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VidaBosch Recicle a informação: passe esta revista adiante André Klotz Depois do poste, o bicampeonato Antes de se consagrar na F-1, Fittipaldi destruiu um Porsche nas ruas de São Paulo Sem lousa, com diploma Número de matrículas no ensino à distância cresce 600% em três anos Novembro | Dezembro de 2010 | Janeiro de 2011 • nº 23

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VidaBoschRecicle a informação: passe esta revista adiante

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Depois do poste, o bicampeonato Antes de se consagrar na F-1, Fittipaldi

destruiu um Porsche nas ruas de São Paulo

Sem lousa, com diploma Número de matrículas no ensino à

distância cresce 600% em três anos

Novembro | Dezembro de 2010 | Janeiro de 2011 • nº 23

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editorial

O ano de 2010 foi excelente para a VidaBosch. Mas temos certeza de que 2011 será ainda melhor: serão comemorados 125 anos do Grupo Bosch e 150 anos do nascimento do seu fundador, Robert Bosch.Esse duplo aniversário é motivo de orgulho para a Bosch, mas é espe-cialmente importante enfatizar que essa história só pode ser boa se for percebida e levada adiante. Por isso, em todas as edições de 2011 vamos compartilhar com vocês a trajetória da empresa e contar como ela se for-talece do seu passado para superar os desafios do futuro. Assim, reforçamos o compromisso da Bosch para o futuro e o princípio de sua estratégia corporativa, que se resume em apenas quatro palavras: “Tecnologia para a vida”. Um ótimo Natal e um excelente 2011!

Boa leituraA Redação

Vai começar umano muito especial

Expediente

VidaBosch é uma publicação trimestral da Robert Bosch Ltda., desenvolvida pelo dep-to. de Corporate and Marketing Communi-cation, Brand Management and Call Center (RBLA/COM1). Dúvidas, reclamações ou su-gestões, fale com o SAC Bosch: (011) 2126-1950 (Grande São Paulo) e 0800-7045446 ou www.bosch.com.br/contato

Produção, reportagem e edição: Pri maPagina (www.primapagina.com.br), tel. (11) 3512-2100 / [email protected] • Projeto gráfico, direção de arte e diagramação: Buono Disegno (www.buonodisegno.com.br), tel. (11) 3512-2122 • Tratamento de imagem e fi nalização: Inovater • Impressão: Gráfica Ideal • Revisão: Dayane Pal ([email protected]) • Jornalista responsável: Jaime Spitzcovsky (DRT-SP 26479)

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Vídeo - O sistema que evita 80% dos acidentes em derrapagens

Site - A página da Bosch que treina mecânicos de todo o Brasil

Site - Conheça a linha de bombas pressurizadas da Bosch

Site - Veja do que os motores de bicicleta são capazes

Sumário

viagem | Que bons ventos o levem para Jericoacoara, no Ceará

eu e meu carro | As barbeiragens e manobras incríveis de Emerson Fittipaldi

torque e potência | A onda flex está prestes a desaguar no mercado diesel

em casa | Insípida, inodora e incolor – e indispensável à decoração

tendências | Quem disse que andar de bicicleta significa pedalar?

grandes obras | Antes tido como inviável, porto de Rio Grande continua a crescer

Brasil cresce | Quando o diploma é de papel, mas as aulas são virtuais

atitude cidadã | Por que a primeira infância tem de ser a primeira prioridade

aquilo deu nisso | Sistemas automatizados aposentam a ordenha manual

saudável e gostoso | Maracujá conjuga o doce e o amargo na ponta da língua

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eu e meu carro

em casa

tendências

Brasil cresce

Destaques on-line | www.vidabosch.com.br

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Moldada pelo ventoJericoacoara, no Ceará, deve boa parte de seus encantos àsventanias, que formaram as dunas e transformaram o pacato vilarejo em point para windsurfe e kitesurfe

2 | VidaBosch | viagem | Por Walterson Sardenberg Sº

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duna de 30 metros de altura, formada na praia principal, de frente para o mar. Vista de longe, a escalada lembra caravanas de beduínos no deserto. Já a adoração ao Sol, que se põe, exibicionista, sempre diante da duna, com invariável simetria, remete às civilizações pré-colombianas, mas sem o desenlace dos sacrifícios. Tal como ocorre com os grandiosos espetáculos, ele é sem-pre igual; e a cada dia diferente.

O reflexo solar vai transformando os matizes das areias, do rosa ao escarlate, passando pelo laranja, em uma escala de cores digna dos mais sensíveis pintores de marinhas – José Pancetti, por exemplo, se vivo estivesse, daria um jeito de acomodar o cavalete no terreno instável.

O encontro diário sobre a duna é dupla-mente romântico: ali iniciam-se as abor-dagens que, ao menos para os mais jovens ou os mais dispostos, resultarão, mais tar-de, nos sacolejos madrugada adentro nas casas noturnas Mama África, Sky, Planeta Jeri e Casa do Forró. As noites de Jeri são esfuziantes a ponto de o proprietário da padaria Santo Antônio dar-se ao direito de trabalhar em um regime mais apropriado a guardas-noturnos ou plantonistas hos-pitalares: ele abre às 2 da matina; fecha antes das 6. E não tem conversa.

Dito assim, pode parecer que Jeri tor-nou-se quase um centro urbano, capaz de agraciar o visitante com uma vida noturna espelhada em uma metrópole. Esqueça. O vilarejo manteve o juízo. Transformado em área de proteção ambiental, limitou a cobiça da construção civil, embutiu os fios elétricos e deu a sorte de atrair ho-teleiros e restaurateurs de bom senso. Eles souberam caprichar no conforto e nos serviços, mas deram preferência a ambientes, digamos, rústico-chiques, de sorte que, à parte raríssimas exceções, não se construiu nada ao estilo Miami ou Cancún. Tem mais: em geral, poucos vão de carro a Jericoacoara. Melhor deixá-lo em Jijoca e completar o trajeto em um ve-ículo coletivo local. Os 23 quilômetros de areia fofa de um ponto ao outro são um óbvio entrave — quando não um impasse para automóveis sem tração 4X4. Além do mais, não haveria muito o que fazer com um carro no vilarejo.

Jeri ainda tem apenas quatro ruas gran-des: a Principal, a São Francisco, a rua da Praia e a do Forró, descontadas as estrei-tas travessas. Todas continuam como na época em que os moradores (eram 252 há duas décadas) viviam do peixe farto, do escambo e da agricultura de subsistência. Em outras palavras: o chão das áreas pú-blicas ainda é todo de areia. Não há nem mesmo calçadas. Por isso, preferem-se os jegues ao motor à explosão. A restrição do piso impõe outra: a despeito do figuri-no ou da idade, cabe ao visitante de juízo optar por sandálias de dedo, dessas mais comuns, embora senhoras de contas ban-cárias mais exuberantes escolham aquelas desenhadas pelo francês Christian Lou-

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G rande parte dos visitantes de Jerico-acoara, formada por estrangeiros,

não consegue pronunciar o nome do lu-gar como recomenda a prosódia brasileira. Menos ainda o de Jijoca de Jericoacoara, o município cearense a que a vila pertence. Ficou combinado assim: basta falar algo semelhante a “Djerii”, com o acento tôni-co na segunda silaba, e pronto. Além de mais simples, revela apreço, intimidade.

Não há data precisa para o momento em que o vilarejo litorâneo, a 325 quilômetros de Fortaleza, passou de Jericoacoara a “Dje-rii”. Mas essa troca ocorreu, sem dúvida, na segunda metade dos anos 1980, quando os estrangeiros começaram a descobrir a beleza da singela vila de pescadores. Jeri, como a tratam os 2,5 mil moradores (são mais de 10 mil no verão!), vivia então às escuras – e isso não é apenas uma metáfo-ra. A luz elétrica chegaria apenas em 1998, dez anos depois da bendita água encanada. Isso significa que o vilarejo viveu no breu durante o século das invenções. Hoje, quan-do algum hóspede da conectada pousada Chili Beach recorre à rede wi-fi ou pluga o seu iPod no aparelho a ele reservado no quarto, decerto não sabe que Jeri, na prá-tica, pulou do século 19 diretamente para o Terceiro Milênio.

O ano de 1987 é uma referência cons-tante. Naquela época, um bem informado redator do caderno de turismo do jornal “Washington Post” incluiu Jericoacoara no ranking das dez mais belas praias do planeta. Coincidentemente ou não, pouco depois a atriz Pamela Anderson desembar-cou no local – veio posar para uma edição norte-americana da “Playboy”.

A equipe da revista, claro, usou como cenário a imagem mais conhecida e tam-bém o maior chamariz do vilarejo: a Duna do Pôr do Sol. O nome é autoexplicativo, mas o ritual a que se refere merece descri-ção. Todo fim de tarde, os visitantes têm um acordo tácito: subir, passo a passo, a

A praia começou a ficar famosa no final dos anos 1980, quando um jornalista norte-americano a classificou como uma das mais bonitas de todo o mundo

boutin. Desperdício: resistem menos às caminhadas – as senhoras e as sandálias.

Ainda nos final da década de 80, uma dita autoridade local resolveu calçar um trecho da rua Principal com paralelepípe-dos. Um pecado. A bem-aventurada natu-reza, felizmente, deu cabo da descabida iniciativa. O projeto desandou. Em parte devido às chuvas de março e abril (únicos meses propensos a aguaceiros), mas, sobre-tudo, em virtude dos ventos e das areias, que, sem clemência, cobriram as pedras.

Assim como na canção de Bob Dylan, a resposta para o sucesso de Jericoacoara está, em boa parte, no soprar dos ventos. Deve-se a eles a mística da vila. Não bas-tasse terem criado a Duna do Pôr do Sol, não descansam, em especial no segundo semestre, levando, segundo a segundo, ca-da grão de areia para outro destino. Nos meses finais do ano, alísios vindos da Áfri-ca atingem rajadas de até 80 quilômetros. Assim, reformam a geografia, aliviam os visitantes do calor e atraem os adeptos do windsurfe e do kitesurfe (modalidade que mescla surfe e parapente).

Eles vêm dos Estados Unidos, da Eu-ropa, da Ásia. De todos os continentes. São supercampeões, campeões, apenas adeptos ou agregados. Amam o vilarejo. Comparam as condições de mar e vento de “Djerii” a outros “picos top” — no lin-guajar da tribo — para a prática desse es-porte: Tarifa (Espanha), Estoril (Portugal) e Saint Marteen (Caribe). Trazem amigos, namoradas, namorados e ajudam a es-palhar o nome da vila mundo afora, com a mesma frequência com que os ventos removem as areias.

Passeios de bugueSe o poder dos ventos levou o nome de “Djerii” mundo afora, em contrapartida arrasou uma vila vizinha, Tatajuba. Há três décadas e meia, as 150 casas acabaram so-terradas pelas areias. Acordava-se cedo e varria-se o dia inteiro. Até se resignar à fatalidade.

Quem conta essa história é Delmira das Chagas Silva, 51 anos, antiga moradora de Tatajuba. Todos os dias, ela parte da No-va Tatajuba, erguida quilômetros adiante, para vender coco gelado na área da vila

Jericoacoara proporciona descanso para os turistas e belas paisagens

Formações de areia e rocha encantam

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CarcaráAberto há nove anos, ainda é o melhor da vila. Serve pratos fartos (sempre para dois). Aventura-se, com sucesso, em pratos internacionais – ceviche e lula à provençal, por exemplo. Os mais pedidos, com justiça, são aqueles à ba-se de carne-seca. Rua do Forró, 530. Tel.: (88) 3669-2013

Na Casa DelaChão de areia e quiosques de palha. Tudo com muito charme. O que have-ria de melhor em um praia? A cozinha é regional. Tudo feito com capricho. Rua Principal, 20. Tel.: (88) 3669-2024

Espaço AbertoNeste restaurante simples e simpáti-co, foi instalada, em 1988, a primeira torneira de Jericoacoara. Os pescados estão na lista de frente do menu. Que tal peixe ao molho de abacate e ervas? Rua Principal, 104. Tel.: (88) 3669-2063

Onde comer

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A Bosch na sua vida

Arranque perfeito para o verãoNo verão, os mais de 7 mil quilômetros do litoral brasilei-ro se tornam um atrativo ainda maior na hora de progra-mar sua viagem. Mas, antes de pegar o carro e se aventurar por aí, é importante checar se o veículo está com tudo em ordem. Afinal, ambientes salinos, típicos das regiões litorâ-neas, podem acelerar o desgaste de peças e componentes. Para evitar esse incômodo, a Bosch desenvolveu a linha de Cabos de Ignição Premium, aplicável em veículos a gasolina, etanol, flex e GNV. Ela suporta altas temperaturas e tensão elevada, sem falar na resistência ao contato com combustí-veis, fluido de freio, óleo de motor e, claro, maresia. “O clima pode agravar problemas no carro. A linha de cabos de ignição passou por remodelação, com inclusão de silicone e EDPM [etileno-propileno-dieno], materiais mais robustos, que evitam fuga de corrente elétrica”, diz Fábio Betarello, coordenador de trade marketing da linha de injeção, ignição e cabos da Bosch.A fuga de corrente é inimiga do sistema de ignição. Betarello explica que o sistema precisa de mais energia que a gerada pela bateria. Portanto, há uma bobina de ignição que amplifica a tensão.

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• Conheça a linha completa de Cabos de Ignição Premium Bosch

Para que a corrente elétrica produzida pela bobina seja con-duzida às velas de ignição, que vão gerar a faísca necessária para uma boa ignição, os cabos devem garantir que toda a corrente elétrica gerada pela bobina alcance as velas sem perda de potência, sob pena de o funcionamento do motor não ser bem-sucedido. “Não se pode perder energia pelo ca-minho. Se o material usado for borracha, o ambiente salino pode comprometer o componente”, diz. “E uma falha no siste-ma de ignição causa falha no veículo”, alerta Fábio Betarello.

soterrada. É uma das paradas de um dos três passeios oferecidos pelos bugueiros. Este primeiro leva ao longo de adoráveis praias desertas, até a Lagoa do Torto, onde a diversão é acomodar-se nas redes mon-tadas sobre a água límpida, enquanto se espera pelo preparo da lagosta. Ninguém reclama. Quem haveria de?

Outro passeio tem por destino a Lagoa Azul, maior e ainda mais cristalina, ideal para um banho reconfortante, embora ainda desprovida de estrutura turística. A terceira cartada dos bugueiros é o caminho até as proximidades da Pedra Furada, rochedo à beira-mar em que, mais uma vez, a ação dos ventos, desta feita em colaboração com a água, impôs sua força, desenhando um arco de intrigante geometria.

Sempre eles, os ventos, a mover moinhos, windsurfistas, birutas, veleiros, kitesurfis-tas, planadores, pipas e alguns dos nossos melhores sonhos. Entre eles, Jericoacoara.

A 325 km de Fortaleza, Jericoacoara é ponto ideal para a prática do kitesurfe

Iraucuba

Itarema

Acaraú

Camocim

Canindé

Santa Quitéria

SobralFortaleza

São Gonçalodo Amarante

Maracanaú

Pacajus

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Tianguá

Guaraciaba do Norte

Paracuru

Trairi

Como chegar

Jericoacoara está localizada no Cea-rá, 325 quilômetros a oeste de For-taleza. É preciso dirigir com cautela, pois nem sempre a qualidade das rodovias é a melhor possível. No to-tal, até Jijoca de Jericoacoara, são cerca de quatro horas e meia de via-gem. Comece pela rodovia Bezerra de Menezes. Ela o levará à BR-222. Serão 90 quilômetros nessa estrada. No município de Umerim, deve-se entrar à direita no sentido de Itapi-poca, já na rodovia CE-354. Há um trevo em Acaraú. Siga à esquerda, rumando para Jijoca. Quase todos os visitantes estacionam o carro nesse município e seguem o trecho final até Jericoacoara (23 quilômetros, na areia) em uma jardineira pública. Motoristas a bordo de valentes 4 X 4 podem seguir por conta própria. Se o carro não tiver esse dispositi-vo, não tente dirigir, pois você pode acabar com o seu veículo atolado na areia fofa.

Pousada JeribáA frequência de windsurfistas e kitesur-fistas torna o lugar animado e cosmo-polita. Mas não pense em alvoroço. Os quartos são modernos, com ar-condi-cionado silencioso; e o serviço merece menção. Além do mais, fica diante da praia. Rua do Ibama, www.jeriba.com.br. Tel.: (88) 3669-2096

Mosquito BlueA piscina fica na frente da praia. Preci-sa mais? Há quem critique a estrutura graúda (são 80 quartos) e a arquitetu-ra. Mas não há lugar mais confortável. Rua da Farmácia, www.mosquitoblue.com.br. Tel.: (88) 3669-2203

Chili BeachUm dos mais novos. Tem quartos amplos e muito bem equipados (até aparelho para plugar o iPhone). Também ofere-ce chalés. Por sinal, enormes. Rua da Igreja, www.chilibeach.com.br. Tel.: (88) 9909-9135

Onde ficar

Shutterstock James Harrison

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8 | VidaBosch | eu e meu carro | Por Bruno Meirelles

Emerson Fittipaldi, que destruiu um Porsche nas ruas de SP quando jovem, conta como o amor pelos carros o tornou um ídolo do automobilismo

E le tinha como sonho disputar uma prova de Fórmula 1 algum dia. Aca-

bou indo muito além disso. Bicampeão da principal categoria do automobilismo, ven-cedor duas vezes das temidas 500 milhas de Indianápolis, Emerson Fittipaldi abriu caminho para que o Brasil fosse reconhe-cido em todo o globo como um celeiro de grandes pilotos. E conseguiu tudo isso da forma de que mais gosta: ao volante.

Sua história com os carros começou muito cedo. O pai, Barão Fittipaldi, era radialista

Acostumado a andar em alta velocidade, o piloto não abre mão da segurança nem mesmo fora do autódromo, onde prefere um ritmo mais tranquilo. O carro atende bem a esse requisito, pois conta com itens como controle eletrônico de estabilida-de, ABS, direção com assistência elétrica, assistente de frenagem de emergência e seis airbags.

“Outro dia estava vindo de Araraquara, pela rodovia dos Bandeirantes, e vi um pes-soal de moto passando a mais de 130km/h e com gente na garupa. Se você quer correr de motocicleta ou de carro, vai à federação, a Interlagos. No autódromo você tem toda a segurança para guiar em alta velocida-de”, recomenda Fittipaldi, que pilotou em uma época em que os pilotos saíam de ca-sa para disputar um Grande Prêmio, mas não sabiam se voltavam. “Você tinha que conviver com um risco muito alto.”

Da perda total ao bi de F-1 A Bosch na sua vida

Mais segurança contra derrapagensAs chances de um “poste sair correndo da calçada e bater” em seu carro, como o bem-humorado Emerson Fittipaldi define o acidente sofrido na chuva com o Porsche que im-portou nos anos 1960, são muito mais remotas hoje em dia. O motorista conta atualmente com sistemas de segurança como o ESP (sigla em inglês para Programa Eletrônico de Estabilidade), eficaz contra derrapagens, responsáveis por cerca de 40% de todos os sinistros com mortes no mundo.O ESP, que pode evitar até 80% dos acidentes decorrentes das derrapagens, segundo estudos internacionais, é resul-tado de um processo de aprimoramento a partir do ABS, dispositivo que evita o bloqueio das rodas durante a frena-gem. Ambos foram introduzidos no mercado pela Bosch.“Além de fazer o que o ABS já realizava, o ESP percebe quando o motorista vira o volante e o carro não obedece. Quando isso acontece, o sistema entra em funcionamento de forma autônoma”, explica Carlo Gibran, gerente de marke-ting e vendas da divisão Chassis Systems Control da Bosch.

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• Vídeo mostra como o ESP mantém o automóvel na estrada mesmo em manobras abruptas

Conteúdo exclusivo on-line I www.vidabosch.com.br

Sua preocupação com a segurança vem desde o inicío sua trajetória na Fórmula 1, há 40 anos. Em seu primeiro ano na ca-tegoria, ele perdeu seu companheiro na Lotus, o austríaco Jochen Rindt, em um acidente durante o GP de Monza. Deta-lhe: Rindt morreu no carro do brasileiro, já que, um dia antes, Emerson destruíra a Lotus do austríaco, tendo de ceder o seu posto. “Foi um fim de semana muito trá-gico, e era a primeira vez que eu convivia de perto com isso.”

Em luto, a Lotus não disputou as duas corridas seguintes, mas voltou no último GP da temporada, em Watkins Glen. E, jus-tamente quando enfrentava as maiores dú-vidas sobre a carreira, Emerson conseguiu seu primeiro triunfo.

“Para mim, 1970 foi um ano muito es-pecial, porque, vindo de uma tragédia em Monza, eu pude ganhar nos Estados Uni-dos e ainda garantir o campeonato pós-tumo para o companheiro. Isso fez com que eu continuasse motivado para a Fór-mula 1”, diz.

Carros marcantesAo longo de suas mais de quatro décadas de carreira, Emerson sentou em inúmeros cockpits. No entanto, não tem dificuldades em apontar o carro que mais o marcou: a Lotus que o levou a seu primeiro título na F-1, em 1972. “Era um carro que eu con-versava com ele e ele conversava comigo.”

Outro que está entre os seus preferidos é o Porsche. Sua história ao lado da marca começou na década de 1960, quando, ao lado do irmão Wilsinho Fittipaldi, impor-tou um modelo da Alemanha. A ideia era primeiro mexer no motor, colocar rodas maiores e preparar o carro para correr. Mas Emerson não resistiu e saiu para dar uma volta com ele na região do Morumbi.

“Estava garoando e, logo na segunda curva, eu entrei derrapando, e o poste saiu correndo da calçada e bateu no car-ro”, brinca. Naquela época, nem o Porsche contava com equipamentos de proteção avançados. Dispunha de cinto de segu-rança, que Emerson usava. O piloto não se machucou. Saiu do carro e espantou-se

com a sorte que teve. O problema maior foi contar para o irmão. “Como o Porsche era nosso, o prejuízo foi para os dois. Mas a batida só aconteceu porque eu estava ansioso para testar o carro. É por isso que eu falo para as pessoas correrem no autó-dromo”, completa.

O incidente não abalou a relação dos ir-mãos, que em 1968 criaram um carro para disputar a principal prova do automobilismo brasileiro de então: as Mil Milhas de Inter-lagos. Após meses de trabalho artesanal, nasceu o Fitti-Porsche, famoso pela sua velocidade nos treinos, mas também por quase sempre abandonar as corridas. “Foi o carro mais rápido do Brasil na época”, diz.

Em 2008, Emerson escolheu justamente um Porsche quando sucumbiu à saudade das competições e voltou a correr em al-gumas provas da GT3 (categoria nacional que reúne carros de turismo). “A prova mais divertida que tive nesse breve retorno foi no Rio de Janeiro. Chegamos em segundo, o meu melhor resultado. Foi muito emocio-nante estar de volta ao lado do meu irmão.”

e grande incentivador do automobilismo nacional. Levou o filho para o autódromo pela primeira vez quando Emerson tinha só 4 anos. “Assim que eu vi os carros pas-sando, decidi que era isso que eu queria fazer da minha vida”, revela o piloto.

Curiosamente, na primeira volta que deu em Interlagos, onde depois venceria por duas vezes o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 (1973 e 1974), o motorista não era ele. “Meu pai pediu para o piloto José Asmuz me levar, e fui sentado no tanque de uma carreteira”, conta.

Mesmo hoje, com mais de 60 anos e longe das competições, ele não deixa de lado o prazer de dirigir. E o modelo que atende ao seu gosto exigente é o Chevrolet Malibu, que chegou ao Brasil em meados de 2010. “Ele tem uma característica de carro compacto, similar aos europeus, e é muito gostoso de guiar”, diz.

O ESP escolhe qual roda terá de ser freada para auxiliar no processo de estabilização do veículo, diminuindo também o torque do motor. Essa ação ocorre em milésimos de segun-dos. “O motorista pode pisar até o fim no acelerador que o motor tem sua rotação regulada, voltando ao normal quando preciso”, explica Gibran.

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10 | VidaBosch | torque e potência | Por Bruno Meirelles

Flex de pesoCom motor que funciona com diesel e gás natural, frota de caminhões e ônibus pode passar por mudança tão radical quanto a introduzida nos automóveis flex

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Gás natural veicular emite 75% menos materiais particulados, que são os responsáveis pela formação da fumaça cinza

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Q uando os carros flex começaram a ser produzidos em escala indus-

trial, em 2003, pairava certa desconfiança em relação ao álcool — o fantasma da crise de abastecimento da década de 80 ainda assustava o mercado consumidor. Mas as suspeitas foram deixadas para trás pouco tempo depois. Em 2005, os modelos que podiam rodar com qualquer proporção de etanol e gasolina já eram 49% dos veí-culos novos vendidos no Brasil, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotivos (Anfavea). Em 2009, a fatia pulou para 84%.

Uma revolução parecida pode estar sur-gindo em outro segmento do mercado: o de ônibus e caminhões. O sistema é dife-rente — permite que os motores trabalhem com diesel e gás natural —, mas tem apelos semelhantes: ganho ambiental, financeiro e em liberdade de escolha.

O Sistema Diesel-Gás, em desenvolvi-mento pela Bosch em Curitiba e que en-contra-se na fase de aplicação em mode-los automotivos específicos, pode rodar exclusivamente com diesel ou com até 85% de gás natural veicular — mas não 100%. É que, por não ter vela, o motor precisa do diesel para iniciar o processo de combustão. Depois desse estágio inicial, já é possível rodar com alto percentual de gás.

Os principais benefícios são: gasto menor para abastecer, manutenção da potência, flexibilidade de escolha de combustível e, sobretudo, menos emissão de poluentes.

Testes feitos por diversos especialistas indicam que o GNV diminui em até 75% a emissão de materiais particulados, os maiores responsáveis por aquelas névo-as cinzas vistas em grandes metrópoles. Além disso, o Sistema Diesel-Gás emite na atmosfera 20% menos gás carbônico, um dos gases que mais agravam o efeito estufa, e diminui a emissão de óxido de

De todo o gás usado no Brasil em 2009, 44% era importado, principalmente da Bolívia. Esse cenário deve mudar quando os campos recém-descobertos na bacia de Santos entrarem em operação

nitrogênio, substância que pode causar problemas respiratórios.

“O gás natural é um combustível fóssil relativamente puro e queima bem se ti-ver a tecnologia adequada”, resume Gui-lherme Wilson, gerente de Operações da Mobilidade da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor). Também podem ser usados biodiesel e biometano, combustíveis renováveis e “verdes”, que são a tendência para o futuro.

Outro benefício é econômico. Enquan-to o metro cúbico do gás natural custa em média R$ 1,20, o litro do diesel para o fro-tista, que paga menos do que o motorista comum, sai por mais de R$ 1,70. E há redu-ção extra no custo, porque o GNV consome menos — a economia é equivalente a três litros de diesel a cada 100 km percorridos, pelas contas de Roberto Falcão, membro da Comissão de Tecnologia de Motores Diesel da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil).

Há diferença no bolso, mas não ao vo-lante. O sistema permite que, com GNV, o veículo mantenha o desempenho do die-sel, deixando inalterados aspectos como torque, retomada, potência e dirigibilida-de. Se o motorista não for avisado, talvez nem perceba que está guiando com gás natural – exceto pelo ruído, que é menor.

Isso acontece porque o aproveitamen-to do GNV é melhor em sistemas diesel do que nos presentes em carros de passeio. Falcão explica que, em motores do ciclo Otto, como o usado em automóveis a ga-solina e álcool, o gás expande e impede a entrada de oxigênio suficiente para uma combustão completa, fazendo com que o carro perca até 20% do rendimento. Co-mo nos motores diesel isso não ocorre, a eficiência é maior.

Grandes diferençasA novidade ainda não entrou em série, mas já foi testada em vários veículos, e a Bosch lançará um protótipo até o final do ano. “Estamos iniciando uma história parecida com a dos carros de passeio. Na época,o mercado viu um potencial no álcool, mas era complicado usar só esse combustível por causa das flutuações de preços. En-

Um dos possíveis obstáculos é a depen-dência do mercado externo. Os dados mais recentes consolidados pela Agência Na-cional do Petróleo (ANP) indicam que a oferta diária de gás natural no Brasil, em 2009, foi de 58 milhões de metros cúbicos. Desse total, 44% era importado, originário sobretudo da Bolívia. A agência não dispõe de dados específicos sobre GNV, um dos

tão o usuário ganhou o poder de fazer es-sa escolha”, diz Leonardo Vecchi, chefe da área de desenvolvimento de produtos de inovação da divisão Diesel Systems da Bosch América Latina.

Apesar de desempenhar uma função semelhante, o flex para veículos pesados apresenta diferenças importantes em re-lação ao sistema adotado nos automóveis. Isso se justifica pelo fato de ele trabalhar com dois materiais que não se misturam (um líquido e um gás).

Assim, são necessários tanques distin-tos para armazená-los e injeções separa-das para levá-los ao motor, com reflexos no custo de produção. “O que dificulta a adoção do gás nesse setor é que o inves-timento pesa, pois demanda muitos equi-pamentos”, afirma Roberto Falcão.

Entretanto, por lidar com um combus-tível mais barato, o investimento no flex pode ser compensado ao longo da vida útil do veículo. A Bosch fez um estudo considerando uma taxa de substituição do diesel pelo gás de 75%, com os preços atuais dos combustíveis e uma rodagem diária de 350 km durante seis dias por se-mana, em ônibus. A conclusão foi que o novo sistema se paga em 1,2 ano.

O representante da Fetranspor também avalia que há potencial para retorno econô-mico. Porém, esse objetivo deve vir acompa-nhado de garantia de abastecimento, preço e infraestrutura. O maior problema, avalia Guilherme Wilson, é a falta de uma políti-ca de governo clara e orientada para o seu uso em veículo pesados. “Sempre faltou no Brasil uma tecnologia veicular ou de con-versão que pudesse dar sustentabilidade técnica ao gás natural neste setor. Isso, a Bosch estará disponibilizando. Precisamos agora de apoio político.”

Já há avanços nessa direção, detecta Sidney Oliveira, gerente de vendas e mar-keting da divisão Diesel Systems da Bosch América Latina e diretor da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva. “A matriz energética é uma política estraté-gica de governo, que ele controla com im-postos. Houve um tempo em que o gás era mais dedicado às usinas para geração de energia, mas hoje, com o pré-sal, os veí-culos ganharam espaço.”

subprodutos do gás natural. De qualquer forma, as descobertas recentes estão ele-vando rapidamente a produção nacional.

“Na bacia de exploração em Santos está sobrando gás natural, e logo o país será autossuficiente nesse combustível”, afirma Roberto Falcão. “Precisamos de estrutura como tubulações para atender o aumento de demanda que o flex deve promover.”

Vai melhorarDiante desses fatores todos, fica claro que essa não é uma revolução que se dará em prazo muito curto. De qualquer modo, o consumidor brasileiro – e o meio ambiente – perceberão melhorias logo. É que mes-mo o diesel produzido e utilizado no país

deve ser aprimorado nos próximos anos, com a entrada em vigor de regras mais rí-gidas para emissão de poluentes. Todo o setor diesel deverá sentir as mudanças.

Em 2012 é que começa a valer a sétima fase do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Procon-ve), que prevê que os veículos movidos a diesel reduzam em 60% as emissões de óxido de nitrogênio e em 80% os índices de material particulado.

Ao mesmo tempo, a Petrobras se com-prometeu a produzir um diesel com menos enxofre. O mais comum no Brasil hoje é o diesel com 500 partículas de enxofre por milhão (chamado de S500). Em 2012, deve ganhar espaço o S50 e o S10.

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14 | VidaBosch | em casa | Por Chantal Brisac

Nada como a

águaUm convite à contemplação

e ao relaxamento, a água valoriza áreas externas,

garante frescor e aguça os sentidos

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16 | VidaBosch | em casa em casa | VidaBosch | 17

S eja em um meditativo laguinho ao es-ti lo japonês, em uma convidativa pis-

cina ou numa simples fonte, a água sempre teve seu lugar de destaque na arquitetura e na decoração. Há 3 mil anos, os sábios chineses já falavam da importância des-se elemento vital. A prática do Feng Shui, que surgiu na China nessa época, mostra a união dessas duas forças naturais: o vento (feng) e a água (shui). A primeira, sob essa perspectiva, é uma energia invisível e que não pode ser detida; já a segunda, além de visível, pode ser canalizada. Conduzida e usada da melhor forma, sem agredir a na-tureza, ela traz conforto, relaxamento, fres-cor e energia, entre outras boas sensações.

Com lugar de destaque no paisagismo, a água se integra bem em qualquer espaço externo, deixando os jardins ainda mais bo-nitos e agradáveis. Enquanto, em um estilo mais solene, as fontes e espelhos d’água pincelam o cenário de pátios e fachadas, antigas ou contemporâneas, riachos e re-presas fazem parte de recantos pitorescos em sítios e fazendas.

Mas como hoje a população está mais concentrada nas cidades e, portanto, convi-ve em espaços reduzidos, é natural que se queira levar as sensações de tranquilidade transmitidas por esse elemento para den-tro de suas casas e apartamentos. Surgem assim maneiras pouco convencionais de incorporar a água em pequenos jardins, varandas e até em ambientes internos.

Para a arquiteta Renata Fernandes, que trabalha no renomado escritório de Marcelo Faisal, de São Paulo, qualquer projeto que leve em conta o uso da água como elemento ornamental deve ser eco-logicamente responsável, preocupando-se, por exemplo, em reutilizá-la. “Dentro desse parâmetro, os recursos são variados. Podemos brincar com a ideia em espe-lhos, cortinas d’água ou mesmo trabalhar a água em colunas, com cilindros, como se fossem verdadeiras esculturas ou tó-tens aquáticos”, explica Renata.

O barulhinho que a água faz enquanto percorre seu caminho produz uma mu-sicalidade relaxante, que tem o dom de

deixar o cenário ainda mais prazeroso. Projetos com água ajudam a abafar ruí-dos desagradáveis da cidade, como o das buzinas no trânsito e das britadeiras em construções, trazem maior umidade à casa e neutralizam poluentes. São ideais nos dias de calor, já que a evaporação do lí-quido cria minúsculas partículas no ar que deixam o ambiente mais fresco. De acordo com a doutrina do Feng Shui, ter uma fonte em casa traz prosperidade. O movimento do líquido faria com que as energias circulassem positivamente pela casa e ainda aumentaria o poder de foco dos moradores.

Vantagens mais palpáveis? A água tem a capacidade de ressaltar a plasticidade do ambiente. O reflexo do céu, das nuvens e da própria luz sobre sua superfície dá sensação de aumento do espaço e é capaz de duplicar imagens de objetos como es-culturas e vasos. Ela também atrai animais de estimação, que adoram se aconchegar perto de fontes e espelhos d’água. Quem tem fonte na varanda ou no jardim pode

Projetos com água

Cascatas e cortinas d’águaPodem ser elaboradas nos mais diver-sos estilos. Com distribuidor, em duas quedas, efeitos espumantes, vários ní-veis, vertedor (iluminado ou não), em parede, em pedra, em vidro e em roda d’água. Servem para ambientes inter-nos e externos.

Fontes interativasFuncionam por meio de um moderno sistema que gera um espetáculo dinâ-mico de jatos d’água e luz. O grande diferencial é que esse modelo permite a interação entre as pessoas e a água. Ou seja, você pode tocá-la e caminhar entre os jatos. Para isso, o local é co-berto por um piso antiderrapante e um conjunto de reservatórios recobertos por grelhas metálicas, por onde saem os jatos de água e os focos de luz,

criando efeitos e movimentos de acor-do com uma sequência sincronizada. A iluminação pode ser controlada por painéis de comando equipados com tem-porizadores digitais. Assim, é possível programar os horários de funcionamen-to – só durante a noite, por exemplo.

Aquário com peixesApesar da atração exercida por suas mais variadas espécies, cores e movi-mentos, os peixinhos são apenas parte de um ornamento que envolve outros elementos. É um trabalho para equilibrar o modelo de aquário, as plantas aquáti-cas, a iluminação, o efeito da bomba de oxigênio, o filtro de limpeza, o sistema de aquecimento, pedras de tamanhos variados e outros itens decorativos, como conchas, estrelas e corais nas versões com água salgada.

Lago artificialCaso a opção seja por um laguinho, o ideal é colocar carpas, as preferidas pela variedade de cores e longevidade – podem viver até 100 anos. Kinguios, cascudos e tilápias também são muito utilizados. No entanto, há que se ter cuidado para não contrariar algumas regras da natureza. “Algumas espécies são inimigas naturais e não devem ser colocadas em conjunto, como tilápias e carpas”, diz a paisagista Lucia Borges. A higienização mensal é necessária para que o pH da água per-maneça equilibrado e micro-organismos não se acumulem, prejudicando os pei-xes. O uso de plantas aquáticas – caso das ninfeias, sagitárias, alfaces d’água, entre outras – também é essencial, já que muitas espécies ajudam na limpeza. Para auxiliar nesse processo, nada como a orientação de um especialista.

Fontes e aquários levam para casas e apartamentos a sensação de tranquilidade transmitida pela água

Shutterstock Neelsky Andries Oberholzer

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18 | VidaBosch | em casa em casa | VidaBosch | 19

Cascatas podem ser usadas em ambiente externo, como piscinas, ou interno

presenciar o banho diário de passarinhos nesses pequenos espaços refrescantes. “Existem diversos jeitos de aproveitar as incríveis qualidades da água em uma casa, e as fontes, que podem ser bastante simples, são uma dessas formas”, pontua o arquiteto paulistano João Vicente Cunha. Segundo o especialista, vale também usar pedras para amortecer a queda d’água e escolher um motor silencioso, para que não haja ruídos indesejáveis nesse ce-nário de sonho.

Segundo a consultora de Feng Shui Sil-vana Helena Occhialini, a presença de ter-ra, árvores e água límpida transmite boas sensações. “Hoje, essa arte se escora sob quatro paredes, mas ela não perdeu sua essência. O Feng Shui não é um recur-so decorativo, mas uma arte que busca saúde e harmonia”, afirma a consultora. Para ela, as fontes de água são muito bem-vindas, especialmente na entrada da casa.

Alguns cuidados são necessários. “Além de manter a água limpa e funcionando, é bom colocar gotinhas de água sanitária na fonte para não criar musgo”, explica, lembrando que a filosofia chinesa traba-lha com os cinco elementos: água, terra, madeira, fogo e metal. “Em nossa casa, precisamos ter todos os elementos em equilíbrio”, diz.

FontesAs fontes são um dos objetos mais utiliza-dos por especialistas em Feng Shui.Feitas de diversos materiais, incluindo metais, PVC, cerâmica e bambu, elas podem ser dispostas em pequenos espaços da casa e do apartamento. Há algumas revestidas de fulget (um revestimento também cha-mado de granito lavado) e com interior de pastilhas de vidro.

Existem modelos que podem ser com-prados prontos, especialmente os de

cerâmica. As artistas plásticas Vanessa Branco (www.vanessabranco.com.br) e Bia Ferreira da Rosa (www.biaceramica.com.br) produzem belos exemplares de minifontes de cerâmica, ideiais para re-cantos externos e internos.

Já nos projetos paisagísticos, o que conta é a criatividade. Pedras coloridas, troncos de árvores caídas, antigos dormentes de ferrovias... são vários os materiais que podem compor uma fonte ou uma lâmina d’água instalada em um jardim. Plantas especiais para a água também vão bem. Em um projeto recente, a paisagista Gi-

gi Botelho concebeu um tanque que fi-ca coberto por plantas aquáticas, como ninfeias e papiros. A água da fonte cai em uma parte repleta de seixos, dando um ar rústico e agradável ao jardim.

O minimotor usado em aquários é o mais indicado para as fontes. Ele faz a água vibrar e subir pela bica. Ao cair, provoca um barulhinho relaxante e deixa a fonte aerada, o que a mantém livre de bacté-rias e mosquitos que se proliferam em águas paradas. Mas o motor deve estar sempre ligado, e o nível da água deve ser observado com frequência. Os modelos expostos ao sol tendem a evaporar rapi-damente, por isso pedem abastecimento constante. Sem água, a bomba quebra e será preciso trocá-la. Por isso é impor-tante fazer uma limpeza mais caprichada a cada dois meses, desligando a bomba da tomada, lavando a base com água e sabão neutro e enchendo com água nova.

Faça você mesmo

Que tal criar uma fonte? Acredite, não é complicado. Tudo o que você vai precisar, além de um vaso grande de planta ou uma cuba de PVC, são pedaços de bambus e pedras colori-das. Também é essencial uma bomba submersa de baixa potência, como as usadas em aquário. Para começar, perfure com uma furadeira o pedaço de bambu e coloque na lateral do vaso. Ponha a bomba submersa no vaso e passe por dentro do bambu. Coloque seixos e pedras, encha de água e sua fonte está pronta.

A Bosch na sua vida

O equipamento por trás da decoraçãoPara fazer uma bela peça de decoração que funcione cor-retamente, como uma fonte ou um aquário, é necessário ter um maquinário eficaz. A Bosch disponibiliza uma peça no mercado que, aliada a acessórios, é capaz de fazer o adereço funcionar da maneira que se deseja.Na verdade, são dois tipos de bombas que tornam possível que a água flua por uma fonte, por exemplo. “A do tipo flu-xostato funciona de acordo com o fluxo de água. Ela pode vir de uma caixa d’água. Já o modelo pressostado (foto ao lado) libera o líquido à medida que diminui a pressão nos canais a que está ligado. Por exemplo, quando uma tornei-ra é aberta”, explica Ricardo Amaral, técnico da divisão de aquecedores da Bosch.No entanto, para que funcionem de forma apropriada, é necessário que estejam ligadas a três acessórios. “A pes-soa vai ter de pedir ao técnico que instale a bomba para colocar um controlador, um filtro e um interruptor para ligar e desligar. Só assim a bomba vai liberar o fluxo de água”, enfatiza Amaral.Segundo ele, depois de realizadas essas conexões, é pos-sível fazer com que a fonte tenha uma série de proprieda-

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des para funcionar de forma automática. “Quem instalar pode colocar um temporizador ou um sensor de luz. Des-sa forma, a fonte pode funcionar à noite e parar quando amanhecer. Dá até para ficar iluminada quando o ambiente estiver escuro”, completa o técnico da divisão de aquece-dores da Bosch.

• Confira as diferenças de rendimentos das bombas pressurizadoras da Bosch

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O motorzinho usado em aquários também é recomendado para fontes. Nelas, o nível da água precisa ser verificado periodicamente – sem água, a bomba quebra

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20 | VidaBosch | tendências | Por Manuel Alves Filho

Reforço nas pedaladasBicicletas motorizadas, como as de propulsor elétrico, se destacam porseu apelo ecológico e garantem mais conforto que as bikes convencionais

O trânsito caótico e a deficiência do transporte público, ca-racterísticas comuns das grandes e médias cidades bra-

sileiras, têm levado um número crescente de pessoas a buscar alternativas de deslocamento para o trabalho, o estudo ou o la-zer. No lugar do automóvel ou do ônibus, elas preferem lançar mão das bicicletas, que aliam atividade física com poluição zero. Essas duas características, porém, acabam às vezes sendo um obstáculo para que essas bikes se disseminem ainda mais: não é todo mundo que tem fôlego para pedalar por muito tempo ou consegue chegar ao trabalho sem suar em bicas.

Para contornar esses inconvenientes, há uma alternativa que pode ganhar espaço no mercado: bicicletas motorizadas. Há dois tipos principais. As com motor a combustão – uma espécie de versão contemporânea da antiga mobilete, ciclomotor bastante popular na década de 1980 – conseguem percorrer de 75 a 160 quilômetros com um tanque de gasolina, mas são poluentes (em-bora menos que as motos) e sofrem a concorrência das motoci-cletas de menor cilindrada, que estão sendo vendidas com juros cada vez menores a serem pagos em prazos cada vez maiores.

Já as de motor elétrico, chamadas de e-bike, criam um novo filão. Rodam menos (cerca de 30 quilômetros), permitem que o ciclista mescle pedaladas com aceleradas e não agridem o meio ambiente, pois não queimam combustíveis fósseis. Numa época em que o tema “mudanças climáticas” não sai da agenda mun-dial, é um atributo que faz diferença.

O Brasil não dispõe de estatísticas oficiais que apontem quantas bikes motorizadas trafegam por suas cidades. Mesmo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Moto-netas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) informa não ter dados a

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A Bosch na sua vida

Motor ajuda ciclistas no trânsitoO trânsito das grandes cidades e o transporte público insuficiente para suprir as necessidades de locomoção da população fazem com que cada vez mais pessoas optem por comprar uma bicicleta. Além de tudo, é uma opção saudável. No entanto, há certa rejeição quando se trata de pedalar longas distâncias. Unindo a praticida-de da bicicleta à comodidade ofere-cida pelas motos, surgem, então, as chamadas “magrelas motorizadas”.O sistema não substitui as pedaladas, apenas as auxilia. O Sistema eBike Bosch é composto por unidade de acionamento, que inclui motor e sen-sores, uma bateria de íons de lítio recarregável e HMI (Human Machine Interface) localizada sobre o guidão.O motor de 250 watts pesa apenas 2,3 kg e está posicionado de forma estratégica no quadro, permitindo um centro de gravidade baixo e, conse-quentemente, maior estabilidade ao pedalar. A velocidade máxima é de 25 km/h, o que possibilita que a eBike seja conduzida em ciclovias.O dispositivo é acionado com peda-ladas na e-Bike e permite escolher

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entre quatro modos de apoio – Eco, Tour, Sport e Speed – podendo ser ajustado cada um em três níveis. Por-tanto, é possível optar entre 12 pro-gramas de força de apoio. A opção Eco é a mais econômica e possibili-ta percorrer até 80 km. Já a Tour é ideal para passeios de longo alcan-ce. A Sport possibilita andar bem no tráfego urbano, e a Speed, que atinge a velocidade máxima de 25 km/h, permite percorrer a distância de 35 km.A bateria do Sistema eBike Bosch foi projetada utilizando a tecnologia de íons de lítio. Tem tamanho e peso reduzidos, levando apenas duas ho-ras e meia para ser completamente carregada. Em uma hora, já está com 50% da carga preenchida.A interface HMI recebe os dados a partir dos três sensores da unidade de acionamento. Assim, dá acesso a informações como velocidade, status da bateria, modos de apoio e distân-cia a ser percorrida.Em breve, a Bosch disponibilizará a HMI Advanced, que contrará com in-terface USB para carregar telefones celulares e MP3 players.

22 | VidaBosch | tendências tendências | VidaBosch | 23

respeito, por não contar com associados que produzam esse tipo de veículo. Ainda assim, há pistas de que a frota de magrelas com motor esteja aumentando.

Ricardo Rosalem, gerente comercial da MicroMachine, empresa em atividade desde 1997 e que há dez anos fabrica dois modelos com motor a combustão, observa que houve retomada do crescimento das vendas dos veículos motorizados de duas rodas em geral. “Penso que as bicicletas motorizadas também devem se beneficiar dessa tendência, visto que o mercado para elas já é crescente”, prevê.

As bicicletas elétricas que circulam no Brasil são em grande parte importadas, sobretudo da China. Em Goiânia, porém, há uma fábrica genuinamente brasileira, embora tenha o nome de Brazil Eletric Bike. Comandada por Marlos de Souza, a empresa atua há cinco anos no mercado nacional, mas também exporta para países da América Latina. Segundo o empresário, as vendas ainda são relativamente tími-das, mas as perspectivas são boas. “Com o trânsito dos centros urbanos cada vez mais caótico e com a pressão social em favor do uso de meios de transportes am-bientalmente corretos, estou convencido

de que a bicicleta elétrica será um dos ve-ículos do futuro”, afirma.

Os modelos produzidos pela empresa goiana desenvolvem velocidades médias em torno de 40 km/h e custam a partir de R$ 2 mil. O tempo de carga das baterias varia de duas a oito horas, dependendo da versão. Uma das características das e-bikes fabricadas por Souza, assegura o empresá-rio, é que elas são verdadeiramente híbri-das. “Os veículos podem ser tracionados pelo motor elétrico, pelo condutor, com o auxílio dos pedais, ou pela combinação dessas duas forças”, explica.

Os empresários do setor avaliam que esses veículos apresentam vantagens em relação tanto às motocicletas quanto às bicicletas convencionais. A manutenção é mais simples e barata que a das motos; ao mesmo tempo, garantem um desloca-mento por grandes distâncias sem causar desgaste ou cansaço como as bicicletas.

Pelos cálculos de Souza, o custo-be-

nefício proporcionado pelo uso de uma magrela elétrica é excelente. “O gasto é de R$ 0,25 para cada 35 km percorridos. Ou seja, é mais barato do que andar a pé, pois o gasto com arroz, feijão e sola de sapato é muito maior”, propagandeia, de forma bem-humorada.

As bicicletas com motor a combustão custam em torno de R$ 1,5 mil a R$ 3 mil, conforme o modelo. A maioria promete cumprir entre 50 e 80 quilômetros por litro de gasolina, a uma velocidade que pode chegar a 50 km/h.

O perfil dos clientes, tanto de um quanto de outro modelo, é bastante variado – ho-mens, mulheres, jovens, adultos. O uso, também – para ir ao trabalho, à escola ou para passear.

Norma polêmicaApesar de todas as virtudes, as bicicletas elétricas ou a combustão são alvo de po-lêmica. O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) baixou em 2009 uma resolução equiparando esses veículos a ciclomotores. Assim, pela legislação, eles precisam ser dotados de equipamentos de segurança (tais como espelhos retrovisores de ambos os lados, farol dianteiro, lanterna traseira,

velocímetro e buzina). O uso de capacete pelo piloto é obrigatório. Como dito ante-riormente, esses veículos não têm autori-zação para circular por rodovias ou mesmo vias de trânsito rápido, as chamadas ex-pressas. Ou seja, só podem ser usadas em ruas secundárias, de tráfego lento.

Seus condutores devem ter, no mínimo, 18 anos, e possuir habilitação para dirigir motocicletas ou a chamada ACC, sigla para Autorização para Conduzir Ciclomotor. O processo de obtenção da ACC é o mesmo da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), informa o coordenador geral de Infraestru-tura de Trânsito do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Orlando Moreira da Silva. “O candidato deve ser aprova-do na avaliação psicológica, no exame de aptidão física e mental, na prova escrita e no exame prático, realizado em vias públi-cas”, acrescenta.

Os profissionais do setor reclamam. Os fabricantes e revendedores, porém, afir-mam que até uma criança pode conduzir a e-bike, da mesma forma que as bicicletas convencionais. “A bicicleta elétrica é inim-putável, pois o mesmo Contran que esti-pulou essas normas também proibiu que esses veículos sejam emplacados. Ora, se não tem placa, como lavrar uma multa?”, questiona Souza.

Na prática, elas estão situadas numa di-mensão indefinida do trânsito, visto que não equivalem nem às bicicletas conven-cionais nem às motos. Para o presidente da União de Ciclistas do Brasil (UCB), Antonio Miranda, por desenvolver velocidade mui-to superior a 25 km/h, teto definido para as ciclovias, as bicicletas motorizadas não podem circular nesses espaços.

Lucas Pimentel, presidente da Associa-ção Brasileira de Motociclistas (Abram), entidade que congrega 500 motoclubes do país e representa 43 mil motociclistas, avalia que a principal preocupação em re-lação ao trânsito das bikes a motor reside na falta de fiscalização por parte dos pode-res públicos municipais. Embora a legisla-ção federal determine que as prefeituras devam responder pelo registro e fiscali-zação desses veículos, isso dificilmente é obedecido. “Eu desconheço cidades que cumpram a determinação.”

A manutenção das bicicletas motorizadas sai bem mais em conta do que a das motos

Bicicletas com motor elétrico,conhecidas como e-bike, alcançavelocidade média de 40 km/h e têm autonomia para rodar por 30 quilômetros

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24 | VidaBosch | grandes obras | Por Rafael Spuldar

Um porto grande para Rio Grande

E m meados do século 19, engenheiros e navegadores que visitavam a Barra do

Rio Grande duvidavam que o local, contato entre a Lagoa dos Patos e o mar, no sudeste do Rio Grande do Sul, pudesse abrigar um porto. As águas eram muito agitadas, a pro-fundidade era pouca, os trechos navegáveis mudavam de lugar frequentemente. Mesmo planos de aperfeiçoar a estrutura receberam críticas. Tais obras eram tachadas de “ine-xequíveis” e “mais nocivas do que úteis”.

Para a sorte dos gaúchos e do Brasil, esses e outros adjetivos bradados pela bu-rocracia da época do Império logo caíram no ridículo: em 1915 foi inaugurado o cais principal do porto de Rio Grande, a 317 quilômetros de Porto Alegre, substituin-do outro local do município que recebia embarcações. Hoje, é o segundo maior do Brasil em movimentação de cargas, atrás apenas de Santos, e está recebendo fortes investimentos federais para obras de am-pliação e modernização.

Os novos aportes vão consolidá-lo como o “porto do Cone Sul” — sua proximidade com

Uruguai e Argentina já lhe dá uma posição estratégica para o transporte continental de cargas. O “superporto” deverá fechar 2010 com o recorde de movimentação de 30 milhões de toneladas; para 2015, a pre-visão é que chegue a 50 milhões.

Os recursos têm potencial para mudar o perfil do empreendimento. Com as obras, navios com mais carga e de dimensão maior poderão embarcar e desembarcar no mu-nicípio de Rio Grande. “Os navios que hoje carregam 40 mil toneladas poderão carregar 80 mil, e isso muda a performance dentro do canal”, destaca o superintendente do porto, Jayme Ramis.

Desde 2008, o governo federal investiu R$ 800 milhões em Rio Grande por meio do Programa de Aceleração do Crescimen-to (PAC), que serviram para aumentar o calado (profundidade) do canal do porto e para prolongar os molhes — estruturas de pedra e concreto que avançam da terra para o mar, protegendo a costa e dando mais estabilidade para o leito navegável.

A ampliação do molhe oeste já terminou,

e a do leste deve ficar pronta ainda em 2010. Após as obras, cada estrutura ficará com cerca de 4 quilômetros de comprimento. A profundidade do porto será de 42 pés (12,8 metros).

Outra etapa do empreendimento é a mo-dernização do cais, com reformas estru-turais em uma extensão de 1.125 metros. O projeto, cuja licitação deve sair até o fim de 2010, tem custo estimado em R$ 113 milhões.

Barcos fora d’águaOs maiores investimentos relativos ao por-to de Rio Grande, no entanto, destinam-se não ao percurso das embarcações no mar, mas fora dele. Trata-se do Polo Naval, em especial do dique seco, estrutura portuária destinada a reformas e construção maríti-mas. Feito em pouco mais de quatro anos, em uma obra que empregou diretamen-te 1,4 mil pessoas, ele tem 430 mil metros quadrados — o segundo maior do mundo.

Lá já está sendo construída a plataforma P-55 da Petrobras. A obra, no auge, deve em-pregar de 2 mil a 2,5 mil pessoas diretamente.

Assim que estiver concluída, a estatal dará início à produção em forma seriada de oito cascos FPSO (sistema flutuante de produção, armazenamento e transferência de óleo) para plataformas de petróleo submersíveis. A Petrobras, que por contrato tem por dez anos o direito exclusivo de usar o Polo Naval, prevê injetar mais de R$ 12 bilhões no local.

A ampliação do porto e a inauguração do polo também chamam a atenção de empre-sas nacionais e estrangeiras interessadas em construir novos terminais privados e estaleiros em Rio Grande. Segundo o super-intendente, já existem estudos de viabilida-de e protocolos de intenção nesse sentido. “Estamos trabalhando na preparação do porto de Rio Grande para ser efetivamen-te o porto do Cone Sul, no sentido de que ele é o único na região com profundidade compatível com grandes navios petroleiros e graneleiros que operam linhas regulares para Europa, Ásia e África”, diz Jayme Ramis.

Obra que gera mais obrasA ampliação da capacidade do porto está ligada a outras reformas fundamentais pa-

ra o escoamento da produção e dos bens transportados. Uma delas é a duplicação da rodovia BR-392, que liga Rio Grande a Pelotas — no período de safra da soja, por exemplo, o fluxo de caminhões na estrada chega a 1,6 mil por dia. O custo da obra, que já está sendo realizada, fica na casa de R$ 1,2 bilhão. Também está prevista a duplicação da BR-116 entre Pelotas e Porto Alegre – outro trecho tido como essencial para as operações do porto de Rio Grande.

O superintendente vê o sistema ferrovi-ário como a grande deficiência para esco-amento dos produtos que chegam do mar. Segundo Ramis, a linha férrea que liga Rio Grande à região metropolitana de Porto Alegre faz um desvio muito grande, o que onera demais o transporte por trens.

De qualquer modo, o porto estuda uma parceria para integrar-se a uma rede de ferrovias que percorre, além do Rio Grande do Sul, também Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, num trajeto total de 3 mil quilômetros. A ligação poderia ir até o Chile, dando ao Brasil uma opção geografi-camente impossível: uma saída ao Pacífico.

Obras no segundo maior porto do Brasil vão permitir tráfego de

navios maiores e devem consolidá-lo como um dos principais

entrepostos do Cone Sul

A Bosch na sua vida

Contribuindo para o Polo NavalA ampliação do porto de Rio Grande está ocorrendo paralelamente à construção, no local, do Polo Naval. É lá que serão feitas e reformadas algumas das plataformas mais importantes para a exploração de petróleo no Brasil. Uma das estruturas já em gestação é a P-55, da Petrobras.Nesse processo, estão sendo usadas três ferramentas da Bosch, “para que o resultado seja satisfatório”, diz José Maria da Silva Ramos, supervisor de al-moxarifado da QUIP, empresa respon-sável pela construção e montagem das plataformas em Rio Grande.A Retífica Reta GGS 27 L Professional vem sendo utilizada para fazer a limpe-za dos tubos que transportarão óleo e

gás do solo do mar até a plataforma. Com sua ponta abrasiva e dispositivo que diminui vibrações, o equipamento desbasta estruturas metálicas e dá bom acabamento nos tubos.A retífica também é importante na monta-gem das bases da plataforma — formadas por peças e estruturas de metal, ligadas por solda. A ferramenta deixa a solda sem ranhuras, facilitando o encaixe das peças metálicas.A construção da plataforma também recorre a esmerilhadeiras da Bosch. A Esmerilhadeira Angular de 7 polegadas GWS 21-180 Professional é usada nos serviços de corte, desbaste e rebarba-ção em metais e soldas. Já a Esmerilhadeira Angular 4 ½ pole-

gadas GWS 6-115 Professional ajuda a garantir a emenda ideal entre as peças de ferro, que vão resultar na montagem da plataforma e alcançar os pontos mais difíceis de acesso.As duas se destacam por serem facil-mente manejáveis e por terem uma boa relação entre peso e potência.

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• Saiba como usar a retificadeira reta da Bosch

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João Paulo Ceglimski/Divulgação

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26 | VidaBosch | brasil cresce | Por Felipe Lessa

Educação high-tech estoura no BrasilNúmero de matriculados em cursos à distância cresce600% em três anos e preenche lacuna no ensino superior no país

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28 | VidaBosch | brasil cresce brasil cresce | VidaBosch | 29

Por outro lado, as exigências de tempo chegam a ser maiores do que nos cursos presenciais, pois, segundo o estudante, “cada atividade, seja ela um fórum ou um texto dissertativo, conta frequência, e, se você não tiver 75% de presença, não pode fazer as provas presenciais”. “Isso cansa bastante e te obriga a ficar on-line mais ho-

Q uem viveu os anos 80 bem se lem-bra. A década viu a disseminação de

meios pouco convencionais de ensino, com cursos em grandes redes de televisão, por correspondência e até aulas em áudio por meio de fitas cassete, que vinham em revis-tas para tocar no finado walkman. Só que o método de ensino à distância se dissemi-nou e acompanhou o avanço da tecnolo-gia. Hoje, o negócio é aprender na frente do computador.

A popularização da internet banda larga é apontada por especialistas como um dos principais motivos para a recente explosão

da educação à distância no Brasil. Para se ter ideia, foi registrado um crescimento de 600% no número de alunos matriculados nos cursos superiores on-line entre 2005 e 2008, segundo o censo realizado pela As-sociação Brasileira de Educação à Distância (Abed) em 2009. Contudo, ainda existem desafios a serem superados, como a falta de professores qualificados e de material didático adequado.

E o avanço tem sido evidente desde en-tão. As ferramentas são as mais variadas possíveis: trabalhos em grupo podem ser feitos em salas de bate-papo, as aulas são

assistidas em vídeos transmitidos pela internet e professores tiram as dúvidas por e-mail. Aos poucos, os cursos menos modernos, como os oferecidos pelo Ins-tituto Universal Brasileiro e o Telecurso 2000, estão se atualizando e também uti-lizando a web.

Até o ano passado, essa foi a maneira mais viável encontrada por 649.854 brasileiros para ter acesso à educação superior, segundo dados do Ministério da Educação (MEC). O perfil de estudante também é variado. Vai desde um chefe de uma família de classe média baixa que busca se atualizar, mas

não encontra tempo em sua rotina, até um jovem que sonha em ser veterinário, mas mora numa fazenda do interior de Goiás.

Para o professor da Faculdade de Edu-cação da Universidade de São Paulo (USP) Roberto da Silva, uma das maiores vanta-gens é a administração do próprio tem-po. Um exemplo disso é o estudante de pedagogia da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) Marcelo Moura, que não conseguiria conciliar o curso com sua rotina de trabalho. Assim, utiliza as madrugadas e finais de semana para fa-zer exercícios e ler os textos das aulas.

ras do que ficaria numa sala de aula”, diz. A possibilidade de desenvolvimento de

autonomia em relação aos estudos é vista por Silva como um ponto positivo nesses cursos, já que o aluno tem de se esforçar muito mais e ser bastante ativo para conse-guir um bom aproveitamento. “O estudante desenvolve seu próprio saber, exercendo sua preparação por conta própria. Aí, ele apenas utiliza as orientações do professor, mas não depende delas para aprender, como é praxe no ensino presencial”, acrescenta o docente. Moura partilha da mesma opi-nião em relação ao conhecimento autodi-

Segundo o MEC, até 2009 cerca de 650 mil brasileiros encontraram na web a maneira mais viável de ter acesso garantido ao ensino superior

O perfil de quem estuda

on-line é bem variado:

administrar o próprio tempo é uma das

vantagens dessa

forma de aprendizado

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30 | VidaBosch | brasil cresce brasil cresce | VidaBosch | 31

data, mas sente a falta de mais participa-ção dos professores e tutores, pois “seria muito produtivo que interferissem mais em nossas discussões e textos”.

Outro ponto positivo é a variedade da oferta, já que existem cursos para diversas áreas do conhecimento, ainda que o foco seja em ciências humanas e tecnológicas. Segundo o censo da Abed, as formações mais procuradas são administração, pe-dagogia e tecnologia. Também é possível encontrar cursos na área de biológicas. Além disso, instituições de elite do Brasil já oferecem aulas on-line, como a Unicamp e a USP. Até as universidades de Berkeley, Yale e Harvard, nos Estados Unidos, dis-ponibilizam gratuitamente a bibliografia de parte de seus cursos para estudantes autodidatas, mas não há qualquer víncu-lo ou diploma emitido pelas entidades.

Por outro lado, as aulas on-line não são recomendadas para estudantes com pouca escolaridade, pois a lacuna de formação geral pode não só dificultar o desempenho e o aproveitamento do curso como tam-bém mascarar as necessidades de capaci-tação. “É por isso que essa modalidade tem funcionado melhor na graduação e pós-graduação, e não no ensino fundamental, por exemplo”, explica Roberto. A pouca interação com outros colegas também é vista como um ponto negativo pelo pro-fessor, que acredita que o conhecimento é construído de maneira coletiva, a partir de observações e pelos erros próprios e dos outros. “Claro que esse modelo não é perfeito, existem lacunas que jamais se-riam preenchidas. Ele é muito bom dentro de um contexto relativamente específi-co”, afirma.

Além disso, o boom no setor não foi acompanhado pela formação de profes-sores capacitados para lidar com esse novo tipo de método de ensino. Na opinião de Fernando Rodrigues de Castro, gerente da unidade de pedagogia do Centro de Edu-cação à Distância (Cead) da Universidade de Brasília (UnB), muitos educadores são obrigados a se adaptar de forma abrupta ao novo método, o que pode comprometer a qualidade do ensino. O mesmo aconte-ce com o desenvolvimento de material didático adequado, que, segundo ele, ge-

ralmente é apenas transposto do mundo off-line para o on-line, não sendo adap-tado de acordo com suas peculiaridades.

Rede conectadaA tecnologia tem sido fundamental para a disseminação desse tipo de ensino, prin-cipalmente a popularização da internet em banda larga, que, segundo o MEC, es-tá presente em todos os municípios bra-sileiros. Outro dado bastante animador é o crescimento do acesso à web, que

passou de 13,9 milhões de domicílios em 2008 para 18,3 milhões no ano seguinte, representando um crescimento de 35%, segundo a pesquisa TIC Domicílios 2009, realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGIbr).

Segundo o secretário de Educação à Distância do Estado de São Paulo, Carlos Alberto Vogt, a tecnologia é responsável não apenas pela montagem de sistemas de aprendizados mais eficientes, mas também de métodos de avaliação mais rígidos. “Is-so deu mais credibilidade aos cursos, que hoje possuem um bom padrão de qualida-de e controle pelo governo”, afirma Vogt, responsável pela criação da Universidade Virtual Paulista, em 2008, uma parceria entre as três principais universidades pú-

blicas estaduais – Unesp, Unicamp e USP – para cursos semipresenciais.

Ainda existe muita desconfiança em re-lação à qualidade do ensino à distância, tanto por parte dos estudantes como de empresas, preconceito que se deve princi-palmente ao número espantoso de institui-ções de baixa qualidade. O MEC iniciou uma fiscalização no setor há dois anos, sendo que foram encontrados 5.163 centros fun-cionando sem o devido credenciamento e que não cumpriam as exigências mínimas estabelecidas. “É fato que ainda existe mui-to trabalho a ser feito para consolidar esse tipo de ensino no Brasil, mas boas provas já foram dadas de seu funcionamento, so-bretudo na graduação e em cursos de es-pecialização”, finaliza Rodrigues.

A Bosch na sua vida

Alavanca para o conhecimentoO setor empresarial já percebeu o potencial da internet co-mo ferramenta de treinamento, e está investindo fortemen-te nesse ramo. Por meio do sistema Super Profissionais, a Bosch capacita vendedores, distribuidores e aplicadores (como mecânicos e eletricistas), além de pessoas que par-ticipam de seus programas de relacionamento.O sistema surgiu em 2001, estabelecendo parceria por meio de fascículos impressos encaminhados pelo correio. Foi re-novado em 2006, diante da necessidade de se criar um canal para levar conhecimento e informação sobre os produtos da empresa para as cerca de 60 mil oficinas independentes do Brasil. Hoje, está disponível tanto em português quanto em espanhol e tornou-se mais do que um curso on-line: geren-cia todo o processo de inscrição do Centro de Treinamento Técnico Automotivo da Bosch. De modo a tornar o conteúdo de aprendizado acessível, a plataforma faz uso de recursos como simulações de com-ponentes, vídeos, esquemas, narração em áudio e inúmeras imagens, inclusive mostrando as peças em corte. O treino à distância concentra quase todo o conteúdo teórico dos cursos que a empresa oferece, e se tornou um pré-requisito para quem quer participar das aulas presenciais.“Com isso, nós tivemos um ganho de tempo enorme, pois antes as aulas eram até 70% teoria, e hoje são 80% prática”,

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• Navegue pelo site do programa SuperProfissionais Bosch

Conteúdo exclusivo on-line I www.vidabosch.com.br

explica Lúcia Maria Cuque, chefe de treinamento técnico e comercial da Bosch.Outro benefício que a nova metodologia trouxe foi uniformizar o nível dos estudantes que realizam a parte prática do trei-namento. “As turmas reuniam pessoas em níveis diferentes de conhecimento, juntando profissionais experientes com iniciantes. Com isso, as aulas precisavam ser interrompidas a todo instante para permitir que todos acompanhassem. Agora as atividades fluem melhor, o que reflete no aprovei-tamento do curso”, completa.

Instituições renomadas no país já têm aulas on-line, como a Unicamp e USP. Nos EUA, Harvard está entre as que oferecem material na rede

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32 | VidaBosch | atitude cidadã | Por Marianne Piemonte

Começando do começoCuidar da saúde e da educação da criança nos primeiros anos ajuda a prevenir doenças e a criar adultos bem-sucedidos. O resultado? Um país economicamente mais saudável

V ocê vai a uma consulta porque sua pressão está mais alta do que o normal. Senta-se, e o médico logo per-

gunta: “Até que idade você mamou?” Estranho? Pode pa-recer, mas ele estaria corretíssimo em querer ter acesso a essa informação. De acordo com o presidente da Asso-ciação Paulista de Pediatria, José Hugo de Lins Pessoa, os primeiros seis meses de vida são fundamentais para prevenir doenças que podem surgir na idade adulta, como acidente vascular cerebral (AVC), enfartes e alterações nas paredes das artérias. “É provável que um bebê sau-dável seja um idoso mais saudável”, diz o especialista, e garante que não exagera.

Pessoa ressalta o exemplo dos países nórdicos, em que além da pediatria há a puericultura, que enfatiza a prevenção. “Não se trata de saber qual o remédio para baixar a febre, mas como cuidar do seu bebê e alimen-tá-lo de maneira que ele não fique doente”, explica. Os benefícios não se restringem ao indivíduo, mas à socie-dade: crianças mais saudáveis custam menos ao sistema de saúde quando adultas, pois adoecem menos.

Na educação não é diferente. Ao contrário do que se pensa, a aprendizagem começa muito antes de a criança entrar na sala de aula pela primeira vez. A importância da etapa inicial da vida é tão relevante como na saúde. “Esse é um período de constituição de vínculos, desen-volvimento da linguagem, motor e social”, diz Cristina Nogueira Barelli, pedagoga do Instituto Singularidades, voltado à formação de professores de educação básica.

Assim, investir em primeira infância, período entre zero e 6 anos, é fundamental, como, aliás, confirma o professor da Universidade de Chicago James Heckman, vencedor

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34 | VidaBosch | atitude cidadã atitude cidadã | VidaBosch | 35

do Nobel de Economia em 2000. “Trata-se de uma rara iniciativa de política pública que promove equidade e justiça social e, ao mesmo tempo, fomenta a produtivida-de na economia e na sociedade em geral”, escreveu ele em um artigo publicado em 2006 na revista “Science”. Heckman acre-dita que crianças que recebem incentivos educacionais e desenvolvem capacidades diversas desde a primeira infância terão mais chances de se tornar adultos bem-sucedidos. E adultos bem-sucedidos tra-rão mais desenvolvimento econômico. “A educação é crucial para o avanço de um país e, quanto antes chegar às pessoas, maior será seu e efeito e menos custará ao governo. Tentar sedimentar num adoles-cente o tipo de conhecimento que deveria ter sido apresentado a ele dez anos antes sai algo como 60% mais caro”, defende o Nobel de Economia.

Outra conta impressionante foi feita pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento

Crianças que recebem

incentivos educacionais

desde a primeira

infância têm mais chance

de serem adultos bem-

sucedidos

A Bosch na sua vida

eventos ou cursos e poderá participar de convocações no próprio sistema”, completa.Ele explica ainda que é possível escolher os projetos de que se quer participar, não apenas do instituto como também de enti-dades parceiras. “Se você estiver interes-sado em dar aulas de inglês, por exemplo, poderá se inscrever apenas para essa fun-ção”, acrescenta o gestor.Mas o site não é voltado apenas ao ca-dastramento de voluntários. Ele oferece acesso ao BoschDoc, um acervo histórico com registros de temas ligados ao grupo e às comunidades onde a empresa está inserida, desde sua fundação no Brasil, na década de 1950.

As antigas campanhas de marketing de fer-ramentas elétricas Bosch, aquecedores de água e a rede de oficinas autorizadas são exemplos dos temas que podem ser encon-trados no arquivo digital do Centro de Me-mória Bosch, cujo acesso é feito mediante cadastro na página do Instituto Robert Bosch.Lá é possível encontrar também informa-ções e imagens de produtos e tecnologias desenvolvidas pela equipe de engenheiros brasileiros da empresa, além de uma linha do tempo (cronologia da Bosch na Alema-nha e no Brasil). “No acervo histórico, o internauta poderá fazer um tour virtual pela sede mundial do instituto, na Alemanha”, conclui Antoniacci.

Transformação social em um cliqueO site do Instituto Robert Bosch no Brasil está de cara nova. Responsável por gestão de políticas, diretrizes e re-cursos de projetos sociais, culturais, ambientais e educacionais mantidos ou apoiados pela Bosch, a instituição oferece agora novas ferramentas digi-tais para ampliar a interatividade com o público e o acesso ao acervo histó-rico do grupo.Otavio Antoniacci, gestor do Instituto Ro-bert Bosch no Brasil, destaca que “ficou mais fácil estimular a participação de voluntários”. “A pessoa se cadastra no site, passa a receber newsletters sobre

(BID): cada dólar investido em crianças de até 6 anos gera uma economia de US$ 7 em assistência social, atendimento a doenças mentais, manutenção de sistemas prisio-nais e em evasão escolar, de acordo com números citados pelo médico e psicotera-peuta João Augusto Figueiró, do Hospital das Clínicas da USP. “O valor sobe para US$ 15 por pessoa quando se fala em gas-tos com doenças que continuam a se ma-nifestar na vida adulta, como depressão ou abuso de drogas”, acrescenta ele, que também é presidente do Instituto Zero a Seis, uma organização não governamental que luta para reconhecer a importância de se investir na primeira infância.

MetasNo Brasil, apesar das visíveis melhoras, como a implantação da licença-mater-nidade remunerada e prorrogada para seis meses, dados de 2009 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IB-

• Descubra as novas ferramentas digitais do site do Instituto Robert Bosch

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36 | VidaBosch | atitude cidadã atitude cidadã | VidaBosch | 37

de um indivíduo nos primeiros momentos da vida permanecem inscritos por toda existência nas conexões sinápticas de um adulto. No entanto, os cuidados com a pri-meira infância constam há apenas 20 anos na Declaração de Direitos da Criança — o documento foi adotado pela ONU em 1959, mas o adendo sobre a primeira fase da vi-da só foi feito em 1989, com a Convenção sobre os Direitos da Criança. Isso indica que a preocupação com os investimentos nessa área é recente no mundo todo.

Os únicos países exemplares são os nór-dicos, onde a licença-maternidade pode chegar a um ano e o pai também tem o di-reito estendido para acompanhar os pri-meiros momentos de vida do filho. No en-tanto, segundo o presidente da Associação

Paulista de Pediatria, eles ainda pecam no quesito atenção: “Criança que não tem carinho não cresce saudável”, diz Pessoa.

Mesmo em regiões desenvolvidas, co-mo o Reino Unido, onde a experiência pré-escolar resultou em desenvolvimento in-telectual mais acentuado, independência, concentração e sociabilidade, há muito a ser feito. A inglesa Sue Gerhardt, pesquisado-ra e fundadora do Oxford Parental Infant Project (Oxpip), um projeto da Universi-dade de Oxford que oferece gratuitamen-te psicoterapia para pais de crianças até 2

anos, iniciou em 2010 uma cruzada contra as creches e berçários britânicos. Ela chama esses lugares de “depósitos de crianças”.

“A maioria dos profissionais nesses lo-cais não tem boa formação e são mal re-munerados, por isso a rotatividade deles é imensa, o que é muito prejudicial”, diz a pesquisadora. Sue sugere berçários e creches que contem sempre com a participação de um pai ou uma mãe do grupo de crianças, uma espécie de cooperativa. “Só pessoas envolvidas afetuosamente com as crian-ças vão ajudá-las a crescer”, argumenta.

Sem dúvida ainda há muito a ser feito. Já há no Brasil bons projetos e diretrizes para aplicação dos recursos. Mas falta cumprir, de fato, a determinação da Constituição: dar “absoluta prioridade” ao assunto.

No país, 62% das crianças de zero a 5 anos não frequentam nem creche nem escola infantil — o que indica o desafio que o país precisa enfrentar

A Bosch na sua vida

De pintura a aula de culináriaA creche do Santuário Menino Jesus de Praga, em Campinas (SP), começou como um projeto tocado por colaboradores da igreja, em apoio a crianças carentes que moravam nas redondezas do bairro Novo Cambuí. Aos poucos se expandiu. Hoje, 26 anos depois, tornou-se um centro assistencial com capacidade para atender 120 crianças de até 6 anos. Na creche, elas participam de atividades que abrangem todos os níveis de desenvolvimento infantil, conta a pedagoga Rosane Ferreira. “Fazem pintura, colagens, brincam com sucata, tintas e lápis de cor”, afirma. Além disso, assistem a vídeos educativos, aprendem brincadeiras tradicionais – como roda, ciranda e faz-de-conta – e até recebem aulas de culinária, com receitas que não vão ao forno. “Assim elas aprendem lógica matemática, como contar os biscoitos e dividi-los com os coleguinhas, tudo pelo lado lúdico”, acrescenta.A procura pelos trabalhos do centro assistencial é tão grande que há lista de espera, explica a gerente administrativa da instituição, Rosalie Personeni. Atualmente, são 112 as crianças atendidas. “A maioria é de Campinas, e alguns são filhos de traba-lhadores de Novo Cambuí”, conta. As demais vagas são reservadas para o Conse-lho Tutelar, que pode encaminhar menores em situação de risco. Para se manter, a creche conta com o auxílio da prefeitura e de empresas parceiras, como a Bosch. “A Bosch, por meio do Instituto Robert Bosch, dá apoio financeiro para nossas obras e doa alguns brindes para os eventos que organizamos. O Instituto ajudou a financiar uma quadra poliesportiva para as crianças e um parquinho”, detalha Rosalie. Entre as celebrações para recolher donativos estão as famosas festa da pizza e bacalhoada.A creche realiza reuniões bimestrais entre pais e pedagogos, professores e assis-tentes sociais para discutir assuntos educacionais e referentes às condições de vida de quem tem filhos no local. A saúde das crianças também não é deixada de lado. Entre as atividades realizadas estão cuidados fonoaudiológicos e prevenção a doenças infantis, com orientações sobre higiene e vacinação.

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• Assista ao vídeo que mostra como a creche apoiada pela Bosch ajuda as crianças

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Exemplares, países nórdicos

dão licença-maternidade

de até um ano às mães, para

acompanhamento ainda maior

dos primeiros meses de vida

do bebê

GE) mostram que entre os 16 milhões de crianças de zero a 5 anos, 62% (cerca de 10 milhões) não frequentam creche nem escola infantil. A proporção varia entre os estados, mas em nenhum o benefício alcança mais da metade das crianças — o que dá uma dimensão da enorme tarefa que o país tem pela frente.

A necessidade de priorizar a infância, e também a adolescência e a juventude, está inscrita na própria Constituição de 1988 (artigo 227). Quase sempre, porém, essa determinação não é cumprida, como atestam os números do IBGE. O setor pri-vado tem dado contribuições para que o cenário melhore – desde 1995, por exemplo, a Fundação Abrinq concede o selo “Em-presa Amiga da Criança”, que tenta mo-

bilizar as empresas para que invistam na área. Entre os compromissos do programa está o incentivo à primeira infância, seja por meio de apoio a programas sociais já existentes ou de doações para fundos de direito de crianças e adolescentes. A ge-rente executiva da fundação, Denise Ce-sário, destaca que na base do projeto há incentivo para que as empresas montem suas próprias creches e estimulem o alei-tamento materno.

Outro passo fundamental foi dado em maio de 2010, com o lançamento do Plano Nacional pela Primeira Infância, elabora-do pela Rede Nacional Primeira Infância, formada por organizações não governa-mentais, setor privado, governo e agên-cias multilaterais, num total de mais de

70 associados. O documento, entregue à Presidência da República, prevê uma sé-rie de metas para 2022 — ano em que se completam dois séculos da independên-cia do Brasil.

O plano estabelece, por exemplo, que até esse prazo sejam atendidas na educação infantil todas as crianças de 4 e 5 anos e 70% das crianças de até 3 anos, e que 100% dos professores da área tenham formação específica em nível superior, inclusive em libras (a língua brasileira de sinais).

Preocupação recenteFigueiró, do Instituto Zero a Seis, conta que há mais de 100 anos existem pesqui-sas demonstrando que acontecimentos de ordem física, emocional, social e cultural

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38 | VidaBosch | aquilo deu nisso | Por Manuel Alves Filho

Sentar no banquinho para tirar manualmente

o leite da vaca é algo em extinção. Sistemas

automatizados, que controlam o desempenho

de cada animal, são responsáveis por mais da

metade da produção de leite do Brasil

Chutaram o baldeA cena do homem do campo ajeitando

o banquinho e amarrando as patas traseiras da vaca para facilitar a tarefa de ordenhar ainda pode ser vista aqui e ali, principalmente nas pequenas proprie-dades rurais brasileiras. Aos poucos, po-rém, o trabalho manual vai sendo substi-tuído por equipamentos avançados, que contribuem para ampliar a produção e a qualidade do leite, em boa parte porque melhoram o bem-estar do gado e dos tra-balhadores encarregados do seu manejo.

Cerca de 60% dos 27,5 bilhões de litros de leite que chegam às prateleiras no Brasil foram extraídos com uso da mecanização e da automação, de acordo com estimativa de Evandro Luiz Schilling, gerente de pro-dutos da GEA Farm Technologies, uma das duas fabricantes de ordenhadeiras mecâ-nicas instaladas no país. “E a tendência é de crescimento desse percentual”, afirma.

O setor leiteiro no Brasil vive hoje duas realidades, conforme explica o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Leite Brasil), Jorge Rubez. Sem recursos e sem conhecimento atualizado,

os pequenos produtores não empregam tecnologia alguma. “Em geral, nem mesmo sal mineral eles dão aos animais”, relata, referindo-se a um dos elementos neces-sários à nutrição do gado. Já os proprie-tários de grandes rebanhos, diz, investem em técnicas e equipamentos modernos, que trazem impactos positivos para a pro-dutividade e os ganhos.

Um dos exemplos é o uso de um modelo de ordenhadeira mecânica denominado “carrossel”. De formato circular e com ca-pacidade variável (24 a 80 animais), ele funciona da seguinte forma. Depois de terem os tetos higienizados, as vacas vão sendo acomodadas em compartimentos individuais da máquina, que passa a gi-rar em fluxo contínuo. Ao mesmo tem-po em que o leite é extraído por sucção, a ração, previamente formulada por um veterinário, vai sendo liberada para os animais. Um aspecto importante: a sala onde o equipamento está instalado nor-malmente é climatizada, o que assegu-ra conforto térmico ao gado. “Livre do estresse provocado pelo calor, as vacas S

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40 | VidaBosch | aquilo deu nisso aquilo deu nisso | VidaBosch | 41

Esse modelo traz conforto ao trabalhador, que não precisa mais carregar o leite até o local de refrigeração, e maior qualidade ao produto, que fica livre do contato humano e com o ambiente”, detalha Schilling, da GEA Farm Technologies.

produzem mais”, observa o presidente da Leite Brasil.

Um sistema que tem um mecanismo mais simples é o batizado de “balde ao pé”. O leite é extraído mecanicamente e encaminhado, por meio de um duto, a re-cipientes que ficam próximos dos animais. Em seguida, os baldes são levados à refri-geração. “Em um estágio um pouco mais avançado, é possível instalar dutos de aço inoxidável que levam o leite até um cole-tor. Na sequência, com o auxílio de uma bomba sanitária, o produto é transporta-do, também por canos, até o refrigerador.

Quando o rebanho é maior, o processo pode ganhar em sofisticação — e em efici-ência. Com o apoio da automação, os sis-temas de ordenha podem executar tarefas complementares extremamente importan-tes para o gerenciamento do negócio. Mais do que extrair o leite e transportá-lo com segurança e higiene, os equipamentos são capazes de aferir, por meio de sensores que monitoram o fluxo do líquido, quanto cada vaca produz e o momento em que o leite acaba. “São dados fundamentais para o pecuarista, que pode acompanhar dia-riamente o desempenho de cada animal e

identificar o momento exato de encerrar o trabalho. Se o leite se esgota e a ordenha continua, isso pode causar problemas de saúde para a vaca, sobretudo ao úbere [mamas]”, esclarece.

Há tecnologias ainda mais avançadas que já são utilizadas em outros mercados. Uma dessas formas é o sistema roboti-zado, que dispensa o trabalho humano durante o processo da extração do leite. “Esses equipamentos ainda não são utili-zados no Brasil porque são extremamente caros. Na Europa, porém, já são comuns. Na Suíça, por exemplo, a robotização res-

ponde por metade do leite produzido no país”, afirma Schilling.

O gerente de produtos aponta, ainda, o emprego de recursos adicionais que podem ajudar no aumento da produtividade. “As vacas podem ser dotadas de podômetros, iguais aos usados pelos atletas, que medem quantos metros elas se locomovem por dia. Isso ajuda o produtor a identificar se o animal está doente, em virtude da pou-ca mobilidade, ou se está no cio, período em que ele se movimenta de três a quatro vezes mais do que o normal”, descreve. “Esse último dado é fundamental, pois

a vaca tem de ser inseminada no tempo exato. É bom lembrar que, sem um novo bezerro a cada ano, não há produção con-tínua de leite.”

Há ainda alguns casos, raros no Brasil, de produtores que põem música na sala de ordenha para as vacas darem mais leite. Pesquisas na Inglaterra indicam um salto de até 50% na produção quando se toca música clássica para o gado. Uma pesqui-sadora da Embrapa Gado de Leite, Maria de Fátima Ávila Pires, avalia que os resul-tados são ainda preliminares. Ela especula que o resultado pode estar mais relacio-

Em comparação

com a ordenha manual,

a mecânica melhora

o bem-estar do gado

Dos 27,5 bilhões de litros de leite produzidos anualmente no Brasil, cerca de 60% vêm de ordenhadeiras mecânicas ou automatizadas, segundo estimativa de especialista do setor

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42 | VidaBosch | aquilo deu nisso aquilo deu nisso | VidaBosch | 43

nado ao ordenhador do que aos animais. A especialista cita o que ocorre quando o tradicional radinho de pilha está ligado. “Segundo eles, a música ajuda a acalmar os animais. Quando o aparelho é desli-gado ou a pilha acaba, eles dizem que as vacas se mostram mais agitadas. Por hi-pótese, é possível que a música relaxe o ordenhador, que, por sua vez, executará sua tarefa estressando minimamente as vacas”, arrisca.

No entender de Maria de Fátima, mais importante do que levar canções suaves ao curral é assegurar ao plantel confor-to térmico, boa alimentação e condições sanitárias adequadas.

Bicho também “fala” Outra tecnologia recente que pode aju-dar a incrementar o setor é um softwa-

A Bosch na sua vida

Do para-brisa à ordenhadeiraEm princípio, carro e produção de leite fazem parte de dois universos bem diferentes. Mas não é bem assim. Um dispo-sitivo fundamental para não deixar o leite coalhar tem suas raizes na indústria automotiva.Trata-se do motorredutor tipo CEP 310, da Bosch. Desenvol-vido originalmente para movimentar os limpadores de para-brisas, o equipamento passou por algumas adaptações — de rotação, tensão e torque, por exemplo — e agora é usado na pecuária. Virou, então, um Sistema Agitador para Tanque de Leite, aplicado em recipientes com capacidade de 150 a 1 mil litros. Assim, pode ser usado tanto na produção familiar quanto por fazendeiros e latifundiários.O motorredutor fica dentro do tanque de leite e tem como função mexer o líquido, fazendo movimento circulares du-rante o processo de pasteurização, para não separar o soro da gordura e impedir que o leite fique coalhado. Além de serem econômicos e flexíveis, os motorredutores da Bosch não têm cromo nem chumbo, substâncias nocivas à saúde.Uma das vantagens do pequeno motor é permitir que o pro-cesso seja feito em tanques menores, a partir de 150 litros (antes, isso só era possível em recipientes de pelo menos

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400 litros). Dessa forma, fica mais fácil a propriedades de médio porte (até 70 litros de leite por dia) aderir ao siste-ma mecanizado.Sem esse mecanismo, o leite armazenado nos latões tem de ser coletado diariamente. Trabalhando com um equipamen-to refrigerador, o CEP 310 possibilita que isso seja feito de dois em dois dias, sem grandes oscilações na temperatura e sem deixar o líquido talhar.

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re capaz de interpretar a vocalização de aves, suínos e bovinos. Desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadu-al de Campinas (Unicamp), o programa capta os sons emitidos pelos animais e os traduz, revelando se eles “dizem” estar com frio, fome, calor ou dor. “Nós já fize-mos ensaios com gado leiteiro, e foi pos-sível interpretar indicações desse tipo”, afirma uma das integrantes da equipe de pesquisadores, Daniella Jorge de Moura,

professora da Faculdade de Engenharia Agrícola daquela universidade.

A cientista explica que para chegar ao software foi preciso realizar uma série de estudos em relação ao comportamento dos animais. “Nós pudemos perceber diferenças de espectro para situações distintas, como dor, medo e fome”, afirma a especialista.

Ao comparar a vocalização dos animas pertencentes ao rebanho com as emissões-padrão, atesta a professora, o criador terá como identificar quais podem estar com problemas, o que permitirá a adoção de medidas corretivas imediatas. “O software ainda não foi colocado no mercado por-que depende de alguns ajustes que faci-litarão o seu uso por parte dos criadores. Mas penso que a ferramenta pode vir a ser importante para vários segmentos, inclusive o leiteiro”, prevê.

Podômetros iguais aos usados pelos atletas medem quantos metros as vacas se locomovem, identificando se o animal está doente ou se está no cio. A técnica torna mais precisa a inseminação e garante a produção contínua de leite

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44 | VidaBosch | saudável e gostoso | Por Maria Eduarda Mattar

Maracujá mescla doce e azedo em sua composição; além do sabor único, a chamada “fruta da paixão” possui um efeito calmante

Um delicioso paradoxo

S e formos ao vocábulo “doce”, nos melhores dicionários, haverá en-tre as definições algo como “o que não é amargo”. Do mesmo modo,

indo a “amargo” vamos nos deparar com significados que remetem ao contrário do que se dizia no primeiro verbete. Doce e amargo, portanto, são o que as gramáticas chamam de antônimo. Certo?

Bom, isso pode valer para os dicionários. Na prática, na ponta da lín-gua — literalmente —, nem sempre é assim. Um caso típico: o maracujá. A fruta, dona de uma combinação bem equilibrada de dois sabores opostos, dá um toque do seu sabor agridoce a vários tipos de pratos da culinária brasileira. Vai na calda, no sorvete, com o peixe ou o frango, na geleia, na musse, na compota e no suco.

Acidez não lhe falta: o pH do suco de maracujá varia de 2,8 a 3,3 e a aci-dez, de 2,9% a 5%. Mas em sua composição há também diferentes tipos de açúcar (de 8,3% a 11,6%), de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

“Sucos, sorvetes e picolés, compotas e geleias: isso é o clássico do uso do maracujá na nossa culinária”, pontua a chef Ana Luíza Trajano, que é pesquisadora de cozinha brasileira, dona do restaurante Brasil a Gosto, em São Paulo, e autora de livro homônimo, elaborado após suas viagens pelo país para estudar a gastronomia nas diferentes regiões.

Nas incursões pelo interior, ela se deparou com vários usos da fruta. Aqui se faz e aqui se come: o país é o principal produtor e consumidor mundial de maracujá. Atrás vêm Colômbia, Peru e Equador, ainda de acor-do com a Embrapa.

Não por acaso, o poeta Fagundes Varela (1841-1875), expoente do ro-mantismo brasileiro — movimento que buscava ressaltar fatores “típicos”

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De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), só em 2009 foram produzidas quase 800 mil toneladas da fruta, 5% a mais do que no ano anterior.

A Bahia é o estado líder no setor, mas há boas e viáveis plantações em várias partes do país, diz o cientista agrário e especialista em melhoramento genético Claudio Horst Bruckner, um dos autores do livro “Mara-cujá: tecnologia de produção, pós-colheita, agroindústria, mercado”. “O maracujá tem ciclo relativamente curto e é o que chama-mos de cultura itinerante: quando há uma praga, muda-se o local de plantio”, lembra o especialista sobre a fruta, cujas semen-tes pegam na maioria dos tipos de solo.

“Uma das grandes vantagens é que se acha maracujá o ano inteiro”, atesta Ana Luíza. Em suas viagens, ela notou que a fruta é muito utilizada no interior de São Paulo e de Minas Gerais, onde costuma figurar nas compotas. No Centro Oeste, é mais usado em outros doces. Foi lá que a chef aprendeu a fazer o doce de casca de maracujá, que figurou durante algum tempo no cardápio de seu restaurante.

Ela também aconselha o uso com peixes e frango, na forma de calda. E lembra: além da polpa, pode-se usar também a casca na cozinha. Para isso, basta aferventar para tirar o amargor, revela a chef, que produziu as receitas da últimas página desta edição de VidaBosch.

Essa versatilidade — tanto de aplicação, quanto de plantio — é a principal vantagem da fruta da paixão. “Às vezes coloco na so-

Brasil é o principal produtor e consumidor da fruta no mundo. Das mais de 400 espécies existentes, 200 são nativas do território brasileiro

Filé de frango com ervas e um toque de mostarda ao molho de maracujá

Prato a ser preparado para quatro pessoas

Ingredientesfilé de frango

8 filés de frango sem peleSal a gosto4 colheres de sopa de mostarda amarela 4 colheres de sopa de ervas variadas bem picadinhas (salsinha, manjericão, mangerona, alecrim, tomilho e sálvia)4 colheres de sopa de óleo de milho

molho de maracujá

500 g de maracujá azedo 300 ml de água

8 colheres de sopa de açúcar2 colheres de sopa de maizena

Modo de preparofilé de frango Salgue os filés de frango.Misture bem a mostarda com as ervas e tempere os filés.Em uma frigideira bem quente, coloque duas colheres de sopa com óleo e ponha os filés para fritar.O ideal é fritar dois filés de cada vez e acrescentar óleo aos poucos para que as ervas não queimem.Reserve em um lugar aquecido.

molho de maracujá

Ponha a polpa das frutas para ferver.

Assim que levantar a fervura, deixe esfriar um pouco e leve ao liquidificador. Coloque para bater duas ou três vezes na função pulsar.Passe em uma peneira e leve ao fogo em uma panela.Acrescente o açúcar e deixe ferver.Dissolva a maisena em um pouco de água e, com um batedor de arame, acrescente-a dissolvida no molho de maracujá para que engrosse um pouco.

Para servirColoque os filés em uma travessa e jogue por cima o molho de maracujá.O que sobrar de molho pode ser guardado na geladeira, pois ele tem uma durabilidade bem grande.

bremesa do dia, por exemplo, a mousse de maracujá”, diz a chef Beth Branco, do res-taurante Beth Cozinha de Estar, que também utiliza a fruta em pratos salgados. “Acho que vai bem com peixe e frango assado, sempre na forma de molhos”, acrescenta ela, que assina a receita na página ao lado.

Calmante naturalAlém de presentear o paladar com azedo e doce em medidas equilibradas, o mara-cujá também traz benefícios para a saúde. É calmante natural, como já propagavam nossos avós e comprovam as pesquisas acadêmicas. “Para fazer calmante, usa-se muito o maracujá amarelo. Suas folhas são usadas em kits de plantas medicinais”, explica Bruckner.

A cientista de alimentos Glaucia Pasto-re, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), coordenou uma pesquisa re-cente que comprova a faceta calmante do maracujá. “O efeito calmante é bastante conhecido de algumas espécies e é dado pela substância conhecida como passiflo-rina, que é um conjunto de substâncias de diversas estruturas químicas”, detalha a pesquisadora.

O maracujá, segundo ela, tem também presença de vitaminas C e as do complexo B. De acordo com a Embrapa, ele é com-posto por 8,3% a 11,6% de açúcares totais, 7 a 20 mg/100g de ácido ascórbico (vita-mina C), 12,5% a 18%, de sólidos solúveis, além de conter niacina, potássio e outros nutrientes. “Contém ainda uma quantida-de apreciável de pectina, que é uma fibra solúvel extremamente importante para a função digestiva e intestinal humana”, complementa Glaucia. Essas substâncias estão tanto na polpa quanto na casca.

A pesquisadora afirma que o maracujá também se saiu bem nos estudos sobre potencial antioxidante. “Ele apresentou relevante propriedade de combater os ra-dicais livres”, resume. Em outras palavras, ao combater radicais livres, responsáveis pela oxidação das células, a fruta ajuda a prevenir o envelhecimento. E isso ocorre em função da presença da vitamina C, uma das responsáveis pelo seu famoso sabor cítrico. Mais uma prova de como sua aci-dez pode ser doce.

do Brasil — cantou em um de seus textos mais famosos a beleza e os odores da flor do maracujá, justamente o título do poema. (Pelas rosas, pelos lírios, / Pelas abelhas, sinhá, / Pelas notas mais chorosas / Do can-to do sabiá, / Pelo cálice de angústias / Da flor do maracujá!). Os versos, que seriam publicados em inúmeras cartilhas escolares ao longo do século 20, mesclavam galanteio amoroso, autocompaixão e valorização do ambiente brasileiro. O jovem escritor (Varela tinha 28 anos quando o poema foi publicado em livro) escolheu bem seu te-ma. O maracujá era propício para salpicar palavras de coloração brasileira (sabiá, sinhá, manacá, ubá): o vocábulo vem do tupi mara kuya, que significa “alimento na cuia”, em função de sua casca dura e em forma de cuia, na qual pode ser con-sumido diretamente.

É bem verdade que o maracujazeiro não é exclusivo do Brasil — as mais de 400 espécies são nativas da América do Sul —, mas é aqui que se concentra a maio-ria delas. São cerca de 200, incluindo a principal delas, o maracujá amarelo ou azedo, nomes corriqueiros para a Pas-siflora edulis Sims, segundo a Embrapa. O nome científico, aliás também ecoado nos versos de Varela, não está ligado ao despertar da libido: o maracujá não tem qualquer efeito nesse sentido. O “passiflo-ra”, que deu origem ao nome que a fruta recebe em outras línguas, como passion fruit, em inglês, refere-se aos elementos presentes na flor que lembram a Paixão de Cristo: os cravos seriam os pregos fin-cados em Jesus crucificado, os filamentos da coroa seriam a coroa de espinhos, as flores avermelhadas ou arroxeadas seriam o sangue... (“As chagas roxeadas / Da flor do maracujá”, como dizem os versos do poeta romântico).

O Brasil exporta e consome mais a fruta in natura, ao passo que outros países se concentram na comercialização do produ-to em outras formas, como polpa e suco. Te

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Ingredientes massa

600 g de Massa Filo50 g de manteiga sem sal300 ml de queijo cremoso150 ml de leite condensado diet100 ml de creme de leite UHT5 g de adoçante goiabada

1 kg de goiaba madura6 colheres de sopa de adoçante 300 ml de águaCravo a gostoCanela a gostocalda de maracujá

1,5 l de polpa de maracujá6 colheres de sopa de adoçante 3 colheres de sopa de amido de milho

Modo de preparo para dez porçõesmassa: Corte quatro folhas de massa no diâmetro de 10 cm. Depois, coloque as folhas cortadas em uma forma, uma sobre a outra, alternando as camadas com manteiga. Leve ao forno pré-aquecido a 170 ºC por quatro minutos.queijo cremoso: Coloque no liquidificador e bata. Depois, coloque em um saca puxa (saco feito para confeitar) e leve à geladeira.goiabada: Dissolva o adoçante na água. Tire a polpa da goiaba, coloque na panela e deixe em fogo brando até dissolver. Em seguida, bata.calda de maracujá: Tire o suco da polpa e coloque em um liquidificador junto com o amido e o adoçante. Deixe em fogo brando até que dissolva. Em seguida, deixe esfriar.Para montar as porções, primeiro recheie a massa com o queijo cremoso. Em seguida, adicione a goiabada e finalize com riscos de calda de maracujá.

Torta Romeu com calda de maracujá

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