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1D ESPÍlA Veículo da USE • União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo CHICO XAVIER: ANO Ili• N 2 15. JANEIRO/FEVEREIRO DE 1993 'Brasil é realmente o coração do mundo' Durante sua p resença, cm fins de dezembro últitno, no Centro Es p írita Perseveran ç a, São Paulo , Chico Xavier confirmou a q ualificação do Brasil <lc coração do mundo. Página 12 Direção emotiva "... o p ior de todos os ches seria o q ue se dse p or eleito de Deus". Este assunto está no Editorial. Comicação Social Em entrevista exclusiva, Merh y Seba la do seu novo cargo no CFN. Página 7. Escola Hilário Ribeiro Mantida pelo Instituto Espírita de Educação MATRÍCULAS ABERTAS Pré-escola e lº grau (até a 8ª série) Novidades para 1993: sala de audio-visual, parque infantil, sala de estimulação, sala de música e sala de leitura para a pré-escola Rua Leopoldo Couto Magqlhães Jr., 695 Tel. 829-9408 · PENA DE MORTE Violência elevada à potência maior A p ena de morte está de novo na p auta do dia. Ao lado dessa violência que dese j am oficializar existe toda uma sociedade sofrendo outras violências. Página 15. A Doutrina Espírita está camiando para dogmas? Q ualquer casa espírita deve primar p elo racional , pelo coerente à luz do sereno conhecimento doutrinário. Fora disso é correr p erigo. Pá g ina 6.

Veículo da USE • União das Sociedades Espíritas do Estado ... · MATRÍCULAS ABERTAS Pré-escola e lº grau (até a 8ª série) Novidades para 1993: sala de audio-visual, parque

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DIRIGE ESPÍ.RflA Veículo da USE • União das Sociedades

Espíritas do Estado de São Paulo

CHICO XAVIER:

ANO Ili• N215. JANEIRO/FEVEREIRO DE 1993

'Brasil é realmente o coração do mundo' Durante sua presença, cm fins de dezembro últitno, no Centro Espírita Perseverança, São Paulo,

Chico Xavier confirmou a qualificação do Brasil <lc coração do mundo. Página 12

Direção emotiva " ... o pior de todos os chefes seria o que se desse por eleito de Deus".Este assunto está no Editorial.

Comunicação Social Em entrevista exclusiva, Merhy

Seba fala do seu novo cargo no CFN. Página 7.

Escola Hilário Ribeiro Mantida pelo Instituto Espírita de Educação

MATRÍCULAS ABERTAS Pré-escola e lº grau (até a 8ª série)

Novidades para 1993: sala de audio-visual, parque infantil, sala de estimulação, sala

de música e sala de leitura para a pré-escola Rua Leopoldo Couto Magqlhães Jr., 695

T el. 829-9408 ·

PENA DE MORTE

Violência elevada à potência maior

A pena de morte está de novo na pauta do dia. Ao lado dessa violência que desejam oficializar existe toda uma

sociedade sofrendo outras violências. Página 15.

A Doutrina Espírita está caminhando

para dogmas? Qualquer casa espírita deve primar pelo racional, pelo coerente à luz do sereno conhecimento doutrinário. Fora disso é

correr perigo. Página 6.

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EDITORIAL

Direção emotiva É voz crescente no mo­

vimento espírita que a condução de nossas ca­sas anda trilhando exage­radamente os caminhos da emoção, tornando nossos centros em arremedos de templos religiosos não es­píritas. É preciso pensar sobre isso. Os exemplos mais rasteiros deste tipo de direção encontramos nos centros que ainda se comportam na base de ve­lhos conceitos religiosos, mantendo em suas pare­des quadros e imagens ou fazendo concessões em suas atividades que ali­mentam os ranços exis­tentes nos frequentadores. Mas esse tipo de desvio é fácil de combater por estar à vista. Basta um pouco de paciência às ve­zes e uma certa dose de convencimento. O mais difícil de modificar é a conduta segundo o con­ceito farisaico, que não se mostra claramente mas se introjeta nos centros e cria raízes difíceis de se­rem arrancadas.

Em "Obras Póstumas", Kardec afirma - " ... o pior de todos os chefes seria o que se desse por eleitode Deus". Em algumaspoucas casas doutrináriasos dirigentes chegam ao

acinte de se autoprocla- · marem "eleitos de Deus". Felizmente, o pudor já é alguma coisa de concre­to nessas criaturas. Isso, porém, não impede de existir em inúmeras ins­tituições dirigentes que não alardeiam essa con­dição mas que se com­portam como tal, isto é, não se declaram "eleitos de Deus" mas agem se­gundo modelos definidos que se aproximam daque­la condição. No seu ínti­mo, se imaginam missio­nários e acreditam com sinceridade farisaica que possuem um pedacinho de céu no seu patrimônio fu­turo.

Esse comportamento acaba por se distribuir de forma geral sobre as ati­vidades da casa e sobre o aprendizado dos fre­quentadores e é o que con­fere à casa uma aura detemplo religioso. No fun­do disso tudo está a in­capacidade de compreen­der o tipo de revoluçãoque o Espiritismo veiorealizar na Terra e, porextensão, a sua práticacorreta. Por omissão aoestudo ou por intençõesgenerosas que preferemdesenvolver em relação aoproselitismo, em lugar do

emprego da razão, tais criaturas se entregam com idealismo ao trabalho da conversão dos corações, na base de atitudes exte­riores, e para tanto fazem mil concessões. Seu "re­banho", contudo, não se encaminha na direção de uma nova sociedade, mas parasita nos campos da emoção.

Um grande engano co­metem os espíritas mal preparados: imaginam que a Doutrina é a revives­cência pura e simples do Cristianismo e em nome disto, quando não trans­portam para o centro os comportamentos dos tem­plos envelhecidos, trans­mitem aos seus a doutri­na segundo os ditames da emoção. No entanto, o Es­piritismo é um passo à frente do Cristianismo e é nisso que reside a sua grande força, tão inapro­veitada ainda em nossos dias. Indispensável que di­rigentes e estudiosos pen­sem nisso. E à medida em que descobrirem que os caminhos precisam ser reposicionados, façam-no, para que o Espiritismo não se perca como pérola pre­ciosa nas mãos incapazes de reconhecerem seu va­lor.

"DIRIGENTE ESPÍRITA" É O PRIMEIRO JORNAL ESPECIALIZADO PARA CENTROS ESPÍRITAS. FAZENDO UMA

ASSINATURA ANUAL, VOCÊ COLABORA PARA SUA MANUTENÇÃO E GARANTE SUA EXISTÊNCIA.

2 - Diriget1te Espírita - Jat1eiro/Fevereiro de 1993

EXPEDIENTE Veículo oficial de Unificação da USE - Uni.io das Socittúules li'spíritas do Estado de São Paulo destinado especialmente aos dirigentes dt u111Fos e insütuu;ões espíritas.

Editor

Wilson Garcia (Jornalista Responsável)

Secrelária

Miriam Fávaro

Redação

Ivan René Fnmzolim Luiz Antonio Fuchs

&ler Fávaro Antonio César Pcrri de Carvalho

Ami Jcar Dei Clúaro Filho

Assit1aluras

Carlos Teixeira Ramos

Anual: Cr$ 80.000,00 Mantcnc<lor: acima de Cr$

150.000,00

Número Avulso: Cr$ 8.000,00

Produção Grúflca

GP - Fone: (011) 883-7622 C.G.C. n• 55.573.885/0001-00

EdilorllfãO Eletrôt1ica

Adriano de Araujo Garcia

Este 11úmero

5 .000 exemplares

l.f.s.E. uniõo das sociedodes espíritas do estado de sõo paulo entidcde COOfdenodoro e reprn!>Emfolivo do movimento espirita es1oduol no Consetho Federativo Noct0nol do Federncõo Esptfilo Brasileiro

Rua Dr. Gabriel Piza, 433 Cep 02036-011 - São Paulo - SP

Fone (011) 290-8108

A USE não se nsponsabi/iza por conceitos emilúlos em malirias assinadas. As colabo­rOfÕ<S enviadas e não publicadas não se­rão devolvidas. Reservamo-nos o direito de pubÜcQI somente o qu, ,stiver dt acordo com a Unha editorúJI do veículo.

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• CONGRESSO

Pesquisa de Opinião na continuidade do Congresso

Orson Peter Carrara - Mineiros do Tietê-SP

Durante o I Encontro Re­gional Espírita, realuado em Barra Bonita no dia primei­ro de agosto/92 - sábado -, em cominuidade ao Con­gresso Estadual da USE/92, procedemos uma pesquisa de opinião para avaliar os resultados <lo evento.

O evento abordou temas do citado Congresso e reu­niu 180 dirigentes/trabalha­dores de 11 cidades da re­gião, que representaram 17 centros espíritas. Os expo­sitores vieram do próprio Congresso de Ribeirão Pre­to e, após as exposições, estiveram à disposição do público para responder per­guntas, participando de um debate geral.

Selecionamos algumas frases, opiniões e sugestões, para apreciação dos leito­res, a fim de verificarem a validade de realiz.ações da espécie que tão bem fazem ao Movimento E.,pírita:

1) O encontro foi instru­tivo, dinâmico e possibili­tou muitas trocas de expe­riências;

2) Foi um encontro dealto nível, que veio fortale­cer nosso trabalho na Casa Espírita;

3) Foi importante a con­vivência da família espírita;

4) Que o evento seja re­petido a cada ano ou se­mestre. Já estamos esperan­do por outros encontros co­mo esse, sempre variando as cidades;

5) Este evento deve tercontinuidade, para não cair no esquecimento e estacio­nar esta oportunidade.

Notamos, desde o retor­no das cidades ao convite enviado, que o evento e sua

progµmação vinham de en­conuo aos anseios da re­gião. As respostas à pes­quisa demonstraram que a preparação das Casas Es­piritas é uma preocupação de todos., voltados que es­tamos à qualidade dos ser­viços e atendimentos pres­tados nas funções do Cen­tro Espírita.

Mais que isto, a união dos espíritas, a promoção de eventos confratcrnativos e a preocupação com a qua­lidade doutrinária na pro­gramação dos eventos só tem benefícios à dinamiza­ção, ao fortalecimento e re­vitalização do Movimento Espírita, que em consequên­cia, farão a Doutrina Espí­rita mais divulgada e os es­píritas mais instruídos e es­clarecidos, justamente pela troca de experiências.

Esta regionalização de eventos que unam os espí­ritas, oferecendo oportuni­dades de estudo e debate, e que já vem ocorrendo em diversas regiões do Estado e mesmo em outros Esta­dos ( em muitos locais já há bastante tempo), foi uma das propostas do Congres­so da USE e que reforça­mos neste artigo - pela ex­periência que já vivemos -sugerindo aos órgãos ou ins­tituições, pois realmente é algo notável!

Eles nos possibilitam muito mais: organiz:rr tare­fas de apoio à dinig:içào do livro, da imprensa espí­rita e muito mais q;.;.e nos­sa criatividade alcru:.;::rr. Tu­do a bem da divulg--'""l:�o es­pírita.

Vamos apron!: :i.r as idéias do Congresso?

Primoroso Documento

A USE acaba de editar os Anais do 82 Congresso Esta­dual de Espiritismo/92, reali­zado em Ribeirão Preto no iní­cio do ano. Trata-se de im­portante documento para o mo­vimento espírita estadual e na­cional, não tanto pelo registro histórico do evento magnífico que tivemos a honra e felici­dade de participar, mas muito mais pelo conteúdo que tra­duz, mesmo que em forma de resumo, aquele que foi o tema central do Congresso: a dimen­são cósmica do Centro E.<;pí

rita.

De excelente apresentação gráfica, o documento, além de reunir toda a programação, re­lação nominal dos participan­tes e cidades, apresenta o re­sumo de todas as abordagens discutidas no evento e ainda traz importantes mensagens psicografadas por Francisco Cândido Xavier sobre o Cen­tro Espírita e Unificação. Reú­ne também o conhecido docu­mento "Conheça a USE", dis­corre sobre toda a preparação do Congresso e apresenta tam­bém o manifesto do Presiden­te da USE na abertura em 30 de abril, levada a efeito na So­ciedade Recreativa.

O Congresso em si surgiu em hora exata, principalmen­te pelo tema, revelando a ne­cessidade de aperfeiçoamento de nossas atividades nas Ca­sas Espíritas. A programação desenvolveu-se em quatro mó­dulos: O Centro Espírita, O Centro Espírita e o Trabalho de Unificaçào, O Centro Es­pírita e a Comunicação e o Centro Espírita e o Futuro do Movimento Espírita, todos di­vididos em 03 painéis e 12 trabalhos, onde os sub-temas proporcionaram avançado es­tudo sobre o Centro Espírita e suas atividades. Além das con­clusões, encaminJrnmcnto de propostas e sugestões, ativi­dades administrativas e a pre­sença de Divaldo Pereira Fran-

ANAIS

8• Congresso Estadual de Espiritismo- USE 92

TEMA CENTRAL:

DIMENSÃO CÓSMICA DO CENTRO ESPÍRITA

oe.,cn,,o 1),,1'1 UMAY,:!,AOD[ 101Al10A.IX

00 C[l<lllO [Sl'IIIU, [ DOMOYIMCNIO ot UNlflCAC.I.O

co, que abriu e encerrou o con­clave.

Mas, quisemos comentar o documento, pois que os resu­mos de cada tema ou sub-te­ma preparados por cada expo­sitor e portanto reunidos no citado documento, constitui-se em farta fonte de informações e consultas para o desenvolvi­mento ou aprimoramento de nossas atividades espíritas ofe­recidas ao público frequenta­dor das Casas Espíritas. E, se não for para aproveitamento em nossas atividades, servirá sem dúvida para salutares re­flexões nestes dias de desa­fios, onde o equihbrio entre a fidelidade a Kardec, a prática cristà e as exigências dos tem­pos modernos nos levam cons­tantemente a rever pontos de vistas, procedimentos e plane­jar sempre para executar me­lhor.

Amigos do movimento es­pírita, com todo empenho re­comendamos conhecer os Anais do Congresso, pois que aqueles que participaram do evento sabem aquilatar o va­lor do documento. Para quem não teve oportunidade de par­ticipação, fica aqui nossa di­vulgaçào e recomendação de amigo e irmão de ideal.

Dirigente Espírita - Janeiro/Fevereiro de 1993 - 3

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t ,A.

ORGANIZAÇÃO

,

Idolos

Humanos

Amilcar Dei Chiara Filho - Guarulhos - SP

Dois campos perigosos para se eleger ídolos são a política e a religião. Na política temos tido muitos exemplos de desmandos e bastaria lembrar as desas­trosas atuações de Hitler, Mussolini, Stalin e mui­tos outros que não respei­taram direitos humanos ou mergulharam num mar de corrupções.

No campo da religião são muitos os falsos pro­fetas que são lobos vora­zes vestidos com pele de cordeiro e bastaria lembrar o Pastor Jim Jones que le­vou dezenas de pessoas ousuicídio, a guerra santa en­tre os pastores eletrônicosna América do Norte e oslíderes que pregam vingan­ça e morte e conduzem seusrebanhos à guerra.

Evidencia-se o fato das pessoas precisarem de lí­deres para conduzí-las, pa­ra ouvirem e admirarem. Não poucas vezes esses lí­deres intilulam-se represen­tantes de Deus na Terra e proclamam que possuem um canal direto de liga­ção com Deus, e o resul­tado disto é a exploração moral e financeira, que che­ga às raias do absurdo.

Poucos são os líderes re­ligiosos que estão dispos­tos a emancipar seus se­guidores e ensinar-lhes os caminhos da liberdade ple­na. A maioria prefere gri­tar anátemas e ameaçar

com castigos temporários ou eternos, que as vezes o dinheiro po<le suavisar.

Na sua visão estreita e oportunista faz de Deus wn monarca comum que gos­ta de ser bajulado, incen­sado constantemente.

Pequenas ou grandes multidões ouvem atentas os oradores sacros ou sa­cralizados que prometem curas e a salvação, enquan­to vários deles engordam suas contas bancárias. A verdade é que a maioria das pessoas acreditam que nascemos manchados pe­lo pecado original e que precisamos ser lavados pe­lo sangue de um salvador pessoal e confirmados pe­la água do batismo. Qua­se todos esperam uma sal­vação que venha de fora de si mesmo.

Inf elizmcnte a coisa não fica apenas nisto. Cursos que prometem o desenvol­vimento de forças psíqui­cas adonnecidas, principal­mente aqueles que tenham nuances de orientalismo ou então de mistérios, são muito procurados e ape­sar do preço, quase sem­pre alto, existe uma lista de espera nos infindáveis cursos de fim de semana. Outro fator de sucesso é a denominação de cósmico ou transccdental.

Os espíritas tambcm pre­cisam de vigilância cons­tante e exercício de hu-

4 • Dirigente Espírita - Janeiro/Fevereiro de 1993

mildade para não se dei­xar envolver pela bajula­ção daqueles que assistem admirados, mas sem um exercício crítico, os gran­des e pequenos palestran­tes que enchem os gran­des ou pequenos salões de instituições diversas. Não estamos fazendo uma crí­tica aos palestrantes espí­ritas. S_abemos que exis­tem muitos que são hu­mildes e bons oradores, mas não concordamos com a denominação de "tribu­nos" para aqueles que se destacam mais na oratória.

deu mostra de bom senso quando passou a chamar os oradores de exposito­res, mas infelizmente hou­ve uma reação e criaram­se os tribunos. Sabemos que alguns que assim são chamados não partilham desta idéia. São chamados, porém não se autodenomi­nam tribunos. Entretanto, os que vaidosamente se jul­gam tribunos precisam to­mar cuidado. O Espiritis­mo precisa de trabalhado­res e a massa espírita não deverá ser amorfa, desti­tuída de senso crítico, po­rém de criaturas capazes Herculano Pires afirmou

que o movimento espírita de pensar. \ 't·CE

A Modernização das relações nos Centros Espíritas

José Romeu Pioltine UNIME - lndaiatuba

Tem sido uma constante a discussão cm tomo da ne­cessidade de mudança de con­ceitos, relacionados com di­ferentes formas de atuação dos trabalhadores nas diver­sas ati vidadcs das Casas Es­píritas, a partir da idéia de maior participação, maior de­mocracia e consequente maior envolvimento.

Percebe-se tratar de de­sejada mudança, enfatizada inclusive no 82 Congresso Es­tadual Espíritâ ocorrido cm Ribeirão Preto-SP, cujos re­sultados esperados podem ser melhores e mais vantajosos que os obtidos atualmente.

Tudo isso nos tem leva­do à constatação de que os nossos confrades e confrei­ras encontram-se realmente dispostos a participar e se envolver com os assuntos di­retamente ligados à Casa, in­dependentemente da dispo­sição dos atuais dirigentes es­tarem predispostos ou não a cederem.

Como o trabalho espírita é voluntário e o incentivo não é caracterizado pela re­compensa monetária, a mo­tivação do trabalhador espí­rita decorre da sua partici­pação e envolvimento nos as­suntos que lhe dizem respeito.

O que se espera, portan­to, é wna abertura maior dos dirigentes espíritas no senti­do de evoluir na fonna de "administrar pessoas", dan­do chance a todos de parti­ciparem com suas opiniões, sugestões, etc, mas que es­tas sugestões e opiniões se­jam realmente levadas em conta, de fonna que o traba­lhador seja percebido como um ser participativo racio­nal, emocional e social, ten­do suas necessidades satis­feitas através de sua co-res­ponsabilidade pelo trabalho e seus consequentes resulta­dos.

O desafio aí está. Toda tentativa que se fizer neste sentido será altamente apre­ciada.

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CHICO XAVIER

Brasil é realmente o Coração do Mundo

Cerca de três mil, na zona leste, receberam a visita anual do médium no Centro

Espírita Perseverança

Ivan René Franzolim

Perseverança é um grande centro fundado em outubro de 1964, com amplas e diversifica­das atividades que são executa­das por uma equipe de 1600 tra­baU1adores, sob a coordenação de Guiomar de Oliveira Alhanc­si, 65 anos, mais conhecida por dona Guiomar.

Poucas são as instituições es­píritas que conseguem a proeza de receber a visita de Chico Xa­vier uma vez por ano e, menos ainda, aquelas que conseguem transformar isso num hábito que dura vinte anos. Atrás desse re­lacionamento devem estar, segu­ramente, a obra. Este centro aten­de entre trinta a quarenta mil pessoas por mês, da assistência a 1350 crianças cm seis crcchl"., e três centros <lc juventude.

"Quando Chico estava mcllior de saúde, ele visitava todas as creches, as crianças cantavam, era uma festa ainda mais boni­ta", disse um dos sessenta e qua­tro segur-anças - trabalhadores da casa nesta noite, todos de cami­seta vermelha e boné preto com a inscrição: segurança e alguns portando aparelhos prolissiona is de comunicação (walk-talk).

Nesta noite a estrela que to­dos querem ver brilhar é Chico Xavier. Com seus 83 anos in­completos, saúde abalada, reper­cutindo na voz cansada e na ne­cessidade de ser sustentado ao locomover-se, possui, cm con­trapartida, seu exemplo de vida e quase quatrocentos livros es­píritas produzidos, importantes não pela quantidade, mas pela quali<la<lc <lo seu conteúdo, res­ponsáveis pelo direcionamento espiritual de milhões de espíri­tos encarnados e descncamados. Tudo isso formando uma aura de irrcsistí vcl atração para aque­les com sentidos mais apurados.

A expectativa é grande. Há filas cm todos· os lados, mas o clima é fraterno e ordeiro. Mi-

lhares de pessoas motivadas pe­lo único desejo de ver uma per­sonalidade que infwidc tanto res­peito e admiração, de apertar a sua mão ao final da reunião e ganhar dele uma singela rosa. Rosangcla, uma moça entrevis­tada na entrada, estava feliz. No ano passado ela não conseguiu entrar no centro e este ano con­seguiu ficar no salão lateral, on­de existe um telão para as pes­soas acompanharem a reunião, chegando apenas quatro horas an­tes.

Chico entrou no salão princi­pal amparado por <lona Guiomar e seu fiU10, pontualmente às vin­te horas. O coral da casa fez uma, homenagem cantando duas musicas feitas especialmente pa­ra o Chico. A presidente <lo Cen­tro Espírita Perseverança abriu a reunião cxtemando sua gratidão ao médium e seu filho adotivo, Eurípcdcs Higino dos Reis, 43 anos. Quando dona Guiomar sa­lientou que os be1úcitorcs espi­rituais estariam homenageando aquele que é um exemplo vivo de paciência, devotamento e amor, Clúco abanou a cabeça e aguardou sua vez para falar, um tanto constrangido: "reconheço a minha pequenez e sei que é muito grande a minha desvalia".

O Brasil é o coração do mundo

Dona Guiomar fonnulou uma única pergunta para o Chico Xa­vier, resultado de uma série de questionamentos feitos a ela por muitas pessoas. A pergunta é: dentro de tanta violência e cor­rupção no Brasil, os benfeito­res espirituais ainda acreditam que o Brasil possa ser o cora­ção do mundo e a pátria do evangelho?

Eis a resposta de Chico: Em­manuel é de opinião que dentro

do mundo turbulento, a incom­preensão comandando tantos co­rações, milhões de pessoas, que o Brasil é o coração do mundo,não pode ser motivo de dúvidapara nós. Lembramos que, comtodas as dcfomúdades que assi­nalam a nossa época, com todasas dificuldades de ordem mate­rial, as nossas mesas têm sidoamparadas por benfeitores espi­rituais. O pão que pedimos naoração dominical é santificadopor bênçãos de toda espécie. Emcomparação com outros povos ecom outras nações, nós estamoscom a nossa bandeira imacula­da, inatingível por qualquer cor­rupção. Esta é nossa a tuali<lade,porque nossas dificuJdades têm sido sobrcpu jadas pela fra t cmi­dade - porque nós nos amamosuns aos outros, pela facilidadecom que apreendemos os ensi­namentos dos nossos amigos es­pirituais é que vamos fomiandonúcleos de paz e amor que sãoas casas cm que se doutrina.

Seremos compelidos a testemunhos e a exemplificações

Quanto à conceituação de Pá­tria do EvangeU10, somos com­pcl idos a pensar no futuro. Nós teremos talvez necessidade de exemplificarmos até com sacri­fício do evangelho ensinado por nosso senhor Jesus Cristo, sem nos esquecermos que do ponto de vista evangélico, até ele foi atingido pelo sacrifício extremo, para dar-nos essa alvorada ma­ravilhosa que é a doutrina de luz que nós abraçamos que ilu­mina a todos num abraço só, num só coração.

Chegada essa época, natural­mente seremos compelidos a tes­temunhos e exemplificações que agora, não antes, as lutas maio­res que o porvir nos reserva, se­rão horas difíceis que nós, como fillios da pátria do cvangcllio, devemos exemplificar e esperar.

Preparemo-nos para um mun­do de fraternidade, de fraterni­dade verdadeira cm nos referin­do à comunidade das nações. Pre­paremo-nos para abraçar os fi­lhos de outras terras que virão até o coração do nosso país, bus­cando a paz desejada que para eles tem sido tão difícil de ser encontrada.

Somos de verdade, geogra­licamcntc falando, o coração do mundo. Como filhos da pá­tria do evangelho, somos cha­mados a exemplificar o que apren­demos, o que ensinamos, o que constitui a razão de nossas vi­das. Que Deus nos abençoe para sennos dignos da proteção que tem sido espalhada P,Or todos os recantos deste país. E prova dis­so que as dissidências havidas e os obstáculos expostos a nós ou­tros, não nos levaram a nenhu­ma cena de sangue. A violência que existe no Brasil é a violên­cia que existe no mundo, mas como povo temos sabido honrar a destinação a que fomos cha­mados. Como povo temos sofri­do devido a voltas enom1cs, con­formações, dclapidaçôcs, faltas graves àqueles a quem foram cha­mados a dirigir os nossos desti­nos, mas as nossas mãos não se sujaram com sangue. Muitos po­vos, por muito menos, acharam a rebelião pela indisciplina- a por­ta grossa a que eles se atiraram e encontraram dificuldades mui­to maiores. Assim, somos sim, pela grandeza da terra em que nós renascemos, nós somos fi­lhos do coração de· mãe... e o Senhor nos fortalecerá para ser­mos filhos também <la p:ítria do evangcllio, quando soar a hora a que fomos chamados para a gran­de renovação.

A resposta é muito rica em elementos de rct1cxão, amplian­do nossa compreensão sobre o papel que cabe aos divulgadores da mensagem evangélica, bem como o contexto necessário pa­ra que os ensinamentos possam ser exemplificados. Em seguida, Chico psicografou wna poesia de Comélio Pires intitulada: "Fes­ta Ecológica" (veja na íntegra o quadro .. ). O autor aproveita a época natalina para questionar, em seu estilo jocoso, o modo como comcmoran1os uma data que simboliza amor e bondade. Simultaneamente, o médium da casa (não quer ser identificado) psicografou outra poesia, de Eu­ríclcdcs Fonniga, como preito a Francisco Cândido Xavier.

Às dez horas começou a par­te final da reunião. Formou-se uma grande fila para crnnpri.mrn­tar o Chico, com uma t1uência média de 16 pessoas por minu­to. Três horas mais tarde finda­va a noite consagrada aos inte­resses espirituais, tendo o mé­<liwn cw11primcntado pouco mais de três mil pessoas, sempre com um sorriso nos lábios.

Dirige11te Espirita - Janeiro/Fevereiro de 1993 - 5

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DOUTRINA

A Doutrina Espírita esta caminhando

para dogmas? Eliane Correia Roso (*) Oswaldo Vieira Filho (*)

Ao longo dos tempos, cm visita a inúmeras casas espí­ritas, denominadas por seus dirigentes de casas Karde­cistas, pudemos nos defron­tar com questões e orienta­ções, até certo ponto sur­preendentes pelo intricado do assunto.

Entre tantas selecionamos algumas, como exemplos, que nos pareceram mais ino­portunas e as que surgem com maior frequência, para o es­panto daqueles que realmen­te estudam a doutrina:

- não cruzar as pernas du­rante o passe; dizem que is­so pode impedir que os fluí­dos circulem normalmente pelo corpo;

- não se submeter a exa­mes radiológicos, até 30 dias após o recebimento de um tratamento tluidoterápico, sob alegação que estariam sendo destruídas as partícu­las energéticas recebidas pe­lo paciente;

- as mulheres, durante ociclo menstrual, devem abs­ter-se de tratamentos espiri­tuais, assim como de atua­rem como médiuns, aplica­rem passes, etc, etc... por­que tal condição, considera­da anormal, as impedem de receber, doar ou ser inter­mediária do plano espiritual;

- não tomar água fluidifi­cada frente ao aparelho de televisão porque os raios lu­minosos do aparelho produ­zem elementos capazes de destruir as partículas medi­camentosas ali deixadas pe­lo plano espiritual;

- não orar no quarto por­que há possibilidade de se atrair espíritos não muito es­clarecidos, que prejudicarão o sono do incauto im1ão.

Essas e tantas outras "de­sinformações" pudemos co­lher ao longo de nossas vi­das de espíritas, e nos per­guntamos:

Como será que elas sur­gem? Nas obras da Codifi­cação, não se encontra qual­quer alerta a respeito. Bus­camos autores mais recen­tes e não encontramos afir­mações desse teor. Consul­tamos ilustres confrades que atuam inclusive nas áreas das Ciências e ficamos na mes­ma, nada a respeito.

Voltamos, então, nossos olhos para obras de Medici­na e não encontramos reco­mendações de que a mulher deva, durante o período menstrual, afastar-se das ati­vidades, sejam elas físicas ou espirituais.

Entretanto, se folhearmos a BJblia - Antigo Testamen­to, cm Levítico, capítulos 12 e 15, constatamos que a mu­lher era considerada "imun­da" e por isso, "rejeitada" durante esse período - será que alguns espíritas não en­tenderam que Moisés teve um papel também de higie­nizadar daquele povo?

Assim também pudemos verificar que a incidência dos Raios-X sobre o organismo, para fins de diagnóstico, tem tão somente a finalidade de imprimir imagens cm pelí­culas de celulóide, prepara­das à semelhança de filmes fotográficos.

Nos livros de eletrônica não encontramos referências aos raios emitidos pelo ci­ncscópio do aparelho de te­levisão como sendo agentes capazes de destruir qualquer tipo de molécula até então conhecida - será que outros

6 - Dirigente Espírita - Janeiro/Fevereiro de 1993

espíritas não entenderam o avanço da modernidade?

Questões como cruzar as pernas ou braços durante a fluidotcrapia ou mesmo as relacionadas com a escolha do local onde se deva orar, contrariam frontalmente os princípios básicos do racío­cinio daqueles que têm al­gum conhecimento de como opera o plano espiritual e qual a sua importância no con­texto das nossas necessida­des.

Certamente ficaríamos tra­çando exemplos sobre exem­plos e tomaríamos esta ma­téria por demais cansativa. Resta-nos apenas colocar al­gumas questões.

- De onde saíram tais afir­mações e quais as finalida­des a que se propõem, dian­te da Doutrina?

- Teriam sido criadas comintenção de proteger o espi­ritismo Kardecista?

- Teriam sido determina­das objetivando resguardar os interesses de alguns gru­pos que manifestamente pre­tendem encher a doutrina es­pírita de dogmas e expres­sões aparentes?

- Ou seria tudo isso umaquestão de falta de conheci­mento e preparo que, com alguma frequência, observa­mos nos dirigentes espíritas?

Juntemos a isso tudo que, sendo a doutrina Kardccista relativamente jovem, as pes­soas que a professam, egres­sas de outras religiões, tra­zem consigo, mesmo incons­cientemente, que rituais são artigos de fé.

Allan Kardec, ao codifi­car a doutrina, imprimiu-lhe como característica básica a evolução. Informou aos seus admiradores e seguidores que a doutrina espírita era algo que jamais se deixaria es­tagnar ou repousar sobre as prateleiras empoeiradas das bibliotecas especializadas. Demonstrou que sua direção seria o universo maior e que suas colunas mestras, estas sim, haveriam de ser manti­das pois tinham seus aliccr-

ces calcados no mais puro e profundo cristianismo.

Ficou claro, em suas obras, que ela cresceria junto com todos os ramos do saber hu­mano e em tempo algum se faria representar por mani­festações exteriores ou orto­doxias oficiais que se cho­cassem com os princípios fundamentais da ciência e da própria vida.

Qualquer célula esírita, se­ja qual for a sua dimensão, há que primar pela prática do racional, do coerente aci­ma de tudo, de fatos e infor­mações que possam ser ana­lisadas à luz do mais puro e sereno conhecimento huma­no.

A filosofia espírita segue os caminhos de uma lógica irrefutável e, entretanto, uma rigorosa busca da verdade não tem sido o objcti vo de uma parte dos discípulos de Allan Kardcc.

Impedir que os assistidos do plano espiritual não se submetam a exames radio­lógicos ou mulheres que, diante do ciclo da própria vida, sejam discriminadas pe­lo plano espiritual no aten­dimento das necessidades de sua alma ou mesmo que se coloquem à disposição de seus semelhantes, é antes de mais nada uma irresponsa­bilidade de quem o faz cm nome da Doutrina Espírita.

Assim, caro leitor - lem­bre-se - Jesus não escolheu aqueles a quem se propôs a ajudar; Kardec não escreveu a poucos; o espiritismo mo­derno não tem âncora lança­da num terreno movediço e de conhecimento restrito. O plano espiritual lança os olhos a todos aqueles que dele ne­cessitem, como também co­lhe em todos os encarnados, quando necessário, as ener­gias necessárias à realização de suas tarefas assistenciais.

O mundo está maduro pa­ra as transformações que o Consolador, prometido por Jesus, trouxe à humanidade - não vamos retroceder.

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COMUNICAÇÃO SOCIAL

· Assunto recebeatenção do CFN

Alé há pouco, nos meio espíritas, a palavra comuni­cação servia quase que ape­nas para definir a relação Es­píritos/homens via mediuni­dade. Os tempos mudaram. Vive-se na terra hoje a era da informação, com a proximi­dade que o homem lcm com tcxlo os quadrantes do mun­do, através da parafernália ele­trônica e dos avançados veí­culos impressos. Lcnlamentc, o movimento espírita acordapara estes novos tempos e acomprovação disso advém dacompreensão mais ampla quecomeça a acontecer para o ter­mo comunicação. O CFN -Conselho Fcdaativo Nacio­nal acaba de dar um passopositivo nesta direção, apro­vando a Assessoria de Co­m un icação Social nas Comis­sões Regionais e entregandosua coordenação geral a umprofissional do setor: McrtySeba. Rt:sidindo atualmentecm Ribeirão Preto, Merly éprofessor universitário, pro­prietário da Pentagrama Pro­paganda e ex-diretor do De­partamento de Comw1icaçãoda USE. Ele fala com exclu­sividade ao "Dirigente Espí­rita", sobre sua nova funçãoe os objetivos almejados.

Dirigente Espírita - Como surgiu essa idéia de instala­ção de um setor específico na área de comunicação so­cial na Comissão Regional?

Merhy Seba - A Comissão Regional, que tem na sua di­reção o companheiro Nestor J.Masotti, já atuava com duasassessorias: O ESDE - Estu­do Sistematizado da Doutri­na E-,pírita e o DIJ - Dcpar­tam..:nto da Infância e Juven­tude. E, agora, surgiu a ler-

ccira assessoria relacionada à área de comunicação social. Entendeu o CFN que a ativi­dade, cm si, de divulgação, tem sido realizada pelas fe­derativas estaduais de modo empírico, sem planejamento a médio e longo prazo e sem explorar, adequadamente, os recursos dos veículos de co­municação social, atualmen­te, à disposição.

Na reunião de Brasília, cm novembro de 91, juntamente com vários companheiros do Estado do Paraná, Ceará e Ba­hia, apresentamos sugestões de peças viáveis para o pro­grama de propaganda do Es­piritismo, nos veículos de co­municação de grande alcan­ce, como a TV, o Rádio, Jor­nal, OuLDoor, Vídeo, etc.

Nessa mesma reunião, aconteceu a manifestação de Lodos estados presentes, apoiando a nova fn.:ntc de tra­balho, mas sob uma coorde­nadoria, centrada na Comis­são Regional.

DE - E qual a abrangência dessa assessoria?

MS - É ampla. A Assesso­ria visa reunir várias modali­dades da comunicação social, jornalismo, propaganda, pu­blicidade, relações públicas, editoração e outras relaciona­das ao processo de comuni­cação com o público.

DE - Qual seria a função primordial dessa Assessoria?

MS - Servir de suporte, de apoio às federações estaduais, proporcionando-lhes orienta­ções na instalação de um se­tor de comunicação na sua estrutura, treinar mão-de-obra específica, contribuir com o planejamento de campanhas, programas e peças de divul-

gação. Tudo isso visando éVi­

tar a improvisação e apresen­tar ao público mensagens tra­balhadas no conteúdo e na for­ma.

DE - Qual o benefício pa­ra o movimento espírita?

MS - São muitos, porque em função de um planejamen­to global, abrangendo todo o território nacional leremos co­m0 resultado: unidade t..:má­tica, integração de campanhas e programas, racionalização de custos e maior interação com os públicos alvos.

DE - E como fica o Cen­tro Espírita nesse contexto?

MS - Plenamente integra­do. Sem o centro espírita di­ficilmente esse projeto pode­ria obter sucesso. O centro espírita, como unidade fun­damental do movimento es­pírita é que dará o suporte executivo às campanhas e pro­gramas. Para tanto, o centro também deverá ter sua orga­nização, um setor ou depar­tamento de comunicação so­cial, cujos membros também participem da equipe do ór­gão regional e da federativa estadual.

Praticamente, o ciclo se completa com o centro espí­rita que é o elemento de sus­tentação local.

DE - O que se fez de prá­tico até o momento da cria­ção do setor em 91 até hoje?

MS - Como ponto de par­lida iniciamos com os encon­tros regionais, através da Co­missão Regional, mantendo contato pessoal com os re­presentantes da Região Nor­te, Nordeste, Centro Oeste e Sul.

Colhemos subsídios para elaboração de um documento

que reunisse o embasamento filosófico-doutrinário-evangé­lico para nortear as ativida­des de comunicação social (TV, Rádio, Cinema, Jornal, Revista, Outdoor, Livro, Ví­deo, ele) e encerra com os códigos de ética das áreas de propaganda, r�lações públicas e jornalismo. E justamente es­se documento que a USE de­verá analisamo dia 14 de mar­ço deste ano, aqui em São Paulo, e posteriormente ma­nifestar a sua recomendação na reunião de 12 e 22 de maio em Porto Alegre, ocasião em que será realizado o encontro dos estados da Região Sul, conforme o programa da Co­missão Regional.

DE - Como a federativa estadual pode participar des­se processo de dinamização das atividades de comunica­ção social?

MS - Uma das formas é promover cursos específicos para, já, treinar os companhei­ros. Não só cursos, como en­contros regionais; para tanto, é necessário conhecer com an­tecedência as datas para que possamos nos agendar. A par­tir daí, a entidade define o seu calendário de eventos os quais serão trabalhados nos encontros e, desta fonna, os companheiros vão se familia­rizando com a área. Como se pode perceber, não há por par­le da Assessoria de Comuni­cação Social o propósito de centralizar as ações, ao con­trário, a expectativa é que ca­da fcdcrati va estadual <les..:n­vol va planos e programas, de acordo com a sua necessida­de e possibilidade, porém sin­tonizada com um plano dire­tor geral, apreciado pelo CFN.

Dirigeme Espírita - Janeiro/Fevereiro de 1993 - 7

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II VEICOM

Veículos se reencontram em março

A USE vai repetir, em 13 de março próximo, o encontro de veículos de co­municação social do Esta­do, definindo o evento sob a sigla II VEICOM. O pri­meiro, realizado em 1991, teve a presença <le cerca de 30 veículos. O coorde­nador do evento, Luiz An­tonio Fuchs, falou com ex­clusividade ao "Dirigente Espírita" sobre o assunto. Fuchs é também Assessor de Comurucação da USE e vice-presidente da AJE-SP, Associação dos Jornalistas Espíritas do Es­tado de São Paulo.

Dirigente - O que é VEI­COM?

luiz Fuchs - VEICOM é o Encontro dos V ciculos de Comunicação Social Vinculados à USE. É um evento de responsabilida­de da Coordenação de Co­municação Social da nos­sa entidade estadual. As­sim como ocorreu no I V ei­com, estão sendo convida­dos a participar deste en­contro, representantes de jornais, boletins, programas de rádio, de colwrns em jor­nais diários, com a única condição de que estes meios de comunicação estejam, de algum modo, vinculados a algum órgão da USE, seja a nível regional, munici­pal, ou mesmo a um cen­tro ou outra entidade espí­rita.

Dirigente - O que se bus­ca neste encontro?

l.F. - OI VEICOM, rea­lizado no dia 28 de abril de 1991, na cidade de São Paulo, contou com a parti­cipação de seis jornais, se­te programas de rádio, no­ve boletins informativos e oito responsáveis por co­lunas espíritas cm jornais diários. O encontro foi o ponto de partida para uma salutar troca de informa­ções e experiências. Neste segundo encontro este es­pírito de intercâmbio de­verá ser preservado como fórmula de se buscar ca­minhos para o aprimora­mento de cada veículo, se­gundo suas vocações indi­viduais, articuladas com o ideal comum de trabalhar pela unificação do movi­mento espírita.

Dirigente - Quantas pes­soas são esperadas?

L. F. - No momento ain­da não temos condições de fazer tal avaliação. No I Encontro tivemos a presen­ça de trinta veículos de co­municação, com a partici­pação de cerca de 50 pes­soas. Entretanto, temos co­nhecimento de veículos que não estiveram no primeiro evento e que esperamos es­tejam conosco desta vez. Tenho convicção de que a nossa imprensa espírita de­verá ocupar em breve um dos mais importantes pa­péis na área da informa­ção e da unificação. Isto nos faz torcer por uma gran­de presença no II VEICOM.

8 - Dirigente Espirita - Janeiro/Fevereiro de 1993

Dirigente - Como será o Encontro?

L. F. - Bem, ele aconte­cerá no dia 13 de março, com o objetivo central de otimizar o relacionamento dos veículos com os diver­sos segmentos da estrutu­ra organizacional da USE e também com a comuni­dade a que pertencem.

Teremos exposições, painéis, debates, trabalhos em grupo. A intenção nos­sa é termos um encontro bastante dinâmico e pro­dutivo. Contaremos com a participação de membros da USE com valiosa experiên­cia na área de comunica­ção. Também estarão co­nosco professores da UNESP e da Cáspcr Libe­ro, professores estes, espí­ritas. Como da vez ante­rior, estamos contando nes­ta iniciativa com o apoio da Associação dos Jorna­listas Espíritas do Estado de São Paulo, a AJE.

Dirigente - E as inscri­ções?

L. F. - É conveniente, pa­ra efeito de planejamento do próprio encontro, que até o dia 15 de fevereiro todas as inscrições já este­jam feitas. Para tanto, so­licitamos aos dirigentes das USEs Regionais que pro­curem tomar efetiva a par­ticipação de todos os veí­culos que, porventura, exis­tam cm sua região. A con­tribuição destes dirigentes é por nós considerada fun-

damental. Pedimos também aos órgãos de comunica­ção do interior que procu­rem dar, nos meses de fe­vereiro e março, destaque ao VEICOM. Um pedido final: todos os veículos de comunicação vinculados à USE deverão, junto com o pedido de inscrição, enca­minhar ao II VEICOM uma folha com as seguintes in­formações: Nome do veículo/coluna Órgão da USE a que se vincula Endereço Responsável Representante do VEICOM Data de Fundação Tiragem e peridiocidade (para boletins, jornais e co­lunas) Duração e peridiocidade (para programas de rádio)

Todos os contatos para inscrições, informações e sugestões deverão ser man­tidos junto à Coordenação de Comunicação Social <la USE, no tradicional ende­reço da nossa entidade. Es­peramos contar com o apoio e entusiasmo de todos aque­les que percebem a impor­tância da comunicação so­cial para o nosso movimen­to e para a nossa Doutrina.

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DOUTRINA

Sensacional entrevista

teatral com Kardec

Fizemos, recentemente, uma "entrevista teatral" com o Sr. Kardcc e ficamos sur­preendidos com a sua vi­são progressista e o seu bomsenso. Sem mais delongas,vamos a essa entrevista:

HS - Sr. Kardec, o que acha o senhor dessas práti­cas que estão invadindo os centros espíritas, tais como: Cromoterapia, Terapia de Vidas Passadas, Florais de Bach, etc.?

Kardec - "A Ciência e a Religião são duas alavan­cas da inteligência huma­na; uma revela as leis do mundo material e outra as leis do mundo moral; mas umas e outras, tendo o mes­mo princípio que é Deus, não podem se contradizer; se elas são a negação uma da outra, uma necessaria­mente é errada e a outra certa, porque Deus não po­de querer destruir sua pró­pria obra. A incompatibili­dade que se acreditava ver entre essas duas ordens de idéias, prende-se a um de­feito de observação e a mui­to de exclusivismo de uma parte e de outra (o grifo é nosso); daí um conflito de onde nasceram a increduli­dade e a intolerância. "1.

HS - Mas algumas pes­soas dizem que essas prá­ticas, à título de socorro, estão desviando as pessoas da Doutrina Espírita. Que acha?

Kar<lcc - "Se Deus não ti vcsse querido que os so­frimentos corporais fossem dissipados ou abrandados

Hamilton Saraiva

em certos casos, não teria colocado os meios curati­vos à nossa disposição. Sua previdente solicitude a es­se respeito, de acordo nis­so com o instinto de con­servação, indica que é nos­so dever procurá-los e apli­cá-los (grifo nosso).

Ao lado da medicação ordinária, elaborada pela ciência, o Magnetismo nos faz conhecer a ação fluí<li­ca; depois, o Espiritismo veio nos revelar outra for­ça na mediunidade curado­ra e a influência da prcce."2

HS - Queira nos descul­par a insistência, mas afir­ma-se que essas práticas não fazem parte da Doutrina, não estão enquadradas na Codificação.

Kardcc - "O Espiritismo vem hoje lançar luz sobre a multidão de pontos obs­curos; entretanto, não a lan­ça inconsideradamente. Os espíritos procedem nas suas instruções com admirável prudência; não foi senão su­cessiva e gradualmente que abordaram as diversas par­tes conhecidas <la Doutrina e é assim que as outras par­tes serão reveladas à me­dida que o momento tenha chegado (grifo nosso) para fazê-las sair da sombra. Se a tivessem apresentado completa desde o início, ela não teria sido acessível se­não a um pequeno núme­ro; teria mesmo assustado os que para isso não esta­vam preparados")

HS - E sobre essa "o­ricntalização" relacionada

com chakras, utilização do prana, sobre os corpos eté­ricos do homem, assuntos esses que eram "mistérios" esotéricos ou especulações mística?

Kardec - "Se pois, os Es­píritos não dizem tudo os­tensivamente, não é porque haja na doutrina mistérios reservados a privilegiados, nem coloquem a candeia sob o alqueire, mas porque cada coisa deve vir no seu tempo oportuno; eles dei­xam a uma idéia o tempo de amadurecer e se propa­gar antes de apresentarem outra, e aos acontecimen­tos o de Lhe preparar acei­tação. 4

HS - Então seria afoito fazer uma vigilância pes­soal para garantir a Pureza Doutrinária?

Kardec - "Se a Doutrina Espírita fosse uma concep­ção puramente humana, ela não teria por garantia se­não as luzes daquele que a tivesse concebido; ora, nin­guém neste mundo teria a pretensão fundada de pos­suir só para si a verdade absoluta."5

HS - Nesse caso deve­remos aceitar tudo o que aparecer por aí?

Kardec - "O primeiro controle é, sem contradita, o da razão, ao qual é pre­ciso submeter, sem exce­ção, túdo o que vem dosespíritos ( ... ) Mas esse con­trole é incompleto em mui­tos casos, em conseqüên­cia da insuficiência de lu­zes de certas pessoas, e a

tendência de muitos em to­mar seu próprio julgamen­to por único árbitro da ver­dade (grifo nosso) ( ... ) A única garantia séria do en­sinamento dos Espíritos es­tá na concordância que

. existe entre as revelações feitas espontaneamente, por intermédio de um grande número de médiuns, estra­nhos uns aos outros, e em diversos lugares. "6

Como podem observar os nossos leitores, trata-se aqui de uma "armação" do arti­culista. As respostas do Mestre Kardec são, na ver­dade, trechos extraídos d'O Evangelho Segundo o Es­piritismo e não se referem às perguntas que o autor desta "entrevista" imaginou. Entretanto, seria interessan­te ler-se bem esses trechos verdadeiros e oportunos de Kardec e refazer algUllS con­ceitos imobilistas e precon­ceituosos que tolhem as pes­quisas científicas e filosó­ficas por parte dos segui­dores da Doutrina Espírita. Escolhi, propositadamente, os assw1tos polêmicos da atualidade, sem nenhuma intenção de deboche, de chi­cana ou ironia.

Chamamos inicialmente de entrevista teatral porque é muito comum fazer-se, no teatro, adaptações com a utilização de diversos con­ceitos e idéias para com­pletar um texto (chama-se de colagem). Tivemos o cui­dado de não distorcermos as citações originais para atender a interesses pes­soais. Os conceitos são ba­silares e servem para vá­rias reflexões.

1. O Eva11gcll10 Segundo oEspiritismo, cap.l, 112 8.2. Idem, cap. XXVIII, n2 77.3. Idem, cap. XXIV, nQ 7.4. Idem, idem.5. Idem, Introdução II Au­toridade da Doutrina.6. Idem, idem.

Dirigente Espirita - Janeiro/Fevereiro de 1993 - 9

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MOVIMENTO

A Família no Centro Espírita Paulo Roberto Pereira da Costa

Após 12 anos do lança­mento da Campanha de "In­tegração Família", pela USE, podemos concluir que muito foi realizado, mas não

com a profundidade dese­jada. O Centro Espírita, frente a todas as dificulda­des a vencer, conseguiu des­pertar de um modo geral o interesse pelo tema famí­lia, promovendo encontros, palestras, seminários; mas o trabalho não está concluí­do - vencemos apenas umaetapa. Trabalhou-se com ospais, procurando fortalecera educação dos filllos e orelacionamento entre pais efilhos, muito mais como tra­balho no campo da Evan­gelização. Tudo certo.

Mas vejo com preocu­pação a falta de uma abor­dagem mais prof unJa e Je forn1a mais sistemática com os pais, o casal - Homem e Mulher -, o que, no meu entender, é a base do lar. " AGREMIAÇÃO NA QUAL DOIS SERES SE CONJUGAM, A.TEN­DENDO AOS VINCU­LOS DE AFETO, GA­RANTINDO OS ALI­CERCES DA CIVILIZA­ÇÃO. ATRAVÉS DOCA­SAL, AÍ ESTABELECI­DO, FUNCIONA O PRIN­CÍPIO DA REENCARNA­ÇÃO, CONSOANTE AS LEIS DIVINAS, POSSI­BILITANDO O TRABA­LHO EXECUTIVO DOS MAIS ELEVADOS PRO­GRAMAS DE AÇÃO DO MUNDO ESPIRITUAL" (Emmanucl).

A individualidade de ca­da um e o respeito ao livre arbítrio dos componentes da família, espíritos etemos cm evolução de - v' à + v', com experiências e exposi­ções em diferentes encar­nações, sofrendo as conse­qüências e impactos das vi­das passadas, significativas promotoras da esmbilidade ou instabilidade da família e de seus membros.

O casal - Homem e Mu­lher - com a sua estrntura espiritual, ensaios e erros, através de encarnações su­cessivas, o nível sócio-eco­nômico, educacional, psico­lógico e, acima de tudo, a individualidade de ea<la um - Traço de Personalidade -Inteligência Geral - Tiposde Inteligência - Aptidões- Interesses - Valores, etc -"OS QUAIS NECESSI­TAM SE AUTO-EDUCA­REM MORALMENTE,C ONSTITUINDO-SEEXEMPLOS VIVOS DEFRATERNIDADE AU­TÊNTICA DENTRO DOLAR E FORA DELE ETRANSMITIR O FRUTODESTA EDUCAÇÃO EVIVÊNCIA ÀQUELESQUE FORMAM O UNI­VERSO FAMILIAR".(Vinícius). Ê meu sentimen­to, ainda, que não rcaliü(mos no Movimento Espíri­ta, através do Centro Espí­rita, os meios para ajudar oCasal - Homem e Mulher-, na oricntac,:ão e condu­ção de seus conflitos, rela­cionamentos, questiona­mentos íntimos e problemaspessoais. Trabalhou-se, atéagora, no Efeito, mas pou-

10 • Dirigente Espirita - Janeiro/Fevereiro de 1993

co ou quase nada se fez com relação às causas dos Problemas do Casal. Tra­balhou-se na periferia e não no âmago da questão.

O casal espírita que com conhecimento doutrinário sabe que são espíritos eter­nos, milenares, conhecem os princípios da reencarna­ção, a evolução Intclecto­moral, sabe de onde vie­mos, porque estamos aqui, o porquê das dores e sofri­mentos e para onde vamos,etc. No entanto, indepen­dentemente dos conheci­mentos que já possuem ealém de estarem engajadosno Movimento Espírita, comtrabalhos nos mais diver­sos campos de atividade 110Centro Espírita, não os co­loca imunes aos problemase necessidades iguais aosdos outros casais não espí­ritas. Evidentemente quemuitos conseguem sublimarseus problemas através dosconhecimentos adquiridosna Doutrina Espírita e atra­vés da reforma íntima, masoutros, e na sua grandemaioria, independentemen­te desses conhecimentos,não conseguem vencer astcndcncias do passado, oca­sionando novos problemasno presente e assumindo no­vos compromissos para ofuturo. Como nos afinnaHermínio de Miranda"FAMÍLIA - INSTRU­MENTO DE REDEN­ÇÃO INDIVIDUAL".

Não estamos a exigir de nós mesmos o equilíbrio que ainda não possuímos, com relação aos problemas de família?

Pergunto se o casal de­sestrnturad..:i espiritual e psi­cologicamente poderá de­sempenhar o seu papel de orientador, evangelizador e repensável pela família?

Homem e Mulher E.,;pí­ritas e casais espíritas têm buscado ajuda de Profissio­nais não espíritas para orientação e ajuda na solu­ção de problemas de famí­lia, e, principalmente, pro­blemas do próprio casal, porque não encontram a aju­da dentro do Movimento, ou seja, no Centro Espírita.

Aproveito esse congrcs-*

d .

so para recomcn ar a cria-ção de um setor no Centro Espírita, para atendimento de casais espíritas e não es­píritas, a fim de orientá-los quanto aos seus problemas.

fa;te setor deverá estar estruturado com pessoas de profundo conhecimento Doutrinário e Evangélico, com conhecimento e expe­riência em problemas do lar, vida e dois, relacionamen­to de casais, e, no trato de conflitos interpessoais, se possível, com bom emba­samento psicológico e, se possível, ainda assistidos por Psicólogos fapírilas.

Finalmente, o Centro Es­pírita se estruturando para atcn<lcr o Casal, orientan­do e ajudando no seu rea­justamento. Aí sim, posso dizer que a Campanha <le Integração da Família esta­ria atingindo totalmente o seu objetivo.

* - Apresentado no 82 Con­gresso Estadual de Espiri­tismo, da USE.

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ATIVIDADES

O mundo está sofrendo uma profunda transformação no campo tecnológico e os reflexos destas alterações provocaram mudanças de in­teresses entre as pessoas.

O Centro Espírita está in­serido nesse contexto e, sen­do um educandário de al­mas, por excelência, deve im­primir ao Espiritismo o mes­mo dinamismo existente na comunidade. Não se trata de modernizar mas sim atuali­zar as formas de ensinar, �a­ra que as pessoas conqms­tem os conhecimentos dou­trinários da maneira mais efi­caz possível.

A Pesquisa

Assim, resolvemos fazer um questionário entre os par­ticipantes de um Curso Bá­sico de Espiritismo, para ve­rificar até que ponto deve­ríamos propor esta atualiza­ção.

Este questionário foi res­pondido por 150 frequenta­dores do Centro Espírita Luz e Fraternidade, que fica à rua São Vicente, 363, Ara­çatuba-SP.

Aqui estão as respostas obtidas, em índices percen­tuais:

1. Sexo dos entrevistados:Masculino - 28 % ; Femini­no - 72%.

2. Grau de escolaridade:Primário - 6 % ; Ginásio -1 O%; Segundo grau incom­pleto - S % ; Segundo grau completo - 26 % ; U nivcrsi­tário - 53%.

3. Frequenta o curso pa­ra: Adquirir conhecimento - 86 % ; Poder participar doCOEM posteriormente -7 % ; Consolo - 4 % ; Fazernovos amigos - 3 % .

4. Sente atração pelo es­tudo sabendo que não há pas­se? Sim - 90 % ; Indiferen­te - 8%; Não - 2%.

5. Prefere estudo aposti­lado ao estudo dirigido? Sim - 60%; Não - 40%.

6. Consegue aplicar o con­teúdo básico do Espiritismo

no cotidiano? Sim - 50 % ; Mais ou menos - 44 % ; Mui­to pouco - 6%.

7. Assuntos atuais comosexo, aids, drogas, pena de morte, aborto, eutanásia, transplantes, barriga de alu­guel e outros devem estar no programa do curso? Sim - 100%; Não - 0%.· 8. A edição "Família eEspiritismo"* da USE aten­de esta atualização, quandoassociada ao curso básico deEspiritismo? Sim - 97 % ;Não - 3%.

9. O uso de slides, trans­parências, painéis, cartazes, flanclógrafo, lousa e etc, aju­da no aprendizado? Sim -98%; Não - 2%.

10. O uso de documentá­rios e filmes ajuda no apren­dizado? Sim - 99 % ; Não -1 %.

11. Gosta de participaçãode alunos nas aulas? Sim -42 % ; Indiferente - 30 % ; Não - 28%.

Comentários

Sempre que formos 1111-ciar um curso, no Centro Es­pírita, devemos lançar mão de recursos que pem1itam a identificação dos frequenta­dores, para que possamos adequar a mensagem à maio­ria dos participantes. No cur­so analisado, verificou-se que havia mais mulheres que ho­mens (questão 1) e isso fez com que os expositores tra­balhassem a mensagem em função das necessidades identificadas.

O Grau de Escolaridade também deve ser analisado. Muitos dirigentes têm em mente que a mensagem es­pírita precisa ser muito sim­ples para que todos possam compreender. Contudo, não se pode confundir simplici­dade com falta de conteúdo. V erif1cou-se que a maioria tinha grau universitário (questão 2), o que surpreen­deu a direção do Centro Es­pírila Luz e Fraternidade, cu-

ja orientação inicial desva­lorizava o nível escolar das pessoas. Assim, a mensagem deve ser adequada a todos os níveis para não prejudi­car e desprestigiar tanto os mais cultos quanto os anal­fabetos.

A sistemática de encami­nhamento dos novatos, no Centro Espírita pesquisado, permite que a pessoa frequen­te o Curso de Orientação e Estudo da Mediunidade so­mente após ter participado do Curso Básico de Espiri­tismo (o que parece bastan­te racional). De modo geral, acreditava-se que a Socie­dade Espírita só teria públi­co se oferecesse trabalhos mediúnicos à população, o que não retrata a realidade. Nesta pesquisa, os entrevis-

das com suas próprias ener­gias. Com isso, vemos que o passe deve ser usado quan­do houver indicação para quenão haja uma dependênciaeterna da recepção das ener­gias alheias.

O estudo apostilado é mui-- to bom para padronizar amensagem a ser transmitidaaos frequentadores. Entretan­to, ele é autolimitante o queprejudica o desenvolvimen­to daquele aluno que temmaior capacidade de assimi­lação. Assim, percebe-se quedevemos unir o estudo apos­tilado ao estudo dirigido pa­ra que o interessado possabuscar na fonte (livros, tra­balhos e revistas) o conteú­do que deseja conhecer. Uti­lizou-se esta técnica, nesteestudo, e verificou-se que

Atualização do Centro Espírita em função dos

novos tempos Osvaldo Magro Filho

tados afinnaram que buscam no Curso o conhecimento

doutrinário e, em percentuais inferiores, estavam interes­sados em mediunidade, con­solo e amizade (questão 3). Assim, verifica-se que os

Centros Espíritas devem es­tar equipados para atender esta população mais cons­

ciente, sem demérito algum à prática mediúnica.

O passe também é muito procurado na Casa Espírita e, cm vista disso, acredita­se que toda reunião necessi­ta <lesta prática fluidoterápi-ca. 98% <los entrevistados dispensavam ou eram indi­ferentes à necessidade do pas­se na reunião de estudo. Is­to porque, nesta etapa, as pes­soas já estão mais equilibra-

40% dos participantes pre­feriram esta associação.

Notou-se também que 50% dos alunos tinham di­ficuldades em aplicar o co­nhecimento básico da dou­trina no cotidiano. E, a par­tir daí, optou-se pela atuali­zação dos temas, embasados cm Allan Kardec, o que agra­dou todos os frequentadores. Assim, associou-se o progra­ma "Família e Espiritismo" (!), recentemente lançado pe­la USE, ao "Programa Bási­co de Doutrina Espírita" (ver opinião do participante na questão 8), com aprovação dos participantes.

Durante o curso, várias au­las foram montadas com o

uso de slides, transpar�ncias, painéis, cartazes ou mesmo

Dirigente E.<pírita - Janeiro/Fevereiro de 1993 - li

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ATIVIDADES

a lousa, o que foi muito bem aceito em função de melho­rar o nível d� aprendizagem ( questão 9). E lógico que nem todo Centro Espírita possui esses recursos para ajudar na parte didática. Contudo, é chegado o momento de re­pensarmos a verôadeira fun­ção do Espiritismo e, dentro da visão educacional, talvez seja oportuno investir um pouco mais nesses equipa­mentos e materiais.

Com a popularização do vídeo cassete, o número de documentários e filmes que tratam direta ou indiretamen­te de Espiritismo tem aumen­tado rapidamente. Na atua­lidade, os comunicadores acreditam que este material é muito bom para sensibili­zar os alunos em relação aos temas que serão tratados (2). Durante os 2 anos de dura­ção deste curso, empregou­se os seguintes filmes: Ghost - Do outro lado da vida, Dis­tante para sempre, Campodos Sonhos, Paixão Eternae Fernão Capelo Gaivota, pa­ra estudai a imortalidade daalma; Manika; As duas vi­das de Adrew Rose, O céuse enganou, Ethernity, Emalgum lugar no passado eMinhas vidas, para analisara reencarnação; Não Ador­meça, para estudar obsessão;Eram os Deuses Astronau­tas, para estudar a pluralida­de dos mundos habitados; Poruma questão de honra e Umahistória americana para es­tudar a assistência social e oracismo e, por fim, TheFourth Wiscman, para pre­parar o Espírito de Natal. Élógico que todo esse mate­rial foi devidamente avalia­do e criticado dentro da ba­se kardequiana. Com isso,os resultados apresentados naquestão 10 indicam a ótimaaceitação deste método.

Por fim, avaliou-se a di­nâmica de grupo e a partici­pação ativa dos alunos na construção do saber. Pouco menos da metade dos entre­vistados acharam estas téc-

nicas positivas. Contudo, os demais se mostraram indi­ferentes e/ou resistentes a tais propostas didáticas. Talvez isso tenha ocorrido em fun­ção de ser um grupo relati­vamente grande para o tra­balho dirigido por apenas 3 monitores. Por outro lado, é cômodo, por parte do aluno, receber a informação pronta só, que, na aula expositiva, onde o professor centraliza o conhecimento, necessaria­mente o aprendizado não édos melhores. Há até um adá­gio popular que diz que "e­ducação é aquilo que ficaquando o que se aprendeufoi esquecido" e, no esque­ma de aula sem participa­ção ativa do grupo, o esque­cimento pode ser muitomaior.

Conclusões

l. O Centro Espírita de­ve atualizar os temas abor­dados em seus estudos e su­gerimos o uso da edição "Fa­mília e Espiritismo", lança­da pela editora USE;

2. O Centro Espírita de­ve investir mais em apare­lhos e materiais que auxi­liem didaticamente os expo­sitores;

3. Os monitores devem co­nhecer muito bem os alunos que participam de seus cur­sos para não desvalorizar ou supervalorizar a capacidade do grupo;

4. Os expositores deve­rão ter preparação técnica pa­ra que se utilizem dos prin­cípios pedagógicos em suas aulas.

Referências Bibliográficas

1. Família e Espiritismo.Edições USE, 1992.

2. Moran, J.M. Como vertelevisão. São Paulo, Edições Paulinas, 1991.

* trabalho foi apresenta­do no 82 Congresso Estadual de Espiritismo.

12 - Dirigente Espírita - Janeiro/Fevereiro de 1993

CARTAS

"A preciei e achei muito instrutivo para os espíritas o artigo "Quando o coletivis­mo mata a individua­lidade e prejudica as atividades do centro". Realmente, na minha atividade de militân­cia espírita, frequento há 13 anos uma enti­dade, a qual conside­ro efetivamente idônea e com várias formas de transmitir a nossa doutrina de Cristo, po­rém, no meu ponto de vista, falta justamente este item a que se re­fere o jornal número 14, de novembro/de­zembro de 1992, aos dirigentes da casa es­pírita! Com este de­poimento, passo a ser assinante deste respei­tável "Dirigente Espí­rita". Satoko Kitice, médica veterinária, São Paulo.

"Conheci o "Diri­gente Espírita" na Fra­ternidade Espírita Ra­matis, onde realizamos um trabalho com ali­mentação alternativa. Conforme os senhores podem atestar pelo ar­tigo anexo - Saúde é possível - esta propos­ta merece a atenção dos segmentos espíri­tas responsáveis pela grande fatia do aten­dimento aos segmen­tos carentes da popu-

lação". Valdo França, engenheiro, São Paulo.

"Vimos pela presen­te agradecer a remes­sa graciosa que tem si­do feita do prestigio­so órgão de imprensa espírita dirigido por V. Sa., bem como a co­laboração que têm prestado ao Instituto, quando solicitamos". José Cláudio Fortes, secretário, Instituto Es­pírita de Educação.

"Pela presente, ma­nifestamos nossos agradecimentos pro­fundos pelo pronto atendimento de V. Sa. à nossa solicitação". Fraternidade Espírita Mensageiros da Paz, São Paulo.

"Tenho lido o "Di­rigente Espírita" com certa frequência e ob­servo que o intuito maior das matérias é levar-nos ( os leitores) à análise do que ve­mos, ouvimos e como procedemos. Evidente­mente, cada qual se si­tua em plano evoluti­vo indivigual e pró­prio para tal conceito, porém, no conceito ge­ral, observo a grande preocupação em pre­servar a pureza da dou­trina kardecista". Mér­cia Dalva Moncayo. São Paulo.

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ACONTECE

Clube do Livro Infantil

o tema à FEB, incluindo ex­periências relatadas por RioGrande do Sul, Paraná e Es-pírito Santo. Em 1993, o te-Os espíritas do Centro Es- ma comparecerá nas rewuões pírita Bezerra de Menezes, das Conussões Regionais do de Catanduva, instituíram o CFN, a começar pelo Nor­prirneiro Clube do Livro Es- deste, em março, e Sul, em pírita Infantil e estão com maio. Simultaneamente, as as inscrições abertas para lo- federativas estaduais deve­dos os pais e mães que de- rão preparar uma assessoria sejarem receber pcriodica- ou departamento para tratar

�ente, a preços �ealment� dos preparativos da campa­mteressantes, um hvro esp1- nha rita voltado para a infância, ensinando assim aos seus fi- •t,� lhos a formarem a sua pró-

Creche Mário Barbosa pria biblioteca e a desenvol-

verem o gosto pela leitura. E novembro úllin10, aquele clube completou o seu pri­meiro ano de vida.

Os interessados poderão não apenas se tomar sócios, mas também dar sugestões para o nome do Clube, con­correndo, com isso, a um prê­mio de uma coleção de obras infantis espíritas. O endere­ço do Clube é Rua Munici­pal, 646, CEP 15.800-000, Catanduva, São Paulo.

A hora da família

Por proposta da USE, o tema familia foi abordado em reunião do Conselho Fede­rativo Nacional, no dia 7 de novembro passado, em Bra­sília. A oportunidade da rea­lização de uma campanha so­bre a integração da família foi tratada, abrindo-se espa­ço para as federativas esta­duais relatarem suas expe­riências, finalizando com uma dinânuca de grupo pa­ra se oferecer propostas ao CFN. O presidente Perri e sua esposa, Célia, diretora do departamento de Educa­ção, relataram as experiên­cias da USE, realizadas a par­tir de 1 980, os cursos e se­nunários apresentados e o re­cém-editado opúsculo "Fa­mília e Espíritismo".

Ficou definido que a USE e a USEERJ apresentarão um projeto de campanha sobre

A prefeitura do Municí­pio de São Paulo inaugurou, no dia 5 de novembro últi­mo, a Creche Mmúcipal Má­rio da Costa Barbosa, loca­lizada à rua Sargento Jetcr Augusto Pereira, 121, Par­que Novo Mundo. Em seu discurso, a prefeita Luiza Erundina elogiou o trabalho profissional de Mário Bar­bosa e citou sua postura es­pírita, na presença de inú­meras pessoas, inclusive, o presidente Perri, da USE.

Mário foi diretor do Ser­viço Assistencial Espírita da USE e integrou seminários sobre a família na gestão Nes­tor Masoti, tendo dcscncar­nado em setembro de 1990. Além de publicar um artigo de sua autoria, a edição de dezembro de 1990 da revis­ta "Serviço Social & Socie­dade", trouxe o "Editorial em homenagem a Mário Barbo­sa", de onde se destaca: "O humanismo de sua proposta profissional tinha uma pers­pccti va que ultrapassava a dimensão vivida no cotidia­no da prática em si, porque abrangia uma expectativa abrangente: homem totalida­de espiritual/material e cós­mica/universal".

Nosso Lar pede ajuda

A Instituição Social Nos­so Lar, de Santo André, foi fundada há 40 anos e acolhe

Creche Municipal Mário da Costa Barbosa

cm sua sede na rua das Hor­tências, 944, Vila Helena, 95 idosos, sendo 48 mulheres e 47 homens. A atual direto­ria está empenhada em am­pliar sua capacidade de aten­din1ento para 170 idosos e para tanto pretende aprovei­tar um terreno de sua pro­priedade naquele município, de cerca de 10 mil metros quadrados, para a constru­ção de uma nova e moderna sede.

Para alcançar os seus ob­jetivos, o Nosso Lar precisa de mais sócios e de todos os móveis e utensílios, mesmo que usados, em disponibili­dade nas residências de pes­soas que gostariam de aju­dar. O telefone para conta­tos é 413-7766.

Feira do Livro terá lei

A necessidade de uma le­gislação específica para a rea­lização de feiras de cunho beneficente em São Paulo é um fato, entre as quais as de livros. A cidade é hoje uma grande metrópole, com diferentes formas de expres­são de crenças e nem sem­pre o Poder Munic(ral aten­de às reivindicações desta parcela significativa, da po­pulação. O vereador Eder Jo­fre elaborou um projeto de lei, visando a concessão de

licença para Feiras de Livro em Praça Pública, o qual se­rá votado pela Câmara e sua aprovação colocará São Pau­lo em pé de igualdade com o Rio de Janeiro, que, pelalei 850, de 27 de maio de1986, regula esta ali vidade.É justo, pois, que os espíri­tas paulistanos façam coroem benefício da lei.

USE na Câmara do Livro

Com o apoio da Editora Meca e da Distribuidora de Livros Catavento, a Editora da USE apresentou propos­ta de filiação à Câmara Bra­sileira do Livro. Uma vez aprovada, a USE poderá par­ticipar de eventos importan­tes, como as famosas Bie­nais Internacionais do Livro, apresentando ao público os livros de sua edição.

Livros em promoção

A Livraria da USE, rua Gabriel Pizza, 433, Santa­na, estará vendendo os li­vros "O Espiritismo e os Pro­blemas Humanos", de Deo­lindo Amorim e Hennínio C. Miranda, e "O Centro Es­pírita", de Wilson Garcia,com 50% de desconto paraleitores e livrarias em geral,a partir deste mês de janeiroem curso.

Dirigente Espírita - Janeiro/Fevereiro de 1993 - 13

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ACONTECE

Confraternizações no Carnaval

No período do Carnaval, de 20 a 23 de fevereiro, duas confraternizações estarão acontecendo no âmbito da USE: em Jaboticabal vai ocorrer a Confraternização Regional da Famfüa Espíri­ta, sob o tema central "Vi­vência Espírita", com a coor­denação da USE - Regional de Ribeirão Preto. Em Gua­rarapes, está marcada a Con­fraternização de Espíritas da Alta Noroeste, com os te­mas Obsessão, Mediunida­de, Família, além de assun­tos do 8º Congresso Esta­dual de Espiritismo. A coor­denação é da USE - Regio­nal de Araçatuba.

Encontro sobre Saúde é sucesso

Curitiba sediou com su­cesso, entre 30 de outubro e 2 de novembro último, o 22

Encontro Nacional Espírita de Saúde Mental, buscando discutir o homem sob a vi­são global bio-psico-socio­espiritual. Além de mais de duas centenas de inscritos, o evento teve a participaçãoda Federação Espírita Bra­sileira, da Federação Espíri­ta do Paraná, além de insti­tuições públicas e privadas.

Está programado já para 1994, novembro, a continui­dade do evento com a reali­zação do 3º Encontro.

Curso intensivo de atendimento fraterno

Dada à procura e à opor­tunidade a USE, através do seu Departamento de Orien­tação Doutrinária, promoveu em sua sede o Curso Inten­sivo de Atendimento Frater­no nos dias 28 e 29 de no­vembro último. Os temas e expositores foram: O centro espírita e sua estrutura, An­tonio César Perri de Carva­lho; Noções gerais de ateu-

dimento fraterno, Edmir, Marcelino e Edna, todos de Sorocaba; O entrevistador -características necessárias, Adão Nonato e, finalmente, O entrevistado, perfil psico­lógico, Elaine C. Ramazzi­ni. Para 93, novos cursos es­tão em estudo.

Temas de livro entram em debate

O Departamento de Orien­tação Doutrinária da USE, através do livro "Subsídios para Atividades Doutriná­rias", lançado recentemente, esteve presente em diversos seminários no interior do Es­tado. Em Mogi Mirim acon­teceu um encontro com di­rigentes espíritas em 26 de­zetembro último, com o de­bate dos temas Reuniões Me­diúnicas e Reuniões de De­sobsessão. Reuniões Mediú­nicas e Doutrinação foram os assuntos abordados em 26 de novembro passado, em Jundiaí e em 12 de dezem­bro, Campinas sediou um se­minário sobre Atendimento Fratemo. Para janeiro cm cur­so, 31, está marcado um en­contro na cidade de Araras, quando será enfocado o te­ma Atendimento Fratemo e o Entrevistador.

Informações recebidas doslocais onde os encontros se realizaram mostram excelen­te interesse pelo livro e seus temas.

Espíritas fundam o Conselho

Internacional

Durante o Congresso Mundial de Espiritismo, rea­lizado em Madrid, Espanha, em fins de 1992, foi funda­do o Conselho Espírita In­temacional (CEI), que reu­nirá os espíritas de todo o mundo, através de represen­tações das respectivas fede­rações nacionais. A Federa­ção Espírita Brasileira (FEB), que participou de todos os preparativos e da Comissão

14 - Dirigente Espírita - Janeiro/Fevereiro de 1993

Provisória que projetou as bases do CMI, é a represen­tante do Brasil naquele con­selho.

O CMI está assim consti­tuído: Rafael Gonzales Mo­lina (Espanha), secretário-ge­ral; Nestor João Masotti (Bra­sil), primeiro secretário; Ro­ger Perez (França), segundo secretário; Benjamin Rodri­gues (Flórida), tesoureiro.

USE instala seu Conselho de

Administração

Um novo passo para a im­plantação do novo Estatuto Social da USE foi dado no dia 13 de dezembro, com a posse do Conselho de Ad� ministração em reunião or­dinária do Conselho Delibe­rativo Estadual. Na mesma ocasião, o CA realizou sua primeira reunião, de manei­ra informal, preparatória pa­ra as atribuições previstas no estatuto. Luiz Alberto Zanar­di fez um relato dos estudos da Diretoria Executiva e dos Departamentos para a defi­nição de uma proposta de ênfase à dinamização dos ór­gãos regionais.

dos assuntos administrativos que passaram para o Conse­lho de Administração, passa a opinar sobre assuntos dou­trinários e abrangentes. Na reunião de 13 de dezembro passado, o CDE teve conhe­cimento da conclusão dos Anais do 8º Congresso Es­tadual de Espiritismo, que estavam em fase de expedi­ção, bem como das ativida­des da área de commúcação social, desenvolvidas por Mcrhy Seba, como represen­tante da USE nas Comissões Regionais do Conselho Fc­derati vo Nacional, além de receber o novo Estatuto So­cial impresso.

O CDE deliberou reali­zar seis encontros regionais (Nordeste, Noroeste, Soro­cabana, Central, Sudeste e Sul) no segundo semestre de 1993, para avaliação da di­vulgação e da implementa­ção dos temas do 82 Con­gresso, visando o 9º Con­gresso, previsto para 1995. As cidades interessadas em sediar este congresso devem apresentar seus estudos até a reunião marcada para o se­gundo domingo de junho pró­ximo, pois o CDE passa a reunir-se semestralmente.

Contribuição Social está definida

O CA, cm razão de sua composição por representan­tes de órgãos regionais, con­tará com um espaço visan­do os estudos de implemen­tação das medidas para o for­talecimento das regiões. As datas de reuniões do CA es- O Conselho Deliberativo tão estabelecidas para o se- Estadual da USE fixou os gundo domingo dos meses valores e prazos para as so­de março, junho, setembro ciedades unidas enviarem a e dezembro de 1993. Na pau- contribuição social de 1993. ta da remúão de março, cons- À vista, a anuidade será de ta tema de orientação sobre Cr$ 300 mil, paga até 31 de atuação dos presidentes das janeiro. Mas o pagamento po­USE-Regionais, seguido de..- de ser feito também cm três assuntos como a adequação parcelas, a primeira de CR$ de regimentos de órgãos e 100 mil, até 31 de janeiro; a departamentos, à vista da im- segunda de CR$ 125 mil, plantação do novo Estatuto. até 28 de fevereiro e a ter­

Deliberativo fica mais dinâmico

ceira de CR$ 150 mil, até 31 de março. No carnê que esta sendo distribuido está prevista também a contribui-

O Conselho Deliberativo ção espontânea, de qualquer Estadual da USE, aliviado valor.

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PENA DE MORTE

Violência elevada ' ,,.,.._ . .

a potencia maior Conclusão da página 16

- A Lei Natural ou Divi­na, que é imutável e se ba­seia na máxima: "Desejar ao próximo o que queremos pa­ra nós mesmos", ou seja, to­ma-se o direito pessoal ba­seado no direito do próximo.

Tomemos o exemplo de Jesus que, usando dessa Lei Divina, conseguiu arrefecer os ânimos daqueles que queriam apedrejar a mulher adúltera.

Enfim, ao refletirmos so­bre a pena de morte, lembre­mo-nos da falibilidade de nos­sa justiça, que O condenou à morte, embora fosse reconhe­cidamente inocente. E, sen­do Ele o redentor, ainda le­ve, para aqueles que O con­denaram, um gesto de com­preensão e perdão ao procla­mar: "Pai, perdoai-os porque não sabem o que fazem".

Em verdade, a pena de morte no Brasil existe sob ou­tros nomes. Cabe aos espíri­tas lutar para que essas "pe­nas de morte" não declara­das desapareçam, e evitar que se institua mais uma. Já não bastam as milhares de mor­tes praticadas diariamente através da infância desnutri­da, menores de rua, velhos desamparados e tantas outras?

Analisemos os motivos que originam tanta violência e des­cobriremos a nossa parcela de culpa. Quando nos dize­mos vítimas, devemos tam­bém avaliar o nosso grau de omissão.

Conscientizemo-nos de que as falhas humanas fazem par­te do nosso estágio evolutivo e, por extensão, também de nossos sistemas judiciários.

Não será difícil ao espiri­ta verdadeiro entender que a sociedade, ao impor a morte, mesmo a um innão infrator, estará engrossando a lista da­queles que serão devolvidos ao mundo espiritual em pés­simas condições mentais. Or­ganizando-se em legiões de

malfeitores e revoltados, vol­tam-se contra essa mesma so­ciedade, provocando doloro­sos processos de resgates co­letivos.

Os espíritas devem enxer­gar com as vistas que a Dou­trina lhes propicia ter, e são parte integrante e importante desse debate. A Doutrina Es­pírita nos orienta de modo lógico, preciso e seguro de que a pena de morte é, um crime institucionalizado. E um agravante da violência e um empecilho gigantesco à evo­lução moral da humanidade. A Doutrina vem ampliar os nossos horizontes aos ensi­namentos luminosos do Mes­tre Jesus. Ela ensina que é através do amor, da compreen­são e da caridade que conse­guiremos abrandar as dores deste plano. Cabe a todo es­pírita, portanto, lutar para que também esse mal se estirpe da face da Terra.

Irmãos espíritas e de to­das as crenças: façamos sen­tar na cadeira dos réus a pe­na de morte, e a condenemos para sempre!

Ouçamos a palavra de Emmanuel:

"Desterrai cm definitivo a espada e o cutelo, o garrote e a forca, a guilhotina e o fuzil, a cadeira elétrica e a câmara de gás, dos quadros de vossa penalogia e oremos, todos juntos, suplicando a Deus no inspire paciência e misericórdia uns para com os outros, porque ainda hoje, em todos os nossos julgamentos, é possível ouvir, no ádito da consciência, o aviso celestial do nosso Divino Mestre con­denado à morte sem culpa:

"Quem estiver sem peca­do, atire a primeira pedra".

Trabalho elaborado pelo de­partamento de orientação dou­trinária da U.S.E. - Regional São Paulo.

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Família e Espiritismo Subsídios para Atividades Doutrinárias Atividades Doutrinárias Organização Administrativa e Jurídica Manual do Expositor Espírita Calendário Espírita (folhinha) - 3! edição Evangelização Infantil Aulas para o Jardim Serviço Assistencial Espírita: S.A.E. • Grupo Mirim e Grupo de Jovens S.A.E. - Grupo de Gestante.� S.A.E. - Grupos de Mães e Grupos de Pais Estatuto Social da USE Publicações e produções sobre eventos:

Anais do 8!! Congresso Estadual de Espiritismo Fitas de Vídeo do � Congresso Estadual de Espiritismo (2) Apostilas e vídeos - 1 e II FEMUIN Enc. Estadual de Evangelização Infantil - 1987 (opúsculo) Música - Evangcli7.ação Infantil Outros:

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ASSINATURA

Dirigente Espírita - Janeiro/Fevereiro de 1993 - 15

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PENA DE MORTE

Violência elevada à

,,.,._ . .

potencia maior São violentos os nossos

dias. Nas ruas o crime e a perversão se banalisaram de tal modo que já se mata até por um par de tênis. As atro­cidades são tais que, muitas vezes, nos perguntamos se realmente saímos da barbárie.

Sabemos que a violência, em nossa esfera de pouca evo-1 ução, gera ainda mais vio­lência. E é desta forma que assistimos, pelos meios de co­municaçào, a linchamentos e assassinatos anônimos prati­cados por esquadrões que se orgulham em ostentar o no­me da morte. São reações in­sanas dos que tentam curar a violência com selvageria ain­da maior.

A maioria dos que opiam pela pena capital não sabe exa­tamente o porquê dessa op­ção. Negam que seja por vin­gança, embora muitos este­jam aqui enquadrados; outros a desejam por acreditar cm sua influência intirnidativa, o que a pesquisa mundial con­tradiz: houve aumento da cri­minalidade nos países que a adotaram e uma diminuição nos que a aboliram.

Nos Estados Unidos, on­de 39 estados aplicam a pena de morte, houve aumento no número de crimes, tendo em vista que o assassino, ao ma­tar uma pessoa, era levado a extenninar as testemw1has pa­ra não ser acusado. -Só cin Nova York, no período de 1963 a 1980, esse aumento chegou a 400%. É o que re­vela o livro dos Direitos Hu­manos, de L.J. Mesca e L. P.

Aguirre. Esses mesmos auto­res dizem que, proporcional­mente à população, a violên­cia nos EUA é cerca de 10 vezes maior que no Brasil, apesar da pena de morte.

A Sociologia provou que o maior fator para a diminui­ção da criminalidade é a opor­tunidade que as pessoas têmde estudo, saúde, trabalho, ali­mentação, religiosidade, bomnúcleo familiar, etc ...

A revista Veja de 29/maio/9 l traz um artigo mostrando um dos aspectos mais graves no Brasil, enfo­cando a realidade dos meni­nos de rua - filhos da miséria e do crime: "O drama dos meninos de rua é uma vergo­nha que, somada aos 5 mi­lhões de crianças em idade escolar, que hoje não freqüen­tam escolas, tansforma-se em tragédia nacional. O govcmo estima que mais de 800.000 meninos e meninas saem às ruas todos os dias para aju­dar no sustento da família. As entidades que tentam aju­dar essas crianças estimam que 80.000 sejam infratores e até bandidos perigosos."... "O adolescente A.D. é uma fera na selva das cidades brasilei­ras. Com 3 anos ele já estava nas ruas do Rio de Janeiro, junto com garotos mais ve­lhos. Cheirou cocaína aos 5. Tinha 7 anos quando fez seu primeiro assalto a mão anna­da."

Vivemos cm uma socie­dade que passou a valorizar o "ter" cm detrimento do "ser",que se vangloria de levar van-

16 - Dirigente Espírita - Janeiro/Fevereiro de 1993

tagem em tudo e que aplau­de soluções à margem da lei. Agindo de tal fonna, e, na medida em que volta as cos­tas para as camadas menos favorecidas, somente provo­ca situações de convite à vio­lência e de estímulo à crimi­nalidade.

É nesse cenário angustian­te que se apresenta a propos­ta de aprovação da pena de morte no Brasil. A popula­ção revoltada e desinforma­da é conclamada a participar de um possível plesbiscito pa­ra resolver o que quer. E co­mo é a "solução final" (apre­goada pelos seus defensores), é bem possível que o povo a queira, tomando-se massa de manobras de interesses outros.

Dentre todas as objeções que se formam à pena de mor­te, uma é intransponível: o seu caráter absoluto, tornan­do impossível a reparação de um possível erro judiciário.

A justiça penal não pode simplesmente aniquilar o de­linqüente, mas prover o seu reajuste social ou ,uma "se­gw1da educação". E louvável a dctenninação da lei das re­soluções penais, de investir na reparação, quando estipu­lam o trabalho em prol da sociedade, naquelas dclin­qüências em que se envol­vem. Na verdade, o ideal se­ria o trabalho em prol das famílias que prejudicaram.

Os espíritos nos dizem que o primeiro de todos os direi­tos naturais do homem é ode viver. Por isso ninguémtem o direito de atentar con­tra a· vida de seu semelhante,e nem de fazer nada que pos­sa comprometer sua existên­cia corporal. Aquele que tiraa vida de outro,· corta umavida de expiação ou de mis- -

• são, e aí está o mal. Ao ho­mem, qualquer que seja o seugrau de autoridade na Terra,não foi concedido o direitode decidir sobre a vida deseu semelhante.

A Lei de Conservação éuma lei natural dada a todosos seres vivos para que sepossam cumprir os objetivos

da natureza. Baseados nessa lei, que dá ao homem o di­reito de preservar sua pró­pria vida, alguns querem se justificar defendendo a tese de se suprimir da sociedade um membro perigoso. Na res­posta à questão 761, o "O Livro dos Espíritos" nos orien­ta: "Há outros meios de se preservar do perigo senão o de matar".

E ainda dirão alguns: Je­sus apregoou que "Quem ma­ta pela espada perecerá pela espada", consagrando a pena de Talião. Mas deve-se ter cuidado com a interpretação, pois a pena de Talião é a ação da justiça de Deus, e é a Ele que cabe aplicá-la. To­dos nós a suportamos a cada· instante, obrigando-nos à re­flexão de nossos erros, sem­pre com o sentido de correção.

Pelo princípio das vidas su­cessivas, o Espírito reencar­na para cumprir vários obje­tivos, entre os quais o de aprendizado. Atento a isto, de­ve-se prolongar a vida cor­poral o maior tempo possí­vel. Ora, a pena de morte vai contra esse objetivo, pois, en­curtando a vida do Espírito encarnado, priva-o de inúme­ras situações cm que pode aprender e progredir. Eviden­temente o criminoso não de­ve andar à solta, mas, priva­do da liberdade deve ter, no local onde esteja confinado, as condições para a sua ree­ducação.

A justiça, cm sua essên­cia, consiste no respeito aos direitos de cada um. Duas coi­sas os dctenninam:

- As leis dos homens, quevariam com o progresso e nem sempre estão de acordo com a Justiça Divina. Elas regu­lam as relações sociais, mas não regulam os atos particu­lares, que são de alçada do tribunal da consiciência.

Conclui na página 15