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VERDÃO DIÁRIO Belo Horizonte, CEFET- MG EDIÇÃO ESPECIAL 5ª edição 2013/2 E A B M PROPAM: EDUCAÇÃO AMBIENTAL E POLÍTICAS URBANAS Foto de Bruno Herbert Alunos de Engenharia Ambiental fazem visita técnica à sede do PROPAM para conhecer um pouco mais sobre a recuperação da bacia. Pág.: 6 OBRAS NA ORLA DA LAGOA DA PAMPULHA PROVOCAM MAU CHEIRO QUE INCOMODAM MORADORES UM NOVO OLHAR SOBRE A PAMPULHA: Cartão postal de BH torna-se foco de estudo e aprendizagem dos alunos de Engenharia Ambiental do CEFET-MG. Foto de Bruno Herbert Alunos da Engenharia Ambiental do CEFET-MG elaboraram projetos sendo o objeto de estudo a região da Pampulha, local que sofre com as consequências da urbanização e do crescimento desenfreado de Belo Horizonte. Foto: Marcelo Salerno A realização de obras na orla da lagoa acarreta incômodo aos moradores da região, que reclamam da falta de informação a respeito do assunto. Pág.: 4

VERDÃO DIÁRIO - ...::: CEFET-MG :::... · benefícios para o meio. Contudo, o uso e a ocupação incorreta da bacia pode fazer com que as inundações se transformem ... Municipal

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VERDÃO DIÁRIO Belo Horizonte, CEFET- MG EDIÇÃO ESPECIAL 5ª edição –2013/2

E A

B M

PROPAM: EDUCAÇÃO AMBIENTAL E POLÍTICAS URBANAS

Foto de Bruno Herbert

Alunos de Engenharia Ambiental fazem visita técnica à sede do PROPAM para conhecer um pouco mais sobre a recuperação da bacia.

Pág.: 6

OBRAS NA ORLA DA LAGOA DA PAMPULHA PROVOCAM MAU CHEIRO

QUE INCOMODAM MORADORES

UM NOVO OLHAR SOBRE A PAMPULHA: Cartão postal de BH torna-se foco de

estudo e aprendizagem dos alunos de Engenharia Ambiental do CEFET-MG.

Foto de Bruno Herbert

Alunos da Engenharia Ambiental do CEFET-MG elaboraram projetos sendo o objeto de estudo a região da Pampulha, local que sofre com as consequências da urbanização e do crescimento desenfreado de Belo Horizonte.

Foto: Marcelo Salerno

A realização de obras na orla da lagoa acarreta incômodo aos moradores da região, que reclamam da falta de informação a respeito do assunto.

Pág.: 4

Informativo Semestral

VERDÃO DIÁRIO

Publicação do Curso de Engenharia

Ambiental e Sanitária

CEFET-MG

Larissa Lopes Lima Diretor Chefe

Editoração: Amanda Lafetá Amanda Lima

Wederson Nunes

Reportagem: Alexandre Kansaon

Diego Fidelis Eduardo Leão

Gabriela Oliveira Guilherme Lages Miro Zimmerman

Redação: Christiane Schettini

Diego Soares Fernanda Moreira

Halle Machado Juliana Ramires

Marina Costa Nathália Corrêa Thalles Perdigão

Revisão: Isabella Couto Jéssica Lopes

Luiza Donatiello Matheus Oliveira

Naiara Felipe Nauhany Soares Priscila Oliveira

Edição e Projeto Gráfico:

Ana Raquel Almeida Débora Alves

Guilherme D’Angeles Leandro Gustavo

Matheus Pires Natália Manuele

Fotografia: Bruno Herbert

Gabriela Radieddine Marcelo Salerno

Pampulha e seu contexto socioambiental A Lagoa da Pampulha é um dos cartões postais de Belo

Horizonte. Ela foi projetada por Oscar Niemeyer durante a gestão de Juscelino Kubitschek e faz parte de um complexo repleto de atrações turísticas. Dentre as atrações estão o Parque Promotor Lins do Rego, o Jardim Botânico, o Jardim Zoológico de Belo Horizonte, nosso querido Mineirão, o Mineirinho, o Parque Guanabara, a famosa Igrejinha de São Francisco e o Museu de Arte da Pampulha.

A Pampulha já foi área de lazer frequentada por banhistas, esportistas, pescadores e famílias, até começar a ser poluída em 1980 pelos córregos e fábricas do entorno da lagoa. Em 2001, a prefeitura começou a realizar obras de recuperação como o vertedouro de tratamento das águas dos córregos Ressaca e Sarandi em parceria com a COPASA. O grande desafio é que a recuperação se conclua para a Copa do Mundo FIFA 2014.

Mas, o que pode estar escondido ali que nem mesmo bons olhos observadores podem ver? A quinta edição do Jornal Verdão traz ao leitor um pouco da realidade da Lagoa. Iniciada no final de 2013 e com término no princípio de 2014, a disciplina de Ecologia Geral possibilitou aos alunos de Engenharia Ambiental do CEFET-MG um estudo abrangendo diversos pontos diferentes de uma das áreas de grande importância de Belo Horizonte.

Os alunos, após duas visitas técnicas recheadas de aprendizado ao local, foram instigados a desenvolver temas que abordaram a qualidade da água, do ar e do solo, principalmente. Além disso, temas pertinentes ao contexto dos moradores da Pampulha tornaram-se reportagens que podem ser vistas nas próximas páginas. Também houve uma visita técnica à sede do PROPAM, onde os futuros engenheiros aprenderam um pouco mais sobre a proteção e recuperação de bacias.

Esta edição do Verdão também mostra um pouco dos alunos que já passaram pela disciplina de Ecologia Geral e que foram motivados a levar os projetos para expor na META, na Semana C&T e em congressos nacionais. Porém, ganhar a atenção nacional não é suficiente quando se pode explorar o mundo. Foi isso que vários alunos da Engenharia Ambiental fizeram a partir da oportunidade do programa Ciência sem Fronteiras e, com experiências conquistadas no curso, tiveram um destaque lá fora, como conta uma das alunas participantes, cuja entrevista você confere adiante.

Portanto, a quinta edição do Verdão Diário é uma edição especial. Ela tende a levar você, leitor, a explorar a Pampulha e a refletir como os fatores ambientais estão atrelados a qualidade de vida, além de conhecer um pouco mais sobre como a disciplina Ecologia Geral prepara os alunos para a realidade fora das salas de aula tanto em âmbito nacional quanto mundial. Assim, toda a equipe deseja uma ótima leitura!

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EDITORIAL

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Técnicos ambientais alertam sobre o perigo de enchentes e inundações. Tal fato faz com que a PBH realize

periódicas limpezas das calhas e bueiros. Porém, moradores consideram o papel da prefeitura ineficiente.

Por: Diego Soares e Halle Machado

Inundações de rios são fenômenos naturais e, muitas vezes, trazem benefícios para o meio. Contudo, o uso e a ocupação incorreta da bacia pode fazer com que as inundações se transformem em sérios problemas ambientais de preocupação pública. As áreas de várzea e de desague dos córregos Sarandi e Ressaca na bacia hidrográfica da Lagoa da Pampulha se tornam um foco de atenção pela defesa civil da capital mineira, principalmente no verão, quando as chuvas se intensificam.

Essas alertam para um problema de saúde pública, já que resíduos sólidos, poluentes industriais, esgoto e patógenos de doenças, como a leptospirose, são carregados e disseminados pelas correntezas. Para evitar isso, as prefeituras de Contagem e de Belo Horizonte realizam constantes intervenções ao longo dos Córregos. Dentre as intervenções estão a capina das margens, limpeza de bueiros e educação dos moradores com a finalidade de minimizar os materiais sólidos que são descartados nos fluxos d’água. Segundo a PBH a frequência da limpeza de bueiros aumenta no final do ano tanto pelo fato do aumento do nível pluviométrico, quanto pelo aumento do lixo deixado nas ruas com as festas de fim de ano.

Entretanto, os moradores da região convivem com o problema há anos e consideram haver um sério descaso da prefeitura com a situação dos alagamentos. Para eles, a PBH realiza medidas ditas mitigadoras, mas que não surtem efeito e ainda podem causar maiores prejuízos. Em entrevista ao jornal Verdão, o morador Nilson Antônio Dias, que reside na região há 45 anos, afirma ter presenciado diversos alagamentos dos

córregos Ressaca e Sarandi. O morador aponta com precisão para os problemas que já causaram tragédias.

Segundo Nilson Dias, a disposição inadequada dos bueiros em alguns pontos mais baixos que o córrego faz com que a água retorne, causando alagamentos graves e limpezas periódicas são ineficientes em longo prazo. Ao invés disso, uma solução plausível para evitar tantos alagamentos seria canalizar os bueiros pra fora do córrego e aliviá-lo. Isso porque, uma vez que alaga, o excesso de água retorna pelos bueiros. Esse problema de planejamento urbano já levou a episódios tristes como o ocorrido em 2003, quando o nível da água subiu cerca de um metro e oitenta centímetros acima do nível da casa do morador, fazendo-o perder tudo o que tinha.

Outro morador da região entrevistado foi Neylor Munhoz, que reside na região há dois anos. Ele afirma que o esforço da prefeitura para prevenir os danos das enchentes é mínimo.

Preocupação com enchentes na região da Pampulha

Casas com proteção de enchentes. Foto:

Artur Neves.

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As medidas tomadas pelas autoridades incluem, quando muito, panfletagem alertando os riscos das enchentes e placas recomendando não transitar perto da lagoa e pelos cursos d’água da região durante as chuvas. “Qualquer chuvinha é muito assustadora, inunda muito rápido”, completa o comerciante. Segundo ele, apesar de morar há pouco tempo perto do córrego, já presenciou diversas inundações. Ainda justifica que a causa deste problema está na má drenagem das águas provindas das avenidas da região, como a Av. Tancredo Neves e a Av. Atlântida. Essas

águas escoam para o leito dos córregos, que não conseguem absorver e drenar toda a água que chega e, por consequência, ocorre o alagamento.

Por: Thalles Perdigão

Um dos principais cartões postais de Belo Horizonte, a lagoa da Pampulha sofre há anos com o assoreamento e a poluição causados por resíduos que são lançados diretamente no corpo d’água e que deveriam ter como destino, aterros sanitários. Visando a despoluição da Pampulha, as obras de desassoreamento buscam a retirada de sedimentos da lagoa. A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) é a responsável pela obra que tem como objetivo retirar 80 mil caminhões de sedimentos da lagoa até junho, mês de acontecimento da Copa do Mundo do Brasil que terá Belo Horizonte como uma das principais cidades sede do evento.

Foram entrevistadas várias pessoas em diversos locais ao redor da área onde está sendo feita a retirada dos sedimentos e a maior parte das reclamações é em relação ao mau cheiro gerado pela obra, em determinado período do dia. Um dos entrevistados foi o Empresário e Diretor do Lar de Idosos ‘Tranquila Idade’, Alcino Quintão, responsável pelo estabelecimento que fica situado bem em frente à obra de retirada de sedimentos. De acordo com Alcino, desde que a obra foi iniciada, houve um aumento no trânsito de

caminhões, da poeira e de barro, quando chove. Porém, essas não são as principais reclamações dos idosos, o empresário deixou bem claro que, dentre as reclamações, o que mais traz incômodo e desconforto é o mau cheiro que ocorre sempre no mesmo período do dia que, segundo ele, inicia ao meio dia e dura até o meio da tarde. O cheiro é característico de esgoto e, por ocorrer no horário de almoço, acaba tornando desconfortável o ato da alimentação.

Obras na orla da Lagoa Pampulha provocam mau cheiro que incomoda moradores

Prefeitura instalando placas de alerta aos

moradores. Foto: Artur Neves

Obras na orla da Lagoa.

Foto: Marcelo Salerno.

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Quintão questionou o motivo do mau cheiro e até quando irá durar a obra, afirmando que não recebeu nenhum comunicado e muito menos orientações sobre como tudo seria feito. O empresário disse ainda que a equipe de reportagem foi a primeira a procurá-lo para saber dos impactos que a obra tem causado na vizinhança. Após compreender a finalidade da obra, que trará melhorias para a Lagoa da Pampulha e, consequentemente, aos moradores do seu entorno, Alcino afirmou que é necessário ser paciente e que todas as informações seriam

repassadas aos idosos residentes do lar, para que eles também compreendam que o mau cheiro é um mal necessário e passageiro.

Por: Thalles Perdigão

Sérgio Fernandes Pinho Tavares, do Partido Verde, é vereador da cidade de Belo Horizonte desde 2008. Hoje ele está à frente da Comissão Especial de Estudo sobre a Limpeza e Desassoreamento da Lagoa da Pampulha e concedeu entrevista ao Jornal Verdão Diário, respondendo algumas perguntas a respeito do projeto e das obras de revitalização da Lagoa da Pampulha.

Verdão - O que motivou a comissão para

tomar a iniciativa de realizar as obras de limpeza

e desassoreamento da Lagoa da Pampulha?

Vereador - A Comissão Especial para promover Estudos e Acompanhamento das Obras de Desassoreamento e Limpeza da Água da Lagoa da Pampulha, como seu próprio nome diz, não realiza obras, mas tem como objetivo discutir e acompanhar os trabalhos que têm sido feitos na Lagoa. O que me motivou a pedir a sua recriação, pois na legislatura passada ela também tinha sido criada a partir de um requerimento meu, foi ver que ainda havia muito o que ser discutido e acompanhado. Estamos às vésperas da Copa e de

tentar o título de Patrimônio Cultural da Humanidade para o Conjunto Arquitetônico da Pampulha e, por isso, os investimentos na Lagoa têm sido crescentes. Sou atualmente o presidente da comissão e temos acompanhado de perto com audiências públicos, visitas técnicas e acompanhamento das informações junto à prefeitura.

Verdão - Foram feitos estudos de impactos

ambientais antes de a obra começar? Quais?

Vereador - Sim. O Comam (Conselho

Municipal do Meio Ambiente) fez estudos sobre os principais problemas da Lagoa e impactos ambientais dessas obras de desassoreamento e limpeza da água. Eu não saberia dizer ao certo quais estudos foram feitos.

Verdão - Existe um monitoramento, uma

espécie de fiscalização, para o cumprimento da

legislação de extração, deposição e transporte

dos sedimentos retirados da lagoa?

Vereador Sérgio Fernandes Pinho Tavares responde perguntas acerca do projeto e das obras de revitalização da Lagoa da Pampulha.

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Caminhões transitando no local

das obras. Foto: Marcelo Salerno

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Vereador - Sim. O próprio Comam propôs e está no edital esse monitoramento.

Verdão - No âmbito de Assoreamento,

existem planos para a manutenção da lagoa, para

evitar o novo acumulo de sedimentos, após a obra

de desassoreamento?

Vereador - Há a previsão de outro edital de licitação para a manutenção da Lagoa. Mas este ainda não foi concluído.

Verdão - Existem outros projetos de limpeza da

lagoa, tal como a deseutrofização da água, o

tratamento de esgotos que são lançados nos córregos

que deságuam na lagoa, o controle da fauna e flora

(como, por exemplo, aguapés, capivaras e pássaros)?

Vereador - O edital para a recuperação da Lagoa prevê vários projetos, como o manejo das capivaras na Lagoa, o tratamento da água, o desassoreamento, a coleta do esgoto pela Copasa (que já fez o compromisso de retirar 95% do esgoto até antes da Copa), etc. E a comissão está acompanhando todos esses trabalhos.

Verdão - Existe algum projeto educacional

para a sensibilização da população para o

mantimento da limpeza da lagoa, após o termino

das obras?

Vereador - Existem e serão mantidas várias

ações de cunho educacional, como as ações do Propam (Programa Pampulha), do Consórcio de Recuperação da Lagoa, da Organização Somos Pampulha, do Centro de Educação e Mobilização Ambiental da Pampulha e outros.

Verdão - Há algum projeto para a criação de

algum outro parque com os sedimentos retirados da

lagoa, assim como foi feito com o Parque Ecológico

da Pampulha?

Vereador - Não. Isso não acontecerá. A licitação prevê que todo o sedimento será descartado em um bota fora específico.

Alunos de Engenharia Ambiental e Sanitária visitam o PROPAM para conhecer melhor

o projeto da prefeitura de recuperação da lagoa da Pampulha.

Por: Marina Lobato

A Lagoa da Pampulha, construída com o intuito de amortecer enchentes e contribuir para o abastecimento de água de Belo Horizonte em 1936 é, hoje, o principal cartão postal da capital mineira. Infelizmente, este cartão postal vem sendo ameaçado pela imensa quantidade de resíduos domésticos e industriais que são despejados diariamente na lagoa. Neste contexto, em 1998, firmou-se uma parceria entre as prefeituras de Contagem e Belo Horizonte com o objetivo de desenvolver um programa que atendesse às necessidades da Pampulha. Nasce então o PROPAM, sigla para Programa de Recuperação e Desenvolvimento Ambiental da Bacia da Pampulha.

O PROPAM divide-se em três subprogramas: Recuperação da Lagoa; Saneamento Ambiental; Planejamento e Gestão Ambiental. No primeiro, prevê-se a dragagem da parte assoreada da lagoa, a revitalização da orla, implantação do parque ecológico e da enseada do Zoológico e o tratamento das águas dos córregos Ressaca e Sarandi. Já no segundo subprograma, objetiva-se a melhoria da infraestrutura urbana, com a urbanização de vilas e favelas e revitalização e preservação de áreas verdes. Além disso, prevê a ampliação da coleta de resíduos sólidos e sua disposição final adequada. No terceiro e último subprograma, o PROPAM complementa os demais subprogramas atuando nas questões preventivas

PROPAM: Educação ambiental e políticas urbanas

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de manutenção e controle dos problemas decorrentes da poluição e ocupação inadequada do solo e em um ponto crucial na opinião do Engenheiro Florestal Edinilson dos Santos, coordenador do programa: A Educação Ambiental.

Quando questionado sobre o resultado previsto para o programa, Edinilson dos Santos foi bem realista: "Os benefícios vão alem da recuperação da lagoa, que é um recurso hídrico importantíssimo para Belo Horizonte, os programas ainda levam mais qualidade de vida para os moradores das regiões que anteriormente não tinham saneamento básico. Porém, sabemos que ainda há muito a ser feito. O programa apresenta resultados lentos, no entanto se não existisse essa intervenção a probabilidade da lagoa não existir mais seria muito grande”.

Mas o PROPAM não está sozinho nesse trabalho, em conjunto com o CEMAP (Centro de Educação e Mobilização Ambiental da Pampulha), o qual tem como objetivo incentivar a Educação Ambiental junto aos moradores da Bacia da Pampulha e atender aos usuários de todas as regionais de Belo Horizonte. Com o lema: “Pampulha, patrimônio da cidade”, o CEMAP tem como uma de suas principais atividades educativas o Circuito Eco urbanístico de Percepção Ambiental da Bacia da Pampulha, que atende a alunos da rede municipal de Belo Horizonte e presta formação a educadores em geral. Através de palestras, eventos ambientais, muitas pesquisas e investimento público, o PROPAM, o CEMAP e todas as associações

envolvidas conseguem, a cada dia, dar um passo a mais na árdua caminhada de salvar a principal atração turística e de lazer de Belo Horizonte.

Por: Priscila Oliveira

A recomendação de leitura da quinta edição do Verdão Diário é o Atlas da Qualidade de Água – Reservatório da Pampulha, que altas tem o objetivo de fornecer uma informação atualizada sobre as condições ambientais da represa da Pampulha, em Belo Horizonte. As informações são, sempre que possível, traduzidas do jargão específico utilizado na Limnologia (ciência que estuda as águas interiores) e apresentadas a um variado público-alvo sob a forma de cartogramas, gráficos e esquemas que procuram ser didáticos e de fácil entendimento pelo leitor. A obra está destinada principalmente a estudantes e profissionais envolvidos diretamente na gestão, recuperação ou mitigação de impactos ambientais que normalmente ocorrem em reservatórios urbanos. Todo profissional que necessita atualizar- se em Limnologia Aplicada (advogados ambientais, cientistas sociais, geógrafos, engenheiros sanitaristas, etc.) poderá beneficiar-se com a leitura do Atlas. O atlas não só chama a atenção para a degradação que o reservatório da Pampulha vem sofrendo, mas também mostra que é possível despoluir e recuperar a lagoa.

Por: Larissa Lopes Lima

A proposta da disciplina de Ecologia Geral desse semestre foi trabalhar com a região da Pampulha e o desafio era o desenvolvimento de

projetos voltados para a água, o ar e o solo da região.

Alunos de Ecologia Geral focam seus projetos na Pampulha

Recomendação de leitura!

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Auxiliados pela Prof. Andréa Rodrigues, os alunos, com dedicação e empenho, escreveram os artigos, cujos títulos são:

- Análise das macrófitas presentas na Lagoa da Pampulha e sua aplicação biotecnológica;

- Avaliação socioambiental do uso e ocupação da microbacia do córrego Água Funda;

- Clorofila como ferramenta para determinação de eutrofização da Lagoa da Pampulha;

- Elementos químicos que podem ser lixiviados por água de escorrência e seus efeitos.

- Estudo de caso da Lagoa da Pampulha: caracterização de sedimento em áreas assoreadas.

- Quantificação de poluentes na atmosfera da Lagoa da Pampulha: amostragem passiva de SO2 e NO2;

- Uso de Macroinvertebrados Bentônicos com Indicador de Qualidade da Água na Represa da Pampulha;

- Zooplânctons como bioindicadores de qualidade da água na Lagoa da Pampulha.

Após o término dos artigos, a professora Andréa incentiva a participação dos alunos em congressos e a submissão para publicações em revistas. De tal maneira, a disciplina contribui para que muitos alunos tenham o primeiro contato com o mundo acadêmico e estejam preparados para enfrentá-lo.

Por: Fernanda Moreira

O termo nascente muitas vezes nos remete a imagem de água limpa e pura, em um local cercado por uma vegetação densa, com ar fresco. Segundo a Resolução CONAMA nº 303, de 20 de Março de 2002, nascente é o local onde aflora naturalmente, mesmo que de forma intermitente, água subterrânea. Ainda de acordo com esta mesma resolução áreas ao redor de nascentes, com raio mínimo de cinquenta metros devem ser consideradas Áreas de Preservação Permanente

(APP), de modo a proteger a bacia hidrográfica contribuinte.

No entanto, no caso da Bacia Hidrográfica da Pampulha, situada inteiramente em área urbana, o cenário é completamente diferente. Suas nascentes têm seu quadro agravado a cada dia em decorrência de ações antrópicas, tais como: desmatamento no entorno das nascentes, nas encostas e topos de morros que expõe as nascentes ao processo erosivo; a ocupação desordenada do solo e o adensamento humano que provocam transformações nas áreas de nascentes levando a

Poluição das nascentes colabora com a deterioração da Lagoa da Pampulha

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Alunos caminhando pela Orla da Lagoa da Pampulha enquanto escutam explicações dadas

pela prof. Andrea. Foto: Marcelo Salerno

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diminuição da sua vazão e até sua extinção, assim como a contaminação da água.

Segundo um estudo realizado em 2010, sob orientação do Prof. Ailton Almeida da Faculdade de Engenharia de Minas Gerais (FEAMIG) foram catalogadas 22 nascentes, classificadas como: temporárias (de fluxo apenas nas estações chuvosas, 20% do total), efêmeras (surgem durante a chuva, permanecendo por apenas por alguns dias ou horas, 15% do total), perenes (de fluxo constante, durante todo ano, 65% do total) e intermitentes (para e volta em espaço de tempo, em geral na estação chuvosa, 15% do total). As nascentes estão distribuídas nos bairros Trevo, Braúnas, Céu Azul e Enseada das Garças. As nascentes localizadas nas áreas adjacentes a Lagoa da Pampulha possuem extrema importância no processo de renovação e manutenção do espelho d’água do manancial, ocasionando a troca sistemática das águas e consequentemente maior oxigenação da água do reservatório, dinâmica vital para manutenção da vida na Lagoa. Contudo, o que se tem visto são verdadeiros crimes ambientais, uma vez que não se respeitam as áreas de nascentes, consideradas APP’s, à medida que

ocorrem construções irregulares, despejo de efluentes (domésticos e industriais) e desmatamento nestas áreas, gerados pela população que vive na região. Além disso, a fiscalização pelos órgãos ambientais é deficiente. Deste modo, se não há fiscalização, as leis ambientais não são cumpridas, os responsáveis não são punidos e consequentemente as nascentes seguem o caminho da destruição, assim como a Lagoa da Pampulha, que se encontra bastante assoreada e poluída.

Neste contexto, para a efetiva recuperação da Lagoa da Pampulha é necessário ampliar o olhar para toda a sua bacia hidrográfica e também para população que vive no seu entorno. O seu desassoreamento, projeto desenvolvido atualmente pela prefeitura de Belo Horizonte, deve estar aliado a projetos de preservação das nascentes, recuperação de córregos tributários, sensibilização ambiental da população e intensificação da fiscalização. Somente desta forma, teremos um cartão postal mais bonito e limpo.

Para mais informações a respeito do estudo

citado: < http://mundogeo.com>

Por: Juliana Ramires

A prática da pesca na lagoa da Pampulha é um fato conhecido pela maioria dos moradores da região e até mesmo daqueles que frequentam o ponto turístico esporadicamente. Ao percorrer a

orla da lagoa é possível observar pelo menos um grupo praticando a pesca de forma casual, ato que é constantemente questionado por quem passa pelo local, visto que a água da lagoa é

Pescar nas águas da Lagoa da Pampulha: necessidade ou diversão?

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Lixo jogado na orla

da lagoa é um dos

fatores que contribui

para a degradação

das nascentes.

Foto: Marcelo

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visivelmente poluída o que, por consequência, afeta a fauna e a flora local.

Valdeir Oliveira da Silva, 48 anos, pescador assumido e morador do bairro Enseada das Garças (localizado na região da Pampulha), ao ser questionado sobre o motivo de estar pescando no local, afirmou estar ali só para brincar pois a pesca é sua distração preferida. Para pescar, Valdeir utiliza um instrumento popularmente conhecido como samuraia e, quando pesca com vara, utiliza minhoca ou qualquer tipo de isca artificial e, dentre as espécies de peixe que encontra na lagoa, o pescador afirma: “pesco Tilápia, Traíra, Curimba e Carpa”.

No dia em que foi entrevistado, Valdeir não estava em um dos seus dias de pesca, até o momento só havia conseguido três Tilápias. Ainda segundo o entrevistado, o melhor local para se conseguir os peixes da lagoa seria, se fosse possível, o seu centro.

Sobre os peixes que pesca na Pampulha, Valdeir afirma: “Eu vou te falar pra você a verdade, eu não como não!” e justifica que o fato é por só gostar de sardinha. Apesar disso, dentre os pescadores do local, Valdeir é um dos poucos que não se alimenta dos peixes. Já que não come, os peixes pescados por ele são dados a amigos, também pescadores, que se alimentam desses animais sem receio algum, visto que acreditam que pelo fato do peixe estar vivo e ser pescado em uma fase jovem, não está contaminado.

A XI Semana de Ciência & Tecnologia e a XXIII Mostra específica de Trabalhos e Aplicações (META),

realizadas no Campus I da instituição CEFET-MG, tiveram como tema no ano de 2013 “Ciência, saúde e

esporte".

Por: Christiane Schettini e Nathália Corrêa

A Semana C&T e a META têm por objetivos divulgar as pesquisas e trabalhos desenvolvidos ao longo do ano e, nessa edição, foram expostos diversos trabalhos inovadores. Foram realizadas mais de 600 inscrições de trabalhos e mais de 800 alunos se envolveram nas diferentes opções da programação do evento.

Aproveitando a ocasião para expor trabalhos na área de pesquisa científica, alguns alunos da graduação do curso de Engenharia Ambiental do CEFET-MG, enviaram seus projetos, orientados pela professora Andréa Rodrigues na disciplina de Ecologia Geral. A equipe do Jornal Verdão procurou os alunos participantes no intuito de

saber as experiências adquiridas por eles através do evento realizado.

Alunos de Engenharia Ambiental são destaques na Semana C&T e na META

Alunas Bruna Monteiro Diniz (dir.) e

Débora Bodevan (esq.) na semana XXIII

META.. Foto fornecida pelas entrevistadas.

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Peixes na samuraia de Valdeir.

Foto: Bruno Herbet.

O grupo formado por Bruna Monteiro, Debora Bodevan e Ivan Henrique, foi ganhador da XXIII Meta na categoria Modelo Didático com o projeto "Avaliação de eficiência de fotocatalisadores orgânicos na desinfecção solar (SODIS) de água de sistemas lacustres", executado na disciplina Ecologia Geral. O projeto baseou-se no desenvolvimento de pesquisas para comprovar a eficiência de fotocatalisadores orgânicos – cítricos: maracujá, acerola e laranja - e com o auxilio de um concentrador solar, bem como a possibilidade da implantação desse sistema otimizado do SODIS na reutilização de águas lacustres. A aplicação do projeto no cotidiano é servir como modelo educacional, no qual as escolas de ensino básico poderiam utilizar ou como uma experiência para refutar as opções orgânicas escolhidas pelo grupo.

Já o grupo formado por Jéssica Mendes, Marcelle Freire e Fernanda Thebit, teve a oportunidade um projeto na disciplina Ecologia Geral e, através do auxilio do CEFET-MG, de apresentar e publicar o artigo "Utilização da planta Salvinia

auriculata no processo de fitorremediação de um efluente com cobre" no 14º Congresso de Geologia e Engenharia Ambiental. O projeto ressaltou a importância da planta estudada para atuar como bioindicadora de locais contaminados com cobre ou ainda como fitorremediadora de efluentes secundários contendo esse poluente.

Por fim, o último grupo de estudantes entrevistado, formado por Vinícius de Carvalho Silva, Fernanda Resende Couto, Patrícia Vieira Fonseca, desenvolveu um projeto na disciplina Ecologia Geral, que contemplou a possível reutilização de resíduos de mineração. O resíduo de mineração foi escolhido pelo grande volume gerado na atividade, devido ao seu potencial poluidor e pela região apresentar intensa atividade mineradora. Esses alunos também publicaram um artigo e participaram do 14º Congresso de Geologia e Engenharia Ambiental, trazendo como aprendizado a visão de diferentes ramos dessa Engenharia e a experiência de interação com o mundo acadêmico.

A XI Semana de Ciência & Tecnologia e a XXIII Mostra específica de Trabalhos e Aplicações exerceram papel fundamental para desenvolver o potencial dos estudantes,

proporcionando importantes

experiências acadêmicas e, além disso, podendo servir como referência a publicações de outros autores em trabalhos

científicos. Certamente

esses eventos contribuíram

para um aprendizado e para um

crescimento profissional na área de interesse dos alunos.

Jéssica de Sá e Patricia Vieira no 14º Congresso de

Geologia e Engenharia Ambiental.

Foto fornecida pelas entrevistadas.

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Por: Larissa Lopes Lima

O programa governamental Ciência sem Fronteiras oferece bolsas em diversas modalidades para estudantes de graduação, mestrado e doutorado, em vários países pelo mundo, proporcionando aos alunos participantes uma experiência incrível. Dentre os cursos de graduação do CEFET-MG, o de Engenharia Ambiental não fica para trás no envio de alunos. Vários já estão nas universidades estrangeiras enquanto outros aguardam ansiosamente sua vez.

Dentre os alunos que participaram do programa, Kamila Jessie, do sétimo período do curso, retornou ao Brasil na metade de 2013 e contou como foi a experiência de passar um ano no Canadá, fazendo intercâmbio na University of

Ottawa.

Verdão: O que te motivou a vivenciar essa

experiência fora do país?

Kamila: A oportunidade de conhecer uma nova cultura, a infraestrutura para pesquisa no exterior e toda a experiência de poder viajar para um lugar novo, onde eu pudesse me inserir academicamente e socialmente de um modo novo. Foi uma aventura - acadêmica e pessoal.

Verdão: Como você foi recebida no exterior?

Quais as expectativas das pessoas em relação a

uma brasileira como você?

Kamila: A University of Ottawa forneceu bastante apoio a mim como estudante internacional, do início ao fim do meu intercâmbio. Não sei se havia alguma expectativa, pois o contato com professores lá é bem diferente. Minha maior aproximação com eles foi durante o meu estágio em laboratório. Mas as pessoas em geral sempre foram gentis e prestativas e eu acredito ter feito muitas amizades e contatos. A universidade possui muitos clubes, fraternidades e

associações e isso gera um vínculo entre os estudantes que fornece ajuda mútua e interação.

Verdão: A visão de um engenheiro ambiental e

sanitarista lá fora é muito diferente daqui?

Kamila: Na universidade onde eu estudei não havia o curso “engenharia ambiental e sanitária” para o nível de graduação. Sendo assim, as pessoas que estavam voltadas pra a área de saneamento eram principalmente engenheiros civis com alguma especialização nesse campo. Quando trabalhei em laboratório, os professores ficaram um pouco espantados (no sentido de admiração) com o conhecimento que eu carregava de microbiologia e química (que não é muito!). Como os alunos de graduação em engenharia civil não tinham contato com esse tipo de disciplina, , eles sofriam um pouco no laboratório. Mas foi a vez de eu mostrar um pouco de o que os engenheiros ambientais sabem fazer.

Verdão: A disciplina de ecologia geral contribuiu

para uma visão de mundo melhor?

Kamila: As atividades práticas realmente colaboraram para desenvolver o hábito de trabalhar em atividade extraclasse. Principalmente o projeto no fim da disciplina.

Verdão: Muitas pessoas têm receio de sair do

país devido ao atraso no curso. Como você

encarou a situação?

Kamila: É um atraso na minha formação, mas o meu enriquecimento acadêmico compensa.

Verdão: Quais experiências você vivenciou que

levará para a vida toda?

Kamila: Difícil enumerar. Eu vou levar tudo para a vida inteira. Eu mudei minha noção do mundo ao meu redor, eu passo a reconhecer muitas coisas

Engenharia Ambiental: do CEFET-MG para o mundo

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que antes eu negligenciava e agora eu dou valor suficiente para admirar ou criticar.

Fiz muitos amigos, vi muitas coisas bonitas, e acho que vou levar cada dia comigo pra sempre. Foi um desafio pessoal quanto à minha capacidade de adaptação, aprendizado e independência. A gente aprende muito dessa forma.

Verdão: Você pretende voltar para lá algum dia?

Kamila: Quem sabe?

Verdão: O que você recomenda para as pessoas

que querem tentar o programa Ciência sem

Fronteiras?

Kamila: A oportunidade está aí e o processo foi bem facilitado. Façam dessa oportunidade o melhor e lembrem-se do motivo pelo qual vocês estão viajando: desenvolvimento em pesquisa e tecnologia, além da capacitação dos estudantes brasileiros (na aprendizagem de línguas e intercâmbio cultural). Aproveitem demais, em todos os sentidos. Extraiam tudo o que puderem e tragam na mala e no coração.

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Kamila trabalhando no laboratório.

Foto fornecida pela entrevistada.

Cruzadinha!

Horizontal 3. Significado da sigla CFCs; 5. Ciência que estuda as interações entre os organismos e seu ambiente; 7. Ciência que estuda a ocorrência, distribuição e movimentação da água no planeta Terra; 9. Uma característica adaptativa que permite aos moluscos evitar uma pregação intensa; 10. Gás que permite a passagem da luz do sol, mas retém o calor por ele gerado; 11. É uma subdisciplina da ecologia que estuda a distribuição, abundância, demografia e interações entre populações coexistentes; 12. A capacidade de uma população crescer por meio da reprodução; 13. Qualquer grupo de organismos da mesma espécie que ocupam um espaço particular e funcionam como parte de uma comunidade.

Vertical 1. Sobreviver com a renda biológica sem exaurir ou degradar o capital natural que a fornece; 2. É a produção de organismos aquáticos, como a criação de peixes, moluscos, crustáceos, anfíbios e o cultivo de plantas aquáticas para uso do homem; 4. Plantas aquáticas presentes na Lagoa da Pampulha; 6. É uma barreira artificial, feita em cursos de água para a retenção de grandes quantidades de água; 8. Processo em que o acúmulo de lixo, entulho e outros detritos no fundo dos rios e lagoas fazem com que portem cada vez menos água, provocando enchentes em épocas de grande quantidade de chuvas.

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