VIABILIDADE ECONÔMICA DO SISTEMA CONSTRUTIVO WOOD FRAME NA

EXECUÇÃO DE HABITAÇÃO POPULAR EM GURUPI - TO

Agatha Sousa Oliveira¹

Enicléia Nunes de Sousa Barros2

Marcileia Dias de Oliveira³

RESUMO

A construção civil apresenta a necessidade de implantar muitas obras, otimizando os projetos,

integrando seus sistemas com menor custo, tempo, e atendendo a questões sustentáveis. Com

isso, se vê diante de um processo de mudança, o qual integra métodos construtivos

industrializados com alternativas para suprir as exigências 1que são impostas neste mercado.

O Wood Frame, estrutura em peças de madeira maciça e fechamento em chapas OSB, é

classificado como construção a seco (gera poucos resíduos). Diante desse exposto, o objetivo

dessa pesquisa é analisar a viabilidade econômica para utilizar o sistema construtivo Wood

Frame como alternativa construtiva para o projeto de Habitações Populares executada pelo

Programa Minha Casa, Minha Vida num Conjunto Habitacional localizado no Munícipio de

Gurupi-TO. Consistiu em um estudo de caso exploratório, de caráter quali quantitativo,

observacional e analítico, sendo realizado na cidade de Gurupi – TO. Em seu

desenvolvimento foi feito o estudo da viabilidade econômica, no loteamento Madrid, onde

foram executadas 233 unidades habitacionais da faixa 1 de renda familiar (0 a 3 salários

mínimos). Com isso, este estudo buscou analisar a comparação dos custos do sistema

construtivo convencional e Wood Frame, para constatar qual sistema teve o menor preço,

afim de que seja possível indicar se o sistema construtivo Wood Frame é viável

economicamente na construção de casas populares em Gurupi-TO.

Palavras-chave: Construção a seco. Meio ambiente. Habitação Popular. Método Construtivo.

ABSTRACT

Civil construction presents the need to implement many works, optimizing projects,

integrating their systems with less cost, time, and addressing sustainable issues. Thus, we are

facing a process of change, which integrates industrialized construction methods with

alternatives to meet the demands that are imposed on this market. The Wood Frame, solid

wood part structure and OSB plate closure, is classified as dry construction (generates little

1Acadêmica do Curso de Engenharia Civil – UnirG, Gurupi/TO. E-mail: sousaagatha06@gmail.com 2Profª. Orientadora, Curso de Engenharia Civil – Universidade de Gurupi/TO. E-mail:

enicleiajc@hotmail.com

³Profª. Co-orientadora, Curso de Engenharia Civil – Universidade de Gurupi/TO. E-mail:

oliveira.mdias@gmail.com

waste). Given this, the objective of this research is to analyze the economic viability to use the

Wood Frame construction system as a constructive alternative to the project of Popular

Housing executed by the my home, my life Program in a Housing Estate located in Gurupi-

TO. It will consist of an exploratory case study of qualitative quantitative, observational and

analytical character, being carried out in the city of Gurupi - TO. In its development will be

made the economic feasibility study, in the subdivision Madrid, where 233 housing units of

family income range 1 (0 to 3 minimum wages) were executed. Thus, this study seeks to

analyze the cost comparison of the conventional and Wood Frame building system, to find out

which system had the lowest price, so that it is possible to indicate if the Wood Frame

building system is economically viable in building popular houses in Gurupi -TO.

Keywords: Dry construction. Environment. Popular housing. Constructive method.

INTRODUÇÃO

Atualmente, o sistema construtivo maior empregado no Brasil é o denominado

sistema construtivo convencional. Consiste em uma estrutura de concreto armado com

vedação de blocos cerâmicos cobertos de revestimento argamassado (chapisco, emboço e

reboco). Esse processo demanda maior prazo de execução da obra, pois faz com que haja mais

gastos com despesas indiretas, por exemplo, salário dos colaboradores, combustível e

alimentação. Sendo assim, quanto maior for o tempo de construção da edificação, maior serão

as despesas com custos indiretos.

Além disso, também apresenta desperdícios de materiais que acabam gerando muitos

resíduos no processo. Cerca de 30% de material é desperdiçado de alguma maneira nas obras.

Com isso, aumenta a geração de resíduos provocada pela construção civil ocasionando

impactos ambientais nas cidades, pois muitas vezes são descartados em locais incorretos.

Dessa forma, a alvenaria convencional, vem sendo substituído por sistemas

industrializados. Dentre vários destaca-se um dos muitos vantajosos, trata-se do sistema

Wood Frame, estrutura com peças de madeira maciça e fechamento em chapas OSB. Esse

sistema apresenta flexibilidade e agilidade, proporciona exploração em diversas aplicações,

como habitações.

Verifica-se, pois, qualidades que apresenta a madeira como, fácil trabalhabilidade,

possibilidade de projetos altamente racionalizados, como pré-fabricados, compostos de

componentes para simples montagem no canteiro. Por isso, no cenário mundial a madeira

apresenta grande benefício em sua utilização no setor da construção civil, principalmente pelo

seu alto potencial sustentável.

Com isso, favorece incentivo ao utilizar de materiais à base de fontes renováveis,

como a madeira de reflorestamento, que, comparado com o aço e o concreto, é uma

alternativa mais viável do ponto de vista ambiental, pois reduz a emissão de CO2.

Então, o objetivo do trabalho é analisa a viabilidade econômica da aplicação do

sistema construtivo Wood Frame como alternativa construtiva em projeto de Habitações

Populares executada pelo programa Minha Casa, Minha Vida em um conjunto habitacional

em Gurupi-To.

1. REVISÃO DE LITERATURA

1.1 Wood Frame

1.1.1. Definição

A diretriz nº 005 do Sistema Nacional de Avaliações Técnicas (2011), define que o

Wood Frame é um sistema leve, cuja característica principal é sua estrutura formada de

madeira reflorestada tratada e fechamento em chapas delgadas. Apresenta menor

agressividade ao meio ambiente e utiliza matéria prima renovável, pois é um sistema

industrializado e durável.

O Wood Frame é utilizado em construção de no máximo cinco pavimentos, pois

compõe um sistema leve que pode ser industrializado. Consente rápida montagem e controle

de gastos a começar do projeto, conforme é observado na tabela 1 que descreve as

desvantagens e vantagens desse sistema. Em comparação a alvenaria estrutural, o desempenho

estrutural é melhor em conforto térmico, acústico e resistência.

4

Tabela 1 - Vantagens e Desvantagens do sistema construtivo Wood Frame

Vantagens Desvantagens

Obra seca e limpa gera

menos resíduos

Mão de obra especializada

Pré-construção em ambiente

industrializado reduz o tempo de obra

Altura nas edificações de no

máximo 5 pavimentos

Utiliza madeira de

reflorestamento, única matéria prima

renovável da construção civil

Baixa oferta de mão de obra

especializada

Sustentabilidade, rapidez e

limpeza da obra, durabilidade e

eficiência das construções

Baixa oferta de ferramenta

especializadas

Flexibilidade de projeto Resistência do mercado

Conforto e resistência Fonte: Adaptado de Souza (2012).

No Brasil em toda estrutura, aconselha o utilizar madeira tratada contra cupins e

fogo. O tratamento com produtos hidrossolúveis em autoclave protege a madeira contra o

ataque de cupins e fungos, como exemplo o CCB (Cobre-Cromo-Boro) e o CCA (Cobre-

Cromo-Arsênio) (CALIL JUNIOR; MOLINA, 2010).

Ademais, o tratamento contra o fogo é obtido por produtos que retardam essa ação,

como o verniz retardante de chamas. Atua como barreira física resistente à propagação da

chama, que resulta em baixa emissão de fumaça, e nula produção de gases tóxicos ou

corrosivos durante a queima. Esse verniz é mais utilizado em peças esbeltas de madeira

porque tem baixa resistência ao fogo, sendo que as peças robustas de madeira possuem

excelente resistência ao fogo. Pois, a madeira é um mau condutor de calor, a temperatura

interna cresce mais lentamente, guardando o núcleo do material íntegro com propriedades

mecânicas inalteradas (PFEIL, 2003).

1.2 Processo Construtivo

O método construtivo do sistema Wood frame analisado no presente trabalho será o

sistema de painéis fechados em ambiente fabril, que consiste na produção dos painéis com

todos os elementos das camadas, incluindo a parte elétrica e hidráulica interna. Fica para ser

5

feito no canteiro apenas os arremates finais, ou seja, as paredes ficam prontas para receber a

pintura. Sendo assim, a única etapa construtiva moldada in-loco é a fundação.

De acordo a empresa TecVerde, a industrialização tem como objetivo transformar o

procedimento mais eficiente, onde tem maior gestão de qualidade, maior velocidade e

diminuição na geração de resíduos

1.2.1 Fundação

Conforme a LP Building Products (2011), no sistema Wood frame qualquer modelo

de fundação pode ser feito. Porém, devido sua estrutura ser leve e ter a distribuição

proporcional das cargas, os modelos mais empregados são a sapata corrida e o radier.

O radier é a solução mais rápida e viável para ser executada em terrenos pouco

acidentados e planos, onde depende também da característica do solo. Durante essa etapa,

deve ser previsto as esperas para instalações elétricas e hidrosanitárias. Com isso, ele possui

dupla função, a de fundação e de piso para o pavimento térreo da obra, sendo aplicado

argamassa para o contra piso e logo após aplicado o revestimento cerâmico.

1.2.2 Ancoragem

A ancoragem a ser adotada, depende das solicitações de carga que ocorrem na

estrutura, da fundação escolhida e das condições ambientais e climáticas. (CASTRO;

FREITAS, 2006).

Para fixação dos painéis que compõem as paredes, deve ser feita diretamente na

fundação, onde a junção pode ser feita através de barras de ancoragem, cintas embutidas ou

ganchos. É importante que essas peças metálicas sejam galvanizadas e que apresentem

tratamento térmico de forma a evitar a corrosão devido a umidade (THALLON, 2008).

6

1.2.3 Estrutura

Os fechamentos dos painéis são firmados da base ao topo da edificação. Inicia a

montagem na base e amarra as laterais dos painéis. O fechamento das paredes internas só é

finalizado após a conclusão da parte elétrica e hidráulica. O desenvolvimento da estruturação

é comumente com montantes de espessura de 40 mm, largura de 90 mm e o espaçamento de

400 mm ou 600 mm, segundo o projeto (LEITE; LAHR, 2016). Observa-se que na Figura 1, é

descrito as partes do entramado da parede e a figura 2 o painel estrutural da parede.

Figura 1 - Partes do entramado da parede

Fonte: Espíndola (2017)

De acordo com Calil Junior e Molina (2010), a junção dos elementos estruturais aos

painéis, são feitos com pregos necessariamente galvanizados, pois devem ter longa

durabilidade de serviço. Os pregos utilizados nos painéis são do tipo ardox ou anelado, pois

dificultam ser arrancados principalmente em madeiras maciças (coníferas).

7

Figura 2 - Painel estrutural da parede

Fonte: TecVerde Engenharia S/A (2018)

1.2.4 Impermeabilização

Segundo a empresa Tecverde, a impermeabilização (barreira de vapor e membrana

hidrófuga) é fixada sobre a chapa de OSB, pois veda umidade interna e água de chuva para

não penetrar na parede, com isso, protege a estrutura das intempéries e aumenta a

durabilidade.

Em áreas que tem exposição a água como a cozinha e banheiro, pode ser empregada

placas cimentícias com pintura de resina acrílica pura e selador acrílico, assim como, placas

de gesso acartonado que resiste à umidade e revestida com azulejo (CALIL JUNIOR;

MOLINA, 2010).

1.2.5 Isolamento Temo Acústico

Os materiais de isolamento térmico são poliestireno expandido, placas de lã de vidro,

lã de rocha ou outro material com resistência térmica maior ou igual a 0,5m²K/W e

condutividade térmica inferior a 0,06W/mºC. Para isolamentos acústicos, pode-se usar lã de

8

vidro, lã de rocha, fibras cerâmicas, fibras de madeira, poliuretano, cortiça, vermiculita entre

outros (SINAT, 2011).

1.2.6 Instalações elétricas e hidro sanitárias

Os sistemas elétricos e hidráulicos têm propriedades idênticas ao sistema de

alvenaria convencional. Entretanto, o Wood Frame agrega maior agilidade e praticidade para

possíveis reparos, pois permite embutir as instalações nos vãos internos aos montantes

(CALIL JUNIOR; MOLINA, 2010).

Então, as tubulações de água são embutidas em paredes hidráulicas fixadas à

estrutura interna da parede. As tubulações abastecimento de agua fria e esgoto são destinadas

em shafts, onde são previstas janelas para manutenções e inspeções. Já as instalações elétricas

e telefonia passam no interior dos forros e paredes, através de conduítes plásticos que são

fixados nas chapas OSB, estrutura de cobertura e barrotes (SINAT, 2011).

1.2.7 Fechamento

Campos (2006) diz que as placas para fechamentos das paredes, estão dentre os

componentes que mais progrediram no Brasil tecnologicamente, com destaque as placas

cimentícias, chapas de OSB e gesso acartonado.

A chapa de OSB tem a função de vedar e contraventar, tanto interna quanto externa

as estruturas das paredes, telhados e entrepisos, dando rigidez a edificação (LP Building

Products, 2011).

O gesso acartonado, conhecido como drywall, é aplicado somente para fechamento

interno das paredes proporcionando assim uma superfície pronta a receber o acabamento final.

Em áreas molháveis, o gesso deve resistir à umidade (LP Building Products, 2011).

9

No entanto, as placas cimentícias são usadas para fechamentos externos e internos

(Figura 16). Em áreas molháveis, as juntas das placas têm que ser tratadas para que tenha um

melhor desempenho (SAINT-GOBAIN, 2011).

1.2.8 Cobertura

A estrutura da cobertura é executada semelhante ao processo com tesouras, porém é

mais leve. No Wood Frame, não utiliza de caibros e terças, pois os espaçamentos entre as

tesouras são pequenos (LEITE; LAHR, 2016).

Segundo a empresa Tecverde, não há limitações com qual telha ou telhado venha a

ser empregado, pode ser cobertura verde, tipo platibanda ou aparente.

1.3 Programa Minha Casa Minha Vida

O Programa Minha Casa Minha Vida, criado a partir da Lei nº. 11.977, de 7 de julho

de 2009, tem objetivo de realizar meios para incentivo à aquisição e produção de novas

unidades habitacionais. Esse programa é dividido em três faixas de renda familiar. Faixa 1 –

até R$ 1.600,00 (conhecida também como 0 a 3 salários mínimos), faixa 2 – até R$ 3.100,00 e

a faixa 3 – até R$ 5.000,00. Com foco na população de baixa renda, a maior parte dos

recursos são direcionados à faixa 1, para a qual são destinadas 60% das unidades, tendo parte

do valor dos imóveis custeada com recursos do Governo.

As casas populares da faixa 1, tem tamanho padrão, contendo uma área de 40m² a

50m², dispondo de dois quartos, um banheiro, uma sala e uma cozinha. Todas são de

alvenaria, forradas com laje, pvc ou madeira, telhado de telha cerâmica, azulejos na parede da

cozinha e banheiro e piso de cerâmica.

10

2. METODOLOGIA

A pesquisa científica resulta em um exame minucioso ou inquérito que é realizado

com a finalidade de solucionar um problema, recorrente aos procedimentos científicos, pois

propicia aproximação e compreensão da realidade ao investigar (GERHARDT; SILVEIRA,

2009).

Sendo assim, com base em procedimentos técnicos que foram utilizados para

desenvolver a pesquisa, consiste em um estudo de caso exploratório, de caráter quali

quantitativo, observacional e analítico, pois é um estudo de caso aplicável em grandes

proporções.

2.1 Localização Da Área De Estudo

O estudo de viabilidade econômica foi realizado na cidade de Gurupi/TO, mais

especificamente no loteamento Madrid, onde foram executadas 233 unidades habitacionais da

faixa 1 de renda familiar (0 a 3 salários mínimos), tendo como área total das casas construídas

de 10.645,77m².

Figura 3 - Identificação da área de estudo

Fonte: Google Earth (2019)

11

2.2 Caracterização Do Projeto Base

O projeto base consiste em uma residência com área de 45,69 m², contendo 2

quartos, 1 banheiro, sala, cozinha e área de serviço (Figura 4). O modelo tridimensional

(figuras 5 e 6) representa a projeção física do projeto sendo um retrato mais próximo do que

foi executado.

No loteamento residencial, já é implantado infraestrutura de asfalto, água tratada e

energia elétrica, contendo lotes com área média de 220 m².

Figura 4 - Planta Baixa Projeto Base

Fonte: Cavalcante (2013)

12

Figura 5 - Projeto tridimensional, vista frontal da habitação

Fonte: Cavalcante (2013)

Figura 6 - Projeto tridimensional, vista da lateral esquerda da edificação

Fonte: Cavalcante (2013)

Os outros projetos complementares que integram a construção da residência popular

de alvenaria convencional, também foram utilizados como base para o Wood Frame.

2.3 Comparação De Custo

Os projetos arquitetônicos, complementares, e orçamento das casas do loteamento

estudado foram realizados no ano de 2013 com 233 unidades construídas. Todos os projetos

foram fornecidos pela Construtora Asas que executou a obra.

13

Para realização da análise da viabilidade econômica da utilização do Wood Frame

em habitações populares, antes de tudo foi feita a adaptação do projeto em alvenaria de blocos

cerâmicos para o Wood Frame, utilizando o software Revit conforme observado na figura 7 e

8.

Figura 7 – Planta baixa adaptada ao sistema Wood Frame

Fonte: Autora (2019).

Figura 8 - Vista 3D

Fonte: Autor (2019).

14

A moradia popular em Wood Frame teve como melhor alternativa econômica o uso

de placas cimentícias para os fechamentos externos e área molháveis, por apresentar

características impermeáveis e boa resistência mecânica. Para os ambientes internos, a escolha

foi de gesso acartonado, por apresentar facilidade construtiva e funcionalidade ao sistema.

A fundação da unidade foi considerada em radier com espessura de 10 cm e área de

69 m². Para as instalações complementares, foram consideradas os mesmos processos do

sistema construtivo convencional, havendo somente algumas alterações na metragem das

tubulações do sistema Wood Frame. Foram utilizadas para garantir uma igualdade de

comparação entre os dois sistemas. O mesmo foi utilizado para os revestimentos internos e

externos.

As figuras 9 e 10 apresentam respectivamente os projetos elétricos e sanitários.

Figura 9 - Projeto Elétrico Wood frame

Fonte: Autora (2019).

15

Figura 10 – Projeto Sanitário Wood Frame

Fonte: Autora (2019).

Tendo já em mãos o projeto do sistema Wood Frame, seguiu com a elaboração do

orçamento para realizar o levantamento dos serviços necessários e quantitativo de materiais,

utilizando a tabela SINAPI e pesquisas de mercado local e estadual para os itens que não são

contidos nas planilhas, como por exemplo as mantas de impermeabilização, chapa OSB e

placas cimentícias.

Com as planilhas orçamentárias prontas, foi aplicado em cada sistema ao valor final

de uma residência, a quantidade de unidades construídas no conjunto habitacional, para assim

constatar o valor total orçado para o empreendimento.

O valor do percentual de BDI empregado é de 16%, a mesma quantidade aplicada no

ano do empreendimento. Com todos os dados adquiridos, realizou-se a comparação dos

custos, para constatar qual sistema teve o menor preço, afim de que seja possível indicar se o

sistema construtivo Wood Frame é viável economicamente na construção de casas populares

em Gurupi-TO.

16

Por conseguinte, tornou-se possível apresentar o custo benefício do Wood Frame,

onde não é levado em consideração só o custo, mas também a qualidade, redução do tempo de

obra, impacto ao meio ambiente, segurança, conforto térmico e acústico, ou seja, os

benefícios que são oferecidos a população e ao meio ambiente.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A partir dos projetos executivos da edificação, realizou o levantamento do

quantitativo de materiais e serviços necessários para a implantação do conjunto habitacional,

juntamente com a comparação do custo final dos dois processos construtivos apresentados. Os

custos da edificação foram calculados com base nas planilhas do SINAPI - TO em referência

ao mês 08/19, e aos itens não contidos da planilha foi feita uma pesquisa de mercado para

melhor precisão do estudo.

A tabela 2 apresenta os custos finais resultantes dos levantamentos realizados, sendo

possível fazer um diagnóstico inicial sobre os dois métodos construtivos comparados,

analisando cada etapa da construção.

Tabela 2 – Custo por etapa de construção

ITEM DESCRIÇÃO ALVENARIA

CONVENCIONAL

WOOD FRAME

1 SERVIÇOS PRELIMINARES R$ 256,77 R$ 161,35

2 FUNDAÇÃO R$ 4.765,90 R$ 5.185,42

3 PAINÉIS R$ 19.083,88 R$ 22.680,39

3.1 ESTRUTURA R$ 966,59 R$ 5.065,13

3.2 REVESTIMENTO EXTERNO DA PAREDE R$ 10.498,99

3.3 REVESTIMENTO INTERNO DA PAREDE R$ 7.116,27

4 ESQUADRIAS – PORTAS E JANELAS R$ 9.867,70

5 FORRO R$ 1.633,05 R$ 1.633,05

6 COBERTURA R$ 12.432,20 R$ 3.932,04

7 REVESTIMENTO R$ 13.247,48 R$ 3.739,08

8 PINTURA R$ 3.521,07 R$ 3.521,07

9 INSTALAÇÕES ELÉTRICAS R$ 2.241,17 R$ 1.827,73

10 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS R$ 1.906,96 R$ 1.574,30

11 INSTALAÇÕES SANITÁRIAS R$ 4.464,61 R$ 3.869,27

12 APARELHOS E METAIS R$ 3.611,12 R$ 3.611,12

13 COMPLEMENTAÇÃO DA OBRA R$ 163,05 R$ 163,05

TOTAL R$ 68.293,85 R$ 61.765,57

Fonte: Autora (2019)

17

Em primeira análise é possível concluir que o método construtivo mais barato é o

Wood Frame, alcançando um total de R$ 61.765,57, sendo 10% mais barato que o modelo em

alvenaria convencional se tornando um método economicamente viável e competitivo com a

alvenaria comum, usualmente empregada na construção civil brasileira. Pode-se notar que no

caso do sistema Wood frame, os custos em certas etapas são maiores quando comparadas às

de alvenaria convencional. Isto se dá, possivelmente, por esses sistemas utilizarem produtos

que ainda são novos no mercado, e que em consequência torna-se mais caro pela baixa

comercialização.

Comparando os gastos de cada etapa do dois sistemas construtivos, é possível

destacar que nas fundações a redução de custos na casa em alvenaria convencional pode ser

justificada pelo fato de que utiliza-se menos quilos de aço e m³ de concreto na execução da

viga baldrame, mesmo que as paredes em Wood frame se tornam mais leves e possibilita

executar um radier menos espesso, cerca de 10 cm, a viga baldrame teve custo menor.

Nas estruturas e paredes, de acordo com a tabela, os custos em relação a casa

construída em Wood frame são mais elevados que o da alvenaria pois são materiais

industrializados e com maior custo unitário.

A Cobertura do Wood frame há uma diminuição com os gastos, já que é executada

com treliças de Eucalipto tratada que possuem menor custo do que a estrutura em madeira de

lei.

Na etapa de impermeabilização as despesas também são maiores no sistema Wood

Frame, pois é exigido impermeabilizar as fundações e as paredes das áreas molháveis para

evitar que a madeira apodreça e em consequência o enfraquecimento da estrutura, entre outras

patologias.

Outra etapa que apresenta o maior custo no Wood Frame são os revestimentos

internos e externos pelo fato do sistema fazer uso de chapas industrializadas como a placa

cimentícia e a chapa OSB que apresentam maior custo unitário.

Os custos com esquadrias, instalações elétricas, instalações hidrossanitárias, pinturas

e serviços complementares não apresentam diferenças significativas entre os dois sistemas, no

que diz respeito às despesas com os materiais na construção.

18

A Tabela 3, apresenta os comparativos de custos de equipamento, mão de obra e

materiais dos dois modelos estudados.

Tabela 3 – Custo de equipamento, material e mão de obra

ALVENARIA CONVENCIONAL WOOD FRAME

EQUIPAMENTO R$ 2.456,79

R$ 1.092,89

MÃO DE OBRA R$ 21.688,57

R$ 10.073,73

MATERIAL R$ 44.148,49

R$ 50.598,95

Fonte: Autora (2019).

Os gastos referentes a mão de obra na construção com Wood Frame apresenta uma

redução de 53,55% devido a construção de residências ser mais ágil com estes sistemas.

Estudos parecidos nos dizem que além da redução com custos de mão de obra, há também a

diminuição do tempo de construção, pois segundo Giribola (2013) o tempo de construção de

edificação em Wood frame é até três vezes menor do que o prazo de execução de uma obra

similar em alvenaria. Em quase todas as etapas construtivas da casa orçada em Wood frame

houve uma redução nas despesas com mão de obra, podendo destacar as Fundações, onde o

radier para a casa em Wood frame é menos espesso e demanda menos tempo de concretagem.

Os gastos com serviços de execução das paredes é praticamente o mesmo, apesar das

paredes em Wood frame serem montadas em fábrica, há custos com transporte dos painéis e

instalação na obra.

A redução nos gastos com cobertura se deve ao fato das treliças saírem prontas de

fábrica, e as despesas são somente com a instalação das mesmas.

A instalação das esquadrias na edificação em Wood frame é feita por meio de

fixação com parafusos ou espuma de poliuretano, diminuindo assim o tempo de instalação se

comparado à alvenaria onde as esquadrias são chumbadas com argamassa nas paredes.

Já nas instalações elétricas e hidrossanitárias por serem embutidas entre os montantes

das paredes em Wood frame, são eliminados os custos com mão de obra para executar o rasgo

das paredes para instalação da tubulação.

As despesas com mão de obra para pinturas e serviços complementares é a mesma

19

para os dois sistemas construtivos pois não houve alterações.

Por fim, a partir do orçamento de uma casa determinou-se o custo total para a

construção de 233 residências nos sistemas construtivos Wood frame e alvenaria

convencional, multiplicando o custo de uma residência por 233 unidades contidas no conjunto

habitacional. Esses valores podem ser analisados no gráfico 1, foram totalizados em R$

15.912.467,1 para execução das casas em alvenaria convencional, e R$ 14.391.377,8 para

execução das casas em Wood frame, havendo uma diferença significativa de R$ 1.521.089,3

entre os dois sistemas. O lucro, ou benefício, foi estimado para o sistema em Wood frame de

R$ 1.977.573,52, e para a alvenaria convencional de R$ 2.192.562,62.

Gráfico 1 – Despesas para construção de 233 unidades habitacionais

Fonte: Autora (2019).

Comparando esses valores com o total orçado para o empreendimento executado no

ano de 2013 que foi de R$ 13.980.000,00, podemos observar que teve um aumento de R$

1.932.467,1 comparando o sistema construtivo em alvenaria. Os orçamentos completos

podem ser verificados nos anexos. Com isso, de acordo com o estudo, o sistema Wood frame

se torna um método viável para execução de casas populares.

Fazendo uma análise do custo benefício do Wood Frame, esse sistema apresenta

diversas vantagens, entre elas destaca-se o ótimo desempenho termo acústico, visto que

autoriza diversos tipos de isolantes devido no interior das paredes apresentar espaços vazios,

além de ser um sistema leve não solicita tanto da fundação, sendo capaz de aplicar soluções

R$-

R$2.000.000,00

R$4.000.000,00

R$6.000.000,00

R$8.000.000,00

R$10.000.000,00

R$12.000.000,00

R$14.000.000,00

R$16.000.000,00

R$18.000.000,00

Alvenaria Convencional Wood Frame

Despesas de 233 unidades habitacionais

BDI Total Geral

mais simples como o radier e sapatas corridas, quando o terreno tolerar. Ademais, esse

sistema intensifica sua qualidade por ser totalmente ou parcialmente pré-fabricado, devido ter

maior domínio na montagem dos painéis e coberturas e no emprego de mão de obra

especializada.

A sustentabilidade promovida pelo sistema igualmente merece destaque, pois trata-se

de uma construção a seco, acarretando em menor geração de resíduos que as construções

convencionais. Tendo como matéria prima a madeira, que é um recurso renovável, também

restringe a distribuição de gás carbônico no meio ambiente. Contudo, para que os requisitos

projetados sejam cumpridos, tanto a mão de obra quanto os materiais devem ser adequados,

para que não seja afetada a qualidade sendo possível realizar todas etapas construtivas

necessárias.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando as informações expostas neste trabalho, é possível concluir que o

sistema construtivo Wood frame possui vários aspectos interessantes que favorecem a sua

implantação em larga escala no território brasileiro, pois o mercado tem disponibilidade de

matéria-prima e capacidade de suprir as demandas de insumos das diversas etapas

construtivas. Apesar da baixa disponibilidade de mão de obra qualificada, é possível investir

no treinamento de pessoal para execução de obras neste método de construção.

Também é possível afirmar que a construção em Wood frame é baseada nos

princípios da sustentabilidade, pois usa como base para a montagem da estrutura madeira

originária de florestas plantadas, sendo a madeira considerada como material de construção

renovável, além de favorecer o desenvolvimento socioeconômico das comunidades florestais,

já que a madeira usada é preferencialmente vinda de florestas certificadas. Em comparação

com a alvenaria tradicional a construção em Wood frame produz 80% menos dióxido de

carbono, reduz o consumo de água em 90% durante o processo construtivo e diminui em 85%

o volume de resíduos gerados, reforçando ainda mais a viabilidade ambiental deste método.

No comparativo realizado neste trabalho, percebeu-se que, para que seja possível a

construção de 233 residências do conjunto habitacional estudado nos dois sistemas

construtivos, houve diferenças relevantes nos custos.

Por fim, tomando como base os resultados obtidos através desta pesquisa podemos

afirmar que a o método construtivo Wood frame é viável economicamente e compete

diretamente com o uso da alvenaria tradicional, pois apresentou uma redução de 10% no custo

total da edificação, e diminuição de 53,55% nos custos com mão de obra, tornando assim um

método de construção viável para programas de habitações sociais no estado do Tocantins.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOLSA FAMÍLIA. Casas populares do governo 2019: inscrições, lançamentos.

Disponível em:<https://bolsafamilia.blog.br/outros-programas-sociais/casas-populares-do-

governo/>. Acesso em: Mar 2019.

CAMPOS, Rubens Junior Andrade. Diretrizes De Projeto Para Produção De Habitações

Térreas Com Estrutura Tipo Plataforma E Fechamento Com Placas Cimentícias.

Universidade Estadual De Londrina, jul. 2006. Disponível em:

<http://www.uel.br/pos/enges/portal/pages/arquivos/dissertacao/24.pdf>. Acesso em: Mar.

2019.

GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo. Métodos de pesquisa. Porto Alegre,

2009. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/cursopgdr/downloadsserie/derad005.pdf>. Acesso

em: Abr. 2019.

GIL, Antônio Carlos. Métodos E Técnicas de Pesquisa Social. 6 ed. São

Paulo: Atlas, 2008. 220 p.

LEITE, Januária Cecilia Pereira Simões; LAHR, Francisco Antônio Rocco. Diretrizes

Básicas Para Projeto Em Wood Frame. Departamento De Engenharia De Estruturas

(EESC), São Carlos, ago. 2016.

LP BUILDING PRODUCTS. Manual CES – Construção Energitérmica Sustentável.

Disponivel em: <https://www.lpbrasil.com.br/solucoes/construcao-ces/>. Acesso em: mar.

2019.

MOLINA, Júlio César; JUNIOR, Carlito Calil. Sistema Construtivo Wood Frame Para

Casas De Madeira. In: Semina: Ciências Exatas E Tecnológicas Londrina, Londrina. v.

31, n. 2, p. 143-156, jul./dez .2012. Disponível em:

<http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/semexatas/article/download/4017/6906>. Acesso

em: mar. 2019.

SISTEMA NACIONAL DE AVALIAÇÕES TÉCNICAS. Diretrizes Para Avaliação

Técnica De Produtos - Sistemas Construtivos Estruturados Em Peças De Madeira

Maciça Serrada, Com Fechamentos Em Chapas Delgadas (Sistemas Leves Tipo “Light

Wood Framing”). Disponivel em: <http://pbqp-

h.cidades.gov.br/download.php?doc=e4d0ffb0-df04-46c0-9b03-

170fd4819db9&ext=.pdf&cd=1876>. Acesso em: abr. 2019.

TECVERDE ENGENHARIA S/A. Casa inteligente. 2º simpósio de madeira e construção.

Como projetar em Wood Frame. Disponivel em: <http://www.tecverde.com.br/wp-

content/uploads/2016/07/casa-inteligente_2o.-simpo%cc%81sio-de-madeira-e-

construc%cc%a7a%cc%83o.pdf >. Acesso em: mar. 2019.