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114 TERCEIRO QUADRIMESTRE 2012 VERSÃO BRASILEIRA ANO XXIX Juan José Gil Sánchez Modelos preditivos aplicados ao seguro de vida Impacto da Diretriz de Gênero no setor segurador Cartéis das companhias de seguros marítimos no séc. XIX O naufrágio do cruzeiro ‘Costa Concordia’ “Nosso modelo facilita a permeabilidade da cultura do risco” Uma ferramenta adequada para a modelagem de riscos Proposta de um novo modelo preditivo O exemplo histórico de Barcelona Causas e consequências econômicas do acidente Diretor de financiamento de riscos e seguros corporativos do Grupo Telefónica JOSÉ MIGUEL RODRÍGUEZ-PARDO DEL CASTILLO MÓNICA SALDAÑA SANZ MARIO SALA GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS

VERSÃO BRASILEIRA 114 · Gerência de Riscos e Seguros nº 114-2012 3 editorial Um olhar para o futuro Encerramos um ano que foi dificílimo para muita gente. Com as taxas de desemprego,

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VERSÃO BRASILEIRA

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XIX

Juan José Gil Sánchez

Modelos preditivos aplicados ao seguro de vida

Impacto da Diretriz de Gênero no setor segurador

Cartéis das companhias de seguros marítimos no séc. XIX

O naufrágio do cruzeiro ‘Costa Concordia’

“Nosso modelo facilita a permeabilidade da cultura do risco”

Uma ferramenta adequada para a modelagem de riscos

Proposta de um novo modelo preditivo

O exemplo histórico de Barcelona

Causas e consequências econômicas do acidente

Diretor de financiamento de riscos e seguros corporativos do Grupo Telefónica

JOSÉ MIGUEL RODRÍGUEZ-PARDO DEL CASTILLO

MÓNICA SALDAÑA SANZ

MARIO SALA

GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS

Instituto de Ciencias del SeguroCentro de DocumentaciónC/ Bárbara de Braganza, 14, 3ª planta28004 Madrid – España

CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO

EM SEGUROS, GERÊNCIA

DE RISCOS, SEGURANÇA E

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edito

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Um olhar para o futuro

Encerramos um ano que foi dificílimo para muita gente.Com as taxas de desemprego, os despejos e a precariedade de trabalho,

as festas de Natal, que normalmente passamos com alegria e diversão, acabaram sendo cruéis para muitas pessoas. Refiro-me àqueles que, exatamente porque há alegria e festa no ar, sentem com maior intensidade o desamparo, a carência de tantas coisas e o desânimo.

Ainda assim, nossa situação nos obriga a superar a amargura e o desencanto que nos paralisa como cidadãos críticos e reflexivos. Estas festas devem ter sido o espelho para o qual olhamos e onde – como se fosse um objeto mágico – pudemos saber o futuro. É hora de compreender que o futuro deixou de ser uma extrapolação previsível do passado. Não é hora de repetir ações que se mostraram infrutíferas.

Não, não estamos em crise. O que acontece é que as regras do jogo mudaram. De nada vale nosso empenho em busca da excelência se partimos de posições rotineiras e pouco criativas. A boa notícia é que, ultrapassando as palavras e o modo de formular os problemas, a originalidade e a criatividade estão sempre no cerne das respostas que imaginamos para enfrentar a mudança.

Temos a solução nas mãos e não devemos esquecer que a aposta na competência e na inovação é a fonte da nossa prosperidade futura.

Competência e inovação são dois valores que a cultura do Grupo Telefónica – conforme nos revela na entrevista seu diretor de financiamento de riscos e seguros corporativos – aplica nos 25 países onde atua, sendo esta a forma como consegue se posicionar como uma das principais operadoras de telecomunicações, líder mundial em soluções de comunicação, informação e entretenimento.

No primeiro dos três estudos publicados neste número da Revista, contamos com a reflexão que seu autor propõe sobre os modelos preditivos utilizados para a modelagem dos riscos pessoais para a correta gestão do modelo de negócio segurador relacionado às redes sociais e às mudanças que isso acarreta na cultura empresarial.

O segundo estudo apresenta uma nova metodologia para o cálculo da probabilidade de sobrevivência e falecimento, como resultado da Diretriz de Igualdade de Gênero da União Europeia, segundo a qual o sexo deixará de ser utilizado como uma variável determinante no estabelecimento do prêmio do seguro.

No terceiro dos estudos publicados, o autor nos transmite sua visão sobre as razões do auge em Barcelona, na metade do século XIX, das companhias de seguros especializadas no comércio de seguros marítimos e discorre sobre o convênio que várias delas firmaram para evitar a

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A revista Gerência de Riscos e Seguros não se responsabiliza pelo conteúdo de nenhum artigo ou trabalho assinado por seus autores, e o fato de publicá-los não implica concordância ou identificação com os trabalhos expostos nesta publicação. É proibida a reprodução total ou parcial dos textos e ilustrações desta revista sem a autorização prévia do editor.

PRESIDENTE: Filomeno mira Candel

DIRETOR: José luis ibáñez Götzens CHEFE DE REDAÇÃO: ana soJo Gil COORDENAÇÃO: maría rodriGo lópez CONSELHO DE REDAÇÃO: irene albarrán lozano, alFredo arán iGlesia, FranCisCo arenas ros, montserrat Guillén estany, aleJandro izuzquiza ibáñez de aldeCoa, César lópez lópez, JorGe luzzi, FranCisCo martínez GarCía, iGnaCio martínez de baroJa y ruíz de oJeda, eduardo pavelek zamora, mª teresa piserra de Castro, César quevedo seises, daniel san millán del río, François settembrino.

PRODUÇÃO EDITORIAL: Comark XXi Consultores de ComuniCaCión y marketinG

DESENHO GRÁFICO: adrían y ureña

versão brasileira: Fundación mapFre - deleGação brasil direção: Fátima lima

coordenação: renata pappalardo e Gabriela Freitas

Tradução e reViSão: maristela leal Casati

projeTo GráFico e deSiGn adapTado: bmeW propaGanda

FundaCión mapFreInstituto de Ciencias del Seguro

Paseo de Recoletos, 23.28004 Madrid (España)Tel.: +34 91 581 12 40. Fax: +34 91 581 84 09

www.gerenciaderiesgosyseguros.com

concorrência mútua, que amarrava sua atividade comercial, e regular a produção, a venda e os preços.

Encerrando a seção, trazemos um relatório elaborado pelo Instituto de Ciências do Seguro da FUNDACIÓN MAPFRE sobre o mercado segurador latino-americano com informações sobre os 25 maiores grupos seguradores no ano de 2011. Ele revela um aumento conjunto da concentração desses 25 grupos para 65,3 por cento do negócio. Esse incremento derivou dos processos de aquisição e acordos empresariais que aconteceram nesse ano.

No Observatório de Sinistros, relata-se o acidente do Costa Concordia, o navio que, no início de 2012, chocou-se contra uma rocha e naufragou em frente à ilha italiana de Giglio. O tratamento que os meios de comunicação deram ao acidente despertou no imaginário coletivo um afã sobre segurança em navegação, especialmente nos cruzeiros, que se traduziu na implementação de novas medidas de segurança.

Apesar da realidade imperante, que nós possamos ter tido festas dignas de serem lembradas. Que, ao levantar a taça e brindar à meia-noite, tenhamos conseguido lembrar que estas festas serão uma recordação das que estão por vir.

E que futuro pode ser melhor do que fazer parte de uma boa recordação?

Feliz 2013!

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ce

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Notícias AGERS 87

Obs.: Versão brasileira traduzida, originalmente, da edição espanhola da Revista Gerencia de Riesgos y Seguros, 3 º Quadrimestre de 2012.

TERCEIRO QUADRIMESTRE 2012

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Livros 81

Caderno Brasil 90Sustentabilidade: Gestão de risco, eis a questão

Atualidade 6Novidades legislativas. Notícias IGREA – Congresso Renovações 2013. Previsão sobre risco extremo de tempestades solares em 2013. Real Decreto regulador da Responsabilidade Civil e a garantia equivalente dos administradores de massa falida. Temporada 2012 de incêndios florestais na Espanha. Limpando vazamentos: Prestige e Deepwater Horizon. Consequências do furacão Sandy. Entrega do VI Prêmio Internacional de Seguros Julio Castelo Matrán. Graduação do curso acadêmico 2011/2012 do CUMES.

Juan José Gil Sanchez, diretor de financiamento de riscos e seguros corporativos do Grupo Telefónica“O seguro é uma ferramenta financeira admirável e única pela forma em que se ajusta às perdas”com os funcionários”

Entrevista 14

Estudos

Modelos preditivos aplicados ao seguro de vidaJOSÉ MIGUEL RODRÍGUEZ-PARDO DEL CASTILLO................................... 24Impacto da Diretriz de Gênero no setor seguradorMÓNICA SALDAÑA SANZ ................................................................ 36Os cartéis das companhias de seguros marítimos de Barcelona no séc. XIXMARIO SALA ............................................................................. 50

Agenda 2013 13

Observatório de sinistros‘Costa Concordia’: um naufrágio no litoralGERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS .................................................... 68

RelatórioRanking de grupos seguradores na América Latina 2011CENTRO DE ESTUDOS .................................................................. 48

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LEGISLAÇÃONovidades

Ordem ECC/2150/2012, de 28 de setembro, pela qual se modifica a Ordem EHA/339/2007, de 16 de fevereiro, pela qual se desenvolvem determinados preceitos da legislação que regula os seguros privados. B.O.E. núm. 245, de 11 de outubro de 2012.

Real Decreto 1333/2012, de 21 de setembro, pelo qual são regulados o seguro de responsabilidade civil e a garantia equivalente dos administradores de massa falida. B.O.E. núm. 241, de 6 de outubro de 2012.

Real Decreto 1192/2012, de 3 de agosto, pelo qual se regula a condição de segurado e de beneficiário para fins da assistência à saúde na Espanha, por conta dos fundos públicos, através do Sistema Nacional de Saúde. B.O.E. núm. 186, de 4 de agosto de 2012.

Resolução de 13 de julho de 2012, da Secretaria de Estado de Serviços Sociais e Igualdade, pela qual se publica o Acordo do Conselho Territorial do Sistema para a Autonomia e Atenção à Dependência

IGREA realiza em Sevilha seu congresso de tendências do mercado para 2013

Em 28 de novembro, a IGREA realizou em Sevilha seu congresso de tendências do mercado para 2013, “Renovações 2012-2013”, ao qual assistiram representantes das principais companhias seguradoras de grandes riscos na Espanha, bem como das principais corretoras e de todas as empresas que são membros da IGREA.

O congresso foi inaugurado pelo Secretário Geral, Miguel Ángel Jiménez-Velasco, que deixou clara a importância de estabelecer na empresa uma cultura do risco e a necessidade de implantar sistemas de gestão global de risco (ERM) que permitam às grandes multinacionais espanholas fazer frente à internacionalização com maiores garantias de êxito.

Sob o formato de debate entrevistado-entrevistador, foram abordados importantes assuntos sobre as peculiaridades dos distintos mercados seguradores em nível mundial e as exigências particulares de cada um deles.

Rogelio Bautista, Gerente de Riscos da Abengoa, e

para a melhora do sistema para a autonomia e atenção à dependência. B.O.E. núm. 185, de 3 de agosto de 2012.

Resolução de 6 de julho de 2012, da Direção Geral de Seguros e Fundos de Pensão, pela qual se cumpre o previsto no dispositivo adicional único do Real Decreto 1736/2010, de 23 de dezembro, pelo qual se modifica o Plano de Contabilidade das Companhias Seguradoras, aprovado pelo Real Decreto 1317/2008, de 24 de julho, com relação às tabelas de mortalidade e sobrevivência a serem utilizadas pelas companhias seguradoras e ao artigo único da Ordem EHA/69/2011, de 21 de janeiro, pela qual se prorroga a utilização das tabelas de sobrevivência GRM95 e GRF95 e as tabelas de falecimento GKM95 e GKF95 no sistema de planos de pensão. B.O.E. núm. 174, de 21 de julho de 2012.

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Jaime Echanove, Gerente de Desenvolvimento de Negócios da Willis, conversaram sobre a política de asseguramento nos Estados Unidos e as grandes diferenças em relação a outros mercados. Entre outros tópicos, eles falaram sobre temas relativos a acidentes de trabalho, terrorismo e cobertura futura deste risco quando terminar, em 2014, o atual acordo sobre cobertura deste risco em nível estatal, construção, efeitos do Sandy e evolução do seguro de D&O (Directors & Officers). Segundo a opinião dos especialistas, o mercado norte-americano endurecerá levemente em 2013.

Juan José Gil, Diretor de Financiamento de Riscos e Seguros da Telefónica, e Vicente Cancio, CEO da Zurich Global Solutions para a Espanha, dialogaram sobre o mercado latino-americano e o importante crescimento do PIB desses países. Ressaltaram, também, que neles ainda se mantém uma cessão importante dos programas de seguros aos mercados internacionais de resseguro, ficando o mercado local com os seguros pessoais. Eles fizeram menção especial à problemática atual dos mercados de seguros na Argentina e no Brasil, devido às políticas intervencionistas e protecionistas que esses países mantêm.

Daniel San Millán, Gerente de Riscos Ferroviários, e Luis

Basabe, Diretor Executivo da Marsh Espanha, apresentaram um projeto inovador de asseguramento de riscos, mais eficiente por meio de um programa Multiline / Multiyear através de companhias cativas, vinculando diferentes ramos durante vários anos e estabelecendo valores agregados de responsabilidade.

Em seguida, David González, Gerente de Riscos do Sacyr, fez uma apresentação sobre a busca da excelência no tratamento dos riscos.

O congresso foi encerrado pelo Presidente da IGREA, Daniel San Millán, que agradeceu a todos os participantes por sua presença e pelo grande apoio dado à instituição, destacando que a IGREA já possui 31 empresas multinacionais entre seus membros.

Mudança de ano com risco extremo de tempestades solares

Os estudos e previsões da Academia Nacional de Ciências de Washington (EUA), da NASA, da ESA e de outras agências espaciais e meteorológicas anunciam um grande aumento das tempestades solares para o final do ano passado e início deste ano.

Os efeitos eletromagnéticos destes ventos solares em instalações e equipamentos elétricos na Terra e seu espaço próximo podem chegar a produzir danos materiais e alterações de serviços muito significativos.

O sol sofre aumentos de atividade em ciclos que têm certa regularidade, com período de retorno estimado em cerca de 50 anos. Esta intensa atividade se manifesta pelo maior número e tamanho das manchas escuras solares e as coincidentes emissões eruptivas extremas de plasma solar, formado por partículas magnéticas

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ionizadas que chegam à atmosfera terrestre e, em condições normais, propiciam auroras boreais nas zonas polares, enquanto que, em condições extremas, alteram eletromagneticamente todo tipo de instalações e equipamentos elétricos e eletrônicos: satélites, redes de telecomunicações, naves espaciais, linhas elétricas, radares, sistemas GPS e muitos outros.

A pior experiência que sofremos desde a era industrial, já que antes não havia instalações nem equipamentos elétricos, se deu em 1879, no hemisfério norte. Ela se concentrou nos Estados Unidos e Canadá, onde, apesar da presença limitada deste tipo de sistemas elétricos, houve sérios danos às linhas e aparelhos elétricos e às redes do telégrafo, único sistema de telecomunicação naquele tempo. Registraram-se principalmente inúmeros incêndios causados por curtos-circuitos nas linhas e aparelhos elétricos de todo tipo.

Diante da prolongada exposição a tempestades solares durante várias semanas, as grandes operadoras de satélites, telecomunicações, aviação e redes elétricas estão adotando medidas para evitar as zonas do espaço e da atmosfera terrestre por onde se espera que circule o tão temido vento solar. Elas também prepararam planos de contingência e de continuidade das atividades para minimizar as alterações de serviços que possam ocorrer.

CIRCULAR 7/2012Comissão de Seguros Patrimoniais, RC e TransportesResponsabilidade Civil. Seguro RC de Administradores de Massa Falida

O Boletim Oficial do Estado de 6 de outubro de 2012 publicou o Real Decreto 1333/2012, de 21 de setembro, pelo qual se regula o seguro de RC e a garantia equivalente dos Administradores de Massa Falida, introduzido, em caráter obrigatório, pela Lei 38/2011, em reforma à Lei 22/2003, de Massa Falida, sobre a qual se informou pela Circular 09/2011.

Os aspectos de maior destaque do RD, que entrou em vigor no dia seguinte ao de sua publicação (Dispositivo Final segundo), são os que se encontram a seguir:

- O dever de asseguramento recai sobre o Administrador de Massa Falida, seja pessoa física ou jurídica (art. 2.1); na segunda suposição, o seguro terá de incluir a responsabilidade dos profissionais que atuam por conta própria (art. 2.2).

- O seguro de RC, além de cobrir os danos e prejuízos causados à massa ativa da Massa Falida pelo Administrador de Massa Falida ou pelo auxiliar autorizado, cobrirá os gastos necessários que teria tido o credor que tivesse proposto a

ação em interesse da massa (art. 3.2).

- Independentemente das obrigações impostas ao Administrador de Massa Falida que dizem respeito à comprovação da vigência da garantia e de suas sucessivas renovações, assim como os ajustes da quantia segurada, o segurador deverá informar imediatamente o tribunal a respeito de qualquer modificação do seguro, falta de pagamento do prêmio, oposição à prorrogação, suspensão da cobertura ou extinção do contrato (art. 7.1), subsistindo a cobertura por um mês a partir da data dessa comunicação (art. 7.2).

- A quantia segurada mínima será de 300.000 euros (art. 8.1), que se elevará a 800.000 euros se o Administrador de Massa Falida administrar no mínimo três massas falidas ordinárias, ou a 1.500.000 euros em massas falidas de importância especial, que terá de se elevar a 3.000.000 euros no caso de massas falidas especiais (art. 8.2). Caso o Administrador de Massa Falida seja uma pessoa jurídica, a quantia segurada será de 2.000.000 euros, devendo elevar-se para 4.000.000 euros (art. 8.4) quando o Administrador de Massa Falida exercer suas funções em massas falidas especiais indicadas no art. 8.2.

A cobertura compreenderá

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os pedidos de indenização apresentados durante o exercício das funções do Administrador de Massa Falida ou durante os quatro anos seguintes à sua saída do cargo, sendo que as ações de responsabilidade prescreverão no prazo de um ano (art. 9.1).

- A ação direta prevista na LCS (Lei de Contrato de Seguro) será proposta pelos prejudicados ou seus herdeiros (art. 11).

- Os seguros de RC contratados após 1º de janeiro de 2012 deverão ajustar-se às condições estabelecidas no RD no prazo de dois meses a partir da entrada em vigor do mesmo (Dispositivo transitório único).

A dramática temporada de verão 2012 de incêndios florestais na Espanha

O fim da época de incêndios florestais de 2012 na Espanha, em 31 de outubro do ano passado, não poderia ser mais dramático e alarmante, quando foi anunciado o saldo final de dez mortos e 198.827 hectares de território queimado. A superfície queimada em 2012 foi 235% superior à registrada em 2011.

Embora o número de incêndios tenha ficado 6,4% abaixo da média dos últimos dez anos, a superfície calcinada ficou 88% acima da média; atendo-se à superfície arborizada, o aumento foi de 120%. É fácil

detectar o enorme aumento de Grandes Incêndios Florestais (GIF) com superfície maior que 500 hectares, que foram 37 em 2012, número muito superior ao dos últimos anos.

Em 2012 parece que foi sintomática a coincidência de grandes incêndios em parques naturais em zonas de interface com áreas urbanas muito povoadas, várias das quais tiveram de ser evacuadas, gerando um alarme social e uma repercussão muito forte nos meios de comunicação. Alguns especialistas apontam como suspeitas as duas ondas de grandes incêndios que, em poucos dias no final de julho e na metade de agosto, provocaram este

tipo de incêndios, a maioria reconhecidos inicialmente como intencionais. Será um plano orquestrado? É resultado do efeito contágio ou apenas uma estranha coincidência? E, em cada uma destas hipóteses, que intenções os motivaram? Estes são aspectos fundamentais para penalizar os culpados e estabelecer a prevenção futura.

As comunidades autônomas mais afetadas foram a Comunidade Valenciana (cerca de 60.000 ha), Castela e Leão (44.800 ha), Catalunha (15.600 ha) e Galícia (16.000 ha). Entre as principais causas, destacam-se as intencionais (63% do total), as provocadas por negligência de pessoas (14%) e as desconhecidas (10%).

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Limpando vazamentos: Prestige vs Deepwater Horizon

Dois vazamentos de petróleo, o do Prestige na costa da Galícia e o da plataforma petrolífera da BP no Golfo do México, estão atualmente dirimindo suas responsabilidades.

A explosão da plataforma da BP ocorreu há pouco mais de dois anos – em 20 de abril de 2010. O Prestige afundou faz 10 anos – em 13 de novembro de 2002 – e só agora é que começou o processo judicial.

Nos Estados Unidos, a investigação criminal continua aberta e há inúmeros casos abertos por via civil, mas a BP assumiu a responsabilidade: declarou-se culpada da acusação de negligência pela morte de 11 empregados, de duas acusações relativas a danos ao meio ambiente e de outra ainda por obstrução ao Congresso. Os responsáveis da BP pela plataforma Deepwater Horizon pediram desculpas por seu papel no acidente e, conforme demonstra seu acordo com o governo, assumiram sua responsabilidade. Atualmente eles estão aguardando um pacto para resolver causas civis que se encontram abertas.

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos impôs à BP 4,5 bilhões de dólares de multa, dos quais 1,3 bilhão correspondem à multa penal

mais elevada imposta até o momento. O pagamento será feito em parcelas durante os próximos seis anos. Não obstante, a Lei de Águas Limpas dos Estados Unidos poderá elevar a multa até um máximo de 21 bilhões de dólares se for determinado, em termos legais, que a BP foi sumamente negligente e não simplesmente negligente. Na Espanha, por um vazamento semelhante, a Lei de Responsabilidade Ambiental e a Lei de Hidrocarbonetos fixam um máximo de 3 milhões de euros.

Na Espanha ainda não ficou determinado quem causou a tragédia do Prestige e quem deverá pagar por ela. O promotor pediu 4,442 bilhões de euros pelos danos causados, que o Tesouro já encarou com uma ajuda do Fundo

Internacional de Indenização de Danos devidos à Contaminação por Hidrocarbonetos (FIDAC), e aponta a seguradora britânica do petroleiro, The London Steam Ship Owners, que já depositou em juízo uma fiança de 22,77 milhões de euros, como responsável civil direta pela indenização milionária.

No acidente da BP, as consequências foram pagas e serão pagas pela empresa que o causou. A BP gastou 14 bilhões de dólares na recuperação das zonas afetadas e criou um fundo de outros 20 bilhões para indenizar os afetados. No acidente do Prestige foi o Estado espanhol que arcou com os gastos de limpeza do vazamento.

Ainda que as diferenças entre os dois sinistros sejam importantes, faz-se necessário

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destacar duas coincidências neles: o elevado custo das catástrofes e o fato de as multas serem as mais altas que os Estados podem impor até hoje.

Consequências do furacão Sandy

O furacão Sandy assolou o Caribe e os estados da costa leste dos Estados Unidos, deixando um saldo devastador de vítimas e danos.

Depois de espalhar a devastação na região do Caribe, afetando lugares como Haiti,

Cuba, Bahamas, República Dominicana, Porto Rico e Jamaica, ele chegou à costa leste e afundou a Big Apple no caos.

Milhares de pessoas ficaram sem fornecimento de energia elétrica, o metrô fechou, os voos foram suspensos e zonas residenciais enormes foram evacuadas. Inúmeras casas ficaram reduzidas a escombros, e os danos materiais foram consideráveis.

A AIR Worldwide, a firma de modelagem de catástrofes, estima que as perdas seguradas do furacão Sandy oscilarão entre os 16 e os 22 bilhões de dólares.

Entrega do VI Prêmio Internacional de Seguros Julio Castelo Matrán

No dia 21 de novembro foi entregue em Madri o VI Prêmio Internacional de Seguros Julio Castelo Matrán, oferecido pela FUNDACIÓN MAPFRE. O vencedor foi Camilo Pieschacón Velasco pelo trabalho intitulado Riesgo sistémico y actividad aseguradora. O estudo analisa o

impacto do risco sistêmico no setor segurador e especialmente a evolução registrada entre os anos 2008 e 2011.

O prêmio foi entregue por Alberto Manzano, presidente da FUNDACIÓN MAPFRE. Do ato de entrega participaram também Filomeno Mira, vice-presidente da FUNDACIÓN MAPFRE, Andrés Jiménez, presidente do Instituto de Ciencias del Seguro, e Mercedes Sanz, secretária do Júri e diretora geral do Instituto de Ciencias del Seguro.

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O vencedor, um pesquisador especializado em seguros e pensões, destaca em sua pesquisa os mecanismos de controle e supervisão do risco sistêmico, uma categoria de risco pouco analisada até agora e que ultimamente tem chamado a atenção em virtude da atual crise financeira, o cenário regulador atual e as tendências, entre outros aspectos. Ele também ressalta que um estudo desta natureza contribui para enriquecer significativamente a literatura sobre a atividade seguradora e a divulgar argumentações menos discutidas ou conhecidas sobre a essência básica do seguro e suas diferenças fundamentais com relação a outras operações de caráter financeiro, principalmente as bancárias.

O objetivo do Prêmio Internacional de Seguros Julio Castelo Matrán é premiar bianualmente trabalhos

científicos inéditos que estejam relacionados com o Seguro e o Risco. Sua verba chega a 35.000 euros em dinheiro e um diploma certificando a obtenção do prêmio.

Graduação do curso acadêmico 2011/2012 do CUMES

A Faculdade de Ciências do Seguro, Jurídicas e da Empresa e o Centro Universitário MAPFRE de Estudos de Seguros (CUMES) realizaram a cerimônia de graduação dos alunos do curso acadêmico 2011/2012 no Auditório da FUNDACIÓN MAPFRE.

O ato foi presidido pelo reitor da Universidade

Pontifícia de Salamanca, Ángel Galindo, que fez a entrega dos títulos aos 129 alunos que concluíram seus estudos e do título de Doutor pela Universidade Pontifícia de Salamanca ao aluno Francisco Javier Garayoa.

A solenidade ficou por conta de Alberto Manzano, presidente da FUNDACIÓN MAPFRE, cujo discurso se intitulava Algunas reflexiones sobre el Seguro en España. Andrés Jiménez, presidente do Instituto de Ciencias del Seguro, entregou o prêmio ao melhor trabalho de graduação para Mendía Aseguinolaza por seu projeto Cuentas nacionales de aportación definida: una alternativa para la sostenibilidad de los sistemas de pensiones, orientado pela professora Begoña Gosálbez.

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agen

daAGENDA 2013

CONGRESSOS E SEMINÁRIOSEVENTO DATAS LOCAL CONVOCANTE

XXIX Risk Management Conference 3-5 de março Carlsbad CA(EUA) CBOE

XIV Conferência Anual 12-13 de março Nova York, NY (EUA) GARP

V Seminário Internacional de Seguros e Resseguros 8-11 de abril Havana (Cuba) ESICUBA

Spring 2013 ERM Roundtable 19 de abril Raleigh, NC (EUA) ERM

Congresso Mundial 21-24 de abril Los Angeles, CA (EUA) RIMS

Exceedance (Client Conference) 7-10 de maio Boston, MA (EUA) RMS

I Asia CRO Assembly 10 de maio Pequim (China) Associação de Genebra

Exhibition 2013 10-12 de junho Brighton (Reino Unido) AIRMIC

Conferência Anual 4-7 de agosto Washington (EUA) ARIA

Simpósio 2013 5 de setembro Munique (Alemanha) DVS

Fórum 201329 de setembro -

2 de outubroMaastricht (Países Baixos) FERMA

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entrevista

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“O seguro é uma ferramenta financeira admirável e única pela forma

em que se ajusta às perdas”

No Grupo Telefónica, “a Gerência de Riscos é uma função

que se atribui ao mais alto encarregado de cada filial e que

a Auditoria Interna coordena para que seja apresentada

ao Conselho da Telefónica”, declara Juan José Gil. Este

modelo facilita “a permeabilidade da cultura de risco, por

envolver boa parte da nossa organização”. Além disso,

dispomos de “uma experiência de financiamento de seguros

de duas décadas”.

Gil SánchezJuan José

diretor de financiamento de riscos e seguroscorporativos do grupo telefónica

Texto: ALICIA OLIVAS Fotos: ALBERTO CARRASCO

“O seguro é uma ferramenta financeira admirável e única pela forma

em que se ajusta às perdas”

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“O seguro é uma ferramenta financeira admirável e única pela forma

em que se ajusta às perdas”

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entrevista

G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

“nossa

oBrigaÇÃo

É Que a

telefónica

transfira

seus riscos

com a maior

Qualidade e o

menor custo

possÍvel”

Em primeiro lugar, o sr. poderia descrever como é o dia a dia do diretor de financiamento de riscos e seguros corporativos do Grupo Telefónica?A Gerência de Riscos na Telefónica é

uma função atribuída a um grande núme-ro de detentores de riscos e supervisiona-da pelo encarregado mais alto de cada filial ou área corporativa. Ela é coordenada pela Auditoria Interna para ser apresentada ao Conselho da Telefónica por meio da Co-missão de Auditoria e Controle.

Minha área ajuda a gerir os riscos do grupo através das atividades e práticas do mundo segurador. Para isso, utilizamos as situações que as atividades de Mediação, Seguro e Resseguro proporcionam e pro-curamos repassar internamente suas técni-cas e experiências.

Quais são, então, as principais funções do seu departamento?Em primeiro lugar, somos os responsá-

veis por definir os critérios de asseguramen-to do grupo e também decidimos os níveis de retenção e de transferência. Apoiamos todas as filiais, empregados e dirigentes na gestão dos seguros e sinistros.

Também supervisionamos a gestão e os resultados de nossas diversas filiais de segu-ros, resseguros e mediação de acordo com critérios de rentabilidade e serviços.

Nossa obrigação é que a Telefónica transfira seus riscos com a maior qualidade e o menor custo possível. Pautamo-nos no benchmark periódico que solicitamos, nas pesquisas de qualidade de serviços e nas contas de resultado das filiais que gerimos.

Além disso, estamos diretamente envol-vidos com o procedimento corporativo de gestão de riscos, com a análise e a gestão de riscos de novas atividades e com as fusões e aquisições.

Com que equipe o sr. conta para desenvolver todas estas tarefas?A Telefónica conta com uma seguradora

conhecida de Vida e Saúde na Espanha, a Antares. Dispomos também de uma segu-radora de Não Vida, a Telefónica Insuran-ce, e de uma resseguradora, a Casiopea Re, ambas domiciliadas em Luxemburgo.

Na Espanha também contamos com uma corretora de seguros, a Pléyade Penin-sular, que tem filiais na Argentina, Brasil, Chile, México e Peru.

17G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

“nossa Área

tem a sorte de

ser uma das

primeiras a

intervir nas

operaÇÕes de

crescimento

do grupo”

“a informaÇÃo

do

procedimento

de gestÃo

de riscos É

um elemento

de apoio na

tomada de

decisÕes”

Aproveitamos a livre prestação de ser-viços ou a liberdade de estabelecimento para atuar diretamente na União Euro-peia. Convém ressaltar que algumas destas companhias foram criadas há mais de vinte anos. Digamos que nosso grupo está acos-tumado a um serviço de seguros muito per-sonalizado e competitivo.

Onde se localiza este departamento dentro da empresa e como ele se estrutura?A Área de Seguros está incluída na Dire-

ção da Tesouraria, Riscos e Seguros Corpo-rativos. Nosso diretor reporta ao diretor de Finanças da Telefónica, S.A. Independentes de nossa estrutura societária, existem qua-tro áreas de atividade bem definidas:• Seguros Corporativos, que protege

os ativos e a conta de resultados do grupo e suas filiais;

• Planos de Previdência Social Com-plementar, para atender os compro-missos do grupo com seus empre-gados;

• Esquemas de seguros contratados pelos clientes do grupo e terceiros; e

• Seguros contratados por emprega-dos e fornecedores.

Nossas filiais intervêm com bastante in-tensidade em todas estas atividades.

Modelo de gerência

Quais são os pontos principais da Gerência de Riscos seguráveis num grupo como a Telefónica, com uma base de clientes de 300 milhões e presença em 25 países?O importante é como ajudamos nosso gru-

po a ser mais competitivo e colaborar com a redução do maior número possível de riscos.

Nossa aspiração, cumprida em boa par-te, é que todas as filiais do grupo disfru-tem, sem diferenças, uma cobertura ampla, adaptada às necessidades e competitiva em termos de custos.

O sr. poderia descrever o modelo atual de Gerência de Riscos implantado no seu grupo?O procedimento corporativo de gestão

de riscos foi renovado recentemente. É um modelo muito completo, uma vez que iden-tifica, corporativamente e país a país, em todas as operadoras e filiais mais importan-tes, os gestores dos riscos (risk owners), que devem reportar periodicamente os perfis quantitativos e qualitativos de seus riscos.

Através da Auditoria Interna, as infor-mações sobem para as áreas regionais e corporativas. Depois de depuradas, a Co-missão de Auditoria e Controle do grupo as apresenta ao Conselho de Administração.

O modelo facilita a permeabilidade da cultura do risco, por envolver boa parte da nossa organização e resultar numa análise estruturada dos riscos de cada gestor.

Como as decisões da Gerência de Riscos influem na orientação global da empresa ou em futuros lançamentos ou investimentos?O Grupo Telefónica tem uma imagem

bastante merecida de qualidade em sua ges-tão estratégica.

18

entrevista

G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

Por nossa atividade, áreas muito diversas contribuem com suas visões nesse tipo de decisão. A informação do procedimento de gestão de riscos é um elemento de apoio na tomada de decisões.

desenvolviMento internacional

Como a Gerência de Riscos está acompanhando seu desenvolvimento internacional?Nossa área tem a sorte de ser uma das

primeiras a intervir nas operações de cres-cimento do grupo, seja por meio de novas atividades ou por acordos e/ou transações.

Temos vasta experiência nisso, e nosso objetivo é que nestas operações de integra-ção os temas de riscos seguráveis, progra-mas de seguros e sinistros existentes sejam solucionados de forma rápida e não atrapa-lhem outras atividades.

Além disso, o desenvolvimento interna-cional sempre é uma fonte importante de conhecimento adicional para nós.

A Gerência de Riscos tem alguma característica especial em empresas listadas na Bolsa, como é o seu caso?Com certeza. Estar listado na Bolsa de

Valores, especialmente nos Estados Unidos, exige que a gestão dos riscos seguráveis dis-ponha de alguns padrões que sejam ao me-nos comparáveis aos de qualquer multina-cional de cotação semelhante.

Além de gerir os riscos derivados da exis-tência de acionistas de todo tipo, as informa-ções fornecidas incluem dados cada vez mais detalhados sobre os programas de seguro.

Por outro lado, a gestão de seguros deve ter, se possível, maior transparência e soli-dez, dada a existência de acionistas e a reper-cussão do Grupo Telefónica nos meios de comunicação.

“a gestÃo

de seguros

deve ter,

se possÍvel,

maior

transparÊncia

e solideZ, dada

a eXistÊncia de

acionistas”

“nosso

grupo estÁ

acostumado a

um serviÇo de

seguros muito

personaliZado

e competitivo”

Em sua opinião, a Telefónica está vivendo uma verdadeira cultura do risco?Nossa equipe é um testemunho perma-

nente da gestão de riscos na Telefónica. A ocorrência de perdas acidentais e reclama-ções de todo tipo nos mostra a qualidade de como ela lida com os riscos, tanto antes como depois de se materializarem.

A qualidade e a especialização das equi-pes e pessoas que gerenciam os riscos são muito altas. Também é verdade que estas situações, às vezes, são muito valiosas para fazer aflorar determinados erros e corrigi--los. De qualquer forma, o saldo da gestão me parece muito profissional e positivo.

categorias de riscos

Quais são as categorias de riscos mais importantes que a sua empresa enfrenta no momento: riscos financeiros, de cunho tecnológico, os que se surgem com a concorrência, as mudanças regulatórias...?Todas as categorias que você mencionou

são importantes. É evidente que a situação financeira atual, a constante evolução da tecnologia, os efeitos da concorrência, pro-movida também pelos reguladores, levam a uma revisão contínua da gestão.

Eu acrescentaria também os efeitos da forte globalização, que não geram um gran-de número de novos riscos, mas sim uma maior intensidade e uma gestão mais com-plexa dos que existem.

Entre os riscos emergentes eu destacaria a presença das redes sociais. Atualmente es-tamos aprendendo a gerir os riscos que elas trazem, mas elas também proporcionam grandes oportunidades.

Quanto à sua localização, que regiões ou países nos quais vocês estão presentes concentram hoje o maior nível de risco?

19G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

“cada

renovaÇÃo

constitui

um grande

esforÇo de

meios e tempo

para a nossa

eQuipe”

Nossa presença, em nível de gestão, está fundamentalmente na América Lati-na e Europa. A crise econômica estendida na Europa e a evolução política em alguns países americanos são elementos aos quais prestamos atenção especial.

Em sua opinião, a Gerência de Riscos está preparada para assumir ameaças de tipo ambiental ou em matéria de responsabilidade social, por exemplo?A resposta é, sem dúvida, afirmativa.

O Grupo Telefónica, tanto através de suas

companhias e fundação, quanto pelas ativi-dades de seus empregados, dedica histori-camente grande atenção e esforço à promo-ção das sociedades em que está presente.

Resumindo, acreditamos que conseguir os objetivos e resultados econômico-finan-ceiros é tão importante quanto a forma em que esses resultados são obtidos.

Com relação ao meio ambiente, temos dedicado completa atenção à diretriz eu-ropeia sobre Responsabilidade Ambiental. Embora a Telefónica, pela natureza de sua atividade, não tenha a necessidade legal de estabelecer garantias ou coberturas, faz dois anos que dispomos de um programa de se-guro que apoia as obrigações da diretriz, inclusive a reparação dos danos ambientais.

Qual é o procedimento de vocês se o risco se materializa em sinistro? Que importância vocês dão aos planos de contingência de negócio na Telefónica?Os planos de continuidade de negócio

na Telefónica são uma exigência dos regula-dores, dado o caráter de serviço público de suas atividades. Portanto, sua importância é capital, tanto em sua definição como em seus procedimentos.

Quando um risco se materializa, nos-sas filiais atuam automaticamente. Nossa função consiste em prestar assessoria, caso tenhamos experiência em situações prévias semelhantes.

Apoiamos tanto na gestão da situação como no modo de preservar os direitos dos seguros contratados, fornecendo informa-ções e colaborando com os seguradores.

retenção e transferência do risco

Quais riscos vocês decidiram passar para

20

entrevista

G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

21G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

o mercado segurador e em quais casos vocês decidiram optar pelo auto-seguro?Dispomos de uma experiência de

financiamento de seguros de vinte anos. Portanto, fomos avançando numa política de complementaridade do auto-seguro e transferência para o mercado segurador tradicional. Muitas vezes chegamos a um ponto de encontro conveniente para ambas as partes e em outras temos de adaptar--nos.

Nossa capacidade financeira é limitada e evitamos os riscos de forte intensidade.

Pessoalmente, sinto-me orgulhoso de nossa atividade como dinamizadores do mercado segurador, financiando coberturas que, por serem novas, encontram-se ini-cialmente relutantes no mundo segurador.

Qual é o saldo das últimas renovações dos seus programas de seguros?Em geral, é bastante positivo. Em 2012,

nos vimos afetados pela alta de preços na cobertura de riscos catastróficos devido ao saldo negativo em 2011, derivado dos acon-tecimentos no Japão, Austrália e Tailândia.

Sempre somos partidários de acordos plurianuais, ainda que eu deva admitir que nem sempre conseguimos. Por nossa presença geográfica, a dispersão de nossos ativos e a diversidade de coberturas, cada renovação constitui um grande esforço de meios e de tempo para a nossa equipe.

Qual é o peso que as suas cativas têm atualmente no controle dos riscos?Dispomos de uma experiência com si-

nistros muito extensa no tempo e de um observatório magnífico do mercado segu-rador, seus produtos e suas experiências de proteção de riscos. Também utilizamos os serviços especializados, sobretudo de me-diadores, para aprofundar-nos em determi-

“a crise estÁ

faZendo

com Que as

empresas

reveJam

todas as suas

atividades, e

a gerÊncia de

riscos nÃo É

um elemento

alHeio a este

processo”

“a gerÊncia

de riscos É o

elemento Que

diferencia

realmente o

rendimento

das

companHias”

nados riscos e em suas soluções de transfe-rência.

O financiamento de determinados ris-cos nos permite ter uma voz importante na sua gestão. Tenho de mencionar que nem nossas seguradoras nem nossa ressegura-dora podem ser consideradas, do ponto de vista regulador, como cativas.

Faz muitos anos que estabelecemos pro-gramas de seguros privados para nossos empregados e suas famílias e também, nos últimos anos, esquemas de seguros para clientes do grupo e fornecedores.

São companhias tradicionais com um objetivo claro de serviço ao Grupo Telefó-nica.

Vocês estão utilizando outras fórmulas alternativas?Nós sempre as temos em mente, e há

ocasiões em que analisamos a viabilidade econômica e técnica de algumas delas.

futuro da gerência

A gerência está começando a ser vista como um investimento, ao invés de um gasto?A crise econômica está fazendo com que

as empresas revejam todas as suas ativida-des. A gerência de riscos não é um elemen-to alheio a este processo.

Em minha opinião, a Gerência de Ris-cos, uma vez implantada, tem uma posição e visibilidade cada vez maior na estrutura de cada companhia. Uma análise quanti-tativa a médio prazo sem dúvida valoriza a Gerência de Riscos, especialmente a dos riscos seguráveis.

É importante definir a metodologia que mostre qual é o seu valor. Em nosso caso, a valorização econômica da nossa atividade

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entrevista

G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

Subscritor de Ramos Técnicos (Equipamentos eletrônicos, Máquinas, Construção, Montagem), Juan José Gil trabalhou no Grupo Allianz na Espanha alternadamente como responsável pelos Ramos Técnicos e Negócio Industrial e Internacional, prestando serviço integral às diferentes multinacionais espanholas e a filiais espanholas de grupos internacionais. Também possui a licença de corretor de seguros (Grupo A).

No ano de 2001 ingressou na Telefónica, S.A. na Área Corporativa de Riscos e Seguros. Após ocupar diversas posições, atualmente é diretor de Financiamento de Riscos e Seguros Corporativos, de onde coordena a gestão e o financiamento dos riscos seguráveis do grupo mediante as filiais especializadas em seguros, resseguros e mediação.

O que é que mais o apaixona em sua profissão?É difícil responder esta pergunta.

Creio que o seguro em geral é uma ferramenta financeira admirável e única pela forma em que se ajusta às

"um Bom gerente de riscos deve gerir sua própria adaptaÇÃo ao meio"

perdas que surgem. Ele também é um dos poucos quantificadores reais de determinados tipos de riscos. Eu adoro trabalhar nesta atividade.

Pela minha posição nos últimos anos, eu diria que o mais apaixonante são as possibilidades de inovação em seguros e, por outro lado, os desafios e oportunidades que a globalização e o crescimento espetacular dos serviços digitais oferecem.

Atualmente, os gerentes de riscos têm de enfrentar o desafio de gerenciar com êxito as ameaças que afetam sua companhia num ambiente marcado pela instabilidade e pela incerteza... Como vocês se adaptaram a esta situação? Vocês precisam de alguma qualidade especial para cumprir sua obrigação?A capacidade de adaptação e de

mudança é um elemento-chave na gestão. Um gestor tem de modificar seus critérios conforme a situação em que ele se encontra. As empresas espanholas têm bastante experiência nisso.

É preciso gerir em cenários de incerteza. Um bom gerente de riscos deve gerir sua própria adaptação ao meio. Sou muito agradecido à nossa equipe por sua capacidade de evolução e adaptação a esta etapa de incerteza generalizada.

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“o ÊXito na

gerÊncia

de riscos

empresarial

apoia o

rendimento e a

sustentaBilidade

das companHias”

e a forma de exercê-la é um elemento in-trínseco à mesma.

Do seu ponto de vista, como a Gerência de Riscos está se beneficiando com as novas tecnologias?As novas tecnologias são totalmente

aplicáveis à Gerência de Riscos e muitas vezes elas se incorporaram de forma si-lenciosa, mas efetiva. As técnicas digitais e de monitoração, o processamento rápido e econômico de grandes volumes de dados e as exigências técnicas dos reguladores de telecomunicação são exemplos palpáveis.

No seu julgamento, é impossível conceber, hoje, o desenvolvimento

sustentável das empresas sem contar com uma política adequada de Gerência de Riscos?A Gerência de Riscos em sentido amplo é

o elemento que diferencia realmente o ren-dimento das companhias. Incluo na Gerên-cia de Riscos a inovação e a capacidade de adaptação.

Uma maior afluência de capital para qualquer empresa pode determinar a gestão do ERM?Estou convencido de que pode. O suces-

so na Gerência de Riscos empresarial apoia o rendimento e a sustentabilidade das compa-nhias, que são elementos-chave na avaliação dos investidores.

24 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

A mensuração dos diferentes riscos de segu-ros de natureza pessoal se encontra diante de uma situação única, tanto pela técnica atuarial utilizada quanto pelas variáveis que

intervêm no processo de determinação do processo de subscrição e/ou de fixação do preço.

Este novo cenário tem um alcance muito maior que o do âmbito estrito da gestão do risco biométrico, pois constitui uma nova forma de entender o seguro de vida ou de saúde, e por isso o modelo de negócio deve ser reformulado pelos órgãos gerenciais da companhia.

O propósito do artigo é analisar as principais carac-terísticas destes modelos, identificar as situações que se apresentam em diferentes áreas de negócio e propor uma reflexão particular sobre o uso dos modelos predi-tivos no que tange às redes sociais.

Modelos preditivos

seguro de vida

JOSÉ MIGUEL RODRÍGUEZ-PARDO DEL CASTILLOUNIVERSIDADE CARLOS III DE MADRI

aplicados ao

estudos

25G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

LATI

NSTO

CK

A indústria do seguro privado de riscos pes-soais adotará paulatinamente estes modelos – circunstância que já começou a ocorrer em ou-tros mercados –, que serão de uso generalizado nos próximos anos. Em resumo, estamos diante de uma ruptura da técnica atuarial que vem sen-do utilizada desde o surgimento da técnica esta-tística aplicada ao seguro de vida.

Modelos preditivosA técnica de tarifação habitual do seguro

de vida se baseia no cálculo de probabilidade de falecimento ou sobrevivência de um indi-víduo, obtida de uma tabela de mortalidade. Na maioria dos casos, as variáveis conside-radas no preço são a idade e até o sexo do candidato.

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estudos

G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

estudosestudos

OS MODELOS PREDITIVOS PERMITEM CONSTRUIR SISTEMAS DE MEDIÇÃO SUSTENTÁVEIS NO TEMPO E ENGLOBAM UM CONJUNTO DE VARIÁVEIS QUE PODEM PREDIZER O RISCO BIOMÉTRICO COM SUFICIENTE FORÇA ESTATÍSTICA

O desenvolvimento da estatística atuarial põe à nossa disposição ferramentas de cálculo modernas, que permitem elaborar algoritmos preditivos e incorporar parâmetros que nos fa-cilitam a avaliação do risco de falecimento de acordo com o comportamento dos segurados.

As técnicas preditivas são, entre outras:- modelos lineares generalizados;- árvores de decisão; e- redes neuronais.Da família dos modelos preditivos, os mais

costumeiros são os Modelos Lineares Generali-zados (GLM), cujo objetivo é descrever o efeito de uma ou mais variáveis explicativas (indepen-dentes) sobre uma ou mais variáveis-resposta (dependentes).

Estes modelos permitem construir sistemas de medição sustentáveis no tempo que englo-bam um conjunto de variáveis que podem pre-dizer o risco biométrico com suficiente força estatística.

Para que se possa optar por estes modelos, é necessário que o atuário disponha de uma base de dados ampla e robusta, bem como experiên-cia em lidar com estes modelos, pois é preciso interpretar os diferentes resultados.

Estas técnicas, utilizadas em outros setores da atividade empresarial, também são emprega-das na indústria do seguro. Seu uso é comum em determinados riscos de massa de seguros Não Vida, como é o caso do ramo de Autos. A consultoria Deloitte sustenta que as técnicas de modelagem preditiva têm sido eficazes em uma variedade surpreendentemente ampla de aplica-ções, tais como:

A predição da reincidência delitiva;Fazer diagnósticos psicológicos;Ajudar os médicos de urgências;

Seleção de jogadores para as equipes esportivas profissionais;

O prognóstico do leilão de preço das colheitas de vinho de Burdeos;

A predição das receitas de bilheteria dos filmes de Hollywood;

A Amazon.com e a netflix.com fazem recomendações de livros e filmes sem nenhuma intervenção humana.

circunstâncias que propiciaM o uso da ModelageM preditiva

A implantação destas técnicas aplicadas a ris-cos sobre pessoas será habitual nos próximos anos e constituirá uma verdadeira ruptura no trabalho cotidiano de atuários e subscritores.

Esta situação se explica por três circunstân-cias que coincidiram no tempo:

A recente limitação no uso de variáveis habituais no processo de precificação, como é o caso do gênero e outras possíveis que pu-dessem ser consideradas discriminatórias. Este caso seria o da utilização da idade como

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variável idade de determinação do preço. A agitação parte de que os argumentos uti-lizados pelo legislativo europeu poderiam ser assimiláveis à idade, ou seja, o sexo ou a idade são características biológicas intrínse-cas do indivíduo, nos quais ele não consegue interferir, e por isso são configuradas como elementos característicos do patrimônio in-dividual biológico sobre o qual não cabe dis-criminação alguma.Isto representa uma maior incerteza no risco subscrito pelos seguradores, que causa uma volatilidade no resultado. Os modelos predi-tivos contribuem para medir de forma preci-sa o risco biométrico, e com isso o encargo de capital investido em virtude da volatilida-de diminui consideravelmente.

A recente automatização do processo de seleção de risco mediante a tele-seleção pro-piciou que se disponha de bases de dados estruturadas e com uma quantidade enorme de fatores de risco, até agora não disponíveis com tanta riqueza de dados. No mercado espanhol, este processo já chegou a mais de 80% da análise dos riscos que devem ser ava-

liados por processos específicos de admissão de riscos. Esta quantidade enorme de dados disponibilizados pelos seguradores que não é considerada na hora de modelar o risco, somada a outros dados como os hábitos de compra, histórico de condução e hábitos de saúde, permitirá a construção de modelos muito sólidos e válidos para a mudança tão radical que um modelo preditivo representa.

A existência de variáveis relacionadas com o estilo de vida e que explicam, junto com as variáveis de saúde de uma forma correla-cionada, o risco de falecimento de um indi-víduo. E são exatamente os estudos causais que permitem identificar variáveis genéti-cas e fenotípicas, e certos biomarcadores já conseguem explicar até 80% do risco de fa-lecimento-longevidade. Devemos considerar com certa cautela estas novas variáveis para que possam ser utilizadas, pois elas podem ou ser discriminatórias ou carecer de capa-cidade preditiva suficiente na opinião do le-gislativo.

âMbito de aplicação dos Modelos preditivos

A modelagem preditiva aplicada ao seguro de vida mediante técnicas GLM não só é útil para a medição denominada lifestyle underwriting (“subscrição com base no estilo de vida”), mas também amplia o campo de atuação em outros âmbitos da estratégia empresarial.

Vejamos algumas das oportunidades que se apresentam. O artigo Predictive modeling, a life underwriter’s primer, publicado na On the risk, vol. 27 n.2 (2011), nos ajuda a entender e relacionar esse alcance:

marketing, realizando segmentação de preços uma vez identificados os perfis de riscos específicos;

seleção, realizando qualificações do tipo de riscos como superpreferenciais, preferen-ciais, padrão ou subpadrão;

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estudos

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estratégias de detecção de fraude; modelos de perfis de queda de carteira, de

cross-selling; cálculos de reservas; avaliação de redes de filiais.

A importância da análise preditiva no contex-to do desenvolvimento de capacidades analíticas ficou clara num relatório da consultoria Accen-ture de novembro de 2011 intitulado Achieving high performance through effective consumer-driven in-novation. Nele se afirma que 59% das companhias investiram ou têm pensado em investir neste tipo de técnicas nos próximos anos, sendo que em 98% dos casos esse investimento foi considerado importante ou crucial.

Sobre os benefícios dos modelos preditivos, faremos referência a F. bringing predictive models to life. AAA 2009, que identifica os seguintes:

ajuda a ser mais eficaz no objetivo do negócio;

retenção de clientes; elimina requisitos de subscrição, aumen-

tando a emissão garantida para determinados segmentos da população;

decisões de subscrição mais econômicas e consistentes;

realiza uma precificação mais refinada.Os modelos preditivos devem conjugar va-

riáveis de saúde, de estilo de vida, socioeconô-

micas, específicas do produto segurador e de transações (hábitos bancários, compra, uso de cartões de débito, de crédito e afinidade, etc.). A seleção do conjunto de variáveis a eleger sob o princípio estatístico da parcimônia deve resultar num sistema de medição muito preciso. Tam-bém é necessária a análise prévia de cada um dos indicadores com relação à devida segurança jurí-dica em matéria de proteção de dados.

Para conhecer o nível de aplicação de mo-delos preditivos aplicados ao seguro de vida, faremos referência aos Estados Unidos. Um re-latório de 2009 da Sociedade Americana de Se-guros (SOA) apontava que tão somente 1% das companhias utilizava estas técnicas no seguro de vida. Dito isso, o relatório da mesma companhia de janeiro de 2012, intitulado Report of the Society of Actuaries Predictive Modeling Survey Subcommittee, delimita o nível e o âmbito de atuação desta técnica. Com respeito a seu uso para técnicas de marketing ou aumento de vendas, 40% das companhias utilizam ou pensam em utilizar es-tes modelos em breve.

Mas quando se trata de processos de subs-crição mediante técnicas de modelos preditivos, seu uso sobe para 50%. É, portanto, nestas duas áreas de atuação onde seu uso começa a ser re-levante, e não tanto para a gestão de sinistros ou aplicações de mitigação do risco.

Voltando ao processo de subscrição, as va-riáveis que formam parte do modelo são uma combinação de dados relacionados com a pessoa (idade, sexo, de estilo de vida, saúde pessoal e fa-miliar, psicossociais e de transações financeiras). O número de variáveis citadas foi de 18, entre as quais cada companhia utilizará as que julgar adequadas para construir seu modelo.

Destacamos o desafio que constitui tornar independente o processo de determinação do preço de um seguro de vida da idade cronológi-ca ou ao menos diluir a importância desse dado, que na atualidade é o elemento central da medi-ção de risco de falecimento.

O processo de construção e implantação de

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O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO E IMPLANTAÇÃO DE UM MODELO PREDITIVO SERÁ COMPLEXO E LEVARÁ ALGUM TEMPO, E DEMANDARÁ QUE SE COMECE POR FATORES MAIS CONSTATADOS PARA QUE NOVAS VARIÁVEIS (ESTILO DE VIDA, SOCIODEMOGRÁFICAS, BIOMÉDICAS) SEJAM INCORPORADAS SUCESSIVAMENTE

um modelo preditivo, que gera vantagens com-petitivas evidentes e sustentáveis, será complexo, levará algum tempo e demandará que se comece por fatores mais constatados, como é o caso da-queles típicos dos processos de seleção automa-tizada, para que novas variáveis de estilo de vida e sociodemográficas sejam em seguida incorpo-radas e, posteriormente, variáveis biomédicas. Tudo isso possibilitará que se obtenha de modo preciso a idade biológica de um indivíduo em substituição à variável idade cronológica.

avaliação da capacidade de predição de uMa variável

Chegou-se a dizer que estas técnicas estatís-ticas avançadas constituem o domínio da má-quina sobre o homem. Talvez esta afirmação seja exagerada, uma vez que na construção e deter-minação das variáveis que intervêm no modelo o atuário deve interpretar com seu critério pro-fissional o processo de elaboração e as conclu-sões finais.

Além da intervenção do atuário, é necessário que se some o conhecimento dos especialistas em marketing, subscritores, médicos, do pessoal de tecnologia e especialistas legais. Estes últimos devem analisar se o modelo proposto é compa-tível com a privacidade de dados, conforme a le-gislação que rege não-discriminação e o direito do seguro privado.

Para avaliar a importância do papel do subs-critor de riscos, recorremos ao alcance da res-ponsabilidade do subscritor, segundo se retra-ta no The Academy of Life Underwriting and the AHOU (Association of Home Office Underwriters) do Canadá, que estabelece, entre outras a obri-gação de:

- seguir os princípios de classificação de risco que diferenciam de forma equitativa e/ou razoável, com base nos princípios sóli-dos do atuário, a mortalidade antecipada ou experiência da morbidade;- tratar toda informação de subscrição com a máxima confidencialidade, e utilizá-la somente para o expresso propósito de avaliar e classificar o risco;- cumprir integralmente toda legislação de seguros e regulamentações, particularmente no que se tange à classificação do risco, à intimidade e à divulgação.O processo de decisão de incorporar uma va-

riável deve reunir os três requisitos que normal-mente se exige das variáveis no processo de ad-missão ou precificação no seguro de vida, ou seja:

- que seja uma indicadora do risco que queremos explicar. No seguro de vida principalmente isso se refere ao risco de falecimento;- que não exista outra variável que cumpra a mesma função, ou seja, ela deve nos trazer informações novas;

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estudos

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UMA DAS MAIORES VANTAGENS DA SUBSCRIÇÃO PREDITIVA É PODER IDENTIFICAR PERFIS DE CLIENTES ‘PREFERENCIAIS’ COM ALTA PROPENSÃO À COMPRA DO SEGURO; PODE-SE CONSTRUIR UMA OFERTA DE SEGURO PRÉ-CONCEDIDO COM O PREENCHIMENTO DE UM QUESTIONÁRIO COM MENOS DE TRÊS PERGUNTAS SOBRE SAÚDE

- que esteja baseada em evidências, isto é, o fator de risco a ser incorporado deve estar relacionado com o evento que queremos prever, e esta relação deve ser comprovável.Definido o modelo, devemos perguntar-nos

se ele cumpre com o que o Conselho da Euro-pa, no documento Consultation of predictivity, gene-tic testing and insurance, de janeiro de 2012, define como justiça atuarial, ao considerar a preditivi-dade das provas genéticas ou não no âmbito do contrato do seguro. Este conceito, que atualiza o tradicional princípio de equidade, refere-se ao princípio da mutualização dos riscos, conforme o qual os segurados são classificados em grupos homogêneos e pagam o prêmio médio que cor-responde àquele reconhecido em cada nível de risco. Além disso, o documento reafirma que os princípios de relevância, fiabilidade e proporcio-nalidade devem estar presentes na seleção de cada variável preditiva.

Os princípios mencionados serão o guia para o segurador quando ele tiver de analisar a inclu-são de uma variável no modelo. Em suma, a capa-cidade preditiva deve ser clara e relevante.

Uma vez que se tenha apostado nestas técni-cas, o processo natural é a criação de produtos de nicho. Identificando se estamos tratando do processo de subscrição, os clientes potenciais se-rão segmentados em categorias tais como riscos superpreferenciais, preferenciais, padrão, subpa-drão e recusados.

É bom lembrar que uma das maiores vanta-gens da subscrição preditiva é poder identificar perfis de clientes preferenciais com alta propensão à compra do seguro, de tal forma que se possa construir uma oferta de seguro pré-concedido com o preenchimento de um questionário com menos de três perguntas sobre saúde.

De modo alternativo, será possível comer-cializar produtos personalizados com tarifas hi-persegmentadas, com um tempo de colocação no mercado muito breve e reduzindo de forma muito significativa o custo de comercialização, ao minimizar-se a necessidade de requerimentos de provas associadas ao processo de subscrição.

Como critério de prudência enquanto não se dispuser de experiência no eixo tempo, recomen-da-se não garantir os prêmios no contrato. Para mitigar o risco de insuficiência do prêmio das sucessivas carteiras, o segurador pode modificar os prêmios ou buscar fórmulas de resseguro com companhias que compartilhem esta modelagem atuarial.

Experiências de utilização destes modelos aplicados à subscrição preditiva em mercados anglo-saxões nos dizem que os benefícios em termos econômicos no processo de subscrição podem chegar a representar 8% do prêmio origi-nal, além de reduzir os tempos dos processos de emissão até níveis típicos da subscrição automa-tizada e garantida.

Além dos benefícios demonstrados por estas técnicas nos processos de subscrição e de determi-nação do preço, uma das áreas de aplicação é a mo-delagem de perfis de queda de carteira, que permi-tirão que as companhias seguradoras determinem estratégias de retenção e fidelização de clientes.

Para ilustrar a relevância destas técnicas apli-cadas à retenção, em um curso recente da cátedra da Price Waterhouse-Universidade Carlos III de Madri relativa a inovação atuarial sobre modelos preditivos aplicados ao seguro de vida e saúde, que tive a oportunidade de dar junto com o pro-fessor Miguel Usabel, realizamos um exercício prático sobre uma base de dados real de queda de carteira de uma companhia seguradora.

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A aplicação do modelo permitiu a identifi-cação de perfis de clientes, que em alguns casos prediziam em até 87% a probabilidade de cance-lamento do contrato. Apenas este número já nos dá uma ideia da capacidade de gestão que nos oferecem estas técnicas, pois a companhia segu-radora, uma vez classificados os clientes por sua propensão à permanência no contrato, pode es-tabelecer ações específicas para cada grupo iden-tificado.

A companhia que analisar os riscos de queda de carteira com estas técnicas disporá de um ins-trumento muito valioso para a criação dos mo-delos denominados dynamics lapses, que permi-tem melhorar as métricas para a determinação do embedded value (valor intrínseco) da companhia.

Desta forma, o passivo atuarial contempla tan-to as saídas típicas das contingências do risco co-berto como as do comportamento esperado em termos de cancelamento do contrato.

Modelos preditivos e redes sociais

O desenvolvimento dos modelos preditivos aplicados ao seguro de vida, como acabo de

descrever, tem diferentes aplicações, desde a determinação do preço sobre a base dos chama-dos processos de admissão por estilo de vida até a modelagem de queda de carteira e detecção de fraude.

Qualquer que seja o propósito desta mode-lagem, uma das vantagens é a de aproveitar o conhecimento que a companhia tem do cliente para realizar ofertas comerciais específicas para o seu perfil, sempre sob o princípio da equi-dade (justiça atuarial) e da não-discriminação.

Sob esta nova visão do cliente, o segurador trata de minimizar os questionários de admis-são a favor do conhecimento que tem a priori do cliente, e assim pode oferecer produtos e/ou preços com processos de admissão garantida. Desta forma, ele pode realizar ações comerciais específicas, transformando o processo tradicio-nal de determinação do preço, ou seja, o cliente recebe uma oferta de seguro antes do pedido de um contrato com um preço pré-acordado.

As informações que o segurador utiliza para determinar o comportamento preditivo (predicting behaviour) podem incluir as informa-ções que o cliente forneceu voluntariamente nas redes sociais, blogs, vídeos, etc.

Calcula-se que hoje em dia existam 8,9 bi-lhões de aparelhos de todo tipo conectados à Internet no mundo e que no ano de 2020 este número se elevará para 24,4 bilhões. Cada vez serão geradas mais informações que, uma vez analisadas, podem servir para predizer com-portamentos. Segundo uma informação do suplemento Sociedad do diário ABC, de 26 de fevereiro de 2012, a IBM dispõe de 200 ma-temáticos que trabalham em algoritmos que pretendem modelar negócios para torná-los mais rentáveis, para o qual filtram variáveis e milhões de dados. A cada dia são gerados 2,5 quintilhões de bytes de dados de todo tipo (um quintilhão é um milhão de quatrilhões) no mundo.

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No último Fórum Internacional de Conteú-dos Digitais (FICOD), reconheceu-se que 90% das informações geradas a cada dia na rede não são analisadas. Estamos falando de “refinarias” para gerir o petróleo do século XXI. Tim O’Reilly, guru destes assuntos, afirma que no Vale do Silí-cio só se fala do negócio dos dados.

Devemos conhecer o seguinte dado: no con-tinente europeu 379,4 milhões de internautas se conectam diariamente, com um tempo médio de conexão de 27,8 horas semanais.

Os metabuscadores aprendem com as nossas buscas e assim conseguem filtrar conteúdos e nos informam as atualizações. Por isso, tende-se à customização combinando o buscador, o e-mail, a rede social, o calendário e o YouTube.

Um estudo recente da Forrester Research sobre usos da Internet esclarece que os maiores de 50 anos recorrem à rede para manter-se informados – economia, mercados... –, buscam indicações de lazer e, em último lugar, para estar em contato com a família e os amigos.

Conforme o prognóstico do relatório enREDados: Cómo hacer rentables las redes sociales, publicado recentemente pela consultoria Price Waterhouse, o uso destas ferramentas vai come-çar a ser mais comercial. Atualmente, segundo o relatório, somente 6% dos usuários das redes so-ciais na Espanha as utilizam para comprar, embo-ra se espere que essa atividade aumente em 16%.

A consultoria garante que os aspectos que mais influem na compra online são os econô-micos (os preços e as ofertas pesam em 53% dos casos), a opinião de amigos e usuários desconhe-cidos (25%), a opinião de especialistas (14%) e as informações fornecidas pelas marcas (8%).

O relatório destaca que existe uma “clara cor-relação” entre pertencer a uma rede social e o acesso ao comércio eletrônico: 90% dos usuários dessas redes compram na Internet, enquanto que 60% dos pesquisados que não as usam também não fazem compras online.

A publicidade nas redes sociais é mais per-suasiva e capta mais a atenção dos usuários que a publicidade tradicional, mas as mensagens pu-blicitárias devem ficar ainda mais personalizadas.

Por outro lado, o uso dos aparelhos móveis para realizar atividades comerciais aumentou 88% em 2011 com relação ao ano anterior, segun-do um estudo da comScore realizado pela firma especializada em smart commerce Zeerca, publica-do no website Información.com em 17 de abril de 2012.

Entre as atividades mais recorrentes destacam--se a localização de lojas (6,6%), a comparação de preços (6,4%) e a busca de promoções (3,9%), de acordo com o referido estudo, que conclui que os consumidores a cada dia veem o comércio móvel como algo “mais habitual”.

Com certeza, 52% dos proprietários de smartphones (telefones inteligentes) na Espanha já realizam compras a partir desses aparelhos, se-gundo os dados da comScore.

O usuário de redes sociais que em alguns casos substituiu os amigos de presença real por amigos online compartilha informações e expe-riências de forma voluntária, transformando as redes em ferramentas de pressão social. Assim, os usuários são os novos formadores da opinião pública, gerando um novo ecossistema onde os amigos compram o que os amigos deles compra-ram antes. Resumindo, as redes sociais se con-figuram como comunidades com capacidade de influência.

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Neste cenário, a decisão de compra se desloca dos intermediários para os clientes, que exigem a simplificação no design dos produtos e exercem uma forte pressão sobre o preço.

Conforme a opinião dos especialistas em redes sociais, o cenário final será o seguinte: o usuário de redes sociais está virando algo que começa a ser chamado de prosumer, ou seja, ele é produtor e consumidor ao mesmo tempo. Isto é, um grupo de afinidade atua como um atacadista que precisa de um seguro e que o contrata sob oferta segundo as condições propostas pelas seguradoras.

Desta forma, inverte-se o processo habitual de compra de um seguro de vida, pois se trata de um produto mais de oferta do que de demanda, mo-tivo pelo qual o segurador precisa de uma rede comercial para despertar o interesse em comprar.

Behavioural targeting

As empresas começam a se posicionar no mer-cado da rede mediante a localização geográfica de seus clientes. O processo passa pela recepção de um e-mail com ofertas do dia, visita à web e ofer-ta específica publicada.

As promoções nas redes sociais servem como aceleradores na busca de fãs/amigos/seguidores. Assim, os clientes se sentirão smartbuyers, isto é, clientes preferenciais.

É desta forma que se constrói a microsseg-mentação por afinidades – com quem interagi-mos, o que estamos procurando e quem são nos-sos amigos –, e as redes que formamos são muito mais relevantes que a idade ou o sexo. A com-panhia pode obter o perfil do cliente potencial segundo o nível de envolvimento que este pode alcançar e como consegui-lo.

O relevante é, portanto, automatizar as tran-sações e gerar modelos preditivos analíticos para prever o comportamento do cliente potencial.

A nova segmentação dos clientes usuários da Internet é realizada mediante os seguintes critérios:

- segmentação demográfica. O estudo dos perfis das pessoas que visitam um determi-nado website;- segmentação por comportamento. Tipo-logia das páginas visitadas para averiguar os tipos de assunto que interessam ao cliente;- segmentação contextual. Identificação de palavras-chave num conteúdo online; e- segmentação demográfica. Através do endereço IP é possível saber a procedência da visita.Não devemos esquecer que os modelos pre-

ditivos combinam informações que dispomos

OS USUÁRIOS DE REDES SOCIAIS SÃO PRODUTORES E CONSUMIDORES AO MESMO TEMPO. ISTO É, UM GRUPO DE AFINIDADE ATUA COMO UM ATACADISTA QUE PRECISA DE UM SEGURO E QUE O CONTRATA SOB OFERTA SEGUNDO AS CONDIÇÕES PROPOSTAS PELAS SEGURADORAS

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a respeito do cliente com informações externas que determinam de forma precisa a propensão de compra de um produto a um preço prede-terminado. Desta maneira geram-se vantagens competitivas sustentáveis.

Os smartphones passam a ser como um ace-lerador desta nova visão do negócio, que no âmbito do seguro deve favorecer a relação per-manente entre a seguradora e o cliente, ofere-cendo-lhes utilidades de serviços e até proposta de produtos para situações reais. A estimativa é de que haja 2 milhões de aplicações tipo App’s, para os 4,5 bilhões de aparelhos móveis exis-tentes no mundo. Por isso, o desafio que se apresenta é como ajudar o usuário a escolher dentre todos os que agora se chamam de ele-mentos inspiradores, como educação, jogos, música, lazer, etc.

Os desenvolvimentos dos criadores publi-citários estão voltados para que o espectador se converta em jogador, de tal forma que o cliente interage com a publicidade da empre-sa. O anunciante escolhe onde situar a men-sagem dependendo de fatores demográficos, contextuais e de comportamento e geográficos; assim, o anunciante colocará banners padrão, que podem ser abertos com áudio ou vídeo... A empresa trata de dialogar com os clientes por blogs corporativos, Twitter, Facebook e Tuenti.

Através dos cookies – arquivos que arma-zenam nossas informações de navegação pela Internet –, as companhias da rede conhecem nossos interesses, embora as informações que recebamos dependam de como queiramos que os nossos dispositivos de conexão à rede sejam configurados; na verdade, o navegador Chro-me permite navegações anônimas.

Os mirror cookies não ficam sabendo nossa

identidade, nome, idade ou sexo, e sim os nossos gostos, já que identificam nossos hábi-tos de navegação.

O relatório da consultoria norte-americana Gartner relativo às linhas mestras das tendên-cias em 2012 em questão de tecnologia para a indústria seguradora adverte que se deve, além de testar tecnologias da próxima geração, po-tenciar a análise de dados e estabelece que a ca-pacidade de examinar grandes quantidades de informação e convertê-las em dados úteis para o desenvolvimento de novos produtos já é algo essencial.

A mesma consultoria, em referência ao se-guro de saúde, recomenda soluções preditivas de subscrição de produtos. Considera também o uso de portais de Internet, vistos como lu-gares de encontro entre clientes-mediadores e seguradores, sem esquecer o boom total das tecnologias móveis.

Estas considerações nos permitem iden-tificar as oportunidades de uso dos modelos preditivos num futuro próximo no âmbito da saúde. Atualmente já estão sendo desenvolvi-das aplicações médicas – hoje existem 270.000 – para tablets ou telefones celulares em que o médico pode consultar bases de dados com medicamentos, patologias ou procedimentos conforme a especialidade médica.

Mas estas aplicações não são apenas para os profissionais da medicina: elas são usadas para o relacionamento com o paciente, os crônicos, os idosos, etc., e já existem até aplicações para determinadas patologias, como autismo, ELA, transtornos de linguagem..., que são utilizadas exclusivamente pelos usuários-pacientes. Isto nos permitirá conhecer as necessidades indivi-duais de cada usuário.

OS MODELOS PREDITIVOS COM TÉCNICAS GLM APLICADOS AOS SEGUROS DE VIDA E DE SAÚDE SÃO UMA FERRAMENTA ESTATÍSTICO-ATUARIAL APROPRIADA PARA A MODELAGEM DE RISCOS DE NATUREZA PESSOAL

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o risco Mídia social

Dentro do contexto do seguro, os valores de segurança, fidelidade e compromisso serão os principais elementos na mensagem publicitária. E, em todo caso, o segurador deve evitar:

- danos à reputação de terceiros;- infração aos direitos da marca ou da pro-priedade intelectual;- invasão da privacidade;- danos por transmissão de vírus.Por isso, considera-se conveniente elaborar

um manual de mídia social.Portanto, abre-se um debate ético e legal que

até o momento não havia acontecido no setor segurador. Quer dizer, o conhecimento do per-fil pessoal de que determinados buscadores já dispõem e que permite que o cliente seja seg-mentado e perfilado segundo suas atividades e interesses pode ou não infringir princípios previstos na legislação de proteção de dados, de consentimento, de não-discriminação...

O debate é necessário, pois as técnicas atua-riais de ponta já permitem este novo posiciona-mento de negócio. Na verdade, em outras esfe-ras estas técnicas são habituais, como esclarece o scoring preditivo bancário para a concessão de créditos preconcedidos ou mesmo a psicologia clínica, que permite realizar diagnósticos predi-tivos e perfilar candidatos com níveis verificados de êxito superiores a 95%. Aplicá-lo sobre as in-formações disponíveis na Internet é o ponto em questão.

O segurador, antes de apostar neste mode-lo, deve ter a segurança jurídica absoluta de que não violará nenhum princípio ao confeccionar seguros preconcedidos de acordo com a deter-minação de perfis de riscos elaborados com base nos dados disponíveis nas redes sociais, e deve analisar a veracidade ou não de certas informa-ções disponíveis na rede.

conclusão

Os modelos preditivos construídos com téc-nicas GLM, aplicados aos seguros de vida e de saúde, são a ferramenta estatístico-atuarial ade-quada para a modelagem dos riscos de natureza pessoal. As diversas aplicações que estas técnicas permitem em campos de atuação como a subs-crição, determinação do preço, fidelização ou venda cruzada representam uma oportunidade única que a técnica atuarial oferece para a me-lhora dos processos de negócio, e em particular para a correta gestão do modelo de negócio se-gurador com relação às redes sociais.

Os órgãos de decisão da companhia segura-dora devem entender que os modelos preditivos levam a mudanças significativas na cultura em-presarial.

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de Gênero no setor segurador

PROPOSTA DE UM NOVO

MÓNICA SALDAÑA SANZProfessora do departamento de Métodos Quantitativos ICADE

IMPACTOda Diretriz

MODELO PREDITIVO

A probabilidade de sobrevivên-cia nas tabelas de mortalidade atuais é obtida a partir de dois

fatores de risco determinantes: a idade ou tempo biométrico do indivíduo e o sexo. Esta metodologia, que se reflete nas tabelas de mortalidade utilizadas até hoje para a tarifação dos prêmios dos produtos de seguro, tem data de validade.

Seu limite temporal obedece à en-trada próxima em vigor da Diretriz de Igualdade de Gênero, publicada no Diá-rio Oficial da União Europeia, de 13 de dezembro de 2004 do Conselho Euro-peu, a partir da qual o sexo não poderá ser usado como variável determinante no cálculo do prêmio de um seguro. Esta Diretriz (2004/113/EC), que foi introduzida para o ordenamento jurí-dico espanhol através da Lei Orgânica 3/2007, de 22 de março, e da Diretriz 2009/138/CE do Parlamento Euro-

peu e do Conselho, de 25 de novembro de 2009, trata da implementação do princípio de igualdade de tratamento entre homens e mulheres no acesso e fornecimento de bens e serviços, e constitui uma negação ao em-prego do sexo do indivíduo como fator dife-renciador do risco no cálculo de prêmios dos produtos de seguro.

A aplicação desta Diretriz produzirá um conjunto de transformações importantes no setor de seguros. Mas nem todas elas serão negativas, já que esta mudança pode ser vista como uma ótima oportunidade para inovar e como um impulso para a revisão da me-todologia biométrica utilizada até agora. E ela também permitirá a proposição de no-vos modelos preditivos de probabilidade de sobrevivência de um indivíduo com fatores adicionais ao sexo e à idade.

Ao longo deste artigo serão expostas as ca-racterísticas de uma nova metodologia como proposta de mudança dos modelos biométri-cos atuais.

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TARIFAÇÃO E CÁLCULO DEIMPACTO DUPLO:

NECESSIDADES DE CAPITALEsta Diretriz inovadora tem um duplo

impacto bastante significativo: em primei-ro lugar, ela afeta a tarifação dos prêmios de seguros e, em segundo lugar, incide no cálculo do capital econômico exigido no Solvência II com relação ao risco de subs-crição de uma empresa de seguros.

1. iMpacto na tarifação de prêMios de seguro

O Comitê Europeu de Seguradoras apresentou em 7 de dezembro de 2011 um estudo1, comissionado pela Associação Alemã de Seguradoras (cuja sigla em ale-mão é GDV), em que se detalham as con-

a aplicaÇÃo

da diretriZ da

comunidade

europeia da

igualdade

de gÊnero

produZirÁ um

conJunto de

transformaÇÕes

importantes

no setor de

seguros, mas

nem todas elas

serÃo negativas

sequências econômicas negativas que terão de enfrentar os consumidores europeus, os mercados de seguros e a sociedade a partir de dezembro de 2012 em virtude da proi-bição do uso do fator sexo para o cálculo de prêmios e benefícios.

O estudo toma como base de dados uma amostra de seguradoras de diversos países europeus representativa o bastante para que os resultados sejam conclusivos. Desses resultados, os mais relevantes estão enumerados a seguir:

As companhias de seguros precisam fixar o preço de seus produtos conforme o risco segurado. Se os indivíduos não forem diferenciados conforme o perfil de riscos, a eficiência econômica pode ser perdida por dois motivos:

Seleção adversa: ocorre quando uma distribuição uniforme dos prêmios faz com que os indivíduos com perfil baixo de risco não contratem o produto de seguro, atraindo mais ativamente os indivíduos com perfil de risco maior. Determinar os prêmios de acordo com grupos diferenciados por perfil de risco é a opção econômica ideal para todos.

Risco moral: aparece depois da contratação de um produto de seguro, já que o segurado pode ver-se tenta-do a descuidar do bem segurado ou a deixar de tomar as precauções que normalmente adotaria para protegê-lo, aumentando, com isso, o potencial de perda da companhia de seguros.

1 OXERA (2011).

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O preço dos seguros aumenta como resultado da redistribuição dos prê-mios dos grupos de alto risco para os grupos de baixo risco.

A demanda de produtos de seguro pode ver-se afetada, dando lugar a di-versas implicações sociais, tais como a falta de incentivo para pouparem para a aposentadoria.

O gênero é um indicador do risco muito significativo, determinante a longo prazo e estável para as compa-nhias seguradoras, que não vai poder ser substituído com facilidade.

Do ponto de vista econômico, o uso do gênero como fator diferenciador de risco produz um ajuste mais adequa-

um relatório do

comitÊ europeu

de seguradoras

detalHa as

conseQuÊncias

econÔmicas

negativas da

aplicaÇÃo da

diretriZ para

o mercado de

seguros

do, já que o valor presente líquido2

dos benefícios futuros calculados com diferenças de gênero é semelhante em homens e mulheres.

Delimitar o uso do gênero na tarifa-ção dos produtos de seguro fará com que os homens e mulheres que con-tratem um mesmo produto de seguro, ao mesmo preço e com as mesmas características recebam benefícios diferentes.O sexo é um fator determinante na

classificação de pelo menos três grandes categorias de produtos: seguros de Auto-móveis, seguros de Vida e de Renda, e se-guros de Saúde privados.

Figura 1. Principal impacto por produto

2 Net present value.

Até 21/12/2012 Depois de 21/12/2012 Impactos

RendasVitalícias

Seguro de Vida

Automóveis

Pelo mesmo prêmio, a mulher recebe uma renda mensal mais

baixa

Com a mesma idade, a mulher paga um prêmio menor por sua

expectativa de vida maior

Com a mesma idade, a mulher paga um prêmio menor por seu

baixoperfilderisco

Os pagamentos da renda vitalícia dos homens serão

reduzidos

As mulheres sofrerão aumento no preço dos seguros de Vida

A jovem condutora terá aumento no prêmio do seu

seguro de Automóvel

Os homens (idade média 65 anos) terão uma redução na renda

vitalícia de 5% em média

As mulhers (idade média de 40 anos) teram aumento no

prêmio de seguro de Vida de 30% em média

As condutoras jovens (idade média de 20

anos) terão aumento no prêmio do seu

seguro de Automóvel de 11% em média

Fonte: Elaboração própria

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2. iMpacto no cálculo das necessidades de capital para o risco de subscrição

A diretriz Solvência II3 se baseia em três pilares de atuação: o primeiro é estabe-lecer um processo de análise das reservas, ativos e passivos necessários para cobrir as obrigações aceitas nas apólices; o segundo é definir as regras de supervisão, controle interno e governança corporativa; o tercei-ro e último é estabelecer as obrigações de informações que as seguradoras deverão apresentar ao mercado.

Os requerimentos de capital pretendem garantir a estabilidade financeira da com-panhia frente a flutuações adversas inespe-radas na sinistralidade, e com isso também a proteção do segurado, através de volumes econômicos denominados Capital Mínimo de Solvência (MSCR em inglês)4 e Capital de Solvência (SCR em inglês)5.

Como se pode quantificar o Reque-rimento de Capital de Solvência? Uma possível resposta para esta pergunta seria calcular uma aproximação à quantidade de fundos próprios necessários para anu-lar praticamente a probabilidade de ruína da seguradora, no prazo de um ano, com um determinado nível de confiança. Para sua determinação prática, são estabelecidas duas alternativas: a fórmula padrão e mo-delos internos.

A fórmula padrão ainda não está fecha-da e, além disso, existem vários enfoques, como a fórmula baseada em fatores ou a simulação de cenários. As principais vanta-gens da fórmula padrão são a facilidade de uso e a economia de meios.

Os modelos internos requerem um au-mento na sofisticação e na complexidade dos modelos de cálculo, mas trazem um aumento da precisão e da sensibilidade do capital na medição e quantificação da ex-

posição do risco da companhia. Isto leva a uma melhor predição das necessidades de capital. Estes modelos, que devem ser pre-viamente aprovados pelo supervisor, desta-cam-se pelas seguintes características:

Eles medem os riscos segundo a ex-periência própria.

Eles preparam o caminho para uma gestão eficaz dos riscos.

Eles possibilitam que a eficiência dos mitigadores de risco seja avaliada.

Eles adequam os requerimentos de capital.A nova metodologia proposta neste ar-

tigo formaria parte de um possível mode-lo interno, como um modelo de gestão de risco dinâmico, já que sua calibração seria contínua, e se basearia na experiência da própria carteira (experiência relevante para a derivação de hipóteses). Este modelo in-cidiria em todos os submódulos do cálcu-lo do requerimento de capital de solvência que contenham estimativas de mortalidade e longevidade da carteira, com um maior impacto, como é de se esperar, no submó-dulo de Risco de subscrição de seguros de Vida, melhorando sua preditividade e ade-quando os resultados à própria experiência da companhia.

a nova

metodologia

proposta neste

artigo É um

modelo de

gestÃo de risco

dinÂmico, JÁ Que

pode se caliBrar

continuamente

por Basear-se na

eXperiÊncia da

própria carteira

3 Diretriz 2009/138 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de novembro de 2009, sobre o seguro de Vida, o acesso à atividade de seguro e de resseguro e seu exercício (Solvência II).4 Minimum Solvency Capital Requirement.5 Solvency Capital Requirement.

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as empresas

espanHolas

ainda nÃo estÃo

preparadas para

enfrentar o

proBlema da

nÃo-discriminaÇÃo

de gÊnero

PRÁTICASEGURADORA

O uso de fatores atuariais que se ba-seiam no sexo é geral no setor de segu-ros e outros serviços financeiros relacio-nados. Assim, a legislação que a Diretriz propunha em 2004 a respeito do uso do sexo para fins de diferenciação do risco afetava o setor financeiro e o setor de se-guros em particular.

As companhias de seguro espanho-las estão realmente preparadas para esta mudança? Uma pesquisa realizada pela empresa RGA International Reinsuran-ce Company mostrou que, na metade do ano de 2012, 40% das seguradoras espanholas de Vida achavam que não estão preparadas para enfrentar a aná-lise do problema da não discriminação de gênero. Este problema significa dis-pensar as tabelas atuais de mortalidade

e sobrevivência e buscar outro sistema que tenha o mesmo poder preditivo, mas que não use o sexo como fator de diferenciação.

A prática seguradora que se pôde ob-servar até o momento com respeito à elaboração de uma nova metodologia se reduz à transformação das tabelas atuais de mortalidade PASEM 2010, uma para homens e outra para mulheres, em uma única tabela obtida como uma média ponderada das anteriores.

Os pesos que cada companhia atribui para obter esta ponderação podem ser decididos sobre duas bases diferentes:

Conforme a constituição da pró-pria carteira, ponderando com pesos iguais na proporção de homens e mulheres que ela contém.Digamos que seja x a idade de um

indivíduo. Para determinar qual é a probabilidade de falecimento dele, faz--se a seguinte média ponderada:

Conforme o perfil de risco a que a companhia queira se submeter, aplicando em cada caso o cenário mais favorável para o segurado ou para o segurador. Neste caso, por exemplo, se a decisão for beneficiar o segurado (um perfil de risco maior para a companhia), se aplicariam as tabelas de mortalidade de mulheres para todos os contratos de seguros de Automóveis formalizados a partir de 21 de dezembro de 2012. Se, ao contrário, a decisão for optar por um perfil de risco mais baixo para a companhia seguradora, se aplicariam

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as tabelas de homens para todos os contratos de seguros de Vida celebra-dos a partir da referida data.Esta última prática tem sido aquela a

que o mercado mais recorreu até agora desde a aprovação da sentença do Tribu-nal da União Europeia.

Se uma companhia seguradora deci-disse aplicar um peso de 50% a cada gê-nero, a nova tabela de mortalidade obtida apresentaria as diferenças que se mos-tram na Figura 2, ao comparar as proba-bilidades da prática seguradora (média ponderada) com as das tabelas PASEM 2010. A conclusão óbvia a partir deste resultado é que a tarifação com as novas probabilidades afetará enormemente os prêmios com que ambos os gêneros te-rão de arcar, sendo cada prêmio mais ou menos benéfico economicamente para o segurado, dependendo do ramo e do tipo de seguro.

tarifar produtos

de seguro

ponderando as

taBelas atuais

provocaria

erros no

cÁlculo do

prÊmio e no

do capital

econÔmico

correspondente

Figura 2. Tarifação mista e tabelas PASEM

Qx HOMEM PASEM 2010

Qx MULHER PASEM 2010

Qx TARIFAÇÃO MISTA

Fonte: Elaboração própria a partir de tabelas PASEM 2010.

Qualquer que seja a opção das segura-doras, média ponderada conforme a cartei-ra ou perfil de risco, ambas causarão um desajuste na medição da probabilidade de falecimento, com o erro concomitante na tarifação do prêmio do produto de seguro e do cálculo do capital econômico corres-pondente.

Podemos pensar em alguma outra me-todologia que, respeitando a Diretriz de Gênero e a legislação interna, não prejudi-que e ainda melhore a capacidade preditiva da metodologia usada até agora? Respon-der esta pergunta é o objetivo principal deste artigo.

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PROPOSTA DE UM NOVOMODELO PREDITIVO

Buscando-

se fatores

adicionais aos

Que foram

utiliZados atÉ

agora, É factÍvel

criar uma nova

metodologia

Que nÃo perca

a capacidade

preditiva se a

diferenciaÇÃo

por gÊnero for

eliminada

No caso das tabelas de mortalidade, a hipótese de homogeneidade sempre foi considerada como não aplicável no que diz respeito ao sexo de cada indivíduo, já que se sabe que a variável “idade de falecimen-to” de um indivíduo é muito diferente em homens e em mulheres. Por isso, o estudo probabilístico da idade de falecimento de homens e mulheres foi analisado separa-damente até agora. Por que, então, não se assume que não se pode trabalhar com esta hipótese, já que existem muitos fatores, além da idade e do sexo, que determinam a idade de falecimento de uma pessoa?

Até agora assumiu-se que as diferentes expectativas de vida dos segurados, a dife-rente disposição na hora de assumir riscos na condução de um automóvel e a dife-rente tendência a usar benefícios médicos se devem principalmente ao sexo. Mas, na realidade, existem outros fatores que de-sempenham um papel importante na ava-liação destas diferenças. Por exemplo, a expectativa de vida dos segurados pode ser altamente influenciada pelas circunstân-cias econômicas e sociais, assim como pelo modo de vida pessoal, ambiente familiar, profissão, hábitos alimentares, atividades de lazer ou risco, consumo de fumo, etc.

Por isso, pode-se dizer que, com base na evolução da população e nas mudan-ças na sociedade, o significado dos papéis tradicionais se perdeu e, desta forma, a expectativa de vida de uma pessoa, assim como os efeitos dos fatores de conduta so-

bre a saúde, não podem ser vinculados diretamente ao sexo.

É verdade que nos produtos de se-guros é mais fácil estabelecer diferenças em função do sexo do segurado do que comprovar as circunstâncias econômicas e sociais, assim como os hábitos de vida dos segurados, ainda mais quando esses fatores podem mudar ao longo do tem-po. No entanto, estas dificuldades práti-cas são as que precisamos tentar resolver, já que elas por si mesmas não justificam que não se recorra a esses fatores como critério de diferenciação.

Portanto, é possível estabelecer uma nova metodologia cujo objetivo estraté-gico seja não perder capacidade preditiva, eliminando a diferenciação por gênero, buscando outros fatores adequados que possam substituir o fator sexo. Do ob-jetivo principal derivam-se os seguintes objetivos específicos:

Substituir, e não eliminar, a variável “sexo” do segurado por outras de caráter significativo que cumpram as provisões da Diretriz de Gênero, mas que mantenham a representatividade do sexo na tarifação dos produtos de seguro.

Oferecer uma maior precisão na predição da probabilidade de falecimento, partindo das tabelas de mortalidade atuais, que trabalham unicamente com as variáveis “idade” e “sexo”.

Maior ajuste na tarifação dos prêmios puros dos produtos de seguro, graças à melhora na predição das probabilidades de sobrevivência e falecimento.

Maior ajuste no cálculo do capital econômico necessário para a medição do risco de subscrição, determinado no Solvência II.

44

estudos

G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

Trazer uma nova perspectiva para a seleção da fonte de dados com a qual se prediz a probabilidade de sobrevivência de um indivíduo. Sabendo quais são as variáveis mais representativas do modelo, as entidades seguradoras poderão saber quais são os dados necessários que terão de pedir a cada segurado para conseguir uma predição maior na determinação da probabilidade de sobrevivência.

Aumentar o número de variáveis incidentes na predição da mortalidade, já que, ainda que a variável “idade” seja a que mais explica a probabilidade de morte de um indivíduo, não se podem deixar de lado fatores que podem aumentar essa probabilidade de forma determinante, excluindo o sexo do segurado.

Por fim, determinar as bases de uma nova metodologia que substitua o modelo biométrico aplicado até agora nas tabelas de

a primeira fase

da metodologia

proposta

pretende

desenvolver

um modelo

Que reduZa o

impacto Que

a diretriZ de

gÊnero terÁ

a partir de

deZemBro de

2012

FASES DOMODELO

mortalidade, uma vez definidas as variáveis significativas que predirão a probabilidade de falecimento.

A metodologia proposta se estrutura conforme mostra a Figura 3, em duas fases:

A primeira fase consiste da criação de um primeiro modelo que, segundo uma probabilidade, classifique um segurado em um determinado gênero, homem ou mulher, dependendo de um número “n” de variáveis independentes.

Depois, estima-se a probabilidade de sobrevivência de um indivíduo em função do sexo estimado no modelo anterior, da idade e de algumas variáveis adicionais às utilizadas na atualidade (apenas sexo e idade).

Figura 3. Fases da metodologia proposta

modelo preditivo da variávelsexo do indivíduo

Modelo logit com variável dependente sexo do indivíduo

em função de n variáveis independentes.

Substituição das tabelas de mortalidade por um modelo preditivo com t+1 variáveis independentes, sendo uma delas o sexo estimado do

primeiro modelo.

modelo preditivo da variávelprobabilidade de

sobrevivência de um indivíduo

Fonte: Elaboração própria.

45G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

em sua segunda

fase, a nova

metodologia

determinarÁ as

proBaBilidades

de falecimento

e soBrevivÊncia

do segurado

a partir de

variÁveis

pessoais,

econÔmicas e

sociais

PROPOSIÇÃO DOPRIMEIRO MODELO

O principal objetivo da primeira fase é desenvolver um modelo que reduza o im-pacto que a Diretriz de Gênero terá a partir de dezembro de 2012 no setor de seguros e oferecer às companhias seguradoras uma solução mais adequada do que a que se uti-liza na prática atual. O principal objetivo da segunda fase é, partindo das variáveis obtidas no primeiro modelo, obter as pro-babilidades de falecimento e sobrevivên-cia particulares para cada indivíduo com certeza, a partir de características pessoais, econômicas e sociais variáveis.

Neste artigo se desenvolve o que se re-fere à primeira fase, o modelo preditivo do sexo do indivíduo, deixando o desenvol-vimento da segunda para uma publicação futura.

A classificação é uma tarefa que con-siste em atribuir uma categoria ou classe a cada elemento de um conjunto. Um tipo específico desta técnica é a classificação bi-nária, considerada o sistema mais simples de classificação. Um exemplo dela seria a determinação do sexo de um indivíduo.

Existem várias técnicas de classificação binária com as quais se poderia trabalhar para desenvolver o modelo preditivo de sexo: árvores de decisão, redes bayesianas, redes neuronais artificiais, programação genética, logit binário, clustering e algorit-mos evolutivos.

Todas as técnicas anteriores têm como objetivo estimar as probabilidades de per-tencimento ou não a uma determinada classe (variável qualitativa), de modo que chamamos de “1” o evento que consiste em pertencer à classe ou categoria estuda-da, e de “0” o evento de não pertencer a essa categoria. No problema que estima o sexo do indivíduo, esta variável assumirá o valor “1”, se o sexo for feminino (mulher), e “0”, se o sexo for masculino (homem).

Como técnica de classificação para o primeiro modelo, escolheu-se a regressão logística binária ou logit, já que sua utiliza-ção é mais fácil, mais intuitiva e responde melhor às necessidades que se apresentam no contexto segurador atual.

Trabalha-se com uma base de dados que consta de 171.344 indivíduos, 48,09% homens e 51,91% mulheres, cujas infor-mações se apresentam em 93 variáveis. Em seguida, faz-se uma análise bivariante na qual se observa como se comportou a

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estudos

G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

variável “sexo” com relação ao resto das variáveis. O objetivo desta análise é discri-minar, dentre as variáveis da base, aquelas que discriminam mais em função do sexo do indivíduo. Foram obtidas as seguintes: estado civil, idade do cônjuge, ocupação principal, atividade principal e tipo de jor-nada.

Das variáveis anteriores, geram-se os grupos de categorias dentro das mesmas que melhor discriminam o sexo, e elas são recodificadas e transformadas em uma va-riável dicotômica. A recodificação é reali-zada com o objetivo de que a pergunta com

HOMEM MULHERHOMEM MULHER

HOMEM MULHER

Fonte: Elaboração própria.

Fonte: Elaboração própria. Fonte: Elaboração própria.

resposta dicotômica seja o mais geral possí-vel e o menos discriminante com relação à Diretriz de Gênero.

O modelo resultante seria o seguinte:

ondeEstado civil. Definido como a variá-

vel categórica independente que reflete se o estado civil de um indivíduo é viúvo, assumindo o valor 1 em caso de resposta afirmativa e 0 em caso de resposta negativa.

Idade do cônjuge. Definida como a variável categórica independente que refle-te se o cônjuge do indivíduo que responde, quando ele tiver, tem idade superior à sua, assumindo o valor 1 em caso de resposta afirmativa e 0 em caso de resposta negativa.

sendo z = constante + β1 estado civil + β2 idade cônjuge + β3 ocupação + β4 atividade + β5 tipo jornada

Figura4.Distribuiçãoidadedocônjugeporsexo

Figura 5. Distribuição estado civil por sexo

Figura 6. Distribuição tipo de jornada por sexo

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APLICAÇÃO EMPRESARIALDO MODELO

Ocupação. Definida como a variável categórica independente que reflete se a ocupação principal do indivíduo corres-ponde a ocupação de caráter militar, Forças Armadas, Direção, Gerência, setor agrícola e pesqueiro, indústria manufatureira, ope-rador de instalações ou maquinário, assu-mindo o valor 1 em caso de resposta afir-mativa e 0 em caso de resposta negativa.

Atividade. Definida como a variável categórica independente que reflete se a atividade principal da empresa em que o indivíduo trabalha corresponde a agri-cultura, pesca, criação de gado, indústrias extrativas, construção, maquinário, trans-porte, armazenagem e alimentação, assu-mindo o valor 1 em caso de resposta afir-mativa e 0 em caso de resposta negativa.

Tipo de jornada. Definido como a va-riável categórica independente que reflete o tipo de jornada do indivíduo, assumindo o valor 1 em caso de meio período e 0 em caso de período integral.

Aplicando o modelo obtido à base de dados inicial, obtém-se um índice de clas-sificação de 70,27%, com uma sensibili-dade6 de 82,71%, resultado que pode ser classificado como satisfatório.

como tÉcnica de

classificaÇÃo

para o primeiro

modelo, elege-

se a regressÃo

logÍstica

BinÁria, mais

fÁcil e intuitiva

Se a modelagem resultante da pre-sente investigação fosse implantada no contexto empresarial, das variáveis di-cotômicas do modelo, as seguintes per-guntas poderiam ser feitas dentro da so-licitação do seguro:

Qual é o seu estado civil? Qual é a idade do seu cônjuge? Qual é a sua ocupação principal? Qual é a sua atividade principal? Qual é o seu tipo de jornada?

Conforme a resposta obtida, o mo-delo logit produziria uma porcentagem de classificação (P(Y=1)) que represen-ta a probabilidade de que um indivíduo seja uma mulher, segundo a qual pode-mos estimar se o indivíduo é homem (P(Y=1) < ponto de corte) ou mulher (P(Y=1) ≤ ponto de corte). Com oresultado do modelo, alternativas dife-rentes poderiam ser adotadas na hora de implantar o modelo preditivo numa companhia seguradora, representando opções alternativas muito atrativas às que são empregadas na prática segura-dora atual.

6 A sensibilidade indica a capacidade do modelo de dar como casos positivos (mulheres) os casos que realmente o são; a proporção de mulheres corretamente identificadas.Ouseja,asensibilidade caracteriza a capacidade da prova de detectar o sexto em sujeitos da base de dados.

48

estudos

G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

Algumas das alternativas poderiam ser as seguintes:

Ao invés de utilizar uma média pon-derada cujos pesos são a porcentagem de homens e mulheres de uma carteira, pode-se fazer uma média ponderada das tabelas de mortalidade de homens e de mulheres para cada indivíduo cujos pe-sos de ponderação sejam a porcentagem ou probabilidade obtida no modelo e sua complementar. Assim, trabalha-se com uma média ponderada ajustada ao indivíduo.

Fixar um ponto de corte a partir do qual, se a probabilidade obtida for me-nor que o mesmo, a tabela a ser utili-zada será a PASEM 2010 masculina. Se a probabilidade obtida for maior que o ponto de corte, a tabela a ser utilizada será a PASEM 2010 feminina.

a diretriZ

de gÊnero

oferece uma

oportunidade

para revisar

e melHorar

o cÁlculo de

proBaBilidades

de falecimento

e soBrevivÊncia

de um indivÍduo

Fixar intervalos de atuação; por exem-plo, se a probabilidade estiver entre 40% e 60%, aplica-se média ponderada com pesos iguais à probabilidade. Se a pro-babilidade for menor que 40%, pode usar-se diretamente a tabela de homens (PASEM 2010). Se a probabilidade for maior que 60%, pode utilizar-se direta-mente a tabela de mulheres.

A última alternativa seria combinar al-gumas das opções anteriores.

CONCLUSÕES

Até o momento, as tabelas de mor-talidade foram geralmente aceitas pelas companhias seguradoras espanholas, assumindo igualmente as hipóteses de estacionariedade, homogeneidade e independência com as quais elas são construídas.

A entrada em vigor da Diretriz de Gênero, particularmente no setor de seguros, oferece uma oportunidade de revisão e de melhora do cálculo das probabilidades de falecimento e sobre-vivência de um indivíduo.

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Propõe-se a determinação de uma nova metodologia para a medição da probabili-dade de sobrevivência e falecimento que consta de duas fases. O desenvolvimento da primeira fase proposta, o modelo predi-tivo da variável “sexo”, tem como objetivo ser uma ferramenta eficaz e útil, primei-ramente para as empresas de seguros, por poder prescindir da variável “sexo” sem perder capacidade de predição nos prê-mios de produtos de seguro, e em segundo lugar para os segurados, que não terão uma redução na eficiência do cálculo de seus prêmios de seguro, ainda que o sexo desa-pareça como fator diferenciador de risco.

A avaliação das conclusões deste traba-lho tem de se fundamentar principalmente na causa que torna necessária a construção de um modelo preditivo do sexo de um indivíduo. Embora o resultado do mode-lo seja altamente satisfatório e possa re-presentar uma solução para as normas da Diretriz de Gênero, cabe ressaltar que a resolução do Tribunal da União Europeia pode julgar que ela seja descabida. No cál-culo atuarial, o sexo do segurado sempre foi uma variável naturalmente diferencia-dora e um fator de risco utilizado para o cálculo de prêmios e benefícios. E, embo-ra seja possível obter análises tanto teóricas como empíricas que gerem modelos que predigam com uma porcentagem elevada de acertos o sexo de um indivíduo, não vai ser possível obter a mesma precisão que quando se utiliza a variável “sexo”.

o modelo

desenvolvido

representa uma

soluÇÃo prÁtica

para o setor

de seguros, e

sua aplicaÇÃo

empresarial É

fÁcil e eficiente

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estudos

G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

Os“cartéis”1das

século XIXcompanhias de seguros marítimos

noMARIO SALAAtuário

1 A denominação de “cartel” para os acordos que as companhias firmaramnãocorrespondeexatamente ao conceito atual desses acordos entre empresas, cujo objetivo é eliminar a concorrência num mercado. No caso em questão, tratava-se de sanear um mercado que elas já dominavam, como veremos.

Uma vez terminado o período das guerras de liberação das colônias americanas, cujos corsários varre-

ram quase totalmente dos mares o comér-cio marítimo, os comerciantes de Barcelo-na voltaram a enviar navios para as antigas colônias. Este renascimento das atividades marítimas impulsionou a criação de novas companhias de seguros especializadas em comércio marítimo. Entre 1 38 e 1857 fo-ram criadas 16 companhias de seguros ma-rítimos em Barcelona. Estas companhias se constituíram sob as normas do Código de Comércio de 1829 e da Lei de Sociedades Anônimas de 1848, com capitais elevados e inúmeros acionistas que desembolsavam

51G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

de Barcelona

LATI

NSTO

CK

de Barcelona

52

estudos

G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

entre 1838 e

1857 foram

criadas em

Barcelona 16

companHias

de seguros

especialiZadas

em comÉrcio

marÍtimo

apenas uma pequena par-te do capital social (ao redor de 10%). Estas inúmeras com-panhias podiam cobrir com folga todas as necessidades s e g u r a d o -ras da pra-ça. A queda das cotações na bolsa em 1857 deixou a economia catalã bastante prejudica-da. As companhias de seguro cortaram seus di-videndos e a busca por maior receita propiciou uma concorrência feroz entre elas que reduziu o nível dos prê-mios e também das coberturas (apesar de que todas utilizavam o mesmo tipo de apólice) a um limite muito perigoso. A cobrança dos dividendos passivos para cobrir as perdas se tornou cada vez mais difícil, já que muitos acionistas tentaram desfazer-se de suas ações e não fazer no-vos desembolsos. Os numerosos anún-cios na imprensa pedindo o pagamento de dividendos passivos comprovam isso.

O desânimo que reinava entre os segu-radores se reflete perfeitamente em dois artigos de Juan Mañé y Flaquer publica-dos no Diário de Barcelona em 1859. O pri-meiro2 comentava o estado do mercado segurador em Barcelona: enumerava as regras, estabelecidas pela prática própria e alheia, que deveriam ser respeitadas no estabelecimento dos prêmios de segu-ros marítimos, e perguntava-se: “Nossas companhias de seguros cumprem todas estas condições ao segurar um navio?”. Como resposta a sua pergunta, o artigo

reproduzia uma carta que um pequeno grupo de

diretores de compa-nhias, capitanea-

do pelo diretor da Companhia Ibérica, Jerô-nimo Ferrer (que havia criado uma comissão para buscar uma

solução para os problemas dos

seguradores afe-tados pela concor-

rência que reinava no mercado), havia enviado

aos demais diretores, acompa-nhada de um projeto de convênio para seu estudo. O projeto previa estabelecer um acordo entre todas as sociedades para que os seguros fossem feitos segundo as con-dições exigidas pela ciência e pela expe-riência. A carta, datada de 20 de fevereiro de 1859, que transcrevemos em seguida3, dava uma descrição do estado lamentável do mercado segurador:

“Os prêmios que se cobram atualmente não conseguem compensar os riscos, porque, além de os primeiros estarem baixando continuamente, as sobretaxas que antes eram cobradas para inverno rigoroso, para dobrar os cabos de Hornos e da Boa Esperança, para quarentena, para risco de equinócio e para escala desapareceram por com-pleto. Além disso, nas condições da apólice, não são menos graves os cortes e modificações que se fazem geralmente, já que basta suprimir artigos que excluem certos riscos em determinadas épo-cas: em muitos casos se eliminam as franquias, são admitidos seguros por lotes sem aumento de prêmio e, por fim, não se faz nenhuma distin-ção entre navios de 1ª, 2ª e 3ª classe; todos são segurados a um mesmo prêmio e sob as mesmas

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com a Queda

das cotaÇÕes

na Bolsa

em 1857, as

seguradoras

entraram em

concorrÊncia

feroZ entre

si, o Que

deteriorou

o nÍvel dos

prÊmios e atÉ

da coBertura

2 Publicado em março de 1859, p. 2726.3 Diário de Barcelona de 1859, p. 2727.4 Diário de Barcelona de março de 1859, p. 2468.5 As duas últimas companhias, que foram fundadas em 1857, poucos meses antes da queda da bolsa, não desenvolveram nenhuma atividade.6 Diário de Barcelona, agosto de 1859, p. 8186.7 Ibidem, agosto de 1859, p. 8150.

condições. E tudo o que acabamos de mencionar ainda não é todo o mal. Existe outro de con-sequências mais impactantes, que é a facilidade com que, também por causa da ruinosa concor-rência que se promove, se pagam os sinistros e as avarias”. O autor do artigo, Juan Mañé y Flaquer, não comenta o projeto de convê-nio, mas é muito favorável a ele. Conclui dizendo que “o empreendimento é difícil, disso não há dúvida, mas as recompensas no final serão o proveito e a glória”.

Esta carta descrevia um panorama de concorrência mais que feroz e uma situa-ção muito crítica do mercado. É de estra-nhar que, tanto nesta carta como em ou-tros artigos anteriores do mesmo autor, não se comentasse outro problema impor-tante do mercado segurador de Barcelona: o número excessivo de companhias que deviam repartir entre si o escasso alimento existente naqueles anos. Em compensa-ção, outros documentos revelam este pro-blema. Assim, La Unión Comercial, so-ciedade de crédito que já detinha a maioria do capital de La Garantía (2.500 das 4.000 ações), em seu relatório anual correspon-dente ao ano de 1858, dizia que: “apesar de obedecer ao clamor universal que pede a redução

de tão elevado número de sociedades de seguros como inconsideradamente se criou nesta praça, continuamos no propósito revelado pela direção anterior de preparar a liquidação de La Ga-rantía, acumulando a totalidade, se fosse pos-sível, das ações emitidas”4. Esta liquidação culminou com o Real Decreto de 28 de abril de 1860. La Aseguradora também comentava em seu relatório do exercício 1858-1859: “Note-se que existem em Barce-lona quatorze5 companhias do ramo, que esse número, excessivo para atender as necessidades do nosso comércio, produz naturalmente a con-corrência, e que, assim sendo, é impossível que os prêmios de seguros deixem de baratear-se, a um tal ponto que já não há uma compensação entre eles e os riscos que se correm”6.

Em outro artigo, de agosto de 18597, o mesmo autor advogava pela fusão de companhias de seguros como solução para seus problemas e dizia que, para chegar-se a estas fusões, era preciso par-tir de um convênio ou confederação de interesses, visto que “ninguém certamente quer realizá-la (a fusão) custe o que custar e de qualquer jeito”. As conversações entre os diretores das companhias propostas na carta anterior foram realizadas e fi-

54

estudos

G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

os contatos

soBre fusÕes

entre os

diretores das

companHias

tiveram ÊXito

e entre 1859

e 1860 foram

firmados dois

convÊnios,

Que

agruparam as

companHias

eXistentes

nalmente tiveram êxito. Foram firma-dos dois convênios entre dois grupos de companhias. O primeiro (que denomi-naremos “convênio A”) se realizou no final de 1859 e foi firmado e entrou em vigor na metade de 1860, com duração prevista até 31 de dezembro de 1861, prorrogável. Nele entraram as seguintes companhias: La Aseguradora, Naviera Catalana, Comercio Marítimo, El Cabo-taje e La Salvadora. O segundo convê-nio (“convênio B”) se formalizou em 30 de julho de 1860 em cartório8 e entrou em vigor em 1º. de agosto de 1860, com duração prevista até 31 de dezembro de 1861, prorrogável. Nenhuma compa-nhia podia se separar do convênio, salvo em caso de liquidação. Entraram neste convênio as companhias La Barcelonesa, a Catalana General de seguros, a Ibérica de seguros e El Áncora. Este convênio também foi inscrito no Registro de Co-mércio em 8 de agosto de 1860.

Ambos os convênios foram aprova-dos em assembléias gerais extraordi-nárias das companhias. Não entraram nesses convênios La Masnouense, La Esperanza e La Garantía (que já haviam

feito acordos de dissolução em suas as-sembleias gerais), nem o Lloyd Barcelo-nês e o Lloyd Catalão, que continuaram como companhias independentes. Esta última também havia iniciado um proces-so de dissolução por irregularidades que foi suspenso pelo governador civil em 29 de maio de 1861. Todas as companhias, em seus relatórios anuais, comentaram a boa harmonia, a cordialidade e a mais franca e leal reciprocidade que domina-ram as conversas preliminares.

O fato de dois convênios distintos te-rem sido criados dependeu de diferenças conceituais entre os dois grupos de com-panhias. As cinco companhias integran-tes do convênio A mantiveram sua inde-pendência e continuaram suas atividades separadamente, cada uma emitindo suas próprias apólices (com textos iguais) e aplicando uma tarifa comum. A compa-nhia que emitia a apólice ficava com 40% do risco e do prêmio e os 60% restantes eram divididos em partes iguais entre as outras quatro companhias que também figuravam na apólice, cada uma assumin-do sua parte do risco, mas mantendo sua autonomia. A apólice indicava claramente que “a companhia que subscreve segura para o sr. Fulano uma quantia de tanto, responden-do por 40 por cento, e pelo restante em partes iguais o fazem as companhias anotadas à mar-gem, em nome das quais assina a companhia emissora”. O artigo 7 do convênio esti-pulava que “as companhias não respon-dem solidariamente, e sim cada uma na proporção estipulada na apólice. Embora as companhias não respondam conjunta-mente, como aquela que emite a apólice não começa a repartir o prêmio com as outras companhias a não ser seis meses depois de tê-lo cobrado, esta quantia já é outra garantia para o segurado”. O que eles queriam mostrar com esta cláusula era que, como a companhia que emitia a

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as companHias

comeÇaram

a atuar no

mercado como

se fossem uma

só, utiliZando

a mesma

apólice e uma

mesma tarifa,

assumindo

os riscos

conJuntamente

apólice mantinha em seu poder a totali-dade do prêmio durante seis meses, esta podia suprir a eventual falta de pagamen-to de uma das outras companhias em caso de avaria.

As companhias que integravam o con-vento B almejavam a fusão das quatro companhias ao final de um tempo, con-forme estabelecia o artigo 1 do convê-nio: “Com o intuito de preparar uma fusão, as companhias subscritas, a partir da data que será dita, verificarão todas as suas operações de comum acordo e participarão delas de modo igual”. O artigo 2 estipulava a forma de operar das companhias: “Os seguros que forem estabelecidos serão emitidos em uma só apólice em nome de todas, expressando que respondem conjuntamente ao segurado pelo valor subscrito na apólice, ou seja, pelo risco do seguro”. Começaram, então, a atuar no mercado como se já fossem uma só com-panhia, utilizando uma mesma apólice e uma mesma tarifa, assumindo os riscos conjuntamente, dividindo os riscos e os prêmios na proporção de 25% cada uma. A liquidação dos saldos financeiros entre as quatro companhias era feita a cada três

meses. O preâmbulo do convênio diz que “no referido convênio se estabeleceu que as quatro companhias respondem conjuntamente pelos valores que qualquer uma delas segurar”. Se uma das companhias não pagava sua parte em caso de avaria, as outras três supririam sua falta. Em termos de técni-ca seguradora, o convênio A funcionou como um agrupamento de companhias independentes que cosseguravam entre elas os riscos assumidos por uma delas, e o convênio B funcionou em forma de cosseguro obrigatório. Os segurados po-diam dirigir-se a qualquer uma das qua-tro companhias. Aprofundaremos estes conceitos na seção seguinte.

No dia 31 de dezembro de 1861 o convênio A foi prorrogado por mais um ano (“tendo sido considerado conve-niente por todas as companhias unidas”9) e se dissolveu, de comum acordo, no 31 de dezembro seguinte, de 1862, “apesar disto, o negócio de seguros entrou em seu curso regular, pois há uniformidade de tarifas para todos os seguradores e existem motivos fun-dados para afirmar que, tendo aprendido com um passado doloroso, não renascerá a concor-rência que foi tão desastrosa para todos”10.

O convênio B foi renovado em 31 de dezembro de 1861 por mais um ano. No vencimento seguinte, 31 de dezembro de 1862, La Catalana General de seguros se separou do convênio apesar de não es-tar em fase de liquidação. As companhias restantes renovaram o convênio por mais um

8 AHPB, Tabelião Fernando Moragas y Ubach, protocolo de 1860, III volume, pp. 236 e seguintes.

9 Relatório da La Aseguradora de 6/8/1862. Diário de Barcelona, 1862, p. 7036.

10 Relatório da La Aseguradora de 5/8/1863.Diário de Barcelona, 1863, p. 7112.

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G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

desde Janeiro

de 1864, todas

as companHias

de seguros

do mercado

BarcelonÊs

voltaram

a operar

separadamente

ano e, no vencimento seguinte, ele foi anulado. Assim, em janeiro de 1864 todas as com-panhias do mercado barcelonês voltaram a operar separadamente.

Ambos os convênios tomaram medi-das idênticas para conseguir seu objetivo de racionalizar o mercado:

a) Estabelecer um registro geral de navios a fim de ajustar os prêmios às características de cada navio. Eles foram divididos em sete classes. Esta medida foi a mais importante dentre as tomadas, já que permitia adequar os prêmios aos riscos assumidos con-forme o tipo de embarcação.b) Formular as apólices e as tarifas que deviam vigorar para os seguros de todo tipo de navios, navegações e finalidades. Esta documentação tinha de ser preparada num prazo de 30 dias a partir da assinatura do convê-nio para as apólices e tarifas de Barce-lona, 60 dias para o resto da Espanha e para o estrangeiro no prazo mais breve possível. Esta segunda medida foi muito importante para a adequa-ção dos prêmios aos riscos subscritos, ainda que não tenha conseguido um aumento do prêmio médio pelas ra-zões que comentaremos no ponto se-

guinte sobre as contas das companhias.c) Examinar os documentos referen-tes às avarias e perdas que ocorriam em comum, estabelecendo, se fosse o caso, os ajustes ou liquidações corres-pondentes.Também decidiram criar um comitê

de seguradores marítimos, formado por um diretor de cada companhia, cuja mis-são principal era cumprir os objetivos es-tipulados no parágrafo anterior, resolver os casos duvidosos (navios não incluídos no registro, seguros contratados quando o navio já estava navegando e outros) e, sobretudo, negociar conjuntamente a li-quidação das avarias. A urgência em to-mar medidas que racionalizassem o mer-cado era óbvia. O convênio A só permitia agentes representantes na Espanha, e to-das as companhias foram pouco a pouco fechando suas agências no estrangeiro e se concentraram no negócio espanhol. O convênio B, ao contrário, admitia agentes representantes nas Antilhas e na América do Sul.

Os convênios também diferiam em al-guns aspectos da atividade diária: o capi-tal máximo segurável em uma só apólice era de 25.000 pesos fortes (1 peso forte = cerca de 8 reais) no convênio A e de 60.000 pesos fortes no convênio B. Os agentes representantes só podiam aceitar riscos até 15.000 pesos fortes no A, en-quanto o convênio B não fixava limites de modo geral: a direção os estabelecia con-forme a importância do porto.

Este sistema de venda de apólices, mais que tentar atenuar a concorrência excessiva entre as companhias, a elimi-nou completamente, já que todas as com-panhias outorgavam a mesma cobertu-ra utilizando apólices iguais e aplicando todas os mesmos prêmios. Apesar da ra-cionalização que estes convênios trouxe-ram, havia circunstâncias que influíram

57G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

o novo sistema

de venda

de apólices

eliminava a

concorrÊncia

eXcessiva, JÁ

Que todas as

companHias

outorgavam

a mesma

coBertura,

usando

apólices iguais

e aplicando

todas os

mesmos

prÊmios

negativamente no ânimo tanto de direto-res quanto de acionistas: a obrigação de ceder uma parte importante de um ris-co que uma companhia havia subscrito e que considerava um “bom risco”, ou a situação oposta, que obrigava uma com-panhia a assumir uma parte daquilo que ela considerava um “mau risco”; com o tempo, isso se tornou desagradável para os bons seguradores. As normas fixas de aceitação impediam os diretores de dis-pensar um tratamento mais favorável a seus acionistas (prêmios reduzidos ou menos burocracia ao lidar com uma per-da). Não devemos esquecer que muitos acionistas também eram comerciantes ou donos de navios com interesses no trans-porte marítimo. Estas podem ser algumas das razões da curta duração dessas expe-riências. Nos relatórios anuais das com-panhias não encontramos nenhuma men-ção de problemas nas relações financeiras entre as companhias agrupadas (como, por exemplo, atrasos no pagamento dos

saldos das contas de prêmios cedidos ou de avarias pagas), o que não quer dizer que nunca houve problemas desse tipo. Por fim, o espírito independente que os comerciantes barceloneses sempre haviam exibido certamente contribuiu para a não renovação dos convênios. A regulamentação de Barcelona, tão estrita no que diz respeito a prêmios e condi-ções para subscrição de riscos, foi segu-ramente um erro, já que ela engessava a atividade comercial das companhias com todas as suas restrições.

informe

58 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

de grupos seguradores na América Latina

RANKING

2011A FUNDACIÓN MAPFRE apresenta, pelo décimo ano consecutivo, o ranking por volume de prêmios dos 25 maiores grupos se-guradores na América Latina, desta vez rela-tivo a 2011. Foram elaborados três rankings – Total, Vida e Não Vida –, e as informações relativas aos seguradores locais e às multina-cionais foram incluídas separadamente.

CENTRO DE ESTUDOSFUNDACIÓN MAPFRE

59G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

60

informe

G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

RANKING DE GRUPOS SEGURADORES NA AMÉRICA LATINA 2011TOTAL

RANKING 2011

GRUPOs PAÍsPRêmIOs (mIlhões

de €) %∆PARtIcIPAçãO de meRcAdO

2011 %

RANKING 2010

2010 20111 BRAdescO seGUROs BRAsIl 8.014 9.619 20,0 9,3 1

2 mAPFRe esPANhA 6.705 7.333 9,4 7,1 2

3 ItAÚ/UNIBANcO hOldING

BRAsIl 5.351 6.964 30,1 6,7 3

4 ZURIch sUÍçA 1.500 4.675 211,7 4,5 16

5 BRAsIlPReV BRAsIl 3.258 4.018 23,3 3,9 5

6 metlIFe estAdOs UNIdOs 3.575 3.429 -4,1 3,3 4

7 PORtO seGURO BRAsIl 3.090 3.300 6,8 3,2 7

8 lIBeRtY mUtUAl estAdOs UNIdOs 2.351 2.691 14,5 2,6 8

9 cNP FRANçA 2.085 2.399 15,0 2,3 9

10 AllIANZ AlemANhA 1.712 1.986 16,0 1,9 10

11 GRUPO NAc. PROVINcIAl

mÉXIcO 1.657 1.820 9,8 1,8 11

12 hsBc ReINO UNIdO 1.504 1.794 19,3 1,7 15

13 sURAmeRIcANA cOlÔmBIA 1.116 1.761 57,8 1,7 20

14 mcs estAdOs UNIdOs 1.541 1.682 9,2 1,6 13

15 GeNeRAlI ItÁlIA 1.309 1.640 25,3 1,6 18

16 AXA FRANçA 1.589 1.621 2,0 1,6 12

17 tRIPle-s PORtO RIcO 1.513 1.579 4,3 1,5 14

18 BBVA esPANhA 1.188 1.455 22,5 1,4 19

19 sUlAmÉRIcA BRAsIl 1.338 1.427 6,6 1,4 17

20 INBURsA mÉXIcO 781 1.180 51,0 1,1 25

21 mmm heAlthcARe estAdOs UNIdOs 1.007 1.096 8,8 1,1 21

22 Ace estAdOs UNIdOs 882 1.012 14,7 1 23

23 RsA ReINO UNIdO 830 979 18,0 0,9 24

24 tAlANX AlemANhA 762 969 27,2 0,9 -

25 AIG estAdOs UNIdOs 994 964 -3,0 0,9 22

OS MAIORES GRUPOS SEGURADORES NA REGIÃO, QUE ACUMULAM UMA PARTICIPAÇÃO DE MERCADO DE 65,3%, TIVERAM 67,392 BILHÕES DE RECEITA POR PRÊMIOS EM 2011, 21,1% MAIS QUE EM 2010

tOtAl 10 PRImeIROs 37.641 46.414 23,3 45

tOtAl 25 PRImeIROs 55.654 67.392 21,1 65,3

tOtAl setOR 90.316 103.181 14,2 100

61G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

RANKING DE GRUPOS SEGURADORES NA AMÉRICA LATINA 2011NÃO VIDA

RANKING 2011

GRUPOs PAÍsPRêmIOs (mIlhões

de €) %∆PARtIcIPAçãO de meRcAdO

2011 %

RANKING 2010

2010 20111 mAPFRe esPANhA 4.969 5.535 11,4 10,1 1

2 PORtO seGUROs BRAsIl 5.535 3.147 6,9 5,7 2

3 lIBeRtY mUtUAl estAdOs UNIdOs 2.944 2.579 14,5 4,7 3

4 BRAdescO BRAsIl 3.147 2.174 10,2 4 4

5 ItAÚ/UNIBANcO hOldING

BRAsIl 2.252 1.972 22,4 3,6 5

6 ZURIch sUÍçA 2.579 1.905 84,7 3,5 10

7 AllIANZ AlemANhA 1.972 1.681 15,7 3,1 6

8 AXA FRANçA 2.174 1.334 9,8 2,4 7

9 GeNeRAlI ItÁlIA 1.611 1.265 29,3 2,3 11

10 sUlAmÉRIcA BRAsIl 1.972 1.205 6,9 2,2 8

11 GRUPO NAc. PROVINcIAl

mÉXIcO 1.031 1.046 -0,4 1,9 9

12 RsA ReINO UNIdO 1.905 951 18,5 1,7 13

13 tAlANX AlemANhA 1.454 940 27,1 1,7 15

14 INBURsA mÉXIcO 1.681 927 73,7 1,7 20

15 AIG estAdOs UNIdOs 1.215 924 -1,9 1,7 12

16 meRcANtIl VeNeZUelA 1.334 857 23,9 1,6 16

17 Ace estAdOs UNIdOs 979 856 14,8 1,6 14

18 sANcOR ARGeNtINA 1.265 708 43,2 1,3 22

19 cNP AssURANces FRANçA 1.127 661 17,4 1,2 19

20 tOKIO mARINe JAPãO 1.205 654 11 1,2 17

21 QUÁlItAs mÉXIcO 1.050 649 10,3 1,2 18

22 hORIZONte VeNeZUelA 1.046 618 47,6 1,1 -

23 mARÍtImA/YAsUdA BRAsIl/JAPãO 803 600 18 1,1 -

24 sURAmeRIcANA cOlÔmBIA 951 552 30,7 1 25

25 BBVA esPANhA 740 549 22,1 1 23

A MAPFRE CONTINUA LIDERANDO O RANKING NÃO VIDA E ACUMULA 10,1% DOS PRÊMIOS NESTE SEGMENTO, COM UM AUMENTO DE RECEITA DE 11,4%. O GRUPO ESPANHOL MANTÉM UMA CONSIDERÁVEL DISTÂNCIA DO SEGUNDO COLOCADO

tOtAl 10 PRImeIROs 19.553 22.797 16,6 41,5

tOtAl 25 PRImeIROs 29.094 34.291 17,9 62,4

tOtAl setOR 47.460 54. 941 15,8 100

62

informe

G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

RANKING DE GRUPOS SEGURADORES NA AMÉRICA LATINA 2011VIDA

RANKING 2011

GRUPOs PAÍsPRêmIOs (mIlhões

de €) %∆PARtIcIPAçãO de meRcAdO

2011 %

RANKING 2010

2010 20111 BRAdescO BRAsIl 6.042 7.445 23,2 15,4 1

2 ItAÚ/UNIBANcO hOldING

BRAsIl 3.741 4.992 33,4 10,3 2

3 BRAsIlPReV BRAsIl 3.258 4.018 23,3 8,3 3

4 metlIFe estAdOs UNIdOs 3.147 3.010 -4,3 6,2 4

5 ZURIch sUÍçA 469 2.770 491,2 5,7 18

6 mAPFRe esPANhA 1.736 1.798 3,6 3,7 6

7 cNP FRANçA 1.523 1.738 14,2 3,6 8

8 mcs estAdOs UNIdOs 1.541 1.682 9,2 3,5 7

9 tRIPle-s PORtO RIcO 1.392 1.469 5,6 3 9

10 hsBc ReINO UNIdO 1.083 1.270 17,2 2,6 10

11 sURAmeRIcANA cOlÔmBIA 693 1.179 70,1 2,4 13

12 mmm heAlthcARe estAdOs UNIdOs 1.007 1.096 8,8 2,3 11

13 BBVA esPANhA 738 906 22,8 1,9 12

14 G. NAcIONAl PROVINcIAl

mÉXIcO 607 774 27,4 1,6 14

15 hUmANA estAdOs UNIdOs 591 719 21,8 1,5 15

16 BANAmeX mÉXIcO 531 628 18,2 1,3 17

17 NeW YORK lIFe estAdOs UNIdOs 549 566 3,2 1,2 16

18 cARdIF FRANçA 318 479 50,5 1 24

19 cONsORcIO chIle 340 450 32,5 0,9 22

20 FIRst medIcAl heAlth PlAN

estAdOs UNIdOs 427 419 -1,9 0,9 19

21 IcAtÚ BRAsIl 269 418 55,2 0,9 -

22 GeNeRAlI ItÁlIA 330 374 13,3 0,8 23

23 Pmc medIcARe chOIce

PORtO RIcO 387 331 -14,4 0,7 20

24 BOlÍVAR cOlÔmBIA 296 310 4,8 0,6 -

25 AllIANZ AlemANhA 258 305 18,2 0,6 -

OS MAIORES GRUPOS SEGURADORES NA REGIÃO, QUE ACUMULAM UMA PARTICIPAÇÃO DE MERCADO DE 65,3%, TIVERAM 67,392 BILHÕES DE RECEITA POR PRÊMIOS EM 2011, 21,1% MAIS QUE EM 2010

tOtAl 10 PRImeIROs 23.931 30.193 26,2 62,6

tOtAl 25 PRImeIROs 31.272 39.147 25,2 81,1

tOtAl setOR 42.856 48.240 12,6 100

63G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

RANKING DE GRUPOS SEGURADORES NA AMÉRICA LATINA 2011TOTAL

RANKING 2011

GRUPOs PAÍsPRêmIOs (mIlhões

de €) %∆PARtIcIPAçãO de meRcAdO

2011 %

RANKING 2010

2010 20111 BRAdescO BRAsIl 8.014 9.619 20 9,3 1

2 ItAÚ/UNIBANcO hOldING

BRAsIl 5.351 6.964 30,1 6,7 2

3 BRAsIlPReV BRAsIl 3.258 4,018 23,3 3,9 3

4 PORtOseGURO BRAsIl 3.090 3.300 6,8 3,2 4

5 GRUPO NAc. PROVINcIAl

mÉXIcO 1.657 1.820 9,8 1,8 5

6 sURAmeRIcANA cOlÔmBIA 1.116 1.761 57,8 1,7 8

7 tRIPle-s PORtO RIcO 1.513 1.579 4,3 1,5 6

8 sUlAmÉRIcA BRAsIl 1.338 1.427 6,6 1,4 7

9 INBURsA mÉXIcO 781 1,180 51 1,1 9

10 meRcANtIl VeNeZUelA 708 872 23,2 0,8 10

RANKING DE MULTINACIONAIS SEGURADORAS NA AMÉRICA LATINA 2011TOTAL

RANKING 2011

GRUPOs PAÍsPRêmIOs (mIlhões

de €) %∆PARtIcIPAçãO de meRcAdO

2011 %

RANKING 2010

2010 20111 mAPFRe esPANhA 6.705 7.333 9,4 7,1 1

2 ZURIch sUÍçA 1.500 4.675 211,7 4,5 10

3 metlIFe estAdOs UNIdOs 3.575 3.429 -4,1 3,3 2

4 lIBeRtY mUtUAl estAdOs UNIdOs 2.351 2.691 14,5 2,6 4

5 cNP FRANçA 2.085 2.399 15 2,3 5

6 AllIANZ AlemANhA 1.712 1.986 16 1,9 6

7 hsBc ReINO UNIdO 1.504 1.794 19,3 1,7 8

8 mcs estAdOs UNIdOs 1.541 1.682 9,2 1,6 9

9 GeNeRAlI ItÁlIA 1.309 1.640 25,3 1,6 -

10 AXA FRANçA 1.589 1.621 2 1,6 7

tOtAl 10 PRImeIROs 26.827 32.539 21,3 31,5

tOtAl setOR 90.316 103.181 14,2 100

tOtAl 10 PRImeIROs 23.871 29.251 22,5 28,3

tOtAl setOR 29.251 103.181 14,2 100

64

informe

G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

coMentários sobre o ranking

A economia da América Latina e do Caribe manteve seu dinamismo em 2011, com um au-mento de 4,3% segundo dados da CEPAL. Con-tudo, apesar da pujança, percebeu-se certa de-saceleração no ritmo de crescimento da região. Ainda assim, o setor segurador continuou cres-cendo a uma boa marcha e alcançou um volume de prêmios de 103,181 bilhões de euros1, o que representa um aumento de 14,2% com relação ao número de 2010. Observa-se certa redução do crescimento com relação ao exercício anterior, que foi de 19,2%, influenciado pelo menor cresci-mento econômico, mas também pela valorização da moeda europeia frente às principais moedas locais. Apesar disso, todos os países registraram aumentos no volume de prêmios em moeda local, tanto no Vida como no Não Vida.

A evolução positiva do seguro de Vida foi im-pulsionada, mais um ano, pelo produto Vida Ge-rador de Benefícios Livres no Brasil, mas também pelo aumento notável deste ramo na Argentina.

Os seguros Não Vida foram favorecidos pelo crescimento da economia, com aumentos do nível de emprego e da venda de bens e de automóveis, assim como pela elevação de tarifas nos principais mercados. No caso do Brasil, outro fator de influên-cia foi o aumento do investimento em infraestrutura devido aos grandes projetos iniciados (Copa Mun-dial em 2014, Jogos Olímpicos em 2016 e explora-ção da jazida de pré-sal, entre outros).

Por mais um ano, o importante desenvol-vimento do mercado de seguros no Brasil, que também é o de maior volume, influiu de forma considerável no posicionamento dos grupos se-guradores. A este fato se soma ainda uma menor desvalorização do real frente ao euro.

1 Não inclui o seguro de Saúde no Brasil, as Rendas Vitalícias e os seguros de Aposentadoria na Argentina e as Pensões no México.

Ranking total

Em 2011, a concentração aumento 0,9 ponto no ranking dos 25 maiores grupos seguradores na América Latina, chegando a acumular uma participação de 65,3%, como resultado das aqui-sições e acordos empresariais que foram realiza-dos no referido exercício. A receita por prêmios subiu para 67,392 bilhões de euros, 21,1% a mais que a de 2010.

Os movimentos empresariais mais significati-vos de 2011 foram os seguintes:

Em julho de 2011, o Banco Santander assi-nou um acordo com o grupo Zurich que con-templava a aquisição por parte deste último de 51% da holding que agruparia suas filiais seguradoras na América Latina (Argentina, Brasil, Chile, México e Uruguai). Segundo o acordo, o Zurich ficará responsável pela gestão das companhias e o banco distribuirá os produtos de seguros em cada um dos cin-co mercados mencionados, durante 25 anos, através de sua rede de escritórios.

O Grupo de Investimentos Suramericana (Grupo Sura) adquiriu o negócio de Pensões e seguros de Vida da ING na América La-tina. A venda exclui a participação de 36% do grupo holandês na seguradora brasileir a SulAmérica. O grupo colombiano adquiriu também em 2011 a seguradora dominicana

65G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

Proseguros e uma das principais seguradoras de El Salvador, a Seguradora Suíça Salvadore-nha (Asesuisa).

O grupo alemão Talanx anunciou no mês de abril a aquisição das unidades argentina e uruguaia do L’Union de Paris e, no mês de julho, a compra da companhia mexicana Me-tropolitana.

Para continuar crescendo em Medicare Ad-vantage, o produto de Saúde que mostrou uma evolução melhor nos últimos anos no mercado portorriquenho, a Triple-S anun-ciou em janeiro de 2011 a aquisição das ope-rações da American Health em Porto Rico.

Em dezembro de 2011, o grupo ACE anun-ciou a compra da companhia equatoriana Rio Guayas, propriedade do Banco de Guayaquil, que está posicionada como a quarta maior se-guradora do país.

A brasileira Marítima Seguros alcançou um acordo com Yasuda Seguros, pertencente ao grupo japonês Sompo, para a venda a esta de 50% de seu capital.A participação dos grandes seguradores euro-

peus e dos Estados Unidos nesses movimentos é o resultado da forte concorrência existente nes-ses mercados. Estes grupos, afetados pela crise econômica internacional, estão buscando cresci-mento em mercados emergentes, menos impac-tados pela situação que os mercados mais desen-volvidos e com um maior nível de crescimento.

Quem encabeça o ranking por mais um ano é o brasileiro Bradesco, com um volume de prê-mios de 9,619 bilhões de euros e participação de mercado de 9,3%. Em seguida vêm o grupo MAPFRE e o Itaú/Unibanco, que mantêm a mesma posição do ano anterior e acumulam uma participação de 7,1% e 6,7%, respectivamente. Graças ao acordo alcançado com o grupo San-tander, que ocupava o sexto lugar no ranking de 2010, a Zurich subiu doze posições e agora está em quarto lugar, com receita de 4,675 bilhões de euros. É importante lembrar que as informações utilizadas neste estudo não procedem da conso-lidação dos relatórios financeiros, motivo pelo qual o volume de prêmios dos grupos que alcan-çaram acordo com outras companhia é a soma do total de receitas de ambos os grupos.

A companhia Brasilprev, integrada pelo Banco do Brasil e pelo grupo Principal, manteve-se na quinta posição, ainda que tenha aumentado em três décimos sua participação de mercado graças ao importante crescimento de seus prêmios, de 23,3%. A MetLife caiu da quarta para a sexta po-sição, depois de vender para o norte-americano Pan-American Life Insurance Group (PALIC) as filiais que adquirira da ALICO no Panamá e na Costa Rica, o que lhe causou um decréscimo nos prêmios de 4,1%.

O SETOR SEGURADOR LATINO-AMERICANO CONTINUOU CRESCENDO EM UM BOM RITMO EM 2011 E ALCANÇOU UM VOLUME DE PRÊMIOS DE 103,181 BILHÕES DE EUROS, COM UM AUMENTO DE 14,2% COM RELAÇÃO AO NÚMERO DE 2010

66

informe

G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

Outro movimento importante no ranking foi a significativa elevação do grupo colombiano Su-ramericana, que passou a ocupar a décima ter-ceira posição, graças a aquisições realizadas em 2011, comentadas anteriormente. Convém men-cionar também o crescimento extraordinário da receita do grupo Inbursa, 51%, que o coloca na posição número 25 desta classificação. Esta subi-da se explica pela renovação, em agosto de 2011, da apólice no ramo de Danos de Petróleos Mexi-canos, que tem uma vigência de dois anos.

Por fim, cabe mencionar a entrada da Talanx para a vigésima quarta posição da classificação, graças ao extraordinário crescimento de seus prêmios, 27,2%, resultante das aquisições reali-zadas em 2011.

Ranking Não Vida

Os 25 maiores grupos seguradores do seg-mento Não Vida atingiram uma participação de mercado de 62,4%, comparada aos 60,8% de 2010. O motivo principal desta subida, confor-me explicado na seção anterior, foram os movi-mentos empresariais realizados em 2011.

A MAPFRE continua como líder do ranking Não Vida e acumula 10,1% dos prêmios des-te segmento, com um aumento de receita de 11,4%, atingindo 5,535 bilhões de euros. O gru-po espanhol mantém uma considerável distância do segundo colocado, a Porto Seguros (5,7% de participação), apesar da queda de quatro déci-mos em sua participação de mercado. A Liberty, o Bradesco e o Itaú/Unibanco conservam a ter-ceira, quarta e quinta posições, respectivamente, com destaque para o aumento de prêmios deste último, de 22,4%.

A PRESENÇA DE GRANDES SEGURADORES EUROPEUS E DOS ESTADOS UNIDOS NOS MOVIMENTOS EMPRESARIAIS REGISTRADOS EM 2011 RESPONDE À SUA BUSCA DE CRESCIMENTO EM MERCADOS EMERGENTES

Os motivos que impulsionaram os cresci-mentos e a melhora de posição no ranking Não Vida dos grupos Zurich, Talanx e Inbursa são os mesmos daqueles analisados no ranking total. A esses incrementos, há que acrescentar o do ar-gentino Sancor – cujos prêmios aumentaram 43,2% e lhe permitiram avançar quatro posições – e os do italiano Generali, que, graças à evolu-ção favorável de seus mercados argentino e me-xicano, cresceu 29,3% e subiu duas posições na classificação.

Como novidade, entram para o ranking o ve-nezuelano Horizonte, cujos prêmios de Saúde cresceram 56%, e a brasileira Marítima Seguros, pelo acordo que firmou com o japonês Yasuda.

Ranking Vida

Com crescimento de 25,2%, os 25 maiores seguradores de Vida da América Latina mostra-

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ram um comportamento mais dinâmico que os seguradores que compõem o ranking Não Vida, cujos prêmios cresceram 17,9%. As receitas des-ses grupos, 39,147 bilhões de euros, também são superiores às dos principais seguradores Não Vida, que subiram para 34,291 milhões de euros. A concentração aumentou 1,5 ponto porcentual, chegando a 81,1%. Os cinco primeiros grupos, liderados pelos grupos brasileiros, acumulam quase a metade dos prêmios da região.

O Bradesco continua sendo o líder indiscu-tível, com 7,445 bilhões de euros em prêmios e participação de mercado de 15,4%. Atrás dele está o Itaú/Unibanco, que em 2011 mostrou um aumento considerável de 33,4%, atingindo uma receita de 4,992 bilhões de euros. A Brasilprev e a MetLife se mantiveram no terceiro e quarto lugares, respectivamente.

Os maiores movimentos da classificação de 2011 foram a ascensão da Zurich, que avançou do décimo oitavo para o quinto lugar, e a Cardif, que ganhou seis posições graças ao crescimento de suas filiais no Brasil e no Chile. Como novi-dade no ranking, cabe citar a entrada do Icatú, do Bolívar e da Allianz.

Ranking de grupos locais e ranking de multinacionais

Em 2011 não se registrou nenhuma variação na composição do ranking de grupos locais. O Bradesco continua sendo o líder, embora a dis-tância entre ele e o segundo colocado, o também brasileiro Itaú/Unibanco, tenha diminuído ligei-ramente.

A MAPFRE continua liderando a classifica-ção das multinacionais na América Latina, se-guida da Zurich, que, graças a seu acordo com o Santander, passou a ser a segunda multinacional da região.

Metodologia

Para a elaboração destas informações seguiu--se a mesma metodologia que nos anos anterio-

res. Os dados foram obtidos das informações publicadas pelos Órgãos de Controle de Seguros dos diversos países, e o volume de prêmios de cada grupo é a soma dos prêmios emitidos em cada país. Para calcular os dados, consideraram--se as fusões e aquisições anunciadas no exercí-cio.

É importante destacar que, para elaborar este tipo de estudo, há uma complicação que se deve à composição diferente dos ramos Vida e Não Vida em cada um dos países. Em caráter geral, e sempre que foi possível, os ramos de Saúde e Acidentes foram incluídos nos ramos Não Vida, mas este critério não pôde ser aplicado, por exemplo, em Porto Rico, onde o ramo de Inva-lidez (Saúde) é considerado um ramo de Vida. De fato, os maiores seguradores de Vida e Saúde de Porto Rico são principalmente seguradores de Saúde, sendo que alguns deles estão entre os 25 maiores grupos de Vida da América Latina.

No Brasil não foram consideradas as contri-buições da Previdência Privada nem os prêmios do seguro de Saúde – sob o controle da Agên-cia Nacional de Saúde Suplementar (ANS) , na Argentina não se incluem as Rendas Vitalícias e os seguros de Aposentadoria, e no México se excluem as Pensões2.

Para converter em euros os dados expressos em outras moedas, utilizou-se a taxa média de câmbio de cada ano. As taxas de crescimento foram calcu-ladas com base na receita em euros.

Os rankings podem ser vistos na seção de pu-blicações eletrônicas do Instituto de Ciências do Seguro da FUNDACIÓN MAPFRE, no endereço www.fundacionmapfre.com/cienciasdelseguro.

2 Por este motivo e pelas diferenças na composição dos ramos Vida e Não Vida, o dado sobre o volume total de prêmios Vida e Não Vida deste estudo é diferente do publicado pela FUNDACIÓN MAPFRE no relatório El mercado segurador iberoamericano.

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observatório de sinistros

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GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS

Em 13 de janeiro de 2012, o Cruzeiro ‘Costa Concordia’, uma cidade

flutuante de 17 andares, naufragou em frente à ilha italiana de Giglio

com 4.229 pessoas a bordo. O navio colidiu com uma rocha quando

realizava uma manobra de aproximação da costa, abrindo uma fenda de

70 metros no casco por onde a casa de máquinas inundou rapidamente.

‘Costa Concordia’

Poucas horas antes do sinistro, o navio italiano havia zar-pado de Civitavecchia, com 3.206 passageiros e 1.023 tri-

pulantes a bordo, a caminho do porto de Savona, de onde estava previsto que faria escalas em Palermo (Sicília), Ca-gliari (Cerdenha), Palma de Mallorca, Barcelona e Marselha antes de voltar ao ponto de partida. Mas a viagem foi interrompida aos pés da ilha da Tosca-na quando, ao colidir com uma rocha, abriu-se uma fenda no casco do navio

Um naufrágio no litoral

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o ‘costa concordia’, um impressionante navio de 17 andares de altura, transportava 3.206 passageiros e 1.023 tripulantes no momento do sinistro em giglio

Um naufrágio no litoral

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observatório de sinistros

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a pedido do capitÃo, o ‘costa concordia’ aBandonou sua rota programada e se aproXimou da ilHa de giglio como uma Homenagem ao maÎtre do Barco, natural da ilHa

- em torno de 70 metros - por onde rapidamente se inundaram os compartimentos estanque.

Por causa da batida, o barco perdeu fluido elétrico. Como naquela hora a maioria dos pas-sageiros estava jantando, houve pânico: ouviram-se sons de pra-tos caindo no chão, pessoas cor-rendo de um lado para o outro, mas a situação ficou pior ainda quando o navio começou a incli-nar.

uM acúMulo de erros

A investigação esclareceu que o Costa Concordia sofreu um im-pacto às 21:42 (horário local). O capitão, Francesco Schettino, de 50 anos de idade e 30 de expe-riência, a princípio afirmou que o navio se aproximou a uns 300 metros da costa e colidiu com uma rocha que não estava nas cartas de navegação. Entretanto, o recife onde ele bateu se encon-

trava em uma zona identificada nos mapas como Le Scole.

O Costa Concordia também não estava seguindo a rota pro-gramada, mas não para oferecer aos passageiros uma vista notur-na do porto de Giglio. Conforme descoberto mais tarde, o capitão aproximou o navio de Giglio para realizar um “ritual de reverência” em homenagem ao maître, Anto-nelo Tievoli, natural da ilha.

Após o violento impacto, Schettino se deu conta de que algo muito grave havia aconte-cido. Mas optou por minimizar o acidente, um comportamento que atrasou as medidas de emer-gência no próprio navio e que conseguiu confundir aqueles que deveriam auxiliar no resgate.

Além disso, de acordo com a investigação judicial, o capitão abandonou o cruzeiro antes da tripulação e dos passageiros, e desobedeceu às ordens das auto-ridades portuárias para regressar

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a investigaÇÃo Judicial confirmou Que o capitÃo aBandonou o cruZeiro antes dos passageiros e da tripulaÇÃo e Que ele desoBedeceu À ordem de regressar a Bordo

a bordo. Assim, após o naufrágio, ele foi detido sob a acusação de homicídio involuntário e aban-dono de passageiros.

Enquanto isso, o navio conti-nua semissubmerso em frente a Giglio, e se transformou numa atração para os turistas. Sua recu-peração começou em junho pas-sado e se prolongará por um ano aproximadamente.

uM resgate polêMico

A maioria dos náufragos con-corda que a evacuação foi “lenta e caótica”. O alarme soou com 40 minutos de atraso e, por isso, perdeu-se um tempo precioso para organizar a saída de mais de 4.200 pessoas, à noite e a bordo de um gigante de 17 andares que tombava irremediavelmente para estibordo. Cenas de pânico se repetiram no interior do navio quando os passageiros tentavam, no escro, chegar ao deck. Os

bombeiros calculam que entre 100 e 150 passageiros se atiraram no mar, aterrorizados com a con-tínua inclinação do navio.

Às duas da madrugada, mais de quatro horas depois do sinis-tro, ainda faltava que cerca de 200 passageiros abandonassem o na-vio. A verdade é que muitos dos sobreviventes só ficaram saben-do que estavam tão próximos da costa quando já se encontravam a bordo dos botes salva-vidas.

Desde o primeiro momento, os habitantes da ilha de Giglio se desdobraram para socorrer a um número de náufragos que era quase o triplo deles. A igreja, as casas particulares e até o ho-tel, que estava fechado pela bai-xa temporada, foram totalmente abertos para atender às necessi-dades dos náufragos.

Como consequência do aci-dente, 32 pessoas morreram e houve quase uma centena de fe-ridos.

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o ministÉrio do meio amBiente italiano colocou um dispositivo em volta do navio devido ao temor de Que o comBustÍvel de seus tanQues originasse uma catÁstrofe na Área

reMoção do coMbustível

À tragédia humana logo so-mou-se a incerteza de um pos-sível desastre ecológico: o Costa Concordia havia zarpado apenas duas horas e meia antes do aci-dente com cerca de 2.400 tonela-das de combustível em seus tan-ques e encalhara em uma zona marítima de grande importância, já que por ali passam baleias, gol-finhos e outras espécies maríti-mas protegidas.

O Ministério do Meio Am-biente italiano instalou um cin-turão de segurança em volta do cruzeiro com 900 boias para ab-sorver eventuais saídas de com-bustível; e quando as imagens mostraram um líquido desco-nhecido saindo do navio, ele declarou estado de emergência, limitando o tráfego na área do desastre.

Por sorte, o combustível pôde ser recuperado, sem que aconte-cessem “fenômenos significati-vos” de contaminação, segundo a Agência Regional para Proteção do Meio Ambiente de Toscana (ARPAT). A remoção do combus-tível ficou a cargo das companhias Smit (holandesa) e Neri (italiana).

priMeiras investigações

Em 15 de janeiro de 2012, a Costa Cruceros, empresa organiza-

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a empresa organiZadora da viagem ressaltou num comunicado Que suas primeiras investigaÇÕes indicavam Que o acidente se deu em virtude de um “erro Humano significativo” do capitÃo do Barco

dora da viagem, informou por meio de um comunicado que as primei-ras investigações indicavam que o acidente se deu em virtude de um “erro humano significativo” do ca-pitão do navio.

A rota que o cruzeiro seguia esta-va “perto demais do litoral” e “o ca-pitão não seguiu os procedimentos padrão da Costa Cruceros na gestão da emergência”. A caixa preta, onde ficam registrados todos os dados da navegação, ficou com a Promoto-ria. A empresa também reiterou seu

compromisso com a segurança dos passageiros e da tripulação “para ga-rantir que nunca mais aconteça uma tragédia como esta”.

Além disso, para fazer frente às numerosas críticas feitas sobre a eva-cuação do navio, a empresa escla-receu que os empregados da Costa Cruceros cumpriram “estritamen-te” as normas de segurança, já que “foram treinados para gerir situações de emergência e ajudar os passagei-ros a abandonar o barco em inúme-ras simulações”.

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Alguns meios de comunicação compararam o Costa Concordia com o Titanic, batizando-o de ‘o Titanic do século XXI’. De fato, o naufrágio do navio italiano aconteceu quando completava um século do sinistro do mítico barco (que zarpou em 10 de abril de 1912).

Além disso, conforme publicaram alguns jornais da época, acontece que uma das sobreviventes do cruzeiro era neta de uma passageira que sobreviveu ao Titanic. As duas embarcações afundaram na mesma latitude. Mesmo assim, há pouco sentido em comparar ambos os naufrágios, já que o Titanic afundou completamente com 1.512 vítimas e o Costa Concordia ficou semi-submerso após deixar 32 mor tos – felizmente, muito menos que o histórico transatlântico.

O Titanic do século XXITambém vieram à tona

outras curiosidades sobre o navio que acaba de afundar: que a garrafa de champanhe, por exemplo, com a qual o navio foi batizado não estilhaçou, o que desencadeou uma série de superstições. Além disso, o Costa Concordia foi o navio eleito pelo jornal El Mundo para o comemorativo especial de 100 anos do Titanic. O cineasta francês Godard também rodou seu último filme, Film Socialisme, no Costa Concordia.

A tragédia, segundo se publicou, foi anunciada com antecedência nas redes sociais, já que 40 minutos antes de o cruzeiro encalhar a irmã do maître escreveu no Facebook que o Costa Concordia ia se aproximar da costa de Giglio.

custo do sinistro

Os custos derivados do sinistro são consideráveis. No fim de ja-neiro de 2012, a Carnival Corpo-ration, matriz da Costa Cruceros, calculou o impacto do naufrágio em suas contas entre 155 e 175 mi-lhões de dólares (entre 118 e 134 milhões de euros), de acordo com as informações enviadas à Comis-são de Valores Mobiliários dos Es-tados Unidos (cuja sigla em inglês é SEC).

Dez dias depois do acidente, a agência Moody’s publicou um re-latório que previa que o mercado de seguros e resseguros teria de en-carar perdas, derivadas de apólices e pedidos de indenização, de até 1 bilhão de dólares (768 milhões de euros). Os pedidos de indeniza-ção, conforme a consultoria, po-deriam proceder de diversos âmbi-tos: a cobertura direta de danos ao navio (a um custo estimado de 405 milhões de euros), os pedidos de indenização por Responsabilidade Civil, os custos derivados do res-

75G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

gate e pedidos de indenização hi-potéticos derivados de danos ao meio ambiente.

Conforme fontes conhece-doras do contrato revelaram à agência de notícias Bloomberg, o Costa Concordia estava segurado por um pool de companhias, en-tre as quais a Generali, a RSA e o XL Group. Quanto ao resseguro, a princípio a Munich Re avaliou sua exposição por este sinistro em 50 milhões de euros e a Han-nover Rück, em 30 milhões.

indenizações aos passageiros

Antes que janeiro terminasse, a Costa Cruceros anunciou sua proposta de indenização aos pas-sageiros que saíram ilesos do aci-dente, já que para os familiares das vítimas ou os feridos a oferta levaria em conta “suas circuns-tâncias individuais”.

Assim, como indenização, a companhia de navegação italia-na ofereceu uma quantia total de

11.000 euros por pessoa, no qual se incluía a perda de bagagem e bens pessoais; o sofrimento psi-cológico e a perda do desfru-te das férias em um cruzeiro; o reembolso pelo valor do cruzei-ro – incluindo taxas portuárias e traslados – e os gastos médicos necessários ou os realizados a bordo durante o cruzeiro.

Além disso, a quantia ofereci-da era para todos os passageiros, inclusive as crianças que não pa-garam pelo cruzeiro, indepen-dente da idade. A Costa Cruce-ros também se comprometeu a não subtrair desses valores qual-quer valor pago aos passageiros de acordo com suas apólices de seguro, assim como a devolver os pertences guardados nos cofres das cabines, contanto que tives-sem sido recuperados.

recuperação do navio

Em meados de maio, a com-panhia de navegação e o consór-cio ítalo-americano Titan-Mi-

a agÊncia moodY’s calculou Que o mercado de seguros e resseguros teria de encarar perdas de atÉ 768 milHÕes de euros, derivadas de apólices e pedidos de indeniZaÇÃo

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O Costa Concordia era uma cidade flutuante de 17 andares em cima d’água, com dimensões de 292 metros de comprimento por 35,5 metros de largura, e com capacidade para 3.200 passageiros e 1.000 tripulantes. Com suas 114.500 toneladas, é o naufrágio de maior tonelagem da história.

Iniciou seus serviços para a Costa

Cruceros em 7 de julho de 2006, sendo o maior navio construído na Itália até o momento, com custo de 450 milhões de euros. Podia alcançar uma velocidade de 21,5 nós.

No seu interior abrigava 1.500 cabines, cinco restaurantes, quatro piscinas, spa com academia, sauna, banho turco e solário, sala de cinema, cassino, teatro e discoteca.

coperi apresentaram seu projeto para remover os destroços do Costa Concordia. Os trabalhos co-meçaram em 20 de julho e se es-tenderão por cerca de 12 meses, com custo aproximado de 227 milhões de euros.

As operações para resgatar a embarcação em uma só peça se dividem em quatro fases:

após estabilizar o navio, será construída uma plataforma submarina e serão fixados, na parte do navio que está fora do mar, caixotes de ar comprimido que se encherão de água;

as duas gruas fixadas na pla-taforma puxarão o navio, auxilia-das pelos caixotes cheios d’água;

quando o navio estiver em sua posição original, serão fixa-dos caixotes também no outro lado do casco;

á agua nos caixotes de am-bos os lados será esvaziada após ser tratada e purificada para pro-teger o ambiente marinho, e os

os traBalHos para recuperar os destroÇos do ‘costa concordia’ iniciados em JunHo se prolongarÃo durante um ano, e seu custo estÁ estimando em torno de 227 milHÕes de euros

caixotes serão preenchidos com ar. Uma vez que estejam flutuan-do, os restos serão rebocados a um porto italiano e tratados con-forme as exigências das autorida-des transalpinas.

O plano também inclui me-didas para proteger a indústria

‘Costa Concordia’, uma cidade flutuante

77G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

em virtude do desastre do ‘costa concordia’, foram adotadas novas medidas de seguranÇa soBre polÍtica de simulaÇÕes e informaÇÕes soBre a nacionalidade dos passageiros, entre outras

turística e a economia de Giglio. A presença dos trabalhadores de salvamento não terá impacto sig-nificativo na disponibilidade ho-teleira. A base operacional está localizada fora da ilha, em terra firme, próximo a Piombino, onde estão guardados os equipamentos e materiais, evitando qualquer tipo de impacto nas atividades portuárias da ilha. Após a retirada do navio, terá início a limpeza do fundo do mar e a reimplantação da flora marinha afetada.

novas Medidas de segurança

As imagens espetaculares do navio semissubmerso rapida-mente deram a volta ao mundo e abriram o debate sobre a segu-rança dos grandes navios de la-

zer. A Associação Internacional de Linhas de Cruzeiro (CLIA) e o Conselho Europeu de Cru-zeiros (ECC), em nome da in-dústria, anunciaram rapidamente novas medidas de segurança. Em primeiro lugar, ficou estabeleci-da a obrigação de registrar a na-cionalidade dos passageiros, uma informação que será usada nos trabalhos de busca e resgate, caso seja necessário evacuar o navio. Por outro lado, se reforça a polí-tica de simulação. Até o inciden-te do , as simulações tinham de ser feitas nas primeiras 24 horas depois de zarpar; após o sinistro, elas deverão ser realizadas antes da saída do porto.

A estas medidas outras três foram acrescidas para reforçar ainda mais os protocolos de se-gurança: a obrigatoriedade de es-clarecer o planejamento da rota a todos os membros da tripulação, a limitação do acesso à sala de co-mando e o aumento do número de coletes salva-vidas.

As principais operadoras de

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observatório de sinistros

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cruzeiros colocarão em prática voluntariamente estas medi-das e as enviarão à Organização Marítima Internacional (IMO) para que as torne obrigatórias. De acordo com a IMO, é obri-gatório que todos os navios te-nham um plano de segurança e evacuação, conforme o Convê-nio internacional para a Segu-rança da Vida Humana no Mar (SOLAS), onde se estipula de-talhadamente tudo aquilo que for relacionado aos mecanis-

A cada ano, a União Internacional das Seguradoras Marítimas (cuja sigla em inglês é IUMI), contabiliza em torno de 90 sinistros com “perda total” do navio e aproximadamente 600 acidentes menores com perdas graves. Muitos destes eventos – 60% ou até mais – se devem a erros humanos.

Outros naufrágios do século XXI

A seguir são apresentados outros naufrágios deste século:

Setembro de 2000. O Eurobulker X, com bandeira do Camboja, partiu em dois quando carregaram-no de cimento no porto

391 tripulantes. O navio afundou 24 horas após o acidente.

de Lefkandi (Grécia). Entre as causas estavam o mau estado da embarcação e a distribuição errônea do peso.

Novembro de 2002. O petroleiro Prestige, que operava sob a bandeira das Bahamas, afundou no litoral da Galícia, causando um vazamento de fuelóleo que provocou um dos maiores desastres ecológicos da história da Espanha.

Dezembro de 2004. O cargueiro malaio Selendang Ayu encalhou na ilha de Unalaska, causando um vazamento de petróleo de grandes proporções.

Abril de 2007. O cruzeiro Sea Diamond bateu em um recife ao se aproximar da ilha grega de Santorini. Viajavam 1.121 turistas e

Novembro de 2007. O navio britânico Explorer naufragou próximo às ilhas Shetland, ao sul da Argentina, depois de bater num iceberg. Viajava com 100 passageiros e 94 tripulantes, que saíram ilesos.

Março de 2010. Três ondas gigantes atingiram o Luis Majesty, resultando em duas mortes e 17 feridos. O navio teve de corrigir seu curso e dirigir-se ao porto de Barcelona para que seus danos fossem reparados.

Julho de 2011. O Bulgaria naufragou no rio Volga com 205 passageiros a bordo quando realizava uma travessia entre Bolgar e Kazan, na república russa de Tatarstão. Cento e vinte e duas pessoas morreram, entre passageiros e tripulantes.

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o processo Judicial para determinar as responsaBilidades pelo naufrÁgio do cruZeiro pode acontecer entre marÇo e JunHo de 2013

mos de salvamento, evacuação, embarcações e botes de resgate.

Todas as companhias de na-vegação são obrigadas a cumprir os protocolos de segurança da IMO, e por isso são inspecio-nadas anualmente para que se verifique se estão cumprindo as normas. A tripulação também deve receber treinamento es-pecial sobre procedimentos de desembarque em caso de emer-gência, uso de botes salva-vidas e segurança em geral.

AUDIêNCIAS INICIAIS

As audiências iniciais já foram realizadas, e o processo judicial para determinar as responsabilida-des pelo naufrágio pode acontecer entre março e junho de 2013. Du-rante esta fase, o juiz encarregado pela investigação teve acesso ao conteúdo da caixa preta e às con-versas gravadas entre Schettino e a Capitania de Livorno, aquelas em que ele recebia ordens de vol-tar a bordo. A Promotoria italiana, após analisar as diversas provas e relatórios da perícia, indica cada vez mais a responsabilidade do capitão no acidente.

O naufrágio do Costa Concor-dia, segundo os peritos, poderia ter sido evitado. A perícia revelou também que, três minutos após o impacto, o capitão já tinha certeza da existência de uma infiltração a bordo, “com um fluxo tão gran-de que impedia a entrada na sala de máquinas”. A esse respeito, os peritos declararam que Schettino deveria ter informado a tripulação “imediatamente”.

Os peritos colocaram à dispo-sição do juiz de instrução a gra-vação da chamada telefônica para a Capitania do porto de Livorno em que Schettino, 47 minutos após a colisão, reconheceu que o cruzeiro estava enchendo d’água, mas que a situação estava calma, quando na realidade o navio esta-va afundando.

Além de Schettino, principal acusado pelo acidente, a quem a Promotoria investiga pelas acu-sações de homicídio, naufrágio e

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abandono da embarcação, também estão sendo investigados o imediato na sala de comando e outros qua-tro oficiais. Três dirigentes da Costa Cruceros também estão sendo in-vestigados.

Durante as audiências prelimi-nares realizadas em outubro, nas quais a Costa Cruceros também se apresentou como parte prejudica-da, a companhia de navegação ita-liana emitiu um comunicado que declarava que nem as autoridades portuárias nem a companhia foram informadas da mudança de rota do navio durante a noite da tragédia. Ela também culpou Schettino pelas dificuldades durante o abandono do navio, ao considerar que sua demo-ra em dar o sinal de alarme fez com

Durante o ano de 2011, o número de turistas viajando de cruzeiro aumentou 9% na Espanha em relação a 2010, totalizando 703.000 reservas. Com este dado, a Espanha se encontra na quarta posição na Europa, com 12% do total do continente, segundo dados compilados pelas associações da indústria (CLIA, ECC, Passenger Shipping Association, Consejo Internacional de Cruceros Australasia e analistas da GP Wild Limited). A Espanha foi, além disso, o segundo país europeu mais visitado pelos passageiros de cruzeiro em 2011, atrás apenas da Itália, e 25% dos

Cruzeiros, um setor no auge passageiros que embarcaram de um porto europeu escolheram a Espanha para iniciar seu cruzeiro (1,4 milhão de passageiros).

Na Europa, o número de passageiros de cruzeiro aumentou 9% em relação a 2010, chegando a 6,2 milhões. Este crescimento é reflexo do progresso de países como Reino Unido, Alemanha, Itália, Espanha e França. Nos últimos cinco anos estes mercados viram aumentar o número de viajantes de cruzeiro de seus países entre 7% e 15%.

Por fim, o número mundial de passageiros de cruzeiros aumentou 10% em relação ao ano de 2011.

Este número, que representa um aumento de quase dois milhões de pessoas, fez o setor ultrapassar a marca de 20 milhões de passageiros pela primeira vez. Os principais mercados foram a América do Norte (com 11,5 milhões) e a Europa (com 6,2 milhões).

a companHia de navegaÇÃo costa cruceros, proprietÁria do navio, se apresentou no Julgamento como parte preJudicada e culpou o capitÃo pela mudanÇa de rota e pelo resgate caótico

que a tripulação tivesse de trabalhar em “condições extremas” durante a evacuação do barco.

Além disso, ela observou que, no momento de partir de Civitavecchia, o Costa Concordia tinha todas as cer-tificações em ordem de acordo com a legislação em vigor. A unidade de crise foi convocada “rapidamente”, apesar de não poder fornecer o apoio necessário ao navio ante a rapidez com que afundou.

Por último, a companhia garan-tiu que nunca esquecerá os trági-cos acontecimentos e as mortes que aconteceram. Seu principal objetivo agora é saber o que ocorreu naquela noite e o que causou o acidente, mo-tivo pelo qual ela continuará colabo-rando com a promotoria.

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o risco nem solucionar todos os problemas. Podem, entretanto, liderar os princípios da Gerência de Riscos e da redução de riscos, sobretudo quando a qualidade das avaliações for alta e os responsáveis pelas decisões souberem como usá-las.

Esta publicação constitui um cenário científico para estudar e diagnosticar a qualidade

atuariais profissionais nos modelos de risco, além de se aprofundar com exemplos práticos, exercícios e estudos de casos detalhados. Os autores também utilizam o software estatístico R para demonstrar que a modelagem pode ser aplicada de forma proveitosa e relativamente fácil num contexto atuarial.

A ampla experiência dos autores como docentes na matéria fazem desta publicação um autêntico manual para a formação de todos aqueles que estudam ou investigam a modelagem do risco.

82 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

das avaliações de riscos e determinar se elas estão aptas e cumprem seu objetivo.

No livro estão incluídos outros temas como o uso de modelos de probabilidade, o emprego das ideias e técnicas bayesianas e o uso da avaliação de riscos na prática, num contexto de tomada de decisões. Escrito para profissionais, estudantes de pós-graduação e pesquisadores, a obra apresenta probabilidade básica, estatísticas e métodos de avaliação de riscos. Os inúmeros exemplos fazem com que os conceitos se expliquem de forma concreta, e três estudos de casos aprofundados mostram o âmbito de atuação.

EMERGENCIA Y RECONSTRUCCIÓN: EL ANTES Y DESPUÉS DEL TERREMOTO Y TSUNAMI DEL 27-F EN CHILEIsabel Brain e Pía Mora(editoras). Pontifícia Universidade Católica do Chile e FUNDACIÓN MAPFRE, 2012978-956-14-1311-5

No final de 2010 preparou-se um estudo sobre

a experiência do terremoto de 27 de fevereiro de 2010 no Chile. Uma catástrofe de grande impacto social e econômico com importante repercussão para o setor segurador. O objetivo era tirar lições práticas para lidar

com a ocorrência de futuros terremotos não apenas no Chile como também em outros países do mundo. O resultado deste estudo foi publicado em 2012. No livro se desenvolvem trabalhos diferentes com enfoque multidisciplinar em sete capítulos: a reconstrução, a gestão do desastre, a recuperação dos monumentos nacionais, a legislação chilena de construção antes e depois do desastre, design urbano e solo na reconstrução, o planejamento territorial e o risco de desastres e, por fim, sismo e indústria seguradora.

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FUNDACIÓN MAPFREInstituto de Ciencias del Seguro

EMPRENDER EN MOMENTOS DE CRISIS: RIESGOS Y FACTORES DE ÉXITORelatório elaborado por Analistas Financeiros Internacionais (AFI)FUNDACIÓN MAPFRE, Madri, 2012

O estudo parte de um olhar descritivo e ao

mesmo tempo analítico das empresas, do empresariado e dos empreendedores espanhóis nas críticas condições atuais da economia e do mercado.

O relatório mostra indicadores que testemunham como o clima dos negócios na Espanha é claramente menos propenso para atividades de empreendimento em comparação ao de outros países desenvolvidos e parceiros europeus: a Espanha é um dos países com maior dificuldade para abrir negócios (pelos procedimentos e pelo tempo que leva), se bem que já houve melhora nos últimos anos.

A publicação analisa os fatores de êxito e fracasso do empreendimento fazendo uso dos resultados das diversas entrevistas realizadas com empreendedores e agentes econômicos fortemente vinculados a eles. Constata-se como as empresas sobrevivem

e morrem por uma série de causas, mas no cerne do êxito ou do fracasso dos projetos empresariais encontram-se fatores internos, muito próximos e sob o controle quase direto dos empreendedores, tais como compromisso, perseverança e o entusiasmo, ou sua ausência. Em suma, a natureza do próprio empreendedor. Além destes, é muito relevante a concatenação de fatores que é necessária para o êxito ou para o fracasso, entre os quais se encontram a atenção aos aspectos econômicos, orçamentários ou financeiros, ou sua ausência, e o realismo com relação a uma correta avaliação dos fatores favoráveis ou desfavoráveis, ou sua ausência.

No que diz respeito à análise do contexto empresarial e do empreendimento na Espanha, conclui-se que a crise veio impactar um tecido empresarial que já apresentava disfunções estruturais acumuladas durante os anos de auge econômico. Deste modo, a ascensão insuficiente das empresas espanholas é uma limitação severa para a competitividade. Para superar estes fatores condicionantes, recomenda-se favorecer as fusões de micro

ou pequenas empresas. Além disso, a inovação, seja de base tecnológica ou não, deve passar a ser o centro das políticas dirigidas às pequenas empresas e principalmente às empresas que estão começando.

No que se refere ao financiamento do empreendimento, destaca-se como o empreendimento naturalmente em suas etapas iniciais requer um financiamento baseado em capital, antes de um em dívida e, de qualquer forma, é um financiamento de risco.

Finalmente, com relação aos riscos e oportunidades do empreendimento, acentua-se a ideia do empreendedor como um inovador que leva sua ideia para o mercado.

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LA RESPONSABILIDAD CIVIL DEL ASEGURADOR DE ASISTENCIA SANITARIAFernando Carbajo CascónFUNDACIÓN MAPFRE, Madri, 2012ISBN: 978-84-9844-370-7Preço: 25 € Caderno 182

A responsabilidade civil das companhias seguradoras de

saúde é um tema recorrente nos últimos anos na jurisprudência da Primeira Sala do Tribunal Supremo e dos juízes e tribunais de ordem jurisdicional civil, dentro do âmbito do chamado Direito médico e da saúde.

Esta obra, elaborada por Fernando Carbajo Cascón, doutor em Direito, professor titular de Direito Mercantil da Universidade de Salamanca e magistrado suplente do Tribunal Provincial de Salamanca, aborda a questão da responsabilidade civil das seguradoras do ramo de saúde a partir de uma perspectiva ampla, que compreende as diferentes situações observadas nos tribunais, ainda que prestando atenção especial ao problema principal: a atribuição de responsabilidade

ao segurador pelos danos e prejuízos derivados de atos médicos de hospitais, clínicas médicas e profissionais da medicina independentes (que não fazem parte da estrutura empresarial do próprio segurador) que fazem parte da rede referenciada que a companhia de seguros oferece a seus segurados para que escolham livremente a que clínica ou a qual profissional desejam ir para receber sua cobertura de saúde prometida.

A obra analisa criticamente a doutrina já consolidada do Tribunal Supremo sobre a matéria, partindo de uma descrição sobre a origem e a evolução deste tipo particular de seguro na Espanha em contraste com a prática e a

legislação de outros países à sua volta. Além disso, realiza um estudo detalhado da natureza, da estrutura e da função do tipo específico de seguro de saúde, tal como aparece configurado na Lei de Contrato de Seguro em vigor (embora sem evitar as possíveis linhas de reforma propostas).

É exatamente a natureza debatida e finalidade deste tipo particular de seguro de saúde o fator fundamental sobre o qual descansa abundante e generalizada crítica doutrinária e do setor segurador à solução jurisprudencial estabelecida pelo Alto Tribunal. O livro examina esta doutrina e propõe uma solução eclética construída sobre a natureza peculiar jurídico-assistencial ou de serviços deste tipo de seguro, seguida de algumas considerações superficiais de análise econômica sobre o impacto que a atual solução jurisprudencial pode ter no mercado dos seguros de saúde, tão importante na Espanha.

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RELACIONES DE COLABORACIÓN EN EL CONTRATO DE REASEGURODavid Pérez MillánFUNDACIÓN MAPFRE, Madri, 2012ISBN: 978-84-9844-367-7Preço: 15 € Caderno 181

A obra analisa as relações de colaboração que o contrato

de resseguro suscita, no sentido dos direitos e obrigações que se derivam para o ressegurador e o ressegurado, considerando-se o ordenamento jurídico espanhol e a prática seguradora atual.

Em particular, examinam-se a legitimidade e as consequências conforme o Direito espanhol de distintas cláusulas contratuais pelas quais, completando e em alguns casos separando-se do regime legal, se regulam os direitos e deveres das partes do contrato de resseguro com relação às informações, à cooperação, ao controle e à intervenção no pagamento do seguro direto. A este respeito considera-se a doutrina e a jurisprudência nacional como o Direito comparado, com atenção especial para a polêmica que alguns pactos despertaram na Espanha por aquilo que ele faz à sua compatibilidade com certas

ORIGEN, SITUACIÓN ACTUAL Y FUTURO DEL SEGURO DE PROTECCIÓN JURÍDICACésar García GonzálezFUNDACIÓN MAPFRE, Madri, 2012ISBN: 978-84-9844-368-4Preço: 30 € Caderno 180

Esta obra, escrita por um doutor em Direito de Seguros, aborda

de todos os ângulos a problemática

normas imperativas e princípios do Direito de seguros ou do Direito de massa falida.

Destinado tanto a estudiosos como àqueles que lidam com a matéria na prática, o livro pretende ser útil para os que operam neste campo do seguro, no que diz respeito a alguns dos problemas que os contratos modernos de resseguro causam.

que o ramo da defesa jurídica enfrenta, tanto de um prisma doutrinário, quanto legislativo e eminentemente prático. Ela analisa como nasce este seguro e qual é seu futuro enquadramento tanto na diretriz Solvência II como ante os mecanismos de resolução alternativa de conflitos, entre eles a arbitragem e a mediação de conflitos.

Esta publicação tem por objeto ser uma referência no ramo específico e no setor segurador, uma vez que contribui com uma série de propostas de modificação normativa e ao mesmo tempo pretende orientar sobre o que devemos entender por Seguro de Proteção Jurídica.

O autor, advogado e consultor, tem ampla experiência internacional no setor, dispondo também de inúmeras publicações em diversas revistas especializadas.

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EXPERIENCIAS DE MICROSEGUROS EN COLOMBIA, PERÚ Y BRASIL. MODELO SOCIO AGENTEFrancisco Javier Garayoa Arruti, Marta de la Cuesta González, Cristina Ruza e Paz-CurberaFUNDACIÓN MAPFRE, Madri, 2012ISBN: 978-84-9844-272-4Preço: 30 € Caderno 179

A atividade seguradora tem um desenvolvimento que

contempla aspectos relacionados à responsabilidade social corporativa e sua materialização em iniciativas para criar e impulsionar um mercado segurador de inclusão social e financeiro, que atenda ao segmento de maior pobreza, centrada especialmente nos países em desenvolvimento. A atividade microsseguradora se manifesta de várias formas, mas em todas as suas manifestações existe um binômio-chave que precisa ser contemplado: o do desenvolvimento dos aspectos econômicos, da sustentabilidade e

da rentabilidade, e o dos aspectos sociais, da inclusão financeira e social do segmento que se quer atender, sendo necessário obter um equilíbrio entre ambos os enfoques.

Este trabalho de pesquisa foi realizado com o propósito de contribuir com modelos que facilitem que se alcance um equilíbrio entre os aspectos de sustentabilidade econômica e de inclusão social, com foco na análise particular das experiências de êxito em três países representativos de um mercado em desenvolvimento, o da América Latina, com a presença de operadores formais, companhias de seguros e cooperativas, e com a possibilidade de avaliar dados contrastáveis.

Parecia necessário abordar um estudo que contemplasse a análise desta atividade em um mercado real, reunindo experiências avaliáveis como contribuição empírica e facilitando avaliações quantitativas e qualitativas que permitam fazer um diagnóstico do nível de desenvolvimento dos aspectos econômicos e sociais e do equilíbrio entre ambos.

Este livro não pretende ser um texto de avaliação minuciosa da atividade microsseguradora na América Latina, nem chegar a conclusões de aplicação geral ou confirmar ou questionar paradigmas; sua aspiração é trazer um conhecimento maior dos mercados dos microsseguros nos países estudados.

Como objetivo final, este estudo busca abrir novos caminhos de aproximação da solução dos problemas de criação e desenvolvimento de um mercado de microsseguros na América Latina, facilitando pontos-chave de sustentabilidade que tornem viáveis o êxito social e econômico da atividade microsseguradora.

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Instituto de Ciencias del SeguroT 91 581 20 08Paseo de Recoletos, 23. Madrid

RED CUMES. A REDE

SOCIAL PARA PROFISSIONAIS

DO SEGURO

www.fundacionmapfre.com

A RED CUMES se diferencia como um ponto de encontro de todos os profissionais ou futurosprofissionaisdosetorseguradorondesepodemestabelecer vínculos de comunicação para debater temas da atualidade, fazer consultas e inclusive deixar voar a imaginação no concurso de pequenas histórias, dando forma, com tudo isso, a uma extensa rede profissionalespecializada. A RED CUMES é um portal Web onde qualquer usuário pode acessar todos os seus conteúdos e, se quiser, pode participar ativamente por meio de seus blogs, grupos, concursos, bolsa de empregos, etc. Além disso, qualquer usuário pode acessá-lo através das redes sociais Facebook e LinkedIn. Para maiores informações: www.redcumes.comSiga-nos no twitter: @redcumes

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NOTÍCIAS

Em 15 de novembro, a Associação Espanhola de

Gerência de Riscos e Seguros (AGERS) realizou em Madri o XVIII Congresso Sobre Expectativas de Renovação de Programas de Seguros para 2013. Nele foi apresentado um panorama geral de mercados fracos e de manutenção das condições de contratação, com alta concorrência e leves modificações nas perspectivas empresariais. A conferência inaugural ficou a cargo de Flavia Rodríguez Ponga, Diretora Geral de Seguros e Fundos de Pensões,

que explicou a evolução dos quadros legislativos e regulatórios nos quais o ministério está trabalhando e confirmou a demora na entrada em vigor da diretriz europeia Solvência II, ao menos até 2014. O congresso aproveitou para pedir às seguradoras que tenham mais determinação para se adaptarem e realizarem os estudos sobre suas necessidades de recursos próprios (SCR). Também apresentou o novo guia para os segurados e participantes (GASPAR), que pode ser acessado no website da Direção Geral.

A AGERS apresenta as expectativas sobre renovação de programas de seguros em 2013 e aborda em seu XVIII Congresso a polêmica sobre as

qualificações das agências de classificação

A Diretora Geral de Seguros e Fundos de Pensões, Flávia Rodríguez Ponga, inaugurou o congresso e confirmou o atraso da entrada em vigor do Solvência II até 2014.

a standard & poor’s

apresentou no evento

a evoluÇÃo dos

ratings a um auditório

Que manifestou o

mal-estar geral

pela desconfianÇa

e a pressÃo Que as

QualificaÇÕes traZem

o interesse econÔmico

geral do programa

das Jornadas reuniu

280 representantes de

empresas seguradoras

e corretores e da

gerÊncia de riscos,

assim como dirigentes e

meios de comunicaÇÃo

O congresso se encerrou com a apresentação dos resultados da macropesquisa para dirigentes de Gerência de Riscos, a European Risk Management Survey 2012, elaborada pela FERMA, para a qual colaboraram 809 dirigentes e gerentes de risco e na qual estavam envolvidas 22 associações de Gerência de Riscos. Entre suas conclusões, destacam-se as três a seguir: a coincidência em recomendar soluções a longo prazo para prever endurecimentos dos mercados; a recomendação de incrementar as estratégias de prevenção e a convicção compartilhada da necessidade de receber boa assessoria e desenvolver uma boa gestão de riscos para contribuir para a melhora da situação das empresas e de seus resultados em tempos de crise.

No ato de encerramento, o Presidente da AGERS destacou a qualidade do congresso e agradeceu expressamente aos conferencistas e patrocinadores.

Posteriormente, realizou-

se a sessão Renovações 2013, em que 25 gerentes de risco representando diversos setores como o bancário, o de logística e transporte, telecomunicações, serviços técnicos e de consultoria, alimentação, distribuição, infraestrutura, hotelaria, indústria pesada e farmacêutica, compartilharam sua experiência e debateram sobre as renovações de seus respectivos programas de seguros.

A sessão começou com comentários sobre o cenário regulatório, principalmente sobre a necessidade de atualizar a Lei de Contrato de Seguros. Também se analisou a situação atual em seus diferentes ramos, com a confirmação de que os prêmios continuam em baixa.

Durante a sessão comentou-se o impacto ainda em estudo do furacão Sandy.

Mais tarde, abordou-se, a partir da perspectiva dos clientes, a problemática dos ciber-riscos e seu asseguramento com os diversos produtos

específicos que existem atualmente.

Analisou-se, com impacto especial, o comportamento das apólices de D&O em relação às ampliações da cobertura e a experiência na aplicação daquela que corresponde à cobertura para a companhia sob a modificação do Código Penal.

Por fim, os gerentes de risco compartilharam experiências e problemáticas relacionadas ao funcionamento na prática das LTA’s.

atividades da agersA AGERS convocou para a III

edição do Prêmio Internacional Julio Sáez, de Monografias de Pesquisa em Gerência de Riscos.

O prêmio, iniciativa da AGERS e da Divisão de Gerência de Riscos e Seguros da El Corte Inglés, conta com uma verba de 18.000 euros. Suas regras gerais estão publicadas no website da AGERS (www.agers.es).

Em setembro, Isabel Martínez Torre-Enciso, pertencente ao conselho de direção da AGERS, e como sua representante, foi eleita membro do Conselho da Federação Europeia de Associações de Gestão de Riscos (FERMA).

Dentro das atividades da AGERS, no último trimestre de 2012 foram ministrados dois cursos: Gestão de Riscos Ambientais e Gestão de Riscos Tecnológicos.

G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2 89

caderno nacional

avaliar, gerenciar e monitorarNossa aspiração:avaliar, gerenciar e monitorar

O GRUPO BB E MAPFRE, que encerrou

2012 como um dos principais seguradores de

riscos corporativos do Brasil, investiu em um

projeto piloto para saber de que forma poderia

ampliar a carteira de riscos corporativos dentro

de nichos de mercados onde a competição é

menor, seja pela falta de cultura do cliente em

comprar seguro, seja pela falta de apetite do

mercado segurador por segmentos com histórico

de elevada frequência de acidentes.

Wady CuryWady Curydiretor de grandes riscos do grupo BB e mapfre

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TEXTO: DENISE BUENOFOTOS: PAULO PEPE/DIVULGAÇÃO

avaliar, gerenciar e monitoraravaliar, gerenciar e monitorar

G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2 91

riscosriscos

caderno nacional

92 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

Contem-nos um pouco sobre o projetoKátia: Sustentabilidade é algo prático para nós.

E este projeto, com poder de transformar, mostra isso. É bom para o cliente, para o corretor, para a seguradora e também para todos no mercado. Para começar, escolhemos 12 empresas, entre grandes e médias, de setores que geralmente enfrentam problemas para comprar seguro ou que ainda não atentaram para o risco que correm, que poderia ser reduzido com pequenas atitudes de prevenção. É preferível investir em seguro, pois ele garante o patrimônio em caso de acidentes aleatórios e reduz os impactos financeiros.

Quantas visitas foram realizadas? Helga: Os 12 grupos empresariais escolhidos

geraram 650 visitas em plantas distintas. Isso gerou 67 ações de vistoria e consultoria, com quase 420 recomendações de prevenção e mitigação de riscos.

De quais segmentos?Helga: Priorizamos nichos pouco aceitos pelo

mercado de seguros, como cooperativas, usinas de álcool, centros de distribuição, algodoal e colchões.

Quem fez as vistorias? Kátia: As visitas aos clientes, realizadas

em parceria com a Itsemap, uma empresa que assessora clientes na identificação, análise e avaliação de riscos corporativos, geraram um valioso conteúdo para a equipe de riscos corporativos.

E o que o projeto revelou sobre as empresas visitadas?

Helga: A surpresa foi que apenas 57% dos clientes implementaram ações para conformidade plena com as normas definidas de segurança. Basta apenas que elas sejam obedecidas e recebam manutenção. Dezesseis por cento, precisam fazer investimentos para implementar as medidas de segurança determinadas pela lei, e apenas 10% necessitam fazer investimentos pesados em

O resultado impressionou, conta Wady Cury, diretor de grandes riscos do GRUPO BB E MAPFRE, visto que gerou um grande banco de dados para a

equipe interna poder mudar processos e também porque ajudou a aprimorar o treinamento dado à equipe de subscritores. “Os dados colhidos no projeto piloto trouxeram um novo olhar para o risco, e isso ajuda a melhorar a percepção da equipe responsável por prevenir acidentes, ajudando-a a prestar uma consultoria mais efetiva aos clientes e a oferecer um programa de seguro sob medida a um preço mais acessível”, conta o diretor.

Veja a seguir os principais trechos da entrevis-ta realizada com as representantes de sua equipe Kátia Boalento e Helga Tomagnini, Superin-tendente e Gerente Executivas de Estratégias de Negócios.

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infraestrutura para se adequarem aos padrões mínimos exigidos pelo governo e pelos setores de seguro e de resseguro.

Em termos de sistemas operacionais, o que o estudo revelou?

Helga: Noventa e sete por cento das plantas avaliadas contavam com proteção contra descargas atmosféricas (sistemas de para-raios). Delas, 98% tinham extintores; 73%, hidrantes, e 81%, brigada de incêndio. Mas apenas 32% atendiam às normas, enquanto 86% contavam com manutenção preventiva. Entre os fatores externos, todas estavam fora de rotas de aviões, a distância do Corpo de Bombeiros mais próximo variou entre 0,5 km e 140 km, e 89% foram classificadas como “uma preocupação” no item segurança, por estarem em locais totalmente isolados.

Somente aspectos operacionais foram avaliados? Kátia: Também consideramos as questões

socioambientais, sociais e de governança para a sustentabilidade do negócio.

Os clientes se comprometeram a adotar as recomendações?

Helga: Boa parte sim, pois as recomendações requerem basicamente o treinamento de equipes de brigada de incêndio e manutenção de sistemas protecionais. Afinal, de nada adianta ter tudo conforme se recomenda se as pessoas não estão treinadas para agir num momento de crise. Alguns testes mostraram que as pessoas sequer sabem como funciona um extintor.

O que consideram ser de difícil implementação? Helga: Bem, alguns clientes precisam

realmente investir em segurança. Armazéns

“OS DADOS COLHIDOS NO PROJETO PILOTO TROUXERAM UM NOVO OLHAR PARA O RISCO, E ISSO AJUDA A MELHORAR A PERCEPÇÃO DA EQUIPE RESPONSÁVEL POR PREVENIR ACIDENTES, AJUDANDO-A A PRESTAR UMA CONSULTORIA MAIS EFETIVA AOS CLIENTES E A OFERECER UM PROGRAMA DE SEGURO SOB MEDIDA A UM PREÇO MAIS ACESSÍVEL”

94 G e r ê n c i a d e R i s c o s e S e g u r o s • n º 1 1 4 - 2 0 1 2

caderno nacional

distantes de cidades, por exemplo. Na ocorrência de um incêndio, alguns deles teriam de ter condições de fazer as vezes dos bombeiros, uma vez que em alguns casos a brigada mais próxima fica a pelo menos 100 quilômetros de distância. Também seria necessário, para conseguirem cobertura securitária por um preço condizente com o seu risco, investir em sistemas de vigilância, por serem alvo de quadrilhas organizadas que roubam de mercadorias em galpões.

E para a seguradora, o que o projeto trouxe de novo? Kátia: Muito aprendizado, inclusive saber

que temos muitas empresas que são desprezadas pelo mercado de seguros sem razão. Temos uma empresa de algodão, por exemplo, que tinha dificuldades para comprar seguro. Normalmente já tinha o risco negado pelo fato de a produção de algodão ser considerada um risco certo pela elevada inflamabilidade da matéria prima. Porém, analisando melhor o risco envolvido, percebeu-se que ele não era tão alto, uma vez que a empresa é muito mais voltada ao transporte de produtos de algodão do que ao processamento. Além do mais, ela está dentro de um condomínio e já tem a infraestrutura pela qual paga, como a prevenção e combate a incêndio já instalada para todos os condôminos. Ou seja, há empresas que são excelentes do ponto de vista de risco e estão sem seguro simplesmente porque ninguém parou para analisar e gerenciar o risco.

Consideram que a meta foi atingida? Kátia: Sim, nosso objetivo era entender as

dificuldades e assim poder criar soluções. Tivemos muitas oportunidades de motivar mudanças tanto dentro das instalações dos clientes como em processos dentro do nosso GRUPO para prestarmos um serviço melhor à sociedade.

Então o projeto se transformou em processo?Kátia: Sim, claro! À medida que orientamos

e acompanhamos, também estamos aprendendo. Temos no GRUPO uma atitude que nos faz romper barreiras para atingir os conceitos da sustentabilidade, voltados a proporcionar relacionamentos capazes de gerar mudanças positivas em todos os envolvidos no processo de gestão de riscos. Temos investido em atendimento e tecnologia com o firme propósito de identificarmos valores de importância para o país.

A partir de agora, então, todas as empresas terão consultoria de riscos?

Kátia: Vamos ofertar nossos serviços para aqueles clientes nos nossos Canais de Distribui-ção que atenderem aos critérios de elegibidade. Para o GRUPO BB E MAPFRE, avaliar o risco é uma das maneiras mais concretas de assumir-mos a nossa responsabilidade como fomentador do desenvolvimento sustentável. Dessa forma, estimulamos o desenvolvimento de boas práticas entre aqueles clientes que se preocupam com seu patrimônio, além de conseguirem pagar uma taxa de financiamento menor para financiar projetos dos mais variados portes. Afinal, quanto menor for o risco que uma a empresa apresenta, menor será o custo de um financiamento que ela busque para seus projetos. Com certeza, teremos muito traba-lho pela frente e o futuro nos trará os frutos deste projeto piloto.

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Julio Castelo Matrán e Antonio Guardiola Lozano Edição ampliada por María Luisa Castelo MarínSupervisionada por Julio Torralba Martínez.

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econômicas,sociaiseculturaisdaspessoas

e setores menos favorecidos da Sociedade.

Instituto de Ciências do SeguroPromovemos a formação e a pesquisa em

matérias relacionadas ao Seguro e ao Risco

Instituto de CulturaFomentamos a difusão da Cultura, as Artes

e as Letras e a divulgação de conhecimen-

tos com relação à História comum da Espa-

nha, de Portugal e dos países vinculados a

eles por laços históricos.

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