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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL Bruna Liska Viabilidade da Implantação de um programa de P+L em um processo produtivo do setor metal mecânico em uma empresa no município de Não-Me-Toque Passo Fundo, 2014.

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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

Bruna Liska

Viabilidade da Implantação de um programa de P+L em

um processo produtivo do setor metal mecânico em uma

empresa no município de Não-Me-Toque

Passo Fundo, 2014.

1

Bruna Liska

Viabilidade da Implantação de um programa de P+L em

um processo produtivo do setor metal mecânico em uma

empresa no município de Não-Me-Toque

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

curso de Engenharia Ambiental, como parte dos

requisitos exigidos para obtenção do título de

Engenheiro Ambiental.

Orientador: Prof. Mauri Federizzi, Mestre.

Passo Fundo , 2014.

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“Felicidade é quando o que você PENSA, o que você DIZ

e o que você FAZ estão em harmonia”

Gandhi

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AGRADECIMENTOS

Sou grata antes de tudo, a Deus, por proporcionar em mim a determinação e coragem

que eu precisava para ir além dos meus limites nestes cinco anos dedicados à Engenharia

Ambiental e principalmente por poder desfrutar dos resultados desta caminhada.

Agradeço aos meus pais, Nelson Fernando Liska e Lúcia Maria Liska, pelos infinitos

ensinamentos repassados e pela confiança sempre depositada em mim. Obrigada por me fazer

acreditar que nada é impossível, por me proporcionar a melhor vida que alguém poderia ter.

Aos meus irmãos, Fernanda e Thomas, por me acompanhar durante toda essa

caminhada, sempre me apoiando, me aconselhando, me ajudando a escolher quais caminhos

a seguir. Amo vocês dois mais que amo a mim mesma.

Agradeço aos meus familiares, tios, primos, meu avô e avó (in memorian) e a minha

oma, por todo apoio que me deram durante esses anos. Sei que onde estiverem, estarão sempre

me protegendo e olhando por mim.

Aos meus amigos e colegas, em especial a minha melhor amiga Thaise Santin Sirena, a

quem devo muito, um exemplo de pessoa, agradeço pela paciência, companheirismo, pela força

que me deu nos momentos mais difíceis, pelos inúmeros conselhos e orientações que me

ajudaram a seguir novos caminhos, e quem compartilhou comigo os momentos mais felizes e

tristes.

Merece minha total gratidão a professora Viviane Rocha dos Santos, minha orientadora

de coração, pelo tempo e disposição prestados durante toda a elaboração do trabalho de

conclusão de curso e da Pesquisa Aplicada.

Por fim agradeço a Universidade de Passo Fundo, em especial ao curso de Engenharia

Ambiental e todos os professores pelos ensinamentos transmitidos ao longo desses anos.

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RESUMO

Ao longo do tempo, a produção industrial e o desenvolvimento econômico ocasionaram

diversos impactos negativos aos recursos naturais do planeta, o que refletiu na qualidade de

vida e na saúde ambiental da sociedade. Como resultado, a sociedade em geral e o governo

passaram a exigir das indústrias a adoção de um desenvolvimento sustentável. Tornando assim,

o mercado cada vez mais competitivo, sendo a variável ambiental uma questão de sobrevivência

para as organizações. Dessa forma, a prática de Produção mais Limpa (P+L) passa a ser um

instrumento de gestão para as empresas, a fim de buscar soluções para os problemas ambientais,

gerando também vantagens econômicas. Nesse contexto, o presente estudo objetivou analisar a

viabilidade de propostas identificadas de P+L numa empresa do ramo metal-mecânico no

município de Não-Me-Toque, assim como elaborar um plano para a implementação das

propostas e seu monitoramento. Através de uma análise técnica, econômica e ambiental de cada

proposta apresentada os resultados obtidos identificaram que a empresa possui quatro opções

viáveis para tornar seu processo de fabricação adequado a metodologia de produção mais limpa.

Foi elaborado um plano de implementação dessas atividades e seu monitoramento, para assim

solucionar problemas de resíduos sólidos, tais como: pó de granalha, efluentes com óleo, folhas

de papel contaminadas com tinta e efluentes atmosféricos, como o fumo metálico. Através de

análises econômicas foi possível demostrar aos proprietários da empresa ganhos futuros de

minimização e redução de custos de fabricação, bem como os benefícios ambientais,

evidenciando na empresa uma futura cultura ambiental.

Palavras-chaves: Produção mais Limpa; Viabilidade Técnica; Viabilidade Econômica;

Viabilidade Ambiental.

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ABSTRACT

Over time, industrial production and economic development caused many negative natural

resources of the planet , a fact reflected in the quality of life and environmental health impacts

of society . As a result, society in general and the government began to require industries to

adopt sustainable development. Thus, making the increasingly competitive market the

environmental variable being a matter of survival for organizations. Thus, the practice of

Cleaner Production (CP) becomes a management tool for companies to seek solutions to

environmental problems also generating economic benefits. In this context, the present study

aimed to analyze the feasibility of proposals identified P + L in the metal-mechanic company

branch in the city of Não-Me -Toque, as well as develop a plan for implementation of the

proposals and monitoring. Presented through a technical, economic and environmental analysis

of each proposal the results show that the company has four viable options to make your

manufacturing process suitable for cleaner production methodology. An implementation plan

and its monitoring of these activities, so as to solve problems of solid waste, such as was

elaborated: powder blasting, wastewater with oil, contaminated sheets of paper with ink and air

pollution control, as metallic smoke; through economic analysis was possible to demonstrate to

business owners to minimize future gains and reduced manufacturing costs as well as

environmental benefits, highlighting the company a future environmental culture.

Keywords: Cleaner Production; Technical viability; Economic viability; Environmental

viability.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Localização dos principais pólos metal-mecânicos no Rio Grande do Sul ............ 17

Figura 2 - Processo industrial genérico ................................................................................. 20 Figura 3 - Geração de resíduos sólidos industriais perigosos por setor industrial dos

empreendimentos inventariados no RS ................................................................................. 21 Figura 4- Evolução das questões ambientais. ........................................................................ 24

Figura 5 - Interação do processo de Produção mais Limpa com a planta industrial. .............. 25 Figura 6 - Eficiência no processo produtivo ......................................................................... 26

Figura 7 - Passos para implementação de um programa de P+L. ........................................... 28 Figura 8 - Fluxograma do processo produtivo de uma empresa............................................. 30

Figura 9 - Fluxograma da metodologia da P+L. .................................................................... 31 Figura 10 - Estágios da implementação do plano de monitoramento. .................................... 33

Figura 11 - Estrutura metodológica do desenvolvimento do estudo ...................................... 35 Figura 12 - Organograma do ECOTIME .............................................................................. 42

Figura 13 - Setor de recebimento de peças ........................................................................... 45 Figura 14 - Setor da solda .................................................................................................... 45

Figura 15 - Setor da usinagem .............................................................................................. 46 Figura 16 - Setor de preparação superficial - cabine de jateamento de granalha .................... 46

Figura 17 - Setor de preparação superficial - Banhos de desengraxe e fosfatização ............... 47 Figura 18 - Setor da pintura .................................................................................................. 47

Figura 19- Fluxograma do processo produtivo ..................................................................... 48 Figura 20 - Cabine de jateamento a ar de granalha................................................................ 64

Figura 21 - Conjunto H - Braço da Carregadeira .................................................................. 65 Figura 22 - Efluente gerado a partir do processo de calibração da peça H ............................. 66

Figura 23 - Modelo de cilindro hidráulico ............................................................................ 67 Figura 24 – Atual sistema na empresa, nenhum equipamento de captação de fumos de

soldagem.............................................................................................................................. 68 Figura 25 - Captador de fumos em soldagem ........................................................................ 69

Figura 26 – Atual sistema de proteção da peça com o auxílio de folhas de papel .................. 70 Figura 27 - Resíduo Classe I gerado a partir desse processo de proteção da peça .................. 70

Figura 28 - Teste realizado para definir qual a peneira mais indicada para ser usada nessa

atividade .............................................................................................................................. 72

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Entradas e saídas setor da preparação superficial .................................................. 49 Tabela 2- Entradas e saídas setor da solda ............................................................................ 51

Tabela 3- Entradas e saídas setor da pintura ......................................................................... 53 Tabela 4 - Cálculo do Payback para oportunidade 1 de P+L ................................................. 76

Tabela 5 - Cálculo do TIR para oportunidade 1 de P+L ........................................................ 76 Tabela 6 - Cálculo do Payback para oportunidade 2 de P+L ................................................. 78

Tabela 7 - Cálculo do TIR para oportunidade 2 de P+L ........................................................ 78 Tabela 8 - Cálculo do Payback para oportunidade 4 de P+L ................................................. 80

Tabela 9 - Cálculo do TIR para oportunidade 4 de P+L ........................................................ 80

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Funcionários do ECOTIME ................................................................................. 42 Quadro 2 - Identificação das barreiras à implantação do programa de P+L na empresa ......... 43

Quadro 3 - Entradas e saídas - Quantificação setor da preparação superficial ....................... 50 Quadro 4 - Entradas e saídas - Quantificação setor da solda ................................................. 52

Quadro 5- Entradas e saídas - Quantificação setor da pintura................................................ 54 Quadro 6 - Aspectos ambientais nos setores do foco da avaliação ........................................ 55

Quadro 7 - Balanço de material do setor de preparação superficial ....................................... 56 Quadro 8 - Balanço de material do setor da solda ................................................................. 58

Quadro 9 - Balanço de material do setor da pintura .............................................................. 60 Quadro 10 - Causa da geração dos resíduos .......................................................................... 62

Quadro 11- Plano de ação para atividade 1 de P+l ................................................................ 64 Quadro 12 - Plano de ação atividade 2 de P+L ..................................................................... 67

Quadro 13 - Composição química do arame de solda utilizado na empresa ........................... 67 Quadro 14 - Plano de ação atividade 3 de P+L ..................................................................... 69

Quadro 15 - Plano de ação atividade 4 de P+L ..................................................................... 71 Quadro 16 - Plano de ação atividade 5 de P+L ..................................................................... 72

Quadro 17 - Verificação das oportunidades de P+L mais viáveis .......................................... 85 Quadro 18 - Responsáveis pela execução das oportunidades e periodicidade de seu

monitoramento ..................................................................................................................... 86 Quadro 19 - Ficha para o monitoramento da atividade 1 de P+L........................................... 87

Quadro 20 - Ficha para o monitoramento da atividade 2 de P+L........................................... 87 Quadro 21 - Ficha para monitoramento da atividade 4 de P+L ............................................. 88

Quadro 22 - Ficha para monitoramento de atividade 5 de P+L ............................................. 88

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 13 2 DESENVOLVIMENTO ................................................................................................ 15

2.1 Revisão Bibliográfica ............................................................................................. 15 2.1.1 Indústria metal-mecânica ................................................................................ 15

2.1.1.1 Histórico .................................................................................................. 15

2.1.1.2 A indústria metal-mecânica no Brasil ....................................................... 16

2.1.1.3 A indústria metal-mecânica no Rio Grande do Sul ................................... 17

2.1.2 A evolução ambiental das indústrias ............................................................... 19 2.1.3 Geração de resíduos e impactos ambientais das indústrias metal-mecânicas .... 20

2.1.4 Produção mais Limpa ..................................................................................... 21 2.1.4.1 Conceitos e definições ............................................................................. 21

2.1.4.2 Histórico .................................................................................................. 23

2.1.4.3 Benefícios da Produção mais Limpa ........................................................ 25

2.1.4.4 Etapas da Produção mais Limpa............................................................... 28

3 METODOLOGIA.......................................................................................................... 34

3.1 Métodos e técnicas ................................................................................................. 34 3.1.1 Procedimento metodológico ............................................................................ 34

3.1.1.1 Síntese do Trabalho de Pesquisa Aplicada ............................................... 36

3.1.1.2 Apresentação e caracterização das oportunidades de P+L identificadas .... 38

3.1.1.3 Avaliação técnica das oportunidades ........................................................ 38

3.1.1.4 Avaliação econômica das oportunidades .................................................. 39

3.1.1.5 Avaliação ambiental das oportunidades.................................................... 39

3.1.1.6 Verificação das oportunidades mais viáveis ............................................. 39

3.1.1.7 Plano de implantação e monitoramento .................................................... 40

3.2 Materiais e equipamentos ....................................................................................... 40

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES.................................................................................. 41 4.1 Síntese do Trabalho de Pesquisa Aplicada .............................................................. 41

4.1.1 Sensibilização dos funcionários ...................................................................... 41 4.1.2 Formação do ECOTIME ................................................................................. 41

4.1.3 Identificação das barreiras ............................................................................... 42 4.1.4 Estudo da abrangência do programa ................................................................ 44

4.1.5 Estudo do fluxograma do processo .................................................................. 44 4.1.6 Diagnóstico ambiental das entradas e saídas.................................................... 49

4.1.6.1 Setor da preparação superficial ................................................................ 49

4.1.6.2 Setor da solda .......................................................................................... 51

4.1.6.3 Setor da Pintura ....................................................................................... 53

4.1.7 Aspectos ambientais no processo de fabricação ............................................... 55 4.1.8 Balanço de material ........................................................................................ 55

4.1.8.1 Setor da Preparação Superficial ............................................................... 55

4.1.8.2 Setor da Solda .......................................................................................... 57

4.1.8.3 Setor da Pintura ....................................................................................... 59

12

4.1.9 Identificação da causa da geração dos resíduos ............................................... 61

4.1.10 Identificação das oportunidades de P+L .......................................................... 63 4.2 Apresentação e caracterização das propostas de P+L identificadas ......................... 63

4.2.1 Reutilização da granalha de aço usada no setor da preparação superficial ........ 63 4.2.2 Substituição do maçarico por um dispositivo hidráulico para a calibração do

conjunto H – Braço da Carregadeira; ............................................................................. 65 4.2.3 Tratar e dar a destinação correta à dispersão de fumos metálicos de soldagem 67

4.2.4 Substituição do papel usado para proteger os eixos das peças por um sistema

fixo de tampas ............................................................................................................... 69

4.2.5 Capacitação de gestão ambiental e P+L para colaboradores ............................ 71 4.3 Avaliação técnica das oportunidades ...................................................................... 72

4.3.1 Reutilização da granalha de aço usada no setor de preparação superficial ........ 72 4.3.2 Substituição do maçarico por um dispositivo hidráulico para calibração do

conjunto H – Braço da carregadeira ............................................................................... 73 4.3.3 Tratar e dar a destinação correta à dispersão de fumos metálicos de soldagem 74

4.3.4 Substituição do papel usado para proteger os eixos das peças por um sistema

fixo de tampas ............................................................................................................... 74

4.3.5 Capacitação de gestão ambiental e P+L para colaboradores ............................ 75 4.4 Avaliação Econômica das oportunidades................................................................ 75

4.4.1 Reutilização da granalha de aço usada no setor de preparação superficial ........ 76 4.4.2 Substituição do maçarico por um dispositivo hidráulico para a calibração do

conjunto H- Braço da Carregadeira ................................................................................ 77 4.4.3 Tratar e dar destinação correta à dispersão de fumos metálicos de soldagem ... 79

4.4.4 Substituição do papel usado para proteger eixos das peças por um sistema fixo

de tampas ...................................................................................................................... 79

4.4.5 Capacitação de gestão ambiental e P+L para colaboradores ............................ 81 4.5 Avaliação Ambiental das oportunidades ................................................................. 81

4.5.1 Reutilização da granalha de aço usada no setor de preparação superficial ........ 81 4.5.2 Substituição do maçarico por um dispositivo hidráulico para calibração do

conjunto H – Braço da carregadeira ............................................................................... 82 4.5.3 Tratar e dar a destinação correta a dispersão de fumos metálicos de soldagem 83

4.5.4 Substituição do papel usado para proteger eixos de peças por um sistema fixo de

tampas 83

4.5.5 Capacitação de gestão ambiental e P+L para colaboradores ............................ 84 4.6 Verificação das oportunidades mais viáveis ........................................................... 84

4.7 Plano de Implantação e Monitoramento ................................................................. 85 4.7.1 Monitoramento ............................................................................................... 86

5 CONCLUSÃO .............................................................................................................. 89 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 90

APÊNDICE A/ANEXO A ................................................................................................... 92

13

1 INTRODUÇÃO

Todo produto, provoca um impacto ao meio ambiente, seja em função de seu processo

produtivo, consumo de matérias primas, ou devido ao uso ou disposição final.

O desenvolvimento tecnológico e econômico baseado no uso intensivo de matérias-

primas propiciou uma aceleração do consumo dos recursos naturais. Por conseguinte, os

resíduos resultantes dos processos produtivos dispostos inadequadamente no meio ambiente

provocaram no acúmulo de poluentes acima da sua capacidade de absorção, gerando níveis

cada vez mais elevados de poluição, que logo passaram de uma escala local – degradação dos

corpos hídricos, dos solos e da qualidade do ar – para uma dimensão regional e global -

aquecimento global, elevação do nível dos oceanos, derretimento de geleiras, mudanças nos

regimes de chuvas e ventos, etc. (PEREIRA; MAY, 2003 apud SEVERO, 2009).

Dessa forma, a produção industrial e o desenvolvimento econômico ocasionaram

impactos negativos aos recursos naturais do planeta, o que refletiu na qualidade de vida e na

saúde ambiental da sociedade. Como resultado, a sociedade em geral e o governo passaram a

exigir das indústrias a adoção de um desenvolvimento sustentável. Tornando assim, o mercado

cada vez mais competitivo, sendo a variável ambiental uma questão de sobrevivência para as

organizações.

Em 1991, a United Nations Industrial Development Organization (UNIDO) e a United

Nations Environmental Program (UNEP) iniciaram o projeto Ecoprofit (Ecological Project

For Integrated Environmental Technologies). Neste projeto, foram criados Centros Nacionais

de Produção mais Limpa, com o objetivo de desenvolver a Produção mais Limpa (P+L) como

uma forma de reduzir ou eliminar os resíduos e prevenir a poluição em países em

desenvolvimento. O desenvolvimento da P+L está baseado fortemente na racionalidade

econômica, com o intuito de apresentar soluções para os problemas gerados na indústria.

Com uma técnica que interage nos processos utilizados pela indústria, seus produtos e

serviços, a P+L resulta de uma ou mais medidas combinadas, tais como conservação de matéria-

prima, água e energia, eliminação de matéria-prima tóxica ou perigosa e redução da quantidade

e toxicidade de todas as emissões e resíduos na fonte durante o processo de produção. (UNEP,

1995)

O desafio das indústrias está em se tornar e manter hábeis para aumentar seus ganhos

econômicos, com a diminuição da degradação ambiental causada por seus processos e produtos.

Logo, as estratégias empresariais, que até então se resumiam na questão econômica

passaram a introduzir as variáveis ambientais. Isso levou a necessidade de modificações na

14

gestão e na organização das empresas. Nesse contexto, a prática de P+L passa a ser um

instrumento de gestão, e como resultado, a empresa apresenta eficiência na sua produção,

eliminando os desperdícios e obtendo-se a valorização de sua marca através da melhoria de sua

imagem.

Segundo a FEPAM (2012), as indústrias do setor metal-mecânico localizadas no Estado

do Rio Grande do Sul geram aproximadamente 190 mil toneladas/ano de resíduos sólidos

perigosos. Esses resíduos acabam gerando prejuízos as empresas como custos de tratamento e

disposição final.

Optou-se pela área metal-mecânica por ser um setor representativo em termos

econômicos, que também fosse responsável por agressões ao meio ambiente, com base na

realidade brasileira e na região sul do país especificadamente, através do processo de Produção

mais Limpa tem-se como meta a redução dos impactos ambientais para a sociedade, atendendo

as exigências dos órgãos ambientais.

A empresa metal-mecânica em estudo, sempre esteve preocupada com a saúde e

segurança de seus colaboradores e com as questões ambientais. Entretanto não possui nenhuma

política ambiental estabelecia, mas está em busca e investindo nessa questão.

Neste contexto, o presente trabalho buscou contribuir para o bem da empresa e dos

funcionários, reduzindo os impactos ambientais, através de atividades capazes de reduzir

desperdícios. Tendo como resultado esperado a diminuição na geração de resíduos da empresa

através de medidas de P+L.

Esse estudo objetivou analisar a viabilidade das propostas identificadas de P+L numa

empresa metal-mecânica no município de Não-Me-Toque, assim como elaborar um plano para

a implementação das propostas e seu monitoramento.

Mais especificadamente, foram determinados os seguintes objetivos específicos:

Apresentar e caracterizar as propostas de P+L identificadas;

Avaliar tecnicamente, economicamente e ambientalmente as propostas;

Identificar as oportunidades mais viáveis para a empresa;

Elaborar um plano de implantação e monitoramento de P+L no processo metal-

mecânico.

15

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Revisão Bibliográfica

2.1.1 Indústria metal-mecânica

A indústria metal-mecânica incorpora todos os segmentos responsáveis pela

transformação de metais nos produtos desejados, desde a produção de bens até serviços

intermediários, incluindo máquinas, equipamentos, veículos, materiais de transporte e

compreende uma grande variedade de atividades relacionadas à transformação dos metais e por

isso, é chamado de complexo metal-mecânico (NASCIMENTO, 1997).

Esse complexo constitui um conjunto de vários fatores, no qual os produtos produzidos

contemplam tecnologias baseadas em conhecimentos e técnicas, relacionados com a produção,

processamento e utilização de metais, especialmente o ferro, alumínio e aço.

A indústria metal-mecânica tem como principal fornecedor de matérias-primas o ramo

da siderurgia. Os produtos fabricados são destinados para setores como a indústria

automobilística, hidromecânica, de implementos agrícolas, naval, mineração, entre outras.

Após as grandes transformações na década de 90, o investimento para modernização do

parque industrial foi notável, onde a indústria metal-mecânica e a siderurgia aperfeiçoaram seus

processos produtivos aumentando a produtividade, em relação à década de 1980 em uma taxa

média de 9,3% (NASCIMENTO, 1997).

2.1.1.1 Histórico

A Indústria metalúrgica é o conjunto de técnicas, onde o homem extrai e manipula

metais assim gerando ligas metálicas. Os primeiros metais a serem descobertos foram os metais

nobres, que podem ser encontrados na sua forma bruta na natureza. E com a descoberta do fogo,

esses metais passaram a ser moldados e trabalhados. (METALURGIA E SIDERURGIA, 2010

apud CAMERA, 2010).

Acredita-se que, os primeiros altos-fornos apareceram no século XIII, assim surgindo

as primeiras ligas metálicas, com a adição de estanho ao cobre, gerando o bronze. O ferro

demorou um pouco mais para começar a ser trabalhado, pois não se acha ferro bruto na natureza.

A primeira fábrica de ferro surgiu em 1590, onde hoje fica Sorocaba, no interior do estado de

São Paulo. Mas Portugal proibia o Brasil de possuir indústrias, para que não houvesse produtos

que concorressem com os que eram importados da metrópole. Com a abundância do ouro, fez

16

surgir à demanda por casas de cunhagem e de fundição, assim Portugal teve que ceder a

construção de algumas forjas. Em 1795, uma fábrica de ferro fora liberada para se estabelecer

em São Paulo e, em seguida, em Minas Gerais, dando seu enorme potencial para usinas de ferro

e aço. (SÃO FRANCISCO, 2010 apud CAMERA, 2010).

Já no início do século XIX, mesmo com permissão para se instalarem e operarem

livremente, as indústrias de metais ainda encontrava dificuldades: muitos equipamentos eram

importados da Inglaterra a preços elevados e as taxas de exportação dos metais também eram

altas; não havia mão-de-obra suficientemente bem treinada (METALURGIA E SIDERURGIA,

2010 apud CAMERA, 2010).

A partir de 1930, a indústria floresceu no Brasil, em razão da queda da economia

cafeeira. Com o advento da produção em série e em larga escala, muitos trabalhadores deixaram

o campo, em busca de emprego na cidade. Surgindo o operário industrial, o operador de

máquinas, o encarregado de produção nos mais variados tipos de indústria e o metalúrgico

(METALURGIA E SIDERURGIA, 2010 apud CAMERA, 2010).

2.1.1.2 A indústria metal-mecânica no Brasil

O complexo metal-mecânico no âmbito nacional apresentou, no início dos anos 90

grandes deficiências em sua capacidade competitiva devido, principalmente, a crise ao baixo

dinamismo da economia verificada nos anos 80. Nesse período, as empresas do complexo

apresentaram declínio nos investimentos em formação de capital fixo, significativo atraso

tecnológico, reduzindo gastos em pesquisas e desenvolvimentos, pouca importância à difusão

de sistemas de gestão de qualidade e problemas estruturais, com expressiva verticalização e

diversificação. (SILVA, 2004 apud TAUFFER, 2010).

De acordo com Coutinho e Ferraz (1993), os problemas de competitividade foram

diferenciados em cada segmento do complexo. O segmento de insumos apresentou um maior

grau de competividade, em função não só de estar mais próximo da matéria-prima básica, mas

também por ter realizado grandes investimentos na década de 70. Por sua vez, os segmentos

automotivo, de máquinas e equipamentos apresentam deficiências de competividade,

principalmente em virtude de terem incorporado poucos avanços tecnológicos aos seus

produtos e serviços.

Nestes dois segmentos, o conjunto das empresas brasileiras só possuía alguma

competividade na produção de bens convencionais, que eram considerados maduros sob o

ponto de vista tecnológico, as empresas brasileiras não tinham como acompanhar, nem em

17

qualidade e nem em eficiência, o que era produzido nos países desenvolvidos (MACEDO, 2000

apud SILVA, 2004).

O complexo metal-mecânico abrange tanto as indústrias que se destinam a produção

como também as que trabalham no ramo de transformação de metais, o que inclui tanto as

empresas de bens de serviços intermediários como, por exemplo: fundição, forjarias, oficinas

de corte, soldagem, etc., quanto aos estabelecimentos destinados aos produtos finais como; bens

de consumo, equipamentos, maquinaria, veículos e material de transporte. Pode-se dizer que

este grupo de atividades também representa o conjunto da produção de bens de capital e de bens

de consumo. (MACEDO, 2000 apud TAUFFER, 2010).

Segundo Macedo (2000), só é possível nomear as atividades metal-mecânicas de

complexo devido a existência de “encadeamentos” econômicos de suma importância entre

atividades, como por exemplo: o fornecimento de equipamentos, componentes e acessórios de

uma atividade para outra. No entanto, é importante destacar que o complexo mostra uma grande

heterogeneidade, não só em relação aos produtos e as firmas, mas principalmente em relação à

tecnologia utilizada nas diversas unidades.

2.1.1.3 A indústria metal-mecânica no Rio Grande do Sul

A indústria metal-mecânica no Rio Grande do Sul caracteriza-se pela participação de

empresas de pequeno e médio porte na sua estrutura, desenvolvendo diversas regiões de todo o

estado. Essa característica se deve ao fato de que essas empresas geram um forte contingente

de mão-de-obra.

O setor metal-mecânico é responsável por 19% do produto industrial do Rio Grande do

Sul, o que tornou o Estado um dos principais pólos metal-mecânicos do país. Entre as empresas

deste setor destacam-se as de autopeças e de máquinas e implementos agrícolas, sendo que

ambas exportam uma parcela significativa de suas produções (NASCIMENTO, 2002).

A Figura 1 mostra onde se encontram os principais pólos industriais do Estado do Rio

Grande do Sul, em destaque o setor Metal-Mecânico, conforme dados da Federação das

Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS apud TAUFFER, 2010).

Figura 1 - Localização dos principais pólos metal-mecânicos no Rio Grande do Sul

18

Fonte: Adaptado de FIERGS, 2006.

Segundo COREDE (2012), o número de estabelecimentos dos setores metalúrgico,

mecânico e químico durante os anos de 2001 a 2010 teve um crescimento de 61%, 82% e 33%

respectivamente. No ano de 2010, o número de estabelecimentos metalúrgicos do COREDE

Produção do planalto médio correspondeu a 3,32% do total de estabelecimentos do Rio Grande

do Sul, sendo que o setor metal-mecânico apresentou a maior taxa de crescimento de 27% nos

últimos cinco anos, representando um crescimento médio anual de 7,28% ao ano. Se a criação

de empresas seguir este ritmo, há previsão de que em 2015 a região triplique o número de

estabelecimentos.

O setor metal-mecânico, tende a crescer cada vez mais, a fim de atender as novas

demandas, decorrentes da ampliação do parque industrial do estado. Os conceitos de qualidade

são cada vez mais expandidos e para que as empresas se mantenham neste mercado global, estas

terão que atender as exigências normativas legais.

No geral, na última década, a vocação agroexportadora gaúcha, bem como os fortes

vínculos existentes entre as atividades primária e secundária contribuíram para elevar a

demanda por produtos industriais, principalmente de bens metal-mecânicos. A expansão do

segmento de máquinas e equipamentos agrícolas destacou-se frente aos demais, estimulando

um maior crescimento para todo o setor metal-mecânico (PELUFÊ, 2005).

Percebe-se que essa expansão se deve a uma grande influência pelo desempenho da

atividade rural no Estado. Em tempo de boas safras, o setor tende a se desenvolver em um ritmo

superior ao verificado em tempos de declínio da atividade primária.

19

Um resultado positivo dessa ascensão é o impacto causador nas empresas que fornecem

peças e equipamentos que comercializem bens, estimulando assim, todo o setor metal-

mecânico.

2.1.2 A evolução ambiental das indústrias

A década de 80 foi marcada como sendo aquela em que surgiram em grande parte dos

países, leis regulamentando a atividade industrial no tocante a poluição. Também nesta década

teve impulso o formalismo da realização de Estudos de Impacto Ambiental e Relatórios de

Impactos Ambientais. Paralelamente a esses movimentos, ocorrem acidentes com grande

impacto ambiental como Bhopal na Índia e Sevesso na Itália, que despertam a atenção da

sociedade a industrialização desenfreada (MOURA 2002 apud CAMERA, 2010).

Na mesma década, no Brasil surgiu a Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, que trata sobre

a Política Nacional do Meio Ambiente, dando assim um salto nas exigências legais, até então

pouco eficientes. Surgem novos conceitos como o de minimização da geração de rejeitos e

emissões, reciclagem e reutilização, descontaminação de solos entre outros, que passam a se

constituir em preocupações dos setores de meio ambiente na indústria (MACIEL,2005 apud

CAMERA, 2010).

Na década de 90, foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente

e o Desenvolvimento, também conhecida como Rio 92, onde foi produzido documentos em que

se propõe o uso racional de matérias-primas e energia para a produção de bens e serviços, entre

estes documentos os principais são “Agenda 21” e a “Declaração do Rio sobre Meio Ambiente

e Desenvolvimento” (ANTUNES, et al, 2008 apud CAMERA, 2010).

De acordo com Rosen (2001), há basicamente três razões para que as empresas tenham

buscado melhorar a seu desempenho ambiental: primeiro, o regime regulatório internacional

esta mudando em direção as exigências crescentes em relação à proteção ambiental. Segundo,

o mercado está mudando (tanto de fatores quanto de produtos). E terceiro, o conhecimento está

mudando, com crescentes descobertas e publicidade sobre as causas e consequências dos danos

ambientais.

A empresa que aceita e bem conduz suas responsabilidades ambientais preservando seu

lucro tem um desempenho sustentável, ou seja, traduz o conceito de desenvolvimento

sustentável em práticas empresariais. Este conceito tem como características principais o lucro

e o desempenho. O lucro como propulsor do movimento rumo ao desempenho sustentável e

tem como principal qualitativo de desempenho a melhoria de qualidade (KINLAW, 1997 apud

20

CAMERA, 2010).

Segundo Kinlaw (1997), a primeira meta das empresas não é descobrir meios de crescer

e expandir. E sim a qualidade total e a contínua melhoria dos processos, serviços e produtos,

exigidos pela era ambiental. Somente atingindo essa meta é que se poderá atingir e manter as

metas de melhoria do meio ambiente, de lucratividade em longo prazo e de posição competitiva.

A verdadeira chave da sustentabilidade é a qualidade - não o desenvolvimento. O desempenho

sustentável representa uma nova forma de percepção da empresa como um sistema redefine as

relações tradicionais entre os elementos de insumo, processo de trabalho e produto final.

2.1.3 Geração de resíduos e impactos ambientais das indústrias metal-mecânicas

O potencial poluidor de uma atividade industrial ou produto depende principalmente do

processo empregado. Os resíduos industriais (sólidos, líquidos ou gasosos) são produzidos a

partir de diversos processos, e a quantidade e a toxicidade do resíduo varia de acordo com os

processos indústrias específicos (SHEN, 1995 apud CAMERA, 2010).

A Figura 2 mostra um processo industrial típico, onde são gerados resíduos contendo

diferentes tipos de poluentes, de acordo com a entrada de matéria e o design do processo.

Figura 2 - Processo industrial genérico

Fonte: CAMERA, 2010.

A FEPAM (2003) selecionou os ramos industriais mais representativos no estado com

potencial de geração de resíduos perigosos Classe I, ou seja, os setores metalúrgicos, do couro,

mecânico, químico, de minerais não metálicos, têxtil, papel e celulose e lavanderias industriais,

e os resíduos não perigosos Classe II, ou seja, alimentar, metalúrgico, químico, papel, bebidas,

21

entre outros, para a elaboração de um Relatório que descreve a Geração de Resíduos Sólidos

Industriais no RS.

Na Figura 3, a seguir, apresenta a quantidade de resíduos sólidos industriais perigosos

(Classe I), gerada por setor industrial.

Figura 3 - Geração de resíduos sólidos industriais perigosos por setor industrial dos

empreendimentos inventariados no RS

Fonte: FEPAM, 2003.

Em relação aos resíduos, a preocupação se estende ao longo de todo o ciclo de vida de

um produto, desde a extração das matérias-primas, passando pela produção de energia que

sustenta o processo, a produção, o transporte, a distribuição, a utilização e a manutenção do

produto, até que este, após o termino de sua vida útil, transforme-se em resíduo, que precisa ser

tratado ou disposto de maneira adequada.

As emissões de substâncias tóxicas para o ar, água e solo degradam a qualidade

ambiental, e resultam na destruição de ecossistemas, na bioacumulação de substâncias na cadeia

alimentar, e provocam efeitos prejudiciais a saúde humana a curto e longo prazo.

2.1.4 Produção mais Limpa

2.1.4.1 Conceitos e definições

Produção mais Limpa (P+L) é a aplicação de uma estratégia técnica, econômica e

ambiental integrada aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-

primas, água e energia, através da não geração, minimização ou reciclagem dos resíduos e

emissões geradas, com benefícios ambientais, econômicos e de saúde ocupacional

(NASCIMENTO, 2008).

22

A Produção mais Limpa considera a variável ambiental em todos os níveis da empresa,

como por exemplo, a compra de matérias-primas, a engenharia de produto, o design,

o pós-venda, e relaciona as questões ambientais com ganhos econômicos para a

empresa. (...) caracteriza-se por ações que são implementadas dentro da empresa com

o objetivo de tornar o processo mais eficiente no emprego de seus insumos, gerando

mais produtos e menos resíduos. (SENAI, 2003).

Reduzir a poluição através do uso racional de matéria-prima, água e energia significam

uma opção ambiental e econômica definitiva. Além disso, diminuir os desperdícios implica em

maior eficiência no processo industrial e menores investimentos para a solução de problemas

ambientais. Portanto, a transformação de matérias-primas, água e energia em produtos, e não

em resíduos, tornam uma empresa mais competitiva. (UNEP, 1995, apud TAGLIARI, 2012).

O tema “Produção mais Limpa” não é apenas um tema ambiental e econômico. A

geração de resíduos em um processo produtivo muitas vezes está diretamente relacionada a

problemas de saúde ocupacional e de segurança de trabalhadores. Desenvolver a P+L minimiza

estes riscos, na medida em que são identificadas matérias-primas e auxiliares menos tóxicas,

contribuindo para a melhor qualidade do ambiente de trabalho (UNEP, 1995 apud TAGLIARI,

2012).

O aspecto mais fundamental da P+L é que a mesma requer não somente a melhoria

tecnológica, mas a aplicação de know-how e a mudança de atitudes. Esses três fatores reunidos

é que fazem o diferencial em relação a outros programas ligados a processos de produção

(UNEP, 1995).

A aplicação de know-how significa melhorar a eficiência, adotando melhores técnicas

de gestão, fazendo alterações por meio de práticas de housekeeping (boas práticas) e revisando

políticas e procedimentos quando necessários. Portanto, mudar atitudes significa encontrar uma

nova abordagem para o relacionamento entre a indústria e o meio ambiente, pois repassando

um processo industrial ou um produto, em termos de P+L, pode ocorrer a geração de melhores

resultados, sem requerer novas tecnologias (UNEP, 1995).

Segundo a UNEP, 1995 a Produção mais Limpa também é chamada de produção limpa

ou tecnologia limpa. Cabe ressaltar as diferenças entre esses termos:

a) Produção mais Limpa (Cleaner Production): conceito definido pela UNIDO/UNEP

que estimula atitudes voluntárias por partes das indústrias de produção limpa, independente do

alcance da legislação ambiental.

b) Prevenção da Poluição (Polution Prevention): outro conceito bastante semelhante

a P+L é o da Prevenção da Poluição, também conhecido como PP ou P2. No manual da EPA

(Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos), Prevenção a Poluição refere-se a

23

qualquer prática, processo, técnica ou tecnologia que vise a redução ou a eliminação em

volume, concentração e/ou toxicidade dos resíduos na fonte geradora. É uma estratégia de uso

de material, processos e gerenciamento que reduz ou elimina a criação de poluentes e resíduos

na fonte – prioritário a reciclagem, tratamento ou disposição.

c) Produção Limpa (Clean Production): este conceito foi proposto pela organização

ambientalista não-governamental Greenpeace, em 1990, para representar o sistema de produção

industrial, que levasse em conta a auto-sustentabilidade de fontes renováveis de matérias-

primas; a redução do consumo de águas e energias; a prevenção da geração de resíduos tóxicos

e perigosos na fonte de produção; a reutilização e o reaproveitamento de materiais por

reciclagem de maneira atóxica e energia eficiente; a geração de produtos de vida útil longa, e

a reciclagem.

Uma consequência positiva, muitas vezes difícil de mensurar, é o fortalecimento da

imagem da empresa frente à comunidade e autoridades ambientais, chamado de marketing

empresarial. Os consumidores atualmente exigem que as empresas sejam tão responsáveis em

relação à qualidade de seus produtos, como responsáveis em relação ao meio ambiente nas suas

práticas produtivas. Relacionando esta definição com P+L, pode-se observar que produzir

sustentavelmente significa, em palavras simples, transformar recursos naturais em produtos e

não em resíduos. Esta abordagem induz inovação nas empresas, dando um passo em direção ao

desenvolvimento econômico sustentado e competitivo para todas as regiões (SENAI, 2003).

2.1.4.2 Histórico

Em 1989 a P+L foi proposta mundialmente pelo UNEP, através de sua divisão de

tecnologia, indústria e economia. Objetivava-se que com esse programa as indústrias

melhorassem seu desempenho industrial e ao mesmo tempo protegessem o meio ambiente. No

entanto, até nos dias de hoje a UNEP vem lutando para que esse conceito seja mais bem aceito

pelas indústrias.

De acordo com o Greenpeace: “Os processos de Produção mais Limpa são desenhados

para utilizar somente matérias primas renováveis, além de conservarem energia, água e solo.

Não devem utilizar nem elaborar processos químicos perigosos, evitando assim, a geração de

resíduos tóxicos”. A adoção desse conceito nos processos de produção reduz custos e traz custos

ambientais para toda a sociedade (SPRANDIO, 2005).

No Brasil até 1995, não havia a preocupação com a adoção desse sistema, até que se

criou o Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL), instalado na Federação das Indústrias

24

do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), junto ao SENAI-RS. Este centro tem tido como

função articular no país a técnica de P+L, através de capacitações, consultorias, informação

tecnológicas e eventos em vários estados do Brasil.

Para fortalecer esses centros, o UNEP/UNIDO criaram em 1995 a Rede Global para a

Eficiência de Recursos e Produção mais Limpa (RECP Net), a qual está dividida em regiões

geográficas (América Latina e Caribe, África, Leste Europeu e Ásia), representada pelos seus

Centros Nacionais de Produção mais Limpa, que totalizam atualmente 42 no mundo. O objetivo

da rede é promover ações e projetos através de seus Centros e, desta forma, incrementar o

intercâmbio de conhecimentos e práticas, priorizando o intercâmbio de técnicos e a implantação

de novos centros em outros países (CNTL, 2011).

Em 1997, foi criada sob articulação do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para

o Desenvolvimento Sustentável) e orientação do CNTL, a Rede Brasileira de Produção mais

Limpa. Esta rede resultou da parceria entre sete organizações (CEBDS, SEBRAE Nacional,

Banco do Nordeste, CNI, FINEP, PNUMA e PNUD) e chegou a ter núcleos em todos os estado

do Brasil. Ela buscou unir esforços, trocar experiências e desenvolver sistemas conjuntos, para

fortalecer as práticas de P+L e encorajar as empresas a se tornarem mais competitivas,

inovadoras e ambientalmente responsáveis (CEBDS, 2003).

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) aderiu em novembro de 2003 a “Declaração

Internacional sobre Produção mais Limpa” do UNEP. Nesse mesmo ano, o MMA instituiu o

Comitê Gestor de Produção Mais Limpa (Portaria n˚454 de 28/11/2003) e estabeleceu nove

Fóruns Estaduais de P+L.

Nos últimos 50 anos, a partir de um melhor entendimento da cadeia de geração de

resíduos, as políticas de controle da poluição evoluíram, baseadas no princípio de prevenção,

que modificou a abordagem convencional de: “O que fazer com os resíduos?” para “O que fazer

para não gerar resíduos?”, conforme ilustra a Figura 4.

Figura 4- Evolução das questões ambientais.

25

Fonte: SENAI, (2003).

Assim, o resíduo que antes era visto apenas como um problema a ser resolvido, passou

a ser encarado também como uma oportunidade de melhoria. Isso só foi possível após a

percepção que o resíduo era um claro indicativo da ineficiência de uma atividade. Logo, a

identificação e análise do resíduo deu início a atividade de avaliação de P+L.

As práticas de P+L de fato ocorrem em várias empresas no Brasil, e podem ser

motivadas por um processo de certificação, por pressão das leis, dos clientes ou apenas por

ciência de seus grandes benefícios.

2.1.4.3 Benefícios da Produção mais Limpa

A P+L possibilita a empresa um melhor conhecimento de seu processo industrial através

do monitoramento constante para manutenção e desenvolvimento de um sistema eco eficiente

de produção com a geração de indicadores ambientais e de processo. Este monitoramento

permite a empresa identificar necessidades de: pesquisa aplicada, informação tecnológica e

programas de capacitação (SENAI, 2003).

Outro benefício é que a empresa integrar-se aos sistemas de qualidade, gestão ambiental

e de segurança e saúde ocupacional, proporcionando um completo sistema de gerenciamento a

essa empresa. A Figura 5 demonstra a interação do processo de P+L com a planta industrial de

uma organização.

Figura 5 - Interação do processo de Produção mais Limpa com a planta industrial.

26

Segundo SENAI, 2003 o programa de Produção mais Limpa traz para as empresas

benefícios ambientais e econômicos que resultam na eficiência global do processo produtivo

(Figura 6), através de:

Eliminação dos desperdícios;

Minimização ou eliminação de matérias-primas e outros insumos impactantes para o

meio ambiente;

Redução dos resíduos e emissões;

Redução dos custos de gerenciamento de resíduos;

Minimização dos passivos ambientais;

Incremento na saúde e segurança no trabalho.

Além de contribuir para:

Melhor imagem da empresa;

Aumento da produtividade;

Conscientização dos funcionários;

Redução de gastos com multas e penalidades.

Figura 6 - Eficiência no processo produtivo

27

E também segundo SENAI, 2003 , como metas dos benefícios têm-se:

1) Eliminação ou redução de resíduos: a P+L procura eliminar ou reduzir

substancialmente o lançamento desses no meio ambiente. Resíduos sólidos, perigosos

ou não, efluentes líquidos, emissões atmosféricas, calor, ruído e todo tipo de perda que

ocorra durante o processo de fabricação de um produto ou serviço;

2) Produção sem poluição: modelo ideal dessa política é um circuito fechado dos

processos produtivos, sem contaminar o meio ambiente e utilizando os recursos naturais

com a máxima eficiência possível;

3) Eficiência energética: é determinada pela maior razão possível entre energia

consumida e produto final gerado. O objetivo da P+L é atingir os mais altos níveis de

eficiência energética em seu processo de produção;

4) Saúde e segurança no trabalho: promover um ambiente de trabalho mais limpo,

seguro e saudável. Fatores relacionados à saúde e ao meio ambiente devem ter uma

atenção especial no momento de planejar o produto e devem ser lembrados durante todo

o ciclo de vida do mesmo;

5) Produtos ambientalmente adequados: o produto final deve ser tão ambientalmente

adequado quanto possível. Fatores relacionados à saúde e ao meio ambiente devem ser

priorizados nos estágios iniciais de planejamento do produto e devem ser considerados

ao longo de todo o ciclo de vida do mesmo, da produção à disposição, passando pelo

uso;

Setor IndustrialProdução Mais

Limpa

Redução de Impacto

Ambiental

Benefícios Econômicos

Eficiência do Processo Produtivo

Marketing Ambiental

28

6) Embalagens ambientalmente adequadas: a embalagem do produto deve ser eliminada

ou minimizada, ou quando essa é necessária para vender ou facilitar o consumo do

produto, deve ter o menor impacto possível.

Alguns fatores que podem motivar as empresas a realizarem investimentos ambientais,

entre eles investimento em P+L são: atendimento a legislação, a busca pela melhoria da

imagem, o acesso a novos mercados e a busca pela eficiência ambiental. A mudança nos

paradigmas ambientais induz as empresas a voltar-se para a origem da geração de seus resíduos

sólidos, emissões atmosféricas e seus efluentes líquidos, buscando soluções nos seus próprios

processos produtivos, minimizando o emprego de tratamentos convencionais de “fim-de-tubo”,

minimizar resíduos e emissões, garantindo processos mais eficientes (SENAI, 2003).

Quando uma empresa adota esse novo gerenciamento, os custos decrescem com o

tempo, isto porque a utilização de água, energia, matérias-primas, assim como a redução de

resíduos e emissões, tornam-se mais eficientes. Necessita-se de um custo adicional para se

realizar esse tipo de investimento, mas em um segundo momento, com os processos otimizados,

vem a redução permanente nos custos totais.

2.1.4.4 Etapas da Produção mais Limpa

Segundo SENAI (2003), a implementação P+L inicia através da metodologia própria ou

através de instituições que possam apoiá-la nesta tarefa, conforme a Figura 7 descreve:

Figura 7 - Passos para implementação de um programa de P+L.

29

Fonte: SENAI, (2003).

Etapa 1

Comprometimento gerencial: o comprometimento da direção da empresa e dos funcionários

é imprescindível para o sucesso do programa. Pois serão necessários os recursos financeiros

vindo da direção e a motivação e sensibilização dos funcionários para comprometer a evolução

da P+L.

Identificação das barreiras: detectar e solucionar barreiras são fundamentais para que o

programa tenha continuidade. O comprometimento dos colaboradores e a interação entre os

setores é a base para esse item.

Estudo da abrangência do programa: é importante definir se o programa incluirá toda a

empresa ou iniciará apenas no setor mais crítico.

Formação da ECOTIME: é o grupo de trabalho formado por profissionais da empresa, que

tem o objetivo de conduzir o programa de P+L. O ECOTIME tem as funções de realizar o

diagnóstico da empresa, implantar o programa, identificar oportunidades, introduzir medidas,

monitorar e dar continuidade ao programa.

Etapa 2

30

Estudo do fluxograma do processo: permite a análise do fluxo qualitativo de matéria-prima,

água e energia consumidas no processo produtivo, bem como a visualização de resíduos durante

o processo. A Figura 8 demonstra como deve ser o fluxograma do processo produtivo de uma

empresa.

Figura 8 - Fluxograma do processo produtivo de uma empresa.

Fonte: SENAI (2003).

Diagnóstico ambiental dos dados de entrada e saída: depois do estudo do fluxograma o

ECOTIME fará o levantamento de dados quantitativos ambientais e de produção existentes, por

exemplo, estimativas do setor de compras, quantificação de entradas, quantificação de saídas,

dados da situação ambiental da empresa e dados referentes à estocagem, armazenamento e

acondicionamento.

Seleção do foco da avaliação: com as informações dos aspectos e impactos ambientais, tem-

se o diagnóstico ambiental que define o foco de trabalho. Posteriormente, é efetuada uma

análise considerando os regulamentos legais, a quantidade de resíduos gerados, a toxicidade

destes, e os custos envolvidos.

Etapa 3

Entrada e saída de materiais e indicadores: baseado nessas informações, selecionadas no

foco da avaliação, é feito um diagnóstico antecipado, problema esse que pode ser resolvido com

o auxílio da P+L.

31

Identificação das causas da geração de resíduos: com os resultados da quantificação, o

ECOTIME avalia para que possa encontrar as causas da geração de resíduos e os principais

fatores envolvidos na origem destes.

Identificação das opções de P+L: com base nas causas de geração de resíduos é possível

aplicar estratégias visando atividades de P+L. A Figura 9 apresenta que a P+L é caracterizada

por ações que priorizem o nível 1, nível 2 e nível 3, nesta ordem. Assim, a P+L pode atuar de

duas formas: através da minimização de resíduos sólidos, efluentes e emissões atmosféricas

(redução na fonte) ou através da reutilização desses resíduos (reciclagem interna e externa).

Figura 9 - Fluxograma da metodologia da P+L.

Fonte: SENAI, (2003).

Etapa 4

Avaliação técnica ambiental e econômica: essas avaliações visam o aproveitamento eficiente

das matérias-primas, água, energia e outros insumos através da não geração, minimização,

reciclagem interna e externa.

Na avaliação técnica é importante considerar: impacto da medida proposta sobre o

processo, produtividade, segurança, etc.; testes de laboratório ou ensaios quando a opção estiver

mudando significativamente o processo existente; experiências de outras companhias com a

opção que está sendo estudada; todos os funcionários e departamentos atingidos pela

implementação das opções; necessidades de mudanças de pessoal, operações adicionais e de

32

pessoal de manutenção, além do treinamento adicional dos técnicos e de outras pessoas

envolvidas.

Na avaliação ambiental é importante considerar: a quantidade dos resíduos, efluentes e

emissões que será reduzida; a qualidade dos resíduos, efluentes e emissões que tenham sido

eliminados e verificar se estes contêm menos substâncias tóxicas e componentes reutilizáveis;

a redução na utilização de recursos naturais.

Na avaliação econômica é importante considerar: os investimentos necessários os custos

operacionais e receitas do processo existente e os custos operacionais e receitas projetadas das

ações a serem implantadas; a economia da empresa com a redução/eliminação de multas.

Seleção de oportunidades viáveis: os resultados encontrados nas avaliações técnica, ambiental

e econômica possibilitarão a seleção das medidas viáveis de acordo com os critérios

estabelecidos pelo ECOTIME.

Etapa 5

Plano de implementação e monitoramento: após a seleção das opções de P+L viáveis, é

traçada a estratégia para implementação das mesmas. Nesta etapa é importante considerar:

• As especificações técnicas detalhadas;

• O plano adequado para reduzir tempo de instalação;

• Os itens de dispêndio para evitar ultrapassar o orçamento previsto;

• A instalação cuidadosa de equipamentos;

• A realização do controle adequado sobre a instalação;

• A preparação da equipe e a instalação para o início de operação.

Juntamente com o plano de implementação deve ser planejado o sistema de

monitoramento das medidas a serem implantadas. Nesta etapa é essencial considerar:

• Quando devem acontecer as atividades determinadas;

• Quem é o responsável por estas atividades;

• Quando são esperados os resultados;

• Quando e por quanto tempo monitorar as mudanças;

• Quando avaliar o progresso;

• Quando devem ser assegurados os recursos financeiros;

• Quando a gerência deve tomar uma decisão;

• Quando a opção deve ser implantada;

• Quanto tempo deve durar o período de testes;

• Qual é a data de conclusão da implementação.

33

Segundo SENAI (2003), o plano de monitoramento é dividido em quatro estágios:

planejamento, preparação, implementação e análise e relatório de dados, como apresentado na

Figura 10.

Figura 10 - Estágios da implementação do plano de monitoramento.

Fonte: SENAI, (2003).

De acordo com a Figura 10, os estágios precisam ser descritos em uma proposta que

apresente os objetivos, recursos, instalações, material, funcionários qualificados, logística,

escala de horários, duração e custo geral.

Plano de continuidade: neste momento é importante não somente avaliar os resultados

obtidos, mas, sobretudo, criar condições para que o processo tenha sua continuidade assegurada

através da aplicação da metodologia de trabalho e da criação de ferramentas que possibilitem a

manutenção da cultura estabelecida, bem como sua evolução em conjunto com as atividades

futuras da empresa.

34

3 METODOLOGIA

3.1 Métodos e técnicas

3.1.1 Procedimento metodológico

O desenvolvimento desse estudo contou com a realização de algumas etapas para

obtenção e compreensão dos dados. Estas etapas serão descritas quanto ao método utilizado

para que sejam desenvolvidas de forma a alcançar cada objetivo específico, conforme a Figura

11.

35

Figura 11 - Estrutura metodológica do desenvolvimento do estudo

1) Apresentação da síntese do trabalho de Pesquisa Aplicada

2) Apresentação e caracterização das propostas de P+L

identificadas

3) Avaliação técnica das oportunidades

4) Avaliação econômica das oportunidades

5) Avaliação ambiental das oportunidades

6) Verificação das oportunidades mais viáveis

7) Plano de Implantação e Monitoramento

6)

36

3.1.1.1 Síntese do Trabalho de Pesquisa Aplicada

Neste item será apresentado o que foi realizado no estudo de Pesquisa Aplicada,

efetuada pela a acadêmica no semestre de 2013/2, onde o estudo foi titulado como “Proposta

de Produção mais Limpa para uma empresa metal-mecânica no município de Não-me-Toque-

RS”. Nesse estudo algumas etapas da Proposta de Produção mais Limpa foram realizadas da

seguinte maneira:

Etapa 1

Sensibilização dos Funcionários: nesta fase inicial, o comprometimento explícito do

proprietário, da direção e da alta gerência da empresa é fundamental para a realização do

trabalho. O primeiro passo antes da implantação de um programa de P+L diz respeito ao

comprometimento da direção com os objetivos e metodologia propostos para eficiência do

programa.

Formação do ECOTIME: o segundo passo foi a identificação do ECOTIME: são os

funcionários que conhecem a empresa mais profundamente e/ou que são responsáveis por áreas

importantes, como produção, compras, meio ambiente, qualidade, saúde e segurança,

desenvolvimento de produtos, manutenção e vendas.

O ECOTIME deverá seguir as seguintes medidas para que a realização da P+L seja feita

de forma a conduzir de maneira eficaz as opções encontradas durante o processo, como:

• Realizar de forma explícita o diagnóstico da empresa;

• Identificar as possíveis barreiras;

• Identificar as oportunidades de P+L;

• Encontrar as opções de melhoria da empresa;

• Monitorar o programa;

• Dar continuidade ao programa.

Identificação das barreiras: detectar e solucionar barreiras são fundamentais para que o

programa tenha continuidade.

A implantação do sistema de P+L em uma empresa pode ser prejudicada por diversos

fatores, como o não envolvimento dos funcionários e sua resistência a mudanças de

comportamento, a falta de recursos para investimento em tecnologias mais eficientes e a falta

37

de incentivo do poder público para empresas responsáveis ambientalmente. Essas barreiras

podem ser classificadas como organizacionais, sistêmicas, técnicas, econômicas, de atitude ou

governamentais, e a análise de sua pertinência dentro da empresa é fundamental para que o

ECOTIME saiba como direcionar seu trabalho para ter uma maior eficiência na execução do

plano de P+L.

Estudo da abrangência do programa: é importante definir se o programa incluirá todo o

processo produtivo da empresa, uma linha de produção, um produto ou iniciará apenas no setor

mais crítico.

Etapa 2

Estudo do fluxograma do processo: foram coletadas as informações da empresa em estudo.

A identificação foi feita através de entrevistas na empresa, coleta de relatórios e informações

sobre os produtos gerados. Após essa fase, iniciou-se o processo de identificação e a

caracterização do processo de fabricação dos produtos, com registros fotográficos, entrevistas

e acompanhamento do processo da empresa.

Diagnóstico ambiental dos dados de entrada e saída: depois do estudo do fluxograma foi

realizado o levantamento de dados ambientais quantitativos e de produção existentes nos setores

de abrangência da avaliação.

Aspectos ambientais no processo de fabricação: os aspectos ambientais foram efetuados

através de reunião do ECOTIME que elaborou um fluxograma qualitativo identificando os

principais aspectos ambientais do processo produtivo da empresa.

Etapa 3

Balanço de material e indicadores: para a realização dessa etapa foi levantado juntamente

com o setor financeiros dados sobre os materiais em questão para posterior análise de

viabilidade econômica.

38

Identificação das causas da geração dos resíduos: foi realizado o balanço de massa nas etapas

e/ou setores priorizados, o ECOTIME avaliou as causas da geração de cada resíduo

identificado.

Identificação das opções de P+L: depois de realizadas todas as medições e de ter discutido

com o ECOTIME as causas de geração dos resíduos foram estudadas oportunidades para mudar

essa situação, ou seja, opções de P+L para deixar de gerar os resíduos.

3.1.1.2 Apresentação e caracterização das oportunidades de P+L identificadas

Através dos resultados obtidos no estudo do projeto de Pesquisa Aplicada realizada pela

acadêmica, pode-se identificar algumas oportunidades de P+L:

1. Reutilização da granalha de aço utilizada no setor de preparação superficial;

2. Substituição do maçarico por um dispositivo hidráulico para a calibração do

conjunto H – Braço da Carregadeira;

3. Tratar e dar a destinação correta à dispersão de fumos do processo de soldagem

4. Substituição do papel usado para proteger os eixos das peças por um sistema fixo de

tampas

5. Capacitação dos colaboradores através de gestão ambiental e P+L.

3.1.1.3 Avaliação técnica das oportunidades

Nesta etapa do estudo realizou-se uma avaliação técnica das oportunidades descritas

anteriormente. Para a formação dessa etapa utilizou-se informações através de entrevistas da

área técnica da empresa feita pelo ECOTIME, também nessa etapa foram considerados os

seguintes tópicos:

1. Impacto da medida proposta sobre o processo e produtividade da empresa;

2. Necessidade de ensaios e testes de laboratório para verificas se houve mudanças

significativas no processo produtivo existente;

3. Analisar todos os funcionários e departamentos envolvidos pela implementação das opções;

4. Verificar a necessidades de mudanças no setor pessoal, em operações adicional e pessoal de

manutenção, além do treinamento adicional dos técnicos e de outras pessoas envolvidas.

39

3.1.1.4 Avaliação econômica das oportunidades

Aqui as informações de entradas e saídas e balanço de massa e energia foram as mais

importantes para a estruturação dessa etapa, a partir desses dados foi possível determinar os

custos dos resíduos gerados, o tempo necessário para pagar a implantação de atividades de

Produção mais Limpa no processo de fabricação, que seguiu o seguinte roteiro:

1. Levantamento de custos dos resíduos;

2. Levantamento dos custos para a implementação das atividades de P+L;

3. Ganhos estimados com a implementação das atividades de P+L;

4. Tempo necessário para retornar o investimento com a implementação das atividades de

P+L.

Para essa etapa foi considerado dois métodos de cálculo, o método Payback onde se mede

o tempo necessário para que a somatória das parcelas anuais/mensais seja igual ao investimento

inicial.

E também foi calculada a taxa interna de retorno – TIR. Por definição, a taxa interna de

retorno de um projeto é a taxa de juros para a qual o valor presente das receitas torna-se igual

aos desembolsos. Isto significa dizer que a TIR é aquela que torna nulo o valor presente líquido

do projeto.

3.1.1.5 Avaliação ambiental das oportunidades

Na avaliação ambiental foram considerados os seguintes critérios:

1. A quantidade de resíduos, efluentes e emissões que será reduzida;

2. A classificação dos resíduos, efluentes e emissões que poderão ser eliminados;

3. A redução na utilização de recursos naturais.

3.1.1.6 Verificação das oportunidades mais viáveis

A seleção de oportunidades mais viáveis de P+L foi analisada considerando os custos,

ganhos econômicos e ambientais. Foram formulados tabelas e quadros contendo o custo

específico para oportunizar a atividade chegando a um resultado que expresse a redução de

custos, com isso, reduzir desperdícios:

O ECOTIME definiu a prioridade conforme roteiro:

40

Seleção de atividades de P+L com pouco investimento, com retorno de até 6 meses e

com ganho ambiental:

Seleção de atividade de P+L com retorno de até 5 anos, com ganho econômico e

ambiental:

3.1.1.7 Plano de implantação e monitoramento

Visando um melhor acompanhamento e implantação do plano de Produção mais Limpa

na empresa, foi elaborado um plano de implantação e monitoramento, com responsáveis por

cada atividade na empresa, bem como o tempo previsto para a implantação dessas atividades e

sua frequência de monitoramento.

3.2 Materiais e equipamentos

Para a realização da pesquisa foram utilizados os seguintes materiais:

Câmera fotográfica;

EPI´s (devido aos riscos das atividades industriais da empresa);

Papel;

Computador;

Calculadora;

Balança;

Trena.

41

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Serão apresentados os resultados obtidos do estudo realizado com o embasamento no

processo metodológico adotado. Os resultados apresentados seguem a sequência e as definições

do procedimento metodológico, no qual para cada etapa e fase do estudo detalham-se os itens

quantificando com o propósito em alcançar os objetivos específicos do estudo.

4.1 Síntese do Trabalho de Pesquisa Aplicada

4.1.1 Sensibilização dos funcionários

Nessa primeira etapa de pré-sensibilização, o foco é enfatizar a necessidade de

comprometimento gerencial da empresa comprovando, através de casos reais, que não é

possível desenvolver o programa de P+L sem o apoio dos mesmos.

Ao findar bem sucedido desta etapa, o passo subsequente, e de tamanha importância

quanto à sensibilização da alta gerência, é a sensibilização dos funcionários e colaboradores da

empresa. Esta etapa, talvez se aparentemente fácil, torna-se uma das mais difíceis visto que,

para que haja resultados positivos, a sensibilização desses não pode ser realizada apenas em um

único momento e sim constantemente, mesmo depois de implementada a P+L.

4.1.2 Formação do ECOTIME

O ECOTIME foi formado por cinco funcionários “chave” na unidade 4ª da empresa,

onde esses cinco seriam os responsáveis por repassarem a metodologia aos demais colegas e

fazer acontecer a implantação do programa na empresa, que é formado também pela direção da

empresa para a tomada de decisões mais importantes e definitivas sobre o programa. O Quadro

1 apresenta os funcionários que fazem parte do ECOTIME e suas respectivas funções e

responsabilidades dentro do programa de P+L.

42

Quadro 1- Funcionários do ECOTIME

NOME SETOR CARGO FORMAÇÃO RESPONSABILIDADES

Gilmar Industrial Diretor Superior

Completo

Ter autoridade para implementar

mudanças

Débora Meio Ambiente/

Industrial Supervisora

Superior

Completo

Ter autoridade para implementar

mudanças

Luiz

Fernando Produção Supervisor

Superior

Completo

Disponibilizar informações

técnicas sobre o processo

produtivo

Marcelo Meio Ambiente Engenheiro

Ambiental

Superior

Completo

Identificar mudanças nas técnicas de produção

Manter a empresa dentro dos

padrões exigidos pelas legislações

Bruna Meio Ambiente Estagiária Superior

incompleto

Minimizar os impactos ambientais

gerados pela empresa

Propor oportunidades de P+L

A Figura 12 exibe o organograma da formação do ECOTIME.

Figura 12 - Organograma do ECOTIME

4.1.3 Identificação das barreiras

Muitas barreiras foram encontradas durante o acompanhamento do processo. A

identificação dessas foi de extrema importância, pois durante o andamento do programa de P+L

estas informações podem ser relevantes na obtenção de dados e resultados finais.

O Quadro 2 apresenta a relevância das barreiras encontradas na empresa em estudo.

Gilmar

Débora

Marcelo Bruna

Luiz Fernando

43

Quadro 2 - Identificação das barreiras à implantação do programa de P+L na empresa

CLASSIFICAÇÃO BARREIRA

RELEVÂNCIA NA EMPRESA

Ausente Pouco

relevante Relevante

Muito relevante

Extremamente relevante

Org

aniz

acio

nai

s

Não envolvimento dos empregados

x

Concentração de poder de decisão x

Ênfase na produção x

Alta rotatividade de pessoal técnico

x

Falta de reconhecimento aos funcionários

x

Sist

êm

ica

s

Falhas na documentação x

Sistema de gerenciamento adequado ou ineficiente

x

Falta de sistemas para promoção profissional

x

Técn

icas

Falta de infraestrutura x

Mão-de-obra limitada ou não disponível

x

Acesso limitado a informação técnica

x

Tecnologia limitada x

Défictis tecnológicos x

Infraestrutura limitada na manutenção própria

x

Eco

mic

as

Preço e disponibilidade de recursos

x

Disponibilidade e custos de fundo x

Planejamento inadequado de investimentos

x

Predominância de incentivos fiscais relativos à produção

x

De

ati

tud

e

Falta de cultura em "melhores práticas operacionais"

x

Resistência a mudanças x

Falta de liderança x

Falta de supervisão eficaz x

Segurança no trabalho x

Medo de falhar/errar x

Go

vern

ame

nta

is Política industrial x

Falta de incentivos para esforços de minimização de resíduos

x

Ênfase no fim-de-tubo x

Ou

tro

s

Falta de apoio institucional x

Falta de pressão pública para o controle da poluição

x

Espaço limitado x

Sazonalidade x

44

A maioria das barreiras apresentadas são pouco relevantes na empresa, não

representando um problema significativo na implantação da P+L. Como barreiras relevantes

têm-se principalmente o não envolvimento dos empregados, ênfase na produção, falhas na

documentação, um sistema de gerenciamento inadequado ou ineficiente, infraestrutura limitada

na manutenção própria, falta de cultura e melhores práticas operacionais, resistência a

mudanças, falta de liderança, falta de supervisão eficaz e falta de apoio institucional.

Já as muito relevantes foram identificadas como concentração do poder de decisão, alta

rotatividade técnica do pessoal, falta de reconhecimento aos funcionários, falta de uma política

ambiental industrial e falta de incentivo de esforços para a minimização de resíduos.

4.1.4 Estudo da abrangência do programa

O referido estudo definiu quais as prioridades para se implementar um programa de P+L

na empresa em estudo, também se avaliou o aspecto mais problemático para a empresa. Nesse

caso, foi estudada a implantação de um programa de P+L na empresa nos setores da preparação

superficial, solda e pintura.

A escolha desses setores ocorreu pelo fato de que são os setores mais representativos da

empresa, é onde se encontra um maior número de funcionários e é onde os custos de produção

e descarte de resíduos são mais altos.

4.1.5 Estudo do fluxograma do processo

A empresa em estudo tem como atividades principais o projeto, desenvolvimento e

produção de equipamentos destinados ao preparo e limpeza do solo, distribuição de insumos

(calcário, sementes e fertilizantes), transporte de safra e colheita. Atua em boa parte do processo

produtivo, envolvendo fabricação de peças, soldagem, pintura e montagem.

O processo de produção da unidade em estudo se caracteriza pela fabricação de peças

terceirizadas para outras empresas do ramo metal-mecânico, nada é produzido para a própria

empresa nessa unidade.

O processo tem início através do recebimento de peças metálicas de outras unidades,

armazenadas em almoxarifados. De acordo com a necessidade de produção, estas são enviadas

para os setores de soldagem. A Figura 13 ilustra o setor de almoxarifado da empresa, neste setor

as peças vindas de outras unidades são armazenadas.

45

Figura 13 - Setor de recebimento de peças

A soldagem é um processo que visa a união localizada de materiais, similares ou não, de

forma permanente, baseada na ação de forças em escala atômica semelhantes às existentes no

interior do material e é a forma mais importante de união permanente de peças usadas

industrialmente. A empresa em estudo utiliza dois tipos de processos de soldagem, a Soldagem

MIG e a Soldagem por Arco Submerso. A Figura 14 ilustra o setor da solda, neste caso é o tipo

de soldagem MIG.

Figura 14 - Setor da solda

Após soldados, alguns destes itens passam por usinagem (mandriladora e furadeiras). Na

prática isto significa submeter um material bruto à ação de uma máquina e/ou ferramenta, para

ser trabalhado. A Figura 15 ilustra esse processo.

46

Figura 15 - Setor da usinagem

Respingos e imperfeições geradas pela solda são removidos manualmente com auxílio de

espátulas e folhas de lixas ou mecanicamente com lixadeiras e jatos de granalha. O jateamento

de granalha é um método utilizado para limpar, fortalecer (martelar) ou polir o metal. A forma

de jateamento na empresa é jateamento de ar, as máquinas de jateamento de ar podem ter a

forma de uma cabine de jateamento, como é o caso, ou de um gabinete de jateamento, onde o

meio jateado é acelerado pneumaticamente por ar comprimido e esguichado sobre o

componente. Esse processo ocorre no setor de preparação superficial da empresa, conforme

ilustra a Figura 16.

Figura 16 - Setor de preparação superficial - cabine de jateamento de granalha

Adquirido o acabamento desejado, os itens seguem para linhas de desengraxe e

fosfatização por aspersão, sendo removidos resíduos metálicos, óleos e graxas e recebendo

condições adequadas de aderência entre tinta e metal, Figura 17. Em seguida, nas cabines de

47

pintura, as superfícies recebem camadas de tinta líquida ou em pó com cura em estufa, conforme

ilustra a Figura 18.

Figura 17 - Setor de preparação superficial - Banhos de desengraxe e fosfatização

Figura 18 - Setor da pintura

Finalizando, as mesmas vão para setores de montagem onde se unem a outros

componentes, podendo ser submetidos a testes de funcionamento e inspeção final. O produto

final é estocado no pátio da empresa, aguardando embalagem e expedição. A figura 19 apresenta

o fluxograma do processo produtivo da empresa.

48

Figura 19- Fluxograma do processo produtivo

Recebimento de peças metálicas de

outras unidades da empresa

Soldagem

Usinagem Prensa/

Conformação Jato de Granalha e

Rebarbação

Preparação superficial

e pintura

Inspeção Final

Montagem

Estocagem

Expedição

Peças prontas: itens de fixação,

rolamentos, redutores, caixas de

trasmissão, molas, eixos,

componentes hidráulicos, eletrônicos,

plástico, motores, fluídos, graxas etc...

Solda Projeção

49

4.1.6 Diagnóstico ambiental das entradas e saídas

4.1.6.1 Setor da preparação superficial

No setor da preparação superficial foram coletados dados de entrada e saída de todos os

componentes utilizados para preparar um conjunto soldado. As informações foram obtidas

através de entrevistas com os colaboradores do setor e da quantificação acompanhada durante

um mês, conforme apresenta a Tabela 1 e Quadro 3.

Tabela 1- Entradas e saídas setor da preparação superficial

PREPARAÇÃO SUPERFICIAL

ENTRADAS SAÍDAS

Água Efluente com metais

Desengraxante Bombona contaminada

Fosfatizante

EPI´s

usados/contaminados

Creme para as

mãos

EPI´s

Creme para as

mãos Protetor auricular

Protetor auricular Óculos

Óculos Capacete

Capacete Toalha contaminada

Toalha industrial Pó metálico

Granalha de aço Filtro esgotado

Filtro cabine da granalha Papel

Plástico

Resíduo de varrição

50

Quadro 3 - Entradas e saídas - Quantificação setor da preparação superficial

PREPARAÇÃO SUPERFICIAL

ENTRADAS SAÍDAS

Material Quantidade

mensal

Quantidade

anual Produto/Subproduto

Quantidade

mensal

Quantidade

anual

Água 270 m³ 3.312 m³ Efluente com metais 360 m³ 4.320 m³

Desengraxante 261 L 3.132 L Embalagem contaminada 50 unidades 600 unidades

Fosfatizante 245 L 2.940 L

EPI´s

usados/contaminados

Creme para as mãos

0,2 m³ 2,4 m³

EPI´s

Creme para as

mãos 5 unidades 60 unidades

Protetor auricular

Protetor auricular 13 unidades 156 unidades Óculos

Óculos 4 unidades 48 unidades Capacete

Capacete 1 unidade 12 unidades Toalha contaminada 30 unidades 360 unidades

Toalha industrial 30 unidades 360 unidades Pó de granalha 3 m³ 36 m³

Granalha de aço 10.000 kg 120.000 kg Filtro esgotado 0,8 m³ 9,6 m³

Filtro cabine da granalha 0,8 m³ 9,6 m³ Papel 60 kg 720 kg

Plástico 41 kg 492 kg

Resíduo de varrição 0,3 m³ 3,6 m³

51

4.1.6.2 Setor da solda

No setor de soldagem foram coletados dados de entrada e saída de todos os componentes

utilizados para fabricar um conjunto soldado (Tabela 2 e Quadro 4). As informações foram

obtidas através de entrevistas com os colaboradores do setor e de quantificações acompanhadas

durante um mês.

Tabela 2- Entradas e saídas setor da solda

SOLDA

ENTRADAS SAÍDAS

Fluxo de solda Fluxo de solda (arco submerso)

Arame de solda Disco abrasivo usado

Disco abrasivo

EPI´s usados/contaminados

Creme para as mãos

EPI´s

Creme para as mãos Protetor auricular

Protetor auricular Óculos

Óculos Capacete

Capacete Luvas

Luvas Avental

Avental Respirador

Respirador Lentes

Lentes Vidros

Vidros Lata contaminada

Antirrespingo Papel

Óleo anticorrosivo Plástico

Toalha industrial Toalha contaminada

Água Madeira

Resíduo de varrição

Sucata de metal

52

Quadro 4 - Entradas e saídas - Quantificação setor da solda

SOLDA

ENTRADAS SAÍDAS

Material Quantidade

mensal

Quantidade

anual Produto/Subproduto

Quantidade

mensal

Quantidade

anual

Fluxo de solda 1.000 kg 12.000 kg Fluxo de solda (arco submerso) 0,8 m³ 9,6 m³

Arame de solda 60.000 kg 720.000 kg Disco abrasivo usado 831 unidades 9.972 unidades

Disco abrasivo 1.000 unidades 12.000 unidades

EPI´s usados/contaminados

Creme para as mãos

0,4 m³

4,8 m³

EPI´s

Creme para as mãos 2 unidades 32 unidades Protetor auricular

Protetor auricular 2 unidades 32 unidades Óculos

Óculos 2 unidades 32 unidades Capacete

Capacete 0,5 unidade 6 unidades Luvas

Luvas 96 unidades 1.152 unidades Avental

Avental 96 unidades 1.152 unidades Respirador

Respirador 96 unidades 1.152 unidades Lentes

Lentes 96 unidades 1.152 unidades Vidros

Vidros 96 unidades 1.152 unidades Lata contaminada 152 unidades 1.824 unidades

Antirrespingo 8 unidades 96 unidades Papel 64 kg 768 kg

Óleo anticorrosivo 200 L 2.400 L Plástico 44 kg 528 kg

Toalha industrial 290 unidades 3.480 unidades Toalha contaminada 290 unidades 3.480 unidades

Água 168 L 2.016 L Madeira 416,68 kg 5.000,16 kg

Resíduo de varrição 0,8 m³ 9,6 m³

Sucata de metal 345,8 kg 4.149,6 kg

53

4.1.6.3 Setor da Pintura

No setor na pintura foram coletados dados de entrada e saída de todos os componentes

utilizados para fabricar um conjunto soldado (Tabela 3 e Quadro 5). As informações foram

obtidas através de entrevistas com os colaboradores do setor e de quantificações acompanhadas

durante um mês.

Tabela 3- Entradas e saídas setor da pintura

PINTURA

ENTRADAS SAÍDAS

Tinta em tambores, latas e caixas. Resíduo de tintas e pigmentos

Solvente Solvente contaminado

Catalizadores em latas

EPI´s

usados/contaminados

Creme para as

mãos

EPI´s

Creme para as mãos Protetor auricular

Protetor auricular Óculos

Óculos Capacete

Capacete Macacão

Macacão Filtro cartucho

Filtro cartucho Pré-filtro

Pré-filtro Filmes

Filmes Luvas longas

Luvas longas Tambores contaminados

Toalha industrial Toalha contaminada

Serragem Papel

Filtro cabine de pintura Plástico

Graxa Plástico contaminado

Papel contaminado

Filtro esgotado

54

Quadro 5- Entradas e saídas - Quantificação setor da pintura

PINTURA

ENTRADAS SAÍDAS

Material Quantidade

mensal

Quantidade

anual Produto/Subproduto

Quantidade

mensal

Quantidade

anual

Tinta em tambores, latas e

caixas 2.267 L 27.204 L

Resíduo de tintas e pigmentos 0,6 m³ 7,2 m³

Solvente 1.670 L 20.040 L Solvente contaminado 2,4 m³ 28,8 m³

Catalizadores em latas 770 L 9.240 L

EPI´s

usados/contaminados

Creme para as mãos

0,6 m³

7,2 m³

EPI´s

Creme para as mãos 2 unidades 24 unidades Protetor auricular

Protetor auricular 2 unidades 24 unidades Óculos

Óculos 2 unidades 24 unidades Capacete

Capacete 0,5 unidade 6 unidades Macacão

Macacão 128 unidades 1.536 unidades Filtro cartucho

Filtro cartucho 128 unidades 1.536 unidades Pré-filtro

Pré-filtro 128 unidades 1.536 unidades Filmes

Filmes 128 unidades 1.536 unidades Luvas longas

Luvas longas 128 unidades 1.536 unidades Tambores contaminados 18 unidades 216 unidades

Toalha industrial 50 unidades 600 unidades Toalha contaminada 50 unidades 600 unidades

Serragem 0,5 m³ 6 m³ Papel 66 kg 792 kg

Filtro cabine de pintura 38,4 m³ 460,8 m³ Plástico 45 kg 540 kg

Graxa 0,01 m³ 0,2 m³ Plástico contaminado 0,2 m³ 2,4 m³

Papel contaminado 0,4 m³ 4,8 m³

Filtro esgotado 11,52 m³ 138,24 m³

55

4.1.7 Aspectos ambientais no processo de fabricação

Os aspectos ambientais nos setores de preparação superficial, solda e pintura são

apresentados no Quadro 6, os quais foram identificados durante a elaboração do fluxograma

qualitativo do processo produtivo da empresa dos setores em questão.

Quadro 6 - Aspectos ambientais nos setores do foco da avaliação

Processo Emissões Atmosféricas Resíduos Sólidos Efluentes Líquidos

Preparação

superficial Ruídos

Embalagens

contaminadas Efluente com metais

Resíduo de granalha

Solda Ruídos Plástico

Efluente com óleo Fumo metálico Papel

Pintura

Ruídos Papel Contaminado

- Filtro esgotado

Fumo metálico, vapores

orgânicos e tintas

Solvente

Embalagem de tinta

4.1.8 Balanço de material

4.1.8.1 Setor da Preparação Superficial

As quantidades de entradas e saídas do setor da preparação superficial, juntamente com

seus custos e retornos financeiros, é apresentado no Quadro 7 . O gasto total em energia da

unidade 4 é de R$ 812.100,00 por ano, a qual é totalmente utilizada.

56

Quadro 7 - Balanço de material do setor de preparação superficial

PREPARAÇÃO SUPERFICIAL

ENTRADAS SAÍDAS

Material Quantidade

mensal

Quantidade

anual

Custo

Mensal Custo Anual Produto/Subproduto

Quantidade

mensal

Quantidade

anual Custo Mensal

Custo

Anual

Água 270 m³ 3.312 m³ R$ 1.530,90 R$ 18.370,80 Efluente com metais 360 m³ 4.320 m³ R$ 10.676,21 R$

128.114,52

Desengraxante 261 L 3.132 L R$ 835,20 R$ 10.022,44 Embalagem contaminada 50 unidades 600 unidades

Logística reversa

Fosfatizante 245 L 2.940 L R$ 857,50 R$ 10.290,00

EPI´s usados/contaminados

Creme

para as

mãos

0,2 m³

2,4 m3

R$ 63,88

R$ 766,56

EPI´s

Creme para as mãos 5 unidades 60 unidades R$29,90 R$ 358,80 Protetor

auricular

Protetor auricular 13 unidades 156 unidades R$ 31,98 R$ 383,76 Óculos

Óculos 4 unidades 48 unidades R$ 11,88 R$ 142,56 Capacete

Capacete 1 unidade 12 unidades R$ 33,99 R$ 407,88 Toalha contaminada 30 unidades 360 unidades R$ 36,00 R$ 432,00

Toalha industrial 30 unidades 360 unidades R$ 90,00 R$ 1.080,00 Pó de granalha 3 m³ 36 m³ R$ 750,00 R$ 9.000,00

Granalha de aço 10.000 kg 120.000 kg R$ 27.000 R$ 324.000 Filtro esgotado 0,8 m³ 9,6 m³ R$ 255,54 R$ 3.066,48

Filtro cabine da granalha 0,8 m³ 9,6 m³ R$ 140,00 R$ 1.680,00 Papel 60 kg 720 kg + R$ 10,20 + R$ 122,40

Plástico 41 kg 492 kg + R$ 6,97 + R$ 83,64

Resíduo de varrição 0,3 m³ 3,6 m³ R$ 95,82 R$ 1.149,84

57

4.1.8.2 Setor da Solda

As quantidades de entradas e saídas do setor da solda, juntamente com seus custos e

retornos financeiros, é apresentado no Quadro 8 .

58

Quadro 8 - Balanço de material do setor da solda

SOLDA

ENTRADAS SAÍDAS

Material Quantidade

mensal

Quantidade

anual

Custo

Mensal Custo Anual Produto/Subproduto

Quantidade

mensal

Quantidade

anual Custo Mensal

Custo

Anual

Fluxo de solda 1.000 kg 12.000 kg R$ 4.560,00 R$ 54.720,00 Fluxo de solda (arco submerso) 0,8 m³ 9,6 m³ Reutilizado internamente

Arame de solda 60.000 kg 720.000 kg R$ 14.136,00 R$ 169.632,00

Disco abrasivo usado 831 unidades 9.972 unidades R$ 265,12

R$ 3.151,44

Disco abrasivo

1.000

unidades

12.000

unidades R$ 5.680,00 R$ 68.160,00

EPI´s

usados/contaminados

Creme para as

mãos

0,4 m³

4,8 m³ R$ 127,77 R$

1.533,24

EPI´s

Creme para as

mãos 2 unidades 32 unidades R$ 11,96 R$ 143,52

Protetor auricular

Protetor

auricular 2 unidades 32 unidades R$ 4,92 R$ 59,04

Óculos

Óculos 2 unidades 32 unidades R$ 5,94 R$ 71,28 Capacete

Capacete 0,5 unidade 6 unidades R$ 22,56 R$ 270,78 Luvas

Luvas 96 unidades 1.152 unidades R$ 1.296,00 R$ 15.552,00 Avental

Avental 96 unidades 1.152 unidades R$ 2.530,56 R$ 30.366,72 Respirador

Respirador 96 unidades 1.152 unidades R$ 3.837,12 R$ 46.045,44 Lentes

Lentes 96 unidades 1.152 unidades R$ 86,40 R$ 1.036,80 Vidros

Vidros 96 unidades 1.152 unidades R$ 144,00 R$ 1.728,00 Lata contaminada 152 unidades 1.824 unidades Logística reversa

Antirrespingo 8 unidades 96 unidades R$ 74,16 R$ 889,92 Papel 64 kg 768 kg R$ 10,88 R$ 130,56

Óleo anticorrosivo 200 L 2.400 L R$ 69,20 R$ 830,40 Plástico 44 kg 528 kg R$ 7,48 R$ 89,76

Toalha industrial 290 unidades 3.480 unidades R$ 870,00 R$ 10.440

Toalha contaminada 290 unidades 3.480 unidades R$ 348,00

R$ 4.176,00

Água 168 L 2.016 L R$ 0,96 R$ 11,43 Madeira 416,68 kg 5.000,16 kg Reutilizado internamente

Resíduo de varrição 0,8 m³ 9,6 m³ R$ 335,54

R$ 4.026,48

Sucata de metal 345,8 kg 4.149,6 kg Reutilizado internamente

59

4.1.8.3 Setor da Pintura

As quantidades de entradas e saídas do setor da pintura, juntamente com seus custos e

retornos financeiros, é apresentado no Quadro 9.

60

Quadro 9 - Balanço de material do setor da pintura

PINTURA

ENTRADAS SAÍDAS

Material Quantidade

mensal

Quantidade

anual

Custo

Mensal Custo Anual Produto/Subproduto

Quantidade

mensal

Quantidade

anual

Custo

Mensal Custo Anual

Tinta em tambores, latas e

caixas 2.267 L 27.204 L R$ 7.932,50 R$ 95.190,00 Resíduo de tintas e pigmentos 0,6 m³ 7,2 m³ R$ 191,65 R$ 2.299,80

Solvente 1.670 L 20.040 L R$ 3.627,20 R$ 43.526,40 Solvente contaminado 2,4 m³ 28,8 m³ R$ 1.608,00 R$ 19.296,00

Catalizadores em latas 770 L 9.240 L R$ 2.310,00 R$ 27.720,00

EPI´s

usados/contaminados

Creme para as

mãos

0,6 m³

7,2 m³ R$ 191,65 R$ 2.299,80

EPI´s

Creme para as

mãos 2 unidades 24 unidades R$ 11,96 R$ 143,52 Protetor auricular

Protetor auricular 2 unidades 24 unidades R$ 4,92 R$ 59,04 Óculos

Óculos 2 unidades 24 unidades R$ 5,94 R$ 71,28 Capacete

Capacete 0,5 unidades 6 unidades R$ 16,99 R$ 203,94 Macacão

Macacão 128 unidades 1.536 unidades R$ 1.662,72 R$ 19.952,64 Filtro cartucho

Filtro cartucho 128 unidades 1.536 unidades R$ 864,00 R$ 10.368,00 Pré-filtro

Pré-filtro 128 unidades 1.536 unidades R$ 677,12 R$ 8.125,44 Filmes

Filmes 128 unidades 1.536 unidades R$ 149,76 R$ 1.797,12 Luvas longas

Luvas longas 128 unidades 1.536 unidades R$ 1.113,60 R$ 13.363,20 Tambores contaminados 18 unidades 216 unidades Reutilizado internamente

Toalha industrial 50 unidades 600 unidades R$ 150,00 R$ 1.800 Toalha contaminada 50 unidades 600 unidades R$ 60,00 R$ 720,00

Serragem 0,5 m³ 6 m³ R$ 16,50 R$ 198,00 Papel 66 kg 792 kg + R$ 11,22 + R$ 134,64

Filtro cabine de pintura 38,4 m³ 460,8 m³ R$ 560,00 R$ 6.720,00 Plástico 45 kg 540 kg + R$ 7,65 + R$ 91,80

Graxa 0,01 m³ 0,2 m³ R$ 45,00 R$ 540,00 Plástico contaminado 0,2 m³ 2,4 m³ R$ 83,88 R$ 1.006,56

Papel contaminado 0,4 m³ 4,8 m³ R$ 127,77 R$ 1.533,24

Filtro esgotado 11,52 m³ 138,24 m³ R$ 3.679,71 R$ 44.156,62

61

4.1.9 Identificação da causa da geração dos resíduos

As causas de geração dos aspectos ambientais decorrentes do processo produtivo são descritos

conforme o Quadro 10.

62

Quadro 10 - Causa da geração dos resíduos

ASPECTOS CAUSA ÁREA TEMPO DURAÇÃO REVERSIBILIDADE

Resíduos Sólidos

Embalagens contaminadas Indireto Local Imediato Permanente Irreversível

Resíduo de granalha Direto Local Imediato Permanente Reversível

Plástico contaminado Indireto Local Imediato Permanente Reversível

Papel contaminado Indireto Local Imediato Permanente Reversível

Graxa Direto Local Imediato Permanente Reversível

Solvente contaminado Direto Local Imediato Permanente Irreversível

Embalagem de tinta Indireto Local Imediato Permanente Irreversível

Emissões atmosféricas Ruídos Direto Local

Imediato/ médio/

longo prazo Permanente Irreversível

Fumos metálicos Direto Local

Imediato/ médio/

longo prazo Permanente Reversível

Efluentes líquidos Efluentes com metais Direto Local Imediato Permanente Irreversível

Efluente com óleo Indireto Local Imediato Permanente Reversível

63

4.1.10 Identificação das oportunidades de P+L

As atividades de P+L tomaram por base dados de entrada e saída de materiais e custos

de resíduos gerados. A avaliação dos aspectos do processo produtivo foi muito importante na

definição de onde seria necessário e mais vantajoso implantar melhorias com atividades de P+L.

4.2 Apresentação e caracterização das propostas de P+L identificadas

A seguir serão apresentadas as atividades propostas, voltadas para a prevenção e

minimização dos resíduos gerados, sugerindo que a empresa em estudo atue na fonte geradora,

buscando alternativas para o desenvolvimento de processos eco eficientes, resultando na

minimização da geração de resíduos, redução ou reciclagem interna e externa destes materiais.

Foi delimitado um plano de ação para ser seguido, baseado na ferramenta 5W2H, onde

para cada pergunta é destinada uma atividade de P+L. Levou-se em conta questões como: quem

deve fazer; o que deve ser feito; por que deve ser feito; onde vai ser feito e como deve ser feito.

O 5W2H, basicamente, é um checklist de determinadas atividades que precisam ser

desenvolvidas com o máximo de clareza possível por parte dos colaboradores da empresa. Ele

funciona como um mapeamento destas atividades, onde ficará estabelecido o que será feito,

quem fará o quê, em qual período de tempo, em qual área da empresa e todos os motivos pelos

quais esta atividade deve ser feita. Esta ferramenta é extremamente útil para as empresas, uma

vez que elimina por completo qualquer dúvida que possa surgir sobre um processo ou sua

atividade.

4.2.1 Reutilização da granalha de aço usada no setor da preparação superficial

Na empresa em estudo um dos métodos de preparar a peça superficialmente efetuado

através do jato de granalha, onde o processo utilizado é a cabine de jateamento a ar.

A característica principal de uma cabine de jateamento de ar é a presença do operador

na cabine durante o processo de jateamento. O operador usa vestimentas de proteção e capacete

para se proteger contra o impacto abrasivo, e fornecimento de ar fresco através do capacete do

jateador oferece uma ventilação adequada. As cabines de jateamento são utilizadas para grandes

componentes. Em conjunto com os manipuladores de bicos instalados na cabine de jateamento,

as superfícies podem ser processadas automaticamente e as áreas de difícil acesso podem ser

64

jateadas manualmente. Desta forma, a flexibilidade é mantida enquanto a quantidade necessária

de jateadores é reduzida. A Figura 20 ilustra uma cabine de jateamento a ar.

Figura 20 - Cabine de jateamento a ar de granalha

Fonte: CMV, 2014.

Essa cabine possibilita a redução de poluentes que são lançados no meio ambiente.

A cabine da empresa em questão apresenta um grande desperdício da granalha usada,

fazendo com que a granalha nova não seja totalmente aproveitada, tanto quanto nos arredores

da cabine como no seu inferior, é comum encontrar granalha em ótimo estado.

A solução encontrada para esse problema seria a captação da granalha usada que é

encontrada nos arredores e no porão dessa cabine, realizar o peneiramento da mesma,

removendo os materiais indesejáveis, como restos de arame e varrição, para posterior reuso

dessa granalha peneirada na cabine. O Quadro 11 apresenta o plano de ação da atividade 1 de

P+L.

Quadro 11- Plano de ação para atividade 1 de P+l

Atividade 1

O que deve ser

feito?

Por que deve ser

feito? Como deve ser feito?

Quem deve

fazer?

Onde deve

ser feito?

65

Reutilizar a granalha

encontrada nos

arredores da cabine de

jateamento.

Redução do impacto

ambiental através da minimização da

geração de resíduos

de granalha e redução dos custos

na compra da

granalha.

Através do peneiramento

da granalha encontrada nos arredores da cabine de

jateamento, retirando os

materiais indesejáveis e reutilizando a granalha

peneirada no sistema

novamente.

Operador da cabine de

granalha.

Setor de

preparação superficial da

unidade IV da

empresa.

4.2.2 Substituição do maçarico por um dispositivo hidráulico para a calibração do

conjunto H – Braço da Carregadeira;

No setor de solda na unidade IV da empresa, para conjunto H – Braço da carregadeira

faz se necessário a calibração do conjunto para atingir certas cotas, de acordo com as exigências

do cliente. Esta calibração hoje é realizada aquecendo o conjunto com a chama de um maçarico

e resfriando com água para acelerar o processo.

Esse processo gera um efluente contendo óleo, que está aderido no conjunto soldado. O

efluente é gerado em pequena quantidade, porém não existe nenhum sistema de coleta,

tratamento e destinação para isso, fazendo com que o efluente seja acumulado sob o piso do

setor e quando em quantidades significativas é encaminhado para a cisterna da empresa.

Os tanques dos banhos, de desengraxe e fosfatização do setor de preparação superficial

em parte são abastecidos com a água da chuva proveniente da cisterna da empresa, porém como

o efluente gerado no setor da solda está sendo encaminhado para a cisterna também, a água dos

banhos acaba sendo contaminada com óleo, prejudicando todo o processo de preparação

superficial dos conjuntos soldados, o que acaba impedindo que a empresa possa utilizar a água

da cisterna para o abastecimento dos tanques para a preparação superficial das peças. As figuras

21 e 22 ilustram a peça em questão e também demonstra o efluente gerado no processo,

acumulado sob o piso do setor.

Figura 21 - Conjunto H - Braço da Carregadeira

66

Na Figura 21 pode-se observar nos pontos destacados em vermelho as áreas da peça

onde é aquecida e em seguida resfriada com água, para atingir as cotas necessárias. São gerados

efluentes contendo óleo misturado com água conforme ilustra a Figura 22 a seguir.

Figura 22 - Efluente gerado a partir do processo de calibração da peça H

A sugestão proposta seria a utilização de um dispositivo hidráulico (cilindro) com

capacidade suficiente para forçar o conjunto a atingir tais cotas, dispensando o uso do maçarico

e principalmente da água para tal finalidade. A Figura 23 ilustra um modelo de cilindro

67

hidráulico que poderia ser utilizado neste caso. A seguir o Quadro 12 ilustra o plano de ação da

atividade 2 de P+L.

Figura 23 - Modelo de cilindro hidráulico

Fonte: BRUVI, 2014.

Quadro 12 - Plano de ação atividade 2 de P+L

Atividade 2

O que deve ser feito? Por que deve ser

feito?

Como deve ser

feito?

Quem deve

fazer?

Onde

deve ser

feito?

Deve ser feito a

substituição do sistema

de calibração de cotas do

conjunto H - Braço da Carregadeira por um

sistema de dispositivo

hidráulico.

Para a não geração do

efluente com óleo e principalmente para não

ocorrer a contaminação

da água da cisterna da

empresa que é utilizada no processo de

preparação superficial.

Implantação de um

dispositivo hidráulico com

capacidade

suficiente para a

calibração do conjunto H - Braço

da Carregadeira.

Supervisor do

setor de solda.

No setor

de solda

da unidade IV da

empresa.

4.2.3 Tratar e dar a destinação correta à dispersão de fumos metálicos de soldagem

No setor de solda na empresa, encontra-se na composição da solda do metal fios de solda

base Carbono (C), Fósforo (F), Enxofre (S), Cobre (Cu), Silício (Si) e Manganês (Mn). O

Quadro 13 ilustra a composição do arame de solda utilizado, estas informações são pertinentes

para análise da atividade ambiental de minimização do fumo metálico gerado na soldagem.

Quadro 13 - Composição química do arame de solda utilizado na empresa

68

COMPOSIÇÃO QUÍMICA ARAME SÓLIDO PARA SOLDA

MODELO AWS - A5.18 ER 70 S - 6 BITOLA DO ARAME 1,0 MM

C Mn Si P S Cu

0,06~0,15 1,40~1,85 0,80~1,15 < 0,025 < 0,035 < 0,15

Na realização da atividade para a minimização de fumos metálicos inicia-se com o

monitoramento destes, com base em laudos técnicos feitos pela a empresa. Assim, define-se

que o setor de soldagem é um ambiente insalubre e faz-se necessário a utilização de

equipamentos de proteção individual como protetores respiratórios.

Com relação à questão ambiental, as cargas poluidoras estão sendo lançadas para o meio

ambiente, e conforme a legislação ambiental faz-se necessário a instalação de filtros capazes de

restringir estes óxidos metálicos do ambiente. Nesse sentido, sugere-se a instalação de um

captador de fumos com filtros para atenuar estes gases poluentes, como por exemplo, um

sugador de alta potência e rendimento que retira os gases antes que estes entrem em contato

com o ambiente. A Figura 24 mostra o atual sistema de soldagem na empresa, sem nenhum tipo

de controle para emissões atmosféricas, e a Figura 25 ilustra o sistema de filtragem de fumos,

onde as partículas de metais pesados ficam retidas em barreiras no filtro cartucho, que após são

depositadas no recipiente coletor. A seguir o Quadro 14 ilustra o plano de ação da atividade em

questão de P+L.

Figura 24 – Atual sistema na empresa, nenhum equipamento de captação de fumos de

soldagem

69

Figura 25 - Captador de fumos em soldagem

Quadro 14 - Plano de ação atividade 3 de P+L

Atividade 3

O que deve ser

feito?

Por que deve ser

feito? Como deve ser feito?

Quem deve

fazer?

Onde deve

ser feito?

Tratar e dar a

destinação correta à dispersão de fumo

metálico de

soldagem.

Redução do impacto

ambiental gerado por

emissões

atmosféricas.

Através da aquisição de

um captador de fumos de

soldagem e instalação do

sistema.

Engenharia

de fábrica.

Setor de

solda da

unidade

IV.

4.2.4 Substituição do papel usado para proteger os eixos das peças por um sistema fixo

de tampas

70

No setor de pintura da empresa, algumas peças possuem furos e orifícios em que a tinta

não pode ser aderida, pois posteriormente serão o local onde as peças como arruelas e eixos são

posteriormente afixados no sistema, nesse caso os funcionários “protegem” a peça com papel,

fazendo com que a tinta líquida ou pó não penetre nesses orifícios.

A proposta sugerida é a substituição do papel por um sistema fixo de tampas nesses

eixos, já que as peças sempre são iguais e os furos sempre têm os mesmos diâmetros. As figuras

26 e 27 ilustram como é realizado esse atual sistema de proteção à peça e posterior geração de

um resíduo que poderia ser encaminhado à reciclagem, porém quando entra em contato com a

tinta se torna um resíduo Classe I – perigoso. O Quadro 15 apresenta o plano de ação da

atividade em questão de P+L.

Figura 26 – Atual sistema de proteção da peça com o auxílio de folhas de papel

Figura 27 - Resíduo Classe I gerado a partir desse processo de proteção da peça

71

Quadro 15 - Plano de ação atividade 4 de P+L

Atividade 4

O que deve ser

feito?

Por que deve ser

feito? Como deve ser feito?

Quem deve

fazer?

Onde deve

ser feito?

Substituir o sistema de utilização do

papel por um sistema

fixo de tampas para o

impedimento da penetração de tinta

em alguns locais das

peças.

Deve ser realizado pelo fato de que o

atual processo gera

um resíduo Classe I -

Perigoso, que pode ser reduzido na fonte

e eliminar sua

geração.

Através da implantação

de um sistema fixo de

tampas nos orifícios das peças.

Supervisor do setor da

pintura.

Setor de

pintura,

unidade IV,

cabines de pintura

líquida e pó.

4.2.5 Capacitação de gestão ambiental e P+L para colaboradores

Um programa de Educação Ambiental nas empresas estimula a participação do

funcionário no comprometimento em relação ao enfoque ambiental, ajudando na proteção e

melhoria do ambiente, conduzindo-o a uma reflexão sobre seu agir; possibilitando uma

mudança de comportamentos e atitudes em relação ao meio ambiente interno e externo às

empresas; despertando-o para a ação e a busca de soluções concretas para os problemas

ambientais que ocorrem principalmente no dia-a-dia, no seu local de trabalho, na execução de

tarefa; atuando, enfim, para a melhoria da qualidade ambiental dos seus colegas.

72

A realização de palestras de conscientização e motivação sobre P+L e gestão ambiental

é uma atividade a princípio de curto prazo, e sem custo inicial, pois a empresa não terá a

necessidade de contratar um palestrante visto que tem uma estagiária cursando Engenharia

Ambiental.

O local onde se realizará as palestras será na sala de reuniões da empresa, uma vez que

este local possui condições de acomodar a todos os colaboradores de forma adequada.

Lembrando que é de extrema importância o envolvimento dos funcionários nesta atividade para

que se obtenha sucesso no programa de P+L. O Quadro 16 apresenta o plano de ação dessa

atividade na empresa.

Quadro 16 - Plano de ação atividade 5 de P+L

Atividade 5

O que deve ser

feito?

Por que deve ser

feito? Como deve ser feito?

Quem deve

fazer?

Onde deve

ser feito?

Palestras de educação

ambiental, SGA e

Produção mais

Limpa.

Com o objetivo de

conscientizar os

funcionários quanto a importância da

questão ambiental

nas empresas.

Através de palestras

mensais para todos os

setores da empresa.

Representantes

do setor do Meio

Ambiente.

Sala de

treinamentos da unidade

IV.

4.3 Avaliação técnica das oportunidades

4.3.1 Reutilização da granalha de aço usada no setor de preparação superficial

1. Impacto da medida proposta sobre o processo produtivo

Ao adotar essa medida a empresa não terá nenhuma modificação ou impacto na produção e

no resultado final do produto.

2. Testes Realizados

Foi realizado teste em laboratório de granulometria a fim de encontrar a melhor malha de

peneira para ser utilizada na empresa.

Conforme Figura 28, foi confirmado que a melhor malha da peneira para a realização dessa

atividade é MESH 24, ABNT/ASTM 25 de abertura 0,710 mm.

Figura 28 - Teste realizado para definir qual a peneira mais indicada para ser usada nessa

atividade

73

3. Funcionários e departamentos envolvidos pela implantação

Caso seja adotada essa oportunidade, dez funcionários serão envolvidos a partir dessa

mudança. Serão os operadores da cabine de granalha, tanto do turno do dia como os do turno

da noite.

4. Necessidades de mudanças

Haverá a necessidade de mudança quanto à operação da granalha, e todo do final do dia o

operador da granalha deverá coletar a granalha que foi desperdiçada pela cabine e despejá-la

num tambor disponibilizado no setor, assim cada vez que a cabine precisará ser abastecida o

operador realizará o peneiramento da granalha neste tambor e acrescentará na cabine do jato de

granalha.

Não será necessário treinamento quanto essa operação, apenas uma orientação do

supervisor do setor para os operadores da cabine de granalha.

4.3.2 Substituição do maçarico por um dispositivo hidráulico para calibração do

conjunto H – Braço da carregadeira

1. Impacto da medida proposta sobre o processo produtivo

Ao adotar essa medida a empresa terá impacto positivo no processo produtivo decorrente

do novo método de calibração do conjunto H. Esse impacto modificará o tempo necessário para

a calibração da peça, que será bem menor, agilizando o processo produtivo.

2. Testes Realizados

74

Não haverá a necessidade de realizar nenhum teste para a implantação dessa oportunidade

de P+L.

3. Funcionários e departamentos envolvidos pela implementação

Caso seja adotada essa medida, quatro funcionários serão atingidos por essa mudança.

4. Necessidades de mudanças

Haverá a necessidade de mudança quanto o método de calibração do conjunto, será

necessário realizar um rápido treinamento com esses funcionários atingidos para orientá-los a

operar a máquina de calibração hidráulica.

4.3.3 Tratar e dar a destinação correta à dispersão de fumos metálicos de soldagem

1. Impacto da medida proposta sobre o processo produtivo

Ao adotar essa medida a empresa não terá nenhum impacto ao seu processo produtivo, nem

ao método de soldagem de conjuntos metálicos.

2. Testes Realizados

Não será necessário realizar nenhum teste quanto à implantação desse sistema na empresa.

Porém foi pesquisado, estudado em literaturas, feito entrevistas com fornecedores quanto esse

sistema de captador de fumos de soldagem.

3. Funcionários e departamentos envolvidos pela implementação

Caso seja adotada essa medida os funcionários envolvidos por essa mudança serão todos os

funcionários dos setores de solda da empresa, totalizando 96 funcionários.

4. Necessidades de mudanças

Haverá a necessidade de mudança quanto ao setor da manutenção que será responsável pela

manutenção preventiva dos captadores dos fumos de soldagem.

4.3.4 Substituição do papel usado para proteger os eixos das peças por um sistema fixo

de tampas

1. Impacto da medida proposta sobre o processo produtivo

Ao adotar essa medida a empresa terá benefício no seu processo. Essa oportunidade irá fazer

com que seja agilizado o sistema de proteção das peças, atualmente demora em torno de até 15

minutos esse processo, caso seja adotada essa medida não passará de 5 minutos para realizar a

proteção das peças.

2. Testes Realizados

75

Foi realizado um teste com uma tampa provisória, o sistema não apresentou nenhuma falha

de proteção da peça e não foi identificado nenhum vazamento de tinta na peça.

3. Funcionários e departamentos envolvidos pela implementação

Caso seja adotada essa medida os funcionários atingidos por essa mudança serão todos os

funcionários do setor da pintura da empresa, totalizando 32 funcionários.

4. Necessidades de mudanças

Haverá a necessidade de mudança quanto o isolamento das peças que não podem receber

pintura em eixos. Não haverá a necessidade de treinamento, mas sim de uma orientação aos

funcionários quanto ao novo método utilizado e um rigoroso monitoramento dessa atividade.

4.3.5 Capacitação de gestão ambiental e P+L para colaboradores

1. Impacto da medida proposta sobre o processo produtivo

Ao adotar essa medida a empresa poderá apresentar impactos significativos no seu processo

produtivo. Com o objetivo principal de trazer boas práticas operacionais aos funcionários da

empresa, a proposta de capacitação de gestão ambiental poderá trazer ao processo produtivo

melhorias em relação à eficiência de produção, organização dos setores, motivação dos

funcionários, melhor imagem da empresa, minimização de desperdícios, melhor

aproveitamento de materiais, entre outras melhorias que impactam diretamente no processo

produtivo.

2. Testes Realizados

Não será necessário realizar nenhum teste quanto a essa proposta, em estudos realizados foi

possível levantar dados de outras empresas que implementaram propostas iguais ou

semelhantes que obtiveram uma melhora significativa do processo de produção da empresa.

3. Funcionários e departamentos envolvidos pela implementação

Caso seja adotada essa medida todos os funcionários da empresa, unidade IV serão

envolvidos.

4. Necessidades de mudanças

Não haverá a necessidade de mudanças na empresa, apenas será realizado um cronograma

de palestras a ser definido pelo ECOTIME quanto à periodicidade destas palestras e os assuntos

que serão abordados.

4.4 Avaliação Econômica das oportunidades

76

4.4.1 Reutilização da granalha de aço usada no setor de preparação superficial

1. Levantamento de custos dos resíduos

Conforme o Quadro 3 ilustra, o volume mensal descartado de pó de granalha é de 3m³, o

valor para descarte por m³ é de R$ 250,00. Totalizando um valor mensal de R$ 750,00 e R$

9.000,00 por ano com descarte de pó de granalha, esses valores são apenas para a unidade IV

da empresa.

2. Levantamento dos custos para a implantação das atividades de P+L

Para a implantação da atividade na empresa será necessário um investimento inicial de R$

314,00.

Esse investimento se faz necessário para a compra de 4 unidades da peneira modelo aro 40

cm malha 0,710 mm.

3. Ganhos estimados com a implantação das atividades de P+L

A partir do momento da implantação dessa oportunidade de P+L na empresa, é estimado

um ganho mensal de R$ 450,00.

Hoje na empresa o custo para 3m³ de pó de granalha é de R$ 750,00 mensal, com uma

redução de até 60% na geração do resíduo o volume mensal de descarte do pó de granalha pode

ser de até 1,2 m³, estimando um custo de R$ 300,00 por mês.

4. Tempo necessário para retornar o investimento com a implantação das atividades

de P+L

O tempo necessário para recuperar o capital investido será apresentado na Tabela 4 assim

como a Taxa Interna de Retorno – TIR na Tabela 5.

Tabela 4 - Cálculo do Payback para oportunidade 1 de P+L

PAYBACK

Mês Valores

0 -314

1 -314+450 136

Como se pode observar na Tabela 4 o tempo necessário para recuperar o capital investido

de R$ 314,00 é no primeiro mês.

Tabela 5 - Cálculo do TIR para oportunidade 1 de P+L

TIR

77

Mês Valor

0 -314

1 450

2 450

3 450

4 450

5 450

6 764

143%

4.4.2 Substituição do maçarico por um dispositivo hidráulico para a calibração do

conjunto H- Braço da Carregadeira

1. Levantamento de custos dos resíduos

Com base no Quadro 8 pode-se observar que o volume mensal de água utilizado nessa

atividade é de 168 L, resultando num custo mensal para a empresa de R$ 0,96 e R$ 11,43 por

ano.

2. Levantamento dos custos para a implantação das atividades de P+L

Para a implantação desse sistema na empresa se faz necessário a compra de um dispositivo

hidráulico para realizar a calibração da peça, como o conjunto tem uma estrutura relativamente

grande será necessário um dispositivo hidráulico com grande capacidade de força.

Foi solicitado um orçamento desse equipamento para uma empresa terceirizada que presta

serviços a empresa em estudo, essa empresa terceirizada, BRUVI – Automação Industrial orçou

esse equipamento em R$ 7.780,00 no qual teria capacidade de até 700 kg/cm², sendo suficiente

para o conjunto em questão.

3. Ganhos estimados com a implantação das atividades de P+L

Estima-se que com a implantação desse sistema na empresa terá uma redução de 100% no

custo de água no setor da Solda, também seria dispensado o uso do maçarico, porém esse é

usado em diversas outras atividades nesse setor, sendo assim não será considerado a redução

de uso nesse caso, pois seu valor seria insignificante.

Com a geração desse efluente ocorre o impedimento da utilização da água da cisterna da

empresa, que tem uma capacidade de 30m³. Caso essa geração cesse, esse volume de água da

cisterna começaria a ser utilizado nos tanques de preparação superficial, reduzindo, portanto o

uso de água para os tanques de 270m³ para até 240m³, em meses de grandes médias de

precipitação pluviométrica.

78

Contudo estima-se um ganho mensal de até R$ 171,06 e R$ 2.052,72 por ano com a

implantação dessa oportunidade de P+L.

4. Tempo necessário para retornar o investimento com a implantação das atividades

de P+L

O tempo necessário para recuperar o capital investido será apresentado na Tabela 6 assim

como a Taxa Interna de Retorno – TIR na Tabela 7.

Tabela 6 - Cálculo do Payback para oportunidade 2 de P+L

PAYBACK

Ano Valores

0 -7780

1 -7780 + 2052,72 -5727,28

2 -5727,28+2052,72 -3674,56

3 -3674,56+2052,72 -1621,84

4 -1621,84+2052,72 430,88

Como se pode observar na Tabela 6 o tempo necessário para recuperar o capital investido é

entre o terceiro e quarto ano.

Tabela 7 - Cálculo do TIR para oportunidade 2 de P+L

TIR

Ano Valor

0 -7780

1 2052,72

2 2052,72

3 2052,72

4 2052,72

5 2052,72

6 2052,72

7 2052,72

8 2052,72

9 2052,72

10 5452,72

25%

Para a realização do cálculo do TIR foi considerado que após 10 anos o valor residual do

equipamento seria de R$ 3.400, isso baseado em consulta realizada com empresa responsável

pela venda desses equipamentos.

O resultado final foi uma taxa interna de retorno de 25% em 10 anos.

79

4.4.3 Tratar e dar destinação correta à dispersão de fumos metálicos de soldagem

1. Levantamento de custos dos resíduos

Atualmente não ocorre diretamente a geração de custos para a empresa em relação a essa

atividade, sendo que não existe nenhum equipamento que impeça a dispersão dessa

contaminação para o meio ambiente.

Como custos indiretos pode-se considerar as multas de R$1.778,85, conforme cálculo de

multas definido pela portaria n° 65/2008 da FEPAM caso esta atividade não seja implantada na

empresa o valor da reincidência da 2ª multa é de R$ 5.336,55 e estas apresentam

progressividade no cálculo.

Cabe ressaltar que, no momento da aplicação da multa o fiscal entrega a multa e a

advertência escrita que define o prazo de trinta dias para a regularização da atividade. Caso este

prazo não seja cumprido pela empresa autuada, o processo vai a julgamento em decisão

administrativa no departamento jurídico da FEPAM.

2. Levantamento dos custos para a implantação das atividades de P+L

Estima-se um custo para a implantação desse sistema na empresa de R$1.843.200,00,

segundo orçamento realizado com a empresa EURONEMA AMBIENTAL.

3. Ganhos estimados com a implantação das atividades de P+L

Esta atividade é uma melhoria ambiental para a empresa, atenua o fumo metálico que não

podem ser evitados no processo de fabricação.

4. Tempo necessário para retornar o investimento com a implantação das atividades

de P+L

Para a realização dessa atividade não será considerado um Payback em relação a questões

econômicas e sim, somente ambientais, sendo que não existiria retorno financeiro nenhum para

a empresa quanto a essa oportunidade.

4.4.4 Substituição do papel usado para proteger eixos das peças por um sistema fixo de

tampas

1. Levantamento de custos dos resíduos

O custo para a empresa descartar esse resíduo considerado Classe I, atualmente é de R$

127,77 por mês.

80

2. Levantamento dos custos para a implantação das atividades de P+L

Para a implantação da proposta será necessário um investimento inicial de R$ 262,40,

considerando que nesse valor está incluso 64 tampas de poliestireno, material impermeável,

inquebrável, rígido e resistente a mudanças de temperatura.

3. Ganhos estimados com a implantação das atividades de P+L

Como ganhos foi estimado o valor de R$ 127,77 por mês decorrente da não geração de 0,4

m³ de resíduo Classe I e também esse papel que está sendo utilizado nesse processo poderá ser

vendido para a reciclagem gerando mais um ganho de R$ 1,19 por mês.

Estima-se um ganho total de R$128,96 por mês.

Soma-se a esta receita a redução de custos de R$ 127,77 por mês.

4. Tempo necessário para retornar o investimento com a implantação das atividades

de P+L

O tempo necessário para recuperar o capital investido será apresentado na Tabela 8 assim

como a Taxa Interna de Retorno – TIR na Tabela 9.

Tabela 8 - Cálculo do Payback para oportunidade 4 de P+L

PAYBACK

Meses Valores

0 -262,4

1 -262,40 +256,73 -5,67

2 -5,67+256,73 251,06

Como podemos observar no início do segundo mês a empresa já terá recuperado o

investimento.

Tabela 9 - Cálculo do TIR para oportunidade 4 de P+L

TIR

Mês Valor

0 -262,4

1 256,4

2 256,4

3 256,4

81

4 256,4

5 256,4

6 256,4

96%

Para a realização do cálculo da taxa interna de retorno dessa oportunidade não foi

considerado nenhum valor residual para as tampas no final de seis meses. O resultado obtido

foi de 96% de retorno em seis meses de vida útil.

4.4.5 Capacitação de gestão ambiental e P+L para colaboradores

1. Levantamento dos custos para a implementação das atividades de P+L

Para a implantação dessa oportunidade na empresa não será necessário nenhum

investimento, sendo que o setor de meio ambiente da empresa é formado por um Engenheiro

Ambiental e uma estagiária de engenharia ambiental, os quais seriam os profissionais mais

qualificados para a realização de tal oportunidade.

2. Ganhos estimados com a implementação das atividades de P+L

A princípio a oportunidade não trará nenhum ganho econômico diretamente para a empresa,

a partir dos resultados obtidos com essa capacitação ambiental dos funcionários com certeza a

empresa apresentará muitos ganhos econômicos.

3. Tempo necessário para retornar o investimento com a implementação das

atividades de P+L

Para a realização dessa atividade não será considerado um Payback em relação a questões

econômicas e sim, somente ambientais, sendo que não existiria diretamente retorno financeiro

nenhum para a empresa quanto a essa oportunidade.

4.5 Avaliação Ambiental das oportunidades

4.5.1 Reutilização da granalha de aço usada no setor de preparação superficial

1. Quantidade de resíduos que será reduzida

Ao adotar essa medida a empresa terá uma grande redução na sua geração de resíduos, o pó

de granalha será consideravelmente reduzido numa quantidade de até 60%.

Atualmente é gerado 3m³ de resíduo de granalha por mês na empresa, se caso a empresa

adotar essa medida de peneiramento da granalha a geração mensal de pó de granalha será de

82

1,2m³. A cada 15 tambores gerados por mês na empresa, que são retirados da cabine, tanto nos

seus arredores, 9 tambores podem ser reutilizados no sistema se no caso passar pelo processo

de peneiramento.

Classifica-se essa oportunidade de P+L em relação aos níveis de ações de P+L, conforme

Figura 9 ilustra, redução na fonte, modificação no processo, boas práticas de produção mais

limpa.

2. A classificação dos resíduos que poderão ser eliminados

A classificação dos resíduos permanecerá a mesma, conforme NBR 10004, resíduo Classe

I – Resíduos Perigosos.

3. A redução na utilização de recursos naturais

Devido à diminuição na geração e na utilização de granalha, ocorrerá a redução de recursos

naturais de forma indireta, fazendo com que a empresa não necessite mais da mesma quantidade

mensal de granalha, comprando menos do fornecedor e do fabricante desse produto.

4.5.2 Substituição do maçarico por um dispositivo hidráulico para calibração do

conjunto H – Braço da carregadeira

1. A quantidade de efluente que será reduzida

Ao adotar essa medida a empresa terá um grande impacto positivo de redução total da

geração do efluente gerado no atual sistema de calibração do conjunto H – Braço da

carregadeira. Hoje a geração mensal desse efluente é de até 168 L .

Classifica-se essa oportunidade de P+L em relação aos níveis de ações de P+L, conforme

Figura 9 SENAI, 2003, redução na fonte, modificação no processo, modificação tecnológica.

2. A classificação dos efluentes que poderão ser eliminados

A geração efluente será totalmente eliminada. Anteriormente a classificação desse efluente

se dava como Classe I, de acordo com NBR 10004.

3. A redução na utilização dos recursos naturais

Através dessa oportunidade de P+L a redução na utilização dos recursos naturais será

significativamente positiva, a partir do momento que não será mais utilizado água potável para

o resfriamento da peça, fazendo com que não aconteça mais a contaminação da cisterna da

empresa permitindo o uso da cisterna para o abastecimento dos taques dos banhos de preparação

superficial, reduzindo ainda mais no consumo de água na empresa.

83

4.5.3 Tratar e dar a destinação correta a dispersão de fumos metálicos de soldagem

1. A quantidade de emissões que será reduzida

Os fumos de solda são partículas sólidas de óxidos de metais muito finas formadas durante

o processo de soldagem. Muitos tipos de metais podem ser encontrados nos fumos de solda,

incluindo arsênico, berílio, cádmio, cromo, cobalto, cobre, ferro, chumbo, manganês, níquel,

silicatos, selênio, vanádio e zinco.

Os gases que comumente estão associados à solda são dióxido de carbono, monóxido de

carbono, óxidos de nitrogênio, ozônio, compostos de flúor e fosgênio.

A quantidade de emissões geradas será a mesma, porém será minimizada a carga poluidora

dos gases lançadas na atmosfera, sendo essas retidas nos filtros.

2. A classificação das emissões que poderão ser minimizadas

Esta proposta é uma melhoria ambiental para a empresa, atenua o fumo metálico que não

podem ser evitados no processo de fabricação. Caso a empresa adote essa oportunidade esses

gases não serão mais lançados à atmosfera livremente, os filtros irão reter esses gases,

minimizando a poluição atmosférica neste caso, fazendo com que a qualidade/classificação das

emissões esteja de acordo com as legislações vigentes.

3. A redução na utilização de recursos naturais

Não ocorrerá redução na utilização de recursos naturais.

4.5.4 Substituição do papel usado para proteger eixos de peças por um sistema fixo de

tampas

1. A quantidade de resíduos que será reduzida

Caso a empresa adote essa oportunidade de P+L a quantidade de resíduo que será

diminuída é de 100%. Hoje a empresa gera uma quantidade de 0,4 m³ por mês papel

contaminado. Se caso o setor de pintura adotar essa nova forma de proteção das peças não será

gerado nenhum resíduo nessa origem.

Podemos classificar essa oportunidade de P+L em relação aos níveis de ações de P+L,

conforme Figura 9 SENAI, 2003, como Nível 1, redução na fonte, modificação no processo,

modificação tecnológica.

2. A classificação dos resíduos que poderão ser eliminados

Hoje a classificação do resíduo gerado nessa atividade de acordo com a NBR 10004 se dá

como Classe I- Resíduos Perigoso.

84

3. A redução na utilização de recursos naturais

Quanto à redução na utilização de recursos naturais ocorrerá de forma indireta. Não será

mais utilizado papel para a proteção da peça.

4.5.5 Capacitação de gestão ambiental e P+L para colaboradores

1. A quantidade de resíduos, efluentes e emissões que serão reduzidos

A princípio não se pode quantificar os resíduos, efluentes e emissões que serão reduzidos

com essa oportunidade. Isso só poderá ser realizado após a implantação e monitoramento do

programa, analisando os resultados obtidos durante a execução da atividade.

2. A classificação dos resíduos, efluentes e emissões que poderão ser eliminados

Como foco principal de educação ambiental, estimulando a participação do funcionário no

comprometimento em relação ao enfoque ambiental, ajudando na proteção e melhoria do

ambiente, conduzindo-o a uma reflexão sobre seu agir; possibilitando uma mudança de

comportamentos e atitudes em relação ao meio ambiente interno e externo; despertando-o para

a ação e a busca de soluções concretas para os problemas ambientais que ocorrem

principalmente no seu dia-a-dia, no seu local de trabalho, na execução de sua tarefa; atuando,

enfim, para a melhoria da qualidade ambiental dele e dos seus colegas, todos os resíduos

poderão ser reduzidos na execução dessa atividade, efluentes, emissões atmosféricas, resíduos

sólidos, o enfoque se dará em todos os níveis de classificação.

3. A redução na utilização de recursos naturais

Com a adoção dessa oportunidade o resultado irá impactar positivamente numa redução dos

recursos naturais na empresa, através de uma melhoria da consciência ambiental dos

colaboradores e lhes trazendo boas práticas operacionais.

4.6 Verificação das oportunidades mais viáveis

As oportunidades viáveis de Produção mais Limpa sugeridas para a empresa em estudo,

foi considerado as informações obtidas na etapa 2 e 3 da pesquisa considerando a análise

ambiental sob aspectos e impactos e os custos de produção. A partir deste estudo proporcionou-

se as atividades de Produção mais Limpa que possibilitariam melhora significativa de

produtividade e redução dos impactos ambientais decorrentes dos processos de fabricação. O

Quadro 17 ilustra os aspectos que foram considerados para definir as oportunidades mais

viáveis para a empresa.

85

Quadro 17 - Verificação das oportunidades de P+L mais viáveis

OPORTUNIDADE GANHOS DE

PRODUTIVIDADE

GANHO

AMBIENTAL

INVESTIMENTO

NECESSÁRIO

TEMPO DE

RETORNO DO

INVESTIMENTO

1. Reutilização da

granalha de aço usada

no setor de preparação superficial

x R$ 314,00 1 mês

2. Substituição do

maçarico por um

dispositivo hidráulico

para a calibração do

conjunto H - Braço

da Carregadeira

x x R$ 7.780,00 3 anos

3. Tratar e dar a

destinação correta a

dispersão dos fumos

de soldagem

x R$ 1.843.200,00 -

4. Substituição do

papel usado para

proteger eixos das peças por um sistema

fixo de tampas

x R$ 262,40 2 meses

5. Capacitação de

gestão ambiental e

P+L para

colaboradores

x x - -

Destacam-se algumas atividades como oportunidades viáveis de Produção mais Limpa. A

seleção de oportunidades mais viáveis de P+L foi analisada considerando os custos, ganhos

econômicos e ambientais. O ECOTIME definiu a prioridade conforme roteiro:

Seleção de atividades de P+L com pouco investimento com retorno de até 6 meses e

com ganho ambiental:

- 1) Reutilização da granalha de aço usada no setor de preparação superficial;

- 4) Substituição do papel usado para proteger eixos das peças por um sistema fixo de tampas;

- 5) Capacitação de gestão ambiental para colaboradores;

Seleção de atividade de P+L com retorno de até 5 anos com ganho de produção e

ambiental:

- 2) Substituição do maçarico por um dispositivo hidráulico para a calibração do conjunto H –

Braço da Carregadeira.

4.7 Plano de Implantação e Monitoramento

86

Visando um melhor acompanhamento para a implantação das oportunidades, foi

determinado um responsável para cada atividade, bem como o tempo previsto para a

implantação da proposta e definição da frequência de monitoramento, conforme ilustra o

Quadro 18.

Quadro 18 - Responsáveis pela execução das oportunidades e periodicidade de seu

monitoramento

Oportunidade Responsável Implementação Monitoramento

1. Reutilização da granalha de aço usada no setor de

preparação superficial

Marcelo Imediatamente Mensal

2. Substituição do maçarico

por um dispositivo hidráulico

para a calibração do conjunto

H - Braço da Carregadeira

Luiz Fernando Primeiro mês Trimestral

4. Substituição do papel usado

para proteger eixos das peças

por um sistema fixo de

tampas

Marcelo Primeiro mês Mensal

5. Capacitação de gestão

ambiental e P+L para

colaboradores

Débora Imediatamente Mensal

4.7.1 Monitoramento

O monitoramento das oportunidades deverá ser feito pelo seu responsável através das

fichas apresentadas a seguir (Quadros 19 a 22).

87

Quadro 19 - Ficha para o monitoramento da atividade 1 de P+L

Reutilização da granalha usada

Mês/2014

Atividade

Observação

Houve

impacto na produção Data

Assinatura Responsável

Conforme Não conforme Sim Não

Julho

Agosto

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

Quadro 20 - Ficha para o monitoramento da atividade 2 de P+L

Implantação de um dispositivo hidráulico

Mês Atividade

Observação

Houve

Impacto na produção Data Assinatura responsável

Conforme Não conforme Sim Não

Julho

Outubro

Janeiro

88

Quadro 21 - Ficha para monitoramento da atividade 4 de P+L

Implantação de tampas fixas nas peças

Mês/2014

Atividade

Observação

Houve

impacto na produção Data

Assinatura Responsável

Conforme Não conforme Sim Não

Julho

Agosto

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

Quadro 22 - Ficha para monitoramento de atividade 5 de P+L

Capacitação de gestão ambiental

Mês/2014 Assunto abordado Número de

colaboradores

convocados

Número de colaboradores

participantes

Percentual de

participação

Registro

fotográfico Observações

Julho

Agosto

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

89

5 CONCLUSÃO

O desenvolvimento do estudo apresentou uma proposta de Produção mais Limpa que

pode ser aplicada na indústria do ramo metal-mecânico. O estudo possibilitou apresentar,

analisar e discutir as oportunidades identificadas de P+L, oportunidades que encontram-se

diretamente relacionadas às questões ambientais e econômicas. A interação desses elementos

agrega aperfeiçoamento aos processos de fabricação e previne a empresa de possíveis sanções

ambientais.

Através da realização detalhada das avaliações técnicas, econômicas e ambientais de

cada oportunidade observou-se que, as atividades que envolvem produtividade, ganho

ambiental, que necessitam de pouco investimento foram consideradas viáveis para a

implantação na empresa, e também as que necessitam um investimento um pouco maior,

apresentando ganhos de produção e ambientais, e possuem um tempo de retorno de até cinco

anos. Mostrando assim satisfatório os resultados obtidos no estudo, sendo que foram

determinadas quatro oportunidades de P+L viáveis para a implantação na empresa.

Para as atividades consideradas viáveis o estudo definiu um plano de implantação e

monitoramento. Onde para a implantação foi definida um responsável por cada atividade, o

momento de implantação da atividade e a periodicidade do seu monitoramento.

É possível concluir que, as medidas de minimização e redução propostas no estudo

propiciam, com base na legislação vigente, condições aceitáveis de disposição dos resíduos e

efluentes, de forma a minimizar os impactos ambientais provocados pela atividade de

fabricação.

90

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92

APÊNDICE A/ANEXO A