33
Instituto Federal de Minas Gerais Campus Ouro Preto Dossiê em Defesa da Lei de Anistia Destinado aos membros do Júri. Bancada de Defesa: Bruno Bernardes, Danilo Araújo, Fabiane Andrade, Filipe Mazon, Gleicilene Castro, Henrique Magalhães, João Emanuel, Patrícia Gonçalves, Raphael Miranda, Raíra Cerceau, Tayná Oliveira e Thaís Torres.

Web viewArt. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou

  • Upload
    buikien

  • View
    216

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Web viewArt. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou

Instituto Federal de Minas GeraisCampus Ouro Preto

Dossiê em Defesa da Lei de Anistia

Destinado aos membros do Júri.

Bancada de Defesa: Bruno Bernardes, Danilo Araújo, Fabiane Andrade, Filipe Mazon, Gleicilene Castro, Henrique Magalhães, João Emanuel, Patrícia Gonçalves,

Raphael Miranda, Raíra Cerceau, Tayná Oliveira e Thaís Torres.

Ouro Preto e Mariana18 de Março de 2013

Page 2: Web viewArt. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou

Esse dossiê consta de todos os argumentos e justificativas utilizadas pela bancada de defesa, estes foram devidamente baseados e comprovados por documentos que constam nas fontes. Este contem também observações feitas pelo grupo acerca das justificativas e dos argumentos.

Ouro Preto e Mariana18 de Março de 2013

Page 3: Web viewArt. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou

Lei de Anistia

LEI Nº 6.683, DE 28 DE AGOSTO DE 1979  

Concede anistia e dá outras providências.   

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA,Faço saber que o CONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de 

setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou conexos com estes, crimes   eleitorais,   aos   que   tiveram   seus   direitos   políticos   suspensos   e   aos   servidores   da Administração Direta e Indireta, de Fundações vinculadas ao Poder Público, aos servidores dos Poderes   Legislativo  e   Judiciário,   aos  militares   e   aos   dirigentes   e   representantes   sindicais, punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares (Vetado).

§  1º  Consideram-se  conexos,  para  efeito  deste  artigo,  os   crimes  de  qualquer natureza relacionados com crimes políticos ou praticados por motivação política.

§ 2º Excetuam-se dos benefícios da anistia os que foram condenados pela prática de crimes de terrorismo, assalto, sequestro e atentado pessoal.

§ 3º Terá direito à reversão ao Serviço Público a esposa do militar demitido por Ato Institucional, que foi obrigada a pedir exoneração do respectivo cargo para poder habilitar-se ao montepio militar, obedecidas as exigências do art. 3º.

  Art.  3º O   retorno  ou   reversão  ao  serviço  ativo   somente  será  deferido  para  o 

mesmo cargo ou emprego, posto ou graduação que o servidor, civil ou militar, ocupava na data de seu afastamento, condicionado, necessariamente, à existência de vaga e ao interesse da Administração.

§   1º   Os   requerimentos   serão   processados   e   instruídos   por   comissões especialmente designadas pela autoridade à qual caiba apreciá-los.

§ 2º O despacho decisório será proferido nos cento e oitenta dias seguintes ao recebimento do pedido.

§   3º   No   caso   de   deferimento,   o   servidor   civil   será   incluído   em   Quadro Suplementar e o militar de acordo com o que estabelecer o Decreto a que se refere o art. 13 desta Lei.

§   4º   O   retorno   e   a   reversão   ao   serviço   ativo   não   serão   permitidos   se   o afastamento tiver sido motivado por improbidade do servidor.

§ 5º (Revogado pela Lei nº 10.559, de 13/11/2002) Art. 4º (Revogado pela Lei nº 10.559, de 13/11/2002) Art. 5º (Revogado pela Lei nº 10.559, de 13/11/2002) Art. 6º O cônjuge, qualquer parente, ou afim, na linha reta, ou na colateral, ou o 

Ministério Público, poderá requerer a declaração de ausência de pessoa que, envolvida em atividades políticas, esteja, até a data de vigência desta Lei, desaparecida do seu domicílio, sem que dela haja notícias por mais de 1 (um) ano.

§ 1º Na petição, o requerente, exibindo a prova de sua legitimidade, oferecerá rol de,   no  mínimo,   3   (três)   testemunhas   e   os   documentos   relativos   ao  desaparecimento,   se existentes.

Page 4: Web viewArt. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou

§ 2º O juiz designará audiência, que, na presença do órgão do Ministério Público, será realizada nos 10 (dez) dias seguintes ao da apresentação do requerimento e proferirá, tanto que concluída a  instrução,  no prazo máximo de 5 (cinco) dias,  sentença,  da qual,  se concessiva do pedido, não caberá recurso.

§   3º   Se   os   documentos   apresentados   pelo   requerente   constituírem   prova suficiente do desaparecimento,  o  juiz,  ouvido o Ministério  Público  em 24  (vinte  e quatro) horas, proferirá, no prazo de 5 (cinco) dias e independentemente de audiência, sentença, da qual, se concessiva, não caberá recurso.

§ 4º Depois de averbada no registro civil, a sentença que declarar a ausência gera a presunção de morte do desaparecido, para os fins de dissolução do casamento e de abertura de sucessão definitiva.

 Art.   7º É   concedida   anistia   aos   empregados   das   empresas   privadas   que,   por 

motivo   de   participação   em   greve   ou   em   quaisquer   movimentos   reivindicatórios   ou   de reclamação de direitos regidos pela legislação social, hajam sido despedidos do trabalho, ou destituídos de cargos administrativos ou de representação sindical.

 Art. 8º São anistiados, em relação às infrações e penalidades decorrentes do não 

cumprimento   das   obrigações   do   serviço   militar,   os   que,   à   época   do   recrutamento,   se encontravam, por motivos políticos, exilados ou impossibilitados de se apresentarem.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos dependentes do anistiado. Art.   9º Terão  os   benefícios  da  anistia  os  dirigentes  e   representantes   sindicais 

punidos pelos Atos a que se refere o art. 1º, ou que tenham sofrido punições disciplinares ou incorrido em faltas ao serviço naquele período, desde que não excedentes de 30 (trinta) dias, bem como os estudantes.

 Art. 10.   Aos servidores civis e militares reaproveitados,  nos termos do art. 2º, 

será contado o tempo de afastamento do serviço ativo, respeitado o disposto no art. 11. Art. 11.   Esta Lei,  além dos direitos nela expressos, não gera quaisquer outros, 

inclusive aqueles relativos a vencimentos, soldos, salários, proventos, restituições, atrasados, indenizações, promoções ou ressarcimentos.

 Art.   12.   Os   anistiados   que   se   inscreveram   em   partido   político   legalmente 

constituído poderão votar e ser votados nas convenções partidárias a se realizarem no prazo de 1 (um) ano a partir da vigência desta Lei.

 Art.   13.   O   Poder   Executivo,   dentro   de   30   (trinta)   dias,   baixará   decreto 

regulamentando esta Lei. Art. 14.  Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação. Art. 15. Revogam-se as disposições em contrário.  Brasília, em 28 de agosto de 1979; 158º da Independência e 91º da República. JOÃO FIGUEIREDOPetrônio PortellaMaximiano FonsecaWalter Pires

Page 5: Web viewArt. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou

R. S. GuerreiroKarlos RischbieterEliseu ResendeÂngelo Amaury StabileE. PortellaMurillo MacêdoDélio Jardim de MattosMário Augusto de Castro LimaJoão Camilo PennaCesar Cals FilhoMário David AndreazzaH. C. MattosJair SoaresDanilo VenturiniGolbery do Couto e SilvaOctávio Aguiar de MedeirosSamuel Augusto Alves CorrêaDelfim NettoSaid FarhatHélio Beltrão

Fonte: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei-6683-28-agosto-1979-366522-normaatualizada-pl.html e http://www3.dataprev.gov.br/SISLEX/paginas/42/1979/6683.htm

DEZ FALÁCIAS SOBRE A LEI DE ANISTIA (E POR QUE NÃO SE DEVE REVOGÁ-LA)

Cartaz da campanha pela Anistia, final dos anos 70: antes eles queriam anistia ampla, geral e irrestrita; agora, acham que a anistia foi ampla demais...

Page 6: Web viewArt. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou

Seguem dez falácias frequentemente repetidas por aqueles que querem a revogação da Lei de anistia (Lei 6.683, de 28/08/1979), e por que revogá-la seria uma tragédia para o Brasil.  Refute quem puder.

1. "A Anistia foi imposta pelos militares para garantir a impunidade."

FALSO.   A   Anistia   foi   uma   conquista   da   sociedade.   Revogá-la   atiraria   o   Brasil   numa   crise jurídico-institucional  de  proporções   inimagináveis.  A  Anistia  foi  o resultado  de  uma ampla negociação  política,   que   incluiu,   sim,   o   interesse  dos  membros  dos   serviços de   repressão político-militar  de  que seus  crimes  permanecessem  impunes,  mas  que envolveu,   também, vastos setores da sociedade civil que começava a se rearticular no Brasil com o processo de abertura  políitica  no  final  dos  anos  70.  A  esquerda,  principalmente,   teve  um papel  ativo, dentro e fora do país, na campanha pela "anistia ampla, geral e irrestrita", quando a censura e a legislação de exceção já davam sinais de que estavam prestes a acabar (o AI-5 foi extinto no final de 1978). O que resultou daí foi um acordo, a princípio imperfeito, mas um acordo assim mesmo.  Não   foi,  de  maneira  alguma,   algo  "imposto"  -  até  porque   seria   ilógico   impor  ao inimigo o perdão dos crimes por ele cometidos.

Assim como foi negociada, e não extorquida, a Anistia não pode ser revogada sob a alegação de  que  o   regime  em que  ela   foi   implantada  era   ilegítimo,  o  que  dela   também  retiraria, portanto,   a   legitimidade.  Nesse   caso,   todas   as   leis   produzidas   desde   1964   deveriam   ser abolidas, pois também seriam ilegítimas. Isso incluiria a legislação que criou o Banco Central, o BNH, o FGTS etc. Do mesmo modo, todas as obras construídas pelos militares, como a Ponte Rio-Niterói e a hidrelétrica de Itaipu, teriam de ser implodidas, a EMBRAER fechada e assim por diante... 

Do mesmo modo, é preciso ter em mente que a Anistia não teve nada a ver com "justiça", sendo,   na   realidade,   uma   construção  política,   um  pacto  político.  Tratou-se   de   garantir   a pacificação nacional por meio da extinção dos crimes, ou seja, do  perdão e do esquecimento, como o  preço  a   ser  pago  pela   redemocratização.  Se  a  Anistia garantiu  a   impunidade,   foi, portanto, dos dois lados. Exatamente como ocorrera em anistias anteriores, como a de 1945, que extinguiu os crimes cometidos pela ditadura do Estado Novo varguista, pelos comunistas e pelos integralistas. Foi exatamente para permitir o retorno da democracia e o fim do estado de exceção que a Anistia foi concebida.

Page 7: Web viewArt. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou

Há também uma questão jurídica: a Lei da Anistia foi incorporada à Constituição Federal de 1988   (Artigo 8º do   Ato   das   Disposições   Constitucionais   Transitórias),   não   podendo   ser revogada sem que se revogue, também, a Carta Magna. Isso criaria, obviamente, uma situação de caos  jurídico, com o risco de um retrocesso autoritário.  Além do mais,  em 2010 o STF decidiu,  por  7   votos   contra  2,   rejeitar   a   iniciativa  de   revogação  da  Anistia  para  punir  os militares acusados de tortura e assassinatos. Os juízes entenderam que a Anistia foi ampla e que os crimes foram perdoados. Ao que parece, os revanchistas, que lutaram por uma anistia ampla, agora acham que ela foi "ampla demais". Daí porque querem revogá-la.

Observação:

 

Page 8: Web viewArt. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou

Como pode ser visto nessas imagens, foram promovidas passeatas a favor da "anistia ampla, geral   e   irrestrita"  e   estas   foram   organizadas   em   por   civis   esquerdistas   ou  membros   da oposição   ao   Regime  Militar,   pois   pode   ser   notado   que   não   há   a   presença   de  militares. Portanto,  houve  uma aceitação  tácita  da  vigência  da  Lei  por  parte  dos  brasileiros,  e  uma aceitação explícita por parte dos próprios adversários ou inimigos mais radicais do regime que, protegidos pela lei, e graças a ela, voltaram do exílio — mesmo os que haviam se envolvido em ações armadas — ou se livraram da prisão.

Lei de Anistia não surgiu do nada. Ela foi fruto de um intenso debate social e representou, em seu momento, uma etapa necessária ao processo de reconciliação e redemocratização do país. Sem ela, o fim do regime militar seria muito mais traumático e, provavelmente, outros crimes seriam praticados de ambos os lados, pois se perpetuaria o clima de desconfiança e rivalidade entre os diversos grupos políticos. A anistia “ampla, geral e irrestrita” permitiu a remoção dos últimos obstáculos para o processo de transição pacífico. A reparação das vítimas foi garantida com o pagamento de indenização e o estabelecimento de comissões de verdade para lançar luzes sobre aquele período histórico.

A Lei de Anistia é juridicamente válida e já exauriu seus efeitos desde quando entrou em vigor, em 1979. Todos os crimes abrangidos pela referida lei foram anistiados.

A anistia é uma palavra originária do grego amnestía, e significa “esquecimento”. No direito, a anistia é o ato pelo qual o poder público declara impuníveis, por motivo de utilidade social, todos os que praticaram determinados crimes durante um determinado período. Por meio da anistia, devem cessar todas as diligências persecutórias, tornando nulas e de nenhum efeito as condenações aplicadas.

Durante o regime militar,  foram os  setores mais progressistas da sociedade que exigiram a anistia “ampla, geral e irrestrita”, visando beneficiar todas as pessoas que praticaram crimes políticos   durante   aquele   período.   Estudantes,   intelectuais,   religiosos,   trabalhadores   das fábricas   e   do   campo,   artistas,   advogados,   familiares   de   presos   políticos   e   dos  mortos   e desaparecidos políticos: todos eram favoráveis à anistia.

O   Supremo   Tribunal   Federal,   que   é   o   órgão   jurisdicional   máximo   do   direito   brasileiro, responsável  pela  “guarda da Constituição” e pela proteção dos direitos  fundamentais  nela previstos,  reconheceu, em substancioso julgamento, que a Lei de Anistia era compatível com as  normas da Constituição Federal  de  1988 e não padecia  de  qualquer  vício   jurídico.  Sua validade é, portanto, inquestionável.

A decisão proferida em ADPF “terá eficácia contra todos e efeito vinculante relativamente aos demais  órgãos  do  Poder  Público”,   conforme determina  o  artigo 10,  §3º,  da  Lei  9.882/99. Portanto, qualquer juiz do Brasil que receber uma ação penal para apurar fatos já abrangidos pela Lei de Anistia estará descumprindo uma decisão vinculante do Supremo Tribunal Federal.

Page 9: Web viewArt. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou

2. "A Lei de Anistia não perdoou crimes de sangue; portanto, não foi ampla" 

FALSO. A   Anistia   só   não   perdoou,   num   primeiro   momento,   aqueles   que   já tinham sido condenados, em 1979, por crimes de sangue. Os que praticaram tais crimes, como atentados e assassinatos, mas que não haviam sido até então julgados e sentenciados pela Justiça tiveram seus   crimes   de   imediato   extintos. Como  diz   a   lei,   no  Artigo  1º: "§   2º   -   Excetuam-se  dos benefícios da anistia os que foram condenados pela prática de crimes de terrorismo, assalto, seqüestro e atentado pessoal." O objetivo era impedir que tais condenações se repetissem. Mesmo assim, a legislação posterior estendeu o benefício da anistia a TODOS os que tinham cometido crimes políticos  ou conexos.  Dificilmente se encontrará,  na História,  exemplo  de anistia tão ampla  quanto  a brasileira,  que perdoou a   todos   indistintamente,  em nome da reconciliação nacional.

3. "Tortura é crime contra a humanidade, logo imprescritível"

EM TERMOS. Esse  argumento tem sido repetido com base na legislação  internacional,  que condena a tortura. A questão é saber se essa legislação pode sobrepor-se à lei nacional. Não pode. Além do mais, o terrorismo também é considerado crime contra a humanidade. 

Observação: De   acordo   com   a   literalidade   constitucional, "compete privativamente ao Presidente da República celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional" (art. 84, VIII). O Congresso, por sua vez, tem competência exclusiva para "resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional" (art.  49,   I).  Logo, percebe-se que é atribuída ao legislativo a incumbência de examinar o tratado ou convenção consumado pelo  presidente,  podendo manter   tal  decisão e  o   faz  por  meio  da  elaboração de decreto legislativo (CF, art. 59, VI).81

             A lógica de aprovação é assim, se o Brasil foi parte no tratado internacional, é porque já houve a referida manifestação legislativa aprovando o tratado internacional. Somente após tal aprovação pelo Congresso Nacional é que o Presidente da República pode ratificar o tratado internacional. E se o Presidente ratificou o tratado é porque o Congresso o aprovou e assim passa a ter aplicação imediata. 

Portanto,  um tratado   internacional  não  se   sobrepõe  às   leis  nacionais  a  não  ser  que  esse tratado tenha sido aprovado pelo  Congresso Nacional  e  não ratificado pelo  Presidente  da República. No caso do tratado sobre tortura o Decreto no qual o Congresso Nacional o aprova é o DECRETO N o   40, DE 15 DE FEVEREIRO DE 1991 , que Promulga a Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis,  Desumanos ou Degradantes  ele só  foi  publicado em fevereiro de 1991 e este só entra em vigor após a data de publicação (Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.) portanto ele não é válido para os crimes cometidos antes desta data. Segundo a Constituição, Titulo II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais, Capitulo I – Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, Art 5° XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.

Page 10: Web viewArt. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou

Uma decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos não tem o condão de revogar uma decisão da mais alta corte do Brasil, já que a Constituição Federal de 1988 atribuiu ao Supremo Tribunal  Federal  a  missão  de  dar  a  última palavra  em qualquer  questão  constitucional.  A jurisdição   dos   tribunais   internacionais   é   subsidiária,   ou   seja,   somente   deve   ser   exercida quando  a   jurisdição  nacional   é  omissa.  Não   foi  o  que  ocorreu  no  presente   caso,  onde  a jurisdição brasileira apreciou devidamente todos os argumentos apresentados por ambas as partes,  dentro de um processo  legítimo que tramitou perante o STF.  Se se permitir que a jurisdição   internacional   reveja   uma   decisão   tomada   dentro   do   devido   processo   legal,   os tribunais internacionais se transformarão em tribunais de recurso, com direito de examinar toda e qualquer decisão tomada pelos juízes brasileiros, dentro de sua esfera de competência. Certamente, não é essa a função dos tribunais internacionais.

Além disso, a decisão da CIDH padece de vários vícios graves.

Em primeiro lugar, há um claro vício de incompetência.  Quando o Brasil aderiu ao Sistema Interamericano   de   Direitos   Humanos   e   aceitou   se   submeter   à   jurisdição   da   Corte Interamericana, estabeleceu uma reserva temporal: a competência contenciosa da CIDH foi reconhecida  “sob reserva  de reciprocidade  e  para   fatos  posteriores  a 10  de dezembro de 1998”.   É   inequívoca   a   falta   de   competência   da   Corte   Interamericana   para   conhecer   das detenções  arbitrárias,  atos  de  tortura  e  execuções  extrajudiciais  ocorridas  antes  de  10  de dezembro de 1998.

Em segundo lugar, mesmo que se considere que foram praticados crimes contra a humanidade durante a ditadura militar  brasileira,  o direito   internacional  ainda  não havia  tipificado tais crimes  naquele  momento.  Os  crimes  contra  a  humanidade  somente   foram definidos  pela legislação internacional a partir do Estatuto de Roma de 1998, não cabendo aplicar o referido estatuto   para   crimes   cometidos   trinta   anos   antes   sob   pena   de   ofender   o   princípio   da legalidade, da irretroatividade e da anterioridade que orientam o direito penal de qualquer país civilizado. O costume internacional não pode ser fonte criadora do direito penal e usado para punir atos que, quando praticados, não eram considerados crimes contra a humanidade.

É preciso lembrar que não há, no Brasil, a tipificação do crime de desaparecimento forçado. Além disso, o crime de tortura somente foi tipificado em 1997, pela Lei 9.455/97. Os princípios da   legalidade,   da   irretroatividade   e   da   anterioridade   foram   uma   das   mais   importantes conquistas da humanidade e estão previstos nos principais tratados internacionais, inclusive na Convenção Interamericana de Direitos Humanos. No Brasil, tais   princípios são considerados cláusulas   pétreas,   de   modo   que   não   podem   ser   afastados   nem   mesmo   por   emenda constitucional.   Assim,   seria  uma  violação  ainda  maior   aos  direitos  humanos   se,   tal   como autorizou a CIDH, seres humanos fossem punidos sem qualquer base legal.

A Constituição brasileira somente reconhece duas hipóteses de  imprescritibilidade penal:  a prática de racismo e a ação de grupos armados contra a ordem constitucional  e o Estado Democrático. Os demais crimes sujeitam-se às regras de prescrição, de modo que, mesmo que não sejam abrangidos pela Lei de Anistia, já estariam prescritos, uma vez que já se passaram mais de trinta anos desde que foram supostamente praticados.

Permitir que a decisão da CIDH prevaleça sobre a decisão do STF é um grande risco à soberania e ao direito de autodeterminação do povo brasileiro. Se isso ocorrer, estaremos permitindo que  juízes  estrangeiros,  que sequer conhecem a realidade brasileira,  definam as diretrizes jurídicas que devemos seguir. Os juízes da CIDH não representam a nossa sociedade, nem têm 

Page 11: Web viewArt. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou

legitimidade para dizer que o STF, o Congresso Nacional e o governo democraticamente eleito estão errados.

Certamente, se os juízes da CIDH fossem brasileiros, concluiriam que os atos praticados pelos militares naquele período não podem ser  julgados sem levar em conta o contexto daquele momento histórico peculiar. O Brasil vivia um regime tumultuado. Vários grupos de esquerda queriam construir uma tirania socialista no país, inclusive usando armas se fosse necessário. A extinta União Soviética, China, Cuba e vários outros países estavam treinando combatentes para derrubar o governo pela força.  A reação militar  a esses movimentos foi estritamente dentro do necessário.  Aliás, comparando-se com os regimes seguidos pelos países vizinhos, como a Argentina e o Chile, pode-se dizer que a ditadura do Brasil foi uma das mais brandas. Além disso,  os militantes de esquerda, quando resolveram pegar nas armas para protestar contra o governo, sabiam que podiam morrer em combate. Quem escolhe o caminho da luta armada   sabe   está   disposto   a  matar   ou   a  morrer.   Certamente,   se   a   operação  militar   de contraguerrilha   tivesse   fracassado,   e   os   soldados   das   Forças   Armadas   tivessem   sido capturados,   certamente  os  guerrilheiros   teriam  feito  com os   seus  prisioneiros  o  que seus algozes fizeram com os deles. É a lei do combate.

Outro argumento constantemente brandido pelos advogados da revogação da Lei de Anistia é o do chamado "crime continuado", aplicado no caso dos "desaparecidos". Nesse caso, o crime perduraria, já que os corpos não foram encontrados - o sequestro só se encerra quando a vítima é libertada.  Aparentemente lógico,  tal  argumento é também falacioso,  pois quem o utiliza  parece  se  esquecer  que  os  desaparecidos   já foram reconhecidos  oficialmente  como mortos (Lei 9.140, de 4/12/1995): suas famílias receberam certidões de óbito e indenizações do Estado. Desde então, não há mais desaparecidos políticos no Brasil  - exceção dos que a esquerda mantém no armário.

Trata-se, portanto, de um princípio sem qualquer valor normativo: segundo a Constituição, a lei   não  pode   retroagir,   a   não   ser   para  beneficiar   o   réu   ("Artigo  5º,   XL-  A   Lei   penal   não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.").

Observação: Querer a revogação da Lei de Anistia (Lei N° 6.683, de 28 de Agosto de 1979), que faz parte da Constituição (no Art 8° do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias), sendo que esta revogação não beneficiará os réus, muito pelo contrário, irá condená-los, vai contra a própria Constituição que diz no Titulo II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais, Capitulo I – Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, Art 5° XL – A Lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. Portanto, se houver a revogação da Lei deverá também ter a revogação da Constituição (Carta Magna).

Page 12: Web viewArt. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou

4. "Os que lutaram contra a ditadura foram punidos; os torturadores, não".

FALSO. Nem todos os que se opuseram, com armas ou não, ao regime de 64 foram presos ou torturados. Vários escaparam à prisão e um número maior jamais conheceu a tortura. O último comandante  militar   da  Ação   Libertadora  Nacional   (ALN),   um  dos   grupos   terroristas  mais violentos,   Carlos   Eugênio   Paz,   jamais   foi   preso.   E é apenas   um   exemplo..Além disso,  os  punidos  pelo  regime militar   foram indenizados  -  muitos,  aliás,  por  motivos completamente absurdos. O ex-presidente Lula, por exemplo, recebe 6 mil reais mensais de indenização por ter ficado preso por algumas semanas,  em 1980, por causa de uma greve ilegal. Diógenes de Oliveira, responsável por atentados como a explosão do carro-bomba em que morreu o soldado Mário Kozel Filho em São Paulo em 1968, foi indenizado em mais de 400 mil reais, enquanto Orlando Lovechio Junior, que perdeu a perna num atentado à bomba do qual Diógenes participou, sobrevive com uma pensão por invalidez de 570 reais mensais. No total, as indenizações já somam cerca de 4 bilhões de reais. Nenhum centavo para as vítimas da   luta   armada.   Daí   a   frase   do   saudoso  Millôr   Fernandes:   "não   era   ideologia;   era   um investimento".

Quanto   aos   militares,   a   maioria   deles   já   se   encontra   em   idade   avançada,   muitos   são octogenários,   sem   qualquer   influência   na   vida   política   nacional.   Ao   contrário   de  muitos remanescentes da luta armada de esquerda, que hoje ocupam altos cargos na administração pública - a começar pela Presidência da República.

Observação: De quase nada irá valer a revogação da Lei de Anistia se desta se espera a devida “punição”  aos  que  torturaram durante  o  Regime Militar  de  64,  pois   sendo a  maioria  dos militares octogenários estes não seriam presos e sim levados a clinicas de repouso (“asilos”) ao contrário dos esquerdistas que também cometeram crimes e que a maioria são mais jovens estes sim caso a revogação acorresse sentiriam a devida “punição”. 

É preciso lembrar que sequestros, torturas e homicídios foram praticados de parte a parte. Punir tão somente os que estavam do lado do governo viola flagrantemente a isonomia. Não é possível conferir a ilicitude criminal a alguns atos e, ao mesmo tempo, reconhecer que outros de igual repercussão possuem natureza distinta e podem ser justificados apenas por que os objetivos  políticos  e  as  motivações   ideológicas  eram diferentes.  Se  os  militares  agiram de forma   censurável,   também  agiram  de   igual  modo   aqueles   que   praticaram  violência   para instalar  um   regime  diferente  que,   em muitos   casos,   também   refletiam  uma  mentalidade totalitária,   inclusive   com   apoio,   financiamento   e   treinamento   concedidos   por   ditaduras estrangeiras.

A   anistia   não   teria   a   importância   que   teve   como   instrumento   de   pacificação   social   e restabelecimento da democracia se fosse interpretada de modo fragmentado para beneficiar apenas  os   criminosos   de  esquerda.   Ela   foi   ampla   e   geral   justamente  para   acabar   com a dicotomia amigo/inimigo que vigorava durante o regime militar. Seu objetivo foi permitir que o passado seja esquecido, para que possamos seguir em frente, com vistas ao futuro.

Page 13: Web viewArt. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou

5. "Brasil pode ser condenado pela ONU, OEA etc."

FALSO. Nenhuma organização internacional tem jurisdição para condenar quem quer que seja no Brasil. A ONU, a OEA ou a CIDH podem estabelecer princípios gerais, declarações etc. sobre tortura e outros delitos, mas não impor-se à lei brasileira (no caso, a de Anistia).  Portanto, a menos que o país aceite essas deliberações, estas não têm valor normativo. Ademais, sendo organizações   interestatais,   tais   organismos   enxergam   somente os   delitos   cometidos   pelo Estado, ficando de fora, no caso, o terrorismo de esquerda. O soldado que der um tapa na cara de um preso será acusado de violar os direitos humanos pela ONU ou pela OEA; já o terrorista não-estatal que explodir um quartel ou um avião, não.

6. "Crimes contra a humanidade são apenas os praticados pelo Estado"

FALSO. Outra falácia repetida à exaustão pelos inimigos da Anistia. Não leva em conta o fato de que terrorismo também é considerado crime contra a humanidade, independentemente de quem o pratique.  Além do mais,  tal  argumento é um tiro no pé para a esquerda,  pois  os terroristas brasileiros estavam também a serviço do Estado - no caso, não do Estado brasileiro, mas   de   Estados   estrangeiros,   como   Cuba   e   China.   Militantes   esquerdistas   brasileiros receberam dinheiro, armas e treinamento militar dos regimes cubano, chinês e norte-coreano, entre outros, para derrubar o regime militar brasileiro. Agiram, assim, como agentes de fato desses  Estados.   Seus   crimes,   portanto,   também podem  ser   enquadrados  na   categoria  de terrorismo de Estado.    

7. "Os guerrilheiros lutaram pela democracia"

TOTALMENTE   FALSO.  De   todas   as  mentiras   entoadas   como  um  mantra   pela   propaganda esquerdista,   esta   é   certamente   a  mais   fácil   de   ser   refutada.  A   luta   armada  da  extrema-esquerda   não   teve   nada   de   democrática,  como   demonstram   de   forma   cristalina   os documentos das organizações clandestinas da época, nenhum dos quais fala em democracia, mas em instaurar uma forma de ditadura socialista. Leiam a coletânea organizada por Daniel Aarão Reis Filho e Jair Ferreira de Sá, Imagens da Revolução: documentos das organizações clandestinas de esquerda dos anos 1961/1971 (Rio   de   Janeiro:  Marco   Zero,   1985)   para constatarem. A restauração das liberdades democráticas simplesmente não estava nos planos dos   grupos   terroristas   -   e  muito  menos,   como   virou  moda   afirmar   em   certos   círculos, constituiu um "resultado não-intencional" da ação destes.

Além disso, o terrorismo de esquerda no Brasil tem início antes do AI-5 - o atentado à bomba no  aeroporto  dos  Guararapes  ocorre  em 25/07/1966,  dois  anos  antes  do   fechamento  do regime.  Como mostram diversos historiadores,  o projeto da  luta armada é anterior a 1964. 

Page 14: Web viewArt. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou

Não por acaso, a Lei de Anistia contempla crimes políticos e conexos cometidos entre 1961 e 1964, o que beneficiou quase exclusivamente a esquerda.

8. "Em outros países, como Argentina e Chile, os militares foram condenados e estão cumprindo pena; por que o mesmo não ocorre no Brasil?"

Não há relação entre o que ocorreu no Brasil e nos países vizinhos. Além de se tratar de casos específicos,   cada   qual   com   suas   particularidades,   na   Argentina,   Chile   e   Uruguai   não   só torturadores  militares   foram   presos   e   sentenciados   à   prisão:   os   terroristas   de   esquerda também o foram. Na Argentina, em 1990 Carlos Menem indultou os dois lados, decisão que foi revertida anos depois. No Chile, o chefe da DINA, o serviço secreto, general Manuel Contreras, foi preso e condenado por pressão dos EUA devido ao assassinato do ex-chanceler Orlando Letelier nas ruas de Washington, em 1976. Mesmo assim, terroristas de esquerda, como os membros   do  MIR,   permanecem   presos   e   cumprem   sentença.   Um   exemplo   é   Mauricio Hernández Norambuena, condenado por crimes como o sequestro do publicitário Washington Olivetto em São Paulo.  Não há como comparar as situações nesses países com o ocorrido no Brasil,  até porque a intensidade da repressão em cada país foi bastante diferente -  30 mil mortos na Argentina, 424 no Brasil.

9. "A Comissão da Verdade só tratará dos crimes cometidos por agentes do Estado"

FALSO.  A própria  lei  que criou a comissão -  Lei 12.528,  de 18/11/2011 -  não faz qualquer referência   a   isso:   fala   apenas   em   "examinar   e   esclarecer   as   graves   violações   de  direitos humanos", mas não diz quem as cometeu. A mesma lei, em seu Artigo 2,§ 1o, II, afirma que não   poderão  participar   da   comissão   aqueles   que   "não   tenham   condições   de   atuar   com imparcialidade". Portanto,   a   "Comissão   da   Verdade",   para   ser   imparcial,   também   precisa investigar os crimes cometidos pela esquerda.  Além do mais, a lei,  em   seu Artigo 3, VIII,  § 4o, é clara: "As atividades da Comissão Nacional da Verdade não terão caráter jurisdicional ou persecutório." 

Observação: A Comissão da Verdade investigará e trará a tona os fatos ocorridos, mas ela não tem caráter   jurisdicional  nem persecutório,  ou seja  ela  não  condenará  os  praticantes  dos crimes.

10. "É preciso defender o direito à memória e à verdade"

VERDADEIRO, MAS HÁ UM DETALHE: o direito à memória e à verdade deve ser defendido em sua integridade, e não pela metade. Em outras palavras:  é preciso apurar os crimes dos dois 

Page 15: Web viewArt. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou

lados,  e  não somente  os dos militares.  Do contrário,  a  comissão vai  virar  uma omissão da verdade. 

Com relação aos chamados "arquivos da ditadura", por exemplo, é preciso perguntar: só os da ditadura? E quanto aos da esquerda armada? 

Enfim, a Anistia foi o pontapé inicial do processo de redemocratização no Brasil, significando, na prática, o fim da ditadura militar iniciada em 1964.   Lançou as bases jurídicas e políticas para o retorno do estado de direito democrático, que no Brasil ocorreu de forma muito mais tranqüila  do que nos  demais  países da América  do Sul  que passaram por  experiências  de regimes militares nos últimos 50 anos.  Certamente não foi algo perfeito, mas foi o melhor que se   pôde   alcançar,   e   infinitamente   superior   ao   verificado  em  países   que   os  membros   de organizações de esquerda, muitos dos quais estão hoje no poder, desejavam emular.

Países como Cuba, China e URSS, em que os prisioneiros do regime comunista jamais foram anistiados, e onde (com exceção da URSS e de seus satélites do Leste Europeu, além de outros africanos e asiáticos) a ditadura não faz parte do passado, ao contrário do regime de 64.

Somente o motivo acima já é suficiente para não desejar  que a roda da História volte no tempo. Revogar a Lei de Anistia seria um retrocesso, que não teria nada a ver com justiça, mas com  revanchismo.  E   revanchismo  não   tem nada  a   ver   com verdade,  mas  com vendetta e acobertamento. 

Fonte: http://gustavo-livrexpressao.blogspot.com.br/2012/04/dez-falacias-sobre-lei-de-anistia-e-por.html,  http://direitosfundamentais.net/2011/08/24/estudo-de-caso-gerrilha-do-araguaia-lei-de-anistia-cidh-vs-stf/ , http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=6885 e http://www.senado.gov.br/legislacao/const/con1988/CON1988_05.10.1988/CON1988.pdf.

Page 16: Web viewArt. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou

Comissão Nacional da Verdade (CNV)

A Comissão Nacional da Verdade foi criada pela Lei 12528/2011 e instituída em 16 de maio de 2012. A CNV tem por finalidade apurar graves violações de Direitos Humanos ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988. Conheça abaixo a lei que criou a Comissão da Verdade e outros documentos-base sobre o colegiado.

LEI Nº 12.528, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011.

(Vide Decreto nº 7.919, de 2013)Cria a Comissão Nacional da Verdade no âmbito da Casa Civil da Presidência da República.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA :Faço   saber   que   o   Congresso   Nacional   decreta   e   eu sanciono a seguinte Lei: 

Art. 1o É criada, no âmbito da Casa Civil da Presidência da República, a Comissão Nacional da Verdade, com a finalidade de examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos praticadas no período fixado no art. 8   o     do Ato das Disposições Constitucionais    Transitórias, a fim de efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional. 

Art. 2o  A Comissão Nacional da Verdade, composta de forma pluralista, será integrada por   7   (sete)   membros,   designados   pelo   Presidente   da   República,   dentre   brasileiros,   de reconhecida   idoneidade  e   conduta   ética,   identificados   com a  defesa  da  democracia   e  da institucionalidade constitucional, bem como com o respeito aos direitos humanos. § 1o  Não poderão participar da Comissão Nacional da Verdade aqueles que: 

I   -   exerçam  cargos  executivos  em agremiação  partidária,   com exceção  daqueles  de natureza honorária; 

II - não tenham condições de atuar com imparcialidade no exercício das competências da Comissão; 

III - estejam no exercício de cargo em comissão ou função de confiança em quaisquer esferas do poder público. 

§  2o   Os  membros   serão  designados  para  mandato  com duração até  o   término  dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade, a qual será considerada extinta após a publicação do relatório mencionado no art. 11. 

§ 3o  A participação na Comissão Nacional da Verdade será considerada serviço público relevante. 

Art. 3o  São objetivos da Comissão Nacional da Verdade: 

I   -  esclarecer  os   fatos  e  as   circunstâncias  dos  casos  de  graves  violações  de  direitos humanos mencionados no caput do art. 1o; 

Page 17: Web viewArt. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou

II   -   promover   o   esclarecimento   circunstanciado   dos   casos   de   torturas,   mortes, desaparecimentos  forçados,  ocultação de cadáveres  e sua autoria,  ainda  que ocorridos  no exterior; 

III   -   identificar   e   tornar   públicos   as   estruturas,   os   locais,   as   instituições   e   as circunstâncias   relacionados   à   prática   de   violações   de   direitos   humanos   mencionadas no caput do   art.   1o e   suas   eventuais   ramificações   nos   diversos   aparelhos   estatais   e   na sociedade; 

IV - encaminhar aos órgãos públicos competentes toda e qualquer informação obtida que possa auxiliar na localização e identificação de corpos e restos mortais de desaparecidos políticos, nos termos do art. 1   o     da Lei n   o  9.140, de 4 de dezembro de 1995;    

V - colaborar com todas as instâncias do poder público para apuração de violação de direitos humanos; 

VI  -   recomendar a adoção de medidas e políticas públicas  para prevenir  violação de direitos humanos, assegurar sua não repetição e promover a efetiva reconciliação nacional; e 

VII - promover, com base nos informes obtidos, a reconstrução da história dos casos de graves violações de direitos humanos, bem como colaborar para que seja prestada assistência às vítimas de tais violações. 

Art. 4o  Para execução dos objetivos previstos no art. 3o, a Comissão Nacional da Verdade poderá: 

I   -   receber   testemunhos,   informações,   dados   e   documentos   que   lhe   forem encaminhados  voluntariamente,  assegurada  a  não   identificação  do  detentor  ou  depoente, quando solicitada; 

II - requisitar informações, dados e documentos de órgãos e entidades do poder público, ainda que classificados em qualquer grau de sigilo; 

III - convocar, para entrevistas ou testemunho, pessoas que possam guardar qualquer relação com os fatos e circunstâncias examinados; 

IV  -  determinar  a  realização de perícias  e diligências  para coleta ou recuperação de informações, documentos e dados; 

V - promover audiências públicas; 

VI - requisitar proteção aos órgãos públicos para qualquer pessoa que se encontre em situação de ameaça em razão de sua colaboração com a Comissão Nacional da Verdade; 

VII  - promover parcerias com órgãos e entidades, públicos ou privados, nacionais ou internacionais, para o intercâmbio de informações, dados e documentos; e 

VIII - requisitar o auxílio de entidades e órgãos públicos. 

§ 1o   As requisições previstas nos incisos II, VI e VIII serão realizadas diretamente aos órgãos e entidades do poder público. 

Page 18: Web viewArt. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou

§ 2o  Os dados, documentos e informações sigilosos fornecidos à Comissão Nacional da Verdade não poderão ser divulgados ou disponibilizados a terceiros, cabendo a seus membros resguardar seu sigilo. 

§ 3o  É dever dos servidores públicos e dos militares colaborar com a Comissão Nacional da Verdade. 

§ 4o  As atividades da Comissão Nacional da Verdade não terão caráter jurisdicional ou persecutório. 

§ 5o   A Comissão Nacional da Verdade poderá requerer ao Poder Judiciário acesso a informações, dados e documentos públicos ou privados necessários para o desempenho de suas atividades. 

§ 6o  Qualquer cidadão que demonstre interesse em esclarecer situação de fato revelada ou declarada pela Comissão terá a prerrogativa de solicitar ou prestar informações para fins de estabelecimento da verdade. 

Art. 5o  As atividades desenvolvidas pela Comissão Nacional da Verdade serão públicas, exceto nos casos em que, a seu critério, a manutenção de sigilo seja relevante para o alcance de seus objetivos ou para resguardar a intimidade, a vida privada, a honra ou a imagem de pessoas. 

Art. 6o  Observadas as disposições da Lei n   o     6.683, de 28 de agosto de 1979   , a Comissão Nacional  da Verdade poderá atuar de forma articulada e  integrada com os demais  órgãos públicos,   especialmente   com   o   Arquivo   Nacional,   a   Comissão   de   Anistia,   criada   pela Lei n  o     10.559, de 13 de novembro de 2002   , e a Comissão Especial sobre mortos e desaparecidos políticos, criada pela Lei n   o     9.140, de 4 de dezembro de 1995   . 

Art. 7o  Os membros da Comissão Nacional da Verdade perceberão o valor mensal de R$ 11.179,36   (onze mil,  cento  e setenta  e nove reais  e   trinta  e  seis  centavos)  pelos  serviços prestados. 

§ 1o  O servidor ocupante de cargo efetivo, o militar ou o empregado permanente de qualquer   dos   Poderes   da   União,   dos   Estados,   dos   Municípios   ou   do   Distrito   Federal, designados como membros da Comissão, manterão a remuneração que percebem no órgão ou entidade  de  origem acrescida  da  diferença  entre  esta,   se  de  menor   valor,   e  o  montante previsto no caput. 

§ 2o  A designação de servidor público federal da administração direta ou indireta ou de militar das Forças Armadas implicará a dispensa das suas atribuições do cargo. 

§ 3o  Além da remuneração prevista neste artigo, os membros da Comissão receberão passagens e diárias para atender aos deslocamentos, em razão do serviço, que exijam viagem para fora do local de domicílio. 

Art. 8o   A Comissão Nacional da Verdade poderá firmar parcerias com instituições de ensino superior ou organismos internacionais para o desenvolvimento de suas atividades. 

Page 19: Web viewArt. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou

Art.  9o   São  criados,  a  partir  de  1o de   janeiro  de  2011,  no âmbito  da  administração pública   federal,  para  exercício  na  Comissão Nacional  da  Verdade,  os   seguintes  cargos  em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores:      (Vide Decreto nº 7.919, de 2013)

I - 1 (um) DAS-5; 

II - 10 (dez) DAS-4; e 

III - 3 (três) DAS-3. 

Parágrafo único.  Os cargos previstos neste artigo serão automaticamente extintos após o término do prazo dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade, e os seus ocupantes, exonerados. 

Art. 10.  A Casa Civil da Presidência da República dará o suporte técnico, administrativo e financeiro necessário ao desenvolvimento das atividades da Comissão Nacional da Verdade. 

Art. 11.  A Comissão Nacional da Verdade terá prazo de 2 (dois) anos, contado da data de  sua   instalação,  para  a  conclusão dos   trabalhos,  devendo apresentar,  ao  final,   relatório circunstanciado   contendo   as   atividades   realizadas,   os   fatos   examinados,   as   conclusões   e recomendações. 

Parágrafo único.   Todo o acervo documental e de multimídia resultante da conclusão dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade deverá ser encaminhado ao Arquivo Nacional para integrar o Projeto Memórias Reveladas. 

Art. 12.  O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta Lei. 

Art. 13.  Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 

Brasília,  18  de novembro de 2011; 190o da Independência e 123o da República. 

DILMA ROUSSEFFJose Eduardo CardozoCelso Luiz Nunes Amorim Miriam BelchiorMaria do Rosário Nunes

Fonte: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12528.htm

A instalação da Comissão da Verdade

Relato, áudio e vídeo sobre a instalação da CNV, em 16 de maio de 2012A Comissão Nacional da Verdade foi instalada em 16 de março de 2012. Ela terá prazo de dois anos para apurar violações aos direitos humanos ocorridas no período entre 1946 e 1988, que inclui a ditadura (1964-1985).

Em cerimônia realizada no Palácio do Planalto, a presidenta Dilma Rousseff deu posse aos sete integrantes da comissão: Cláudio Fonteles, Gilson Dipp, José Carlos Dias, João Paulo Cavalcanti Filho, Maria Rita Kehl, Paulo Sérgio Pinheiro e Rosa Maria Cardoso da Cunha. Na ocasião, Dilma ressaltou que eles foram escolhidos pela competência e pela capacidade de entender a dimensão do trabalho que vão executar.

Page 20: Web viewArt. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou

Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique Cardoso, José Sarney e Fernando Collor de Mello participaram da cerimônia e foram citados por Dilma em seu discurso, pelo papel que tiveram, durante seus governos, na consolidação do processo de resgate da história brasileira durante a ditadura militar.

Ao instalar a comissão, a presidenta Dilma destacou que o Brasil precisa conhecer a totalidade de sua história e disse que as investigações não serão movidas pelo ódio ou revanchismo. "A ignorância sobre a história não pacifica, pelo contrário, mantém latente mágoas e rancores", acrescentou. Parafraseando Galileu Galilei, a presidenta lembrou que "a força pode esconder a verdade, a tirania pode impedi-la de circular livremente, o medo pode adiá-la, mas o tempo acaba por trazer a luz. Hoje, esse tempo chegou".

O ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, membro da comissão, disse que ela é "passo relevante para consolidação da sociedade democrática brasileira" na luta contra a violência política, onde viceja o esforço das vitimas da repressão estatal. Ele lembrou iniciativas importantes para chegarmos à criação desta comissão, como o livro Tortura, Nunca Mais, elaborado pela Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo em 1985, homenageando o esforço heroico de Dom Paulo Evaristo Arns. "A história vale pelo que conta e pelo que dela se espera", disse.

Desaparecidos políticosA Comissão da Verdade foi criada em 2009 e a lei que estabeleceu foi sancionada por Dilma em novembro do ano passado. O foco principal será apurar casos de desaparecidos políticos. De acordo com o livro-documento Direito à Memória e à Verdade, elaborado pelo governo federal, há 150 casos de opositores do regime militar que desapareceram após serem presos ou sequestrados por agentes do Estado. Não há registro da prisão deles em nenhum tribunal ou presídio, os advogados não foram notificados e os familiares até hoje procuram esclarecimentos sobre onde estão os corpos das vítimas.

Em 2010, o Brasil foi condenado na Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA em ação movida por familiares de mortos e desaparecidos na Guerrilha do Araguaia - ação armada desencadeada pelo PC do B, entre 1972 e 1974, na região de Marabá, no Pará.

"O Brasil merece a verdade, as novas gerações merecem a verdade e, sobretudo, merecem a verdade factual aqueles que perderam amigos e parentes e que continuam sofrendo como se eles morressem de novo e sempre a cada dia. É como se disséssemos que, se existem filhos sem pais, se existem pais sem túmulo, se existem túmulos sem corpos, nunca, nunca mesmo, pode existir uma história sem voz. E quem dá voz à história são os homens e as mulheres livres que não têm medo de escrevê-la", destacou a presidenta.

"O direito à verdade é um direito bem estabelecido no direito internacional e tem a estratégia abrangente de evitar violações no futuro", disse Américo Inglaterra, representante regional do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos. Ele acrescentou que a comissão do Brasil será um exemplo encorajador para todo o mundo, pois significa um compromisso real com a defesa dos direitos humanos, da memória das vítimas e a suas famílias. "Vai ajudar a reconciliação do Brasil com seu passado", acrescentou, ao colocar o escritório das Nações Unidas à disposição da comissão.

Observação: Se o problema é informação está quem irá trazê-las à tona. Querer uma revogação e causar um drástico problema jurisdicional ao país não faz sentido agora. Ir contra ao que antes era apoiado só irá fazer com que o país regrida. A verdade será revelada e os pais que até hoje não sabem como, onde e quando seus filhos morreram poderão prestar suas homenagens e viver sem dúvidas. A Comissão da Verdade alcançará seus objetivos e para isso 

Page 21: Web viewArt. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou

não é necessário a revogação da Lei de Anistia que só acarretaria em mais problemas para o país.

Leis Relacionadas à Lei da Comissão da Verdade:

 Lei n   o     10.559, de 13 de novembro de 2002   

Faço saber que o PRESIDENTE DA REPÚBLICA adotou a Medida Provisória nº 65, de 2002, que o Congresso Nacional aprovou, e eu, Ramez Tebet, Presidente da Mesa do Congresso Nacional, para os efeitos do disposto no art. 62 da Constituição Federal, com a redação dada pela Emenda constitucional nº 32, de 2001, promulgo a seguinte Lei:

CAPÍTULO II

DA DECLARAÇÃO DA CONDIÇÃO DE ANISTIADO POLÍTICO

Art. 2o  São declarados anistiados políticos aqueles que, no período de 18 de setembro de 1946 até 5 de outubro de 1988, por motivação exclusivamente política, foram:

I - atingidos por atos institucionais ou complementares, ou de exceção na plena abrangência do termo;

II - punidos com transferência para localidade diversa daquela onde exerciam suas atividades profissionais, impondo-se mudanças de local de residência;

III - punidos com perda de comissões já incorporadas ao contrato de trabalho ou inerentes às suas carreiras administrativas;

IV - compelidos ao afastamento da atividade profissional remunerada, para acompanhar o cônjuge;

V - impedidos de exercer, na vida civil, atividade profissional específica em decorrência das Portarias Reservadas do Ministério da Aeronáutica no S-50-GM5, de 19 de junho de 1964, e no S-285-GM5;

VI - punidos, demitidos ou compelidos ao afastamento das atividades remuneradas que exerciam, bem como impedidos de exercer atividades profissionais em virtude de pressões ostensivas ou expedientes oficiais sigilosos, sendo trabalhadores do setor privado ou dirigentes e representantes sindicais, nos termos do § 2   o     do art.      8  o     do Ato das Disposições    Constitucionais Transitórias;

VII - punidos com fundamento em atos de exceção, institucionais ou complementares, ou sofreram punição disciplinar, sendo estudantes;

VIII - abrangidos pelo Decreto Legislativo no 18, de 15 de dezembro de 1961, e pelo Decreto-Lei n   o     864, de 12 de setembro de 1969;   

IX - demitidos, sendo servidores públicos civis e empregados em todos os níveis de governo ou em suas fundações públicas, empresas públicas ou empresas mistas ou sob 

Page 22: Web viewArt. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou

controle estatal, exceto nos Comandos militares no que se refere ao disposto no § 5o do art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias;

X - punidos com a cassação da aposentadoria ou disponibilidade;

XI - desligados, licenciados, expulsos ou de qualquer forma compelidos ao afastamento de suas atividades remuneradas, ainda que com fundamento na legislação comum, ou decorrentes de expedientes oficiais sigilosos.

XII - punidos com a transferência para a reserva remunerada, reformados, ou, já na condição de inativos, com perda de proventos, por atos de exceção, institucionais ou complementares, na plena abrangência do termo;

XIII - compelidos a exercer gratuitamente mandato eletivo de vereador, por força de atos institucionais;

XIV - punidos com a cassação de seus mandatos eletivos nos Poderes Legislativo ou Executivo, em todos os níveis de governo;

XV - na condição de servidores públicos civis ou empregados em todos os níveis de governo ou de suas fundações, empresas públicas ou de economia mista ou sob controle estatal, punidos ou demitidos por interrupção de atividades profissionais, em decorrência de decisão de trabalhadores;

XVI - sendo servidores públicos, punidos com demissão ou afastamento, e que não requereram retorno ou reversão à atividade, no prazo que transcorreu de 28 de agosto de 1979 a 26 de dezembro do mesmo ano, ou tiveram seu pedido indeferido, arquivado ou não conhecido e tampouco foram considerados aposentados, transferidos para a reserva ou reformados;

XVII - impedidos de tomar posse ou de entrar em exercício de cargo público, nos Poderes Judiciário, Legislativo ou Executivo, em todos os níveis, tendo sido válido o concurso.

§ 1o  No caso previsto no inciso XIII, o período de mandato exercido gratuitamente conta-se apenas para efeito de aposentadoria no serviço público e de previdência social.

§ 2o  Fica assegurado o direito de requerer a correspondente declaração aos sucessores ou dependentes daquele que seria beneficiário da condição de anistiado político.

Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10559.htm e http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2002/lei-10559-13-novembro-2002-487268-norma-pl.html

Page 23: Web viewArt. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou

Lei n   o     9.140, de 4 de dezembro de 1995   . 

Reconhece como mortas pessoas desaparecidas em razão de participação, ou acusação de participação, em atividades políticas, no período de 2 de setembro de 1961 a 15 de agosto de 1979, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o São reconhecidos como mortas, para todos os efeitos legais, as pessoas que tenham participado, ou tenham sido acusadas de participação, em atividades políticas, no período de 2 de setembro de 1961 a 5 de outubro de 1988, e que, por este motivo, tenham sido detidas por agentes   públicos,   achando-se,   deste   então,   desaparecidas,   sem   que   delas   haja notícias. (Redação dada pela Lei nº 10.536, de 2002)

        Art. 2º A aplicação das disposições desta Lei e todos os seus efeitos orientar-se-ão pelo princípio de reconciliação e de pacificação nacional, expresso na Lei nº 6.683, de 28 de agosto de 1979 - Lei de Anistia.

         Art.   3º  O   cônjuge,   o   companheiro   ou   a   companheira,   descendente,   ascendente,   ou colateral até quarto grau, das pessoas nominadas na lista referida no art. 1º, comprovando essa condição, poderão requerer a oficial de registro civil das pessoas naturais de seu domicílio a lavratura do assento de óbito, instruindo o pedido com original ou cópia da publicação desta Lei e de seus anexos.

Art. 4º Fica criada Comissão Especial (A Comissão passa a ser denominada Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos - CEMDP, de acordo com o art. 6º do Decreto nº 6.980, de 13/10/2009) que, face às circunstâncias descritas no art. 1º desta Lei, assim como diante da situação política nacional compreendida no período de 2 de setembro de 1961 a 5 de outubro de 1988, tem as seguintes atribuições: (Redação dada pela Lei nº 10.875, de 2004)

        I - proceder ao reconhecimento de pessoas:

        a) desaparecidas, não relacionadas no Anexo I desta Lei.

        b) que, por terem participado, ou por terem sido acusadas de participação, em atividades políticas,   tenham   falecido   por   causas   não   naturais,   em   dependências   policiais   ou assemelhadas; (Redação dada pela Lei nº 10.875, de 2004)

        c) que tenham falecido em virtude de repressão policial sofrida em manifestações públicas ou em conflitos armados com agentes do poder público; (Incluída pela Lei nº 10.875, de 2004)

        d)  que   tenham  falecido  em decorrência  de   suicídio  praticado  na   iminência  de   serem presas ou em decorrência de sequelas psicológicas resultantes de atos de tortura praticados por agentes do poder público; (Incluída pela Lei nº 10.875, de 2004)

         II - envidar esforços para a localização dos corpos de pessoas desaparecidas no caso de existência de indícios quanto ao local em que possam estar depositados;

         III   -  emitir  parecer  sobre os  requerimentos  relativos  a  indenização  que venham a ser formulados pelas pessoas mencionadas no art. 10 desta Lei.

Page 24: Web viewArt. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou

Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9140.htm e http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1995/lei-9140-4-dezembro-1995-348760-normaatualizada-pl.html

Observação: Todo e qualquer dúvida que parentes ou outros tenham em relação a crimes ou fatos de procedência suspeita ocorridos durante a ditadura serão esclarecidos pela Comissão da Verdade, portanto as informações desejadas serão divulgadas e as duvidas esclarecidas.