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VII Congresso Ibérico de Urbanismo, Paisagem, Frentes de Água e Território – Apreender com os Casos de Sucesso, 11-13 de Outubro de 2007, Ponta Delgada, Açores, Portugal - “Requalificação de margens e cursos de água urbanos – como avaliar o sucesso”, Lígia Vaz, Maria da Graça Saraiva. RiProCiTy

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VII Congresso Ibérico de Urbanismo, Paisagem, Frentes de Água e Território – Apreender com os Casos de Sucesso, 11-13 de Outubro de 2007, Ponta Delgada, Açores, Portugal - “Requalificação de margens e cursos de água urbanos – como avaliar o sucesso”, Lígia Vaz, Maria da Graça Saraiva.

RiProCiTy

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LÍGIA FERREIRA VAZ, MARIA DA GRAÇA SARAIVA OUTUBRO DE 2007

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VII CONGRESSO IBÉRICO DE URBANISMO

PAISAGEM, FRENTES DE ÁGUA E TERRITÓRIO

APRENDER COM OS CASOS DE SUCESSO

TEMA: PLANEAMENTO MUNICIPAL - CASOS DE SUCESSO

REQUALIFICAÇÃO DE MARGENS E CURSOS DE ÁGUA URBANOS

COMO AVALIAR O SUCESSO?

Lígia Ferreira Vaz1 Maria da Graça Saraiva2,

1. INTRODUÇÃO. OS SISTEMAS RIBEIRINHOS NO SISTEMA U RBANO

A presença da água na paisagem influenciou, desde sempre, a evolução dessa paisagem,

influenciando a sua transformação mas sendo também modificada pela sua própria

evolução.

De facto, a água, nas suas várias formas, condiciona a localização, o desenvolvimento, a

morfologia e as vivências da cidade. Por outro lado, actualmente, a ocorrência de uma

estrutura urbana altera definitivamente o percurso natural de rios e ribeiras.

A urbanização cria um novo ambiente hidrológico. O asfalto e o cimento substituem o solo,

os edifícios substituem as árvores, e os sumidouros e as redes fluviais substituem os

percursos fluviais naturais. O ciclo hidrológico natural altera-se. A quantidade de água

captada depende da capacidade de infiltração da terra e está relacionada com o declive, o

tipo de solo e a vegetação. A sua relação com a percentagem de superfícies impermeáveis

é directa. Nas cidades, a percentagem de solo impermeabilizado é muito elevada,

reduzindo-se assim a capacidade de infiltração das águas pluviais, diminuindo a recarga dos

aquíferos e aumentando o escoamento superficial, e em última análise podendo originar

ceias e inundações urbanas, com prejuízos materiais, naturais e sociais.

De facto, segundo Telles (2001), as linhas de água e respectivas áreas adjacentes, livres de

construções ou apenas pontuais, as quintas, as hortas existentes, as bacias de recepção e

as bacias de retenção das linhas de água, são elementos estruturantes dos sistemas

húmidos, na estrutura ecológica urbana3. Constituem objectivos prioritários deste tipo de

1 Arquitecta Paisagista, Mestranda da FA/UTL, Colaboradora do CESUR/IST, [email protected], telem. 965400890. 2 Arquitecta Paisagista, Professora Associada da FA/UTL, Investigadora no CESUR/IST, [email protected], telem. 966773336. 3 Segundo TELLES, a Estrutura Ecológica Fundamental divide-se em dois subconjuntos, o “Sistema Húmido” e o “Sistema Seco”, podendo incluir, em cada um destes sistemas, espaços e paisagens da Estrutura Ecológica Cultural.

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sistemas, evitar inundações e revitalizar biologicamente os sistemas húmidos, promover a

infiltração da água e a recarga dos lençóis freáticos, diminuir a velocidade de escoamento e

armazenar em bacias de retenção os caudais excessivos. (Telles, 2001)

É por isso importante realçar o papel do sistema hidrológico no contexto urbano, sob os

pontos de vista ecológico e ambiental, no sentido de minimização dos impactes negativos

provocados pela alteração do sistema hidrológico, mas também nas vertentes sociais,

económicas e estéticas.

2. INTERVENÇÕES NOS SISTEMAS RIBEIRINHOS

A intervenção num sistema rio, segundo Saraiva (1999), deverá enquadrar-se num conjunto

de princípios, como sejam a unidade, a dinâmica, a necessidade de um planeamento

integrado e a disponibilidade em área de intervenção, que deverão estar na base das

intervenções de recuperação e requalificação de sistemas fluviais.

A aprovação da Directiva Quadro da Água – DQA (Directiva 2000/60/CE do Parlamento

Europeu e do Conselho de 23 de Outubro de 2000) lançou importantes desafios em vários

domínios do planeamento e gestão da água, como seja, entre outros objectivos, a

necessidade de gerir os sistemas fluviais na perspectiva abrangente da bacia hidrográfica,

visando o alcance de condições de boa qualidade ecológica de todas as massas de água.

Estas preocupações têm-se estendido ao meio urbano, em que as situações ribeirinhas

apresentam um elevado potencial para operações de requalificação, mas em que se coloca

a necessidade de compatibilizar objectivos sociais e económicos, com exigências ecológicas

e ambientais, decorrentes de obrigações e legislação específicas, como no caso da DQA e,

por outro lado, com a valorização paisagística, urbanística e estética (Petts et al., 2002,

Tourbier e Schanze, 2005).

Assim, a intervenção em sistemas ribeirinhos representa actualmente um domínio exigente

e que requer um planeamento integrado a diversas escalas, nas suas várias vertentes,

nomeadamente a de carácter ecológico, procurando enquadrar as diversas problemáticas e

objectivos, quer numa escala do sistema da bacia e sub-bacia hidrográfica, quer na escala

local de intervenção e da paisagem envolvente, constituindo o sistema rio-cidade.

3. O PROCESSO DE AVALIAÇÃO DO SUCESSO DE PROJECTOS DE REQUALIFICAÇÃO RIBEIRINHA,

NUMA PERPECTIVA DE SUSTENTABILIDADE

Qualquer intervenção em sistemas de elevada variabilidade, como são os sistemas fluviais,

implica necessariamente consequências, não só para a área intervencionada, como também

as que se repercutem nas área adjacentes a montante e a jusante, dependendo do grau de

intervenção efectuada.

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Deste modo, a avaliação dos impactes positivos e negativos de uma intervenção visando

objectivos de requalificação, através da selecção de um adequado conjunto de indicadores,

poderá permitir a percepção das vantagens e desvantagens de determinada opção e

compreender se a estratégia foi ou não bem sucedida, apoiando a decisão relativamente a

futuros projectos de cariz semelhante. A monitorização, avaliação e gestão são assim

componentes essenciais para o sucesso da implementação de qualquer projecto de

requalificação de sistemas ribeirinhos, nomeadamente em contexto urbano, o que acarreta

maior complexidade de análise e compreensão, pelo que a selecção dos tipos de

indicadores a utilizar requer dificuldades acrescidas.

A monitorização, avaliação e gestão de projectos de requalificação de sistemas ribeirinhos

urbanos pressupõe integrar as diversas dimensões que neles se cruzam, nomeadamente a

de carácter económico, social, ambiental, ecológico e estético.

Esse foi um dos objectivos desenvolvidos no âmbito do projecto europeu de investigação

URBEM – “Urban River Basin Enhancement Methods“, (www.urbem.net) sobre reabilitação

de rios urbanos numa perspectiva de sustentabilidade, e no qual tivemos oportunidade de

colaborar. O seu objectivo principal foi o de efectuar um estudo sobre o estado da arte da

reabilitação de rios urbanos na Europa, incluindo experiências de alguns países de outros

continentes. Foram focados os seguintes temas: processo de planeamento e intervenção,

técnicas de reabilitação, impactos ecológicos, sociais e económicos, avaliação estética,

envolvimento da comunidade e controlo de desempenho, através da aplicação de

indicadores de avaliação do sucesso das intervenções. (Tourbier, 2005)

É no contexto dos resultados da investigação desenvolvida, nomeadamente no que refere à

aplicação dos indicadores de sucesso, que o presente trabalho foi elaborado, relativamente

ao caso de estudo da requalificação da zona ribeirinha do rio Fervença na cidade de

Bragança, efectuada no âmbito do Programa Polis.

Para este trabalho foram utilizados os indicadores de sucesso do projecto URBEM (Tourbier

e Gersdorf, 2005), uma vez que permitiram responder, de forma adequada, à questão

principal do estudo, ou seja avaliar o sucesso da requalificação de frentes ribeirinhas, nas

diversas dimensões consideradas. (Consultar a grelha de indicadores produzida no âmbito

deste projecto, WP10 – URBEM, não se inclui nesta comunicação devido à sua extensão).

Pretendeu-se portanto obter uma visão integrada da intervenção em causa, sabendo-se, no

entanto, que um processo de avaliação é sempre subjectivo e limitado pelo conhecimento

do sujeito avaliador. Para minimizar essa subjectividade, a metodologia adoptada ancorou-

se em critérios objectivos que se traduziram em indicadores específicos e estes em valores

concretos que foram analisados e posteriormente discutidas as conclusões.

Deste modo, a metodologia adoptada baseou-se na aplicação de um sistema de indicadores

seleccionado para responder às questões formuladas, e estabelecido para as componentes

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de carácter ecológico/ambiental, social e económico que, depois de aplicado ao caso de

estudo, permitiu inferir sobre o sucesso da requalificação urbana em estudo. Estes

indicadores permitem a quantificação e monitorização dos outputs do projecto, funcionando

como critérios para uma requalificação bem sucedida.

4. SELECÇÃO DO SISTEMA DE INDICADORES DE AVALIAÇÃO

De acordo com os autores do método seleccionado, os indicadores definidos para a

avaliação do sucesso da reabilitação de rios urbanos pretendem atingir três propósitos

básicos:

1. Comunicar os problemas do local em estudo, elucidando o público em geral e os

decisores em particular no sentido de perceberem os problemas existentes;

2. Definir objectivos e metas;

3. Comunicar os resultados da reabilitação. (Tourbier, 2005)

O sistema de indicadores adequado a aplicar deve relacionar-se com os objectivos iniciais

do projecto em estudo, daí que a sua escolha deve ser feita caso a caso, seleccionando-se

da listagem proposta os indicadores aplicáveis a cada caso de estudo. O caso de estudo a

seleccionar teria de cumprir alguns pressupostos importantes para um bom

desenvolvimento. Assim, teria de ser interessante do ponto de vista do processo de

requalificação em meio urbano, por outro lado, teria de ser suficientemente heterogéneo

para conjugar em si alguma diversidade. Deveria procurar-se que o processo estivesse já

em fase de conclusão, para os resultados serem mais fiáveis e efectivos, e por outro lado,

uma vez que seria necessário uma grande quantidade de informação, esta teria de ser

disponibilizada pelas entidades responsáveis.

A questão da disponibilidade da informação é uma questão importante, dado que alguns

indicadores requerem a existência de muitos dados, nomeadamente no caso da qualidade

ecológica da água, que podem não estar disponíveis ou requererem processos de cálculo

complexos. Deste modo, a aplicabilidade dos indicadores terá que ser avaliada caso a caso.

Os passos seguintes consistem na selecção dos indicadores a partir da lista geral e sua

aplicação dos indicadores à área em estudo, tendo em conta a informação disponível e a

sua aplicabilidade. O sistema escolhido deverá estar intimamente relacionado com os

objectivos traçados à priori pelo projecto de intervenção.

Depois de obtidos os resultados, na maioria dos casos valores concretos, será necessário

analisá-los para a obtenção de conclusões. Para se analisarem valores e a partir daí se

tirarem conclusões objectivas e credíveis, será necessário efectuar uma análise

comparativa. Esta análise comparativa poderá fazer-se considerando duas perspectivas:

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BACIA DO DOURO

1. Bacias Hidrográficas. Fonte: Instituto do Ambiente

SUB-BACIA DO SABOR

- existência de valores para comparação. Para um processo de avaliação correcto dever-se-

ia aplicar a mesma metodologia em duas situações distintas: antes da intervenção e depois

da intervenção.

- existência de uma escala de referência que possibilite situar o valor do indicador calculado

num determinado intervalo.

Posteriormente, os resultados são comparados com os objectivos propostos e a partir daí

poderão equacionar-se as conclusões da avaliação, que relacionam a caracterização actual

das áreas de intervenção, a partir do cenário desenhado pelos indicadores, com os

objectivos definidos aquando da concretização das propostas de requalificação.

5. A REQUALIFICAÇÃO DA FRENTE RIBEIRINHA DO RIO FER VENÇA EM BRAGANÇA

Como referido anteriormente, o caso de estudo escolhido para testar esta metodologia foi o

projecto de requalificação da frente ribeirinha do Rio Fervença, em Bragança, integrada no

âmbito do programa Polis. Esta opção justifica-se essencialmente pela disponibilidade de

informação, pelos estudos já efectuados na área e também pelo facto de ser um projecto,

que no âmbito do projecto URBEM, acompanhámos desde a fase de obra até à sua fase de

finalização. Referem-se seguidamente algumas etapas da apresentação deste caso de

estudo

5.1 A bacia hidrográfica do rio Fervença

O Rio Fervença insere-se na bacia hidrográfica do rio

Douro, sendo um afluente do rio Sabor. A sua bacia

hidrográfica, com uma área de 206 km2, revela uma

paisagem marcada pelos contrastes interflúvios, colinas de

perfil suave com uso predominantemente agrícola e um

mosaico diversificado, e os vales mais ou menos

encaixados dos três rios (Sabor, Maçãs e Angueira) que

correm sensivelmente na direcção Norte-Sul. Estes vales

encontram-se ocupados com matos, plantações de

eucaliptos e pinheiro, sistemas agrícolas no sopé das encostas e nos solos aluvionares

(olival e vinha).

5.2 Área de intervenção – troço urbano do rio Fervença

O projecto desenvolvido pelo programa Polis define

como focos de intervenção, três zonas heterogéneas:

Zona Histórica (9,6 ha), Bairro dos Batocos e 2. Plano de Bacias. Fonte: Instituto do Ambiente

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4. Planta de proposta final de arranjo paisagístico da frente ribeirinha do rio Fervença Fonte: Sociedade Bragança Polis.

Moreirinhas (1,7 ha), e Frente Ribeirinha do Rio Fervença (16,9 ha).

“….são entendidas como uma intervenção integrada de

requalificação urbana com uma forte componente de

valorização ambiental que visa melhorar a qualidade do

ambiente urbano e valorizar a presença de elementos

ambientais estruturantes (como o Rio Fervença) e a sua

interligação com a Zona Histórica” (Prosistemas, 2002)

“um conjunto de intervenções de requalificação urbana e valorização ambiental, que se interligam e

complementam, devolvendo ao rio a sua importância histórica

na vida da cidade”. (Prosistemas, 2002)

No âmbito do presente estudo optou-se por discutir e

analisar a área referida como a Frente Ribeirinha do Rio

Fervença.

5.3 Objectivos específicos do processo de reabilitação

No âmbito do programa Polis, foram definidos como objectivos para a reabilitação da frente

ribeirinha do Rio Fervença:

- Requalificação e valorização do rio Fervença, com a criação de um contínuo verde

envolvendo o rio “Corredor Verde”;

- Restituição do rio Fervença à cidade atribuindo-lhe um carácter estruturante;

- Recuperação de zonas urbanas desqualificadas, com a constituição de um espaço público

de qualidade;

- Reordenamento da malha viária, incentivando a redução do tráfego automóvel e

estabelecendo um percurso pedonal e uma ciclovia ligando o Centro Histórico ao rio;

- Valorização do património histórico, arqueológico, natural e edificado.

Com o projecto Polis, o rio Fervença adquiriu uma importância só atingida em tempos

passados, quando o rio era fonte de sustento da população. De facto, poder-se-á afirmar

que a principal linha estruturante da intervenção é o rio.

Então a questão coloca-se desde já, terá sido esse primordial objectivo cumprido? Ou seja,

ter-se-á conseguido, com a intervenção, devolver o rio à cidade?

3. Definição da área de Intervenção. Fonte: Sociedade Bragança Polis.

5. Fotografia da área de intervenção

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É a essa pergunta que se pretende dar resposta.

6. AVALIAÇÃO DO SUCESSO DO PROCESSO DE REABILITAÇÃO URBANA DA FRENTE RIBEIRINHA DO

RIO FERVENÇA

Depois de definida a metodologia, procedeu-se à aplicação dos indicadores seleccionados à

frente ribeirinha do rio Fervença.

6.1 Selecção dos indicadores a aplicar

Depois de observada a lista geral dos indicadores (consultar Toubier, WP10, 2005),

percebeu-se que não seria possível, nem desejável, efectuar o cálculo de todos os

indicadores apresentados para a avaliação do sucesso da regeneração, por se constatar a

falta de informação, ou de ela ser incipiente ou ainda porque a sua aquisição dependia de

um processo complexo, que se considerou fora do âmbito deste estudo.

O processo de selecção dos indicadores decorreu com base numa escala de aplicabilidade

(Tabela 2: Aplicabilidade os indicadores URBEM ao caso de estudo, apresentada em

anexo).

Os indicadores foram classificados com o valor de 0 a 5, numa escala de aplicabilidade,

sendo que, os classificados de 0 a 2, cujo processo de aquisição da informação era difícil ou

cujo cálculo do indicador dependia do acesso a muita informação, não foram considerados.

Os restantes indicadores (classificação 3 a 5) foram calculados para inferir conclusões

acerca do sucesso da reabilitação.

A partir da tabela de aplicabilidade (tabela 2, em anexo) foi possível efectuar um gráfico

sobre a percentagem de indicadores calculados por categoria e, desde já, permitiu tirar

algumas conclusões. Esse gráfico (gráfico 1, em anexo) permite perceber qual a

percentagem de indicadores calculados por categoria. Conclui-se que, dos indicadores

calculados, verifica-se a maior percentagem de cálculo nos indicadores económicos.

A maior dificuldade de cálculo, que se traduz numa menor percentagem de indicadores

calculados, verificou-se nos indicadores ecológicos, onde à inexistência de informação se

juntou a um processo de cálculo complexo.

Em anexo, apresenta-se a tabela com o resumo dos indicadores calculados, nas três

seguintes componentes - Ecológica, Social e Económica. (tabela número 3, em anexo)

Diversos tipos de dificuldades foram detectados. Por exemplo, em relação aos indicadores

ecológicos, dificuldades na obtenção da informação “antes da intervenção”, o que

impossibilitou, na maioria destes indicadores, o estabelecimento de um valor que permita a

comparação pré e pós reabilitação. A formulação de uma escala de referência revelou-se

também um processo difícil e muitas vezes subjectivo. A escala de referência é elaborada

definindo um intervalo limitado por um valor máximo e um valor mínimo, que representam,

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respectivamente, o valor ideal, e o mínimo valor desejável numa perspectiva de

sustentabilidade. Depois de definida a escala de referência, integra-se o resultado real

obtido, após intervenção, e estuda-se o desvio deste em relação ao valor máximo e mínimo,

para deduzir aspectos conclusivos. (resultados apresentados na tabela 4, em anexo)

Foram calculados os indicadores assinalados na tabela 4 (em anexo), que permitiram retirar

conclusões úteis para a interpretação do processo. Contudo, no âmbito desta comunicação,

apenas se apresentará um exemplo de cálculo de cada uma das componentes definidas

pela metodologia URBEM (Ecológica, Social, Económica).

6.2 Metodologia de cálculo dos indicadores

INDICADORES ECOLÓGICOS

Como verificado pelo gráfico 1, onde se calcula a percentagem de

indicadores calculados por categoria, o cálculo dos indicadores ecológicos

foi difícil e muitas vezes impossível (essencialmente por ausência de

informação). Assim, apresenta-se seguidamente o processo de cálculo do

indicador – ‘% de comprimento de margem de rio com vegetação

rípicola’.

Este indicador é importante na medida em que se assume que a existência de vegetação

rípicola pode indicar um menor grau de alteração ao sistema natural nas margens do rio, o

que é extremamente benéfico para a qualidade ecológica da água e dos ecossistemas a ela

associados.

O método utilizado foi a análise de documentos, como a fotografia aérea e plantas do

projecto, e trabalho de campo e posteriormente calculado o valor.

INDICADORES SOCIAIS

Dos indicadores sociais calculados, exemplifica-se o indicador ‘Zonas de

Contacto com a água’ . Estas permitem a interacção social com a água, o

que pode incluir contacto visual, físico e/ou acústico. Os pontos de contacto

incluem acessos facilitados através de rampas, pontes, escadas, cais, ou

outros. Percursos contínuos ao longo do rio podem também ser

considerados. Assim, neste contexto, contacto físico é considerado como um contacto

sensorial intenso que permite a aproximação ao rio e de tudo o que está relacionado com

essa experiência. (Silva e al, 2003)

Foram efectuadas análises cartográficas e análises in loco, que permitiram definir as zonas

de contacto com a água.

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INDICADORES ECONÓMICOS

Exemplifica-se o cálculo dos indicadores económicos com o indicador ‘Actividades que

geram rendimento’ . Este indicador é calculado através da relação entre os rendimentos

que advêm das actividades públicas ao longo do corredor rio e os custos de manutenção do

rio e do corredor rio.

Este indicador é importante pois uma integração sustentável de actividades ao longo do

corredor rio, permitirá uma auto-sustentação económica do local. Consideram-se actividades

que geram rendimento: concertos, desportos náuticos, aluguer de bicicletas ou barcos,

eventos, cafés, etc.

No que respeita ao caso de estudo, no momento em que foi realizado não foram detectadas

actividades que gerassem rendimento, pelo que o valor atribuído foi 0, mas essa situação

poderá evoluir com o desenvolvimento da área e sua apropriação pelos agentes e

actividades locais.

6.3 Dos objectivos à avaliação ex-post

Depois de efectuados os cálculos, determinados os valores dos indicadores e analisados

comparativamente com a escala de referência elaborada, foi possível avançar para a etapa

seguinte, no sentido de procurar discutir e avaliar o sucesso da reabilitação.

A escala de referência considerou valores máximos e valores mínimos aceitáveis

(relacionando as escalas definidas pelo URBEM e as características intrínsecas do local).

Seguidamente procedeu-se a uma análise comparativamente entre o valor efectivamente

obtido e os valores referência.

A metodologia de avaliação do processo de reabilitação da frente ribeirinha do rio Fervença,

depois de calculados os indicadores, consistiu em relacionar os resultados obtidos face aos

objectivos que o Programa Polis definiu para a reabilitação da frente ribeirinha, fazendo

corresponder os respectivos critérios e indicadores à prossecução dos vários objectivos

estabelecidos. Esses resultados são os apresentados na tabela 1, onde se assinalam os

resultados favoráveis, desfavoráveis ou que não sofreram alteração, relativamente aos

indicadores que contribuem para o alcance dos referidos objectivos.

7. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Depois de analisados os resultados obtidos, achou-se pertinente efectuar uma reflexão

sobre os pontos fortes e os pontos fracos da reabilitação da frente ribeirinha do rio Fervença

e salientar as potencialidades do espaço pós-requalificação.

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Esta reflexão é não só importante para o caso de estudo em concreto mas também porque

permite delinear estratégias para futuras intervenções.

Assim, os resultados apresentados de uma forma esquemática e simplificada serão

analisados, com o intuito de manter a coerência, segundo as 3 componentes consideradas

na definição dos indicadores (projecto URBEM): Ecológica, Social e Económica,

relacionando-as com os objectivos do projecto.

Assim, a avaliação do 1º objectivo do Programa Polis que assenta na criação de um

corredor verde ao longo do curso do rio, ou seja na valorização de uma estrutura verde

coerente dentro do próprio espaço e estabelecendo ligações com a área envolvente,

efectuou-se considerando os indicadores 1, 2 e 3 (de notar que é apenas possível efectuar

uma avaliação parcial e indicativa, uma vez que para avaliar este objectivo outros

indicadores seriam necessários, nomeadamente, a % de área verde/área total, comprimento

de corredores verdes, nº de ligações existentes a outros espaços verdes urbanos). Verifica-

se que a galeria rípicola é escassa quer em largura, quer em comprimento ao longo do rio.

Este factor é determinante para a sustentabilidade ecológica, uma vez que a presença de

uma estrutura verde coerente e adequada ao local se traduz num aumento da qualidade da

água, no aumento da biodiversidade, na diminuição do escoamento superficial e na melhoria

das condições de conforto climático urbano.

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Em relação ao segundo

objectivo, os indicadores

considerados pretendem

traduzir a maior ou menor

proximidade conseguida com a

intervenção, entre o rio e a

cidade. Anteriormente à

intervenção, o rio Fervença

estava visivelmente poluído, o

que resultava numa situação

ecológica e esteticamente

pouco sustentável. O indicador

4 permitiu concluir que, após a

intervenção, o grau de poluição

diminuiu, o que resultou num

rio mais atraente e limpo.

A conclusão anterior foi

confirmada pelo indicador 5.

Parece-nos relevante realçar

que o acréscimo na qualidade

da água do rio deverá ser a

primeira e fundamental

estratégia quando a intenção é

a de “devolver o rio à cidade”,

ou seja, promover o sistema

ribeirinho como um espaço de

fruição pelos utilizadores.

Os atravessamentos do rio,

que no caso do Fervença

aumentaram

consideravelmente, permitem ligar as duas margens, o que, por consequência, transforma o

rio num elemento de conectividade com a cidade, deixando de ser um factor de divisão da

estrutura urbana.

Em resumo, a avaliação do 1º e do 2º objectivo da intervenção teve como base o cálculo de

indicadores ecológicos.

Os indicadores sociais calculados permitiram avaliar os objectivos 3, 4 e 5.

OBJECTIVOS BRAGANÇA POLIS INDICADORES RESULTADOS

1. Requalificação e valorização do rio

Fervença, com a criação de um continuo verde envolvendo o rio – “Corredor Verde”.

1.% de comprimento de rio com vegetação rípicola

2. Presença de vegetação rípicola nas margens

3. Largura da faixa rípicola

2. Restituir o Rio Fervença à cidade

atribuindo-lhe um carácter estruturante.

4. Fontes de poluição

5. Qualidade química, física e biológica da água

6. Comprimento, largura e forma do rio dentro dos limites da cidade

7. Tipo de margem

8. Inundabilidade

9. Atravessamentos do Rio

3. Recuperação de zonas urbanas

desqualificadas, com a constituição de um espaço público de qualidade.

10. Equipamentos recreativos

11. Percursos Recreativos

12. Eventos recreativos

4. Reordenamento da malha viária,

incentivando a redução do tráfego automóvel e estabelecendo um percurso pedonal e uma ciclovoa ligando o Centro Histórico ao Rio.

13. Lugares de Estacionamento

14. Paragens de transportes públicos

15. Pontos de acesso de bicicletas

16. Atravessamentos do Rio

17. Percursos Recreativos

5. Valorização do Património histórico,

arqueológico, natural e edificado.

18. Zonas de contacto com a água

19. Presença de vegetação rípicola nas margens

20. Pontos de referência

21. Pontos de vista/miradouros

22. Integração de elementos patrimoniais

TABELA 1: Resultados do sucesso da reabilitação da frente ribeirinha do rio Fervença.

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Pela experiencia empírica, poderá afirmar-se que a intervenção permitiu a reabilitação de

uma área anteriormente degradada. Os resultados dos indicadores permitem um

aprofundamento dessa visão, revelando no entanto que as potencialidades do local poderão

não ter sido totalmente aproveitadas para o aumento da qualidade social do espaço.

O objectivo 4 considera-se cumprido, uma vez que com a intervenção foram garantidos

pontos de acessos para deficientes e bicicletas, aumentaram os atravessamentos no rio e

definiram-se e reestruturaram-se percursos recreativos. Estes resultados contribuem para

um aumento da sustentabilidade social do espaço, considerando que, quanto menor for o

número de barreiras, mais pessoas o podem utilizar, quantos mais pontos de acesso ao rio

e atravessamentos pedonais, maior a mobilidade e as oportunidades de contacto. O

acréscimo e definição de novos percursos recreativos (pedonais, cicláveis) permitem um

aumento da utilização do espaço, como oportunidade de recreio e lazer.

Embora maioritariamente se considere que o objectivo 4 obteve resultados positivos,

consideramos importante salientar, uma vez que se afigura como relevante para a

sustentabilidade urbana, que o objectivo específico de redução do tráfego automóvel não foi

assegurado. Se se considerarem os 400 lugares que o novo parque de estacionamento (nas

proximidades da frente ribeirinha) acrescenta à área de intervenção, então a convicção de

reduzir o tráfego automóvel não foi cumprida. Para confirmar esta conclusão, analisa-se o

indicador ‘Paragens de transportes públicos’, e percebe-se que, uma vez que este tem o

valor zero, a intenção de incentivar os meios alternativos de transporte não foi alcançada.

Em relação ao objectivo 5, percebeu-se que houve efectivamente uma valorização do

património histórico, arqueológico e edificado, pela presença de elementos de referência,

pela integração de elementos patrimoniais (recuperação de edifícios históricos, como

moinhos e casa do pão, que se inseriram posteriormente em percursos pedonais).

Segundo os resultados, o ponto do objectivo 5 menos conseguido foi o da valorização do

património natural (o que também já tinha sido comprovado pela concretização deficiente do

objectivo 1).

Por fim, conclui-se que a componente económica não foi realçada nos objectivos propostos

pelo projecto Polis, apesar disso, os indicadores económicos que foram possíveis calcular,

permitiram perceber que não há de facto uma valorização económica do espaço, permitindo

a sua auto-sustentação.

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8. CONCLUSÕES

Da avaliação efectuada à intervenção na frente Ribeirinha do Rio

Fervença constatou-se que foi requalificado um espaço com

componentes importantes para o aumento da sustentabilidade

urbana e a melhoria da qualidade de vida da população. Assim,

assinalam-se os que nos pareceram mais relevantes: aumento da

qualidade da água, construção e readaptação de percursos

recreativos, controle de cheias, criação de pontos de acesso de

bicicletas, integração de elementos patrimoniais, aumento do número de atravessamentos,

valorização das questões visuais – construção de miradouros.

A intervenção na frente ribeirinha do Rio Fervença teve comprovadamente uma valorização

na dimensão social, como se pode comprovar pelos aspectos assinalados. Contudo,

verificaram-se lacunas no que respeita à concepção da estrutura verde da zona ribeirinha e

sua relação com a estrutura verde global da cidade. Identificaram-se aspectos como

vegetação rípicola insuficiente nas margens e, nalgumas zonas, mesmo inexistente.

Identifica-se também como ponto fraco a insuficiência de equipamentos recreativos que

permitam um maior utilização do espaço.

É, de facto, incontornável afirmar que a intervenção representou um conjunto de mais-valias,

transformando um espaço desqualificado e desconectado com a cidade, num espaço que

agora pertence à cidade, requalificado. O objectivo principal deste estudo, ao efectuar uma

avaliação do sucesso da operação, foi o de reconhecer os aspectos positivos da

recuperação, que poderão servir de exemplo a outras intervenções, mas também identificar

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os aspectos negativos, onde os objectivos não foram atingidos ou que não foram

contemplados como objectivo. Esta análise permite equacionar novas linhas de orientação

para as intervenções, a partir dos pontos fracos identificados.

Assim, a área de estudo poderá

ser potenciada com a definição de

uma estrutura verde sustentável

(incremento do número de

espécies arbóreas e arbustivas,

junto do curso de água, mas também noutros pontos do espaço, com o aumento da área de

ensombramento). Esta medida não só melhoraria a qualidade ecológica do espaço como

também a sua utilização por parte da população, uma vez que proporcionaria melhores

condições de conforto climático, aumentando a atractividade do espaço.

Constatou-se que, sendo uma área requalificada, a sua utilização por parte da população é

baixa. Sendo assim, acredita-se que o espaço poderá ser potenciado por exemplo com a

introdução de novos equipamentos recreativos - áreas de lazer, equipamentos para

crianças, cafés ou até mesmo lojas -, bem como com a organização de eventos,

relacionados com desportos náuticos, concertos ou feiras. Estas estratégias não só

aumentariam o número de utilizadores como também potenciariam um aproveitamento

económico do espaço.

O recurso aos indicadores escolhidos permitiu também aferir da sua adaptabilidade a

diferentes casos de estudo. Constatou-se que nalguns casos, nomeadamente na

componente ecológica, os indicadores utilizados no projecto URBEM estavam muito

direccionados para a reabilitação dos sistemas aquáticos, colocando menos ênfase nos

sistemas ribeirinhos e na estrutura verde urbana que lhes pode estar associada. Haverá

assim que investigar, alargar e adaptar o leque dos indicadores aplicáveis, tendo em vista a

abrangência que este tipo de intervenções pode desempenhar na procura da

sustentabilidade urbana e ambiental.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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LÍGIA FERREIRA VAZ, MARIA DA GRAÇA SARAIVA OUTUBRO DE 2007

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Agradecimentos:

Ao Prof. Jorge Baptista e Silva, como coordenador da equipa do CESUR/IST no projecto URBEM e a todos os

intervenientes nesse projecto, agradecem-se as contribuições e sugestões que permitiram o desenvolvimento do

presente trabalho.

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ANEXOS

INDICADORES DE SUCESSO

ECOLÓGICOS ECONÓMICOS SOCIAIS

APLICABILIDADE

0 E48, E44, E45, E46, E16, E8

1

E47, E40, E37, E38, E31, E27, E28, E19, E17, E15, E13, E9

EN5, EN6, EN7

S38, S39, S40, S41, S42, S34, S35, S36, S23, S24, S25, S26, S27, S28, S29, S30, S31, S32, S21, S19, S12, S10, S1

2

E43, E42, E41, E32, E33, E34, E35, E36, E30, E24, E25, E26, E23, E22, E21, E20, E12, E11, E10, E7

S43, S37, S33, S22, S20, S14, S13, S11, S5

3 E29, E14, E7

4 E39, E18

EN1, EN2, EN3, EN4, EN5

S15, S16, S17, S18, S9, S8, S4, S3, S2

5

Nota: Para a definição das abreviaturas dos indicadores consultar relatório final Indicators of Success, work

Package 10 – URBEM

TABELA 2 : Aplicabilidade dos Indicadores URBEM ao caso

LEGENDA:

E – Indicadores Ecológicos

EN – Indicadores Económicos

S – Indicadores Sociais

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Ecológicos

Sociais

Económicos

Cat

egor

ia d

os I

ndic

ador

es

% de Indicadores Calculados

Indisponibilidade de informação Processo de aquisição de informação difícil

Inexistência de informação Processo de aquisição de informação difícil

Inexistência de informação Processo de cálculo complexo

GRAFICO 1: % de Indicadores calculados

ESCALA DE APLICABILIDADE

0 Não disponível/Muita dificuldade de obtenção

1 Necessário aquisição de informação e processo complexo de cálculo.

2 Necessário aquisição de informação e processo simples de cálculo.

3 Informação disponível e processo complexo de cálculo.

4 Informação disponível e processo simples de cálculo.

5 Estatísticas oficiais disponíveis.

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INDICADORES DE SUCESSO APLICABILIDADE UNIDADES

escala 0-5 *1

ECOLÓGICOS

Variação da profundidade e largura do rio 4 m

Acidez 2 Escala de pH

Qualidade física, química e biológica da água 3 Parâmetros de qualidade

Regime Hidrológico 3 qualitativo

Inundabilidade 3 m2, %

% de comprimento de rio com vegetação rípicola 2 %

Reutilização de águas de drenagem pluvial 1 %, m3

Profundidade do nível freático 2 m

Continuidade do rio 4 Nº de barreiras à circulação de esp. piscícolas

Largura da faixa de vegetação rípicola 2 m

SOCIAIS

Lugares de estacionamento 4 número

Paragens de Transportes Públicos 4 número

Pontos de acesso de bicicletas 4 número

Zonas de contacto com a água 2 número

Pontos de ancoragem (rios navegáveis) - número

Atravessamentos do Rio (pontes) 4 Número, Nº/km de rio

Pontos de referência (landmarks) 2 número

Pontos de vista /miradouros 1 número

Equipamentos recreativos 4 número

Percursos recreativos 4 m/km

Eventos culturais 4 número

Integração de elementos patrimoniais 4 número

ECONÓMICOS

Valor médio da propriedade 4 Euros/m ou Euros/m2

Investimento na reabilitação 4 Euros

Desemprego 4 %

Actividades que produzem rendimento 4 qualitativo

TABELA 3 : Indicadores aplicados ao caso de estudo

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INDICADORES DE SUCESSO

Contribuição para atingir os objectivos Aplicabilidade Mensurabilidade

scale: 0 -5 *1 scale 0 -5 *2 min score max

ECOLÓGICOS

Variação da profundidade e largura do rio 4 4 0 8 m -

Acidez 4 2 - - -

Inundabilidade 4 3 - - -

% de comprimento de rio com vegetação rípicola 5 2 0 3,2% 100%

Reutilização de águas de drenagem pluvial 3 1 - - -

Profundidade do nível freático 2 2 - - -

Continuidade do Rio 2 4 0 0 -

Largura da faixa de vegetação rípicola 4 2 12 5 m >20

SOCIAIS

Lugares de estacionamento 1 4 0 340 -

Paragens de transportes públicos 1 4 0 0 -

Pontos de acesso de bicicletas 5 4 0 5 8

Zonas de contacto com a água 5 2 0 27% 50%

Pontos de ancoragem (rios navegáveis) not applicable 4 - - -

Atravessamentos do Rio (pontes) 5 4 0 3,5 * 5

Pontos de referência 4 2 0 9 -

Pontos de vista/miradouros 4 1 0 6,5* -

Equipamentos recreativos 5 4 0 3,5* -

Percursos recreativos 5 4 0 3,06 -

Eventos Culturais 4 4 0 1 -

Integração de elementos patrimoniais 4 4 - - -

ECONÓMICOS

Valor médio da propriedade 3 4 - - -

Desemprego 2 4 - - -

Actividades que geram rendimento 4 4 0 1 -

* Number/Km

TABELA 4 : Resultados dos indicadores aplicados ao caso de estudo/escala de referência