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A CRIAÇÃO DE “CLUBES DE INTERESSE” NO ENSINO MÉDIO: ESPAÇO PARA A DIVERSIDADE E O PROTAGONISMO JUVENIL. Carla Regina Eidt¹ Michele Eidt Tognon² Professora da E. E. João Batista, Tangará da Serra, MT Professora da E. E. Dom Bosco, Lucas do Rio Verde, MT email: [email protected] RESUMO A juventude sempre foi considerada um período delicado, pois uma série de conflitos desafia os jovens. Surgem inquietações e questionamentos que exigem respostas, e nem sempre a família, a escola e a sociedade como um todo está preparada para isso. Além dessas, há também outras questões ligadas a desigualdade social que exclui uma grande parcela desses jovens, tornando-os por vezes, apáticos, individualistas e hedonistas. Se enquadrar nos “padrões de aluno” estabelecidos pela maioria das escolas talvez seja o maior deles. Faz-se necessário reconhecer que o problema não está no jovem, mas sim na estrutura social oferecida a estes jovens, é imperioso que criemos espaços significativos que permitam a participação ativa e efetiva do jovem estudante na dinâmica social de sua comunidade. Oferecer oportunidades para o desenvolvimento das potencialidades individuais dos estudantes se torna uma das contribuições mais significativas da escola na atual conjuntura. Para tanto esta comunicação tem por objetivo fomentar a formação de clubes de interesses no ensino médio como um espaço para manifestação das diversidades e o protagonismo juvenil. Partimos de uma experiência vivenciada e de relatos de alunos da Escola Estadual Dom Bosco, em Lucas do Rio Verde, MT, que teve seu primeiro clube implantado no ano de 2009, por iniciativa de educadoras que perceberam entre alguns alunos o gosto pela ciência e iniciação científica. Os primeiros clubes a surgir no Brasil foram os “clubes de ciências”, que durante as décadas de 1960 e 1970, atendiam apenas uma finalidade mercadológica, consumirem os rápidos avanços tecnológicos e a formação de mão de obra. O que se propõe nesta experiência é uma formatação diferenciada e flexível, o que esta se buscando na escola citada, é a construção de um espaço que permita aos estudantes se reunir em coletivos por interesses em comum, seja ele artístico, cultural, político ou científico. Possibilitando, num espaço não formal de educação, apesar de vinculada a formalidade escolar, troca de experiências e crescimento pessoal e coletivo. Palavras chaves: práticas docentes; protagonismo juvenil; diversidade. A juventude é considerada uma época da vida humana em que garotos ou garotas passam por períodos de confusão, de auto-afirmação, descobertas, mudanças no corpo e na mente, desejos, paixões e a descoberta da sexualidade, não é prá menos que seja tempo de desordem e conflitos pessoais, familiares e sociais. Esse comportamento que nos parece problemático tem sua razão de ser, já que na maioria das vezes o jovem não encontra as respostas urgentes que necessita, nem na família, nem na escola ou em outras instituições organizadas. Diante disso atribui-se a essa fase da vida rótulo de “aborrescência” causando

Violencia Dentro Do Ambiente Escolar

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violência dentro do ambiente escolar

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  • A CRIAO DE CLUBES DE INTERESSE NO ENSINO MDIO: ESPAO PARA

    A DIVERSIDADE E O PROTAGONISMO JUVENIL.

    Carla Regina Eidt

    Michele Eidt Tognon

    Professora da E. E. Joo Batista, Tangar da Serra, MT

    Professora da E. E. Dom Bosco, Lucas do Rio Verde, MT

    email: [email protected]

    RESUMO

    A juventude sempre foi considerada um perodo delicado, pois uma srie de conflitos desafia

    os jovens. Surgem inquietaes e questionamentos que exigem respostas, e nem sempre a

    famlia, a escola e a sociedade como um todo est preparada para isso. Alm dessas, h

    tambm outras questes ligadas a desigualdade social que exclui uma grande parcela desses

    jovens, tornando-os por vezes, apticos, individualistas e hedonistas. Se enquadrar nos

    padres de aluno estabelecidos pela maioria das escolas talvez seja o maior deles. Faz-se necessrio reconhecer que o problema no est no jovem, mas sim na estrutura social

    oferecida a estes jovens, imperioso que criemos espaos significativos que permitam a

    participao ativa e efetiva do jovem estudante na dinmica social de sua comunidade.

    Oferecer oportunidades para o desenvolvimento das potencialidades individuais dos

    estudantes se torna uma das contribuies mais significativas da escola na atual conjuntura.

    Para tanto esta comunicao tem por objetivo fomentar a formao de clubes de interesses no

    ensino mdio como um espao para manifestao das diversidades e o protagonismo juvenil.

    Partimos de uma experincia vivenciada e de relatos de alunos da Escola Estadual Dom

    Bosco, em Lucas do Rio Verde, MT, que teve seu primeiro clube implantado no ano de 2009,

    por iniciativa de educadoras que perceberam entre alguns alunos o gosto pela cincia e

    iniciao cientfica. Os primeiros clubes a surgir no Brasil foram os clubes de cincias, que durante as dcadas de 1960 e 1970, atendiam apenas uma finalidade mercadolgica,

    consumirem os rpidos avanos tecnolgicos e a formao de mo de obra. O que se prope

    nesta experincia uma formatao diferenciada e flexvel, o que esta se buscando na escola

    citada, a construo de um espao que permita aos estudantes se reunir em coletivos por

    interesses em comum, seja ele artstico, cultural, poltico ou cientfico. Possibilitando, num

    espao no formal de educao, apesar de vinculada a formalidade escolar, troca de

    experincias e crescimento pessoal e coletivo.

    Palavras chaves: prticas docentes; protagonismo juvenil; diversidade.

    A juventude considerada uma poca da vida humana em que garotos ou garotas

    passam por perodos de confuso, de auto-afirmao, descobertas, mudanas no corpo e na

    mente, desejos, paixes e a descoberta da sexualidade, no pr menos que seja tempo de

    desordem e conflitos pessoais, familiares e sociais. Esse comportamento que nos parece

    problemtico tem sua razo de ser, j que na maioria das vezes o jovem no encontra as

    respostas urgentes que necessita, nem na famlia, nem na escola ou em outras instituies

    organizadas. Diante disso atribui-se a essa fase da vida rtulo de aborrescncia causando

  • desconforto ainda maior. Alm desta falta de respostas nossos jovens e adolescentes ainda

    enfrentam fatores de excluso social, ligadas as desigualdades sociais. A alta polarizao na

    distribuio de renda no pas tem gerado formas muito diferenciadas de acesso dos jovens aos

    servios sociais bsicos, reforando a vulnerabilidade especialmente entre os brancos pobres e

    os afrodescendentes. As limitadas condies de acesso a uma educao de qualidade e ao

    mercado de trabalho ampliam os contingentes de jovens sem atividade definida.

    Embora o pas tenha registrado significativos avanos na reduo do analfabetismo

    entre jovens de 15 a 24 anos, em quase 75% das Unidades da Federao as mdias de anos de

    estudo no chegam aos oito anos. A qualidade do acesso ao conhecimento bastante precria:

    dados do Sistema Nacional de Avaliao da Educao Bsica (SAEB) apontam deficincias

    significativas quantos s competncias em leitura, matemtica e cincias nos jovens de 15

    anos. Para agravar esse quadro, a mortalidade juvenil, ao contrrio do que ocorre com a

    populao em geral, vem crescendo historicamente, sendo sua principal causa os fatos

    violentos (freqentemente associados a ocorrncia sem que os jovens so vtimas ou autores

    de atos infracionais ou crimes).

    A unio de baixa escolaridade, pouca oportunidade para desenvolver competncias

    bsicas requeridas pelas novas configuraes do mundo do trabalho e reduzida oportunidade

    de mobilidade social empurra muitos jovens para a criminalidade e explica, em boa medida, o

    crescimento da violncia no pas e da visvel apatia, individualismo e comportamento

    hedonista que se percebe.

    Os modernos meios de comunicao e marketing oferecem aos jovens uma pluralidade

    de mensagens, caracterizando-se predominante um tipo de apelo ao consumo que no faz

    meno ao destino do mundo e da humanidade. As mensagens da oriundas estimulam a

    compra de novos produtos e o cuidado obsessivo com o corpo, concebendo os jovens to

    somente como um segmento de mercado ao lado de outros. Trata-se a de um processo de

    integrao do jovem lgica do consumo, que estimula a alienao em relao aos problemas

    sociais e o desinteresse pela reflexo tica e pela ao social.

    As pedagogias crticas sempre se posicionaram contra essa tendncia, vendo nela uma

    ameaa liberdade e ao pleno desenvolvimento das potencialidades. A mudana dessa

    realidade envolve esforos de vrias ordens. O jovem curioso por natureza, tem nsia por

    descobrir o novo. neste sentido que o professor Antonio Carlos Gomes da Costa nos diz que

  • temos de reconhecer no adolescente e no jovem parte da soluo e no como um problema.

    Por isso faz-se necessrio que se abram espaos para que este jovem e adolescente possa

    canalizar sua energia e curiosidade, que permitam a participao efetiva em sua famlia e

    comunidade escolar e social, em aes construtivas nesta dinmica social, para que ele seja

    agente construtor de sua prpria cidadania. Em seus escritos, Paulo Freire ressalta que a

    educao libertadora aquela que ajuda as pessoas a serem sujeitos de sua prpria histria e a

    transformar as circunstncias da realidade quando ela se antepe ao pleno desenvolvimento

    humano.

    Como alternativa contraposio a tudo que se faz posto, nos parece que o

    envolvimento do aluno como protagonista de sua histria pessoal e social o conceito de

    participao democrtica oferece nos dias atuais, base slida, para se pensar o papel do

    cidado e da cidadania. O termo protagonismo refere-se nossa capacidade de participar e

    influir no curso dos acontecimentos, exercendo um papel decisivo e transformador no cenrio

    da vida social. Exercer o protagonismo significa no ser indiferente em relao aos problemas

    de nosso tempo. O Protagonismo juvenil a participao consciente dos adolescentes em

    atividades ou projetos de carter pblico, que podem ocorrer no espao escolar ou na

    comunidade: campanhas, movimentos, trabalho voluntrio ou outras formas de mobilizao.

    Contudo, nem toda forma de participao contribui de forma positiva para o desenvolvimento

    social. O tipo de participao a ser promovido das escolas o protagonismo juvenil que

    pressupe um compromisso com a democracia. No protagonismo juvenil democrtico os

    jovens transcendem o universo de seus interesses puramente particulares e se defrontam com

    questes de interesse coletivo. Exercitam sua cidadania ao mesmo tempo em que contribuem

    para o desenvolvimento da comunidade a qual esto inseridos. Do ponto de vista educacional,

    o estmulo ao protagonismo juvenil se justifica, sobretudo, como forma de desenvolvimento

    da experincia democrtica na vida dos jovens. O tema do protagonismo juvenil traz para os

    educadores a oportunidade e a necessidade de refletir sobre o significado do conceito de

    participao. Segundo o UNICEF: ... a participao um direito do adolescente que implica

    a possibilidade de manifestar opinio, intervir com sua ao e garantir com sua avaliao que

    as polticas a eles destinadas pelos servios, programas e benefcios sejam estruturadas de

    acordo com suas necessidades e interesses. Essa participao implica um processo de dilogo

    permanente em que o que deve prevalecer no uma opinio isolada, seja do adolescente, seja

    do adulto, mas o resultado de diferentes vises acomodadas num consenso construdo com

    respeito de ambos.

  • O conceito citado nos leva a perguntar em que medida as escolas estariam favorecendo

    um efetivo aprendizado da participao para seus alunos. Ainda so muito comuns ambientes

    escolares em que se procura regular o comportamento dos alunos unicamente com medidas

    disciplinares punitivas ou mediante a imposio de regimentos e normas de conduta

    elaboradas revelia da participao dos estudantes e que, desta forma, no contribuem para o

    desenvolvimento da sua autonomia e competncia tica. Essa circunstncia sequer configura

    um processo de participao dos alunos, pois so unicamente os adultos que determinam e

    controlam o que os jovens devero fazer. Para que possam agenciar adequadamente o

    protagonismo juvenil, preciso que as escolas criem ocasies em que a participao dos

    adolescentes no seja meramente decorativa, mas sim efetiva. Deve-se provocar situaes

    que possibilitem nveis progressivamente mais elevados de planejamento, avaliao, tomada

    de deciso e conduo de processos de ao, no basta fazer uma democracia de

    representao como acontece hoje na maioria dos conselhos escolares, e faz-se necessrio,

    participao nas discusses, nas tomadas de decises e nas responsabilizaes pelo que foi

    decidido.

    Em busca da superao dessa problemtica a Escola Estadual Dom Bosco, localizada

    no Mdio Norte do Estado de Mato Grosso, atuando em 3 turnos de funcionamento,

    atendendo em torno de 1800 alunos, 80% destes do ensino mdio, no vem medindo esforos

    afim de fortalecer sua gesto democrtica, adotando medidas que possibilitem e estimulem a

    participao da comunidade em especial dos seus jovens estudantes.

    A Em 2008 a escola adotou uma sistemtica de reestruturao do Projeto Poltico

    Pedaggico, diferenciada dos anos anteriores, para isso levantou o perfil scio-econmico,

    cultural, ambiental e educacional da comunidade escolar, a fim de criar uma proposta coerente

    com a diversidade encontrada.

    Alm do Conselho Deliberativo da Comunidade Escolar (CDCE) eleito em

    assembleia, com representantes dos quatro segmentos da comunidade, participam ainda do

    processo de gesto o Grmio Estudantil, um Conselho de Lderes, composto pelos alunos

    representantes de cada turma, e um Conselho de Pais representantes de turmas. Consideramos

    importante ressaltar a participao coletiva na Avaliao Institucional, na qual todos os

    servios e segmentos so avaliados, com apresentao de propostas de superao das

    dificuldades.

  • Com o intuito de estimular a constituio de coletivos de jovens, por iniciativa de

    professoras que perceberam entre alunos o interesse por cincia e comunicao, surgiu no

    mbito escolar dois clubes de interesses, o Clube de Cincia Viva e um grupo de alunos da

    Rdio Interativa Dom Bosco respectivamente. A busca pela construo de um espao que

    permita aos estudantes se reunir em coletivos por interesses em comum, seja ele artstico,

    cultural, poltico ou cientfico. Possibilitando, num espao no formal de educao, apesar de

    vinculada a formalidade escolar, troca de experincias e crescimento pessoal e coletivo.

    Entre as atividades que surgiram, a Radio Interativa Dom Bosco, como foi

    denominada, funciona com a participao de alunos que voluntariamente mostraram interesse

    nesta atividade cultural que envolve vrios aspectos da comunicao oral, exigindo

    conhecimentos de atividades comunicativas, musicais, manipulao de equipamentos, tempo

    e finalidade da difuso. A Escola desde 2009 possui um profissional, destinado para a

    coordenao da Rdio Escola, projeto Educomunicao, que para o bom funcionamento,

    estabeleceu um cronograma de execuo, onde cada turma se responsabiliza pela

    programao que vai ao ar durante os recreios de 1 semana, escolhendo as msicas, os

    recados, as campanhas, os informes e divulgando as atividades que esto realizando ou

    realizaram. A turma da semana conta com a ajuda da professora responsvel, a equipe de

    alunos que integram a Rdio Escola e um ex-aluno que se tornou amigo da escola e hoje

    auxilia no seu funcionamento, que diz gosto de participar das atividades da escola, com isso

    ganho experincia (Diego, amigo da escola).

    O Clube de Cincia, constitudo em 2009, com a finalidade de promover a formao e

    consolidao de um grupo de jovens composto por alunos do ensino mdio, organizando um

    espao de atividades interdisciplinares para conhecimento literrio, cientfico, tecnolgico e

    social. Tem regulamento prprio, criado pelos participantes do clube, que reuni-se toda sexta-

    feira a tarde.

    As atividades desenvolvidas pelo clube partem da necessidade e da problematizao

    apresentada pelos seus integrantes que podem exigir leituras, visitas a campo, experimentao

    e entrevistas. Cabe aos professores integrantes do clube, voluntrios, mediar o planejamento

    das aes a serem desenvolvidas. O clube conta atualmente com 20 integrantes, todos

    estudantes do ensino mdio do turno matutino. Neste ano um blog

    (www.cienciabvivaclube.blogspot.com) foi desenvolvido por um de seus integrantes, l as

    atividades realizadas so divulgadas bem como informaes adicionais. Como funciona em

    um ambiente no formal de ensino e aprendizagem permite a seus integrantes escolherem

    como querem e o que querem investigar, possibilita a formao e desenvolvimento das

  • potencialidades de seus participantes, com afirma Bruno Felipe Camera, aluno do 2 ano do E.

    M. integrante do Clube desde 2009: ser um jovem protagonista fazer a prpria vida e que

    participar do clube melhorou meu equilbrio mental, instigando minha curiosidade e

    melhorando a comunicao.

    O Clube de Xadrez, surgiu neste ano, graas a organizao e mobilizao dos alunos

    do Ensino Mdio Integrado, que se renem 2 tardes por semana, no refeitrio ou corredores

    da escola. Segundo Fbio Vardanega, um dos fundadores do clube, a prtica do xadrez

    exercita o raciocnio e participar deste clube o possibilitou conhecer novas pessoas e

    desenvolver novas tcnicas.

    Com a parceria do Instituto Unibanco atravs do projeto de combate a evaso, no ano

    de 2009 foram eleitos 20 monitores, grupo de alunos que se dispem a auxiliar os colegas na

    superao das dificuldades de aprendizagem. Os monitores recebem uma ajuda de custo e

    cumprem uma carga-horria de 10 horas semanais. No ano de 2010, com a diminuio dos

    recursos recebidos, 8 monitores foram selecionados. As monitorias acontecem nas

    dependncias da Escola, quase sempre aproveitando o espao disponvel no horrio do

    contraturno das aulas. Os monitores recebem orientao dos professores e de uma

    coordenadora, que em conjunto desenvolvem aes que visam diminuir o ndice de evaso na

    escola. O monitor Joo Otvio Duarte Farias declara que essa participao tem lhe trazido

    experincia, aprendizado, amizades e conhecimento.

    Participam ainda do processo de gesto o Grmio Estudantil, eleito pelos alunos para

    mandato de dois anos, que contribui nas atividades desenvolvidas na escola, tendo o apoio de

    um Conselho de Lderes, composto pelos alunos representantes de cada turma, eleitos pelos

    seus pares e um conselho de pais representantes de turmas, voluntrios, que se disponibilizam

    a participar fazendo com que as informaes e discusses cheguem a todos os alunos e pais,

    agilizando assim a tomada de decises colegiadas.

    O Grmio Estudantil auxilia na promoo de eventos escolares e atividades da rotina

    escolar, tais como: Pscoa Solidria, Inter-Pais, Inter-Mes, Inter-Classe e Festa

    Junina. Juntamente com o Conselho de Lderes composto pelos alunos representantes de

    cada turma, eleitos pelos seus pares, so muito importantes no processo de gesto escolar

    discutindo e avaliando aes que so executadas na escola. Eduardo, presidente do Grmio

    afirma que quando os jovens assumem a liderana para defender seus interesses ou os

    interesses do meio em que esto inseridos esto de fato sendo protagonistas e que

    participar do Grmio me melhorou como pessoa.

  • Observando os alunos envolvidos nos clubes e demais atividades, percebe-se que estes

    adolescentes e jovens passaram a demonstrar maior interesse pelos assuntos da escola e da

    comunidade e que so capazes de por si s gerenciar seu tempo de dedicao s atividades

    informais e aos estudos formais, notou-se que ficam mais tempo na escola e que sentem

    prazer em estar l, sentindo-se responsveis pela escola, passam a cuidar dela, alm de tornar-

    se crticos e por conseqncia passam a cobrar mais dos professores e demais segmentos.

    Percebeu-se tambm que os alunos que demonstraram interesse em participar de

    atividades extras, so oriundos de famlias com pais que estudaram que tem melhores

    condies econmicas e que valorizam as atividades desenvolvidas na escola, sejam formais

    ou informais, possibilitando aos filhos tempo e apoio para que se envolvam, pois acreditam na

    educao como caminho para o desenvolvimento humano e social. Por outro lado, h alunos

    que demonstram interesse em ser um protagonista juvenil, mas esbarram nos problemas

    socioeconmicos que a famlia enfrenta, ou por ter que ajudar em casa e cuidar dos irmos, ou

    por ter que ingressar no mercado de trabalho, atravs do programa menor aprendiz,

    programa este que contempla alunos que j completaram 16 anos e estudam o 2 ano do

    ensino mdio, programa este estimulado pela escola, para possibilitar aos alunos o primeiro

    emprego. Chance esta que no teriam se no fosse pelo encaminhamento escolar. uma

    situao contraditria, enquanto pensamos em possibilitar meios aos alunos para que

    construam conceitos e posturas crticas ligados a tica, meio ambiente, poltica e democracia,

    desenvolvendo seus potencialidades, tambm retiramos este direito do aluno ao encaminh-lo

    precocemente ao mercado de trabalho, esta dicotomia se d pela realidade social e econmica

    que vivenciamos. Tambm se pode analisar que h aqueles alunos que no se envolvem nem

    nas atividades dirias da escola, nem nas informais, no demonstram interesse, mantm-se

    aptico, estes ainda so para ns escola um enigma, pois ainda no sabemos como chegar

    at eles e que escola oferecer para que possam exercer sua cidadania a favor do crescimento e

    desenvolvimento pessoal.

    Construir uma histria diferente no acontece de repente, estamos dando os primeiros

    passos para a construo de uma escola mais humanizada e democrtica, favorecendo ao

    adolescente e jovem condies de desenvolver-se integralmente, exercendo sua cidadania

    plena exercendo o direito de opinar, criticar, sugerir, realizar e responsabilizar-se pelas

    decises coletivas, a favor de uma sociedade mais justa e igualitria.

  • REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    PIZZOL, Gustavo Dal. Protagonismo juvenil: significaes atribudas por alunos de

    ensino mdio do meio-oeste catarinense. Dissertao de mestrado em psicologia.

    Florianpolis: 2005

    RABLLO, Maria Eleonora D. Lemos. O que protagonismo juvenil? Disponvel em<

    www.cedeca.org.br/PDF/protagonismo_juvenil_eleonora_rabello.pdf>. Acesso em: 12 de

    abril de 2010.

    RIBAS JR, Fbio Barbosa. Educao e protagonismo juvenil. Disponvel em: <

    www.prattein.com.br> Acesso em: 10 de abril de 2010.