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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL VIABILIDADE DA IMPLANTAÇÃO DE AÇÕES DE PRODUÇÃO MAIS LIMPA EM UMA INDÚSTRIA DE EMBALAGENS METÁLICAS DO VALE DO TAQUARI/RS Luís Fernando Diehl Lajeado, Novembro de 2012.

VIABILIDADE DA IMPLANTAÇÃO DE AÇÕES DE PRODUÇÃO MAIS LIMPA ... Fernando... · e significativos, devido à produção industrial e ao crescimento econômico das explorados, retirados

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

VIABILIDADE DA IMPLANTAÇÃO DE AÇÕES DE PRODUÇÃO MAIS

LIMPA EM UMA INDÚSTRIA DE EMBALAGENS METÁLICAS DO

VALE DO TAQUARI/RS

Luís Fernando Diehl

Lajeado, Novembro de 2012.

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Luís Fernando Diehl

VIABILIDADE DA IMPLANTAÇÃO DE AÇÕES DE PRODUÇÃO MAIS

LIMPA EM UMA INDÚSTRIA DE EMBALAGENS METÁLICAS DO

VALE DO TAQUARI/RS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Curso de Engenharia Ambiental, do Centro de

Ciências Exatas e Tecnológicas do Centro

Universitário UNIVATES, como parte dos

requisitos para a obtenção do título de bacharel

em Engenharia Ambiental.

Orientador: Prof. Dr. mont. Odorico Konrad

Lajeado, Novembro de 2012.

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Luís Fernando Diehl

VIABILIDADE DA IMPLANTAÇÃO DE AÇÕES DE PRODUÇÃO MAIS

LIMPA EM UMA INDÚSTRIA DE EMBALAGENS METÁLICAS DO

VALE DO TAQUARI/RS

A Banca Examinadora abaixo aprovou a Monografia apresentada no Curso de Engenharia Ambiental, do Centro Universitário Univates, como parte da exigência para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Ambiental.

Orientador Prof. Dr. mont. Odorico Konrad Centro Universitário Univates

Prof. Ms. Rafael Rodrigo Eckhardt Centro Universitário Univates

Fabiana Maria Mallmann Bacharelado em Química Industrial

Lajeado, Novembro de 2012.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha família, em especial a minha esposa Cleonice, que foi a

pessoa que me ajudou e me motivou em todo o período acadêmico, pois sem ela

este momento não seria possível.

Aos meus filhos Manuela e João Vítor, pela ausência em muitos momentos.

À empresa Brasilata S/A Embalagens Metálicas, o meu agradecimento pela

oportunidade de realizar o trabalho de conclusão de curso, pela disponibilização das

informações para que o estudo pudesse ser realizado, assim como pela

oportunidade de aplicar as técnicas aprendidas na Universidade.

A colega Fabiana Mallmann que se dispôs em me auxiliar na elaboração

deste trabalho, abrindo mão das suas horas de folga. Sua ajuda contribuiu para que

este trabalho se tornasse uma realidade.

Agradeço ao meu orientador, professor Odorico Konrad, que me apoiou e

mostrou disponibilidade, indicando-me sempre o melhor caminho a seguir. Agradeço

enfim a todos que, de uma ou outra maneira, colaboraram para que esta etapa

chegasse ao seu final com êxito.

A todos, muito obrigado!

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RESUMO

Este trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar, estudar e propor alternativas de produção mais limpa para o processo de aplicação de vedantes utilizados na montagem de embalagens metálicas, na empresa Brasilata S/A Embalagens Metálicas. Inicialmente foram realizadas a revisão bibliográfica e a etapa de coleta de dados relativos aos resíduos gerados no processo de aplicação de vedantes, efluentes gerados na ETE e lodo da ETE (borra de vedante). Também foram analisados o processo produtivo e dados relativos à produção, tais como: estragos gerados pela produção, desperdícios no processo, frequência nas lavagens, quantidade aplicada de vedante, entre outros. A seguir, os dados foram tratados com o objetivo de avaliar e comparar as características destes para o processo atualmente em uso. Após esta etapa foram avaliadas e desenvolvidas novas formas de limpeza, substituição de filtros e peças utilizadas no processo de aplicação de vedante. Também foram realizados testes práticos em relação ao processo e ao produto utilizado na embalagem, propondo possíveis alterações e uma avaliação dos resultados. Houve a necessidade de algumas mudanças no processo, investimentos para novos equipamentos e conscientização de todos. Portanto, este trabalho atingiu seu objetivo, tornando possível a eliminação da ETE, através de soluções caseiras e envolvimento de todos no processo.

Palavras-chave : Produção mais limpa. Resíduos. Gestão ambiental. Vedante.

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ABSTRACT

This work was done with the goal to assess, study and propose cleaner alternatives production for the process of sealant application used in the assembly of metal packaging by Brasilata Metal Packaging company. Initially, was done the bibliographic review and the data collection stage about waste generated in the process of sealant applying, fluent generated by ETE ( Fluents Treatment Plant ) and sludge from ETE ( draff sealant ). It was also analyzed the production process and data about the production, such as: damage generated by production, waste in the process, frequency in washing, amount of sealant applied. Then, the data was treated in order to assess and compare their characteristics to the currently process in use. After this step, were assessed and developed new ways of cleaning, replacing filters and parts used in the process of applying sealant. Pratical tests were also done regarding the process and the product used in packaging, propose the possible changes and also an assessment of the results. There was a need for some changes in the process, investments in new equipments and awareness of all. Therefore, this study reached its objective, making possible the elimination of ETE, through homemade solutions and involvement of everyone in the process.

Keywords: Cleaner production. Waste. Environmental management. Sealant.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Quatro Rs, tratamento e disposição final como Fim de tubo. .................. 22

Figura 2 – Abordagem de tecnologia de fim de tubo ................................................ 35

Figura 3 – Abordagem de tecnologia de P+L ............................................................ 35

Figura 4 – Níveis de aplicação da Produção Mais Limpa. ........................................ 36

Figura 5 – Níveis de aplicação da Produção Mais Limpa / adotados. ....................... 45

Figura 6 – Balança de pesagem da sucata. .............................................................. 46

Figura 7 – Fluxograma do processo produtivo dos componentes metálicos. ........... 47

Figura 8 – Componentes 5 LRT. ............................................................................... 47

Figura 9 – Componentes Fundo Aerossol. ................................................................ 48

Figura 10 – Borracheiro com aplicação de bico. ....................................................... 49

Figura 11 – Coxos de aplicação de vedante por carimbo. ........................................ 49

Figura 12 – Estação de Tratamento de Efluentes. .................................................... 50

Figura 13 – Produção mensal x Resíduos mensais em Kg percentuais ................... 55

Figura 14 – Efluente após tratamento e o lodo (ETE). .............................................. 56

Figura 15 – Reservatório do borracheiro. .................................................................. 59

Figura 16 – Bomba de Abastecimento. ..................................................................... 59

Figura 17 – Limpeza da bomba, com água reutilizada.............................................. 60

Figura 18 – Limpeza das peças do filtros. ................................................................. 61

Figura 19 – Coxos de aplicação de vedante por carimbo, sem uso da capa plástica.

.................................................................................................................................. 61

Figura 20 – Coxos de aplicação de vedante por carimbo com uso da capa plástica.

.................................................................................................................................. 62

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Figura 21 – Coxos de aplicação de vedante por carimbo com o uso da capa plástica.

.................................................................................................................................. 62

Figura 22 – Peso da capa plástica com menor proporção de resíduos. ................... 63

Figura 23 – Peso da capa plástica com maior proporção de resíduos. .................... 63

Figura 24 – Caneca plástica revestida com uma capa plástica. ............................... 64

Figura 25 – Geração de resíduos mensal em Kg percentuais. ................................. 65

Figura 26 – Panos e Balde para limpeza dos borracheiros. ...................................... 65

Figura 27 – Tambor de armazenamento das capas plásticas. ................................. 66

Figura 28 – Custos para a destinação do resíduo de Lodo x Capa plástica. ............ 67

Figura 29 – Tambor de vedante sendo descartado como resíduo. ........................... 68

Figura 30 – Pesagem do tambor descartado como resíduo. .................................... 69

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Padrões de emissão CONSEMA nº 128/2006 ........................................ 29

Tabela 2 – Diferenças entre tecnologias Fim de tubo x P+L ..................................... 34

Tabela 3 – Especificação por tipo de componente e sua aplicação de vedante / setor

de aerossol. ............................................................................................................... 53

Tabela 4 – Produção e geração de resíduos mensal do setor de aerossol. ............. 53

Tabela 5 – Especificação por tipo de componente e sua aplicação de vedante / setor

sem pressão. ............................................................................................................. 54

Tabela 6 – Produção e geração de resíduos mensal do setor sem pressão. ........... 54

Tabela 7 – Produção e geração de resíduos do setor de aerossol. .......................... 70

Tabela 8 – Custo anual da ETE em R$. ................................................................... 71

Tabela 9 – Investimentos para eliminação da ETE. .................................................. 72

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABEAÇO - Associação Brasileira de Embalagem de Aço

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRAFATI - Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas

AIA - Avaliação de Impacto Ambiental

CEBDS - Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável

CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

CETRIC - Central de Tratamento de Resíduos Sólidos Industriais e Comerciais

CNTL - Centro Nacional de Tecnologias Limpas

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

CONSEMA - Conselho Estadual do Meio Ambiente

DQO – Demanda Química de Oxigênio

EIA - Estudo de Impacto Ambiental

ETE - Estação de Tratamento de Efluentes

FATMA - Fundação de Amparo à Tecnologia e Meio Ambiente

FEPAM - Fundação Estadual de Proteção Ambiental

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

ISO - International Organization for Standardization

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Kg – Quilograma

LO - Licença de Operação

M3

– Metro cúbico

Mg – Miligrama

MMA - Ministério do Meio Ambiente

MTR - Manifesto para Transporte de Resíduos

ONU - Organização da Nações Unidas

ONUDI - Organização da Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial

pH – Potencial de Hidrogeniônico

P+L - Produção Mais Limpa

PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio as Micros e Pequenas Empresas

SGA - Sistema de Gestão Ambiental

UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul

UNEP - United Nations Environment Programme

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14

2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 18

2.1 Objetivo principal .............................................................................................. 18

2.2 Objetivos específicos ....................................................................................... 18

3 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 19

3.1 Gestão ambiental .............................................................................................. 19

3.1.1 A Gestão Ambiental na Empresa .................................................................. 20

3.1.2 Avaliação de impacto ambiental no Brasil ................................................... 24

3.1.3 Instrumentos de gestão ambiental ............................................................... 25

3.1.4 Certificação ISO 14.001.................................................................................. 26

3.1.5 Logística reversa ............................................................................................ 26

3.2 Estação de tratamento de efluentes ................................................................ 27

3.2.1 Legislação para emissão de efluentes ......................................................... 28

3.2.2 Tecnologia de Fim de Tubo ........................................................................... 29

3.3 Produção Mais Limpa ....................................................................................... 31

3.3.1 Histórico .......................................................................................................... 32

3.3.2 Benefícios ambientais da Produção Mais Limpa ........................................ 38

3.3.3 Barreiras na implantação de P+L .................................................................. 40

3.3.4 Panorama de aplicação de P+L nas indústrias no Vale do Taquari .......... 41

3.4 Produção de componentes metálicos ............................................................. 41

4 METODOLOGIA .................................................................................................... 43

4.1 Local do estudo ................................................................................................. 43

4.2 Planejamento ..................................................................................................... 44

4.3 Coleta de Dados ................................................................................................ 45

4.3.1 Identificação das etapas da produção ......................................................... 46

4.3.2 Levantamento dos dados .............................................................................. 48

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 52

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5.1 Produção de componentes metálicos ............................................................. 52

5.2 Levantamento da geração de resíduos no processo ..................................... 55

5.2.1 Levantamento da geração de efluentes gerados na ETE ........................... 56

5.2.2 Levantamento da geração de resíduo sólido (lodo) da ETE ...................... 57

5.2.3 Custos e destinação final do lodo ................................................................ 57

5.3 Estudo de novas tecnologias para eliminação da ETE ................................. 57

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 73

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 76

ANEXOS ................................................................................................................... 81

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1 INTRODUÇÃO

Os recursos naturais existentes sofreram, gradativamente, impactos negativos

e significativos, devido à produção industrial e ao crescimento econômico das

últimas décadas, refletindo na vida e saúde do nosso planeta. Tais recursos foram

explorados, retirados da natureza sem a devida preocupação com os impactos

causados ao meio ambiente, gerando poluentes, danos ecológicos e alterações na

flora e na fauna (ANDRES, 2001). Por sua vez, a humanidade é que vem arcando

com as consequências deste descaso ambiental, onde imensas quantidades de

resíduos são produzidas todos os dias, e muitas vezes, descartadas erroneamente.

As atividades industriais são as que mais contribuem para a degradação do

ecossistema devido à quantidade de resíduos originados (BRASIL, 2012). As

indústrias tradicionalmente responsáveis pela maior produção de resíduos perigosos

são as metalúrgicas, as indústrias de equipamentos eletro-eletrônicos, as fundições,

a indústria química, a indústria de couro e de borracha. A questão do gerenciamento

dos resíduos implica, primeiramente, em uma mudança de comportamento por parte

de toda a comunidade (FEPAM, 2003).

Apesar de muitas organizações associarem os cuidados com o meio

ambiente a gastos extras e desnecessários, a sociedade como um todo se

apresenta mais voltada às questões ambientais nos últimos anos. Em um cenário

cada vez mais globalizado, já há empresas percebendo que para se manterem

dentro dos padrões competitivos do mercado, é de suma importância administrar os

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resíduos por elas gerados, o que vem a caracterizar um conceito de

desenvolvimento sustentável (SAMPAIO et al., 2005).

Devido à proporção crescente de resíduos e também dos impactos

ambientais provenientes das atividades industriais, foram adotadas medidas para

controlar e tratar as emissões atmosféricas, resíduos sólidos e efluentes líquidos. As

empresas devem possuir uma Licença Ambiental exigida por órgãos ambientais

Federais, Estaduais e Municipais, amparados pela Lei nº 6.938/81 (IBAMA, 2012).

A nível mundial verifica-se que o excesso de resíduos justifica a

obrigatoriedade da criação de mecanismos que produzam a conscientização, o

desenvolvimento e a implantação de novas tecnologias para reverter este quadro. A

aplicação de tecnologias apropriadas e ecológicas, visa reduzir a utilização de

recursos naturais, bem como a geração de resíduos e poluição, evitando

desperdício, o que deveria tornar-se então, uma ação de prioridade global

(NASCIMENTO; MELLO, 2007). A aplicação de tecnologias ambientais preventivas,

conhecidas como Produção Mais Limpa (P+L), parecem ser soluções de maior

eficácia do que as ações corretivas, caracterizado pelo conceito de fim de tubo.

A Produção Mais Limpa é uma tecnologia que deve ser vista como uma

melhoria contínua nos processos de preservação do ecossistema, pois tem como

objetivo principal a redução dos impactos ambientais. As empresas que contam com

estas ferramentas, reduzem o consumo de matérias-primas e, consequentemente,

os recursos que seriam desperdiçados sem uma avaliação criteriosa em seus

processos (DONAIRE, 1999).

Segundo Nascimento e Mothé (2007) a produção eficaz e a minimização da

poluição advinda desta é um desafio inerente às estratégias de Produção Mais

Limpa, cujo objetivo principal é evitar a geração de resíduos e emissões, a partir de

um enfoque preventivo. As mudanças ainda são lentas na diminuição do potencial

poluidor do parque industrial brasileiro. Barbieri (2007) afirma serem necessários

altos investimentos de controle ambiental e custos de despoluição para controlar a

emissão de poluentes, do lançamento de efluentes e do depósito irregular de

resíduos perigosos. Desta forma, algumas ferramentas foram criadas para amenizar

este panorama.

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Para CNTL (2010), os indicadores ambientais são de extrema importância,

juntamente com os processos aplicados à implantação de programas de Produção

Mais Limpa. Outro fator de suma importância em um programa de P+L é a

metodologia deste programa, no qual deverá abranger toda a organização da

empresa, desde a gerência, o processo e demais áreas envolvidas.

De acordo com Reis (2011b), no ano de 2011 algumas iniciativas do governo

e empresas privadas foram estudadas novas tecnologias referentes as questões

ambientais. Dentre estas, está a “logística reversa” para embalagens metálicas, foco

do estudo. Reis (2011a) afirma que as embalagens metálicas não geram resíduos, e

sim, insumos. Os metais, sejam aço ou alumínio, são 100% recicláveis e retornam à

condição de matéria-prima com alto valor comercial. O setor de metal já possui no

Brasil a experiência bem sucedida de coleta espontânea: em bebidas, as latas de

alumínio registram 98% de índice de reciclagem, enquanto as latas de aço para

bebidas registram o índice de 82%. Acredita-se que com o novo sistema, logística

reversa, haverá um aumento na reciclagem das demais latas de aço utilizadas para

conservas de alimentos, tintas e produtos químicos.

Abordagem de P+L na legislação ambiental possui alguns princípios como o

da prevenção, precaução, do usuário pagador, do poluidor pagador, do uso racional

de recursos naturais e da sustentabilidade, entre outros.

Em um breve histórico da evolução da legislação ambiental, do

gerenciamento do meio ambiente e das técnicas de Produção Mais Limpa, conforme

CNTL 2010, verificou-se que antes da década de 70, não existia nenhum tratamento

para resíduos, efluentes e emissões. Os resíduos eram diretamente dispostos no

solo, água e no ar. A partir das décadas de 70 e 80 deu-se início à preocupação

com o tratamento dos mesmos, ou seja, surgem então, as tecnologias de fim de

tubo, onde os resíduos, efluentes e emissões são controlados no final dos

processos, somente para atender e cumprir a legislação. Na década de 90,

iniciaram-se os primeiros programas de gestão ambiental e as primeiras

implantações de programas voltados à Produção Mais Limpa, onde o objetivo é não

gerar resíduos, efluentes ou emissões.

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Um dos setores que demanda encontrar alternativas para destinação de seus

resíduos é a indústria de embalagens metálicas, que necessita efetuar o processo

de vedação das latas com a aplicação de uma borracha sintética. Este processo

gera resíduo de efluentes e, consequentemente, resíduo sólido da ETE. Este

resíduo também é chamado de lodo e necessita de correto destino e tratamento, o

que demanda um custo para empresa.

Com o objetivo de encontrar uma alternativa para redução, ou até mesmo a

eliminação do lodo e efluentes gerados no processo acima descrito da empresa

Brasilata, o presente trabalho estuda a utilização de técnicas de Produção Mais

Limpa neste processo. Também objetiva realizar um estudo de geração de resíduos

no processo de fabricação e seus impactos.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo principal

O objetivo principal do presente estudo é avaliar a viabilidade da eliminação

da geração de resíduos (ETE) na aplicação de vedantes para componentes

metálicos em uma empresa de fabricação de embalagens metálicas, através de

técnicas de Produção Mais Limpa.

2.2 Objetivos específicos

Realizar estudo do processo de fabricação de componentes metálicos e a

geração de resíduos gerados;

Identificar os resíduos e quantificar o volume gerado;

Visualizar alternativas para a redução ou eliminação na geração de resíduos

gerados;

Mensurar ganhos ambientais e econômicos na implementação de técnicas de

Produção Mais Limpa neste processo.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

Este capítulo contém a revisão bibliográfica de temas relevantes ao objetivo

deste trabalho, como: gestão ambiental na empresa visando uma política de

minimização e redução de resíduos através de técnicas de Produção Mais Limpa.

3.1 Gestão ambiental

Conforme Sampaio et al. (2005), a gestão ambiental analisa diversos

aspectos durante todo o processo de uma empresa, ou seja, a produção como um

todo. Os aspectos analisados são, tanto no processo de geração de resíduos,

quanto na destinação e formas de tratamento dos resíduos sólidos e líquidos.

Defender o meio ambiente deixou de ser apenas um assunto dos

ambientalistas, mas também foco das estratégias empresariais. O marketing, a

imagem perante a sociedade, tornou-se muito importante nos últimos tempos,

fazendo com que muitas empresas repensassem sua filosofia e mudassem seus

produtos e processos. Tornou-se necessário, estar atento à demanda atual, com o

objetivo de atender às necessidades do consumidor final (PHILLIPI; ROMÉRO;

BRUNA, 2009).

Outro aspecto a ser considerado é a qualidade do meio ambiente, levando-se

em consideração a proteção dos consumidores e o desenvolvimento sustentável.

Com vista a assegurar a sustentabilidade, as empresas estão buscando

implementar mecanismos de gestão ambiental (BARBIERI, 2007).

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Segundo Nascimento, Mello e Lemos (2002) e Severo et al. (2009), um

sistema de gestão ambiental eficaz pode possibilitar às organizações uma melhor

condição de gerenciamento de seus aspectos e impactos ambientais, além de

interagir na mudança de atitudes e de cultura da empresa. Pode, também, gerar

resultados financeiros positivos.

3.1.1 A Gestão Ambiental na Empresa

Através de mudanças culturais as pessoas perceberam que a preservação do

planeta Terra significa também a preservação da própria vida. Percebeu-se, então, a

necessidade de manutenção do equilíbrio dos sistemas naturais, passando

inicialmente pela preservação da fauna, seguindo com a preservação das florestas e

consequentemente do ar. Algum tempo depois, a preocupação voltou-se para a

poluição gerada pelas atividades industrial e agrícola, que para atender à crescente

necessidade de consumo, têm alterado a harmonia do ecossistema através da

extração dos Recursos Naturais e pela falta de infraestrutura urbana dos países em

desenvolvimento (WEBER, 1999).

Segundo Weber (1999), não só grupos ativistas e governamentais

começaram a se preocupar com as questões ambientais. Nas últimas décadas o

setor empresarial percebeu que seus clientes estavam dispostos a pagar mais por

produtos ambientalmente corretos, e mais, deixar de comprar daqueles que

contribuíam para a degradação do planeta. Philippi, Roméro e Bruna (2009),

afirmam que outro aspecto relevante foi a pressão popular. Os governos passaram a

estabelecer legislações cada vez mais rigorosas, fazendo com que as empresas

começassem a adequar seus processos industriais, utilizando-se de tecnologias de

Produção Mais Limpas.

Philippi, Roméro e Bruna (2009) e Weber (1999) citam que no Sistema de

Gestão Ambiental (SGA), os empresários começaram a verificar que uma postura

ambientalmente correta na gestão de seus processos refletia diretamente em

produtividade, qualidade e consequentemente, melhores resultados econômico-

financeiros.

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Atuar de maneira ambientalmente responsável é, ainda hoje, um diferencial

entre as empresas, destacando-as neste competitivo mercado. Porém, este

diferencial se transformará em um pré-requisito e, quanto antes as empresas

perceberem esta nova realidade, maior será a chance de se manterem no mercado

(WEBER, 1999).

De acordo com Barbieri (2007), a Política Nacional do Meio Ambiente foi

criada pela Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, o que representa uma mudança

importante no tratamento das questões ambientais, uma vez que procura integrar

ações governamentais. Essa lei tem por objetivo a preservação, melhoria e

recuperação da qualidade ambiental, visando assegurar condições de

desenvolvimento socioeconômico. Considera o meio ambiente como um patrimônio

público e deve ser protegido, tendo em vista o uso coletivo (CONAMA, 2012).

Para Barbieri (2007), a prevenção da poluição é uma procura constante das

empresas. Essas procuram atuar sobre os produtos e processos produtivos para

prevenir a geração de poluição, empreendendo ações com vistas a uma produção

mais eficiente e, portanto, poupadora de materiais e energia em diferentes fases do

processo de produção e comercialização. A prevenção da poluição requer

mudanças em processos e produtos, a fim de reduzir ou eliminar os rejeitos na

fonte, antes mesmo que eles sejam produzidos e lançados ao meio ambiente.

A prevenção da poluição baseia-se em duas condições ambientais básicas,

que são o uso sustentável dos recursos e o controle da poluição. Desta forma, o uso

sustentável pode ser resumido pelos quatro “R” (Redução da poluição na fonte,

Reuso, Reciclagem e Recuperação Energética), conforme ilustra a Figura 1. Os 4

Rs sempre são a primeira opção, caso não seja viável passa a segunda opção,

que é o tratamento, onde podemos caracterizar como tecnologia de fim de tubo

(BARBIERI, 2007).

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Figura 1 – Quatro Rs, tratamento e disposição final como Fim de tubo.

Prevenção da poluição – Prioridades

Redução na fonte

Reuso e reciclagem Uso sustentável dos recursos

Recuperação energética

Tratamento Controle da poluição

Disposição final

Fonte: Do autor, adaptado de BARBIERI (2007).

Conforme Brasilata (2012), as empresas utilizam vários meios de divulgar

suas ações nas áreas ambientais. No caso da Brasilata, a empresa utiliza seu site

para divulgar a sua Política Ambiental, conforme consta em sua página na internet:

A Brasilata S/A Embalagens Metálicas, ciente dos possíveis impactos que pode causar ao meio ambiente e da sua responsabilidade em promover o desenvolvimento sustentável, tem como política prevenir a poluição através do controle de seus processos produtivos, cumprindo rigorosamente a legislação ambiental vigente. De outra forma, por meio da melhoria contínua, busca constantemente a redução do consumo de recursos naturais, matérias primas e energia.

Segundo CEBDS (2008), existem várias técnicas de melhoria que devem ser

avaliadas. Dentre elas a aplicação de know-how (habilidade, capacidade,

tecnologia) que busca melhorar a eficiência, adotando técnicas de gestão, por meio

de soluções caseiras e da revisão das políticas e procedimentos, quando

necessário. Tais procedimentos visam desenvolver alternativas para a Produção

Mais Limpa, sem requerer novas tecnologias para isso. Outros aspectos devem ser

avaliados antes da implantação destas medidas. Dentre estes aspectos cabe

salientar:

a) Avaliação técnica: onde são avaliados as propriedades e requisitos das

matérias-primas;

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b) Avaliação ambiental: quais os benefícios ambientais que poderão ser obtidos

pela empresa;

c) Avaliação econômica: estudo de viabilidade econômica.

Segundo Kramer (2005), alguns benefícios devem ser analisados pelas

empresas que adotam ações de controle, envolvendo a geração, manipulação,

transporte, tratamento e disposição final. Estes benefícios são abordados da

seguinte forma:

a) Intensificação do reaproveitamento de resíduos industriais;

b) Proteção dos recursos não renováveis, bem como o adiantamento do

esgotamento de matérias-primas;

c) Diminuição da qualidade de resíduos e dos elevados e crescentes custos de

sua destinação final;

d) Minimização dos impactos adversos, provocados pelos resíduos no meio

ambiente, protegendo o solo, o ar e as águas.

Em relação ao mercado internacional, alguns comparativos estão sendo

avaliados, dos quais, a necessidade de investimento por parte das organizações no

que diz respeito à proteção ao meio ambiente, tratando devidamente seus

respectivos resíduos e trabalhando para minimizar ou eliminá-los. Por outro lado,

outras organizações concorrentes no mesmo segmento, que não investem ou

possuem uma filosofia empresarial, com uma visão de futuro e atenta aos anseios

dos consumidores, certamente a organização que investir em aspectos ambientais,

ficará em uma posição menos competitiva devido aos custos gerados em um

primeiro momento. Com a atual situação do mercado globalizado e o esclarecimento

da população, que começa a procurar por produtos verdes, produtos estes

conhecidos como os que não agridem ao meio ambiente (BARBIERI, 2007).

Como exemplo de visão de futuro, pode ser citada a empresa Weg, situada

em Santa Catarina, uma das maiores fabricantes de tintas do país. De acordo com

Richter, diretor superintendente da Weg, a empresa está desenvolvendo novas

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tecnologias que visam a proteção total de seus produtos, um destes com

características anti-chama. Destacando uma das tecnologias na qual a redução de

impacto ambiental de seus produtos, desenvolvendo tintas com reduzido teor de

solventes e tintas a base d’água, como Wegpoxi Hidro ERD 303. Ainda neste

contexto sustentável, muitos fabricantes de estruturas metálicas têm investido em

linhas de pintura a pó. As tintas em pó, pela sua isenção de solventes, têm um

impacto ambiental reduzido e alto rendimento (MONFARDINI, 2012a).

3.1.2 Avaliação de impacto ambiental no Brasil

Segundo Philippi, Roméro e Bruna (2009), a avaliação de impacto ambiental

foi introduzida no Brasil no ano de 1980, pela Lei nº 6.803, que dispõe sobre as

diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição. Esta

lei começou a exigir estudo de impacto ambiental para as instalações de novas

indústrias e empreendimentos com potencial de poluição.

Em 1981, foi aprovada a Lei nº 6.938 que trata da Política Nacional de Meio

Ambiente, tendo seus objetivos voltados à preservação, recuperação ambiental,

visando assegurar desenvolvimento socioeconômico, proteção da dignidade da vida

humana entre outros (BRASIL, 2010). No ano 1983, o Conselho Nacional de Meio

Ambiente (CONAMA) recebeu a competência para a verificação dos estudos de

impacto ambiental (EIA). Neste contexto, no ano de 1986, o CONAMA estabeleceu

critérios e responsabilidades para o uso e implementação da Avaliação de Impacto

Ambiental - AIA (PHILIPPI; ROMÉRO; BRUNA, 2009).

Conforme Monfardini (2012b), alguns fabricantes nacionais de tintas, utilizam

pigmentos em seus processos e em suas formulações. Estes fabricantes estão

atentos a buscar novas alternativas e inovações que permitem melhor desempenho.

A preocupação dos fornecedores de pigmentos inorgânicos é desenvolver produtos

não agressivos ao meio ambiente. De acordo com a revista, os fornecedores de

pigmentos inorgânicos aproveitam o cenário atual para desenvolver e buscar

inovações com mais qualidade e tecnologias mais sustentáveis, sempre com a

preocupação de também oferecerem assessoria técnica para um melhor resultado

com as tintas.

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Segundo Philippi, Roméro e Bruna (2009), outro aspecto relevante quanto

aos instrumentos de avaliação, podemos citar a avaliação de impactos em áreas

urbanas. Estes estudos de impacto ambiental concentravam-se apenas nos

aspectos físico-naturais, bem como os projetos em áreas não-urbanizadas. O que

prova isto são as exigências para o uso de impacto ambiental, exigido pela

Resolução Conama nº 001/86, que regulamenta o uso do instrumento no Brasil.

Por outro lado, como o ambiente urbano já se encontra bastante alterado em

relação ao meio ambiente natural, torna-se muito difícil identificar os impactos

ambientais. É preciso salientar, quanto aos aspectos socioeconômicos, dentre os

aspectos a serem levados em consideração no meio urbano, estão aqueles de

ordem espacial, como espaços vegetados, tranquilidade, acessibilidade, desenho

urbano, uso da ocupação de solo, ordem biológica, como saúde física e mental e a

segurança. Na ordem social podemos considerar a organização comunitária,

realização pessoal, contatos, atividades de lazer e recreação, acesso e opções de

moradia, trabalho e serviços urbanos. Na ordem econômica, estão as oportunidades

de emprego, de trabalho e de negócios, produtividade e diversidade (PHILIPPI;

ROMÉRO; BRUNA, 2009).

3.1.3 Instrumentos de gestão ambiental

Para Philippi, Roméro e Bruna (2009), o gerenciamento de riscos ambientais

precisa ser entendido claramente, sabendo-se diferenciar o que significa risco e o

que significa perigo em relação aos aspectos ambientais. Portanto, risco é algo

incerto, que poderá gerar algum prejuízo ou dano, caso venha a ocorrer. Já o perigo,

é algo concreto que se torna uma ameaça. Mas este tema provoca muitas

divergências entre estudiosos e pesquisadores, quando da elaboração de

avaliações ou laudos envolvendo os dois temas.

Philippi, Roméro e Bruna (2009), afirmam que sempre deve ser observada, na

elaboração de um gerenciamento de riscos ambientais, uma avaliação preliminar de

riscos e perigos de cada atividade ou empreendimento. O gerenciamento de riscos

ambientais é uma série de avaliações das consequências de eventos que poderão

causar impactos na saúde pública e no meio ambiente.

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3.1.4 Certificação ISO 14.001

A Produção Mais Limpa é mais uma ferramenta utilizada como instrumento

de gestão ambiental. Mas para a implantação de P+L obter sucesso é muito

importante criar indicadores ambientais. Estes indicadores são bem compreendidos

através do Sistema de Gestão Ambiental mundialmente conhecido como ISO

14.000, onde estabelece critérios ambientais conforme a legislação pertinente

(CNTL, 2010).

Esta ferramenta estabelece requisitos para as empresas gerenciarem seus

produtos e processos, controlando adequadamente os aspectos ambientais de sua

organização para que eles não agridam o meio ambiente. Desta forma, a empresa

receberá um certificado baseado na ISO 14001, norma única da família ISO 14000,

que permitirá ter um certificado de adequação do Sistema de Gestão Ambiental

(SGA). Sua implantação proporciona economia para as empresas, através da

redução do desperdício e do uso dos recursos naturais (SEBRAE, 2008).

Como as organizações estão visando o mercado internacional, essa

certificação é um requisito importante para as organizações que almejam atingir este

mercado. Portanto, em virtude dos altos investimentos para a implantação deste

sistema de gestão ambiental, as pequenas organizações encontram dificuldades

para a sua implantação. Em países em desenvolvimento com grandes

desigualdades sociais, como o Brasil, vislumbra-se ainda uma tendência recente

muito promissora, a responsabilidade social empresarial (SEBRAE, 2008).

3.1.5 Logística reversa

Logística reversa é uma ferramenta que está relacionada ao reingresso do

produto na cadeia de consumo e às opções de reuso, desmanche ou reciclagem.

Pode englobar todas as etapas da logística reversa (coleta, desmonte e

processamento de produtos, materiais ou peças), com o objetivo de promover uma

recuperação mais sustentável destes materiais. Complementa a logística tradicional,

pois, enquanto esta visa levar os produtos até os consumidores, a reversa deve

completar o ciclo, trazendo os produtos já utilizados dos diferentes pontos de

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consumo a sua origem (LACERDA, 2002). Esta ferramenta contribui para a busca

da sustentabilidade nas empresas, pois reduz a poluição gerada pelos seus

produtos e pelo seu sistema produtivo. Também diminui os desperdícios de matéria

prima, através da reutilização e reciclagem de materiais, além dos ganhos

financeiros por conta das embalagens retornáveis e do reaproveitamento de seus

materiais.

Segundo Reis (2011b), a logística reversa chega às embalagens metálicas,

no segmento de latas de aço, tornando-se um dos primeiros a se adequar a esta

nova logística de produção. Porém, o Brasil ainda apresenta baixo percentual de

resíduos reciclados, frente ao potencial que existe para ser alcançado. Apenas 12%

dos resíduos sólidos gerados no país são reciclados, sendo que existe a

possibilidade de reciclar ou reutilizar em torno de 30%. O Instituto de Pesquisa

Econômica Aplicada (IPEA) elaborou, a pedido do Ministério do Meio Ambiente

(MMA), estudo demonstrando que o país gasta desnecessariamente R$ 8 bilhões

por ano por não reciclar o potencial que existe para ser reciclado e reutilizado das

cadeias do plástico, metais, vidro e celulose (REIS, 2011b).

3.2 Estação de tratamento de efluentes

A ETE (Estação de Tratamento de Efluentes) representa o conjunto de

unidades instaladas com a finalidade de tratar ou reduzir os poluentes de um

determinado resíduo líquido (efluente) gerado, em virtude da utilização da água em

seu processo produtivo. Um exemplo simples de ETE a ser citado, são as fossas

sépticas, sumidouro e filtros anaeróbicos, comuns nas residências atualmente.

Assim como em um determinado processo da indústria, as Estações de Tratamento

de Efluentes são um conjunto de unidades implantadas com a finalidade de reduzir

a carga poluidora e consequentemente o enquadramento nos padrões de emissão

fixados pela legislação (BRAGA et al., 2002).

Conforme o CONAMA (2005), alguns critérios no tratamento e lançamento

dos efluentes devem ser considerados, levando em conta a resolução 357, de 17 de

março de 2005. Os objetivos destes tratamentos devem garantir que os efluentes

estejam em qualidade aceitável ao ser lançado no corpo hídrico, sem prejudicar a

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fauna e flora aquáticas, ou outros usos que a água possa ter. Outras formas de

tratamentos utilizados para a remoção dos poluentes são as grades, peneiras,

sedimentadores e flotadores. Já para sólidos coloidais e dissolvidos são utilizados

tratamentos físico-químicos ou biológicos (GIORDANO, 1999).

Conforme Giordano (2011), vários aspectos devem ser considerados na hora

da escolha do tratamento a ser adotado, como: o clima e cultura local, a legislação

ambiental regional, a quantidade e qualidade de lodo gerado na ETE, a qualidade

do efluente tratado, a interação com a vizinhança, o custo de investimento e a

possibilidade de reuso dos efluentes tratados.

Giordano (2011), afirma que os efluentes industriais, devido a sua

composição e para respeitarem os padrões de lançamento, precisam passar por

algumas fases de tratamento. Tais processos envolvem fatores diversos, passando

pelos custos de investimentos, custos operacionais (mão de obra, energia, produtos

químicos, manutenção geração de resíduos e controle analítico), legislação, área

disponível para implantação do tratamento, classe do corpo receptor, clima,

estabilidade do terreno, proximidade de residências, direção dos ventos, assistência

técnica e controle operacional.

3.2.1 Legislação para emissão de efluentes

No Brasil a legislação que rege os padrões de lançamento de efluentes é a

Resolução CONAMA, nº 357, de 17 de março de 2005. A legislação utilizada no Rio

Grande do Sul para estabelecer os limites de lançamento dos efluentes é a

Resolução CONSEMA nº 128, de 2006. Esta Resolução dispõe sobre a fixação de

padrões de emissão de efluentes líquidos para fontes de emissão que lancem seus

efluentes em águas superficiais, no Estado do Rio Grande do Sul (FELDKIRCHER,

2010).

Conforme CONAMA (2005), em sua resolução nº 357/2005 estabelece:

“Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu

enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de

efluentes, e dá outras providências”.

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Segundo CONSEMA (2006), em sua resolução de nº 128/2006 estabelece:

“Dispõe sobre a fixação de Padrões de Emissão de Efluentes Líquidos para fontes

de emissão que lancem seus efluentes em águas superficiais no Estado do Rio

Grande do Sul”. A Tabela 1 apresenta os principais parâmetros e seus limites mais

restritivos da Resolução CONSEMA 128/2006.

Tabela 1 – Padrões de emissão CONSEMA nº 128/2006

Parâmetros Padrão de emissão a ser atendido

Temperatura inferior a 40 ºC

Sólidos Sedimentáveis até 1 ml/l, em Cone Imhoff, 1 hora

pH entre 6,0 e 9,0

DQO até 400 mg/l

Sólidos Suspensos até 180 mg/ L

Óleos e Graxas Minerais até 10 mg/L

Fósforo Total até 4,0 mg P /L

Nitrogênio Total até 20 mg N /L

Ferro até 10 mg Fe /L

Níquel total até 1,0 mg Ni/L

Zinco até 2,0 mg Zn /L

Substâncias Tenso-ativas que

reagem ao azul de metileno

até 2,0 mg MBAS/L

Fonte: Do autor, adaptado de Resolução CONSEMA nº 128/2006.

3.2.2 Tecnologia de Fim de Tubo

Para CNTL (2010) e SEBRAE (2008), o conceito de tecnologia de fim de tubo

é a forma de como são feitos e utilizados para tratamento, minimização e inertização

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de resíduos1, efluentes e emissões atmosféricas adotadas pelas empresas, ao final

de seus processos industriais. Tais processos têm como o objetivo atender aos

parâmetros definidos pelos órgãos ambientais. Essas tecnologias ainda são muito

utilizadas até a presente data, em muitas empresas.

As tecnologias de fim de tubo não podem ser caracterizadas como uma

tecnologia ultrapassada, pois as organizações devem se preocupar com destinação

final e tratamento correto de seus resíduos.

Com este intuito, segue alguns exemplos de técnicas de fim de tubo:

a) Filtros de emissões atmosféricas;

b) Estações de efluentes líquidos (ETE), objeto de estudo;

c) Tecnologias de tratamento de resíduos sólidos.

Diferentemente das técnicas de P+L que atuam na prevenção, as técnicas de

fim de tubo atuam na remediação dos seus resíduos.

A visão de fim de tubo é uma visão sem perspectiva de mudanças, que

trabalha sempre da mesma forma, gerando os mesmos resíduos. Para atender às

legislações, trabalha-se na maneira de dispor o resíduo ou como tratá-lo. Esta visão

ultrapassada gera despesas sem retorno financeiro às organizações (CNTL, 2010).

Segundo CNTL 2010, a partir do ano 2000, as indústrias tornaram-se mais

ativas nos aspectos legais e dispostas a cumprir suas responsabilidades ambientais.

Barbieri (2007), salienta que a globalização as obriga a se tornarem competitivas,

trabalhando com baixos custos, mantendo a qualidade de seus processos, produtos

e serviços. Desta forma, os objetivos gerais de uma empresa moderna são:

a) Melhorar a situação econômica;

b) Reduzir impactos ambientais;

1inertização de resíduos é um pré-tratamento do qual os constituintes perigosos de um resíduo são

transformados menos solúveis ou menos tóxicos. Suas características físicas do resíduo podem ou não ser alteradas e melhoradas. (CETRELLUMINA, 2012).

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c) Usar racionalmente matéria-prima e energia;

d) Melhorar o desempenho de segurança do trabalho;

e) Manter boa relação com a comunidade local.

3.3 Produção Mais Limpa

O programa Produção Mais Limpa (P+L) é um procedimento planejado com o

objetivo de identificar oportunidades para eliminar ou reduzir a geração de efluentes,

resíduos, emissões e desperdícios, além de racionalizar a utilização de matérias-

primas e insumos. Este programa deve catalisar os esforços da empresa ou

organização para atingir uma melhoria ambiental contínua nas operações de seus

processos (CNTL, 2010 apud ROSA, 2007).

De acordo com CNTL (2003, 2010), Produção Mais Limpa significa a

aplicação contínua de uma estratégia econômica, ambiental e tecnológica integrada

aos processos e produtos. Este processo tem a finalidade de aumentar a eficiência

no uso de matérias-primas, água e energia, por meio da não geração, minimização

ou reciclagem de resíduos gerados. Sendo assim, a Produção Mais Limpa

caracteriza-se por ações que são implementadas dentro da empresa com o objetivo

de tornar os processos mais eficientes no emprego de seus insumos, gerando mais

produtos e menos resíduos (CNTL, 2010).

Segundo Barbieri (2007), P+L (cleaner production) é uma estratégia ambiental

preventiva aplicada a processos, produtos e serviços para minimizar os impactos

ambientais. A P+L deve ser entendida como a aplicação contínua de uma estratégia

preventiva integrada nos processos, produtos e serviços, com a finalidade de

alcançar benefícios econômicos e sociais, à saúde humana e ao meio ambiente

(BARBIERI, 2007).

Desta forma, Barbieri (2007) afirma que, alguns gestores estão percebendo

as novas tendências do mercado globalizado e com uma visão de melhoria em seus

processos, verificaram que muitos processos encontram-se obsoletos e necessitam

de novas tecnologias que minimizem seus estragos e geração de resíduos, trazendo

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ganhos em todas as áreas, tanto financeira como ambiental. Um conceito bastante

simples e objetivo para P+L, refere-se às medidas de redução na fonte, aplicadas

para eliminar ou reduzir, significativamente, a geração de resíduos (CETESB, 2005).

O panorama na maioria das empresas, em relação à gestão ambiental está

voltado única e exclusivamente em atender às legislações ambientais, sem perceber

que seus processos de produção estão obsoletos e consequentemente provocando

danos ao meio ambiente, através da geração incontrolada de resíduos. Estes

processos de produção, em muitos casos podem ser reavaliados de forma a atender

vários aspectos, tanto legais, em relação ao meio ambiente, como uma ferramenta

de melhoria contínua, no seu processo de fabricação, atingindo as premissas das

técnicas de P+L (CNTL, 2003).

3.3.1 Histórico

De acordo com CNTL (2010), e Rosa (2007), a história da P+L começou no

ano de 1975, onde algumas empresas americanas, como 3M, Dupont e outras,

começaram a implantar programas de prevenção da poluição em seus processos

produtivos, visando medidas de redução de resíduos e economias sustentáveis.

Com a implantação destes programas em suas organizações, conseguiram gerar

uma economia de US$: 750 milhões.

Já Barbieri (2007) e Braga et al. (2002), afirmam que as origens da P+L,

surgiram na Conferência de Estocolmo, no ano 1972, como conceito de tecnologia

limpa (clean tecnology), que deveria alcançar três propósitos básicos, que são:

Lançar menos poluição no meio ambiente;

Gerar menos resíduos;

Consumir menos recursos naturais, em especial os não renováveis.

Na década de 80, surgiram as primeiras legislações para minimização de

resíduos. Em 1990 a ONUDI (Organização das Nações Unidas para o

Desenvolvimento Industrial) criou o programa para promover tecnologias limpas ou

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ambientalmente amigáveis, com objetivo de aumentar a eficiência e produtividade

ao reduzir a poluição. No ano seguinte, em 1991, surgiu o Programa Atuação

Responsável para as indústrias químicas, adotando o Código da Prevenção da

Poluição. No ano de 1992 houve a Convenção Mundial de Meio Ambiente (Rio 92 –

agenda 212), onde o objetivo principal foi a ecoeficiência

3 e a responsabilidade

social das empresas (CNTL, 2010).

Somente no final das décadas de 78/80, as empresas começaram a

preocupar-se com gerenciamento de resíduos e tratamento de seus efluentes, nada

mais que o controle no final do processo, ou seja, tecnologia de fim de tubo. As

organizações começaram a avaliar vários parâmetros, como o cumprimento das

normas ambientais, atitudes pró-ativas, tecnologias industriais mais limpas e análise

do ciclo de vida dos produtos, somente a partir da década de 90 (CNTL, 2010).

A Produção Mais Limpa é uma visão moderna de oportunidades de melhorias

de todos os aspectos, processos, ambientais e financeiros, pois com essas medidas

de controle, certamente as organizações eliminarão resíduos (matérias primas).

CNTL (2003), afirma que para uma boa P+L, é fundamental o conhecimento de todo

o processo envolvido, caso contrário, não se consegue gerenciar o que não se

conhece. Outro aspecto importante é quantificar os resíduos gerados.

No entanto, Barbieri (2007), e Koste (2003), afirmam que a produção mais

limpa (P+L) foi definida, num seminário realizado pelo PNUMA (Programa das

Nações Unidas para o Meio Ambiente) em 1990, como uma abordagem de proteção

ambiental ampla. Esta definição considera todas as fases do processo no ciclo de

vida do produto, com o objetivo de prevenir e minimizar o risco para os seres

humanos e o ambiente a curto e longo prazo. Conforme CETESB (2005), o PNUMA,

foi criado em 1972, onde seus princípios são manter o estado do meio ambiente

global sob contínuo monitoramento, alertar povos e nações sobre problemas e

2 Agenda 21 é um programa de ação para o desenvolvimento sustentável que inclui: mudanças

climáticas, erosão, desertificação, desmatamentos e resíduos tóxicos, pobreza, modelos de consumo, habitação, saúde, transferência de tecnologias, entre outros (documento aprovado na Conferencia Rio-92) (HOGAN; MELLO, 2007).

3 Ecoeficiência foi um termo introduzido em 1992 pela WBCSD e que indica a união de economia e

meio ambiente, ou seja, é forma simultânea de reduzir o impacto ambiental e aumentar a rentabilidade (SALGADO, 2004).

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ameaças ambientais e recomendar medidas para aumentar a qualidade de vida da

população. Tais medidas não podem comprometer o meio ambiente e o uso de seus

recursos, mas sim o desenvolvimento sustentável. Desta forma a ONU (Organização

das Nações Unidas) é a principal autoridade no mundo todo em meio ambiente

(PNUMA, 2012).

Algumas formas de melhor compreensão das tecnologias de fim de tubo e

Produção Mais Limpa podem ser verificadas a seguir, como na Tabela 2, onde

representa as diferenças entre cada uma das técnicas (CNTL, 2010). Na Figura 2,

apresenta o fluxograma da tecnologia de fim de tubo. Na Figura 3, apresenta a

tecnologia de P+L (FILHO et al., 2007).

Através da Tabela 2 podemos diferenciar melhor a tecnologia de Fim de tubo

e P+L.

Tabela 2 – Diferenças entre tecnologias Fim de tubo x P+L

Tecnologia de Fim de Tubo Produção Mais Limpa

Elevação de custos; Redução de custos;

Resíduos, efluentes e as emissões

são controlados, através de

tratamento;

Prevenção de resíduos, efluentes e

emissões na fonte;

Proteção ambiental após o

desenvolvimento de processos e

produtos;

Proteção ambiental é parte integrante

do produto e da engenharia de

processo;

Problemas ambientais são resolvidos

a partir de um ponto de vista

tecnológico;

Solução dos problemas ambientais

em todos os níveis / em todos os

campos;

Proteção ambiental é assunto de

especialista;

Proteção ambiental é tarefa de todos;

Proteção ambiental focada no

atendimento à legislação.

Proteção ambiental tratada de forma

pró-ativa e como desafio permanente.

Fonte: Do autor, adaptado de CNTL (2010).

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Na Figura 2 e 3 Filho (2003) apresenta as diferenças entre a abordagem

convencional, conhecida como fim de tubo e a P+L.

Figura 2 – Abordagem de tecnologia de fim de tubo

Fonte: Do autor, adaptado de Lemos (1998) apud Filho (2003).

A Figura 3 apresenta as principais abordagens utilizadas na Produção Mais

Limpa.

Figura 3 – Abordagem de tecnologia de P+L

Fonte: Do autor, adaptado de Lemos (1998) apud Filho (2003).

Projeto

Produção Consumo

de Produto

Resíduos Tratamento

Poluição (emissão, efluente e resíduos)

Desperdício de recursos

Disposição

Resíduos Descarte

Projeto (baseado na análise de Ciclo de

vida do produto)

Produção

Prevenção na fonte poluidora/Minimização

da Poluição

Reuso Reciclagem

Reparo

Consumo do Produto

Minimização do Descarte

Resíduo mínimo

Reuso de resíduos

Disposição mínima

Resíduo mínimo

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De acordo com CEBDS (2008) e CNTL (2010), com o fluxograma

representado na Figura 4, sempre deverá ser analisado quais as medidas e técnicas

de P+L a serem implementadas, conforme os níveis de ação propostos. Sempre

deve-se começar pelo nível 1. Caso não seja viável sua aplicação, passa para o

nível 2 e nível 3, subsequentemente.

Figura 4 – Níveis de aplicação da Produção Mais Limpa.

Fonte: Do autor, adaptado de CNTL (2010); Werner; Bacarji; Hall (2009) e De CNTL (2001) apud

FILHO et al. (2007).

No fluxograma acima existem processos que podem tratar naturalmente as

emissões de resíduos, no caso os ciclos biogênicos4. De acordo com CEBDS (2008)

4 Ciclos biogênicos são processos naturais que reciclam elementos em diferentes formas químicas do

meio ambiente para os organismos, e, depois, vice-versa (COLÉGIO, 2012).

Produção Mais Limpa

Reuso de resíduos, efluentes e emissões

Minimização de resíduos e emissões

Nível 1 Nível 2 Nível 3

Ciclos biogênicos

Substituição de matérias-primas

e materiais

Modificação tecnológica

Soluções caseiras

Reciclagem interna

Materiais

Redução na fonte

Reciclagem externa

Modificação no produto

Modificação no processo

Estruturas

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e SEBRAE (2008), podemos resumir os níveis de ação de uma forma bem sucinta,

para melhor compreensão:

Nível 3 = Reciclagem externa;

Nível 2 = Reciclagem interna;

Nível 1 = Redução na fonte.

Segundo CEBDS (2008) e SEBRAE (2008), o significado para cada uma das

abordagens dos níveis de ação é:

Reciclagem externa: Conjunto de técnicas que tem por finalidade aproveitar

os resíduos e reintroduzi-los no ciclo de produção de que saíram; retorno da

matéria-prima ao ciclo de produção.

Reciclagem interna: Reutilização de uma determinada substância com o

objetivo de minimizar o consumo de novas matérias-primas e/ou aproveitamento

total das características das matérias primas, dentro do mesmo processo industrial.

Redução na fonte: Reduzir a produção de resíduos na origem é um dos

pontos fundamentais, são observações de suma importância e que devemos

sempre considerar nas oportunidades de melhorias referentes a retrabalhos de

produtos, qualidade, saúde, segurança, tempos de produção e outros.

Na P+L existem vários indicadores a serem avaliados, como água, energia,

emissões atmosféricas, resíduos sólidos, efluentes líquidos, limpeza urbana. Alguns

aspectos importantes para a empresa organizam-se em função do objetivo e

critérios de priorização da implantação de P+L (CNTL, 2010 e SEVERO et al.,

2009).

O estudo de viabilidade técnica deverá observar o cuidado com o possível

impacto da proposta sobre o processo, produtividade, segurança, entre outros.

Estudo de viabilidade econômica é um parâmetro-chave que pode determinar se

uma opção será ou não implementada. Neste aspecto é importante apresentar, qual

o período de recuperação do capital (CNTL, 2010).

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Para Domingues e Paulinho (2009), alguns aspectos deverão ser avaliados

durante as avaliações ambientais. Dentre estes aspectos, o produto todo, matéria-

prima ou parte de constituinte do processo em questão, como:

a) Mudanças na quantidade de toxicidade dos resíduos e emissões por todo o

ciclo de vida do produto;

b) Mudança no consumo de energia durante o ciclo de vida do produto;

c) Substituição dos efeitos ambientais para outros materiais;

d) Substituição dos efeitos ambientais para outros meios;

e) Mudanças na degradabilidade dos resíduos e emissões;

f) Extensão na qual são usadas as matérias-primas renováveis;

g) Mudanças na reutilização de resíduos.

Segundo Mello (2002), pela definição de programa das Nações Unidas para

Meio Ambiente de 1994, Produção Mais Limpa é a melhoria contínua dos processos

industriais, produtos e serviços, visando:

a) Reduzir o uso de recursos naturais;

b) Prevenir na fonte a poluição do ar, água, e do solo;

c) Reduzir a geração de resíduos na fonte, visando reduzir os riscos aos seres

humanos e ao meio ambiente.

3.3.2 Benefícios ambientais da Produção Mais Limpa

O principio básico da P+L é a eliminação ou redução dos resíduos gerados.

Através deste conceito a Produção Mais Limpa procura eliminar o lançamento de

resíduos no meio ambiente ou reduzi-lo substancialmente (CNTL, 2010). Entende-se

por resíduo todos os tipos de poluentes, incluindo resíduos sólidos, perigosos ou

não, efluentes líquidos, emissões atmosféricas, calor, ruído ou qualquer tipo de

perda que ocorra durante o processo de geração de um produto ou serviço (CNTL,

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2003). Os benefícios ambientais resultados desta tecnologia podem ser observados

nos seguintes itens:

a) Produção sem poluição: Processos produtivos ideais, de acordo com o

conceito de Produção Mais Limpa. Ocorrem em um circuito fechado, sem

contaminar o meio ambiente e utilizando os recursos naturais com a máxima

eficiência possível.

b) Eficiência energética: A Produção Mais Limpa requer os mais altos níveis

de eficiência energética na produção de bens e serviços. A eficiência

energética é determinada pela maior razão possível entre energia consumida

e produto final gerado.

c) Saúde e segurança no trabalho: A Produção Mais Limpa procura sempre

minimizar os riscos para os trabalhadores através de um ambiente de

trabalho mais limpo, mais seguro e mais saudável.

d) Produtos ambientalmente adequados: O produto final, bem como todos os

subprodutos comercialmente viáveis, deve ser tão ambientalmente

adequado, quanto possível. Fatores relacionados à saúde e meio ambiente

devem ser priorizados nos estágios iniciais de planejamento do produto e

devem ser considerados ao longo de todo o ciclo de vida do mesmo, da

produção à disposição, passando pelo uso.

e) Embalagens ambientalmente adequadas: A embalagem do produto deve

ser eliminada ou minimizada sempre que possível. Quando a embalagem é

necessária para proteger, vender, ou para facilitar o consumo do produto,

esta deve ter o menor impacto ambiental possível.

Portanto, fica claro que o principal objetivo da Produção Mais Limpa é

eliminar ou reduzir a emissão de poluentes para o meio ambiente, ao mesmo tempo

que otimiza o uso de matérias-primas, água e energia. Desta forma, além de um

efeito de proteção ambiental de curto prazo, a Produção Mais Limpa incrementa a

eficiência no uso de recursos naturais, gerando melhorias sustentáveis de longo

prazo (CNTL, 2010).

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3.3.3 Barreiras na implantação de P+L

Conforme UNIDO (2001), apud Mello (2002) e Câmera (2010), há obstáculos

dentro de uma organização para a implantação de P+L. Estes obstáculos podem ser

classificados através das seguintes categorias:

Barreiras organizacionais: as barreiras organizacionais estão estruturadas

dentro de um sistema onde a tomada de decisão concentra-se, apenas, no

proprietário da empresa, com ênfase na produção. Qualquer modificação é deixada

para segundo plano, em função de fatores diversos como, o tempo e alta

rotatividade de pessoal técnico. Não há um envolvimento por parte dos empregados,

devido à falta de reconhecimento de suas iniciativas, fazendo com que o

conhecimento da empresa torne-se reduzido.

Barreiras sistêmicas: nas barreiras sistêmicas há falhas no sistema de

gerenciamento, que está inadequado ou mesmo ineficiente. Fatores como falta de

documentação da empresa, falta de registros e controles dos gastos, ausência de

sistema para promoção profissional, que aprimore as habilidades individuais, bem

como um planejamento diário de produção, contribuem para estas falhas.

Barreiras de atitudes: as barreiras de atitudes estão relacionadas à cultura

atitudinal apresentando lacunas nas práticas de operação e de supervisão (falta de

liderança), resistência às mudanças e falta de segurança no trabalho.

Barreiras econômicas: dentre vários fatores que concorrem para este fator,

temos a ausência de interesse das instituições financeiras em Projeto de Produção

Mais Limpa e exclusão dos custos ambientais da análise econômica das medidas de

redução de resíduos. Apresenta-se ainda o planejamento inadequado dos

investimentos, capital restrito para investimentos rápidos e de pequeno valor e

predominância de incentivos fiscais relativos à produção.

Barreiras técnicas: nas barreiras técnicas apresenta-se vários recursos

limitados, dentre os quais, a mão-de-obra, infraestrutura, informações técnicas e a

própria tecnologia disponível.

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Barreiras governamentais: nas barreiras governamentais estão as políticas

adotadas às taxas de serviços públicos, políticas industriais de isenção fiscal e

carência de incentivos para redução de resíduos, cedendo espaço às técnicas de

fim de tubo.

Outras barreiras: dentre outros elementos que instituem-se como barreiras,

podemos destacar ainda o espaço limitado no layout das empresas que impedem o

investimento em melhorias operacionais, a sazonalidade nos processos de

produção e a falta de pressão pública para o controle da poluição.

3.3.4 Panorama de aplicação de P+L nas indústrias no Vale do Taquari

Existem poucos estudos e aplicações de P+L no Vale do Taquari. Destaca-se

o estudo realizado na tese de mestrado do Sr. Luiz Fernando Andres, na qual foram

apresentados os setores que mais investiram em técnicas de Produção Mais Limpa

e também os que menos investiram (ANDRES, 2001).

Segundo Andres (2001), o setor alimentício é o mais pressionado por parte do

governo estadual para a proteção ambiental, apesar de também tomar algumas

iniciativas próprias. Já o setor calçadista, por iniciativa própria, encontra-se adiante

nesta questão. Algumas destas melhorias são: diminuição na geração de resíduos,

o tratamento de efluentes e o uso de materiais atóxicos.

Ainda Andres (2001), das 72 indústrias pesquisadas no Vale do Taquari

obteve respostas de 54. Destas, 48 responderam que estudavam a implantação de

algumas medidas de Produção Mais Limpa ou tecnologicamente menos poluentes.

3.4 Produção de componentes metálicos

Segundo Rodrigues et al. (2010), a embalagem de aço é confeccionada a

partir da folha de flandres (folha de aço laminada com estanho). As latas estão

divididas em dois grandes grupos: latas de três peças – tampa, corpo e fundo, e as

latas de duas peças – corpo e tampa, onde o fundo e o corpo formam uma só peça,

sem emendas. O sistema de fechamento utilizado pelas latas de três peças, é

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conhecido como o de recravação do fundo e da tampa. Sua qualidade é

fundamental para determinar a hermeticidade das latas de três peças.

O processo de fabricação de tampas começa na siderúrgica que realiza a

laminação do aço, transformado em bobinas de flandres. As especificações da folha

variam de acordo com o tipo, tamanho e aplicação. As bobinas de folhas são

cortadas em forma retangular (RODRIGUES et al., 2010).

Segundo Rodrigues et al. (2010), o primeiro processo de fabricação é

realizado no setor de litografia, onde é feito revestimento da folha com uma

aplicação de verniz para proteger o produto a ser consumido. No setor de

estamparia, as folhas litografadas são cortadas em tiras. As tiras são cortadas e

acondicionadas em estrados de madeira que, posteriormente abastecerão as

prensas. Nestas são executadas a estampagem e a conformação dos componentes

metálicos. Nos borracheiros são realizados a aplicação de vedante. A cura do

vedante é feita através de estufa de secagem e posterior ao acondicionamento dos

componentes prontos em caixas.

Os componentes metálicos que fazem parte do estudo são os anéis e fundos

das embalagens metálicas. Estes são produzidos no setor de estamparia, onde

primeiramente são cortados em tiras, pois as folhas vindas do setor de litografia são

de tamanhos específicos. Este procedimento é realizado para a confecção dos

componentes de cada embalagem (RODRIGUES et al., 2010).

Ainda Rodrigues et al. (2010), após as folhas serem cortadas nas tesouras e

transformadas em tiras, são utilizadas no processo de fabricação dos componentes

junto às prensas, que realizam a operação de estampagem, ou melhor,

conformação dos componentes, dando forma aos fundos e anéis de cada

embalagem. Na sequência deste processo, os componentes são conduzidos por

esteiras até a curlingadeira, máquina que realiza a operação de conformar as

bordas dos componentes, onde será aplicado o vedante junto aos borracheiros.

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4 METODOLOGIA

Este capítulo aborda as formas e os métodos da pesquisa, pessoas

envolvidas, os locais, as informações dos dados e a forma de como foram

avaliadas. Conforme Gil (2006), no processo de investigação científica os métodos

são a base de todo este processo.

4.1 Local do estudo

O estudo foi realizado na empresa Brasilata S/A Embalagens Metálicas,

situada em Estrela – RS, no setor de estamparia, onde são produzidos os

componentes para as embalagens metálicas. O pesquisador, funcionário da

empresa na qual o trabalho foi realizado, atua no setor de segurança do trabalho.

Sendo assim, o autor tem acesso aos dados, bem como o apoio da empresa para

propor melhorias nos processos. Durante toda a elaboração do trabalho, o

pesquisador acompanhou e auxiliou as atividades de levantamento de dados e

análise de técnicas de Produção Mais Limpa, junto à aplicação de vedantes. Nestas

atividades são gerados os resíduos provenientes da ETE do vedante. Através de

técnica de Produção Mais Limpa buscou-se soluções mais viáveis a serem

implantadas nas etapas envolvidas no processo de aplicação de vedantes junto aos

componentes metálicos. A atividade de aplicação de vedante, objeto do presente

estudo, trabalha em dois turnos, com produção de quinze horas diárias (segunda a

sexta-feira e um sábado por mês, nos turnos da manhã e tarde). A aplicação de

vedantes é realizada em grande parte dos componentes produzidos na empresa.

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Para os componentes de alguns baldes são utilizados gaxetas5 e não vedantes. A

produção de componentes da empresa está dividida em duas áreas: latas de

aerossóis e latas sem pressão. Os dois setores juntos possuem aproximadamente

quarenta funcionários.

A indústria possui a Licença de Operação (LO) junto à Fundação Estadual de

Proteção Ambiental (FEPAM), que contempla uma capacidade produtiva de duas mil

toneladas mensais de embalagens. Está classificada junto ao Instituto Brasileiro do

Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) como indústria de

grande porte e alto potencial poluidor (IBAMA, 2012).

A Brasilata, empresa objeto deste estudo, possui um sistema de gestão

ambiental, onde acompanha a geração de seus resíduos na forma de indicadores

de resíduos e estragos. Estes são apresentados mensalmente em reuniões com

todas as áreas envolvidas na organização. Estes indicadores são divulgados e

acompanhados por toda a organização.

4.2 Planejamento

Para o desenvolvimento deste estudo foi necessário realizar um planejamento

prévio das atividades executadas. Essas atividades foram discutidas em reunião

com a gerência da empresa e com os coordenadores do setor, no intuito de manter

comprometimento e solicitar autorização para a realização do trabalho. Desta forma,

foi definida a metodologia escolhida para o levantamento de dados, bem como a

definição dos locais onde foram coletados e quantificados os dados relacionados, as

matérias-primas utilizadas e as perdas geradas nos locais do processo.

Além disso, foram envolvidos os colaboradores do setor, para que os mesmos

estejam cientes da importância das suas atividades para o desenvolvimento deste

estudo.

5 Gaxeta é um tipo de vedação utilizada em algumas embalagens metálicas, como baldes.

As gaxetas são indicadas em várias aplicações de vedação (LGT, 2012).

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4.3 Coleta de Dados

A principal forma de coletar dados foi realizada por meio da pesquisa

bibliográfica, por meio de observação in loco na empresa, observando os

procedimentos e atividades necessárias às futuras propostas de mudança no

processo de aplicação de vedante, junto aos componentes metálicos para

embalagens metálicas. Outra forma de coletar dados foi através da análise de

documentos internos da empresa, com os objetivos propostos para o estudo. Para o

levantamento dos dados sobre os resíduos, foram utilizadas uma balança digital e

uma planilha para listar todos os dados necessários à pesquisa.

Conforme apresentado anteriormente, através do fluxograma dos níveis de

ações para a implantação de técnicas de Produção Mais Limpa, foi utilizado como

parte desta metodologia os passos grifados em verde, conforme Figura 5.

Figura 5 – Níveis de aplicação da Produção Mais Limpa / adotados.

Fonte: Do autor, adaptado de CNTL (2010); Werner; Bacarji; Hall (2009) e De CNTL (2001) apud

FILHO et al. (2007).

Produção Mais Limpa

Reuso de resíduos, efluentes e emissões

Minimização de

resíduos e emissões

Nível 1 Nível 2 Nível 3

Ciclos biogênicos

Substituição de

matérias-primas

e materiais

Modificação

tecnológica Soluções

caseiras

Reciclagem interna

Materiais

Redução na

fonte

Reciclagem externa

Modificação no produto

Modificação

no processo Estruturas

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4.3.1 Identificação das etapas da produção

A identificação das etapas da produção dos componentes metálicos foi

realizada por meio de visitas ao setor, na intenção de acompanhar o processo

produtivo. Essas visitas possibilitaram a identificação dos principais pontos de

coletas de dados. O controle de produção foi feito conforme o sistema próprio

utilizado pela empresa. Neste sistema há um controle diário de produção, onde são

monitorados todos os componentes produzidos e seus respectivos estragos, os

resíduos de processo.

Quanto ao resíduo sólido gerado, as sucatas, foram avaliadas conforme

procedimentos da empresa. Porém, para melhor visualização da geração de

resíduos, os mesmos foram computados em quilograma. A pesagem dos estragos

gerados na produção dos componentes metálicos são feitas em uma balança digital,

da marca Müller, modelo BM 5000, com capacidade para 3.000 kg. A balança se

encontra na parte externa da empresa (FIGURA 6).

Figura 6 – Balança de pesagem da sucata.

Fonte: Autor

Na Figura 7, apresenta-se um fluxograma do processo produtivo dos

componentes metálicos para facilitar a visualização.

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Figura 7 – Fluxograma do processo produtivo dos componentes metálicos.

Fonte: Autor

Nas Figuras 8 e 9 podemos identificar alguns tipos de componentes, com e

sem vedante aplicados. A Figura 8 corresponde aos componentes da linha 5 LRT

setor sem pressão, onde a aplicação de vedante é realizada através de carimbo.

Figura 8 – Componentes 5 LRT.

Fonte: Autor

FLUXOGRAMA

Borracheiro

Prensa Tesoura

Curlingadeira

Estufa de secagem Embalador

Geração de resíduo

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Já a Figura 9 corresponde aos componentes fundo aerossol do setor de

aerossol, e sua aplicação é feita através de esguicho.

Figura 9 – Componentes Fundo Aerossol.

Fonte: Autor

4.3.2 Levantamento dos dados

O levantamento de dados foi realizado no período de 03/09/2012 à

29/09/2012.

Para cada etapa do processo foi quantificado o consumo de matéria-prima, a

produção de cada linha de componentes metálicos e, consequentemente, a geração

de resíduos considerados como estragos de produção. A frequência das lavagens

de peças e equipamentos junto à ETE do vedante, caracterizando, assim, a geração

de seus resíduos.

Conforme Köche (2002), é necessário haver uma sequência do planejamento

das observações ou testes, bem como a delimitação do problema e suas variáveis,

a fim de verificar se as possíveis relações propostas são pertinentes ou não. Na

Figura 10 pode ser observado o borracheiro nas linhas do setor de aerossol, onde o

vedante é aplicado através de esguicho. Esta aplicação é feita com uma fina

camada que é aplicada sobre as bordas dos componentes.

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Figura 10 – Borracheiro com aplicação de bico.

Fonte: Autor

A aplicação de vedante através de carimbo ocorre no setor sem pressão,

onde existe uma bandeja com vedante. As placas (moldes) são pressionadas sobre

os componentes. Desta forma, é aplicado o vedante sobre o componente (FIGURA

11).

Figura 11 – Coxos de aplicação de vedante por carimbo.

Fonte: Autor

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O estudo foi baseado em informações coletadas junto às pessoas

diretamente envolvidas no processo de aplicação de vedantes dos componentes

metálicos e pessoas envolvidas com lavagem e uso da ETE do vedante (FIGURA

12). Também foram analisados relatórios e observações do processo, chegando-se

aos dados coletados, onde foram transformados em dados para o estudo.

Figura 12 – Estação de Tratamento de Efluentes.

Fonte: Autor

No setor de estamparia foram feitas análises do processo de aplicação de

vedantes, atividades geradoras dos efluentes produzidos na ETE do vedante. O

presente trabalho visou estudar a possibilidade de eliminação desta ETE do

vedante, propondo novas formas de limpeza ou substituição das mesmas,

aplicando, desta forma, técnicas de Produção Mais Limpa.

O desenvolvimento do trabalho dividiu-se em três etapas. Na primeira etapa

elaborou-se um levantamento da produção gerada e respectivos estragos,

caracterizados como resíduos. Na segunda etapa, realizou-se o levantamento da

geração de efluentes junto a ETE e a frequência de sua utilização por cada linha, ou

processo de fabricação. Na última etapa, propôs-se alternativas e estudaram-se

possibilidades de melhorias, através de técnicas de Produção Mais Limpa, com o

objetivo de minimizar ou eliminar a utilização da ETE neste processo.

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Quanto à identificação dos resíduos gerados durante o processo de

fabricação de componentes metálicos, os mesmos foram divididos em dois grupos,

resíduo sólido e resíduo líquido, também denominados de efluentes. Já em relação

à quantificação dos mesmos, adotou-se os critérios de peso em kg para os resíduos

sólidos, e metros cúbicos (m3) para resíduos líquidos.

Avaliou-se os locais de armazenamento dos resíduos sólidos gerados no

tratamento de efluentes, o lodo da ETE do vedante e as sucatas. Desta forma,

verificou-se a geração destes resíduos, identificando os locais e atividades de suas

gerações.

Algumas medidas foram adotadas para colocar em prática a possibilidade da

redução ou eliminação do tanque de lavagem de peças junto à ETE do vedante:

Dentre estas, a substituição dos reservatórios dos borracheiros, por sistema de

abastecimento através de instalações de bombas diretamente conectadas aos

tambores do produto, substituição da malha dos filtros, para a redução da

frequência da limpeza. Também foram adotadas programação simultânea de

lavagem dos filtros, para reutilização da mesma água nas demais lavagens e

revestimento dos coxos, na aplicação de vedantes por carimbo, com uma capa

plástica, tipo camisinha. Aquisição de mais panos para limpeza e reunir todos os

envolvidos no processo para um efetivo envolvimento de todos, para, desta forma,

reduzir desperdícios de matéria prima nos processos.

Após a implementação de um programa de P+L, onde a finalidade é evitar a

geração de resíduos destinados a ETE do vedante, foi realizada uma avaliação

detalhada do retorno econômico que se possa ter com o processo implantado.

Também foram mensurados os ganhos ambientais gerados com as técnicas

implementadas.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados esperados para o presente trabalho são primeiramente, avaliar

as propostas sugeridas para a eliminação das instalações da ETE do vedante

existente. Posteriormente, verificar a viabilidade da implantação das técnicas de

Produção Mais Limpa. A ETE é decorrente das limpezas das peças, entre outros,

utilizados no processo de aplicação de vedantes junto aos componentes metálicos

(anéis / domos e fundos) das embalagens metálicas.

Este trabalho possibilitou identificar e avaliar cada etapa do processo,

propondo melhorias e alternativas para a redução do desperdício, com base na

metodologia de Produção Mais Limpa. Os dados foram coletados em vinte e três

dias úteis, e validados com base no volume médio produzido neste período. Os

dados apresentados a seguir são baseados em informações reais, no entanto,

foram divididos por um coeficiente, a fim de garantir e preservar o sigilo industrial.

5.1 Produção de componentes metálicos

No setor de aerossol são produzidos diariamente em média 658.936

componentes (Fundos e Domos). Os mesmos foram quantificados em quilos, sendo

assim 7.068 kg/dia de componentes, onde são aplicados os vedantes. Conforme

consulta junto ao setor de Controle de Qualidade da empresa, responsável pelo

controle de todas as embalagens e componentes produzidos e suas devidas

especificações, conforme a Tabela 3 as especificações das quantidades de

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vedantes aplicados em cada tipo de componente. De acordo com a tabela,

podemos visualizar cada linha de produção e respectiva aplicação de vedante.

A unidade de medida para este estudo é kg. Portanto, foram transformadas

todas as especificações de aplicação de vedante de mg para kg, conforme Tabelas

3 e 5.

Tabela 3 – Especificação por tipo de componente e sua aplicação de vedante / setor

de aerossol.

Componente Especificação da aplicação de vedante /mg Vedante aplicado/kg

Domo 057 120 0,00012

Fundo 057 120 0,00012

Domo 065 130 0,00013

Fundo 065 130 0,00013

Fundo 052 100 0,00010

Domo 052 100 0,00010

Fonte: Autor

De acordo com a Tabela 4 podemos visualizar cada linha de produção e

respectiva geração de seus resíduos (metálico/sucata).

Tabela 4 – Produção e geração de resíduos mensal do setor de aerossol.

Componente Produção/kg Resíduo gerado/kg

(sucata)

Vedante aplicado

Domo 057 73.004,38 317,90 750,00

Fundo 057 56.808,93 88,49 720,24

Domo 065 3.403,08 9,83 20,71

Fundo 065 10.509,05 100,16 92,31

Fundo 052 7.246,97 79,47 90,47

Domo 052 11.598,94 73,55 112,94

Total 162.571,35 669,40 1.786,68

Fonte: Autor

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No setor de latas sem pressão são produzidos diariamente em média 53.318

componentes metálicos como anéis e fundos. Os mesmos foram quantificados em

quilos, ou seja, 2.632 kg/dia de componentes, onde são aplicados os vedantes. De

acordo com a Tabela 6, pode-se visualizar cada linha de produção e respectiva

geração de resíduos (metálico/sucata).

Tabela 5 – Especificação por tipo de componente e sua aplicação de vedante / setor sem pressão.

Componente

Especificação da aplicação

de vedante /mg

Média de vedante

aplicado/mg

Média de vedante

aplicado/kg

Anel ½ LRT 40 a 120 80 0,000080

Fundo ½ LRT 40 a 120 80 0,000080

Anel 1 LRT 52 a 114 83 0,000083

Fundo 1 LRT 52 a 114 83 0,000083

Anel 5 LRT 83 a 215 149 0,000149

Fundo 5 LRT 83 a 215 149 0,000149

Fundo TR 1.000 a 1.500 1.250 0,001250

Fonte: Autor

Tabela 6 – Produção e geração de resíduos mensal do setor sem pressão.

Componente Produção/kg Resíduo gerado/kg

(sucata)

Vedante aplicado / kg

Anel ½ LRT 1.454,70 1,94 11,27

Fundo ½ LRT 628,87 0,99 5,21

Anel 1 LRT 3.035,58 18,82 17,38

Fundo 1 LRT 3.367,48 6,67 17,88

Anel 5 LRT 8.270,61 8,39 29,67

Fundo 5 LRT 8.451,47 7,52 28,62

Fundo TR 35.344,59 50,69 255,38

Total 60.553 95,02 365,41

Fonte: Autor

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Todo esse processo de tratamento junto à ETE de vedante acaba gerando

resíduos líquidos (efluentes) e sólidos sob a forma de lodo, na ETE. Os efluentes

são gerados durante a limpeza das peças utilizadas nos borracheiros, produzindo

um resíduo sólido conhecido como lodo. Os resíduos sólidos gerados no tratamento

de efluentes, denominada como borra de vedante (lodo da ETE), são armazenados

em tambores e identificados de acordo com a sua classificação. Posteriormente, são

encaminhados com as devidas documentações para aterro controlado, destinação

final e adequada, conforme Anexo A e B. É possível verificar o Laudo do resíduo e

sua classificação segundo código da FEPAM (ANEXO A). E a ficha para transporte

de resíduos MTR (ANEXO B).

5.2 Levantamento da geração de resíduos no processo

Existem as perdas geradas durante o processo de fabricação dos

componentes (sucatas), onde foram avaliadas a produção x geração de resíduos

metálicos (sucata) de cada setor em quilogramas percentuais (FIGURA 13).

Também existem as perdas durante a aplicação do vedante, que foram computadas

como perdas de processo, caracterizadas como vazamentos, sobras existentes

junto aos tambores, desperdícios e as lavagens junto à ETE.

Figura 13 – Produção mensal x Resíduos mensais em Kg percentuais

Fonte: Autor

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5.2.1 Levantamento da geração de efluentes gerados na ETE

Como não havia números exatos da geração de efluentes lançados, somente

uma estimativa baseada na capacidade do tanque, foi sugerido de imediato a

instalação de um hidrômetro para verificação da quantidade de efluente gerado em

cada batelada.

O setor responsável pelo gerenciamento e tratamento dos efluentes e

resíduos gerados no processo de fabricação de componentes metálicos é o Controle

de Qualidade. Conforme levantamentos feitos in loco, são gerados em média 1 m3

de efluentes por semana, ou seja, duas bateladas semanais.

Os efluentes gerados na ETE (FIGURA 14), são provenientes das lavagens

de peças e acessórios utilizados no processo de aplicação de vedante junto aos

componentes metálicos. Estas peças e acessórios são bicos de aplicação, carimbos

de aplicação, filtros das bombas, coxos e reservatórios dos borracheiros, baldes e

canecas usadas para manipulação e abastecimento do vedante.

Figura 14 – Efluente após tratamento e o lodo (ETE).

Fonte: Autor

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5.2.2 Levantamento da geração de resíduo sólido (lodo) da ETE

Durante a primeira semana foram feitas duas bateladas junto à ETE, gerando

aproximadamente 850 litros de efluentes, onde os mesmos foram lançados na rede

de esgoto da empresa. Para maior controle, foi sugerido a instalação de um

hidrômetro na saída da ETE, para uma real avaliação da geração de efluentes, lodo.

Com essas duas bateladas, resultou em 56 kg de lodo no total. Destes, 25 kg foram

resultantes da primeira batelada e 31 kg provenientes da segunda batelada.

Portanto, conclui-se que a ETE gera mensalmente 225 kg de lodo (borra de

vedante).

5.2.3 Custos e destinação final do lodo

De acordo com orçamento realizado no mês de abril de 2012, o preço para

destinação final do resíduo classe II, é de R$: 260,00/m3. São produzidos 225 kg de

resíduos (lodo) mensalmente e 2,7 m3

anualmente.

Já o lodo é enviado para a central de aterros controlados no município de

Chapecó, no estado de Santa Catarina, pela empresa responsável CETRIC (Central

de Tratamento de Resíduos Sólidos Industriais e Comerciais). Conforme a empresa,

todas as suas instalações possuem Licença Ambiental de Operação emitida pela

FATMA/Chapecó-SC, sob nº 539/2008 E 512/2010. (FATMA = Fundação de

Amparo à Tecnologia e Meio Ambiente).

Por ano, a ETE gera em média 2,7 m3 de resíduos sólidos, tendo um custo

anual, só em relação à destinação final de resíduo sólido de R$: 702,00.

5.3 Estudo de novas tecnologias para eliminação da ETE

Conforme mencionado anteriormente, o estudo para tentar eliminar a

operação de lavagem de vedante tem o apoio da gerência da empresa. Sendo

assim, em reunião com os envolvidos diretamente no processo, avaliou-se e

estudou-se maneiras de implantação de algumas medidas neste contexto, dentre

estas:

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a) Substituir os reservatórios dos borracheiros, que necessitam de limpezas,

junto à ETE, por sistema de abastecimento através de instalações de bombas

diretamente conectadas aos tambores do produto;

b) Estudar a possibilidade de eliminar, nas linhas de aerossol os reservatórios

pequenos pressurizados adaptando um sistema de transmissão com bomba

de pistão, utilizando tambores de 200 litros, que após utilizado, é substituído

por outro cheio;

c) Reduzir a frequência da limpeza destes filtros, através da utilização de filtros

com malha maior;

d) Programar lavagem simultânea para reutilização da mesma água nas demais

lavagens dos filtros, quando houver a necessidade deste processo;

e) Avaliar a possibilidade de revestir os coxos, com uma capa plástica (tipo

camisinha), na aplicação de vedantes por carimbo, eliminando processo de

limpeza dos coxos junto à ETE;

f) Solicitar ao setor de compras, a inclusão no contrato de fornecimento de

panos para limpeza a aquisição de mais 250 panos para a limpeza dos

utensílios e peças da máquina;

g) Reunir todos os operadores dos borracheiros para um efetivo envolvimento

de todos, visando reduzir desperdícios de matéria prima nos processos.

Posteriormente às discussões, foram sugeridas a aquisição de bombas para

abastecimento automático dos borracheiros.

Conforme a Figura 15, pode-se observar um borracheiro com reservatório

para vedantes, onde o reservatório foi eliminado, e substituído por um sistema de

abastecimento, instalando bombas de sucção, conectadas diretamente aos próprios

tambores de vedantes (FIGURA 16).

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Figura 15 – Reservatório do borracheiro.

Fonte: Autor

O reservatório da máquina (coxos), Figura 15, foi eliminado com a instalação

da bomba de abastecimento direto do tambor de vedante (FIGURA 16).

Figura 16 – Bomba de Abastecimento.

Fonte: Autor

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Percebeu-se que esta medida trouxe benefícios na redução da quantidade de

resíduos gerados no final de cada semana, quando da limpeza dos coxos e seus

reservatórios. Havia muito vedante a ser removido nas paredes dos reservatórios,

necessitando grande quantidade de água na remoção, consequentemente, gerando

um volume de efluente maior.

Um ponto a ser avaliado nesta medida é a lavagem da bomba e suas peças,

como filtros. Já a limpeza dos filtros da bomba, conforme Figura 17, são realizadas a

cada quatro meses e são necessários aproximadamente 1/3 do tambor de água

limpa para recircular junto à bomba. A água proveniente desta limpeza pode ser

reutilizada neste processo, quando envolver o mesmo tipo de vedante, ou seja,

realizar mais lavagens com a mesma água (FIGURA 18). Estas limpezas também

ocorrem por motivos de troca de vedante na aplicação, outro tipo de vedante a ser

aplicado, conforme especificações da produção.

Figura 17 – Limpeza da bomba, com água reutilizada.

Fonte: Autor

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Figura 18 – Limpeza das peças do filtros.

Fonte: Autor

Figura 19 – Coxos de aplicação de vedante por carimbo, sem uso da capa plástica.

Fonte: Autor

Na aplicação de vedante por carimbo, um dos coordenadores de produção,

sugeriu o revestimento dos coxos de aplicação de vedante com capa plástica

Figuras 20 e 21. Esta sugestão evita o contato do vedante com o coxo de

reservatório da máquina na Figura 19, eliminando a limpeza dos mesmos, a

lavagem dos coxos junto à ETE.

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Figura 20 – Coxos de aplicação de vedante por carimbo com uso da capa plástica.

Fonte: Autor

Figura 21 – Coxos de aplicação de vedante por carimbo com o uso da capa plástica.

Fonte: Autor

No final de cada semana, após realização da troca e limpeza dos

borracheiros, verificou-se que o total de capas plásticas geradas é de dez por

semana. Foram pesadas duas capas plásticas, descartadas junto ao local de

resíduo. Uma pesando 0,172 kg, conforme Figura 22, com menor proporção de

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resíduo e outra 0,262 kg, (FIGURA 23), com maior proporção de resíduo. Somando

ambas, obteve-se a média de 0,217 kg para cada capa plástica de resíduo.

Figura 22 – Peso da capa plástica com menor proporção de resíduos.

Fonte: Autor

Figura 23 – Peso da capa plástica com maior proporção de resíduos.

Fonte: Autor

A geração mensal de resíduo sólido em kg é de 8,68 kg de resíduos sólidos.

Estes resíduos têm as mesmas características do produto utilizado, podendo ser

descartado como anteriormente, caracterizando como resíduo classe II – não inerte,

conforme (ANEXO A).

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Ainda neste foco, foi sugerido por um dos funcionários, o revestimento dos

baldes e canecas com capas plásticas adotadas nos coxos (FIGURA 24),

eliminando a necessidade de lavagens destes utensílios.

Figura 24 – Caneca plástica revestida com uma capa plástica.

Fonte: Autor

Somente no setor de latas sem pressão estão sendo realizados os testes

referente ao uso das capas plásticas, onde a aplicação é realizada através de

carimbo. Com esta medida, passaram-se três semanas sem necessidade de

limpeza e lavagens junto à ETE. Porém, com essa medida, criou-se a geração de

resíduos sólidos provenientes destes testes, que são as capas plásticas após sua

utilização.

Com este procedimento, aumentou a geração de resíduo sólido com plástico

sujo de vedante, pois anteriormente só existia em virtude do revestimento do próprio

tambor. Foi mensurada a quantidade gerada apenas com novas propostas. Com os

dados concluídos, foi feito um comparativo da ETE (efluente mais lodo) x capa

plástica (FIGURA 25).

Para a confecção do gráfico (FIGURA 25), somente foi avaliado o resíduo

sólido, ou seja, lodo. Na Figura 25, estão os comparativos de resíduo sólido da ETE

e resíduo da nova tecnologia de Produção Mais Limpa, da não utilização da ETE,

sem considerar o efluente.

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Figura 25 – Geração de resíduos mensal em Kg percentuais.

Fonte: Autor

Outra medida sugerida e, posteriormente testada com sucesso, foi a limpeza

dos coxos e das placas dos borracheiros com uso de pincéis e panos de tecido

embebidos com solvente, para facilitar a remoção do vedante (FIGURA 26). Para a

remoção do vedante mais seco, incrustados, armazenados junto às paredes dos

reservatórios dos coxos, é utilizado uma espátula para raspagem. Com esta simples

medida, o objetivo de eliminação da ETE foi atingido, através de soluções caseiras

objetivando as técnicas de Produção Mais Limpa.

Figura 26 – Panos e Balde para limpeza dos borracheiros.

Fonte: Autor

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Para a efetivação da substituição das lavagens junto à ETE, foi testada a

limpeza nos locais de trabalho, utilizando apenas um balde com água e pano

umedecido (FIGURA 26). Outro procedimento adotado foi o uso de solvente,

eliminando o uso da água, que além de ser mais eficiente, não gera efluentes.

Houve a geração de uma quantidade mínima de resíduo sólido, que fica impregnado

junto aos panos de limpeza. Periodicamente, os mesmos são enviados para

empresa Toalheiro Brasil, para lavagem e reutilização dos mesmos. Foi solicitado

para o setor sem pressão mais 250 peças/mensais de panos para limpeza,

eliminando, assim, a utilização da ETE.

Conforme a Figura 27, o resíduo de vedante, fica armazenado próximo à

ETE, em uma área coberta. O armazenamento é feito nos próprios tambores e após

esgotada sua capacidade, o mesmo é lacrado com cinta metálica e posteriormente

enviado ao aterro industrial, como resíduo classe II.

Figura 27 – Tambor de armazenamento das capas plásticas.

Fonte: Autor

A aplicação de vedante por carimbo é feita apenas nas linhas sem pressão,

mais especificamente nos componentes das linhas ½ LRT, 1 LRT e 5 LRT. Nos

componentes da linha do balde, a aplicação é feita por bico e não através de

carimbo. Porém, também é utilizada capa plástica nos utensílios, no caso, uma

caneca para esta operação. Desta forma, são consumidos três plásticos por linha,

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dois plásticos para os coxos e um plástico para recipiente. Como a aplicação do

balde não é feita por carimbo, apenas por bico, só há a necessidade de uma capa

plástica nesta linha.

Desta forma, foi realizado um comparativo de custos, onde verificou-se um

ganho ambiental e econômico de 2.571% (FIGURA 28).

Figura 28 – Custos para a destinação do resíduo de Lodo x Capa plástica.

Fonte: Autor

Conforme o gráfico, pode-se perceber que somente neste item conseguimos

uma economia financeira anual de R$: 674,70, considerando somente a destinação

final do resíduo.

Neste trabalho, além de avaliar e propor alternativas para a redução de

resíduos e, em especial, a eliminação da ETE através de tecnologias limpas,

observou-se que no setor de aerossol havia um descontrole e má administração de

insumos utilizados no processo estudado, no caso, aplicação de vedante nos

componentes metálicos. Verificou-se que no setor de aerossóis estavam sendo

descartados aproximadamente 15% de vedantes bons, em condições de uso, como

resíduo.

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Durante o estudo, no setor de aerossol haviam dois tambores sendo

descartados como resíduo, porém havia em seu interior vedante. Desta forma,

foram rastreados estes dois tambores, e verificou-se que sua utilização foi na linha

Fundo 057. O mesmo encontrava-se desconectado ao borracheiro, caracterizando

que não havia mais produto em seu interior. Neste tambor havia aproximadamente

15% de vedante e o operador da máquina já havia desconectado a bomba, para

posterior descarte, alegando serem sobras.

Verificou-se que o tambor identificado encontrava-se junto à área de

resíduos, com os demais tambores. Quando o mesmo foi aberto, percebeu-se que o

vedante estava mais líquido, pois sua característica é mais densa, e seu volume

apresentava em torno de 30% do tambor, aproximadamente 50 kg. Segundo

informações da química responsável, aquela sobra era efluente gerado no processo

de limpeza das bombas, filtros e mangueiras. Portanto, este efluente é proveniente

da lavagem junto à produção, e não na ETE.

Figura 29 – Tambor de vedante sendo descartado como resíduo.

Fonte: Autor

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Neste contexto, foi pesado o tambor para verificar sua pesagem e poder

avaliar o quanto de produto foi descartado como resíduo. Conforme Figura 30, o

peso total encontrado foi de 43 kg. Descontado o peso da embalagem do tambor,

que é de 14,5 kg, segundo identificação no rótulo do tambor, foram descartados 28

kg de vedante como sobra de processo, ou seja, resíduo.

Figura 30 – Pesagem do tambor descartado como resíduo.

Fonte: Autor

Conforme mencionado anteriormente, cada componente desta linha, FUNDO

057, conforme especificações, utiliza 120 miligramas de vedante, ou seja, 0,00012

kg (TABELA 3). Uma vez que foi desperdiçado 28 kg de vedante, deixou-se de

produzir aproximadamente 233.000 componentes de FUNDO 057 do setor de

aerossol.

Após consulta no setor de compras referente aos preços em R$ por kg de

cada tipo de vedante, tabularam-se os preços conforme cada produto. Desta forma,

foi feito um levantamento de real desperdício com sobras de cada tambor (TABELA

7). Portanto, observou-se um desperdício de matéria prima e financeiro.

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Tabela 7 – Produção e geração de resíduos do setor de aerossol.

Tipo de

Vedante

Aplicação Peso Líquido

do tambor/Kg

Peso Líquido

da sobra/Kg

Preço em

R$ do Kg

Desperdício em

R$ por tambor

Atlanta

Coatings

Aerossol /

Domo 065

190 kg 28,5 kg R$: 16,30 R$: 464,55

Silmar Aerossol /

Fundo 057

235 kg 28 Kg R$: 16,00 R$: 448,00

Fonte: Autor

Deve-se propor alternativas para minimizar este desperdício, como na troca

de tambor, despejar o restante no novo tambor. Como evidenciado, existe em todos

os tambores com vedante uma capa plástica interna. Desta forma, fica fácil

manipular o produto quando o mesmo está terminando, e até mesmo para seu

descarte.

Foram também mensurados os custos operacionais do sistema de tratamento

do vedante, envolvendo todos os aspectos relacionados com o seu tratamento,

desde o descarte dos efluentes, produtos químicos, materiais diversos, mão de

obra, análise laboratoriais exigidas pelos órgãos ambientais e destinação final do

próprio resíduo. Na Tabela 8, pode-se verificar o custo anual em reais da operação

da ETE.

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Tabela 8 – Custo anual da ETE em R$.

Itens Quantidades Preço Unitário Investimento Final

Consumo de água utilizada na ETE. 48 m3 R$: 8,05 R$: 386,40

Energia elétrica utilizada no motor da ETE. 282,5 KWh R$: 0,39 R$: 110,18

Coagulante / Aquax 750. 40 Litros R$: 9,40 R$: 376,00

Floculante / Alumifloc. 120 Litros R$: 12,40 R$: 1.488,00

Biomaxel. 15 Kg R$: 55,00 R$: 825,00

Medidor de pH. 100 pç. R$: 0,28 R$: 28,00

Mão de obra / Operação da ETE. 500 horas R$: 65,00 R$: 32.500,00

Análises Físico-Químicas. 06 R$: 560,00 R$: 3.360,00

Toxicidade Aguda 3 Níveis Tróficos. 01 R$: 1.617,00 R$: 1.617,00

Material utilizado: panos, areia, brita e cal. -- R$: -- R$: 500,00

Tambores. 12 R$: 16,00 R$: 192,00

Destinação do resíduo (lodo). 2,7 m3 R$: 260,00 R$: 702,00

CUSTO TOTAL RS: 42.084,58

Fonte: Autor

Através de avaliações com fornecedores e alguns testes realizados, optou-se

pela bomba Monark Inox 5:1 GR 224-350 código 224350 - Graco, que é indicada

para transferência de fluídos com média viscosidade, adesivos, fluídos a base

d’agua e possui baixa e media resistência a abrasão. Também foram adquiridos

reguladores de fluído Inox 5-100 PSI GR 214-706 código 214706 - Graco, onde sua

aplicação é indicada para regular fluídos diversos como tintas, solventes, resinas

com viscosidade média. Com a instalação destes reguladores de fluído obteve-se

um rendimento satisfatório tanto para o vedante alto sólido e baixo sólido. Na Tabela

9, podem-se observar os investimentos para a implantação das técnicas de P + L

propostas no trabalho.

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Tabela 9 – Investimentos para eliminação da ETE.

Itens Quantidades Preço Unitário Investimento Final

Bomba 5:1 MONARK (Inox) GR 224-350. 06 pç. R$: 8.250,00 R$: 49.500,00

Regulador de Fluído 5-100 (Inox) GR 214-

706.

06 pç. R$: 1.374,00 R$: 8.244,00

Panos para limpeza. 250 pç. R$: 0,47 R$: 117,50

Substituição das malhas dos filtros. 06 pç. R$: 65,00 R$: 390,00

Destinação do resíduo (lodo). 0,96 m3 R$: 260,00 R$: 249,60

INVESTIMENTO TOTAL R$: 58.501,10

Fonte: Autor

Conforme a Tabela 9, as bombas e os reguladores adquiridos representam o

maior investimento para a implantações propostas, objetivando a eliminação das

lavagens junto a ETE. Cabe salientar, que estes equipamentos possuem uma vida

útil de mais de dez anos, pois os mesmos são compostos de material inoxidável, o

que representa uma maior resistência e consequentemente um aumento na

durabilidade, vida útil dos equipamentos. Portanto, a viabilidade econômica do

investimento inicial em relação aos custos operacionais da ETE é viável, pois o

retorno de investimento será de menos de dois anos. Já em relação aos aspectos

ambientais já foram mensuradas anteriormente, onde representou uma redução na

geração de resíduos sólidos (lodos) de 2.500%.

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6 CONCLUSÃO

Este trabalho teve por objetivo descrever e propor melhorias para a redução

e/ou eliminação nas lavagens junto à ETE do vedante, em decorrência da aplicação

de vedantes nos componentes de embalagens metálicas, utilizando além dos

conceitos e algumas técnicas, descritas pela P + L, também algumas soluções

simples que melhor se adaptassem a estes processos. Os resultados podem ser

considerados satisfatórios, uma vez que todas as etapas planejadas foram

realizadas. No desenvolvimento do trabalho observou-se a importância do

comprometimento de todos os envolvidos para garantia dos resultados.

O êxito no estudo se deve, em parte, ao referencial teórico, no qual se

buscaram apresentar conceitos e ideias considerados relevantes para a realização

das etapas. Conclui-se ainda que a metodologia adotada possa ser estendida para

os demais processos da empresa, por ser de fácil utilização e por apresentar

objetividade nos resultados.

No que tange aos objetivos de desempenho, salienta a importância do

envolvimento de todos dentro de uma organização, pois sem o auxílio de todos,

muitas das propostas descritas não atingiriam seus resultados e,

consequentemente, os objetivos aqui alcançados.

Um ponto positivo que deve ser salientado neste trabalho é o apoio da

empresa na implantação de novas ideias, pois em alguns casos, são necessários

alguns investimentos ou mudanças de processo. Outro ponto é a participação dos

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funcionários que auxiliaram o autor a coletar informações e implantar as atividades,

e que foram de suma importância para que o trabalho pudesse ser realizado. A troca

de informações e experiências permitiu ao autor maior crescimento pessoal e

profissional, em termos de liderança e trabalho em equipe.

A minimização da quantidade de efluentes e seu conteúdo poluente lançados

no corpo hídrico são considerados um dos maiores desafios para as empresas. Este

procedimento evita impacto nos ecossistemas aquáticos e na biodiversidade e a

alteração das características naturais dos recursos hídricos.

Há empresas realmente interessadas em adotar uma Produção Mais Limpa,

que reduzam os impactos ambientais e, ao mesmo tempo, melhorem a eficiência

operacional, identificando oportunidades de redução de custos e riscos ambientais.

Mesmo assim, os impactos ambientais não deixarão de existir, porém devem ser o

menos agressivo possível.

Neste estudo, foi verificado que a geração de resíduos sólidos, a empresa

estudada possui um rigoroso controle da geração de resíduo sólido, o mesmo é

acompanhado diariamente e estratificado mensalmente, onde tanto no setor de

estamparia do aerossol, como no setor de estamparia sem pressão existe uma

meta, que é de 0,25%. Este controle é para evitar perdas de matéria prima, como

sucata.

Este trabalho também obteve números consideráveis em relação aos

aspectos financeiros, ou seja, com a implantação de técnicas de P + L, atingiu-se

ganhos econômicos de 2.500% a menos, somente na destinação final de resíduos

da ETE. Também observou-se desperdício de matéria prima, sendo descartados

sem controle e gerando mais resíduos e perdas financeiras.

Sendo assim, este estudo alcançou seus objetivos propostos, na medida em

que reuniu os conhecimentos teóricos sobre o Sistema de P + L e seus conceitos de

ferramentas, com a implantação das técnicas de redução de desperdício, bem como

a redução nos resíduos gerados.

Assim como tratamento adequado e destinação dos resíduos são

importantes, também é de suma importância que os resíduos gerados sejam cada

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vez menos produzidos e mais reaproveitados, a fim de evitar o desperdício e

contribuir para uma sociedade mais responsável e equilibrada. O uso excessivo de

recursos naturais, o consumismo exagerado, a degradação ambiental e a

quantidade de resíduos gerados são rastros deixados pela humanidade e que

precisam ser repensados. Incorporar os conceitos de sustentabilidade é necessário

para uma convivência com qualidade de vida, e que esta condição seja preservada

para as futuras gerações.

Portanto, houve sim um investimento inicial mais expressivo em relação aos

ganhos financeiros com as medidas propostas. Porém, neste caso, o retorno

financeiro será de menos de dois anos, desta forma pode-se concluir que são

viáveis as medidas propostas neste trabalho. Lembrando que o foco principal é, sem

dúvida, os aspectos ambientais. Conclui-se que a viabilidade das ações propostas

são relevantes, pois obteve-se ganhos econômicos e ambientais de suma

importância.

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Limpa: Conceitos e definições metodológicas. SEGET – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia. 2009. Disponível em: <http://www.aedb.br/seget/artigos09/306_306_PMaisL_Conceitos_e_Definicoes_Metodologicas.pdf>. Acesso em: 05 abr. 2012.

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ANEXOS

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ANEXO A – Laudo Técnico de Classificação de Resíduo Sólido Industrial

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ANEXO B – Modelo de MTR