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1 VÍNCULOS EMPREGATÍCIOS DOS TRABALHADORES DA REDE ASSISTENCIAL DO SUS NA 10ª REGIONAL DE SAÚDE DO PARANÁ Caroline Roberta Wisniewski Martins 1 Manoela de Carvalho Neide Tiemi Murofuse RESUMO: Propôs-se nesta pesquisa, identificar as modalidades de vínculos contratuais dos trabalhadores atuantes na rede assistencial do Sistema Único de Saúde (SUS), nos municípios que constituem a 10ª Regional de Saúde. Trata-se de estudo quantitativo de caráter descritivo, que utilizou como fonte de dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), coletados de maio a junho de 2013. Foram analisados 9.656 cadastros de trabalhadores na região dos quais 72,49% encontravam-se no município com maior porte populacional e 45,6% nos serviços hospitalares. De um modo geral, os vínculos trabalhistas que prevaleceram na região foram o estatutário (40,98%), autônomo (24,98%) e celetista (20,80%). Considerando as atividades profissionais isoladamente, constatou-se que 59,27%dos trabalhadores que exerciam atividades específicas da área da saúde possuíam vínculos protegidos. Com relação às categorias profissionais, 52% da categoria representada pelos profissionais de saúde com formação de nível superior estava cadastrada como autônomo e, 37,23% com vínculos protegidos. Os profissionais de saúde com formação superior foi o grupo que mais apresentou vínculos precários e representaram 46,75% dos trabalhadores em saúde da região. PALAVRAS-CHAVE: “Força de trabalho”; “Recursos humanos em saúde”; “Emprego”; “Sistema Único de Saúde”. INTRODUÇÃO Propôs-se no presente estudo, identificar as modalidades de vínculos empregatícios dos trabalhadores atuantes na rede assistencial do SUS, nos 25 municípios que constituem a 10ª Regional de Saúde do Paraná. De acordo com o Decreto nº 7.508 de 28 de Junho de 2011, define-se Regional de Saúde como o “espaço geográfico contínuo por agrupamentos de Municípios limítrofes, delimitado a partir de identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalidade de integrar a organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de saúde” (BRASIL, 2011a). A forma com que os trabalhadores estão vinculados ao SUS esta diretamente relacionada com a organização e estruturação dos serviços de saúde. Os vínculos de trabalho protegidos 1 Universidade Estadual do Oeste do Paraná UNIOESTE. E-mail: [email protected]

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VÍNCULOS EMPREGATÍCIOS DOS TRABALHADORES DA REDE

ASSISTENCIAL DO SUS NA 10ª REGIONAL DE SAÚDE DO PARANÁ

Caroline Roberta Wisniewski Martins1

Manoela de Carvalho

Neide Tiemi Murofuse

RESUMO: Propôs-se nesta pesquisa, identificar as modalidades de vínculos contratuais dos

trabalhadores atuantes na rede assistencial do Sistema Único de Saúde (SUS), nos municípios que

constituem a 10ª Regional de Saúde. Trata-se de estudo quantitativo de caráter descritivo, que utilizou

como fonte de dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), coletados de maio

a junho de 2013. Foram analisados 9.656 cadastros de trabalhadores na região dos quais 72,49%

encontravam-se no município com maior porte populacional e 45,6% nos serviços hospitalares. De um

modo geral, os vínculos trabalhistas que prevaleceram na região foram o estatutário (40,98%),

autônomo (24,98%) e celetista (20,80%). Considerando as atividades profissionais isoladamente,

constatou-se que 59,27%dos trabalhadores que exerciam atividades específicas da área da saúde

possuíam vínculos protegidos. Com relação às categorias profissionais, 52% da categoria representada

pelos profissionais de saúde com formação de nível superior estava cadastrada como autônomo e,

37,23% com vínculos protegidos. Os profissionais de saúde com formação superior foi o grupo que

mais apresentou vínculos precários e representaram 46,75% dos trabalhadores em saúde da região.

PALAVRAS-CHAVE: “Força de trabalho”; “Recursos humanos em saúde”; “Emprego”; “Sistema

Único de Saúde”.

INTRODUÇÃO

Propôs-se no presente estudo, identificar as modalidades de vínculos empregatícios

dos trabalhadores atuantes na rede assistencial do SUS, nos 25 municípios que constituem a

10ª Regional de Saúde do Paraná.

De acordo com o Decreto nº 7.508 de 28 de Junho de 2011, define-se Regional de

Saúde como o “espaço geográfico contínuo por agrupamentos de Municípios limítrofes,

delimitado a partir de identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de comunicação e

infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalidade de integrar a organização, o

planejamento e a execução de ações e serviços de saúde” (BRASIL, 2011a).

A forma com que os trabalhadores estão vinculados ao SUS esta diretamente relacionada

com a organização e estruturação dos serviços de saúde. Os vínculos de trabalho protegidos

1 Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. E-mail: [email protected]

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proporcionam estabilidade e direitos aos trabalhadores, permitindo que os serviços possam

planejar, executar e avaliar ações de médio a longo prazo. Já os vínculos considerados precários,

provocam consequências aos trabalhadores, à comunidade e ao próprio sistema de saúde.

Os vínculos trabalhistas que garantem proteção aos trabalhadores são o vínculo estatutário

e celetista. Por outro lado, há vínculos trabalhistas precários, os quais não garantem aos

trabalhadores todos os direitos trabalhistas e previdenciários de que deveriam dispor.

Neste sentido, pela área da saúde ser um setor essencial, é necessário que os

trabalhadores que atuam na rede assistencial do SUS possuam um vínculo empregatício capaz

de garantir os direitos e estabilidade no trabalho, para que seja possível atender a todas as

necessidades e a demanda do sistema de saúde, conforme proposto na legislação do SUS.

OBJETIVO

Identificar as modalidades de vínculos contratuais de trabalho dos profissionais

inseridos na rede assistencial do SUS, nos três níveis de atenção, dos municípios que

constituem a 10ª Regional de Saúde, no estado do Paraná.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Trata-se de pesquisa descritiva quantitativa, cujos dados foram coletados na base de

dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), no período

compreendido entre maio a junho de 2013.

Os dados obtidos foram exportados para planilhas do Excel 2007 para a construção do

banco de dados contendo nome dos profissionais, ocupação, categoria profissional, tipo de

vinculação, tipo e subtipo de vínculo, cidade e número de habitantes, tipo de estabelecimento,

nome do estabelecimento. Para a elaboração das tabelas foi utilizada a ferramenta “Tabela

dinâmica” do Microsoft Excel 2007.

A classificação dos municípios foi definida a partir do número de habitantes conforme

dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em municípios com até cinco

mil habitantes; entre cinco até menos de dez mil habitantes; entre dez até menos de trinta e

cinco mil habitantes; e, municípios com mais de 280 mil habitantes.

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Para a análise, os dados foram condensados e codificados, utilizando-se letras do

alfabeto, em caixa alta, para identificar as categorias profissionais e as atividades

profissionais.

Os trabalhadores foram organizados em categorias profissionais, conforme o nível de

escolaridade (nível elementar, nível médio/técnico e nível superior), utilizando-se a seguinte

classificação:

A – Profissionais de saúde com formação de nível superior: terapeuta ocupacional;

psicólogo; nutricionista; médico; sanitarista; médico veterinário; fonoaudiólogo; fisioterapeuta;

farmacêutico; enfermeiro; dentista; biólogo; biomédico; assistente social; educador físico.

B – Profissionais e trabalhadores de saúde sem formação de nível superior: agente

comunitário da saúde; agente de saúde pública; atendente de enfermagem; atendente de

farmácia; auxiliar de banco de sangue; auxiliar de radiologia; auxiliar de saúde bucal; auxiliar

de farmácia; auxiliar de laboratório; auxiliar em patologia clínica; cuidador; instrumentador

cirúrgico; perfusionista; protético dentário; socorrista; técnico de enfermagem; técnico de

laboratório; técnico de ortopedia; técnico em biotecnologia; técnico em farmácia; técnico em

patologia; técnico em segurança do trabalho; técnico em radiologia; técnico em saúde bucal;

visitador sanitário.

C – Outros trabalhadores de nível superior sem formação na área de saúde: administrador;

advogado; arquiteto; contador; engenheiro; físico; orientador educacional; pedagogo; professor.

Secretário executivo; tecnólogo em construção civil; analista de informática.

D – Outros trabalhadores sem identificação do nível de formação: agente de

segurança; almoxarife; analista de RH; arquivista; assistente administrativo; auxiliar de

contabilidade; auxiliar de escritório; auxiliar de faturamento; auxiliar de lavanderia; auxiliar

de manutenção; auxiliar de pessoal; auxiliar de serviços; comprador; contínuo; copeiro;

costureira; cozinheiro; digitador; diretor; dirigente; empregado doméstico; encarregado de

manutenção; faxineiro; gerente; instrutor de cursos; lavadeiro; motorista; operador de

marketing; piloto; porteiro; profissional de nível médio; recepcionista; relações públicas;

repositor de mercadorias; supervisor.

Outra forma de classificação dos trabalhadores foi em relação ao tipo de atividade

profissional que desempenham, compilada da seguinte forma:

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E – Atividades nucleares (específicas da saúde): Agente Comunitário de Saúde (ACS),

assistente social, auxiliar em saúde bucal, dentista, enfermeiro, farmacêutico, fisioterapeuta,

fonoaudiólogo, médico, psicólogo, técnico em enfermagem, terapeuta ocupacional, visitador

sanitário, atendente de farmácia, nutricionista, protético dentário, auxiliar de enfermagem, técnico

em radiologia, atendente de enfermagem, atendente de farmácia, auxiliar de banco de sangue,

auxiliar de farmácia, auxiliar de laboratório, auxiliar em patologia clínica, auxiliar de radiologia,

auxiliar em saúde bucal, biólogo, biomédico, instrumentador cirúrgico, médico veterinário,

perfusionista, socorrista, cuidador, técnico em segurança do trabalho, técnico em biotecnologia;

F – Atividades afins (profissionais de outras áreas relacionadas à saúde):

administrador, advogado, analista de informática, analista de RH, arquiteto, assistente

administrativo, auxiliar de contabilidade, auxiliar de escritório, auxiliar de faturamento,

auxiliar de pessoal, contador, diretor de serviços de saúde, diretor administrativo, físico,

dirigente do serviço público, instrutor de cursos livres, gerente de almoxarifado, gerente de

suporte técnico, gerente financeiro, gerente administrativo, engenheiro, operador de

telemarketing, orientador educacional, pedagogo, piloto comercial, professor, relações

públicas, secretario executivo, supervisor de tesouraria, supervisor de recepcionista,

supervisor de telemarketing, supervisor de almoxarifado, técnico em manutenção, técnico em

planejamento, técnico em administração, tecnólogo em construção civil;

G – Atividades de serviço de apoio e manutenção: agente de saúde pública, agente de

segurança, almoxarife, arquivista, auxiliar de lavanderia, auxiliar de manutenção, auxiliar de

serviços, comprador, continuo, copeiro, cozinheiro, costureira, digitador, faxineiro,

empregado doméstico, lavadeiro, motorista, porteiro de edifício, recepcionista,

telefonista,teleoperador, trabalhador da manutenção de edificações, vigia, zelador, trabalhador

de serviços de limpeza, repositor de mercadorias, técnico de apoio, técnico de saneamento;

H – Trabalhadores sem informação específica de formação: quando no cadastro

constava a informação “CBO nível médio sem correspondência”.

Os serviços de saúde foram subdivididos em quatro categorias: (1) serviço hospitalar

(SH) que incluiu hospital geral, hospital de especializações, centro de atenção

hemoterapia/hematologia; (2) serviço de atenção básica (SAB) que incluiu centro de

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saúde/unidade básica, posto de saúde e farmácia; (3) serviço intermediário (SI) que incluiu

centro de atenção psicossocial, clínica/centro de especialidades, consultório isolado, pronto

atendimento, unidade de apoio diagnose e terapia (SADT isolado), laboratório central de

saúde pública (LACEN), policlínica, unidade móvel de nível pré-hospitalar na área de

urgência, unidade móvel terrestre, hospital-dia e (4) serviços administrativos (SADM) que

inclui central de regulação dos serviços de saúde, central de regulação médica das urgências,

unidade de vigilância de saúde e secretarias de saúde.

Os dados obtidos foram tratados por meio de estatística simples, analisando-se as

frequências absolutas e relativas dos dados coletados, apresentados em tabelas, considerando

os achados mais importantes.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Segundo os dados obtidos, estavam cadastrados no CNES 9.656 trabalhadores de

saúde na região pesquisada, sendo que 72,49% (7.000) dos trabalhadores atuavam no

município sede da Regional, com mais de 280 mil habitantes, 13,87 % (1.340) dos

trabalhadores encontravam-se em municípios com porte populacional entre dez até menos de

trinta e cinco mil habitantes, 10,44% (1.009) trabalhadores estavam em municípios de cinco

até menos de dez mil habitantes e 3,17% (307) dos trabalhadores atuavam nos municípios

com menos de cinco mil habitantes.

Do total dos trabalhadores cadastrados nos municípios com até cinco mil habitantes

(307), 60,58% estavam vinculados ao SUS por meio de regime estatutário, 11,72% possuíam

emprego público, 11,40% contratados por prazo determinado, 7,1% eram celetistas e os

demais tipos de vínculos somaram 9,12% do total. O total de trabalhadores com vínculos

protegidos era de 79,4% nestes municípios.

Quanto aos municípios com população entre cinco até menos de dez mil habitantes

(1.009), 44,79% dos trabalhadores atuavam por meio de contrato estatutário, em 18,63% dos

cadastros não havia informação sobre o vínculo, 10,80% possuíam emprego público, 7,3%

exerciam sua ocupação por meio de contrato celetista e 12,68% eram autônomos. Os vínculos

protegidos somaram 62,89% do total dos vínculos trabalhistas nestes municípios.

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Nos municípios com porte populacional entre dez até menos de trinta e cinco mil

habitantes, 36,34% dos trabalhadores estavam vinculados por meio de regime estatutário,

13,95% como celetista e, 9,17% como emprego público. Os vínculos protegidos nestes

municípios compreendiam 59,46% do total. As demais modalidades de vínculo somavam

40,49% do total dos trabalhadores cadastrados.

Dos trabalhadores que atuavam no município com porte maior que 280 mil habitantes,

40,45% estavam vinculados por contrato estatutário, 24,64% que atuavam por meio de regime

celetista, e, apenas 0,15% por meio de emprego público, 28,87% eram autônomos. O total de

vínculos protegidos neste município era de 65,24% do total dos vínculos.

Os resultados obtidos podem ser compreendidos, em grande medida, a partir das

reflexões de Santos (1999), de que a falta de recursos financeiros e humanos na área da saúde

abriram espaço para a adoção de diversas formas de contratação e fixação dos profissionais da

saúde nos municípios para atender às realidades da sociedade, provocando a mudança dos

vínculos empregatícios, valorizando outros tipos de relações contratuais de trabalho.

A expansão dos programas de saúde para os grandes centros urbanos, onde existe uma

estrutura de serviços mais complexa e consolidada, exigiu a combinação de diversas

estratégias de emprego, sendo usados diferentes vínculos trabalhistas (MENDONÇA et al,

2010). Neste estudo, podemos perceber que, os municípios com o menor porte populacional e

o município sede da 10ª Regional ofertavam trabalhos com vínculos, em sua maioria,

protegidos. Já os municípios com porte populacional intermediário (população entre dez até

menos de trinta e cinco mil habitantes) são os municípios que mais possuem vínculos

trabalhistas precários.

Para Tavares (2008), o regime estatutário é o mais adequado ao setor público, sendo o

regime celetista adequado para o setor privado. Contudo, percebe-se, que estes regimes e também

um número considerável de vínculos diversos fazem parte das relações trabalhistas no SUS.

De acordo com Marsiglia (2008), desde o início do século XX os serviços de saúde

têm sido classificados em diferentes níveis de atenção, de acordo com a complexidade

tecnológica e as atribuições, com vistas a oferecer um serviço voltado à integralidade. A rede

de serviços de saúde opera em distintos níveis de complexidade, o que requer a participação

multiprofissional nos diferentes níveis de cuidado para satisfazer a demanda pelos serviços de

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saúde. Para isso, concorrem os saberes técnicos e as práticas dos diferentes profissionais, bem

como, dos gestores que organizam o conjunto dos serviços de saúde entre os diferentes níveis

de complexidade e competência da rede de serviços de saúde.

Tabela 1: Distribuição da categoria profissional segundo o tipo de serviço dos estabelecimentos de

saúde dos municípios da 10ª Regional de Saúde – 2013

Categoria profissional Serviços Total

SH SAB SI SADM N % Profissionais de saúde com formação superior 2625 733 951 206 4515 46,76

Trabalhadores de saúde sem formação superior 1017 1247 647 185 3096 32,06

Trabalhadores com formação superior fora da área da saúde 13 14 39 14 80 0,83

Sem informação 746 437 439 343 1965 20,35

Total 4401 2431 2076 748 9656 100,00

Fonte: CNES, 2013. Elaboração própria.

Nota: SH: Serviços hospitalares; SAB: Serviço de atenção básica; SI: Serviços intermediários; SADM:Serviços

administrativos.

Conforme os dados da tabela 1, dos 9.656 trabalhadores cadastrados no SUS, 45,6%

(4.401) estavam atuando no serviço hospitalar, 25,2% (2.431) estavam vinculados aos

serviços de atenção básica, 21,5% (2.076) estavam nos serviços intermediários e, 7,7% (748)

estavam ocupando cargos administrativos.

Dos profissionais de saúde com formação acadêmica, 58,2% estavam cadastrados no

serviço hospitalar, 21,1% estavam atuando nos serviços intermediários, 16,2% encontravam-

se na atenção básica e 4,6% exerciam atividades administrativas.

Já a categoria representada por trabalhadores de saúde sem formação de nível superior,

40,3% atuavam nos serviços de atenção básica, 32,8% encontravam-se cadastrados no serviço

hospitalar, 20,9% estavam no serviço intermediário e 6% atuavam no serviço administrativo.

Quanto aos trabalhadores da categoria representada por profissionais com formação de

nível superior fora da área da saúde, 48,8% atuavam no serviço intermediário, 17,5%

exerciam atividades administrativas, 17,5% encontravam-se na atenção básica e 16,3%

exerciam suas atividades de trabalho no serviço hospitalar.

O serviço hospitalar (SH) possuía, na composição da força de trabalho, 59,6% de

profissionais de saúde com formação universitária, 23,1% de profissionais de saúde sem

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formação universitária, 0,3% de profissionais de nível superior sem formação específica na

área da saúde e 17% de trabalhadores sem informação sobre o nível de escolaridade.

Nos serviços de atenção básica (SAB), 51,3% da força de trabalho era constituída por

trabalhadores sem formação superior, e 30,15% da força de trabalho correspondiam aos

profissionais com formação superior na área da saúde, 18% de trabalhadores sem informação

sobre o nível de escolaridade e, 0,5% de trabalhadores com formação superior em outras áreas.

Esta diferença da composição da força de trabalho que atua no setor hospitalar e na

atenção básica apoia a hipótese de que, apesar do crescente discurso da importância da

atenção básica na ordenação das redes de atenção, o modelo hospitalocêntrico ainda é uma

realidade na região macro-oeste do Paraná. Se não pelo número de estabelecimento e leitos no

setor hospitalar, pela incorporação de grande parte da força de trabalho qualificada no setor

saúde. Ou seja, mesmo diminuída a diferença quantitativa entre estabelecimentos hospitalares

em relação aos de atenção básica, qualitativamente, o investimento ainda é maior na

assistência hospitalar.

Dedecca e Trovão (2013) afirmam que, o atendimento na atenção básica visa solucionar

problemas de saúde focados na prevenção de agravos e doenças, portanto, são necessários mais

recursos humanos do que equipamentos neste nível de atenção. Já nos serviços hospitalares,

deve-se investir mais em equipamentos médico-hospitalares do que na força de trabalho. Porém,

neste estudo, constatou-se que 45,6% dos trabalhadores de saúde encontram-se cadastrados nos

serviços hospitalares, e 25,2% estavam atuando na atenção básica.

Quanto aos serviços intermediários, média complexidade e SADT, 45,8% dos

trabalhadores possuíam formação superior específica na área da saúde, 31,16% trabalhadores

atuavam na área da saúde, mas não possuíam formação de nível superior, 1,9% eram

profissionais com formação superior em outras áreas e, 21,14% correspondiam aos

trabalhadores sem informação sobre o nível de escolaridade.

Já no serviço administrativo (SADM), 48,85% da força de trabalho

correspondia aos trabalhadores sem informação da escolaridade, 27,5% da força de trabalho,

era composta por profissionais com formação superior na área da saúde, 24,73% eram

trabalhadores de saúde sem formação de nível superior e, 1,9% representavam profissionais

com formação superior em outras áreas.

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Os trabalhadores que atuavam nos diferentes tipos de serviços de saúde possuíam,

também, diferentes vínculos de trabalho (Tabela 2).

Tabela 2: Distribuição do tipo de vínculo segundo o tipo de serviço dos estabelecimentos de saúde

dos municípios da 10ª Regional de Saúde – 2013

Fonte: CNES, 2013. Elaboração própria.

Nota: SH: Serviços hospitalares; SAB: Serviço de atenção básica; SI: Serviços intermediários; SADM:Serviços

administrativos.

Do total de trabalhadores que estavam atuando nos serviços hospitalares (4.401),

46,8% possuíam vínculo autônomo (2.060), 28,31% eram celetistas (1.246), 16,13% (710)

eram estatutários, 7,27% (320) encontravam-se “sem informação” de vínculo. Os demais tipos

de vínculos correspondiam à percentual menor do que 1%. Desta forma, os vínculos

protegidos totalizaram 44, 44% do total.

Na atenção básica, do total de 2.728 trabalhadores, 74,9% (1.822) estavam vinculados

por meio do regime estatutário, seguido por 10,40% (253) de trabalhadores que possuíam

emprego público, 6,74% (164) não possuíam informação quanto ao tipo de vínculo, 4,52%

(110) estavam contratados por tempo determinado. Os demais vínculos apresentaram

percentual menor do que 2%. Os vínculos protegidos nestes serviços totalizaram 85,3%.

Tipo de vínculo

Serviços Total

SH SAB SI SADM N %

Estatutário 710 1822 749 676 3957 40,98

Celetista 1246 4 758 - 2008 20,80

Emprego público 12 253 1 13 279 2,89

Autônomo 2060 44 303 2 2409 24,98

Contrato por prazo determinado 35 110 74 15 234 2,42

Contrato verbal/informal 15 3 13 3 34 0,35

Bolsa 1 1 2 - 4 0,40

Consultoria 1 - 1 - 2 0,20

Cargo comissionado 1 30 0 23 54 0,56

Proprietário - - 18 - 18 0,19

Sem informação 320 164 157 16 657 6,80

Total geral 4401 2431 2076 748 9656 100,00

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Os tipos de vínculos que prevaleceram no serviço intermediário foram os vínculos

celetista e estatutário, apresentados respectivamente, por 36,51% (758) e 36 % (749) pelos

trabalhadores que atuavam neste serviço. Seguido por 7,56% (157) de trabalhadores sem

informação do vínculo, 14,59% (303) eram autônomos, 3,56% (74) possuíam contrato por

prazo determinado. Os vínculos protegidos totalizaram 72,51% do total dos vínculos nestes

serviços. Os demais tipos de vínculos apresentaram percentual menor de 1%.

Nos serviços administrativos, 90,4% (676) dos trabalhadores apresentaram vínculo de

trabalho estatutário, seguido por 3,1% (23) de contrato comissionado. As demais modalidades

destes serviços apresentaram percentual menor do que 2,5%. O total de vínculos protegidos

foi de 92,11%.

O setor da saúde, em especial a Estratégia de Saúde da Família, implementada pelo

SUS, foi fortemente impactado pela flexibilização dos vínculos de trabalho, incluindo “um

percentual elevado de trabalhadores de saúde com vínculos trabalhistas de entidades diversas”

(MENDONÇA et al, 2010, p. 2356).

Há autores que apontam que os vínculos precários, principalmente na Estratégia Saúde

da Família (ESF), estão relacionados à maior suscetibilidade do trabalhador de saúde à

instabilidade política e a concorrência dos municípios, que possuem formas diferenciadas de

fixação destes profissionais, gerando alta rotatividade. Além disso, a insegurança gerada por

contratação temporária está relacionada à procura de múltiplos empregos, o que afeta a

integralidade que se busca na ESF (TAVEIRA, 2010).

Faria e Araújo (2011) constataram em uma USF que

Correspondem ao total de trabalhadores da USF sessenta profissionais, incluindo

profissionais de diferentes categorias: médicos, enfermeiros, odontólogos, técnicos e

auxiliares de enfermagem, técnicos de higiene dentária, agentes comunitários de

saúde, atendente de consultório dentário, vigilantes, pessoal da limpeza, gerente e

assistente social. Deste quantitativo, dez são concursados e efetivos e os restantes

possuem vínculos terceirizados, como o pessoal da vigilância e limpeza e toda a

Equipe de ESF, que é contratada por uma OSCIP (FARIA; ARAÚJO, 2011, p.149).

Em estudo realizado pela Estação de Pesquisa de Sinais de Mercado em Saúde –

(EPSM/UFMG) constatou-se, em 2006, que havia cerca de 600 mil trabalhadores vinculados

ao SUS de forma precária (representando 24% dos postos de trabalho) e que 20 a 30% dos

trabalhadores que atuavam na ESF apresentavam vínculos de trabalho precários. A partir de

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2000, ocorreu redução considerável da contratação terceirizada. Observou-se assim, um

importante avanço na regularização das relações de trabalho. Porém, para regularizar as

relações de trabalho não se utilizou da criação de cargos ou concursos públicos, mas sim da

criação de contratos temporários regidos pela legislação (GIRARDI, 2010, p.11-12).

Mendonça et al (2010, p.2358) concluíram em pesquisa realizada acerca da expansão

da ESF nos municípios de Aracaju, Belo Horizonte, Florianópolis e Vitória, que 90% dos

médicos e enfermeiros estavam inseridos por meio de concursos públicos. As autoras afirmam

que, “esta situação caracteriza-se uma reversão no quadro de multiplicidade de vínculos e

muitas vezes até ausência dos mesmos, que marcou a fase de implementação da ESF”. Quanto

aos tipos de vínculos, em cerca de 80% dos municípios estudados, enfermeiros e médicos são

registrados por meio do regime estatutário.

Tabela 3: Distribuição dos tipos de vínculos de trabalho segundo o nível de formação

profissional, municípios da 10ª Regional de Saúde – 2013

Tipo de vínculo Categoria profissional Total

A B C D N %

Estatutário 1248 1676 32 1001 3957 40,98

Celetista 374 905 28 701 2008 20,80

Emprego público 59 189 - 31 279 2,89

Autônomo 2348 25 4 32 2409 24,98

Contrato por prazo determinado 106 87 7 34 234 2,42

Contrato verbal/informal 14 1 2 17 34 0,35

Bolsa 4 - - - 4 0,04

Consultoria 2 - - - 2 0,02

Cargo comissionado 15 10 2 27 54 0,56

Proprietário 16 - - 2 18 0,19

Sem informação 329 203 5 120 657 6,80

Total geral 4515 3096 80 1965 9656 100,00 Fonte: CNES, 2013. Elaboração própria.

Nota: A – Profissionais de saúde com formação superior; B – Trabalhadores de saúde sem formação superior; C

– Trabalhadores com formação superior fora da área da saúde; D – Trabalhadores sem informação da

escolaridade.

Estudos realizados pelo Departamento de Atenção Básica (DAB), do Ministério da

Saúde, identificaram que 20 a 30% dos trabalhadores que atuam nesta estratégia possuem

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vínculos trabalhistas precários. Em 2005, observou-se que os ACS possuíam, em sua maioria,

vínculos precários e remuneração equivalente a um salário mínimo (BRASIL, 2006).

De acordo com a Tabela 03, os vínculos considerados protegidos apresentaram maior

prevalência na categoria representada por profissionais e trabalhadores de saúde sem formação

superior, totalizando 89,5% (1.681) do total de vínculos deste grupo, seguido por 88,2% (1.981)

dos vínculos na categoria de profissionais sem identificação do nível de escolaridade/formação.

Na categoria de profissionais com nível superior fora da área da saúde, o percentual de vínculos

protegidos foi de 75% (60), enquanto que, na categoria representada pelos profissionais com

formação na área da saúde, esse percentual foi de 37,23% (1.681).

O processo de descentralização do SUS, em um contexto de diminuição das

responsabilidades do Estado perante as necessidades de saúde da população e os direitos sociais,

favoreceu o processo de precarização dos vínculos de trabalho, especialmente para algumas

categorias profissionais. Com isso, o setor da saúde tem comportado uma variedade de vínculos

empregatícios, incorporando tanto os regimes tradicionais, como o estatutário e o celetista, até

outras formas de vinculação de trabalho, para a formação de equipes capazes de atender a todas as

atividades necessárias ao cumprimento das políticas públicas (BRASIL, 2011b).

A tabela 04 apresenta os tipos de vínculos de trabalho encontrados na região

pesquisada, relacionados com o tipo de atividade exercida pelos trabalhadores. Nas atividades

nucleares, 39,47% (3.021) dos trabalhadores possuíam vínculo estatutário, 31% (2.373)

trabalhadores eram autônomos e 16,38% (1.254) atuavam por meio de vínculo celetista. O

total de vínculos protegidos encontrado foi de 59,27%.

Nas atividades afins, 45,57% (479) dos trabalhadores estavam vinculados por meio de

contrato estatutário, seguido por 33,96% (357) com vínculos por meio de contrato celetista, e,

1,14% (12) possuíam emprego público, totalizando 80,67% de trabalhadores com vínculo

protegido.

Com relação aos trabalhadores de manutenção e apoio, os vínculos que prevaleceram

foram o estatutário, correspondendo a 48,82% (457) dos vinculados deste grupo, seguido do

regime celetista, representando 42,41 % (397), e, 0,64% (6) dos trabalhadores possuíam

vínculo através de emprego público. No total, 91,87% dos trabalhadores deste grupo

possuíam vínculos protegidos.

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Tabela 4. Distribuição do tipo de vínculo segundo a atividade profissional desenvolvida no setor

saúde municípios da 10ª Regional de Saúde – 2013

Fonte: CNES, 2013. Elaboração própria.

Nota: E – atividades nucleares (especificas da saúde); F – atividades afins (profissionais de outras áreas

relacionadas à saúde); G – apoio e manutenção; H – sem informação.

Nas análises dos tipos de vínculos segundo as atividades profissionais, o tipo de

vínculo que prevaleceu foi o regime estatutário, correspondendo 39,47% dos vínculos de

trabalhadores da área da saúde, 45,57% de trabalhadores de áreas afins, 48,82% dos vínculos

dos trabalhadores da manutenção e serviço de apoio. Desta forma, os trabalhadores que

atuavam em serviços de manutenção e de apoio possuíam maior estabilidade, por estarem

vinculados, em sua maioria, por meio de contrato estatutário.

De acordo com Dedecca e Trovão (2013), em uma situação econômica marcada pela

insuficiência de recursos, a tendência do crescimento do emprego provocada pela expansão e

diversificação dos postos de trabalho, reforçada pelo envelhecimento da população e aumento

da expectativa de vida, tem resultado na deteriorização dos contratos de trabalho na saúde.

Esta deteriorização pode ser observada na heterogeneidade dos contratos de trabalho e, no

grau de instabilidade dos mesmos.

CONCLUSÃO

A partir dos dados coletados, conclui-se que, quanto à distribuição dos vínculos nos

municípios, os vínculos protegidos prevaleceram nos municípios com porte populacional

menor que cinco mil habitantes e, no município com mais de duzentos e oitenta mil

Tipo de Vínculo Atividade profissional Total

E F G H N %

Estatutário 3021 479 457 - 3957 40,98

Celetista 1254 357 397 - 2008 20,80

Emprego público 261 12 6 - 279 2,89

Autônomo 2373 36 - - 2409 24,98

Contrato por prazo determinado 145 38 51 - 234 2,42

Contrato verbal/informal 16 18 - - 34 0,35

Bolsa 4 - - - 4 0,04

Consultoria 2 - - - 2 0,02

Cargo comissionado 25 27 2 - 54 0,56

Proprietário 16 2 - - 18 0,19

Sem informação 536 82 23 16 657 6,80

Total geral 7653 1051 936 16 9656 100,00

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habitantes, enquanto que nos municípios intermediários o percentual de vínculos protegidos

foi menor.

Com relação à distribuição dos vínculos por tipo de serviços de saúde, os serviços

administrativos e de atenção básica apresentaram maior prevalência de vínculo protegido, no

entanto, nestes serviços estavam cadastrados em sua maioria, trabalhadores sem informação de

formação e trabalhadores sem formação superior. Já no serviço hospitalar, onde havia mais

profissionais com formação superior foi encontrado o menor percentual de vínculos protegidos.

Nas categorias profissionais, os trabalhadores de saúde sem formação superior

apresentaram o maior índice de vínculos protegidos, seguido pelos trabalhadores sem informação

da formação e, profissionais com formação em ouras áreas; já os profissionais de saúde com

formação de nível superior apresentaram o menor percentual de vínculos protegidos.

No que se referem às atividades profissionais, as atividades de manutenção/apoio

apresentaram o maior percentual de vínculos protegidos, seguido pelos profissionais com

formação em outras áreas, e, o menor percentual foi encontrado no grupo de profissionais que

desenvolvem atividades especificas de saúde.

Desta forma, os profissionais de saúde com formação de nível superior são o maior grupo

de trabalhadores da região, correspondendo 46,75% da força de trabalho da saúde na região

pesquisa, sendo o grupo que mais apresentou vínculos precários, considerando que é

imprescindível que estes profissionais possuam um vínculo de trabalho estável, pois, para o

desenvolvimento de ações de planejamento, execução e avaliação de programas e ações de saúde,

individuais e coletivos, é importante a criação de vínculos destes profissionais com a população, o

que depende, do tempo e da estabilidade do profissional em um território definido.

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