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Versão Publicação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS Rua dos Andradas, 1270/133 - CEP 90.020-008 Ano 24 - Nº 152 - Abril de 2016 - Porto Alegre dos Jornalistas www.jornalistas-rs.org.br Ação no MP cobra realização de concurso público A função do desenho no Jornalismo SINDICATO CHARGE Página 4 LEGISLAÇÃO Projeto do Executivo ameaça fundações Página 3 Página 5 Página 2 Páginas 6 e 7 PERFIL Carlos Wagner: defensor da reportagem DEMOCRACIA Foto: Caco Argemi Jornalistas gaúchos participaram, em Porto Alegre, do ato que reuniu representantes de movimentos sociais no dia 31 de março, em defesa da Constituição

Versão dos Jornalistas 152

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A edição de abril do Versão dos Jornalistas traz na capa e no editorial a participação da entidade nas manifestações em defesa da democracia, do estado de direito e da liberdade de imprensa. Nas matérias, o destaque vai para o alerta em relação ao PL 44/16 do Executivo estadual, que propõe a entrega de instituições públicas ao terceiro setor, o que pode atingir as emissoras de rádio e TV públicas RS - a TVE e a FM Cultura. O jornal traz ainda o perfil com Carlos Wagner, contando sua trajetória como repórter desde quando entrou na profissão até a aposentadoria. Ao final, uma recordação sobre a origem do Versão dos Jornalistas, que neste mês completa 25 anos de publicação. Boa leitura!

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Versão Publicação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RSRua dos Andradas, 1270/133 - CEP 90.020-008Ano 24 - Nº 152 - Abril de 2016 - Porto Alegre

dos Jornalistaswww.jornalistas-rs.org.br

Ação no MP cobra realização de concurso público

A função do desenho no Jornalismo

SINDICATO CHARGE

Página 4

LEGISLAÇÃO

Projeto do Executivo ameaça fundações

Página 3 Página 5

Página 2

Páginas 6 e 7

PERFIL

Carlos Wagner:defensor da reportagem

DEMOCRACIA

Foto: Caco Argemi

Jornalistas gaúchos participaram, em Porto Alegre, do ato que reuniu representantes de movimentos sociais no dia 31 de março, em defesa da Constituição

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Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Abril de 20162

Versão dos Jornalistas é uma publicação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS). Rua dos Andradas, 1270/133 – Centro Histórico – Porto Alegre, RS – CEP 90020-008Fones: (51) 3226-0664 - www.jornalistas-rs.org - [email protected]

Edição: Jorge CorreaEdição executiva e reportagem: Bruna Fernanda SuptitzEdição de Fotografia: Robinson Luiz EstrásulasDiagramação: Luís Gustavo Schuwartsman Van OndheusdenImpressão: Gráfica PioneiroTiragem: 3 mil exemplares

Diretoria ExecutivaPresidente - Milton Simas1º Vice Presidente - Luiz Armando Vaz2ª Vice Presidenta - Vera Daisy Barcellos1º Secretário – Ludwig Larré2ª Secretária – Márcia de Lima Carvalho1º Tesoureiro – Robinson Luiz Estrásulas2º Tesoureiro - Renato BohuschSuplentes - José Maria Rodrigues Nunes e Luiz Salvador Machado Tadeo

Diretoria GeralCelso Antonio Sgorla, Fernando Marinho Tolio, Carlos Alberto Machado Goulart, Cláudio Fachel Dias, Elson Sempé Pedroso, Mauro Roberto Lopes Saraiva Junior, Léo Flores Vieira Nuñez, Alan da Silva Bastos, Jeanice Dias Ramos, Jorge Luiz Correa da Silva, Márcia Fernanda Peçanha Martins, Ana Rita Marini, Clarissa Leite Colares, Neusa Nunes, Pedro Luiz da Silveira Osório

Conselho FiscalCelso Augusto Schröder, José Carlos de Oliveira Torves, Antonio Eurico Ziglioli Barcellos, Adroaldo Bauer Spindola Correa, Cláudio Garcia Machado

Comissão de ÉticaAntônio Silveira Goulart, Antônio Carlos Hohlfeldt, Carlos Henrique Esquivei Bastos, Cristiane Finger Costa, Flávio Antônio Camargo Porcello, José Antônio Dios Vieira da Cunha, Celestino Meneghini, Edelberto Behs, Sandra de Fátima Batista de Deus, Marcos Emilio Santuário, Moisés dos Santos Mendes

Versãodos Jornalistas

Filiado:

EDITORIAL

É importante alertarmos para a gravidade do mo-mento político que o País está vivenciando. A iminên-cia de um golpe de Estado travestido de impeachment vai comprometer de maneira grave a ainda frágil de-mocracia brasileira. Por isso, conclamamos todos a defender a democracia, a justiça e o Estado de Direito.

Não se fortalece a democracia desrespeitando-se as regras democráticas. Não se faz justiça com justi-çamento. Não se avança em conquistas sociais com desrespeito às garantias individuais previstas no Es-tado de Direito. Não se supera crise econômica com o acirramento de uma crise política forjada pelos derro-tados nas urnas. Não se constitui cidadania com ma-nipulação das informações e linchamentos midiáticos.

Reafirmamos nossa posição de defesa das liber-dades de expressão e de imprensa e, mais uma vez, condenamos os veículos de comunicação que, dei-xando de lado a importante missão de informar a sociedade brasileira, têm assumido claramente o papel de opositores do governo federal e de defen-sores do golpe. Essa foi a mesma posição de parte

da imprensa brasileira no golpe de 1964. Algumas empresas chegaram a pedir desculpas pelo erro co-metido, mas voltam a cometê-lo. Certamente, terão de se explicar perante a história.

É inadmissível que a imprensa abdique de levar informação de qualidade à sociedade, investigan-do e reportando fatos. A imprensa não pode servir de instrumento político para quem quer que seja e muito menos reproduzir acriticamente versões, va-zamentos seletivos e opiniões favoráveis aos propó-sitos dos golpistas.

Igualmente, para fortalecer a democracia, o Poder Judiciário não pode abrir mão dos princípios da Jus-tiça. O caráter midiático da Operação Lava Jato e os excessos cometidos evidenciam que o Judiciário está sendo utilizado como instrumento do golpe de Estado. O Supremo Tribunal Federal (STF), como instância máxima da Justiça brasileira, deve assumir o papel de salvaguardar a imparcialidade que a Justiça re-quer. Juízes devem agir como magistrados e não como agentes políticos; devem falar nos autos e não incitar a

população contra quem quer que seja.Um grupo de parlamentares é ator central no golpe

em andamento e que, se esse grupo tiver êxito, a de-mocracia brasileira continuará corrompida. Não po-demos entregar o país nas mãos de conspiradores ou de políticos denunciados por vários crimes. A socieda-de brasileira não pode aceitar a injustiça da condena-ção da presidenta da República por políticos que prati-caram os atos ilícitos. Não há nenhuma comprovação de crime por parte de Dilma Rousseff e impeachment sem base jurídica, motivado por razões oportunistas e revanchistas, é golpe.

Por isso, conclamamos os jornalistas e todos os ci-dadãos brasileiros a resistir e lutar pela democracia, pela justiça e pela liberdade. Não aceitaremos golpes!

Diretoria da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ)

eDiretoria do Sindicato dos Jornalistas

Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS)

A defesa da democracia, da justiça e do estado de direito

Sindicato dos Jornalistas, cumprindo sua função social, mobilizou representantes no ato do dia 31 de março, na Esquina Democrática em Porto Alegre

Foto: Cristiano Campos Nunes

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Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Abril de 2016 3

SINDICATO

Há 16 anos não é realizado concurso público para a função de jornalista na Prefeitura de Porto Alegre. A falta de atenção por parte dos gestores do Exe-cutivo municipal gera uma lacuna no quadro de funcionários da administra-ção direta para o cargo de Técnico em Comunicação Social: das 81 vagas exis-tentes, somente 30 estão preenchidas por servidores de carreira.

Mesmo com as reiteradas manifesta-ções realizadas pelo Sindicato dos Jor-nalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS) e pela Associação dos Profissionais de Comunicação Social da Prefeitura de Porto Alegre (Asscom-Poa), alertando para os riscos do atual arranjo da comunicação pública na ges-

tão municipal, não se observa interesse na resolução desta demanda.

Com a defasagem de profissionais de carreira, as vagas são preenchidas por funcionários com Cargo em Comissão (CCs) - atualmente, mais de 80 exercem estas atividades, sendo, em muitos ca-sos, o único responsável pela comunica-ção do setor.

No dia 29 de março, o SINDJORS protocolou no Ministério Público Esta-dual representação contra a Prefeitura de Porto Alegre, cobrando a realização do concurso e pedindo que o MP acione o Executivo para que tome as medidas cabíveis. Acompanharam o presidente do Sindicato dos Jornalistas, Milton Si-mas, as servidoras municipais Rita Bec-

Representação no MPexige concurso para aPrefeitura de Porto Alegre

Presidente do SINDJORS e representantes da AsscomPoa estiveram no MP

Foto: Márcia Martins Maia

co, Cristine Rochol e Márcia Martins Maia.

Na oportunidade, Simas reiterou a defesa da entidade pela realização do concurso público e em favor da função do comunicador de carreira para o bom desempenho das atividades e preserva-ção da memória da cidade. “Não somos

contrários aos detentores de cargo em comissão, nomeados para atuar junto a um projeto político. Acreditamos, sim, que os dois perfis de comunicadores de-vam atuar em conjunto, em prol da co-munidade. Não podemos admitir como normal a defasagem de profissionais concursados”, reitera o dirigente.

Demissões preocupam o Sindicato e a categoriaA demissão de jornalistas entre os meses de fe-

vereiro e março deste ano preocupa o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS) e a toda a categoria. Sem diálogo com os profissionais sobre a motivação das dispensas, as empresas mostram desrespeito com os funcionários e descaso com a comunicação.

No jornal O Sul, do grupo Pampa de Comunicação, pelo menos 13 jornalistas, entre repórteres, editores e diagramadores, foram dispensados. De acordo com estes profissionais, o primeiro sinal de instabilidade atingiu a redação quando, no ano passado, a publi-cação deixou de ser impressa, passando a circular so-mente por meio online.

Após a realização de um programa de Pedido de Demissão Voluntária (PDV), ainda em 2015, que não conquistou grande adesão por parte dos funcioná-

rios, a empresa utilizou uma estratégia que preocupa e revolta os profissionais: demitiu por justa causa, alegando uso indevido da internet no horário de tra-balho. Diante da negativa dos jornalistas em assinar o termo, a empresa ofereceu, como alternativa, a adesão ao PDV. Segundo relatos, muitos se sentiram coagidos a aceitar o pedido, com medo de perda dos direitos conquistados no período de trabalho.

Outras demissões também foram registradas nas redações da RBS TV no interior do Estado. O anúncio foi feito no mesmo dia que a emissora divulgou o seu novo projeto para o Jornal do Almoço, o JA Ideias, que consiste na realização de debates sobre temas variados no estúdio do programa, dispensando parte do trabalho de repórteres na rua. No fim do ano pas-sado, a emissora já havia promovido demissões, com a extinção do bloco local do RBS Notícias no interior.

Entidades sindicais e grupos do movimento negro no Estado promo-veram uma manifestação alusiva ao Dia Internacional de Luta pela Elimi-

nação da Discriminação Racial em 21 de março. O ato ocorreu na Esquina Democrática, no centro de Porto Ale-gre com o tema “Somos todos iguais,

CEEE também sofre com demissõesAlegando falta de recursos, o Grupo CEEE

(Companhia Estadual de Energia Elétrica) tam-bém está praticando demissões que atingem de-zenas de trabalhadores, entre estes jornalistas. Contudo, a solução para reduzir gastos de ime-diato pode vir a ser onerosa para o Estado, ten-do em vista que a atitude dos gestores resultará em um grande passivo trabalhista.

O SINDJORS acompanhou as reuniões de negociação da empresa com os funcionários e seus sindicatos representativos, e se coloca à disposição para atendimento e orientação da-queles que venham a ser prejudicados com as medidas adotadas pela CEEE.

Ato combate discriminação racial na Esquina Democráticasem censura, sem racismo, sem vio-lência. Contra o golpe, pela democra-cia e a garantia de direitos”.

Em sua fala, o presidente do Sin-dicato dos Jornalistas Profissionais do RS, Milton Simas, lembrou o caso de discriminação racial que aconte-ceu durante o Fórum Social Temáti-co (FST), em janeiro deste ano. Sob a alegação de “atitude suspeita”, a Brigada Militar abordou o professor pernambucano Paulo Sérgio Medei-ros Barbosa, no Parque da Redenção, impedindo a sua passagem em direção ao Auditório Araújo Viana, onde mi-nistraria a sua palestra.

A segunda vice-presidenta do SIND-JORS, Vera Daisy Barcellos, também esteve presente no ato. Militante do movimento negro, ela chamou aten-ção para o fato de a população negra

ser mais da metade do país e continuar sendo discriminada. “Tivemos alguns avanços nos últimos anos, mas preci-samos muito mais. As mulheres negras são a parcela da população com os sa-lários mais baixos”, destacou.

Origem da dataO Dia Internacional de Luta pela

Eliminação da Discriminação Racial foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em referência ao Mas-sacre de Sharpeville. Em 21 de março de 1960, em Joanesburgo, na África do Sul, 20 mil pessoas faziam um protes-to contra a Lei do Passe, que obrigava a população negra a portar um cartão que continha os locais onde era permi-tida sua circulação. A polícia abriu fogo sobre a multidão desarmada, resultan-do em 69 mortos e 186 feridos.Vera Daisy chamou atenção para baixos salários das mulheres negras no Brasil

Foto: Renata Machado/Imprensa CUT-RS

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LEGISLAÇÃO

MEMÓRIA

Em mais uma medida que visa pro-mover o esvaziamento do Estado como ente responsável pela execução de ser-viços públicos, o governador José Ivo Sartori enviou à Assembleia Legislativa o Projeto de Lei (PL) 44/2016, que trata das organizações sociais.

Em sua justificativa, o projeto afirma que “o Poder Executivo poderá qualificar como organizações sociais pessoas jurí-dicas de direito privado, sem fins lucra-tivos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desen-volvimento tecnológico, à gestão, prote-ção e preservação do meio ambiente, à ação social, ao esporte, à saúde e à cultu-ra, atendidos determinados requisitos”.

Na teoria, seria como buscar no ter-ceiro setor auxílio para a gestão de ser-viços sociais e atividades de relevância pública, tais quais as áreas elencadas na redação do PL. Na prática, contudo, tra-ta-se de uma maneira que o Estado en-controu de se eximir da execução direta destas atividades por meio da realização de parcerias com o setor privado.

Projeto mascara tentativa de privatizaçãoNo primeiro ano de seu mandato, sob

alegação de “otimizar a máquina públi-ca”, Sartori encaminhou ao parlamento a proposta de extinção da Fundação Es-tadual de Produção e Pesquisa em Saúde (Fepps), da Fundação Zoobotânica e da Fundação de Esporte e Lazer (Funder-gs), tendo êxito com a última. O mesmo

A História Contemporânea do Brasil se confunde com a vida política do gaú-cho Leonel de Moura Brizola, falecido em 2004. A maioria dos conterrâneos do ex-prefeito de Porto Alegre e gover-nador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro conhece a trajetória do político que muitos consideram mito, herói e outros adjetivos similares. A prova de sua importância foi demonstrada no dia 30 de março no Museu de Comuni-cação Hipólito José da Costa, que exi-biu o documentário Brizola – tempos de luta, de 2007 e dirigido pelo jorna-lista, escritor e cineasta Tabajara Ruas.

A projeção do longa, seguida de de-bate, foi carregada de emoção em fun-ção das lembranças de um passado recente - que conduziu o país a uma ditadura civil-militar de 21 anos - e do momento político vivido pelo país, muito semelhante com o da véspera do golpe de 1964. O filme retrata a trajetó-ria do político e sua participação como

protagonista de um período superior a meio século. A comoção na sala de pro-jeção foi ainda maior porque na plateia estavam sentados, lado a lado, duas testemunhas das ações de Brizola: os jornalistas bCarlos Bastos e Flávio Ta-vares. Mais tarde, eles debateram com a mestra em História pela UFRGS Gra-ziane Righi e com o historiador Claus Farina, do Musecom.

Foi o momento em que a história de Brizola se misturou com a do jornal Última Hora, cuja exposição de fotos terminou no dia 1º de abril no Mu-secom. Tanto Bastos, Tavares e João Borges de Souza, que também esta-va no evento, trabalharam no jornal que foi o único a apoiar o presidente deposto João Goulart. “Se comparar-mos com a mídia de hoje, podemos dizer que o UH não funcionava à base de uma caixa registradora”, observou Bastos. “O Samuel Wainer, dono do jornal tinha uma clarividência enor-

Governo pode entregar instituições públicas ao terceiro setor

não aconteceu com as outras duas insti-tuições graças à mobilização de servido-res e da sociedade.

Contudo, o caráter amplo do projeto permitiria ao Estado passar qualquer instituição cujo serviço esteja contem-plado nas áreas referenciadas pelo tex-to à organizações sociais. Entre os pos-síveis atingidos podemos citar, além das fundações que já se tentou extin-ção, a Fundação Piratini, gestora das emissoras públicas de televisão e rádio do Estado do Rio Grande do Sul - TVE e FM Cultura.

Para chegar à entrega da gestão às organizações sociais, é preciso cumprir duas etapas. A primeira é a aprovação do PL 44 e a segunda é um novo projeto

de extinção para cada fundação que se pretenda delegar ao terceiro setor.

No caso da Fundação Piratini, além da perda do caráter de emissoras públi-cas de comunicação, a entrega do servi-ço às organizações sociais implicaria na demissão automática de todos os funcio-nários que hoje fazem parte do quadro funcional, sejam eles concursados ou co-missionados.

O advogado trabalhista Antonio Es-costeguy Castro alerta que, tendo em vista o caráter celetista do contrato de trabalho, mesmo no caso dos concursa-dos, o Estado se exime da responsabili-dade de manter e realocar o funcionário a outro posto de trabalho.

A Consolidação das Leis do Trabalho

(CLT) prevê que, ocorrendo a extinção da empresa, é assegurada ao trabalhador prejudicado uma indenização. Conside-rando o risco já adotado pelo governo do Estado em demitir os funcionários da CEEE (ver informação na página 3 des-te jornal), resta imaginar que a gestão prefere gastar com passivos trabalhistas a investir na manutenção e qualificação da entidades que representa.

Abaixo-assinado tem apoio da sociedade e do sindicatoOs funcionários da Fundação Piratini

organizaram um abaixo-assinado virtu-al contra a possibilidade de extinção da instituição e entrega das suas atividades ao terceiro setor. O arquivo é virtual e público e serve de alerta para a sociedade sobre a pretensão do governo estadual.

Essa também é uma maneira de mostrar aos parlamentares que a co-munidade está organizada a atenta aos interesses de cada deputado e espera contar com o apoio da casa legislativa para que o projeto das organizações so-ciais não avance.

No site do Sindicato dos Jornalis-tas Profissionais do Rio Grande do Sul (www.jornalistas-rs.org.br) está dispo-nível o link para adesão à campanha.

O PL 44 faz parte de um pacote com nove projetos entregues à Assembleia Legislativa em 25 de fevereiro de 2016. Até o fechamento desta edição, o projeto não havia sido avaliado pela Comissão de Constituição e Justiça do legislativo.

TVE e FM Cultura poderão ser afetadas caso o Projeto de Lei 44 seja aprovado

A história e seus protagonistas no Musecom

me. Ele foi derrotado, mas resistiu até o fim”, completou Tavares.

Com relação ao filme, Graziane o considera muito didático, dono de um rico acervo de imagens e de uma bela trilha. “O autor mostrou o Brizola mito e íntegro. Conduz à emoção, indepen-dente do pensamento político de quem o vê”, destacou. E chamou atenção para um dos grandes momentos do docu-mentário, quando Brizola, difamado pela Globo, conseguiu direito de res-posta no Jornal Nacional, depois de

longa batalha judicial. O apresentador Cid Moreira leu a carta de Brizola - na verdade, um forte ataque ao papel da emissora – de forma sisuda e encar-nando a derrota da emissora. “Isso é história e está registrado para sempre. Mas mostra a importância do Brizola”, ressaltou a historiadora.

O diretor do museu, Yuri Victorino, saudou a oportunidade de exibir um fil-me de tanta importância e reunir pro-tagonistas daquele período da história brasileira.

Jornalistas e historiadores debateram relação entre o passado e o presente

Foto: Leandro Osório / Especial Palácio Piratini

Foto: Jorge Correa

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OPINIÃO NO JORNALISMO

CHARGEA charge é a forma mais jornalística do dese-

nho de humor, define Edgar Vasques, que consi-dera este tipo de linguagem atraente. “Ela revela a opinião do chargista fazendo rir. Toda informação com humor traz prazer”, defende. Conhecido desde a década de 1970 através do personagem Rango, um dos símbolos da resistência à ditadura, Vas-ques entende que, assim como todo discurso com apelo emocional, a charge gera uma contrapartida. “Isso é normal. O problema é quando as reações negativas resultam em situação de censura, cerce-amento”, pondera.

Uma ameaça ao trabalho do jornalista Augus-to Bier, em agosto do ano passado, exemplifica esse ponto de vista. Hoje trabalhando para o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancá-rios), com a produção diária de charges sobre temas que afetam a comunidade gaúcha e os servidores pú-blicos, a ameaça aconteceu na tentativa de inibir as críticas ao governador José Ivo Sartori.

“Recebi um telefonema à noite no número resi-dencial. Uma voz que não se identificou me disse para parar de fazer piada desrespeitosa com o governador senão eles iam estragar meu instrumento de traba-

lho, iam quebrar meus braços”, conta. Bier registrou queixa, fez ampla divulgação do fato e acredita que isso tenha ajudado para que não fosse mais alvo.

“A ameaça em si já é uma agressão”, avalia, ao observar que sua rotina precisou ser alterada para evitar muita exposição. Mesmo assim, não deixou de produzir o mesmo trabalho de antes.

Charge é a conclusão do autorO desenho no Jornalismo tem conexão com a in-

formação mais próxima do leitor, com assuntos do dia ou semana e com vínculo geralmente local. “Ao mesmo tempo em que estabelece esta relação com a informação, não tem compromisso com a isenção”, avalia o jornalista e professor do curso de Jornalismo da Famecos, Juan Domingues, para quem “a charge é a conclusão do autor”.

Na opinião de Neltair Abreu, mais conhecido como Santiago, o humor ‘fisga’ o leitor. “A pessoa vai se divertir e acaba pensando”, define. Por isso a res-ponsabilidade é “saber que está sendo vista e apreen-dida por uma gama muito grande de pessoas”.

Contudo, o fácil acesso ao conteúdo não garante o seu entendimento. Santiago lembra que a leitura

do desenho exige uma bagagem de informação sobre aquele assunto. E, mesmo sendo a charge limitada em tamanho, ele acredita que “levantar o tema é mui-to importante".

Função de riscoPara Augusto Bier, que foi preso e interrogado

ainda menor de idade, durante o regime militar no Brasil, o papel do chargista é de provocar o riso so-bre as dores das causas sociais. “A charge serve como material histórico. Tem coisas que não são escritas nos livros de história, mas que através do desenho se consegue transmitir”, defende.

Dependendo do trabalho apresentado, na opi-nião de Juan Domingues, a pessoa não precisa nem saber ler para conseguir entender o que está sendo dito. “Por isso, nos primórdios, os chargis-tas eram os mais perseguidos pelos governos dita-toriais”, lembra.

Para Santiago, nos dias de hoje mudaram os ato-res, mas não a situação. Duplamente indesejado pelo patrão, pois precisa receber um salário e ter indepen-dência editorial, muitas vezes o chargista é, na sua opinião, mais visado hoje do que antigamente.

O P A P E L H I S T Ó R I C O E S O C I A L D A

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PERFIL

O repórter é a joia da coroa do jornalismo

“Lá convivi com grandes nomes do jornalismo da época”, recorda, citando os colegas de profissão André Pereira, Caco Barcelos, Humberto Andretta (Be-tão), Luiz Cláudio Cunha, Elmar Bones e José Antonio Vieira da Cunha, entre outros. Atribui a Pereira o crédito por tê-lo iniciado na profissão. No jornal O Interior, da Fecotrigo, conquistou seu primeiro emprego, ainda antes de se formar. Wagner também fez trabalhos como freelancer e, já com o diploma em mãos, entrou para a equipe de reporta-gem da Zero Hora, onde ficou por 31 anos, até a aposentadoria em 2014.

No início da carreira, Carlos Wag-ner decidiu que sempre seria repórter,

Conhecer a rotina de trabalho no Jornalismo levou Carlos Alberto Wagner a trocar o curso de Letras pelo de Comunicação Social na UFRGS. A experiência vem dos três anos trabalhando como um ‘faz tudo’ na redação do Coojornal, periódico editado pela Cooperativa de Jornalistas de Porto Alegre, responsável por reportagens alternativas, de cunho político e social. Isso aconteceu no fim dos anos 1970.

Wagner tem o destemor imprescindível para o

repórter que investiga, fuçando no lixo, se preciso

for. Não vacila diante da rudeza de uma bola

dividida, por conta de usa própria trajetória pessoal,

com dificuldades vencidas até o relativamente tardio ingresso no jornalismo, o

que só comprova sua vocação insuprimível.

Foi inspirador, para mim, pela inquietude, pela

curiosidade inconformista e pela iniciativa permanente

de sugerir pautas, sem se resignar aos temas editoriais prontos dos

editores de ZH. Com sua precoce

aposentadoria da redação de ZH perdem o jornal, os leitores, os jovens

jornalistas cada vez com menos referências de ética

profissional e o próprio jornalismo, carente de verdadeiros repórteres.

André Pereira, trabalhou com Carlos Wagner nos jornais O Interior e Zero Hora.

Atualmente é assessor de imprensa do deputado es-

tadual Adão Villaverde (PT)

Boneco da sorte compõe escritório de Carlos Wager, onde mantinha co ritual de cumprimentá-lo sempre antes de sair

função de quem apura as informações e as transforma em texto. "O nome de quem fica para a história é o de quem escreveu a matéria", diz, em defesa do seu trabalho. E esse legado ele deixa através das diversas premiações con-quistadas ao longo da careira.

O primeiro reconhecimento veio em 1984, logo no seu primeiro ano na Zero Hora, em trabalho realizado com o ami-go André Pereira. Com a reportagem “Clandestinos”, eles conquistaram o Prêmio Esso Regional Sul daquele ano.

A partir de então, foram mais de 30 tí-tulos acumulados ao longo da carreira, os quais colocam Wagner na lista dos 10 jornalistas mais premiados no Brasil em todos os tempos.

Orgulhoso pelas conquistas, resultado do trabalho em reportagens especiais, ele lembra que é a rotina que apresenta ao jornalista grandes fontes para as maté-rias, momento em que o profissional tem a oportunidade de formar a sua própria rede de contatos. "Se o repórter sai do dia a dia entra em decadência", destaca.

Foto: Robinson Estrásulas

Reprodução Zero Hora

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Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Abril de 2016 7

O Wagner faz muita falta na redação. Sinto saudade daquelas gargalhadas que ecoavam entre as editorias e daquela energia contagiante com que ele chegava para trabalhar todas as manhãs, sempre com seu mantra peculiar que divertia os mais velhos e espantava os recém-chegados:“Pau duríssimo! Pau duríssimo!” Por todo esse entusiasmo pela profissão o Wagner foi e continua sendo uma referência para repórteres de todas as gerações. Não só pelos prêmios que acumulou, pela experiência e pelas reportagens de relevância que produziu em sua trajetória, mas principalmente por compartilhar cotidianamente conosco a sua convicção de que ser repórter é a melhor coisa do mundo. E que lugar de repórter é na estrada, sempre.

Assumir erro é importante para manter credibilidade

Parcerias que impulsionam a carreira

Carlos Wagner usou de estratégias para construir sua carreira como repórter especial. Uma delas foi o aperfeiçoamento em áreas pe-las quais pudesse se tornar conhecido. No co-meço da carreira dedicava seu trabalho a temas vinculados a conflitos agrários e retomada de terras por indígenas. Mais tarde passou a se es-pecializar em crimes de fronteiras e migração.

Uma dica para obter sucesso na reportagem é apostar na parceria com colegas mais expe-rientes, assim como o trabalho em conjunto com jornalistas de outras áreas. Unidos, conta, fica mais fácil argumentar com os editores em defesa de uma pauta.

Além destes caminhos, Wagner contou com a ajuda de um amuleto da sorte, ao qual conta sempre ter sido fiel. O boneco artesanal que carrega um rádio e uma sacola nas costas foi presente de um entrevistado boliviano. A orientação que o acompanhou era de cumpri-mentá-lo sempre que fosse sair para realizar um trabalho. Isso foi logo que entrou em Zero Hora e, durante os 30 anos seguintes, cum-priu-se o ritual.

Para encerrar a conversa, Carlos Wagner pede para deixar um alerta: “cabe aos mais velhos mostrar para a nova geração que vale a pena ser repórter. É a melhor atividade do mundo. Não vamos deixar os burocratas es-tragarem isso”.

"Todo repórter nunca tem mo-mento marcante no passado, mas no que vai acontecer", profere Car-los Wagner. Essa é a resposta sobre o que considera o principal desta-que da sua carreira. Ele defende que alma da profissão é o inesperado e então devolve outra pergunta: “qual é o significado literal de inespera-do?” Questiona esperando resposta e concorda que é aquilo que se não se espera, que foge ao comum.

"Repórter sempre acredita que vai descobrir coisa nova, que ainda não viveu o melhor", se empolga. Nesse momento da entrevista, Wagner sai da sala e, sem interromper a conver-sa, vai até o escritório. De lá volta com um grande dicionário Aurélio e pede para se seguir o assunto enquanto procura por uma palavra. Quando encontrou, satisfeito com o que leu, disse querer apenas confirmar se es-tava falando aquilo que pretendia.

Questionado sobre a procura, informou que era o significado de inesperado, palavra da qual instigou a definição. “É coisa de virginiano”, brinca, e diz que sempre recorre ao “amansa burro” para não deixar pas-

sar nenhuma dúvida. "É fundamental não ter vergonha de checar, de dizer ao entrevistado 'não entendi nada, me diz tudo de novo'", ensina.

Mesmo assim, caso cometa um erro, Wagner defende a importância de admitir, mesmo que se coloque o emprego em risco. "Isso se consegue de novo, mas a reputação não", aler-ta. Aqui, o repórter comenta uma si-tuação na qual defendeu a publicação de errata para um erro que cometeu, o qual define como 'mortal'.

Na série de reportagens de-nunciando os agentes do jogo do bicho no estado, no início dos anos 1990, foi divulgado o contato de onde seriam feitos os jogos. Porém, o número que saiu na matéria estava errado, coincidindo com um telefone residencial.

Quando defendeu que se infor-masse o erro na edição seguinte, en-controu resistência, sob o argumen-to de que todo o conteúdo divulgado poderia ser questionado. "Disseram que isso poderia levar ao debate de que, se errei um número, quantas coisas mais não teria errado? Mes-mo assim, assumi o risco", lembra.

Falta de incentivo desestimula jovens profissionais

"Ser repórter é ser especial. Nunca mais se vê as coisas como uma pessoa normal", avalia Wag-ner quando questionado o que tanto o atrai nesta função. Para explicar sua visão, ele cita um caso envolvendo Betão, na época chefe de reportagem da editoria de Ge-ral da Zero Hora.

"Era meio da tarde e a redação estava agitada, quando entrou um cara que foi até o Betão e disse que era um ET. O jornalista então disse que era para ele pegar o disco voa-dor e ir dar entrevista na televisão. Quando ele saiu, o pessoal da repor-tagem questionou: e se fosse mesmo um ET?", conta, rindo com a lem-brança. Isso porque, no seu entendi-mento, "a ferramenta básica de um repórter é a desconfiança".

Aos 65 anos, dividindo seu tem-po entre ministrar palestras e es-crever sua primeira obra de ficção, tem conseguido ler jornais e revis-tas. Com isso, faz uma constatação: o jornalista escreve para ninguém. "Qual a grande novidade do notici-

ário hoje? São matérias sem urgên-cia, não tem novidade", lamenta.

Aqui, Wagner chama atenção de que a crítica não é feita aos cole-gas de profissão, mas às empresas. "Vejo na nova geração sangue nos olhos, vontade de acertar e coragem para fazer. Mas, quando entram na profissão, esbarram em baixos sa-lários", analisa. "Os donos de jornal estão matando a joia da coroa, que é o repórter. É como rasgar dinheiro", complementa.

Para ele, faz parte da função do repórter pensar e relacionar assun-tos. Contudo, falta tempo e incen-tivo para isso. "Hoje as redações privilegiam atividades burocráticas, cujos profissionais que ganham mais que o repórter. Está errado, pois é o repórter que vai para a rua, que faz a matéria. Com isso a mídia tradicional está minguando", en-tende. Wagner avalia que a falta de investimento em pessoal tem como efeito colateral o desencanto dos jo-vens. "Os empresários estão dando tiro no pé", conclui.

Letícia Duarte,trabalhou com Carlos Wagner na editoria de Geral de Zero Hora. Hoje é repórter especial no jornal

Atualmente Wagner ministra palestras e está escrevendo seu primeiro romance

Foto: Robinson Estrásulas

Reprodução Zero Hora

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Versão dos Jornalistas - Rio Grande do Sul - Abril de 20168

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A ideia era editar um jornal sob responsabilidade do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul. A proposta pretendia criar um espaço democrático onde os profissionais pudessem contar sua versão para os fatos que cobriam, mas que nem sempre apareciam na redação final das matérias publicadas nos grandes veículos.

Um novo jeito de fazer

Categoria conquista espaço para acompanhar outra interpretação de temas relevantes

Neste mês de abril o Versão dos Jor-nalistas completa 25 anos de engajamen-to nas lutas da categoria, sempre atento aos acontecimentos e acompanhando as demandas da classe trabalhadora e de toda a sociedade. Seguindo a linha edito-rial adotada na primeira edição, em 1991, a publicação segue instigando que, “se nós jornalistas não refletirmos sobre nos-sas próprias questões, com honestidade e profundidade, ninguém o fará por nós”.

Distorção da mídia impulsionou criação de canal independenteQuando ainda estava sendo planejado,

um fato marcante para sociedade gaúcha fez com que o projeto do jornal ganhasse forma. Em 8 de agosto de 1990, o confli-to entre colonos do Movimento dos Tra-balhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Brigada Militar, em Porto Alegre, impul-sionou os profissionais da comunicação a reivindicarem que a história fosse conta-da da maneira como eles presenciaram.

O episódio impactou especialmente pelo inédito: a chegada de militantes da luta pela reforma agrária à capital, com o objetivo de agendar uma audiência com o governador do Estado, Sinval Guazzelli.

Na tentativa de conter cerca de 400 pessoas, a polícia cercou o grupo. Sem sucesso, os manifestantes saíram da frente do Palácio Piratini e correram pe-las ruas do Centro. Chegando ao cruza-mento da Avenida Borges de Medeiros com a Rua dos Andradas, ponto conhe-cido hoje como Esquina Democrática, ocorreu o fato que marcou o movimento.

JORNALISMO

Neste momento, o projeto para um jornal próprio do Sindicato dos Jornalistas ainda não havia sido ela-borado. Contudo, conforme lembra Celso Augusto Schröder, na época primeiro vice-presidente da enti-dade, "ali o assunto urgiu em ser contado. Os jornalis-tas se reuniram e, de um dia para o outro, editaram um jornal contando o que realmente viram".

Esse foi o incentivo para colocar em prática a ideia de ter um jornal editado pelo sindicato e que falasse de assuntos que não estavam na mídia ou não eram tratados dando espaço para os dois lados se mani-festarem. Assim surgiu o Versão dos Jornalistas, em abril de 1991.

O jornalista José Antônio Silva foi o primeiro edi-

tor e responsável pela criação do projeto editorial. Com manchete sobre a Guerra do Golfo, a edição nº 1 trazia uma análise da cobertura dedicada pela mí-dia ao episódio. "A ideia era ter jornal que abordasse questões específicas da categoria, mas também as-suntos em alta, contribuindo para a ampliação dos horizontes culturais, informativos e aprofundamento das questões de classe", explica José Antônio.

Antes de iniciar o trabalho do Versão dos Jornalis-tas, José Antônio teve experiência em diversos veícu-los como Zero Hora, Diário da Manhã e Folha de S. Paulo. Ele destaca que este jornal não pode descolar das lutas específicas da categoria, mas também é im-portante que dialogue com toda a sociedade.

Reprodução Versão dos Jornalistas

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O brigadiano Valdeci de Abriu Lopes, que disparou contra os colonos, foi atin-gido com um golpe que levou à sua mor-te. Apontado por testemunhas e pela ne-cropsia como um corte de faca ou facão, a maior parte das publicações da época divulgou a informação de que um golpe de foice degolou o policial.

Indignados ao perceber a distorção praticada pela mídia, jornalistas se reuniram na sede do sindicato e orga-nizaram a edição de uma publicação, batizada de O Jornal, em edição única, que apresentou em quatro páginas ma-térias a versão de quem acompanhou os fatos.