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VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Brena Kécia Sales Guedes *

Flâmela Kevylla Silva Gomes*

Resumo

Neste artigo abordamos a importância do assunto sobre Violência contra a Mulher, quais os

seus tipos, as instituições responsáveis pelo amparo as vítimas, quais procedimentos essa

deve tomar e como a sociedade em que estamos pode ajudar a mudar essa realidade que

hoje é tão desigual em relação à mulher. Discutimos assim a importância da Lei Maria da

Penha nesse processo, e de que forma essa vem auxiliando ao combate dessa violência.

Como metodologia usamos a entrevista, essa utilizada na pesquisa de campo feita no

Centro de Referência da Mulher Francisca Clotilde, Benfica, Ceará, no qual conversamos

com alguns profissionais responsáveis pelo dia a dia da instituição.

Palavras-chave: Mulher. Violência. Tipos. Omissão. Lei Maria da Penha.

______________________

*Graduandas em Serviço Social na Faculdade Cearense

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1. INTRODUÇÃO

Este artigo surge da necessidade de compreender a realidade das mulheres

em situação de violência dando ênfase ao comportamento da sociedade em relação

ao ato cometido.

Diante dessa indispensabilidade, objetivamos no presente artigo propor

discussões acerca do assunto e informar as instituições de amparo existentes no

município de Fortaleza, Ceará. Quanto ao objetivo especifico busca esclarecer os

cinco tipos de violência que podem acometê-las sendo que algumas até de maneira

silenciosa.

Para contemplar esses objetivos empregamos a pesquisa qualitativa

buscando o aprofundamento sobre o objeto estudado, principalmente no que diz

respeito à omissão das vítimas. Utilizamos a Cartilha Lei Maria da Penha e Direitos

da Mulher organizada pelo Ministério Público Federal/ Procuradoria Federal dos

Direitos do Cidadão (PFDC) para um melhor aprofundamento teórico, embasando-se

nos colaboradores que discorrem sobre o assunto. Fizemos ainda uso da pesquisa

de campo a fim de sentirmos as vivências compartilhadas pelas vítimas, o qual foi

realizado no Centro de Referência da Mulher Francisca Clotilde – Benfica, Ceará

que recebe mulheres acometidas das mais variadas violências.

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2. O QUE É A VIOLÊNCIA?

A violência contra as mulheres é sofrida em todas as fases da vida. Muitas

vezes ela se inicia ainda na infância e acontece em todas as classes sociais. A

violência cometida contra as mulheres no âmbito doméstico e a violência sexual são

fenômenos sociais e culturais ainda cercados pelo silêncio e pela dor.

De acordo com o Portal do Ministério Saúde, a violência contra a mulher é

referida de diversas formas desde a década de 50. Foi designada como violência

intra familiar, violência contra a mulher, violência doméstica e na década de 90 os

estudos passam a tratar essas relações de poder, em que a mulher em qualquer

faixa etária é submetida e subjugada, como violência de gênero.

De acordo com a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a

Violência contra a Mulher a violência define-se como:

“Qualquer ato ou conduta baseada no gênero que cause morte, dano ou

sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública quanto na

privada.”

2.1. Tipos de Violência

Tendo como base a Cartilha Maria da Penha e Direitos da Mulher, do

Ministério Público Federal, Brasília, 2011, a violência está dividida em cinco tipos,

entre eles:

Violência Física

Qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal.

Classificados como espancamento com a mão ou objetos, tentativas de

estrangulamento, arremesso de objetos contra a mulher, socos, pontapés entre

outros. Podendo chegar a assassinatos.

Violência Psicológica

Descrita como sendo uma das mais devastadoras consiste em qualquer

conduta que lhe cause danos emocionais ou diminuição da autoestima ou

desqualifique suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça,

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gritos, imposição de medo, constrangimento, humilhação, isolamento entre outros.

Tudo que lhe cause limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe

cause prejuízo à saúde psicológica e autodeterminação.

Violência Sexual

Qualquer conduta que a constranja a presenciar, manter ou participar de

relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da

força; que a induza a comercializar ou utilizar de qualquer modo de contraceptivo ou

force ao matrimônio, a gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação,

chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule os seus direitos sexuais

reprodutivos.

Violência Patrimonial

Qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou

total de seus objetos ou instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens,

valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas

necessidades.

Violência Moral

Qualquer ação que configure calúnia, difamação ou injúria. Ocorre quando o

agressor ou agressora afirma falsamente que aquela praticou crime que ela não

cometeu, difamação, ocorre quando o agressor atribui à mulher fatos que maculem a

sua reputação, ou injúria, ocorre quando o agressor ofende a dignidade da mulher.

(Exemplos: Dar opinião contra a reputação moral, críticas mentirosas e

xingamentos). Esse tipo de violência pode ocorrer também pela internet.

3. OMISSÃO DAS VÍTIMAS

Porque muitas mulheres sofrem caladas? De acordo com a cartilha Campanha

permanente do Ministério Público do ano de 2012, Maria da Penha em Ação,

acredita-se que mais da metade das mulheres que sofrem agressão permanecem

caladas sem pedir ajuda. Muitas desenvolvem o triste pensamento de que “foi só

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daquela vez” ou que “esta vai ser a última vez”. Por vergonha, medo, dependências

financeiras ou emocionais, essas são muitas das causas.

Cativas ainda de uma cultura que “ruim com ele. Pior sem ele”, sofrem

sozinhas e em silêncio. Em muitos casos o agressor acusa a própria vítima de ser a

responsável pela agressão e até promete depois do ato agressor que não

acontecera novamente. Porém não demora muito para que o ato monstruoso volte a

ocorrer.

A violência doméstica e familiar seja ela física, psicológica, sexual, patrimonial

ou moral envolve na verdade mais do que tapas, socos, empurrões e ameaças.

Muitas vítimas chegam a declarar que vivem em situação de violência não por

dependência material, já que são elas que arcam com todas as despesas do lar

(alimentação, saúde, educação, lazer). Expõem que quando se há filhos na relação,

o caso é bem diferente, submetem-se a conduta ofensiva do cônjuge para que os

filhos não cresçam sem pai. Permitindo que os pequenos membros de nossa

sociedade estejam expostos à figura de um ser de comportamento agressivo,

explosivo e criminoso.

Para Cecília Zylberstajn, psicóloga pela Pontifícia Universidade Católica de São

Paulo PUC-SP e psicoterapeuta de adultos e adolescentes, muitas mulheres sofrem

caladas por sentirem vergonha de expor que existe isto no seu relacionamento

conjugal ou por acreditarem que é apenas uma fase no casamento. De acordo com

sua explicação

"Algumas sentem receio por sofrerem ameaças do agressor. Eles semprefalam que, se a esposa denunciar, fará da vida dela um ‘inferno’. Por medo,elas não criam coragem para prestar queixa formal da violência doméstica."

Qual seria na verdade o real motivo do silencio das mulheres agredidas? Ou a

real causa de continuarem com seus parceiros?

Com base nas informações cedidas no ato da entrevista com a assistente

social local, na grande maioria dos casos constata-se que o medo que a vítima tem

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do agressor a faz calar-se. Em alguns outros, para não expor a família e a si própria.

Há ainda as que afirmam que amam incondicionalmente.

Mesmo contemplando a intensidade que esta realidade vem sendo discutida é

necessário cada vez mais trazer luz a essas mulheres do direito que todas elas

despõe de viver sem violência. Que quando gritam por socorro, não é vergonhoso,

mas, demonstram dignidade, liberdade e cidadania. Faz com que o Estado cumpra o

seu dever de punir o responsável e proteger a vítima.

4. PAPEIS ATRIBUÍDOS PELA SOCIEDADE

A desigualdade sociocultural existente entre homens e mulheres é causa da

discriminação masculina em que coloca o sexo feminino numa posição inferior na

sociedade brasileira mais especificamente o estado do Ceará, cidade Fortaleza em

relação ao sexo masculino.

De acordo com os dados do campo, essa desigualdade é identificado nos

papeis que a sociedade atribui a homens e mulheres. Aos homens lhe são atribuídos

a força, que tem que ser competitivos, não podem chorar, nem levar desaforo para

casa, tem que ser o provedor e o superior, ser garanhão, o espaço destinado a eles

é o “público”. Ainda há a concepção que eles devem ocupar cargos de chefia,

diretores, presidentes e não devem submeter à mulheres em cargos de gestão. Se

consideram proprietários, donos do corpo das mulheres.

Enquanto que a sociedade em estudo espera que a mulher seja submissa,

dócil, frágil e passiva, que a mesma tem que obedecer ao marido. Seu espaço tem

que ser sempre o “privado”, o doméstico, desejam que sejam recatadas, não podem

ser assanhadas, devem controlar os seus desejos e aspirações. Devem dar conta do

serviço de casa, da roça, dos filhos, dos doentes, ser inteiramente prestativa e

cuidadora de todos.

As virtudes, qualidades, capacidades e os deveres atribuídos a homens e

mulheres parecem está na ordem das coisas, como se fosse natural e normal os

homens exercerem domínio sobre as mulheres e elas não reagirem, permanecendo

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submissas.

5. DESIGUALDADE COMO SENDO A BASE DA VIOLÊNCIA

A discussão de gênero demostra que os papeis atribuídos a homens e

mulheres são reforçados pela ideologia machista e consolidados ao longo do tempo,

pois as relações entre sexos não são naturais, mas são resultado do processo de

socialização das pessoas.

Por não ser algo natural e sim advindo do processo de socialização, pode ser

transformado em igualdade, desconstruindo esses papeis e promovendo relações

democráticas entre os sexos.

A violência é portanto um meio de coagir, de submeter outrem a seu domínio,

é uma violação dos direitos essenciais do ser humano. A dominação que o homem

exerce sobre a mulher constitui uma das dificuldades para que ela consiga sair da

situação de violência em que se encontra.

A violência doméstica, tem raízes culturais, está relacionado a práticas

machistas que foram e continuam sendo a causa da desigualdade, que legitimam e

que acabam contribuindo para que as mulheres se vejam como dependentes no

qual sentem dificuldades financeiras e emocionais, de romper o ciclo de agressões.

É de suma importância manter as mulheres informadas e orientadas sobre

seus direitos e possibilidades, isso as auxiliam e encorajam a romper com a situação

de violência vivenciada.

A constituição cidadã de 1998 foi de extrema importância para a história de

lutas das mulheres pela igualdade, pois proclamou a igualdade jurídica entre

homens e mulheres, estabelecendo a igualdade de direitos civis, sociais e

econômicos. Define como princípio do Estado brasileiro a não – discriminação por

motivo de sexo, raça e etnia, proíbe a discriminação da mulher no mercado de

trabalho e estabelece direitos reprodutivos.

A mulher pode auxiliar na construção do seu papel como individuo ativo na

sociedade, participando de diretorias acadêmicas, associações de classes,

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sindicatos, partidos, grupos de mulheres, enfim, pleiteando cargos de direção e

assumindo lideranças.

Exigindo seus direitos à escola, ao trabalho, não abrindo mão também de

dirigir o carro do casal, não permitindo que paguem as suas contas, não aceitando

piadas, denunciando assédios sexuais e morais, vivendo assim a sua sexualidade,

sentindo-se dona do seu corpo, em fim reivindicando seus direitos e a sua

independência

Um problema que leva as mulheres a continuarem vivendo em situação de

violência é justamente a dependência emocional em relação ao marido. Muitas

sofrem para manter o casamento, pelo fatos de confundirem o papel de esposa com

o de mãe. Até chegam a denunciar o marido, mas não chegam a se separar em

definitivo.

Só que muitas vezes, o problema vai criando uma proporção tamanha que ela

necessita denunciar e quando o faz se sentem culpadas. Portando a violência contra

a mulher é entendida como um fenômeno social baseado nas desigualdades de

gênero e refletidas nos papeis atribuídos a homens e mulheres.

6. VIOLÊNCIA DE GÊNERO E CONTRA A MULHER

Como pode ser observado na pesquisa de campo, a Violência de Gênero na

Cidade de Fortaleza – Ceará, acontece em todas as idades, classes sociais, etnias,

religiões ou opções sexuais. Pode ocorrer em qualquer âmbito: no trabalho:

(desigualdade salarial, assédio sexual) no casamento (agressão física, ameaça,

calunia, estupro) na participação social (a coisificação da mulher através do corpo

pela mídia, o atendimento desumano nos postos de saúde) entre outros.

A violência contra as mulheres assume muitas formas – física, sexual,

psicológica e econômica. Essas formas de violência se inter-relacionam e afetam as

mulheres desde antes do nascimento até a velhice. Alguns tipos de violência, como

o tráfico de mulheres, cruzam as fronteiras nacionais. As mulheres que

experimentam a violência sofrem uma série de problemas de saúde, e sua

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capacidade de participar da vida púbica diminui. A violência contra as mulheres

prejudica as famílias e comunidades de todas as gerações e reforça outros tipos de

violência predominantes na sociedade.

A violência contra as mulheres também empobrece as mulheres, suas

famílias, suas comunidades e seus países. A violência contra as mulheres não está

confinada a uma cultura, uma região ou um país específicos, nem a grupos de

mulheres em particular dentro de uma sociedade. As raízes da violência contra as

mulheres decorrem da discriminação persistente contra as mulheres.

Alguns Dados do Fórum Estadual Lei Maria da Penha, 2007.·No Brasil, a cada 15 segundos uma mulher é espancada pelo marido ou

companheiro

·Mais de 70% dos incidentes violentos são de espancamentos de mulheres

por seus companheiros, que escapam de penas alegando ter agido “sob forte

emoção”. As mulheres continuam sendo as maiores vítimas de atentado violento ao

pudor, ameaças e lesões corporais dolosas.

·São registrados 15 mil estupros por ano no Brasil. Mais de um bilhão de

mulheres no mundo foram espancadas, forçadas a manterem relações sexuais ou

sofreram algum tipo de abuso.

·Oitenta e quatro bilhões anuais, ou seja, mais de 10,5% do PIB brasileiro, são

gastos com os problemas de correntes da violência contra a mulher.

·A tentativa de suicídio é 3 vezes mais frequente em mulheres agredidas;1em

cada 5 dias de falta ao trabalho é causado pela violência contra as mulheres dentro

de suas casas.

·A violência doméstica faz com que a mulher perca 1 ano de vida saudável, a

cada 5 anos.

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· 33% das mulheres apontam a violência contra as mulheres dentro e fora de

casa como o problema que mais preocupa a brasileira na atualidade.

7. A LEI MARIA DA PENHA

Quem foi/é Maria da Penha Fernandes?

Maria da Penha é uma farmacêutica que no ano de 1983 em Fortaleza, Ceará,

foi vítima da violência de seu marido, professor universitário que por duas vezes

tentou matá-la.

A primeira tentativa foi através do uso de uma arma de fogo e a segunda por

eletrocussão e afogamento. Ele não conseguiu matá-la, mas a deixou com sequelas.

Apesar de condenado em dois julgamentos, o autor da agressão, seu marido,

não havia sido preso devido aos sucessivos recursos de apelação.

Somente em 2001, após 18 anos da pratica do crime, a Comissão

Interamericana de Direitos Humanos responsabilizou o Estado brasileiro por

negligência e omissão em referência à violência doméstica e recomendaram muitas

medidas a respeito ao caso Maria da Penha e em relação às políticas públicas do

Estado para ir de encontro com a violência doméstica contra as mulheres brasileiras.

Através da pressão internacional de audiência de seguimento do caso na

comissão interamericana, em 2002, o processo no âmbito nacional foi encerrado e

em 2003 o ex-marido de Penha foi preso, mas cumpriu somente dois anos de prisão.

O que Mudou?

Pelo fato ocorrido com Maria da Penha, em 07 de agosto de 2006 foi criada a

Lei Maria da Penha, que tem como Principal objetivo caracterizar a violência

doméstica e familiar como violação dos direitos humanos das mulheres. Com o fim

de garantir proteção e procedimentos policiais e judiciais mais humanizados, para as

vítimas.

Promovendo uma real mudança nos valores sociais que naturalizam a

violência que ocorre nas relações domésticas e familiares. Ela pretende dar

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respostas que possam romper com a cultura machista, gerando novas práticas

reparando gerando omissões e afastar para sempre a banalização em torno da

violência.

8. POLÍTICAS PÚBLICAS E DESAFIOS

A Lei Maria da Penha—LMP, necessita ser conhecida, difundida, interpretada,

amplamente divulgada, tanto em espaços acadêmicos como em escolas,

associações, sindicados, locais de trabalho, comunidades de periferia, grupos de

mulheres, entre outros. Entre as principais necessidades estão:

Participação da Sociedade Civil no enfrentamento da violência

doméstica e familiar contra a mulher, para isso é necessário:

Destinação de recursos para a implementação da LMP através de

dotação orçamentária nos Planos Plurianuais

Criação de Delegacias Especializadas de atendimento à Mulheres e/ou

sessões especializadas.

Criação de Casas Abrigo, Centros de Referência e de atendimento

integral e multidisciplinar para mulheres e seus dependentes, bem como o

Serviço de Assistência Jurídica em sede policial e judicial.

Criação de núcleos de defensoria pública especializados no

atendimento à mulheres em situação de violência.

Criação de curadorias (promotorias especializadas) para atuar junto

aos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.

Criação de Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a

Mulher.

Criação de Centros de educação e reabilitação para agressores.

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Garantir cursos de capacitação para os agentes públicos em direitos

humanos, gênero, raça e etnia, capacitar os técnicos, policiais e agentes que

atuam junto às delegacias de polícia e a os centros de referência.

Desde a criação da Secretaria de Políticas para as Mulheres, em 2003 no

país, as políticas públicas de enfrentamento à violência contra as mulheres foram

fortalecidas por meio da elaboração de normas e padrões de atendimento, do

aperfeiçoamento da legislação, do incentivo à Constituição de redes de serviços, do

apoio a projetos educativos e culturais de prevenção à violência e da ampliação do

acesso das mulheres à justiça e aos serviços de segurança pública, conforme

abaixo:

• Planos Nacionais de Políticas para as Mulheres;

• Lei Maria da Penha;

• Política e Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres;

• Diretrizes de Abrigamento das Mulheres em Situação de Violência;

• Diretrizes Nacionais de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres no

Campo e na Floresta;

• Norma Técnica do Centro de Atendimento à Mulher em Situação de

Violência;

• Norma Técnica das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher;

Em Fortaleza, as mulheres que passam por situação de violência na cidade

são atendidas por alguns serviços. Geralmente a mulher registra um Boletim de

Ocorrência na Delegacia de Defesa da Mulher de Fortaleza (DDM), que possui

abrangência para toda a cidade de Fortaleza. Na delegacia a mulher faz a

solicitação das medidas protetivas. Entre os possíveis locais de atendimento estão:

Juizado de violência doméstica e familiar contra a mulher da Comarca

de Fortaleza

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Avenida da universidade, 3281- Benfica- Cep.: 60020-181

Contato: (85) 34338785/ Fax: (85) 34338787

Promotoria de Justiça de combate a violência doméstica e familiar

contra a mulher

Rua: Walderi Uchôa, 260. Benfica. Fortaleza- Ceará

Contato: (85) 32142230

Rede de Apoio a mulher- APAVV- Associação dos parentes e amigos de

vítimas de violência

Rua: Paschoal de Castro Alves, 146- Vicente Pinzon

Fortaleza- Ceará- CEP.: 60.175-575

Defensoria Pública geral do Estado do Ceará

Rua: Caio Cid, 150- Luciano Cavalcante

Fortaleza- Ceará. CEP.: 60811-150

Contato: (85) 31013419/ 32265720

Delegacia de Defesa da Mulher de Fortaleza (DDM-F)

Rua: Manuelito Moreira, 12 – Centro – Fortaleza -CE

CEP.: 60.025-210 Fones: (85) 3101.2495/ Fax: 3101.2496

CCDM- Conselho Cearense dos Direitos da Mulher

Rua: Ildefonso Albano, 702- Meireles

Fortaleza-CE- CEP.: 60175-110

Contato: (85) 31015104

Fones: (85) 32421995/ Fax: (85) 32423454

UBM- União Brasileira de Mulheres- Ceará

AV. Aguanambi, 760 Sala nº 103- José Bonifácio

Fortaleza-CE- CEP.: 60055-402

Contato: (85) 30811147

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Casas Abrigo

Existem duas casas abrigo na cidade de Fortaleza, uma estadual e

outra municipal, ambas com endereços sigilosos.

9. ATUALIDADES

No dia 13 de março de 2013, O governo federal lançou o programa da mulher:

Viver sem violência, coordenado pela secretaria de políticas para as mulheres, que

tem como objetivo organizar o atendimento humanizado ás vítimas, nas 26 capitais

mais o distrito federal do nosso país. A casa da mulher brasileira será um centro

integrado de serviços especializados para essas vítimas dessa violência.

Foram criadas ações estratégicas para que esse projeto pudesse prosseguir.

O investimento foi de R$265 milhões de reais para construção de prédios e

equipamentos em prol da assistência a todas as vítimas.

Para promover a cidadania e dar visibilidade ao trabalho da mulher do campo,

a secretaria de políticas para mulheres, junto com o ministério do desenvolvimento

agrário (MDA) e ministério do desenvolvimento e combate a fome (MDF), lançou o

prêmio mulheres rurais que produzem dez experiências de grupo e organizações

produtivas de mulheres rurais do campo e da floresta.

De acordo com o mapa da violência, publicado em 2012, pelo Centro

Brasileiro de Estudos Latino-Americano e pela Faculdade Latino-Americana de

Ciências Sociais, mais de 92 mil mulheres foram assassinadas no país entre os

anos de 1980 e 201, tendo quase metade dessas mortes se concentrado apenas na

última década.

E para combater essas agressões foram criados sistemas.

A Página, especial mulher, no portal Brasil.

O 180 (que atendeu mais de três milhões de denúncias).

As Brasileiras que moram no exterior também ganharam reforços no

acesso à justiça.

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10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo nasceu da preocupação de alertar, prevenir e buscar colocar

limites nos atos violentos e desmoralizantes contra a mulher. Do desejo de

conscientizar as vítimas das medidas protetivas que lhes dão suporte, como forma

de romper com o ciclo violento, além de tentar sentir como a profissão de serviço

social se coloca diante desta realidade.

Concluímos com este estudo que a violência contra a mulher é fruto das

desigualdades de gênero sendo estas identificadas nos papéis atribuídos pela

sociedade aos homens e as mulheres e que isto advém de raízes culturais criadas e

impostas pelos indivíduos.

São exatamente essas práticas machistas que legitimam e acabam

contribuindo para que as mulheres se vejam como dependentes em relação ao

marido/companheiro tanto financeiramente como afetivamente, no qual sentem

dificuldades de erradicar com a situação em que se encontram.

Após a realização da pesquisa de campo no Centro de Referência Maria

Clotilde da cidade de Fortaleza- Ceará, chegamos à conclusão de que um dos

principais percalços que a casa e consequentemente as usuárias padecem deve-se

a grande dificuldade do acesso as outras políticas e órgãos necessários para

interferir no contexto de agressividade na vida das mulheres que a entidade recebe.

Por fim, esse artigo não tem a pretensão de encerrar o assunto, mas pretende

ser visto como incentivo para uma maior discussão acerca desse, precisa ser mais

bem aprofundado por parte dos membros da sociedade para que juntos

encontremos caminhos, a fim de que as mulheres conquistem a equidade entre os

sexos e a erradicação da violência praticada contra a elas.

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11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Portal da Saúde, SUS: Disponível: <http://portal.saude.gov.br/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=33903> Acesso em:29/08/2013

Portal Vila Mulher: DISPONÍVEL EM: <http://vilamulher.terra.com.br/violencia-domestica-por-que-mulheres-ainda-sofrem-caladas-3-1-30-1105.html>Acesso em:03/05/2013

Portal Psigweb: DISPONÍVEL EM: <http://www.psiqweb.med.br>Acesso em:03/05/2013

Portal Uol, Mulher: DISPONÍVEL EM: <http://mulher.uol.com.br> Acesso em:03/05/2013

Portal do Ministério Público Federal /Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão(PFDC). Cartilha Maria da Penha e Direitos da Mulher. Brasília,2011: DISPONÍVEL EM: <http://www.tjse.jus.br/portaldamulher/index.php/definicao-de-violencia-contra-a-mulher> Acesso em: 03/05/2013

Portal do Tribunal de Justiça de Sergipe, Definição de Violência Contra a Mulher:Disponível em: <http://www.tjse.jus.br/portaldamulher/index.php/definicao-de-violencia-contra-a-mulher> Acesso em: 03/05/2013