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Viagem ao mundo do Ensino da Educação Física Relatório de Estágio Profissional Relatório de Estágio Profissional, apresentado com vista à obtenção do 2º Ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário ao abrigo do decreto-lei nº 74/2006 de 24 de março e do decreto-lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro. Orientadora: Professora Doutora Paula Silva Ana Sofia Navio Telinhos Porto, julho de 2017

Viagem ao mundo do Ensino da Educação Física · V Agradecimentos Aos meus pais, por me proporcionarem a oportunidade de frequentar a licenciatura e o mestrado que sempre sonhei

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Viagem ao mundo do Ensino da Educação Física

Relatório de Estágio Profissional

Relatório de Estágio Profissional, apresentado

com vista à obtenção do 2º Ciclo de Estudos

conducente ao grau de Mestre em Ensino de

Educação Física nos Ensinos Básico e

Secundário ao abrigo do decreto-lei nº 74/2006 de

24 de março e do decreto-lei nº 43/2007 de 22 de

fevereiro.

Orientadora: Professora Doutora Paula Silva

Ana Sofia Navio Telinhos

Porto, julho de 2017

II

Ficha de Catalogação

Telinhos, A.S.N. (2017). Viagem ao Mundo do Ensino da Educação Física.

Relatório de Estágio Profissional Porto: A. Telinhos. Relatório de Estágio

Profissionalizante para obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação

Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de

Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA, ESTÁGIO PROFISSIONAL,

ENSINO, EXERCÍCIO FÍSICO, DEPRESSÃO.

III

“Aquele que não tem coragem suficiente para aceitar riscos,

não irá conquistar nada na vida”

Muhammad Ali

IV

V

Agradecimentos

Aos meus pais, por me proporcionarem a oportunidade de frequentar a

licenciatura e o mestrado que sempre sonhei. Obrigada por me apoiarem e me

ouvirem nos momentos mais difíceis. Foi um ano difícil, tive vários momentos

que queria desistir, mas graças a vocês que acreditaram SEMPRE em mim

consegui ultrapassar todos os obstáculos. Espero dar-vos as maiores

felicidades ao longo das vossas vidas.

Ao meu namorado, André Quelhas, pelo apoio e ajuda nos momentos mais

difíceis. Obrigado pelo teu amor.

À Família Quelhas, em especial à Fátima Quelhas, pelo apoio dado ao longo

deste ano.

À Professora Orientadora, Doutora Paula Silva, pelo acompanhamento e

disponibilidade durante o ano de estágio. Obrigada do fundo do coração pois,

apesar do muito trabalho, mostrou-se disponível e ajudou-me SEMPRE na

realização do Relatório de Estágio.

Aos meus colegas de estágio, Marco e Marcelo, pela constante partilha de

saberes.

Ao Professor Cooperante, Luís Moreira, pelas críticas construtivas dadas

desde o início desta viagem.

À Professora Aurora Baptista, pela forma simpática e carinhosa de como me

acolheu.

À comunidade escolar, da Escola Secundária Filipa de Vilhena e ao

Agrupamento de Escolas Pêro Vaz de Caminha por me receberem de braços

abertos.

A todos os meus alunos, por me terem acompanhado nesta viagem.

VI

VII

Índice Geral

Agradecimentos ...........................................................................................................V

Resumo.....................................................................................................................XVIII

Abstract ....................................................................................................................... XX

1. Introdução .............................................................................................................. 1

2. Enquadramento Biográfico ................................................................................ 5

2.1 Autobiografia ........................................................................................................ 7

2.2 Expetativas Iniciais .............................................................................................. 8

3. Enquadramento da Prática Profissional ......................................................... 11

3.1 Escola enquanto instituição ............................................................................. 13

3.2 Escola Secundária Filipa de Vilhena .............................................................. 14

3.3 Caraterização da turma residente................................................................... 15

3.4 Caraterização da turma do 2º Ciclo ................................................................ 16

3.5 Caraterização da turma do 1º Ciclo ................................................................ 17

4. Realização da Prática Profissional ................................................................... 19

4.1 O primeiro ano de lecionação.......................................................................... 21

4.1.1 O Choque com a realidade .................................................................... 22

4.2 Conceção ............................................................................................................ 23

4.3 Planeamento ...................................................................................................... 24

4.3.1 Planeamento anual ..................................................................................... 25

4.3.2 Planeamento das Unidades Didáticas..................................................... 26

4.3.3 Planeamento das aulas ............................................................................. 27

4.4 Controlo e Indisciplina no Ensino Secundário .............................................. 29

4.4.1 Estratégias utilizadas no Ensino Secundário ......................................... 31

4.4.2 Controlo e Indisciplina no 2º Ciclo............................................................ 33

4.5 Papel da Instrução, Demonstração e Feedback Pedagógico .................... 34

VIII

4.6 Modelos de Ensino utilizados .......................................................................... 37

4.6.1 Modelo de Instrução Direta ....................................................................... 37

4.6.2 Modelo de Competência dos Jogos de Invasão .................................... 38

4.7 Importância da Observação ............................................................................. 40

4.8 Importância da Reflexão................................................................................... 44

4.9 Avaliação............................................................................................................. 45

4.9.1 Avaliação Diagnóstica ................................................................................ 46

4.9.2 Avaliação Formativa ................................................................................... 47

4.9.3 Avaliação Sumativa .................................................................................... 48

5. Participação na Escola e Relação com a Comunidade............................... 51

5.1 Corta Mato Escolar............................................................................................ 53

5.2 Torneio voleibol 4x4 .......................................................................................... 54

5.3 Torneio de Basquetebol 3x3 ............................................................................ 55

5.4 Visita de Estudo a Ponte de Lima ................................................................... 56

5.5 Sarau Filipa Mov’ Art ......................................................................................... 56

5.5.1 O Planeamento do Sarau .......................................................................... 57

5.5.2 Organização do Sarau ............................................................................... 57

5.5.3 Realização - O grande dia do evento ...................................................... 58

5.6 Desporto Escolar ............................................................................................... 59

5.7 O Papel do Diretor de Turma........................................................................... 59

5.8 Conselhos de Turma ......................................................................................... 61

5.9 Outras Experiências .......................................................................................... 61

5.9.1 Experiência de lecionar ao 1º Ciclo ......................................................... 62

5.9.2 Experiência de lecionar ao 2º Ciclo ......................................................... 64

6. Desenvolvimento Profissional ........................................................................... 67

Resumo...................................................................................................................... 69

6.1 Introdução ........................................................................................................... 70

IX

6.2 Objetivos de estudo........................................................................................... 72

6.3 Metodologia ........................................................................................................ 73

6.3.1 Amostra ....................................................................................................... 73

6.3.2 Procedimento de Recolha de Dados ...................................................... 73

6.3.3 Programa de Treino do Projeto de Intervenção.................................... 74

6.4 Apresentação dos Resultados......................................................................... 76

6.5 Conclusão ........................................................................................................... 79

6.6 Referências Bibliográficas................................................................................ 81

7. Considerações Finais e Perspetivas para o Futuro ..................................... 84

8. Referências Bibliográficas.................................................................................. 88

Anexos ......................................................................................................................XXIII

X

XI

Índice de Figuras

Figura 1 – Entrada Exterior ................................................................................... 14

Figura 2 – Biblioteca .............................................................................................. 14

Figura 3 – Cantina .................................................................................................. 14

Figura 4 – Espaço do Ginásio Grande (G1) ...................................................... 15

Figura 5 – Espaço do Ginásio Pequeno (G2) .................................................... 15

Figura 6 – Espaço Exterior Coberto (G3) ........................................................... 15

XII

XIII

Índice de Tabelas

Tabela 1 – Exercícios do Programa Move To Stop Depression ..................... 75

Tabela 2 – Respostas ao Questionário Self-Esteem Scale ............................. 76

Tabela 3 – Respostas ao Questionário Avaliação do Programa .................... 77

XIV

XV

Índice de Anexos

Anexo 1 – Ficha de Caraterização Individual ................................................ XXV

Anexo 2 – Planeamento Anual ....................................................................... XXVII

Anexo 3 – Exemplo de um Plano de Aula ................................................... XXVIII

Anexo 4 – Ficha de registo de Observação nº 1........................................... XXIX

Anexo 5 – Ficha de registo de Observação nº2 ............................................. XXX

Anexo 6 – Ficha de registo de Observação nº3 ............................................ XXXI

Anexo 7 – Documento de Autorização .......................................................... XXXII

Anexo 8 – Documento de Consentimento.................................................... XXXIII

Anexo 9 – Questionário Self-Esteem Scale .................................................XXXIV

Anexo 10 – Questionário de Avaliação do Programa .................................XXXV

Anexo 11 – Apresentação Power Point – Alimentação Saudável............XXXVI

XVI

XVII

XVIII

Resumo

O presente relatório foi realizado no âmbito do Estágio Profissional, unidade

curricular do 2º ano de Mestrado em Ensino da Educação Física nos Ensinos

Básico e Secundário, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

Este documento tem como objetivo relatar a minha viagem, de forma reflexiva,

enquanto professora estagiária, ao mundo do ensino da Educação Física nas

seguintes escolas: Secundária Filipa de Vilhena e Agrupamento de Escolas

Pêro Vaz de Caminha. O relatório encontra-se dividido em sete capítulos: (1)

Introdução (contextualização do relatório); (2) Enquadramento Biográfico

(autobiografia da professora estagiária e expetativas iniciais); (3)

Enquadramento da Prática Profissional (caracterização do contexto da

realização do estágio profissional); (4) Realização da Prática Profissional

(tendo por base as áreas de desempenho é elaborada uma reflexão dando

conta das dificuldades sentidas, problemas, e estratégias de intervenção); (5)

Participação na Escola e Relação com a Comunidade (apresentação e

reflexão sobre as atividades desenvolvidas enquanto professora estagiária); (6)

Desenvolvimento Profissional (destaque ao programa de exercício físico

Move to Stop Depression, desenvolvido no 2º período na Escola Secundária

Filipa de Vilhena, no qual o exercício físico promove o bem-estar de uma

adolescente com depressão; (7) Considerações Finais e Perspetivas para o

Futuro (balanço final da viagem ao mundo do ensino da Educação Física e

perspetivas profissionais para o futuro).

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA, ESTÁGIO PROFISSIONAL,

ENSINO, EXERCÍCIO FÍSICO, DEPRESSÃO.

XIX

XX

Abstract

This report was done as part of the Professional Internship within the second

year of the Master’s course in Physical Education Teaching in Elementary and

Secondary Schools of Sports Faculty of University of Porto. This document’s

purpose is to describe and analyse my path journey as an intern teacher in

Physical Education in the following schools Filipa de Vilhena Secondary School,

Pêro Vaz de Caminha Elementary School, and São Tome Elementary School.

This report is divided in seven chapters: (1) Introduction (report

contextualization); (2) Biographical Framework (intern student’s

autobiography and initial expectations); (3) Professional Practise Framing

(description of context of the Professional Internship); (4) Professional

Practice (based on performance in which a reflexion is made regarding

difficulties felt, problems experienced and intervention strategies implemented);

(5) Participation at School and Relationship with the Community

(presentation and reflection regarding the developed activities while intern

teacher); (6) Professional Development, in this chapter there is also particular

attention given to the Move to Stop Depression physical exercise programme

developed during the second term at Filipa Vilhena Secondary School that

allowed to concluded that the physical exercise promotes to the well being of a

depressed teenage girl; (7) Final Considerations and Future Perspectives,

the chapter begins with a final overviews of the journey within the Physical

Education teaching ends up with the presentation of the professional

perspectives for the future.

KEY-WORDS: PHYSICAL EDUCATION, PROFESSIONAL INTERNSHIP

TEACHING, PHYSICAL EXERCISE, DEPRESSION.

XXI

XXII

Abreviaturas

AD Avaliação Diagnóstica

AF Avaliação Formativa

AS Avaliação Sumativa

EF Educação Física

EP Estágio Profissional

ESFV Escola Secundária Filipa de Vilhena

E1 Ginásio Grande

E2 Ginásio Pequeno

E3 Espaço Exterior Coberto

FBJ Formas Básicas de Jogo

FB Feedback Pedagógico

MCJI Modelo de Competência Jogos de Invasão

MEC Modelo de Estrutura do Conhecimento

MID Modelo de Instrução Direta

NE Núcleo de Estágio

PC Professor Cooperante

PCEF Projeto Curricular de Educação Física

PNEF Programa Nacional de Educação Física

PEE Projeto Educativo de Escola

PO Professora Orientadora

RI Regulamento Interno

TEIP Território Educativo de Intervenção Prioritária

XXIII

1

1. Introdução

2

3

1. Introdução

Através do Estágio Profissional (EP), no dia 1 de setembro de 2016, dei

início à minha viagem ao mundo do ensino da Educação Física (EF).

Durante o EP, pude colocar em prática os conhecimentos aprendidos ao

longo da minha formação e obter novas aprendizagens que só no contexto real

de ensino é possível adquirir.

O presente relatório, intitulado “Viagem ao Mundo do Ensino da

Educação Física” foi elaborado com a orientação da Professora Orientadora

(PO) e tem como objetivo expor e refletir as experiências vivenciadas enquanto

professora estagiária, na Escola Secundária Filipa de Vilhena (ESFV) e no

Agrupamento de Escolas Pêro Vaz de Caminha.

Assim, este documento, está dividido em sete capítulos: “Introdução”

tem como objetivo contextualizar o relatório de estágio, “Enquadramento

Biográfico” tem como propósito apresentar-me e mencionar/refletir sobre as

expetativas iniciais desta viagem; “Enquadramento da Prática Profissional” tem

como finalidade caraterizar o contexto da realização do EP, “Realização da

Prática Profissional” tem como fim retratar e refletir temas relacionados com a

minha experiência nas áreas de organização e gestão do processo de ensino e

aprendizagem nomeadamente a conceção, o planeamento, a indisciplina, o

papel da instrução, da demonstração e do feedback pedagógico, os modelos

de ensino utilizados, a importância da observação, reflexão e da avaliação;

“Participação na Escola e Relação com a Comunidade” tem como finalidade

apresentar e refletir sobre as atividades que participei enquanto professora

estagiária e membro da escola; “Desenvolvimento Profissional” neste capítulo é

atribuído particular destaque ao projeto, Move to Stop Depression, que utiliza o

exercício físico como terapêutica não medicamentosa de uma adolescente com

depressão; por fim o capítulo “Considerações Finais e Perspetivas para o

Futuro” onde é feito um balanço final da viagem ao mundo do ensino e a

apresentação das perspetivas profissionais para o futuro.

4

5

2. Enquadramento Biográfico

6

7

2.Enquadramento Biográfico

2.1 Autobiografia

“Determinação, coragem e autoconfiança são fatores

decisivos para o sucesso. Se estamos possuídos

por uma inabalável determinação, conseguiremos

superá-los. Independentemente das circunstâncias,

devemos ser sempre humildes, recatados e

despidos de orgulho.”

(Dalai Lama)

O meu nome é Ana Sofia Navio Telinhos. Nasci no dia 10 de novembro

de 1991, na cidade do Porto onde ainda hoje resido.

O desporto sempre esteve presente na minha vida pois, a minha mãe

praticou vários desportos, desde o ténis ao ballet e o meu pai sempre jogou

futebol. A minha infância foi passada no pátio do meu prédio, onde trocava as

famosas brincadeiras de “meninas” pela bicicleta, a bola de futebol e os patins

que a minha querida avó me deu.

Durante o meu percurso escolar, tive a sorte de ter ótimos professores

de EF que sempre me incentivaram a praticar desporto. Deste modo, aos onze

anos, pratiquei natação no âmbito do Desporto Escolar e aos catorze anos

surgiu o convite para jogar andebol. Porém, aos dezasseis anos, decidi deixar

de jogar andebol e aventurar-me no mundo do bodyboard, mas com um cariz

de lazer.

Desde sempre, fui uma jovem muito ativa, tanto durante o ensino básico

como no ensino secundário pois, com regularidade, participava nas diferentes

atividades desportivas organizadas pela escola nomeadamente corta mato e

torneios.

Foi o prazer/gosto pela prática desportiva que me motivou a seguir a

área de EF. O meu sonho sempre foi frequentar a Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto. Porém, em 2011, ingressei no Instituto Universitário da

Maia, na Licenciatura Educação Física e Desporto. Durante a licenciatura, tive

a oportunidade de desenvolver uma atividade para o lar da Santa Casa de

Misericórdia da Trofa e participar num estudo de avaliação da marcha dos

8

idosos. O desenvolvimento destas atividades fez-me perceber que tenho

imenso prazer e gosto em trabalhar com a população idosa. Após terminar o

curso, comecei a trabalhar como monitora nas férias desportivas da Câmara

Municipal da Maia. Tendo em conta a faixa etária das crianças/jovens foram

planeadas atividades desportivas. Esta experiência despertou em mim o desejo

de ser professora de EF numa escola e, por esse facto, decidi ingressar no

Mestrado em Ensino de Educação Física nos ensinos básico e secundário, na

Faculdade Desporto da Universidade do Porto.

Atualmente, não poderia estar mais contente pois, a partir das

experiências já vivenciadas e das que me foram facultadas pela frequência

deste mestrado, sinto que fiz a escolha certa.

2.2 Expetativas Iniciais

O EP, para além de ser o culminar de quatro anos de estudos intensos e

aprendizagens diversas, foi o ano mais importante para mim pois, foi o primeiro

momento em que coloquei em prática tudo o que aprendi ao longo da minha

formação. Foi com alguma ansiedade que esperei o momento de saber em que

escola iria fazer o EP; se por um lado preferia fazer o EP numa escola

secundária (alunos denotam mais maturidade e mais facilmente percebem o

que lhes é dito e proposto) por outro lado, tinha bastante receio pois, o facto de

ser jovem e estar em início de carreia, poderia levar a que os alunos não me

respeitassem.

Com enorme satisfação e felicidade recebi a notícia que iria lecionar na

ESFV porque, para além de ser a minha primeira opção, sabia que estava bem

entregue pois a escola tem bom ambiente, tanto a nível de alunos como de

professores sendo uma escola de referência na cidade do Porto. Após saber

esta notícia, de dia para dia, fui começando a ficar cada vez mais ansiosa e

preocupada. Todos os dias surgiam na minha mente um leque de pensamentos

e questões relacionadas com o EP em geral mas, particularmente, com a turma

que iria acompanhar.

De um modo geral, imaginava que este seria um ano difícil, com muitas

e diversificadas aprendizagens e com bastante trabalho. No entanto, estava

9

ciente dos meus valores pessoais e, por isso, confiante que iria ultrapassar

todas adversidades.

À semelhança de todos os professores, queria que os meus alunos

fossem principalmente interessados, empenhados, que colaborassem comigo e

que gostassem das aulas de EF.

Em relação ao Professor Cooperante (PC), dele esperava a partilha do

conhecimento e da experiência, o apoio e a disponibilidade para me ouvir e

orientar nos momentos menos bons e ou mais difíceis. Para além de me

mostrar novos métodos e estratégias, desejava que instituísse um clima

afetivo, de modo a tornar esta etapa mais enriquecedora e facilitadora.

Relativamente ao Núcleo de Estágio (NE) tencionava que este fosse um

grupo unido e coeso, onde houvesse partilha de conhecimentos e experiências

de modo desenvolver novas aprendizagens e conquistas.

Quanto à PO, pretendia que estivesse presente e disponível de maneira

a ajudar-me no meu crescimento e desenvolvimento como docente. Para além

disso pretendia que me auxiliasse na execução do relatório de estágio.

Por fim, relativamente ao Grupo de EF da escola e à comunidade

escolar desejava que houvesse um bom relacionamento de modo a facilitar a

minha integração e uma participação ativa nas atividades propostas pelo

núcleo, que permitisse reconhecer o contributo do NE na vida da escola.

Apesar das minhas expetativas serem elevadas, agora que o EP

terminou, posso concluir que quase todas foram ao encontro da realidade

encontrada. Porém, no decorrer deste ano letivo, a minha visão de escola

mudou pois, no início, apesar de estar consciente das dificuldades, antevia que

TODOS os alunos fossem interessados e empenhados na minha disciplina e

isso não aconteceu. Ao longo do EP deparei-me com um grupo de alunos

desinteressados, com comportamentos desajustados a uma “sala de aula” e

com contextos familiares pouco favoráveis. Graças ao trabalho colaborativo no

NE e ao grupo de professores de EF da escola foi possível superar as

adversidades e concluir o EP de uma forma mais eficaz.

10

11

3. Enquadramento da Prática Profissional

12

13

3. Enquadramento da Prática Profissional

3.1 Escola enquanto instituição

A escola enquanto instituição tem um papel preponderante na formação

das crianças e jovens enquanto cidadãos. Para além da transmissão de

conhecimentos, a principal missão da Escola é educar/formar crianças e jovens

dotados de melhores qualidades, conscientes dos seus deveres e direitos, com

espírito crítico, capazes de atuar como agentes de mudança, num ambiente

participativo aberto e integrador.

Para isso é importante que a escola seja reconhecida pelo seu

humanismo, por elevados padrões de exigência que proporcionem

experiências adaptadas a cada aluno, que apelem à autonomia e à

responsabilidade.

Dada a complexidade da sociedade atual, bem como a sua rápida e

constante evolução, não é possível formarmos convenientemente os jovens

para os desafios deste século com abordagens dos séculos anteriores.

De acordo com Perez (1998), na escola há um cruzamento de culturas,

portanto face à heterogeneidade e multiculturalidade dos alunos, não faz

sentido que as escolas continuem a aplicar um currículo monocultural, em que

os alunos são encarados com as mesmas dificuldades e com os mesmos

ritmos de aprendizagem.

Segundo Moreira e Candau (2003, p. 161) “a escola tem de saber lidar

com a pluralidade de culturas, reconhecer os diferentes sujeitos socioculturais

presentes em seu contexto, abrir espaços para a manifestação e valorização

das diferenças”. Desta forma, a escola atual deve preocupar-se com a

integração das diferentes culturas, pois ao conferirem heterogeneidade,

potenciam contextos, dinâmicas e sucessos diferenciados.

Visto que a escola é uma instituição responsável pela formação holística

e integral dos alunos é fundamental que interprete e adapte as indicações

dadas pela administração pública da educação para que, desta forma, consiga

atuar em função da heterogeneidade e multiculturalidade dos alunos.

14

3.2 Escola Secundária Filipa de Vilhena

O meu EP foi realizado na ESFV. Esta escola, inaugurada em 1898, está

situada na freguesia de Paranhos, distrito do Porto, numa zona residencial que

integra diferentes contextos sociais.

A ESFV abrange turmas do 7º ao 12º ano e tem como missão “preparar

cidadãos dotados de valores estruturantes da sociedade e das necessárias

competências para um bom desempenho profissional e/ou uma correta opção

em termos de formação superior. (..) a escola procura desenvolver valores da

democracia e do humanismo, como a solidariedade e a tolerância, a

responsabilidade e o rigor (Projeto Educativo, 2014).

No que diz respeito à comunidade escolar, a escola é constituída por

1100 alunos, maioritariamente portugueses, distribuídos por 45 turmas (15 do

ensino básico e 30 de ensino secundário), 96 professores (com 7 professores

de Educação Física) e 33 auxiliares de ação educativa.

Em 2010, no âmbito do projeto de intervenção da empresa Parque

Escolar, a escola sofreu requalificação o que proporcionou melhorias

significativas dos espaços escolares (Figura 1, Figura 2 e Figura 3).

Ao nível da disciplina de EF, considero que a disciplina não beneficiou

com a requalificação. Se antigamente a escola tinha um pavilhão, um ginásio e

um campo exterior com pista de atletismo e caixa de areia atualmente possui:

um Ginásio Grande (E1) destinado à modalidade de ginástica, voleibol e

badminton; um Ginásio Pequeno (E2) destinado unicamente às modalidades

de ginástica de solo e dança e ainda um Espaço Exterior Coberto (E3) sem

pista de atletismo e sem caixa de areia. A requalificação não considerou o

Figura 1- Entrada Exterior Figura 2- Biblioteca Figura 3- Cantina

15

clima da região pois, em dias de chuva e vento, o piso fica escorregadio não

permitindo a realização da aula em condições de segurança.

A inexistência da pista de atletismo e caixa de areia dificulta a

lecionação das modalidades de atletismo. Por outro lado, o facto de o ginásio

pequeno possuir um pé direito baixo impossibilita que seja lecionada a

modalidade de ginástica artística, mais concretamente ginástica de aparelhos.

Por fim, em relação ao material desportivo a escola encontra-se bem

equipada, pois tem os materiais necessários para lecionar as modalidades

desportivas adotadas.

3.3 Caraterização da turma residente

Após uma seleção completamente aleatória, fiquei encarregue de

lecionar a uma turma do 11º ano. Esta era constituída por vinte e dois alunos

sendo catorze do sexo masculino e oito do sexo feminino e com idades

compreendidas entre os dezasseis e os dezassete anos.

De modo a conhecer os alunos, tanto a nível desportivo como pessoal, o

NE elaborou um inquérito (anexo 1), que foi entregue aos alunos, no primeiro

dia de aulas de EF. Da análise dos inquéritos, destaco que catorze alunos

praticavam desporto, dos quais doze eram federados e dois praticavam em

contexto de recreação. Os restantes não praticavam qualquer modalidade.

Relativamente ao gosto pelas modalidades, a serem lecionadas ao longo

do ano letivo, a preferência recaiu sobre o andebol e voleibol. Basquetebol e

dança foram as modalidades menos apreciadas pelos discentes.

No que se refere a problemas de saúde onze alunos tinham problemas

de alergia e dois alunos tinham asma.

Figura 4- Ginásio Grande (E1) Figura 5- Ginásio Pequeno (E2) Figura 6- Espaço Exterior

Coberto (E3)

16

Em relação ao comportamento a turma era bastante irregular, uma vez

que os alunos não interiorizaram o significado de saber estar numa aula,

evidenciando grande agitação, conversas paralelas e uma irrequietude quase

em permanência que obrigaram, com frequência, a sucessivas chamadas de

atenção e interrupções das tarefas de aprendizagem.

Estes comportamentos levaram, por diversas vezes, à intervenção da

Diretora da escola na aula de modo a alertar os alunos para a necessidade de

alteração da postura na disciplina e na escola. Apesar de ser uma missão

difícil, muitas vezes a turma mostrou-se empenhada e participativa nas tarefas

que foram propostas.

3.4 Caraterização da turma do 2º Ciclo

Tendo em conta que a ESFV não tem 2º ciclo pois é uma escola não

agrupada, no 2º período, tive a oportunidade de lecionar a uma turma do 5º ano

na EB 2/3 Pêro Vaz de Caminha.

A EB 2/3 Pêro Vaz de Caminha é uma escola TEIP (território educativo

de intervenção prioritária) sendo constituída, maioritariamente, por alunos

socialmente desfavorecidos. Confesso que quando soube que esta era uma

escola TEIP fiquei bastante motivada, pois iria ter a oportunidade de lecionar

num ambiente completamente diferente da escola ESFV.

Relativamente ao procedimento de seleção das turmas para lecionação,

este foi realizado de forma aleatória e com base na disponibilidade dos

professores estagiários.

Assim, no dia quinze de dezembro, tive a possibilidade de conhecer “a

minha nova turma”. Era constituída por vinte e sete discentes (catorze do sexo

masculino e treze do sexo feminino), com idades compreendidas entre os dez e

os treze anos. Foram realizadas questões orais de modo a conhecer melhor os

alunos. Assim, só sete alunos praticavam uma modalidade desportiva fora do

contexto escolar, recaindo as preferências em futebol e ginástica.

Em relação ao comportamento, os discentes eram educados, motivados,

empenhados e cumpridores. Apesar de ser uma turma heterogénea em relação

ao desempenho motor, o facto de terem um comportamento exemplar e

17

estarem disponíveis para aprender proporcionou que todos evoluíssem e

ultrapassem as dificuldades.

3.5 Caraterização da turma do 1º Ciclo

Tal como na distribuição das turmas residentes, os professores

estagiários tiveram a oportunidade de escolher a turma do 2º ano que queriam

lecionar. Apesar de apresentarem o mesmo horário, as escolas eram

diferentes. Desta forma, tive a oportunidade de lecionar a turma do 2º ano do

Agrupamento de Escolas Pêro Vaz De Caminha durante o 1º e 2º períodos. A

turma, inicialmente, era constituída por vinte e oito crianças. Porém, no 2º

período, o número aumentou para trinta, quinze meninas e quinze meninos.

Tinham idades compreendidas entre os sete e os oito anos e um gosto enorme

em participar nas aulas de Expressões Físico Motoras. Grande parte dos

elementos da turma morava no bairro social próximo da escola.

Tendo em conta a faixa etária, os discentes eram irrequietos e

empenhados, mas por vezes, apresentavam comportamentos disruptivos e

vocabulário inadequado à idade. Desde início tive de encontrar estratégias para

que tivessem um comportamento mais adequado. No entanto, por vezes,

também eram muito carinhosos.

Em relação aos conteúdos e às situações de aprendizagem, apesar de

ser uma turma heterogénea em termos de desempenho motor, de um modo

geral, não apresentaram dificuldades em concretizar as tarefas propostas. A

turma revelou mais motivação nas situações de aprendizagem com cariz

competitivo, mas foi necessário, nas tarefas que implicava competição,

redobrar a atenção porque todos queriam ganhar, gerando assim algumas

discussões.

18

19

4. Realização da Prática Profissional

20

21

4. Realização da Prática Profissional

4.1 O primeiro ano de lecionação

"O choque surge quando o professor principiante

deixa de ser a audiência e passa a ser o actor.

O papel que vira ser interpretado vezes sem

conta é agora seu. A cena familiar da sala de

aula é invertida e encontra-se numa situação

nova surpreendente."

(Arends, 1995, p. 486)

Inicialmente, o futuro professor sente-se capaz e confiante em começar

a lecionar (Ryan, 1986). Porém, o facto de possuir formação não é suficiente

para ter êxito no primeiro ano de trabalho (Perrrenoud, 1993). “Ao contrário do

que vulgarmente se pensa, que ser professor é fácil e qualquer um o pode

fazer, nós sustentámos que esta profissão é altamente complexa e

especializada, não só quanto ao seu saber profissional específico e à forma

como é avaliada a sua legitimação como quanto ao seu processo de

formação/socialização inicial” (Carrolo, 1997, p. 30).

São as experiências que ajudam o professor a evoluir e a assimilar os

saberes. Desta forma, o EP apresenta grande importância no desenvolvimento

do futuro professor, pois é a primeira vez que é confrontado com a realidade do

ensino na escola.

22

4.1.1 O Choque com a realidade

“A entrada na carreira no primeiro ano é um

momento em que o professor é literalmente

metralhado com problemas, dificuldades

e frustrações.”

(Alves, 2001, p. 28)

De um modo geral, todos os profissionais em início de carreira sentem,

por um lado, uma enorme vontade de mudar a escola e o ensino mas, por outro

lado, um enorme receio de falhar e de não estar à altura de resolver os

problemas colocados pelos alunos. Para além de sentirem as dificuldades

inerentes a quem está a iniciar uma carreira sentem, também, uma enorme

ansiedade motivada por exemplo pelas situações novas com que, diariamente,

se vão confrontar. Os três primeiros anos de lecionação são como o “período

de sobrevivência e descoberta” (Arends, 1995). Neste período, o professor é

confrontado com uma misturas de sentimentos como o entusiasmo, por ter a

sua própria turma para lecionar, como também sentimentos de desilusão e

confusão, porque o que o docente idealizou não vai ao encontro da realidade

encontrada, havendo assim um choque com a realidade (Oppenheimer & Dvir,

2014).

O choque com a realidade deve-se à falta de preparação para as muitas

exigências e problemas que encontram no mundo do ensino. Mas também é

neste período que o futuro professor toma consciência que, afinal, não sabe

tudo. Por vezes, na faculdade, o ensino de algumas matérias não é feito de

acordo com as realidades encontradas nas escolas o que pode originar uma

má preparação e aumentar os níveis de insegurança e ansiedade.

No meu caso, comecei a colocar em causa a minha atuação e o meu

desejo de ser professora quando começaram a surgir problemas de falta de

empenho e indisciplina nas aulas por parte dos alunos. Este Foi um período

bastante difícil, vivendo momentos de muita angústia e inquietação que me

levaram a questionar se deveria continuar a realizar o EP e se era isto que

pretendia para o meu futuro. Hoje, tenho consciência que as experiências

vivenciadas, apesar de dolorosas, ajudaram-me a evoluir enquanto pessoa e

23

docente, pois, cresci e consegui aprender como deveria agir e de ser, sentindo-

me, neste momento, mais segura e confiante.

Segundo Arends (1995, p. 483) “à medida que os principiantes vão

abandonando o estatuto de inexperientes e adquirindo o de membro

plenamente socializado de uma profissão, estas ansiedades e dificuldades

acabam por desaparecer” e, de facto, foi o que me aconteceu.

4.2 Conceção

Para Bento (2003, p. 7) “todo o projeto de planeamento deve encontrar o

seu ponto de partida na conceção de conteúdos dos programas e normas

programáticas de ensino”.

Antes de se iniciar o processo educativo é necessária uma preparação

prévia. Assim, é fundamental que o professor faça uma análise cuidada dos

documentos orientadores da escola: Projeto Educativo de Escola (PEE) e

Regulamento Interno (RI). No que concerne à disciplina de EF é fundamental

que analise o Programa Nacional de Educação Física (PNEF) e o Projeto

Curricular de Educação Física (PCEF), pois só desta forma é que se consegue

atingir eficácia pedagógica no processo de educação e formação do aluno, na

aula de EF.

Neste sentido na primeira reunião com o NE, o PC propôs a leitura e

análise do PEE, RI, PNEF e do PCEF.

Relativamente ao PEE, “este funciona como ordenador de toda a vida

escolar, dotando-a de coerência e de uma intencionalidade clara” (Carvalho,

1994 p. 52). O PEE é “o documento que consagra a orientação educativa do

agrupamento de escolas ou da escola não agrupada, elaborado e aprovado

pelos seus órgãos de administração e gestão para um horizonte de três anos,

no qual se explicitam os princípios, os valores, as metas e as estratégias

segundo os quais o agrupamento de escolas ou escola não agrupada se

propõe a cumprir a sua função educativa” (Decreto-Lei 137/2012 de 2 julho do

Ministério de Educação e Ciência, 2012).

Em relação ao RI, este é um instrumento normativo de autonomia e

foca-se nas regras de convivência, na harmonia das relações interpessoais

proporcionando assim o desenvolvimento pleno e global do aluno.

24

A leitura destes documentos foi fundamental porque, para além de ter

ficado a conhecer a missão e os princípios orientadoras da ESFV, permitiu

conhecer mais pormenorizadamente a caracterização da escola e o seu

contexto.

Os documentos orientadores da disciplina de EF foram o PNEF e

PCEF. Estes são documentos orientadores da prática pedagógica que

necessitam de ser adaptados à realidade de cada escola (Jacinto et al., 2001).

O PCEF, elaborado pelo grupo de EF, está adaptado ao contexto da

ESFV, pois tem em conta os seus recursos materiais. Após a análise deste

documento, percebi que cada espaço está reservado a determinadas

modalidades. Por exemplo, o E1, espaço mais amplo para o ensino da EF, está

destinado à lecionação de Voleibol, Badminton e Ginástica de Aparelhos

condicionando a atuação do professor. No entanto, constatei que os espaços

não são partilhados, ou seja, cada professor tem o seu espaço para lecionar as

suas aulas.

Um outro documento que mereceu a minha atenção foi o RI, em

especial, a parte que se refere ao funcionamento das aulas de EF. Aqui

constam os direitos e deveres dos alunos e as regras de funcionamento da

disciplina estando a minha atuação de acordo com as normas estabelecidas

pelo grupo de EF. Este documento foi analisado, antes do início do ano letivo,

para que no primeiro dia de aulas de EF soubesse, com clareza e confiança,

transmitir as regras de funcionamento tanto a nível do balneário como nas

aulas de EF.

O conhecimento e análise pormenorizada dos documentos,

anteriormente referidos, foram preponderantes no planeamento das aulas e

atividades a desenvolver na disciplina gerando, desta forma, segurança no

momento do ensino.

4.3 Planeamento

Para Bento (2003, p. 8), o planeamento significa “uma reflexão

pormenorizada acerca da direção e do controlo do processo de ensino numa

determinada disciplina”. Para que o processo de ensino e aprendizagem se

desenvolva o professor deve planear as suas aulas de acordo com as

25

indicações gerais e centrais do processo educativo, devendo estas indicações

ser adaptadas à realidade de cada contexto escolar. Visto que o processo de

ensino tem momentos e situações inesperadas é fundamental que o professor

esteja ciente que o planeamento é apenas um instrumento de preparação do

ensino e que, face a situações imprevistas, o professor tem de ter capacidade

de reagir e adaptar-se às novas situações.

No EP, o planeamento foi uma das tarefas mais importantes permitindo

organizar e orientar todo o processo de ensino. De acordo com (Bento, 2003)

existem diferentes níveis de planeamento: planeamento anual, planeamento

das unidades didáticas e planeamento de aula.

4.3.1 Planeamento anual

Segundo Bento (2003), na elaboração do planeamento anual é

necessário ter em conta as decisões do grupo de EF. Assim, no início do ano

letivo, foi realizado uma reunião com o grupo de EF, onde ficou estabelecido os

conteúdos a lecionar nos diferentes anos bem como a rotação dos espaços

para a sua lecionação.

Foram lecionadas as seguintes modalidades: no 1º período ginástica

acrobática e andebol; no 2º período voleibol e dança; e no 3º período

basquetebol e ginástica. Os desportos coletivos, exceto o voleibol, foram

lecionados no E3, a dança e a ginástica acrobática no E2 e o voleibol e

ginástica de aparelhos no E1. Ao longo do ano letivo, a aptidão física também

esteve presente e foi alvo de avaliação/monitorização em cada um dos

períodos. Desta forma, foi necessário dedicar a parte inicial das aulas de cem

minutos ao desenvolvimento da força, através de um circuito de treino funcional

e ao desenvolvimento da capacidade aeróbia, através do Teste de Cooper.

Na reunião de grupo de EF, ficou também definido que as dez primeiras

aulas do 1º período fossem dedicadas às Avaliações Diagnósticas (AD) de

algumas modalidades. Esta avaliação revelou-se importante pois permitiu

conhecer o nível de desempenho dos alunos, constituindo um fator vantajoso

para elaboração do Modelos de Estrutura do Conhecimento (MEC) e para a

elaboração dos planos de aula.

26

Como afirma Quina (2009) o planeamento anual deve ser modificado

sempre que se revelar necessário. De facto, o planeamento anual (anexo 2)

apesar de ser um instrumento bastante útil na organização e na preparação

das aulas, sofreu, ao longo do ano letivo, alguns reajustes em resultado de

imprevistos, nomeadamente alterações das condições climatéricas.

4.3.2 Planeamento das Unidades Didáticas

Para Bento (2003, p. 60) “o planeamento a este nível procura garantir,

sobretudo, a sequência lógica-específica e metodológica da matéria e

organizar as atividades do professor e dos alunos por meio da regulação e da

orientação da ação pedagógica, endereçando às diferentes aulas um contributo

visível e sensível para o desenvolvimento dos alunos”.

Foi a partir do MEC, criado por Vickers, que foi elaborado todo o

planeamento das unidades didáticas. Este modelo permite ligar o

conhecimento de uma matéria, de forma estruturada, a metodologias e

estratégias de forma a obter um bom ensino (Vickers, 1990).

O MEC é constituído por três fases: a de análise (módulos 1, 2 e 3), a

das decisões (módulos 4,5,6 e 7) e a de aplicação (módulo 8).

Módulo 1 – Análise da modalidade desportiva é realizado uma análise da

modalidade com base nas quatro categorias transdisciplinares (cultura

desportiva, habilidades motoras, conceitos psicossociais e fisiologia).

Módulo 2 – Análise das condições de aprendizagem/envolvimento tem

como objetivo principal dar a conhecer o ambiente em que o professor está

inserido. Este Permite conhecer os recursos espaciais, temporais e

materiais que o professor tem para lecionar a modalidade

Módulo 3 – Análise dos alunos tem como objetivo caraterizar os alunos em

função do desempenho que estes tiveram na AD, sendo fundamental para

avaliar o nível da turma (intermédio, elementar ou avançado) e assim

estruturar as aulas de acordo com o nível.

Módulo 4 – Extensão e sequência dos conteúdos tem como objetivo

determinar quais os conteúdos a lecionar e qual a sua extensão e

sequência.

27

Módulo 5 – Definição dos objetivos cada um dos domínios (motor, cognitivo

e socio afetivo)

Módulo 6 – Configuração da avaliação tem como objetivo definir a avaliação

dos alunos, com base nas habilidades motoras lecionadas e os critérios de

avaliação uti lizados.

Módulo 7 – Desenho das atividades de aprendizagem/progressões é

constituído por situações de aprendizagem que visam desenvolver a

capacidade de aprendizagem dos alunos.

Módulo 8 – Aplicação consiste na utilização dos planeamentos em contexto

de aula.

4.3.3 Planeamento das aulas

No decorrer deste ano letivo, foram lecionadas noventa e seis aulas no

11º ano, trinta e oito aulas no 5º ano e dezanove aulas no 2º ano. Todas estas

aulas exigiram de mim uma preparação prévia de modo atingir os objetivos

pretendidos. Segundo Bento (2003, p. 103) “Antes de entrar na aula o

professor tem já um projeto da forma como ela deve decorrer, uma imagem

estruturada”. Desta forma, o plano de aula (anexo 3) foi a ferramenta que me

ajudou a delinear as aulas. O facto de aulas estarem planeadas ajudou-me, na

maioria das vezes, a tomar decisões corretas nos momentos de lecionação.

Para elaboração do planeamento das aulas, recorri sempre ao

planeamento anual e à unidade didática O facto de estes estarem bem

elaborados ajudaram-me na tomada de decisão dos conteúdos, estratégias e

objetivos que pretendia atingir em de cada aula. Para além disso, a reflexão da

aula, o diálogo com o PC e com o NE ajudaram-me a melhorar a qualidade do

plano de aula.

Relativamente à estruturação dos planos de aulas, ficou decidido pelo

NE que seguiriam a ideia de Bento (2003, p. 152) “(…) como qualquer outra

sessão de ensino racionalmente organizada, estrutura-se normalmente em três

partes: parte preparatória, parte principal e parte final”. Durante o EP, utilizava

a parte inicial da aula para os alunos desenvolverem e melhorarem a sua

aptidão física, uma vez que esta era alvo de avaliação, ou então recorria a

exercícios com transfer para os conteúdos que iriam ser lecionados na parte

28

fundamental da aula. A parte principal/fundamental focava-se na exercitação

dos conteúdos previstos para a aula. E, por fim, a parte final era aproveitada

para refletir sobre a aula e o modo como esta decorreu.

Cada plano de aula era composto por um cabeçalho, constituído pelo

número de aula, a data de realização, horário e duração da aula. Deste

documento faziam parte um conjunto de informações, dispostas em quatro

colunas: duração da situação de aprendizagem; objetivos comportamentais

(comportamento que o aluno deve ter durante a situação de aprendizagem);

situação de aprendizagem/organização didático-metodológica (descrição da

tarefa) e componentes críticas (comportamento na ação técnica/tática que o

professor deseja que o aluno faça).

A realização dos planos de aula foi uma tarefa difícil e morosa pois, o

facto de ter uma turma que nem sempre apresentava o comportamento

desejável, exigia que eu pensasse, pormenorizadamente, em todas as partes

da aula. Atendendo a que a turma era, maioritariamente, constituída por

rapazes, sentia que estes ficavam mais empenhados e motivados em situações

de aprendizagem com vertente competitiva e desta forma, a escolha dos

exercícios também constituiu uma barreira a superar.

“Relativamente ao final da parte fundamental este decorreu de uma forma positiva pois

foi destinado ao jogo 3x3 e como já estava à espera os alunos participam empenhados

e motivados. “

(Reflexão da aula nº 74 e 75, dia 30/03/17, turma 11º ano)

Segundo Bento (2003, p. 16) “no processo real de ensino existe o

inesperado, sendo, frequentemente necessário uma rápida reação”. Desde

início do EP, encarei os planos de aula como um documento orientador da aula

e não como um documento estanque/ rígido havendo, muitas vezes, a

necessidade de o reformular e adaptar aos imprevistos, entretanto surgidos do

decorrer da prática.

“Também não estava programado que no fim da parte fundamental houvesse condição

física, mas como os alunos já estavam a ter alguns comportamentos de desvio, decidi

acabar com os jogos de voleibol e iniciar exercícios de condição física.”

(Reflexão da aula nº10 e 11, dia 6/10/16, turma do 11º ano)

29

“Relativamente aos exercícios, o terceiro exercício teve de ser alterado porque não

estava a resultar, assim sendo, decidi fazer jogo adaptado para que os alunos

percebessem a essência do andebol.”

(Reflexão da aula nº 27 e 28, dia 17/11/16, turma do 11º ano)

“Relativamente à parte inicial da aula, esta não seguiu o planeamento porque o

espaço de aula era pequeno para realizar o circuito funcional.”

(Reflexão da aula nº 53 e 54, dia 9/02/17, turma do 11º ano)

Em suma, à semelhança do planeamento anual e do MEC o plano de

aula é uma ferramenta muito importante no processo de ensino e

aprendizagem. Ambos os documentos são flexíveis e são construídos em

função do PNEF, mas também em função das caraterísticas e necessidades

dos discentes que constituem a turma.

4.4 Controlo e Indisciplina no Ensino Secundário

Antes de iniciar o EP, nunca pensei que fosse ter problemas de

indisciplina. Esta conceção resultava de gostar da disciplina mas, também de,

no meu tempo de estudante, a disciplina de EF ser a preferida dos alunos.

Logo na primeira aula verifiquei que, mais de metade dos alunos da turma,

elegeram outras disciplinas do currículo como preferidas e desde aí, percebi

que as minhas crenças e expetativas poderiam não corresponder à realidade.

Atualmente, a indisciplina é um dos principais problemas nas escolas e

uma das principais causas de frustração e de stress dos professores (Curwin &

Mendler, 1984), podendo até mesmo levar ao abandono da profissão (Fenwick,

1998).

Vários autores definem indisciplina como “a manifestação de atos/

condutas, por parte dos alunos, que têm subjacentes atitudes que não são

legitimadas pelo professor no contexto regulador da sua prática pedagógica e

consequentemente, perturbam o processo normal de ensino-aprendizagem"

(Silva & Neves, 2004, p. 38). A indisciplina manifesta-se na aula por

comentários inapropriados, falta de interesse em relação aos conteúdos de

aprendizagem, frequentes chamadas de atenção, posturas desadequadas a

uma aula que interrompem o raciocínio, impedem o cumprimento das

30

atividades programadas e colocam em causa a autoridade e o profissionalismo

do professor.

No decorrer do EP fui, na minha turma residente, muitas vezes,

confrontada com este problema. Apesar de os alunos pertencerem a contextos

socioeconómicos favoráveis, existia um grupo de alunos que tentava, com

frequência, destabilizar as aulas. De referir que este era também um problema

vivenciado pelos restantes professores da turma partilhando também a sua

insatisfação perante a postura dos alunos na sala de aula: muito faladores,

irrequietos, brincalhões, pouco empenhados e pouco motivados. Existiram

momentos de bastante preocupação e desânimo pois, o facto de não estar a

conseguir controlar o grupo de alunos, influenciava negativamente o clima da

aula e, consequentemente, a aprendizagem e evolução dos restantes alunos

da turma.

Saí desta aula triste e desiludida comigo própria porque existiram momentos em que

os alunos estavam parados a conversar uns com os outros.”

(Reflexão da aula nº 10 e 11, dia 6/10/2016, turma do 11º ano)

“Os alunos continuam bastante faladores e distraídos, é de referir que o aluno Pedro

Macedo (nome fictício) continuar a não fazer a aula e a perturbar a mesma. O aluno

Luís Manuel (nome fictício) continua a ter uma atitude negativa nas aulas pois para

além de estar constantemente a falar estava a brincar.”

(Reflexão da aula nº 13 e 14, dia 13/10/2016, turma do 11º ano)

“Em relação ao comportamento dos alunos, estes continuam faladores e agitados .”

(Reflexão da aula nº 32, dia 29/11/2016, turma do 11º ano)

“Para finalizar, esta aula não correu bem porque os alunos estavam bastante eufóricos

e divertidos.”

(Reflexão da aula nº 56 e 57, dia 16/02/2017, turma do 11º ano)

31

4.4.1 Estratégias utilizadas no Ensino Secundário

De acordo com Jesus (2003, p. 25) uma das estratégias utilizadas para

combater a indisciplina é a “adoção de uma postura autoritária”. Tendo em

conta que os alunos da turma residente tinham idades compreendidas entre os

dezasseis e os dezoito anos, que a professora que lecionava as aulas era

estagiária, a disciplina de EF não contar para média de acesso ao ensino

superior e ser encarada por muitos alunos como uma disciplina de componente

mais prática e de descompressão conduziu, numa fase inicial, a posturas de

desinteresse e de relaxamento por parte dos alunos. Face a esta situação,

percebi que teria de alterar a estratégia, adotando uma postura menos

permissiva com os alunos que apresentavam comportamentos desadequados.

Para Siedentop (1991) os problemas de indisciplina podem ser

ultrapassados a partir de uma boa gestão e organização da aula. Segundo

O’Sullivan e Dyson (1994) muitos dos problemas de indisciplina que acontecem

durante a lecionação, são resultado de uma má gestão, nomeadamente dos

tempos de duração e de transição das tarefas motoras. De modo a

evitar/reduzir comportamentos disruptivos, as aulas eram previamente

planeadas, os planos de aula compostos por tarefas motoras agradáveis e

dinâmicas, de maneira que não existissem tempos de espera, estando todos os

alunos em tempo de empenhamento motor. O facto de os alunos estarem

envolvidos em tarefas que vão ao encontro das suas preferências, facilita a

aprendizagem e contribui para alunos mais motivados e empenhados.

“Para finalizar, de um modo geral os alunos estão a fazer um bom trabalho, as

coreografias são criativas. No meu ponto de vista o facto estarem a dançar com

músicas que gostam e a trabalharem em grupo aumenta a motivação e a

predisposição para a prática.”

(Reflexão da aula nº 61 e 62, dia 3 /02/2017, turma do 11º ano)

32

Para além das estratégias anteriormente referidas, preocupei-me em

sistematicamente desenvolver habilidades de ensino que permitissem ter um

maior controlo dos comportamentos dos alunos intervindo sempre que

necessário, como por exemplo:

Circular pelo espaço de aula;

Posicionar-me corretamente no espaço de aula de modo a ter todos os

alunos no meu campo de visão prevenindo comportamentos inadequados;

Manter os alunos ocupados, mesmo quando tinha necessidade de estar

com um aluno ou com um pequeno grupo.

De acordo com Sampaio (2001) é fundamental que, no processo de

ensino e aprendizagem, exista uma relação positiva entre aluno e professor

tornando-se necessário o estabelecimento e a existência de comunicação entre

ambos.

Uma das estratégias que fui desenvolvendo desde cedo para combater a

indisciplina foi a utilização do diálogo individual. Assim, para além de tentar

conhecer o aluno e criar empatia, o meu objetivo era levar o aluno a refletir

sobre seu comportamento e as consequências da sua postura a nível individual

e da turma. Esta estratégia surtiu efeito somente com alguns alunos da turma.

“Relativamente à parte inicial, comecei a aula por chamar à atenção do

comportamento de alguns elementos da turma.”

(Aula nº 27 e 28, dia 17/11/2016, turma do 11º ano)

Para finalizar, em relação aos momentos de instrução nas modalidades

coletivas, estes eram dados aos grupos/equipas e não à turma toda. Esta

estratégia evitava que a turma estivesse toda junta impedindo/minimizando

comportamentos fora da tarefa, nomeadamente conversas paralelas.

Ao longo do ano letivo, foram vários os dilemas vividos e desafios

enfrentados. Para vivenciar esta viagem ao mundo do ensino de uma forma

positiva tive de refletir, ao longo de todas as aulas, em estratégias que

evitassem comportamentos de indisciplina. As estratégias que tiveram mais

efeito foram as que estão diretamente ligadas com o planeamento/pensamento

prévio nas aulas, pois como afirma Sampaio (2001) o professor deve antecipar

as situações, através de um conjunto de técnicas pedagógicas que lhe

33

permitam ocupar os alunos, pois tê-los ativos evita que desencadeiem

comportamentos de indisciplina.

4.4.2 Controlo e Indisciplina no 2º Ciclo

Foi somente no 2º período que comecei a lecionar à turma do 5º ano da

Escola Básica Pêro Vaz de Caminha. A experiência com a turma residente foi

importante porque permitiu-me estar mais atenta às questões comportamentais

dos alunos bem como para outros problemas que poderia encontrar no

desenvolvimento das aulas de EF.

Desta forma, e ao contrário da postura que tive com os alunos da turma

residente, optei por adotar, uma postura menos permissiva, estabelecendo e

clarificando as regras e rotinas, logo na primeira aula. O não cumprimento de

alguma regra tinha uma consequência, que normalmente se designa de

punição. Desde sempre fui coerente com as decisões tomadas pois sempre

que alguma regra, previamente estabelecida, fosse desrespeitada o aluno era

punido com a execução de um exercício/tarefa.

Segundo Perron e Downey (1997) os professores que criam regras e

rotinas nas primeiras aulas, no futuro terão poucos problemas a nível

disciplinar. No entanto, é fundamental que estes sejam coerentes e cumpram

sempre com as normas estabelecidas. Assim sendo, na terceira aula, tive de

recorrer a medidas corretivas porque dois alunos não estavam a cumprir com

uma das regras. Contudo, tive o cuidado de explicar a razão de estarem a ser

punidos. De acordo com Siedentop (1991) grande parte dos alunos aprende as

regras da aula através da punição. No entanto, esta estratégia não deve ser

exageradamente utilizada.

Com o intuito de não proporcionar comportamentos inapropriados, as

aulas foram previamente preparadas/planeadas de modo a que todos os

alunos estivessem em atividade motora.

“No que diz respeito à organização da aula optei por criar cinco estações e dividir a

turma em cinco grupos (…) No meu ponto de vista esta opção foi a ideal porque os

alunos que estiveram sempre em movimento durante toda a aula.”

(Reflexão da aula nº 1, dia 3/01/2017, turma do 5º ano)

34

No decorrer das aulas fui percebendo que a turma estava controlada e

não havia problemas de indisciplina, o que originou um ambiente bastante

positivo e propício à aprendizagem.

“De um modo geral a aula correu muito bem, pois saí com sentimento de dever

cumprido, pois nesta avaliação sumativa notei que os alunos evoluíram muito.”

(Reflexão da aula nº 65 e 66, dia 16/03/2017, turma do 5º ano)

4.5 Papel da Instrução, Demonstração e Feedback Pedagógico

No processo de ensino aprendizagem, a instrução revela ter de uma

importância fulcral, porque proporciona a existência de correto desempenho

dos alunos nas tarefas propostas pelo professor (Silverman, 1994).

É através da instrução que o aluno entende o que vai fazer e como vai

fazer. Desta forma, no momento da transmissão da tarefa o professor deve ter

uma comunicação “fluida, enfatizando, pelo bom uso da voz, pela entoação ou

repetição, os aspetos essenciais da sua comunicação, devendo, ainda, dirigir o

seu olhar para vários participantes, garantindo, assim, maiores condições de

atenção e comunicabilidade” (Rosado & Mesquita, 2011, p. 95).

Uma das minhas preocupações iniciais no momento da instrução era

que os alunos estivessem atentos, pois, para Rink (1985), o facto de os alunos

estarem atentos proporciona que estes tenham mais facilidade em entender a

tarefa, mais concretamente, os objetivos e o espaço onde é executado a

situação de aprendizagem. Segundo Rink (1985) uma das estratégias para ter

a atenção dos alunos é a forma clara como o docente transmite a informação.

Confesso que, inicialmente, senti dificuldades em transmitir a informação de

forma clara, atendendo que me encontrava no início do processo de ensino,

estando bastante nervosa, insegura e com receio de cometer algum erro.

Porém, com o decorrer do EP, a comunicação/exposição tornou-se mais clara

e fluída, focando-me apenas nos critérios de êxito das situações de

aprendizagem.

Tendo em conta que os alunos apresentavam alguns comportamentos

disruptivos no momento da instrução, umas das estratégias utilizadas, foi

assegurar o silêncio de todo o grupo e somente depois realizar a transmissão

das instruções. Esta estratégia era aplicada em cada um dos grupos.

35

Outra preocupação era que os discentes ouvissem claramente as

instruções. Assim, tinha em atenção a minha posição garantindo que estes se

encontravam próximos de mim, no meu campo de visão e em condições para

que a mensagem chegasse em perfeitas condições. De modo a perceber se os

alunos estavam a compreender o que estava a ser dito utilizei o

questionamento e, com base na resposta do aluno, percebia se tinha ou não de

repetir ou mesmo clarificar a instrução.

De acordo com Rosado e Mesquita (2011, p. 71) “retemos melhor o que

vemos do que o ouvimos” assim sendo, ao longo do EP procurei acompanhar

os momentos de instrução com a demonstração. A demonstração, é uma das

estratégias que o professor pode utilizar para afirmar a sua competência e

autoridade (Bento, 2003). Tendo em conta este pensamento, tive a

necessidade e a preocupação de treinar previamente as habilidades motoras

de modo constituir um modelo de aprendizagem. No entanto, também é

importante que sejam os alunos a demonstrar, porque permite que o professor

se foque nos aspetos mais importante do exercício (Mesquita & Rosado, 2009).

Desta forma, também utilizei alunos para demonstrarem as situações de

aprendizagem. O facto de os alunos terem preenchido um questionário de

apresentação, permitiu-me saber que alunos poderiam exemplificar. Assim, nas

diferentes modalidades, recorria aos atletas federados para demonstrarem as

habilidades motoras. Por outro lado, também recorri a alguns alunos que

apresentavam comportamentos disruptivos com o objetivo de motivá-los para a

prática dos exercícios e faze-los perceber que possuem capacidades,

contribuindo para a melhoria da sua autoestima.

Antes de iniciar a demonstração tinha atenção à posição em que se

encontravam os alunos, estando estes, normalmente numa posição lateral de

modo a visualizarem adequadamente a situação de aprendizagem.

“(…) relativamente aos passos introduzidos nesta aula, os alunos tiveram

dificuldades. Porém, após demonstrar várias vezes, todos os alunos conseguiram

aprender e executar sem dificuldade. “

(Reflexão da aula nº 56 e 57, dia 16/02/17, turma do 11º ano)

36

Para Mesquita (1997) os feedbacks pedagógicos (FB) promovem um

ensino eficaz. De acordo com Pestana (2006), o FB é a informação utilizada

pelo professor que ajuda o aluno a melhorar o seu desempenho na tarefa.

No meu ponto de vista o FB é uma ferramenta importante que o docente

deve utilizar porque permite orientar o aluno na realização da tarefa através da

correção ou da motivação. Sendo uma ferramenta importante é necessário que

o professor não o encare como um momento único, mas sim pontual. Para

além disso, o docente após emitir o FB inicial deve esperar para observar

novamente a exercitação do aluno e dar outro feedback consoante o seu

desempenho (Rosado & Mesquita, 2009).

Uma das dificuldades sentidas durante o EP está relacionada com o

elevado número de alunos por turma e a sua irrequietude . Esta situação

dificultou um acompanhamento mais individualizado, recaindo a minha opção

por feedbacks coletivos em detrimento dos feedbacks individuais.

Senti dificuldade em iniciar o ciclo de FB na modalidade de basquetebol,

pois esta era uma modalidade que não tinha tanta convivência. Desta forma,

tive necessidade de melhorar os meus conhecimentos sobre a modalidade,

visualizar jogos de basquetebol e trocar informações com o NE. Estas

estratégias não só aumentaram o meu conhecimento em relação à modalidade

como me ajudaram a desenvolver a capacidade de observação, permitindo-me

detetar os erros e as dificuldades que cada um dos alunos ia apresentando.

Ao longo da prática pedagógica procurei não só dar FB corretivos mas

também, FB positivos de modo a aumentar a motivação e o prazer em realizar

a situação de aprendizagem.

Com base na minha experiência, concluo que o FB é uma ferramenta

fundamental no processo de ensino e aprendizagem, permitindo orientar e

melhorar o desempenho dos alunos na realização das tarefas, potenciando

resultados positivos nas aprendizagens.

“(..) decidi por começar a parte fundamental através de uma revisão/exercitação dos

conteúdos anteriormente lecionados. Ao longo da exercitação fui dando feedbacks

sobre a execução das habilidades motoras.”

(Reflexão nº 73 e 74 dia 30/03/17, turma do 11º ano)

37

“(…) relativamente à parte fundamental, para que os alunos percebessem como

montar a figura, eu escolhi determinados elementos da turma para exemplificar, esta

exemplificação foi sempre acompanhada de feedbacks corretivos .”

(Reflexão da aula nº 15, dia 18/10/16, turma do 11º ano)

4.6 Modelos de Ensino utilizados

“A eficácia de ensino deve ser interpretada

através do recurso a modelos de instrução que

forneçam uma estrutura global e coerente

para o ensino e treino do desporto.”

(Mesquita & Graça 2011, p. 39)

Com vista a melhorar o processo de ensino e aprendizagem, ao longo

do EP, procurei aplicar diferentes modelos de ensino. A escolha dos modelos

teve em conta as caraterísticas da turma e o meu conhecimento. Assim sendo,

optei por utilizar o Modelo de Instrução Direta (MID) e Modelo de Competência

dos Jogos de Invasão (MCJI). Porém, também recorri a caraterísticas de outro

modelo pois, ao longo das aulas, procurei criar situações de aprendizagem que

por um lado promovessem a literacia, o empenho e o entusiamo mas,

sobretudo, a inclusão de todos os alunos. As modalidades coletivas tiveram

como presença assídua uma competição formal e, como tal, os alunos não só

aprenderam a jogar como também desempenharam outras funções

nomeadamente, a de capitães e a de árbitros. As caraterísticas anteriormente

referidas estão diretamente ligadas com o Modelo de Educação Desportiva

mas, atendendo ao comportamento da turma, este modelo não foi aplicado na

sua totalidade.

4.6.1 Modelo de Instrução Direta

O MID tem sido o modelo mais adotado por parte dos professores. Neste

modelo, o professor toma todas as decisões e resolve os problemas da prática,

o que proporciona que o aluno tenha um papel passivo e professor tenha um

papel ativo, durante as aulas de EF. No MID o professor faz a “revisão da

matéria previamente aprendida, apresentação de novas habilidades ou do

conteúdo em geral, monitorização elevada da atividade motora dos alunos e

38

avaliações/correções sistemáticas em referência aos objetivos delineados”

(Rosado & Mesquita, 2009, p. 48).

O MID é “particularmente vantajoso no ensino de conteúdos

decomponíveis para uma abordagem passo a passo, como é o caso das

progressões pedagógicas para a aprendizagem de certas habilidades

desportivas com um contexto fechado” (Mesquita & Graça 2011, p. 51).

Procurei utilizar este modelo nas modalidades de ginástica acrobática,

ginástica de aparelhos e dança. Para além destas, também utilizei este modelo

na modalidade de voleibol pelo facto de sentir mais segurança no momento da

prática pedagógica.

Tendo em conta que foi no EP que tive a primeira experiência em

lecionar, a uti lização deste modelo permitiu-me assegurar que os alunos

possuíam as competências básicas nas diferentes modalidades. Por outro lado,

as caraterísticas dos comportamentos dominantes apresentados por alguns

alunos não asseguravam as condições mínimas para que outro modelo fosse

adotado. Com base neste modelo, as aulas foram estruturadas de forma

pormenorizada, o ensino das habilidades foi feito através de progressões, a

instrução e a correção dos alunos esteve sempre presente.

4.6.2 Modelo de Competência dos Jogos de Invasão

Tendo em conta que modelos tradicionais se focam no ensino das

habilidades técnicas, existiu a necessidade de adotar outro modelo de ensino

para a lecionação de algumas modalidades coletivas.

O MCJI surge com base no Modelo de Ensino dos Jogos para a

Compreensão e do Modelo de Educação Desportiva, sendo composto por

caraterísticas de ambos. Do Modelo de Ensino dos Jogos para a

Compreensão, o MCJI utiliza “as formas modificadas de jogo, em conformidade

com a capacidade de jogo dos alunos; o confronto com os problemas reais de

jogo em ambientes de jogo; a introdução do ensino das habilidades do jogo é

ditada pela relevância para a forma de jogo adotada e subordinada à

compreensão do seu uso tático no jogo e à tomada decisão”. Em relação ao

Modelo de Educação Desportiva retira “as formas básicas de jogo aos grandes

39

jogos institucionalizados, preservando a autenticidade dos jogos e o conceito

essencial do jogo de referência (..)” (Graça & Mesquita, 2013, p. 35).

Desta forma, algumas destas caraterísticas foram implementadas nas

unidades didáticas de basquetebol e de andebol. O jogo passou a ser o foco

principal apesar de ser abordado através de Formas Básicas de Jogo (FBJ), de

acordo com o nível e a capacidade dos alunos. No caso da modalidade de

andebol a FBJ utilizada foi o 5x5 e na modalidade de basquetebol foi o 3x3. Em

ambas as modalidades foram implementadas grande parte das regras do jogo

formal, exceto o número de jogadores e o tamanho do campo.

Este modelo defende a ideologia “aprende-se a jogar jogando”. Porém, é

necessário que o docente utilize as estruturas parciais de jogo de modo a que o

discente aprenda a jogar, através da exercitação de ações defensivas e de

ataque. Assim, durante a competição este tem mais êxito nas oportunidades de

finalização, na finalização bem como na organização do ataque (Graça &

Mesquita, 2013).

Principalmente neste modelo, foi necessário ter um papel ativo no que

toca à instrução. Contudo houve momentos que nem sempre isso aconteceu.

Porém, de aula para aula, fui melhorando ao nível da instrução principalmente

em relação à modalidade de basquetebol. Para isso, tive de aprofundar os

meus conhecimentos para que ocorresse uma intervenção pedagógica com

significado.

De acordo com vários autores, o professor necessita de ter um conjunto

de conhecimentos (dos alunos, do conteúdo pedagógico geral, do contexto e

pedagógico do conteúdo) para que o processo de ensino e aprendizagem

decorra com êxito (Cochran et al., 1993; Grossman, 1990; Shulman, 1987).

Relativamente ao conhecimento dos alunos, o docente deve conhecer

as características, as capacidades e experiências de cada discente. Este

conhecimento proporciona que o professor anteveja dúvidas e problemas que

poderão surgir no momento do ensino de alguma habilidade motora

(Grossman, 1990).

Em relação ao conhecimento do conteúdo, este está relacionado com a

interpretação e a forma como o docente transmite o conhecimento aos alunos.

Quanto ao conhecimento pedagógico geral, este foca-se na conceção e

nas estratégias que cada docente tem no processo de ensino e aprendizagem.

40

Relativamente ao conhecimento do contexto, o professor deve conhecer

a comunidade escolar (os alunos, os docentes e não docentes e até mesmo os

encarregados de educação) e as regras pelas quais a escola se rege.

Por fim, o conhecimento pedagógico do conteúdo engloba os

conhecimentos anteriores e com base nesses, o professor consegue adaptar e

simplificar os conteúdos mais complexos de modo a que todos os alunos

compreendam.

É fundamental que, desde o início de cada ano letivo, o docente domine

os diversos conhecimentos pois, só desta forma, o processo de ensino e

aprendizagem decorrerá com êxito.

4.7 Importância da Observação

A observação tem um papel fulcral no processo de ensino e da

aprendizagem, uma vez que permite melhorar a sua qualidade.

Para Damas e Ketele (1985, p. 11) a observação é “um processo cuja

função imediata, consiste em recolher informações sobre o objecto tomado em

consideração.”

No EP, uma das funções do professor estagiário é “observar aulas

regidas pelo professor cooperante e pelos colegas estagiários” (Matos, 2014, p.

7). Assim sendo, realizei dez observações formais a cada professor estagiário,

perfazendo um total de trinta observações. Cada observação tinha um objetivo

e este era definido pelo PC na reunião do NE, às quartas-feiras.

De acordo com Piéron (1999, p. 33) “a observação constitui um método

de compilação de dados destinados a representar fielmente a realidade” sendo

necessário a realização dos registos das observações efetuadas. Desta forma,

foi elaborada uma ficha de registo (Anexo 4) para recolher as informações das

primeiras observações.

No 1º período as observações tinham como objetivo analisar o controlo e

a confiança do professor estagiário no momento da sua prática pedagógica.

41

“No decorrer da aula foi notório que o meu colega XXX, deslocava-se pelo espaço e

dava alguns feedbacks de forma a ajudar os alunos. Quando este estava a ajudar

algum grupo, não adotava a melhor postura pois ficava de costas para os restantes

elementos da turma.”

(Reflexão da aula observada número 1)

“Tendo em conta que a turma está controlada, a próxima preocupação do meu colega

estagiário recai na escolha dos exercícios de modo a tornar as aulas mais ricas .”

(Reflexão da aula observada número 2)

No 2º período, o objetivo das observações era analisar o tempo útil da

aula e o tempo de empenhamento motor de um aluno da turma, através de um

cronómetro e uma ficha de registo (anexo 5). Fruto destas observações pude

conhecer outras estratégias de rentabilizar o tempo de aula.

“Esta observação teve como objetivo determinar o tempo de empenhamento motor de

um aluno que fosse uma possível referência (21’50’’). Para uma aula de 85 minutos,

considero que este tempo foi reduzido. As principais causas deste valor foram as

seguintes: Tempo de instrução foi longo, aluno demorou a iniciar as tarefas propostas

e no torneio o aluno só jogou duas vezes, mostrando pouca motivação.”

(Excerto da reflexão da aula observada nº5)

“Esta observação teve como objetivo determinar o tempo de empenhamento da turma

(26’). Considero o tempo muito positivo para uma com tempo útil de 35 minutos. O

facto de os alunos estarem sempre em atividade influenciou pela positiva o tempo de

empenhamento motor, para além disso demonstra que estão motivados e

empenhados nas tarefas propostas pelo meu colega estagiário.”

(Excerto da reflexão da aula observada nº8)

No 3º Período, as observações tinham como objetivo analisar a

transmissão de informação do professor estagiário. Esta observação foi

realizada através de uma ficha de registo (anexo 6).

“Uma vez que os alunos já conheciam os exercícios, o tempo de instrução foi curto,

porém durante as tarefas de aprendizagem o professor utilizou feedbacks corretivos .”

(Excerto da reflexão da aula observada nº9)

42

“Em relação aos feedbacks, o meu colega XXX poderia ter dado mais feedbacks, pois

tendo em conta que os alunos tiveram poucas aulas de ginástica de aparelhos (3)

cometiam alguns erros de execução. Relativamente à instrução, esta foi destinada à

organização da aula.”

(Excerto da Reflexão da aula observada número 10)

O facto de ter ido observar aulas dos restantes membros do NE foram

uma mais valia para a minha evolução enquanto professora, pois para além de

me permitir conhecer diferentes métodos, estratégias e estilos de ensino,

tornou possível tomar consciência que através destes se obtinha o sucesso

desejado e se seria possível a reprodução nas minhas turmas.

Ao longo do ano letivo, para além da observação das aulas dos meus

colegas do NE, também fui observar as aulas do PC e de outros professores de

EF da escola.

No que toca às minhas aulas, estas também foram observadas pelo NE,

permitindo-me assim identificar lacunas e aspetos de possível melhoria. Os

primeiros feedbacks recebidos por parte do NE, após as primeiras

observações, permitiram-me perceber que um dos aspetos a melhorar seria o

controlo da turma.

“No que diz respeito ao controlo ativo, é de referir que a professora “cresceu”, sendo

que inicialmente assumiu uma posição em que apenas controlava os alunos através

da sua visão, e acabando a aula por se deslocar por todo o espaço motivando e

verificando o nível de desempenhos dos alunos. (..) desta forma, os alunos puderam

cumprir com a tarefa e a professora mostrou que também possui um bom nível para

desempenhar uma função num esquema. (..). Durante o primeiro exercício, condição

física, a professora adotou uma posição de controlo da turma colocando-se numa das

esquinas da sala, tendo desta forma todos os alunos no seu campo visual.”

(Reflexão de um colega do NE em relação à minha aula, dia 03/11/16)

“A aula decorreu dentro da normalidade, porém foi visível em alguns momentos da

aula que a professora não tinha o total controlo da turma. (..) durante os momentos de

instruções, os alunos encontravam-se eufóricos, perturbando a prestação da

professora.”

(Reflexão de um colega do NE em relação à minha aula, dia 17/11/16)

43

No que diz respeito às observações do segundo período, estas tinham

como objetivo analisar o tempo de empenhamento motor da minha turma. Com

base nestas observações verifiquei que estava a adotar estratégias que

promoviam um bom tempo de empenhamento motor dos alunos nas tarefas.

“Devido ao método adotado pela professora para instruir os alunos, ou seja, de forma

individual nas equipas, permitiu que a generalidade da turma se encontrasse durante

bastante tempo em empenhamento motor.”

(Reflexão de um colega do NE em relação à minha aula, dia 12 de janeiro de 2017)

“Os alunos estiveram a maior parte do tempo de aula em empenhamento motor, sendo

que a estratégia utilizada nesta aula pela professora surtiu efeitos positivos nos

alunos, pois estes estavam empenhados na tarefa.”

(Reflexão de um colega do NE em relação à minha aula, dia 7 de março de 2017)

Quanto às observações do terceiro período, o aspeto menos positivo

esteve relacionado com a qualidade/quantidade de informação nas situações

de aprendizagem na modalidade de basquetebol. Contudo, este aspeto foi

melhorado de aula para aula. Através do estudo da modalidade e da

observação das aulas dos restantes professores estagiários, que também

estavam a lecionar basquetebol, consegui melhorar a qualidade de instrução.

Em sumas estas observações foram bastante importantes e tiveram uma

influência direta na minha evolução como docente. A constante presença dos

elementos que integram o NE nas aulas permitiu que houvesse uma partilha de

informações, de conhecimentos que muito ajudaram a melhorar o meu

desempenho. Outro aspeto positivo da observação das aulas foi a possibilidade

de conhecer outras metodologias de trabalho e esti los de ensino.

Tendo em conta que o ensino é um processo aberto e o professor deve

estar em constante aprendizagem a observação é um método que possibilita a

aquisição de novos conhecimentos e estratégias.

44

4.8 Importância da Reflexão

“Ser reflexivo é uma maneira de ser professor.”

(Zeichner, 1993, p. 8)

A reflexão é um processo mental que surge quando se analisa, mais

aprofundadamente, as ações que já aconteceram, permitindo identificar os

aspetos que podem ser melhorados. A reflexão é fundamental na profissão

docente porque proporciona a oportunidade de melhorar a atuação do

professor. Para Dewey (1933) a reflexão surge do confronto que o professor

tem com situações problemáticas. Para além de ajudar a resolver os problemas

que se apresentam no dia-dia, proporciona que o docente se torne mais

autónomo e consciente da sua prática (Zeichner & Liston, 1996).

Segundo Alarcão (1996, p. 180) o professor “pode refletir sobre o

conteúdo que ensina, a sua competência pedagógico-didática, a legitimidade

dos métodos que emprega, as finalidades do ensino e da disciplina”. Após essa

reflexão o docente deve questionar-se sobre o que tem de modificar para

melhorar o processo de ensino e aprendizagem (Smith, 1989).

De acordo com Schön (1987) existem três tipos de reflexão: a reflexão na ação,

a reflexão sobre a ação e a reflexão sobre a reflexão na ação. Enquanto a

reflexão na ação acontece durante a prática, a reflexão sobre ação ocorre

depois da prática. A reflexão sobre a reflexão na ação é a que mais promove o

desenvolvimento pessoal e profissional do professor. Esta consiste em refletir

no que aconteceu, no que se observou e qual o motivo que podemos atribuir

para o que aconteceu.

Assim sendo, ao longo ano letivo, elaborei diferentes tipos de reflexão.

No início do EP, esta foi umas das tarefas que tive mais dificuldade porque não

tinha o hábito de as realizar e, por esse facto, no primeiro período, as reflexões

foram, sobretudo, descritivas - limitava-me a descrever apenas a aula. No

decorrer do EP, o PC foi-me dando feedbacks de modo a melhorar as

reflexões, passando do descritivo para o interpretativo.

“O facto de montar os campos antes de os alunos chegarem ao pavilhão, proporciona

que durante o aquecimento esteja atenta à exercitação dos discentes. Outra

preocupação que tenho tido é antes de iniciar a aula dividir os alunos por equipas e

45

coloca-los em cada campo, esta estratégia facilita toda a organização e gestão da

aula.”

(Reflexão da aula nº 62 e 63, dia, 8/03/2017, turma 5º ano)

“Tendo em conta que na última aula de basquetebol, ocorreram algumas falhas em

relação aos feedbacks, decidi por começar a parte fundamental através de uma

revisão/exercitação dos conteúdos anteriormente lecionados .”

(Reflexão da aula nº 74 e 75, dia 30/03/17, turma 11º ano)

Nas reflexões efetuadas, diariamente, procurava realizar “o filme

“completo da aula, analisando tanto as situações que corriam mal como as que

corriam bem e, desta forma, fui percebendo o que podia e o que não podia

fazer, o que resultava e o que não resultava. Assim, posso concluir que as

reflexões também me ajudaram a evoluir e a construir a minha identidade

profissional.

Em suma é fundamental que o professor seja reflexivo pois, para além

de o ajudar a reformular as ações que não tiveram êxito, proporciona que este

desenvolva tanto a nível profissional como pessoal uma evolução significativa e

a melhoria do processo de aprendizagem dos alunos.

“(..) A reflexão pode potenciar a transformação que se deseja” (Oliveira &

Serrazina, 2002, p. 12).

4.9 Avaliação

A avaliação é uma das tarefas a realizar pelo professor e tem como

objetivo obter informação sobre o desempenho dos alunos e o processo ensino

(Arends, 1997). Existem várias formas de recolha de informação, podendo ser

através da observação e da realização de testes escritos. Na ESFV, o grupo de

EF, decidiu utilizar o teste escrito como método para recolher informação e

avaliar a parte cognitiva do aluno. A avaliação não é só utilizada para recolher

informação, mas pode servir também para atribuir um valor ao desempenho do

discente. Para vários autores a atribuição de um valor ao aluno é uma tarefa

difícil, pois depende da capacidade de observação e interpretação do

professor.

46

De acordo com Matos (2014, p. 5), a avaliação deve ser entendida

“como um regulador e promotor da qualidade do ensino e da aprendizagem”.

Desta forma, o professor deve utilizar a avaliação como um instrumento que

permite melhorar a eficácia e qualidade do ensino através dos resultados

obtidos por parte dos alunos. Ou seja, caso os resultados dos alunos não vão

ao encontro dos objetivos traçados pelo professor, este deve repensar sobre os

métodos utilizados no processo de ensino e aprendizagem.

Para Freire (1989, p. 201) “a avaliação é um processo contínuo”, o

professor no momento da atribuição de uma classificação não se deve focar

unicamente num momento, mas sim num conjunto de momentos. Desta forma,

ao longo do EP, recorri a três diferentes momentos da avaliação: a AD, a

Avaliação Formativa (AF) e a Avaliação Sumativa (AS).

4.9.1 Avaliação Diagnóstica

Esta avaliação, foi realizada, no início de cada unidade didática, com o

objetivo de perceber quais os conhecimentos, as capacidades e as dificuldades

dos alunos da turma. AD “fornece a informação adequada, permitindo tomar as

decisões necessárias e ajustadas às capacidades dos aluno” (Gonçalves et al.,

2010, p. 47). A partir desta, o professor verifica se o discente tem algum

conhecimento antes de iniciar o processo de ensino. Assim sendo, é partir da

AD que o professor elabora o planeamento da unidade didática. Desta forma,

ao longo do ano letivo, recorri a esta avaliação para que as aulas fossem ao

encontro da necessidade dos alunos. Porém, nas modalidades de dança e

basquetebol não foi realizado AD pelo facto de serem unidades didáticas curtas

assumindo que os alunos se encontravam no nível introdutório. Foi decidido

pelo grupo de professores de EF que nas restantes modalidades (andebol,

ginástica acrobática, voleibol e ginástica de aparelhos) a AD seria feita, no

início do ano letivo, mais concretamente nas três primeiras semanas de aulas.

“A aula nº 4 e nº5 destinou-se a avaliação diagnóstica de ginástica acrobática. Nesta

aula, os alunos foram distribuídos por três estações, estando em cada estação oito

alunos. Na primeira parte da aula, os alunos tiveram oportunidade de treinar as figuras

que iam ser alvo de avaliação.”

(Reflexão da aula nº 4 e 5, dia 22/09/16, turma do 11º ano)

47

“Tendo em conta que vou abordar no 1º período a modalidade de andebol, esta aula

destinou-se à avaliação diagnóstica da modalidade. Visto que ainda não sei os

números de alguns alunos, para não haver enganos na avaliação decidi imprimir os

números dos alunos e prendê-los com um alfinete ao respetivo aluno.”

(Reflexão da aula nº 7 e 8, dia 29/09/16, turma do 11º ano)

Inicialmente, este processo revelou-se uma tarefa difícil de concretizar

atendendo a ter, em simultâneo, que observar e avaliar vários critérios, num

curto período de tempo. Com base nestes erros, as avaliações, realizadas na

Escola Básica Pêro Vaz de Caminha, correram melhor pois fui mais objetiva no

que pretendia avaliar, diminuindo desta forma o número de critérios,

selecionando apenas os que considerava mais importantes na execução da

habilidade motora.

Para finalizar, concluo ainda que, na realização da AD, é fundamental

que o professor conheça a grelha de avaliação bem como os conteúdos que

pretende avaliar de modo a facilitar este processo.

4.9.2 Avaliação Formativa

A AF permite fazer um ponto da situação sobre o desempenho do aluno

e sobre o processo de ensino do professor (Abrecht, 1994). Com base nesta

avaliação, o professor verifica quais as aprendizagens que estão a ser bem

sucedidas e as que se revelam com mais dificuldades para os alunos,

proporcionando assim, a possibilidade de melhorar o processo de ensino

(Aranha, 2004). A AF “permite ao professor adaptar as suas tarefas de

aprendizagem, introduzindo alterações que possibilitem uma maior adequação

das mesmas” (Gonçalves et al., 2010, p. 53).

O professor é o principal responsável para encontrar estratégias para

que esta avaliação esteja presente nas suas aulas (Fernandes, 2009). Durante

o EP, esta avaliação esteve presente de uma forma contínua, através da

observação, anotações e reflexões diárias das aulas, como também das

reflexões das unidades didáticas. Todos estes instrumentos foram

fundamentais, permitindo reajustar e modificar estratégias e metodologias que

não estavam a surtir o efeito desejado.

48

“Uma vez que esta coreografia não está a motivar os alunos, de modo a que estes

tenham sucesso na avaliação de dança, vou alterar o processo de ensino.”

(Reflexão da aula nº 58, dia 21/02/17, turma do 11º ano)

“Tendo em conta que o meu principal objetivo era ter a turma controlada, apliquei a

mesma estratégia que utilizei no ensino do andebol, dividir a turma em grupos de

trabalho e nos momentos de instrução como de transição estes eram feitos de forma

individual (grupo a grupo). (..) relativamente aos conteúdos, estes foram abordados

seguindo o planeamento. Para o ensino destes, recorri às aulas de voleibol do ano

passado na FADEUP como também ao livro adotado pela escola. No que diz respeito

às categorias transdisciplinares, a cultura desportiva e a fisiologia e condição física e

aos conceitos psicossociais, estiveram presentes ao longo da UT.”

(Reflexão da Unidade Temática de Voleibol)

Em suma, a AF permite melhorar não só a prática educativa dos

docentes como também os resultados do aluno. No entanto, é fundamental que

o professor, ao longo das aulas, dê informações ao aluno sobre o seu

desempenho para que este consiga melhorar continuamente o seu

desempenho.

4.9.3 Avaliação Sumativa

A AS consiste no balanço do processo de aprendizagem do aluno. Esta

avaliação tem em conta os conhecimentos, as competências, as capacidades e

as atitudes do aluno. Através desta, o professor pode comparar os resultados

obtidos na AD, de modo a verificar a evolução do aluno e decidir alterar as

metodologias e recursos utilizados com o objetivo de melhorar o rendimento do

aluno.

Segundo Vickers (1990) a AS acontece no final de uma unidade

didáticas ou de um período, e tem a finalidade analisar a evolução do aluno

face aos objetivos definidos, como também analisar as metodologias e

estratégias utilizadas pelo professor.

Ao longo do EP realizei esta avaliação em todas as modalidades. Uma

vez que a minha turma residente era do ensino secundário as classificações

atribuídas aos alunos foram quantitativas e compreendidas numa escala de 0 a

20 valores.

49

Para realizar a AS de cada modalidade, foi necessário construir uma

grelha de avaliação, elaborada em conjunto com os restantes membros do NE

e com base nos objetivos estabelecidos para cada modalidade.

Relativamente às modalidades coletivas os desempenhos foram

avaliados em situações de jogo pois, como mencionam Mesquita e Graça (

2011), o professor deve privilegiar a competição, pois este é o melhor método

para avaliar o aluno. No que diz respeito às modalidades de dança, ginástica

acrobática e ginástica de aparelhos foi utilizado o registo vídeo das aulas e os

momentos de AS.

Em relação à modalidade de dança os alunos foram divididos em grupos

e tiveram de criar uma coreografia, com duração de um minuto e cinquenta

segundos, sobre o tema “Publicidade”. Na ginástica acrobática, com base nas

figuras aprendidas, os alunos tiveram de criar um esquema, com duração de

um minuto e cinquenta segundos. Por fim, na ginástica de aparelhos os alunos

foram avaliados na execução das determinantes técnicas dos saltos no

minitrampolim e nos saltos no boque. Destaco ainda que estas avaliações

foram realizadas a partir de critérios definidos pelo NE de modo a avaliar as

execuções e o conhecimento individual sobre cada uma das modalidades

abordadas.

Inicialmente, foram sentidas dificuldades em converter o desempenho dos

alunos numa classificação quantitativa. De modo a ultrapassar esta dificuldade

bem como o receio de não estar a ser justa, a opinião associada a um maior

conhecimento e experiência do PC revelou-se fundamental. Assim, no final da

AS o PC emitia o feedback auxiliando-me a tomar a decisão mais acertada e

justa.

50

51

5. Participação na Escola e Relação com a Comunidade

52

53

5. Participação na Escola e Relação com a Comunidade

De acordo com as normas orientadoras do EP “estas áreas englobam

todas as atividades não letivas realizadas pelo estudante estagiário, tendo em

vista a sua integração na comunidade escolar e que, simultaneamente,

contribuam para um conhecimento do meio regional e local tendo em vista um

melhor conhecimento das condições locais da relação educativa e a exploração

da ligação entre a escola e o meio” (Matos, 2014, p. 6).

5.1 Corta Mato Escolar

O corta mato é uma das atividades que está inserida no planeamento

anual de atividades da ESFV. Esta atividade tem como objetivo promover a

prática desportiva, a adoção de um estilo de vida saudável e proporcionar um

dia de confraternização entre os elementos da comunidade escolar.

Todos os anos, o grupo de professores de EF organizam o corta mato

escolar na Quinta do Covelo. A atividade está bem estruturada e planeada e,

todos os anos, são melhorados alguns pormenores.

O corta mato escolar, neste ano letivo, realizou-se no dia 24 de outubro

de 2016, pelas 15 horas e contou com a presença de oitenta e seis alunos de

diferentes escalões. Apesar da atividade ser aberta a todos os discentes da

ESFV a maioria dos inscritos pertenciam ao 3º ciclo.

De modo a organizar e distribuir as tarefas foi convocada uma reunião

do Grupo EF. Assim, o NE ficou responsável pela elaboração das medalhas de

participação e, no dia do corta mato, foi responsável pelo acompanhamento

dos alunos ao local da prova, pela distribuição dos dorsais e elásticos e pela

distribuição dos lanches aos alunos participantes.

De uma maneira geral a atividade estava muito bem organizada. Porém,

no meu ponto de vista, no local da prova deveria estar destacado um assistente

operacional de modo a auxiliar os professores na execução das diferentes

tarefas.

Como aspetos positivos, saliento o facto de o corta mato decorrer na

Quinta do Covelo permitindo que o percurso se assemelhe ao percurso do

corta mato distrital. O facto de os horários terem sido cumpridos permitiu que

54

não ocorressem atrasos terminando as provas dentro do horário previsto. As

excelentes condições atmosféricas também contribuíram para o sucesso desta

atividade.

Em relação aos aspetos negativos, estes centram-se no reduzido

número de participantes, oitenta e seis, atendendo ao universo de alunos que

frequenta a ESFV, mil. É de salientar que a maior parte dos alunos pertencia

aos escalões mais jovens. Esta constatação reflete a desvalorização dos

discentes do Ensino Secundário pela disciplina de EF resultante de a disciplina

não contribuir para a média de acesso ao Ensino Superior.

Considero que foi uma mais-valia ter participado como elemento da

organização, pois permitiu-me alargar e enriquecer o meu conhecimento no

que diz respeito à gestão e organização de atividades desportivas em contexto

escolar.

5.2 Torneio voleibol 4x4

Esta atividade foi realizada no 1º período, no dia 7 de novembro de

2016, contando com a participação de vinte alunos. Tendo em conta que nos

dias das reuniões intercalares os discentes tinham de estar na escola, foi

proposto pela Direção que os diferentes grupos de professores organizassem

uma atividade. No que diz respeito ao grupo de EF, este decidiu organizar um

torneio de voleibol, assumindo o NE a responsabilidade da sua organização.

Nesta atividade a minha participação esteve centrada na divulgação do

torneio e, no dia da atividade, estive a auxiliar os estudantes que tinham a

função de árbitro.

De uma maneira geral o torneio correu bem. Tal como no corta mato, registou-

se uma fraca adesão em resultado da sobreposição de atividades assumindo o

torneio um carater mais lúdico do que competitivo.

Como aspetos positivos realço a presença e envolvimento dos alunos do

desporto escolar de voleibol, responsáveis pela dinamização do torneio e pela

função de árbitros, permitindo a libertação dos professores estagiários para o

desempenho de outras tarefas.

Quanto aos aspetos a alterar num futuro torneio, seria fundamental que,

aquando da realização de atividades, existisse a divulgação junto dos

55

professores da escola e fosse realizada uma calendarização prévia, de modo a

não existir atividades a decorrer em simultâneo, possibilitando a inscrição e

participação de todos os interessados.

Em suma, faço uma apreciação global da atividade muito positiva. Esta

atividade proporcionou-me aprendizagens ao nível da gestão e organização de

eventos desportivos pois, como membro organizador, tomei conhecimento de

como se planeia e organiza um torneio.

5.3 Torneio de Basquetebol 3x3

Este torneio foi realizado no início do 2º período, no dia 6 de fevereiro,

da parte da manhã e contou com a participação de sessenta e sete alunos. À

semelhança do corta mato, esta atividade também é realizada todos os anos e

direcionada para todos os ciclos de ensino da escola.

No que toca ao planeamento e organização este foi delineado nas

reuniões de grupo dos professores de EF. Este ano, de modo a facilitar o

processo de organização o grupo decidiu que os documentos (regulamento,

fichas de inscrição e diplomas) seriam iguais aos do ano anterior e os alunos

assumiriam a função de árbitros. Do meu ponto de vista, o facto de serem os

alunos arbitrar é uma boa decisão pois permite a participação de todos os

alunos, até mesmo dos que não têm um bom desempenho na modalidade de

basquetebol.

Nesta atividade o NE não esteve muito envolvido no planeamento e na

organização. Contudo, no dia do torneio, os professores estagiários auxiliaram

os alunos que estavam a desempenhar a função de árbitros e ainda na recolha

e tratamento de dados estatísticos.

No que toca a aspetos negativos da atividade estes decorrem da fraca

adesão dos alunos ao evento. O facto de a atividade ser realizada em altura de

testes pode explicar a reduzida participação. Contudo, verificou-se uma maior

participação de alunos do ensino secundário, em especial dos jogadores

federados de basquetebol.

Em relação a esta atividade, faço um balanço positivo salientando que

foi uma mais valia participar na organização do torneio de basquetebol

proporcionando momentos de socialização com os vários elementos da

56

comunidade escolar. Para além disso, pude confirmar que para um evento

destas dimensões correr bem é fundamental realizar um planeamento prévio

da atividade, revelando-se essencial o envolvimento de todo o grupo.

5.4 Visita de Estudo a Ponte de Lima

A visita de estudo foi realizada pela EB 2/3 Pêro Vaz de Caminha, no

dia 30 de março. A atividade teve por objetivo proporcionar a prática de

diferentes atividades desportivas. Participaram três turmas do 3º ciclo, duas

turmas do 8º ano e uma do 9º ano de escolaridade, estando envolvidos seis

professores. Tendo em conta que a minha turma não participou, assumi a

responsabilidade de acompanhar a turma do 9º ano. O programa consistia na

prática de canoagem, durante o período da manhã e, da parte da tarde, a

realização de um percurso pedestre pelas lagoas de Bertiandos.

De um modo geral a visita correu bem porém, durante a prática de

canoagem, a queda abundante de granizo gerou algum descontentamento nos

alunos. Durante a tarde o tempo não pregou partidas e foi possível a realização

do percurso pedestre de uma forma bem mais agradável.

No meu ponto de vista, a realização de visitas de estudos, assume um

papel muito importante na vida de uma escola, permitindo o contacto com a

natureza, a aplicação de conhecimentos em novas situações e a socialização

entre alunos e professores. Por outro lado, estas atividades permitem, a muitos

alunos, o contacto com locais e experiências que de outro modo nunca lhes

seria possível.

De uma maneira geral, tanto as deslocações como as atividades

correram bem, porém tendo em conta as condições climatéricas, no futuro a

atividade deveria ser agendada para o 3º período.

5.5 Sarau Filipa Mov’ Art

Todos os anos, os professores estagiários de EF ficam responsáveis por

organizar o Sarau Filipa Mov’ Art. Este ano não foi exceção e, como tal, o NE

organizou este evento.

O Sarau Filipa Mov’ Art tem como objetivo celebrar o dia da ESFV

através do desporto. A atividade, realizada no dia 25 de maio de 2017, contou

57

com onze atuações relacionadas com a modalidade de ginástica artística e

dança. O NE convidou ainda o grupo de dança da FADEUP, os Flyers

Desportus e ainda a tuna Musicatta contractille da FADEUP.

Todos os alunos da ESFV foram convidados a participar no evento mas,

mais uma vez, os discentes não aderiram à atividade.

5.5.1 O Planeamento do Sarau

Foi no início do 3º período que o NE começou a organizar o Sarau.

Inicialmente, estava planeado realizar-se no dia 26 de maio, mas como estava

convocada uma greve geral dos trabalhadores da função pública a data foi

antecipada para 25 de maio. Após a definição da data o NE entrou em contacto

com a Direção da Escola para solicitar a aquisição do equipamento de som e

luzes.

Tendo em conta que o Sarau foi realizado em anos anteriores, o NE

tinha todo processo de planeamento organizado. Desta forma, a nossa

principal preocupação foi a realização de cartazes de promoção do evento, as

fichas de inscrição dos alunos e o contacto com os grupos convidados: o grupo

de dança da FADEUP, os Flyers Desportus e ainda a tuna Musicatta

contractille da FADEUP.

5.5.2 Organização do Sarau

Em locais de grande visibilidade da escola foram afixados cartazes de

divulgação do evento. Para além disso, o NE distribuiu as fichas de inscrição

pelos professores de EF pois, no nosso ponto de vista, eram eles os principais

divulgadores do evento.

Para que o NE começasse a definir o programa do evento foi necessário

estabelecer uma data limite de inscrição, 19 de maio. Posto isso, a principal

preocupação foi delinear o programa de modo a não ocorrerem tempos de

espera entre as atuações. Para além desta preocupação, o NE sentiu

dificuldade em encontrar alunos que se disponibilizassem para serem

apresentadores. Contudo, esta tarefa foi facilitada pelo presidente da

associação de estudantes que assumiu a condução deste evento.

58

5.5.3 Realização - O grande dia do evento

À medida que a hora do evento se aproximava comecei a ficar nervosa e

ansiosa porque, para além de ser uma das organizadoras, esta atividade era a

preferida do PC e de todos os docentes.

Pelas 16h00, o NE começou a preparar e a montar o sarau. Inicialmente,

verificámos se todos os grupos tinham músicas e se estas estavam de acordo

com a ordem das atuações. De seguida, o NE com a ajuda dos alunos, dos

assistentes operacionais, do PC e de um professor EF começou a organizar as

cadeiras e a montar o palco com os colchões da escola de forma a construir

um palco praticável. Os assistentes operacionais foram responsáveis pelo

sistema de som.

Com o aproximar da hora de início do Sarau, o público começou a

ocupar as cadeiras e os grupos foram terminando os ensaios. Às 20h30, estava

tudo pronto para dar início a este grande evento.

Para que nada falhasse, o NE distribui funções pelos diferentes

elementos. No meu caso fiquei responsável por colocar as músicas para cada

atuação e de dar indicações aos apresentadores caso houvesse alguma

alteração do programa.

De um modo geral o Sarau correu muito bem. Viveram-se alguns

minutos de nervosismo no seio do NE, atendendo ao facto de às 21:30 as luzes

do campo exterior, espaço onde decorreu o sarau, não se encontrarem ligadas.

Faço um balanço bastante positivo da atividade, apesar de ter havido

poucos participantes os grupos envolvidos deram o seu melhor, conseguindo

levar o público ao delírio. No futuro, será importante a divulgação deste

espetáculo no site oficial da escola de modo a que todos os pais e

encarregados de educação tomem conhecimento da atividade e compareçam.

Na minha opinião é fundamental que as escolas e professores

apresentem iniciativas e realizem eventos desta dimensão, pois permite o

envolvimento dos alunos, a estimulação da criatividade e proporciona

momentos de convívio entre os elementos da comunidade.

Organizar este sarau foi muito gratificante, porque permitiu desenvolver

a minha autonomia e também socializar com todos os elementos da

comunidade escolar.

59

5.6 Desporto Escolar

O desporto escolar tem um papel importante no processo educativo, pois

possibilita aos alunos praticar uma modalidade desportiva e garante a

aquisição de valores e princípios associados a uma cidadania ativa (Santos,

2009). Ao contrário das escolas que têm um grande leque de ofertas, a ESFV

apenas possui o voleibol como complemento curricular, existindo apenas uma

equipa feminina e uma masculina.

No EP, uma das funções do professor estagiário era “compreender a

atividade de ensino e treino de Desporto Escolar, enquanto processo

dominantemente pedagógico” (Matos, 2014, p. 6). Foi, nas reuniões de grupo

de EF, através da professora responsável pelo DE, que eram discutidos os

temas relacionados com os treinos e com as competições.

Confesso que poderia ter estado mais envolvida no desporto escolar

através da presença em todos os treinos. Contudo, tendo em conta que o

desporto escolar se divide em duas vertentes, na dinamização de atividades

desportivas realizadas internamente em cada agrupamento de escolas ou

escola não agrupada e nas atividades desportivas desenvolvidas por grupos-

equipa agrupados por modalidade, escalão/género ou num escalão único, o

facto de ter estado sempre presente nas atividades desportivas realizadas

internamente e nas reuniões de grupo dos professores de EF permitiu perceber

como funciona o desporto escolar, nomeadamente, no que diz respeito às

funções de um professor de EF.

5.7 O Papel do Diretor de Turma

“Os Directores de Turma têm elevadas responsabilidades

na promoção da integração escolar dos Alunos, na criação

de condições para o seu desenvolvimento pessoal e social e

na intensificação das relações da Escola com o meio”.

(Marques, 1997, p. 36)

No EP, o professor estagiário tem de “Compreender o papel de diretor

de turma na sua relação com os pares, sob o ponto de vista administrativo e de

60

gestão de relações humanas e enquanto responsável pela área não disciplinar

(Matos, 2014, p. 6).

Neste sentido acompanhei, principalmente, o PC no cargo de diretor de

turma e, ao longo do ano letivo, foram vários os momentos em que este me

colocou ao corrente de problemas que aconteciam na direção de turma,

partilhando conhecimentos e mesmo experiências.

Também a participação nas reuniões de conselho de turma e o diálogo

estabelecido com o diretor da turma residente, me permitiram compreender

melhor as funções de um diretor de turma.

A escola atual é frequentada por alunos de diversos estratos socias e

culturas, com valores, princípios e ritmos de aprendizagem próprios, devendo a

escola responder aos desafios e problemas decorrentes da heterogeneidade

dos seus discentes. Neste contexto, a figura do diretor de turma assume um

papel fulcral numa escola pois, para além de um trabalho de coordenação

pedagógica a desenvolver com os seus alunos, com vista ao sucesso

educativo, assume as funções de líder pedagógico junto dos professores,

estabelecendo a ponte entre a escola e a família.

Com base nas minhas vivências concluo que as funções do diretor de

turma vão muito mais além de justificar faltas e de receber os encarregados

educação na escola. Tem um papel fundamental na gestão de conflitos da

turma, pois é através da sua comunicação assertiva e do conhecimento que

tem sobre os alunos da turma, que muitos problemas são resolvidos. De

acordo com Bessa et al. (2009), o diretor de turma é sobretudo um diretor

pedagógico, que garante a coesão da turma, que acompanha não só os alunos

como também os professores da turma e, para além disso, ainda é o meio de

comunicação entre a escola e a família.

Em suma considero, o papel de diretor de turma é bastante importante,

abrangente e de enorme responsabilidade implicando disponibilidade para

escutar, compreender e orientar através do estabelecimento de relações

interpessoais de diferentes tipos e com diferentes interlocutores. Considero que

foi muito importante acompanhar de perto o diretor de turma, pois permitiu-me

perceber quais as suas funções e qual o seu papel na escola.

61

5.8 Conselhos de Turma

Desde sempre tive curiosidade em saber como funcionavam as reuniões

de conselho de turma. Ao longo deste ano letivo tive a possibilidade de

participar em cinco reuniões de conselho de turma: três realizadas no decorrer

do primeiro período e, as restantes, realizadas, respetivamente, no final do

segundo e terceiro períodos. A primeira reunião teve como objetivo conhecer

os professores que constituem o conselho de turma e apresentar os alunos aos

professores. A segunda reunião, para além da caraterização geral da turma,

com base na consulta dos respetivos processos individuais e informações

facultadas pelos docentes, tinha como objetivo realizar a avaliação intercalar de

cada aluno. A terceira, quarta e quinta reunião tinham como finalidade atribuir

as notas quantitativas às diferentes disciplinas e respetiva ratificação por todos

os membros do conselho de turma. Nestas reuniões procedia-se também à

partilha de informações e a uma análise cuidada da situação escolar de cada

aluno, tendo em atenção todos os fatores que pudessem repercutir-se no

desempenho dos mesmos. Eram ainda marcadas as fichas de avaliação e as

atividades extracurriculares a realizar pela turma.

Todas estas reuniões eram preparadas e lideradas pelo diretor de turma,

sendo assessorado por um docente que assumia as funções de secretário. A

partilha de informações permitiu-me conhecer e perceber melhor os alunos e,

ainda, tomar consciência que os discentes que mais perturbavam o normal

funcionamento das atividades programadas na minha disciplina também

apresentavam comportamentos disruptivos em outras aulas.

Em suma, considero uma mais-valia ter participado nestas reuniões, pois

para além de me ter ajudado a conhecer o papel do diretor de turma

permitiram-me ter uma visão mais global de cada um dos alunos.

5.9 Outras Experiências

De acordo com as normas reguladoras do EP, os professores

estagiários têm de lecionar a diferentes ciclos de ensino. Assim sendo, ao

longo do ano letivo lecionei a uma turma do 1º ciclo e a uma turma do 2º ciclo.

62

5.9.1 Experiência de lecionar ao 1º Ciclo

A partir deste EP, tive a possibilidade de lecionar a uma turma do 2º ano

do Agrupamento de escolas Pêro Vaz de Caminha, situada no centro de um

bairro social, sendo a turma constituída, maioritariamente, por alunos de

classes sociais desfavorecidas. Esta experiência decorreu durante o primeiro e

o segundo período tendo cada aula a duração de 60 minutos.

A EF, nesta faixa etária tem bastante importância uma vez que promove

o desenvolvimento integral do aluno, mais concretamente o desenvolvimento

das capacidades físicas, cognitivas e psicossociais. A partir das atividades de

Expressão Físico Motora as crianças têm oportunidade de conhecer o corpo e

o movimento através de situações de aprendizagem mais lúdicas. Tendo em

conta que os alunos no 1º ano de escolaridade não tiveram Expressões Físico

Motoras, comecei, no 1º Período, por abordar o Bloco de Deslocamentos e

Equilíbrios a partir de situações de aprendizagem básicas, como por exemplo o

rolar em cima de um colchão e o saltar por cima de um cone. Neste período,

também foi abordado o Bloco da Perícia e Manipulação, a partir de situações

de aprendizagem lúdicas simples.

Relativamente ao 2º período, os Blocos anteriores continuaram a estar

presentes, contudo, as situações de aprendizagem eram mais complexas. O

facto de a escola estar bem equipada possibilitou aos discentes contactarem

com diferentes tipos de materiais, como por exemplo os arcos e bolas de

diferentes tamanhos.

O principal problema durante este processo de ensino e aprendizagem

foi o comportamento dos discentes. Nesta faixa etária os alunos são bastante

irrequietos, faladores e pouco cumpridores de regras. Confesso que,

inicialmente, fiquei “em choque” devido ao comportamento dos alunos uns com

os outros, principalmente dos rapazes, pois alguns apesar de serem crianças,

já apresentavam comportamentos bastante agressivos e vocabulário

inadequado a uma sala de aula e à idade.

Perante estas situações, tive necessidade de criar estratégias

adequadas à faixa etária e que os fizessem perceber que não estavam a ter um

comportamento correto.

63

A primeira estratégia implementada foi a atribuição de medalhas de bom

comportamento. Em cada aula eram dadas duas medalhas aos alunos que

tivessem comportamento exemplar. A segunda estratégia foi criar um quadro

através de uma cartolina A4, onde na vertical estavam os nomes dos alunos e

na horizontal os dias em que decorriam as aulas. Em cada aula era colocado o

sinal mais (+) ou menos (-) à frente do nome do aluno correspondendo o sinal

mais a bom comportamento e o sinal menos correspondente a mau

comportamento. No final do ano letivo, o aluno que tivesse mais sinais positivos

ganhava uma medalha de bom comportamento. A terceira estratégia estava

relacionada com o diálogo individual e a uma consequência negativa através

da punição que, por norma, era a não participação do discente na atividade que

estava a ocorrer.

A primeira e a segunda estratégia tiveram efeito a curto prazo, pois,

numa fase inicial, os alunos apresentavam bom comportamento, mas, com o

decorrer das aulas, deixaram de atribuir importância às medalhas. A terceira

estratégia foi a que surtiu mais efeito. Através do diálogo e da punição os

alunos começaram a adotar posturas adequadas a uma aula.

Existem diferenças notórias no comportamento dos alunos nos

diferentes ciclos de ensino. No 1º ciclo a dimensão afetiva está mais presente

nos alunos. No início e no fim da aula procuravam sempre um gesto afetivo.

Face a esta diferença, é fundamental que os professores percebam que “ser

um bom professor é estar envolvido na docência na sua totalidade, a sua

prática é o resultado do saber, significa comprometimento consigo mesmo, com

o aluno, com a sociedade e a sua transformação. De uma forma clara e

subjetiva, acredita-se que o bom professor é aquele que faz com que o aluno

aprenda. E não importa para isso se ele precisa de ser pai, amigo, artista,

autoridade ou simplesmente professor, desde que entenda que os alunos são

seres humanos com necessidades diferentes e que as experiências vividas na

escola são para o resto da vida” .(Grillo, 2001, p. 78).

Em suma, esta experiência foi bastante enriquecedora para o meu

desenvolvimento profissional e pessoal. Não só me deu a conhecer outra

realidade escolar como também aprendi novas formas de atuação enquanto

docente.

64

5.9.2 Experiência de lecionar ao 2º Ciclo

No 2º período, tive oportunidade de lecionar uma turma do 5º ano na EB

2/3 Pêro Vaz de Caminha. Como não tinha qualquer informação sobre as

competências que os discentes tinham nas modalidades a lecionar realizei a

AD. Desta forma, foi possível concluir que os alunos se encontravam no nível

introdutório em todas as modalidades. Com base na AD, na análise do

programa nacional do 2º ciclo e do roulement dos espaços foram construídas

as unidades didáticas de ginástica artística, dança e futebol.

Ainda sobre o planeamento e organização das aulas, o modelo de

ensino utilizado foi o MID. No início desta experiência fui “determinando

explicitamente as regras e rotinas de gestão e acção dos alunos, de forma a

obter a máxima eficácia nas actividades desenvolvidas pelos alunos” (Mesquita

& Graça, 2011, p. 48).

Ao longo deste período, futebol e ginástica artística foram as

modalidades em que os alunos tiveram um melhor desempenho. Quanto à

modalidade de dança, inicialmente, era realizada com menos entusiamo

comparativamente com as outras modalidades A professora co-cooperante

propôs que os alunos teriam de apresentar uma coreografia aos encarregados

de educação e à comunidade escolar, no dia da AS durante o intervalo.

Esta estratégia revelou-se eficaz pois os alunos mostraram-se

empenhados e motivados para a realização de apresentações em público. A

atividade permitiu vivenciar momentos de interação, alegria e animação

envolvendo toda a comunidade educativa, implicando também os encarregados

de educação na vida da escola.

“Esta aula foi destinada à consolidação da coreografia de grupo e de um modo geral

correu bem. (..) No meu ponto de vista os alunos perceberam o pretendido e estou

confiante na apresentação da coreografia aos EE, pois de uma maneira geral todos

sabem os passos da mesma.”

(Reflexão da aula nº 70, dia 28/03/17)

No que diz respeito ao comportamento dos discentes, de um modo geral

eram educados, participativos e empenhados. Como já referi no capítulo

anterior, considero que este comportamento se deveu à minha postura pois,

65

desde início, estabeleci regras de funcionamento e adotei uma postura mais

autoritária. Com a aplicação destas estratégias as aulas tinham um bom

ambiente de aprendizagem.

“Relativamente ao comportamento dos alunos, este foi positivo os alunos participaram

empenhadamente nas tarefas propostas.”

(Reflexão da nº 44, dia 24 de janeiro de 2017)

“Relativamente ao comportamento dos alunos, de uma maneira geral os alunos

tiveram um comportamento bastante positivo e empenhado. Destaco que a turma está

controlada o que facilita a minha lecionação.”

(Reflexão da aula nº 62 e 63, dia 14/03/17)

“Destaco pela positiva o comportamento dos alunos, pois estes são empenhados e

estão motivados, o que origina que haja um bom clima de aprendizagem. Visto que a

turma tem tido um bom comportamento decidi dar um bónus e dedicar os últimos vinte

minutos a um torneio inter equipas.”

(Reflexão da aula nº 64, dia 8/03/17)

Faço um balanço bastante positivo desta experiência que me permitiu

conhecer outra realidade escolar e me proporcionou experimentar diferentes

estratégias de atuação. Pude perceber que “os professores conquistam o

respeito dos alunos, pela sua competência científica e pedagógica (..)O modo

como exercem a sua autoridade influencia o comportamento dos alunos”

(Estanqueiro, 2010, p. 61).

Saliento ainda o facto de a professora co-cooperante ter estado presente

em todas as aulas possibilitou a partilha de conhecimento e vivencias que

permitiu aumentar os meus conhecimentos e melhorar a minha atuação

enquanto docente.

“(..) Saí com sentimento de dever cumprido”

(Reflexão da aula nº 65 e 66, dia 16 de março de 2017)

66

67

6. Desenvolvimento Profissional

68

69

Move To Stop Depression

Resumo

Na fase da adolescência, os adolescentes deparam-se com alterações

corporais, emocionais e pressões sociais que, se não forem corretamente

ultrapassadas, podem provocar sentimentos de tristeza, isolamento, perda de

interesse e conduzir a um estado depressivo. No início deste ano letivo,

percebi-me que uma aluna, de uma turma, apresentava uma atitude menos

positiva em relação ao seu corpo e baixa autoestima. De modo a entender o

problema fui-me aproximando da discente através do estabelecimento de

diálogos informais. Estes revelaram-se cruciais permitindo conquistar a sua

confiança, ao ponto de desabafar comigo sobre os problemas que a afetavam

nomeadamente, os escolares e de saúde – depressão. O projeto de

intervenção desenvolvido neste estabelecimento de ensino e intitulado Move to

Stop Depression, consistiu em sessões de treino funcional que aliaram o

exercício físico à importância de uma alimentação saudável. O objetivo foi

identificar as influências de um programa de exercício físico no bem-estar de

uma adolescente com depressão. As sessões de treino individualizadas

centravam-se num circuito funcional, uma vez por semana, com duração de

quarenta minutos e durante um período de três meses, complementadas com

sessões de esclarecimento sobre hábitos alimentares. Para a recolha de dados

foi aplicado o questionário Self-Esteem Scale, adaptado para a versão

portuguesa por Pechorro et al. (2011). Por fim, para avaliar os efeitos da

aplicação deste programa a adolescente respondeu a um questionário com

sete questões abertas. O programa teve efeitos positivos ligeiros na satisfação

corporal, com uma ligeira redução do Índice de Massa Corporal. Contudo, esta

intervenção precisava de ser aplicada mais vezes por semana e durante mais

tempo para que ocorressem mais e melhores resultados. Entende-se que este

programa de exercício físico deveria ser acompanhado por profissionais de

outras áreas, nomeadamente da área da psicologia e da nutrição.

PALAVRAS-CHAVE: EXERCÍCIO FÍSICO; ADOLESCÊNCIA; DEPRESSÃO;

TREINO FUNCIONAL.

70

6.1 Introdução

Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 300 milhões de

pessoas sofrem de depressão, sendo esta a 4ª doença que mais mortes

provoca. A depressão é uma doença mental e carateriza-se por um sentimento

de tristeza profundo provocando a perda de interesse e prazer pelas atividades

diárias.

De acordo com Birmaher et al. (1996) mais de metade dos adultos com

depressão teve a doença antes dos 20 anos. Na fase da adolescência os

jovens deparam-se com alterações corporais e pressões sociais que podem

provocar patologias como a depressão (Furegato, 2008; Patrício, 2000).

Porém, existem acontecimentos como, por exemplo, perdas na infância,

separação dos pais e fim de relações amorosas que podem induzir a

depressão (Townsend, 2003).

A depressão tem consequências psicológicas, biológicas e sociais,

influenciando desta forma, a qualidade de vida do indivíduo (Vaz, 2003). No

que diz respeito aos sinais e aos sintomas depressivos concluiu-se que a

tristeza profunda, as alterações de humor e de sono, o isolamento, a baixa

autoestima, a diminuição do desempenho escolar e a diminuição de

concentração e energia são os principais sintomas de um adolescente

deprimido (Bahls, 2003). Outros autores acrescentam que à medida que os

sintomas de depressão evoluem, podem surgir pensamentos suicidas

(American Psychiatric Association, 2013).

Baron e Campbell (1993) fazem a distinção entre os sintomas

depressivos dos adolescentes do sexo feminino e do sexo masculino.

Relativamente às adolescentes, estas apresentam uma maior frequência de

baixa autoestima, sentimentos de tristeza e menor satisfação pelo próprio

corpo. Estes sintomas podem explicar a conclusão de Hoeksema e Girgus

(1994), de que o sexo feminino tem maior prevalência em ter depressão. Na

adolescência a imagem corporal é uma das grandes preocupações que as

jovens têm porque, na sociedade atual, o ideal de beleza é sinónimo de ser

magro (Brenner & Cunningham, 1992). Num estudo realizado por Canpolat et

al. (2005) as jovens revelam insatisfação corporal mencionando que desejam

ser mais magras. O facto de não gostarem do seu corpo proporciona baixa

71

autoestima que, por sua vez, causa sentimentos de profunda tristeza. A

insatisfação com o corpo tem sido alvo de muitas investigações pois, segundo

alguns estudos, promove transtornos psicológicos, nomeadamente a

depressão (e.g.Neumark-Sztainer et al., 2006).

De acordo com Walsh e Devlin (1998), a preocupação constante pelo

corpo perfeito e a pressão em permanência da comunicação social pode

conduzir a que jovens e adultos tenham uma alimentação pobre. É na fase da

adolescência que a insatisfação corporal é o principal motivo de uma

alimentação pobre e do aparecimento de desordens alimentares (Cash &

Brown, 1989). Vários estudos mencionam que uma fraca alimentação pode

originar a depressão (e.g.Akbaraly et al., 2009). Assim, é importante

incrementar, desde cedo, uma alimentação variada e saudável. Segundo

investigadores, verificou-se que os países mediterrâneos têm menor taxa de

depressão (e.g.Kovess-Masfety et al., 2007). Durão e Oliveira (2003) explicam

que estes países têm uma alimentação rica em vitaminas e à base de ómega 3

(salmão, sardinha, atum, marisco), legumes, frutos, frutos oleaginosos e azeite)

tendo estes alimentos um efeito protetor contra a depressão.

A literatura apresenta como formas possíveis de tratamento: da doença

a utilização de medicação, a psicoterapia e a associação das duas formas

anteriores Porém, o exercício físico, tem apresentado efeitos positivos em

indivíduos depressivos (Bahls, 2003). Vários estudos, realizados ao longo dos

anos, mostram que a prática de exercício físico tem benefícios fisiológicos e

psicológicos, uma vez que, melhora a sensação de bem-estar, o humor e a

autoestima, ajudando a combater o estado depressivo (e.g.Scully et al., 1998).

Craft e Landers (1998) vão mais longe e mencionam que o exercício físico é

tão eficaz no tratamento da depressão como a medicação, apresentando ainda

a vantagem de este ser mais saudável e mais económico.

No que diz respeito ao tipo de exercício físico e à intensidade, os

estudos são controversos. Enquanto para Berger e Owen (1998) o programa

de treino ideal deve ser composto por exercícios aeróbios, de intensidade

moderada e com duração de 20 a 40 minutos, para Norvell e Belles (1993) o

treino de força de baixa intensidade contribui para a melhoria no estado de

humor. Porém, e concordando com Mesquita (2013), o programa de exercício

deve ser gradual e com uma intensidade de baixa a moderada de modo a

72

garantir a adesão do doente, pois no exercício físico de alta intensidade os

doentes aderem menos (Dishman & Buckworth, 1996). Para além disso, deve

alternar-se o exercício físico do tipo anaeróbico com o aeróbico.

Considerando que os adolescentes passam grande parte do seu tempo

nas escolas é fundamental que estas criem projetos que ajudem a prevenir e

resolver alguns dos problemas com que estes se deparam.

Com base no problema detetado na ESFV foi planeado e posto em

prática o projeto de intervenção e ação Move To Stop Depression que visa

promover o exercício físico e a alimentação como “medicamento” para a

melhoria do bem-estar físico e psicológico de uma aluna com depressão. A

designação Move To Stop Depression nasceu com base na importância de os

jovens serem ativos e praticarem exercício físico de modo a prevenir ou

melhorar a qualidade de vida de um jovem depressivo.

O projeto foi realizado durante dez semanas, mais concretamente

durante três meses. Inicialmente, estas sessões, eram planeadas de acordo

com a modalidade que estava a ser lecionada na aula de EF que a aluna

frequentava. Porém, o planeamento, teve de ser alterado em resultado de a

aluna ter anulado a matrícula a esta disciplina. Assim, a partir desse momento,

o programa de treino foi composto por um circuito de treino com exercícios

funcionais.

6.2 Objetivos de estudo

6.2.1 Objetivos Gerais

Identificar o efeito de um programa de exercício físico no bem-estar de

uma aluna diagnosticada com depressão.

6.2.2 Objetivos Específicos

Analisar o Índice de Massa Corporal da aluna;

Identificar o efeito do exercício físico nos níveis da autoestima da

discente;

Analisar a perceção da aluna em relação ao programa de treino.

73

6.3 Metodologia

6.3.1 Amostra

O projeto de intervenção foi aplicado a uma aluna, com dezassete anos,

do ensino secundário da ESFV.

A discente, antes de iniciar o projeto, apresentava um olhar triste,

abatimento profundo, desânimo e baixa autoestima, que se refletia, entre

outras, na forma como se vestia – roupas largas. A aluna, sujeita a retenção no

ano letivo anterior, tinha dificuldades em se concentrar, embora apresentasse

classificações superiores a dez valores.

Através dos diálogos estabelecidos com a aluna, apercebi-me que a

adolescente estava constantemente a falar das suas experiências negativas. A

nível fisionómico a aluna apresentava excesso de peso, o seu índice de Massa

Corporal era de 27. Este valor é justificado pelo estilo de vida sedentário e pelo

tipo de alimentação baseada, essencialmente, em hidratos de carbono (massa,

arroz, bolachas e pão). Vegetais, a sopa e o peixe não faziam parte da

alimentação. As refeições na escola eram constituídas por sandes, salada de

fruta e bolachas.

Desde 2015 a aluna é seguida em consultas de psiquiatria do Hospital

de São João.

6.3.2 Procedimento de Recolha de Dados

Uma vez que iria utilizar as instalações da escola para a implementar o

projeto, foi necessário obter o consentimento por parte da Direção da Escola

(anexo 7). Dado tratar-se de uma aluna menor de idade, foi necessário solicitar

o consentimento informado e esclarecido da aluna e do seu encarregado de

educação (anexo 8) para a participação no programa de treino.

O projeto de intervenção Move To Stop Depression foi realizado no 2º

período escolar, ao longo de três meses. O horário foi estabelecido de acordo

com a disponibilidade da adolescente. Após a análise do horário da discente,

ficou decidido que as sessões de treino realizar-se-iam às sextas-feiras, entre

as 13:40 e as 14:25. No total, foram realizadas dez sessões de treino, com

duração de quarenta minutos.

74

6.3.2.1 Avaliação do Índice Massa Corporal

O índice de massa corporal foi calculado através da fórmula: [peso (Kg)

/ altura2 (m)] e avaliado no início e no fim do programa. Para avaliar o peso da

aluna foi utilizada uma balança digital e uma fita métrica para determinar a sua

altura.

6.3.2.2 Avaliação da Autoestima

Foi aplicado o questionário Self-Esteem Scale elaborado por Rosenberg,

adaptado para a versão portuguesa por Pechorro et al. (2011) (anexo 9), com o

objetivo de avaliar a autoestima. Foi aplicado em dois momentos distintos, no

início e no fim do programa. Este questionário é composto por dez afirmações

relacionadas com a aceitação e os sentimentos que o indivíduo tem por si.

Para cada afirmação existem quatro opções de resposta (4 = concordo

totalmente; 3 = concordo; 2 = discordo e 1 = discordo totalmente).

6.3.2.4 Diálogos Informais

Em todas as sessões, ocorreram diálogos informais, que permitiram-me

perceber como a adolescente se estava a sentir, ao longo da implementação

do Move To Stop Depressione, ainda, conhecer os seus hábitos alimentares.

6.3.2.3 Avaliação da Perceção da Aluna em Relação ao

Programa Move To Stop Depression

Com o objetivo de avaliar o programa e verificar os efeitos na aluna foi

elaborado um questionário com sete questões abertas (anexo 10).

6.3.3 Programa de Treino do Projeto de Intervenção

Este projeto foi aplicado durante o 2º período, fazendo um total de dez

sessões de treino.

Relativamente às sessões, estavam estruturadas em três partes: parte

inicial, parte fundamental e parte final. A parte inicial tinha duração de dez

minutos e consistia numa corrida à volta do espaço de treino. A parte

fundamental tinha duração de vinte e um minutos e era constituída por um

circuito de treino funcional, com os exercícios que se encontram na tabela 1.

Este circuito era composto por três séries e entre séries a aluna descansava

um minuto. Cada exercício tinha duração de trinta segundos e entre exercícios

75

a discente descansava vinte segundos. Por fim, na parte final a aluna

caminhava à volta do espaço de treino durante dez minutos. Nesta parte,

aproveitava para através de diálogo ficar a conhecer a aluna.

Inicialmente a adolescente tinha um estilo de vida sedentário, revelando

algumas dificuldades em realizar alguns dos exercícios do circuito de treino

funcional, como também em cumprir com a duração dos exercícios. Por isso,

houve a necessidade de acompanhar constantemente a execução dos

exercícios através de feedbacks corretivos e positivos e necessário adaptar a

duração dos exercícios e das séries sempre que a aluna se sentisse fatigada.

Tabela 1 Exercícios do Programa Move To Stop Depression

Exercícios Descrição

1. Saltar à corda

A aluna coloca-se numa posição confortável e agarra a corda; no momento

em que a corda passa por baixo dos pés realiza a flexão dos joelhos.

2. Afundo A aluna encontra-se de pé, com os pés afastados. No momento que avança o

pé que está atrás, flete o joelho. O tronco deve estar o mais vertical possível.

3. Lançamento da

bola medicinal A aluna lança a bola medicinal contra a parede.

4. Crunch com Fitball A aluna encontra-se deitada em decúbito dorsal na Fitball e realiza ligeira

flexão do tronco à frente.

5. Swing com

Kettlebell A aluna realiza um movimento pendular do kettlebell.

6. Agilidade em

escada horizontal A aluna realiza saltos unipedais.

7. Press de ombros

com elástico A aluna empurra o elástico.

8. Agachamentos

A aluna coloca os pés à largura dos ombros e flete as pernas até os joelhos

formarem um ângulo de 90 graus. Logo de seguida, volta a esticar as pernas

fazendo pressão com os calcanhares e contraindo os glúteos.

9. Flexões A aluna realiza as flexões com os joelhos apoiados no chão. As mãos deverão

estar colocadas debaixo dos ombros e à largura destes.

76

6.4 Apresentação dos Resultados

6.4.1 Índice de Massa Corporal

Comparativamente com a avaliação inicial verificou-se uma ligeira

melhoria no Índice de Massa Corporal no final do projeto. No início do projeto a

aluna pesava 76 quilogramas e seu índice de massa corporal era de 27. No

final do projeto o peso era de 73 quilogramas e o Índice de Massa Corporal era

de 26. Este resultado ocorre devido ao facto de, em todas as sessões, terem

sido promovidos hábitos e estilos de vida saudável. Porém, ainda é visível que

a aluna não se encontra na zona saudável.

6.4.2 Autoestima

No início e do fim do projeto Move To Stop Depression a aluna

preencheu o questionário relativo a autoestima (Tabela 2).

Tabela 2 - Respostas ao questionário Self-Esteem Scale

Afirmações Resposta no início do

Projeto Resposta no fim do

Projeto

Globalmente estou satisfeito(a)

comigo próprio(a). Nem concordo nem discordo Nem concordo nem discordo

Por vezes penso que não sou

bom/boa em nada. Concordo Nem concordo nem discordo

Sinto que tenho algumas qualidades Nem concordo nem discordo Concordo

Sinto que não tenho muito que me

orgulhar. Nem concordo nem discordo Discordo

Por vezes sinto-me de facto, um(a)

inútil. Nem concordo nem discordo Discordo

Sinto-me uma pessoa de valor, pelo

menos tanto quanto a generalidade

das pessoas.

Nem concordo nem discordo Nem concordo nem discordo

Gostaria de ter mais respeito por mim

próprio(a). Nem concordo nem discordo Nem concordo nem discordo

Bem vistas as coisas, inclino-me a

sentir que sou um(a) falhado(a). Discordo Discordo

Adoto uma atitude positiva para

comigo Nem concordo nem discordo Nem concordo nem discordo

Após a análise e comparação das respostas obtidas ao questionário

pode concluir-se que houve uma ligeira alteração das respostas dadas, no

77

início e no fim do projeto. Esta alteração surge, principalmente, nas questões

relacionadas com a imagem que tem sobre si mesma.

O meu acompanhamento semanal permitiu-me constatar que se de

início a aluna não tinha grande cuidado com a sua imagem e nem apresentava

sinais de alguma vaidade (por exemplo, usava camisolas muito largas) no final

do projeto verificou-se que a aluna tem mais cuidado com a imagem, segue

algumas tendências de moda (túnicas mais justas) e começou a usar alguma

maquilhagem (batom cor de rosa).

Apesar de na última afirmação do questionário, a aluna ter respondido

“que não concorda nem discorda que adota uma atitude positiva para consigo”

mediante as alterações observadas, desde a implementação do projeto, posso

concluir que a aluna já tem uma atitude mais positiva sobre si . Poderemos

afirmar que se registou uma ligeira melhoria na autoestima da aluna.

6.4.3 Avaliação da Perceção da Aluna em Relação ao Programa

Move To Stop Depression

Na última sessão de treino a aluna respondeu a um questionário que

permitiu-me avaliar a aplicação do projeto de intervenção (Tabela 3).

Tabela 3 - Respostas ao questionário de avaliação do programa

Afirmações Respostas

1. O que achas atualmente do teu corpo? Ainda não estou satisfeita com o meu corpo.

2. Consideras que o exercício físico é importante?

Se sim, porquê?

Sim, porque cansa o corpo que por sua vez ajuda-

me a descansar melhor. Ajuda-me também a ter

melhor físico.

3. O que sentes durante as sessões de treino? Que estou a ajudar e tratar da minha saúde física e

mental.

4. Gostas deste tipo de treino? Sim

5.Consideras a intensidade dos treinos adequada? Sim

6. Sentes que o exercício físico muda o teu estado de espírito?

Sim

7 - Consideradas que deveria de haver mais

programas deste tipo nas escolas? Sim

78

Com base nas respostas pode concluir-se que a aluna reconheceu a

importância do exercício físico no seu bem-estar físico e psicológico, pois

ajudou-a a melhorar o seu peso, a descansar melhor durante a noite e trouxe

benefícios no seu estado de espírito. No entanto, a aluna ainda não está

satisfeita com o seu corpo. A curta duração do projeto (3 meses) e a frequência

das sessões (uma vez por semana) constituíram as limitações deste estudo e,

no meu entender, inviabilizou o alcance de resultados mais expressivos.

Contudo, devido a este acompanhamento individualizado, a aluna ganhou

motivação para começar a praticar exercício físico de uma forma mais regular.

Relativamente ao programa Move To Stop Depression, a discente

gostou do tipo de treino que foi implementado considerando que o mesmo foi

adequado. Para além disso, realça que é fundamental que as escolas apostem

em projetos similares a este.

6.4.4 Diálogos Informais

Os diálogos foram o elemento chave deste projeto porque permitiram-me

aproximar e estabelecer uma relação de confiança com a aluna. Antes, durante

e após o circuito de exercícios realizei diálogos com a discente.

Tendo em conta que as sessões de treino se realizavam à sexta-feira e

depois das aulas da manhã, antes de iniciar a sessão de treino perguntava

sempre como tinha corrido o dia. Desde o início do projeto a aluna queixava-se

que estava fatigada. Durante as sessões de treino, dei sobretudo feedbacks

positivos com o objetivo de esta cumprir e aumentar a motivação perante o

programa de exercícios. Paralelamente, foi sempre reforçada a importância de

a aluna praticar atividade física fora da escola. Inicialmente, esta justificava-se

com o facto de ter que estudar. Contudo, desde início, mostrou sempre

insatisfação corporal. Nas últimas semanas do projeto, informou-me que tinha

começado a praticar exercício físico através da realização de caminhadas (aos

fins de semana).

Durante as primeiras duas semanas de projeto a aluna apresentava um

discurso negativo relatando, constantemente, as experiências negativas que foi

tendo ao longo dos anos (sofreu de bullying, os pais enfrentaram uma crise

financeira e, por fim, passou por uma desilusão amorosa). Para além disso,

79

confessou desde início que não estava satisfeita com o seu peso e evitava usar

calções e vestidos.

Tendo em conta que não tenho formação na área de psicologia, recorri

aos meus valores e à minha atitude positiva perante a vida e ao exercício físico

para ajudar a aluna a ser mais feliz. Ultrapassada esta necessidade em

desabafar, os diálogos tiveram como tema principal estilos de vida saudável.

Atendendo ao excesso de peso apresentado pela aluna e da necessidade de

aliar o exercício físico a uma alimentação saudável, comecei por questionar a

discente sobre os seus hábitos alimentares. Constatei que o excesso de peso

poderia, em parte, ser explicado pela ausência de hábitos alimentares

saudáveis uma vez que eram privilegiados os hidratos de carbono e

negligenciados outros grupos alimentares nomeadamente, fibras e vitaminas.

Perante esta situação, foi desenvolvido uma apresentação Power Point (anexo

11) que esclareceu aspetos importantes de como ter uma alimentação

saudável.

Em suma, considero que o diálogo foi o instrumento fundamental para

que aluna se sentisse motivada e empenhada durante todo o projeto.

6.5 Conclusão

Apesar deste projeto de intervenção ser implementado uma vez por

semana, durante dez semanas, registou ligeiras alterações no índice de massa

corporal e na autoestima da aluna. Se inicialmente a aluna apresentava um

peso corporal de 76 qui logramas e com baixa autoestima, atualmente a

discente pesa 73 quilogramas e apresenta uma autoestima mais positiva.

Contudo, ainda não está satisfeita com o seu peso corporal.

Considero que os diálogos informais também tiveram um papel

importante neste projeto porque através deles que consegui manter a aluna

motivada para realizar os programas de treino e enfatizar a importância de um

estilo de vida ativo e saudável. Com base na afirmação da aluna o programa

“ajudou a tratar da saúde física e mental” assim sendo, posso concluir que o

programa teve efeito positivo na vida da mesma.

Tendo em conta a conjuntura atual do País em que os pais passam mais

tempo no emprego do que com os filhos, ao número de horas diárias de aulas

80

que os alunos têm, a escola assume um papel muito importante no

desenvolvimento dos jovens. Atualmente, a escola está bastante focada nos

desempenhos escolares dos alunos esquecendo por vezes outros aspetos que

são importantes para os jovens serem felizes.

Relativamente à fase da adolescência, esta requer maior atenção por

parte dos pais, professores e auxiliares, pois é nesta fase que os adolescentes

se deparam com pressões sociais e são constantemente confrontados com o

ideal de beleza, chegando até mesmo originar sentimentos de insatisfação e de

tristeza que podem ser determinantes no aparecimento de doenças

psicológicas. Uma vez que a prática de exercício físico tem benefícios

psicológicos, proporciona bem-estar, melhora autoestima e diminui os sintomas

de depressão é fundamental que a escola enquanto promotora de hábitos de

vida saudáveis desenvolva e implemente projetos direcionados na área da

educação para a saúde que normalmente as escolas apresentam.

Através deste estudo, pude confirmar que ser professor é muito mais do

que lecionar. Particularmente, os professores de EF para além de proporcionar

que o aluno se desenvolva a nível cognitivo, é responsável por este se

desenvolver a nível afetivo, social e motor, contribuindo para o completo bem-

estar físico, psíquico e social. Através do exercício físico o professor de EF

consegue ajudar os alunos a serem melhores cidadãos, mais ativos, mais

saudáveis e sobretudo mais felizes.

81

6.6 Referências Bibliográficas

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83

84

7. Considerações Finais e Perspetivas para o

Futuro

85

86

7. Considerações Finais e Perspetivas para o Futuro

Ao longo do EP, procurei conhecer os meus alunos, as suas

capacidades, estar atenta a fatores que pudessem ter reflexos no seu

desempenho escolar, às suas dificuldades, aos seus interesses, de forma a

melhor compreendê-los e poder ajudá-los, mostrando-me disponível para

responder às solicitações, quer dentro, quer fora da aula. Esforcei-me por

integrar e valorizar as intervenções de todos os alunos, tentando atenuar

algumas intervenções depreciativas dos restantes colegas da turma, bem como

favorecer a autonomia, segurança e a autoestima de cada aluno.

É com alegria e orgulho que chego ao fim do EP. Nem todas as minhas

expetativas iniciais foram ao encontro da realidade principalmente as que

estavam relacionadas com a minha turma residente. Ao longo desta viagem fui

confrontada por experiências difíceis, na turma residente, mas que me

enriqueceram, tornaram-me mais forte e ajudaram-me a desenvolver a minha

identidade profissional. Se tivesse a oportunidade de voltar atrás no tempo,

escolheria a mesma turma residente, porque as experiências que vivenciei

proporcionaram que este ano fosse repleto de aprendizagens. Contudo,

adotaria desde início uma postura menos permissiva. Tendo em conta, que o

EP é um processo de aprendizagem, sinto que os meus objetivos foram

atingidos e que desempenhei empenhadamente o meu papel.

De um modo geral, faço um balanço bastante positivo, pois este EP não

só me proporcionou novas aprendizagens, como me permitiu colocar em

prática tudo o que aprendi ao longo de quatro anos de formação.

Encaro este fim, como o início do meu sonho: ser professora de EF.

Tendo em conta a situação do meu país, tenho consciência que atualmente é

difícil cumprir o meu sonho e por isso tenciono emigrar com a certeza que vou

dar o meu melhor.

87

88

8. Referências Bibliográficas

89

90

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XXIII

Anexos

XXIV

XXV

Anexo 1 – Ficha de Caraterização Individual

Ficha de Caraterização Individual do Aluno

.

1. Dados Pessoais

Nome: Sexo: M F Ano/Turma: N.º

Que idade tens até

31/12/2016:_____ Morada:

Concelho: Freguesia:

Meio de transporte utilizado na deslocação para a escola:

Se a deslocação para escola for a pé quanto tempo

demoras:

Tens acesso à internet em casa? Sim Não Email:

2. Dados Familiares

Nome do Pai: Idade: ___

Habilitação Literária: Profissão:

Nome da Mãe: Idade: ___

Habilitação Literária: Profissão:

Encarregado de

Educação:

Profissão:

3. Vida Escolar e Perspetivas Futuras

Já ficaste retido em algum ano? Sim Não Se sim, em qual/quais?

Disciplinas que mais gostas:

Disciplinas que menos gostas:

Classificação do ano anterior (Ed.

Física) Modalidades desportivas favoritas:

Modalidades que gostas menos:

Já participaste no desporto escolar? Sim Não Que modalidade(s)?

Pretendes participar no desporto escolar? Sim Não Que modalidade(s)?

Até quando pretendes estudar? 12.º Ano Licenciatura Mestrado Doutoramento

Que profissão gostarias de exercer no

futuro?

4. Passado/Atual Desportivo

Praticas alguma modalidade desportiva? Sim Não Qual/quais?

Há quanto tempo? Quantos treinos/horas por semana? Como Federado?

Já praticaste alguma modalidade desportiva? Sim Não Qual/quais?

XXVI

Se já praticaste e abandonaste quais os motivos?

5. Saúde e Hábitos de Vida

Tens problemas de audição? Sim Não Tens problemas de visão? Sim Não

Tens alergias? Sim Não

Se sim, qual/quais?

Tens doenças respiratórias? Sim Não

Se sim, qual/quais?

És portador de alguma doença impeditiva da prática de atividade física? Sim Não

Se sim, qual/quais?

Já tiveste alguma lesão? Qual/quais?

Já foste operado? A quê?

XXVII

Anexo 2 – Planeamento Anual

XXVIII

Anexo 3 – Exemplo de um Plano de Aula

Plano de Aula Professor: Ano/Turma: Nº alunos: Local:

Aula: Sessão: Data: Hora: Material:

UT/UD: Duração: Tempo útil:

Função Didática:

Conteúdos:

Objetivos

da aula :

HM

FT/CF

CD

CPS

Objetivos

comportamentais

Situação de aprendizagem |

Organização didático metodológica

Componentes Críticas

Inic

ial

Fun

dam

enta

l

Fin

al

XXIX

Anexo 4 – Ficha de registo de observação nº1

Prof. Observado: ________________________ Ano: ____ Turma: ____ Aula nº: ___

Observação nº: _____ Unidade Didática: _________________

Data: ___/___/___ Hora: ___.___ Local: ___ ____ ª Aula dum total de ____

1º Momento – Objetivo: Ganhar a confiança e estabelecer o controlo

Apreciação global:

Interacções

Controlo Ativo – Visão / Deslocamentos / Prox imidade Física / Atenção Constante à Prática

Clima de Aprendizagem – Consistência / Encorajamento

A Disciplina – Prevenção e Remediação

O Professor

Postura, Voz, Afetiv idade

Comportamentos – Instrução / Feedback / Organização / Movimentação / Resolução de Problemas / Observação / Registos

As Atividades da Aula

Situações de Aprendizagem – Tempo / Variedade / Adequação e Sequência / Ritmo / Segurança / Agradabilidade / Com o fundamental do

Conteúdo e da Estrutura Organizativ a

Os Alunos

Reação às atividades / Participação / Desempenho

Comportamentos – Ativ idade Motora / Demonstração / Ajuda / Atenção à Informação / Espera / Deslocamentos / Fora de Tarefa / Manipulação

de Materiais

XXX

Anexo 5– Ficha de registo de observação nº2

Prof. Observado: ________________________ Ano: ____ Turma: ____ Aula nº: ___

Observação nº: _____ Unidade Didática: _________________

Data: ___/___/___ Hora: ___.___ Local: ___ ____ ª Aula dum total de ____

2º Momento – Objetivo: Rentabilizar maximamente o tempo de aula – Gestão

Apreciação global:

Os Alunos

Reação às atividades / Participação / Desempenho

Comportamentos – Ativ idade Motora / Demonstração / Ajuda / Atenção à Informação / Espera / Deslocamentos / Fora de Tarefa / Manipulação

de Material

Rotinas Organizativas

Antes da Prática – Formação de Grupos / Estabelecimento de Sinais / Autonomização dos Alunos nas Rotinas Organizativas

Durante a Prática – Episódios de Organização / Transições / Gestão de Espaços e Materiais

O Professor

Postura, Voz, Afetiv idade

Comportamentos – Instrução / Feedback / Organização / Movimentação / Resolução de Problemas / Observação / Registos

As Atividades da Aula

Situações de Aprendizagem – Tempo / Variedade / Adequação e Sequência / Ritmo / Segurança / Agradabilidade / Com o fundamental do Conteúdo e da Estrutura Organizativ a

Interacções

Controlo Ativo – Visão / Deslocamentos / Prox imidade Física / Atenção Constante à Prática

Clima de Aprendizagem – Consistência / Encorajamento

A Disciplina – Prev enção e Remediação

XXXI

Anexo 6 – Ficha de registo de observação nº3

Prof. Observado: ________________________ Ano: ____ Turma: ____ Aula nº: ___

Observação nº: _____ Unidade Didática: _________________

Data: ___/___/___ Hora: ___.___ Local: ___ ____ ª Aula dum total de ____

3º Momento – Objetivo: Melhorar a qualidade da informação - Instrução

Apreciação global:

O Professor

Postura, Voz, Afetiv idade

Comportamentos – Instrução / Feedback / Organização / Movimentação / Resolução de Problemas / Observação / Registos

Técnicas de Instrução / Correção

Exposição / Demonstração / Questionamento / Alunos como Agentes de Ensino

Apresentação da Informação (o que dizer e como dizer) / Feedbacks (como, quando e porquê)

Os Alunos

Reação às atividades / Participação / Desempenho

Comportamentos – Atividade Motora / Demonstração / Ajuda / Atenção à Informação / Espera / Deslocamentos / Fora de Tarefa / Manipulação

de Material

As Actividades da Aula

Situações de Aprendizagem – Tempo / Variedade / Adequação e Sequência / Ritmo / Segurança / Agradabilidade / Com o fundamental do

Conteúdo e da Estrutura Organizativ a

Interações

Controlo Ativo – Visão / Deslocamentos / Prox imidade Física / Atenção Constante à Prática

Clima de Aprendizagem – Consistência / Encorajamento

A Disciplina – Prev enção e Remediação

XXXII

Anexo 7 – Documento de Autorização

XXXIII

Anexo 8 – Documento de Consentimento

XXXIV

Anexo 9 - Questionário Self-Esteem Scale

XXXV

Anexo 10- Questionário de Avaliação do Programa

Questionário

1. Estás satisfeita com o teu corpo?

__________________________________________________________

__________________________________________________________

2. Consideras que o exercício físico é importante? Porquê?

__________________________________________________________

__________________________________________________________

3. O que sentes durante as sessões de treino?

__________________________________________________________

__________________________________________________________

4. Gostas do treino de força muscular? Se sim porquê?

__________________________________________________________

__________________________________________________________

5. No teu ponto de vista, a intensidade dos treinos é adequada?

__________________________________________________________

__________________________________________________________

6. Sentes que o exercício físico muda o teu estado de espírito?

__________________________________________________________

__________________________________________________________

7. Consideras que deveria de haver mais programas deste género nas

escolas?

__________________________________________________________

__________________________________________________________

XXXVI

Anexo 11- Apresentação Power Point - Alimentação Saudável

XXXVII

XXXVIII

XXXIX

XL