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Versão Publicação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS Rua dos Andradas, 1270/133 - CEP 90.020-008 Ano 23 - Nº 144 - Abril de 2015 - Porto Alegre dos Jornalistas www.jornalistas-rs.org.br Páginas 4 e 5 Do fotojornalismo amador ao título de primeiro repórter multimídia gaúcho, a carreira de Alceu Feijó PERFIL Postura adequada e pausas durante o expediente garantem melhoria na qualidade de vida SAÚDE Página 8 Formação em Jornalismo volta a pautar Congresso A obrigatoriedade da formação em Jornalismo para o exercício da profissão voltou a ser tema dos debates entre parlamentares no Congresso Federal. A PEC do Diploma, desarquivada na Câmara dos Deputados no início de março, tem previsão para ser votada em 7 de abril, Dia do Jornalista. PEC DO DIPLOMA Página 7 Página 6 FOTO: BRUNA FERNANDA SUPTITZ A história da comunicação em perigo Desde 1974, o Museu da Comunicação Hipólito José da Costa abriga todo o acervo da imprensa gaúcha, através de jornais e revistas impressos, áudio, vídeos, filmes e fotos. Agora, o prédio que abriga a instituição precisa de reformas estruturais. FOTOS: ROBINSON ESTRÁSULAS

Versão dos jornalistas 144

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A edição de abril do Versão dos Jornalistas traz como matéria principal a preocupante situação do Museu de Comunicação Hipólito José da Costa, responsável por guardar a história da mídia gaúcha, que apresenta sinais da degradação e do descaso do poder público com a instalação e manutenção de seu acervo. No mês em que se comemora o Dia do Jornalista, a PEC do Diploma é pauta no Congresso Nacional e também nas páginas do jornal do nosso sindicato. A saúde do trabalhador, que é lembrada no fim do mês, é assunto de matéria sobre hábitos que contribuem para melhor qualidade de vida no trabalho. E para fechar uma merecida homenagem ao veterano da fotografia, Alceu Feijó, responsável por um vasto acervo de imagens que ele guarda em um lugar muito curioso... Descubra onde é no perfil, que fica na contracapa do jornal.

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Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Abril de 2015 1

Versão Publicação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RSRua dos Andradas, 1270/133 - CEP 90.020-008Ano 23 - Nº 144 - Abril de 2015 - Porto Alegre

dos Jornalistaswww.jornalistas-rs.org.br

Páginas 4 e 5

Do fotojornalismo amador ao título de primeiro repórter multimídia gaúcho, a carreira de Alceu Feijó

perfil

Postura adequada e pausas durante o expediente garantem melhoria na qualidade de vida

saúde

Página 8

Formação em Jornalismo volta a pautar CongressoA obrigatoriedade da formação em Jornalismo para o exercício da profissão voltou a ser tema dos debates entre parlamentares no Congresso Federal. A PEC do Diploma, desarquivada na Câmara dos Deputados no início de março, tem previsão para ser votada em 7 de abril, Dia do Jornalista.

pec do diploma

Página 7

Página 6

Foto: Bruna Fernanda Suptitz

A história da comunicação

em perigoDesde 1974, o Museu da Comunicação

Hipólito José da Costa abriga todo o acervo da imprensa gaúcha, através

de jornais e revistas impressos, áudio, vídeos, filmes e fotos. Agora, o prédio

que abriga a instituição precisa de reformas estruturais.

FotoS: roBinSon eStráSulaS

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mercado de trabalho humor de lorde lobo

Versão dos Jornalistas é uma publicação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS). Rua dos Andradas, 1270/133 – Centro Histórico – Porto Alegre, RS – CEP 90020-008Fones: (51) 3226-0664 - www.jornalistas-rs.org - [email protected]

Edição: Jorge CorreaEdição executiva e reportagem: Bruna Fernanda SuptitzEdição de Fotografia: Robinson EstrásulasDiagramação: Luís Gustavo Schuwartsman Van OndheusdenImpressão: Gráfica PioneiroTiragem: 3 mil exemplares

Diretoria ExecutivaPresidente - Milton Simas1º Vice Presidente - Luiz Armando Vaz2ª Vice Presidenta - Vera Daisy Barcellos1º Secretário – Ludwig Larré2ª Secretária – Márcia de Lima Carvalho1º Tesoureiro – Robinson Luiz Estrásulas2º Tesoureiro - Renato BohuschSuplentes - José Maria Rodrigues Nunes e Luiz Salvador Machado Tadeo

Diretoria GeralCelso Antonio Sgorla, Fernando Marinho Tolio, Carlos Alberto Machado Goulart, Cláudio Fachel Dias, Elson Sempé Pedroso, Mauro Roberto Lopes Saraiva Junior, Léo Flores Vieira Nuñez, Alan da Silva Bastos, Jeanice Dias Ramos, Jorge Luiz Correa da Silva, Márcia Fernanda Peçanha Martins, Ana Rita Marini, Clarissa Leite Colares, Neusa Teresinha Nunes, Pedro Luiz da Silveira Osório

Conselho FiscalCelso Augusto Schröder, José Carlos de Oliveira Torves, Antonio Eurico Ziglioli Barcellos, Adroaldo Bauer Spindola Correa, Cláudio Garcia Machado

Comissão de ÉticaAntônio Silveira Goulart, Antônio Carlos Hohlfeldt, Carlos Henrique Esquivei Bastos, Cristiane Finger Costa, Flávio Antônio Camargo Porcello, José Antônio Dios Vieira da Cunha, Celestino Meneghini, Edelberto Behs, Sandra de Fátima Batista de Deus, Marcos Emilio Santuário, Moisés dos Santos Mendes

Versãodos Jornalistas

Filiado:

editorial

A comunicação precisa de socorroAs fotos que estampam as páginas centrais des-

ta edição do Versão dos Jornalistas representam a falta de consideração enfrentada pela comuni-cação, seja na ausência de cuidado com o acervo da imprensa ou na falta de respeito pelo profissio-nal responsável pela produção do conteúdo. A vi-sita de uma diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul ao Museu de Comunicação Hipólito José da Costa despertou a preocupação dos demais colegas da entidade para a condição em que estão armazenados importantes materiais que ajudam a contar a história do nosso Estado a partir do ponto de vista dos profissionais que trabalham nos veículos de comunicação.Este

alerta nos levou a realizar um resgate desta impor-tante instituição, que será apresentada aos leitores em uma série de reportagens.

O mês de abril reserva aos jornalistas uma impor-tante data comemorativa, que poderá ter mais um motivo para celebração. No dia destinado aos pro-fissionais da comunicação, a Câmara dos Deputados anunciou que irá votar a Proposta de Emenda Cons-titucional (PEC) 206/2012, conhecida como PEC do Diploma, que prevê o retorno da obrigatoriedade de formação superior para o exercício da profissão. Se aprovada, vai direto para a Constituição Federal, sem necessidade de sanção presidencial.

Igualmente prejudicada pela falta de atenção das

autoridades, a pauta faz parte das lutas da catego-ria desde 2009, quando a necessidade de diploma para atuar como jornalista foi derrubada pelo Su-premo Tribunal Federal (STF). Este é um novo mo-mento de união entre os trabalhadores das empre-sas de comunicação, das assessorias de imprensa e das universidades. Ao fazer entender que o Jor-nalismo qualificado beneficia a todos os segmentos da sociedade, observamos mais uma importante vitória profissional: a conquista do reconhecimento do nosso papel social enquanto jornalistas.

Milton SimasPresidente do Sindjors

Demissões na Band preocupam sindicato

O Sindicato dos Jornalistas Profissio-nais do Rio Grande do Sul (SINDJORS) manifesta preocupação com as recentes demissões de jornalistas efetuadas pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação. Alegando redução de custos, 12 funcio-nários foram dispensados no mês de março, sendo destes seis jornalistas e quatro radialistas.

De acordo com o diretor geral do Grupo Bandeirantes do Estado, Leo-nardo Meneghetti, outras medidas para corte de gastos são adotadas e novos profissionais estão sendo contratados. O SINDJORS oferece aos jornalistas apoio necessário para este momento e acom-panha a situação para que a empresa não transforme esta prática em rotina.

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Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Abril de 2015 3

sindicato

Campanha de Negociação Coletiva 2015

Prestação de contasO Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio

Grande do Sul (SINDJORS) realizou no dia 4 de mar-ço a assembleia de prestação de contas do exercício 2014. O encontro foi antecedido da reunião do Con-selho Fiscal da Entidade, que havia recomendado a aprovação das contas. Após a apresentação do balanço e dos documentos, os presentes aprovaram as contas por unanimidade.

Além da presença do presidente Milton Simas, e do tesoureiro Robinson Estrasulas, que fez a explanação dos investimentos e despesas, a assembleia contou também com a presença da assessora contábil da enti-dade, Maria Sueli Cardeal.

“Conseguimos fechar o ano com saldo positivo de R$ 10 mil, tratando as receitas de nossa entidade com lisura e transparência”, avalia o presidente Milton Si-mas. A receita anual fechou em R$ 893.110,64 e as despesas ficaram em R$ 1.016.676,67. Como o ano de 2013 apresentou um superávit de R$ 21.785,64, além de R$ 122.345,31 do fundo de reserva, ambos os valo-res foram usados para encerrar 2014 no positivo. Interesse da categoria foi refletido na assembleia que definiu a aprovação do balanço financeiro da entidade

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS) participou, entre os dias 27 e 29 de março, em Brasília, do 8º Encontro Nacio-nal das Mulheres da CUT, com o tema "Trabalhadores em Luta por Igualdade, Liberdade e Autonomia".

Mais de 600 lideranças sindicais cutistas, represen-tando 23 estados e 15 ramos de atividade econômica do País, debateram itens como políticas públicas para as mulheres, papel do Estado para as trabalhadoras da cidade, do campo, da floresta, das águas e das marés, democratização da mídia e paridade.

A diretora do SINDJORS, Márcia Fernanda Peça-nha Martins, delegada escolhida no encontro estadual, representou o segmento da comunicação do Estado. A jornalista fez uma intervenção no painel "Democrati-zação do Estado e democratização da comunicação". Segundo ela, esse debate é fundamental, "tanto para romper o monopólio midiático como para auxiliar na luta do feminismo, uma vez que a cultura sexista é re-produzida pelos meios de comunicação social".

Mulheres da CUT debatem igualdade

Está agendada para o dia 25 de abril, sábado, às 9h, a assembleia geral da categoria, data que mar-cará o início da campanha de negociação coletiva 2015 do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS). Desde o início do ano a entidade tem realizado consultas junto à ca-tegoria, através de plantões para atendimento dos colegas e a realização de uma pesquisa on-line, cujos resultados serão apresentados na assem-bleia. A próxima etapa será a elaboração da pauta, que será colocada para apreciação dos jornalistas das redações e assessorias e protocolar junto aos sindicatos que representam as empresas de comu-nicação (jornal e rádiodifusão).

A retomada das atividades do Núcleo de Jornalis-tas em Assessoria de Imprensa (NJAI) ocorreu em um encontro para debater as particularidades do trabalho na área, reunindo colegas da capital e do interior do Estado, no dia 6 de março. Sob coordenação do pri-meiro secretário da entidade, Ludwig Larré, responsá-vel pelo Núcleo, foram apresentadas as ações da enti-dade voltadas para este grupo de profissionais. Foram apresentadas dúvidas sobre a atuação, dificuldades enfrentadas na rotina de trabalho e sugestões de ação para a entidade.

O presidente do SINDJORS, Milton Simas, apre-sentou a proposta dos encontros estadual e nacional de assessoria de imprensa, que neste ano chegam à 20ª edição com o tema “A credibilidade das informa-ções na Era da Comunicação Digital”. Além deste, as-suntos como a vitória na justiça de Santa Catarina a uma ação do Conselho Regional de Relações Públicas e a pesquisa com a categoria para a elaboração da pau-ta de negociação coletiva foram tratados no encontro.

Proposta é realizar reuniões periódicas para debater demandas específicas desse grupo de trabalhadores

Retomadas atividades do Núcleo de Assessoria de Imprensa

Diretora representou segmento da comunicação estadual

Foto: Bruna Fernanda Suptitz

Foto: Bruna Fernanda Suptitz

Foto: divulgação

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histÓria da comunicaÇÃo

“É uma pena que não se dê importância a esse que é o primeiro museu de comu-nicação do Brasil”, lamenta Sérgio Dillenburg, um

jornalista envolvido com a profi ssão e respon-sável pelo projeto que resultou na criação do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa (Musecom). A instituição é voltada à pesquisa e divulgação da memória da imprensa através dos acervos de jornais e revistas, fotos, áudios, vídeos, fi lmes e material de propaganda, além de equipamentos relacionados ao trabalho nessas áreas. Porém, os documentos que guarda estão prejudicados por problemas na estrutura física do prédio, falta de investimentos em recursos materiais e profi ssionais para atender cada um dos setores que abriga.

A partir desta edição, o jornal Versão dos Jornalistas publica uma série de reportagens sobre o Museu da Comunicação Hipólito José da Costa, apresentando a história, problemas estru-turais, condição do acervo e projetos que realiza com o arquivo e junto à comunidade.

Museu que abriga acervo da imprensa gaúcha pede

Nascido da ousadiaFundada em 10 de setembro de 1974 como Mu-

seu da Comunicação Social Hipólito José da Costa, a instituição desafi ou a lógica da ditadura militar, ao defender e emplacar a criação de um espaço des-tinado à memória do jornalismo durante o período mais turbulento do regime no país.

A necessidade de preservar a parte da história li-gada à imprensa e compartilhar com o público este material foi percebida pelo jornalista Sérgio Dillen-burg. Seu envolvimento com o acervo da mídia gaú-cha teve origem um ano antes, a partir de uma série de reportagens que realizava para o jornal Correio do Povo sobre instituições Culturais de Porto Ale-gre que não recebiam atenção por parte dos gover-nos. Ao chegar ao Arquivo Histórico do Estado, se deparou com uma grande quantidade de jornais no porão, prejudicado por vazamentos de água e sem qualquer condição de conservação.

Com os questionamentos e a preocupação de-monstrada pelo jornalista, surgiu o convite para que ele buscasse um destino para aquele material. Dil-lenburg, na época com 40 anos, elaborou um projeto que contou com apoio do Sindicato dos Jornalistas

Profi ssionais do Rio Grande do Sul, da Associação Riograndense de Imprensa (ARI) e de empresas de comunicação. Reuniu novos arquivos para a coleção, que passou a ocupar o prédio do antigo jornal A Fe-deração, construído em 1922, e que abrigava a Com-panhia Riograndense de Artes Gráfi cas (Corag).

Apesar do aval para a criação e manutenção do espaço, outras tantas difi culdades foram enfrentadas nos primeiros anos de vida do Musecom - algumas delas persistem ainda hoje, como problemas rela-cionados à estrutura física. Evitava o envolvimento político em questões relacionadas ao trabalho, pois "sentia que dentro desse critério poderia ser dispen-sado". Mas o comando dos militares não concordou com a exibição de um fi lme sobre a II Guerra Mun-dial a partir da perspectiva dos russos, episódio que levou ao seu afastamento da direção do órgão.

Hoje aposentado, Dillenburg segue acompanhan-do o trabalho realizado no museu. Tendo conhecido outras instituições semelhantes em países como Espa-nha e Alemanha, o jornalista se coloca à disposição dos colegas que lá atuam para auxiliar no seu desenvolvi-mento de novos projetos em prol da comunicação.

Foto: roBinSon eStráSulaS

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Um atento grupo de estudantes pede informação sobre os antigos romances de folhetim. E com ainda mais atenção escuta a explicação que o Beto passa sobre o material solicitado, o período em que foi es-crito e, ainda, uma contextualização do cenário polí-tico e social na época. “Mas eu não sou historiador e nunca assino como tal” explica. De fato, ele não tem essa formação. Mas o convívio diário com os jornais que contam a história do Rio Grande do Sul faz dele referência entre os pesquisadores que frequentam o setor de impresso do Museu da Comunicação Hipó-lito José da Costa, no centro de Porto Alegre.

A história de Carlos Roberto Saraiva da Costa Lei-te, seu nome de registro, com o Musecom tem mais de 20 anos, quando ele ingressou na instituição atra-vés de concurso público, com o cargo de assistente em assuntos culturais. Aprovado em primeiro lugar, teve a prerrogativa de escolher onde iria trabalhar. A propaganda de que aquele seria o maior centro de pesquisas em comunicação no país o atraiu e, embo-ra com todas as difi culdades enfrentadas desde de-zembro de 1993, Beto afi rma que o trabalho nunca foi um fardo. “O museu foi minha universidade. Eu não consigo viver longe dessa história toda”.

Responsável pelo setor de Imprensa, Beto acre-dita que é preciso recriar o perfi l da instituição, que atende, além das funções de um museu, com expo-sições e atividades culturais, também a prerrogativa de um arquivo, onde os acervos demandam de um trabalho específi co para organização e conservação. “Também é necessário um projeto de reestrutura-ção que dê sobrevida ao material”, alerta.

Além das questões relacionadas à conservação, outra preocupação dos profi ssionais que atuam no prédio é quanto à manutenção da estrutura física. O pesquisador observa que a política de consciên-cia patrimonial é recente, e a falta de entendimen-to sobre como e por qual motivo se conservar um acervo como o mantido pelo Museu de Comunica-ção fez com que, ao longo da sua trajetória de 40 anos, muito investimento que era preciso deixasse de ser realizado.

O principal diz respeito à estrutura física, em es-pecial do telhado. Conforme Eliana Alvares, dire-tora interina do Musecom, cada setor listou aquilo que necessita para a conservação do seu acervo. Além disso, existe previsão de uma vistoria na par-te elétrica para saber quais mudanças estruturais precisam ser realizadas para atender o que foi so-licitado. Mas, para que tudo isso seja colocado em prática, o telhado precisa ser consertado, pois a in-fi ltração decorrente da entrada da água da chuva pode atingir os acervos.

Devido ao volume do seu acervo e a localização dele dentro do museu, o setor de jornais impressos é o mais prejudicado em dias de chuva. Para que a água não entre em contato com o material do arqui-vo, cortinas improvisadas com lonas foram dispostas em frente a algumas prateleiras. Ainda assim, a umi-dade afeta as paredes transformando-se em mofo e liberando odores e fungos que podem ser prejudiciais à saúde. Para Beto, reverter essa situação é questão de consciência. “Não tem como não ver cultura e edu-cação como importantes. Faz parte da formação da sociedade. A qualifi cação do espaço do museu passa também pela valorização da educação”, conclui.

Setor de impressos é o mais prejudicado

É uma pena que não se dê importância a esse que é o primeiro museu de comunicação do Brasil

Sérgio Dillenburg,jornalista responsável pelo projeto de criação do Musecom

Para evitar que a água da chuva entre em contato com os jornais, funcionários improvisaram uma cortina de lona

Paredes mofadas fi cam próximas do acervo de jornais e, com o tempo, podem prejudicar o material

Foto: Bruna Fernanda Suptitz

Foto: roBinSon eStráSulaS

Foto: roBinSon eStráSulaS

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saúde

pl da terceiriZaÇÃo

As doenças ocupacionais, conceito atribuído às enfermidades relaciona-das à condição de trabalho, atingem profissionais de todas as áreas. Entre eles, os jornalistas. Devido ao perfil deste trabalhador, que em sua maioria passa grande parte do expediente sen-tado diante de um computador e falan-do ao telefone, os principais problemas físicos estão relacionados à coluna.

“Posturas forçadas desgastam a co-luna”, alerta o médico do trabalho Ge-raldo Azevedo, que orienta a adoção de uma posição chamada de neutra: pés apoiados no chão, coluna ereta e os braços próximos do corpo. Para auxiliar a adaptação no ambiente de trabalho, o ideal seria dispor de uma estação de trabalho (imagem) própria para apoiar os membros superiores, de maneira não forçar a musculatura.

“Quando não tem um período ade-quado de relaxamento, o corpo pode produzir a cãibra. O que a gente mais sente é sensação de desconforto”, ob-

serva. Azevedo, que atua no Centro de Referência em Saú-de do Trabalhador (Cerest) e no atendimento a sindicatos da re-gião metropolitana, explica que, em longo prazo, o quadro pode evoluir para um desgaste mais grave para o organismo.

Este é um dos motivos para a realização de alongamento ou exercícios de respiração du-rante o expediente. A mudança de posição, pelo menos por alguns minutos, tira o corpo da inércia, pro-porciona a oxigenação das células e melhora a circulação sanguínea. A ex-plicação é do educador físico Ricardo Areso Pinto, que há mais de 20 anos trabalha com ginástica laboral, inclu-sive com jornalistas.

Jacaré, como é conhecido, está se especializando em ergonomia e acre-dita que durante o exercício a pessoa descobre um pouco mais do corpo. “Ninguém melhor que o próprio in-

GT de Saúde retoma atividades

28 de abril lembra segurança no trabalhoEm 28 de abril de 1969, a explo-

são de uma mina nos Estados Uni-dos causou a morte de 78 trabalha-dores. O episódio motivou a criação do Dia Mundial de Segurança e Saú-de no Trabalho, instituído em 2003 pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), e tem como foco a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. A data do episódio foi escolhida em memória a todas as ví-timas de acidentes de trabalho.

Um estudo divulgado em 2013

pela OIT aponta 2,34 milhões de mortes relacionadas ao trabalho a cada ano em todo o mundo. Des-tas, 321 mil se devem a acidentes, e os restantes 2,02 milhões de casos são causados por enfermidades de-correntes da atividade profissional. Outros 317 milhões de acidentes la-borais ocorrem anualmente e 160 milhões de pessoas sofrem de do-enças não letais relacionadas com o trabalho.

Além dos dados, o estudo indica

que estes números poderiam ser re-duzidos caso as empresas adotassem práticas preventivas em relação às condições e segurança do trabalho. A falta de prevenção a estes casos surtem efeitos nos trabalhadores e suas famílias, atingindo também a sociedade, devido ao custo gera-do no tratamento dos profissionais afastados de suas atividades, apoio à família e, como consequência, a sobrecarga dos sistemas de seguri-dade social.

Mesa com lugar para apoio dos braços é modelo ideal para evitar

problemas de coluna

Cuidados podem prevenir doenças

divíduo para conhecer suas necessidades”, desta-ca. Em defesa da parada durante o expediente para a realização de uma atividade diversa, o profissio-nal alega que “várias doenças seriam amenizadas com a prática de cultuar o corpo”.

Aos profissionais de qualquer área, o recado do médico Geraldo Azevedo

é realizar pausas periódicas durante a jornada de trabalho e buscar auxílio assim que perceber qualquer sinal de adoecimento. “Ninguém tem que so-frer à toa, como se isso fosse inerente à condição humana ou ao trabalho”, conclui.

A pesquisa sobre a saúde do traba-lhador jornalista, realizada no segundo semestre do ano passado pelo Grupo de Trabalho que cuida deste tema no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, será objeto de estudo de profissionais da área médica. A proposta é identificar os principais fatores que levam ao afastamento ou adoecimento destes colegas, e traba-lhar ações preventivas junto às empre-sas de comunicação.

O PL 4330/2004, projeto de lei que legaliza a terceirização no Brasil, está na pauta do Congresso Nacional para abril. A tramitação da proposta na Co-missão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), foi marcada por po-lêmicas e por diversas vezes teve sua votação impedida pela oposição dos trabalhadores.

Entre os pontos questionados, estão a permissão para que toda e qualquer atividade seja terceirizada; a criação de um sistema paralelo de sindicaliza-ção; e a liberação da responsabilidade solidária da empresa contratante caso a empresa de terceirização não cum-pra as obrigações trabalhistas.

O PL autoriza a terceirização tam-bém na esfera pública. Portanto, ao invés de convocação por edital dos concursos públicos, as administrações direta e indireta poderão recorrer à forma de contratação de prestadores de serviços.

Atualmente, a terceirização de ativi-dade fim é considerada ilegal, a partir de uma interpretação jurídica da Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho. Porém, a redação não define o que pode ser considerado atividade fim.

PrecarizaçãoAtualmente, 12,7 milhões de traba-

lhadores (6,8%) do mercado de traba-

lho são terceirizados. O dossiê “Tercei-rização e Desenvolvimento: uma conta que não fecha”, produzido pela CUT em parceira com o Dieese, mostra que os terceirizados ganham menos, traba-lham mais e correm mais risco de so-frer acidentes, inclusive fatais.

Em dezembro de 2013, os trabalha-dores terceirizados recebiam 24,7% a menos do que os que tinham contratos diretos com as empresas, tinham uma jornada semanal de 3 horas a mais e eram as maiores vítimas de acidentes de trabalho. Dos 10 maiores grupos de trabalhadores em condições análogas a de escravos resgatados entre 2010 e 2013, 9 eram terceirizados.

Alteração dos direitos é prejudicial aos empregados

POSTURA

Efeitos da terceirização> Dificulta sua inserção formal no trabalho protegido;> Coloca o trabalhador à margem do sistema de proteção sindical;> Facilita a rotatividade, uma vez que os trabalhadores passam a ficar mais vulneráveis à dispensa;> Dificulta a construção de sua identidade social e de classe, pois reduz a permanência no emprego;> Libera terceirização para ativi-dade-fim: as empresas poderão contratar prestadores para toda e qualquer atividade.

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pec do diploma

manifestaÇÃo popular

Jornalistas levantam bandeira da democratização da mídiaO Sindicato dos Jornalistas Profissionais do

Rio Grande do Sul, junto com a Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Estado e a Coorde-nação dos Movimentos Sociais do RS, participou, no dia 12 de março, da manifestação dos traba-lhadores no ato estadual em defesa da democra-cia e direitos sociais, da Petrobras e da reforma política. Bandeira de lutas dos jornalistas e suas entidades de classe, a democratização da comu-nicação também foi lembrada no ato, que reuniu

militantes de diversas categorias profissionais em frente a sede do Governo Estadual, em Porto Alegre, depois de uma uma caminhada a partir do largo Glênio Peres.

Outra bandeira é pelo Plebiscito sobre a Cons-tituinte Exclusiva e Soberana para reforma do sistema político em detrimento da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 352/2013, consi-derada pelos movimentos como a “PEC da Cor-rupção” porque defende temas polêmicos, como

o financiamento privado de campanha eleitoral.A proposta que dialoga com a classe trabalha-

dora é a da Constituinte pela Reforma do Siste-ma Político. A consulta popular está prevista no Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 1508/14, da deputada Luiza Erundina (PSB-SP). Tam-bém foram lembrados pelos movimentos de trabalhadores o fim das Medidas Provisórias (MPs) 664 e 665, que alteram direitos da classe trabalhadora.

Por que uma PEC para tratar da profissão de jornalista?O Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgar Re-

curso Extraordinário interposto pelo Ministério Pú-blico Federal de São Paulo e pelo Sindicato das Em-presas de Comunicação, entendeu que o inciso V, do art. 4º do Decreto-Lei nº 972/69, que regulamentas a profissão de jornalista, não foi recepcionado pela Constituição Federal. O principal argumento dos ministros para derrubar a exigência do diploma para o exercício do Jornalismo no país foi a liberdade de expressão, garantida pela Constituição Federal.

Uma interpretação constitucional realizada pelo

STF somente pode ser alterada por outra interpre-tação dele próprio ou por alteração da Constituição por meio de emenda, e desde que tal alteração não seja de matéria inserta em cláusula pétrea.

Como não há previsão de mudança de posição sobre o tema pelo STF, não há outra alternativa se-não alterar a Constituição para nela deixar expresso que o exercício da profissão de jornalista depende de graduação superior em Comunicação Social/Jornalis-mo e que esta exigência não conflita com o direito à liberdade de expressão.

Sindicato participou de manifestação pela reforma política e em defesa da democracia. A entidade também ressaltou a importância da Petrobras como patrimônio público

A Proposta de Emenda Constitu-cional (PEC) que prevê o retorno da obrigatoriedade do diploma de Jor-nalismo para o exercício da profis-são voltou a ser pauta do Congresso Federal no mês de março. A votação está prevista para ocorrer no dia 7 de abril, Dia do Jornalista. Inicialmen-te, a PEC em pauta na Câmara dos Deputados era a 386/2009, do de-putado Paulo Pimenta (PT-RS), que posteriormente foi apensada à PEC 206/2012, do senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), já aprovada pelo Senado. Com a aprovação também em dois turnos na Câmara, a PEC 206 irá para a Constituição Federal.

Como o tema da reinstituição do diploma como requisito para o exercício da profissão de jornalis-ta já tramita há cerca de 5 anos na Câmara, muitos parlamentares con-sideram que já há acúmulo de de-

bate para a matéria ir à votação. O Sindicato dos Jornalistas Profissio-nais do Rio Grande do Sul manteve contato permanente com todos os parlamentares da bancada gaúcha a fim de garantir o maior número de apoiadores assim que a pauta for a plenário.

O fim da exigência do diploma abalou estruturalmente a regulamen-tação da profissão em vigor, signifi-cando um retrocesso histórico, tanto para a categoria quanto para a socie-dade. É função do Estado determinar parâmetros e requisitos mínimos no processo de formação do futuro pro-fissional, estabelecendo padrões de qualidade na prestação de serviços à sociedade. Dessa forma, a regula-mentação é meio legítimo de defesa corporativa, mas sobretudo certifica-ção social de qualidade e segurança ao cidadão.

Avança proposta que retoma exigência da formação para exercício do Jornalismo

Foto: roBinSon eStráSulaS Foto: Bruna Fernanda Suptitz

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CONVÊNIOS

perfil

Da Copa do Mundo de 1970, no México, os jornais gaúchos recebiam uma ou duas fotos por dia dos foto-jornalistas que cobriam o evento. Os fotogramas que não eram revelados dependiam da boa vontade de alguém que estivesse em viagem do país sede a Por-to Alegre para trazê-los junto. “Honestamente nem sei se todo o material que mandei de lá chegou”, con-ta Alceu Mário Feijó, o Seu Feijó, que acompanhou a Copa para o jornal Folha da Tarde, vespertino da Companhia Jornalística Caldas Júnior.

Professor de mecânica de máquinas e motores por formação, Seu Feijó acredita que o interesse pelo jor-nalismo está no sangue. Neto e bisneto de profi ssionais da comunicação, o início da carreira revelou a timidez de alguém que não sabia se teria mesmo condições de ingressar na área. Portando uma câmera fotográfi ca, acompanhava os jogos de futebol da região do Vale do Sinos e enviava as fotografi as para a Folha, sem infor-mar o crédito. E o material passou a ser publicado.

Pouco tempo depois, durante uma reunião com os amigos no Café Avenida, foi abordado para falar so-bre esse trabalho. Questionado se era ele quem envia-va o material ao jornal, confi rmou. Foi aí que surgiu o convite para sair do amadorismo e profi ssionalizar aquilo que, para ele, era natural e prazeroso. Tornou-se, então, parceiro do repórter Vinícius Bossle, com quem atuou por 33 anos como correspondente das notícias do Vale do Sinos para a Folha da Tarde.

Sem revelar a idade, mas deixando como pis-ta que está “entre os 88 e os 90”, Seu Feijó já não atua mais como fotógrafo. “Minha posição hoje é de observador e nem se justifi ca que eu continue tra-balhando na minha idade”, brinca, provocando riso mesmo quando demonstra estar falando sério. “A renovação é natural e necessária”, admite.

Com mais de seis décadas de experiência como fotógrafo em jornais da região metropolitana, hoje o profi ssional se dedica ao espaço diário que tem como comentarista na Rádio ABC, em Novo Hamburgo, além da coluna semanal no Jornal NH, "publicada desde a edição número um". A relação que mantém com o Grupo Sinos vai além do vínculo como em-pregado. O espaço conquistado como jornalista na região o aproximou de pessoas da área. Foi assim com Mário Gusmão, um dos fundadores da empresa de comunicação que hoje o abriga.

Ainda quando repórter em uma rádio de São Leo-poldo, Gusmão pediu a opinião de Feijó sobre a cir-culação de mais um jornal em Novo Hamburgo. Com a resposta afi rmativa, perguntou se poderia dar uma mão para começar. Assim surgiu a primeira crônica, sobre um famoso cinema da cidade e uma matinê que reunia os jovens na época. A parceria se estendeu tam-

O fotógrafo do Vale (e do mundo)

Reconhecimento nacionalUma tarde de conversa com Alceu Feijó é garan-

tia de aprendizado sobre os costumes e aconteci-mentos de uma época a partir do relato das cober-turas por ele realizadas. "Você um dia pensou que a história falasse? Pois aqui está o Seu Feijó", brinca um colega de empresa quando vê o veterano da foto-grafi a sendo entrevistado. Ele ri encabulado e aceita o título que conquistou pelos anos acumulados na profi ssão. Afi nal, são muitas curiosidades que pou-cos conhecem, em especial sobre o trabalho.

Considerado pela Associação Brasileira de Im-prensa (ABI) como o primeiro repórter multimí-dia gaúcho, ostenta o título com orgulho, afi nal "é da ABI e tem reconhecimento nacional". A identi-fi cação surgiu quando passou a escrever os textos que retratava. Essa possibilidade surgiu a partir

da conciliação de dois trabalhos que talvez hoje não se imaginaria unir: o jornalismo e a represen-tação comercial.

O ônus desta rotina foi em casa. Dos quatro fi -lhos, não acompanhou o nascimento dos dois mais novos. Mas o "repórter itinerante", função que diz ter criado espontaneamente, trazia consigo aquilo que considera ser a essência do jornalista: "um ci-dadão do mundo". Do trabalho desenvolvido atrás das câmeras desde os anos 1940, Alceu Feijó con-serva um acervo pessoal com 120 mil fotogramas, a maioria de sua autoria, outra parte recebida de moradores de Novo Hamburgo. A informação de cada imagem está registrada em um caderno, e o arquivo "fi ca do lado da cama", para garantir que as fotografi as estão bem cuidadas.

bém para o setor de fotografi a, onde começou como freelancer e, com a saída da Caldas Júnior em 1983, passou a ser funcionário, vínculo que ainda mantém.

A relação de carinho e respeito pela empresa que o acolhe se refl ete na maneira como Seu Feijó fala da sua criação e avanços conquistados com o tempo. "Eles eram visionários", destaca, lembrando das maneiras

encontradas pelos irmãos Gusmão para arrecadar o dinheiro que seria investido em maquinário e do tra-balho de todos os integrantes da família para dar conta da demanda alcançada. Colaborador do grupo desde o início, há 55 anos, sente-se valorizado, o que identifi ca ser raro em relação ao jornalista, "fi gura mais impor-tante que tem em um acontecimento".

Alceu Feijó segue trabalhando no grupo que ajudou a construir, com sua coluna diária e o comentário na rádio

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