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Versão Publicação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS Rua dos Andradas, 1270/133 - CEP 90.020-008 Ano 23 - Nº 145 - Maio de 2015 - Porto Alegre dos Jornalistas www.jornalistas-rs.org.br Páginas 4 e 5 Mobilização ganha as ruas e alerta a população sobre descaso com jornalistas EDITORIAL Pauta de reivindicações da categoria é entregue à patronal SINDICATO Página 2 Ícone da TV e do rádio, Ivette Brandalise fala sobre carreira PERFIL Página 8 Página 3 FOTO: ROBINSON ESTRASULAS Os poucos funcionários do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa improvisam reparos em dias de chuva. Cada setor da instituição demanda investimentos em materiais que permitam a conservação e divulgação de seus arquivos. Museu enfrenta dificuldades em manter acervo FOTOS: ROBINSON ESTRASULAS História da mídia

Versão dos jornalistas 145

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A edição 145 do Versão dos Jornalistas, do Sindicato Jornalistas Profissionais do RS traz as seguintes matérias: segunda reportagem da série sobre o Museu da Comunicação Hipólito José da Costa, a mobilização dos jornalistas a favor da PEC do Diploma e contra a PL 4330 da tercerização e o ato contra as demissões no dia 8 de maio, o perfil da jornalista Ivette Brandalise, ícone de todas as mídias no Rio Grande do Sul, além das informações sobre a pauta de reivindicações da Campanha de Negociação Coletiva 2015, a participação de diretores da entidade em eventos pelo Dia do Jornalista, em 7 de abril, e a situação do jornal O Sul após o fim da edição impressa.

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Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Maio de 2015 1

Versão Publicação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RSRua dos Andradas, 1270/133 - CEP 90.020-008Ano 23 - Nº 145 - Maio de 2015 - Porto Alegre

dos Jornalistaswww.jornalistas-rs.org.br

Páginas 4 e 5

Mobilização ganha as ruas e alerta a população sobre descaso com jornalistas

editorialPauta de reivindicações da categoria é entregue à patronal

SiNdiCato

Página 2

Ícone da TV e do rádio, Ivette Brandalise fala sobre carreira

PerFil

Página 8

Página 3

Foto: Robinson EstRasulas

Os poucos funcionários do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa improvisam reparos em dias de chuva. Cada setor da instituição demanda investimentos em materiais que permitam a conservação e divulgação de seus arquivos.

Museu enfrenta dificuldades em manter acervo

Fotos: Robinson EstRasulas

História da mídia

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Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Maio de 20152

Versão dos Jornalistas é uma publicação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS). Rua dos Andradas, 1270/133 – Centro Histórico – Porto Alegre, RS – CEP 90020-008Fones: (51) 3226-0664 - www.jornalistas-rs.org - [email protected]

Edição: Jorge CorreaEdição executiva e reportagem: Bruna Fernanda SuptitzEdição de Fotografia: Robinson EstrásulasDiagramação: Luís Gustavo Schuwartsman Van OndheusdenImpressão: Gráfica PioneiroTiragem: 3 mil exemplares

Diretoria ExecutivaPresidente - Milton Simas1º Vice Presidente - Luiz Armando Vaz2ª Vice Presidenta - Vera Daisy Barcellos1º Secretário – Ludwig Larré2ª Secretária – Márcia de Lima Carvalho1º Tesoureiro – Robinson Luiz Estrásulas2º Tesoureiro - Renato BohuschSuplentes - José Maria Rodrigues Nunes e Luiz Salvador Machado Tadeo

Diretoria GeralCelso Antonio Sgorla, Fernando Marinho Tolio, Carlos Alberto Machado Goulart, Cláudio Fachel Dias, Elson Sempé Pedroso, Mauro Roberto Lopes Saraiva Junior, Léo Flores Vieira Nuñez, Alan da Silva Bastos, Jeanice Dias Ramos, Jorge Luiz Correa da Silva, Márcia Fernanda Peçanha Martins, Ana Rita Marini, Clarissa Leite Colares, Neusa Nunes, Pedro Luiz da Silveira Osório

Conselho FiscalCelso Augusto Schröder, José Carlos de Oliveira Torves, Antonio Eurico Ziglioli Barcellos, Adroaldo Bauer Spindola Correa, Cláudio Garcia Machado

Comissão de ÉticaAntônio Silveira Goulart, Antônio Carlos Hohlfeldt, Carlos Henrique Esquivei Bastos, Cristiane Finger Costa, Flávio Antônio Camargo Porcello, José Antônio Dios Vieira da Cunha, Celestino Meneghini, Edelberto Behs, Sandra de Fátima Batista de Deus, Marcos Emilio Santuário, Moisés dos Santos Mendes

Versãodos Jornalistas

Filiado:

editorial

Categoria vai às ruas por melhores condiçõesCom a Campanha de Negociação

Coletiva 2015 em andamento e pres-tes a sentar à mesa de negociação com as entidades patronais em busca de um melhor piso salarial e visando conquista sociais e econômicas para a categoria, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS) se divide para atender às mais variadas demandas dos colegas jornalistas gaúchos.

O mês de abril registrou a mobili-zação de todos os colegas pela recupe-ração da obrigatoriedade da formação superior para o exercício da profissão, em especial no Dia do Jornalista, 7 de abril, data em que estava previs-ta a votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Diploma na Câmara dos Deputados. A pauta não foi ao plenário devido à polêmica vo-tação do Projeto de Lei (PL) 4330, da

terceirização. Mesmo assim, seguimos atentos e em contato permanente com os parlamentares gaúchos para que mantenham apoio à nossa demanda.

Mantendo sua tradição de prezar pela manutenção dos direitos dos tra-balhadores e pelo melhor para a so-ciedade, o SINDJORS se posicionou contrário à aprovação da PL da Ter-ceirização, participando da paralisa-ção nacional dos trabalhadores no dia 15 de abril. Os malefícios desta prática são sentidos pela categoria profissio-nal dos jornalistas há anos, sendo exe-cutada por meio de práticas ilegais dos veículos de comunicação e assessoria de imprensa. Neste momento, a en-tidade adere ao movimento que pede à presidência da República o veto ao conteúdo do projeto.

Também em abril veio acompanha-do de uma triste notícia ao Jornalismo

gaúcho. O jornal O Sul, publicação com mais de dez anos de mercado, anun-ciou o fim das atividades em material impresso. A informação surpreendeu tanto leitores quanto o Sindicato, mas principalmente aos trabalhadores da empresa, que não sabiam da decisão e agora aguardam uma definição em relação aos seus postos de trabalho. Desde o início, o SINDJORS acompa-nha os colegas e está atento aos passos da empresa, para que nenhum profis-sional seja prejudicado.

Próximo ao fechamento desta edição do Versão dos Jornalistas, já no mês de maio, foi realizado o Ato Nacional dos Jornalistas Contra Demissões, Pre-carização e Práticas Antissindicais. Or-ganizado pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e pelos 31 sindica-tos da categoria de todo o Brasil, a ati-vidade contou com a adesão dos jorna-

listas gaúchos. No dia 8, profissionais de todo o Estado vestiram preto como forma de simbolizar a luta por melho-res salários e condições de trabalho, além da manutenção dos empregos.

Na data, o Sindicato dos Jornalis-tas realizou a distribuição de mate-rial informativo à população sobre os motivos que levaram à manifestação da categoria em frente a veículos de comunicação de Porto Alegre. Tam-bém se realizou uma intervenção midiática, a exemplo do que já havia ocorrido durante o protesto do dia 15 de abril, quando diretores da entidade aproveitaram para expor mensagens de campanhas da categoria durante a exibição ao vivo do programa Jornal do Almoço, na RBS TV.

Milton SimasPresidente do Sindjors

Ao lado: TVEAbaixo: ação midiática na Esquina Democrática (Porto Alegre)

Foto: Robinson EstRasulas

Fotos: Divulgação

Acima: Folha do Noroeste (Frederico Westphalen)Ao lado: O SulCapa: Correio do Povo

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SiNdiCato

O dia 7 de abril foi marcado por um ato em Brasília, organiza-do pela Federação Nacional dos Jornalistas(FENAJ), com o apoio dos sindicatos da categoria, pedindo a aprovação da PEC do Diploma. O Sin-dicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS) este-ve representado pela segunda vice-presidenta, Vera Daisy Barcellos.

No mesmo dia, a entidade parti-cipou de atividades organizadas por universidades do interior do Estado, onde o Jornalismo e as pautas sindi-cais nortearam os debates com estu-dantes de comunicação e profissionais da área. Em Caxias do Sul, o presiden-te do SINDJORS, Milton Simas, fez

parte do evento Democratização da Mídia: Desafios e Perspectivas, junto com o delegado regional Roberto Car-los Dias e o coordenador do curso de Jornalismo da Universidade de Caxias do Sul (UCS) Álvaro Benevenuto.

Em São Leopoldo, José Nunes, diretor e ex-presidente da entidade, participou de um debate na Rádio Unisinos. Em Frederico Westpha-len, o diretor Jorge Correa, tam-bém ex-presidente do SINDJORS, palestrou sobre a PEC do Diploma, mercado de trabalho e outros as-suntos da profissão aos professo-res e estudantes de Jornalismo do campus da Universidade de Santa Maria (UFSM).

A Campanha de Negociação Cole-tiva 2015 do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS) já está em andamento. A pauta de reivindicações, votada e aprovada em assembleia geral no dia 25 de abril, foi entregue aos sindicatos patronais no mesmo mês.

Neste ano, a pauta de reivindica-ções é composta de 12 itens, com a proposta de ser mais objetiva em re-lação às principais demandas da ca-tegoria. Também existe o interesse de alterar a data-base para maio, mês do trabalhador.

Entre os pontos de destaque da nova pauta está a proposta de um piso unificado entre capital e interior do Estado no valor de R$ 2.600,00, além do reajuste do INPC e aumento real de 4% para todos os salários.

Também compõe a lista a exigência de vale-refeição diário no valor de R$

25,00 e a implantação do vale-cultura, benefício do governo federal que pode ser utilizado pelo trabalhador no con-sumo de bens e serviços culturais. Es-ses dois itens foram os mais votados na pesquisa realizada junto aos cole-gas no início do ano.

Assessorias prestaram esclarecimentos aos jornalistasNa assembleia, os jornalistas pu-

deram acompanhar uma apresenta-ção do supervisor técnico do Depar-tamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Ricardo Franzoi, com orientações so-bre o cenário econômico do momento. A presença do Dieese teve como obje-tivo oferecer informações estratégicas que possam ser utilizadas como argu-mentos para a campanha e na mesa de negociações.

Na sequência, o advogado traba-

Assembleia aprova pauta de reivindicações 2015

lhista Antônio Carlos Porto, asses-sor do Sindicato, esclareceu uma dúvida recorrente da categoria em relação ao ajuizamento do acordo coletivo. Para que esta prática seja

viável, é preciso ter a concordância de ambas as partes e, portanto, le-var para a Justiça sem a anuência da patronal tende apenas a estender a negociação.

Supervisor técnico do Dieese passou informações para serem usadas na negociação

No discurso em alusão ao Dia do Jornalista, Simas apresentou pautas da categoria

Em Caxias do Sul, coordenador do curso de Jornalismo participou do debate

SINDJORS ocupa a Tribuna Popular do parlamento gaúcho

No mês de abril, o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Rio Gran-de do Sul (SINDJORS), Milton Simas, ocupou o espaço da Tribuna Popular da Assembleia Legislativa, no dia 9, para tratar de temas pertinentes à ca-tegoria. Entre os destaques da fala de Simas, está a tramitação da PEC que restabelece a obrigatoriedade do di-ploma para o exercício do Jornalismo. "Prosseguiremos na luta até reverter a injustiça cometida pelo STF em 2009”, declarou na ocasião.

Milton Simas aproveitou o espaço para falar das operações em anda-mento pela Polícia Federal, entre elas a Operação Zelotes, que apura o en-volvimento do grupo RBS e de outras

empresas gaúchas com possíveis frau-des tributárias. O dirigente lembrou que é preciso diferenciar jornalistas e empresários. “Nós temos vocação para a honestidade e para a ética. Não atua-mos todos os dias, nas redações ou as-sessorias de imprensa, para encobrir malfeitos ou jeitinhos. Nosso sustento é nossa credibilidade”, apontou.

Para o presidente do SINDJORS, o anúncio, naquela semana, do encer-ramento da circulação impressa do jornal O Sul, “é triste para a socieda-de gaúcha e para a classe”. Ele lamen-tou, ainda, as demissões frequentes na Zero Hora, e encerrou sua fala pedin-do respeito aos jornalistas do grupo: “nenhum deles têm as mãos sujas”.

Diretores da entidade participam de atividades no Dia do Jornalista

Foto: bRuna FERnanDa suptitz

Foto: stEphaniE gomEs/agência alRs

Foto: RoDRigo DE olivEiRa moRaEs

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hiStória da ComuNiCação

O trabalho da historiadora Carlinda Maria Fischer Mattos no setor de cinema do Museu de Comunicação Hipólito José da Costa (Musecom) exige o uso de luvas e máscara para o manuseio dos filmes em acervo. Sozinha no setor, ela usa a proteção para cui-dar dos filmes e da própria saú-de. O material precisa ainda ser armazenado a uma determina-da temperatura, garantida pelos aparelhos de ar-condicionados instalados em cada sala.

Manter a temperatura ambien-te estável também é premissa no setor de fotografia da instituição. Lá, a instalação de aparelhos de ar condicionados é hoje a principal demanda para manter o acervo. Conforme Denise Stumvoll, res-ponsável pelo setor, esta necessi-dade é sustentada por estudos que tratam da ciência da conservação, que determina quais as condições ideais de armazenamento de dife-rentes materiais para evitar perda ou deterioração.

Em comum, em ambos os espa-ços, há a necessidade de digitali-zar o acervo, possibilitando assim o melhor tratamento das ima-gens, além de torná-las de aces-so ao público. Contudo, Carlinda alerta: "Digitalizar não é preser-var”. A máxima de profissionais que trabalham na área, segundo a historiadora, se deve ao enten-dimento de que, mesmo após di-gitalizado, o material de origem também deve ser mantido, pois faz parte do acervo. Ela justifica com a informação de que, “com o passar dos anos surgem novas tecnologias que permitem digita-lizar com maior qualidade".

Imprensa contada em foto e vídeoAo lado dos impressos, outros setores passam por dificuldades para manter seus acervos

Com acervo volumoso, setor de cinema precisa digitalizar filmesO acervo é volumoso. Com cerca

de oito mil títulos, o setor de Cine-ma do Musecom precisa de bastante espaço. Acumulados em prateleiras, alguns empilhados no chão, os filmes são guardados em latas que garan-tem seu melhor armazenamento. De tempos em tempos, Carlinda Maria Fischer Mattos executa um ritual que consiste em retirar o material da lata, para que possa respirar e para avaliar o conteúdo. Esta rotina faz parte do trabalho de conservação dos

filmes, trabalho que exige preparo e paciência para analisar cada fotogra-ma de um filme.

O forte do setor, conforme a res-ponsável por ele, é o registro cine-matográfico gaúcho, com produções que datam de 1937. Também guarda muitos títulos fornecidos por institu-tos de outros países, como Alemanha e Itália, por exemplo. Esses filmes eram utilizados para promover a di-vulgação da cultura daqueles povos, sendo exibidos em localidades com

concentração de imigrantes. Outro tipo de material que pode ser encon-trado lá são as peças de divulgação dos filmes.

De todo esse material, o volume digitalizado hoje é insignificante. Car-linda alerta que o filme é naturalmente passível de deterioração e que esse pro-cesso é contagioso. Daí a importância de investimento na preservação destes títulos. "É preciso criar a consciência de que se precisa preservar porque está se perdendo este acervo", alerta.

Guardando a memória fotográfica do Estado do Rio Grande do Sul, atra-vés dos arquivos da administração pú-blica e coleções particulares, o setor de fotografia do Musecom também realiza o trabalho de digitalização do seu acer-vo. Porém, o espaço de armazenamento virtual disponível hoje não é suficiente e, junto à aquisição de um ar-condicio-nado para garantir a temperatura está-vel ao ambiente que guarda as imagens, é necessária a ampliação do espaço para salvar os arquivos digitalizados.

O setor conta com duas profissio-nais, capacitadas no centro de trata-

mento da Fundação Nacional de Artes (Funarte). A coordenadora Denise Stu-mvoll, mestre em artes visuais, instiga a pensar a função do museu não só como centro de exposição de seu acervo. "Ar-quivo não é acumular coisas", destaca, referindo-se à importância de dedicar um suporte ao armazenamento do ma-terial disponível na instituição. Ela e a colega Mara Denise dos Santos lamen-tam que acervos como o do Musecom não sejam vistos com valor de mercado justamente por seu perfil diferenciado, nem sempre contemplativo, mas que privilegia a pesquisa.

Registros fotográficos dependem de temperatura estável para conservação

Negativos do Palário Piratini e de outras coleções são armazenados em arquivos

Para estender o tempo de vida do material, Carlinda limpa os negativos e avalia o estado de conservação de cada fotograma

Foto: bRuna FERnanDa suptitz

Foto: Robinson EstRasulas

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Servidores improvisam em dias de chuva

Para evitar estragos causados pela chuva, prateleiras que armazenam os fi lmes foram cobertas com papelão

Estudantes participam de ofi cinas e visitas guiadas sobre o Museu de Comunicação

Na primeira semana como diretor, Victorino fez reparos no telhado

Outra identifi cação entre os acervos de fotografi a e cinema é a localização dentro do Museu. As coleções fi -cam no terceiro andar do prédio, que precisa ser acessa-do por escadas, pois o elevador de acesso ao andar está estragado. Além disso, os problemas na estrutura do telhado, mencionados na reportagem anterior, já atin-giram as salas desses setores.

As responsáveis por sua manutenção, a exemplo do que aconteceu no arquivo de impressos, improvi-saram soluções. Na fotografi a, os armários que arma-zenam os fi lmes foram afastados da parede. No setor de cinema, mesmo a chuva não atingindo diretamen-te o material, proteções de papelão foram colocadas para prevenir um possível vazamento de água.

Setores precisam de profi ssionais para voltar a atender o público

Além destes, o Musecom conta ainda com outros se-tores, nem todos com profi ssionais atuando na sua ma-nutenção e apoio à pesquisa. São eles as Reservas Técni-cas 1, 2 e 3, setor de Imagem em Movimento (televisão e vídeo), Rádio e Fonografi a e Publicidade e Propaganda, este último atendida pelo técnico em assuntos culturais Lauro Manzoni Bidinoto, que divide esta função com o trabalho no Núcleo de Educação e Pesquisa.

Comunidade escolar tem acesso à história contada na instituição

A função mais importante de um museu é a conservação, indiferente-mente de quantas pessoas pesquisam aquele material. Com esta visão e a abertura da instituição para a visita guiada a escolas de ensino fundamen-tal e médio, os historiadores Gabriel Castello Costa e Lauro Manzoni Bidi-noto, técnicos em assuntos culturais, acreditam que o Musecom cumpre o seu papel na sociedade.

Responsáveis pelo Núcleo de Edu-cação e Pesquisa, iniciaram no fi m de 2014 o atendimento às demandas da rede de educação. Nas visitas de campo e ofi cinas sobre a história da comuni-

cação e do museu, são inseridas ativi-dades culturais, como música e roda de conversa, para que a instituição tam-bém seja entendida como um espaço de lazer refl exivo.

Outra maneira de aproximar estudan-tes e museu é estabelecer uma ligação do objeto com a história da pessoa através da apropriação do conteúdo apresen-tado. Para estas propostas se tornarem possíveis, contudo, é preciso investimen-to em infra-estrutura. Com apenas uma impressora para atender às diferentes demandas da instituição, o Núcleo de Educação e Pesquisa tem difi culdade para executar as atividades planejadas.

Novo diretor do Museu de Comunicação assume com foco no atendimento das principais demandas

O Museu de Comunicação Hipólito José da Costa (Musecom) recebeu, no dia 5 de maio, o novo diretor da instituição. O jornalista Yuri Vic-torino é repórter cinematográfi co na TVE e foi cedido pela Fundação Piratini para a Secretaria Estadual da Cultura. Formado em Arquivologia pela Ufrgs e estudante de Museologia na mesma universidade, Victorino foi diretor do Centro de Memória e Informação Pessoal (Cemip).

O diretor destaca como marca que preten-de relacionar à sua gestão o lema "promover o futuro, preservando o passado". Para isso, Victorino entende a necessidade de manter em condições de uso todos os recursos rela-cionados ao Musecom, tanto na ordem da es-trutura física quanto dos bens materiais que

compõem o acervo da casa.Entre as iniciativas já tomadas pelo gestor

está o encaminhamento de um ofício ao go-verno do Estado informando sobre um gran-de incômodo enfrentado na instituição. Com problema em um dos equipamentos que faz o bombeamento da água da rua para a caixa, o prédio está sem o líquido há mais de dez dias.

Outras demandas também já receberam aten-ção, como o reparo emergencial de parte da estru-tura do telhado, realizado pelo próprio Victorino, para que a chuva não volte a atingir os acervos. A medida, salienta Victorino, é um primeiro passo para o conserto defi nitivo que ele espera conse-guir executar através do apoio do governo e de parcerias que possam ser realizadas.

Foto: Robinson EstRasulas

Foto: Divulgação

Foto: RogERio almEiDa

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merCado de trabalho

Grupo irá a Piratini pesquisar uma das origens da imprensa no Rio Grande do Sul

No início deste ano, o professor e escritor Alcy Cheuiche assistiu a uma palestra sobre democratização da comunicação com o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Celso Augusto Schröder. Nesse momento surgiu o convite para que o dirigente e professor universi-tário ministrasse uma aula na Oficina de Criação Literária.

O tema da oficina neste ano é A História da Imprensa no Rio Grande do Sul e no Brasil. No dia 4 de maio, os alunos puderam construir, através da fala de Schröder, uma linha do tempo imaginária sobre o surgimento dos veículos de comunicação no Esta-do e no país, seu posicionamento po-lítico e o efeito de decisões passadas na maneira como nos relacionamos com a mídia hoje.

O presidente da Federação, tam-bém professor do curso de Jornalismo na Famecos - PUCRS, ressaltou que a imprensa no Brasil é tardia em relação aos países vizinhos. Ele lembrou que a condição de subordinação à coroa portuguesa deixou, por muitos anos, a marca de “imprensa oficial”.

Schröder relacionou o Jornalis-

mo político e o modelo econômico de negócio, adotados em momentos distintos e que refletem os interesses dos grupos que o mantêm. Também a participação das empresas de co-municação no golpe civil-militar de 1964 foi lembrada pelo jornalista. Ele salientou, ainda, que os veículos que apoiaram a ditadura nos primeiros anos “desembarcaram dela não pela censura, mas por motivos econômi-cos”.

Democratização da mídiaUm importante ponto do deba-

te com os alunos tratou de assuntos atuais, como as concessões e a ne-cessidade de legislar sobre os meios de comunicação no Brasil. “A rede-mocratização nos deixou a herança da censura e desregulamentação da mídia”, opinou. Para Schröder, a im-prensa não foi contemplada com a democratização conquistada a par-tir da Constituição Federal de 1988 justamente por ter sido participante desse processo.

“Qualquer liberdade, para ser li-berdade, deve ser garantida”, desta-cou, ao finalizar sua defesa sobre o

Presidente da Fenaj ministra aula da OFICINA DE CRIAÇÃO LITERÁRIA

tema. Instigado por Cheuiche a falar sobre o diploma para o exercício do Jornalismo e a formação que as facul-dades oferecem, Schröder se colocou à disposição para retomar o debate no futuro.

Alunos fazem pesquisa de campoA Oficina de Criação Literária reali-

za neste mês uma viagem ao município de Piratini, uma das capitais do Esta-

do durante a Revolução Farroupilha, onde os alunos irão realizar pesquisas de campo sobre a imprensa gaúcha. O curso é uma parceria entre o Sindi-cato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS). O traba-lho será concluído com a publicação de um livro de contos, a ser lançado na Feira do Livro de Porto Alegre.

Formação

A notícia do encerramento da versão impressa do jornal O Sul surpreendeu o mercado editorial gaú-cho. O anúncio, feito através de editorial publicado na capa da edição de 8 de abril, um dia após a co-memoração pelo Dia do Jornalista, foi recebida com tristeza pela direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS) e

pelos profissionais que atuam na empresa.Alegando dificuldades financeiras para manter o ne-

gócio, em circulação há 13 anos, o grupo mantém agora a versão digital de sua publicação diária e um portal de notícias. A decisão da empresa preocupa a diretoria da entidade devido à sua arbitrariedade, pois foi tomada sem conhecimento prévio dos funcionários do grupo.

Ao SINDJORS, o setor de recursos humanos da empresa garantiu que os profissionais da área de Jornalismo não serão afetados com a decisão. Ainda assim, a entidade sindical está à disposi-ção dos colegas do O Sul e tem acompanhado o caso para que estes profissionais não sejam pre-judicados.

Os reflexos trabalhistas da edição digital no jornal O Sul

ServiçoS do SiNdiCato

O Sindicato dos Jornalistas Profis-sionais do Rio Grande do Sul (SIND-JORS) atua na defesa dos direitos da categoria. Para ampliar o alcance des-te trabalho, a entidade conta com o apoio de sua categoria de base através da sindicalização. Com a participação dos colegas de profissão, o Sindicato busca a união pelo crescimento da to-dos, que possibilita o fortalecimento coletivo.

Ser sócio da sua entidade de classe é reforçar a identidade profissional,

defender o diploma e a legislação que abriga a categoria. Além desses pon-tos, a sindicalização oferece aos jor-nalistas descontos com empresas con-veniadas em Porto Alegre e interior do Estado e a oportunidade de parti-cipar de debates de temas importan-tes para o jornalismo. Também com-pete ao Sindicato a luta permanente por melhores salários e a fiscalização permanente do cumprimento do que está firmado no acordo coletivo da ca-tegoria.

SindiCalização

Quem pode se associar:Jornalista profissional diplomado, repórter fotográfico, repórter cinematográfico, diagramador, ilustrador, estudante de jornalismo

Confira os documentos necessários para se sindicalizar:- Proposta de sócio - disponível na sede da entidade, delegacias regionais ou pelo site www.jornalistas-rs.org- Cópia simples da identidade e CPF- Cópia simples da carteira de trabalho (página de rosto e registro profissional)- Cópia simples do Diploma (para profissionais diplomados)- Duas fotos 3x4- Para funções específicas: xerox do histórico escolar do Ensino Médio- Pagamento da primeira mensalidade: R$ 25 na Capital e R$ 22 no Interior

Foto: bRuna FERnanDa suptitz

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CoNSeQuÊNCiaS do Pl 4330

PeC do diPloma

Prevista para ir a plenário na Câ-mara dos Deputados em 7 de abril, quando se comemora o Dia do Jor-nalista, a votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que prevê o retorno da obrigatoriedade do diploma de Jornalismo para o exercício da profissão ainda não foi votada. A previsão é que o assunto faça parte da pauta do Congresso neste mês de maio.

Aos representantes da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e de Sindicatos da categoria, o pre-sidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), manifes-tou seu interesse em aprovar a pau-ta. "Eu quero é promulgar a PEC", afirmou em audiência com os diri-gentes e com o deputado Hugo Leal (PROS/RJ), relator da Comissão

Especial da PEC.Inicialmente, a PEC em pau-

ta na Câmara dos Deputados era a 386/2009, do deputado Paulo Pi-menta (PT-RS), que posteriormen-te foi apensada à PEC 206/2012, do senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), já aprovada pelo Senado. Com a aprovação também em dois turnos na Câmara, a PEC 206 irá para a Constituição Federal.

Em tramitação na Câmara há mais de cinco anos, considera-se que já existe acúmulo de debate e que o tema está pronto para ir à votação. Neste período, o Sindicato dos Jor-nalistas Profi ssionais do Rio Grande do Sul manteve contato permanen-te com todos os parlamentares da bancada gaúcha. A maioria garantiu apoio à pauta.

Há algum tempo o Sindicato dos Jornalistas Profi ssionais do Rio Gran-de do Sul (SINDJORS) denuncia os perigos da terceirização. Em julho do ano passado, o jornal Versão dos Jor-nalistas trouxe, em sua matéria de capa, a denúncia de uma prática uti-

lizada pelas empresas de comunicação que representa uma ameaça aos direi-tos trabalhistas conquistados em anos de luta da categoria. A pejotização, que consiste em transformar o traba-lhador, que é sempre pessoa física, em pessoa jurídica (PJ), tira dele direitos

Trabalhadores da comunicação tambémPODEM SER PREJUDICADOS COM TERCEIRIZAÇÃO

assegurados em lei e nos acordos cole-tivos da categoria.

Até então considerada ilegal, pois o entendimento jurídico não permitia a delegação a terceiros para a realização das atividades-fi m de uma empresa, a prática da pejotização ganha agora respaldo com a retomada dos debates sobre a regulamentação da terceiriza-ção. O Projeto de Lei 4330, aprovado na Câmara dos Deputados no dia 8 de abril, retira direitos dos trabalhado-res e das trabalhadoras garantidos na CLT, ameaça a liberdade e a organiza-ção sindical.

Conhecida como Lei da Terceiri-zação, o projeto foi apresentado em 2004 pelo deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), proprietário do Grupo Mabel, com empresas do ramo ali-mentício, um dos maiores do Brasil. Em 2011, ocorreu a venda da fábrica de biscoitos Mabel para o grupo nor-te-americano PepsiCo. Sandro Mabel continua à frente das demais empre-sas do grupo e atua, também, em ati-vidades agropecuárias.

Se promulgada, a lei tornará legal a contratação de jornalistas como PJ. Na prática, isso signifi ca abrir mão do

13º salário, férias remuneradas e horas extras, entre outros benefícios que não são garantidos a trabalhadores tercei-rizados. O SINDJORS se manifesta contrário à terceirização. Conforme o presidente da entidade, Milton Simas, “caso a PL 4330 seja regulamentada, abre de vez a possibilidade de tornar precárias as relações de trabalho em nossa categoria”.

Dieese aponta que prática já é utilizada

Um estudo do Departamento In-tersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) indica que o Brasil tinha, em 2013, 12,7 milhões de trabalhadores terceirizados, cor-respondentes a 26,8% do mercado formal de trabalho naquele ano.

Esse estudo, feito em parceria com a Central Única de Trabalhadores (CUT), indica ainda que o trabalha-dor terceirizado tem maior rotati-vidade no mercado, permanecendo 2,6 anos a menos no emprego que o trabalhador contratado diretamen-te, além de uma jornada de 3 horas semanais a mais e recebe, em média, salários 24,7% menores.C om aprovação da PL 4330, trabalhadores perdem direitos conquistados com a CLT

Jornalistas aguardam tramitação da pauta no Congresso

Por que uma PEC para tratar da profi ssão de jornalista?O Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgar

Recurso Extraordinário interposto pelo Ministé-rio Público Federal de São Paulo e pelo Sindicato das Empresas de Comunicação, entendeu que o inciso V, do art. 4º do Decreto-Lei nº 972/69, que regulamenta a profi ssão de jornalista, não foi recepcionado pela Constituição Federal. O principal argumento dos ministros para derru-bar a exigência do diploma para o exercício do Jornalismo no país foi a liberdade de expressão, garantida pela Constituição Federal.

Uma interpretação constitucional realizada pelo STF somente pode ser alterada por outra interpretação dele próprio ou por alteração da Constituição por meio de emenda, desde que tal alteração não seja de matéria inserta em cláusula pétrea. Esta é a alternativa encontrada para expressar que o exercício da profi ssão de jornalista depende de graduação superior em Comunicação Social/Jornalismo e que esta exi-gência não confl ita com o direito à liberdade de expressão.

Foto: Robinson EstRasulas

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Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Maio de 20158

COnvêniOs

ivette braNdaliSe

Bem-humorada e com muita dis-posição, Ivette Brandalise estuda pro-postas para trabalhar em televisão. Em abril, foi ao ar a última edição do Primeira Pessoa, programa de en-trevistas que ela comandava na TVE. Agora, a apresentadora segue com seu espaço semanal na rádio FM Cultura, com o programa As músicas que fize-ram sua cabeça.

À frente da atração desde sua cria-ção, há 22 anos, Ivette lamenta que o Primeira Pessoa, que funcionava “como um museu de arte e som do es-tado”, tenha perdido espaço. A alega-ção, por parte da diretoria de progra-mação da Fundação Piratini, é a baixa audiência. Para a jornalista, contudo, essa não deveria ser a preocupação de uma emissora educativa. “Entrevistá-vamos pessoas que mereciam desta-que na área social. Acredito que cum-primos com o nosso papel”, ressalta.

O início e o aprimoramento na carreira

Natural de Videiras, interior de Santa Catarina, Ivette veio a Porto Ale-gre ainda adolescente, determinada a prestar vestibular para Química. Com a formação, trabalharia no frigorífico do pai. A relação com a profissão em que trabalha há mais de cinco décadas surgiu através de uma amiga, Gladys Fichbein. Apaixonada pelo Jornalis-mo, a colega conquistou Ivette, que decidiu seguir na mesma área.

Aquele era o tempo do curso de comunicação polivalente na Univer-sidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os alunos saiam habilita-dos para trabalhar com Jornalismo, Relações Públicas e Publicidade e Pro-paganda. Paralelo a isso, cursou Ciên-cias Sociais e, mais tarde, ingressou na faculdade de Psicologia, área com a qual ainda atua. Esta formação, se-gundo Ivette, teve grande influência no trabalho como entrevistadora, que viria a exercer mais tarde.

Mas o começo foi no jornalismo im-presso. No jornal Diário de Notícias, mantinha uma página feminina. Foi

nesse mesmo período que surgiu uma das maiores frustrações da carreira. “Nunca fiz reportagem”, lamenta, ao lembrar que havia vislumbrado uma oportunidade de cobrir o jornalismo diário num projeto chamado Reporta-gem Volante, da Rádio Farroupilha. A negativa ao trabalho veio acompanha-da da justificativa de que não ficava bem para uma mulher subir e descer de uma Kombi.

O público não lamenta esta interfe-rência do destino. Com uma carreira profissional tão diversificada quanto a de Ivette, fica até difícil definir em qual área a jornalista teve mais desta-que. Mas, como ela mesma diz, a in-terpretação teve grande influência no início da carreira. A experiência vinha da participação na primeira turma de teatro dramático do Estado. Mesmo não tendo terminado o curso, Ivette atuou, no fim dos anos 1950, no Te-atro de Equipe, importante marco na cena cultural de Porto Alegre.

A experiência dos palcos foi tão positiva para a carreira de jornalis-ta que, no programa Show de Notí-cias da TV Gaúcha, pioneiro em seu formato, conquistou espaço ao lado de profissionais com mais tempo de caminhada. “Eu era muito jovem e fui contratada porque era boa atriz”, comenta. Deu tão certo, na avaliação de Ivette, que logo surgiu o convite para trabalhar na TV Piratini ga-nhando o dobro.

Esta guinada na carreira de uma jo-vem na casa dos vinte e poucos anos a levou a marcar presença em todas as mídias disponíveis no Jornalismo de sua época. Não demorou a surgir o convite para trabalhar na Rádio Gua-íba, com o programa de opinião 5 Mi-nutos com Ivette Brandalise. Foi um pulo daí para as crônicas na Folha da Manhã e, na sequência, para a Folha da Tarde.

Ao todo, a jornalista soma 19 anos de crônicas diárias em seu currícu-lo. “Lia jornal de maneira diferente, procurava o que ninguém tinha dito. Tentava fazer bem e do meu jeito”,

“Cultura é sempre notícia positiva”

lembra, ao comentar como entrou em tantas áreas diferentes da mesma pro-fissão. “As oportunidades surgiram e eu peguei para ter medo depois. Não sei se hoje faria o mesmo”, conta.

Anos difíceisNos anos 1970, os abusos da di-

tadura também atingiram esta mul-tiprofissional. Nesta época acumu-lando a produção e apresentação de três programas na TV Difusora (hoje Band), teve seu espaço cassado pelas autoridades da época. “Várias vezes fui convidada a comparecer na Polícia Federal pelo que dizia nos programas. Já estava acostumada. Ia tanto lá que já tinha feito amizade com os profis-sionais”, brinca.

Um dia, contudo, recebeu a infor-mação de seus superiores que não pre-cisava aparecer no trabalho. Eles ha-viam recebido uma proposta, conforme

relata Ivette, em que deveriam escolher entre mantê-la ou perder toda a publi-cidade que governo do Estado investia na emissora. “Recebi muitas ameaças, orientava meus filhos a não conversar nem aceitar nada de estranhos”, conta. Até hoje ela não sabe ao certo a quem incomodou com suas críticas.

Relação com o trabalhoA entrevista se tornou uma marca de

Ivette. “Uma coisa que acontece nesse tipo de programa é que se conhece outra pessoa. Até hoje saio contente ou cha-teada, mas nunca indiferente”, destaca sobre sua relação com o trabalho. Ela diz entender que cada diretor tem um perío-do de adaptação ao novo posto e respeita a decisão de ter seu programa tirado do ar. Mesmo assim, lamenta. “Quem tem à disposição veículos como televisão e rá-dio não pode desperdiçar. Cultura sem-pre é notícia positiva”, conclui.

Ivette comanda hoje o programa

“As músicas que fizeram sua

cabeça”.Acima, em 1964,

no programa Show de Notícias,

da TV Gaúcha

Foto: aRquivo pEssoal

Foto: bRuna FERnanDa suptitz

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