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Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Setembro de 2015 1 Versão Publicação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS Rua dos Andradas, 1270/133 - CEP 90.020-008 Ano 23 - Nº 148 - Setembro de 2015 - Porto Alegre dos Jornalistas www.jornalistas-rs.org.br Assessores de imprensa do setor público debatem novas ferramentas de trabalho Tratamento para acidentes e doenças SINDICATO SAÚDE Página 3 Página 7 OLIGOPÓLIO Pedro Valério compartilha sua experiência em diferentes entidades PERFIL Página 8 A concentração midiática é uma realidade no Brasil que ainda não teve regulamentados os artigos que tratam do tema na Constituição Federal. Com isso, grandes grupos conseguem licença para operar em diversas frentes, como emissoras de rádio e televisão, formando oligopólios e restringindo o poder de escolha do conteúdo por parte do público. Páginas 4 e 5 FOTO: FREEIMAGES.COM FOTO: WILLY CÉSAR/SINDJORS MARCHA Margaridas lutam para garantir direitos Página 6

Versão dos Jornalistas 148

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A edição 148 do jornal Versão dos Jornalistas já está circulando nas redações, nas assessorias e em diversos locais públicos de Porto Alegre e no interior do Rio Grande do Sul. A edição de setembro de 2015 aborda novamente a concentração midiática no Brasil, além de mostrar como foi o encontro de Assessoria de Imprensa no Estado e exibir didaticamente a questão de doenças e acidentes no mercado de trabalho. O jornal do Sindicato Jornalistas RS mostra ainda a luta das margaridas pelo seus direitos e apresenta no perfil o colega Pedro Valério, da cidade de Rio Grande. Boa leitura!

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Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Setembro de 2015 1

Versão Publicação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RSRua dos Andradas, 1270/133 - CEP 90.020-008Ano 23 - Nº 148 - Setembro de 2015 - Porto Alegre

dos Jornalistaswww.jornalistas-rs.org.br

Assessores de imprensa do setor público debatem novas ferramentas de trabalho

Tratamento para acidentes e doenças

SINDICATO SAúDe

Página 3 Página 7

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Pedro Valério compartilha sua experiência em diferentes entidades

PerfIl

Página 8

A concentração midiática é uma realidade no Brasil que ainda não teve regulamentados os artigos que tratam do tema na Constituição Federal. Com isso, grandes grupos conseguem licença para operar em diversas frentes, como emissoras de rádio e televisão, formando oligopólios e restringindo o poder de escolha do conteúdo por parte do público. Páginas 4 e 5

Foto: Freeimages.com

Foto: Willy césar/siNDJors

MArChA

Margaridas lutam para garantir direitos

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Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Setembro de 20152

Versão dos Jornalistas é uma publicação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS). Rua dos Andradas, 1270/133 – Centro Histórico – Porto Alegre, RS – CEP 90020-008Fones: (51) 3226-0664 - www.jornalistas-rs.org - [email protected]

Edição: Jorge CorreaEdição executiva e reportagem: Bruna Fernanda SuptitzEdição de Fotografia: Robinson EstrásulasDiagramação: Luís Gustavo Schuwartsman Van OndheusdenRevisão: Landro OviedoImpressão: Gráfica PioneiroTiragem: 3 mil exemplares

Diretoria ExecutivaPresidente - Milton Simas1º Vice Presidente - Luiz Armando Vaz2ª Vice Presidenta - Vera Daisy Barcellos1º Secretário – Ludwig Larré2ª Secretária – Márcia de Lima Carvalho1º Tesoureiro – Robinson Luiz Estrásulas2º Tesoureiro - Renato BohuschSuplentes - José Maria Rodrigues Nunes e Luiz Salvador Machado Tadeo

Diretoria GeralCelso Antonio Sgorla, Fernando Marinho Tolio, Carlos Alberto Machado Goulart, Cláudio Fachel Dias, Elson Sempé Pedroso, Mauro Roberto Lopes Saraiva Junior, Léo Flores Vieira Nuñez, Alan da Silva Bastos, Jeanice Dias Ramos, Jorge Luiz Correa da Silva, Márcia Fernanda Peçanha Martins, Ana Rita Marini, Clarissa Leite Colares, Neusa Nunes, Pedro Luiz da Silveira Osório

Conselho FiscalCelso Augusto Schröder, José Carlos de Oliveira Torves, Antonio Eurico Ziglioli Barcellos, Adroaldo Bauer Spindola Correa, Cláudio Garcia Machado

Comissão de ÉticaAntônio Silveira Goulart, Antônio Carlos Hohlfeldt, Carlos Henrique Esquivei Bastos, Cristiane Finger Costa, Flávio Antônio Camargo Porcello, José Antônio Dios Vieira da Cunha, Celestino Meneghini, Edelberto Behs, Sandra de Fátima Batista de Deus, Marcos Emilio Santuário, Moisés dos Santos Mendes

Versãodos Jornalistas

Filiado:

eDITOrIAl

O mês de setembro iniciou com uma impor-tante oportunidade para a integração entre jor-nalistas de assessoria de imprensa do nosso Es-tado. A realização de um Fórum para debater questões pertinentes a esta área de atuação, em especial para quem segue carreira no serviço pú-blico, atendeu as expectativas tanto do público quanto do Sindicato dos Jornalistas Profissio-nais do Rio Grande do Sul.

Receber mais de 80 profissionais em Porto Alegre e com eles dividir dois dias de discussões e trocas de experiências ratificou nossa percep-ção de que a assessoria de imprensa é um setor de primordial relevância para a comunicação. Momentos como os que compartilhamos nos

dias 11 e 12 fortalecem o espírito de classe e fa-vorecem a realização de novos encontros entre a base, colegas com experiências reconhecidas no mercado e o Sindicato.

Agora, os representantes escolhidos pelos co-legas participarão do XX Encontro Nacional de Jornalistas em Assessoria de Imprensa (Enjai), no Ceará, de onde voltarão com experiências de outras partes do Brasil que podem ser aplicadas à nossa realidade e agregarão conteúdo aos futu-ros debates a serem realizados por aqui.

Também nos últimos meses nossa entidade tem desenvolvido um trabalho que visa ao for-talecimento da categoria frente a uma situação de dificuldade que tem atingido muitos colegas

em nosso Estado. As demissões, fechamentos de postos de trabalho e novas exigências do merca-do têm levado muitos colegas a buscar apoio da entidade para lidar com este momento delicado.

Este motivo instigou o Sindicato a pensar em alternativas viáveis para auxiliar os jornalistas que buscam recolocação no mercado. Com isso, criou-se um grupo de trabalho que irá proporcio-nar esta reaproximação entre os profissionais e empregadores, através de uma série de medidas que estão em andamento na entidade.

Milton SimasPresidente do SINDJORS

Sindicato amplia ações em diferentes eventos

NúCleO De IMAgeM

Fotografiaspercorrem o

Estado em nova exposição

A 2ª Mostra do Núcleo dos Jornalistas de Imagem do Rio

Grande do Sul iniciou em Porto Alegre, no Museu de Comunicação Hipólito José da Costa. O evento irá percorrer o interior do Estado junto com o seminário Jornalismo em Debate, uma conversa com o setor acadêmico e a sociedade.

De um total de 74 fotos inscritas, 31 foram selecionadas para esta

segunda exposição coletiva. Uma novidade a partir da atual edição

é a homenagem a fotógrafos de renome. Este ano foram

destacados os trabalhos de Erno Schneider e Nilson Winter.

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SINDICATO

Grupo debate propostas para auxiliar profissionais desempregados

Prêmio reconhece reportagenssobre área de enfermagem

Fórum reúne assessores de imprensa em porto Alegre

Curso de Português com inscrições abertas

O Sindicato dos Jornalistas Profis-sionais do Rio Grande do Sul (SIND-JORS) criou no mês de agosto um grupo de trabalho responsável por pensar medidas que possam ser ado-tadas pela entidade e pela categoria para auxiliar aqueles profissionais que se encontram sem emprego e que buscam recolocação no mercado de trabalho na área da comunicação. A proposta é que o grupo mantenha en-contros regulares.

Nas duas reuniões realizadas até o momento, deliberou-se a possibi-lidade de reativar o banco de currí-culos, ferramenta do site do sindi-cato pelo qual os jornalistas podem divulgar seu perfil profissional e buscar as oportunidades divulgadas pelas empresas.

A diretoria também sinalizou com a possibilidade de se implantar um fun-do de solidariedade através do qual se crie uma reserva para financiar a produção de conteúdos e projetos de profissionais que se encontram sem emprego. Para isso, ficou definido que o grupo irá formular critérios que pos-sam ser adotados para a arrecadação e distribuição dos valores.

A pedido dos jornalistas, serão re-alizados cursos de qualificação e atu-alização para as novas ferramentas de trabalho sem custos para estes pro-fissionais. A proposta é reunir grupos que possam participar de aulas com temas sugeridos pelos próprios cole-gas a partir das principais dificuldades que eles identificam na busca por uma colocação no mercado de trabalho.

O auditório lotado nos dois dias do evento comprova o sucesso do 1º Fórum Gaúcho de Assessoria de Im-prensa para o Setor Público. Realiza-do nos dias 11 e 12 de setembro, em Porto Alegre, o Fórum apresentou palestrantes de renome nacional ao público formado por mais de 80 pes-soas presentes no auditório do City Hotel, em Porto Alegre.

Para o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Gran-de do Sul, Milton Simas, a significativa participação dos colegas de assessoria demonstra a importância desta área de atuação em nosso estado. Em todos os painéis, o público pode interagir com os palestrantes, fazendo pergun-tas e provocações pertinentes ao tema apresentado. Também participaram das atividades estudantes de jornalis-mo, além de colegas de outros estados.

O 1º Fórum Gaúcho de Assessoria de Imprensa para o Setor Público é um evento do Sindicato dos Jornalis-tas Profissionais do Rio Grande do Sul realizado em parceria com a Padrinho

Agência de conteúdo e com o apoio da Federação das Associações dos Muni-cípios (Famurs).

EejaiJunto ao Fórum, foi realizado o

XX Encontro Estadual de Jornalis-tas em Assessoria de Imprensa (Ee-jai), evento bienal preparatório para o Encontro Nacional de Jornalistas em Assessoria de Imprensa (Enjai), realizado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Neste ano o evento ocorre em outubro em Forta-leza, no Ceará, que tem como tema “O Jornalista Assessor de Imprensa e a Credibilidade das Informações na Era da Comunicação Digital”.

Na plenária do Eejai foram apre-sentadas as teses dos jornalistas gaú-chos a serem levadas ao Encontro Nacional, sendo aprovada uma tese aditiva às teses-guias da Fenaj e uma tese avulsa, além de duas moções. Na sequência, foram eleitos delegados que representarão o Rio Grande do Sul no encontro nacional. Profissionais de comunicação lotaram o auditório do City Hotel nos dias do evento

Social media Marcel Bely interagiu com o público em sua palestra na manhã de sábado

Termina no próximo dia 30 de ou-tubro o prazo para jornalistas e es-tudantes gaúchos inscreverem seus trabalhos no Prêmio SERGS de Jor-nalismo. Desenvolvido pelo Sindica-to dos Enfermeiros no Estado do Rio Grande do Sul em parceria com o Sin-dicato dos Jornalistas Profissionais do RS, o prêmio busca dar maior visibili-dade às atuais condições de trabalho de enfermeiros e enfermeiras.

A premiação tem abrangência estadual e serão avaliadas matérias jornalísticas profissionais e acadê-micas que contemplem temas como pioneirismo e iniciativas inovadoras no trabalho dos profissionais, ex-posição à violência no ambiente de trabalho, entre outros. A inscrição é

Encontram-se abertas as ins-crições para uma nova turma do Curso Básico de Português, mi-nistrado pelo professor Landro Oviedo aos fins de semana. Os inscritos recebem apostila e ma-terial didático. Destina-se a ins-critos em concursos públicos, ves-

tibulares e aperfeiçoamento. Com gramática, textos e noções de re-dação, inclui também a reforma ortográfica. Contatos e inscrições pelo telefone (51) 4100-0040 ou pelo e-mail [email protected]. Sindicalizados recebem desconto especial.

Os 73 anos de fundação do Sindi-cato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul serão comemora-dos no próximo dia 26 de setembro com um jantar seguido de show. O en-contro será a partir das 19h no Salão de Festas do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre (Rua General Câma-ra, 424, Centro). A animação será de

Rosa Franco e Banda e os ingressos podem ser adquiridos na sede da enti-dade, nas delegacias regionais ou por intermédio de algum dos diretores da entidade. O preço é o mesmo do ano anterior, sendo R$ 25,00 para sócios em dia e R$ 30,00 para não sócios. Para casais, havendo um associado, o custo é de R$ 50,00.

gratuita e efetuada mediante preen-chimento de formulário disponível no site do www.sergs.org.br, acom-panhado do arquivo digital do res-pectivo trabalho.

Aniversário da entidade será comemorado em 26 de setembro

Fotos: luiz avila/siNDJors

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CONCeSSÕeS De rÁDIO e De TeleVISÃO

Falta de regramento leva à formação de oligopÓlioS nA ComuniCAçãoNo Brasil é proibida a formação de monopólio e oligopólio dos meios de comunicação. A definição está no parágrafo 5º do artigo 220 da Constituição Federal, que também define, no artigo 221, critérios a serem adotados na produção e programação das emissoras de rádio e televisão. Contudo, estes artigos não foram regulamentados, bem

como os demais contidos no Capítulo V da Carta Magna, que trata da Comunicação Social.Mesmo com os limites para a propriedade de emissoras de radiodifusão já tendo sido estabelecidos durante o período da ditadura militar, a partir do Decreto-Lei nº 236/1967, que modifica o Código Brasileiro de Telecomunicações

(1962), não há definição do que pode ser considerada uma entidade, termo usado no texto para determinar os parâmetros para a concessão dos serviços. Sem regras que também definam o que é oligopólio neste setor, a propriedade de veículos de comunicação em diferentes segmentos acaba concentrada nas mãos de poucos grupos.

A regulação econômica dos meios de comunicação é uma realidade em muitos países democráticos, como Inglaterra e Estados Unidos, por exemplo. Recentemente, a Argenti-na aprovou a Lei da Mídia, ou Ley de Medios, uma legislação que prevê a regulação dos serviços de comunica-ção audiovisual no país, de maneira a coibir e limita a formação de oli-gopólios e incluir medidas destina-das a apoiar meios de comunicação para os povos nativos, por exemplo. A lei também determina os níveis mínimos para a difusão de produ-

ção nacional de forma regionalizada. O projeto foi aprovado por ampla maioria dos congressistas na câmara dos deputados e no senado argenti-no.

Para o professor da Escola de Ar-tes e Comunicação da Universidade de São Paulo, Laurindo Leal Filho, ou Lalo, como é conhecido, o avanço conquistado com a Ley de Medios é extraordinário. “É uma ampliação da liberdade de expressão que está sendo gradativamente aplicada”, comenta. “Em seis anos, o audiovisual se multi-plicou dezenas de vezes na Argentina.

Houve expansão do ponto de vista da produção e também do mercado de trabalho”, observa.

A lei tem 166 artigos e quatro fo-ram contestados na justiça pelo Gru-po Clarin. Entre eles, o artigo 161, que estabelece que cada grupo deve ter até 24 licenças de TV à cabo e 10 licenças de serviços abertos (TV aberta, rádios AM e FM). Além disso, a lei define que, caso os titulares das licenças de serviços não atendam ao previsto no prazo estabelecido, elas podem ser transferidas.

Não há, portanto, uma regulação

de qualquer ordem sobre o conteúdo, mas sim a regulamentação de uma ló-gica de mercado, o que, na opinião de Leal Filho, deveria ser feita também no Brasil. “Com a aplicação das cotas regionais, por exemplo, teríamos uma ampliação de mercado de trabalho e empresas na área, semelhante ao que está ocorrendo na Argentina. Mas, como o Congresso não promulga a lei necessária para que se coloque em prática, as produções locais no Brasil estão asfixiadas pelas grandes emis-soras do Rio de Janeiro e São Paulo”, destaca.

Na Argentina, mídias eletrônicas foram regulamen-tadas em 2009

Regulamentação é realidade em outro países

Foto: Divulgação/iNterNet

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Lalo Leal Filho alerta que todas as empresas e iniciativas empresariais no mundo capita-lista, se não tiverem regramen-to do poder público, levam à formação de oligopólio ou até mesmo monopólio. Mais co-nhecido, o monopólio significa que apenas um fornecedor de bem ou serviço é responsável por atender um setor econômi-co, passando assim a controlar o mercado onde opera.

Por sua vez, o oligopólio sig-nifica que são poucos os forne-cedores responsáveis atuando dentro de determinadas par-celas do mercado, como a ali-mentação, transporte e, como é o caso no Brasil, a comunica-ção. Este modelo pode levar à homogeneização do produto ou serviço oferecido, e também de preço. Esta característica pode ter como consequência, ainda, a formação de cartel, situação que

faz com que a lógica se asseme-lhe à praticada no monopólio.

Em sociedades mais avan-çadas existem entidades que estabelecem regras para que o consumidor tenha possibilidade de alternativas e, portanto, não fique dependente de apenas uma marca. Neste sentido, Leal Filho lembra que, se a regra vale para a economia de mercado, tem que valer também para a comunica-ção, quando esta é operada por empresas comerciais.

Contudo, a formação de oligo-pólio na comunicação tem uma agravante em relação aos demais setores de mercado, alerta Leal Filho. “Além de produtos eco-nômicos, são produzidos valores sociais que interferem no modo de vida de grande parcela da po-pulação. A mercadoria não se esgota no seu simples consumo”, destaca. “Daí a exigência ainda maior de controle”, completa.

Em sua dissertação de mestrado, defendida em 2009 no Programa de Pós-Graduação em Comu-nicação e Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)*, o jornalista e pesquisador James Görgen identifica que o setor da comunicação social brasileiro consegue se or-ganizar empresarialmente em diferentes tipos de concentração.

Uma delas é a vertical, que representa os movi-mentos de um mesmo grupo no sentido de garantir o controle de todas as etapas da cadeia de valor para a produção e distribuição de um conteúdo midiáti-co. A outra é a horizontal, que se caracteriza quando

um grupo passa a adquirir empresas em um mesmo segmento de mídia. Outro tipo de concentração é a lateral ou diagonal, que ocorre quando a empresa ingressa em negócios relacionados ao seu, buscando maximizar os lucros.

Com isso, segundo Görgen, ao dominar a produ-ção e distribuição de seus conteúdos, os conglome-rados influenciam comercialmente mesmo aqueles mercados oligopolizados, nos quais atuam com o apoio de um sócio regional. Neste sentido, a pro-priedade direta do mesmo tipo de mídia pode até não ocorrer porque o predomínio está garantido pe-las outras duas formas de concentração praticadas

também pelos grupos filiados.Tal lógica de mercado pode ser prejudicial para

garantir o incentivo à produção regionalizada de conteúdo, porque, conforme identifica Görgen, o modelo vigente leva ao investimento publicitário concentrado. Para ele, o desafio é “conseguir alte-rar ou regulamentar a constituição de forma a des-concentrar o investimento”. Caso isso aconteça, ele prevê uma indução de todo o processo para o surgi-mento de novas cadeiras produtivas.

*Disponível em http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/17166

Produção centralizada gera má distribuição de recursos

As universidades, que, no entendi-mento de Lalo Leal Filho, seriam um ambiente propício para a discussão dos principais temas ligados à comu-nicação, como é o caso da regulamen-tação econômica da mídia, não têm cumprido seu papel. “Pouco a pouco as academias foram também sendo cooptadas pelos meios de comunica-ção e foram perdendo esses espaços de crítica”, observa.

Como a Ley de Medios faz referên-cia a outras legislações nas quais se baseou, o professor a enxerga como uma boa fonte de consulta para os es-

tudantes. “Daria para fazer um curso sobre essa legislação. Infelizmente, as universidades brasileiras não explora-ram isso”, lamenta.

Autor de livros sobre telejornalis-mo como A TV sob controle, a respos-ta da sociedade ao poder da televisão e Atrás das Câmeras, relações entre Es-tado, Cultura e Televisão, o professor critica o caminho tomado na formação de novos jornalistas no Brasil, “restri-ta a técnicas de produção, imagem, enquadramento, esquecendo que tudo isso não surte efeito se não estiver sob legislação democrática”.

Para especialista, academia não estimula formação crítica

Professor da USP, Leal Filho defende que debates sobre a mídia envolvam a sociedade

Com reconhecimento dos avanços, população busca novas conquistas

Concentração da mídia é prejudicial para a sociedade

Apesar das dificuldades observa-das no setor, Lalo Leal Filho acre-dita que há o que comemorar nessa discussão. Um dos avanços demo-cráticos conquistados foi a partilha entre Ministério das Comunicações e Congresso Federal do direito à outorga de concessões públicas para rádio e televisão, garantida pela Constituição Federal de 1988. “O que precisamos agora é melho-rar as formas de representação do Congresso e criar mecanismos que tirem das comissões responsáveis pela concessão e renovação de ou-torgas os parlamentares que tive-rem interesses comerciais ou esti-

verem aliados a essas empresas”, destaca Leal Filho.

Também a aproximação com o a população tira do debate o discur-so único apresentado pelas grandes corporações de mídia. “Há 15 ou 20 anos a discussão era muito restrita e o cidadão comum tinha dificulda-de de entender que a comunicação interfere na vida dele. Hoje tem de-bate com movimentos ligados a mu-lheres, negros, igrejas, entre tantos outros”, observa. “A tendência é que avancemos mais. É importante que a massa crítica seja capaz de sustentar o debate quando ele chegar ao parla-mento”, conclui o professor.

Foto: Divulgação/alsP

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SAúDe

O trabalho pode provocar aciden-tes ou expor o empregado ao desen-volvimento de doenças de forma mais frequente do que se imagina. Elas po-dem ser resultado de um ambiente de serviço ruidoso, lesões por esforços repetitivos e as várias formas de in-toxicação relacionadas à exposição a substâncias químicas presentes nos espaços de trabalho.

Somados a esses fatores, outros males podem desencadear doenças que muitas vezes não são facilmen-te relacionadas à atividade laboral, como estresse ou depressão, por exemplo. Além disso, o trabalho pre-cário, temporário ou terceirizado e sem carteira assinada torna as ati-vidades mais perigosas, deixando o profissional mais exposto a riscos.

Em 2013, foram registrados mais de 717 mil acidentes relacionados ao trabalho no Brasil. Destes, 14 mil re-sultaram em incapacidade permanen-te ao trabalhador e 2.792 levaram o

profissional a óbito. Os dados são do Anuário Estatístico da Previdência So-cial, divulgado em janeiro deste ano.

Do total destes acidentes, 59 mil ocorreram no Rio Grande do Sul, onde 1,1 mil pessoas não puderam retornar ao trabalho e 140 morreram. Contudo, a Previdência registra somente casos envolvendo trabalhadores com car-teira assinada, o que significa que este número pode ser ainda maior.

A saúde é um direito de todos os bra-sileiros, garantido pela Constituição Fe-deral de 1988. Todo cidadão tem acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS), que tem, entre suas responsabilidades, a de prevenir o adoecimento dos trabalha-dores e trabalhadoras por meio de ações de promoção, proteção, prevenção e vi-gilância. Além do SUS, o empregador e as entidades sindicais também são res-ponsáveis por garantir a saúde e a segu-rança de seus profissionais.

Na cartilha para profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS), mate-

rial de divulgação sobre sofrimento e adoecimento psíquico do traba-lhador e da trabalhadora organi-zado por Álvaro Roberto Crespo Merlo, Carla Garcia Bottega e Ka-rine Vanessa Perez, a definição de saúde do profissional é apresentada como “um conjunto de fatores que determinam a qualidade de vida, como as condições adequadas de alimentação, moradia, educação, transporte, lazer e acesso aos bens e serviços essenciais que contribuem para a saúde”.

O entendimento do trabalho como um dos fatores centrais na construção da subjetividade huma-na, conforme explicado na cartilha, afeta a relação de prazer e sofrimen-to que, por sua vez, pode se transfor-mar em adoecimento físico e psíqui-co. O trabalho influencia na saúde e no adoecimento, em primeiro lugar, pelas condições dos ambientes onde ele é realizado. A saúde pode ser agre-

Doença e acidente na pauta dos trabalhadores

O Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) oferece atendimento especializado a vítimas de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho de todo o Estado. O Ambulatório de Doenças do Trabalho foi criado há 27 anos e, de acordo com os responsá-veis pelo serviço, a procura tem dimi-nuído nos últimos anos.

Para a professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Dvora Joveleviths, uma das responsáveis pelo setor, isso não significa que os problemas tenham deixado de ocor-rer. Com o aumento da preocupação e do debate em relação a qualidade de vida no trabalho, as empresas podem estar tentando não expor estas situa-ções. Ao seu lado na coordenação do Ambulatório está o professor titular da Faculdade de Medicina da UFR-GS, Álvaro Roberto Crespo Merlo, um dos fundadores do espaço.

Na sua opinião, não se vai para o trabalho como se vai ao super-mercado ou a um bar com os ami-gos. “Há questões no ambiente de trabalho que influenciam na vida da pessoa e precisamos saber o que representa um risco”, argumenta. O professor defende a importância da prevenção e do tratamento de doenças e acidentes, mas não ape-nas isso. “Reconhecimento é o que constrói a saúde mental do traba-lhador”, destaca Merlo.

Hospital de Porto Alegre oferece atendimento especializado

Ambulatório atende do setor 12 do HCPA

- A primeira consulta é agendada pela Central de Marcação de Consultas do Sistema Único de Saúde (SUS) das secretarias Municipais e Estadual de Saúde;- O encaminhamento deve ser realiza-do para o “Ambulatório de Doenças do Trabalho do HCPA - Zona 12”, para a agenda “Doença do Trabalho”;

- Após o primeiro aten-dimento, o paciente será triado para uma agenda específica de acordo com a indicação;- Pacientes do HCPA em acompanha-mento em outras especialidades podem ser referenciados ao Ambulatório atra-vés de pedido de interconsulta para a agenda “Doenças do Trabalho”.

Como acessar o serviço do Ambulatório de Doenças do Trabalho

dida, também, devido a problemas na relação com seus instrumentos de tra-balho e pelas más condições ergonômi-cas e ambientais, de forma geral.

Saiba como agir em caso de doença ou acidente de trabalho

A notificação de acidentes e doenças do trabalho é um direito assegurado nas legislações trabalhista, previdenciária e sanitária. A prática também facilita a verificação do cumprimento das medidas preventivas por parte do empregador e fornece dados para pesquisas sobre as doenças ocupacionais e acidentes ocorridos com os trabalhadores. Isso facilita a orientação das políticas públicas que visam à diminuição destas ocorrências.

Trabalhador empregado:

- É responsabilidade do empregador co-municar ao INSS, através de Comunica-ção de Acidente do Trabalho (CAT), a doença ou acidente ocorrido no exercício profissional, nas primeiras 24 horas do conhecimento do fato, mesmo quando a situação não exigir afastamento do tra-balho.- Caso o empregador se recuse a emitir a CAT, ela pode ser feita pelo sindicato da categoria, pelo médico que prestou aten-dimento, pelo acidentado ou familiar ou por qualquer autoridade pública.

Todos os trabalhadores, incluindo desempregados ou aposentados:

- Procure os serviços de saúde do SUS do município, o sindicato de sua categoria e/ou os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CRST).- Estes locais devem registrar a ocorrência por meio do Sistema de Informações em Saúde do Trabalhador (SIST), que permite a notificação compulsória dos acidentes e doenças relacionados ao trabalho.

Foto: BruNa FerNaNDa suPtitz/siNDJors

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MArChA DAS MArgArIDAS

Pautas defendidas por lídercamponesa seguem atuais

Resgate histórico da luta sindical no BrasilEm 12 de agosto de 1983, a líder sin-

dical da região do brejo paraibano, Mar-garida Maria Alves, foi assassinada na porta de casa, na frente do marido e do filho. Os mandantes do crime eram usi-neiros e latifundiários da região insatis-feitos com a coragem da camponesa que, à frente da presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, lutava na justiça pela garantia dos direitos de trabalhado-res e trabalhadoras rurais das usinas.

Mas a morte de Margarida não calou as vozes que buscam a garantia de con-dições dignas de emprego e renda para o povo do campo. Passados 32 anos do episódio, a memória da sindicalista se-gue guiando os anseios de trabalhadoras do campo em todo o Brasil, que, desde 2000, se reúnem no mês de agosto para celebrar sua força e união na Marcha das Margaridas.

A homenagem à mulher que empres-ta o nome ao movimento está na manu-tenção e disseminação das causas que moveram o espírito corajoso de Marga-rida Maria Alves nas décadas de 1970 e 1980. Em seu discurso nas comemora-ções pelo Dia do Trabalhador, no ano de sua morte, a líder, que já vinha sofrendo ameaças, sentenciou: “É melhor morrer na luta que morrer de fome”. Reivindicações das mulheres camponesas contemplam as demais categorias e unifica trabalhadores e trabalhadoras

Brasília reúne mulheres na defesa de direitos trabalhistas

A 5ª Marcha das Margaridas começou com a concentração de mulheres de todo o país no Estádio Mané Garrincha e logo ganhou as ruas de Brasília, culminando com o cercamento do Congresso Nacio-nal. No gramado ao centro da Esplanada dos Ministérios, bandeiras e faixas davam o tom da reivindicação de cerca de 70 mil mulheres, numa manifestação em defesa da democracia. A marcha já foi realizada em 2000, 2003, 2007 e 2011.

Promovida pela Confederação Na-cional de Trabalhadores na Agricultu-ra (Contag), com apoio das federações estaduais, sindicatos e associações da área, a marcha é considerada a maior manifestação mundial pelos direitos

das mulheres. O evento deste ano teve como tema Margaridas seguem em Marcha por Desenvolvimento Sus-tentável com Democracia, Justiça, Autonomia, Igualdade e Liberdade. A manifestação também contou com a participação de centrais sindicais e ou-tros movimentos sociais.

“Superou nossas expectativas e dá o recado para o povo brasileiro de que a Marcha das Margaridas está nas ruas em defesa dos interesses de todos”, afirmou a secretária de Mulheres da Contag e coordenadora da marcha, Alessandra Lunas. Segundo ela, a mobilização chega a um momento de maturidade e autocrítica, com saldo

positivo para as margaridas. “Além de ser um marco na história, é nítido o avanço

em 15 anos. É impossível falar nas políticas públi-cas para as mulheres sem falar da Marcha das Margaridas. Ela cria um marco de re-ferência que mostra a

importância e a força da unidade de luta das mu-

lheres”, acrescentou.

Margarida Maria Alves foi a primeira mulher presidenta do Sindicato dos Trabalhadores Ru-rais de Alagoa Grande, na Paraí-ba, e lutou para garantir os direi-tos dos trabalhadores do campo, como registro em carteira de tra-balho, jornada de 8 horas diárias, 13° salário e férias, entre outros.

Mais de 30 anos depois do seu assassinato, as causas defendidas por Margarida seguem guiando o movimento sindical brasileiro, que neste momento se encontra em estado de alerta com a ameaça de perda das conquistas trabalhis-tas anunciadas pelo projeto de lei que regulamenta a terceirização.

Aprovado em abril na Câmara dos Deputados, o PL 4330/2004 está agora no Senado como Pro-jeto de Lei Complementar (PLC) 30/2015. Pelo texto da proposta, qualquer atividade seria passível de terceirização. A redação tam-bém possibilita a criação de sis-temas paralelos de sindicalização, com prejuízo à união de classe e

a liberação da responsabilidade solidária da empresa contratante caso a empresa de terceirização não cumpra as obrigações traba-lhistas.

Conforme já foi apresentado em matérias no Versão dos Jor-nalistas, a terceirização é um mal que também atinge a catego-ria, através de prática conhecida como pejotização. Esta caracte-riza-se por mascarar a relação de emprego quando o gestor sugere que o funcionário (pessoa física) abra uma empresa em seu nome (pessoa jurídica) e passe a emitir nota fiscal pelo serviço prestado.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul reitera sua posição contrária a estas práticas, que representam uma afronta aos trabalhadores e trabalhadoras. A entidade se une às mulheres da Marcha das Mar-garidas pela manutenção do deba-te de pautas que contribuam para o esclarecimento e avanço demo-crático de toda a sociedade.

Foto: José cruz/agêNcia Brasil

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Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Setembro de 20158

CoNVêNioS

PeDrO VAlérIO

O prédio histórico onde está loca-lizada a Delegacia Regional do Sin-dicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS) na cidade de Rio Grande, localizado na Rua dos Andradas, nº 187, com-pletará cem anos em 2016. O lugar é conhecido na cidade por também abrigar a Associação Comercial dos Varejistas, o Sindilojas, o Sicogêne-ros e a Delegacia da Associação Rio-grandense de Imprensa (ARI). Este é um importante exemplo de parceria firmada entre instituições distintas.

É igualmente interessante o caso do jornalista Pedro Artur Neves Valério, de 66 anos, que preside o Sindicato dos Varejistas e é secretário do Sindi-cato dos Jornalistas na delegacia. Ele pode ser considerado um guardião do patrimônio, das palavras, da memória e de um capítulo rico do jornalismo rio-grandino.

A Delegacia do SINDJORS foi fun-dada nesse prédio por João Luiz Va-lério, pai de Pedro. Foi pelas mãos do genitor que o guri inquieto começou na carreira, como empreendedor e como jornalista. Hoje, com tanta tec-nologia, merece que fique registrado o trabalho daqueles que fundaram o jor-nalismo e suas empreitadas para levar adiante a informação.

Pedro Valério, então com 17 anos, trabalhava com o pai, na época re-presentante da Empresa Jornalística Caldas Júnior em Rio Grande. Isso significava gerenciar a parte comer-cial, a produção de notícias, o rece-bimento e a entrega para assinantes e a venda direta do Correio do Povo, Folha da Manhã, Folha da Tarde e Rádio Guaíba. Esse comércio da no-tícia funcionava no estabelecimento Esquina da Sorte, que, além disso, também vendia bilhetes de loteria, jogo do bicho, brinquedos, utilidades domésticas e revistas.

O jornalista recorda da marato-na: “Uma ligação telefônica levava no

DnA de jornalista em Rio grande

Pedro Valério é secretário na delegacia do Sindicato dos Jornalistas em sua cidade, espaço que o pai ajudou a criar

Andréa MullerFoto: Willy césar/siNDJors

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mínimo cinco horas, tinha fila. Nós enviamos as reportagens e as foto-grafias pelo ônibus. Eu mesmo reve-lava. Entrava para dentro do roupei-ro para abrir o filme”. Segundo ele, a tiragem era de 500 jornais diários, e trinta guris cuidavam das entregas aos assinantes. Quando surgia algum acontecimento bombástico, as vendas explodiam. É o caso, por exemplo, de quando um agiota com quem cidade inteira tinha negócios começou a que-brar. Isso fez com que as vendas pulas-sem de 500 para seis mil exemplares, motivando, inclusive, a visita da equi-pe de reportagem de Porto Alegre. Era tanto jornal que não coube no ônibus, e “foi necessário vir uma camionete

extra”, conta Valério.Em 1979 foi encerrado o contrato

com a Caldas Júnior e o guri empre-endedor abriu uma financeira. Em 1988, ingressou como juiz classista na Justiça do Trabalho. Mas o DNA de jornalista nunca sucumbiu. De 1982 a 1991, ele escreveu uma colu-na semanal no jornal Rio Grande, de propriedade do jornalista Daoyz de La Rocha. No ano seguinte, com o fe-chamento desse veículo, foi de mala e cuia para o jornal Agora, onde du-rante dois anos assinou uma coluna de economia e até hoje é titular da coluna “Galho de Urtiga”, um nome propício para quem faz do oficio uma forma de cutucar a sociedade, com

posições firmes e bem sedimentadas na experiência de uma vida inteira. As colunas estão tão bem guardadas por Valério quanto o prédio históri-co. Tudo devidamente encadernado e preservado.

As histórias de Pedro Valério e de seu pai estão diretamente ligadas ao local que abriga as diferentes entida-des, no centro de Rio Grande. O salão que recebe os eventos das institui-ções se chama Jornalista João Luiz Valério. A Associação Comercial dos Varejistas e a Delegacia Regional do Sindicato dos Jornalistas Profissio-nais do RS firmaram um acordo que consagra o trabalho comum entre as duas entidades.