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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA DEM/POLITÉCNICA/UFRJ VERIFICAÇÃO DO PROJETO DO SISTEMA DE IRRIGAÇÃO DA PISTA DO AUTÓDROMO INTERNACIONAL DE CURITIBA PARA REALIZAÇÃO DE TESTES DO CONJUNTO PNEU VEÍCULO EM SOLO MOLHADO Natalia Rodrigues Castilho Guerra Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Prof. Reinaldo de Falco RIO DE JANEIRO, RJ BRASIL DEZEMBRO DE 2014

verificação do projeto do sistema de irrigação da pista do

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

DEM/POLITÉCNICA/UFRJ

VERIFICAÇÃO DO PROJETO DO SISTEMA DE IRRIGAÇÃO DA PISTA DO

AUTÓDROMO INTERNACIONAL DE CURITIBA PARA REALIZAÇÃO DE

TESTES DO CONJUNTO PNEU VEÍCULO EM SOLO MOLHADO

Natalia Rodrigues Castilho Guerra

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Mecânica da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador: Prof. Reinaldo de Falco

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

DEZEMBRO DE 2014

ii

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

DEM/POLITÉCNICA/UFRJ

VERIFICAÇÃO DO PROJETO DO SISTEMA DE IRRIGAÇÃO DA PISTA DO

AUTÓDROMO INTERNACIONAL DE CURITIBA PARA REALIZAÇÃO DE

TESTES DO CONJUNTO PNEU VEÍCULO EM SOLO MOLHADO

Natalia Rodrigues Castilho Guerra

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA

DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

ENGENHEIRO MECÂNICO.

Aprovado por:

________________________________________________

Prof. Reinaldo de Falco (orientador)

________________________________________________

Prof. Daniel Alves Castello, D. Sc.

________________________________________________

Prof. Fernando Augusto Noronha Castro Pinto, Dr. Ing.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

DEZEMBRO DE 2014

iii

Guerra, Natalia Rodrigues Castilho.

Verificação do sistema de irrigação da pista do

Autódromo Internacional de Curitiba para realização de testes

do conjunto pneu veículo em solo molhado. / Natalia Rodrigues

Castilho Guerra – Rio de Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica,

2014.

X,71p.:il.; 29,7 cm

Orientador: Prof. Reinaldo de Falco.

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica / Curso

de Engenharia Mecânica, 2014.

Referências Bibliográficas: p. 70 - 71

1. Sistema de irrigação 2. Bomba centrífuga. 3. Teste

de comportamento subjetivo.

I. de Falco, Reinaldo. II.Universidade Federal do Rio

de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia

Mecânica. III. Verificação do projeto do sistema de irrigação

para a pista do Autódromo Internacional de Curitiba para

realização de testes do conjunto pneu veículo em solo

molhado.

iv

Dedico esta, e todas as

obras da minha vida, aos meus

grandes amores e anjos da guarda

na Terra, meus pais, Oscar Tadeu e

Wirma, meus irmãos, Natan e

Nícolas e minha avó, Irma.

v

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Wirma Rodrigues Castilho Guerra e Oscar Tadeu Castilho

Guerra, pelos ensinamentos de humildade e bondade que me proporcionam a cada dia.

Pela paz de saber que faço parte de uma família unida por laços muito mais fortes do

que os terrenos. Por me ensinarem os verdadeiros valores da vida. Pelo esforço que

fazem a cada dia para se tornarem seres humanos cada vez melhores, servindo de

exemplo para os seus três filhos. Por todo o esforço que fazem para serem além de pais,

amigos e companheiros. Que eles saibam que os tenho como exemplo, e que minha

gratidão não cabe em palavras.

Aos meus irmãos, Natan Rodrigues Castilho Guerra e Nícolas Rodrigues

Castilho Guerra, pela paz de saber que nunca estarei sozinha. Por me deixarem ser um

pouco mãe. Por termos construído laços fortes o suficiente para reduzirem a distância a

nada. Que eles ganhem o mundo, mas que voltem, sempre.

A minha vó, Irma Dantas Muniz, por ser o meu porto seguro. Por ter sido ao

longo dos últimos dois anos a minha grande razão para voltar para casa. E

principalmente, por me mostrar a forma de amor mais pura que existe.

A minha família em geral por todo apoio ao longo desses seis anos, por toda

dedicação em estar sempre presente em todos os momentos da minha vida. Por todo

incentivo e companheirismo. Em especial ao meu afilhado Murilo, que veio preencher

nossas vidas com luz e amor.

Ao meu namorado Pierre Poirier, por todo apoio e paciência. Por ter me

auxiliado tanto na construção desse projeto. E principalmente pela calma e pela paz que

ele me proporciona a cada dia.

Aos meus amigos, os antigos e os novos, sem os quais esses anos não teriam

sido possíveis. Por todas as histórias vividas, os momentos partilhados, os abraços

sinceros e as palavras de apoio. Agradeço em especial à Nathalia Ribeiro e Jackeline

Aleksitch, por serem mais do que amigas, por estarem sempre ao meu lado e me

proporcionarem uma amizade tão inexplicável como a nossa.

Ao meu professor orientador, Reinaldo de Falco, por toda orientação e atenção

dedicados ao longo da construção deste projeto. Por todo conhecimento que foram

fundamentais na realização deste trabalho.

A toda equipe GBM/PM da Michelin, que me proporcionou um enorme

crescimento profissional e um ambiente de trabalho muito especial, sem o qual este

semestre teria sido muito mais difícil. Agradeço em especial aos engenheiros Tiago

Cichelero e Patrice Estor por todo apoio e conhecimentos compartilhados ao longo

desses seis meses de trabalho. E agradeço também à engenheira Lívia Goulart Tovar,

por todo apoio, orientação e incentivo dedicados. Por se mostrar sempre disposta a me

ajudar, sempre com muita simpatia e paciência.

A todos que participaram direta ou indiretamente na realização deste projeto,

através de palavras de apoio e motivação. A todos que acompanharam essa trajetória de

muito trabalho e vivenciaram comigo cada etapa.

vi

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

Verificação do projeto do sistema de irrigação da pista do Autódromo Internacional de

Curitiba para realização de testes do conjunto pneu veículo em solo molhado.

Natalia Rodrigues Castilho Guerra

Dezembro / 2014

Orientador: Reinaldo de Falco

Curso: Engenharia Mecânica

Um dos grandes fatores causadores de acidentes no trânsito é a aquaplanagem,

que constitui uma combinação da velocidade do veículo, da quantidade de água no solo,

da qualidade do asfalto e principalmente do estado de conservação do pneu. A fim de

assegurar um deslocamento nas estradas seguro e confortável, minimizando ao máximo

a probabilidade de acidentes, um estudo da interação do pneu com o solo é de extrema

importância. E mais particularmente a fim de maximizar a segurança no deslocamento

em dias de chuva, um estudo do pneu em condições de solo molhado faz-se necessário.

A realização desses estudos é feita, dentre outras formas, através dos testes do conjunto

pneu veículo em solo molhado. E é neste assunto que o presente trabalho está inserido,

no projeto de irrigação de uma pista de asfalto a fim de serem realizados os testes de

comportamento subjetivo do conjunto pneu veiculo em solo molhado. Neste trabalho foi

avaliado o projeto do sistema de irrigação da pista do Autódromo Internacional de

Curitiba, visando avaliar a adequação da bomba e do motor dimensionados. O sistema

de irrigação será apresentado em detalhes, bem como os cálculos realizados visando o

dimensionamento da bomba, e a contextualização quanto aos testes de comportamento

subjetivo do conjunto pneu veículo.

Palavras-chave: Sistema de irrigação, bomba centrífuga, teste de comportamento

subjetivo, conjunto pneu véiculo.

vii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Mechanical Engineer.

Verification of the irrigation system of the International Circuit Lane of Curitiba for the

performance test of vehicle tire set on wet soil.

Natalia Rodrigues Castilho Guerra

Dezembro / 2014

Advisor: Reinaldo De Falco

Course: Mechanical Engineering

Hydroplaning is one of the major causes of traffic accident. Hydroplaning is a

combination of vehicle speed, amount of rain, road surface quality and mainly tire

conservation status. In order to ensure a safe and comfortable displacement on the

roads, minimizing the probability of accidents, a study of the tire’s interaction with the

ground is extremely important. To prevent hydroplaning during the displacement in

rainy days conditions, the study of a tire on wet soil conditions is even more relevant.

The realization of these studies can be realized, among other ways, through the

performance tests of the vehicle tire set on wet ground. This paper studies the irrigation

project of an asphalt track where it will be performed this sort of tests. In this work, an

analysis of the design of the irrigation system of “Autdódromo Internacional de

Curitiba” has been done, in order to evaluate the selection of the pump and the engine.

The irrigation system will be presented in detail as well as the calculations conducted to

the selection of the pump, and a bibliographic study of the subject.

Keywords: Irrigation system, centrifugal pump, performance test, vehicle tire set.

viii

Sumário

Lista de figuras ..................................................................................................... 1

Lista de tabelas ..................................................................................................... 2

Lista de símbolos .................................................................................................. 3

1 Introdução....................................................................................................... 4

2 Objetivo .......................................................................................................... 6

3 Os testes de comportamento subjetivo ........................................................... 7

3.1 Visão geral dos pneumáticos .................................................................. 7

3.1.1 As diferentes partes do pneu e suas respectivas funções ................... 8

3.2 Objetivos dos testes subjetivos ............................................................... 9

3.2.1 Necessidades dos fabricantes de automóveis .................................... 9

3.2.2 Necessidades dos clientes finais ...................................................... 10

3.3 Princípios gerais dos testes subjetivos .................................................. 10

3.4 Comportamento subjetivo em solo molhado ........................................ 11

3.4.1 Critérios analisados .......................................................................... 12

3.5 Exemplo real de teste de comportamento do conjunto pneu veículo ... 13

3.5.1 Avaliação dos testes subjetivos no piso seco ................................... 13

3.5.2 Avaliação dos testes no piso molhado ............................................. 14

3.5.3 Testes objetivos de conforto no piso seco ....................................... 15

3.5.4 Conclusões gerais dos testes ............................................................ 15

4 Conceitos fundamentais sobre máquinas de fluxo ....................................... 17

4.1 Propriedades dos fluidos ....................................................................... 17

4.2 Escoamento de fluidos em tubulações .................................................. 17

4.2.1 Escoamento laminar e turbulento .................................................... 17

4.2.2 Vazão (Q) ......................................................................................... 19

4.2.3 Teorema de Bernouilli ..................................................................... 19

4.2.4 Perda de carga .................................................................................. 19

4.2.5 Perda de carga normal (hfn) .............................................................. 21

4.2.6 Perda de carga localizada ................................................................. 21

4.3 Sistema hidráulico ................................................................................. 23

4.3.1 Altura manométrica de sucção (Hs) ................................................ 23

4.3.2 Altura manométrica de descarga (Hd) ............................................. 23

4.3.3 Altura manométrica do sistema (H) ................................................. 23

4.3.4 Curva característica do sistema ....................................................... 24

4.4 Características das bombas ................................................................... 24

ix

4.4.1 Bombas centrífugas ......................................................................... 25

4.4.2 Curva característica da bomba (H x Q) ........................................... 25

4.4.3 Curva de rendimento da bomba (η x Q) .......................................... 26

4.4.4 Curva de potência absorvida ............................................................ 27

4.4.5 Fenômeno da cavitação .................................................................... 27

4.4.6 Critério de avaliação das condições de cavitação ............................ 28

4.5 Ponto de operação do conjunto ............................................................. 29

5 Estudo de caso .............................................................................................. 30

5.1 Visão geral dos sistemas de irrigação por aspersão .............................. 30

5.2 Especificações gerais de funcionamento do sistema ............................ 31

5.3 Componentes do sistema estudado ....................................................... 32

5.3.1 Tubulação e mangueiras .................................................................. 32

5.3.2 Conjunto motobomba ...................................................................... 35

5.3.3 Aspersores ........................................................................................ 36

5.3.4 Acessórios ........................................................................................ 39

5.4 Premissas e considerações iniciais ........................................................ 40

6 Análise do sistema de irrigação .................................................................... 41

6.1 Condições do fluido bombeado ............................................................ 41

6.2 Alturas geométricas .............................................................................. 42

6.3 Pressões nos reservatórios .................................................................... 42

6.4 Vazão de projeto e velocidade de escoamento ..................................... 43

6.5 Fator de atrito ........................................................................................ 43

6.6 Altura manométrica de sucção - Hs ...................................................... 44

6.6.1 Cálculo da perda de carga na linha de sucção - ....................... 44

6.6.2 Cálculo da altura manométrica de sucção – Hs ............................... 47

6.7 Altura manométrica de descarga – Hd .................................................. 48

6.7.1 Cálculo da perda de carga na linha de descarga .............................. 48

6.7.2 Cálculo da altura manométrica de descarga - Hd ............................ 55

6.8 Desnível máximo do sistema ................................................................ 55

6.9 Altura manométrica do sistema - H ...................................................... 56

6.10 Curva característica do sistema ......................................................... 56

6.11 Perfil de pressão na tubulação PVC .................................................. 57

6.12 Cálculo do NPSH disponível do sistema........................................... 59

7 Análise de seleção da bomba ....................................................................... 60

7.1 Curva característica da bomba .............................................................. 60

x

7.2 Ponto de operação do sistema ............................................................... 62

7.3 Análise de eficiência ............................................................................. 64

7.4 Análise de potência ............................................................................... 64

7.5 Análise de cavitação ............................................................................. 66

8 Conclusão ..................................................................................................... 68

9 Bibliografia................................................................................................... 70

1

Lista de figuras

Figura 3.1 - Terminologia do pneu [2]. ............................................................................ 8 Figura 3.2 - Manobra de alta velocidade no teste em piso seco. [5] .............................. 14 Figura 3.3 - Fotos do sensor e do teste de aquaplanagem. [5] ........................................ 15 Figura 4.1 - Escoamento laminar: perfil de velocidades. ............................................... 18 Figura 4.2 - Escoamento turbulento: perfil de velocidades. ........................................... 18

Figura 4.3 - Ábaco de Moody [6]. .................................................................................. 21 Figura 4.4 - Curva característica do sistema dividida em parte estática e dinâmica . .... 24 Figura 4.5 - Exemplo de bomba centrifuga radial. [7] ................................................... 25 Figura 4.6 - Curva genérica da bomba para diferentes diâmetros de impelidor [6].. ..... 26

Figura 4.7 - Curva genérica de rendimento total x vazão da bomba [6]. ....................... 26 Figura 4.8 – Curva genérica de potência x vazão da bomba [6]. ................................... 27 Figura 4.9 - Curva genérica do NPSH requerido [6]. ..................................................... 28 Figura 4.10 - Ponto de operação do conjunto [6]. .......................................................... 29

Figura 5.1 - Sistema de irrigação por aspersão da pista estudada. ................................. 30 Figura 5.2 - Curva irrigada no Autódromo Internacional de Curitiba. ........................... 31 Figura 5.3 - Esquema simplificado ilustrando o sistema de irrigação. ........................... 32 Figura 5.4 - Mangote laranja de sucção. ......................................................................... 33

Figura 5.5 - Pórtico contendo a mangueira de descarga. ................................................ 33 Figura 5.6 - Fotos da instalação dos tubos PVC. ............................................................ 34

Figura 5.7 - Conexões utilizadas nas linhas de tubos PVC [8]....................................... 35

Figura 5.8 - Fotos do conjunto motobomba. .................................................................. 36

Figura 5.9 – Faixa de funcionamento dos bocais. [13] ................................................... 37 Figura 5.10 - Ajuste do aspersor modelo 5000 Plus. [9] ................................................ 38

Figura 5.11 - Performance do aspersor 5000 Plus PRS 3.0 LA. [9] ............................... 39 Figura 5.12 - Foto do sistema de irrigação. .................................................................... 40 Figura 6.1 - Esquema simplificado ilustrativo da linha de trabalho do sistema de

irrigação calculada neste capítulo. .................................................................................. 41 Figura 6.2 - Vazão de água ao longo da tubulação. ........................................................ 52

Figura 6.3 - Curva característica do sistema................................................................... 57 Figura 6.4 - Perfil de pressão na tubulação PVC. ........................................................... 58

Figura 7.1 - Curvas características da bomba fornecidas no catálogo do fabricante [7]. 61

Figura 7.2 - Curva da bomba recriada (1740 rpm , 270mm). ......................................... 62

Figura 7.3 - Curva do ponto de operação do conjunto. .................................................. 62 Figura 7.4 - Curva de análise do sistema operando em diferentes condições. ............... 63 Figura 7.5 - Curva de eficiência da bomba. .................................................................... 64 Figura 7.6 - Curva de potência necessária versus vazão. [7] .......................................... 65

2

Lista de tabelas

Tabela 3.1 - Conclusões dos testes realizados pela revista Quatro Rodas. .................... 16 Tabela 6.1 - Características do fluido bombeado [6]...................................................... 42 Tabela 6.2 - Alturas geométricas do sistema. ................................................................ 42 Tabela 6.3 - Pressões manométricas do sistema e vazão de operação. .......................... 43 Tabela 6.4 - Velocidade de escoamento para diferentes valores de vazão e diâmetro

interno. ............................................................................................................................ 43 Tabela 6.5 - Fator de atrito para diferentes materiais. .................................................... 44 Tabela 6.6 - Acessórios presentes na sucção I................................................................ 45 Tabela 6.7 - Elementos presentes na sucção II. .............................................................. 46

Tabela 6.8 - Elementos presentes na sucção III.............................................................. 46 Tabela 6.9 - Cálculo da altura manométrica de sucção. ................................................. 47 Tabela 6.10 - Elementos presentes na descarga I. .......................................................... 48 Tabela 6.11 - Comprimento equivalente da mangueira de descarga. ............................. 50

Tabela 6.12 - Acidentes presentes na segunda parte da linha de descarga ..................... 51 Tabela 6.13 - Perda de carga ao longo da tubulação PVC. ............................................ 53 Tabela 6.14 - Comprimento equivalente das conexões PVC. ........................................ 53 Tabela 6.15 - Perda de carga nos acessórios da descarga III. ......................................... 54

Tabela 6.16 - Perda de carga na descarga III. ................................................................. 55 Tabela 6.17 - Altura manométrica de descarga. ............................................................. 55

Tabela 6.18 - Relação entre altura manométrica do sistema e vazão de trabalho. ......... 56

Tabela 7.1 - Critério API para potência instalada [6]. .................................................... 66

3

Lista de símbolos

D – Diâmetro interno da tubulação

F – Coeficiente de atrito

g – Aceleração da gravidade

Hd – Altura manométrica de descarga

Hs – Altura manométrica de sucção

k – Coeficiente de perda de carga

L – Comprimento total de trechos retos da tubulação.

P – Pressão do fluido

Pd – Pressão manométrica de descarga

Ps – Pressão manométrica de sucção

Pv – Pressão de vapor do fluido

Q – Vazão volumétrica

Re – Número de Reynolds

V – Velocidade escoamento

Vd – Velocidade no flange de descarga

Vs – Velocidade no flange de sucção

Z – Altura do ponto do escoamento analisado

Zd – Altura geométrica de descarga

Zs – Altura geométrica de sucção

µ - Viscosidade absoluta do fluido

γ – Peso específico do fluido

ε – Rugosidade absoluta do material

ρ – Massa específica do fluido

4

1 Introdução

O setor automobilístico possui significativa relevância na economia brasileira e,

por este motivo ele pode ser considerado uma peça imprescindível na interligação direta

e indireta com outros diversos setores da economia.

O Brasil é considerado o quinto maior mercado de vendas de veículos leves do

mundo, possuindo capacidade para produzir quatro milhões de veículos por ano e mais

outras 105 mil máquinas agrícolas no mesmo período [1]. Os empregos diretos e

indiretos do setor são de 1,5 milhão de pessoas [1]. E o faturamento líquido do setor

automobilístico, considerando apenas a produção de veículos leves corresponde à

16,65% do PIB (Produto Interno Bruto) industrial [1].

Estas informações demonstram a grandiosidade do setor automobilístico

brasileiro, que envolve não só a fabricação de veículos como também a fabricação de

pneus. O pneu por ser o único contato do veículo com o solo representa um importante

componente de segurança.

Visando garantir a qualidade deste componente, diversos testes são realizados

antes da sua saída ao mercado, como por exemplo, os testes de aderência, de ruído, de

conforto, de consumo de combustível, dentre outros. Todos estes devem sempre ser

realizados pensando nas diversas situações às quais o conjunto pneu veículo pode ser

submetido, dentre elas, a rodagem em solo molhado [2].

Os testes de desempenho do conjunto pneu veículo em solo molhado podem ser

divididos em dois grandes grupos: os testes objetivos e os testes subjetivos. Nos testes

objetivos o veículo é instrumentado permitindo a comparação entre os modelos

matemáticos e a realidade física, dados diretos são obtidos. Já os testes subjetivos

possuem outra metodologia ligada ao comportamento do condutor.

A avaliação subjetiva do comportamento do conjunto pneu veículo é

fundamental no setor automobilístico. Na aviação, por exemplo, os progressos das

simulações e da compreensão objetiva das performances dos aviões limitaram, ao

menos na aviação civil, o número de voos de teste, e consequentemente o número dos

pilotos de teste [2].

Já o setor automobilístico é diferente no sentido de que o prazer de conduzir

continua sendo um valor forte para o motorista, dificilmente simulado, e os fabricantes

de pneus visam se diferenciar uns dos outros por meio de filosofias de comportamento

diferentes. Filosofias estas que não são completamente traduzidas em critérios

objetivos, somente os testes subjetivos permitem defini-las e apreciá-las.

Por outro lado o cliente final, comprador de um veículo, julga por si só o

comportamento do mesmo, por seus próprios sentidos, mesmo não sendo um

profissional da área. São por estas razões que os fabricantes do setor automobilístico

possuem importantes serviços de testes conduzidos por pilotos profissionais.

Os testes das montadoras de veículos avaliam subjetivamente os pneus propostos

por diferentes fabricantes, assegurando a homologação dos pneus para seus veículos. A

performance de comportamento e a avaliação subjetiva são elementos determinantes na

homologação de um tipo de pneu para um novo veículo.

Sendo assim, visando garantir um bom desempenho do conjunto pneu veículo,

proporcionando ao cliente conforto e segurança, os testes subjetivos são de grande

5

importância. Neste trabalho avaliaremos o projeto de um sistema de irrigação de uma

determinada pista visando sua homologação para realização de testes subjetivos de pneu

em solo molhado.

Inicialmente será apresentado o objetivo deste trabalho, no capítulo dois, em

seguida será realizado um estudo bibliográfico do assunto em questão no capítulo 3. No

capítulo quatro serão apresentados os conceitos teóricos necessários à compreensão do

projeto, seguido pelo estudo de caso no capítulo cinco, e os cálculos visando à

verificação do projeto nos capítulos seis e sete. O capítulo oito finaliza o trabalho

através de uma conclusão.

6

2 Objetivo

O objetivo do presente trabalho é reproduzir os cálculos do sistema de irrigação

para a pista do Autódromo Internacional de Curitiba, avaliando a seleção da bomba e do

motor originais do projeto. A irrigação será realizada em uma parte da pista de extensão

de 500m e largura de 12m.

Neste projeto foi utilizado o sistema de irrigação por aspersão, pois devido a sua

maior eficiência, possibilita maior economia de água e permite um maior controle da

lâmina de água.

A irrigação da pista tem como finalidade a realização de testes subjetivos do

conjunto pneu veículo em solo molhado. Sendo assim, o sistema deve ser portátil a fim

de ser adaptável a outros tipos de pistas, com diferentes perfis (por exemplo, uma pista

mais extensa de menor largura).

O sistema deve ser capaz de irrigar a pista igualmente em todos os pontos de

aspersão, formando uma película de água de aproximadamente 1mm de espessura,

altura suficiente para assegurar que a pista estará molhada e não úmida.

7

3 Os testes de comportamento subjetivo

O pneu, sendo o único ponto de contato do veículo com o solo, representa um

papel fundamental no conforto e segurança dos passageiros. Dessa maneira, este

componente é constantemente avaliado e testado pelos fabricantes, visando sempre a

melhoria do seu desempenho [3].

O comportamento é o estudo geral da união da condução com o desempenho do

conjunto pneu veículo nas respostas às solicitações do motorista. Sendo assim uma

questão de ergonomia, de prazer de dirigir, de desempenho puro e de desempenho nas

reações às situações de urgência.

Logo, o comportamento não é uma característica única do veículo, sendo

mensurado através de uma apreciação subjetiva do piloto. Não há um alvo técnico

absoluto, o comportamento é avaliado em um tipo de teste onde o piloto modifica as

ordens que ele dá ao veículo em função das reações do mesmo.

Os testes subjetivos constituem uma série de testes mensuráveis através de

pilotos treinados, especializados em interpretar o comportamento dos pneus, baseados

nas expectativas dos clientes quanto à estabilidade, conforto e segurança. Estes testes

são necessários, pois mesmo os mais modernos equipamentos não substituem a

capacidade sensorial e de avaliação do ser humano [4].

Neste capítulo será apresentada inicialmente uma visão geral dos pneumáticos,

suas partes e respectivas funções; em seguida serão apresentados os testes subjetivos de

comportamento, focando no caso do solo molhado, seus objetivos e os critérios

analisados, e por fim será apresentado um estudo de caso real, exemplificando os testes

de comportamento do conjunto pneu veículo em solo seco e molhado.

3.1 Visão geral dos pneumáticos

O pneu pode suportar grandes deformações, o que lhe confere um progresso

notável em matéria de conforto em comparação à roda rígida. Além do mais, as

propriedades visco elásticas da sua banda de rodagem, nas pequenas deformações, lhe

conferem capacidades excepcionais de aderência, permitindo a transmissão de esforços

de aceleração e frenagem [2].

Para guiar o veículo e dirigir a grande velocidade em trajetórias não retilíneas, a

deformação do pneu é essencial, pois ela permite criar uma área de contato necessária à

transmissão dos esforções tangenciais importantes. E é justamente esse o diferencial do

pneu.

A maneira como o pneu é imposto ao solo é determinada pelo próprio veículo, e

o resultado final vai depender não somente do desempenho de cada parte, veículo e

pneu, mas também do conjunto. Particularmente, a estabilidade do veículo e a sua

capacidade de fazer uma curva de forma segura é função das características do pneu, do

veículo e das suas interações [2].

8

3.1.1 As diferentes partes do pneu e suas respectivas funções

O pneu sendo o único ponto de contato com o solo desempenha diferentes

funções interligadas entre si: sustentar, rodar, transmitir, responder, amortecer, durar.

Para nossa segurança e conforto, o pneu dialoga constantemente com o solo nas mais

diversas e extremas situações. As diferentes funções do pneu são descritas abaixo:

- Sustentar / Rodar : segundo a categoria, o pneu sustenta de 40 à 270

vezes o seu peso, enquanto se submete durante a sua vida útil entre 20

milhões e mais de 200 milhões de deformações.

- Suportar: um pneu suporta variações de temperatura entre -50ºC e +50

ºC, além de choques muito fortes inevitáveis.

- Conduzir/Transmitir: o pneu precisa responder às múltiplas solicitações

da admissão, aceleração, frenagem, podendo absorver esforços

longitudinais e laterais que podem atingir sua própria carga, através de

uma área de contato com o solo de no máximo a área da palma de uma

mão para pneu de passeio, e de duas mãos para pneus de carga.

- Durar: atualmente um pneu de carga pode atingir 300 000 km antes de

ser recauchutado (troca da banda de rodagem).

- Responder/Amortecer: o pneu deve contribuir para o conforto dos

ocupantes do veículo, respondendo exatamente à vontade do motorista,

indicando-lhe as condições de sua forma de dirigir (conforto de direção);

suavizando as irregularidades do terreno (conforto físico) e sendo o mais

silencioso possível (conforto acústico).

Todas essas funções são realizadas através da interação de uma complexa

montagem de diversos elementos que emprega uma grande variedade de matérias

primas, como a borracha natural e os aros metálicos utilizados na fabricação da carcaça.

A figura abaixo apresenta um esquema das partes constituintes do pneu:

Figura 3.1 - Terminologia do pneu [2].

9

Cada uma dessas partes desempenha funções especificas essenciais para o bom

desempenho do conjunto pneu veículo. As funções gerais de cada parte do pneu são

apresentadas abaixo:

- Lona carcaça: possui a função de suportar a carga e a velocidade com a ajuda

da pressão de inflação. Participa também da estabilidade, conforto e rendimento do

veículo.

- Banda de rodagem: tem a função de aderência em solo seco e molhado.

Participa do conforto e dirigibilidade do veículo. Deve ter baixa resistência ao

rolamento, maximizando o rendimento em km.

- Flanco: tem a função de suportar a carga, as constantes flexões mecânicas e as

agressões externas. Participa da estabilidade e do conforto e transmite o movimento da

roda à banda de rodagem.

- Talões: tem a função de fixar o pneu na roda no caso dos pneus sem câmara.

Asseguram a transmissão dos esforços de aceleração e frenagem e impedem o aumento

de diâmetro do pneu.

Diante dessas informações, podemos compreender a complexidade envolvida na

concepção de um pneu, e a importância do seu bom desempenho. Devido a esses

fatores, diversos testes são realizados a fim de garantir a qualidade deste componente.

Neste capítulo estamos focados nos testes de comportamento subjetivos, especialmente

aqueles realizados em solo molhado.

3.2 Objetivos dos testes subjetivos

Os testes subjetivos têm como objetivo avaliar as diferenças de performance de

comportamento do pneu em solo seco/molhado entre dois conjuntos pneu veículo.

Os testes devem estar de acordo com as necessidades do cliente, ou seja, é

importante que os principais fenômenos constituintes da performance almejada pelo

cliente sejam avaliados pelo teste.

Para um fabricante de pneumáticos, existem dois tipos de clientes: os fabricantes

de veículos e os clientes finais (clientes que utilizam os veículos). E as expectativas

desses dois tipos de clientes são diferentes, devendo os pneus satisfazer a ambos.

3.2.1 Necessidades dos fabricantes de automóveis

Para os fabricantes de automóveis, o comportamento é uma das principais

performances dos veículos, por diferentes razões:

- A imagem da marca depende da qualidade do comportamento dos seus

veículos, devendo estes conservar um bom desempenho durante toda sua vida,

independente das condições de utilização e de envelhecimento das peças, incluindo os

pneus.

- A recepção da imprensa no lançamento de um novo modelo de veículo é

primordial. As circunstâncias são bem particulares: o veículo e os pneus são novos, e os

pilotos são jornalistas especializados em executar manobras de teste que são pouco

10

representativas da média de uso. Porém se estas manobras são raras no uso corriqueiro,

elas podem ser vitais para os clientes, porque elas se aproximam das manobras de

segurança de urgência. Logo o bom desempenho do conjunto pneu veículo é essencial.

- Nesses critérios de homologação, as montadoras estão particularmente

interessadas na contribuição do pneu testado ao comportamento do veículo. A união

pneu veículo deve evidenciar as qualidades deste último e compensar suas eventuais

fraquezas.

3.2.2 Necessidades dos clientes finais

As necessidades principais desse grupo de clientes são:

- Para a maioria dos usuários, um bom comportamento é um comportamento

sem problemas identificáveis (falta de estabilidade em curvas rápidas, frenagens em

curva ou ultrapassagens, etc). A falta de problemas de segurança é uma necessidade

implícita.

- Durante a maior parte do tempo de condução, o veículo se encontra em uma

posição próxima da linha reta. Nesta situação, o motorista deseja que o veículo demande

o mínimo possível para controlar ou corrigir sua trajetória. Em particular em uma longa

viagem, a tensão durante a condução deve ser a menor possível e o cansaço gerado

também.

- O prazer de dirigir aparece nas condições mais específicas. Ele provém da

capacidade de obter o melhor controle possível da trajetória nas condições de limite da

capacidade do veículo (facilidade de manter o controle, sentimento de confiança no

veículo ao dirigir de maneira severa, como nas situações de curvas com velocidades

médias e altas).

- A eficácia absoluta em condições extremas de condução, próximas das

condições de competição, são procuradas apenas pelos veículos esportivos. Esta procura

que necessita de uma utilização em circuito protegido é bastante rara.

Podemos constatar que as condições de utilização do cliente final são bem

dispersas e particulares, pois elas envolvem o estilo de condução; o tipo e a qualidade

das rodas; a regulagem da suspensão e dos amortecedores; a regulagem das pressões

que são frequentemente desrespeitadas e os pneus utilizados.

3.3 Princípios gerais dos testes subjetivos

O teste subjetivo é bem específico em comparação com os testes objetivos

(testes instrumentados), visto que a mesma pessoa que conduz o veículo, também avalia

o desempenho do conjunto. O comportamento do veículo é completamente dependente

da condução adotada, pois todas as reações ou respostas do conjunto pneu veículo são

diretamente dependentes das solicitações impostas pelo condutor. O que torna o aspecto

condução (direção do veículo) fundamental para qualidade do teste.

O teste de comportamento de pneu consiste em comparar dois conjuntos de

pneus no mesmo veículo. Cabe ressaltar que todas as sensações percebidas pelo piloto

em um teste de comportamento são atribuídas ao conjunto pneu veículo e não somente

11

ao pneu. É por esta razão que os testes de dois conjuntos de pneus devem ser feitos no

mesmo veículo, partindo do pressuposto que este é idêntico nos dois testes.

A avaliação é feita através de notas atribuídas aos dois conjuntos nas diferentes

solicitações. Como os testes são subjetivos, cabe ao piloto memorizar as sensações

percebidas ao longo do teste, para ser capaz de comparar os dois conjuntos de pneus.

Para obtermos uma análise confiável, é preciso garantir que os dois conjuntos de

pneus sejam submetidos às mesmas solicitações ou situações de direção. Pois a forte

interação existente entre a solicitação sofrida, e a resposta do veículo, faz com que se

solicitados de formas diferentes, diferentes respostas de comportamento sejam

observadas, devidas principalmente às diferentes situações aos quais estes foram

submetidos.

A cada um desses fenômenos principais é associado um critério subjetivo, ou

seja, um conjunto solicitação/percepção da resposta do veículo. O conjunto de critérios

utilizados deve cobrir da melhor maneira possível a performance de comportamento, e

em alguns casos, além dos critérios principais, alguns critérios específicos próprios do

mercado ou das montadoras são avaliados.

Os testes de comportamento são divididos em dois tipos de trajetórias principais:

rodagem em linha reta e rodagem em curva. Cabe ressaltar que neste trabalho estamos

interessados na realização dos testes de comportamento do pneu, ou seja, os critérios de

performance levados em conta são ligados aos pneus e ao conjunto pneu veículo. Para

uma análise dos veículos, critérios adicionais devem ser definidos.

3.4 Comportamento subjetivo em solo molhado

O comportamento em solo molhado é avaliado principalmente nos limites de

aderência do conjunto pneu veículo, pois as condições de umidade do solo reduzem o

coeficiente de aderência pneu solo, o que proporciona ao motorista conduzir o veículo

nos limites da aderência. Sendo assim, esta situação constitui um forte aspecto de

segurança, pois muitos dos perigos presentes no setor automobilístico estão

relacionados à ultrapassagem dos limites de aderência do pneu com o solo.

Sobre o solo molhado há três tipos de interação com o pneu, que estão

diretamente ligadas à altura da água presente. O primeiro tipo de iteração ocorre quando

o solo está úmido, dessa forma o pneu está em contato direto com o solo, porém este

está lubrificado devido à presença de água. O segundo tipo é a viscoplanagem, onde o

pneu deve primeiramente vencer o filme de água presente para estabelecer um contato

com o solo. E o terceiro tipo é a aquaplanagem, onde a pressão da coluna d’água pode

fazer com que o pneu perca todo o contato com o solo.

Em cada uma das situações citadas, as solicitações nos limites da aderência do

conjunto pneu veículo, impõem aos pneus a geração de esforços laterais em curvas para

contrabalancear a força centrífuga máxima admissível, e esforços longitudinais em

linhas retas para acelerar ou frear nos limites de aderência.

12

3.4.1 Critérios analisados

Os critérios analisados são funções das necessidades do cliente para o qual os

testes estão sendo realizados e do tipo de trajetória efetuada (trajetória em linha reta e

trajetória em curva).

Nos dois tipos de trajetória, a condução do veículo atua em dois principais

comandos: no volante para seguir a trajetória escolhida e nos freios, acelerador e

embreagem para seguir o tempo desejado. E todo comando é guiado por três noções

humanas essenciais:

- O tempo decorrido entre o comando da ação e a resposta do sistema.

- A razão entre a amplitude dada a um comando e a amplitude da resposta

fornecida pelo sistema.

- O esforço físico necessário para efetuar os comandos.

No caso da trajetória em linha reta é analisada a capacidade do conjunto de se

manter na trajetória retilínea com o volante com ângulo nulo e esforço nulo. E também a

capacidade do conjunto de seguir a trajetória sem ser perturbado pelas condições de

deformação do solo.

No caso da trajetória em curva, são analisados principalmente:

- Quanto ao comando do volante: a razão entre o ângulo do volante e o raio da

trajetória seguida pelo conjunto, o tempo decorrido entre a rotação do volante e a

alteração da trajetória pelo veículo e o esforço necessário para virar o volante.

- Quanto ao pedal de freio: o efeito da frenagem em curva no comportamento do

veículo, o que corresponde ao efeito da transferência longitudinal de carga no

comportamento do veículo em curva.

- Quanto ao pedal do acelerador: a transferência longitudinal de carga e a

capacidade de retenção do conjunto na curva (sem que ocorra deslizamento).

Nos testes subjetivos, a atenção está voltada para o conforto durante a condução

do conjunto pneu veículo e para a segurança fornecida pelo mesmo. Desta forma, alguns

exemplos de critérios avaliados pelos pilotos nos testes subjetivos são apresentados

abaixo, estes critérios são aplicáveis aos dois tipos de trajetórias comentados acima e

englobam os tópicos apresentados nos itens anteriores:

- Sensação de freio (eficiência da frenagem, esforço do pedal, balanceamento do

sistema, controle do conjunto pneu veículo).

- Percepção de vibração e ruído.

- Estabilidade do veículo em acelerações e frenagens (desvio da trajetória,

puxada lateral, etc).

- Aderência pneu solo nos diferentes níveis de lâmina de água.

- Previsibilidade de resposta do conjunto pneu veículo.

13

3.5 Exemplo real de teste de comportamento do conjunto pneu veículo

O exemplo apresentado neste capítulo refere-se a um teste realizado pela revista

Quatro Rodas, reportagem de Alexandre Ule Ramos, no mês de agosto do ano de 2006

[referência 5]. Este teste tem como objetivo analisar uma prática comum de muitos

apreciadores de carros esportivos: o tuning, que consiste em alterar as características

originais de um automóvel; mais precisamente no caso deste estudo, na troca das rodas

originais por rodas de maior diâmetro.

Os testes foram realizados na pista da Pirelli, em Sumaré (SP), comparando

rodas de 15 polegadas de diâmetro com rodas de 17 polegadas. Os testes foram

realizados em um dia ensolarado, com 26 ºC de temperatura e 56% de umidade relativa

do ar. O veículo escolhido para a realização do teste foi a Saveiro, por três razões:

possui grande popularidade entre os adeptos do tuning, é relativamente barata na hora

de equipar e conta com uma quantidade variada de rodas à disposição dos interessados

em mudar de aro.

As rodas originais Volkswagen - liga leve de aro 15 polegadas, calçadas com

pneus 195/50 R15 - deram lugar a outro jogo, da marca TSW, com aro 17 polegadas e

pneus 205/40 R17. Essa mudança não pode ser feita aleatoriamente, ela deve estar de

acordo com uma operação que os fabricantes de pneus chamam de ''turn-over'', onde

deve ser respeitado o limite máximo de 3% de diferença entre o diâmetro do conjunto

original e o diâmetro que será instalado. Esse cuidado é importante por várias razões:

não altera as marcações do velocímetro, a suspensão é preservada, o comportamento do

veículo em condução normal permanece quase igual, não há perigo de contato de pneus

e rodas na suspensão.

O teste foi dividido em duas partes: na parte subjetiva, sendo avaliada a

dirigibilidade do conjunto em piso seco e molhado, e o conforto. E na parte

instrumentada (objetiva), sendo avaliado o conforto, dessa vez de forma mais objetiva e

precisa, além da aquaplanagem, critério fundamental quando se fala em rodas e pneus.

A avaliação de cada detalhe da mudança de comportamento entre os dois conjuntos de

pneus, com rodas de aro 15 e aro 17 ficou a cargo de dois pilotos de teste profissionais

da Pirelli, César Augusto Urnhani e Marcelo Moreno.

3.5.1 Avaliação dos testes subjetivos no piso seco

Segundo a avaliação dos pilotos, no piso seco as rodas de aro 17 são mais

''rápidas'' nas respostas do veículo e, por causa disso, o volante apresenta reações mais

esportivas. Como há mais borracha em contato com o piso, as manobras do motorista

são sentidas na pista com mais rapidez.

No entanto, quando o veículo chega ao limite da aderência numa curva ou em

manobras de emergência, a perda de contato ocorre de forma mais rápida. Na prática,

significa que o pneu com o aro 15 ''avisa'' que vai desgarrar, apresentando

escorregamento em velocidades menores, ou seja, o carro escorrega em velocidades

menores, porém seu comportamento é mais previsível, sem sustos para o motorista

menos habituado a essa situação. Já o aro 17 permanece mais tempo em contato com o

chão, porém é menos previsível, desgarrando em curvas fechadas sem aviso. ''A roda

maior é mesmo indicada para quem procura uma condução mais esportiva, mas o

motorista precisa estar à altura, senão perde controle fácil'', diz o piloto César Urnhani.

14

A roda de aro 17, devido à maior área de contato, apresenta maior limite de

aderência, permitindo que as curvas sejam feitas em maior velocidade. Como

consequência a Saveiro levantou uma das rodas traseiras numa manobra extrema, e

outra consequência do uso do aro 17 foi o fato do volante ter a tendência a ficar um

pouco mais pesado. A figura abaixo ilustra o efeito das manobras de alta velocidade

com o aro 17:

Figura 3.2 - Manobra de alta velocidade no teste em piso seco. [5]

3.5.2 Avaliação dos testes no piso molhado

No que diz respeito aos testes subjetivos, enquanto há pouca água no asfalto, as

rodas maiores possuem maior aderência ao solo. No momento em que existe o excesso

de água - uma poça d'água, por exemplo -, os pneus com aro 17 aquaplanam com maior

facilidade. A banda de rodagem perde contato com o asfalto em velocidades mais

baixas, o que exige bastante atenção do motorista para que ele não perca o controle. Isso

acontece porque a maior área de contato do pneu faz com que a pressão de contato da

borracha com o piso seja menor.

Seguidos os testes subjetivos, são realizados os testes objetivos, onde é medida a

aquaplanagem em uma pista específica para esse fim. O veículo vem acelerando

progressivamente sobre uma lâmina de água de 7 milímetros, até o equipamento

registrar a velocidade em que o pneu perdeu o contato com o chão. Com as rodas de 17

polegadas, a velocidade é 10% menor que nas de 15 polegadas. Enquanto as de 17

perdem a aderência aos 78,6 km/h, as rodas originais vão aquaplanar a 87,5 km/h. Ao

contrário do que alguns acham, com um pneu mais largo, o motorista precisa reduzir a

aceleração mais cedo quando estiver rodando sob chuva.

15

Figura 3.3 - Fotos do sensor e do teste de aquaplanagem. [5]

3.5.3 Testes objetivos de conforto no piso seco

Os testes objetivos são testes instrumentados de onde são obtidos resultados

numéricos precisos. No caso dos testes realizados pela revista Quatro Rodas, foi

instalado um sensor de aceleração na junção entre o amortecedor e o restante da

suspensão, que media a intensidade dos impactos sofridos nesses componentes. Outro

sensor foi colocado no volante, para saber quanto desses impactos chegava ao motorista.

Os instrumentos mostraram que, com rodas de 17 polegadas, os impactos eram

ligeiramente maiores do que com as de 15, mas a absorção feita por elas também era

maior. Traduzindo em números, a absorção era de 6% no aro 17 contra 5% do aro 15.

Contrariando a tese de que pneus com perfil de menor altura são menos confortáveis,

quando comparados aos mais altos e com banda mais estreita, as rodas de aro 17 se

saíram ligeiramente melhor. Este resultado surpreendeu os pilotos, ''Fiquei muito

surpreso'', diz Urnhani. ''Sempre achei que a roda maior prejudicasse o conforto do

motorista. ''

3.5.4 Conclusões gerais dos testes

Ao final, a conclusão é que as rodas de aro 17 são mais agressivas na condução,

privilegiando quem gosta de andar mais rápido, em percursos sinuosos. No piso seco as

rodas maiores são indicadas para quem gosta e sabe andar mais esportivamente. Já as

rodas originais são voltadas para quem dirige de forma mais tranquila e prefere ser

avisado antes dos limites do carro, para não levar sustos.

No asfalto molhado, ao volante de um carro com pneus mais largos, o motorista

terá de reduzir a velocidade para não aquaplanar mais cedo. Quanto ao conforto, como

os números são próximos, comprovou-se que não há prejuízos com a colocação das

rodas de maior diâmetro, desde que respeitadas as regras do “turn-over” e que as

16

pressões originais sejam mantidas. O quadro apresentado abaixo apresenta de forma

resumida os resultados dos testes:

Tabela 3.1 - Conclusões dos testes realizados pela revista Quatro Rodas.

Piso seco Piso molhado Conforto

Muita água Pouca água

Roda aro

15’’

Maior

previsibilidade

Aquaplanagem a

velocidades

maiores

Menor

aderência

Similar

Roda aro

17’’

Mais agressivo Aquaplanagem a

velocidades

menores

Maior

aderência

Similar

17

4 Conceitos fundamentais sobre máquinas de fluxo

Os conceitos apresentados neste capítulo foram retirados do livro Bombas

Industriais de autoria de Edson Ezequiel de Mattos e Reinaldo de Falco [ referência 6].

O objetivo é apresentar estes conceitos de forma simplificada, de modo a permitir a

compreensão da análise do sistema hidráulico estudado neste trabalho.

4.1 Propriedades dos fluidos

As propriedades de maior utilização no estudo de bombas, suas principais

unidades e correlações são:

- massa específica (ρ = [kg/m³].): quantidade de massa que ocupa uma unidade

de volume.

- peso específico ((ɣ = [N/m³]): razão entre o peso da substância e a unidade de

volume, obtido pela seguinte relação:

ɣ = ρ.g, (4.1)

- viscosidade absoluta (µ = [Pa.s]): é a resistência do fluido ao escoamento, sua

unidade usual é o centipoise, porém para efeito de cálculos nesse trabalho adotamos a

unidade Pa.s, onde :

cP = 10-3

. Pa.s (4.2)

- pressão de vapor (Pv = [Pa]): pressão na qual a substância existe

simultaneamente nas fases líquido e vapor.

4.2 Escoamento de fluidos em tubulações

Os escoamentos podem ser classificados em:

-Incompressível e compressível.

- Uniforme ou não uniforme.

- Permanente ou transitório.

- Laminar ou turbulento.

Para a aplicação neste trabalho, podemos considerar o escoamento como

incompressível (a massa específica é constante), uniforme e permanente (as

propriedades em cada ponto não variam). Dessa forma falta determinar se o escoamento

é laminar ou turbulento.

4.2.1 Escoamento laminar e turbulento

O escoamento é dito laminar quando todas as linhas de corrente são paralelas

entre si e as velocidades das partículas do fluido dentro de uma linha possuem sempre a

mesma orientação e módulo.

18

Figura 4.1 - Escoamento laminar: perfil de velocidades.

No escoamento turbulento, as partículas de fluido se movimentam em todas as

direções, com velocidades que variam em módulo de acordo com a posição e com o

tempo.

Figura 4.2 - Perfil de velocidades de um escoamento turbulento.

A maneira de analisarmos em qual regime um escoamento se encontra, é através

da análise do número de Reynolds.

4.2.1.1 O número de Reynolds

O número de Reynolds é um número adimensional que foi introduzido pelo

físico britânico Osborne Reynolds no ano de 1883. Ele é definido para escoamento

interno em tubulações pela seguinte relação:

(4.3)

Este número adimensional representa a relação entre força de inércia e força

devido à viscosidade do fluido, mas é também o principal parâmetro usado para

determinar se o escoamento é laminar ou turbulento [6]:

- Re < 2000 – Regime laminar

- Re > 4000 – Regime turbulento

Para a faixa de números de Reynolds compreendida entre 2000 e 4000, o regime

não é perfeitamente definido, podendo estar na faixa de transição entre laminar ou

turbulento, ou ainda ser totalmente laminar, porém muito instável.

Na prática, normalmente, o regime turbulento, sendo laminar apenas quando a

velocidade de escoamento for muito baixa ou o fluido for muito viscoso. Para a

aplicação em tubulações e bombas, as velocidades de escoamento de líquido tendem a

ser elevadas, resultando em números de Reynolds que ultrapassam o valor de 4000,

predominando o regime turbulento nestes sistemas.

19

4.2.2 Vazão (Q)

A vazão indica a quantidade de fluido em volume (vazão volumétrica) ou massa

(vazão mássica) que passa por uma tubulação em uma unidade de tempo. Para o cálculo

da vazão volumétrica em tubos de seção circular, temos:

(4.4)

4.2.3 Teorema de Bernouilli

O teorema de Bernouilli pode ser considerado um caso particular do princípio de

conservação de energia, afirmando que a energia total de um fluido se conserva durante

todo seu percurso quando não há aporte externo de energia. A equação relaciona as

variações de energia de pressão, energia cinética e energia potencial gravitacional ao

longo de uma linha de corrente:

(4.5)

Como este modelo considera que o fluido é ideal e que nenhuma energia é

perdida durante o escoamento, ele não é aplicável em uma situação real. Para incluir o

efeito da perda de energia no cálculo, um termo referente à perda de carga deve ser

adicionado. Uma análise então para dois pontos distintos do escoamento resulta em:

(4.6)

Onde:

- : perdas de carga entre a entrada (1) e a saída (2) do sistema.

4.2.4 Perda de carga

A perda de carga é a energia por unidade de peso perdida dentro da tubulação.

Esta perda pode ser dividida em dois termos conforme sua causa: perda de carga

distribuída ou normal e perda de carga localizada.

A perda de carga normal ou distribuída é originada no trecho reto da tubulação

como resultado do atrito do escoamento com as paredes dos dutos, enquanto a perda

localizada é causada pelos acessórios acrescentados à linha. Para compreendermos

melhor os cálculos relativos à perda de carga, é preciso introduzir o conceito de

coeficiente de atrito.

20

4.2.4.1 Coeficiente de atrito

O coeficiente de atrito é um número adimensional, representado pela letra f, e

expressa o atrito feito pelas paredes da tubulação sobre o fluido escoando. Ele depende

das características do líquido e da tubulação.

O cálculo do coeficiente de atrito depende do regime de escoamento:

- Para o regime laminar o coeficiente de atrito depende apenas do número de

Reynolds:

(4.7)

- Para o regime turbulento o coeficiente de atrito depende do número de

Reynolds e da rugosidade relativa da tubulação, esta rugosidade relativa é obtida através

da seguinte expressão:

εD = ε/D (4.8)

sendo ε a rugosidade absoluta do material (fornecida pelo fabricante) e D o

diâmetro interno da tubulação.

Uma vez calculados a rugosidade relativa e o número de Reynolds, estes valores

serão os dados de entrada no Ábaco de Moody para então obtermos o valor do

coeficiente de atrito:

21

Figura 4.3 - Ábaco de Moody [6].

4.2.5 Perda de carga normal (hfn)

Como explicado anteriormente, a perda de carga normal ocorre nos trechos retos

da tubulação devido ao atrito das partículas do fluido com as paredes da tubulação pela

qual o fluido escoa.

Existem diversas fórmulas teórico-experimentais para obtenção da perda de

carga normal, sendo a mais usual e aplicada neste estudo, a fórmula de Darcy-Wiesbach

dada por:

(4.9)

Onde:

- a perda de carga normal [m].

4.2.6 Perda de carga localizada

A perda de carga localizada ocorre devido a perturbações locais que interferem o

escoamento. Tais perturbações são causadas pelos acessórios pertencentes à linha como,

22

por exemplo, válvulas, filtros e curvas. O seu cálculo é efetuado por meio de dois

métodos mais conhecidos: o método direto e o método do comprimento equivalente.

Neste trabalho será utilizado o método do comprimento equivalente, os cálculos

serão apresentados no capítulo 6.

4.2.6.1 O método direto

Este método calcula a perda de carga localizada através da seguinte expressão:

(4.10)

Onde:

- é a perda de carga localizada.

Os valores de k são obtidos através de diagramas e para determinados tipos de

acidentes e equipamentos presentes, são informados pelos fabricantes. Em alguns casos,

o fabricante fornece diretamente o valor da perda de carga, sem nem mesmo citar o

valor de k.

4.2.6.2 Método do comprimento equivalente

O comprimento equivalente de cada acessório é o comprimento que um trecho

deveria ter para que este gere exatamente a mesma perda de carga no escoamento do

que o acessório analisado.

Para o cálculo da perda de carga, o conjunto de todos os acessórios pode ser

considerado como sendo um único tubo reto com comprimento igual à soma de todos os

comprimentos equivalentes. O mesmo pode ser feito para todo o sistema, incluindo-se a

parte originalmente reta da tubulação:

(4.11)

(4.12)

Onde:

- é o comprimento equivalente de cada acessório.

O valor do comprimento equivalente é encontrado empiricamente e tabelado. As

tabelas utilizadas neste trabalho estão presentes na referência seis.

23

4.3 Sistema hidráulico

Para podermos selecionar um modelo de bomba é preciso obter as informações

sobre o sistema hidráulico no qual o equipamento será instalado. Nas próximas seções

serão exploradas as grandezas que caracterizam esse sistema.

4.3.1 Altura manométrica de sucção (Hs)

Corresponde à altura manométrica por unidade de peso no flange de sucção da

bomba. Esta grandeza pode ser encontrada aplicando-se a equação de Bernouilli para o

trecho entre o reservatório de sucção e o flange de sucção:

(4.13)

Onde:

- é a perda de carga na linha de sucção.

Assumindo que o líquido possui velocidade zero na superfície do reservatório,

temos:

(4.14)

4.3.2 Altura manométrica de descarga (Hd)

Quantidade de energia que deve haver no fluido, ao sair do flange de descarga da

bomba, para que ele chegue ao seu destino. Segue abaixo sua expressão, também obtida

pela equação de Bernoulli, considerando a velocidade no reservatório de descarga igual

a zero:

(4.15)

Onde:

- é a perda de carga na linha de descarga.

4.3.3 Altura manométrica do sistema (H)

A altura manométrica do sistema representa o quanto de energia por unidade de

peso será demandado do sistema, sendo a diferença entre a altura manométrica de

descarga e sucção:

[(

) ( )] [( )]

(4.16)

Parte estática Parte dinâmica

24

A primeira parcela da equação é conhecida como H estático (não varia com a

vazão) e o segundo termo como H de fricção (varia com a vazão).

4.3.4 Curva característica do sistema

A curva característica do sistema é uma representação gráfica da altura

manométrica total. Para a construção de tal curva é necessário avaliar o comportamento

do sistema para diferentes vazões, para então se determinar a altura manométrica como

função da vazão de bombeamento.

O procedimento normalmente adotado para a determinação da curva

característica de um sistema é a avaliação deste parâmetro para seis vazões diferentes

(vazão nula, vazão de operação calculada para o conjunto, e outros quatro valores de

vazão acima e abaixo da vazão de operação escolhidos de maneira arbitrária). Os seis

valores encontrados para a altura manométrica do sistema são usados como pontos base

para o ajuste de uma curva comum a todos os pontos, sendo esta a curva característica

do sistema.

A parte da altura manométrica correspondente à parte estática é chamado de

ponto de shut-off (carga correspondente à vazão nula):

Figura 4.4 - Curva característica do sistema dividida em parte estática e

dinâmica .

4.4 Características das bombas

O objetivo geral de uma bomba é fornecer energia ao liquido transportando-o de

um ponto a outro segundo as condições de projeto. As bombas recebem energia de uma

fonte motora e cedem parte dessa energia ao fluido sob forma de energia de pressão,

cinética ou ambas.

As bombas podem ser classificadas pela forma como essa energia é cedida ao

fluido. Os sistemas de irrigação em geral operam com bombas dinâmicas do tipo

25

centrífugas, como é o caso do projeto apresentado neste trabalho. Dessa maneira,

focaremos nessa classe de bombas.

4.4.1 Bombas centrífugas

As bombas centrífugas pertencem à classe das turbobombas ou bombas

dinâmicas. Esta classe de bombas fornece energia ao fluido através da movimentação de

uma roda (impelidor) com certo número de pás especiais. A maneira como o impelidor

cede energia ao fluido e a orientação do fluido ao sair do impelidor distinguem os

diferentes tipos de turbobombas.

No caso das bombas centrífugas, a energia fornecida ao líquido é

primordialmente cinética. O movimento rotacional das pás do impelidor exerce força

sobre o liquido, movimentando-o e acelerando suas partículas, que possuem velocidades

muito mais altas na saída do que na entrada do impelidor. Sendo assim há um aumento

de energia cinética.

Na região após a saída do impelidor (carcaça) há um aumento da área

transversal, provocando uma queda da velocidade (conservação da massa), e um

consequente aumento de pressão (pelo principio da conservação de energia).

Devido a pequenas diferenças nas pás do impelidor, as bombas centrifugas são

divididas em dois subgrupos: bomba centrifuga radial (direção de saída do fluido

totalmente radial) e bomba centrifuga tipo Francis (direção de saída do fluxo é mista,

radial e axial, devido à curvatura em dois planos das pás do impelidor).

Figura 4.5 - Exemplo de bomba centrifuga radial. [7]

4.4.2 Curva característica da bomba (H x Q)

A carga da bomba, também chamada de head é a quantidade de energia por

unidade de peso que a bomba consegue fornecer ao sistema. Essa grandeza depende

fortemente do diâmetro do impelidor e da velocidade de rotação do eixo, sendo comum

a representação da curva da carga da bomba em função da vazão do fluido, para um

determinado diâmetro de impelidor e determinada velocidade de rotação.

A curva de head x vazão é fornecida pelo fabricante da bomba usando água

como liquido de bombeamento. Diferentes padrões de curva head x vazão para

diferentes classes de bombas são possíveis, dependendo das características de projeto.

26

Esse padrão exerce influência sobre a escolha da uma bomba para determinada

operação, sendo sempre um dado analisado no estudo de bombas.

A figura abaixo ilustra a curva característica da bomba para diferentes diâmetros

de impelidor:

Figura 4.6 - Curva genérica da bomba para diferentes diâmetros de impelidor

[6]..

4.4.3 Curva de rendimento da bomba (η x Q)

O rendimento de bombas é a razão entre a potência útil que a bomba cede ao

fluido e a potência que ela absorve do motor. Este rendimento total é na realidade o

produto dos três rendimentos da bomba, referentes às três fontes de perdas de energia:

volumétrico (devido ao fenômeno da recirculação), mecânico (devido

predominantemente ao atrito) e hidráulico (devido às pequenas turbulências no

escoamento).

A curva de rendimento em função da vazão, depende também das características

de cada bomba, sendo assim fornecido pelo fabricante. De forma geral, esta curva tem o

seguinte comportamento:

Figura 4.7 - Curva genérica de rendimento total x vazão da bomba [6].

27

4.4.4 Curva de potência absorvida

A potência absorvida é a potência que a bomba precisa receber do acionador

para fornecer emergia ao fluido:

(4.17)

Onde:

- H é a carga de operação da bomba (head).

- é o rendimento total da bomba.

O comportamento da curva de potência em função da vazão varia de acordo com

as características da bomba, porém pode ser observado um certo padrão:

Figura 4.8 – Curva genérica de potência x vazão da bomba [6].

Através da fórmula da potência absorvida, podemos observar a potência útil

cedida ao fluido (conceito introduzido no item anterior):

(4.18)

4.4.5 Fenômeno da cavitação

A cavitação ocorre quando a pressão absoluta em qualquer ponto do escoamento

atinge um valor menor do que a pressão de vapor do fluido para a temperatura de

operação. Caso isso ocorra, parte do liquido irá vaporizar, formando bolhas que

seguirão com o escoamento. Quando essas bolhas atingem uma região de pressão maior

do que a sua pressão de vapor, elas entram em colapso voltando a fase liquida. Este

fenômeno gera uma onda de choques que percorrem o fluido e geram vibrações, ruído ,

danos ao material e alteração das curvas características (devido a diferença de volume

especifico entre a parte gasosa e a parte liquida).

O ponto mais critico para a cavitação é na entrada do impelidor, por ser o ponto

de menor pressão do sistema, pois ainda não houve nenhum aporte de energia . Para

analisarmos a possibilidade de ocorrer cavitação ou não, é preciso analisar dois

parâmetros, o NPSH disponível e o NPSH requerido.

28

4.4.5.1 NPSH requerido e disponível

NPSH é uma sigla em inglês para “Net Positive Suction Head”, o que em

português significa “Carga Positiva Liquida de Sucção”.

O NPSH requerido é a energia por unidade de peso que o liquido deve ter no

flange de sucção para suportar a operação da bomba sem atingir sua pressão de vapor.

Este parâmetro indica a energia necessária no reservatório de sucção para que o fluido

não entre na zona de cavitação. Dependendo apenas das características da bomba, este

parâmetro é fornecido normalmente pelo fabricante:

Figura 4.9 - Curva genérica do NPSH requerido [6].

O NPSH disponível representa a energia absoluta por unidade de peso que o

fluido possui, ao chegar ao flange de sucção da bomba, além da energia de pressão

correspondente à pressão de vapor:

(4.19)

Onde:

- Pa é a pressão atmosférica local.

- é a perda de carga na linha de sucção.

4.4.6 Critério de avaliação das condições de cavitação

Para que a cavitação seja evitada, o NPSH disponível do escoamento precisa ser

maior que o NPSH requerido pela bomba, considerando uma folga de aproximadamente

20% - 30% do valor do NPSH requerido:

NPSHdisp >= 1,3 NPSHreq (4.20)

29

4.5 Ponto de operação do conjunto

O ponto de operação é o ponto de encontro das curvas características do sistema

e da bomba, quando ambos trabalham juntos:

Figura 4.10 - Ponto de operação do conjunto [6].

30

5 Estudo de caso

O objetivo deste capítulo é apresentar de forma detalhada o sistema de irrigação

por aspersão. Os cálculos referentes ao dimensionamento da bomba e do motor serão

realizados nos capítulos seis, sete e oito.

5.1 Visão geral dos sistemas de irrigação por aspersão

O sistema de irrigação por aspersão simula uma chuva artificial, através da

divisão do jato de água em uma grande quantidade de pequenas gotas no ar que caem

sobre o solo. A passagem de água sob pressão através de orifícios de pequena dimensão

é o que causa o fracionamento do jato. Com o auxilio de um sistema de bombeamento, a

água percorre um conjunto de tubulações gerando a pressão necessária para acionar os

aspersores.

A figura 5.1 ilustra o sistema de aspersão analisado neste trabalho:

Figura 5.1 - Sistema de irrigação por aspersão da pista estudada.

De forma geral, os sistemas de irrigação por aspersão são constituídos por linhas

principal, secundárias e laterais. A mobilidade dessas linhas definem os diferentes tipos

de sistemas, sendo eles:

- sistema convencional portátil: este sistema é caracterizado pela possibilidade

de movimentar os equipamentos de um local para o outro conforme a necessidade de

irrigação, podendo ser classificado como totalmente portátil ou semiportátil.

- sistema convencional permanente: neste sistema as tubulações são fixas e não

podem ser movidas para outros locais (elas são enterradas e apenas o registro e as hastes

dos aspersores afloram no terreno).

31

Devido à necessidade de irrigarmos outras pistas, o sistema de irrigação

projetado neste trabalho é do tipo portátil.

5.2 Especificações gerais de funcionamento do sistema

O sistema de irrigação analisado foi projetado para irrigar a pista do Autódromo

Internacional de Curitiba (Pinhais), de forma homogênea em todos os pontos de

aspersão. O trecho no qual o sistema foi instalado é ilustrado na figura 5.2 na cor

amarela:

Figura 5.2 - Curva irrigada no Autódromo Internacional de Curitiba.

A curva destacada possui 500m de comprimento e 12m de largura. A fim de que

a mesma seja irrigada em toda sua largura, os tubos foram montados nos dois lados da

pista.

O sistema é alimentado por dois caminhões pipa estacionários, que serão

reabastecidos por caminhões auxiliares. E a vazão do sistema é de 60 m³/h (15000 litros

de água a cada 15 minutos). Um esquema simplificado do sistema é apresentado na

figura abaixo:

32

Figura 5.3 - Esquema simplificado ilustrando o sistema de irrigação.

Podemos observar neste esquema os dois caminhões pipa que alimentam o

sistema, conectados ao conjunto motobomba, que por sua vez é conectado ao pórtico. O

pórtico é utilizado para permitir a passagem dos tubos para o lado oposto da pista (lado

de dentro – LD), e divide-a em dois trechos de 250 metros cada.

5.3 Componentes do sistema estudado

Um sistema de irrigação por aspersão é constituído principalmente por

tubulações e mangueiras, aspersores, conjunto motobomba e acessórios. Os

componentes do sistema estudado neste trabalho serão descritos nos itens a seguir.

5.3.1 Tubulação e mangueiras

As tubulações e as mangueiras são responsáveis pela condução da água sob

pressão desde a captação até os aspersores. Elas devem apresentar resistência à pressão

a que são submetidas, possuir sistemas de engate rápido (facilitando os processos de

montagem e desmontagem) e serem de fácil transporte.

A ligação entre os caminhões pipa e a bomba é realizado por duas mangueiras

rígidas, de revestimento interno de PVC, correspondentes ao mangotes de sucção

laranja KP, de 5 m de comprimento e 4’’ de diâmetro interno cada [14]. Estas

mangueiras são ilustradas abaixo:

33

Figura 5.4 - Mangote laranja de sucção.

A ligação do conjunto motobomba com a tubulação de PVC instalada na pista é

feita através de duas mangueiras de descarga pertencentes à linha CDF (Conduto d’água

flexível) PN14 (bar), de 4’’ de diâmetro interno, da marca Kanaflex, na cor preta. Estas

mangueiras são flexíveis, revestidas internamente com borracha nitrílica, e reforçadas

com uma trama de fios sintéticos e com uma capa externa também de borracha nitrílica

na cor preta [15].

Cada uma das mangueiras se conecta a um lado da pista, onde a mangueira

responsável pela conexão com o lado de dentro da pista deve ser guiada por um pórtico

de 4,5 metros de altura. Sendo assim a mangueira que atravessa o pórtico possui 40

metros de comprimento e a segunda mangueira possui 20 metros de comprimento. A

figura abaixo ilustra as duas mangueiras de descarga no ponto de conexão com a pista,

podemos assim observar o pórtico que conduz a mangueira de 40 metros de

comprimento:

Figura 5.5 - Pórtico contendo a mangueira de descarga.

34

A tubulação do sistema instalada diretamente na pista, pertence à linha de

sistemas portáteis do fabricante Tigre. Os tubos desta linha possuem as seguintes

características técnicas:

- São fabricados na cor azul e possuem como material o PVC (Policloreto de

Vinila).

- Possuem conexões de PVC com engate de rosca plástico (tipo engate rápido)

de fácil instalação, facilitando os processos de montagem e desmontagem.

- Pertencem à classe PN80 (pressão de serviço de 80 mca).

- Comprimento de montagem de 6 metros.

Como este sistema será utilizado em outras pistas, com diferentes configurações,

os tubos foram cortados em tubos de 3 metros, facilitando a instalação em curvas mais

acentuadas.

Como explicado anteriormente, a pista possui dois trechos de 250 metros, e cada

trecho possui duas linhas de tubos (lado de dentro da pista e outra no lado de fora).

Cada uma das linhas possui 120 metros de tubos de 3’’ de diâmetro interno (que devem

ser instalados próximos à bomba devido à maior pressão) e 130 metros de tubos de 2’’

de diâmetro interno. Sendo assim o sistema possui no total 160 tubos de 3’’ de diâmetro

( quatro trechos com 40 tubos) e 172 tubos de 2’’ de diâmetro (quatro trechos com 43

tubos), totalizando 332 tubos de 3 metros de comprimento.

A figura abaixo apresenta algumas fotos da instalação do sistema:

Figura 5.6 - Fotos da instalação dos tubos PVC.

35

A cada redução de diâmetro é preciso utilizar um redutor, de mesmo material

dos tubos, e a cada 4 tubos é instalada uma conexão T de PVC onde serão instalados os

aspersores que necessitam de pés de apoio para estabilizar o sistema. Ao final de cada

linha de tubulação coloca-se um CAP. A figura abaixo ilustra as conexões PVC:

Figura 5.7 - Conexões utilizadas nas linhas de tubos PVC [8].

5.3.2 Conjunto motobomba

O conjunto motobomba tem a função de sugar a água de sua fonte de origem e

enviá-la sob pressão para o interior das tubulações apropriadas, onde a mesma será

conduzida até os aspersores. O motor deve ter potência necessária para fornecer energia

mecânica ao rotor da bomba, o suficiente para que a água percorra determinada altura e

distância e chegue ao emissor sob pressão adequada para o correto funcionamento do

mesmo [10]. No caso deste trabalho, a água deve ter pressão suficiente para irrigar a

correta extensão da pista.

A motobomba, junto aos equipamentos necessários ao seu correto

funcionamento, necessita de uma instalação que a proteja da ação de agentes externos

como chuva, sol, poeira, entre outros. O local de instalação do conjunto deve possuir

boa iluminação e ser bem arejado, para que não ocorra demasiado aquecimento devido

ao motor, e deve também ser posicionado próximo da fonte de água.

No sistema estudado o conjunto motobomba está posicionado sobre uma base

móvel de um eixo, que pode ser transportada em um veículo com engate para reboque

ou em caminhões que possuam rampa elétrica ou guincho.

A bomba selecionada no projeto original é uma bomba centrífuga de uso geral,

de sucção simples horizontal e descarga vertical. Esta bomba é da marca KSB modelo

ETA 80 40/2 de 270 mm de diâmetro de impelidor e rotação de 1740 rpm. Esta bomba

possui duas entradas e duas saídas, possibilitando uma maior flexibilidade de utilização.

.O motor selecionado é o motor estacionário à Diesel, da marca Bufalo, de

rotação 1800 rpm e potência de 45CV, utilizado em sistemas de irrigação de lavouras. A

figura abaixo ilustra o conjunto motobomba utilizado no projeto:

36

Figura 5.8 - Fotos do conjunto motobomba.

5.3.3 Aspersores

Os aspersores são os elementos mecânicos responsáveis pela pulverização do

jato de água. Eles molham uma área circular da superfície do terreno, e deve haver uma

sobreposição dessas áreas para se conseguir melhores condições de uniformidade e

distribuição de água.

Os aspersores podem ser classificados quanto ao sistema de rotação

(estacionário ou rotativo); quanto ao ângulo de inclinação do jato; quanto ao número de

bocais de saída de água (que podem ter diferentes tamanhos); quanto ao tipo de

movimentação (podendo girar devido à ação contrária à saída do jato de água ou pelo

impacto causado pelo mesmo em uma peça chamada palheta) e quanto ao tamanho [10].

A seleção do tipo de aspersor é feita levando em consideração a utilização do

mesmo. No caso apresentado neste trabalho, o sistema de irrigação deverá ser adaptável

a outras configurações de terreno e é de extrema importância que a irrigação ocorra de

forma homogênea, para correta realização dos testes.

Devido a esta característica os aspersores selecionados são aspersores rotores da

marca Rain Bird, que alcançam grandes raios de alcance com baixas vazões. Estes

aspersores possuem três características principais que os adequam melhor a este projeto

[13]:

- Tecnologia “Rain Curtain”: a tecnologia “Cortina de Chuva” produz um jato de

água constituído de gotas maiores em sua parte superior, que são menos susceptíveis a

ação de ventos e que minimiza a formação de névoas e a evaporação de água. Esta

característica garante que a quantidade certa de água alcance o local certo, promovendo

maior economia da mesma.

- Irrigação próxima ao aspersor: uma irrigação eficiente e com gotas pequenas

próximas ao aspersor evitam pontos secos e também áreas encharcadas próximo ao

aspersor, garantindo maior homogeneidade na irrigação.

- Distribuição de água homogênea em todo o jato de água: a faixa de

funcionamento dos bocais (vazão de 0,12 a 8,24 m3/h, raio de alcance de 6,7 a 24,7 m),

foi projetada para fornecer igual distribuição de água ao longo de toda faixa de

cobertura do raio molhado pelo aspersor.

Estes aspersores possuem uma faixa de funcionamento dos bocais que indica o

raio máximo de lançamento para cada aspersor sob condições de vento zero. Os dados

37

referem-se ao menor dos bocais na menor pressão registrada, e ao maior dos bocais na

maior pressão registrada:

Figura 5.9 – Faixa de funcionamento dos bocais. [13]

A seleção do aspersor é realizada de acordo com a faixa de raios de alcance

desejada. No caso do projeto do sistema de irrigação aqui estudado, a faixa de raios

desejada encontra-se aproximadamente inserida no modelo 5000 Plus, destacado na

figura acima.

A faixa de raios de alcance ocorre de acordo com o tipo de bocal utilizado, que

pode ser alterado manualmente. Sendo assim, dependendo do raio de alcance desejado,

um tipo de bocal será instalado. A figura abaixo ilustra os diferentes ajustes realizados

no aspersor:

38

Figura 5.10 - Ajuste do aspersor modelo 5000 Plus. [9]

Como podemos observar, o ajuste é feito em relação ao arco de cobertura, ao

tipo de bocal utilizado, e este modelo permite também uma redução de 25% do raio de

alcance sem a necessidade de troca de bocal (esta configuração é chamada de LA,”Low

Angle”).

Os aspersores selecionados possuem também uma tecnologia de nome PRS

(‘Pressure Regulation System”), que permite um maior controle da pressão interna dos

aspersores. Dessa forma é possível eliminar a nebulização devido a alta pressão,

garantindo a uniformidade de aplicação de água, respeitando assim a condição de

projeto no que diz respeito a homogeneidade da irrigação da pista [13].

Os aspersores utilizados no sistema de irrigação aqui estudado (Autódromo

Internacional de Curitiba) possuem as seguintes especificações:

- Bocal 3.0 LA (bocal operando em ângulo baixo).

- Altura de 4’’ (10cm).

- Arco de cobertura de 180º (operando em semi círculo).

A pressão interna dos aspersores é função do raio de alcance, do fluxo no

aspersor e do bocal utilizado, e esta relação é fornecida pelo fabricante, neste caso a

Rain Bird. Esta relação para o caso do aspersor operando em meio-círculo com ângulo

baixo é a seguinte:

39

Figura 5.11 - Performance do aspersor 5000 Plus PRS 3.0 LA. [9]

A região destacada representa aonde o projeto aqui estudado está inserido: bocal

3.0 LA, com raio de alcance de aproximadamente 10,6 metros e vazão de 0,7 m³/h.

5.3.4 Acessórios

Um sistema de aspersão possui uma vasta linha de acessórios de diversas

finalidades, que permitem sua instalação em praticamente qualquer local,

independentemente da topografia ou do formato da área. Curvas, derivações, registros,

adaptadores e válvulas são alguns dos principais acessórios encontrados em aspersão.

Os acessórios utilizados no presente projeto são de ferro galvanizado, (apenas as

conexões presentes na tubulação PVC são de material PVC, como explicado

anteriormente). Os acessórios utilizados são:

- Conexão tipo engate rápido: este tipo de conexão facilita a montagem e

desmontagem do aparato.

- Conexão Tê.

- União de metal.

- Válvula gaveta projetada especificamente para este projeto, instalada na linha

de sucção para liberar a passagem de fluido para a bomba.

- Válvula globo: válvula responsável pelo controle do fluxo de água na saída da

bomba.

- Redução / ampliação: conexões entre tubos de diferentes diâmetros.

- Filtro mipel : necessário caso a água seja de reuso.

40

5.4 Premissas e considerações iniciais

Como já foi explicado, sistema de irrigação em questão possui duas linhas de

sucção e duas linhas de descarga que se dividem em quatro linhas de 250m de tubos.

Para que possa ser garantido o bom funcionamento do sistema, a bomba deve ser

dimensionada levando em consideração a altura manométrica do sistema referente à

linha de irrigação mais crítica.

Dessa forma o cálculo será realizado considerando como ponto de descarga o

último aspersor no último tubo PVC, e a linha de descarga de trabalho será aquela que

contém o pórtico. Pois estas condições garantem o caso mais crítico de trabalho.

A figura 5.12 ilustra o sistema de trabalho, com seus dois caminhões pipa, o

conjunto motobomba e parte do pórtico ligando a mangueira de descarga ao lado de

dentro da pista:

Figura 5.12 - Foto do sistema de irrigação.

41

6 Análise do sistema de irrigação

Este capítulo tem por objetivo apresentar mais detalhadamente os dados de

projeto para que de posse desses dados seja possível calcular a altura manométrica do

sistema, bem como traçar suas curvas características visando assim analisar a bomba

dimensionada para o projeto, bem como o motor selecionado.

Sendo assim serão expostos os cálculos realizados para obtenção dos valores das

perdas de carga, altura manométrica do sistema e também o NPSH disponível.

A expressão para o cálculo da altura manométrica do sistema já foi apresentado

no capítulo 4 e segue abaixo:

(6.1)

Onde:

- Hd é a altura manométrica de descarga

- Hs é a altura manométrica de sucção.

O esquema apresentado na figura 6.1 ilustra o sistema de forma simplificada, a

fim de ilustrar (sem escala) a linha de trabalho para a qual o cálculo da perda de carga

foi realizado (linha contendo o pórtico, como explicado no capitulo anterior):

Figura 6.1 - Esquema simplificado ilustrativo da linha de trabalho do sistema de

irrigação calculada neste capítulo.

A divisão das linhas de sucção e descarga em três partes cada tem como objetivo

facilitar a compreensão dos cálculos. A descrição de cada parte apresentada acima, bem

como o cálculo referente às perdas de carga serão realizados nos itens 6.6 e 6.7.

6.1 Condições do fluido bombeado

O fluido bombeado para irrigar a pista é água potável à temperatura ambiente

(considerada aproximadamente 20ºC). Sendo assim as características do fluido são

apresentadas na tabela 6.1:

42

Tabela 6.1 - Características do fluido bombeado [6].

Grandeza Unidade Valor

Temperatura de trabalho (T) ºC 20

Massa específica (ρ) Kg/m³ 1000

Peso específico (γ) N/m³ 9810

Viscosidade dinâmica (µ) N.s/m² 0,001

Viscosidade cinemática (υ) m²/s 0,000001

Pressão de vapor (Pv) Pa 2503,49

6.2 Alturas geométricas

A altura geométrica de sucção (Zs) é a distância vertical entre o flange de sucção

da bomba e a linha de nível do fluido dentro do reservatório de sucção (caminhão pipa).

Como o cálculo será realizado para a condição mais crítica de projeto, a Zs considerada

será o nível mínimo de fluido dentro do reservatório, nesse caso 1,8m.

Já a altura geométrica de descarga (Zd) é a distância vertical entre o flange de

descarga da bomba e o ponto final da linha de descarga. A linha de descarga mais crítica

corresponde à linha que contém o pórtico, porém em relação à altura geométrica de

descarga o pórtico se comporta como um sifão visto que a altura final do fluido em

relação ao nível da bomba é zero (tubos PVC estão posicionados diretamente sobre a

pista). Sendo assim a altura manométrica de descarga no caso do Autódromo

Internacional de Curitiba é nula.

Tabela 6.2 - Alturas geométricas do sistema.

Grandeza Unidade Valor

Altura geométrica de sucção (Zs) m 1,6

Altura geométrica de descarga (Zd) m 0

6.3 Pressões nos reservatórios

O reservatório de sucção é o caminhão pipa, como este não é pressurizado, a

pressão manométrica de sucção é nula (Ps = 0Pa).

A pressão manométrica de descarga (Pd) corresponde à pressão interna do

último aspersor. Como explicado no capítulo 5.3.3, figura 5.11, para as condições de

operação, raio de 10,6 metros e vazão de 0,7 m³/h, os aspersores podem operar na faixa

de 3,5 bar a 5,2 bar. Os aspersores utilizados possuem o melhor desempenho em valores

aproximados a 3,1 bar (informação fornecida pelo fabricante). Sendo assim,

dimensionaremos o sistema para operar com 3,5 bar na pressão de saída, visando obter

o melhor desempenho dos aspersores.

43

A tabela 6.3 apresenta os valores das pressões manométricas do sistema:

Tabela 6.3 - Pressões manométricas do sistema e vazão de operação.

Grandeza Unidade Valor

Pressão manométrica de sucção (Ps) k Pa 0

Pressão manométrica de descarga (Pd) kPa 350

6.4 Vazão de projeto e velocidade de escoamento

A vazão total de trabalho bombeada no sistema de irrigação é de 60m³/h. Logo a

vazão em cada linha de sucção e descarga é de 30m³/h, pois o conjunto moto-bomba

possui duas entradas e duas saídas de fluido.

Como apresentado anteriormente, cada linha de descarga se conecta a um lado

da pista, e cada lado por sua vez possui duas linhas de tubos PVC, a partir do pórtico.

Sendo assim cada linha de tubos PVC possui 15m³/h de vazão.

A velocidade do escoamento (V) é calculada a partir do valor da vazão (Q) e do

valor do diâmetro interno (D) da linha. A partir desses parâmetros e isolando V na

equação somos capazes de calcular a velocidade do escoamento do fluido dentro da

tubulação:

= V

(6.2)

A tabela 6.4 apresenta os valores de velocidade de escoamento para diferentes

valores de vazão e diâmetro interno de tubulação, de acordo com as tubulações

presentes no projeto:

Tabela 6.4 - Velocidade de escoamento para diferentes valores de vazão e

diâmetro interno.

Diâmetro interno da

tubulação – D [in]

Vazão de escoamento – Q

[m³/h]

Velocidade de escoamento

– V [m/s]

4 30 1,028

3 30 1,827

3 15 0,914

2 15 2,056

6.5 Fator de atrito

O cálculo do fator de atrito será realizado a partir dos valores do número de

Reynolds e da rugosidade relativa da tubulação no Ábaco de Moody (como explicado

no capitulo 4.2.1.1). A tabela 6.5 apresenta os diferentes valores do fator de atrito (f)

para os diferentes materiais (considerando a vazão de trabalho de 60 m³/h):

44

Tabela 6.5 - Fator de atrito para diferentes materiais.

Elemento/Material Diâmetro

interno –

D [in]

Rugosidade

interna - ε

[mm]

Rugosidade

relativa –

ε/D

Reynolds

- Re

Fator de

atrito

Mangueira

laranja de sucção

4 0,005 0,000049 1,04 x 0,028

Ferro galvanizado 4 0,15 0,001476 1,04 x 0,028

Ferro galvanizado 3 0,15 0,001969 1,39 x 0,03

6.6 Altura manométrica de sucção - Hs

A altura manométrica de sucção, como já explicado no capítulo 4.3.1, equação

4.14, possui a seguinte expressão:

(6.3)

Os valores de Zs, Ps e já foram calculados e apresentados nos itens 6.2, 6.3 e

6.1, sendo assim calcularemos em seguida o valor da perda de carga na linha de sucção.

6.6.1 Cálculo da perda de carga na linha de sucção -

O sistema de irrigação possui duas linhas de sucção, cada uma operando com a

metade da vazão total do sistema. O sistema de sucção do projeto é composto por uma

mangueira rígida revestida internamente com PVC que transporta o fluido do

reservatório de sucção (caminhão pipa) até o conjunto moto-bomba e por suas

respectivas conexões.

O cálculo da perda de carga será realizado separadamente para cada parte da

linha de sucção.

6.6.1.1 Cálculo da perda de carga da sucção I -

A parte I da sucção, como ilustrada na figura 6.1, é definida como o início da

linha de sucção composta por dois acidentes, logo será realizado o cálculo da perda de

carga localizada. O método utilizado para este cálculo será o método do comprimento

equivalente. Este método consiste em fixar o valor do comprimento reto de tubulação

que reproduziria, nas mesmas condições, a mesma perda de carga que o acessório em

questão:

(6.4)

A tabela 6.6 apresenta os acessórios que compõe a parte I da sucção e os

respectivos valores de fator de atrito (já calculados na tabela 6.5), comprimento

equivalente [6], diâmetro interno bem como o material de cada elemento:

45

Tabela 6.6 - Acessórios presentes na sucção I.

Acessório Material Diâmetro

interno – D

[in]

Fator de

atrito - f

Comp.

Equivalente –

Leq [m]

Entrada Ferro

galvanizado

4 0,028 3,05

União de metal

tipo engate

rápido

Ferro

galvanizado

4 0,028 4,7

De posse desses dados podemos calcular o comprimento equivalente total

relativo à sucção I:

(6.5)

Para realizarmos o cálculo da perda de carga é preciso calcular o valor da

velocidade de escoamento relativa aos acessórios em questão. Os dois acessórios

possuem o mesmo diâmetro interno, logo consultando a tabela 6.4 obtemos o respectivo

valor da velocidade de escoamento V(D = 4 in e Q = 30 m³/h):

(6.6)

( )

(6.7)

6.6.1.2 Cálculo da perda de carga da sucção II -

A parte designada como sucção II (figura 6.1) é composta pela mangueira

laranja de sucção (mangote de sucção) que possui cinco metros de comprimento. Esta

mangueira possui uma curva de 90º de raio médio, logo para o cálculo da perda de carga

total deste segmento será calculado inicialmente o comprimento equivalente do mesmo.

Os valores referentes ao fator de atrito, velocidade de escoamento e

comprimento equivalente estão respectivamente apresentados nos capítulos 6.5, 6.4 e

referência seis. A tabela 6.7 apresenta os dados referentes ao elemento presente na

sucção II:

46

Tabela 6.7 - Elementos presentes na sucção II.

Elemento/Acidente Diâmetro

interno- D[in]

Velocidade

de

escoamento

– V[m/s]

Fator de

atrito - f

Comp.

Equivalente –

Leq [m]

Mangote de sucção 4 1,028 0,028 5

Curva 90º 4 1,028 0,028 3,05

Sendo assim podemos calcular os valores referentes ao comprimento equivalente

total e à perda de carga da sucção II:

(6.8)

( )

(6.9)

(6.10)

6.6.1.3 Cálculo da perda de carga da sucção III -

A sucção III é composta pelos acessórios de material ferro galvanizado de

diâmetro interno 4 (quatro) polegadas localizados na conexão do mangote de sucção

com a bomba, da mesma maneira que foi explicado anteriormente, a tabela 6.8

apresenta os acessórios da sucção III e suas respectivas características:

Tabela 6.8 - Elementos presentes na sucção III.

Elemento/Acidente Diâmetro

interno- D[in]

Velocidade

de

escoamento

– V[m/s]

Fator de

atrito - f

Comp.

Equivalente –

Leq [m]

Engate rápido 4 1,028 0,028 4,7

Válvula gaveta 4 1,028 - -

A válvula gaveta presente na sucção foi usinada especificamente para o sistema

em questão. A sua perda de carga foi fornecida diretamente pelo fabricante e possui o

valor de 1,66m.

47

Sendo assim a perda de carga na sucção III será a soma da perda de carga

referente à aos três acessórios. Os cálculos abaixo apresentam primeiramente o cálculo

referente ao engate rápido, através do método do comprimento equivalente, sendo

somados em seguida ao valor da perda de carga da válvula gaveta :

(6.11)

( )

(6.12)

(6.13)

(6.14)

6.6.2 Cálculo da altura manométrica de sucção – Hs

De posse de todos esses dados, podemos calcular a perda de carga total na

sucção:

(6.15)

(6.16)

A tabela 6.9 apresenta uma síntese dos dados referentes à linha de sucção do

sistema:

Tabela 6.9 - Cálculo da altura manométrica de sucção.

Altura manométrica de sucção

Zs m 1,60

Ps Pa 0,00

hfs m 2

Peso Específico kg/m².s² 9810,00

Hs m -0,4

Logo o valor da altura manométrica de sucção vale:

(6.17)

48

6.7 Altura manométrica de descarga – Hd

A altura manométrica de descarga como já explicado no capítulo 4.3.2, equação

4.15, possui a seguinte expressão:

(6.18)

Analogamente ao cálculo da altura manométrica de sucção, os valores da altura

geométrica de descarga (Zd) e a pressão manométrica de descarga já foram calculados

anteriormente. Sendo assim será calculado o valor da perda de carga de descarga ( )

6.7.1 Cálculo da perda de carga na linha de descarga

A linha de descarga do sistema de irrigação estudado é bem extensa tendo em

vista que após o fluido percorrer a mangueira preta de descarga, o fluxo é divido entre

as duas linhas de tubos PVC instalados sobre a pista de teste a ser irrigada. Dessa forma

podemos dividir a linha de descarga em três partes básicas a fim de facilitar nosso

estudo:

- Conexões e acessórios logo após a saída da bomba

- Mangueira de descarga CDF – BOR 4’’ preta

- Linha de tubos PVC

Nos próximos itens serão calculadas as perdas de carga em separado de cada

uma dessas partes.

6.7.1.1 Cálculo da perda de carga na descarga I -

A primeira parte da linha de descarga corresponde à saída da bomba e é

composta por diversos acessórios de material ferro galvanizado. A vazão de fluido na

saída da bomba, como já explicado anteriormente corresponde à metade da vazão total,

ou seja, 30 m³/h ou 0,0083 m³/s. O cálculo da perda de carga será realizado utilizando,

como anteriormente, o método do comprimento equivalente.

Sendo assim a tabela 6.10 apresenta os acessórios em questão e seus respectivos

valores de fator de atrito, velocidade de escoamento e comprimento equivalente.

Tabela 6.10 - Elementos presentes na descarga I.

Elemento/Acidente

- Quantidade

Diâmetro

interno- D[in]

Velocidade

de

escoamento

– V[m/s]

Fator de

atrito - f

Comp.

Equivalente –

Leq [m]

Filtro Mipel -1 3 - - -

Válvula globo - 1 3 1,827 0,03 27,44

Engate rápido -2 3 1,827 0,03 4,7

Tê de fluxo pelo

ramal -1

3 1,827 0,03 4,88

49

Joelho 90º - 2 3 1,827 0,03 2,29

Expansão -1 3 => 4 1,827 0,03 0,91

Engate rápido -1 4 1,028 0,028 4,7

O valor da perda de carga referente ao filtro mipel 3’’ foi fornecido diretamente

pelo fabricante e possui o valor de 7m. De posse das informações apresentadas acima

somos capazes de calcular a perda de carga na descarga I. Como será utilizado o método

do comprimento equivalente, o cálculo será dividido para o caso de diâmetro interno 3’’

(denominado como ) e 4’’ (denominado como ). No caso de diâmetro interno

3’’ temos:

( ) ( )

(6.19)

( )

(6.20)

(6.21)

Para o caso de diâmetro interno de 4’’ temos:

( )

(6.22)

(6.23)

Logo a perda de carga total na descarga I será de:

(6.24)

(6.25)

6.7.1.2 Cálculo da perda de carga na descarga II -

A segunda parte da linha de descarga corresponde à mangueira flexível de

descarga (passando pelo pórtico) juntamente com as conexões junto à linha de tubos

PVC.

As mangueiras em geral são feitas de material deformável, como por exemplo,

tecidos, e revestidas de borracha. Como é o caso da mangueira de descarga que é uma

mangueira preta flexível, possuindo tubo interno de borracha nitrílica, reforçado com

trama de fios sintéticos e com capa externa de borracha nitrílica. A determinação da

50

perda de pressão que ocorre nessas mangueiras, em geral é calculada por intermédio de

fórmulas empíricas. É comum utilizarmos a fórmula de Hazen - Willians usando C =

140 [11].

Para o cálculo da perda de carga na mangueira de descarga, devemos levar em

consideração a perda de carga devida também às curvas presentes na mangueira no

momento em que esta atravessa o pórtico. Dessa maneira calcularemos o comprimento

equivalente total em metros de mangueira, este comprimento corresponderá ao

comprimento total da mangueira acrescido do comprimento equivalente das respectivas

curvas. A tabela 6.11 apresenta os respectivos valores:

Tabela 6.11 - Comprimento equivalente da mangueira de descarga.

Elemento/Acidente Diâmetro interno –

D [in]

Quantidade Comp.

Equivalente – Leq

[m]

Mangueira preta

flexível

4 1 40

Curva 90º 4 4 3,05

Sendo assim o comprimento equivalente total será de:

( ) (6.26)

Aplicando a fórmula de Hazen-Wilians para o cálculo da perda de carga na

mangueira ( ), temos:

(6.27)

(6.28)

Esta segunda parte da linha de descarga possui alguns acidentes de material ferro

galvanizado no seu percurso, acidentes esses presentes no topo do pórtico e na conexão

com a linha de tubos de PVC. A tabela 6.12 lista os respectivos acidentes, bem como

suas respectivas características:

51

Tabela 6.12 - Acidentes presentes na segunda parte da linha de descarga

Acidente -

Quantidade

Diâmetro

interno- D[in]

Velocidade

de

escoamento

– V[m/s]

Fator de

atrito - f

Comp.

Equivalente –

Leq [m]

Engate rápido -3 4 1,028 0,028 4,7

Tê de passagem

direta - 1

4 1,028 0,028 2,13

Tê de saída lateral

-1

4 1,028 0,028 6,7

Redução -1 4 => 3 1,827 0,03 0,91

Válvula gaveta -1 3 1,827 0,03 1,07

Para facilitar os cálculos, a perda de carga será realizada separadamente para os

acidentes de diâmetro 4’’ ( )e para os acidentes de diâmetro 3’’ ( ).

Começaremos pelo cálculo da perda de carga referente ao diâmetro interno de 4’’:

( )

(6.29)

( )

(6.30)

(6.31)

Para o cálculo da perda de carga referente ao diâmetro interno de 3’’, temos:

(6.32)

( )

(6.33)

(6.34)

De posse de todas essas informações podemos calcular a perda de carga total na

segunda parte da linha de descarga:

(6.35)

(6.36)

52

6.7.1.3 Cálculo da perda de carga na descarga III -

A terceira parte da linha de descarga corresponde à linha de tubos PVC junto à

lateral da pista, bem como suas conexões. Esta parte é constituída por 120 metros de

tubos alinhados de 3’’ de diâmetro interno seguidos por 130 metros de tubos alinhados

de 2’’ de diâmetro interno. A cada aproximadamente 12 metros de tubos é instalado um

aspersor através de uma conexão Tê de PVC com diâmetro interno de 1’’ , logo

podemos considerar que possuímos 10 conexões Tê de 1’’.

O cálculo da perda de carga dos tubos PVC é feito através das informações

fornecidas pelo fabricante, nesse caso a Tigre, que forneceu um catálogo [8] informando

a perda de carga para cada 100 metros de tubo.

Os tubos utilizados no projeto são do tipo IRRIGA-EP PN80 2’’ e 3’’. As

tabelas de perda de carga fornecem a perda de carga para cada 100 metros de tubo em

função da pressão e vazão de trabalho. Sabemos que a vazão inicial de fluido nos tubos

PVC corresponde à metade da vazão percorrida na mangueira de descarga, visto que a

mesma divide o fluxo entre as duas partes da pista (contendo 250 metros de tubos PVC

cada), ou seja, 15m³/h ou aproximadamente 4,17 l/s.

Como a vazão de água muda ao longo do comprimento dos tubos (devido aos

aspersores), o cálculo da perda de carga levou em consideração esta mudança, pois para

cada valor de vazão temos um valor de perda de carga unitária diferente. Sendo assim

para calcularmos a perda de carga faz-se necessário calcular inicialmente a redução da

vazão de água em cada aspersor. Como possuímos um fluxo inicial de 15m³/h e 21

aspersores responsáveis pela irrigação, temos em cada aspersor um fluxo de

aproximadamente 0,7m³/h. A figura 6.2 representa a evolução do fluxo de água ao

longo dos aspersores:

Figura 6.2 - Vazão de água ao longo da tubulação.

De posse dessas informações somos capazes de calcular a perda de carga em

cada trecho de tubulação, considerando um trecho o espaço correspondente entre dois

aspersores. A tabela 6.13 apresenta a perda de carga em cada trecho:

0.000

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

1 6 11 16 21

Vaz

ão [

m³/

h]

Nº dos aspersores

Vazão de água ao longo da tubulação

53

Tabela 6.13 - Perda de carga ao longo da tubulação PVC.

Trecho Vazão - Q [m³/h]

L [m]

Perda de carga - [m/100m]

Perda de carga total (por trecho) -[m]

1 15,000 12 1,858 0,223

2 14,286 12 1,695 0,203

3 13,571 12 1,540 0,185

4 12,857 12 1,392 0,167

5 12,143 12 1,252 0,150

6 11,429 12 1,118 0,134

7 10,714 12 0,992 0,119

8 10,000 12 0,872 0,105

9 9,286 12 0,760 0,091

10 8,571 12 0,656 0,079

11 7,857 12 4,256 0,511

12 7,143 12 3,557 0,427

13 6,429 12 2,921 0,350

14 5,714 12 2,345 0,281

15 5,000 12 1,832 0,220

16 4,286 12 1,380 0,166

17 3,571 12 0,989 0,119

18 2,857 12 0,660 0,079

19 2,143 12 0,393 0,047

20 1,429 12 0,187 0,022

21 0,714 12 0,043 0,005

Total 3,684

Para o cálculo da perda de carga nas conexões foi utilizado o método do

comprimento equivalente. A tabela 6.14 apresenta os valores do comprimento

equivalente dos acessórios:

Tabela 6.14 - Comprimento equivalente das conexões PVC.

Acidente Diâmetro interno – [in] Comp. Equiv. – Leq [m]

Conexão Tê de passagem

bilateral

1’’ 3,1

Redução 3’’ => 2’’ 0,7

54

O método para o cálculo da perda de carga nas conexões foi o mesmo utilizado

nas tubulações, ou seja, de posse do comprimento equivalente é possível utilizarmos a

tabela de perda de carga fornecida pelo fabricante dos tubos. A tabela 6.15 apresenta a

perda de carga nos acessórios:

Tabela 6.15 - Perda de carga nos acessórios da descarga III.

Perda de carga [m]

Trecho Vazão - Q [m³/h] Redução Conexão Tê

1 15,000 - 0,058

2 14,286 - 0,053

3 13,571 - 0,048

4 12,857 - 0,043

5 12,143 - 0,039

6 11,429 - 0,035

7 10,714 - 0,031

8 10,000 - 0,027

9 9,286 - 0,024

10 8,571 - 0,020

11 7,857 0,03 0,132

12 7,143 - 0,110

13 6,429 - 0,091

14 5,714 - 0,073

15 5,000 - 0,057

16 4,286 - 0,043

17 3,571 - 0,031

18 2,857 - 0,020

19 2,143 - 0,012

20 1,429 - 0,006

21 0,714 - 0,001

Total 0,03 0,951

Após calcularmos a perda de carga ao longo da tubulação e dos acessórios,

podemos calcular a perda de carga total na descarga III:

55

Tabela 6.16 - Perda de carga na descarga III.

Elemento Perda de carga [m]

Tubos PVC 3,684

Tê 1’’ 0,951

Redução 0,03

Total 4,665

Sendo assim temos:

6.7.2 Cálculo da altura manométrica de descarga - Hd

Este capítulo tem por objetivo calcular a altura manométrica de descarga.

Primeiramente calcularemos a perda de carga total de descarga:

(6.37)

(6.38)

A tabela 6.17 apresenta os dados referentes à linha de descarga permitindo

realizarmos o cálculo da altura manométrica de descarga:

Tabela 6.17 - Altura manométrica de descarga.

Altura manométrica de descarga

Zd m 0

Pd kPa 350

hfd m 16,05

Peso Específico kg/m².s² 9810,00

Hd m 51,73

Logo temos que a altura manométrica de descarga vale:

6.8 Desnível máximo do sistema

Sabemos que este sistema é um sistema de irrigação portátil, ou seja, que será

utilizado em outras pistas. Para o dimensionamento da bomba de trabalho precisamos

56

considerar as situações mais críticas. Sendo assim precisamos considerar o possível

desnível existente em outras pistas devido à topografia do respectivo terreno.

Para fins de cálculo o desnível máximo considerado será de 7m, valor este que

deve ser acrescentado ao cálculo da perda de carga a fim de dimensionarmos

corretamente a bomba de trabalho.

6.9 Altura manométrica do sistema - H

A partir dos cálculos feitos e dos resultados obtidos nas seções anteriores deste

capítulo, podemos calcular a altura manométrica do sistema a partir da equação

apresentada abaixo:

( ( ) ) (6.39)

Para a determinação da altura manométrica da bomba, acrescentaremos 20% de

folga na perda de carga, a fim de garantirmos uma segurança na seleção da bomba do

sistema, pois dessa maneira estaremos levando em conta o envelhecimento da tubulação

e dos acessórios, bem como a presença de possíveis impurezas no sistema, o que leva a

um consequente aumento na perda de carga. Esta folga de segurança nos leva ao

seguinte valor de altura manométrica:

6.10 Curva característica do sistema

Para a determinação da curva característica do sistema é necessário calcular a

altura manométrica para diferentes valores de vazão, a fim de obtermos uma relação

HxQ. Sendo assim, os cálculos apresentados nas seções anteriores foram repetidos para

outros sete valores de vazão, valores estes apresentados na tabela 6.18:

Tabela 6.18 - Relação entre altura manométrica do sistema e vazão de trabalho.

Q[m³/h] H[m]

0 55

20 56

30 58

40 60

50 62

60 65

70 68

80 72

57

A curva característica do sistema é apresentada na figura 6.3:

Figura 6.3 - Curva característica do sistema.

O gráfico acima apresenta duas curvas:

- Curva azul: curva característica do sistema para condição de projeto, ou seja, o

sistema com desnível de 7m e com folga de 20% na perda de carga (caso mais crítico).

- Curva marrom: curva característica do sistema para o caso mais favorável,

menos crítico, ou seja, sem desnível e sem folga na perda de carga (tubulação nova e

sem impurezas).

Podemos analisar como era esperado, que para a vazão de projeto (60m³/h), na

condição mais crítica, temos uma carga (head) maior, ou seja, a pressão de descarga

necessária para a correta irrigação da pista (ponto H) é maior do que a pressão de

descarga necessária no caso menos crítico (ponto H’).

6.11 Perfil de pressão na tubulação PVC

A tubulação PVC, responsável pela irrigação da pista é um ponto extremamente

importante no sistema. Precisamos garantir que a pressão de saída no último aspersor

seja suficiente para que o jato de água atinja o raio necessário para irrigar a correta

largura da pista, tendo em vista a realização dos testes.

Sabemos que a pressão do fluido no primeiro aspersor é mais elevada do que a

pressão do fluido no último aspersor devido, pois o primeiro aspersor por estar mais

próximo da bomba, recebe um fluxo maior de água, e consequentemente maior pressão

é exercida. Como já explicado, os aspersores utilizados nesse projeto possuem um

58

sistema de regulagem interna de pressões (PRS – Pression Regulation System) que

garante um maior equilíbrio nas pressões de trabalho dos aspersores.

Dessa forma a tubulação PVC possui um perfil de pressões ao longo da sua

extensão, onde em cada aspersor há um controle do fluxo de água, mantendo a pressão

de saída no valor de 3,5 bar, valor este necessário para atingirmos o raio de 10,6 metros

aproximadamente. A figura 6.4 apresenta o perfil de pressões em uma das linhas da

tubulação PVC em função do número dos aspersores:

Figura 6.4 - Perfil de pressão na tubulação PVC.

O cálculo para a obtenção do perfil de pressão apresentado acima é realizado

levando-se em conta a pressão na saída da bomba, reduzida das perdas de carga ao

longo do sistema. Sendo assim, somos capazes de obter o valor de pressão no início da

tubulação PVC. Esta pressão é reduzida conforme o fluxo avança na tubulação devido

às perdas de carga presentes na mesma, logo para cada aspersor foi considerada também

a redução de pressão devido à perda de carga presente em cada trecho (tabela 6.13).

Podemos observar que o gráfico da figura 6.4 possui três curvas, são elas:

- Curva marrom: representa o valor de pressão requerido em todos os aspersores,

nesse caso, 3,5 bar.

- Curva azul: representa a evolução do perfil de pressão para o caso do sistema

sem desnível e sem folga na perda de carga (o caso mais favorável, com a tubulação

nova e o terreno nivelado).

- Curva verde: representa a evolução do perfil de pressão para a condição de

projeto, ou seja, o sistema com 7m de desnível e com 20% de folga na perda de carga.

Analisando estas curvas podemos constatar que a pressão requerida no início da

tubulação para o caso mais extremo é maior em relação ao caso menos extremo, como

era esperado. Pois neste último caso estamos considerando a tubulação nova e sem

impurezas (menor valor de perda de carga). Esta constatação está de acordo com o

3.4

3.5

3.6

3.7

3.8

3.9

4

4.1

4.2

1 6 11 16 21

Pre

ssão

[b

ar]

Nº do aspersor

Perfil de pressão da tubulação PVC

59

gráfico apresentado na figura 6.3, onde para o caso menos extremo a pressão necessária

na saída da bomba é menor do que no caso estudado (situação de projeto).

Podemos observar também que a curva tem sua inclinação alterada no décimo

primeiro aspersor, esta mudança ocorre devido à redução de diâmetro da tubulação (de

3’’ de diâmetro interno para 2’’ de diâmetro interno). Devido a essa redução temos uma

maior queda de pressão para o mesmo comprimento de tubulação.

6.12 Cálculo do NPSH disponível do sistema

O cálculo do NPSH disponível de um sistema hidráulico é feito através da

seguinte expressão (explicada no capitulo 4.4.5.1):

(6.40)

De posse dos dados fornecidos e calculados nas seções anteriores temos:

(6.41)

60

7 Análise de seleção da bomba

A bomba selecionada pelo projeto original para operar neste sistema de irrigação

é a bomba da marca KSB modelo ETA. Neste capítulo iremos analisar a parte técnica

da respectiva bomba, verificando suas curvas características e sua adequação ao projeto.

A denominação da bomba e seus dados de operação são os seguintes [7]:

- Diâmetro nominal do flange de recalque: 80mm

- Diâmetro nominal do rotor: 40cm

- Quantidade de estágios: 2

- Tamanhos: DN 32 até 300

- Vazões: até 1800 m³/h

- Elevações: até 120m

- Temperaturas: até 140 ºC

- Rotações: até 1750 rpm

7.1 Curva característica da bomba

A bomba KSB ETA é uma bomba centrífuga de uso geral, horizontal, bipartida

radialmente, de sucção simples horizontal e descarga vertical para cima. Esta bomba é

indicada para o bombeamento de líquidos limpos ou turvos e encontra aplicação

preferencial em abastecimento de água nas indústrias, nos serviços públicos, nas

lavouras, em irrigações, na circulação de condensados em geral, etc.

Para o sistema de irrigação aqui estudado foi selecionada a bomba de velocidade

nominal de rotação de 1740 rpm, e diâmetro do impelidor de 270mm. As curvas

características da bomba para diferentes tamanhos de impelidor fornecidas no catálogo

do fabricante são apresentadas na figura 7.1:

61

Figura 7.1 - Curvas características da bomba fornecidas no catálogo do

fabricante [7].

A curva fornecida pelo fabricante foi recriada de modo a viabilizar a

comparação com o sistema, permitindo uma análise mais clara. A figura 7.2 apresenta a

curva da bomba recriada:

62

Figura 7.2 - Curva da bomba recriada (1740 rpm , 270mm).

7.2 Ponto de operação do sistema

O presente capítulo tem por finalidade avaliar o ponto de operação do sistema,

ou seja, analisar as curvas do sistema e da bomba verificando a viabilidade do projeto

operar com a bomba selecionada. A figura 7.3 apresenta a curva do ponto de operação

do conjunto:

Figura 7.3 - Curva do ponto de operação do conjunto.

O ponto onde as curvas da bomba e do sistema de encontram é o ponto onde o

sistema opera. Os valores de operação são:

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 20 40 60 80 100 120

He

ad [

m]

Vazão [m³/h]

Curva característica da bomba

63

Dessa maneira podemos observar que a vazão de operação do conjunto

corresponde à vazão de projeto, bem como a altura manométrica de operação

corresponde à altura manométrica do sistema.

O ponto de projeto apresentado refere-se à curva do sistema considerando o

desnível máximo de 7m e a folga de 10% da perda de carga. Porém temos que levar em

conta o caso de ausência de desnível e da ausência de folga (caso do sistema novo, onde

a tubulação não apresenta nenhum tipo de envelhecimento). Esta análise é apresentada

na figura 7.4, onde a curva em vermelho corresponde ao sistema sem desnível e sem

folga na perda de carga e curva azul corresponde a curva de projeto:

Figura 7.4 - Curva de análise do sistema operando em diferentes condições.

O gráfico acima nos mostra que para um sistema sem desnível e sem folga na

perda de carga (curva marrom), operando com a bomba selecionada, a vazão de

operação é maior do que a vazão de projeto original e a carga necessária é menor (ponto

P’’). Por essa razão foi instalada na saída da bomba uma válvula globo, a fim de

permitir o controle da vazão de operação do sistema.

A válvula globo, instalada na saída da bomba, permite um controle da vazão de

operação através do seu fechamento parcial, acarretando um consequente aumento da

sua perda de carga. Este aumento de perda de carga corresponde justamente à diferença

de head da bomba para o caso mais critico (sistema com desnível, envelhecido) e o caso

menos crítico (sistema sem desnível, novo), operando a 60 m³/h.

No gráfico podemos observar que para o caso menos critico, operando a 60

m³/h, a carga solicitada da bomba é menor, porém devido ao fechamento parcial da

válvula globo, há um aumento de ΔP da altura manométrica do sistema. Dessa maneira

há duas opções de trabalho: a bomba operando com a válvula globo totalmente aberta,

64

com menor valor de head e maior vazão, e a bomba operando no ponto de projeto P,

com a válvula globo parcialmente fechada.

7.3 Análise de eficiência

Para que possamos analisar a eficiência do ponto de operação do conjunto

devemos consultar a figura 7.1 que nos apresenta também as curvas relativas aos valores

de eficiência da bomba, para fins de visualização essa curva foi recriada e representada

na figura 7.5:

Figura 7.5 - Curva de eficiência da bomba.

O ponto de operação do conjunto aparece em destaque para que possamos

identificar mais facilmente o seu respectivo valor de eficiência. A eficiência do ponto de

operação vale aproximadamente 70%. Este valor encontra-se muito próximo do valor de

máxima eficiência da bomba, como podemos observar na figura 7.1 (o BEP corresponde

à eficiência de 73% na vazão de 80 m³/h).

De posse dessas informações podemos concluir que o aproveitamento de energia

da bomba será próximo do melhor possível, otimizando os gastos energéticos de

operação.

7.4 Análise de potência

A análise de potência absorvida é realizada com o propósito de se dimensionar a

potência instalada que alimentará o eixo da bomba. Como já explicado anteriormente, o

sistema de irrigação possui um conjunto motobomba responsável por sugar a água da

sua fonte de origem, e enviá-la ao interior das tubulações apropriadas.

Sendo assim, neste capítulo iremos analisar o valor da potência absorvida pela

bomba selecionada, verificando se está condizente com o valor apresentado pelo

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 20 40 60 80 100 120

Efic

iên

cia

[%]

Vazão [m³/h]

Curva de eficiência da bomba

65

fabricante. A figura 7.6 apresenta o gráfico da potência necessária versus vazão da

bomba em questão:

Figura 7.6 - Curva de potência necessária versus vazão. [7]

Primeiramente iremos calcular o valor da potência cedida pela bomba ao fluido

de trabalho, utilizando a fórmula 4.18 apresentada no capítulo 4.4.4:

(7.1)

(7.2)

De posse do valor da potência cedida ao fluido e da eficiência da bomba, somos

capazes de calcular o valor da potência absorvida pela bomba, através da fórmula 4.17:

(7.3)

(7.4)

Sabemos que o valor da potência absorvida pela bomba corresponde ao valor da

potência necessária ao seu funcionamento nas condições especificadas, no caso, nas

condições do ponto de operação. Este valor, destacado em vermelho, pode ser

averiguado e confirmado no gráfico apresentado da figura 7.6.

Neste momento iremos analisar a potência do motor. O mesmo deve ter potência

necessária para fornecer energia mecânica ao rotor da bomba, o suficiente para que a

água percorra uma determinada distância e altura e, ao chegar ao aspersor, a pressão

seja adequada para o correto funcionamento do mesmo.

Sabemos que é necessário que haja uma folga entre a potência absorvida pela

bomba e a potência normal do acionador, de acordo com a norma API-610, para se

encontrar o valor da potência que deverá ser instalada é preciso aplicar acréscimos aos

valores de potência absorvida da bomba, para garantirmos o acionamento da mesma.

66

Dependendo da faixa na qual a potência se encaixe o acréscimo é determinado. Na

tabela 7.1 abaixo estão expostos os valores presentes no critério da norma:

Tabela 7.1 - Critério API para potência instalada [6].

Classificação do motor [HP] Acréscimo ao valor da Pot abs [%]

Pot abs < 25 25

30 <= Pot abs <= 75 15

Pot abs >= 100 10

De posse dessas informações somos capazes de calcular a potência nominal do

motor:

(7.5)

(7.6)

Este cálculo nos mostra que um motor de 26HP é necessário para promover o

acionamento da bomba nas condições de projeto. Sendo assim podemos observar que o

motor selecionado no projeto original está superdimensionado (motor de 45CV).

7.5 Análise de cavitação

A análise de cavitação tem como objetivo verificar a possibilidade de ocorrência

do fenômeno da cavitação, já explicado no capítulo 4.4.5, durante o funcionamento da

bomba. Sendo assim foi utilizada a fórmula do NPSH requerido da bomba fornecido no

catálogo do fabricante [7]:

(7.7)

Onde:

- Hs é a altura de sucção fornecida nas curvas características da bomba [m];

- V é a velocidade de sucção [ms/];

- g é a aceleração da gravidade [m/s²].

Conforme podemos observar na figura 7.1 o valor de Hs para a bomba instalada

é de 7m, e como calculado no item 7.4 a velocidade do fluido na sucção é de 1,028 m/s.

Sendo assim temos:

( )

( ) (7.8)

(7.9)

67

Sabemos que o valor do NPSH disponível, calculado no item 7.12 é de 9,54m.

De posse dos valores de NPSH requerido e disponível somos capazes de avaliar o

sistema quanto à possibilidade de ocorrência da cavitação. Relembrando a condição de

não cavitação apresentada na equação 4.20:

(7.10)

( ) (7.11)

(7.12)

Sendo assim podemos constatar que o valor do NPSH disponível é

consideravelmente maior do que o valor do NPSR requerido, já considerando a folga

máxima, logo temos a garantia de não cavitação do sistema.

68

8 Conclusão

Para que o objetivo deste projeto seja alcançado, primeiramente é preciso

homologar as pistas, ou seja, encontrar as pistas que atendam aos requisitos para correta

realização dos testes. E é justamente neste contexto que este trabalho está inserido, visto

que o objetivo foi reproduzir os cálculos originais do projeto de irrigação da pista do

Autódromo Internacional de Curitiba, avaliando a bomba e o motor dimensionados para

o projeto.

A fim de analisar o projeto original, os cálculos referentes às perdas de carga do

sistema foram realizados baseando-se nos conceitos de mecânica dos Fluidos

apresentados no capítulo 4 e nas referências utilizadas neste trabalho. Estes cálculos

foram realizados para o caso mais crítico possível (considerando o máximo desnível do

terreno e uma folga de 20% na perda de carga) e permitiram avaliar se a bomba

selecionada originalmente satisfazia as condições de projeto.

Primeiramente foi analisado o tipo de bomba selecionada, nesse caso uma

bomba centrífuga de sucção horizontal e descarga vertical, com aplicação preferencial,

dentre outros casos, no bombeamento de água em irrigações. Este tipo de bomba

fornece uma boa flexibilidade operacional, visto que a vazão pode se modificada por

recirculação ou, como é o caso deste projeto, pelo fechamento parcial de válvula na

tubulação de descarga. Esta flexibilidade é essencial neste caso, pois o sistema de

irrigação será utilizado em outras pistas, devendo ser capaz de operar com outros

valores de vazão. Dessa forma podemos observar que a bomba selecionada está de

acordo com as características do projeto.

Em seguida foi analisado se a energia fornecida pela bomba ao fluido na vazão

de operação do sistema garantia a irrigação adequada da pista, ou seja, garantia a

pressão de 3,5 bar nos aspersores. Através das curvas características da bomba e do

sistema observamos que esta condição estava satisfeita, pois o ponto de operação do

conjunto correspondia corretamente à vazão de projeto (60 m³/h) e à energia por

unidade de peso exigida pelo sistema (65 m).

Visando avaliar os gastos energéticos dessa bomba operando no sistema, foi

avaliado o rendimento da mesma para o ponto de operação (valor de 70%), e foi

verificado que este se encontra muito próximo do máximo rendimento possível (73%), o

que nos garante maior economia de energia.

E por fim foi analisada a possibilidade de cavitação da bomba através do

cálculo da carga acima da pressão de vapor existente do flange de sucção (NPSH

disponível), e da carga acima da pressão de vapor requerida pela bomba para que não

haja cavitação (NPSH requerido). Estes cálculos resultaram em um NPSH disponível

48% maior do que o NPSH requerido, já considerando a folga máxima exigida,

assegurando a não cavitação da bomba.

Quanto à análise do motor utilizado, foi verificada a potência absorvida pela

bomba, pois esta é a potência requerida do acionador, e portanto usada na seleção do

mesmo. Porém é necessário que haja uma folga entre a potência consumida pela bomba

e a potência normal do acionador. Este trabalho utilizou o critério API – 610, que

recomenda uma folga de 25%, o que nos leva à potência de 26,36 CV no motor.

O motor selecionado no projeto original possui uma potência 58% maior do que

a potência necessária ao acionamento da bomba. Este superdimensionamento não é

69

justificado, visto que os cálculos foram realizados para as condições mais críticas de

projeto. Sendo assim, o motor representa um gasto energético além do necessário,

acarretando maiores gastos financeiros.

. O acesso às informações do projeto limitaram-se aos desenhos técnicos, as

fotos registradas e aos nomes dos fabricantes dos materiais utilizados. De posse dessas

informações foi realizada uma pesquisa quanto às informações referentes às

mangueiras, aspersores e tubulação, bem como quanto ao funcionamento de um sistema

de irrigação por aspersão e quanto aos testes de comportamento subjetivo do conjunto

pneu veículo.

70

9 Bibliografia

1 ANFAVEA, Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos

Automotores, Anuário da Indústria Automobilística Brasileira 2014.

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http://www.mangueiraskanaflex.net.br/mangueiras-kanaflex-industriais>.

Acessado em 8 de outubro de 2015.