajuste social ou ,uma "segw1da educação". E louvável a dctenninação da lei das resoluções penais, de investir na reparação, quando estipulam o trabalho em prol da sociedade, naquelas dclinqüências em que se envolvem. Na verdade, o ideal seria o trabalho em prol das famílias que prejudicaram.
Os espíritos nos dizem que o primeiro de todos os direitos naturais do homem é ode viver. Por isso ninguémtem o direito de atentar contra a· vida de seu semelhante,e nem de fazer nada que possa comprometer sua existência corporal. Aquele que tiraa vida de outro,· corta umavida de expiação ou de mis- -
• são, e aí está o mal. Ao homem, qualquer que seja o seugrau de autoridade na Terra,não foi concedido o direitode decidir sobre a vida deseu semelhante.
A Lei de Conservação éuma lei natural dada a todosos seres vivos para que sepossam cumprir os objetivos
da natureza. Baseados nessa lei, que dá ao homem o direito de preservar sua própria vida, alguns querem se justificar defendendo a tese de se suprimir da sociedade um membro perigoso. Na resposta à questão 761, o "O Livro dos Espíritos" nos orienta: "Há outros meios de se preservar do perigo senão o de matar".
E ainda dirão alguns: Jesus apregoou que "Quem mata pela espada perecerá pela espada", consagrando a pena de Talião. Mas deve-se ter cuidado com a interpretação, pois a pena de Talião é a ação da justiça de Deus, e é a Ele que cabe aplicá-la. Todos nós a suportamos a cada· instante, obrigando-nos à reflexão de nossos erros, sempre com o sentido de correção.
Pelo princípio das vidas sucessivas, o Espírito reencarna para cumprir vários objetivos, entre os quais o de aprendizado. Atento a isto, deve-se prolongar a vida corporal o maior tempo possível. Ora, a pena de morte vai contra esse objetivo, pois, encurtando a vida do Espírito encarnado, priva-o de inúmeras situações cm que pode aprender e progredir. Evidentemente o criminoso não deve andar à solta, mas, privado da liberdade deve ter, no local onde esteja confinado, as condições para a sua reeducação.
A justiça, cm sua essência, consiste no respeito aos direitos de cada um. Duas coisas os dctenninam:
- As leis dos homens, quevariam com o progresso e nem sempre estão de acordo com a Justiça Divina. Elas regulam as relações sociais, mas não regulam os atos particulares, que são de alçada do tribunal da consiciência.
Conclui na página 15