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Direito das Obrigações – Aula V – 17/03/17
Inadimplemento
Inadimplemento fortuito – é quando o inadimplemento se dá sem culpa do devedor. Ocorre quando o pagamento não puder ser feito por motivo de força maior ou de caso fortuito.
Força maior - quando a causa for da natureza (terremoto, tsunami, enchente, raio). Outra característica da força maior, como veio da natureza, sua causa é conhecida. O fato é previsível, mas é inevitável. Palavras-chaves: causa da natureza, causa conhecida, fato previsível mas inevitável.
Caso fortuito - ocorre de força da natureza humana. Exemplo: greve quarta-feira no metrô. No fortuito, a causa é desconhecida e ele é imprevisível e inevitável. Se fosse evitável, geraria responsabilidade.
Seja força maior ou fortuito, o devedor não responde. Salvo se ele assume o risco da força maior ou do caso fortuito, previsto no contrato. Exemplo: eu não pude entregar uma vaca, por causa da enchente. Se não for previsto pelo contrato, o devedor não responde. Agora, se sim, o devedor responde por não ter entregado a vaca.
Regra – seja por força maior ou caso fortuito, o devedor não responde. Para que ele não responda, existe requisitos:
1) Fato necessário/suficiente (exemplo da enchente).
2) Causa superveniente a celebração do negócio jurídico
3) Inevitável
4) Não Culposo
Inadimplemento relativo - o inadimplemento relativo eu tenho atraso. O cumprimento da prestação não é possível e o credor ainda tem interesse na relação.
A mora pode ser do credor ou do devedor.
Mora debitoris ou mora solvente - devedor
Mora creditoris ou mora acipiente - credor
MORA - INADIMPLEMENTO VOLUNTÁRIO CULPOSO.
Requisitos mora devedor (não existe mora em dívida não vencida):
1) Dívida líquida (quando você sabe a quantidade), certa (certeza sobre a existência) e exigível (a dívida vencida)
2) Culpa - é presumida. O não pagamento em prazo avençado (combinado) implica em culpa do devedor, salvo por motivo de força maior ou caso fortuito.
3) Constituição do devedor em mora - depende da forma, do tempo e do pagamento.
Habeas Data – direito a informação, de conhecer.
Mandado de injunção – direito a “juntar” uma norma faltante.
Mandado de segurança – quando não couber habeas corpus nem habeas data para preservar direito líquido e certo. Quando há certeza da existência.
Habeas Corpus – direito de ir e vir.
*Obrigações a termo - quando o próprio contrato já prevê o vencimento/tempo de pagamento.
*Mora ex re - o vencimento já está previsto no contrato, sendo previsto no contrato a data do vencimento, a constituição em mora se dá automaticamente (em pleno direito).
Mora ex persona – Obrigações sem prazo, ex persona, só há mora do devedor se o credor constituiu o devedor em mora. Se eu não tenho previsão ou prazo de pagamento, o credor pode exigir imediatamente. Quando o devedor estará em mora? Quando constituído.
*Só há mora do devedor se o credor constituir o devedor em mora.
Forma de constituição em mora - Só existe na mora ex persona. Como é que faz? O CC reconhece duas formas:
1) Interpelação judicial - procedimento especial, só com um propósito de constituir a mora do devedor.
2) Interpelação extrajudicial - protesto, uma forma de constituição em mora.
A citação do processo de conhecimento ou no processo de execução constitui o devedor em mora, conforme a jurisprudência. Constituído em mora, ou se tratando em mora ex re, se não pagando no vencimento previsto nos temos os efeitos.
Efeitos
1) O devedor responde pelos prejuízos da mora
2) Juros
3) Atualização (correção) Monetária
4) Honorários advocatícios
5) Perdas e danos
6) O devedor responde pela impossibilidade da coisa.
Honorários - no CC. Ele responde pelos juros, atualização e honorários advocatícios.
Quais honorários? Aos sucumbenciais. O credor ganhará honorários sucumbenciais ou honorários contratuais. O devedor pagará para o advogado do credor.
Controvérsia - contratuais. Doutrina majoritária/jurisprudência - não responde pelos honorários contratuais. Doutrina minoritária - responde sim. *Ao menos pelo valor mínimo, estabelecido pela tabela da OAB.
Teoria do professor - não dá para quantificar uns honorários contratuais. NO MÍNIMO DO VALOR DA OAB.
Responsabilidade do devedor pela impossibilidade da coisa (perda, deterioração da coisa). A coisa se perde para o dono (res perit domino). Se estou em mora, já sou culpado, por isso responde pela coisa, mesmo em caso fortuito ou de força maior.
Constituindo em mora, o devedor responde pela impossibilidade da prestação, ainda que a perda se dê por caso fortuito ou força maior.
O devedor, constituído em mora só não responde pela perda da coisa se provar inserção de culpa (artigo 399, CC).
Mora creditoris - mora do credor, também chamado de accipiendi. Quando caracteriza-se a mora do credor? Caracteriza-se a mora do credor quando o credo não quiser receber a prestação no tempo, no lugar ou na forma prevista em lei ou no contrato.
Casos de mora do credor
1) Ação de consignação de pagamento - caracteriza mora
2) Quando o credor não for e nem mandar buscar - querable
3) Credor mora em lugar incerto.
Considera-se em mora o devedor que não quiser receber a obrigação, no lugar, na forma prevista na lei ou no contrato.
ConfigurarNão
quiser receber
Tempo
Lugar
Forma
Requisitos
Oferta
Recusa Injustificada
Constituição
Vencimento
Afora credor (creditoris/accipiendi)
Efeitos da moraSubtração
responsabilidade
Devedor pela coisa
Transferência dos riscos (salvo
dolo)Pagamento das
despesasOscilação de
preço
Requisitos
Culpa
DanoMaterial
MoralNexo causal
PurgaçãoPerdas e danos
Requisitos da Mora do Credor
1) Dívida líquida, certa e exigível (vencimento). O tempo, salvo previsão em contrário, é um benefício do devedor. Se o prazo for previsto em benefício do credor, ele não é obrigado a receber antecipadamente.
2) Oferta da prestação
3) A recusa do recebimento é injustificada (princípio do cumprimento integral).
* O credor não é obrigado a receber coisa diversa da pretendida, ainda que de maior valor.
4) Constituição em mora mediante consignação em pagamento - a constituição de mora do credor é automática.
No caso do credor não há previsão expressa que determine forma de constituição em mora.
A doutrina, em parte, entende que a constituição em mora do credor se dá automaticamente. Parte da doutrina ente que a constituição em deve ser feita por via judicial, extrajudicial ou por consignação em pagamento.
Controvérsia – obrigatório ou não formalização da constituição em mora.
*Posicionamento do professor – A constituição em mora do credor é automática, face de pleno direito. Não pressupõe interpelação nem ação de consignação.
Efeito da norma creditoris
Material
Emergencial
Efetivamente perdeu
Cessante
Razoavelmente deixou de
lucrar
1) Transferência/subtração da responsabilidade do devedor pela coisa para o credor.
2) Transferência dos riscos da coisas
3) Pagamento pelo credor das despesas efetuadas pelo devedor com a conservação da coisa.
4) O credor responde pela oscilação do preço
Se a coisa experimentar melhoramentos e acréscimos, o credor em mora responde pela diferença. O devedor pode cobrar o acréscimo. Consequência: o produto valia mil, agora vale 1500. Se o credor não concordar, resolve-se a obrigação. Se a coisa experimentar deterioração, por ela responde o credor.
Frutos pendentes - pertence ao credor adquirente.
Frutos percebidos - pertence ao devedor/vendedor, assim como os frutos percipiendos e o devedor responde pelos colhidos por antecipação. Frutos percipiendos são os frutos que poderiam ser colhidos, mas não forma. O devedor tem direito aos frutos percipiendos.
Responsabilização por Perdas e danos
Requisitos – “culpa”, dano (material ou moral) e nexo causal.
A culpa, no Direito Civil, deve ser provada, salvo culpa de responsabilidade objetiva.
Nexo causal - nexo entre inadimplemento e os danos.
Dano material, também chamado de dano patrimonial. Se desdobra em dano emergente e cessante. Dano emergente - compreende que é aquilo que efetivamente se perdeu. O dano emergente deve ser provado (prejuízo da parte).
Se no acidente resultou morte, o que eu perdi? Despesas pelo hospital, funeral mais pensão. Você precisa pagar até o 75 anos. Engloba também os lucros cessantes. É aquilo que parte razoavelmente deixou de lucrar. Dano emergente - dano deve ser provado.
Lucro cessantes - é aquilo que a parte razoavelmente deixou de lucar. No caso do lucro cessante, a prova que se faz é da razoabilidade, a probabilidade de lucro.
Obs.: Concurso público, perde a prova é a “perda de uma chance”. Pode gerar indenização.
Dano moral – embora se utiliza dano moral, seria melhora utilizar o termo extrapatrimonial.
Dano moral subjetivo – sofrimento, dor da alma
Dano moral objetivo – equivale a moral social.
Dano estético – que é o dano por enfeiamento.
Dano existencial - a gravidade do dano é tão grande que diminui a qualidade de vida da pessoa, o tempo de existência. A vida toda da pessoa resta comprometida.
Dano à imagem
Imagem-retrato – foto publicada sem autorização denegrindo a imagem do indivíduo. Exemplo: alguém coloca a foto do professor numa capa de revista com o título “pedófilo”.
Imagem a tributo – equivale ao dano moral objetivo.
Danos patrimoniais - são cumuláveis.
Descumprimento obrigação contratual - pode gerar dano moral. Observação jurisprudencial: o simples descumprimento de contrato não gera indenização por dano moral. Depende do caso.