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Veriano Terto Jr Veriano Terto Jr. Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS – ABIA Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS – ABIA Rio de Janeiro – RJ Rio de Janeiro – RJ [email protected] [email protected] Florianópolis – Junho - 2010 Florianópolis – Junho - 2010 A percepção do usuário nas A percepção do usuário nas políticas e ações de saúde políticas e ações de saúde pública pública

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Rio de Janeiro – RJRio de Janeiro – [email protected]@abiaids.org.br

Florianópolis – Junho - 2010Florianópolis – Junho - 2010

A percepção do usuário nas A percepção do usuário nas políticas e ações de saúde políticas e ações de saúde

públicapública

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IntroduçãoIntrodução

Antecedentes históricosAntecedentes históricosDois casosDois casosLimites e possibilidades para a percepção do Limites e possibilidades para a percepção do

usuáriousuárioConclusãoConclusão

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Antecedentes históricosAntecedentes históricos

Recentes e crescentes avanços dos saberes Recentes e crescentes avanços dos saberes científicos biomédicos e das tecnologias e científicos biomédicos e das tecnologias e procedimentos deles derivadosprocedimentos deles derivados

Movimentos sociais relacionados à saúde de Movimentos sociais relacionados à saúde de pacientes ou grupos que lutam por suas pacientes ou grupos que lutam por suas demandas (AIDS, saúde mental, saúde da demandas (AIDS, saúde mental, saúde da mulher)mulher)

Avanços na direção de uma cultura mais Avanços na direção de uma cultura mais democrática no paísdemocrática no país

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Ant. históricos (cont.)Ant. históricos (cont.)

A Constituição Federal de 1988 – saúde como A Constituição Federal de 1988 – saúde como direito de todos e dever do estado. Aproximação direito de todos e dever do estado. Aproximação de saúde com direitos humanosde saúde com direitos humanos

As Conferências e os Conselhos de SaúdeAs Conferências e os Conselhos de SaúdeA implementação de políticas de humanização do A implementação de políticas de humanização do

SUS nas duas últimas décadasSUS nas duas últimas décadasReconceitualização da relação entre indivíduos e Reconceitualização da relação entre indivíduos e

grupos e o sistema de saúde. Cliente e grupos e o sistema de saúde. Cliente e consumidor x usuárioconsumidor x usuário

Novas gerações de metodologias de pesquisa que Novas gerações de metodologias de pesquisa que avaliam as políticas e ações em saúde e a avaliam as políticas e ações em saúde e a satisfação do usuáriosatisfação do usuário

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Caso I Caso I

Gilson de 21 anos fica três anos na fila para Gilson de 21 anos fica três anos na fila para colocar prótese no quadril. Nestes últimos três colocar prótese no quadril. Nestes últimos três anos sua vida resume-se em espera. Na fila anos sua vida resume-se em espera. Na fila de mais de mil pessoas no Hospital Geral de de mais de mil pessoas no Hospital Geral de Fortaleza, ele abandonou os estudos no último Fortaleza, ele abandonou os estudos no último ano do ensino médio, largou o primeiro ano do ensino médio, largou o primeiro emprego com dois meses de serviço e brincou emprego com dois meses de serviço e brincou o último carnaval sentado. (O Globo, 23 de o último carnaval sentado. (O Globo, 23 de maio de 2010, pg. 4)maio de 2010, pg. 4)

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Caso IICaso II

A diarista Nair, 48 anos, sofre com constantes A diarista Nair, 48 anos, sofre com constantes irritações no olho e começa a ter sua visão irritações no olho e começa a ter sua visão afetada. Ela tem pterígio. “Já perdi vários dias afetada. Ela tem pterígio. “Já perdi vários dias de trabalho por isso. Um médico do SUS de trabalho por isso. Um médico do SUS chegou a pedir R$900,00 para fazer a cirurgia, chegou a pedir R$900,00 para fazer a cirurgia, e só depois outra médica me explicou que não e só depois outra médica me explicou que não tinha que pagar. Se eu tivesse dinheiro, teria tinha que pagar. Se eu tivesse dinheiro, teria pagado e resolvido”. (O Globo, 23 de maio de pagado e resolvido”. (O Globo, 23 de maio de 2010, pg. 3) 2010, pg. 3)

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Como considerar a percepção do usuário do SUS?Como considerar a percepção do usuário do SUS?LimitesLimites

A negação do estatuto de pessoa e/ou A negação do estatuto de pessoa e/ou processos de despersonalização/fragmentação processos de despersonalização/fragmentação produzidas pelos sistemas médicos produzidas pelos sistemas médicos profissionaisprofissionais

As tecnologias como substitutas (ou As tecnologias como substitutas (ou mediadoras) das relações. Papel das mediadoras) das relações. Papel das tecnologias no cuidado em saúdetecnologias no cuidado em saúde

Aspectos relacionados à experimentação clínica Aspectos relacionados à experimentação clínica e não observância de preceitos éticose não observância de preceitos éticos

As lógicas e relações de poder instituídas, As lógicas e relações de poder instituídas, produzidas e reproduzidas no sistema de saúdeproduzidas e reproduzidas no sistema de saúde

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Limites na estrutura em que se dão as Limites na estrutura em que se dão as interações entre cuidadores e pacientesinterações entre cuidadores e pacientes

Restrições na liberdade de ação dos profissionais Restrições na liberdade de ação dos profissionais (limitação de custos e acesso, compromissos, (limitação de custos e acesso, compromissos, burocracia, pressão de pares) e dos pacientes (pela burocracia, pressão de pares) e dos pacientes (pela doença, falta de conhecimentos e burocracia)doença, falta de conhecimentos e burocracia)

As idéias de inferioridade e superioridade que As idéias de inferioridade e superioridade que perpassam as relações. Tratar o outro como igual?perpassam as relações. Tratar o outro como igual?

Crise de confiança. Paroxístico progresso tecnológico Crise de confiança. Paroxístico progresso tecnológico causando insegurança e incapacidade das ações de causando insegurança e incapacidade das ações de saúde em responder às necessidades do usuário.saúde em responder às necessidades do usuário.

Quem toma as decisões e como compartilhar Quem toma as decisões e como compartilhar responsabilidades? Que coisas podem e devem ser responsabilidades? Que coisas podem e devem ser feitas?feitas?

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Possibilidades e caminhosPossibilidades e caminhos

Reconhecer o valor intrínseco da vida humanaReconhecer o valor intrínseco da vida humanaAfirmar que cada pessoa é insubstituível. Afirmar que cada pessoa é insubstituível.

Pessoas ou colegas como singularidades Pessoas ou colegas como singularidades definidoras de uma identidade únicadefinidoras de uma identidade única

Considerar as pessoas em sua integralidade Considerar as pessoas em sua integralidade (caráter holístico) (caráter holístico)

Trabalhar o cuidado em saúde como Trabalhar o cuidado em saúde como articulação entre o articulação entre o êxito técnicoêxito técnico (prevenir, (prevenir, reverter ou minimizar danos morfofuncionais) reverter ou minimizar danos morfofuncionais) e o e o sucesso práticosucesso prático (ganhos, conquistas de (ganhos, conquistas de situações ou condições valorizadas como situações ou condições valorizadas como fonte de realizações)fonte de realizações)

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Cont.Cont.

Abrir espaço para o diálogo intersetorial e Abrir espaço para o diálogo intersetorial e interdisciplinar (dentro do próprio sistema, interdisciplinar (dentro do próprio sistema, assim como com comunidades, movimentos, assim como com comunidades, movimentos, setores sociais)setores sociais)

Intervenção técnica deve se articular com Intervenção técnica deve se articular com outros aspectos não tecnológicos. Cuidar da outros aspectos não tecnológicos. Cuidar da saúde não é apenas criar e manipular objetossaúde não é apenas criar e manipular objetos

Cuidado em saúde deve participar da Cuidado em saúde deve participar da construção de projetos humanos individuais e construção de projetos humanos individuais e coletivoscoletivos

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ConclusãoConclusão

A inclusão da participação ativa do usuário nas ações A inclusão da participação ativa do usuário nas ações e políticas de saúde pública:e políticas de saúde pública:

a)a)Diminuir o imenso descompasso entre a proposta Diminuir o imenso descompasso entre a proposta constitucional e a realidade vividaconstitucional e a realidade vivida

b)b)Pode reforçar a confiança do usuário no SUSPode reforçar a confiança do usuário no SUS

c)c)Introduz outras dimensões éticas para além do valores Introduz outras dimensões éticas para além do valores do dinheiro e da pesquisado dinheiro e da pesquisa

d)d)Reforçar o conceito de sujeito e cidadania dentro do Reforçar o conceito de sujeito e cidadania dentro do próprio sistemapróprio sistema

e)e)Pode reforçar a legitimidade das ações e políticas de Pode reforçar a legitimidade das ações e políticas de saúdesaúde

f)f)Contribuir para o acesso mais democrático ao bem Contribuir para o acesso mais democrático ao bem comum (saúde individual e coletiva)comum (saúde individual e coletiva)

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DESAFIODESAFIO

Como incluir os bons resultados da Como incluir os bons resultados da participação ativa dos usuários nas políticas e participação ativa dos usuários nas políticas e ações em saúde de alguns campos (como a ações em saúde de alguns campos (como a AIDS) na resposta a outras patologias e AIDS) na resposta a outras patologias e danos?danos?

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““Sangue não é Sangue não é mercadoria”mercadoria”

Mobilização contra o Mobilização contra o comercio do sangue no comercio do sangue no Brasil; Brasil;

Congresso Nacional, Congresso Nacional, Brasília - 1988Brasília - 1988

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1989 – Declaração dos 1989 – Declaração dos Direitos da Pessoa Direitos da Pessoa Vivendo com HIV/AIDS, Vivendo com HIV/AIDS, II ENONG - Porto AlegreII ENONG - Porto Alegre

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Dia Mundial da AIDS - 2004 Protesto contra a falta de medicamentos e dos kits para teste e análise de laboratório no SUS

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Mobilização para licenciamento Mobilização para licenciamento compulsório de ARVs no Brasil - XIII compulsório de ARVs no Brasil - XIII ENONG, Curitiba, 2005ENONG, Curitiba, 2005

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BibliografiaBibliografia

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DESLANDES, Suely. Humanização: revisitando o conceito a DESLANDES, Suely. Humanização: revisitando o conceito a partir das contribuições da sociologia médica. In: Deslandes, partir das contribuições da sociologia médica. In: Deslandes, S. (org.) Humanização dos Cuidados em Saúde: conceitos, S. (org.) Humanização dos Cuidados em Saúde: conceitos, dilemas e práticas. Rio de Janeiro: Ed. FIOCRUZ, 2006. Pp. dilemas e práticas. Rio de Janeiro: Ed. FIOCRUZ, 2006. Pp. 33-4733-47

FABRINI, F. e ALENCASTRO, C. Na fila do SUS, espera sem FABRINI, F. e ALENCASTRO, C. Na fila do SUS, espera sem fim por cirurgias. O Globo, 23 de maio de 2010. Pg. 3-4.fim por cirurgias. O Globo, 23 de maio de 2010. Pg. 3-4.

MINAYO, Maria Cecília. Prefácio: In: Deslandes, S. (org.) MINAYO, Maria Cecília. Prefácio: In: Deslandes, S. (org.) Humanização dos Cuidados em Saúde: conceitos, dilemas e Humanização dos Cuidados em Saúde: conceitos, dilemas e práticas. Rio de Janeiro: Ed. FIOCRUZ, 2006. Pp. 23-30práticas. Rio de Janeiro: Ed. FIOCRUZ, 2006. Pp. 23-30