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1 Ano 3 • Ed. 15 • ABR 10 • PARA os mElhoREs lEitoREs. VERSÁTIL entrevista OSCAR MAGRINI turismo Icapuí saúde Intoxicação alimentar meio ambiente Enchentes negócios Foco no Problema e Foco na Solução

Versátil Magazine Edição 15

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Revista de variedades da região do Butanta, Granja Vianna e Morumbi. Sempre trazendo entrevistas exclusivas com personalidades do mundo artístico e cultural, a Versátil é um excelente canal para divulgação de sua empresa. Seja Versátil!

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Ano 3 • Ed. 15 • ABR 10 • PARA os mElhoREs lEitoREs.

VERSÁTIL

entrevista

OSCARMAGRINIturismoIcapuísaúdeIntoxicação alimentarmeio ambienteEnchentesnegóciosFoco no Problema e Foco na Solução

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Parabéns moradoresdo Villa Lobos e região!

Publieditorial

Pensou em móveis planejados, conte com a ACR CriareLoja Villa Lobos - Av. Queiroz Filho, 968 - V. Hamburguesa - São Paulo - Tel.: 3647-9996 / Loja Granja Viana - Rua dos Manacás, 228 - Jd. da Glória - Cotia - Tel.: 4702-1149 Loja Interlagos - Av. Interlagos, 2225 lj ARCO 167 - Jd. Umuarama Shopping Interlar Interlagos - Tel.: 5679-6006

AC

E M

ais

Vocês acabam de ganhar uma loja com aproxi-madamente 800 metros quadrados, resulta-do de uma união perfeita entre o grupo ACR

e a Criare Móveis Planejados. A loja possui ótima localização e conta com mais de vinte ambientes entre cozinhas, dormitórios, home o� ces, áreas de serviço, home theater, dormitório infantil, entre outros. Ainda, dispõe de um quadro de consultores técnicos em projetos, um arquiteto de plantão que auxiliará os clientes em suas plantas e uma equipe de monta-gem pronta para atender da melhor forma.Seja casa ou apartamento, a ACR Criare tem a solu-ção para seu projeto de acordo com o tamanho do seu sonho. A nova loja oferece, além da prestação de serviços de qualidade, toda linha de eletros da marca italia-na Falmec como fogões, cook top, fornos e coifas.

Utilizam pedras sob medida, para maior comodida-de na solução de pias ou bancadas, e o cliente pode escolher o que mais lhe agrada entre as opções Pedra Granito, Silestone, Mármore, cubas duplas ou sim-ples, em várias tonalidades e acabamentos, nacionais ou importadas. A arquitetura da loja foi projetada pelo arquite-to Carlos Alves, que se preocupou com o conforto dos consumidores através da construção do espaço KIDS com brinquedoteca, banheiro para cadei-rantes e fantástico projeto de iluminação. Um telão de 150 polegadas faz parte da decoração e nele, o cliente pode conferir o seu projeto em detalhes.

Visite a mais nova loja ACR Criare - Villa LobosAvenida Queiroz Filho, 968, V. HamburguesaSão Paulo/SP Tel.: 11-3647-9996

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Parabéns moradoresdo Villa Lobos e região!

Publieditorial

Pensou em móveis planejados, conte com a ACR CriareLoja Villa Lobos - Av. Queiroz Filho, 968 - V. Hamburguesa - São Paulo - Tel.: 3647-9996 / Loja Granja Viana - Rua dos Manacás, 228 - Jd. da Glória - Cotia - Tel.: 4702-1149 Loja Interlagos - Av. Interlagos, 2225 lj ARCO 167 - Jd. Umuarama Shopping Interlar Interlagos - Tel.: 5679-6006

AC

E M

ais

Vocês acabam de ganhar uma loja com aproxi-madamente 800 metros quadrados, resulta-do de uma união perfeita entre o grupo ACR

e a Criare Móveis Planejados. A loja possui ótima localização e conta com mais de vinte ambientes entre cozinhas, dormitórios, home o� ces, áreas de serviço, home theater, dormitório infantil, entre outros. Ainda, dispõe de um quadro de consultores técnicos em projetos, um arquiteto de plantão que auxiliará os clientes em suas plantas e uma equipe de monta-gem pronta para atender da melhor forma.Seja casa ou apartamento, a ACR Criare tem a solu-ção para seu projeto de acordo com o tamanho do seu sonho. A nova loja oferece, além da prestação de serviços de qualidade, toda linha de eletros da marca italia-na Falmec como fogões, cook top, fornos e coifas.

Utilizam pedras sob medida, para maior comodida-de na solução de pias ou bancadas, e o cliente pode escolher o que mais lhe agrada entre as opções Pedra Granito, Silestone, Mármore, cubas duplas ou sim-ples, em várias tonalidades e acabamentos, nacionais ou importadas. A arquitetura da loja foi projetada pelo arquite-to Carlos Alves, que se preocupou com o conforto dos consumidores através da construção do espaço KIDS com brinquedoteca, banheiro para cadei-rantes e fantástico projeto de iluminação. Um telão de 150 polegadas faz parte da decoração e nele, o cliente pode conferir o seu projeto em detalhes.

Visite a mais nova loja ACR Criare - Villa LobosAvenida Queiroz Filho, 968, V. HamburguesaSão Paulo/SP Tel.: 11-3647-9996

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editorial expediente

A partir de agora a Versátil Magazine fica ainda mais próxi-ma de seus leitores, com periodicidade mensal.

Nesta edição o entrevistado foi o ator Oscar Magrini, que participou de dezenas de trabalhos na TV, no cinema e no teatro. Atualmente ele é protagonista da peça Escola de Mulheres, de Molière. Extremamente sorridente e simpáti-co, conversou com nossa equipe em um bistrô às véspe-ras da estreia da peça.

Autor do livro Meneghetti, o Gato dos Telhados pela Editora Boitempo, o escritor Mouzar Benedito conta um pouco de sua vida na seção Perfil. Como jornalista, viveu intensa-mente a época da ditadura no Brasil. Sua experiência polí-tica é grandiosa, o que nos levou a transcrever na íntegra a riqueza de suas palavras e apresentar uma caricatura feita pelo saudoso Henfil.

A nossa seção Gastronomia traz um novo colunista, Ga-briel Leicand, que avaliou um prato em um restaurante da nossa região. Ele também ensina a preparar simples e sa-borosas receitas.

Então, até junho!

PublisherClaudia Liba Produtor ExecutivoHorácio Sei Redaçã[email protected] DutraValéria DinizClaudia Liba [email protected]údio Desenho GráficoDaniella Kobayashi Feba (Free lancer)

Produção Gráfica+Q Artes Gráficas Revisã[email protected]éria Diniz

ColaboradoresAlexandre Lourenço - DiversatilidadeBeatriz Nogueira - EducaçãoCarolina Battellino - PetsGabriel Leicand - GastronomiaRicardo Bastos - CidadaniaMarília Coutinho - Esporte Paula Carvalho - Livros [email protected] MonteiroLourdes Penteado

Pré-Impressão, Impressão e AcabamentoW Gráfica

Distribuição Butantã, Vl. Indiana, Jd. Rizzo, Jd. Bonfiglioli, Vl. Gomes, Cidade Universi-tária, Caxingui, Jd. Ester, Morumbi, Jd. Guedala, Vl. Sônia, Pq. dos Príncipes Vl. São Francisco e Granja Viana.

Tiragem20.000 exemplares

Para Anunciar(11) [email protected] www.revistaversatil.com.br

VERSÁTIL

Versátil Magazine é uma publicação mensal, distribuída gratuitamente e não se responsabiliza por eventuais mudanças na pro-gramação fornecida, bem como pelas opiniões emitidas nesta edição. Todos os preços e informações apresentados em anúncios publicitários são de total responsabilidade de seus respectivos anunciantes, e estão sujeitos a alterações sem prévio aviso. É proibida a reprodução parcial ou total de textos e imagens publicados sem prévia autorização.

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educaçãoSobre “bônus” para professores

cidadaniaSegurança e paz

saúdeIntoxicação alimentar

petA Gripe dos Gatos

esporteGolfe

meio ambienteEnchentes

turismoIcapuí

capaOscar Magrini

gastronomiaO Prato Nacional

gastronomiaReceitas

negóciosFoco no Problema e Foco na Solução

perfilMouzar Benedito

veículosEcoSport 2011

mix culturalLivros

mix culturalCinema, DVDs, CDs, Shows e Teatro

crônicaReuniões

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sumário

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Sobre “bônus” para professores Recentemente publicado, o Re-latório de Monitoramento de Edu-cação para Todos, da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cul-tura), concluiu que a qualidade da educação no Brasil é fraca, ape-sar da melhora apresentada entre os anos de 1999 e 2007. Segun-do o relatório, ainda há repetência de 18,7% no ensino fundamental. Assim, conquistamos um lugar de destaque: o pior resultado da Amé-rica Latina. Mas, se a comparação for com países não-latinos, o índice cai para 2,9%. Técnicos da UNESCO interpre-tam estes dados como resultado de diversos fatores, como a estru-tura física precária das escolas e o pouco tempo de permanência dos alunos em sala de aula - além do lamentável problema do abandono escolar. São 13,8% dos brasileiros

que deixam os estudos já no pri-meiro ano do ensino básico. Neste quesito, na América Latina, nosso país só fica à frente da Nicarágua (26,2%), e muito acima da média no mundo (2,2%). Interessante é a constatação do óbvio. Segundo a avaliação da UNESCO “o Brasil poderia se en-contrar em uma situação melhor se não fosse a baixa qualidade do seu ensino”. Sinal de que o tiro saiu pela culatra: a má qualidade educacional gera profissionais desqualificados para o mercado. Indubitavelmente, temos um sistema de ensino fracassado. Como recomeçar? Em São Paulo, assistimos a uma tentativa de mu-dar o “quadro-negro” com a cria-ção de um novo programa educa-cional. Inicialmente, há excelentes ideias. A política educacional atual conta com o “Ler e Escrever”, pro-

Programa para melhoria da

qualidade de ensino no Estado

de São Paulo.

educação_Sobre “bônus” para professores

por Beatriz Nogueira

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grama em que um professor au-xiliar fica responsável por reforçar o processo de alfabetização das crianças. Outro programa, o “São Paulo Faz Escola”, prevê a capaci-tação dos professores e a distribui-ção de cadernos e materiais para estes, assim como para os alunos. Para avaliar e atingir metas de qualidade foi criado o IDESP (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo) - instru-mento que tem papel de diagnosti-car a qualidade da escola, apontar as situações em que precisa me-lhorar, acompanhar, ano a ano, sua evolução e decidir se a escola deve ou não receber bônus pelo resulta-do de seu trabalho. O bônus ofere-ce remuneração de até 2,9 salários mínimos às equipes escolares que superam as metas definidas para suas escolas. Mas tais critérios de metas tem objetividade? Vale a pena pensar nos dados publicados

pelo Governo do Estado em mar-ço de 2010, quando, segundo o IDESP, a qualidade de ensino das escolas melhorou. A carreira dos professores foi também modificada. Agora, para o ingresso no sistema educacio-nal há um curso obrigatório ofe-recido pela recém-criada Escola Paulista de Formação de Profes-sores. Também há o Programa de Valorização pelo Mérito, com pro-vas para promoção salarial que permitem, anualmente, aumento de 25% do salário de acordo com o tempo de permanência na es-cola e o resultado das avaliações. No dia 25 de março, data de pagamento para os trabalhadores do Estado, R$655 milhões foram direcionados ao pagamento da premiação, cerca de 10% a mais do que foi pago no ano passado. Cerca de 200 mil professores, su-pervisores, diretores e outros pro-

fissionais da educação do estado de São Paulo foram contemplados pelo bônus. Para recebê-lo os professores devem ter trabalhado, no míni-mo e em um ano, dois terços do mesmo. Caso tenham faltas no trabalho, haverá desconto pro-porcional, no valor do bônus, às horas durante as quais trabalhou. Pergunta-se: qual é o segmento da indústria, do comércio ou qual é o profissional liberal que pode faltar em 1/3 de sua carga horária e continuar recebendo um bônus? Bônus é prêmio. E prêmios e benefícios não são incorpora-dos a salário. Não é oferecendo dinheiro que se demonstra para um professor o quanto vale seu trabalho, mas reverenciando a profissão. E, acima de tudo, re-conhecendo que ele pode mudar os rumos da sociedade através de seu trabalho.

Sobre “bônus” para professores_educação

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cidadania_Segurança e paz

Objeto comum de reclamação em quase todos os bairros de São Paulo, especialmente à noite e em finais de semana, a poluição sonora causada por alarmes de veículos, residências e sobretudo de empresas gera transtornos à vida de muita gente. Nada contra as medidas necessárias para pre-servar patrimônios, mas, como não há ninguém em casa ou tra-balhando nesses dias, alarmes, sirenes, apitos, buzinas, berran-tes e até tiros (!) soam tonitruan-tes e ininterruptos até que apare-ça alguém para desligá-los ou até a bateria arriar.

Segurança e paz por Ricardo BastosAdvogado e professor universitário

Perto de casa, dois alarmes, de empresas diferentes, azucri-naram a vizinhança durante o carnaval. Uma amiga sofreu o mesmo devido ao alarme de um escritório que também disparou nesse período. O proprietário disse que a empresa de seguran-ça era quem deveria ter tomado providências e não o fez. Relatos assim não faltam e, em geral, não há o que fazer. Os vizinhos que durmam, ou tentem dormir, com um barulho desses. A quem re-clamar nessas horas? O combalido Programa de Si-lêncio Urbano (PSIU) existe para combater a poluição sonora, mas não em todos os casos. O órgão só está autorizado a fiscalizar locais confinados, como restaurantes, templos religiosos, casas noturnas e indústrias. A lei não permite a vis-toria de residências, apartamentos

e condomínios e não diz nada so-bre o barulho dos alarmes. O PSIU, quando atua, controla a quantidade de decibéis emitidos pelos estabelecimentos em qual-quer hora do dia ou da noite. De-nunciados, os responsáveis pelos estabelecimentos são comunica-dos e orientados a solucionar o problema. Se este persistir, uma equipe de fiscalização vai ao local e faz uma vistoria. Ainda segundo a prefeitura, não é possível fazer as vistorias no momento em que as denúncias são feitas, pois são programadas com antecedência e podem precisar da participação de outros órgãos, como o CON-TRU e a CET, por exemplo. Percebemos, então, que re-clamar para a prefeitura não traz soluções. Outra saída é chamar a polícia, que verifica se há alguma ocorrência no local. Porém, não é

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Segurança e paz_cidadania

raro que a própria polícia não te-nha a autorização do proprietário para desligar o som em caso de alarme falso. Consultado pela Versátil Ma-gazine, um especialista em se-gurança informou que o alarme é útil no combate à criminalidade, pois assusta e afasta o eventual invasor. Mas, se não estiver co-nectado a uma central ou não houver a mobilização imediata do dono do bem ou da empresa de segurança contratada, sua ins-talação é inócua. Nesse caso, é provável que uma empresa ou re-sidência sejam furtadas sem que os vizinhos percebam – por esta-rem acostumados com o alarme disparando à toa ou pelo próprio som do mesmo, que encobre os ruídos causados pelos ladrões.

Se você tem um alarme na sua casa ou empresa, saiba quais medidas preventivas adotar para preservar o seu patrimônio e a convivência com os seus vizinhos.

1 - Teste o equipamento e siga as indicações da empresa de monito-ramento para evitar alarmes falsos. Se detectar falhas ou tiver dúvidas, solicite uma visita técnica do profissional responsável. 2 – Oriente seus empregados sobre como ativar e desativar alarmes e que providências tomar em caso de uma ocorrência. Uma boa opção é testá-lo em conjunto, simulando um alarme e seguindo os procedi-mentos da empresa de monitoramento.

3 - Para ser avisado em caso de uma ocorrência, troque telefones de contato com empregados, parentes e pessoas próximas, inclusive um vizinho de confiança.

4 - Contate a Central de Monitoramento para checar se sua ficha está atualizada e faça testes para verificar em quanto tempo a Central res-ponde às chamadas. Se demorar mais de 15 minutos, pode ter certeza de que ela não serve para você.

5 -

TRECHO SUPRIMIDO EM RAZÃO DA MUDANÇA NA LEGISLAÇÃO

Afinal, respeitar a tranquilidade do próximo também

é demonstração de cidadania.

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saúde_Intoxicação alimentar

Intoxicação Alimentarpor Silvia Dutra

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CENTRO ESPECIALIZADO EM EMAGRECIMENTO E ESTÉTICA

manthusmanthusmanthusCombata a Celulite e Gordura Localizada com MAN THUS.

Av. Comendador Alberto Bonfiglioli, 718BButantã - São Paulo - SP

tel. 11. 3731 [email protected]

Intoxicação alimentar_saúde

Responsável por causar a morte de 5 mil pessoas todos os anos, nos Estados Unidos, a into-xicação alimentar é o nome que se dá aos sintomas desagradá-veis que surgem após a ingestão de alimentos contaminados. Vô-mitos, diarréias, dores de cabeça e no abdome, mal estar, fraqueza e até febre são comuns. O pro-blema é causado por falhas na higiene durante a preparação e conservação dos alimentos. As bactérias do tipo salmonela são o agente causador mais fre-quente. Presentes nas carnes e ovos, a salmonela só é comple-tamente eliminada em altas tem-peraturas. Deve-se tomar muito cuidado com aves vendidas no comércio, porque nem sempre são assados na temperatura que garante a eliminação desse peri-go. Sempre corte a ave antes do consumo para ter certeza que a carne ao redor dos ossos está to-talmente assada ou cozida, sem nenhum sinal de sangue. Cuida-do também com maioneses ca-seiras, feitas com ovos crus, que podem estar contaminados. A gravidade dos sintomas varia e depende da quantidade de ali-

mento ingerido e resistência do in-divíduo. Nada de alimentos sólidos enquanto durarem os sintomas e jamais tome medicamentos para cortar a diarréia. Deixe o organismo eliminar aquilo que o está agredin-do, mas mantenha-se aquecido, hidratado e em repouso. O Staphylococus aureus é um microorganismo que também causa outra forma muito comum de intoxicação alimentar. Geral-mente é encontrado na pele, em cortes, espinhas e furúnculos. Se uma pessoa com um corte na mão ou no braço preparar uma refeição, os alimentos que tiverem contato com a lesão da pele po-dem ficar contaminados se não forem cozidos a uma temperatu-ra de 60 graus Celcius por pelo menos 30 minutos. Se ingeridos crus ou parcialmente cozidos o resultado será sentido entre uma e quatro horas depois, na forma de tonturas, diarréia e vômito abundante. Os alimentos relacionados com esse tipo de intoxicação são as sa-ladas cruas, de verduras e frutas, presuntos, carnes defumadas, sor-vetes e doces industrializados. Para evitar esse problema tão

comum, principalmente no verão, a higiene deve ser rigorosa. Sem-pre lavar as mãos depois de usar o banheiro e antes de preparar ou consumir qualquer alimento. Não consumir alimentos vendidos nas ruas, de procedência duvidosa e transportado e mantido sem a devida refrigeração. Lembre-se: alimento contaminado quase sempre tem aparência, cheiro e gosto normais. E cuidado com a contamina-ção cruzada. Antes de reutilizar a faca que cortou carnes cruas lave- a cuidadosamente. O ideal é ter na cozinha uma tábua só para cortar carnes e outra separada para os legumes e frutas. E ain-da uma terceira para fatiar frios, como queijos e salames. Cuidado com embalagens - especialmente enlatados - fora do prazo de validade, amassados ou estufados. Alimentos enlata-dos nessas condições podem causar um tipo raro, mas muito grave de intoxicação alimentar, o botulismo, que ataca o sistema nervoso, exige internação ime-diata e tratamento intensivo para evitar sequelas importantes e até mesmo a morte.

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pet_A Gripe dos Gatos

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A gripe dos gatos é o nome popular do “comple-xo respiratório felino”. O que é isto? É uma doença respiratória causada por mais de um vírus, sendo os de importância clínica o herpesvírus I e o calicivírus. O gato pode infectar-se com um só tipo de vírus ou com ambos ao mesmo tempo. Os filhotes com poucos dias de vida são mais sensíveis à infecção e apresentam a forma mais grave da “gripe”, que, muitas vezes, causa a morte. O herpesvírus causa rinotraqueíte, a forma mais branda da infecção, caracterizada por espirros e se-creção ocular e nasal serosas (transparentes, como se fossem uma “aguinha” escorrendo pelo nariz e/ou pelos olhos). Porém, quando há uma infecção bacte-riana secundária à infecção viral, os sintomas pioram, podendo levar o gato a óbito. Em outras palavras, pri-meiro o gato infecta-se com um vírus que causa lesões e inflamação da mucosa nasal e conjuntiva e, depois, as bactérias encontram a porta aberta para se multi-plicarem e piorarem os sintomas. Nesta apresentação clínica mais grave observam-se: conjuntivite severa

A GRIPE DOS GATOS

com abundante secreção amarelada e fechamento das pálpebras, úlceras de córnea - que podem evoluir até causarem perfuração do globo ocular -, pneumo-nia, úlceras na língua, anorexia, severa perda de peso e desidratação. Já o calicivírus provoca uma infecção respiratória com sintomas mais graves do que os causados pelo herpesvírus. Na prática clínica é impossível determi-nar se o gato está infectado só com um dos vírus ou com ambos. E como os animais, muitas vezes, são levados ao consultório em estado avançado da doença, já houve contaminação bacteriana secun-dária, que, por si só, complica o estado de saúde do animal - independente da infecção primária ter sido causada por um vírus mais ou menos patogê-nico, agressivo. O tratamento da “gripe dos gatos” é sintomático, visando à cura dos sintomas, já que não há medicação que elimine o vírus do organismo. Os antibióticos empregados no tratamento comba-tem as bactérias, a fluidoterapia (administração de soro para reidratação e reposição de potássio e gli-cose) melhora o “astral” do gato, pois é uma forma de alimentá-lo e de facilitar a fluidificação das se-creções pulmonares. Consequentemente, ajuda na expectoração do muco. Os expectorantes, por sua vez, tornam o catarro mais “líquido”, menos “gros-so” e, assim, fica mais fácil eliminá-lo através do na-riz ou pela garganta. Esta doença é um problema muito sério em gatis ou onde há conglomerados de gatos “de rua”. Os gatos que sobrevivem à infecção graças ao trata-mento, tornam-se portadores assintomáticos e pas-sam a eliminar o vírus no ambiente, por toda a vida. Tais gatos, clinicamente sãos, levam uma vida nor-mal, mas, sob qualquer situação de estresse, apre-sentam lacrimejamento e eventuais espirros. Assim, a eliminação do vírus ocorre através das secreções orofaríngeas, de maneira intermitente, quando se trata do herpesvírus, e de forma contínua, quando o vírus infectante é o calicivírus. A vacinação, sem dúvida, é a melhor prevenção para que o seu gato não fique gripado.

por Carolina BattellinoMédica Veterinária pela UNESP. Mestre em Patologia Experimental e Compara-

da pela USP. Contato 11 9689 7630

A Gripe dos Gatos_pet

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Popularmente, o golfe está as-sociado a imagens de nobreza, sofisticação e pouco esforço físi-co, ideias que a mídia se encar-regou de disseminar, mostrando cenas com grupinhos de fúteis mi-lionários, em campos idílicos, con-versando banalidades enquanto batem em bolinhas.

Como tantas vezes, imagem midiática e realidade não com-binam: embora seja um esporte onde predominam praticantes de renda e nível educacional altos, o golfe não tem nada de fútil, su-perficial ou pouco extenuante. Ao contrário, é um esporte altamente competitivo, que requer precisão técnica, habilidade e experiência – características que o aproxi-mam dos valores modernos e da cultura corporativa. O objetivo do jogo é arremes-sar uma bolinha, com um taco, e fazê-la cair em um buraco ao final de um percurso predeterminado, que possui um número variável de buracos a serem percorridos (em geral, nove ou dezoito). Os percursos estão em áreas conhe-cidas como “campos de golfe”. Ganha o jogador que alcançar o objetivo com o menor número de tacadas. Acredita-se que a origem do golfe seja o jogo romano cha-

mado “paganica”. Alguns histo-riadores contestam tal versão, situando sua origem na China, na prática do chuiwan, ou na Pérsia, com o chuagan. Seja como for, a prática chegou às ilhas Britâ-nicas, onde ganhou forma e po-pularidade e, de lá, expandiu-se para o resto do mundo. Hoje, o golfe é um dos espor-tes mais populares, praticado em mais de 100 países. Foi um es-porte olímpico em 1900 e 1904 – o que acontecerá novamente na Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro. Este retorno deu-se a partir de reivindicação feita pela International Golf Federation. A Confederação Brasileira de Golfe, filiada a International, tem nove federações estaduais em seus quadros e um complexo calendá-rio competitivo. O jogo é também um esporte profissional, cuja principal organi-zação é a PGA (Professional Golf Association). Estrelas como Tiger

Golfe Tradição e Precisão junto à Natureza

esporte_Golfe

por Marília Coutinho e Bernardo Aron Atuam nas áreas de preparação esportiva, consultoria e qualidade de vida empresarial.

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Woods e Jack Nicklaus construí-ram fortunas, influenciaram a opi-nião pública e mudaram o espor-te. Woods, número 1 do mundo, foi o atleta profissional mais bem pago em 2008, tendo faturado estimados 110 milhões de dóla-res. Nicklaus, 35 anos mais velho, é considerado o maior golfista profissional de todos os tempos. Atualmente, ele é um grande em-presário da área, apostando no crescimento do esporte em paí-ses em desenvolvimento como a China, onde investiu muito. Se-gundo ele, o catalisador desse crescimento é, em grande parte, a volta do esporte às Olimpíadas. O ex-jogador também possui in-teresse em projetar o sítio do torneio no Brasil, onde existem dezenas de campos de golfe, em geral, clubes organizados. Vários deles encon-tram-se em São Paulo. O mais antigo é o São Paulo Golf Club,

construído no século XIX por en-genheiros ingleses e escoceses que trabalhavam na estrada de ferro Santos-Jundiaí – atualmen-te, a região entre a Estação da Luz e o Rio Tietê. Com a moderni-zação, sua sede mudou duas ve-zes, até estabelecer-se definitiva-mente no bairro de Santo Amaro. Em Osasco, perto da divisa com São Paulo, temos o São Fran-cisco Golf Club, que começou a funcionar regularmente em 1944. Temos também o São Fernando Golf Club, em Cotia, fundado em 1954. Mais recente, o Clube Golf & Tennis de Alphaville recebe visi-tantes não sócios que, em aulas individuais e com equipamento alugado, podem “experimentar a mão” para o esporte.

Vale a pena conhecer de perto este fascinante esporte de estratégia, precisão e foco!

Golfe_esporte

Serviços

Dra. Marília Coutinho. Consultora es-portiva, personal trainer, atleta e escritora. www.bodystuff.org [email protected] Aron. Fisioterapeuta e atleta. www.bernardoaron.com [email protected] Clínicas: Rua Bandeira Paulista, 1.193 - Itaim – Fone: (11) 3845-5777 Alameda Araguaia, 2.044 – Alphaville – Fone: (11) 4082-2377

Golf & Tennis Alphaville - Alameda Tocantins, 350 – Barueri - Alphaville São Paulo/SP Fone: (11) 4191-6588

São Fernando Golf Clube - Estrada Fernando Nobre, 4000 - Vila de São Fernando Cotia/SP Fone: (11) 4612-2544 www.saofernando.com.br

São Francisco Golf Clube – Avenida Martin Luther King, 1527 Osasco/SP Fone: (11) 3681-8752 / (11) 3681-0329 www.golfsaofrancisco.com.br

São Paulo Golf Clube – Informações: Praça Dom Francisco de Souza, 540Santo Amaro São Paulo/SP Fone: (11) 5521-9255 www.spgc.com.br

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Sidnei Ono é engenheiro e professor. Em 2009 o trabalho que desenvolveu em seu mestrado foi contemplado com o Prêmio Jovem Pesquisador, destinado a cientistas com menos de 35 anos, du-rante o XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídri-cos, da Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH). Na ocasião, o estudo de Ono concorreu com outros 438 trabalhos. Nosso entrevistado trabalha com um assunto prioritário para nossa cidade, a gestão de água ur-bana. Seu estudo visa à prevenção de enchentes na cidade e permite elaborar estratégias preventivas em bacias urbanas. Na Escola Politécnica da Universi-dade de São Paulo (USP), desenvolveu um softwa-re batizado de Sistema de Suporte a Decisão para Gestão de Água Urbana, que lhe rendeu o prêmio.

Enchentes em São PauloPrevenção é a maior solução

meio ambiente_Enchentes

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Enchentes_meio ambiente

VERSÁTIL_Como a administração pública poderia melhorar em relação ao problema das enchentes em São Paulo?

Sidnei Ono_A enchente resulta da má administra-ção, descentralizada, como acontece nas subpre-feituras. Isso nos deixa à mercê de vários gestores. Existem os que priorizam só alimentação, só pavi-mentação, só o tipo de papel para o carnê do IPTU. Mas ninguém sabe o que é mata ciliar. A ”bola da vez” é entender a inundação. A solução é priorizar as obras de macrodrenagem: piscinões, aumentar a calha de rios e galerias e o bombeamento das áre-as mais baixas. É uma solução mais eficaz, a médio prazo, com alto custo. Imagine que a prefeitura faça todas as obras, que comportem todas as cheias, inclusive as de volume recorde, como as do início deste ano. Em outros anos, elas podem não ocorrer, ficando as obras ociosas e, o investimento, perdido. Eu investiria, principalmente, em habitação, colocan-do as pessoas em áreas seguras. Eu policiaria melhor as áreas protegidas próximas a várzeas. Pelo Cona-ma (Conselho Nacional de Meio Ambiente), não pode haver ocupação em várzeas, isto é regulamentado. Eu também revisaria a Lei de Zoneamento, pois há muitas áreas de risco legalizadas pela prefeitura para aumentar a arrecadação do IPTU. VERSÁTIL_O software que você desenvolveu con-segue prever riscos de enchentes a tempo de evitar problemas como os deslizamentos de terra?

Sidnei Ono_Sim, apenas para riscos na situação atual. Falar em gestão urbana é difícil. Principalmen-te, nos casos em que a ocupação irregular - que

aumenta a impermeabilização - ocorre da noite para o dia. O software seria importante, já que eu mo-dificaria só uma variável e poderia prever cenários futuros. Também é importante em relação a riscos de erosão, para conter deslizamentos. Porém, eles ocorrem, normalmente, por escorregamentos das encostas, e isso é difícil prever.

VERSÁTIL_Você é um dos vencedores do Prêmio Jovem Pesquisador. Como foi a escolha do tema para a sua dissertação?

Sidnei Ono_Foi “sem querer”. Falei a um ex-orien-tador de estágio que estava desempregado e, por já ter trabalhado em uma empresa de software, ele me encaminhou para o “Projeto Cabuçu de Baixo”, que precisava de um programador no ramo de recursos hídricos. O engenheiro-chefe me “converteu” para a área. Terminei o projeto em 2005 e o mestrado em 2008, defendendo um software, com metodologia semelhante. Os avaliadores do Prêmio disseram que deveria ter sido um doutorado, e não um mestrado. VERSÁTIL_Quais são seus planos para o futuro?

Sidnei Ono_Recebi o Prêmio no final de 2009 e, no início de 2010, com o recorde de chuva mensal na Região Metropolitana de São Paulo, ocorreu o principal produto do software, a inundação. Mas o software não resolve tudo; fornece um diagnóstico. Quem deve solucionar é o gestor. Sem o prêmio, talvez a metodologia de usar softwares para geren-ciar áreas de risco de enchentes estaria esquecida. Pretendo trabalhar com prefeituras para diagnosti-car as bacias urbanas.

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turismo_Icapuí

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Icapuí_turismo

Não é fácil encontrar destinos turísticos que con-sigam conciliar um mínimo de infraestrutura com um relativo anonimato. A maioria dos locais divulgados pela imprensa é bastante conhecida e, muitas ve-zes, excessivamente badalada. Se você quer apro-veitar praias belíssimas, comida regional acessível e a sensação de paz por não enfrentar filas, tumultos ou aglomerações, esse lugar é Icapuí, no Ceará. Estive em Icapuí em janeiro último, numa viagem deliciosa. Ficamos na pousada Chalés do Mar, onde fomos recebidos por seu Luís, um homem que tem o dom de receber com sua simplicidade e bom hu-mor. Logo no primeiro dia, devorei uma deliciosa mo-queca de arraia, contemplando as ondas da praia de Barreirinhas. Não havia barracas, carros de som, nem trânsito de gente. Uma paz só. Ir até a praia era fácil: trinta passos nos separavam do mar. Logo de manhã ele estava recuado em algumas centenas de metros, e era possível caminhar por extensos bancos de areia,

deixando a praia ao longe. A sensação era incrível. Andar de buggy por aquelas extensas faixas de mar recuado é fantástico, pois somos ladeados pelo mar de um lado e por incríveis falésias do outro. Tanta beleza que não há máquina fotográfica que dê conta do registro. As fotos se sucedem às centenas... Mesmo para quem quiser um local badalado, é possível ir para Canoa Quebrada, praia a 60 quilô-metros de Icapuí. Lá é agitação pura. Difícil imaginar mais interação social nessa famosa praia, cuja fama extrapola as fronteiras brasileiras. Também para quem gosta de tranquilidade, eu sugiro uma passa-da por lá. É um interessante exercício de contraste com a paisagem serena de Icapuí. E, escolhendo a época certa do ano, é possível aproveitar o famoso “Festival da Lagosta”. Ele ocorre no mês de outubro e parece ser um dos maiores do País.

Leia mais em www.ceara.gov.br

Icapuí, CEARÁ

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por Alexandre Lourenço

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capa_Oscar Magrini

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Oscar Magrini_capa

Oscar Magrini foi o entrevistado desta nossa edição. En-contramos com o ator em um simpático bistrô, onde a con-versa aconteceu. Quando o “senhor de 49 anos” apareceu, os olhares se voltaram para ele. Sua simpatia e seu sorriso atraíram os frequentadores do restaurante logo de início. Como não dá para fotografar simpatia, tentamos transmitir a vocês um pouco do que ele nos contou, muito animado, sobre seu recente trabalho – a peça Escola de Mulheres, de Molière, em cartaz no Teatro VIVO, com direção de Roberto Lage. Nossa equipe assistiu à pré-estreia, conferiu a sua atu-ação e recomenda a vocês este “lado cult” do ator.

Versátil Magazine_Queremos saber sobre seu novo trabalho no teatro, protagonizando a comédia Escola de Mulheres, de Molière.

Oscar Magrini_Estou achando muito bacana, depois de 20 anos de carreira, fazer um clássico de Molière, um ator e autor do povo. Um clássico escrito em 1662. É minha décima quarta peça nesses anos todos, 24 novelas, longas-metragens e outros trabalhos. Fiquei muito contente com a escolha do produtor, do Lage (Roberto Lage, diretor da peça), que queria muito que eu fizesse. Resolvi fazer apesar de sa-ber que Molière fazia para ele mesmo interpretar. Depois, fez para os reis da França. A monarquia o chamava para o palácio, mas ele fazia para o povo também. Era bem mambembe. Na concepção do Lage, ficamos em pé, num cenário de painéis pintados que representam os passeios, as árvores, a minha casa, tornando as coisas atemporais. A peça não se passa em 1662 nem em 2010. Pela roupa, pelo jeito, pela trilha musical original, pelo comportamento, temos a noção de ser algo em Paris, mas de algum outro tempo. Também é muito legal a tradução do Millôr Fernandes. Bacana pelo convite e pela responsabi-lidade de fazer.

OSCAR MAGRINIpor Cáudia Liba

fotos Bruno Thomaz

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Versátil_Molière fazia uma “comédia baixa”?

Oscar Magrini_Isto. Era mesmo uma comédia baixa que os reis gostavam, mas era também para mos-trar pra todo mundo. Isto é tão Molière! No primeiro momento, me assustou a grande responsabilidade de fazer 46 páginas de texto. Molière é muito texto, muita leitura, muita palavra rebuscada que não se en-tende. Assim, teve algum corte, porque a peça ficaria com duas horas e meia de duração.

Versátil_O texto tem um viés popular, como há nas peças de Molière. E você tem muitos trabalhos em novela, que também é um tipo de trabalho popular. A popularidade do trabalho lhe atrai?

Oscar Magrini_Infelizmente, no Brasil, nossa cultura é televisiva. As pessoas veem televisão, depois cine-ma e, se sobrar algum dinheiro, vão ao teatro. Na Eu-ropa e em outros países, há mais cultura, mais teatro. Aqui, a pessoa paga 20 reais pra ir ao cinema, que tem uma sala bonita, ar-condicionado, confortável. Acha caro pagar 40 reais para ir ao teatro. Mas, dire-ta ou indiretamente, quando se abre uma cortina, tem dez, vinte famílias trabalhando. As pessoas queriam que custasse “10 real”. Ainda se houvesse incenti-vo... mas não há. O artista é um eterno pedinte, por-que sempre tem que passar o chapéu, ir ao governo e pegar uma lei de incentivo pra abrir uma cortina. Não é baratinho, não é mambembe o que fazemos. É algo de bom gosto, um trabalho diferente. E, em res-

peito às pessoas que saem de casa pra te assistir, se arrumam, param no estacionamento, pagam o tea-tro, depois jantam com a mulher e a família... tem que respeitar esse público. É duro o que vou falar, porque faço novela e as pessoas te conhecem e dizem “Vou assistir ao Oscar Magrini.” O cara paga o ingresso pra ver um ator conhecido. Ele paga o ingresso e vai assistir, mas, se não gosta, vai embora. Não é porque estou lá que ele vai ficar. Hoje em dia, temos de 30 a 40 peças, um número grande de informações. Mas, no meu caso, ser conhecido popularmente ajuda, porque as pessoas querem ver seu trabalho, te ver de perto. Muitas pessoas veem na televisão e dizem que é diferente, de perto é mais alto que na TV... É engraçado ouvir os comentários, quando tem este acesso ao ator.

Versátil_Muitas pessoas sonham e vivenciam cada capítulo de uma novela como se fosse a extensão de suas próprias vidas. Qual é o papel do ator quando está na TV, fazendo uma novela?

Oscar Magrini_A Globo, internacionalmente falando, passa este trabalho para mais de 80 países e isso é bacana. Falo porque, em 1981, morei em Portu-gal para fazer uma novela e acabei fazendo. Eles são muito mais noveleiros do que a gente. Fiz a novela “Ganância”, no canal SIC, escrita pela Lúcia Abreu, uma brasileira que morava lá. Depois de três ou quatro meses trabalhando, outro autor quis que eu fizesse o protagonista de outra novela, no canal con-

capa_Oscar Magrini

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corrente. Conversaram com a diretora e o núcleo de produção, mataram meu personagem e iniciei este outro trabalho, “Senhora das Águas”. Em férias na Espanha, em Paris, as pessoas me reconheciam. E brasileiro tem em qualquer parte do mundo, até na Lua... No Japão, por exemplo, somos 300 mil brasi-leiros, os decasséguis. Fiquei 20 dias lá, para a inau-guração de uma rádio, e todo mundo te conhece. A Globo tem isso, de expandir o trabalho pra outros pa-íses. Já me vi “falando” japonês, italiano, espanhol... É muito engraçado.

Versátil_E as novelas brasileiras são muito bem con-ceituadas. Você acha que elas levam a esses países algo que possa ser reconhecido como característica do nosso povo?

Oscar Magrini_Na verdade, acho que sempre veem de um mesmo jeito: mais Rio de Janeiro e pouco São Paulo. Até porque o Rio é um cartão de visita. Em Portugal, as pessoas elogiavam o nosso povo, que-riam tomar caipirinha, gostam de nossas praias e até das nossas gírias. O “brasileiro” é um verdadeiro dia-leto. Falamos assim, porque, nas grandes descober-tas, dominavam os portugueses e espanhóis. Mas nós falamos outra coisa. Duzentas milhões de pes-soas falando um dialeto. Eles gostam do nosso jeito de falar, da nossa interpretação e entonação. Imagine o português falando nossa gíria! Eles “copiam” tudo: nosso jeito de falar, de vestir. Quando chega um bra-sileiro na “Terra de Camões”, é uma loucura!

Versátil_Muitos atores dizem que, para realmente se-rem bons atores, é indispensável fazer teatro. O que você acha a respeito?

Oscar Magrini_Comecei minha carreira com teatro, cinema e, depois, televisão. Acho que o teatro, o ta-blado é tudo, porque você tem o alcance do povo. Adoro novela, mas, se você perguntar sério, vou te responder que teatro vem em primeiro lugar; depois, cinema; depois, televisão. No teatro, você dá e o público te devolve. Rindo ou chorando, a resposta está lá. Cinema é uma grande arte, um evento que fica pra sempre. E a TV é aquela coisa popular, das grandes massas. Nas novelas, temos um padrão de qualidade. Chegou pra gente aquela imposição das

novelas dos anos 70, aquela coisa dura, em que as mulheres dormem e acordam todas maquiadas, lindas. Em novela, a gente manda muito bem! Mas teatro é primordial. Fiz oito novelas em quatro anos. Tem que reciclar, mudar a imagem, mudar a sua cara. Todo mundo pergunta: não vai fazer novela? Falo que a Globo paga muito bem pra gente ficar em casa, porque você não pode fazer tudo. Mas tem que dar um tempo, reciclar, estudar, fazer um trabalho de voz.

Versátil_E você faz isso tudo de que forma?

Oscar Magrini_Faço educação física, porque in-terpretar requer resistência. Trabalho o corpo, faço aula de canto e de voz com a fonoaudióloga Renata Ferrara. E tento me poupar. Eu falo muito, né? (risos) Um defeito que tenho é minha ansiedade. Eu pen-so numa velocidade muito rápida, mas a fala não acompanha. Faço três, quatro, cinco, seis coisas ao mesmo tempo. Isto não me atrapalha, mas atrapalha quem está comigo. Quando fiz “A Falecida”, com o diretor Gabriel Villela, ele falou que eu teria que tomar um Lexotan pra ver se eu ficava normal, porque sou hiperativo. É uma coisa chata, tenho que me contro-lar, já sou um senhor de 49 anos...

Versátil_Que expectativas você tem com a Escola de Mulheres em relação ao público?

Oscar Magrini_Espero que curtam. Fazer um clás-sico que nem sei se as pessoas sabem. Muitas sa-bem e outras não, tem que explicar, porque ninguém é obrigado a saber. Tenho que ganhar as pessoas na palavra, defender um solteirão invicto, com mais de 40 anos, que tem medo de corno. Ele acha que todas as mulheres metem corno no marido. Então, ele pega uma menina de 4 anos e cria na maior ignorância, achando que, na ignorância, ela jamais vai meter um chifre nele. Só que o amor rompe barreiras... Fizemos dois ensaios abertos e a reciprocidade foi muito po-sitiva. Riram bastante, como a gente não esperava. Acho que a peça é de um entendimento fácil. Espe-ro em Deus, e ele é maravilhoso. Quero fazer uma campanha internacional também. Tentaremos levar a peça a Portugal. Estou comemorando com chave de ouro meus 20 anos de carreira, muito feliz. Espero fazer este clássico à altura e ao agrado de todos.

Oscar Magrini_capa

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Qual será o prato nacional? Será a comida feita de norte a sul do país, que tem seu lugar no prato dos brasi-leiros pelo menos uma vez por mês? Quando surge esta pergunta, a maioria das pessoas logo responde que é a feijoada. Eu mesmo pensei assim por muito tempo. Porém, cada vez mais as pessoas se reúnem no fim de semana para “comer um churrasco” - que virou o mais democrático e inserido prato da nação, mais querido, mais amado. Não desmerecendo a feijoada - que todos amamos -, o acarajé, o leitão. Estes pratos mais regionais cada vez menos fazem parte do dia a dia. Claro, o churrasco também tem sua regionalidade. Os pampas gaúchos, não sem motivo, se orgulham do melhor churrasco, afinal, foi lá que surgiu o prato e a maneira de fazer que hoje conhecemos. Quando o Sul era povoado apenas por boiadeiros - que faziam gran-des travessias levando o gado para ser vendido -, eles passavam dias de cavalgada sob sol e chuva, através de rios e lugares de acesso difícil. Caso não morressem muitos bois, os gaúchos matavam o “boi de piranha”, aquele mais velho, mais magro, que já não planejavam vender, que não valia dinheiro. Imagina-se que a carne era super dura. Fazia-se uma fogueira no chão, cortava-se o boi e pregavam-se os pedaços em volta do fogo. De tão dura a carne, era necessário tirar fatias finíssi-mas. Era uma comemoração, a única ocasião em que os gaúchos comiam carne bovina. Vem exatamente daí a origem das churrascarias que conhecemos, o que os gaúchos chamavam de “fogo de chão”: a brasa no meio, as carnes espetadas em volta e tiradas em fatias super finas. Imagine agora, que o gado melhorou infinitamente de qualidade, existindo cortes novos, novas carnes, novas técnicas de prepa-ro, churrasqueiros especializados, molhos específicos e toda uma cultura criada em volta desse preparo pam-peiro... Sim, as churrascarias viraram uma orgia gas-tronômica sem igual e fazem um preparo diferente do churrasco feito em casa, que lembra mais o churrasco argentino. Não os confunda.

Nesta semana, almocei no Ponteio Grill e, sem perceber, passei quase três horas lá. O buffef fixo (sa-ladas e pratos quentes) parece infinito. A dica é olhar tudo antes de ir pegando, caso contrário, corre-se o risco de chegar ao fim com um prato muito cheio e não comer todas as carnes que gostaria. As saladas vão de polvo à berinjela romana. E a berinjela, real-mente, vale a pena. Quem se perde nessas mesas terá problemas com o carpaccio, o presunto Parma, a muzzarella de búfala, o coração de alcachofra, o camarão, o sashimi... O couvert vem com camarão empanado, polen-ta frita, pastelzinho, croquete, pão de queijo. É muito bom e levanta de novo a questão: é importante lem-brar que se veio aqui para a orgia, que serão as car-nes. Pessoalmente, gosto de pensar em uma ordem para as carnes que vou aceitar, já que algumas são mais fortes que outras e podem anular seus sabores. Mas cada um pode ter sua ordem de preferência, desde que peça - e repita - o Carré de Cordeiro com molho de hortelã (deve-se pedir o molho). Uma espe-cialidade. O cordeiro é típico de Portugal e harmoniza muito bem com vinhos de lá. Sei que para nós, brasileiros, é difícil fugir da tradicional “cerveja com churrasco”. Mas o Ponteio tem uma carta de vinhos portugueses vasta e completa, que vale a pena ser vista e prova-da. O vinho é tão muito gaúcho quanto o churrasco e casa muito bem com as carnes. “Churrasco típico” é um conceito vasto e pode ser experimentado de várias maneiras. Pode ser muito gastronômico em certos restaurantes se provado da maneira correta. Este “prato nacional” cada vez cai mais e mais em nosso gosto. As opções de mistu-rá-lo a outros tipos de culinárias também crescem, tornando-o melhor, mais leve, mais interessante.

Gabriel Leicand. Aluno do último semestre do curso de Gastronomia da Universidade Anhembi Morumbi.

O Prato Nacional

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Sorvete de Manga com Iogurte

2½ (600g) de manga sem casca e sem semente1 xícara de açúcar refinado1 xícara rasa de águaSuco de dois limõesRaspas da casca dos limões1¼ xícaras de iogurte integral (ou kefir)

Modo de preparo:Colocar a manga picada em pedaços grandes, o açúcar, a água, o limão e a raspa da casca em uma panela e aqueça até ferver. Mantenha em fogo baixo por 5 minutos com a panela descoberta.Deixe esfriando por 10 minutos e processe com um mixer ou em um liquidificador. Esfrie completamente no refrigerador adicione o iogurte.Coloque na sorveteira e bata até adquirir a consistência de sorvete. Caso você não tenha uma sorveteira, coloque para resfriar no congelador no bowl da batedeira e, a cada meia hora bata levemente, nunca deixando cristalizar. Depois de bater 5 vezes, faça isso a cada 1 hora mais 3 vezes. Utilize uma espátula caso o sorvete já esteja oferecendo muita resistência.Sirva com uma folha de hortelã sobre cada bola.

Ajo Blanco

2 fatias de pão de forma branco2 dentes de alho¾ de xícara de azeite extra virgem150g de amêndoas sem pele2 colheres de sopa de vinagre de vinho jerez (pode ser substituído por vinho jerez na falta do vinagre)SalPimenta do reino branca moída 9 uvas moscatel2 ½ xícaras de água gelada

Modo de preparo:Fazer um pequeno corte em forma de cruz na ponta das uvas e mergulhá-las por 25 segundos em água fervendo. Retirar e dar um choque térmico em água com gelo para soltar a casca. Descascar.Caso tenha apenas amêndoas com pele, fervente-as e retire a pele.Ponha no liquidificador o pão molhado com água, as amêndoas e o alho e bata até formar uma pasta. Adicione o azeite e o vinagre de vinho jerez aos poucos. Adicione a água gelada ajustando a textura da sopa e bata junto 3 uvas moscatel sem casca e sem se-mente. Ajuste o sal e a pimenta (a gosto).Sirva gelada com as outras 6 uvas sem casca e sem semente cortadas ao meio dentro da sopa ou postadas.

Receitas

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Foco no Problema e Foco na Solução_negócios

Circula pela Internet um texto dizendo que, quando a NASA iniciou o lançamento de naves tripuladas por astronautas, descobriu que as canetas não funcionariam na ausência de gravidade. O texto diz que, para resolver o problema, contratou-se uma famo-sa empresa de consultoria e foram investidos 12 milhões de dólares. Depois de 10 anos de muita pesquisa, foi desenvolvida uma caneta que escreve em tal circunstância, de ponta-cabeça, debaixo d’água, em quase todo o tipo de superfície e em temperaturas que variam de negativas a até mais de 300 graus Celsius... Coisa de primeiro mundo! Já os russos, para seu programa espacial - ainda segundo o texto - utilizaram lápis... Não sei se o tal texto é verídico. Também há muita bobagem na Internet. Se o e-mail não é sério, pelo menos é bem-humorado. Mas a mensagem carrega nas entrelinhas uma questão das mais importantes e também bastante comum: a perda do foco. Deduz-se pelo texto que os americanos partiram para uma solução imediata, embora tenham levado 10 anos para que se concretizasse: se não há canetas que funcionem sem gravidade, cria-se uma que funcione. É a lógica “fast food”. Já os russos, conforme o artigo, entenderam que deveriam procurar uma alternativa para poder escrever nesse tipo de ambiente. Devem ter coletado objetos que servem para escrever, riscar ou desenhar, analisado o que foi encontrado e decidido pelo que melhor atendia às necessidades. Foram eficazes fazendo, do jeito certo, o que deveria ser feito. Muitos empresários agem como os profissionais da NASA na his-torinha do texto: focam um problema, e não uma solução. Jogam o termômetro no lixo ao invés de procurar a causa da febre. Nunca foi tão necessário agir de acordo com planos. Jamais os negócios exigiram tanto planejamento. Vivemos em um cenário con-turbado, com muitas mudanças, transformações rapidíssimas, con-corrência forte e instabilidades internacionais que afetam nossas vidas e nossas empresas. O foco é fundamental para executar um plano, pois assegura o sucesso das metas. A regra é mantê-lo na solução para não inventar mais um problema.

Ricardo Leão AjzenbergEspecialista em Projetos de Financiamentohttp://sites.coreconsp.org.br/azb

Foco no Problema e Foco na Solução

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perfil_Mouzar Benedito

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Mouzar Benedito_perfil

Lúcio Flávio (Lúcio Flávio Vilar Lírio), o Bandido da Luz Vermelha (João Acácio Pereira da Costa), Lampião e Maria Bonita (Virgulino Ferreira da Silva e Maria Gomes de Oliveira). Assim como um dos ícones da literatura brasileira, Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, muitos anti-heróis têm parte na construção de um verdadeiro “lendário popu-lar”. Eles chamam a nossa atenção, talvez, por despertarem um certo lado “torto”, com o qual nos identificamos. O tema, agora, é Gino Amleto Meneghetti, con-siderado um dos maiores ladrões da história de São Paulo. Ele chegou a afirmar “Jamais roubei um pobre. Só me interessa tirar dos ricos, e ti-rar jóias, que são bens supérfluos que só servem para alimentar a vaidade”. Julgamentos à parte, eis aqui trechos de uma deliciosa conversa com o escritor Mouzar Benedito que, recentemente, lan-çou o livro Meneghetti, o Gato dos Telhados, pela Editora Boitempo.Mouzar é mineiro, mas vive em São Paulo, no bairro de Vila Madalena. Estudou Geografia na USP e Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. Como jornalista, trabalhou em veículos alternati-vos como o jornal O Pasquim e o Versus. Na dé-cada de 70, sua luta contra a ditadura era feroz: visitava presídios e conversava com presos políti-cos a fim de organizar iniciativas para combater o regime que assolava o Brasil. Hoje, ele é figura conhecidíssima na Vila Madale-na, dono de uma simpatia incorrigível e sempre comprometido com a cultura nacional. Autor de livros como 1968, Por aí... Memórias Burlescas da Ditadura e O Anuário do Saci e seus Amigos, Mouzar concedeu esta entrevista exclusiva para a Versátil Magazine.

Mouzar Benedito

Versátil Magazine_Por que você escolheu contar a vida de Meneghetti em seu livro?Mouzar Benedito_Na infância, em Minas Gerais, escutava as pessoas falando histórias fantasiosas, como a de Meneghetti, que tinha molas nos pés que o faziam saltar. Havia quem acreditasse nisso, quem jurasse ser verdade. Ele pulava para o meio da rua com as molas. E era, ao mesmo tempo, um ladrão simpático, nunca violento.

Versátil Magazine_E como foi o processo da escri-ta deste livro?Mouzar Benedito_Eu gostava muito da figura dele, da lenda. Quando a Editora Boitempo começou com a ideia de livros sobre a Pauliceia, de buscar personalida-des de São Paulo como as da época de 1922 (Semana de Arte Moderna), eu contei à Ivana, da editora, que ti-nha simpatia pelo Meneghetti, o maior ladrão da histó-ria, um ladrão não violento. Isso foi em 2004, quando fui morar em Campinas, a trabalho. Lá, comecei a juntar material e quando vi, tinha muita coisa sobre ele. O livro foi escrito em 2005. Quanto voltei para São Paulo, não tinha emprego e, com tantas coisas sobre o Meneghet-ti, resolvi escrever. Falei com a Ivana que, se quisesse publicar, tudo bem. E ela publicou em 2009.

Ricardo Leão AjzenbergEspecialista em Projetos de Financiamento

http://sites.coreconsp.org.br/azb

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perfil_Mouzar Benedito

Versátil Magazine_A descrição de Meneghetti em sua obra afir-ma “Era esperto, humano, adepto da não violência, anarquista, con-testador da sociedade capitalista, da burguesia e da aristocracia... Enfim, um herói popular.” Quanto há de identificação entre Mouzar e Meneghetti?Mouzar Benedito_O primeiro título que pensei para o livro foi “Meneghetti, honestamente la-drão”. Acho um horror quando um ladrão entra em uma casa e vandaliza ou violenta fisicamente as pessoas. O Meneghetti não roubava na presença das pesso-as. Ele não roubava, furtava. Era um ladrão que lia a programação do Theatro Municipal, concluía que o casal em questão estaria assistindo às óperas e, daí, en-trava na casa para roubar, pelo telhado. Andava armado, mas não usava a arma. Ele afirmou, quando foi preso, “Se quiserem me condenar que seja por roubo, mas não admito ser condenado por atirar em ninguém”. Ele era cordial, respeitava as mulheres e

era delicado com as crianças. Do cara rico, dizia que tirava as jóias que alimentavam a vaidade e não fariam falta. Sob certo aspecto, ele humilhava os ricos. Deixava bilhete tirando sarro, dizendo que a jóia era falsa... Como anarquis-ta, entendo que a anarquia seja uma utopia, mas sonho em viver em uma sociedade na qual não exista o poder. Se isso aconte-cer, será daqui a um milênio. Eu gosto do exemplo do índio não ter chefe. Um dos ditados mais errados é dizer que quem tem chefe é índio. Na guerra, o cara luta porque é “bom de guerra”, mas, mesmo o pajé ou o “che-fe”, não têm mordomia. Plantam mandioca, caçam. Isto é próximo do que imagino para uma socie-dade justa. Se as pessoas forem boas, não haverá poder. Mas, se houver um sacana no meio, isso vai estragar tudo.

Versátil Magazine_De onde vem, qual a origem do fato de Meneghetti colocar especialmen-te os ricos em um papel de humi-

lhação?Mouzar Benedito_É isso mes-mo. Ele tinha essa história, que começou pela própria miséria. O que mais admiro nele é o fato de ter vivido sem nunca ter tenta-do revidar. Já conversei com um pessoal para tentar entender por-que eram violentos. Percebi que há um desejo de vingança em algumas pessoas que viraram la-drões. Na primeira vez, roubaram por necessidade. Depois, rou-bando outras vezes, tinham raiva de outros que também estavam roubando. Meneghetti conseguiu superar isto, nunca tratou mal quem roubava.

Versátil Magazine_Ainda assim, ele se apropriava de coisas de outras pessoas. Moral ou etica-mente, como vê isso?Mouzar Benedito_Entrando um pouco na cabeça dele, ele se apropriava de bens alheios. Se roubava um banqueiro, era por-que o banqueiro explorava os mais pobres. Ele sabia o que era a mais valia e reivindicava isso

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Mouzar Benedito _negócios

aos pobres. Eticamente, ele se sentia muito bem. E dizia “nunca roubei um pobre”. Mas também nunca vendeu cocaína, heroína.

Versátil Magazine_Como é publicar um livro no Brasil? Mouzar Benedito_É o que você vê em filmes nor-te-americanos: um cara manda o texto pra editora, logo pega seu cheque e acaba com todas as suas dívidas. Aqui, o acesso às editoras não é simples. Muitas vezes, marcar entrevista com o Papa ou o Presidente pode ser até mais fácil do que fazer um encontro com editores. Resolvi não ficar caçando, desesperadamente, uma editora. Escrevo. Se um dia alguém quiser, publica. Com a Ivana, o texto fi-cou na gaveta desde aquela época. A divulgação está sendo muito boa; eles têm trabalhado muito bem. Às vezes você tem que recorrer a concursos para publicar. Por exemplo, escrevi dois livros na época em que trabalhava para a TV Record. Escrevi e deixei na gaveta. Um dia, uma editora pequena me comunicou sobre um concurso literário. Resisti, alegando que muitos desses concursos têm “cartas marcadas”. Mas insistiram, pedindo que eu apenas enviasse o texto e eles cuidariam de todas as outras coisas. Fiquei surpreso porque venci o concurso, em 2008, com um romance. Enviei depois o João do Rio 45, no mesmo ano. Falava sobre o final da ditadura na Vila Madalena, era pré-AIDS e ganhei o concurso novamente. Se ficar desesperado para publicar, aí não dá. É impossível viver, no Brasil, de publicar livros. A não ser alguém muito bem suce-dido, com venda de 200 mil livros. O Brasil, quando tinha 60 milhões de habitantes, fazia livros com tira-gem inicial de 3.000 exemplares. Com 180 milhões de habitantes, a tiragem é de cerca de 1.000 exem-plares. Hoje, há editoras publicando, inclusive, sob encomenda. Se você vender uma edição inteira de um livro, deverá lucrar cerca de três ou R$ 4.000 mil. Só mesmo Jorge Amado e mais uns dois ou três.

Versátil Magazine_E Paulo Coelho?Mouzar Benedito_Um é ele. (rs) Assim, muitos es-critores vivem de escrever colunas para jornais, re-vistas. Há também a possibilidade da tradução, que varia de 14 a 25 reais por lauda. Para escrever um livro, duvido que você ganhe cinco mil reais em seis meses.

Versátil Magazine_Politicamente, o que você acha que mudou da época em que Meneghetti viveu para a de hoje? Mouzar Benedito_A organização em sindicatos,

exigir direitos de forma organizada. É engraçado o Meneguetti não ter se organizado em sindicatos. Ele não era um trabalhador, mas fez a sua luta individual.

Versátil Magazine_Mas você não acha que as coi-sas estão melhores hoje?Mouzar Benedito_Acho que houve uma evolução. Em 1913, as mulheres não votavam, por exemplo. A maior diferença que vejo é que falar em burguesia explora o proletariado é absurdo, mas isso conti-nua da mesma forma. Naquela época, o movimento operário era pauleira, heroico. O Partido Comunista tinha um comportamento heroico.

Versátil Magazine_A vida dos trabalhadores me-lhorou?Mouzar Benedito_No início, o salário mínimo era suficiente para uma família. Depois, foi abaixando, abaixando, até o momento em que não dava nem pra comer. Criaram o vale-refeição para que o pes-soal almoçasse para trabalhar. Depois, o mesmo com o vale-transporte. Mas, quando o trabalhador se aposenta, o plano de saúde, o valor da aposen-tadoria não são suficientes para nada. E o caso do professor, que dizem se aposentar com salário inte-gral? Mentira, porque perdem os benefícios. E, hoje, o sindicalismo acabou. Penso que a Justiça do Tra-balho virou para o lado do empregador.

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veículos_Ecosport

O Ford EcoSport 2011 chega com detalhes espe-ciais em sua dianteira: além da nova grade frontal, exibe um emblema com o nome do carro no capô – assim como os utilitários da Land Rover.As maiores novidades são os frisos laterais, as ro-das de liga leve de 15 polegadas e, no interior, os revestimentos e o grafismo do painel. As motoriza-ções flex 1.6 e 2.0 permaneceram.A Ford inovou, também, nas vantagens na hora da compra do veículo. O prazo da garantia do mode-lo foi estendido até três anos e a tabela de preços foi reduzida: a versão de entrada é a 1.6 XL, que sai por 49.900 reais. A 1.6 Freestyle sai por 57.190 reais, uma redução de 1.490 reais em relação ao modelo anterior. A topo-de-linha 2.0 4WD pode ser comprada por 61.880 reais, ou 3.080 reais a menos do que seu antecessor.

EcoSport 2011 VOCÊ VAI SE SURPREENDER

Há quem o escolha por ser forte, confortável, robusto. Outros, pela sofisticação. O que ninguém dis-

cute é a liderança de mercado que o EcoSport tem alcançado nos

últimos tempos.

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Ecosport _veículos

Confira a tabela de preços de todas as versões do EcoSport 2011

EcoSport 1.6 XL: R$ 49.900EcoSport 1.6 XLS: R$ 54.800EcoSport 1.6 Freestyle: R$ 57.190 EcoSport XLT 1.6: R$ 58.190 EcoSport 2.0 Freestyle: R$ 59.480 EcoSport XLT 2.0: R$ 60.190 EcoSport XLT 2.0 automático: R$ 60.910 EcoSport 2.0 4WD: R$ 61.880

VOCÊ VAI SE SURPREENDEROs itens de série do EcoSport 2011 são especial-mente atraentes: A XL 1.6 vem com ar-condiciona-do, direção hidráulica, coluna de direção com regu-lagem de altura, aviso sonoro dos faróis ligados e banco do motorista com regulagem de altura.Já a XLS 1.6 traz vidros elétricos dianteiros e trasei-ros, travas elétricas com acionamento à distância, faróis de neblina e chave do tipo canivete. A Frees-tyle 1.6 ou 2.0 acrescenta rodas de liga leve na cor cinza, para-choques na cor do carro, computador de bordo e rádio CD Player com reprodução de ar-quivos em MP3 e Bluetooth.A 1.6 XLT oferece ainda airbag duplo, grade dian-teira, espelhos retrovisores e maçanetas na cor do veículo e rodas de liga leve de 15 polegadas. Há opção de comprar, à parte, freios ABS, bancos de couro com aplique na cor marrom e volante revesti-do em couro.O modelo 2.0 XLT oferece freios com sistema anti-travamento (ABS) e espelho de cortesia para o pas-sageiro e o 2.0 XLT Automático tem transmissão automática de quatro velocidades. Além de todos esses itens, o 4WD apresenta tração integral nas quatro rodas. Bancos e volante revestidos em couro são opcionais.

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1. ADEUS, HAITI. Edwige Dandicat. BIOGRAFIA. Escritora reconhecida internacionalmente, Edwige é uma haitiana radicada nos EUA desde os 12 anos de idade. Ela conta as memórias de quando vivia no Haiti em um épico da vida real, sobre a diáspora de um país combalido por guerras e tragédias naturais. Editora Agir.

2. ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS – ED. CO-MEMORATIVA. Lewis Carroll. INFANTO-JUVENIL Nada como ler a obra, e não só assistir ao filme em cartaz. Um coelho apressado, com um relógio na mão, atrai a atenção de Alice que, ao vê-lo entrar em um buraco, corre atrás do animal até chegar ao País das Maravilhas. IBEP NACIONAL.

3. CLUBE DO DINHEIRO DAS SMART COOKIES. Jennifer Barrett. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA. Cin-co amigas contam como pagaram suas dívidas e dão dicas sobre como se organizar financeiramente sem abrir mão dos pequenos luxos no dia a dia. Mesmo sem experiência em finanças, elas assumiram o con-trole de gastos com pequenos ajustes e planejamento.

4. CONVERSANDO É QUE A GENTE SE ENTENDE. Nelson Cunha Mello. DICIONÁRIO TEMÁTICO. Conversando é que a gente se entende é um livro único, sem precedentes. Trata-se de um dicionário com mais de 10 mil casos, palavras, ditos popu-lares, gírias, bordões, máximas e outras formas do falar informal brasileiro. Leya Brasil.

5. FREDDIE MERCURY. Selim Rauer. BIOGRAFIA. A trajetória do vocalista da banda Queen, figura carismá-tica que marcou os anos 70 com seu estilo irreverente e sua voz única no mundo do rock. Considerado um dos maiores músicos britânicos da história, deixou uma legião de fãs ao morrer, em 1991, vítima de AIDS. O jor-nalista vai além do mito, revelando segredos do artista.

6. IMORTAL – HISTÓRIAS DE AMOR ETERNO. Vários. FICÇÃO. O amor impossível entre um rapaz sim-ples e uma menina rica que se torna vampira em busca de liberdade; uma fada que tenta livrar de grandes en-crencas sua melhor amiga. Estas são apenas algumas das histórias narradas por autores como - Claudia Gray, Rachel Caine, Kristin Cast. Editora Planeta.

7. A MULHER DE JERUSALÉM. Abraham B. Yehoshua. ROMANCE. Uma mulher morta em um aten-tado não pode ser enterrada por não ter documentos, mas um papel a liga a uma panificadora. Um de seus en-carregados descobre que ela é uma imigrante, vinda do mesmo lugar em que nasceu. Assim, ele revê a própria vida. O autor israelense participará da FLIP 2010 (Feira Literária de Paraty), em agosto. Companhia das Letras.

8. NOITE ETERNA. Claudia Gray. Bianca deixa sua ci-dade natal e torna-se aluna de um misterioso colégio, onde seus colegas parecem perfeitos demais para ser verdade. Lá, conhece Lucas e se vê disposta a arriscar tudo para ficar com ele. Mas alguns segredos obscuros vão ficar no caminho do casal. Editora Planeta.

mix cultural_Livros

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9. POLÍTICA ZERO – A CRISE NAS CHARGES DA FOLHA DE S. PAULO. Glauco Vila Boas. Um dos divertidos títulos da obra de Glauco, traz uma coletâ-nea de 60 charges sobre a crise do governo Lula pu-blicadas originalmente no jornal Folha de S.Paulo. As situações mais absurdas e ridículas, desde as CPIs até os vexames do Planalto, mostradas através do olhar crítico e divertido do cartunista. Editora Devir.

10. REVISTA DA TINA. Mauricio de Sousa. QUA-DRINHOS. A 10ª edição, cuja publicação é mensal, já está nas principais bancas de jornal. Neste nú-mero, Tina leva Pipa para comprar roupas básicas, tentando conter os impulsos da amiga. Na seção “Tina Entrevista”, a personagem conversa com Mar-cos Pontes, o astronauta brasileiro.

11. OS SEGREDOS DOS GATOS. Alexandre Rossi e Paula Itikawa. ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO. No livro, ilustrado, mitos são contestados, como a afirmação de que gatos não obedecem e, portanto, não po-dem ser treinados. Observando a vida social desses animais - “reuniões com amigos” à noite e vida se-xual – os autores demonstram o quanto são afetuo-sos e amáveis. Editora Globo.

12. O UNIVERSO WILDSTORM POR ALAN MOO-RE. Um dos maiores gênios dos quadrinhos, Moore traz sua versão de personagens como Deathblow, Majestic, Voodoo e WILDC. A.T.s em aventuras num dos mundos mais exóticos que podemos imaginar. A chance para os fãs terem, em um único volume, algumas das contri-buições mais significativas para o selo WildStorm.

13. AS VIDAS DE CHICO XAVIER. Marcel Souto Maior. BIOGRAFIA. No ano do centenário de Chi-co, o livro foi a base para o filme “Chico Xavier”, em cartaz (veja mais em cinema). O jornalista conta a trajetória do médium que psicografou mais de 400 obras e desenvolveu importante atividade mediúni-ca e filantrópica. Uma história de otimismo e genero-sidade para quem crê e para quem não crê. Editora Planeta.

14. UMA VIDA ENTRE LIVROS. JOSÉ MINDLIN. BIOGRAFIA. O autor discorre sobre seu amor pelos livros, sua paixão pela leitura e como ela originou uma biblioteca. Com bom humor, fala de seu conví-vio com escritores, de sua formação escolar e pro-fissional. Falecido em fevereiro, Mindlin doou para a USP um acervo de 40 mil livros que, em 2011, estará disponível para todos. CIA DAS LETRAS.

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DVDs

AVATAR. James Cameron. FICÇÃO. Jaze (Joel Moore), um ex-fuzileiro naval paraplé-gico, é enviado ao Pandora, planeta onde vive a raça humanóide Na’vi. Ela entra em choque com os humanos da Terra. Ima-gens em 3D. Atores reais junto aos gera-dos por computador. Com Sigourney Wea-ver. OSCAR 2010. Lançamento em 22/04.

UMA AVENTURA NA ÁFRICA. John Huston. CLÁSSICO. Baseado no roman-ce de C. S. Forester. Humprey Bogarti in-terpreta Charlie, capitão de um barco na Primeira Guerra Mundial. Ele e uma mis-sionária inglesa que escapou de um mas-

sacre viverão uma grande paixão. Um clássico do cinema. Com Katharine He-pburn. Oscar de melhor ator para Huston.

BATMAN (1943) - A SÉRIE COMPLETA (Duplo). Lambert Hillyer. SÉRIE. A história de Batman como realmente começou. Bruce Wayne e Robin protegerão Gothan City das maldades do Dr. Tito Daka. Deu início à odisséia do herói no cinema e, agora, finalmente está disponível em DVD em edição especial para colecionadores. Com Lewis Wilson e Douglas Croft.

GUERRA AO TERROR. Kathryn Bige-low. GUERRA. Um grupo de soldados americanos prestes a voltar para casa vive

esse curto período de tempo de modo infernal. Eles têm que se proteger contra insurgentes que promovem atentados, matando milhares de cidadãos. Com Je-remy Renner. Melhor filme e direção. Os-car 2010. Lançamento: 15/04.

HÁ TANTO TEMPO QUE TE AMO. Phi-lippe Claudel. DRAMA. Ganhador de dois prêmios César 2009, o longa descreve o retorno de Juliette à família e à sociedade, após 15 anos de ausência e rejeição. Aos poucos, a trama revela a aparente amora-lidade por trás da tragédia que manteve Juliette afastada por tanto tempo da vida real. Com Kristin Scott Thomas.

CDs

BOSSA NOVA 50 ANOS. Johnny Alff. MPB. Dividida entre raridades e discos de grande sucesso comercial, esta co-leção, em digipack, mantém capas e encartes originais da produção. Opor-tunidade para ouvir as composições de um dos precursores da Bossa Nova – o “Genialf”, como dizia Tom Jobim.

DUOFEL PLAYS THE BEATLES. DUO-FEL. INSTRUMENTAL. Os veteranos violonistas Fernando Melo e Luiz Bueno, juntos desde 1977, apresentam vários sucessos dos Beatles em versões inusi-tadas, como em “Here Comes The Sun”, “Eleanor Rigby” e “A Day In The Life”. Os

arranjos, belíssimos, valorizam as harmo-nias das canções.

GERINGONÇA. Ricardo Teté. MPB. Lan-çado na França e no Brasil, conta com participações de Irene Jacob, Hamilton de Holanda, Nelson Veras, entre outros. São 12 canções - 9 composições pró-prias, além de versões para “Janela para o Mundo” (Milton Nascimento) e “O Por-tão” (Roberto Carlos/Erasmo Carlos). Um forte diálogo com a literatura se faz pre-sente nas letras.

PIMENTEIRA. Pedro Miranda. MPB. Um dos nomes mais importantes na nova geração do samba carioca, o cantor e pandeirista traz gravações de sambas

inéditos de Nelson Cavaquinho, Elton Medeiros, Nei Lopes, Alfredo Del-Penho e Moyseis Marques, entre outros. O dis-co sucede “Coisa com Coisa”, de 2006, quando o artista fez sua estreia solo.

VIVA LA VIDA OR DEATH AND ALL HIS FRIENDS. Coldplay. POP ROCK. For-mada em 1998, em Londres, a banda é conhecida por suas músicas melan-cólicas e depressivas, com letras intros-pectivas. O álbum “Viva La Vida or Death and All His Friends” foi o mais vendido em todo o mundo em 2008. A banda ficou no topo da lista dos mais vendidos, à frente de medalhões da música pesada como AC/DC e Metallica.

mix cultural_Cinema, DVDs, CDs, Shows e Teatro

CINEMA

ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS. Tim Burton. ANIMAÇÃO. Adaptação do clássico de Lewis Carroll. As aventuras da jovem Alice (Mia Wasikowska), que cai em um mundo mágico cheio de persona-gens estranhos e obscuros. Com Johnny Deep. Estreia: 23/04

AMELIA. Mira Nair. BIOGRAFIA. Biogra-fia de Amelia Earhart, pioneira da aviação americana que desapareceu misterio-samente no Oceano Pacífico, em 1937, enquanto tentava dar a volta ao mundo. Com Hilary Swank e Richard Gere.

APROXIMAÇÃO. Amos Gitai. DRA-MA. Um jovem israelense viaja para o funeral de seu pai, na França, onde reencontra sua meia-irmã, Ana. O tes-

tamento revela segredos do passado que ela acreditava serem só dela. Com Juliette Binoche e Jeanne Moreau.

ATRAÍDOS PELO CRIME. Michael C. Martin. AÇÃO. Após uma longa carreira, na qual tiveram caminhos diferentes, três po-liciais do Brooklyn são guiados na mesma direção e acabam se reunindo na mesma cena de um crime. Com Richard Gere.

CASO 39. Christian Alvart. SUSPENSE. Uma assistente social idealista luta para salvar uma adolescente das mãos dos pais abusivos. Ela descobre que a garo-ta não é tão inocente e que a situação é mais perigosa do que imaginava. Com Renée Zellweger. Estreia: 09/04

CHICO XAVIER. Daniel Filho. BIOGRA-FIA. Baseado no livro As vidas de Chico

Xavier, do jornalista Marcel Souto Maior. A vida do médium e líder espírita. Uma das homenagens a Chico no ano do centená-rio de seu nascimento. Com Nelson Xa-vier e Christiane Torloni.

OS ESTADOS UNIDOS CONTRA JOHN LENNON. David Leaf e John Scheinfeld. DOCUMENTÁRIO. O filme cobre o perío-do entre os anos de 1966 a 1976, quando Lennon se dedicou a campanhas políticas contra as guerras. Sua ideologia ativista gerou conflitos com o governo americano.

SURPRESA EM DOBRO. Walt Becker. COMÉDIA. Um homem divorciado, pai de gêmeos, vive grandes enrascadas quando tem que cuidar das crianças por duas semanas. Ele conta com a ajuda de seu melhor amigo – o que não é uma boa solução. Com John Travolta.

por Valéria Diniz

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SHOWS

SIMPLY RED. A banda inglesa que já vendeu mais de 50 milhões de cópias no mundo apresenta a Farewell Tour. E prometem grandes sucessos, como “If You Don’t Know Me By Now” e “For You Babies”. 20/04.

CREDICARD HALL | Avenida das Na-ções Unidas, 17955 - Brooklin | Informa-ções: (11) 2846-6010

ORQUESTRA EXPERIMENTAL DE REPERTÓRIO. Série Cinema em Concer-to. Comemorando seus vinte anos, a OER mostra a obra do compositor Alexandre Guerra para o cinema e TV. Em seus tra-balhos, trilhas para o filme “Castelo Rá-tim-bum’ e para a série “Maysa”, da TV Globo. Regência de Juliano Suzuki. 11/04.

TEATRO BRADESCO | Bourbon Shop-ping São Paulo | Rua Turiassú, 2100 - 3° piso | Fone: (11) 3670-4100

NA CASA DA RUTH. A cantora Fortu-na, o ator Rafael Zolko e o Coral Infantil do SESC Vila Mariana entoam poemas da escritora Ruth Rocha, musicados por Hélio Ziskind. No repertório, também há canções infantis conhecidas como “Ale-crim” e “Borboletinha”. 06 a 25/04.

TEATRO SÉRGIO CARDOSO | Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista | Informações: (11) 3288-0136

TEATRO

CATS. Musical de Andrew Lloyd Webber. Um dos gatos da tribo Jellicle Cats pode-rá renascer para uma nova vida. Agora, Grizabella é hostilizada pelos companhei-ros, por tê-los abandonado para conhe-cer o mundo. Musical baseado no livro Old Possum’s Book of Practical Cats, de T.S. Eliot. Versão musical de Toquinho. Com Paula Lima. Até 30/05.

Teatro Abril | Av. Brig. Luís Antônio, 411 - Bela Vista - Centro | Informações: (11) 2846-6000

O REI E EU. Baseada no romance Anna e o Rei do Sião, de Margaret Landon, a obra teve sua primeira encenação em Nova York, em 1951, com música de Richard Rodgers e letras de Oscar Hammerstein II. Conta a história de uma professora inglesa contratada para educar os filhos de um rei conservador no Sião, atual Tailândia. Dire-ção de Jorge Takla. Com Tuca Andrada, Claudia Netto e outros

Teatro Alfa Sala A | Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722 – Jardim Dom Bosco Informações: (11) 5693-4000

ESCOLA DE MULHERES. Jean Molière. Adaptação do original francês de Jean Mo-lière, “L’École dês Femmes”. Oscar Magrini é Arnolfo, homem maduro, que criou uma menina, com sua receita de mulher honesta. Ironicamente, ela se apaixona pelo filho de um amigo. Tradução de Millôr Fernandes. Di-reção: Roberto Lage. Com Erik Marmo, Tahis Pacholek e Flavio Faustinoni. Até 13/06. Para deficientes visuais e auditivos: entrada franca, aos domingos. Reserva com antecedência.

TEATRO VIVO | Av. Dr. Chucri Zaidan, 860 - Morumbi. | Informações: (11) 7420-1520

Cinema, DVDs, CDs, Shows e Teatro_mix culturalpor Valéria Diniz

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crônica_Reuniões

A reunião estava agendada há um mês, e o comparecimento foi maciço. Procurei sentar mais para o fundo da sala, num ponto isolado, de tal forma que ninguém reparasse que eu iria ficar desenhando. É o que sempre faço em reuniões. Distrai minha mente enquanto debates circulares de questionável utili-dade se desenrolam incessantemente à minha volta. Sábio aquele que disse que a região cerebral utilizada durante esses encontros é o caroço. Faço meus melhores desenhos justamente durante reuniões. Por isso, apesar de detestá-las, agradeço quan-do elas surgem, pois é a oportunidade de produzir meus melhores trabalhos. Corria aquele trololó inicial de que todos têm que colaborar e eu já havia desenhado um papagaio cheio de cani-nos, um ogro e uma garça com exoftal-mia. Estava super produtivo! Uma reunião segue sempre um cur-so característico. Há uma pauta, lógico. Raramente é seguida. Até que se tenta. Em geral a coisa descamba pra terapia em grupo, com cada um apresentando problemas particulares. Em casos ex-tremos, descamba para problemas ín-timos. Já não é mais uma questão dos apontadores de lápis estarem cegos, mas da enchente que fulano enfrentou ao sair da empresa e que lhe provocou leptospirose, ou do gato do vizinho que não deixa ninguém dormir nos dias pa-res, e por aí vai. Depois de trinta minutos de lo-gorreia profusa, o Wilson chegou. De início, pensei que fosse a velha estratégia de chegar atrasado e sair antes do fim, mas não era o caso. O Wilson é um iniciante na arte das reuniões. Recém-contratado, sua ad-missão dependeu de uma entrevista que fez comigo. Ficou meio perdido quando adentrou a sala com a reu-nião em curso, mas, quando me viu, respirou aliviado e veio sentar-se pró-ximo. Creio que eu era o único rosto conhecido para ele naquela multidão.

— Oi, senhor Mário. Ele se acomodou e foi logo puxando caderno e caneta para anotar. Jovem e boa-pinta era uma exceção na empre-sa. Sua fama se tornara rapidamente lendária entre as funcionárias. — Já disseram algo importante? — perguntou, todo preocupado. — Não vão dizer nada de importan-te até o final. Mas talvez seja bom você anotar as novas diretrizes que a buro-cracia central inventou. Nosso emprego depende de uma subordinação passiva e dócil a cada nova série de procedi-mentos que ferem a lógica de morte — disse eu, muito sério e solene. Na hora, não percebi, mas acho que fui sincero demais para um pobre novato ingênuo. Continuei desenhando enquanto o Wilson prestava uma atenção danada no discurso da diretora-geral e anotava tudo que era dito. Eu tentava posicionar meus ouvidos fora da linha de tiro da voz dela, que era esganiçada e possuía um timbre dos infernos. Meus desenhos me distraíam também disso. Depois do papagaio, do ogro e da garça, já havia feito um peixe (este bem convencional) e um ET cheio de pelos. Mas, apesar de estar entretido com meus desenhos, não pude deixar de perceber a mudan-ça trazida pela presença do Wilson ao ecossistema daquele canto da sala. Pouco depois da sua chegada, Se-lênia, a gestora do trecho norte, levan-tou-se e veio furtivamente para o nosso lado. Quando passou por mim, nem me viu, tão magnetizada estava pela figura do Wilson. Só olhou para mim quando seu tamanco 43 sentiu uma carne macia embaixo dele. Era meu dedo mindinho. — Ah... Oi, Mário... — e fez um ace-no curto com a mão. Uma interação bem ligeira se com-parada ao abraço de polvo que ela deu no Wilson. — Wilson!... Como você está? Seus olhinhos brilhavam. Apenas um minuto depois, Vânia, a administradora do tronco sul, veio

sentar-se também ao nosso lado. Ela até me cumprimentou com um beijo, embora, a rigor, a coisa toda se tenha dado mais no âmbito da orelha. — Wilson, como você está, queri-do? Deu-lhe um beijo com um estalido alto e sonoro. — Ai, meu Deus! Olha a marca de batom que eu deixei em você!... Parecia que um morango havia sido atropelado na bochecha do Wilson. Este contraste de tratamento tinha lá seus motivos. Eu estava mais para Woody Allen, e ele, para Brad Pitt. Em pouco tempo, o local que eu ha-via escolhido para ficar em paz estava lotado de mulheres. Wilson era a encar-nação do campo gravitacional do Sol. A reunião avançou seguindo o es-quema clássico: os primeiros itens da pauta tomaram um tempo colossal; de-pois, as pessoas falaram de problemas pessoais que poderiam facilmente ser resolvidos em particular e, por fim, veio a constatação de que não havia mais tempo para o restante da pauta (cerca de 80%), especialmente porque a reu-nião extrapolara o tempo de duração em duas horas. Ao final dela, o Wilson saiu escoltado por um grupo numeroso de mulheres. O assessor da direção, que rivaliza-va comigo em assimetria de rosto, viu minha folha de anotações polvilhada de desenhos. — Nossa! Olha esse urubu caolho! — Não é um urubu. É um sapo ala-do com conjuntivite. — Uau! Você desenha super bem! — Obrigado. Eu me retirei praticamente desper-cebido. Meus desenhos faziam mais sucesso do que eu.

Reuniões

Alexandre Lourenço é Veterinário, microbiologista, professor, bípede, mamífero e, agora, escritor. Não necessariamente nessa ordem.e-mail: [email protected]

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