VIII Congresso Brasileiro de Prevenção das DST e Aids

Mesa Redonda – Contextos de Trabalho e viver com HIV/Aids

Moysés Toniolo

Contextos sobre o HIV/AIDS em ambiente do Trabalho

1. Início do trabalho;

2. Participação na OIT e discussão sobre HIV/Aids;

3. Principais resultados;

4. Perspectivas para atuação da sociedade civil;

DESAFIOS PARA O ENFRENTAMENTODA AIDS NO MUNDO DO TRABALHO

No Brasil, a OIT vem apoiando diversos esforços nacionais para a prevenção, assistência e combate à discriminação relativa ao HIV/AIDS, em particular para a aplicação do Repertório de Recomendações Práticas da OIT sobre o HIV/AIDS e o Mundo do Trabalho, lançado durante a Sessão Especial da Assembléia Geral das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNGASS - AIDS), realizada em Nova York, em junho 2001, e traduzido para o português em maio de 2002.

Dez princípios para ações no local de trabalho:

1. Reconhecimento do HIV/AIDS como questão relacionada com o local de trabalho; 2. Não discriminação; 3. Igualdade de gênero; 4. Ambiente de trabalho saudável; 5. Diálogo social; 6. Não uso de “screening” para fins de exclusão do emprego ou de atividades de trabalho; 7. Confidencialidade; 8. Continuidade da relação de emprego; 9. Prevenção;10. Assistência e apoio.(* INFORME DA OIT – 12 de junho de 2009: HIV- AIDS nos locais de trabalho - Juan Somavia, Diretor Geral.)

Organização Internacional do Trabalho

OITSIDA – Programa Mundial da OIT sobre o HIV/AIDS e o mundo do Trabalho

Comissão Plenária sobre o HIV/AIDS no Mundo do Trabalho.

• 98ª Reunião da Conferência Internacional do Trabalho - 01 a 14/06/2009. Genebra – Suíça.

• 99ª Conferência Internacional do Trabalho - 01 a 10/06/2010. Genebra – Suíça.

ONU - Genebra

OIT – Comissão sobre HIV e aids

Discussões na Comissão Plenária sobre o HIV/AIDS no Mundo do

Trabalho • Conclusões propostas no Informe IV (Livro 2 – versão

em Espanhol) sobre o HIV/AIDS e o Mundo do Trabalho, páginas 313 a 319. www.ilo.org/publns .

• Organização dos temas – Avaliação, discussão e emendas são feitas sobre a parte de “Conclusões”, a cerca do relatório dos países – disposição dentro das conclusões propostas:

•Forma do Instrumento – itens 01 e 02;

•Conteúdo do Instrumento -I – Preâmbulo; item 03;II – Definições; item 04;III – Princípios Gerais; item 05;IV – Políticas e Programas Nacionais; itens 06 a 09; Discriminação – itens 10 a 15;V – Medidas de Prevenção e Proteção; Prevenção - itens 16 e 17; Tratamento e atenção – itens 18 a 20; Apoio – itens 21 a 23; Proteção da vida privada e confidencialidade – itens 24 a 27; seguridade e saúde no trabalho – itens 28 e 29; crianças e jovens – itens 30 e 31; VI Aplicação – item 32; formação – itens 33 a 35; Serviços Públicos – itens 36 e 37; Diálogo Social – itens 38 e 39; Cooperação Internacional – Itens 40 a 42;VII – Seguimento – itens 43 e 44.

2010• Documento base – Relatório Final sobre as

propostas sobre o HIV/AIDS e o Mundo do Trabalho, 2009.

• Procedimentos da comissão – eleição da Mesa diretora – Todos da África do sul;

• Informes dos países;• Discussão do documento proposta, por blocos de

itens;• Emendas – discussão – retirada – consenso –

aprovação.

Discussões + importantespúblicos mais vulneráveis – Profissionais do sexo;

acesso a prevenção, assistência e tratamento; âmbito de atuação para forças armadas; redução de custos e ampliação do Acesso Universal; aplicação das normas da OIT sobre HIV/AIDS; respeito à confidencialidade e sigilo; aids e pauperização; estatísticas sobre HIV/Aids e ambiente do trabalho; ajustes razoáveis no ambiente do trabalho para PVHA; envolvimento das PVHA no seguimento da aplicação das normas; incluir a questão da discriminação pela sorologia como artigo da convenção 111;

Avaliações:• Forma democrática, participativa e respeitosa –

consenso e tolerância são a melhor fórmula para obter o sucesso no alcance de objetivos; vencer nossas diferenças culturais e sócio-econômicas;

• Tripartismo e conjunção de forças - unidos por um só objetivo: enfrentar a epidemia de forma eficaz e responsável, com base na união de competências e capacidades; mostrar que é possível fazer as coisas acontecerem, mostrar nossa capacidade humana de superar obstáculos e vencer o medo e a ignorância;

- Articulação multisetorial - intercâmbio e apoio mútuo entre agências diferentes da ONU; congregar esforços da área do Trabalho com a Saúde e Desenvolvimento Social e Econômico – obter uma resposta eficaz e contundente de forma multisetorial;

-Apoio da equipe da OIT para o tema HIV/AIDS – pelo profissionalismo de conhecimento das normas da OIT, empenho e compromisso com a causa do enfrentamento da pandemia; esforço da Presidência e dos Vice-presidentes Trabalhadores e Empregadores – busca do consenso;

-Respeito aos Direitos Humanos fundamentais – fazer com que o ambiente de trabalho, e o mundo a ele relacionado, conheçam mais do tema e assim tenham condições de agregar esforços; manter o foco da inclusão do trabalho como condição fundamental para promoção da dignidade humana;

- Abertura inovadora na Comissão de HIV/AIDS – participação de PVHA nas discussões da OIT e possibilidade de expressão na língua portuguesa, desde 2009; citar ampliação este ano - Sr Brand; solicitar a criação de mais espaços formais e oficiais de participação, no âmbito da OIT, como a ONUSIDA +;

- Redução do estigma – ao incluir PVHA na discussão tripartite, amplia-se a visão das normas internacionais e políticas nacionais, sob o ponto de vista do usuário do sistema; inclusão é o melhor remédio para o preconceito e a discriminação; não permitir considerar uma PVHA como “algo” ou um “objeto” desprovido de humanidade e capacidade, simplesmente pela condição sorológica para o HIV/AIDS; somos seres humanos e cidadãos com plena capacidade de manter-nos ativos na vida social, e num papel pró-ativo, com direitos e deveres.

Considerações para o seguimento da discussão:

• Positivas –

Desde 2001 tínhamos um documento chamado de “Repertório de Recomendações práticas sobre HIV/AIDS para o Mundo do Trabalho” e agora em 2010 teremos finalmente aprovado “Recomendações sobre HIV/AIDS para o Mundo do Trabalho”; ou seja, temos a partir deste momento um documento mais robusto e consistente que apóie a formulação e avaliação de políticas nacionais no âmbito do enfrentamento da epidemia de AIDS;

Estabelecido como âmbito de atuação das normas da OIT, sobre HIV/AIDS no mundo do trabalho, um direcionamento para as Forças Armadas e outras corporações fardadas (complementares);

Inclusão do público PVHA no documento da OIT sobre Aids no mundo do Trabalho, nos pontos 06 (inclusão de redes na elaboração de políticas de trabalho), 13 (permanecer trabalhando), 17, 35 – f, 36 (envolver as PVHA na prática das políticas), orientando as políticas nacionais para envolverem este público de forma mais efetivas;

Parceria concreta do MTE e MS, buscando espaços de interlocução e compromisso de trabalhar em conjunto para avançar na discussão de HIV/AIDS; envolver a uma

PVHA, e portanto o movimento da RNP+/Brasil, portanto o Movimento Nacional de Luta contra a AIDS;

diminuição dos custos relacionados com a produção de insumos relacionados com HIV/AIDS, seja medicamentos ou em prevenção, e ampliando-se o campo de atuação para os serviços de saúde (assistência em HIV/AIDS; isto pode gerar uma ampliação da política de Acesso Universal à Assistência, Tratamento e prevenção em países com maior índice de incidência, e fortalecendo aqueles cujas políticas de enfrentamento estejam mais organizadas;

Desafios• falta de pesquisas que subsidiem dados

estatísticos (quantitativos e qualitativos) no âmbito governamental do trabalho (OIT, países) sobre HIV/AIDS;

• subsidiar o Movimento Sindical brasileiro sobre a política brasileira na área de saúde em HIV/AIDS e aumentar a articulação com os Movimentos Sociais de AIDS, de modo a ampliar a discussão sobre os direitos das PVHA no campo do trabalho;

Desafios• Não existe participação com voz e voto para PVHA

na estrutura tripartite de âmbito do trabalho, seja na Comissão de HIV/AIDS da OIT, ou nacionalmente, perante o Ministério do Trabalho e Emprego;

• tentativas de países em reproduzir no documento de referência termos como “grupos de riscos” ao invés de “comportamentos de riscos”; isto trouxe à tona questões culturais e/ou religiosas moralistas ou fundamentalistas que podem estigmatizar públicos mais vulneráveis à infecção pelo HIV/AIDS;

Papel das PVHA no âmbito da discussão do Trabalho

• como inovador criar o papel do observador PVHA, membro da delegação do governo; é preciso considerar que se exerce pouca ou nenhuma função durante os trabalhos, a não ser ajudar/apoiar nas discussões o Delegado oficial do MTE; existe um papel meramente simbólico e cujo objetivo ou função não fica clara, gerando uma sensação de pouca utilidade; é preciso extrapolar de forma extra-oficial os limites de estatus na participação, quando nota-se que não basta estar presente, mas trazer à discussão aspectos das demandas ou problemas pela visão dos trabalhadores soropositivos.

Delegação

Conclusões• Agradecer as oportunidades e aproveitar;• Extrapolar limites de atuação;• Confiar na capacidade;• Ter alianças e apoios;• Manter-se fiel ao movimento e sua base.Em 17/06/2010 foi aprovada por + de 400 votos

contra 03 contrários a nova Recomendação Autônoma sobre HIV e aids no Mundo do Trabalho.

A vida é mais forte que a Aids

Moysés Longuinho Toniolo de SouzaContatos: (+55) 71.9994.0018 – redebahia@yahoo.com.br .

• Membro da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/AIDS (RNP+/BR) e (RNP+/BA).

• Membro da Comissão Nacional de DST/AIDS (CNAIDS) – Gestão 2006/2007 e 2008/2009.

• Membro do Fórum Baiano de ONG AIDS (FOBONG) e Fórum de Entidades de Patologia (FEPABA)

• Conselheiro Estadual de Saúde na Bahia (CES-BA / SESAB) – Titular pelo Segmento Usuário – Patologias

• Observador convidado pelo MS e MTET junto à OIT em 2009 2 2010 na Comissão sobre HIV e aids no Mundo do Trabalho.