7

Veracel Celulose S/A RESUMO EXECUTIVO · RESUMO EXECUTIVO Alcançar e manter índices ótimos de produtividade florestal é o objetivo principal do ... Microsoft Word - Microbacia-Resumo

Embed Size (px)

Citation preview

Veracel Celulose S/A Programa de Monitoramento Hidrológico em Microbacias Período: 2006 a 2009 RESUMO EXECUTIVO Alcançar e manter índices ótimos de produtividade florestal é o objetivo principal do manejo das plantações florestais de eucalipto da Veracel. Todavia, está hoje muito claro o fato de que a manutenção deste objetivo principal depende da manutenção do equilíbrio ambiental. Portanto, o monitoramento é um componente fundamental para a avaliação contínua desta interação entre o manejo das plantações e o meio ambiente. Este é o princípio de Manejo Florestal Sustentável adotado pela empresa.

A preocupação para com os efeitos do manejo de florestas plantadas sobre a água, por exemplo, tema permanente e atual no mundo todo, também faz parte da preocupação ambiental da empresa. As variáveis básicas destes possíveis impactos hidrológicos envolvem, pelo menos, os seguintes aspectos: conflitos pelo uso da água, saúde das microbacias hidrográficas, impactos a jusante e potencial produtivo do solo. A empresa avalia continuamente estes possíveis impactos através do método de microbacias experimentais pareadas, uma sendo representativa do manejo de plantações de eucalipto e a outra contendo Mata Atlântica, funcionando como referencial (Figura 1). Pela medição criteriosa da precipitação e da vazão e também pela coleta semanal de amostras de água do riacho nestas duas microbacias, a avaliação dos efeitos hidrológicos do manejo é feita através dos seguintes indicadores: balanço hídrico da microbacia, hidroquímica do riacho, perdas de solo (sedimentos em suspensão) e perdas de nutrientes (geoquímica da microbacia).

Figura 1: Vista da estação linimétrica e o instrumental básico da microbacia Peroba II .

Este monitoramento hidrológico das operações florestais da empresa é feito em parceria com o PROMAB – Programa de Monitoramento em Microbacias, um dos programas cooperativos mantidos pelo IPEF – Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais, junto ao Laboratório de Hidrologia Florestal do Departamento de Ciências Florestais da USP/ESALQ. A verificação rotineira do funcionamento dos sensores e as coletas semanais das amostras de água dos riachos é de responsabilidade da empresa. O processo de tabulação dos dados, interpretação dos resultados e elaboração do relatório técnico anual é de responsabilidade do PROMAB, que também gerencia o banco de dados do programa (www.ipef.br/pesquisas/promab).

A microbacia com floresta plantada de eucalipto, chamada Peroba II, localiza-se no município de Eunápolis – BA. Por meio de mapas planialtimétricos, a área desta microbacia foi calculada em 327,8 ha e foi gerado o mapa da hidrografia e do uso do solo na mesma. Desta área, 2,6% é ocupada por estradas florestais (Figura 2).

Figura 2: Mapa da microbacia Peroba II onde é feito o monitoramento hidrológico.

A microbacia Peroba II é representativa do padrão geral das plantações de eucalipto da Veracel no Sul da Bahia, que em geral ocupam apenas os platôs interfluviais da geomorfologia característica dos Tabuleiros Costeiros da Formação

Barreiras, sendo os vales profundos e amplos mantidos com a vegetação natural de regeneração da Mata Atlântica (Figura 3). No caso da microbacia Peroba II, este padrão equivale a uma ocupação aproximada de 42,4 % da área da microbacia com plantação de eucalipto.

Figura 3: Padrão geral de ocupação dos espaços produtivos da paisagem pelas

plantações de eucalipto da Veracel no Sul da Bahia.

A fim de verificar as condições gerais da sub-superfície das microbacias de monitoramento, a empresa contratou o Laboratório de Estudos de Bacias (LEBAC), da Universidade Estadual Paulista, campus de Rio Claro, que realizou o mapeamento do lençol freático pelo método da eletrorresistividade nas duas microbacias, principalmente com o objetivo de determinar a existência ou não de vazamentos freáticos, o que inviabilizaria a microbacia como área experimental de monitoramento. Os resultados desse trabalho é resumido na Figura 4, que mostra a área sub-superficial delimitada pelo divisor freático, comparativamente à área superficial delimitada pelo divisor topográfico. Apesar da não coincidência entre os dois divisores em algumas partes, pode-ser concluir pela existência de uma similaridade na conformação da área de captação da superfície com a do lençol freático, permitindo inferir sobre a consistência da medição do balanço hídrico da microbacia, que é afinal um dos principais indicadores de avaliação dos efeitos hidrológicos do manejo de plantações florestais. O balanço hídrico é a diferença entre o que entra na microbacia pela chuva (P) e a quantidade que é perdida para a atmosfera por evapotranspiração (ET = evaporação + transpiração pelas plantas). Portanto, o que sobra representa a água disponível, ou seja, o excedente hídrico ou deflúvio (Q). Neste cálculo considera-se que a variação no armazenamento de água no solo é um valor próximo a zero, o que é válido para valores médios de um período contínuo de anos de monitoramento e quando o cálculo é realizado considerando o “ano hídrico”, e não o ano civil. Os resultados acumulados do balanço hídrico para a microbacia com eucalipto são mostrados na Tabela 1.

Figura 4: Comparação entre a área superficial da microbacia do Peroba II, delimitada

pelo divisor topográfico (linha róseo), com a área freática (linha verde). Tabela 1. Precipitação (P), Deflúvio (Q) e Evapotranspiração (ET) da microbacia com

floresta plantada de eucalipto (Peroba II), considerando o intervalo hídrico de março de 2006 a fevereiro de 2009.

Ano Hídrico Mar. a Fev. P (mm) Q (mm) ET (mm) ET (%)

06/07 1616 129 1487 92 07/08 1478 86 1392 94 08/09 1043 58 984 94 média 1379 91 1288 93

Para a microbacia de referência coberta com Mata Atlântica, os resultados se

restringem, por enquanto, a apenas um ano de dados (Tabela 2), devido a problemas eletrônicos ocorridos nos sensores. Tabela 2. Precipitação (P), Deflúvio (Q) e Evapotranspiração (ET) da microbacia com

floresta nativa (Estação Veracel), considerando a ano hídrico de março de 2008 a fevereiro de 2009.

Ano Hídrico Mar. a Fev. P (mm) Q (mm) ET (mm) ET (%)

08/09 1063 109 953 90

Tendo como base esta comparação preliminar dos dados acumulados, cuja principal dificuldade momentânea é com relação à diferença da precipitação anual entre

as duas microbacias, é possível observar alguma similaridade entre os componentes do balanço hídrico nas duas microbacias, assim como as diferenças entre as duas coberturas florestais, que todavia estão de acordo com a literatura mundial. Ou seja, tem sido observado um aumento na evapotranspiração na microbacia com eucalipto, comparativamente à da Mata Atlântica, que se reflete na pequena diferença observada no deflúvio anual entre as duas microbacias.

De qualquer maneira, os resultados das duas microbacias guardam muita similaridade com os valores médios do balanço hídrico climático da região onde se inserem, conforme pode ser observado na Tabela 3. Tabela 3. Valores de Precipitação (P), Evapotranspiração potencial (ETP),

Evapotranspiração real (ETR) e Excedente hídrico (EXC) para o município de Eunápolis - BA (SENTELHAS et al., 1999).

P (mm) ETP (mm) ETR (mm) EXC (mm) 1252 1139 1132 120

Conforme mostrado nesta Tabela, a região caracteriza-se por uma precipitação

média anual de 1252 mm e uma evapotranspiração real de 1132 mm, o que confere à mesma um excedente hídrico de 120 mm, como média de 30 anos de medições. O excedente hídrico, por sua vez, representa a água disponível, que pode alimentar a vazão dos riachos. Pode-se concluir, desta maneira, em primeiro lugar pela consistência das medições do balanço hídrico para as duas microbacias. Em segundo, os resultados mostram também que a plantação de eucalipto apenas diminui um pouco o deflúvio médio anual da microbacia, relativamente ao excedente hídrico climático.

A série histórica dos dados de precipitação e de vazão da microbacia Peroba II, contendo plantação de eucalipto, pode ser observada na Figura 5.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

1-ja

n-06

8-fe

v-06

18-m

ar-0

625

-abr

-06

2-ju

n-06

10-j

ul-0

617

-ago

-06

24-s

et-0

61-

nov-

069-

dez-

0616

-jan

-07

23-f

ev-0

72-

abr-

0710

-mai

-07

17-j

un-0

725

-jul

-07

1-se

t-07

9-ou

t-07

16-n

ov-0

724

-dez

-07

31-j

an-0

89-

mar

-08

16-a

br-0

824

-mai

-08

1-ju

l-08

8-ag

o-08

15-s

et-0

823

-out

-08

30-n

ov-0

87-

jan-

0914

-fev

-09

Prec

ipita

ção

(mm

)

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

550

Vazã

o (L

/s)

Precipitação (mm) Vazão (L/s)

Figura 5: Série histórica do período acumulado de monitoramento da microbacia Peroba II, contendo plantação de eucalipto.

Pode-se observar que a microbacia vem mantendo o padrão normal de

comportamento da vazão em relação à ocorrência das chuvas, padrão esse bastante similar ao que foi possível observar na microbacia da Mata Atlântica, considerando a existência de apenas um ano acumulado de dados nesta última microbacia.

No que diz respeito aos resultados da qualidade da água, uma síntese do período monitorado pode ser observada na Figura 6, para o período de antes do corte raso do eucalipto, que ocorreu no período de agosto a novembro de 2007.

N P K Ca Mg Fe

Con

cent

raçã

o de

nutr

ient

es

(mg

L-1)

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

Na pH CCE Sedim. Turb. Cor

Conce

ntraçã

o m

g L

-1 (exc

eto

CC

E: m

S/c

m, Tur

bid

ez: N

TU

, C

or: P

tCo) pH

0

20

40

60

80

100

Figura 6: Valores médios e respectivo erro padrão dos indicadores monitorados na

microbacia com floresta nativa e na microbacia com floresta plantada, no período de março de 2006 a agosto de 2007, antes da colheita do eucalipto.

A análise dos resultados sintetizados na Figura 6 demonstrou que para a maioria

dos indicadores não existem diferenças significativas (p>0,01) entre as médias, ou seja, os valores médios dos indicadores são semelhantes em ambas as microbacias. Esse resultado fortalece a premissa de que florestas plantadas adultas e bem manejadas podem contribuir de forma positiva à conservação dos recursos hídricos, tanto quanto as florestas nativas.