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Viagem - agencia.ecclesia.pt · “A defesa de um modelo de medicina católico, centrado na defesa inabalável da vida é algo que é essencial ao desenvolvimento das grandes universidades

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04 - Editorial: Octávio Carmo06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Opinião D. Pio Alves22 - Opinião António Rego24 - Opinião Miguel Oliveira Panão26 - Semana de.. José Carlos Patrício28 - Dossier Diocese de Beja

30 - Entrevista D. António Vitalino62 - Multimédia64 - Estante66 - Concílio Vaticano II68- Agenda70 - Por estes dias72 - Programação Religiosa73 - Minuto Positivo74 - Liturgia76 - Jubileu da Misericórdia78 - DNPJ82 - Fundação AIS84 - LusoFonias

Foto da capa: DRFoto da contracapa: DR

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo AguiarPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Nova reitora naUCP[ver+]

Viagemecuménica àSuécia[ver+]

Mudançaepiscopal em Beja[ver+]

D. Pio Alves | António Rego | MiguelOliveira Panão | Octávio Carmo|

José Carlos Patrício |FernandoCassola Marques | Manuel Barbosa

Paulo Aido | Tony Neves

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Ajustes de contas

Octávio Carmo Agência ECCLESIA

Jesus, é sabido pelos relatos dos Evangelhos,costumava ir ao encontro de gente poucorecomendável para os padrões da época. Osseus críticos usavam repetidas vezes comoargumento a proximidade de Cristo com“pecadores e publicanos” - porque o verdadeiroMessias nunca poderia entrar em contacto comgente impura. A ‘revolução da ternura’ de que oPapa Francisco tantas vezes fala não é umainvenção piedosa, mas uma consequênciaprática da fé cristã, quando se inspira naspalavras e gestos do próprio Jesus Cristo, quenunca deixou de ir ao encontro de quem eraexcluído da sociedade, muitas vezes em nome depreceitos religiosos.A respeito do famoso episódio de Zaqueu, um“explorador” do seu povo que Jesus chama pelo

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nome, para entrar em sua casa, oPapa argentino traçou um retrato doque muitos julgam que teria sido aatitude correta: ‘Desce, tu,explorador, traidor do povo! Vemfalar comigo, para acertarmoscontas!’. Como a opção cristã éoutra, lembra Francisco, muitoscomeçam a “murmurar”.Ser católico é, necessariamente, irao encontro de quem é diferente, dequem vive de outra forma, porquesó assim é possível testemunhar aprópria fé. Com a convicção de quetambém é possível aprender e nãoapenas ensinar.

O pontificado de Francisco, queacaba de realizar uma viagem àSuécia nos 500 anos da reformaprotestante - mais preocupado emapontar ao futuro do que em‘acertar contas’ -, tem sido pródigoem gestos e palavras que apontamnesse sentido, sublinhando anecessidade de levar à IgrejaCatólica para junto das “periferias”existenciais e geográficas do mundode hoje. Porque, como o própriodisse esta quinta-feira, ahumanidade “tem sede demisericórdia” e não há tecnologiaque a possa matar. Só o amor.

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Francisco abraça Antje Kackelén, líder da Igreja Luterana na Suécia

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“Não podemos resignar-nos com a divisão e odistanciamento que a separação gerou entre nós.Temos a possibilidade de reparar um momentocrucial da nossa história, superando controvérsiase mal-entendidos que nos impediramfrequentemente de nos compreendermos uns aosoutros”.Papa Francisco, na oração ecuménica na CatedralLuterana de Lund, Suécia Hollande fez um “acordo secreto” com a UniãoEuropeia para não cumprir as metas do défice,apresentando sempre previsões orçamentaisfalsas. O acordo acontece desde que Hollande foieleito, em 2012, e segundo os autores vigora até2017.Livro “Un président ne devrait pas dire ça…”, dosjornalistas do Le Monde, Gérard Davet e FabriceLhomme Atribuir ambiguidade ao Papa leva a perguntar:seria Jesus a favor da prostituição? Do abusofiscal? Da violência e ladroagem? Em dois mil anosde história, nunca ninguém sensato deduziu, dosencontros misericordiosos de Cristo com pessoasem flagrante transgressão, uma conivência comesses males.João César das Neves, Diário de Notícias3.11.2016

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UCP quer apostar na Medicina,com marca de defesa da Vida

A nova reitora da UniversidadeCatólica Portuguesa (UCP) disse àAgência Ecclesia que tem “garantiasmuito sólidas” para conclui oprocesso de abertura de um cursode Medicina, com um “projetoacadémico diferenciador” ecentrado na “defesa inabalável davida”. Isabel Capeloa Gil não diz queo processo esteja “concluído dentrode um ano”, mas afirmou estardeterminada em

concretizar o projeto, que “tem 30anos”, de abrir um curso deMedicina na UCP, o primeiro numauniversidade não estatal.“A defesa de um modelo demedicina católico, centrado nadefesa inabalável da vida é algo queé essencial ao desenvolvimento dasgrandes universidades católicas”,sublinhou a reitora da UCP.Isabel Capeloa Gil adiantou que

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o “projeto académico teria de serdiferenciador” e é necessáriogarantir o suporte financeiro que ocurso de Medicina exige. “O modeloque está agora a ser implementadoconsegue conciliar estas duasdimensões e em breve daremosnotícias felizes para todos os quedesejam ver um curso de Medicinacatólico em Portugal”, acrescentou.Numa entrevista emitida noprograma ‘70x7’, Isabel Capeloa Giladiantou as prioridades para omandato que agora inicia comoreitora da UCP e disse que o cursode Teologia é “nodal” para aUniversidade Católica Para aresponsável pela UCP, a Teologia “éuma área viva”, que a universidadevai “cultivar e desenvolver naintercessão com outras Faculdades”e, como noutras áreas do saber, é“absolutamente internacionalizável ehá passos que estão a ser dados deforma muito ambiciosa nessesentido”.Isabel Capeloa Gil disse que aTeologia “não é só uma área para aformação de sacerdotes” e recordouo trabalho que desenvolveu,enquanto vice-reitora da UCP nomandato que agora terminou paraque fosse reconhecida como“ciência” pelas fundações defomento à investigação. “Portugal eFrança eram

- agora é só a França - os únicospaíses europeus onde a teologianão era considerada nas fundaçõesde fomento à investigação. Osprojetos teológicos eramapresentados em Filosofia. E essasituação alterou-se”, lembrou.Isabel Capeloa Gil referiu uma das“lutas” que travou junto daFundação para a Ciência eTecnologia (FCT) foi peloreconhecimento da Teologia“avaliáveis e mensuráveis” pelafundação, o que conseguiu.A reitora da UCP explica também ainternacionalização em curso naacademia, onde 13% dos alunossão estrangeiros, de 90nacionalidades, referindo que “temde ser um processo integrado”, oque passa antes de mais pelaestruturação interna.Nesta entrevista, gravada no dia datomada de posse [25 de outubro], areitora da UCP explica os projetosque vai tentar implementar duranteo mandato de quatro anos queagora inicia, nomeadamente ainiciativa ‘Católica I&I’ (CatólicaInvestigação e Inovação), ‘CatólicaTalentos’ (que propõe uma novaabordagem à gestão de talentos e àsua promoção) e ‘Católica 4.0’ (paradigitalizar e simplificar asestruturas).

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Reforçar papel dos pais na transmissãoda féD. Manuel Pelino afirmou que aeducação "deve abranger todas asdimensões da pessoa humana" eque os pais devem ser osresponsáveis por "conhecer eexperimentar Jesus" com os seusfilhos. "A grande preocupação doscatequistas é conseguir encontrarrespostas válidas que permitam aospais um redescobrir a fé e serem,eles próprios, portadores destaalegria de conhecer e experimentarJesus aos seus filhos", afirmou oprelado, Presidente da ComissãoEpiscopal da Educação Cristã eDoutrina da Fé (CEECDF) no iníciodas Jornadas Nacionais deCatequistas, que decorreram entre29 e 31 de outubro, em Fátima.Segundo o responsável, aeducação "deve ter emconsideração não apenas a questãointelectual mas abranger todas asdimensões da pessoa humana". Deacordo com o portal Educris, oscatequistas apresentam apreocupação de "ligar família ecatequese", expressa "nasrespostas dos catequistas dasdioceses" ao documento «Acatequese: A alegria do Encontrocom Jesus Cristo».D. Manuel Pelino sublinhou que"família e catequese estão unidaspela alegria da fé" e que a"verdadeira

alegria vem do encontro com Cristoque liberta e ilumina", conduzindo àformação de "uma comunidade e aser fermento do mundo novo".Já no domingo, o bispo de Santarémencerrou, na Sé desta diocese, aSemana Nacional da EducaçãoCristã, promovida pela IgrejaCatólica, e aludiu à “emergênciaatual da Educação”.“Educar é ajudar a sair do seumundo e abrir-se ao acolhimento e àfraternidade”, declarou D. ManuelPelino, na homilia da Missa a quepresidiu.O prelado começou por saudartodos os que têm aresponsabilidade de “cuidar docrescimento harmonioso” decrianças e adolescentes, da escolaà catequese. A reflexão partiu danota pastoral ‘Educar – proporcaminho para uma vida plena’.

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Evitar a escolarização da catequeseO bispo de Leiria Fátima, D. AntónioMarto, alertou este sábado para operigo da "escolarização dacatequese" afirmando sernecessário "distinguir" a etapaprópria das crianças da dosadolescentes. "Há o grande perigoda escolarização da catequese: deolharmos para a catequese damesma forma como se olha paraescola, onde se vai aprender eonde se entregam os filhos aocuidado dos professores, nestecaso ao cuidado dos catequistas",alertou o responsável emdeclarações à Agência ECCLESIA, apropósito das Jornadas Nacionaisde Catequese.Segundo o prelado é necessário"distinguir a etapa da catequese dascrianças e dos adolescentes", que,afirma, "requer outra pedagogia emétodo sobretudo para não ser umadoutrinação e escolarização".O diretor do setor da Catequese dopatriarcado de Lisboa, o padreTiago Neto, afirmou por sua vez quehá necessidade de ajudar os paisna sua "realidade concreta" e"acolher as suas vivênciashumanas". "Temos muito paraperceber a relação da vida concretada família, nos seus problemas e afé é um desafio que temos pelafrente, nem sempre compreensívelna mentalidade

corrente", afirmou o responsável àAgência ECCLESIA.O sacerdote do Patriarcado deLisboa alertava para uma "visãonegativa" que se tem dos pais"como se fossem culpados de tudo",quando na realidade "eles assumemimensas responsabilidades". "Tantasvezes as pessoas não estãodespertas porque e não forameducadas para isso. Devemos ajudá-los na sua realidade de vida,acolhendo as suas vivênciashumanas".Este alerta é partilhado por MariaLuísa Boléo, catequista comdécadas de experiência nopatriarcado de Lisboa. "Temos deaprender a valorizar o que já existenas famílias. Pode não ser umafamília educadora cristã, mas hávalores que existem de amor,respeito, honestidade que são umabase humana extraordinária”.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosemwww.agencia.ecclesia.pt

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Comemoração dos 20 anos da igreja de Santa Maria, no Marco deCanavezes

Entrevista à nova reitora da UCP

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500 anos depois, católicos eluteranos apontam ao futuro

Uma viagem histórica levou o Papaà Suécia, entre 31 de outubro e 1de novembro, para assinalar com osluteranos os 500 anos da reformaprotestante. Francisco disse quecatólicos e luteranos devem“caminhar juntos pela senda dareconciliação” e rejeitar aresignação perante séculos dedivisão, numa celebração queassinalou os 500 anos da reformaprotestante.“Não podemos resignar-nos com adivisão e o distanciamento que a

separação gerou entre nós. Temosa possibilidade de reparar ummomento crucial da nossa história,superando controvérsias e mal-entendidos que nos impediramfrequentemente de noscompreendermos uns aos outros”,sustentou.O Papa e o presidente daFederação Luterana Mundial,assinaram na Suécia umadeclaração comum, na qual se pedeperdão por divergências e conflitoshistóricos, ao mesmo tempo quesaúda os 50 anos de constante

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e frutuoso diálogo oficial entrecatólicos e luteranos, bem como oseu serviço comum ao próximo,muitas vezes em situações desofrimento e de perseguição.Francisco sublinhou os pontos emque católicos e luteranos coincidem:“Dou graças a Deus por estacomemoração conjunta dosquinhentos anos da Reforma, queestamos a viver com espíritorenovado e conscientes de que aunidade entre os cristãos é umaprioridade, porque reconhecemosque, entre nós, é muito mais o quenos une do que aquilo que nossepara”.Os participantes ouviram históriasmarcadas pelo compromisso emfavor da solidariedade, da defesada dignidade humana e do meioambiente: uma jovem indiana, umsacerdote colombiano, uma mulherdo Burundi e uma refugiada doSudão do Sul, a porta-estandarte daprimeira equipa olímpica derefugiados, no Rio de Janeiro. “Paranós, cristãos, é uma prioridade sairao encontro dos descartados –porque são descartados pela suapátria – e marginalizados do nossomundo, tornando palpável a ternurae o amor misericordioso de Deus,que não descarta ninguém, masacolhe a todos. Hoje pede-se-nos, anós

cristãos, que sejamos protagonistasda revolução da ternura”, defendeuFrancisco.O Papa concluiu a sua primeiravisita à Suécia com uma Missa paraa comunidade católica, nasolenidade de Todos os Santos,elogiando a santidade de quem seentrega aos outros, de formadiscreta e humilde. “Celebramos,pois, a festa da santidade. Aquelasantidade que, às vezes, não semanifesta em grandes obras nemem sucessos extraordinários, masque sabe viver, fiel e diariamente, asexigências do Batismo. Umasantidade feita de amor a Deus eaos irmãos”.Já no voo de regresso a Roma, oPapa recordou a posição da IgrejaCatólica, que rejeita a ordenaçãosacerdotal de mulheres, apóscitando a carta apostólica ‘OrdinatioSacerdotalis’, de João Paulo II.

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É terrível justificar morte e violênciacom o nome de DeusO Papa recebeu no Vaticano duascentenas de representantes devárias religiões, comprometidos nocampo da solidariedade, aos quaispediu que rejeitem qualquerviolência em nome de Deus. “Éterrível que, para justificarbarbáries, seja por vezes invocadoo nome de uma religião ou dopróprio Deus”, declarou Francisco.O encontro de quinta-feira, na SalaClementina do palácio apostólico,aconteceu no contexto do Jubileu daMisericórdia que a Igreja Católicaestá a viver até ao próximo dia 20,por iniciativa do Papa.O pontífice argentino deixou votosde que “nunca mais aconteça” queas religiões, por causa docomportamento de alguns dos seusmembros, transmitam umamensagem que não seja conforme à“misericórdia”. “Infelizmente, nãopassa um dia sem que se ouça falarde violência, conflitos, raptos,ataques terroristas, vítimas edestruições”, lamentou.Francisco defendeu que as religiõesse devem unir para condenar “deforma clara” todos estescomportamentos, que “profanam onome de Deus” e “inquinam a buscareligiosa”.

O Papa apelou a um “encontropacífico entre crentes” e a uma “realliberdade religiosa”, para que asvárias confissões possam ajudar ahumanidade a derrubar os “muroserguidos pelo orgulho e o medo”. Aintervenção sublinhou a importânciade viver a misericórdia com açõesconcretas, no “serviço fraterno” aopróximo, indo ao encontro dassituações que precisam de maiorcuidado, como “a doença, adeficiência, a pobreza, a injustiça”,os conflitos e as migrações.“O homem tem sede de misericórdiae não há tecnologia que o possadessedentar: procura um afeto quevá para lá da consolação domomento, um porto seguro ondepossa atracar o seu navegarinquieto, um abraço infinito queperdoa e reconcilia”, declarou.

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Papa celebrou Missa em cemitério deRoma

O Papa presidiu à Missa pelos fiéisdefuntos no cemitério romano de‘Prima Porta’, onde falou daimportância de preservar a“memória” de quem morreu e vivercom a “esperança” da ressurreição.“Voltemos para casa, hoje, com estadupla memória: a memória dopassado, dos nossos que jápartiram, e a memória do futuro, ocaminho que nós seguiremos, com acerteza, a convicção, a certeza quesaiu dos lábios de Jesus: Eu oressuscitarei no último dia”, pediu àscentenas de pessoas queparticiparam na celebração.Francisco quis depositar,simbolicamente, um ramo de floresjunto a um dos túmulos. A homilia

começou por evocar o livro bíblicode Job, que no momento da morteoptou por deixar uma mensagem de“esperança” na vida eterna.“Um cemitério é triste, lembra-nos osnossos que já partiram, lembra-nostambém o futuro, a morte, mas aesta tristeza trazemos flores, comosinal de esperança. Posso dizermesmo de festa”, assinalou o Papa.Francisco falou em “flores daesperança”, que simbolizam, para oscristãos, a “esperança daressurreição.No final da Missa, Franciscodeslocou-se às grutas da Basílicado Vaticano para um momento deoração, em privado, "pelos Papas alisepultados e por todos os defuntos".

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Francisco quis depositar, simbolicamente, um ramo de flores junto a um dos túmulos. Ahomilia começou por evocar o livro bíblico de Job, que no momento da morte optou pordeixar uma mensagem de “esperança” na vida eterna.“Um cemitério é triste, lembra-nos os nossos que já partiram, lembra-nos também ofuturo, a morte, mas a esta tristeza trazemos flores, como sinal de esperança. Possodizer mesmo de festa”, assinalou o Papa. Francisco falou em “flores da esperança”, quesimbolizam, para os cristãos, a “esperança da ressurreição.No final da Missa, Francisco deslocou-se às grutas da Basílica do Vaticano para ummomento de oração, em privado, "pelos Papas ali sepultados e por todos os defuntos",informou a sala de imprensa da Santa Sé.

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Papa reafirma posição da Igreja Católica sobre ordenação de mulheres

Esperança na ressurreição

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Obrigado, Papa Francisco!

D. Pio Alves Presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais

Caminhamos para o final do Ano da Misericórdia(20 de novembro). Não para o fim damisericórdia. Pode dar jeito olhar para o queforam estes meses de maior atenção para maisuma surpresa proposta pelo Papa Francisco.Num mundo, que todos nós fazemos todos osdias, em que dominam: os extremos do impérioda lei ou da vida sem lei; o fabrico de leis àmedida de objetivos preconcebidos; o recursohábil às inevitáveis (ou intencionais) lacunaslegais; a condenação legal do ladrão de umacaixa de fósforos e a absolvição legal do desviode milhões; o uso (a manipulação) da justiçapara esmagar os pobres de todas as pobrezas;neste mundo, que é o nosso, basta-nos ajustiça?Faz falta, é imprescindível, a justiça: verdadeira,humana, reflexo da justiça divina. Mas só com ajustiça: seca, implacável, que desconhece ascircunstâncias, isto é, as pessoas, nãoconstruiremos um mundo para todos. E o mundoque Deus quis é todo para todos.Sem teorizar, com o recurso sempre limitado aimagens:Misericórdia é a letra pequena da lei, que explica,que aplica, que excetua, que amplia. Letrapequena, imprescindível para ler corretamente aletra grande.Misericórdia é o cimento que cola os cacos deum qualquer desastre que parece condenação àmorte.Misericórdia é o olhar do pai, da mãe que vê,sem ver , o disparate do filho, pequeno ougrande. Sem ver , mas, oportunamente, de modoadequado,

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sabe voltar aí, não para sedesafogar a ira, mas para ajudar aendireitar e a crescer bem.Sem inventar e copiando o Mestre:Misericórdia é “fazer o bem semsaber a quem”. É olhar para amargem do caminho e tratar quemaí está maltratado e abandonado. Egastar cuidados, e gastar tempo, egastar dinheiro, e não passar fatura(cfr Lc 10, 30ss). Maltrato eabandonado de qualquer mau trato,de qualquer abandono.Misericórdia é abrir o coração e asportas àquele filho, irmão, amigo,colega, que abandonou a casa,foi para longe e aí dissipou toda

a herança (cfr Lc 15, 11ss). Ereentra, arrependido, masdispensado de fazer discursos dearrependimento.O Ano da Misericórdia reconduziu-nos, serenamente, a tudo isto, emuito mais. Recordou-nos que anossa relação com Deus é a do filhopródigo e que Deus supera o BomSamaritano.Recordou-nos também que, à nossamedida, somos mediadores demisericórdia. Que existe ocompêndio das chamadas “obras demisericórdia” e que, além das“corporais”, existem também as“espirituais”.Termina o Ano da Misericórdia, nãotermina a misericórdia. Obrigado,Papa Francisco!

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Requiem

Cónego António Rego Jornalista

Lembro-me daquele fumador que perguntava sepodia rezar enquanto fumava. Sem objeção,perguntava de seguida, se podia fumar enquantorezava. Um bom sorriso era a resposta maiscerta.Gosto sempre de ouvir música enquantoescrevo. A música é um excelente instrumento dediálogo para todas as situações. Lembro-me daenorme tristeza que me invadia quando cantavaou ouvia o Requiem - fosse o Gregoriano ou o deMozart, ou o Dies irae de Verdi que nos fazestremecer, tal como a letra a certa altura refere.Desde o século V que a Igreja celebra achamada Missa dos defuntos, de sufrágio pelosmortos. Mas com o olhar de ressurreição quevence o pranto. Coloca-nos no lugar certo danossa fraqueza face ao infinito puro de Deus. Efaz-nos tremer quando medimos a distância aque dEle nos encontramos. E implora para nós epara todos os que partiram a grandeMisericórdia, única saída para a nossa travessiade fronteira do tempo para a eternidade.Mas também porque fomos descobrindo maisserenamente a misericórdia de Deus até no juízo que de nós faz e no acolhimento da nossafragilidade. A misericórdia não é uma invençãodo papa Francisco, com a celebração do Jubileu, mas uma nova dimensão do olhar de Deussobre nós e sobretudo uma atitude deacolhimento da sua paternal bondade face ànossa miséria. E da abertura do nosso coraçãoaos outros. Não é nova. Já vinha mencionada nahistória da ovelha perdida, no abraço do filhomais novo, no olhar para Zaqueu meio perdidono sicómoro, na prostração da

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mulher adúltera, no setenta vezessete do perdão, afinal no modo como Jesus recebia quantos, dedentro ou de fora, o quiseram ver eouvir e d’Ele se aproximaram.Quase a fechar, este Jubileu damisericórdia,(não obstante a palavramuitas vezes ter sido dita apropósito e despropósito) deixou emnós uma marca mais profunda dabondade de Deus face a todos osnossos erros e insuficiências. Eaumentou em nós a confiança paradEle nos aproximarmos na certezade que não somos rejeitados. E umanova exigência de acolher osoutros.O Requiem já se calou e nesteNovembro, amarelecido pelooutono, com a morte na natureza,desce sobre nós o repouso quepedimos para os que partiram. Aprópria morte parece ganhar outradimensão porque

também a colocamos nas mãos doSenhor da vida. E sabemos quenem um segundo da nossarespiração acontece sem que Ele opermita.Visitar um cemitério é entrar numacidade pacífica e silenciosa onde secalam as trombetas da arrogância eda condenação, e o Dies Irae sabea uma sequência doce demisericórdia. E podemos aproximar-nos dos nossos mortos, ajustar umaflor na campa e compreender empoucos momentos que visitar umasepultura é um gesto belo que nosune àqueles que amámos e cujalembrança não foi reduzida a cinzas.

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Transformar o Cosmos

Miguel Oliveira Panão Professor Universitário

Celebrámos esta semana dois dias muitoespeciais. O dia de Todos os Santos (1 denovembro) e o dia dos Fiéis Defuntos (2 denovembro). Os Santos testemunham-nos afelicidade e realização de uma vida orientadapara a Vontade de Deus em cada momento. OsFiéis Defuntos recordam-nos vidas queinfluenciaram profundamente a nossa por seremfamiliares, amigos, ensinando-nos algo mais. Éisso que gostaria de vos partilhar.Fiéis Defuntos. Fiéis porquê? Muitoprovavelmente porque durante a sua vidaprocuraram aderir em cada gesto, sorriso,palavra ao modo como Jesus agia, sorria efalava. Defuntos porque a sua vida transformou-se. Nós somos na Terra a semente queflorescerá no Paraíso em plena comunhão comDeus.Porém, essa fidelidade manifesta-se de um modoparticular na Eucaristia. Ao recebermos Jesusdurante a vida, apesar das nossas limitações,falhanços, recomeços, na humildade da nossacondição de filhos procurámos ser transformadospor Ele. Na Eucaristia não somos nós queconsumimos Cristo, mas somos antesconsumidos por Ele. "Cristificados" - por assimdizer. Alguma vez se aperceberam dasimplicações dessa realidade mística para com oUniverso?Recorro às palavras de Chiara Lubich, fundadorado Movimento dos Focolares para me fazerentender: Jesus, que morre e ressuscita, é com certeza averdadeira causa da transformação também docosmos. Mas, dado que São Paulo nos revelouque a nossa humanidade completa a paixão de

Cristo

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e que a natureza aguarda arevelação dos filhos de Deus, é

provável que Jesus tambémaguarde o contributo dos sereshumanos, cristificados pela Sua

Eucaristia, para realizar arenovação do cosmos.

A Eucaristia desafia mais a nossa fédo que o ateísmo. Se cremosverdadeiramente na realidade queencerra, teríamos maior consciênciadaquilo que Deus está a fazer aocosmos através do nosso processode “Cristificação”. Mas Chiaracontinua, e aqui vem a “bombarelógio”,

Se a Eucaristia é causa daressurreição do homem, não poderá

o corpo humano, divinizado pelaEucaristia, estar destinado a

desfazer-se debaixo da terra paracontribuir para a ressurreição docosmos? Poderíamos então dizer

que, em virtude do pão eucarístico,o homem se torna “Eucaristia” para

o universo, no sentido de que é,com Cristo, semente da

transfiguração do universo.

Em linguagem jovem, isto é “brutal!”Se acreditamos realmente napotência do amor de Deus atravésda Eucaristia, e naquilo que em nósfaz durante a

vida, um cemitério não será mais umlocal de morte, mas um jardim ondeJesus entra no mais íntimo docosmos para o renovar através dosnossos corpos cristificados. Mastambém a Eucaristia não será amesma se realmente nos damosconta da importância da missão queDeus nos confia de transformar anatureza “por dentro”.A questão que muitos poderãocolocar, e coloco também, é qual osignificado prático destatransformação do cosmos. Que tipode transformação quer Deus fazer?O que significa esta renovação quetransforma o nosso universo em“novos céus e nova terra” (Is 65,17)? Não sei. Por isso, por agora,basta fazer a minha parte.Chiara Lubich, “Caminho Novo, aespiritualidade da unidade”, CidadeNova, Abrigada, 2004, 119-121.

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O que dizem os Santos à volta daigreja

José Carlos Patrício Agência ECCLESIA

Esta semana foi de festa rija na minha terra, coma Feira dos Santos, um dos momentos maissignificativos para a comunidade ao longo doano, não só pela vivência cristã mas pelo espíritode comunhão e entreajuda que se gera entre aspessoas.A Feira dos Santos, que tem por base asolenidade de Todos os Santos, é um exemplode como o calendário religioso continua a marcara vida das populações, de como a fé cristã semantém como motor essencial de coesão edinamização social, de desenvolvimento humano.Dentro da igreja, duas palavras de ordem:primeiro um convite a fazer da santidade‘caminho’ de vida, porque os santos não foramextraterrestres nem pessoas fora do normal, massim homens e mulheres simples, com as suasforças e fraquezas, que souberam colocar-se deforma extraordinária ao serviço dos outros.Depois um desafio às pessoas para olharempara o ‘exemplo’ dos santos que apesar doserros e das quedas procuraram sempre levantar-se, melhorar e seguir em frente, e foram capazesde deixar a sua marca no mundo. À volta da igreja, aglomeram-se as bancas dosfeirantes, os carroceis e carrinhos de choque, asroulottes das farturas e doces.Mas também os espaços dedicados àsinstituições, ao centro social e paroquial, aosescuteiros, à escola e associação de pais, aoclube de futebol, às coletividades culturais erecreativas.Projetos que representam a verdadeira

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essência da comunidade, como elavive, o que ela faz, onde procuraintegrar as pessoas, quando é quecuida dos que mais necessitam.Pequenos e graúdos, avós, pais enetos, trabalharam dias e dias napreparação destas bancas, deramdo seu tempo, ofereceram o quetinham.Olhando para este quadro, eu sópensava no tesouro que elerepresenta para as novas gerações,num mundo tão necessitado deunião e de paz.Eu posso esforçar-me muito poreducar as minhas filhas para estese outros valores, mas nada bate ariqueza deste cenário à volta daigreja, a força dos seusargumentos.

É bom que nós hoje nos lembremosdisto, que podemos pensar emmuitos projetos para melhorar asociedade, para transformar arealidade, para ir ao encontrodaquilo que as pessoas procuram.Mas há ‘cenários’ que dizem muitomais do que as palavras e têm deser preservados a todo o custo parao bem da humanidade, e aqui estoua falar de uma tradição cristã maspodia estar a recordar outrosquadros como a família, a escola oumesmo a vida como um bem e umdireito a preservar, hoje cada vezmais em risco.Estes são bens que têm de estaracima de qualquer suposto avançosocial e cultural.

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A Diocese de Beja viveu esta quinta-feira um dia histórico, coma passagem de testemunho entre D. António Vitalino, no seu75.º aniversário, e D. João Marcos, na diocese alentejana desde2014, como coadjutor.O Semanário ECCLESIA apresenta uma entrevista de fundo aD. António Vitalino, na diocese alentejana desde 1999, queencara com “muita naturalidade” a transição. D. João Marcos,por sua vez, fala dos desafios que se lhe apresentam e dirige-seà Diocese de Beja pela primeira vez como seu bispo.Apresentam-se ainda três textos de diversos setores da açãoeclesial, procurando traçar um retrato da realidade diocesana edos seus desafios.

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Aqui, não vemos as nossas pertençasmas as pessoas Ao completar 75 anos de idade, D. António Vitalino encerrou um ciclo comobispo diocesano de Beja, iniciado em 1999. 17 anos de serviço que sãopassados em revista, nesta entrevista à Agência ECCLESIA em que se falado passado e também do que o futuro reserva.

Entrevista conduzida por Luis Filipe Santos

Agência ECCLESIA (AE) – Com acelebração dos 75 anos, a sua vidaganha um novo rumo.D. António Vitalino (AV) – Como oDireito Canónico prescreve, aos 75anos os bispos devem pedir aoPapa a sua resignação. Depois,conforme a situação, Roma decide:fica mais tempo, passa paraadministrador ou então paraemérito. Eu providenciei, emtempos, primeiro para ter umcoadjutor com direito a sucessão edepois, quando chegasse a idade(75 anos) passasse aresponsabilidade da Diocese deBeja para o bispo coadjutor. AE – Fez o mesmo que o seuantecessor, D. Manuel Falcão, queo ajudou a integrar-se nestadiocese.AV – Fiz de maneira diferente,porque pedi um coadjutor. Fi-lo paraque ele

tivesse tempo de ver asnecessidades e como era otrabalho. A partir deste momento elefará os seus planos e os seusprojetos. Irá decidir o que é maisimportante para esta diocese.Espero que, através da minhamaneira de ser e pelas conversasque tivemos à mesa, o tenhaajudado neste caminho. Nos últimostempos, todas as solicitações querecebia reencaminhava por mail oufazia uma cópia para o meusucessor. AE – Já arrumou as suas coisas?AV – Não. Arrumo depressa asminhas coisas. Só os livros… E omelhor é deixá-los porque já nãotenho tempo de os ler e também jánão utilizo muito os livros em formatode papel porque a maior parte delesestão informatizados.

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AE – Com quase duas décadas nadiocese de Beja, que legado deixoua estes cristãos do Alentejo?AV – Eu, simplesmente, limitei-me acontinuar o trabalho próprio de umbispo e que é a missão da Igreja.Acho que ajudei as pessoas arelacionarem-se com Deus e umascom as outras. O meu legado é maisda atenção real às pessoasconcretas que nos abordam. Sejamelas mais ou menos cultas. Sejamelas pobres ou ricas. Sejam elasjovens ou adultos. A atenção àspessoas é uma forma que mecaracteriza, embora o tempo e asforças comecem a faltar. AE – Deixou a sua marca tambémnoutras áreas.AV – Há um legado que todosdizem, não sei se é verdade, que anível da comunicação as pessoasestavam mais informadas. Enviavamuitos emails para o clero,consagrados e leigos. Realizámostambém um sínodo, foi o primeiro daDiocese de Beja, e espero que asconclusões a que chegámos nasassembleias tenha servido paraorganizar os planos dos próximosanos.No entanto, há um trabalho que nãose vê muito, mas é essencial: cuidarda administração da diocese. É um

aspeto, às vezes, um pouco ingratoporque toca na carteira, na vida enos hábitos das pessoas. Muitosestavam habituados a levar a suavida e a não partilhar. Organizei umaadministração diocesana onde quemtem partilha com quem não tem.Criámos também o EstatutoEconómico do Clero. AE – Normas e orientações onde apartilha está no centroAV – Sim. Acontece que, num casoou outro alguém quer esconderalgo, mas depois quando aparecemos problemas mostra-se a verdade.Como se diz: «O diabo deixa sempreo rabo à solta». AE – Aconteceram-lhe casosdesses?AV – Vários. Além de procurarmosajudar, também chamamos aatenção para que sirva de exemplo.Há normas da Igreja para aadministração extraordinária.Ninguém pode perante umaentidade bancária ter uma obra, atépode ser muito meritória, mascontrair empréstimos que vãoendividar a paróquia. É necessáriosempre uma credencial do bispo edos diferentes órgãos colegiais.Muitas vezes, as pessoas nãoestavam habituadas a isso. Achoque deixei um clero e colaboradoresque

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perceberam que é importantepartilhar. Mesmo sendo uma diocesepobre devemos partilhar com todose corresponder aos grandes apelosque se fazem.O meu antecessor também o fez,mas muitas vezes do seu patrimóniopessoal e da sua família. Eu comosou de família de trabalhadores erelativamente pobre tentei incutirisso nas próprias famílias. AE – Numa região com algumascarências, a autossustentabilidadedas instituições é uma necessidadefundamental.AV – Tentei ajudar e incutir esseespírito para que as instituiçõessejam autossustentáveis. Se não osão têm

de explicar as razões. Às vezes nãose sabe fazer projetos, contas eorçamentos. Qualquer obra exigeum orçamento e quais os recursosque se podem libertar. Acho quenesta área fiz algo, que nem todasas dioceses têm feito e têm muitadificuldade em fazê-lo. AE – Sem esquecer ainformatização da diocese de Beja.AV – Creio que foi a primeiradiocese, embora com meiosartesanais, mas funcionava. A partirdo ano 2000 posso recolher osdados, muito rapidamente, sejameconómicos sejam pastorais. Tenhotudo em base de dados.

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AE – Foi o primeiro bispo a divulgaruma mensagem em vídeo aos seusdiocesanos…AV – Sim. Sem grande experiênciacoloquei uma mensagem noYouTube quase com meiosartesanais. Não tínhamos aqui, nadiocese, esses meios e em Beja nãoexiste uma televisão regional. OYouTube aceita tudo… AE – Uma forma de chegar maislonge… Utilizou outro púlpito.AV - Hoje em dia, as redes sociais,sobretudo o facebook, são muitousadas. Mesmo por pessoas que

consideramos meio analfabetas.Estive, recentemente, numasjornadas da emigração – aproveiteitambém para visitar algumasmissões – e vi pessoas reformadascom o tablet e a fazerem-mepedidos de amizade através dofacebook. Fico admirado comopessoas tão simples utilizam essesmeios. Temos de saber utilizar estesmeios na evangelização. AE – Utiliza com frequência asredes sociais?AV – Sim, mas não coloco lá quandome levanto ou quando me apetececomer. Partilho mensagens e

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fotografias. Uso muito por causa daminha família e dos padres. Temosmuitas paróquias e padres queestão nas redes sociais e assim éfácil comunicar. Quando algum fazanos envio a minha mensagem. Issoalegra as pessoas… AE – É também uma forma decontrolar o clero… sabe o quecolocam nas redes sociais?AV – (Risos). Alguns com a maniadas selfies… Estão aqui e acolá…Andam a viajar, em vez de estaremnas suas paróquias. Mas não andoa controlar… Vejo também se háqueixas das paróquias. AE – Apostou nas relaçõeshumanas. Essa proximidade com aspessoas leva-o até uma tabernaalentejana para dialogar?AV – Sim. Infelizmente, o tempo épouco, mas nas visitas pastorais éuma coisa que procurava fazer.Ainda, recentemente, o meusucessor (D. João Marcos) mecontou que numa visita pastoralteve um grande diálogo, com muitoshomens, num café. Disse que foi acoisa mais interessante que elefez… Porque os homens vão poucoà Igreja. Ao contrário das mulheres.

Os alentejanos gostam de convivere partilhar, mas tem de ser no seuambiente. AE – Acompanhados com um copode vinho e um petisco…AV – Verdade. Com um copo devinho. Com perguntas e respostas.Temos de estar próximos e escutá-los. Isso é a coisa mais interessanteque podemos fazer aqui no Alentejo.No entanto, temos de ter cuidado enão exagerar. Se tal não acontecedizem logo: “o bispo também gostada pinga”. A moderação é o melhor. AE – As mulheres vão à Igreja e oshomens ficam na taberna.AV – Também temos homens quevão à Igreja, mas são poucos.Costumo dizer que a maiorcelebração e o maior encontro quetive com homens alentejanos foi nasmigrações. Uma vez, perto de Bona(Alemanha) estive com acomunidade e encontrei mais de200 alentejanos. Tivemos uma longaconversa e muitos esclarecimentos.Depois passámos para o religioso eaté cantaram cânticos alentejanos.Foi uma oração sentida e vi muitosalentejanos a verterem lágrimas.

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AE – Sendo natural do Minho, émais adepto do «vira minhoto» oudo «cante alentejano»?AV – Gosto mais do cantealentejano. É mais calmo, maissentido… Costuma-se dizer que osalentejanos cantam com o ventre enão apenas com o céu-da-boca. Ovira minhoto é mais da gargantapara cima. Exprime alegria, mas nãoé tão sentida como o cante. Ocantar típico do Alentejo tem umritmo próprio. Em qualquer tabernaou rua os alentejanos cantam…Antigamente, as mulheres cantavamtambém na ceifa. AE – Outrora o Alentejo eraconsiderado o celeiro de Portugal.

Hoje, a paisagem estásubstancialmente alterada.AV – O Alentejo mudou muito…Tanto a nível económico como naagricultura. Atualmente, deixou deter um cultivo de sequeiro e passoua ter um cultivo intensivo e extensivode vinha, oliveiras e hortícolas. Istoaconteceu após 2003 com oAlqueva. Temos o maior lagoartificial da Europa. Em poucotempo, aquela bacia encheu ealterou a paisagem. Dizem que asreservas de água da barragem doAlqueva dão para cinco anos,mesmo que não chova. Aquelabarragem tem fins múltiplos porqueproduz também energia. No entanto,infelizmente a ligação com todas asalbufeiras do Alentejo central aindanão está terminada.

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AE – Com a barragem do Alquevaas expetativas no Alentejo subiramcom a hipotética imagem de umaregião verdejante. Um autênticooásis…AV – Um pouco. Mas temos umcultivo intensivo e extensivo de olivale vinha. Esta região tem a maiormancha de sobreiros do mundo etemos também muitas azinheiras.Outra especificidade é a carne doporco alentejano que se alimenta debolotas e é muito diferente deoutras carnes. Muitos espanhóiscompram aqui os porcosalentejanos para fazer o célebrepresunto «pata negra». Ourique eBarrancos produzem muito porcoalentejano. Temos algumasindústrias ligadas a este setor. AE – Apesar destas marcas quelevam o Alentejo ao mundo, adesertificação ainda predomina.AV – Com as albufeiras que sefizeram – temos a maiorpercentagem no país

- esse problema foi-se diluindo. Comas albufeiras, a água vai-seinfiltrando na terra e vai alterando apaisagem. Existem projetos decomunidades estrangeiras, algunsdeles vegetarianos, que queremlutar contra a desertificação. Avegetação está a modificar oAlentejo… AE – E a outra desertificação, ahumana…AV – A pior desertificação que podehaver é a humana e a espiritual.Infelizmente, aqui no centroalentejano, ela continua a existir.Temos muitos concelhos a perderpopulação. Desde que estou emBeja, perdemos mais de 20 milhabitantes. Embora, o litoralalentejano continue mais ou menoscom a mesma população. Noentanto, muitos deles sãoestrangeiros, desde a Ásia ao lesteeuropeu. Temos famílias reduzidas eenvelhecidas. Muitas das famíliastêm medo de procriar porque osrecursos económicos não chegam.Apesar dos cultivos seremintensivos, ela é muito mecanizada eutiliza pouca mão-de-obra. Osserviços e as autarquias são ossetores que utilizam mais mão-de-obra.

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AE – Ao longo destes anos, criticoucom alguma frequência o poderpolítico. Acusando-o de se esquecerdo Alentejo. Acha que os políticosouviram a sua voz?AV – Não critiquei por criticar. Sóquando havia problemas com apopulação. Todavia, evitava fazercríticas partidárias. Falei comfrequência sobre a falta deinvestimentos na região e aescravatura na mão-de-obra. Noteique as autoridades ficaram maisatentas e atuaram. Osintermediários que exploravam aonível de mão-de-obra começaram adesaparecer embora, ainda existam.Tivemos também projetos que forammuito apregoados e onde seinvestiu muito dinheiro, mas não têmfuturo. AE – Por exemplo?AV – O Aeroporto de Beja não temtido muito uso… E o complexo deSines. É o

maior porto petrolífero, masemprega poucas pessoas. Estesprojetos não vieram desenvolver oAlentejo humanamente, mas vieramenriquecer alguns monopólios cujassedes estão em Lisboa ou noestrangeiro. Sabemos que naComunidade Europeia, cada umpaga impostos onde achar que émais favorável. AE – Tinha uma crónica semanal naRádio Pax. Naquele microfonedenunciou várias vezes aexploração do homem pelo homem.AV – Esta realidade existe em todoo lado. Mas cada um deve falar darealidade que conhece. Aqui,aproveitava para denunciar estescasos porque não via empenho dasociedade

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civil e política para resolver estesproblemas. As minhas crónicas eramum bocadinho nesse sentido. Massempre com o cuidado de não feriresta ou aquela pessoa, este ouaquele partido. AE – Sendo o Alentejo um bastiãodo partido comunista, como era oseu relacionamento com os partidospolíticos.AV – Desde os meus tempos depároco, em Santo António dosCavaleiros (Loures-Lisboa) sempreme relacionei bem com oscomunistas. Nessa altura, opresidente da Câmara Municipal deLoures era comunista e era muitomeu amigo. Sempre soube distinguiras coisas. Os comunistas – como sediz – não comem pessoas aopequeno-almoço. Eles são pessoase têm sentimentos. Recordo-mebem da primeira visita «ad Limina»que fiz, em 1999, já como bispo deBeja, e apresentei ao Papa JoãoPaulo II a nossa diocese. Disse-lheque as autarquias e que o povoalentejanoquase sempre escolhe opartido

comunista. Mas que tinha bomrelacionamento com eles e sãotodos boa gente. O Papa JoãoPaulo II admirou-se e perguntou-me:“Os comunistas são boa gente?».Ele vinha de uma situação diferenteda Polónia.Aqui, no Alentejo, como dizia o meuantecessor «os comunistas deramvoz a este povo que estavaoprimido». Têm o seu méritodevemos colaborar com eles,enquanto forem escolhidosdemocraticamente. AE – Às vezes as ideias pré-concebidas não correspondem àrealidade.AV – Nunca me esquece que um diaestava na feira Ovibeja e estavanuma conversa amiga com opresidente da câmara daqui, queera da CDU, e passou lá o primeiro-ministro e perguntou-me: «então aIgreja e o partido comunista emdiálogo?». Eu apenas disse: «Aqui,não vemos as nossas pertençasmas as pessoas». E o primeiro-ministro encaixou… Temos de ver aspessoas e não as suas ideologias.

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AE – A sua diocese recebe muitosturistas, tanto na costa vicentinacomo barragem do Alqueva. Apastoral do Turismo foi uma apostano seu múnus episcopal?AV – Infelizmente, não trabalhamosmuito essa área porque temospouca gente. Fala-se muito que oAlentejo aumentou muito a suapopulação turística, mas isso nãocorresponde muito à realidade. Acosta vicentina é parque natural enão se pode construir alojamentos,como se fez noutras regiões. Masquem gosta de praias calmas e abeleza natural escolhe esta zona.Na altura do festival sudoeste, naZambujeira do Mar, está muitajuventude.

AE – Nesses festivais musicais, aIgreja tem o seu espaço?AV – Depende dos párocos. Algunsvão lá e organizam celebraçõespara esses jovens. Alguns nãoquerem apenas música. Na costaalentejana procuramos adaptar oshorários das celebrações parahoras mais próprias. Algumas sãode noite. Já disse aos párocos queestão no litoral, que não podemfazer nesse tempo as suas férias. AE – O património da Diocese deBeja é uma mais-valia. Polos queatraem também muitos turistas.AV – A parte do património artísticoe cultural é bom e está preservado.

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Isso nem sempre acontece noutrasregiões do país. O departamentoveio dar visibilidade a este setor. Noentanto, não podemos esquecerque aqui as distâncias são grandese para se poder visitar essesmonumentos temos de andar muitosquilómetros. As distâncias impedemque os turistas visitem muitosdesses locais emblemáticos. AE – Há uma classe operária quemuitas vezes é esquecida, osmineiros. Fez algum trabalhoespecífico com esses homens queandam nas profundezas da terra?AV – Logo no princípio, fiz algumapostolado junto deles. Até servi deintermediário entre os sindicatos eos patrões. Era tudo por causa dapadroeira, Santa Bárbara. Chegueia celebrar com os mineiros.

AE – Durante estes anosarrependeu-se de algo que fez enão devia ter ou feito e também oinverso?AV – Temos de confiar noscolaboradores, desde da área socialaté à área da evangelização.Algumas coisas passaram-me aolado e só vi quando já era tarde. Équase impossível sabermos de tudo.Temos que nos rodear de bonscolaboradores e pessoas deconfiança, para que não secometam ilegalidades emonstruosidades. Temos de evitar amegalomanias. Nestes pontos, numcaso ou outro, devia estar maisatento.

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AE – Apesar destas contingênciasdeixou obras feitas.AV – Restaurámos a antiga casaepiscopal, o seminário e o centropastoral, a sé de Beja. Isso é aparte das estruturas. Naevangelização tentei, mas nemsempre consegui, fazer dosalentejanos, missionários. Criei aescola de ministérios e umaformação ambulante demissionários. AE – Lançou essas sementes… E anível da pastoral vocacional?AV – Aí é o grande problema dadiocese. É a terceira vez quemudámos de equipa formadora.Espero que a nova equipa dê maisresultado. É um trabalho difícilporque há poucos jovens. Se calhartemos de aproveitar mais osministérios laicais. Muitas coisas queos padres e os diáconos fazem, osleigos podem fazer. Mas é precisoremunerá-los e haver meios. Aindahá um grande caminho apercorrer… Mas já temosinstituições orientadas por leigos.

AE – Podemos dizer que tem umcoração alentejano, mas as veiassão minhotas?AV – O meu sotaque continua a serminhoto, embora tenha saído daminha terra aos 10 anos. Estivepouco tempo no Minho, apenas nasférias. Estive em Lisboa e naAlemanha. Depois vim para oAlentejo. Tentei não me alentejanarno sotaque, mas o meu coraçãoestá com este povo. Mesmo nãocontinuando a residir aqui, tentareiestar e acompanhar a vida destepovo. AE – Deixa a cidade de Beja e vairesidir onde?AV – Vou para uma comunidadecarmelita. Posso escolher, maspropor aos superiores. Apesar determos uma comunidade carmelitaem Beja, aqui não vou ficar decerteza. Perto da família, em Braga,também existe uma comunidade mastambém não quero ficar. Restamduas comunidades: Lisboa ouFátima. AE – Quantos quilómetros é que feznesta diocese?AV – (Risos)… Não sei, mas mais deum milhão… E, sobretudo, aconduzir.

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Beja: Novo bispo apostado emcontrariar «uma vivência cristã débile rotineira»O bispo de Beja, D. João Marcos,reagiu hoje à sua nova missão “comconfiança e serenidade” e traçoucomo meta na diocese a renovaçãoda vida cristã, com base nadinamização das comunidades e nabusca de vocações.“Estamos num tempo de mudança emais do que tentar remendar otecido eclesial que herdámos éfundamental fazer uma sementeiranova”, salientou o responsávelcatólico em entrevista à AgênciaECCLESIA, que apontou comoobjetivo contrariar “uma vivênciacristã débil e rotineira”.“Aqui, tal como em outras dioceses,há zonas onde há bastante vidacristã e há outras em que quasenão há. O que temos devemos dargraças a Deus por isso mas ostempos que vivemos pedem-nosuma refundação da Igreja Católica,capaz de enfrentar os desafios queeste século XXI nos coloca”,reforçou.D. João Marcos sucedeu estaquinta-feira a D. António Vitalinocomo bispo da Diocese de Beja,depois do Papa Francisco teraceitado a renúncia deste último nodia em que completou 75 anos deidade.

Este procedimento vai ao encontrodo que está estabelecido no cânone401 do Código de Direito Canónico,o qual determina o pedido deresignação do bispo diocesano queatinja essa idade.O novo bispo de Beja, de 67 anos,exercia até agora a missão decoadjutor, para a qual foi nomeadopelo Papa Francisco a 10 deoutubro de 2014.Em relação ao seu antecessor, D.João Marcos deixa “uma mensagemde muita gratidão” pelo“acolhimento” que lhe fez e pela“paciência” que teve consigo aolongo destes dois anos.“D. António Vitalino foi quem meensinou a exercer o ministérioepiscopal e quero desejar que,neste tempo mais sossegado queele irá usufruir, assim o pensamos,que o Senhor o abençoe e o ajude aviver sempre numa intimidadesempre maior com Deus”,completou.D. João Marcos é natural daDiocese da Guarda; frequentou osseminários do Patriarcado deLisboa, sendo ordenado sacerdotea 23 de junho de 1974 por D.António Ribeiro; a ordenaçãoepiscopal aconteceu a 23 denovembro de 2014,

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sob a presidência de D. ManuelClemente, cardeal-patriarca.Seguiu depois como bispo coadjutorpara a Diocese de Beja, a pedido deD. António Vitalino, que em diversasocasiões se manifestou sobre anecessidade de contar com umbispo coadjutor a quem possaconfiar a sua missão quandoatingisse os 75 anos.

Um bispo coadjutor é nomeado poriniciativa da Santa Sé e, ao contráriodos bispos auxiliares, goza do direitode suceder ao bispo diocesanoquando este cessa as suas funções.A mudança aconteceu hoje de formaautomática, de acordo com ocânone 409 do Código de DireitoCanónico.

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Mensagem à Diocese de BejaCaríssimos irmãos e irmãs, filhos efilhas no Senhor Como foi noticiado, Sua Santidade oPapa Francisco aceitou o pedido deresignação do Senhor D. AntónioVitalino, pelo que sou eu agora, porvontade de Deus, o vosso pastor.Quero agradecer publicamente aoSanto Padre a confiança quedeposita na minha pessoa, aocolocar-me à vossa frente comobispo diocesano.Agradeço também ao Senhor D.António Vitalino que durante os doisúltimos anos me foi introduzindo narealidade desta diocese e meensinou a exercer o ministérioepiscopal. Desejo, do fundo docoração, que o Senhor orecompense por todo o bem que mefez neste tempo, e, sobretudo, pelasua dedicação à diocese de Beja aolongo de todo o seu pontificado.Saúdo, antes de mais, ossacerdotes e os diáconos, meuscolaboradores mais próximos, e osreligiosos e religiosas que vivem etrabalham na diocese,enriquecendo-a com a diversidadedos seus carismas. Dirijo também aminha saudação a todos e a cadaum dos católicos praticantes e nãopraticantes, às famílias, aos jovens,aos idosos, aos doentes e,sobretudo, às pessoas

que vivem sós e isoladas: desejo serpara todos vós a presença amiga donosso Bom Pastor, Jesus Cristo, quenos ama com o mesmo amor divinoque recebe do Pai.Saúdo ainda as autoridades civis emilitares dos concelhos do Distritode Beja e dos concelhos deSantiago do Cacém, Sines eGrândola, do Distrito de Setúbal,que integram a diocese de Beja.Porque servimos as mesmaspopulações, conto com a ajuda detodos e a todos ofereço também aminha colaboração, dentro daquiloque é normal esperar de um bispoda Igreja Católica.Àqueles que me perguntam quaissão os meus projetos, apenas possoresponder que venho para edificarconvosco a comunhão eclesial, aIgreja, por meio da evangelização,da liturgia e da ação pastoral. Nestahora de grandes mudanças, todossentimos a urgência de umaevangelização básica que, em vezde procurar remendar o tecidoeclesial quase desfeito queherdámos dos tempos dacristandade, proporcione aquelarenovaçãoprofunda preconizada e preparadapelo Vaticano II, pela qualos últimos Papas têm

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pugnado, e que tanto nos tem sidorecomendada por eles.A única riqueza que vos trago e vosquero dar abundantemente é o

Evangelho de Jesus Cristo Filho deDeus e da Virgem Maria,desprezado e morto na Cruz,ressuscitado e glorificado à direitado Pai para

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interceder por nós e nos dar oEspírito Santo. Quando há doisanos cheguei a Beja desejei, eainda agora continuo a desejar, nãoter no meio de vós outra sabedoriaa não ser Jesus Cristo, e JesusCristo crucificado. (1Cor2,2) Euacredito no Evangelho e sei que ofuturo da humanidade estáesboçado no Sermão da Montanhaque o resume. Como São Paulo,também eu quero afirmar perantevós neste momento, com a firmezade que sou capaz, que não meenvergonho do Evangelho (Rm 1,16). Tenho experiência de que nelese manifesta o poder de Deus queconduz da fé para a fé (Rm 1, 17),de uma fé infantil, muito ao nível dareligiosidade natural, para aquela féadulta que frutifica pelacaridade (Gal 5, 6), fé que se cultivae testemunha na comunhão daIgreja.Quero ser para todos um sinal vivoda esperança cristã, sobretudo paratantos de vós que atravessaismomentos difíceis porque estaisdesempregados, doentes ou tendesdesfeita a vossa vida familiar esofreis a solidão e carências deordem material e espiritual, e peço aDeus a graça de ser manifestadorda Sua misericórdia para quantoshabitam e trabalham no BaixoAlentejo e no Alentejo Litoral.Vamos dar continuidade ao trabalhodo Senhor D. António Vitalino,procurando traduzir na vida dadiocese

as proposições do SínodoDiocesano recentemente celebrado.Vamos também preparar-nos paracomemorar festivamente em 2020,com a ajuda do Senhor, os 250 anosda restauração da diocese. Quantoao mais, vamos trabalharhumildemente na consolidação dosfundamentos do edifício eclesial queo Senhor quer levantar connoscopara podermos enfrentar asgrandes tempestades que sedesenham no horizonte deste séculoXXI.Acredito que não nos faltará a ajudado Senhor, porque ao longo daminha vida sempre experimentei econfirmei que Ele é fiel eacompanha, por meio do seuEspírito, aqueles que envia. Confio o meu ministério à frentedesta diocese a Nossa Senhora, decujas aparições em Fátima vamoscelebrar o centenário, a São José,padroeiro da nossa diocese, a SãoJoão XXIII e a São João Paulo II, quetomei como protetores no dia daminha ordenação episcopal, e aomártir pacense São Sesinando.Conto com a vossa colaboração eoração para poder apascentar-voscom aquele amor e sabedoria quetornarão suave o jugo que hoje écolocado sobre os meus ombros.Acreditai que é grande o lugar quetendes no meu coração de pastor.O Senhor vos abençoe!

Beja, 3 de novembro de 2016 D. João Marcos

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Mensagem ao Clero da Diocese deBejaQueridos Padres e Diáconos, Por vontade de Deus, não porminha vontade, sou posto à vossafrente como Cabeça, Pastor eEsposo da Igreja de Beja pelo nossoamado Papa Francisco. Saúdo-vosa todos na caridade de Cristo, quenos amou, que Se entregou a Simesmo por cada um de nós e nosconstituiu como Apóstolos à frentedas comunidades cristãs da nossaDiocese.Agradeço-vos a amizade com queme acolhestes desde o primeiromomento da minha nomeação comobispo coadjutor, amizade que se foiconsolidando ao longo destes doisanos. Saúdo-vos agora comredobrado afeto, consciente de quesem vós, sem uma comunhãoautêntica e cultivada entre nóstodos, o meu ministério episcopalpouco ou nada será. Sendo eu,ainda que muito indignamente, acabeça e os olhos da Igrejadiocesana, vós sois as minhas mãose os meus pés: pés calçados com ozelo para procurar as muitasovelhas perdidas e para levar atodos o Evangelho da salvação, e mãos para acolher e abençoar, paratrabalhar e servir os irmãos. Comoprometestes no dia da vossaordenação, sois cooperadores

da Ordem dos Bispos paraapascentardes a grei do Senhor soba ação do Espírito Santo,anunciando o Evangelho,celebrando os sacramentos, orando,configurando-vos com Cristo.As palavras que neste momento meocorrem e me parecem maisadequadas para mim e para vós sãoestas da Primeira Carta de SãoPaulo aos Coríntios: Não pode oolho dizer à mão: Não preciso de ti.Nem tão pouco pode a cabeça dizeraos pés: Não preciso de vós. Pelocontrário, os membros do corpo queparecem mais fracos são os maisnecessários, e aqueles queparecem menos dignos de honra nocorpo são os que cercamos demaior honra e os nossos membrosmenos decorosos nós os tratamoscom maior decoro. Deus dispôs ocorpo de forma a conceder maiorhonra ao que é menos nobre, a fimde que não haja divisão no corpo,mas todos os membros tenham igualsolicitude uns pelos outros. Se ummembro sofre, todos os membrospartilham o seu sofrimento. Se ummembro é honrado, todos osmembros compartilham a suaalegria (1Cor 12, 21-24.26).Lembram-me estas palavras que eu,agora revestido de honra e depoder

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no meio de vós, sou o mais fraco detodos, o menos digno de honra eo menos decoroso. Não digo istopor uma oportuna e falsahumildade, mas para que não deixede ser claro para mim e para vósque obedecendo-me, é ao próprioSenhor que obedeceis. Sois asminhas mãos e os meus pés, sedemeus cooperadores, na verdade ena caridade. E se vedes que acabeça está coroada de espinhos,não estranheis que também asmãos e os pés sejam cravados.Rezai por mim, para que as minhasdebilidades e deficiências não sejamimpedimento para a ação doEspírito. Sejamos solícitos epróximos uns dos outros, para que oSenhor, com a nossa colaboração,possa transformar esta IgrejaDiocesana e cada

Paróquia numa Casa e Escola daComunhão, verdadeiros oásis deMisericórdia, como nos pede o PapaFrancisco na Bula MisericordiaeVultus.Renovo o convite para que no dia13 de Novembro nos reunamostodos em Beja para encerrarmossolenemente o Ano Jubilar daMisericórdia e agradecermos aoSenhor o pontificado do Senhor D.António Vitalino que, como vóspróprios testemunhastes,apascentou esta Diocese com tantoamor e dedicação.O Senhor vos abençoe, vosfortaleça e vos guarde no Seu santoserviço, assim como àscomunidades a que presidis. Beja, 3 de novembro de 2016

D. João Marcos

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O Acto e o Destino

2016 foi, em certa medida, umannus horribilis na vida dopatrimónio religioso na Diocese deBeja. Circunstâncias de diversaordem impuseram-se ao trabalho jáconsolidado e fizeram eclodirproblemas imprevistos: intervençõesefectuadas sem supervisão técnicaem diversas igrejas e obras de arte,algumas das quais classificadas;

suspensão de projectos ecandidaturas a fundos comunitáriospara a reabilitação de monumentose museus, com todos osimpedimentos daí resultantes; e umavaga sem precedentes de furtos nasparóquias, que causou, entre outrosprejuízos, o desaparecimento debens culturais significativos para aidentidade das comunidades.Com discernimento e serenidade, háque retirar ensinamentos daconjuntura que esteve na génese detal situação,

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mas, acima de tudo, há querecuperar o tempo perdido,encarando o porvir de formacoerente. Prestes a iniciar um novociclo de três anos, a equipa doDepartamento do PatrimónioHistórico e Artístico da Diocese deBeja voltou à actividade no terrenoe dirige o olhar, agora, para umadata que se situa um pouco maisalém desta meta: 2020. Perfar-se-ão, então, 250 anos sobre a(re)fundação da Diocese, criada em10 de Julho de 1770 pelo papaClemente XIV, com a Bula “AgrumUniversalis Ecclesiae".A celebração de uma efeméride coma magnitude da que consideramosnão se pode esgotar na amnesenostálgica de fastos pretéritos. Pelocontrário, ela oferece umaoportunidade privilegiada para seavaliar, com profundidade, asituação da Igreja na região. Mais:coloca um repto sério aoconhecimento (e reconhecimento)de todo um conjunto de valores

culturais e espirituais, à luz de umapastoral esclarecida, projectadasobre o nosso tempo. Como figurastutelares desta revisitação, perfilam-se os vultos de três bispos: D. Fr.Manuel do Cenáculo, o primeirotitular da cátedra bejense; D. Josédo Patrocínio Dias, o “reconstrutor”da vida diocesana após uma longaagonia; e D. Manuel Franco Falcão,um dos agentes essenciais da suacontemporaneidade, qual fíbula vivaentre o passado e o presente.Na óptica do património diocesano,aproxima-se indubitavelmente umtriénio de intenso trabalho, em queaos tradicionais desafios do sector –inventariar, defender e valorizar osbens culturais – se impõem, cadavez com maior força, duas outrasprioridades. Uma consiste em darvoz a esse património, seja eleimóvel, integrado, móvel ouimaterial, abrindo-o à sociedade,para que transmita, sem pechas, asua

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mensagem de fundo, quantas vezesescamoteada ou silenciada, numa“aldeia global”, atenta às razões dafé, mas com crescente dificuldadeem “lê-las”. A outra, complementardesta, reside em incrementar aligação de tal herança a umdesenvolvimento sustentável daregião que ela serve (e que nela serevê).Sem a firme aportação dascomunidades locais, não existefuturo, a médio e a longo prazo,para muitos dos nossosmonumentos e respectivos acervos.Isto obriga a apostar no diálogo, atrabalhar em rede, a viabilizarcomplementaridades. Deixou dehaver lugar a “capelinhas” nagestão de um património colectivocujo desenlace está vinculado,claramente, à capacidade deinteragir com o Estado, asautarquias e as “forças vivas” daregião. Daí a importância deprojectos como o Festival Terrassem Sombra de Música Sacra, umainiciativa da sociedade civil que uneo património cultural, a músicareligiosa e a biodiversidade; a redediocesana de museus, hoje com oitounidades; ou o Centro UNESCOpara a Arquitectura e a ArteReligiosas, sediado em Santiago doCacém.Em cima da mesa continua amagna

questão: num território em quecresce sensivelmente o número devisitantes, continua a ser difícilaceder às igrejas e a outrasreferências do “parquemonumental”, tal como continua afaltar informação de qualidade, emdiversas línguas. Fala-se muito naretaguarda da hotelaria e darestauração, mas a vanguarda doacolhimento permanece obsoleta,mesmo quando são cada vez maisos voluntários disponíveis paracolaborar. Eis um campo em que vaiser necessário terçar armas, atéporque algumas entidadesresponsáveis pelo seuenquadramento tropeçamsistematicamente nas própriaspernas.A temática mariana oferece, em2017, um notável fio condutor paraa redescoberta diocesana de tãoextraordinário legado espiritual,muito arreigado entre nós.Constituirá também, decerto,excelente oportunidade para nosaproximarmos de 2018, o AnoEuropeu do Património Cultural, emcuja celebração o Departamento doPatrimónio da Diocese de Beja está,desde os primórdios da iniciativa,assaz empenhado. Quanto a 2019,será uma preciosa rampa delançamento para o ambiciosoprograma de 2020.

José António FalcãoDiretor Departamento do Património

Histórico e Artístico da Diocese deBeja

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Beja, uma diocese em caminhoO presente precisa sempre de umaincursão na história para a suacompreensão. Assim é com adiocese de Beja restaurada em1770. Quem quiser encontrar umaexplicação objetiva da situação atualda diocese, não pode passar porcima das vicissitudes por quepassou nesses longos anos, em queos bispos se sucediam quaseanualmente, ou residiam fora ounem sequer chegavam a tomarposse. Este dado histórico prestou-se a muitos desvarios de toda aordem, inclusive à instalação de umclero sem bases sólidas na teologiae com deficiente formação espiritual.Só a partir de 1922, com a entradade D. José do Patrocínio Dias, adiocese teve estabilidade episcopal,formação adequada do clero,organização administrativa eficaz eevangelização sistemática. A suaação fundada numa fé profunda,numa confiança ardente no poderdo Espirito santificador e numintenso programa de ação pastoral,transformou o panorama desoladorde uma Igreja sem rumo.A partir e na sequência dessegrande obreiro, D. José dopatrocínio Dias, restaurador de umadiocesecarente de tudo, tem a diocesebeneficiado da inteligência

discreta e do ardor missionário debispos como D. Manuel Falcão e D.António Vitalino que acaba deentregar esta Igreja diocesana aocuidado pastoral de D. João Marcos.Mas o tempo também faz parte dadinâmica de desenvolvimento e doprogresso na fé dos povos. Nestascircunstâncias, restaurar é, quasesempre, começar de novo comoaconteceu ao longo da história dadiocese.As alterações políticas por quepassou o país, tiveram também forterepercussão no Alentejo enaturalmente na vida da diocese.Alguns leigos inseridos ematividades pastorais abandonaram oseu campo de trabalho e foinecessário um tempo de adaptaçãoàs novas realidades sociais epolíticas, até se restabelecer aconfiança no desejo comum de fazercaminho no respeito mútuo e nacolaboração ativa.Neste ano corrente, a diocese deBeja, a segunda em extensãoterritorial, dispõe de cinquenta ecinco padres no ativo, dos quaistreze religiosos, com uma médiaetária, no total, de 58.8 anos.

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As distâncias que é precisopercorrer para chegar às periferiasterritoriais da diocese, sendopenosas a muitos títulos, são bemmais fáceis de ganhar do quechegar àqueles muitos que ou nãoouviram falar de Jesus ou, seouviram, não chegaram a deixar-seenamorar por Ele. Por outro lado, aspopulações da diocese não sãouma exceção àqueles que, por essepaís fora, vivem uma religião semprática, uma fé sem Cristo, uma vidasem valores. Como fazer-lhes umanúncio que tenha escuta eresposta, é a pergunta que noscolocamos?A desertificação humanapersistente, perante o manifestodesinteresse ou a incapacidade dospoderes políticos, nacionais oulocais, de encontrar formas devalorizar o território com meios quepermitam a fixação e respondamaos interesses de realizaçãopessoal, torna difícil aevangelização. Os núcleospopulacionais são cada vez maisreduzidos, o envelhecimentocrescente reduz a capacidade típicade uma população jovem pararesponder aos desafios da fé.Novas formas de trabalho sãoprecisas para responder a umasituação social que tende a agravar-se.

No fim do passado ano pastoralencerrou-se o primeiroSínodo diocesano. Foram três anosde trabalho intenso com grupos dereflexão pela diocese inteira.Durante a sua realização foi claro odesejo de uma maior participaçãodos leigos na construção de umaIgreja viva, mistério da salvação deDeus para os povos do Alentejo.Muito se contestou, muito sedesejou em ordem à mudança parauma fé cristã viva, esclarecida eadulta. Dele ficaram propostasexequíveis que poderão inspirarprojetos para uma pastoral derenovação da diocese. Mais umavez, será um começar de novo semperder o caminho já feito.Este é mais um ano para defrontarnovos desafios, percorrer novoscaminhos. A celebração docentenário das aparições de NossaSenhora em Fátima, é ocasião paraa realização de um ano pastoral emque «Com Maria seremos IgrejaViva», grande desafio para um anopastoral na descoberta e construçãoda Igreja, tomando Maria comomodelo.

Padre António Domingos PereiraVigário-geral da Diocese de Beja

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A Diocese de Beja em tempos demudançaNo dia três do corrente mês denovembro, D. António VitalinoDantas completa 75 anos, as Bodasde Diamante. Ordenado Bispo a trêsde Julho de 1996, com o título deFlos e Bispo auxiliar de Lisboa énomeado Bispo de Beja, pelo PapaS. João Paulo II, a vinte e cinco deJaneiro de 1999, onde entrasolenemente a onze de Abril. Depoisde dezassete anos à frente dosdestinos da diocese, pediu ao PapaFrancisco a sua renúncia, por limitede idade, a qual foi aceite,sucedendo-lhe o seu BispoCoadjutor, D. João Marcos. O novoBispo de Beja foi ordenado na Igrejade Santa Maria de Belém, a vinte etrês de novembro de 2014, tendoentrado solenemente na dioceseoito dias depois. Os dois Bispos, namensagem dirigida à diocese, falamassim da mudança: - «Mudam ospastores, mas permanece o únicoPastor. Parafraseando S. Paulo:“nós não olhamos para os pastoresvisíveis mas para o Invisível: osvisíveis são passageiros, ao passoque o Invisível é eterno”. JesusCristo Nosso Senhor é o Pastoreterno, o Bom e o Belo Pastor quevos apascenta, cheio de amor e desabedoria, por meio dos pastoresda Igreja».Por limite de idade, D.António Vitalino cessa as

funções de Bispo titular a três denovembro. A treze, no termo do AnoJubilar da Misericórdia, a diocese vaidar graças e manifestar aoAniversariante a sua profundagratidão pelos dedicados serviçosprestados à frente dos seusdestinos. O Programa é comosegue: 15h00 – Sessão no Auditóriodo Seminário de Beja, comintervenção de uma leiga, umajovem, uma religiosa e umsacerdote. Duas peças musicais doCoro do Carmo e do Coro deCâmara de Beja. Um diaporamasobre a vida do Senhor D. António euma palavra final do homenageado.16.30 – Cortejo litúrgico da Igreja deSanta Maria para a Sé e soleneconcelebração eucarística, presididapor D. João Marcos, novo BispoTitular da Diocese. No termo dacelebração será entregue ao BispoEmérito de Beja uma lembrança,preito de gratidão dos seusdiocesanos. O SEU ZELO DE PASTORQuero lembrar que o essencial navida da Igreja não são os meiosricos da contabilidade e daestatística, mas a atitude de quemdá a vida por amor,

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à semelhança de Jesus. Naverdade, a Diocese de Beja reveste-se de grande complexidade. Com12.300 Km2, as distâncias sãoenormes: de Beja a Barrancos são112 Kms; de Beja a Sines são 100 e90 de Beja à fronteira do Algarve. Adesertificação humana é um grandeimponderável que se abateinstintivamente sobre as povoações,roubando-lhes esperança e alegria.Na década de sessenta do séculopassado a Diocese tinha 350.000habitantes, hoje são 211.496. Noúltimo quartel do mesmo século, oconcelho de Mértola perdeu mais demetade dos

seus residentes, o que faz lembraruma catástrofe social. Por outrolado, apesar de Bispos ilustresterem pastoreado a diocese, aherança liberal, maçónica eanticristã deixou raízes queperduram. Gerações e gerações dealentejanos nasceram, cresceram econstruíram as suas vidas, semreferência a Cristo e à Igreja. Istorepercute-se, em especial, nodesinteresse que têm pelaeducação cristã dos filhos. Há umaforte religiosidade natural e umadevoção a Nossa Senhora, a“Santinha”, que se alimenta com afesta anual

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e alguma superstição. Foi nestaterra de“sequeiro” que o Senhor D.António procurou “regar” com a suaoração e ação. Tomou a peitoarrumar a casa nos aspetosorganizativos e administrativos,informatizando a Cúria e serviçosdiocesanos. Pôs todo o seuempenho nas chamadas missõespopulares e nas visitas pastorais.Quando em Abril de 2008 fez a visitapastoral à paróquia do

Carmo, Beja, fiquei impressionadocom a dinâmica imprimida e com odiálogo estabelecido com asinstituições civis sediadas na áreada paróquia, escutando anseios eaplaudindo êxitos, partilhandoproblemas e a todos deixandopalavras de apreço, estímulo egratidão. Na paróquia conviveu comtodos os grupos, escutando eapontando caminhos. O SínodoDiocesano, o primeiro da Diocese,deve-se ao seu inconformismoperante a apatia reinante. Por elepretendeu acordar, sensibilizar elançar a Diocese para uma pastoralmais dinâmica e responsável, menosclerical e mais eclesial. O início foi aconvocação de cerca de quinhentose cinquenta padres e leigos. Aspropostas

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apresentadas e aprovadas nasessão de encerramento no diaquatro de Junho do ano correnteirão alimentar os programaspastorais diocesanos dos próximosanos. D. JOÃO MARCOS, NOVOBISPO DE BEJAO Alentejo vive, atualmente, a maiorrevolução da sua história. A água doAlqueva vem transformar oalentejano de criatura em criador,pela ferramenta da água que tem àsua disposição. São 120.000 ha,dos quais 80.000 já irrigados e40.000 em vias de irrigação. Osistema apanha 66% dosagricultores. Olivais, vinhas,pomares, milho, papoila para finsterapêuticos, mudam o visual doAlentejo e o ritmo de vida daspessoas ligadas ao campo. Estedinamismo

revolucionário do Alentejo Verde,não pode deixar de ser um grandedesafio para a Igreja que tem aágua viva do Espírito Santo. Comopintor, a missão do novo Bispo épintar Jesus no coração de cadacrente, pelo pincel da Palavra deDeus. Com o vasto e apaixonantehorizonte do mundo da arte e amais-valia da sua experiência comopároco, catequista itinerante doCaminho Neo-catecumenal emPortugal e no Brasil, e DiretorEspiritual dos Seminários dos Olivaise Redemptoris Mater, o novo Bispoestá firmemente convencido que ofuturo da Igreja Diocesana dependeda qualidade da pedagogia daIniciação Cristã que se conseguirimplantar. Por isso se faz catequistasemanal desta experiência piloto.

Padre António AparícioDiocese de Beja

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EMRC onlinehttp://www.educris.com/ Encerrou no passado dia 30 deoutubro a semana nacional daEducação Cristã onde se propunhauma educação “integral” para o“desenvolvimento harmonioso daspessoas”.Assim a sugestão para esta semanapassa por uma visita virtual ao sítioda Comissão Episcopal responsávelpor este sector, que tem aresponsabilidade de coordenar todaa área da educação cristã, sejam ascatequeses, as escolas católicas e aeducação moral e religiosa católica.Ao digitarmos o endereçowww.educris.com encontramos umespaço interessante, com umaapresentação gráfica bastante atuale onde as quatro grandes áreas(EMRC, Catequese, EscolasCatólicas e Comissão Episcopal) seencontram em destaque. Surgemdepois oito opções complementareso que torna a navegação e adisposição dos conteúdos bastantesimples.Ao clicarmos em “notícias”,encontramos os apontamentosnoticiosos que são publicados nestaplataforma, ordenados

cronologicamente. Existindo ainda aopção de pesquisarmos notícias pordeterminada data e/ou título.Em “Centro de Recursos”,encontramos um conjunto bastantealargado de conteúdos, nos maisvariados formatos (texto, áudio,vídeo, apresentações, imagens,flipchart, aulas interativas),suportados por um motor de buscaque facilita a pesquisa.Uma área em completa evolução eonde cada vez mais é importante asua existência – TV Online - éaquela que dispõe de registos emformato de vídeo das muitasconferências, debates e outrosencontros que vão sendoorganizados por este secretariado.Na opção “Galeria”, encontradevidamente catalogadas, umconjunto enorme de registosfotográficos dos diversos eventosnacionais.O espaço “agenda”, procura manterinformadas todas as pessoas quevisitam este sítio, por forma aficarem a conhecer as datas e oslocais dos eventos relacionados coma área de atuação do SNEC.Por último em “edições SNEC”, podeconsultar todas as publicações

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realizadas por este secretariado eem algumas delas, com apossibilidade de aceder a partes doseu conteúdo.Aqui fica a sugestão de visitaconstante a este espaço virtual, porparte de crianças, adolescentes,jovens e adultos, sejam elescatequistas,

professores, educadores ouencarregados de educação, poiseste sítio dispõe de conteúdosbastante relevantes para todo osector da educação cristã.

Fernando Cassola Marques

[email protected]

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A Pastoral das grandes cidadesO cardeal-patriarca de Lisboa vaiapresentar o livro ‘A Pastoral dasgrandes cidades’ pelas 15h00 dodia 8 de novembro, na Casa NossaSenhora das Dores, em Fátima.Num comunicado enviado à AgênciaECCLESIA, a Paulus Editora informaque o arcebispo emérito deBarcelona, cardeal Lluís MartínezSistach, responsável pelaorganização da nova publicaçãotambém vai estar em Fátima,aquando a apresentação do livro.“Atualmente, 52% da populaçãomundial vive nas grandes cidades eo processo está em crescimento.Estas grandes concentraçõesurbanas interpelam a pastoral aídesenvolvida, muitas vezes comcritérios rurais herdados de umperíodo anterior à explosão urbanaatual”, refere o arcebispo emérito deBarcelona.‘A Pastoral das grandes cidades’reúne as intervenções e debatesrealizados no primeiro CongressoInternacional sobre pastoral dasgrandes cidades que se realizou emduas sessões, Barcelona, de 20 a22 de maio de 2014, e no Vaticanoentre 24 a 26 de novembro domesmo ano.A Paulus Editora contextualiza

que na primeira fase foram ouvidosespecialistas e na segunda fase ospastores analisaram e debateram apastoral das grandes cidades, ondetambém esteve presente D. ManuelClemente.As conclusões do encontro foramapresentadas ao Papa Franciscoque

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disse que a pastoral “é mais do queuma ação, é também presença,conteúdo, atitudes e gestos”.O Papa Francisco disse aosparticipantes deste encontro: «OPapa Francisco disse aosparticipantes deste encontro: «Naminha opinião, a pastoral é mais doque uma ação, é também presença,conteúdo, atitudes e gestos. Umaprimeira proposta: sair e facilitar.Trata-se de uma verdadeiratransformação eclesial. E tudoponderado em chave de missão.Uma mudança de mentalidade: doreceber

ao sair, do esperar que venham aoir à sua procura. E para mim, esta éa chave! […] Tornar acessívelo sacramento do Batismo. Igrejasabertas. Secretarias com horáriospara as pessoas que trabalham.Catequeses adequadas nosconteúdos e nos horários da cidade.[…] Uma segunda proposta: a Igrejasamaritana. Estar presente. Trata-se de uma mudança, no sentido dotestemunho. Na pastoral urbana, aqualidade será conferida pelacapacidade de testemunhar porparte da Igreja e de cada cristão».

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II Concílio do Vaticano:Aulas de história no autocarro

Para além dos trabalhos nas sessões conciliares, osparticipantes no II Concílio do Vaticano – assembleiamagna convocada pelo Papa João XXIII – tambémtinham momentos mais lúdicos.Um dos bispos portugueses presentes no II Concíliodo Vaticano foi D. Júlio Tavares Rebimbas, falecido em2010, que – num texto escrito para a agênciaECCLESIA – recordou alguns episódios com algumadose de humor.No seu texto relata uma “peripécia” ocorrida numautocarro entre Roma e Florença por ocasião docentenário de nascimento de Dante Alighieri(Florença, 1 de junho de 1265- Ravena, 13 ou 14 desetembro de 1321).Com a presença de várias centenas de padresconciliares na cidade de Florença, D. Agostinho deMoura, na altura bispo de Portalegre-Castelo Branco,no trajecto entre as duas cidades italianas resolve daruma aula de história.“Falava, como de costume, muito e alto. Sabia muitode História e meteu-se a contar a história dos Papas.Tudo bem. Acompanhavam-nos universitários daUniversidade de Florença. Ia na contagem dos PapasPios, precisamente no segundo. Eis senão quando,um dos bispos gregos, ortodoxos, fartou-se dobarulho da contagem e desata: Irra!... diz o grego.Eles são doze e você ainda vai no segundo!”,escreveu D. Júlio Tavares Rebimbas e acrescenta:“Uma gargalhada geral no autocarro. Bispos e alunosuniversitários”.A vida é “um segredo e um mistério” e o II Concílio doVaticano foi para o prelado português, natural daDiocese de Aveiro, “uma riqueza de dons gratuitos etambém

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um mistério”. “Podia contar muitascoisas mas é melhor ficaremguardadas na alma”, sublinhou noseu comentário.A aprendizagem era frequente nas“conversas particulares”, mas a boadisposição também reinava. Um dospadres conciliares era um bispoaustraliano que, por sinal era “muitoalto, logo lhe puseram o nome de«altíssimo»”. “Uma vez dei com ele atirar uma prova para uma batina,mas, como era muito alto, as freirasandavam com um escadote para lhechegar à altura!!!”, contou. “Osbispos também se riam e é bom”,completou.D. Júlio Tavares Rebimbas foi umdos bispos portugueses queparticipou no II Concílio EcuménicoVaticano II (1962-1965). Aos 43anos, em 27 de Setembro de 1965,foi eleito por Paulo VI como bispo doAlgarve e, ainda antes daordenação, tomou parte na últimasessão do Concílio.Este acontecimento marcou-o“profundamente”. A convivência como Papa Paulo VI, os outros bispos eo Espírito Santo, nas sessõesdiárias daqueles últimos meses, “adensidade e uma pressa de aprovarconstituições, decretos edeclarações fizeram-me participarnos votos e aprovações da maiorparte dos documentos conciliares”.

Certamente que o “Espírito Santonão estava à espera de mim paraaprovação da maior parte dosdocumentos conciliares”. O caso éque, indo só no fim, na última hora,“votei quase todos,evangelicamente, como os quetinham ido na primeira hora”,escreveu.D. Júlio Tavares Rebimbas, antigobispo do Algarve, auxiliar doPatriarca de Lisboa, primeiroprelado de Viana do Castelo earcebispo-bispo do Porto, faleceu a6 de Dezembro de 2010, com 88anos.

LFS

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novembro 201605 de novembro. Lisboa – UCP - Congresso dasAssociações de ProfissionaisCatólicos sobre «Cuidar da CasaComum». . Vaticano - Jubileu dos Reclusos(termina a 06 de novembro) . Lisboa - Queijas (CONFHIC),09h30 - Encontro «Escutar paraviver» sobre «Enviados em Missão -Vivendo as bens-aventuranças»com José António Santos e o padreJorge Anselmo . Seminário Maior de Lamego,09h30 - Os catequistas doArciprestado de Lamego, e de“outros espaços pastorais”, vão teruma ação de formação intitulada ‘AEucaristia centro da vida(comunidade) cristã’, entre as09h30 e as 12h30, no SeminárioMaior. . Coimbra - Cineteatro do Colégiode São Teotónio, 10h00 - O jornalcatólico «O Amigo do Povo», daDiocese de Coimbra, celebra o seucentenário com uma sessãocomemorativa no cineteatro doColégio de São Teotónio, naquelacidade.

. Porto - Casa de Vilar, 10h00 - Jornadas Diocesanas doApostolado da Oração orientadaspelo padre Dário Pedroso queaborda o tema «Com Maria, renovai-vos nas fontes da alegria». . Braga – Barcelos, 15h00 - Homenagem a D. António Barroso,bispo do Porto (1899-1918) com apresença do bispo emérito de Díli,D. Carlos Ximenes Belo. . Aveiro - Bairro de Santiago, 19h30- O voluntariado Teresa Saldanha(Movimento juvenil ligado às IrmãsDominicanas) promove um festivalde sopas . Lisboa - Igreja Matriz de Oeiras,21h30 - Recital «MisericordiaeDomini» integrado no ciclo deconcertos de misericórdia 06 de novembro. Fátima - Encerramento dascomemorações dos 50 anos dapresença do Movimento dosFocolares em Portugal

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. Açores - Dia da Igreja Diocesana . Açores - Semana dos Semináriosna Diocese de Angra (termina a 13de novembro) . Semana dos Seminários (termina a13 de novembro) . Porto - Vila do Conde (Vilar doPinheiro), 15h00 - Assembleiadiocesana da Sociedade SãoVicente de Paulo (Vicentinos) comcerimónia de tomada de posse dopresidente do Conselho Central doPorto, Manuel Carvas Guedes. . Bragança, 16h00 - Celebrações conclusivas nasquatro «Portas da Misericórdia» nasigrejas jubilares 07 de novembro. Fátima - Casa de Nossa Senhoradas Dores - 190.ª Assembleiaplenária da CEP (ConferênciaEpiscopal Portuguesa) – termina a10 de novembro . Itália - A Obra Nacional da Pastoraldo Turismo promove peregrinação aRoma e Assis. – termina a 10 denovembro

. Viana do Castelo - Semana deestudos teológicos «Ajuda-me amorrer bem. A Eutanásia emquestão» promovida pela EscolaSuperior de Teologia do InstitutoCatólico da Diocese de Viana doCastelo. (termina a 10 de novembro) 08 de novembro. Setúbal – Almada - Assembleia dosInstitutos Missionários «Ad Gentes».– 11 de novembro . Fátima - Casa de Nossa Senhoradas Dores, 21h15 - Conselhopermanente da CEP (ConferênciaEpiscopal Portuguesa) 09 de novembro. Coimbra - Instituto Justiça e Paz,18h00 - Apresentação do «DOCAT»(Compêndio de Doutrina Social daIgreja para jovens) . Viana do Castelo - Salão da juntada união de freguesias deBarroselas e Carvoeiro, 21h00 - D.Carlos Ximenes Belo, bispo eméritode Díli (Timor) profere conferênciasobre «Diálogo entre religiões, umcaminho para a Paz» que serámoderada por Álvaro Campelo.

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05 de novembro

Coimbra: O jornal católico «O Amigo do Povo», daDiocese de Coimbra, celebra o seu centenário comuma sessão comemorativa, no cineteatro do Colégiode São Teotónio, que conta com a presença do bispodiocesano, D. Virgílio Antunes. Aveiro: O voluntariado Teresa Saldanha, movimentojuvenil ligado às Irmãs Dominicanas, promove umfestival de sopas, a partir das 19h30, no Bairro deSantiago. 06 a 13 de novembroPortugal: Igreja Católica vai viver a Semana dosSeminários com o tema ‘Movidos pela Misericórdia deDeus’, que destaca vocação sacerdotal que nasce damisericórdia. 09 de novembroViana do Castelo: D. Carlos Ximenes Belo, bispoemérito de Díli, Timor-Leste, profere a conferência«Diálogo entre religiões, um caminho para a Paz», às21h00, no salão da Junta da União de Freguesias deBarroselas e Carvoeiro. 10 a 12 de novembroFátima e Ourém: Congresso Internacional dasCidades-Santuário com o objetivo de encontrar “novoscaminhos” para o seu desenvolvimento. 10 de novembro – 12 de maio 2017Algarve: Começa na igreja do Carmo o projeto ‘VideoLucem’, proposta que aborda temas relacionados coma espiritualidade numa igreja, e vai projetar 22 filmesem 22 igrejas da diocese.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 13h00Domingo, 06 de novembro- Clérigos: mais do que umsímbolo da cidade do Porto Segunda-feira, dia 07, 15h00 - Entrevista ao presidente daCáritas Portuguesa, EugénioFonseca, sobre o Jubileu dosmarginalizados Terça-feira, dia 08, 15h00 - Informação e entrevista ao padre Tony Neves sobreos 150 anos dos Espiritanos em Portugal Quarta-feira, dia 09, 15h00 - Informação e entrevistaao padre José Alves sobre os 300 anos dos padresvicentinos em Portugal Quinta-feira, dia 10, 15h00 -Informação e entrevistaa José Luís Fontes, sobre o Fórum Ecuménico Jovem Sexta-feira, dia 11, 15h00 - Análise à liturgia dedomingo com o padre João Lourenço e Juan Ambrosio Antena 1Domingo, dia 06 de novembro - 06h00 - Entrevistaà nova reitora da Universidade Católica Portuguesa,Isabel Capeloa Gil Segunda a sexta-feira, dias 07 a 11 denovembro - 22h45 - Os Bens Culturais da Igreja: Doinventário à conservação preventiva

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Ano C – 32.º Domingo do TempoComum Creio em Deus, nãode mortos mas devivos!

A questão central do Evangelho deste trigésimosegundo domingo do tempo comum gira à volta daressurreição. Percebendo que a perspetiva de Jesusestava próxima da dos fariseus, alguns saduceusapresentaram uma hipótese académica, com oobjetivo de ridicularizar a crença na ressurreição: umamulher casou sucessivamente com sete irmãos,cumprindo a lei do levirato; segundo esta lei, o irmãode um defunto que morria sem filhos devia casar coma viúva, a fim de dar descendência ao falecido eimpedir que os bens da família fossem parar a mãosestranhas. E perguntam a Jesus: quandoressuscitarem, a viúva será mulher de qual dosirmãos?Através desta história ridícula, os saduceus, que nãoacreditavam na ressurreição, querem ridicularizarJesus e a crença na ressurreição.Claro que a ideia da ressurreição não é evidente paratodos. Já os gregos encontrados por São Paulo nãoacreditavam nisso. E hoje há cristãos, alguns mesmopraticantes, que aderem à teoria da reincarnação, quenão tem nada a ver com a ressurreição. Não faltamtestemunhos de pessoas que dizem ter recordaçõesde uma vida anterior. Afinal, os saduceus são seriamtão estranhos entre nós, hoje.Contudo, a ressurreição é uma realidade de mistérioacolhido na fé. Quando Jesus ressuscitado apareceuaos seus discípulos, teve que usar muita pedagogiapara os convencer de que era verdadeiramente Ele.Eles não acreditaram imediatamente. Basta ver oexemplo de Tomé.O cerne do ensinamento de Jesus é a sua palavra: «Eque os mortos ressuscitam, até Moisés o deu aentender no episódio da sarça-ardente, quandochama ao Senhor o

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Deus de Abraão, o Deus de Isaac eo Deus de Jacob. Não é um Deus demortos, mas de vivos, porque paraEle todos estão vivos».Deus Criador está para além dotempo. É por um ato infinito e eternode amor criador que Ele ressuscitacada ser humano, que vem aomundo como um pedaço deeternidade. Pela sua ressurreição,Jesus abre-nos o caminho da nossaprópria vida de plenitude em Deus.Acreditamos mesmo nisto, quandoprofessamos o credo e o pomos emprática?Recordemos ainda Paulo que noslembra que, se Cristo nãoressuscitou,

a nossa fé é vazia de sentido. A féacontece sobretudo na essência daressurreição, uma realidade que nosespera. Não vale a pena estar ajulgar e a imaginar essa realidade àluz das categorias que marcam anossa existência finita neste mundo.Pela fé, sabemos que a nossaexistência de ressuscitados seráuma existência plena, total, nova.Pela fé, acolhemos a ressurreiçãocomo certeza absoluta, a ser jáassumida no nosso peregrinar defiéis discípulos de Cristo.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Jubileu dos Reclusos

O coordenador da PastoralPenitenciária em Portugal informouque um recluso e quatro ex-reclusosvão participar num encontro com oPapa, pelo Jubileu da Misericórdiadeste setor, nos dias 5 e 6 denovembro, no Vaticano.Numa nota enviada à AgênciaECCLESIA, a Pastoral Penitenciáriade Portugal informa que a comitiva

nacional integra “aproximadamente80 pessoas” onde para além de umrecluso e quatro ex-reclusoscontam-se visitadores,acompanhantes e familiares.O Vaticano apresentou emconferência de imprensa acelebração do jubileu dos reclusos,um tema particularmente querido doPapa, que tem telefonado acondenados à

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morte em vários países.“Muitas vezes, o Papa Franciscoesteve em contacto telefónico nosúltimos meses com condenados àmorte”, revelou o arcebispo RinoFisichella, presidente do ConselhoPontifício para a NovaEvangelização (Santa Sé),organismo responsável pelaorganização dos eventos do Jubileuda Misericórdia.Em resposta aos jornalistas, oresponsável precisou que Franciscoesteve em contacto e se“interessou” por pessoas que foramcondenadas à morte. “Nãoconseguiu salvar um que foicondenado à morte e sofreu apena”, relatou o presidente doConselho Pontifício para a NovaEvangelização - caso que teráacontecido nos EUA.Em fevereiro deste ano, o Papatinha proposto a “abolição” da penade morte em todo o mundo, porocasião da celebração do ano santoextraordinário, o Jubileu daMisericórdia (dezembro 2015-novembro 2016), em defesa de umacultura de “respeito da vida”.D. Rino Fisichella sublinhou que ointeresse em relação aos reclusos“vai para lá” da celebração doJubileu,

como tem sido visível nas suasviagens internacionais e nasdeslocações a prisões italianas.A celebração com presos e ex-reclusos de 12 países, incluindoPortugal, vai incluir a presença decondenados a prisão perpétua.O Vaticano não prevê qualquer“medida especial” de reforço desegurança, adiantou o arcebispoitaliano.No sábado, os participantes -reclusos e seus familiares,funcionários penitenciários,capelães e voluntários da pastoralprisional e membros de associaçõescatólicas - vão ter a oportunidade deconfessar-se, nas igrejas jubilaresde Roma, seguindo emperegrinação para a porta santa daBasílica de São Pedro.Segundo D. Rino Fisichella, desdedezembro de 2015 cerca de 20milhões passaram por esta portasanta, no Vaticano, assinalando oano santo extraordinário.A Missa conclusiva do jubileu dosreclusos vai ser presidida pelo PapaFrancisco, no domingo, pelas 10h00(hora local, menos uma em Lisboa).

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Construir-se como pessoaResponsáveis da Pastoral Juvenil debatem novosdesafios à luz da antropologia cristãDecorreram, no passado dia 15 deOutubro, em Fátima, as V JornadasNacionais da Pastoral Juvenil. Comcerca de uma centena departicipantes, a iniciativa procuroureflectir sobre os desafios hojecolocados à pastoral juvenil pelasnovas visões antropológicas e defamília, tendo em conta asperspectivas e linhas de força sobrea pessoa humana lançadas pelatradição bíblica e pela teologia cristã.Coube ao bispo de Lamego ebiblista, D. António Couto, abrir areflexão, tomando como ponto departida o capítulo segundo do Livrode Daniel.

Do inesperado sonho deNabucodonosor, acontecido nocontexto do cativeiro do povo deIsrael da Babilónia, D. António Coutoexplorou os sentidos dos materiaisassociados à imagem referida nosonho (um homem com cabeça deouro, peito de prata, ventre epernas de bronze e ferro e os pésde barro) para mostrar a fragilidadeda construção fundada em(contra)valores que fecham àrelação, evocando sobretudosentimentos de posse, de domínio,de poder, a busca incessante do tere da satisfação do prazer imediato.

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A reconstrução da pessoa – narealidade, a sua conversão – foiproposta a partir dos sentimentos eatitudes associados pela tradiçãobíblica às diversas partes do corpo:a sensatez, a inteligência, a opçãopor ideais, um olhar límpido e atentoao bem, a escuta da Palavra, umcoração sensível e atento, braçospara levantar e acolher, entranhasde misericórdia, capazes de gerarvida, pés ágeis no anúncio e naalegria de amar. Relembrou,contudo, como esta construção nãoé nada se não é fundada em Deus,o primeiro grande construtor.O padre, professor e médico, JoséManuel Pereira de Almeida, diretorNacional da Pastoral Social, trouxe oolhar da doutrina social da Igrejasobre a pessoa, que se descobrecomo ser de relação, com os outrose para os outros. Na perspectivacristã, o eu exige o outro, e só serealiza no risco da vida entregue: sóse vive plenamente quando se fazviver. O outro tem sempre um nomee é sempre um irmão. Face àradicalização do presente, o grandedesafio é o do acolhimento, do respeito dapluralidade, do olhar o outro comoigual, como irmão. Relembrou comoa Doutrina Social da Igreja se funda

na dignidade de toda a pessoahumana, afirmada como imagem deDeus e como ser em e para acomunhão.A terceira intervenção foi propostapelo Prof. Doutor Diogo da CostaGonçalves, professor auxiliar naFaculdade de Direito daUniversidade de Lisboa. A suaintervenção centrou-se nos desafioslançados à visão antropológicacristã pelo que, na sequência deNota Pastoral daConferência Episcopal Portuguesade 2013, se designou como“ideologia de género”. As questõeslevantadas, como o conferencistademonstrou, revelam o emergir denovas concepções antropológicasconcorrentes, a seu ver, com acristã, ao questionar a associaçãotradicional entre sexo e género, asconfigurações do masculino e dofeminino e, por consequência, aprópria visão de família, de pessoa,dos processos educativos e dopróprio ordenamento jurídico dafamília e do seu papel nasociedade. Se corremos o risco de “ideologizar”o debate, enfraquecendo-o edesfigurando-o, o tema merece aatenção pelos problemas quelevanta, desde a precisão dosconceitos envolvidos(natureza /construção cultural, género e papéissociais, sexo / sexualidade…) aodiscernimento

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entre o que em muitos movimentossão, na sua origem, aspiraçõeslegítimas (ou não) equestionamentos dos modelos depessoa e de família.D. Joaquim Mendes, bispo auxiliarde Lisboa e vogal da ComissãoEpiscopal Laicado e Família,presente no

decurso de todos os trabalhos,lembrou a importância destasquestões, em ordem à formação daconsciência dos jovens, por eleevocada a propósito das palavrasdirigidas pelo Papa Francisco aos

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bispos portuguesas na sua últimavisita ad limina.O padre Eduardo Novo, diretor doDepartamento Nacional da PastoralJuvenil, nas suas intervenções,evidenciou que a Igreja continua aolhar para os jovens com confiançae amor e o sínodo dos Bispos de2018

é sinal disso mesmo. Os jovens sãoo presente e o futuro da sociedadee da vida da igreja e por isso é tãopertinente esta preocupação enecessidade de formaçãopermanente, para que possamoscompreender as sua inquietações eproblemas e saibamos no diálogo,descobrir como falar de Deus aosjovens, que métodos, quelinguagens.No decurso das Jornadas, decorreua apresentação oficial do DOCAT, ocompêndio para os jovens sobre aDoutrina Social da Igreja, e nestecontexto, foi comunicada acontinuidade do projeto conjunto daPaulus e do DNPJ - oYOUthTRAVEL.Foi também apresentado o itineráriocatequético proposto peloDepartamento Nacional da PastoralJuvenil para o ano 2017, baseadona figura de Maria como modelo dodiscipulado cristão, inserido nocentenário das aparições de Fátima2017, com vista ao jubileu dosjovens 2017.

Departamento Nacional da PastoralJuvenil

Lisboa, 20 outubro 2016

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A libertação de Qaraqosh, ao fim de dois anos deviolência

“Já sofremos o suficiente…”Os sinos voltaram a tocar nasigrejas. Logo depois de osprimeiros soldados iraquianos ecurdos terem entrado na cidade,correram mundo as primeirasimagens de Qaraqosh, a cidadecristã iraquiana após dois anos,dois meses e alguns dias deocupação jihadista.

Os primeiros soldados entraram emQaraqosh na quarta-feira, dia 19 deOutubro. A Planície de Nínive éapenas uma porção do territórioreconquistado agora aos jihadistas.As batalhas prosseguem e ninguémsabe, ao certo, quando tudo estaráterminado. Se alguma vez vai estar.Em Erbil, cidade no CurdistãoIraquiano para onde fugirammilhares de famílias cristãs, todosseguiam com ansiedade eapreensão as notícias do avançodas tropas da coligação. Na quarta-feira, 19 de Outubro, os risos e aslágrimas confundiam-se em muitosrostos. Aquelas casas, aquelas ruasde Qaraqosh, tudo aquilo lhespertencia, tudo aquilo lhes tinhasido roubado com uma rapidezfulminante no dia 6 de Agosto de2014. Foi tão brutal que ninguémmais conseguiu esquecer aquelashoras de horror, a fuga

apressada de quem apenas tevetempo de salvar a própria vidadeixando o resto para trás. Foramdois anos, dois meses e doze diasde sofrimento para milhares depessoas que perderam tudo menosa fé. Agora, todos só pensam emvoltar. A família Mateh vive numacasa pré-fabricada. Tal como eles,também Raeda seguiu com toda aatenção a reconquista de Qaraqosh.Numa das imagens que viu na“Internet”, Raeda reconheceu a suaigreja, onde ia aos domingos, onderezava as orações que por aqueleslados sempre foram murmuradas aDeus desde o princípio docristianismo. “Olha, a nossa igreja…”Dar graças a DeusRaeda, tal como os Mateh, vivem emErbil, no Curdistão Iraquiano, massonham com o dia em que poderãovoltar para casa, regressar às suascoisas, à vida que levavam. Por ali,por Erbil, naquela cidade provisóriaerguida graças à solidariedadedos benfeitores da Fundação AIS, jáninguém pensa noutra coisa, masninguém esconde também o medo.Diz Raeda: “Se Deus quiser, iremostodos regressar a casa. Jásofremos

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o suficiente.” A Planície de Nínive foilibertada, é certo, mas ninguém sesente ainda em segurança. Semninguém para os proteger defuturos ataques, quem arriscaráregressar? Martin era seminaristaquando teve que fugir para Erbil. Hásemanas, foi ordenado sacerdote.Estava em Bagdade quando viu naTV a notícia, tão ansiada, dalibertação de Qaraqosh. “A primeiracoisa que quero fazer é dar graçasa Deus. Estou tão feliz. Sempreacreditei que isto

aconteceria um dia... O bem triunfousobre o mal.” Foram dois anos, doismeses e doze dias de sofrimentopara milhares de pessoas queperderam tudo menos a fé, e quehoje, também por causa do quepassaram, a guardam como o seubem mais precioso, como umtesouro inacessível impossível deroubar.

Paulo Aido www.fundacao-ais.pt

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Francisco nos caminhos da Unidade

Tony Neves Espiritano

O Papa visitou a Suécia. E mais: participou nascelebrações solenes dos 500 anos da ReformaProtestante, ligada á figura de Martinho Lutero.Foi um acto de enorme coragem profética, pelosmuros que derrubou e pelas pontes queconstruiu.A unidade dos cristãos é uma vontade de Deus:‘que todos sejam um. Que haja um só rebanho eum só Pastor’. Mas os caminhos são muitos,como a história o prova.O século XX é um século profundamenteecuménico, com passos dados por todas asIgrejas para que houvesse mais encontro, maispartilha, mais caminho feito em comum. OConcilio Vaticano II já propôs uma Igreja emsaída, em diálogo. J. Paulo II e Bento XVI derampassos de gigante nesta estrada que há-de umdia levar á comunhão perfeita.A ida do Papa Francisco à Suécia resultou nanecessidade das Igrejas darem mais um passo eserem gratas a Deus pelos progressosecuménicos realizados ao longo dos últimostempos. Também era urgente que todos, lado alado, pedissem desculpas a Deus e ao mundopelas rupturas acontecidas e pelasconsequências desastrosas para as Igrejas epara o mundo destas divisões entre cristãos.Esta histórica visita e o que lá aconteceu deixammarcas para sempre em todos os cristãos e nosespaços fora das Igrejas.O Papa Francisco repetiu várias vezes aimportância de estar juntos, rezar juntos, praticara caridade juntos, derramar o sangue juntos.Esta tem sido a história dos cristãos nos últimostempos. Aliás,

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em muitos pontos da terra, oscristãos são hoje perseguidos e atémortos pelo simples facto de seremcristãos. A quem persegue e matanão interessa saber se sãocatólicos, protestantes ouortodoxos. Neste martírio ecuménicohá um testemunho enorme deunidade dos cristãos que o PapaFrancisco referiu na Suécia.Tive a oportunidade, juntamentecom a Pastora Eva Michel, decomentar em directo, nos estúdiosda Rádio Renascença, algunsmomentos desta visita. Falamos daimportância desta celebração naSuécia. Partilhamos a alegria de sermais aquilo que nos une que aquiloque nos separa. E falamos doecumenismo que se vive emPortugal, sobretudo entre os maisjovens. Assim, dia 12,em Aveiro,teremos mais uma edição do FórumEcuménico Jovem.Estamos longe do ponto dechegada, mas também nosafastamos já muito

do ponto de partida. A unidade éum projecto que tem de serconstruído com calma, mas comencontro, partilha e fé. Concluímosque a unidade é obra do EspíritoSanto e, por isso, vai acontecerquando e como Ele quiser.Compete-nos a nós ser dóceis ecomprometidos. A unidade doscristãos vai acontecer um dia, masserá a unidade que Deus quer enão a unidade que nós queremos.

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